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2 FESTAGAL - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - Ano X - Julho 2019

Antón FraguasDia das letras2019A explosão de júbilo derivada

da eleição pola RAG de Ri-cardo Carvalho Calero para o Dia das Letras Galegas do ano 2020 não devera ser óbice, mas acicate, para celebrarmos a figura do ano em curso: dom Antón Fraguas Fraguas.

Nado em Cotobade em 1905, foi aluno de Castelao e Lousada Diéguez no liceu de Ponte Vedra, onde abraçaria para sempre a cau-sa galeguista. Licenciado em 1928, a sua carreira profissional come-çou de professor auxiliar na USC e ganhou vaga de ensino médio na Estrada em 1933. Ser membro das Irmandades da Fala, do Seminário de Estudos Galegos e do Partido Galeguista truncou a sua carreira: foi suspenso de emprego e salário e passou depois da guerra ao en-sino privado. Segundo as suas pa-lavras, salvou a vida «de milagre» e não recuperou a cátedra, que o habilitava para o doutoramento e a docência, até a década de cin-quenta. Dissoluto polos franquistas o Seminário de Estudos Galegos, incorporou-se na década de qua-renta à versão deste criada e con-trolada desde o regime: o Instituto de Estudios Gallegos Padre Sar-miento. Desde a mesma secção que ocupava no SEG, de Etnogra-fia e Folclore, continuou em parte o labor encetado antes da guerra.Pola sua humildade mostrou-se ser reticente a ocupar a cadeira que Castelao deixara vacante na RAG à sua morte. No seu discurso de ingresso agradece «o imerecido honor que se me fez, nomeando--me para um posto que não me-reço. […] Quiçá fosse melhor dei-xar vacante o seu posto deica que

outro artista como el ou Rosalia, […], vinhera ocupar esta cadeira».Morto o ditador, com o aggior-namento do regime e umas novas instituições à procura de se legiti-mar democraticamente, chegarão muitos reconhecimentos: Pedrão de Ouro, Prémio Trasalba, Meda-lha Castelao e Cronista Geral da Galiza. Se bem que seja autor duma co-piosa obra escrita — mais de vinte monografias, centos de trabalhos especializados individuais e cole-tivos em publicações periódicas e revistas, assim como milhares de artigos em jornais— não achamos arriscado considerar o Antón Fra-guas um homem mais de Cultura do que de letras. Foi um erudito ao jeito clássico que cultivou grande variedade de disciplinas: da an-tropologia à etnografia, passando pola geografia, a arqueologia, a arte ou a história. Contudo, a nosso ver, no que se destacará é na obsessão por regis-tar e conservar a Galiza toda, quer a que esmorecia (a Galiza tradi-cional), quer a que fizeram desa-parecer (a do projeto galeguista). Eis uma possível leitura que po-demos tirar da sua monumental obra. Lendo-o assim é como cobra sentido a sua magnífica biblioteca, doada ao Museu do Povo Galego, ponto fulcral do seu legado e sín-tese perfeita da Galiza que foi e da que é, e que nos dá para imaginar tanto a que poderá ser como a que pudera ter sido. Celebremos e divulguemos pois a obra de dom Antón Fraguas. Há e haverá muito a festejar.

Seleção da sua obra:

» O culto ós mortos, Nós, Santiago. (1931)

» Terra de Melide, Seminario de Estudos Galegos, Santiago. (1933)

» “Dous romances de Galicia”, Revista de Guimarães. (1946)

» Geografía de Galicia, Porto y Cía, Santiago. (1953)

» Historia del Colegio de Fon-seca, Cuadernos de Estudios Gallegos, Santiago. (1956)

» “Paisaxe e historia nas con-versas de D. Ramón Otero Pedrayo”, Ramón Otero Pe-drayo: a súa vida e a súa obra, Caracas. (1958)

» “Influencia de la emigración al Brasil en tierras de Gali-cia”, V Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, Coimbra. (1965)

» “Algunos seres fantásticos de nuestra Tierra”, Revista de Etnografia, Porto. (1969)

» “Lembranza de unha xene-ración”, Cincuentenario Nós. Boletín Mensual de Cultura Galega. (1970)

» La Galicia insólita. Tradicio-nes gallegas, Librigal, Cru-nha. (1973)

» Lugo, Bibliófilos Gallegos, Santiago. (1974)

» Murguía. O patriarca, Banco del Noroeste, Vigo. (1979)

» El traje gallego, Fundación Barrié de la Maza, Crunha. (1985)

» Romarías e santuarios, Galaxia, Vigo. (1988)

» Do Entroido, Museo do Pobo Galego, Alicerces 6, Santiago. (1994)

Destaca a sua obsessão por registrar a Galiza toda, quer a que esmorecia, quer a que fizeram desaparecer

Membro das Irmandades da fala, do Seminario de Estudos Galegos e do Partido Galeguista

Tinhamos

outras capas

Marcos saavedra.

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Julho 2019 - Ano X - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - FESTAGAL 3

FESTAGALO jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional Ano X - Julho 2019

Associaçom Galega da Língua (AGAL)[email protected] | a.gal

Queres associar-te à AGAL? informa-te em https://a.gal/formulario-de-inscricom

EDITA: AGAL | DIREÇOM: Eduardo MaragotoPUBLICIDADE: Marta L. Macias | REVISOM: Edu e ValCOLABORAÇÕES: Marcos Saavedra, Valentim Fagim, Graciela Lois, Vítor Garabana, Eliseu Mera, Carlos Quiroga, Suso Sanmartim, Gonzalo Constenla, Carme Saborido, Jon Amil, Matias G. Rodrigues, Marta L. Macias, Xico Buguero | CAPA: PQ&SDIAGRAMAÇOM: Miguel Penas | IMPRIME: Galicia Editorial

Muito mu-d á r o m

as cousas desde entom. No final

dos anos 70 e prin-cípios dos 80, a cultura

galega dividiu-se em dous bandos que pareciam irrecon-

ciliáveis: o de quem dizia que era preciso ter em conta o português para codificar o galego e o de quem confiava à dialetologia a construçom de umha norma cul-ta. Embora parecesse, nom era só um debate filológico. Tratava-se de dilucidar se o galego consegui-ria percorrer mais mil primaveras desvinculado ou nom do mundo

lusófono. Carvalho e muitos ou-tros e outras intelectuais que en-tom contavam com pouca idade (entre eles Martinho Montero e José Luís Rodríguez) inspirárom a AGAL e dérom passos significa-tivos para avançar na integraçom na Lusofonia. Entre outros, ela-borárom umha norma linguística que, contra todo o prognóstico, continua a ganhar apoios, nomea-damente a partir da universaliza-çom da Internet, que multiplicou os contactos dos galegos e galegas com o resto do mundo. Hoje há menos galegos que pensem que a nossa língua se baste sozinha. As necessidades de umha língua som tam grandes e diversas que já há menos gente que defenda que o galego deva ignorar a ajuda do mundo lusófono. Tampouco há quase reintegracionistas que desprezem o trabalho realizado polo ILG para conhecer em pro-fundidade as nossas falas, cada vez mais deturpadas. Ainda bem que temos aquela foto fixa de fi-nais dos anos 70 com que os seus investigadores nos presenteárom. Falta ver como poderemos mate-rializar este reconhecimento mú-tuo em políticas favoráveis, nom aos diferentes grupos de pressom, mas ao galego. Na AGAL lança-mos a proposta do binormativis-mo. Veremos se serve. Senom, haverá mais.

Carvalho Calero é um des-ses intelectuais que marcam

umha sociedade por décadas. A sua candidatura chega à celebra-çom do Dia das Letras Galegas com umha força sem preceden-tes, com um apoio praticamente unánime dentro da Real Acade-mia Galega e com o aplauso ge-neralizado de todas as pessoas preocupadas pola nossa cultura, que nos últimos anos denuncia-vam, também praticamente de forma unánime, que o facto de tentar censurar o seu ideário ser-visse para postergá-lo indefinida-mente. A injustiça acabou, mas a censura sofrida até hoje acabou por agrandar a lenda, assente no firme compromisso de Carvalho com os seus ideais. Sem tirar nen-gum mérito a todas e a todos os anteriores, nom se trata de mais um escritor em galego, e nom admiraria que se convertesse num exemplo de dignidade para as novas gerações, como já tinha sido importante para os seus coe-tâneos nas diferentes fases da sua vida. Mui novinho já redige junto com Lois Tobio o anteprojeto do nosso primeiro estatuto de Auto-nomia. A sua adesom à República leva-o a sofrer prisom e afasta-mento do ensino público durante décadas, mas o seu compromisso com a nossa língua foi em au-mento, escrevendo o primeiro

romance em galego após a guerra e a gra-mática e a his-tória da literatura mais importantes até entom. Em 1980 a Junta Pré-Autonómica encarrega--lhe a elaboraçom de umhas nor-mas para a Administraçom que vigoram dous anos. Som de filo-sofia reintegracionista, ainda que procurando o consenso com os sectores que nom compartilham essa via. Em 1982 as normas de Carvalho som retiradas polo co-nhecido Decreto Filgueira, que impom as que ainda atualmente se ensinam nas escolas, da auto-ria do Instituto da Lingua Galega (ILG). Começava a postergaçom de Carvalho e nascia o movimen-to reintegracionista.

2020 ano Carvalho Calero

O galego que vai chegar

Eduardo Maragoto.Presidente da AGAL

A censura sofrida até hoje acabou por agrandar a sua lenda.

Na AGAL lanzamos a proposta do binormativis-mo. Veremos se serve.

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A confluência normativa é a aceitaçom alargada da utili-

zaçom da Norma Agal e da Nor-ma padrom portuguesa, para fun-cionarem na prática como umha mesma norma. Para poder aplicar corretamente esta proposta exis-tem numerosas ferramentas infor-máticas que ajudam as pessoas a transitar na confluência normativa como por exemplo: o Vocabulário Ortográfico da Galiza de Carlos Durão e promovido pola Acade-mia Galega da Língua Portuguesahttps://tinyurl.com/vocab-emlinhaou o Léxico da Galiza elaborado, também, pola AGLP e incorpora-do no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa https://tinyurl.com/lexicoaglphttps://tinyurl.com/volp-acougar Umha das ferramentas mais im-portantes é o dicionário em linha Estraviz de Isaac Alonso Estraviz, promovido pola AGAL, a AGLP e a Fundação Meendinhohttps://estraviz.org

Este dicionário permite a pesqui-sa em norma padrom portuguesa (antes e depois do AO90), a norma AGAL e mesmo a RAG-ILG: capi-tám, capitão, capitán / açom, ação, acção, acción / ativo, activo / Adop-tar, adotar / objetivo, objectivo, obxectivo / linguística, lingüística. As pesquisas cumprem a con-fluência: mostram-se no padrom português e no galego Agal (am-bos com o AO90 aplicado), mos-trando a soluçom dupla se houver. A novidade é o conjugador verbal incorporado que inclui as formas duplas quando as houver. Para além das formas verbais, pro-porciona também informaçom so-bre a abertura das vogais radicais Para verbos transitivos e prono-minais proporciona-se a conjuga-çom com pronome clítico, mos-trando a mesóclise no futuro e no condicional Inclui ademais a funcionalidade de conjugaçom “inversa” que iden-tifica na procura se umha palavra funciona como forma verbal:

Conjugador verbal Estraviz,mais umha ferramentapara a confluência normativa

É a norma reintegracionista pro-posta pola Agal. Formalizou-se com a Proposta Normativa (1983), o Prontuário Ortográfico (1985), o Estudo Crítico e o Guia de Conju-gaçom Verbal (1989).

Assume a forma internacional da nossa língua, com todas as van-tagens que isso nos dá, mas ao tempo mantendo de forma gráfica várias morfologias genuínas ga-legas: umha (uma), cançom (can-ção), capitám (capitão), irmao/irmám (irmão), pronome che (te), verbos irregulares: fago, fás, fai (faço, fazes, faz).

O desafio a vencer nesta propos-ta é conseguir a introduçom dum novo padrom, o galego, numha altura em que se estám a efetuar esforços internacionais para a re-duçom das diferências gráficas entre os padrões português e bra-sileiro (AO90 Acordo ortográfico de 1990, em que a Galiza partici-pou como observadora).

A proposta para a utilizaçom di-reta da Norma Padrom Portugue-sa consiste na adoçom direta do padrom escrito português. Para umha reintegraçom à flamenga, como fijo a Flandres com a língua da Holanda.

Deve-se salientar nesta proposta a utilidade internacional imedia-ta e poder restitutivo em todos os ámbitos da nossa sociedade, tirando partido dos materiais, desenvolvimento e estabilidade linguísticos existentes no Estado vizinho.

O desafio neste caso seria a acei-taçom, por parte da populaçom galega, dum padrom em que nom se refletem de forma gráfica al-gumhas particularidades genuí-nas das falas galegas.

A proposta confluente da Agal (2016) é a “Ortografia Galega Mo-derna”. Umha proposta confluen-te com o português no mundo e com um caráter mais descritivo que prescritivohttps://tinyurl.com/normagal

Consiste em alargar a norma or-tográfica e morfológica da Agal para abranger as outras duas ten-dências. Acrescentam-se, às so-luçons normativas anteriores da Agal, outras mais convergentes com as variantes afro-luso-bra-sileiras. As diferenças são pou-cas, admitem-se nesses casos as soluções duplas Por isso é que a confluência é possível!

Exemplos da proposta confluente:

A norma da AGAL

Padrão português

Ortografia galega moderna

EstudoCrítico

1989 nom

capitám umha

fijo

Ortografia Galega Moderna2016 nom / nãocapitám / capitãoumha / uma fijo / fez

vítor Garabana.

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A Galiza, como qualquer outra realidade, pode ser observa-

da de muitas formas. Se pegarmos num mapa linguístico, é o espaço onde nasceu a língua portugue-sa para depois irradiar para sul e outras latitudes. Se tomarmos um mapa administrativo, faz parte do Reino da Espanha. Neste sentido ocupa um lugar talvez único no mundo do ponto de vista cultural e das línguas. Um observador exter-no é provável que antecipasse mui-tas oportunidades para a sociedade galega. Alguém instruído em ges-tão é possível que tivesse grandes ideias para serem implementadas. Ora, como sabemos, esta vantagem está muito longe de ter sido desen-volvida. Podíamos falar de respon-sabilidades para esta letargia, mas este artigo quer ser um mensageiro de boas notícias.

A Associação Galega da Língua e Docentes de Português na Ga-liza juntaram esforços para que qualquer pessoa na Galiza consiga desenvolver o seu potencial lin-guístico e cultural, enfim, a nossa vantagem no mapa. A Nossa Galá-xia é um site com recursos linguís-ticos e dicas culturais para facilitar, ou alicerçar, a passagem do galego local para o galego internacional. As falas galegas e o galego institu-cional vão ser o primeiro combus-tível do nosso foguetão. Esta via-gem, é claro, poderá ser feita por qualquer pessoa do nosso planeta mas o público alvo, a pilotagem, está idealizada para a população galega. O sítio tem 5 áreas fundamentais.A primeira, a nave espacial, reco-lhe teoria e prática para aprimorar a nossa língua. Não apenas gramá-

tica e léxico como também outros focos que permitam familiarizar-se com outras variedades internacio-nais da nossa língua. Como vai ser um percurso longo, de facto, infinito, teremos acesso a leituras para a viagem, com breves textos para entender melhor o sen-tido da viagem e as facilidades e di-ficuldades que podemos encontrar. Para não nos desviar da rota va-mos contar com um rico painel de recursos, alguns de elaboração pró-pria, a maioria ferramentas que se têm revelado úteis para as pessoas que empreenderam esta viagem no passado, dicionários, mas não só. Ora, as línguas não são apenas códigos como sobretudo as so-ciedades que as falam. É por isso que criamos uma rede de estações planetárias, com ligações a sites es-pecializados em diferentes temas,

cinema, cozinha, educação…, que nos permitirá implementar e ainda desenvolver o nosso conhecimento linguístico e cultural. Uma última área, ainda em fase de desenvolvimento, é a viagem interestelar, uma secção de cursos monitorizados concebidos para aquelas pessoas que querem ir a uma maior velocidade atravessan-do a barreira do som. A Nossa Galáxia é, portanto, uma ferramenta para desenvolver um mapa, muito para além da carto-grafia que nos foi legada. Queremos concluir este texto agradecendo as pessoas que, todas elas de forma voluntária, alimenta-ram e alimentam com a sua ener-gia e saber este projeto, aberto a novas colaborações. O plano é que A Nossa Galáxia, como o universo, se expanda. Boa descolagem

Rumo à nossa GaláxiavalentiM FaGiM.

aPorto edição 2019O aPorto é um curso para aprendi-zes de português de uma semana de duração que decorre no verão no Porto. Inclui aulas de manhã e atividades socioculturais de tarde. As diferentes modalidades são:• 29 de julho a 2 de agosto

(aPorto Docentes Nível A2)• 5 a 9 de agosto (aPorto Docentes Nível B1)• 12 a 16 de agosto (aPorto Noturno)• 19 a 23 de agosto (aPorto Padrão)• 26 a 30 de agosto (aPorto Padrão) O aPorto Docentes é um forma-to específico para docentes com a homologação das 30h de for-mação pela Junta da Galiza e a possibilidade de atingir A2 e B1 seguidos. O aPorto Noturno é um formato para quem desejar aprofundar no conhecimento da realidade social e cultural portuguesa, e atingir es-ses matizes que com uma simples visita turística não conseguimos. Todas as atividades decorrem em horário de tarde-noite. O progra-ma inclui sessões de fonética e de conversa em com cicerones, teatro, poesia, música tradicional e gastronomia diversa. O preço é de 210 euros, mas no caso de sócios/as da AGAL, estu-dantes, ex-alunos/as, afilados/as da CIG e pessoas reformadas e de-sempregadas será de 175 euros. Toda a informação no site www.aporto.org ou no email da Área de Formação [email protected]

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Mais um ano@emgalegoJon aMil.

N este ano aconteceu muita cousa no Twitter. Do “Sabe-

la já ganhou” ao “Carvalho Ca-lero, te quiere el mundo entero”, passando por toda a gente que resolveu virar neofalante polo ano novo. Nós, que somos gente ilusa, queremos pensar que cola-boramos um pouco em tudo isso. Quem sabe. No pior dos casos, podemos dizer que estivemos aí, resolvendo as vossas dúvidas lin-guísticas, ensinando a língua e, sobretudo, aprendendo. Cada vez que falamos duma palavra, ex-pressom ou frase feita em galego, vós inundades as nossas notifica-ções com diferentes formas e va-riantes que desconhecíamos. Ei, graças a vós, mesmo descobrimos

o lado tenebroso da cançom dos pitinhos que dormem fora! Mas enfim, vamos ter que ir pa-rando, que já passamos dos 280 carateres e nom estamos afeitas. Escrever tanta cousa seguida dá--nos vertigem. Só queremos lem-brar-vos que, quando chegamos às 5.000 seguidoras, figemos um sorteio dum lote de livros. Quan-do cheguemos a 10.000, é capaz de haver um sorteio ainda maior. Mas o futuro é imprevissível, e para isso teredes que nos seguir no Twitter. E calamos já. Deixamos-vos com os tweets mais destacados que passárom pola nossa conta neste tempo. Obrigadas!

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Imos lembrar um par de even-tos acontecidos no ano passado.

Começou 2018 com um impor-tante fenómeno televisivo, a série Fariña. Baseada no magnífico li-vro de Nacho Carretero que, como tempos atrás, pudemos comprar em Portugal perante um sequestro judicial, conta as histórias dos fa-mosos contrabandistas e narcotra-ficantes da Ria de Arouça dos anos 80 do século passado. Nela, volta--se a responsabilizar o povo galego do problema da entrada da droga na Europa ignorando que a subs-tância que matou uma geração in-teira em muitos lugares do nosso país, a heroína, entrava por outros territórios (já agora, como bem in-dica Carretero no livro). Com isto, não quero desculpar as atividades criminais dos narcos galegos, se-não lembrar que há muitos outros narcos não galegos e muito mais letais de quem nunca ouvim falar. Linguisticamente, Fariña utiliza um castelhano irreal, um castra-po invertido, onde pitorescamen-te acrescentavam palavras como “trabalho”, “caixa” ou “cara de cona”. Lemos também na impren-sa como se justificava o prodígio de conseguir que um ator de Noia falasse castelhano com sotaque de Cambados, e mesmo alegando que linguisticamente Fariña estava

mais cuidada do que muitas pro-duções da TVG, literalmente. Não vou obviar que a série foi um sucesso de audiência, que em agosto entrou na oferta da Netflix e que as atrizes e os atores -maio-ritariamente galeg@s- oferecêrom excelentes interpretações. Chega no segundo semestre do ano o Operación Triunfo (OT), e neste programa aparece uma con-cursante das Pontes sem complexo por utilizar repertório em galego numa Espanha que ultimamente parece só olhar para a França para se inspirar no seu centralismo. Embora tivesse que sofrer algum comentário de uma jurado com certo fundo supremacista, ao qua-lificar de folklore uma canção com texto de Rosalia de Castro, a atitu-de da cantora foi bem aceite pola audiência. Para a Gala Final, a Sa-bela escolheu “Tris Tras”, peça do grupo Marful cujo texto fora escri-to na norma da AGAL pola Ugia Pedreira. A partir daí, as redes sociais, nomeadamente o Twit-ter, enchêrom-se de mensagens de públicos lusófonos surpreendidos por a Sabela cantar em português mesmo louvando o seu sotaque:

Perante tal alarma social em Por-tugal, o professor Marco Neves escreveu um formoso artigo expli-cando ao público português as co-nexões linguísticas entre a Galiza e Portugal. A seguir, com a mesma intenção, o nosso Eduardo Mara-goto gravou um vídeo dedicado às adeptas e aos adeptos castelhano--falantes do OT explicando o que é isso do galego-português de que falava a Sabela, conseguindo cerca de cinco mil visualizações em três dias.

O dia da Gala Final OT foi che-gado e desfrutámos de ver como TVE legendava a canção no gale-go-português original e também de um Twitter cheio de comentá-rios nas diversas grafias da nossa língua que compartilhavam os hashtag #Sabelajáganhou #Sabela-xagañou e #ogalegoune: Não vou especular com quais

fôrom as intenções da Sabela

quando escolheu uma ou outra canção, porque o que me interes-sa é o que conseguiu, e foi mara-vilhoso. Ajudou-nos a limpar um caminho para vermos que por ele chegamos longe, e que nele cabe-mos tod@s: #olánovoconsenso #binormativismo.

Mais Sabela e menos farinhaeliseu Mera

Em OT aparece uma concursante das Pontes sem complexo por utilizar repertório em galego

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Trabalharmos no presente, sa-bendo bem de onde vimos, e

ganharmos o futuro para a nos-sa língua e cultura comuns. Eis a motivação basilar da Rede da GaliLusofonia, uma iniciativa que tenciona, entre outros objetivos, voltar a inserir o nosso idioma no espaço natural a que pertence, a Lusofonia, esse universo interna-cional que, para além do âmbito linguístico-cultural, é também uma grande oportunidade, mes-mo em termos económicos, para a Galiza. Nascemos e demos os primeiros passos no território da velha Gal-laecia, de norte a sul, entre Cedei-ra, Ponte-Vedra e Braga, no berço aconchegante do milenário gale-go-português. Mas, como a pró-pria língua, com uma tripulação inicial de mais de vinte naves a embalar a trouxa e zarpar, quere-mos navegar polos mares, de nor-te a sul, rumo a oriente e ocidente. Porque o nosso idioma, a nossa cultura, nunca tiveram, nem ago-ra têm, fronteiras. Certamente, a

nossa é unha língua mundial e to-tal, com diferentes sotaques e fa-las a compartilharem um sistema único de comunicação. Mas muitas compatriotas ain-da não são conscientes deste te-souro em toda a sua magnitude e importância, desta vantagem competitiva que nos converte em perfeitos bilingues em duas das línguas com mais falantes do mundo. Com as duas, podemos chegar a mais de metade da popu-lação mundial. Quem lhe dera, a

muitos e muitas! Este grande bu-raco, o composto por quem ainda ignora essa condição, deve ser o nosso alvo de campo de trabalho, a nossa prioridade presente e fu-tura, já que aí está a grande opor-tunidade para o futuro da nossa língua e da Galiza. E para as galegas serem plena-mente sabedoras dessa condição e toda a Lusofonia assumir que a língua e cultura comuns esten-dem em Europa os seus domí-nios de São Vicente a Ortegal, chegou com toda a força a nossa Rede, a da GaliLusofonia. Uma rede que nasce da sociedade civil para acompanhar, sem duvidar, o grande consenso político gerado à volta da Lei Paz-Andrade e da integração da Galiza na Comuni-dade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP). Mas também nascemos para continuar a dinamizar na base os nobres ideais que nos transmitiu o galeguismo historicamente, a causa que manteve acesa Carva-lho Calero, agora caminho de sair de um ostracismo imposto, e que se está a converter na tábua de salvação da língua própria, como acabam por reconhecer mesmo aqueles que mais o afastaram. Não nascemos para ficar num plano teórico ou testemunhal, nem para arrebolar as nossas ideias partilhadas contra nin-guém. Nascemos para construir, para tentar gerar consensos, para fazermos pedagogia, para chegar cada dia a mais compatriotas, para ganharmos o futuro traba-lhando com factos no presente. Nascemos há nove meses e já temos resultados prometedores: parcerias entre concelhos, inter-câmbios artísticos, colaborações académicas, presença pública e mais de vinte iniciativas galilu-sófonas a trabalhar cooperativa-mente em prol dos objetivos co-muns. A partir das dificuldades do presente, com a força que nos dá sermos conhecedores do nosso passado, enxergamos um futuro promissor para a Galiza na Luso-fonia, para a Lusofonia na Galiza. Continuaremos a trabalhar em Rede.

2020 A rede da GaliLusofonia: a cooperação como método, a integração como destino

Trabalharmos no presente, sabendo bem de onde vimos, e ganharmos o futuro para a nossa língua e cultura comuns

Nascemos para construir, para tentar gerar consensos

Gonzalo constenla.

inteGrantes da rede na sua constituição

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Vida Social Agálica

Xavier Alcalá e Eduardo Maragoto, primeiro e o último presidentes da AGAL, conhecem-se pessoalmente no Culturgal'18.

Os presidentes da AGAL e da RAG com a diretora do PGL em Cotova-de no Dia das Letras Galegas

AGAL na manife do 17 de Maio: Binormativismo, um 'novo equilíbrio para o galego

Assembleia da AGAL, no âmbito do Culturgal’18, no Paço da Cultura de Ponte Vedra.

Almoço-convíivio n’O Casal do Cabido, na Rua de S. PedroAssembleia da AGAL no Museu do Povo Galego, em Bonaval

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Vida Social Agálica

NEW balancê, balancêQuero ACORDar com vocêEntra UMa NORMa, E DUAS, TaMBéM NEW balancê, balancê

NEW balancê, balancêQuero ACORDar com vocêEntra UMa NORMa, E DUAS, TaMBéM NEW balancê, balancê

Quando DE mim você passaFingindo que não me vêÉ O GALEGO O QUEse despedaçaNEW balancê, balancê

NEW balancê, balancêQuero ACORDar com vocêEntra UMa NORMa, E DUAS, TaMBéM NEW balancê, balancê

NEW balancê, balancêQuero ACORDar com vocêEntra UMa NORMa, E DUAS, TaMBéM NEW balancê, balancê

Você COAS SUAS NOMiGaQUE SIGO eu Às VeZesTÃO-POUCO sÃO a maior maravilhaNEW balancê, balancê

NEW balancê, balancêQuero ACORDar com vocêEntra UMa NORMa, E DUAS, TaMBéM NEW balancê, balancê

NEW balancê, balancêQuero ACORDar com vocêEntra UMa NORMa, E DUAS, TaMBéM NEW balancê, balancê

Eu levo a vida VeTaDoVeTaDo só POR vocêE o tempo passa e ISTO vai Se acabandoNEW balancê, balancê

NEW balancê, balancêQuero ACORDar com vocêEntra UMa NORMa, E DUAS, TaMBéM NEW balancê, balancê

NEW balancê, balancêQuero ACORDar com vocêEntra UMa NORMa, E DUAS, TaMBéM NEW balancê, balancê

NEW balancê, balancêNEW balancê, balancêNEW balancê, balancêNEW balancê, balancêNEW balancê, balancê

"Binormativismo:um NEW BALANCÊ para o galego"

AGAL na manife do 17 de Maio: Binormativismo, um 'novo equilíbrio para o galego

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14 FESTAGAL - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - Ano X - Julho 2019

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Julho 2019 - Ano X - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - FESTAGAL 15

30/04/2019MARIA OUTEIRO ABALO

É incrível observar como países com o mesmo idioma não conhe-cem a sua realidade. Muitas por-tuguesas, portugueses, brasileiras e brasileiros que visitam Espade-la, assombram-se que tenhamos cartazes em português… Muitas Galegas e galegos pensam que so-mos portugueses pola escrita que aparecem nos cartazes.

25/02/2019 INÊS GUSMAN

No caso da língua, acho que a principal dificuldade é o facto de que alguém que fale português e que não conheça o castelhano, di-ficilmente reconhece a diferença entre este e o galego, e dificilmen-te compreende a proximidade en-tre o galego e o português. Isto deve-se ao facto de que os sons do galego falado serem muito seme-lhantes aos que ouvimos do caste-lhano.

01/02/2019DANIEL AMARELO

Hoje, estão a negar-nos o pro-gresso e o bem-estar ao conjunto da sociedade galega decidindo e impondo que o galego é só uma língua autonómica.Não se trata só de prestígio (imagem, repre-sentação, poder simbólico), mas de recursos.

28/12/2018XOSÉ MANUEL SÁNCHEZ REI

Com independência da ortogra-fia escolhida, a presentemente oficial na Galiza ou a internacio-nal, achamo-nos numa época em que todas as pessoas que quere-mos viver em galego devemos po-der achar caminhos de confluên-cia que nos permitam avançarmos nesse desejo e na normalização dele.

21/12/2018LUÍS CACHAFEIRO

A leitura em português ajudou--me a pensar que, além das dife-renças com a ortografia do galego normativo, a língua em si diferia tão pouco que, sem ser linguista, o lógico era que se tratasse da mesma língua. Como leitor olho mais para o que descreve e o mundo ao que me transporta que para os registos linguísticos.

14/12/2018 ISMAEL PARDO

Era bom fazer uma labor “peda-gógica” em Portugal e outros ter-ritórios lusófonos, não só para ganhar peso mas também para estarmos realmente presentes na Lusofonia. Não devia acontecer que a Mariza, por exemplo, num concerto na Corunha fale com o publico num Portunhol com ares andaluzes.

30/11/2018TÁNIA RIBADULHA

Muitos dos meus amigos aplaudí-rom a minha decisom e inclusive comecei a notar um ligeiro contá-gio no emprego do idioma por parte deles. Em geral, a gente mostra respeito polo idioma, al-guns professores que adoitam dar aulas em Castelhano dirigem-se a mim em galego e mesmo me re-cordam o direito de fazer o exame na língua que eu escolher. Apesar de nom o falarem, respeitam-no.

12/10/2018LORENA GONZÁLEZ

A proposta reintegracionista é a estratégia mais sensata e realista para a nossa língua, mas para ga-nhar centralidade deve superar preconceitos atualmente muito ar-raigados. Para além de chegar à so-ciedade a través das redes sociais,

dos centros sociais ou associações vizinhais, talvez a escola seja um âmbito de trabalho primordial, pois é na infância e na adolescência que se descobrem, sem tantos pre-conceitos, muitas realidades desco-nhecidas que depois podem ficar connosco para sempre.

30/04/2019 LUÍS FONTENLA

Acho que se estão a dar os passos certos em todos os âmbitos. Sou muito otimista nesse aspeto. O reintegracionismo deveria cami-nhar através de três ideias-eixo: unidade, camaradagem e traba-lho de formiga que dê frutos para o conjunto da sociedade.

07/09/2018JOANA PALHA

Sendo portuguesa, notei que quando me dirigia a algum ha-

bitante ou lugar da cidade onde tivesse que falar a língua, a res-posta vinha sempre em castelha-no, principalmente quando per-cebiam que eu era portuguesa, por isso sim, há uma resistência a falar galego.

31/08/2018MARIA MANEIRO

Todo movimento social que traga um horizonte melhor para o ser humano e para a sociedade entu-siasma. As dificuldades radicam em superar a marginalização his-tórica do reintegracionismo para poder chegar à sociedade galega com liberdade e sem manipula-ções interessadas.

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AGAL HOJEFALÁM AS NOVAS ASSOCIADAS

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16 FESTAGAL - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - Ano X - Julho 2019

01Entrante perfeito, a entrevista a José Luís Rodríguez, publicada há meses em Adiante-gal. A designa-çom de Carvalho para as Letras, que mais tarde se anunciou, era o desejo gritante e popular dos últimos anos. Com depoimentos breves e honestos, o catedrático de Filologia da USC, recentemente jubilado, retrata o mestre de que ficou herdeiro, respondendo as perguntas que colocava Laura R. Cuba, atual diretora do PGL. O conjunto está agora recuperado nesse meio.i.gal/joseluisPGLi.gal/joseluisADIANTE

02Salada de vídeos, ver e ouvir a voz do prócer, aproveitando que estás na web. O que fala de autodermi-naçom nom tem desperdício.i.gal/CarvalhoAutodMas havendo vários de interesse recomendamos apenas um clás-sico, referido ao porvir da língua galega. Procede do programa “a duas bandas” na TVG, maio 1987. Por certo que o da outra banda por trás de cachimbo era um tal Cons-tantino que devias distinguir. um bocado i.gal/CarvalhoTVGytou na íntegrai.gal/CarvalhoTVGvo

03Primeiro prato, formato ainda líquido, para esses distingos, e entender o ostracismo do nosso Grande: veja-se o documentário Decreto Filgueira. Por que se ins-talou para o galego um modelo gerado na Ditadura? Por que nom se restaurou a afirmaçom lusista do galeguismo anterior à guerra? Quem era Carvalho e qual o seu papel para acabar por aglutinar à sua volta essa postura...? O filme de Ozo Perozo para a AGAL pin-tou um mapa de fundo que explica isso e mais.i.gal/decretoFilgueira

04Segundo, sólido, ainda genérico mas concentrado: livro de Marti-nho Montero Santalha, Carvalho Calero e a sua obra (Laiovento, 1993), referente imprescindível na enchente de material que no pró-ximo ano se vai editar. Conteúdos e a reputaçom do autor, de máxi-ma proximidade a Carvalho, res-paldam esta porta como o melhor prelúdio à entrada no universo do autor. As conversas com ele, com propostas de Fernán-Vello & Pilla-do Mayor (1986), Carmen Blanco (1989) e Salinas Portugal (91), se-riam complemento já para nota.

05Sobremesa olímpica, letras à Car-valho. Difícil. A casa recomenda ir devagar. Da ampla obra científica e ensaística, cuja digestom seria pesada, destacamos a monumen-tal História da literatura galega (1963), o antes e depois que todo o mundo sabe. Mas nem essa ou ou-tras do género seriam recomendá-veis na altura do ano. Agora cria-çom, e aí podem optar por vários géneros. Eu ia apontar as Cantigas de amigo e outros poemas (1986), mas a Antologia geral que prepara a Através virá redimir um proble-ma –«Eu som um poeta chamado por mil formas e representaçons da vida, um poeta polígamo no que se refere às ideias, e por isso creio que a minha poesia é muito variada...», explicava a Carmen Blanco nas Conversas... Portanto perdemos variedade. Enfim, que melhor Scórpio (1987), o emble-mático romance. Nova ediçom fresca com epílogo ilustrativo. Existem unidades didáticas, book-trailer e até ‘Rede Scórpio’, promo-vida pola AGAL para celebrar o 30º aniversário. E podes comprar na loja online da Através...!

5 aperitivoscarvalhudoscarlos QuiroGa

O Futuro já está aqui e é de Carvalho, farto oceano onde em breve se perder. Daí que o Festagal, na sua habitual vocaçom pedagógica, vos adiante dicas orientativas. Abra jornal, veja vídeo, escute conversa. E até pode ler um livro ou mais, para estar por dentro do assunto cultural galego mais falado dos próximos meses –e nom só.

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Julho 2019 - Ano X - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - FESTAGAL 17

AAtravés Editora já tem conta com o seu primeiro roman-

ce traduzido, para o espanhol. O Seique, quer dizer, o Dicen (De Conatus), recebeu muito boas críticas na imprensa espanhola desde o mesmo dia que a obra foi lançada no Círculo de Belas Artes de Madrid, onde chamou logo a atençom a originalidade e a va-lentia de armar umha obra sobre a mais obscura memória familiar: lembrar dói, mas “a maldade nom tem direito ao anonimato”, refletia Susana Arins para El País a 28 de abril. E é que para abordar global-mente umha tragédia coletiva, a repressom posterior ao golpe de estado de 1936, o Seique (Dicen) recupera e leva ao papel umha lembrança familiar fragmentada. Numha primeira aproximaçom à leitura do Seique (Dicen) som pre-cisamente os fragmentos de escri-ta o que mais chama a atençom. O site da Através Editora explica que o “Seique não é um poemá-rio, seique não é um romance, sei-que não é um ensaio, seique não é uma pesquisa histórica”, mas o certo é que recolhe algo de cada

um desses géneros. Nasce de uma “estória” de vida insignificante, anónima, para lançar umha re-flexom sobre a [des]memória e as maneiras de construir a História. Parte de uns factos desconheci-dos, seique por particulares: a história de um fascista tão sem importância que nem sequer apa-rece nos arquivos, mas que sim existiu, deixando marcas que as suas vítimas não esquecem. O Seique/Dicen conta a história, aparentemente íntima e privada, de como o tio-avô da própria au-tora ficou com a herança da sua avó, mas o que parece umha his-tória íntima e privada acaba por ser a história de um horror co-letivo vivido por gerações após o golpe de estado do 36. Manuel García Sampayo, irmão de umha avoa da autora, tinha sido de facto um dos principais repressores da comarca. Susana Arins pesquisou jornais, entrevistou historiadores e ouviu com outros ouvidos os re-latos transmitidos na família.

Susana Arins nasceu em Vila Garcia no ano 1974. Foi premia-da em 2008 polo livro de poemas de[construçom]. Após o Seique este ano voltou a publicar com a Através Editora o livro Tu Contas eu conto. Com a editora da AGAL já tinha publicado anteriormente A noiva e o navio.

‘Seique’ anda a triunfar o ‘Dicen’

Romance de Susana Sánchez Arins, editado pola Através Editora, traduzido para o espanhol

MarinHa rua

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18 FESTAGAL - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - Ano X - Julho 2019

AO SERVIÇO DA GALIZA E A SUA CULTURA NO QUADRO DO SEU RECONHECIMENTO COMO MINORIA NACIONAL NO ESTADONOS TERMOS DA RESOLUÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS 47/135 DE 18 DE DEZEMBRO DE 1992, A GALIZA COMO MINORIA NACIONAL DO ESTADO DEVERIA SER SUJEITO DOS DIREITOS ALI RECONHECIDOS DE ACORDO AOS ARTIGOS 96 E 10 DA CONSTITUIÇÃO. INFELIZMENTE A

ESPANHA ESCREVE AS NORMAS PARA INGLÊS VER.

A ganhadora do prémio Meendinho 2019 foi a professora:

DORES FERNANDES ABELpola valorização que faz da Lei Paz Andrade (1/2014) por como esta deveria servir para melhorar o desenvolvimento social, económico e cultural galego ao tirar proveito da vantagem histórica de possuirmos uma variante internacional da nossa língua, perfeitamente normalizada. O seu

trabalho de impulsionamento do português no ensino é modélico, e um exemplo a ser imitado.

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Julho 2019 - Ano X - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - FESTAGAL 19

Fala-se muito das vantagens do binormativismo para a sociedade galega e para a própria língua. Ora, será assim tão fácil? Vamos testá--lo. O texto A está escrito em ga-lego internacional, e o texto Bcerto está no galego institucional. Na primeira caixa tens de colocar aquelas palavras que não muda-riam ao passar de um norma para a outra. Na segunda, aquelas que mudariam um bocado (alguma letra, o acento) e na terceira aque-las onde as mudanças seriam mais profundas. Vamos com isso...

TEXTO ACarvalho Calero (“Sobre a nossa língua” confe-rência na Corunha em 1979))

Umha língua tam ameaçada como o galego nom pode sobreviver senom apoiando-se nas demais formas do sistema, quer dizer, reintegrando-se no complexo lu-so-galaico do qual geneticamente forma parte.

TEXTO BPlan Xeral de Normalización Lin-guística (2004)

Un plan de normalización da lin-gua galega non debe ter como obxectivo desprazar unha ou ou-tra lingua senón que debe servir para que calquera poida vivir ple-namente en galego.

PALAVRAS QUE NÃO MUDARIAM PALAVRAS QUE MUDAM POUCO PALAVRAS QUE MUDAM MUITO

Binormativismo, fai tu mesmo.valentiM FaGiM.

Solução palavras que não mudariam:TEXTO A: Como, o, galego, pode, nas, de-mais, formas, do, sistema, no, complexo, luso-galaico, do, forma parteTEXTO B: De, da, galega, ter, como, ou, outra, que, servir, para, que, plenamente, galegoSolução palavras que mudam pouco:TEXTO A: Umha > Unha, Língua > lin-gua, tam > tan, ameaçada > ameazada, nom > non, sobreviver > sobrevivir, se-nom > senón, apoiando-se > apoiando-se, quer > quere, dizer > dicir, reintegrando--se > reintegrándose, qual > cal, genetica-mente > xeneticamenteTEXTO B: Un > Um, plan > plano norma-lización > normalizaçom, normalização, língua > língua, non > nom, não, debe > deve, obxectivo > objetivo, unha > umha, uma, senón > senom, senão, calquera > qualquer um, poida > poda, possa, vivir > viver, em > emSolução palavras que mudam muito:TEXTO A: nenhuma palavra muda muitoTEXTO B: Desprazar > substituir

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20 FESTAGAL - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - Ano X - Julho 2019

Marco, o título do livro é uma pergunta. Dá para ser respondi-da com uma sílaba ou precisa-mos de mais? Dá para ser respondida com uma sílaba — é o que muitos fazem na Galiza quer a sílaba seja «sim» quer seja «não». Em Portugal, difi-cilmente encontramos alguém que tenha uma resposta tão rápida… Caímos, facilmente, num «não» hesitante, que será a resposta mais óbvia a uma pergunta que rara-mente ouvimos. Depois, há tam-bém casos em que a pergunta é incómoda. Ora, neste livro, tento mostrar a razão por que há quem faça a pergunta, o que — espero — irá abrir os olhos aos leitores portugueses para a proximidade real entre o português e o galego. Ou seja, sim, podemos responder à pergunta com uma sílaba, mas eu proponho mais umas quantas sílabas antes de chegarmos a algu-ma conclusão. Estou em crer que essas sílabas extra serão uma boa surpresa.

Uma pergunta deste tipo precisa, para ser respondida com rigor, de informações de diferente nature-za e no livro são fornecidas. Quais julgas as mais significativas? Sim, temos de olhar para a Histó-ria, para a linguística, para a polí-tica… São tudo árvores do conhe-cimento muito úteis! Mas destaco as questões linguísticas. Em geral, algumas ideias básicas da linguís-tica não perpassaram para o públi-co, mesmo o mais bem informado noutras matérias. O simples facto de não ser fácil estabelecer fron-teiras entre línguas diferentes é uma informação linguística des-conhecida de muitos portugueses. Assim, este livro também ajudará a divulgar questões sobre a Histó-ria e a natureza das línguas que são úteis mesmo para outras questões.

No livro manténs uma conversa com uma pessoa da tua naciona-lidade. Que características têm as perguntas que ela coloca? As perguntas, que tentam resu-mir várias atitudes que fui encon-trando, ao longo do tempo, peran-te o galego, tentam representar as dúvidas, as hesitações, os medos desse interlocutor português. As

respostas, depois, tentam desmon-tar as ideias-feitas e os equívocos associados a esta matéria. Por ve-zes, são ideias pouco pensadas, que existem pela simples razão de que não temos tempo para inves-tigar tudo e pensar em tudo. Por

exemplo, para a grande maioria da população, tendo em conta a invisibilidade da cultura galega em Portugal, a pergunta responde-se facilmente: não é a mesma língua porque não se chama português. É também por isso que começo o livro pela questão do nome das línguas.

Tens estado na Galiza várias ve-zes e conversado com galegas e galegos sobre o tema que deu ori-gem ao livro. Que há de comum nas nossas questões ao respeito? E que há de diferente? Como digo logo no início do li-vro, qualquer que seja a resposta que dê, um galego ou uma galega irá saber que a pergunta faz algum sentido. É uma pergunta, aliás, im-portante. Em Portugal, a pergunta

não se faz — ou não se fazia! Feliz-mente, já começamos a ouvir falar um pouco mais da nossa relação com o galego. Na Galiza, a questão da língua está à flor da pele. Há mais interes-se por estas questões. Sempre que tenho uma conversa na Galiza, há perguntas e respostas e discussão animada e uma abertura grande a conversar connosco, portugueses. Lembro-me de, há uns dois anos, ter levado os meus pais a assistir a uma dessas sessões e terem ficado espantados por ser possível falar em público, na Galiza, em portu-guês! Em Portugal, as perguntas de-moram mais, mas — confesso aqui — às vezes uso o exemplo da Ga-liza para espicaçar aqueles que me ouvem. Digo que, se os galegos fa-zem tantas perguntas, porque não as hão-de fazer também os portu-gueses? E, com um sorriso na boca e vontade de não ficar atrás dos vizinhos do Norte, as perguntas lá aparecem.

Na capa do livro aparece uma al-fândega. Hoje não há tais entre a Galiza e Portugal… ou será que ainda existem? Não existem as alfândegas reais, mas existem outras barreiras. É natural — falamos de uma fron-teira muito antiga. Nós, portugue-ses, mal ou bem, vemo-nos como fruto da criação dessa fronteira. Assim, há algum medo, do lado português, em conversar sobre a Galiza. Temos medo de desvalo-rizar a nossa própria cultura ao pô-la a conversar com a cultura de uma «mera região» do país vi-zinho. Esse medo é compreensí-vel, mas tento dizer algo muito simples: não temos de ter medo; temos uma cultura sólida, antiga — porque não abrir os olhos para a cultura dos nossos vizinhos do Norte?

Na contracapa aparece um com-boio moderno mas, na verdade, esse tal comboio ainda não existe a unir as principais cidades gale-gas e portuguesas. Como conse-guiremos reduzir as distâncias que nos separam? Há barreiras de que nos esque-cemos, questões práticas. A falta

de transportes rápidos e eficazes que liguem as várias cidades, o custo, por exemplo, do envio de livros de um lado para o outro, a ausência de programas televisivos que mostrem o outro lado… Não é só entre a Galiza e Portugal. É, por exemplo, muito difícil enviar e receber livros entre Portugal e o Brasil. Esse simples facto afas-ta-nos mais do que as diferenças entre o português de um lado e de outro. Quando temos textos aces-síveis, há conversa real entre gale-gos, portugueses, brasileiros e ou-tros falantes. Noto isso no blogue onde escrevo: tenho comentários brasileiros, galegos, angolanos, para lá dos portugueses! E há con-versas entre todos. É fazendo es-tas ligações práticas que devemos avançar para haver uma cada vez maior abertura às várias maneiras de falar e escrever a nossa língua — e, com estas palavras, temo ter revelado para que lado se inclina a balança na minha resposta à per-gunta. O certo é que todos temos uma resposta, seja ela qual for… Seja como for, estamos muito pró-ximos. Porque não aproveitar?

“Espero abrir os olhos aos leitores portugueses para a proximidade real entre o português e o galego”

“Há algum medo, do lado português, em conversar sobre a Galiza”

Seja como for, estamos muito próximos. Porque não aproveitar?

MARCO NEVES nasceu em Peniche e vive ac-tualmente em Lisboa. É professor na Universidade Nova de Lisboa, tradutor na empresa Eurologos--Lisboa e autor de vários livros de divulgação linguística. É também cronista no Sapo 24 e autor do blo-gue Certas Palavras.

valentiM FaGiM. A Através editora, chancela editorial da AGAL, desejava desde quase o seu início publicar um livro sobre a questão identitária da nossa língua, na Galiza, mas de uma ótica portuguesa. Então apareceu um dos melhores candidatos, Marco Neves, professor na Universidade Nova de Lisboa, tradutor, autor de vários livros de divulgação linguística e do imperdível blogue, para os amantes do facto linguístico, Certas Palavras.

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Julho 2019 - Ano X - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - FESTAGAL 21

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22 FESTAGAL - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - Ano X - Julho 2019

Título: Tu contas e eu contoAutora: Susana Sanches ArinsGénero: narrativa / poesiaData: outubro 2018Descrição: 179 pp, 13 x 20 cmColeção: Através das Letras, 32Capa: Leandro Lamas (ima-gem) e Hilda Cuba (monta-gem)ISBN: 978-84-16545-23-0Preço: 13 €

17 relatos e 17 poemas, 17 con-tos e 17 cantos. Susana San-

ches Arins conta sobre amizades que lastimam, sobre a memória dos tempos idos, sobre o nojo, o humor e a morte. Conta sobre ocupar o tempo na precariedade, sobre voltar a casa sozinha, sobre o medo e sobre o assédio. Canta para as mulheres morridas, para quem não chega a casa e para al-cateias de lobas. Canta para a luta, para a situação atual e para nós. Lê, que este conto é nosso. eu conto e tu contas. a frase para segredar. a confidência. aquilo que ninguém mais sabe. e também aquilo que todo o mundo conhece mas ninguém diz, por calado. eu conto e tu contas. a intimidade. aquilo que acontece por dentro de nós e só é sabido se verbalizado. a surpresa. o nojo. a dor. o gozo. eu conto e tu contas. e já sabes. não di-gas a mais ninguém.

Título: Sobre conflito linguís-tico e planificação cultural na Galiza contemporâneaSubtítulo: Dez contributosAutores: Elias J. Torres Feijó e Roberto SamartimGénero: ensaioData: setembro 2018Descrição: 367 pp, 14 x 21 cmColeção: Através da Língua, 20Capa: Hugo RiosISBN: 978-84-16545-22-3Preço: 16 €

Elias J. Torres Feijó e Roberto Samartim selecionam para a

publicação no presente volume dez textos que explicam assuntos e processos marcantes ligados à construção da ideia de língua ga-lega e do sistema cultural galego/galeguista no seu conjunto, dan-do conta, também, das principais questões e momentos em que Por-tugal e a Lusofonia foram envolvi-dos. Analisam-se as estratégias quan-to à planificação cultural e à codi-ficação linguística daquelas elites autoproclamadas galeguistas, inte-ressadas em atingir um maior grau de autonomia/soberania cultural (ou política) duma comunidade galega em que convivem (ou con-correm), com níveis de conflito e (in)definição variável, diversos e até antagónicos projetos político--culturais.

Título: Nem tudo é arte?Subtítulo: Mod@s de olharAutora: Natalia Poncela LópezPrólogo: Teresa Torres de EçaGénero: ensaioData: novembro 2018Descrição: 80 pp, 13 x 19 cmColeção: Alicerces, 3Capa: Ricardo CabanelasISBN: 978-84-16545-24-7Preço: 8 €

O debate sobre a arte, como é arte, quando é arte e onde é

arte, suscita sempre muita con-versa e muitas opiniões. Mas essas conversas nem sempre são claras para as pessoas que não pertencem ao círculo do merca-do da arte, da teoria ou da crítica da arte. Com este livro, Natalia Ponce-la López relança o debate sobre arte contemporânea, dando pis-tas para outros modos de olhar, de sentir e de se apropriar do objeto artístico, tendo em conta que as obras de arte não se re-duzem a meros objetos de con-sumo ou de simples transação comercial.

Título: Novas masculinidadesSubtítulo: O feminismo a (de)construir o homemAutor: Jorge García MarínPrólogos: Luísa Monteiro e Marco GonçalvesGénero: ensaioData: novembro 2018Descrição: 96 pp, 13 x 19 cmColeção: Alicerces, 4Capa: Ricardo CabanelasISBN: 978-84-16545-25-4Preço: 8 €

“Nesta altura da minha vida, percebo que a primeira nova

masculinidade que conheci era a de Manuel, um homem de classe operária, nascido em 1934, e que era meu pai. Muitas das suas ações não correspondiam à masculini-dade hegemónica, e sem dúvida, ele não se ajustava ao protótipo de pai que via no resto dos meus companheiros de infância e ado-lescência. Ele contribuiu de ma-neira importante para a constru-ção da minha subjetividade.” A nova masculinidade pensa contra si mesma e permite de-purar-se com um certo brio, um certo orgulho pelo aniquilamento, cansada que está de tropeçar em si mesma e deixar por memória um oceano de sangue por onde navega sempre o poder.

Título: Animais de estimação e bestas de companhiaAutora: Rebeca BaceiredoGénero: ensaioData: janeiro 2019Descrição: 99 pp, 14 x 21 cmColeção: Através das Ideias, 10Capa: Andrea LópezISBN: 978-84-16545-26-1Preço: 9 €

Animais de estimação e bestas de companhia é um livro em

que a autora explora duma ótica filosófica a nossa relação com ou-tras espécies e estuda a alteridade e a relação dos humanos com um Outro animal. Como se constrói a subjetividade com respeito ao Ou-tro, o arriscado de falar por boca do Outro e a possibilidade da sua mercantilização são temas que aparecem neste ensaio. Rebeca Ba-ceiredo faz um estudo desse outro animal que estamos se(gui)ndo. “O universo da pulga —diz De-leuze— é aguardar até sentir calor e atirar-se sobre esse foco térmico que é o corpo de outro animal. Ig-noramos se a pulga só percebe isso, se a existência da pulga se limita a tal exercício, se o mosquito que procura o sangue doce no quarto escuro da noite não contempla a possibilidade de que eu acorde e o esmague contra a parede. Não o sabe? mas intui-o, pois ao acender a luz permanece quieto, evitando o perigo.”

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Julho 2019 - Ano X - O jornal da AGAL que se distribui no dia da festa nacional - FESTAGAL 23

Título: #NãoMeKahlo. Femi-nismo além das redesAutoras: Bruna de Lara, Bruna Rangel, Gabriela Moura, Pao-la Barioni e Thaysa Malaquias (Coletivo Não me Kahlo)Prólogos: Susana Arins, Joana Magalhães e Caroline LyrioGénero: ensaioData: fevereiro 2019Descrição: 320 pp, 14 x 21 cmColeção: Através das Ideias, 11Capa: Ricardo CabanelasISBN: 978-84-16545-278Preço: 15 €

Este livro tem a sua semente num Hashtag, #MeuAmigoSe-

creto, cuja intenção era chamar a atenção sobre o machismo daque-las pessoas mais próximas a nós: colegas de trabalho, namorados, amigos, chefes… e serviu para muitas mulheres partilharem os seus relatos gerando  numerosas interações. O coletivo Não Me Kahlo foi a espoleta deste Hashtag e com este livro dão continuidade à energia que gerou. Em doze capítulos, ela-borados sobre sólidas pesquisas estatística e bibliográficas, anali-sam temas como a construção da feminilidade, as mulheres negras, o empoderamento, a sexualidade, a desmitificação da maternidade, a cultura da violação ou os padrões de beleza. Não Me Kahlo é um coletivo fe-minista presente nas redes sociais e no site www.naomekahlo.com e agrega pessoas com interesse em aprofundar estudos, partilhar re-latos e promover ações para os direitos das mulheres serem uma realidade… real.

Título: Linguística Eco-Subtítulo: O estudo das lín-guas no AntropocenoAutora: Teresa MourePrólogo: Juan C. Moreno CabreraGénero: ensaioData: abril 2019Descrição: 202 pp, 14 x 21 cmColeção: Através da Língua, 21Capa: Ricardo CabanelasISBN: 978-84-16545-29-2Preço: 15 €

Os preconceitos de existirem línguas mais fáceis e difíceis,

grandes e pequenas, globais e re-gionais ou particulares, línguas de comunicação e de identidade, línguas de entendimento e de con-fronto, pobres e ricas, primitivas e mais desenvolvidas, complexas e simples, etc. estão presentes na sociedade como verdades co-mummente aceites por numerosas pessoas e, precisamente, a educa-ção teria que ir dirigida a imunizar contra preconceitos como estes, carentes de uma base científica e que, portanto, não podem ser a origem de atitudes e condutas adequadas na sociedade. A disci-plina que se teria de encarregar de sentar as bases para a superação e anulação desses preconceitos é, precisamente, a linguística. Estamos perante uma obra de di-vulgação linguística arquitetada por uma pessoa competente na matéria e, o que também é muito importan-te, comprometida com a defesa da diversidade e da riqueza linguísti-ca, sem esse compromisso impli-car qualquer desvio que deforme ou selecione apenas uma parte da realidade linguística que possa cien-tificamente ser observada por qual-quer pessoa que tenha a capacidade e interesse suficientes para o fazer.

[Juan Carlos Moreno Cabrera]

Título: O galego e o português são a mesma língua?Subtítulo: Perguntas portu-guesas sobre o galegoAutor: Marco NevesPrólogo: João VelosoGénero: ensaioData: junho 2019Descrição: 136 pp, 14 x 21 cmCapa: Miguel DuránISBN: 978-84-16545-31-5Preço: 12 €

É uma pergunta com poucas pa-lavras e que se pode responder

numa só sílaba. Se a dúvida apa-recer na nossa boca, talvez neces-sitemos mais sílabas. O certo — e nisto não há dúvidas — é que pre-cisamos de abanar várias árvores do conhecimento para construir uma resposta bem alicerçada. É por isto que, neste livro, vamos encontrar reflexões sobre o fun-cionamento das línguas e sobre o plurilinguismo, percursos pela História da linguagem humana e desta língua em particular e algu-mas ideias sobre as relações entre as sociedades da Galiza e de Por-tugal e entre as suas identidades e os seus falares. No fim, será a nossa vez de res-ponder à pergunta.

Título: 40 datas que fizeram a História da GalizaAutores: Alberto Lago, Carlos Velasco, Francisco González, Henrique Egea e María RivoCoordenador: Carlos VelascoGénero: ensaioData: julho 2019Descrição: 252 pp, 14 x 21 cmColeção: Através de Nós, 18Capa: Hugo Ríos e José Luís SantosISBN: 978-84-16545-32-2Preço: 15 €

Confiamos em fazer chegar ao leitor/leitora um manual de

utilidade para uma primeira apro-ximação de carácter geral às linhas mestras da nossa história, sem por isso renunciarmos a salientar as potencialidades de um povo, o nosso, que, embora submetido (com a ajuda das suas elites) “a séculos de força”, foi quem de aco-meter notados empreendimen-tos criativos e imaginar projetos emancipatórios de futuro, as mais das vezes em silêncio, ou silencia-dos: grandezas e desventuras, no fim de contas, deste país “de um tal Breogão” (como também, e alter-nativamente, de umas tais Maria Balteira e Rosalia de Castro).

[Carlos Velasco, coordenador]

Título: Elas, as emigrantesSubtítulo: Mulheres da Terra de Soneira na SuíçaAutora: Carmen V. ValiñaPrólogo: Lara Dopazo RuibalGénero: ensaioData: março 2019Descrição: 139 pp, 14 x 21 cmColeção: Através de Nós, 17Capa: Miguel DuránISBN: 978-84-16545-28-5Preço: 12 €

Neste volume da coleção “Atra-vés de Nós” Carmen V. Va-

liña traça a história da emigração feminina galega à Suíça a partir do caso da Terra de Soneira. “Na Terra de Soneira da minha infância, a emigração para a Suíça não era assunto dos manuais es-colares: estava nos carros último modelo que chegavam, cada ve-rão, com matrículas de Zurique e Berna, e na fala daqueles clientes que entravam na loja da minha mãe a falar alemão. Este livro tem como protagonistas as mulheres dessa emigração. As que partiram nos anos 60 e 70 e que retomaram os velhos caminhos migratórios a partir da crise de 2009. Preten-de ser, ademais, uma humilde homenagem a todas elas, que fi-caram amiúde ocultas dentro do genérico facto migratório galego, mas que têm histórias próprias que contar. Àquelas que me aco-lheram no conforto das suas co-zinhas galegas, o centro das casas que construíram com o dinheiro obtido da emigração, e via Skype, a conservar, para além dos Alpes, a memória de uma diáspora que se escreveu em feminino.”

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10 ANOS DE FESTAGAL