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O inquérito policial, como sabido por todos, constitui o principal "produto da investigação preliminar" (a ideia de "produto da investigação preliminar", como gênero, permite que se bem compreenda o inquérito policial como uma de suas espécies, ao lado do "termo circunstanciado". Nesse sentido, Leonardo Barreto e Márcio Soares Berclaz), levado a cabo pela Polícia Judiciária ( Civil ou Federal) e presido pelo Delegado de Polícia, art.4º CPP e art.2º, §1º, da Lei nº 12.830/2013. O inquérito policial, quando da sua instauração, tem por finalidade apurar a autoria (responsabilidade pessoal) e a materialidade (existência) das infrações penais Uma vez instaurado o IP, tem o Delegado de Polícia o poder-dever de empreender todo esforço necessário à elucidação dos fatos (art.6º, CPP). Na hipótese de restar comprovada a evidência da prática da infração penal, de todo relevante se reveste que o IP forme um caderno investigatório, onde se reúne provas mínimas e suficientes a dar supedâneo à deflagração de futura ação penal, viabilizando dessa forma a responsabilização do autor da infração, bem como a satisfação da pretensão punitiva estatal. Com fulcro no art.129, I, da Carta da República, tem-se que o Ministério Público é titular privativo da ação penal pública. Sem sombras de dúvida, isso faz do Parquet autêntico destinatário dos elementos angariados no inquérito policial, quer para arquivá-lo, quer para requisitar diligências complementares (CPP, art.16), quer para dar justa causa à futura ação penal. Assim, exauridas as diligências investigatórias essenciais à elucidação quanto à autoria e à materialidade das infrações penais, o Delegado de Polícia procederá a relatório e, ulteriormente, o encaminhará, consoante art.10 do CPP, ao juízo competente (isso nos termos dispostos no código de processo penal). Bem, tanto pode ocorrer da instauração do IP restar comprovada existência da prática de infração penal, é possível que o IP sirva para demonstrar a inexistência ou mesmo ausência (ou insuficiência) de provas o bastante a dar justa causa para a promoção da ação penal direcionada à responsabilização do infrator da norma incriminadora. Como cediço, não poderá proceder ao arquivamento do inquérito policial a autoridade policial (art.17 CPP). A partir daí, esse caderno investigatório será encaminhado ao órgão do MP, competente, portanto, que poderá agir, basicamente, de três modos, qual seja, a) requerer diligências complementares (art.16, CPP); b) oferecer a denúncia; e c) requerer o arquivamento do inquérito policial ou de peças de informação (art.28, primeira parte, do CPP). Assim, arquivar o inquérito policial é reconhecer a impossibilidade de se pretender punição e responsabilização pela prática de infração penal, medida esta cuja formação do convencimento e iniciativa de promoção é

O Inquérito Policial

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Trata do arquivamento indireto do inquérito policial pelo Parquet

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O inquérito policial, como sabido por todos, constitui o principal "produto da investigação preliminar" (a ideia de "produto da investigação preliminar", como gênero, permite que se bem compreenda o inquérito policial como uma de suas espécies, ao lado do "termo circunstanciado". Nesse sentido, Leonardo Barreto e Márcio Soares Berclaz), levado a cabo pela Polícia Judiciária ( Civil ou Federal) e presido pelo Delegado de Polícia, art.4º CPP e art.2º, §1º, da Lei nº 12.830/2013. O inquérito policial, quando da sua instauração, tem por finalidade apurar a autoria (responsabilidade pessoal) e a materialidade (existência) das infrações penais

Uma vez instaurado o IP, tem o Delegado de Polícia o poder-dever de empreender todo esforço necessário à elucidação dos fatos (art.6º, CPP). Na hipótese de restar comprovada a evidência da prática da infração penal, de todo relevante se reveste que o IP forme um caderno investigatório, onde se reúne provas mínimas e suficientes a dar supedâneo à deflagração de futura ação penal, viabilizando dessa forma a responsabilização do autor da infração, bem como a satisfação da pretensão punitiva estatal. Com fulcro no art.129, I, da Carta da República, tem-se que o Ministério Público é titular privativo da ação penal pública. Sem sombras de dúvida, isso faz do Parquet autêntico destinatário dos elementos angariados no inquérito policial, quer para arquivá-lo, quer para requisitar diligências complementares (CPP, art.16), quer para dar justa causa à futura ação penal. Assim, exauridas as diligências investigatórias essenciais à elucidação quanto à autoria e à materialidade das infrações penais, o Delegado de Polícia procederá a relatório e, ulteriormente, o encaminhará, consoante art.10 do CPP, ao juízo competente (isso nos termos dispostos no código de processo penal). Bem, tanto pode ocorrer da instauração do IP restar comprovada existência da prática de infração penal, é possível que o IP sirva para demonstrar a inexistência ou mesmo ausência (ou insuficiência) de provas o bastante a dar justa causa para a promoção da ação penal direcionada à responsabilização do infrator da norma incriminadora.Como cediço, não poderá proceder ao arquivamento do inquérito policial a autoridade policial (art.17 CPP). A partir daí, esse caderno investigatório será encaminhado ao órgão do MP, competente, portanto, que poderá agir, basicamente, de três modos, qual seja, a) requerer diligências complementares (art.16, CPP); b) oferecer a denúncia; e c) requerer o arquivamento do inquérito policial ou de peças de informação (art.28, primeira parte, do CPP). Assim, arquivar o inquérito policial é reconhecer a impossibilidade de se pretender punição e responsabilização pela prática de infração penal, medida esta cuja formação do convencimento e iniciativa de promoção é exclusiva de membro do Parquet. No escólio de Afrânio Silva Jardim (1997, p.172),, arquivar "é uma decisão judicial que, acolhendo as razões do Ministério Público, encerra as investigações do fato delituoso". Cumpre calhar que a decisão de arquivamento do IP pela insuficiência de provas não faz coisa julgada material, em face do disposto no art.18 do CPP e consubstanciado na Súmula 524 do STF. Este é, por assim dizer, o arquivamento propriamente dito do inquérito policial.A hipótese de arquivamento indireto ocorre quando perante o juízo em que atua o órgão do Ministério Público ser incompetente para processar e julgar o feito, não tendo atribuições para se manifestar nos autos o Promotor de Justiça. Nesta hipótese, deve-se encaminhar a remessa dos autos ao juízo competente para que o órgão do MP competente possa oficiar junto aos autos.

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