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1 Curso de Jornalismo Artigo Original O jornal impresso: análise do impacto da internet Marlene Lúcia Berbigier, Helena Tomaz de Aquino Mattos 1 1 Alunas do Curso de Jornalismo Professora Orientadora Ana Maria Fleury Seidl Pinheiro RESUMO: A história da imprensa brasileira é marcada por uma série de acontecimentos, desde sua criação no século XIX com a chegada da Coroa Portuguesa. Mas nada se compara com as dificuldades apresentadas pelo advento da Internet. Essa nova rede das redes gerou pressões e dificuldades que até hoje não estão resolvidas pelos jornais. A intenção deste artigo é, reunida à bibliografia na área, compreender o cenário atual e dimensionar os impactos, desafios e possibilidades que o jornal impresso vem enfrentando desde a chegada da Internet, como uma realidade da vida social brasileira. Nesse contexto, o jornal impresso deverá se reinventar, sob o risco de continuar a onda de falências e demissões de profissionais. Palavras-Chave: Jornalismo; Imprensa; Jornal Impresso; Internet; Novas Tecnologias da Comunicação ABSTRACT: The history of the Brazilian press is marked by a series of happenings, since it’s establishment in the XIX century with the arrival of the Portuguese crowd. Nevertheless, nothing is comparable with the difficulties presented by the advent of the Internet. That new web of the webs generate pressures and difficulties that until today aren’t solved by the newspapers. The intention of this article is, assembled the bibliography of the area, understand the nowadays scenario and measure the impacts, challenges and possi- bilities that the newspapers are facing since the appearing of the Internet as a reality into the brazilian social life. In this context , the printed newspaper should reinvent itself , at the risk of continuing the wave of bankruptcies and layoffs professionals. KEYWORDS: Journalism; press; newspaper print; New Tecnologies of Communication Contato: [email protected], [email protected], INTRODUÇÃO A revolução tecnológica causada pela indústria da eletrônica a partir dos anos 60 provocou diversas alterações em todo o tecido social. O que engloba práticas culturais, processos econômicos descentralizados, modificações na estrutura de trabalho e na forma de divulgação e recepção de informações. A informática transformou a informação em dados. Imagem e som passaram a trafegar na forma de bits conversíveis e o computador se tornou um potente meio de comunicação em tempo real e interativo com a chegada da Internet. Em ritmo acelerado, as novas tecnologias da informação passaram a modelar a sociedade, criando um ambiente de competitividade completamente diferente, e, até certo ponto anárquico. Nessa nova ordem globalizada, interligada e liderada pela Internet, o jornal impresso novamente, após o rádio e a TV, sente o risco de imprescindível sob a lógica de uma nova forma de disseminação da informação. Assim, ao contrário do senso comum de que a informática traz facilidades, os jornais impressos tiveram e ainda têm que fazer um grande esforço para manterem-se ativos numa sociedade em rede, em que as interações entre os usuários se tornam cada vez mais complexas e independentes de mediações. É importante frisar, o jornal nunca foi tão lido, agora que tem sua versão digital. Não é o conteúdo dos jornais que está em xeque, mas sua forma de produção, distribuição e recepção. As fontes habituais de receitas que estão presentes, praticamente, desde o surgimento do jornal, a saber, a venda de exemplares e a

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Curso de Jornalismo Artigo Original

O jornal impresso: análise do impacto da internet Marlene Lúcia Berbigier, Helena Tomaz de Aquino Mattos

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1 Alunas do Curso de Jornalismo Professora Orientadora Ana Maria Fleury Seidl Pinheiro

RESUMO: A história da imprensa brasileira é marcada por uma série de acontecimentos, desde sua criação no século XIX com a

chegada da Coroa Portuguesa. Mas nada se compara com as dificuldades apresentadas pelo advento da Internet. Essa nova rede das

redes gerou pressões e dificuldades que até hoje não estão resolvidas pelos jornais. A intenção deste artigo é, reunida à bibliografia na

área, compreender o cenário atual e dimensionar os impactos, desafios e possibilidades que o jornal impresso vem enfrentando desde

a chegada da Internet, como uma realidade da vida social brasileira. Nesse contexto, o jornal impresso deverá se reinventar, sob o

risco de continuar a onda de falências e demissões de profissionais.

Palavras-Chave: Jornalismo; Imprensa; Jornal Impresso; Internet; Novas Tecnologias da Comunicação

ABSTRACT: The history of the Brazilian press is marked by a series of happenings, since it’s establishment in the XIX century with

the arrival of the Portuguese crowd. Nevertheless, nothing is comparable with the difficulties presented by the advent of the Internet. That new web of the webs generate pressures and difficulties that until today aren’t solved by the newspapers. The intention of this article is, assembled the bibliography of the area, understand the nowadays scenario and measure the impacts, challenges and possi-bilities that the newspapers are facing since the appearing of the Internet as a reality into the brazilian social life. In this context , the printed newspaper should reinvent itself , at the risk of continuing the wave of bankruptcies and layoffs professionals.

KEYWORDS: Journalism; press; newspaper print; New Tecnologies of Communication

Contato: [email protected], [email protected],

INTRODUÇÃO

A revolução tecnológica causada pela indústria da eletrônica a partir dos anos 60 provocou diversas alterações em todo o tecido social. O que engloba práticas culturais, processos econômicos descentralizados, modificações na estrutura de trabalho e na forma de divulgação e recepção de informações.

A informática transformou a informação em dados. Imagem e som passaram a trafegar na forma de bits conversíveis e o computador se tornou um potente meio de comunicação em tempo real e interativo com a chegada da Internet.

Em ritmo acelerado, as novas tecnologias da informação passaram a modelar a sociedade, criando um ambiente de competitividade completamente diferente, e, até certo ponto anárquico. Nessa nova ordem globalizada,

interligada e liderada pela Internet, o jornal impresso novamente, após o rádio e a TV, sente o risco de imprescindível sob a lógica de uma nova forma de disseminação da informação.

Assim, ao contrário do senso comum de que a informática só traz facilidades, os jornais impressos tiveram e ainda têm que fazer um grande esforço para manterem-se ativos numa sociedade em rede, em que as interações entre os usuários se tornam cada vez mais complexas e independentes de mediações. É importante frisar, o jornal nunca foi tão lido, agora que tem sua versão digital. Não é o conteúdo dos jornais que está em xeque, mas sua forma de produção, distribuição e recepção.

As fontes habituais de receitas que estão presentes, praticamente, desde o surgimento do jornal, a saber, a venda de exemplares e a

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publicidade, parecem estar se esgotando. O que obriga o modelo a repensar formas novas de gerenciamento. Entretanto, respostas definitivas ainda não foram obtidas, enquanto isso as falências, as demissões e as dificuldades já são visíveis.

Inicialmente, a pesquisa relata a história da imprensa, desde sua criação no século XV até a chegada da Coroa, que dá início a uma nova etapa da imprensa brasileira, com objetivo de contextualizar as relações entre jornal, sociedade e tecnologia.

Assim, a partir disso fica possível mostrar a evolução das tecnologias e o reflexo na mídia impressa, que serão fatores decisivos para o passo seguinte: identificar as dificuldades encontradas no jornal impresso nos últimos anos. Tais dificuldades foram tamanhas e muitos jornais tiveram de deixar de circular, basicamente por não conseguirem se adaptar às novas circunstâncias.

Essa pesquisa procura compreender quais fatores estão em jogo e quais as alternativas para o impresso brasileiro no início deste século e num ambiente informacional transformado pela Internet.

METODOLOGIA

A metodologia adotada se fundamenta numa elaboração crítica e aprofundada de cunho bibliográfico. Trata-se aqui de uma pesquisa desenvolvida exclusivamente a partir de fontes bibliográficas, isto é, de um material já elaborado, constituído principalmente de livros, artigos científicos, mas também declarações e material da própria imprensa. Em consonância com as propostas de Lakatos e Marconi (1991, p.183):

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a bibliografia já tornada pública (...) Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi escrito (...) Desta forma, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando

a conclusões inovadoras.

A partir deste material bibliográfico coletado, o trabalho se concentrou na organização das informações e na elaboração de uma exposição coerente e coesa. Busca, assim, elucidar a questão sobre as dificuldades e as possibilidades do jornalismo impresso, por intermédio de teorias e observações de especialistas e profissionais qualificados da área. A partir desta coleta de material, o procedimento se faz de modo científico, porque hipóteses, enunciados e opiniões são organizados de maneira sistemática. Na definição de Lakatos e Marconi, o procedimento científico se caracteriza por ser:

É constituído por um sistema de ideias, logicamente correlacionadas - todo sistema de ideias, caracterizado por um conjunto básico de hipóteses particulares comprovadas, ou princípios fundamentais, que procura adequar-se a uma classe de fatos, constitui uma teoria, dessa forma, toda Ciência possui seu próprio grupo de

teorias (MARCONI, LAKATOS, 2011, p.37). A tarefa empenhada aqui foi no sentido de

produzir um artigo de revisão bibliográfica, cuja importância reside não apenas em juntar o conhecimento disponível, mas também em interpretar essa produção existente em busca de levar o conhecimento além dos fatos observados. O trabalho, assim, visa examinar o mecanismo interno dessa nova etapa do jornalismo na sociedade pós-industrial, que revela um desconforto quase generalizado entre profissionais e donos da imprensa, e se torna verbo nas recorrentes declarações em torno da crise no jornalismo impresso. Seguindo um procedimento de exame das interdependências, das teorias e dos discursos sobre o tema, a metodologia nos direciona para elucidar uma questão: os impactos da Internet no jornal impresso.

SURGIMENTO DA IMPRENSA

De acordo com P. Albert e F. Terrou para se

delimitar a história do jornalismo impresso é preciso, inicialmente, salientar sua diferença em relação às demais produções tipográficas que a antecederam e influenciaram seu desenvolvimento. Para os autores, o que diferenciavam informativos como as gazetas, os pasquins, os libelos

1 e outras folhas

volantes impressas dos “jornais” era a falta de periodicidade.

Mas a condição tanto para o jornal como para seus “antepassados” é a invenção da tipografia, método de reprodução em série criado por Johannes Gutenberg, em 1438, que se difundiu rapidamente na Europa.

No entanto, a imprensa periódica impressa só nasceu mais de um século e meio após a invenção da tipografia, tendo sido precedida por um verdadeiro florescimento de escritos de informação dos mais diversos tipos (ALBERT; TERROU, 1990, p 5).

1 Gazeta: periódico ou não cujas notícias e comentários se tecem em torno de alguma área especializada, como comércio, assuntos jurídicos, esportivos etc. Libelo: do latim libéllus, que significa 'livro, livrinho', se tratavam de escritos geralmente curtos, difamatórios, injuriosos ou satíricos. Pasquim: texto satírico colado em local público, jornal ou folheto calunioso.

Fonte: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2009.

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Para Albert e Terrou, antes da imprensa havia certas “formas primárias de jornalismo”, que apesar de inconstantes, de servirem como material para polêmicas religiosas e de relatarem fatos sensacionalistas, já ilustravam as três principais funções do jornalismo: “a informação sobre os fatos da atualidade, o relato dos pequenos eventos do dia a dia, a expressão das opiniões” (ALBERT; TERROU; 1990, p.6).

As publicações periódicas remontam ao início do século XVII e, somente a partir de meados deste, começam a surgir publicações mais elaboradas em conteúdo e abrangência. Neste período, o mundo estava em transformação, novas formas de pensamento eram formuladas, o Renascimento, a Reforma e a Contrarreforma aumentaram exponencialmente a curiosidade e o escopo do debate.

Os Estados ganhavam seus contornos modernos, ao mesmo tempo em que o mapa mundial era formulado com a descoberta do continente americano. Intensificou-se o comércio e as trocas financeiras, surgindo um novo sistema com equipamentos avançados e novas redes de informação.

Embora a necessidade de dinamismo na difusão de informações aumentasse, no final do século XVII a imprensa possuía um status inferior. O livro era considerado o meio adequado e privilegiado do conhecimento para a elite social da época que menosprezava a imprensa, relegada como curiosidades de segundo plano. O Estado desconfiava de seu caráter liberal e potencialmente subversivo, impondo diversas censuras quando não buscava ativamente seu controle (ALBERT; TERROU; 1990).

O século seguinte foi decisivo na história da imprensa, por ser um período revolucionário, portanto, de coberturas intensas. A velocidade e as múltiplas visões dos acontecimentos fomentavam a curiosidade do nascente público por notícias e interpretações dos acontecimentos. Além disso, no século XVIII foram postos em prática os princípios da liberdade de imprensa, que serviriam de programa e reivindicação pelos anos seguintes em todo o mundo.

Nos dois primeiros terços do século XIX a imprensa fez progressos consideráveis: os jornais se multiplicaram e se diversificaram em numerosas categorias; as tiragens aumentaram. Na França, de 1803 a 1870, a tiragem da imprensa cotidiana de Paris passou de 36 mil para 1 milhão de exemplares. Esse desenvolvimento da imprensa foi paralelo à evolução geral do mundo ocidental (ALBERT; TERROU, 1990, p 29).

O IMPRESSO NO BRASIL

A transferência da família real e da corte portuguesa para o Brasil proporcionou um florescimento cultural sem precedentes na história colonial. Antes da chegada dos Braganças, a entrada de publicações no Brasil, salvo aquelas cobertas pela licença da censura, era clandestina e perigosa. O acesso a livros e uma relativa circulação de ideias foram marcas distintivas do período pós-1808. A chegada da Coroa Portuguesa ao Brasil termina, de acordo com a periodização de Sodré (1987), com a fase da Imprensa Colonial.

Para Sodré, dominar a imprensa era obter o controle de uma mercadoria vital: a informação - e quem a controlasse detinha poder. A censura portuguesa foi intensa no Brasil, porque só assim seria possível assegurar o domínio colonial, agregada às condições da população, um país analfabeto e sem uma burguesia interessada em política (SODRÉ, 1987, p.1).

...a história da imprensa é a própria história do desenvolvimento da sociedade capitalista. O controle dos meios de difusão de ideias e de informações - que se verifica ao longo do desenvolvimento da imprensa, como reflexo do desenvolvimento capitalista - é uma luta em que aparecem organizações e pessoas da mais diversa situação social, cultural e política, correspondendo a diferenças de interesses e aspirações (SODRÉ, 1987, p.1).

Para José Marques de Melo, o atraso em se

implementar a imprensa na colônia brasileira se deve à “convergência de uma série de fatores, de natureza sociocultural, que a tornaram desnecessária e socialmente inútil na colônia portuguesa, cujo processo de desenvolvimento social foi bastante lento” (MELO; 2003, p.11). Para Marques, são certos fenômenos socioculturais que provocaram os trezentos anos de atraso até a chegada da técnica da imprensa no Brasil:

a) natureza feitorial da colonização; b) atraso das populações indígenas; c) predominância do analfabetismo; d) ausência de urbanização; e) precariedade da burocracia estatal; f) incipiência das atividades comerciais e industriais; g) reflexo da censura e do obscurantismo metropolitanos (MELO, 2003, p.113).

A tecnologia da imprensa mecânica,

inventada há séculos atrás, desembarcou no Brasil no início do século XIX para adequar a colônia às necessidades da Coroa que se instalou. Ou seja, por não ser permitida a entrada e a operação de imprensas, a divulgação regular em grande escala de informativos era impossível. As tentativas de instalação da tipografia no Brasil, desde 1700 no Paraná até as mais conhecidas, em 1706, no Recife, e em 1746, no Rio de Janeiro, não

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prosperaram (BAHIA, 1990). No mesmo ano da chegada da Coroa, em

1808, surge o jornal Gazeta do Rio de Janeiro, dando início ao jornalismo nacional. A Gazeta tinha o perfil de um órgão oficioso da administração portuguesa sediada no Brasil, a serviço da Impressão Régia (instituição instaurada pela Coroa com a finalidade de imprimir oficialmente no Brasil). A Gazeta é o primeiro periódico impresso do Brasil, contudo é importante frisar que já circulavam outros, só que de maneira intermitente, trazidos por navegantes.

Desde 1778, por exemplo, a Gazeta de Lisboa circulava pela América portuguesa, inclusive no Rio de Janeiro (...). Ou seja, havia jornais produzidos na Europa e normalmente recebidos no Brasil pelo menos desde o século XVIII (MELO; 2003, p.116).

Em junho de 1808, surge o Correio Braziliense, criado por Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, sediado em Londres. O impacto do jornal é tão grande, que o Correio foi, desde sua fundação, proibido, apreendido e censurado, além de serem processados seus leitores e divulgadores no Brasil e em Portugal.

O programa do Correio Braziliense consubstancia as ideias de Hipólito da Costa: monarquia constitucional, liberdade de opinião, abolição da escravatura, defesa da imigração, criação do júri popular, instituição da universidade, mudança da capital para a região central, independência do Brasil (BAHIA; 1990, p.25).

O primeiro periódico de imprensa por parte da

iniciativa privada brasileira chamava-se A Idade d'Ouro do Brasil, surgido na Bahia, em 1811. Com tipografia própria, pertencente a Manuel Antonio da Silva Serva, perdurou até 1823.

A censura prévia para a imprensa no Brasil, que já não vinha ocorrendo na prática devido ao aumento significativo de impressos circulando, é abolida em 1821 por D. João VI. Juntamente com uma imprensa mais livre, começa um processo de formação da opinião pública no Brasil, nos anos 1820 e 1821, que coincide com as precipitações rumo à Independência.

A partir daí, poderia se afirmar que a liberdade de imprensa estaria instalada no Brasil. Mas o que se verifica em seguida não é uma linha progressiva e ascendente de crescimento dessa liberdade. Houve um crescimento da imprensa, sim, mas a questão do controle desta atividade seguiria uma linha sinuosa, com recuos e expansões (MELO, 2003, p.123).

O 1º Reinado (1822-1831) foi um período marcado pelo autoritarismo. O 2º Reinado, após a

ascensão ao trono de Dom Pedro II, deixa clara uma realidade contraditória: modelos arcaicos de gestão são enfraquecidos por crises econômicas, políticas e militares, até a culminância do movimento militar que destronaria a coroa e implementaria a República.

Até o final do século XIX, em especial até 1889, a imprensa periódica se desenvolveu lentamente. Já os pasquins proliferaram alimentados pelas crises e turbulências que enfrentou o Império Brasileiro, ao longo de seus sessenta e sete anos.

No fim do século XIX a imprensa brasileira estava preparada para avançar rumo uma etapa empresarial. O próprio leitor se tornara mais exigente com a qualidade tipográfica e com o conteúdo. A partir daí os jornais passam a disputar prestígio, o que requer um aparelhamento técnico e a maior especialização profissional.

Houve também um declínio do folhetim, que foi substituído pelo colunismo e pouco a pouco, pela reportagem. A tendência pela entrevista substitui o simples artigo político e há tendência também para o predomínio da informação sobre a doutrinação (BAHIA, 1990, p.247).

Surgiram as empresas jornalísticas,

substituindo, nos maiores centros urbanos, o jornalismo artesanal. Os jornais essencialmente opinativos propunham novos modelos editoriais cuja ênfase era para o artigo de fundo, o editorial, enquanto os diários apregoavam uma suposta neutralidade e compromisso com a verdade. O aspecto documental foi priorizado e começou o uso de recursos de ilustração e fotografia.

O rei trouxe a era de Gutemberg – com mais de três séculos de atraso – ao Brasil. Enquanto surgiam os primeiros jornais, quase todos de vida efêmera, o país passava por importantes inovações tecnológicas, como a utilização de estradas de ferro (a partir de 1854); do telégrafo (1857); do cabo submarino (1872); e do telefone (1876), além da instalação da primeira agência de notícias em 1874, a Reuters-Havas (FERRARI, 2004; p.26)

Assim, começa a segunda fase da imprensa

brasileira, apoiada no espírito industrial republicano. Em geral, era um momento em que o Brasil buscava investimentos para tentar alcançar a modernidade, tomando por base os modelos empresariais de países mais avançados.

No início dos anos de 1920 dois grandes jornais diários em circulação são fundados: O Globo (RJ) e a Folha de São Paulo (antiga Folha da Manhã). Contudo, essa década se fascinará com uma nova invenção: o rádio. O novo meio de comunicação atrai imediatamente a atenção da população e, inicialmente, impacta o jornalismo

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impresso no sentido de concorrência por anunciantes e não propriamente no conteúdo informativo. O primeiro “jornal falado”, o Jornal da Manhã, é emitido em ondas AM e “baseado no noticiário dos jornais do dia” (BAHIA, 1990, p. 200).

A mais importante emissora do início da Era de Ouro, a Rádio Nacional, é formada em 1936. A partir dela foi aberto o caminho para o radiojornalismo, como uma linguagem diferenciada do impresso. O jornal impresso perde sua hegemonia na divulgação da atualidade, porque a narração auditiva dos acontecimentos tornou mais imediata a sua atualização, além de criar uma relação de maior proximidade com o público. A força da palavra radiofônica residia em ser imediata, ao vivo, o que possibilitava atualizações constantes com a notícia de última hora.

Contudo, as empresas jornalísticas permanecem executando programas de expansão editorial e investimentos em novas técnicas de impressão: “a imprensa diária e semanal generaliza a cor, os cadernos, os encartes e os suplementos, com maior capacidade de cópias” (BAHIA, 1990, p. 201).

Por fim, em outubro de 1930, irrompe no país uma revolução chefiada por Getúlio Vargas e Juarez Távora. Os grandes jornais do eixo Rio-São Paulo não acompanham em cobertura a marcha dos fatos, assim “publicam a notícia da revolução com dois dias de atraso” (BAHIA, 1990, p. 205). Os jornais brasileiros então se defrontam com a censura da informação livre, com a instauração do Estado Novo, de modo que a imprensa nacional é lançada na delicada situação de lidar com a divulgação de informação e opinião, em meio a uma ditadura.

É das represálias ao livre exercício da opinião, das cinzas do incêndio das redações, do empastelamento dos parques gráficos de numerosos jornais, das prisões e dos processos que retiram jornalistas da circulação por ordem do governo, que nasce uma imprensa mais consciente do seu papel, mais resistente às pressões oficiais. (BAHIA, 1990; p.209)

Segundo Juarez Bahia, os anos 30 marcam a fase moderna da imprensa no Brasil, e, se num primeiro momento houve um impulso de expansão do jornalismo e das artes, em seguida abateu-se o terror de um Estado Policial.

No Brasil, de 1937 a 1945, um grande número de jornais, revistas e panfletos foram fechados por determinação do Poder Executivo, que impunha sua vontade durante o período da ditadura de Getúlio Vargas. Além disso, muitos jornalistas foram presos por cometerem delitos de imprensa. A liberdade de imprensa foi calada. A ditadura criou então o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), inspirada no modelo nazista, e as redações foram obrigadas a conviver com seus funcionários.

NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO

A revolução tecnológica causada pelas tecnologias eletrônicas aplicadas aos processos e produtos industriais, a partir dos anos 60, provocou diversas alterações em todo o tecido social. Esta engloba práticas culturais, processos econômicos descentralizados, modificações na estrutura de trabalho e na forma de divulgação e recepção de informações.

A informática foi decisiva para a criação de um novo ambiente de comunicação em escala mundial. Em finais dos anos de 1990, quando sua utilização através do computador pessoal se torna amplamente difundida, juntamente com a Internet, ocorre um processo de democratização cujos impactos desencadearam novas formas de relações sociais e práticas culturais.

Antes de um aprofundamento mais detido quanto aos impactos trazidos pela Internet, vale destacar que esta é parte de uma transformação mais geral. Esse processo é a gradual perda de predomínio dos meios de comunicação de massa.

Conforme Maria das Graças Targino (1995), a informática conduziu ao surgimento de um novo modelo informacional:

... distributivo, dinâmico e hipertextual, no sentido de atender os usuários conectados em redes eletrônicas, de modo não mais linear, mas respeitando sua estrutura cognitiva, suas demandas singulares, independentemente da localização geográfica (TARGINO, 1995, p.3).

Este novo modelo de comunicação direcional

ou democrática só pode ser compreendido em relação ao seu antecessor. Na perspectiva da referida autora, o modelo informacional está em oposição ao modelo informativo, que é baseado nos meios de comunicação de massa:

Estes informam, formam e deformam. Estimulam a sociedade de consumo. Consolidam laços de dependência. Incentivam a massificação de hábitos, costumes e atitudes, em perspectiva vertical, ou seja, no modelo informativo, em que o emissor manipula as probabilidades de transmissão de dados (TARGINO, 1995, p.3).

O século XXI se inicia, portanto, marcado por

um novo paradigma tecnológico, mudança que reestruturou a sociedade. O fator decisivo desta mudança é o desenvolvimento da informática. A comunicação deixa de ser unilateral, acaba a passividade dos receptores que passam a demandar conteúdos mais personalizados, navegar pela informação de modo dinâmico, são capazes de se apropriar desse desenvolvimento e participar

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ativamente no processo de difusão e criação. Usuários e criadores estão interagindo e até se confundindo.

Houve nesse período, uma revolução com a interface digital, que permitiu que a tecnologia da informação penetrasse "em todos os domínios da atividade humana, não como fonte exógena de impacto, mas como o tecido em que essa atividade é exercida" (CASTELLS, 2002; p.68).

A EVOLUÇÃO DA INTERNET A Internet é uma realidade e hoje suas

utilizações são as mais variadas: consulta de bancos, e-mail, compras, fóruns de debates, mídias sociais, fornece acesso a rádios, jornais, revistas, músicas do mundo todo. O pesquisador André Lemos (2002), sintetiza as expansões da capacidade humana graças aos meios de comunicação, até a Internet, da seguinte forma:

A revolução do impresso, com a invenção de Gutenberg, retirou os livros do monopólio da Igreja, o telefone permitiu uma comunicação instantânea entre pessoas, a TV e o rádio levaram informações a distância para uma massa de espectadores. A internet cria hoje, uma revolução sem precedentes na história da humanidade. Pela primeira vez o homem

pode trocar informações, sob as mais diversas formas, de maneira instantânea e planetária (LEMOS, 2002, p.116).

A Internet, um conjunto de redes planetárias

em processo crescente de popularização, começou a ser construída com investimentos militares dos Estados Unidos, nos anos de 1960. Esse investimento era parte do esforço na competição tecnológica de disputa com a URSS, que caracterizou a Guerra Fria. Governos estavam tentando resolver problemas de guerra, mas acabaram por desenvolver tecnologias que mudaram os períodos de paz no mundo de uma maneira incrível.

Assim, ao operar em rede, os servidores de informações americanos se descentralizavam, permitindo, além de uma maior dinamicidade, que a informação trafegasse e fosse armazenada (de modo difuso), ainda que uma das centrais fosse desconectada ou atacada por inimigos.

O passo fundamental foi dado em 1969, quando na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) foi construído o primeiro ponto da rede, que seria batizada de ARPANET, de uso exclusivo dos cientistas e militares do Departamento de Defesa Norte Americano (Advanced Research Projects Agency).

A certa altura tornou-se difícil separar a pesquisa voltada para fins militares das comunicações científicas e conversas

pessoais. Assim, permitiu-se o acesso à rede de cientistas de todas as disciplinas e, em 1983, houve a divisão entre ARPANET, dedicada a fins científicos, e a MILNET, orientada diretamente às aplicações militares (CASTELLS, 2002, p.83).

Na década de 70, surgem redes cooperativas

e descentralizadas para servir à comunidade acadêmica, à sociedade em geral e depois às empresas. Em 1986, é criada uma rede decisiva na evolução da Internet, a NSFNET (National Science Foundation Network), que possibilitou a união através de supercomputadores entre cinco centros de pesquisa científicos, com diversas ramificações. A principal rede desse período chamava-se ARPA-INTERNET, depois passou a chamar-se INTERNET, ainda financiada pela Defesa, mas operada pela National Science Foundation, que deu continuidade ao projeto de funcionar como “rede das redes” - o que naquela época queria dizer controle governamental. Essa transição, o abandono da ARPANET, se deu pela evolução tecnológica que tornou obsoleta esta tecnologia, cujas atividades foram encerrando em 1990.

Contudo, as pressões comerciais, o crescimento de redes de empresas privadas e de redes cooperativas sem fins lucrativos levaram ao encerramento dessa última espinha dorsal operada pelo governo em abril de 1995, prenunciando a privatização total da Internet, quando inúmeras ramificações comerciais das redes regionais da NSF uniram forças para formar acordos colaborativos entre empresas privadas (CASTELLS; 2002, p.83).

Ainda na década de 80, Tim Berners Lee, o

inventor do WWW (World Wide Web), desenvolve um programa com a função de organizar os dados, de modo a serem “empacotados” e transmitidos entre vários computadores, sem perda da informação. Em 1990, Lee com apoio de Robert Cailliau desenvolve um sistema de hipertexto. No prosseguimento das novas descobertas, ainda nesse mesmo ano, foi criado um grupo de pesquisadores e experts para estudar a capacidade da WWW.

Com a WWW a navegação ficou mais fácil, porque a interface gráfica era mais amigável e se baseava no princípio de que caberia ao usuário buscar as informações que desejasse na rede. A partir desses conceitos foi possível a criação dos primeiros navegadores ou browsers.

A internet oferece formas de navegação e age como uma verdadeira incubadora de novas ideias, ou seja, é um ambiente propício à criação de inesperados dispositivos comunicacionais.

A cara da internet em 1993 era a mesma até o início dos anos 2000. A partir daí começou a apresentar grandes avanços, com o passar dos anos ficou cada vez mais conhecida e disseminada

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pelas populações. Segundo Ferrari (2004, p 17): “Para dar uma dimensão do crescimento da internet, o número de computadores conectados ao redor do mundo pulou de 1,7 milhão em 1993 para 20 milhões em 1997”.

Foi necessário mais de uma década para que o computador se difundisse como uma tecnologia natural do cotidiano na sociedade brasileira. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

2, em 2013 a

proporção de internautas era de 50,1% do total da população. Isso equivale a 86,7 milhões de usuários de internet com 10 anos ou mais. Em números absolutos, dos 32,2 milhões de domicílios com computador em casa, 28 milhões possuíam acesso à Internet. No que toca à televisão, a mesma pesquisa aponta para uma presença praticamente absoluta da televisão nos lares brasileiros, encontrada em 97,2% das casas.

IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

Segundo Castells (2002), é possível observar historicamente as mudanças da cultura pela tecnologia através de três etapas: um período pré-industrial, quando a vida social era local e pequena em escala; em seguida um período industrial, que tornou a produção em massa possível, com seus respectivos meios de comunicação (rádio, televisão); por fim, uma última etapa, pós-industrial, em que a economia manufatureira dá lugar ao setor de serviços, e no aspecto cultural, surgem segmentos cada vez menores, acentuando a diferenciação cultural no tecido social. Tanto a transformação na economia quanto na cultura, nesta nova era “pós-industrial”, está amplamente penetrada pelas novas tecnologias de comunicação, especialmente pela dinamização das relações proporcionada pela Internet.

Em 2006, Rosental Calmon Alves, professor da Universidade do Texas e catedrático da UNESCO, em artigo intitulado Jornalismo digital: Dez anos de web... e a revolução continua, viu na Internet uma transformação da humanidade. Para ele a Internet traz consequências políticas, sociais e econômicas amplas, às quais o jornalismo não escapava. Pelo contrário, por ser um trabalho centrado na disseminação de informação, além de um serviço dependente dos meios de comunicação, a atividade jornalística estaria no centro das transformações:

Devido a essas proporções revolucionárias que assinalam o início de uma nova era, além de pensar em midiamorfose, pensemos também em midiacídio - ou seja, a possibilidade de a ruptura tecnológica provocar a morte de meios

2 http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/09/mais-de-50-dos-

brasileiros-estao-conectados-internet-diz-pnad.html, acesso em: 03 de abril de 2015.

tradicionais que não tenham capacidade ou não saibam se adaptar ao novo meio ambiente midiático em gestação. (ALVES, 2006; p.3)

Nesta curta citação, percebe-se que o

pesquisador suscita duas possibilidades. De um lado, podemos falar de uma possível adaptação e, de outro, da substituição tecnológica. Essa forma de encarar o fenômeno das novas tecnologias como possibilidades abertas serve de alerta. Não podemos falar com total segurança de uma crise inevitável ou que essa crise esteja em curso sem respostas, resistências e reinvenções.

A perspectiva da substituição se orienta pela pergunta: até que ponto o jornalismo impresso estaria desaparecendo por causa da Internet? Já o viés da adaptação requer avaliar o que as novas tecnologias trouxeram de novidade. Para compreender melhor é preciso trabalhar as duas tendências de maneira complementar. Diante dos interesses desta pesquisa, cabe perguntar, a partir desse dilema (midiamorfose ou midiacídio), quais as mudanças na concepção que temos hoje, dentro da era da Internet, sobre a prática jornalística.

De acordo com Alves, a Internet, e todas suas variadas utilizações pelos mais diversos aparelhos, é genericamente a última invenção profundamente impactante na forma de relacionamento com o mundo por meio da informação, de modo a ser inserida numa longa série de avanços que contribuíram para a mudança de paradigma: de uma comunicação de massa para meios comunitários (ALVES, 2006).

A preocupação com a chegada dessa nova tecnologia gerou os primeiros debates no Brasil no início dos anos 1990. A Internet era um artigo de luxo, pouco conhecido pelo público em geral, quando a Folha de São Paulo promoveu, em 1993, o Fórum Folha de Jornalismo e Mídia. Na pauta deste fórum internacional estava o futuro do jornalismo impresso e do modelo vigente de jornalismo em geral diante da chegada de novas tecnologias.

Entre os convidados internacionais estava Walter Bender, principal pesquisador do laboratório de mídia do MIT (Massachusetts Institute of Technology), que afirmou estar convicto de que futuramente no centro da relação entre mídia e sociedade se daria um processo de "personalização", onde o próprio leitor selecionaria, graças ao computador, o que quer ler ou ver em jornais eletrônicos.

Outro ilustre convidado, Warren Hoge, à época chefe de redação adjunto do The New York Times, se mostrou cético quanto às perspectivas pessimistas sobre o fim do jornalista perante uma personalização excessiva do conteúdo. Para Hoge, o jornalista teria sua importância reconhecida na tarefa de "dar ao público aquilo que ele não sabe que precisa", ou seja, o jornalista mesmo na era digital conservaria sua importante tarefa de

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mediador da sociedade.

No futuro, o leitor, em vez de comprar o New York Times ou a Folha, liga o computador de manhã e pede a informação que ele quer. O preço das ações que tem, o placar de algum jogo, alguma informação sobre a profissão dele. E chega. Se isso acontecer, vão roubar de nós, editores, o direito, o poder e o desejo de levar ao leitor o que chamo de accidental encounter, eu ofereço a você notícias que você não sabe que quer.

3

Em 1995, ocorreu a segunda edição do

fórum. Um dos painéis de debates do evento estava exclusivamente voltado para a apresentação de dois jornalistas norte-americanos, convidados para relatar como o uso de computadores estava revolucionando a produção e a distribuição de notícias no mundo.

Otávio Frias Filho, diretor de Redação da Folha de São Paulo, durante o evento expressou sua perplexidade diante de desafios como o descompasso entre os interesses fugazes dos leitores e a dimensão analítica e cultural do jornalismo, assim como a dificuldade de manter "taxas de leitura numa civilização que é cada vez mais refratária à palavra escrita".

O desenvolvimento recente, tanto tecnológico como econômico, parece colocar mais uma vez em xeque o futuro do jornalismo tal como o concebemos. O impacto tecnológico já é visível e não mais depende das especulações sobre uma eventual superação do formato impresso pelo formato eletrônico. Ainda distante no futuro, como essa superação parece estar, é fato, no entanto, que a forma tradicional começa a conviver com as formas

eletrônicas, suplementares e alternativas.4

No encerramento do segundo fórum, o

presidente da Empresa Folha da Manhã S/A (grupo de comunicação da qual a Folha de SP fazia parte), Otávio Frias Filho, indicou que fazia parte dos planos empresariais do grupo a tarefa de adaptação, de convergência e atualização digital, como forma de se manter crescendo num contexto ainda incerto e acirrado. O título que o jornal impresso, no dia seguinte, deu a fala do presidente era: "Não basta superar a concorrência".

O bit será a base comum para toda comunicação: jornal TV, rádio, dados, telefone. Computação, telecomunicações e mídia estarão convergindo para uma mesma base de distribuição. A necessidade

3 Folha de S. Paulo, 22 de outubro de 1993.

4 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/10/19/brasil/33.html,

acesso em: 17 de maio de 2015

da economia capitalista de crescer para sobreviver só fica mais acentuada em um setor como o das comunicações, por atravessar um período de mudanças estruturais sem antecedentes.

5

Assim, o desafio estava claro: era necessário modernizar a forma de cobertura e de disseminação ou ser superado. As empresas jornalísticas brasileiras não empregavam a informática na base de seus processos. Era urgente dar o primeiro passo rumo ao movimento chamado de "convergência das tecnologias", na qual se fundiam tecnologias de telecomunicações e informática, o que era central para a conformação de empresas-rede e de redes de empresas, modelo característico do cenário econômico contemporâneo (CASTELLS, 2002).

Anterior a toda à problemática envolvendo a

Internet e o tempo real da informação, o jornalismo impresso brasileiro precisava superar seus métodos antiquados de produção e adentrar na fase prévia da informatização das redações. Tornar a informática e o uso de computadores uma realidade intrínseca aos processos dos profissionais.

Mas a modernização requer investimentos e, com isso, surge o problema de como gerar as receitas sem provocar redução da qualidade durante o processo de experimentação e adaptação ao computador e, depois, às novas formas de mídia.

Sobre os obstáculos para o uso de computadores em reportagens, disse em 1995, Fernando Rodrigues, repórter da Folha no período: "os equipamentos são caros, há poucos bancos de dados informatizados e não está disseminada a importância do processamento eletrônico de informações"

6.

O jornal O Globo também investiu para modernizar os equipamentos de produção de textos. Desde 1985 a redação buscava atualizar-se para substituir as antigas máquinas de escrever. Em 1995, o jornal adota um sistema com interface gráfica e alcança o patamar da diagramação eletrônica. “Com o processo de produção totalmente eletrônico, ilustrações, gráficos e mapas que antes eram feitos, em média, em cinco horas, passaram a ficar prontos em pouco mais de meia hora”

7.

Antes de iniciar a complexa transposição para as novas mídias, os jornais impressos acompanharam as mudanças nos padrões de leitura, modificando sua forma de apresentação. Foi diagnosticada uma perda de atratividade, já que as novas tecnologias apresentam uma integração hipermídia, com som, vídeo, imagem e,

5 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/10/18/brasil/35.html,

acesso em: 17 de maio de 2015 6 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/10/14/brasil/26.html,

acesso em: 17 de maio de 2015 7 http://memoria.oglobo.globo.com/linha-do-tempo/computador-

na-redaccedilatildeo-9173808, acesso em: 17 de maio de 2015

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principalmente, a flexibilidade de visualização. Portanto, se fez necessário pensar uma reforma nos projetos gráficos das publicações para torná-las atraentes a um novo público que se familiarizava a “navegar” livremente por plataformas hipertextuais e convergentes.

Como tentativa de resistir ao impacto das mudanças, vários veículos buscaram realizar uma reformulação gráfica, da diagramação, das cores, imagens - elementos da linguagem visual, assim como da forma de se comunicar com a audiência.

Em 20 de dezembro de 1995, O GLOBO mudou de cara da noite para o dia seguinte. Sempre acompanhando os avanços tecnológicos, o jornal alterou radicalmente a sua apresentação gráfica, com a implantação de um novo projeto, desenvolvido em Nova York pelo escritório dos designers Milton Glaser e Walter

Bernard.8

Enquanto a Folha de SP organizava fóruns e

elaborava sua estratégia de “transposição” para a Internet, o Jornal do Brasil lançou pioneiro uma edição online (www.jb.com.br).

O Jornal do Brasil foi o primeiro meio impresso a migrar para o campo digital, lançando seu site em maio de 1995. Esse movimento para o ciberespaço é acompanhado pelo O Globo e Grupo Estado. Esses veículos trazem para a Internet a marca histórica da imprensa brasileira, a centralização da mídia, isto é, uma estrutura baseada em grandes conglomerados. Esses grupos de mídia são controlados por famílias e, na época, eram informalmente chamados de barões da Internet (FERRARI, 2004, p 25).

Empresas tradicionais como as Organizações Globo, o grupo Estado (detentor do jornal O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde), o grupo Folha (do jornal Folha de S. Paulo) e a Editora Abril se mantêm como os maiores conglomerados de mídia do país, tanto em audiência quanto em receita com publicidade. Foram eles que deram os primeiros passos na Internet brasileira, seguidos pelo boom mercadológico de 1999 e 2000, quando todas as atenções se voltaram à Nasdaq (National Association of Securities Dealers Automated Quotation), a bolsa de valores da Nova Economia (FERRARI, 2004, p 27).

Em 2001, já havia mudado o pensamento de

que sites gerariam altos ganhos com poucos investimentos e sucesso em revistas especializadas (FERRARI, 2004, p 28). Nesse período entraram em cena também os portais de Internet (iG, ZipNet, O Site, Cidade Internet e StarMedia) que recebiam investimentos de empresários estrangeiros atraídos

8 http://memoria.oglobo.globo.com/linha-do-tempo/reforma-graacutefica-9178726, acesso em: 22 de maio de 2015.

pelo promissor mercado brasileiro. Assim, se tornou inconcebível que um jornal

não tivesse presença digital na Internet. A solução mais imediata foi fazer a transposição do impresso para o virtual para manter-se atualizado com as novas tecnologias, novas formas de leitura da audiência e, principalmente, com essa nova forma de aquisição de receitas na Internet.

De 1997 a 2000 os sites brasileiros adotavam a política de trabalhar visando mais a quantidade de notícias do que o aprofundamento na qualidade dos conteúdos.

O mercado passou a preocupar-se mais seriamente com a integração entre conteúdo de qualidade, design acessível e viabilidade financeira – a ser obtida não mais com o aporte abundante de capital dos investidores, mas com a obtenção de receita por publicidade, um caminho certamente bem mais difícil (FERRARI, 2004, p 28).

Luciana Mielniczuk (2001) propõe que é

possível identificar três fases distintas a respeito do jornalismo na Web (não exclusivamente os impressos). Ou seja, a digitalização dos conteúdos na Internet se tornou um imperativo e foi sendo realizada por etapas.

A primeira se caracteriza pela transposição, isto é, pela reprodução de partes ou na íntegra de conteúdo dos grandes jornais impressos em seus espaços na Web. Nessa etapa não havia uma dinâmica própria para a velocidade instantânea do virtual, de modo que o material era atualizado nos sites, conforme o fechamento das edições impressas.

Com a modernização das redações e o aperfeiçoamento técnico dos profissionais, começa uma segunda etapa, na qual mesmo atrelado ao modelo do jornal impresso, o conteúdo começa a explorar características peculiares da rede, como os fóruns interativos com o leitor, o e-mail, e principalmente o hipertexto.

A terceira etapa desse desenvolvimento é caracterizada pela consolidação de processos anteriores, como equipes mais sofisticadas, maior integração dos usuários na produção/reprodução dos conteúdos. A tudo isso vem somar-se a proliferação de plataformas móveis, como celulares e tablets. Sobre este terceiro e atual momento, resume Mielniczuk:

O cenário começa a modificar-se com o surgimento de iniciativas tanto empresariais quanto editoriais destinadas exclusivamente para a Internet. São sites jornalísticos que extrapolam a ideia de uma simples versão para a Web de um jornal impresso e passam a explorar de forma melhor as potencialidades oferecidas pela rede. Tem-se, então, o webjornalismo (MIELNICZUK, 2001, p.2).

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Os jornais impressos vivenciam um

verdadeiro desafio estrutural, pois sua produção segue um modelo que requer um grande aparato para funcionar: são rotativas, bobinas de papel, eletricidade e redes complexas de distribuição. Toda essa logística, material humano e técnica empregada para confecção de um produto perecível, que tem vida útil de no máximo 24 horas.

As novas tecnologias tornaram a informação mais rápida, barata, e graças à capacidade de armazenamento eletrônica, mais durável. Todos esses fatores mudaram consideravelmente a natureza das audiências. De modo que a queda de circulação, do número de leitores e do tempo de leitura dos jornais coincide com o período de acirramento da concorrência de outros meios de informação, como a Internet, as TVs por assinatura, as emissoras de rádio noticiosas e até mesmo as revistas semanais informativas.

As importantes transformações no mercado publicitário e no público-alvo decorrentes da consolidação das novas tecnologias e também de mudanças dos hábitos de leitura(...) representam grandes desafios para a lucratividade dos grandes jornais. Sua estrutura industrial, suas práticas jornalísticas e comerciais precisam ser repensadas, à luz dessas transformações, sob pena de o negócio jornal tornar-se inviável, ou de o seu produto desfigurar-se a ponto de perder-se o que é essencial no jornal e no jornalismo. (SANT’ANNA, 2006; p.30)

O jornalista e pesquisador Lourival

Sant’Anna em um livro intitulado O Destino do Jornal (2008) toma por base dois fatores estruturais que concorreram para a queda de circulação dos jornais, no final dos anos 2000: a diminuição do tempo dedicado à leitura e o acirramento da concorrência com outros meios. Estas modificações, segundo Sant’Anna, estão em direta relação com a inovação tecnológica.

No início da década de 2000, os três principais jornais brasileiros – O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo – sofreram expressivas quedas de circulação. Em meados da mesma década ela voltou a crescer. Oscilações conjunturais à parte, parece improvável que os grandes jornais voltem a alcançar, algum dia, os recordes registrados em meados dos anos 1990 (quando edições dominicais da Folha ultrapassaram o milhão de exemplares), impulsionados, é verdade, por agressivas políticas de concessão de brindes, que ficaram conhecidos como “anabolizantes” (SANT’ANNA, 2008, p.17).

Segundo Sant’Anna, em 2006, a média de

circulação da Folha de SP entre janeiro e dezembro

era de 302.589 exemplares por dia, os dados foram obtidos pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC). De acordo com dados atualizados, divulgados pelo mesmo Instituto, em fevereiro de 2014 a circulação média de exemplares impressos da Folha foi de 223.832 – queda de 26%. No entanto, nesse mesmo ano de 2014, a Folha alcançou a marca de 117.721 edições vendidas na versão do digital do diário, o que a torna atualmente líder de vendas em ambos os segmentos, físico e virtual.

Além da diminuição das vendas, sem uma contrapartida das assinaturas virtuais que equilibrasse as receitas dos veículos de jornais impressos, estes também vivem em um ambiente de declínio de suas receitas com publicidade.

No lide da reportagem “Projeto da Associação Nacional de Jornais visa frear queda de publicidade nos impressos”, publicada no portal da revista Imprensa - Jornalismo e Comunicação, está escrito

que: “os principais jornais do Brasil enfrentam uma crise de percepção no que diz respeito ao mercado publicitário". Os autores da matéria utilizam a palavra “crise”, tratamento alarmista que é habitual quando o assunto diz respeito sobre o financiamento das atividades jornalísticas contemporâneas. Com efeito, os dados apontados são realmente preocupantes:

A tendência de queda observada desde a década de 1990 foi reforçada com os dados de 2013, quando a participação dos veículos impressos no investimento total da publicidade chegou a 10,12%. Em 1996 era de 25,11%, segundo a Associação Nacional

dos Jornais (ANJ).9

Ainda nesta reportagem, segundo os donos

de veículos e publicitários, há dois motivos para a queda das receitas publicitárias do meio jornal: o descompasso entre números apurados por auditorias e a audiência; assim como o alto preço cobrado pelos jornais, apesar de sua baixa flexibilidade e perecibilidade.

A CRISE DO JORNALISMO IMPRESSO Jornais impressos possuem uma necessidade

interna que os torna um empreendimento complicado na era digital: a circulação diária implica altos custos de impressão, que requer como contrapartida uma vendagem mínima para seu custeio, enquanto o público está cada vez menos disposto a pagar pelo jornal impresso.

Jornais impressos são fechados, ocasionando demissão em massa de experientes jornalistas. São vários os exemplos.

9 http://www.portalimprensa.com.br/cdm/caderno+de+midia/6949

6/projeto+da+associacao+nacional+de+jornais+visa+frear+queda+de+publicidade+nos+impressos, acesso em: 07 de abril de 2015.

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Início do mês de setembro de 2010 o Jornal do Brasil parou de circular no país a versão impressa

10. Logo após completar 73 anos, o Diário

de Natal fechou a versão impressa em 2012. Dois anos depois, mais um impresso do Rio Grande do Norte, o Jornal de Hoje, se desfaz e passa a existir apenas com edições digitais disponíveis na Internet. Na edição de despedida, em 15 de abril, anunciou: "Atenção leitores: O Jornal de Hoje anuncia nesta quarta feira o fim de sua edição impressa. O detalhe que obriga a RN GRÁFICA E EDITORA a iniciar a desativação da edição impressa do jornal é o seu elevado custo". O jornal iria completar 18 anos de presença nas ruas de Natal, com tiragem vespertina.

A Gazeta Mercantil, jornal tradicional de economia, fundada em 1920, foi decretada suspensa em 2009 devido ao acúmulo de dívidas. Do mesmo segmento, o Diário do Comércio, jornal paulista de 1924, anunciou em 2014 o fim de sua edição impressa, convertendo-se unicamente em plataforma digital. De acordo com o presidente da Associação Comercial de São Paulo (responsável pelo jornal), Rogério Amato, a decisão de encerrar as atividades impressas deu-se devido a anos de operação com resultados negativos.

O Jornal da Tarde, que apostou em novas formas de escrita, mais afinadas com formas literárias, também fechou as portas em 2012, após 46 anos de circulação. Em nota, O Grupo Estado, detentor do diário, anunciou que o fechamento se dava para concentrar investimentos no Estado de São Paulo, assim como expandir para uma multiplataforma integrada (papel, digital, áudio, vídeo e mobile).

Esse fenômeno de declínio de receitas tanto na venda avulsa quanto com os anunciantes, que leva ao encerramento das atividades ou à total migração para o digital, não está circunscrito ao Brasil, sendo uma tendência mundial.

Há pelo menos seis anos, Juan Luis Cebrián, fundador e presidente do influente diário espanhol, El País, considera a extinção do jornal impresso inevitável. Em 2009, o jornal espanhol anunciou a união das versões impressa e online em uma única redação que passou a produzir conteúdo tanto para papel, como internet e celular. Tal convergência na redação foi chamada por ele de "plano de sobrevivência".

Em entrevista para o Estado de São Paulo, em 17 de abril de 2010, afirmou categórico que o jornal, tal como o conhecemos, se acabou:

Não significa dizer que deixarão de existir. Esse adiós resulta tão somente da constatação de que os impressos pertencem à sociedade industrial, e não estamos mais nela. Entramos na sociedade

10 http://www1.folha.uol.com.br/mercado/766640-empresario-anuncia-o-fim-do-jornal-do-brasil-em-versao-impressa.shtml, acesso em 07 de abril de 2015.

Digital. (...) Embora, a edição digital do El País venha crescendo bastante, eu não posso lhe dizer que se trata só de uma bem-sucedida transposição do impresso para o online, porque não é verdade.

São veículos diferentes.11

Na visão do magnata Rupert Murdoch, CEO

da cadeia global da News Corporation, segundo maior conglomerado de mídia do mundo, o futuro do jornalismo é promissor. Murdoch defendeu essa tese em palestra para a Comissão Federal de Comércio Norte-americana em 2009. Assim, o sucesso das empresas jornalísticas, especialmente as de material impresso depende de três pontos: saber usar a tecnologia, cobrar pelo conteúdo e reduzir a intervenção governamental nas atividades. "Muitos jornais e empresas de comunicação não se adaptarão às novas realidades e fracassarão. E não podemos culpar a tecnologia por esses fracassos”.

12

Contudo, é fato que a madura e tecnologicamente avançada imprensa norte-americana está abalada nas suas estruturas e pressionada por questões financeiras.

É triste ver ícones como o New York Times tendo que recorrer a empréstimos vultuosos, com altas taxas de juros, e analistas discutindo a possibilidade de jornais se tornarem entidades sem fim lucrativo, mantido por doações (BRITO, 2009, P.119).

Nos últimos dez anos a circulação de jornais

nos Estados Unidos tem registrado quedas contínuas. Além disso, a redução de renda com publicidade tem sido significativa nos veículos impressos, caindo de U$ 46,7 bilhões em 2004, para 16,4 em 2014. Por outro lado, houve um aumento no investimento em propaganda nas versões digitais de impressos. Em 2004, este tipo de receita contava com U$ 1,5 bilhão, alcançando mais que o dobro em 2014, com U$ 3,5.

Tabela 1. Receita anual com propaganda (bilhões de dólares)

Ano Digital Impresso

2004 1.5 46.7 2006 2,7 46.6 2008 3.1 34.7 2010 3 22.8 2012 3.4 18.9 2014 3.5 16.4

Fonte: Newspaper Association of America, BIA/Kelsey (2014)13

11

http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,as-teclas-de-juan-luis-cebrian-fundador-do-el-pais,539361, acesso em: 10 de abril de 2015. 12

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,para-murdoch-futuro-do-jornalismo-e-promissor,478905, acessado em: 10 de abril de 2015. 13

http://www.journalism.org/2015/04/29/newspapers-fact-sheet/, acessado em: 10 de abril de 2015.

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12

No entanto, esse incremento no interesse das

agências de publicidade pelos meios digitais encontra resistência. Na opinião de Martin Sorrell, fundador e presidente da WPP, maior empresa multinacional de publicidade e relações públicas, os veículos tradicionais são mais poderosos do que atualmente se supõe. Ancorado em suas pesquisas recentes, o empresário acredita que mídias como jornais e revistas possam ser mais engajadoras, pois os leitores registram melhor a informação veiculada

14.

A ideia de que o jornal impresso possui mais força de confiança é respaldada em dados coletados pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República. Conforme a Pesquisa Brasileira de Mídia de 2014, para o brasileiro que consome notícias, os jornais figuram entre o mais alto nível de confiança, com 53% dos entrevistados, seguido pelo rádio (50%) e TV (49%).

Nesse sentido, os recortes demográficos mostram, por exemplo, que há uma relação direta entre renda e confiança, ou seja, verifica-se uma tendência de aumento da confiança na mídia conforme a renda familiar do entrevistado aumenta. Os resultados também sugerem que essa relação se inverte quando o recorte é feito a partir do porto do município, nesse caso, quanto maior for a cidade do respondente, menor tende a ser a sua confiança na mídia. (SECOM, 2013, pág 81)

O alto índice de confiança obtido pelas

notícias veiculadas em jornais contrasta com outros aspectos da pesquisa, como a presença dos meios no cotidiano. O costume de ouvir o rádio tem 61% de adesão dos entrevistados, 47% de acessar a internet, já a leitura de revista e jornais alcança, respectivamente, 25% e 15%.

Outro dado que deve soar o alarme, foi o padrão de respostas acerca do meio de comunicação preferido. Evidentemente, o meio vencedor foi a TV com 76,4%, seguido pela internet (13,1%), rádio (7,9%), por sua vez os impressos amargam, jornais com 1,5% e revistas com 0,3%.

Na especificação dos jornais impressos mais citados um padrão emerge.

Percebe-se, de imediato, que a lista de jornais mais citados é predominantemente composta por jornais populares e de baixo custo, que circulam em regiões metropolitanas bastante populares, como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador (SECOM, 2013, p.64)

14

http://oglobo.globo.com/economia/para-gigante-da-publicidade-midia-impressa-subestimada-15740444, acessado em: 10 de abril de 2015.

Podemos identificar um movimento de duas vias: a queda na circulação do impresso e o aumento das assinaturas virtuais. Portanto, devemos nos deter para explicar com mais detalhes qual a solução adotada por diversos veículos diante do risco de perda de receita com a gratuidade da Internet.

ESTRATÉGIA DO “MURO” (PAYWALL)

No dia 21 de junho de 2012, usuários que antes navegavam livremente pelo conteúdo do site da Folha de São Paulo foram surpreendidos por um bloqueio de conteúdo. A partir daquela data apenas os assinantes do jornal impresso ou do provedor Uol teriam acesso completo ao site. Para os demais usuários, restava a opção de poderem ler até 20 textos por mês gratuitamente. Após exceder esse limite, o visitante então é convidado a fazer uma assinatura paga e é apresentado a promoções e formas de pagamento. Começava, assim, o paywall nos grandes jornais brasileiros. O vocábulo inglês quer dizer exatamente isso, um muro, um bloqueio que só pode ser ultrapassado mediante pagamento. A Folha inaugurava o modelo de negócios paywall (em seguida viria o Globo, o Estadão e outros demais), tendência que já vinha sendo adotada em diversos jornais pelo mundo.

A relação originária da imprensa com a publicidade foi enfraquecida com as novas mídias. Isso porque houve um movimento duplo em que se diminui a quantidade de leitores de jornal, enquanto houve um significativo aumento de usuários de Internet nos últimos anos. Se os jornais foram relativamente bem sucedidos em adaptarem-se às novas tecnologias, transferindo o conteúdo para Web, fundindo a redação impressa com a online, criando conteúdos em múltiplas plataformas; no quesito rentabilidade publicitária o problema é mais complexo dado à dificuldade de financiamento pela Internet. Uma solução para essa questão, um contorno do impacto dos novos meios foi a adoção do modelo paywall de cobrança.

Segundo Paulo Pinheiro Júnior (2013), até o momento o paywall parece ser a ferramenta que oferece os melhores resultados quanto ao financiamento e rentabilidade de notícias online. O pesquisador situa a origem em 1997, quando o The Wall Street Journal, tradicional periódico dos Estados Unidos, empregou o modelo paywall e obteve sucesso na iniciativa, obtendo aumento nas receitas do site e, também na audiência, que chegou a um milhão de usuários em 2007.

Apesar do caráter publicitário encontrado em muitos sites que oferecem notícias, a discussão sobre quem deve pagar o custo está no cerne do desenvolvimento de uma estratégia como o paywall. As empresas de comunicação alegam que as despesas com uma estrutura de redação voltada para o

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webjornalismo são altas. É preciso angariar fundos para sair da maldição do jornalismo (GOMES JÚNIOR, 2013).

O paywall pode ter dois graus distintos: o

rígido e o poroso (GOMES JÚNIOR, 2013). No primeiro, a assinatura é exigida para que se possa utilizar qualquer conteúdo online da publicação. Isto é, só acessa quem paga (modelo empregado pelo site do Valor Econômico). Por outro lado, o paywall poroso, como o nome sugere, permite uma navegação com restrições. As restrições podem ser do tipo "conteúdo premium" na qual existe o site principal e um paralelo para assinantes com conteúdos exclusivos, ou podem ser, como adotado pelos grandes jornais no Brasil, com limitação em termos do número de notícias.

Contudo, marco histórico sobre esse tema foi a implantação de paywall pelo The New York Times, em 2011. A partir de então, o modelo poroso passou a ser discutido mundialmente. O famoso jornal nova-iorquino argumentou que seu jornalismo de qualidade possui elevados custos que não estavam sendo compensados na Web, além das constantes infrações de leis de direitos autorais as quais seu material era exposto.

Entretanto, a utilização dessa ferramenta de cobrança não é garantia de sucesso. Na Inglaterra, The Times adotou o paywall e viu a audiência do site cair em 95%. Parte do público não retornou mais e isso afetou diretamente nos contratos com agências de publicidade (GOMES JÙNIOR, 2013; p.10).

No Brasil a tendência é de crescimento para

esse modelo de pagamento. Segundo o IVC (Instituto Verificador de Comunicação), órgão que vistoria mídia, a adesão a edições digitais tiveram aumento de 118%, ao passar de 228.994 em 2013 para 500.370 em 2014. No quadro geral da circulação de jornais, as edições digitais atingiram a marca de 11,4% do mercado

15. Para esse fenômeno

muito contribuiu a compatibilidade dos conteúdos digitais com os dispositivos móveis, como smartphones.

Em 2012, a ombudsman da Folha, Suzana Singer, destacou que o paywall não é perfeito em questões de segurança, podendo ser burlado. Todavia, ainda assim há um grupo disposto a arcar com a taxa:

Para esse grupo menor, mas fiel, o jornal precisará oferecer conteúdo de qualidade superior à que o site tem hoje. Para ler pequenos informes sobre o que aconteceu nas últimas horas, em textos mal-ajambrados, ou para saber das fofocas mais recentes sobre celebridades do

15

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/03/1601557-

circulacao-de-jornais-digitais-tem-avanco-de-118-em-2014.shtml

"mundo B", ninguém precisa gastar um centavo, há uma oferta enorme de sites e blogs gratuitos na rede

16.

Os argumentos das empresas para justificar e defender este modelo não são de difícil compreensão e giram em torno das dificuldades financeiras, da cópia não autorizada de materiais e de uma transformação na cultura, que passou a valorizar a imagem, a instantaneidade e a facilidade de uso das novas tecnologias.

DESAFIO CULTURAL: A NOVA AUDIÊNCIA

As pessoas leem jornais não apenas para se informar, mas também pelo senso de pertencimento, pela necessidade de se sentirem partícipes da história cotidiana e poderem falar das mesmas coisas que todo mundo fala (agenda-setting).

Um aumento brusco na quantidade da informação pode gerar como consequência um empobrecimento da qualidade de atenção do leitor. Essa hiperprodução de conteúdo que se dispersa sem ser devidamente apreendida, no ambiente da Internet pode alcançar proporções gigantescas. Exemplo disso é dado por Ferrari (2004):

O que prevalece é a quantidade de informação veiculada. O [portal] Terra, por exemplo, ganhou notoriedade em 2001, principalmente durante os atentados terroristas de 11 de setembro aos Estados Unidos, quando colocou na rede um noticiário que continha boas informações e era reabastecido minuto a minuto (...) A fórmula adotada foi veicular mais de trezentas notícias relevantes entre os dias de 11 e 12 de setembro de 2001 (FERRARI, 2004, p.20-1)

Essas mudanças cognitivas foram

aproveitadas pelos tabloides que oferecem respostas a esses problemas com matérias curtas, rápidas e fáceis de serem apreendidas. Com tais notificações rápidas, o jornal cumpre o papel de alertar sobre riscos e oportunidades que aparecem a cada dia. Se o leitor quiser aprofundar a matéria poderá buscar outras fontes, mas com o jornal diário terá uma gama de breves notícias.

O risco no quesito do bem público é a proliferação de jornais que não vão além do mínimo necessário para se manterem como veículo para anunciantes.

É nos processos de segmentação dos veículos para as classes C que o entretenimento aparece com mais força. Isso se explica pela necessidade de chamar a atenção do leitor das classes C e D que vive com menor renda, tem baixa

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http://observatoriodaimprensa.com.br/voz-dos-

ouvidores/_ed700_suzana_singer/

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escolaridade. Assim, os pontos de vista das matérias são

modificados em função da posição dos possíveis leitores. Possíveis porque por mais que se invista em pesquisas mercadológicas de hábitos e opiniões dos consumidores, ainda se trata de uma imagem já assimilada e correspondida pelas pesquisas, ou que traga novos dados que os jornalistas internalizarão. E essa imagem do público é determinante para o tratamento dos acontecimentos, na maneira como se dá o enquadramento noticioso e na posição que esta ocupará na diagramação da página. CONCLUSÃO

Os períodos de transição, ao menos num primeiro momento, são marcados por incertezas e pela divisão da sociedade em dois grupos: entre aqueles que buscam se agarrar a modelos anteriores que estão se esfacelando e outros mais esperançosos que enxergam possibilidades. Mudanças nos meios tecnológicos sempre ocorrem de maneira irreversível e contínua ao longo da história. O jornalismo impresso passa por uma dessas fases, um período turbulento onde o modelo anterior não é sustentável e as soluções estão em curso. Os sites são mais atrativos e mais dinâmicos, incorporam recursos de interatividade, como comentários, vídeos, áudio, etc. Diante dessa nova mídia, que também oferece conteúdo gratuito, o jornal deve se reinventar, sob o risco de continuar a onda de falências e demissões de profissionais. Primeiro houve mudanças nos principais jornais do país na ordem gráfica. Os jornais ficaram mais coloridos, mais chamativos, com novos layouts. Não foi o suficiente para evitar a queda contínua de vendas tanto de exemplares quanto assinaturas. Nesse processo, o jornalismo brasileiro enfrentou, na década de 90, a necessária modernização para o ingresso na era digital, com a informatização das redações. Assim, as empresas de mídia convencionais foram migrando para a plataforma digital por etapas, com tentativas e erros. Mas permanecia a questão chave: Como manter os custos de redação e de apuração para fornecer material de qualidade a um usuário que, a princípio, parece indisposto a pagar por conteúdos online? A solução por paywall, isto é, cobrar por acessos parcialmente ou integralmente no site, foi uma das maneiras adotadas por vários jornais do mundo para cobrir suas despesas. Todavia, as assinaturas digitais não parecem ser capazes de tapar o rombo causado com a perda maciça de vendas e de publicidade. Portanto, permanece em aberto a questão sobre o destino do jornal, que está em curso e alterará largamente a maneira como as sociedades modernas compõem a esfera pública da informação.

AGRADECIMENTOS

A minha querida mãe que está agora nos

braços do Pai e que mesmo enferma soube compreender minha ausência, saiba que não foi nada fácil tomar esta decisão, mas aprendi com a senhora que a vida é para os fortes e corajosos. Onde estiver receba o meu agradecimento especial.

A esta instituição de ensino superior, seu

corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior.

A meu querido professor e coordenador Dácio

Renault pelo carinho com que sempre me acolheu. A minha orientadora Ana Maria Fleury Seidl

Pinheiro, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivo.

A minha filha Karine pela paciência e

companheirismo durante toda esta jornada, o meu amor.

A Andersem Santos de Morais, meu principal

incentivador, o meu amor eterno. Aos meus ricos filhos Marlon e Victor, que

sempre acreditaram em mim, obrigada. E a todos os meus colegas de sala (hoje

amigos para sempre), que fizeram parte da minha história acadêmica o meu muito obrigada.

Aprendi a ter coragem para questionar

realidades e propor sempre um novo mundo de possibilidades.

Marlene Lúcia Berbigier

Agradeço em primeiro lugar a Deus pela dádiva da vida.

Agradeço a minha mãe por ter cuidado de mim, me apoiado nas minhas decisões e por me incentivar muito. Meu amor eterno.

A meu querido professor e coordenador Dácio Renault pelo carinho com que sempre me acolheu.

A minha orientadora Ana Maria Fleury Seidl

Pinheiro, por seu auxilio e carinho que nos orientou esses meses o meu muito obrigada. Ao meu grande amor William Pelegrini por acreditar em meu potencial, quando não acreditava. Te amo para sempre.

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A minha família emprestada Maria Zélia, Nilmara e Erik, que amo muito e agradeço por me acolherem quando mais precisei. Helena Mattos

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