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8/18/2019 O Jeitinho Brasileiro http://slidepdf.com/reader/full/o-jeitinho-brasileiro 1/7 O Jeitinho Brasileiro Embora o termo “Jeitinho Brasileiro” seja muito utilizado no nosso cotidiano, quase não se dispõe de bibliografas que tratem do assunto !sto se e"plica pelo pouco interesse que o tema desperta entre os pesquisadores, como soci#logos, antrop#logos, psic#logos etc $oi então que resol%emos nos utilizar principalmente da in%estiga&ão s#cio' antropol#gica de ()%ia Barbosa * que realiza uma leitura cr)tica de algumas produ&ões anteriores + dela * para tentar detectar alguns aspectos importantes e rele%antes dessa prtica social conhecida e legitimada por todos os segmentos sociais-laro que tamb.m outras bibliografas de autores como /ilberto $re0re, 1.rgio Buarque de 2olanda e outros, tamb.m 3oram utilizados para melhor dar suporte + discussão 4s questões 3undamentais que serão le%antadas e analisadas por ()%ia Barbosa seriam as seguintes5 6orque o drama do jeitinho est relacionado com o subdesen%ol%imento e se trans3ormando em paradigma de nossa identidade7 1egundo, se o jeitinho . um mecanismo de ajuste, por que a sociedade brasileira lan&a mão deste em determinadas situa&ões7 E em terceiro lugar, por que nas 8ltimas d.cadas com todo o desen%ol%imento e a%an&o da t.cnica, da ind8stria, da racionalidade, o jeitinho est tão presente nos meios de comunica&ão e no nosso cotidiano7 6ara ela, a resposta a essas questões est na ado&ão de uma perspecti%a que pri%ilegia o signifcado simb#lico, isto ., de%e'se des%endar o sentido real desse mecanismo e qual o %alor que lhe . atribu)do 4ssim, de%e'se partir de uma anlise na qual o jeitinho e"iste enquanto uma categoria nati%a de identidade social e nacional que identifca determinados espa&os e mecanismos situados entre o legal e o ilegal Essas são as discussões que pretendemos realizar no decorrer do presente trabalho $ormalismo e Jeitinho Em sua obra “4dministra&ão e Estrat.gia de 9esen%ol%imento” :;<==>, o autor afrma que “o jeitinho . uma categoria central da sociedade brasileira” :p;?>@as não que ele atribua a um carter nacional, mesmo porque o  jeitinho e outros mecanismos que ele denomina de “processos crioulos” tamb.m são caracter)sticos de outros po%os latino'americanos Essa afrma&ão dei"a claro que para /uerreiro esses processos são comuns a %rios pa)ses porque possuem uma mesma raiz5 o 3ormalismo O 3ormalismo seria uma estrat.gia de sobre%i%Ancia dessas sociedades, no sentido de superar uma 3ase de subdesen%ol%imento na qual se encontram E segundo /uerreiro, os pa)ses que se utilizam desse mecanismo as tensões sociais e"istentes podem ser adiadas atra%.s da cria&ão de leis e decretos

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O Jeitinho Brasileiro

Embora o termo “Jeitinho Brasileiro” seja muito utilizado no nosso cotidiano,quase não se dispõe de bibliografas que tratem do assunto !sto se e"plicapelo pouco interesse que o tema desperta entre os pesquisadores, como

soci#logos, antrop#logos, psic#logos etc

$oi então que resol%emos nos utilizar principalmente da in%estiga&ão s#cio'antropol#gica de ()%ia Barbosa * que realiza uma leitura cr)tica de algumasprodu&ões anteriores + dela * para tentar detectar alguns aspectosimportantes e rele%antes dessa prtica social conhecida e legitimada portodos os segmentos sociais-laro que tamb.m outras bibliografas deautores como /ilberto $re0re, 1.rgio Buarque de 2olanda e outros, tamb.m3oram utilizados para melhor dar suporte + discussão

4s questões 3undamentais que serão le%antadas e analisadas por ()%ia

Barbosa seriam as seguintes5 6orque o drama do jeitinho est relacionadocom o subdesen%ol%imento e se trans3ormando em paradigma de nossaidentidade7

1egundo, se o jeitinho . um mecanismo de ajuste, por que a sociedadebrasileira lan&a mão deste em determinadas situa&ões7 E em terceiro lugar,por que nas 8ltimas d.cadas com todo o desen%ol%imento e a%an&o dat.cnica, da ind8stria, da racionalidade, o jeitinho est tão presente nosmeios de comunica&ão e no nosso cotidiano7

6ara ela, a resposta a essas questões est na ado&ão de uma perspecti%a

que pri%ilegia o signifcado simb#lico, isto ., de%e'se des%endar o sentidoreal desse mecanismo e qual o %alor que lhe . atribu)do

4ssim, de%e'se partir de uma anlise na qual o jeitinho e"iste enquanto umacategoria nati%a de identidade social e nacional que identifca determinadosespa&os e mecanismos situados entre o legal e o ilegal Essas são asdiscussões que pretendemos realizar no decorrer do presente trabalho

$ormalismo e Jeitinho

Em sua obra “4dministra&ão e Estrat.gia de 9esen%ol%imento” :;<==>, o

autor afrma que “o jeitinho . uma categoria central da sociedade brasileira”:p;?>@as não que ele atribua a um carter nacional, mesmo porque o

 jeitinho e outros mecanismos que ele denomina de “processos crioulos”tamb.m são caracter)sticos de outros po%os latino'americanos Essaafrma&ão dei"a claro que para /uerreiro esses processos são comuns a%rios pa)ses porque possuem uma mesma raiz5 o 3ormalismo

O 3ormalismo seria uma estrat.gia de sobre%i%Ancia dessas sociedades, nosentido de superar uma 3ase de subdesen%ol%imento na qual se encontramE segundo /uerreiro, os pa)ses que se utilizam desse mecanismo as tensões

sociais e"istentes podem ser adiadas atra%.s da cria&ão de leis e decretos

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que impliquem em modifca&ões 3ormais de aspectos sociais, pol)ticos eeconmicos

Essa caracter)stica seria então resultada de “uma discrepCncia e"istenteentre nossas institui&ões sociais, pol)ticas e jur)dicas e as prticas sociais”,

isto ., entre o que est prescrito, regulamentado e as prticas reais dogo%erno como da sociedade

4 partir de mudan&as * principalmente do ponto de %ista social e econmico* as sociedades latino'americanas alcan&ariam o desen%ol%imento6rincipalmente com o processo de industrializa&ão, que acarreta osurgimento de classes sociais di3erenciadas, e"igindo assim, do Estado aado&ão de normas e leis mais efcazes

1omente com estes procedimentos e com o predom)nio da racionalidadenas rela&ões sociais, chegar'se'ia a ado&ão de estruturas legais mais

realistas, 3atores imprescind)%eis para o desen%ol%imento de um pa)s

4inda baseando'se em argumentos acima citados, o autor diz acreditar queo jeitinho estaria condenado ao desaparecimento Do caso da sociedadebrasileira, o jeito j teria sido mais comum, mas hoje ca)ra em desuso !stoporque ele acredita que 3atores que inuenciariam a continuidade dessacategoria, como o imp.rio dos clãs e das 3am)lias nas sociedades, estariacomprometido

Outro 3ator de inuAncia que colaboraria para o desaparecimento do jeitinhoseria a crescente impessoalidade das rela&ões sociais, 3ruto direto do

processo de industrializa&ão da sociedade brasileira

Outra cr)tica 3eita por ()%ia, . o 3ato de o autor relacionar jeitinho com aquestão do subdesen%ol%imento social e econmico, principalmentetratando'se do processo de industrializa&ão, dei"ando de lado acomple"idade do ingresso do Brasil ao processo de desen%ol%imento 6oisele se d no ei"o oposto da racionalidade e do econmico, isto ., o sistemaburocrtico . baseado em crit.rios di%ersos que se dei"am inuenciar porrela&ões e %alores de ordem impessoal

4o contrrio do que afrma /uerreiro, o jeitinho est longe de ser 3ruto de“estruturas de rela&ões arcaicas, 3amiliares clCnicas e pr.'industriais”, e quepor este moti%o estaria 3adado ao desaparecimento

O que percebemos . que ainda nos dias de hoje o jeitinho permanecepresente “nos dom)nios urbanos e impessoais, onde impera a representa&ãoda racionalidade e a igualdade” :p;F> Ele nasce do encontro da regraimpessoal com a pessoalidade do sistema

Do ensaio 4 G.cnica e o Hiso, o 1enador Hoberto de Oli%eira -ampos :;<==>tra&a um paralelo entre as sociedades de origem anglo'sa"ã e as latinas e

constata trAs di3eren&as bsicas5 o namoro nas sociedades latinas * para aqual as sociedades anglo'sa"ãs nem mesmo tAm um termo lingI)stico a

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e"istAncia da Hua como local de sociabilidade * para os latinos * e ae"istAncia do “jeitinho”

6ara ele “o jeitinho não . uma institui&ão legal e nem ilegal” :p;F>, ela .simplesmente o que ele ir chamar de sistema “paralegal”, e que precisa'se

le%ar em conta a e"istAncia de trAs 3atores principais que estão ligados +ssuas ra)zes

O aspecto hist#rico seria para Hoberto -ampos um 3ator de origem para o jeitinho Este estaria ligado ao 3ato do 3eudalismo ter perdurado por muitomais tempo nos pa)ses latinos Das rela&ões 3eudais, ha%ia uma pro3undadesigualdade jur)dica, sendo que as leis s# eram aplicadas com rigores aosser%os e %assalos, enquanto que ha%ia uma e"ibilidade para a elite da.poca

O segundo ponto diz respeito + 3orma como as duas sociedades encara%am

a questão da lei, e esta seria outra justifcati%a do autor para a causa doaparecimento do jeitinho

6or e"emplo, para o po%o !nglAs a lei . %ista como uma “cristaliza&ão doscostumes”, enquanto que para os latinos “o 9ireito -i%il . um sistemaaprior)stico e 3ormal de rela&ões” :p;F> !sto ., desde seus prim#rdios, asleis 3oram normati%as, regulamentadas, 3ormalizadas

@as no fnal das contas acabam por criar um descompasso entre ocomportamento e a norma Ou seja, o indi%)duo acaba descumprindo a leicomo uma condi&ão de sobre%i%Ancia e de preser%a&ão do corpo social

Outra causa estaria ligada ao cunho religioso 1egundo o autor oprotestantismo anglo'sa"ão, nascido sobre o signo do re%isionismo, cont.mem si um carter utilitrio e complacente 4o passo que as sociedadeslatinas regidas pelo catolicismo dogmtico e de r)gidos controles .ticos emorais, possui uma maior plasticidade de adapta&ão ao desen%ol%imentodos po%os e das institui&ões

Do entanto, o protestantismo ao in%.s de recorrer ao mecanismo do jeitinho,procura e%itar a tensão social atra%.s da modifca&ão de normas .ticas, ao

passo que “o dogmatismo cat#lico cria condi&ões para o surgimento do jeitinho” :p;K> como %l%ula de escape e como 3orma de contornar astensões sociais

6or 8ltimo o autor acredita que “esta institui&ão paralegal”, não pode seramputada da sociedade, pois se isso %iesse a acontecer “ter)amos umagrande tensão social”

()%ia Barbosa afrma que esta obra, mesmo não tendo sido baseada em umapesquisa emp)rica, nos traz problemas recorrentes para a anlise sobre o

 jeitinho Do entanto, . preciso apontar algumas obser%a&ões

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Em primeiro lugar o autor acredita que o jeitinho . caracter)stica e"clusi%a ecomum dos pa)ses latinos @esmo que e"istam situa&ões que “se pare&amao jeito, em pa)ses como Espanha, 6ortugal e !tlia, não signifca que seja opr#prio” :p;K> !sto porque, a autora acredita que para e"istir o jeitinho .preciso que “haja uma escolha social, em peso social atribu)do a esse tipo

de mecanismo” :p;K>

E mais ainda, quando utilizamos dessa institui&ão para defnir o estilo deuma determinada popula&ão, * que a usa como mecanismo para lidar comcertos problemas sociais * que . o caso do Brasil, al.m de caracterizar umasitua&ão espec)fca, “isto ir apresentar'se como um elemento de identidadesocial” :p;=>

4s considera&ões 3eitas sobre “as prticas 3eudais”, ()%ia argumenta queelas não se deram da mesma 3orma em todos os pa)ses, principalmentetratando'se de 6ortugal E parece que a questão da desigualdade nosistema jur)dico não est obrigatoriamente numa estrutura 3eudal “mas simnuma %isão hierrquica do mundo” :p;=>

6arece que o estatuto do jeito s# tem 3un&ão signifcati%a quando ase"ce&ões desaparecem do sistema legal e esse adquire uma roupagemuni%ersalizante, enquanto a prtica social continua a legitimar tratamentosdi3erenciados dos homens entre si e perante a lei

-om rela&ão +s razões religiosas apontadas por Hoberto -ampos, ()%iasomente acrescenta algumas sugestões Ela utiliza'se de argumentos

Leberianos :em a Mtica 6rotestante e o Esp)rito do -apitalismo> paraconcordar quanto + questão da plasticidade do catolicismo e a rigidez doprotestantismo O rompimento de (utero com a !greja cat#lica deu'se

 justamente por conta dessa “tolerCncia” do catolicismo Do caso doprotestantismo de%e ha%er uma coerAncia nos %alores aplicados tanto emcasa, na rua, no trabalho, enfm implica numa prtica social mais uni3orme

 J o dispositi%o da confssão e do perdão re3or&a essa prtica social maismale%el que historicamente caracterizou o catolicismo Juntamente com aabsol%i&ão e a penitAncia a %i%Ancia dos f.is . abrandada, não ha%endonecessidade de uma coerAncia permanente de condutas

9o ponto de %ista da autora, o dogma cat#lico não . o que orienta ocotidiano dos f.is, discordando assim de Hoberto Ela acredita quee"emplos como os dez mandamentos, os sacramentos, os santos e etc quedariam diretrizes bsicas na condu&ão da %ida do fel cat#lico

4946G4NO 4O !DE16EH49O

Em !nterpreta&ão da Healidade Brasileira :;<PQ> João -amilo de Oli%eira Gorres analisa o jeito como uma maneira de ser tipicamente brasileira,condicionada por 3atoresparticulares e hist#ricos que nos moldaram nestaflosofa de %ida

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O autor identifca dois tipos, o jeito prtico e o te#rico O primeiro se traduzna capacidade de adapta&ão a situa&ões di3)ceis ou inesperadas e osegundo embora mencionado nesta classifca&ão, não torna a aparecer emseu te"to, portanto fcamos sem saber a que o autor se re3eria

1egundo Oli%eira Gorres o jeitinho brasileiro incorpora %rias causas,podemos encontra'las no tipo de 3orma&ão que recebemos como tamb.mnos desafos encontrados aqui pelos colonizadores Encontra'se, comoen3atiza o autor, na 3orma&ão human)stica dada pelos jesu)tas, mas tamb.mna cren&a brasileira nos dons naturais e nas qualidades inatas das pessoas

Oli%eira tamb.m tra&a um paralelo com o tipo de imigra&ão que ocorreu nosEstados Rnidos, l este processo aconteceu ocorreu em grupos 3amiliaresque adaptaram sua cultura ao no%o 6a)s 4o passo que aqui a migra&ão era3eita por indi%)duos isolados e que aqui ti%eram que se adaptar aoscostumes locais

 Gamb.m a mesti&agem . %ista neste prisma como 3ator a inuenciar estetra&o do nosso “carter”, por.m, embora use de %ariadas 3ormas deabordagem, Oli%eira peca pela superfcialidade ao não apro3undar edesen%ol%er sufcientemente suas teses, o que torna imposs)%el oestabelecimento de uma liga&ão entre tudo o que 3oi dito com as reaiscausas do jeitinho brasileiro

Outra parte 3orte geradora do jeitinho pode ser encontrada no “carterportuguAs”, que segundo o autor, possui uma “tolerCncia com a corrup&ão”,

 j 3amosa na Europa desde o s.culo ST!!Essa tolerCncia com a corrup&ão pode ser encontrada na pr#pria imagemdos pol)ticos hoje, como obser%a o autor ao citar o slogan de 4demar deBarros, inter%entor e go%ernador de são 6aulo5 “Houba, mas 3az” !sso geraum subproduto5 uma bai"a e"pectati%a de ser%i&o p8blico honesto

Outro aspecto do carter portuguAs seria a 3alta de “responsabilidade ci%il”,que se resume na An3ase acentuada nas rela&ões pessoais de amizade, asobriga&ões se impõem acima da norma impessoal, abstrata e legal 9a) otão conhecido ditado5 “4os amigos tudo, aos indi3erentes nada, aos inimigos

os rigores da lei” :p??>

1egundo as anlises de causas hist#ricas o autor procura demonstrar que o jeito implica em “custos e bene3)cios” para a sociedade brasileira 9o pontode %ista econmico, o jeito pro%oca aloca&ão de recursos, aumentando oscustos da produ&ão ou na m qualidade do produto, al.m da injusti&a socialao permitir que certas empresas e indi%)duos não obede&am + lei atra%.s dopagamento de gorjetas e de cone"ões 3amiliares

Os aspectos corruptos do jeito “retardam tamb.m a efciAnciaadministrati%a”, al.m de causar preju)zo moral grande, e"presso no

desrespeito constante +s leis Gamb.m, pelo 3ato dessa institui&ão 3uncionarcomo %l%ula de escape, ela acaba por impedir o surgimento de uma

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pressão social e3eti%a que le%e a mudan&as tão necessrias no nossoaparato legal e administrati%o

6or outro lado, os bene3)cios do jeito podem ser encontrados nos aspectosem que ele proporciona um mecanismo mais efciente no processo de

desen%ol%imento, ao permitir que se solucionem impasses legais eadministrati%os a um custo relati%amente bai"o

@as o principal bene3)cio do jeito, segundo Hosen, . que ele permite a umasociedade em %ias de desen%ol%imento ganhar tempo para resol%er seusproblemas institucionais sem qualquer grande ruptura pol)tica ou social9esse ponto de %ista o jeito então “tem sido de um %alor incalcul%el aopermitir que o sistema brasileiro opere sem conitos %iolentos” :p?F>

6rimeiro por considerar o jeitinho apenas por um lado “aquele concernentea seu aspecto de institui&ão paralela ao nosso sistema jur)dico e legal, a

partir de uma classifca&ão 3eita +s categorias do autor sem re3erAncia aosistema de classifca&ão local” :p?K>

 Gamb.m o que a e%idAncia emp)rica nos indica . que o jeito ., no sistemade classifca&ão “nati%o”, di3erente de corrup&ão 6ois e"iste um segmentode popula&ão que não o %A mantendo qualquer tipo de liga&ão com acorrup&ão 1e a afrma&ão de que e"iste uma liga&ão )ntima entre essemecanismo “paralegal” e uma prtica social corrupta en%ereda por umcaminho de argumentos moralizantes

4inda, segundo a obser%a&ão de ()%ia, o jeitinho brasileiro não s# . um

mecanismo de ajuste + realidade institucional brasileira, mas tamb.m umelemento de identidade social positi%a e negati%a Ele . percebido ereconhecido nos defnindo como pa)s e como po%o 6ortanto, “longe de seralgo escuso, embara&oso, o jeitinho . reconhecido, admitido, lou%ado econdenado” :p?=>

HE-RH1O1 9E 6O9EH

9e todos os trabalhos comentados, este . o 8nico que se baseia em umapesquisa emp)rica e que abandona as causas hist#ricas do jeito como tema

central, procura conjugar uma #tica antropol#gica e a teoria daadministra&ão na anlise do jeitinho e tenta estabelecer suas liga&ões coma estrutura de poder da sociedade brasileira

4 tese central deste artigo . que o jeitinho . um recurso de poder, e baseia'se em argumentos te#ricos que %ão de /uerreiro Hamos a Hoberto 9a@atta1egundo ()%ia Barbosa, todo este trabalho esta calcado numa pesquisa 3eitacom %inte pessoas dos mais di3erentes n)%eis sociais e que participa%am, dealguma 3orma, de alguma institui&ão burocrtica

E que a conclusão, baseada nesta pesquisa, pode ser resumida nos

seguintes aspectos5

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Embora ino%e um pouco, este te"to não des%enda muito mais acerca dotema, e muitas de suas conclusões tamb.m são compartilhadas pelasopiniões que o senso comum %eicula a muito acerca desta 3aceta do po%obrasileiro