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mineirasemfreio.com.br (Foto: Reuters) http://www.mineirasemfreio.com.br/2011/12/o-jogo-o-menino-e-nem-todos- os-santos.html#more O jogo, o menino e nem todos os santos Após o passeio do Barcelona sobre o Santos, mais do que as piadinhas, e outras falácias de torcedores de outros times, fica uma pergunta: O Barcelona é realmente um time inigualável, insuperável ou foi o futebol brasileiro que se acomodou na mediocridade? Em 1987, o então favorito e insuperável time de basquete norte- americano, perdeu para o Brasil numa final fantástica do Panamericano dos Estados Unidos; em 2008 a seleção de vôlei de Bernardinho perdeu o ouro olímpico para os Estados Unidos. Não existem times insuperáveis, existem bons trabalhos. Times são coletivos, é um erro grosseiro e típico dos times brasileiros, achar que um talento supre todas as deficiências de um time inteiro. Quando se preocupa em dar qualidade ao elenco como um todo, quando se estabelece um projeto e se segue esse projeto ao longo dos anos, têm-se times como a Seleção Brasileira de Vôlei, times como o Barcelona. Mas o Brasil que tem se desenvolvido e buscado excelência em outros esportes, têm-se afundado na mediocridade em se tratando de futebol. Joga-se pra conseguir um empate que matematicamente te garanta alguma coisa, joga-se em função de Libertadores da América, que se dane os outros campeonatos, quem se importa? Criou-se essa mentalidade besta de que o importante é competir/ganhar a Libertadores e daí os times vivem em função da Libertadores, o que se vê em jogos dos Campeonatos Estaduais, da Copa do Brasil, do Campeonato Brasileiro, são jogos mais ou menos, a minimização dessas conquistas. Joga-se as competições nacionais com times reservas, ou com titulares apáticos com medo de lesões, afinal, o máximo deve ser dado só em função da Libertadores. Está errado. Messi hoje disse que o diferencial do Barcelona é a concentração, joga-se cada jogo como uma final. Para eles, o importante é ganhar, seja o torneio que for, a bola tem que ser deles. E o que se viu foi a confirmação disso: três quartos de posse de bola. E o Santos? O Santos ganhou a Libertadores e ficou se arrastando o resto do ano, mesclando poucos momentos de genialidade com apatia e mesmo incompetência. E que importância tem, afinal já eram campeões da Libertadores, os torcedores que sonhassem com o Mundial de Clubes e engolissem a seco a performance apática, burocrática do time ao longo do Brasileirão. A exceção do jogo contra o Flamengo, um espetáculo de ambas as partes, o Santos jogou o Campeonato Brasileiro, o suficiente para não cair pra segunda divisão e só. Os ditos grandes jogadores que estão voltando da Europa para jogar no Brasil, não estão voltando pela torcida, pela proximidade da família, pelos seus times de coração. Voltam por não alcançarem mais o padrão de qualidade necessário para se atuar lá, onde futebol é negócio e não

O jogo, o menino e nem todos os santos

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Artigo escrito para o blog Mineira sem Freio, sobre a derrota do Santos para o Barcelona

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(Foto: Reuters)

http://www.mineirasemfreio.com.br/2011/12/o-jogo-o-menino-e-nem-todos-os-santos.html#more

O jogo, o menino e nem todos os santosApós o passeio do Barcelona sobreo Santos, mais do que as piadinhas, e outras falácias de torcedores deoutros times, fica uma pergunta: OBarcelona é realmente um timeinigualável, insuperável ou foi ofutebol brasileiro que se acomodouna mediocridade?

Em 1987, o então favorito einsuperável time de basquete norte-americano, perdeu para o Brasilnuma final fantástica doPanamericano dos Estados Unidos;em 2008 a seleção de vôlei deBernardinho perdeu o ouro olímpicopara os Estados Unidos.

Não existem times insuperáveis, existem bons trabalhos. Times são coletivos, é um erro grosseiroe típico dos times brasileiros, achar que um talento supre todas as deficiências de um time inteiro.Quando se preocupa em dar qualidade ao elenco como um todo, quando se estabelece umprojeto e se segue esse projeto ao longo dos anos, têm-se times como a Seleção Brasileira deVôlei, times como o Barcelona.

Mas o Brasil que tem se desenvolvido e buscado excelência em outros esportes, têm-se afundadona mediocridade em se tratando de futebol. Joga-se pra conseguir um empate quematematicamente te garanta alguma coisa, joga-se em função de Libertadores da América, quese dane os outros campeonatos, quem se importa? Criou-se essa mentalidade besta de que oimportante é competir/ganhar a Libertadores e daí os times vivem em função da Libertadores, oque se vê em jogos dos Campeonatos Estaduais, da Copa do Brasil, do Campeonato Brasileiro,são jogos mais ou menos, a minimização dessas conquistas. Joga-se as competições nacionaiscom times reservas, ou com titulares apáticos com medo de lesões, afinal, o máximo deve serdado só em função da Libertadores.

Está errado. Messi hoje disse que o diferencial do Barcelona é a concentração, joga-se cada jogocomo uma final. Para eles, o importante é ganhar, seja o torneio que for, a bola tem que ser deles.E o que se viu foi a confirmação disso: três quartos de posse de bola.

E o Santos? O Santos ganhou a Libertadores e ficou se arrastando o resto do ano, mesclandopoucos momentos de genialidade com apatia e mesmo incompetência. E que importância tem,afinal já eram campeões da Libertadores, os torcedores que sonhassem com o Mundial de Clubese engolissem a seco a performance apática, burocrática do time ao longo do Brasileirão. Aexceção do jogo contra o Flamengo, um espetáculo de ambas as partes, o Santos jogou oCampeonato Brasileiro, o suficiente para não cair pra segunda divisão e só.

Os ditos grandes jogadores que estão voltando da Europa para jogar no Brasil, não estão voltandopela torcida, pela proximidade da família, pelos seus times de coração. Voltam por nãoalcançarem mais o padrão de qualidade necessário para se atuar lá, onde futebol é negócio e não

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mamata. Preferem ser titulares no Brasil, sem grandes exigências e com todas as benesses deserem grandes estrelas, do que se conformarem com o banco de reservas e a execração públicanos times europeus.

Temos ainda, os melhores jogadores. Basta ver a quantidade de brasileiros no time do Barcelona,o que era o Daniel Alves naquele jogo?

Se ainda temos os melhores jogadores, o que precisa mudar é o jeito de jogar. Chega de futebolpela matemática, pela probabilidade de ir para a Libertadores, Sul Americana, chega dessaconversa fiada de que estadual é só pra time pequeno. Que joguem pela vitória, pelo escudo, pelatorcida, que não se pendurem num ou outro jogador e aprendam que como time, devem buscar aexcelência como um todo, são onze em campo.

E Neymar, um menino, ainda tendo que lidar com as agruras da adolescência e asresponsabilidades de profissional talentoso, tendo que carregar nas costas a responsabilidadepor um time fraco, foi homem e lúcido o bastante, para dizer a verdade: O Barcelona ensinoucomo se joga futebol.

E Rafael, parabéns. Num time morto como o Santos que enfrentou o Barcelona, se não fosse asua hombridade, o placar teria sido muito, muito pior.