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8/19/2019 O Jovem Trotsky: entre menchevismo e bolchevismo - Gustavo Machado http://slidepdf.com/reader/full/o-jovem-trotsky-entre-menchevismo-e-bolchevismo-gustavo-machado 1/6 O jovem Trotsky: entre menchevismo e bolchevismo Gustavo Henrique Lopes Machado O pensamento e, sobretudo, as posições políticas de Leon Trotsky no período que antecede a evoluç!o ussa "oram, desde muito cedo, ob#eto de $randes debates e pol%micas& ' isto n!o se deu sem motivo& Go(ando de $rande prestí$io pela sua atuaç!o na revoluç!o de )*)+ e na direç!o do '-rcito .ermelho, Trotsky "oi o alvo priorit/rio da burocracia stalinista quando se tornou o porta0vo( de sua oposiç!o& 1esse cen/rio, as pol%micas e disputas entre Lenin e Trotsky, que se se$uiram desde pelo menos o se$undo con$resso da 2ocial0democracia russa 3 )*45, quando se deu o seu "racionamento entre 6olcheviques e Mencheviques3, "oram lar$amente di"undidas& 7om particular intensidade as duras críticas de Lenin 8 Trotsky reali(adas no período entre )*4* e )*)9& 1!o - preciso remontar aqui o que #/ "ora dito e redito um sem0n:mero de ve(es& ; su"iciente mencionar que, com auílio dessas anti$as pol%micas, Trotsky "ora convertido em menchevique e em inimi$o n:mero um do bolchevismo& 1!o sem ra(!o, os trotskistas e o pr<prio Trotsky se dedicaram, desde ent!o, a mostrar o outro lado da moeda& =articularmente, a m:tua admiraç!o que sempre eistira entre os dois principais diri$entes da revoluç!o de )*)+, a con"irmaç!o hist<rica da teoria da revoluç!o permanente elaborada por Trotsky desde o início do s-culo, seu papel de destaque na revoluç!o de )*4>, suas críticas precoces e certeiras a vis!o estapista da hist<ria dos mencheviques e assim por diante& =or outro lado, as di"erenças com Lenin "oram, re$ra $eral, epostas do se$uinte modo? a revoluç!o de )*)+ marcou a aproimaç!o de Lenin da teoria da revoluç!o permanente de Trotsky e a ades!o desse :ltimo 8 concepç!o de partido sustentada pelo principal diri$ente do partido 6olchevique, reconciliando0os& @pesar desta conclus!o n!o ser, em suas linhas mais $erais, "alsa, distante est/ de dar conta do cerne das di"erenças entre os dois& 'm verdade, Lenin raríssimas ve(es abordou o tema da teoria da evoluç!o =ermanente& Trotsky, inclusive, sustenta, anos depois, que Lenin sequer havia lido seus escritos sobre o tema& =or outro lado, eceto por um anti$o ensaio denominado Nossas Diferenças Políticas , a quest!o da concepç!o de partido em Lenin encontra0se praticamente ausente nos escritos conhecidos de Trotsky at- a revoluç!o& Aual seria, ent!o, o motivo central do embate entre Trotsky e Lenin no período entre a cis!o da social0democracia russa e a revoluç!o de )*)+B 'm "unç!o das cal:nias a que "oi sistematicamente submetido, da identi"icaç!o caricatural do stalinismo com o leninismo, o pr<prio Trotsky n!o deiou de nuançar a real nature(a de suas diver$%ncias com Lenin no período anterior a sua ades!o ao bolchevismo& Tratava0se do conciliacionismo ou do centrismo de Trotsky que, em todo período precedente, batalhou pela unidade entre bolcheviques e mencheviques, entre revolucion/rios e re"ormistas& 1!o "oi casual que somente em seu :ltimo e inacabado escrito, a bio$ra"ia de Stalin, Trotsky dedicou um espaço consider/vel a este tema& =or isso, nesse arti$o, nos centramos eclusivamente nesse teto, tendo em vista esclarecer o conte:do central da pol%mica de ent!o& 2obretudo, ho#e, passados 9> anos do sepultamento de"initivo do aparato stalinista no leste europeu, #/ - che$ada a hora de reeaminarmos a quest!o sem a interpenetraç!o das caricaturas do passado, para dela retirarmos as devidas lições&

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O jovem Trotsky: entre menchevismo e bolchevismoGustavo Henrique Lopes Machado

O pensamento e, sobretudo, as posições políticas de Leon Trotsky no período queantecede a evoluç!o ussa "oram, desde muito cedo, ob#eto de $randes debates epol%micas& ' isto n!o se deu sem motivo& Go(ando de $rande prestí$io pela sua atuaç!o narevoluç!o de )*)+ e na direç!o do ' -rcito .ermelho, Trotsky "oi o alvo priorit/rio daburocracia stalinista quando se tornou o porta0vo( de sua oposiç!o& 1esse cen/rio, aspol%micas e disputas entre Lenin e Trotsky, que se se$uiram desde pelo menos o se$undocon$resso da 2ocial0democracia russa 3 )*45, quando se deu o seu "racionamento entre6olcheviques e Mencheviques3, "oram lar$amente di"undidas& 7om particular intensidadeas duras críticas de Lenin 8 Trotsky reali(adas no período entre )*4* e )*)9& 1!o - precisoremontar aqui o que #/ "ora dito e redito um sem0n:mero de ve(es& ; su"iciente mencionar que, com au ílio dessas anti$as pol%micas, Trotsky "ora convertido em menchevique e eminimi$o n:mero um do bolchevismo&

1!o sem ra(!o, os trotskistas e o pr<prio Trotsky se dedicaram, desde ent!o, amostrar o outro lado da moeda& =articularmente, a m:tua admiraç!o que sempre e istiraentre os dois principais diri$entes da revoluç!o de )*)+, a con"irmaç!o hist<rica da teoriada revoluç!o permanente elaborada por Trotsky desde o início do s-culo, seu papel dedestaque na revoluç!o de )*4>, suas críticas precoces e certeiras a vis!o estapista dahist<ria dos mencheviques e assim por diante& =or outro lado, as di"erenças com Lenin"oram, re$ra $eral, e postas do se$uinte modo? a revoluç!o de )*)+ marcou a apro imaç!ode Lenin da teoria da revoluç!o permanente de Trotsky e a ades!o desse :ltimo 8concepç!o de partido sustentada pelo principal diri$ente do partido 6olchevique,reconciliando0os&

@pesar desta conclus!o n!o ser, em suas linhas mais $erais, "alsa, distante est/ dedar conta do cerne das di"erenças entre os dois& 'm verdade, Lenin raríssimas ve(esabordou o tema da teoria da evoluç!o =ermanente& Trotsky, inclusive, sustenta, anosdepois, que Lenin sequer havia lido seus escritos sobre o tema& =or outro lado, e ceto por um anti$o ensaio denominado Nossas Diferenças Políticas , a quest!o da concepç!o departido em Lenin encontra0se praticamente ausente nos escritos conhecidos de Trotsky at-a revoluç!o& Aual seria, ent!o, o motivo central do embate entre Trotsky e Lenin no períodoentre a cis!o da social0democracia russa e a revoluç!o de )*)+B

'm "unç!o das cal:nias a que "oi sistematicamente submetido, da identi"icaç!ocaricatural do stalinismo com o leninismo, o pr<prio Trotsky n!o dei ou de nuançar a realnature(a de suas diver$%ncias com Lenin no período anterior a sua ades!o ao bolchevismo&Tratava0se do conciliacionismo ou do centrismo de Trotsky que, em todo períodoprecedente, batalhou pela unidade entre bolcheviques e mencheviques, entrerevolucion/rios e re"ormistas& 1!o "oi casual que somente em seu :ltimo e inacabadoescrito, a bio$ra"ia de Stalin, Trotsky dedicou um espaço consider/vel a este tema& =or isso,nesse arti$o, nos centramos e clusivamente nesse te to, tendo em vista esclarecer oconte:do central da pol%mica de ent!o& 2obretudo, ho#e, passados 9> anos dosepultamento de"initivo do aparato stalinista no leste europeu, #/ - che$ada a hora deree aminarmos a quest!o sem a interpenetraç!o das caricaturas do passado, para delaretirarmos as devidas lições&

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O conciliacionismo de Trotsky; sabido que Trotsky, #/ na sua #uventude, desenvolvera a tese de que somente o

proletariado russo poderia assumir o papel diri$ente em uma "utura revoluç!o nesse país&Mais ainda& Tal revoluç!o, em "unç!o da posiç!o social do proletariado, assumiria tare"as

imediatamente socialistas& 2ua concepç!o se opunha tanto a vis!o etapista menchevique0plekanoviana da necessidade de uma lon$a etapa liberal bur$uesa na :ssia, assim comoa teoria do pr<prio Lenin que acenava, ainda que temporariamente, na direç!o de um$overno oper/rio0campon%s nos marcos de uma ep:blica bur$uesa& Trotsky poderia,nesse caminho, ainda que $rosseiramente, ser caracteri(ado como 8 esquerda dos6olcheviques& 7omo e plicar, portanto, o "ato de ter batalhado t!o persistentemente pelareconciliaç!o entre bolcheviques e mecheviquesBC)D&

O pr<prio Trotsky nos e plica? em sua anti$a acepç!o, com o irromper de umaEnova evoluç!o, sob press!o das massas trabalhadoras, as duas "rações iriam dequalquer maneira ser compelidas a assumir uma posiç!o id%ntica, como o haviam "eito em)*4>F CT OT2 , 94)9, 5>ID& 'm outro lu$ar, assinala o que seria Ecalcanhar de @quilesJ doKtrotskismoJ? Eo conciliacionismo, associado 8 esperança de uma reencarnaç!orevolucion/ria do menchevismoF CT OT2 , 94)9, 5+ D& Aual seria o pressuposto te<ricodessa vis!o conciliacionista propu$nada por TrotskyB 'm que se baseava sua crença deque o menchevismo se enver$aria para posições revolucion/rias sob o in"lu o de umprocesso revolucion/rioB

'm outra passa$em, o revolucion/rio russo esclarece seus pressupostos? a E políticade conciliação crescia nas esperança de que o próprio curso dos acontecimentospudesse proporcionar a tática necessária F CT OT2 , 94)9, 5>ID& Ou se#a, na acepç!odo #ovem Trotsky, as t/ticas s!o EproporcionadasF pelo movimento, pelos acontecimentos en!o em "unç!o do ob#etivo "inal, #/ que este :ltimo - en$endrado espontaneamente pelo

primeiro& Tratava0se unicamente de "omentar um bloco 8 esquerda e, "eito isto, a realidademesma se encarre$aria do resto& T/tica e estrat-$ia, meios e "ins s!o separados por umabismo& Tanto - assim que lo$o em se$uida complementa?

Eo otimismo "atalista si$ni"ica, na pr/tica, n!o apenas rep:dio a luta "racional, mas dapr<pria ideia de um partido, porque, se o curso dos acontecimentosJ - capa( de,diretamente, ditar 8s massas a política correta, qual a utilidade de qualquer uni"icaç!o especial da van$uarda prolet/ria, da elaboraç!o de um pro$rama, daescolha de diri$entes, do prepara no espírito da disciplinaBF CT OT2 , 94)9, 5>>D&

O raciocínio empírico oculto sobre tal equívoco n!o - di"ícil de dedu(ir& 7om areaç!o que se abateu a partir de )*4* na :ssia, a tend%ncia 8 unidade a todo custo seacirrou nas "ileiras da social0democracia& 7omo e plica Trotsky? a Econtínua "ra$mentaç!odo =artido em pequenos $rupos, que travam batalhas implac/veis no v/cuo, despertou, emmuitas "rações, o desejo de acordo, de conciliação, de unidade a qualquer preço FCT OT2 , 94)9, 5>ID& =ara"raseando 6ernstein, como o movimento - tudo e o ob#etivo"inal brota espontaneamente desse movimento, a "orça das posições revolucionarias s!omedidas em "unç!o da dimens!o quantitativa do bloco que se contrapõem 8 classedominante, independente de seu pro$rama especí"ico& 1o entanto, a autocrítica de Trotsky"oi completa& Nestaca que certos Ecríticos do bolchevismo &&&P encaram o meu velhoconciliacionismo como e press!o de sabedoria& 7ontudo, o seu erro pro"undo #/ "oi h/

muito demonstrado tanto na teoria como na pr/ticaF CT OT2 , 94)9, 5>I05>>D& Tal erropro"undo consiste basicamente no se$uinte?

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Qma simples conciliaç!o de "rações s< - possível ao lon$o de uma esp-cie de linham-diaJ& Masonde há arantia de que esta dia onal possa coincidir com as

necessidades do desenvolvimento objetivo B @ tare"a da política cientí"ica -dedu(ir um pro$rama e uma t/tica de uma an/lise da luta de classes, n!o do

paralelo$ramo sempre inst/velP de "orças secund/rias e transit<rias, como "raçõespartid/rias& 1a verdade, a posiç!o da reaç!o era tal que apertava a atividade políticade todo =artido dentro de limites e tremamente estreitos& @ esse tempo, poderiaparecer que as diver$%ncias n!o tinham importRncia e eram, arti"icialmente,in"lamadas pelos diri$entes emi$rados& 7ontudo, precisamente durante o período dareaç!o, o partido revolucion/rio n!o poderia "or#ar os seus quadros semperspectivas mais amplasF CT OT2 , 94)9, 5>I05>>D&

7omo se v%, para o Trotsky p<s0)*)+, a elaboraç!o te<rica de uma política n!o sebaseia na somat<ria ou #ustaposiç!o de partidos ou "rações, n!o se "unda em uma linham-dia tace#ada na somat<ria de v/rias or$ani(ações de esquerda, mas nas Enecessidadesdo movimento ob#etivoF& =or isso se dedu( Eum pro$rama e uma t/tica de uma an/lise daluta de classesF& ; interessante notar que, se$undo Trotsky, - #ustamente em um período dereaç!o que um partido precisa "or#ar seus quadros em perspectivas mais amplas, isto -,com uma delimitaç!o pro$ram/tica clara e di"erenciaç!o permanente, no presente caso,com o menchevismo& 'videntemente, a press!o em sentido oposto "oi muito $rande& Tantoque, ao tratar da perman%ncia de 2t/lin no partido 6olchevique naquele período de vacasma$ras, assinala que, durante os anos de reaç!o, 2talin En!o "oi um entre as de(enas demilhares que desertaram do =artido, mas um entre as poucas centenas que, apesar detudo, lhe continuaram "i-isF CT OT2 , 94)9, 5>+D& 1essa altura, o partido 6olchevique quepoucos anos antes or$ani(ava de(enas de milhares, se viu redu(ido a al$umas centenas,

talve( menos& Ssto tornou a posiç!o de Trotsky mais ra(o/velB @ unidade com osmencheviques em "unç!o do redu(ido n:mero de inte$rantes do partido 6olchevique que,se$undo a met/"ora de Lenin, a -poca se assemelhava a uma Ecriança coberta deabscessosFB

Lenin pensava e atamente o oposto& 7on"orme nos e plica Trotsky, o diri$entebolchevique escreveu em )*)) que, naquele período, numerosos social0democratasEmer$ulharam no conciliacionismo, partindo dos motivos mais diversos & Mais consistenteque todos era o conciliacionismo e presso por Trotsky, por isso, "oi o :nico a procurar uma

base te<ricaJ para essa políticaF& Ssto "e( Lenin ver em Trotsky Ea maior ameaça para odesenvolvimento de um partido revolucion/rioF CT OT2 , 94)9, 5>>05> D& 7omo se nota,Lenin n!o apenas combateu as posições de Trotsky, como viu nela a principal ameaça parao desenvolvimento de um partido revolucion/rio& Mais at- que as posições e plicitamentere"ormistas dos mencheviques& 'm que se baseava um #uí(o t!o severoB

'm se$uida, Trotsky e plica a posiç!o de Lenin& E @prendemos na -poca daevoluç!oJ, escreveu Lenin, em #ulho de )*4*, a "alar "ranc%sJ, isto -, a despertar a ener$ia

e o ímpeto direto da luta de massaF& 1o entanto, o que "a(er quando a revoluç!o n!o est/na ordem do diaB Lenin prosse$ue? Ea$ora precisamos, na "ase de esta$naç!o, de reaç!o,de desa$re$aç!o, aprender a "alar alem!o, isto -, a trabalhar lentamente conquistando oterreno pole$ada por pole$adaF CT OT2 , 94)9, 5> D& 2eria este "alar alem!oJ, estetrabalhar lentamente, a política do conciliacionismo de TrotskyB Na unidade com osmencheviques no intento de "ortalecer o bloco político anti0c(arista e de colher as mi$alhas

do menchevismoB @bsolutamente n!o& 'sta era, na verdade, a posiç!o de Martov, oprincipal diri$ente Menchevique 8 -poca& =ara Martov, continua Trotsky, E "alar alem!oJ

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si$ni"icava a adaptaç!o ao semi0absolutismo russo, na esperança de que, $radualmente, seeuropei(asseJF& =or outro lado, para ELenin, a mesma e press!o queria di(er? a utili(aç!o,

com a#uda de um partido ile$al, de todas as ma$ras possibilidades le$ais, no trabalho depreparo de uma nova evoluç!oF CT OT2 , 94)9, 5> 05>+D&

7omo se v%, para Lenin, mesmo em um período de reaç!o, as tare"as le$ais e

ile$ais s!o hierarqui(adas pelo Etrabalho de preparo de uma nova evoluç!oF e n!o em umacumular "orças de modo indeterminado& =ara melhor alçarmos o sentido desse "alar alem!oJ de Lenin, assim como seu rechaço a toda e qualquer conciliaç!o, - esclarecedor aspalavras de Trotsky a respeito da t/tica de Lenin "rente as eleições da NQM@,particularmente no que di( respeito a relaç!o entre partido 6olchevique e Mecheviquenesse processo& Ueito isso, podemos distin$uir com clare(a o abismo entre a concepç!oque procura e trair as t/ticas dos acontecimentos do dia que passa e 8quela que, semdesconsider/0los, dedu( um Epro$rama e uma t/tica de uma an/lise da luta de classesF, isto-, das Enecessidades do desenvolvimento ob#etivoF&

! posição de "enin diante das eleiç#es da $%&!

2e Lenin re#eitava a unidade entre bolcheviques e mencheviques tal como de"enderaTrotsky, qual seria sua posiç!o diante do processo eleitoral da NQM@B 1esse caso, seriaele adepto do bloco eleitoral em "unç!o da "ra$mentaç!o do movimento revolucion/rio russoe, particularmente, da dr/stica reduç!o num-rica do partido 6olcheviqueB @ssim Trotskyresume a plata"orma eleitoral 6olchevique?

Os bolcheviques empenharam0se na luta eleitoral separados dosliquidadores mencheviquesP,e contra eles & Os oper/rios deviam reunir0se sob a

bandeira das tr%s principais palavras de ordem da revoluç!o democr/tica? arep:blica, a #ornada de oito horas e a con"iscaç!o dos domínios territoriais& Libertar os pequenos bur$ueses democratas da in"lu%ncia dos liberais, arrastar oscamponeses para o lado dos oper/rios 0 tais eram as principais ideias da plata"ormaeleitoral de Lenin& CT OT2 , 94)9, 5* D

Mesmo no processo eleitoral, em meio a uma ditadura autocr/tica, os bolcheviquesn!o apenas marchavam separados dos mencheviques, mas contra eles& E'ner$icamente,combateu os liquidadores durante a campanha a "im de ter os seus pr<prios deputados?tratava0se de asse$urar um importante ponto de apoioF CT OT2 , 94)9, 5**D& Teria Leninlutado t!o ener$icamente contra os mencheviques a "im de conse$uir mais deputadosB2em d:vida, os deputados bolcheviques seriam Eum importante ponto de apoioF, no entanto,Etoda a sua política orientava0se para a educaç!o revolucion/ria das massas& @ luta dacampanha eleitoral nada representava para ele se, ap<s, os deputados social0democratas,na Numa, permanecessem unidosF CT OT2 , 94)9, 5**D& Ou se#a, o crit-rio "undamentaln!o era a eleiç!o de deputados, tampouco a quantidade total de votos, mas a educaç!orevolucion/ria das massas, o que apenas pode ter como centro a clara distinç!o dasposições dos mencheviques& 'm resumo? Eprocurava proporcionar aos oper/rios todas asoportunidades 3 a cada passo, com cada ato 3 para convencerem0se de que nas questões"undamentais os bolcheviques distin$uiam0se nitidamente de todos os demais $rupospolíticosJ E& CT OT2 , 94)9, 5**0I44D&

Mas e iste ainda outro aspecto "undamental, lar$amente e plorado por Trotsky emsua autocrítica das posições de #uventude em "avor das posições bolcheviques& @l-m de ter

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sustentado uma posiç!o conciliacionista, ao pressupor que a luta condu( por si mesma 8posições revolucion/rias, Trotsky n!o deu o peso devido a base social dos respectivospartidos& Ni( ele que o Ebolchevismo contava com a van$uarda revolucion/ria doproletariado e ensinou0lhe como arrastar atr/s de si o campon%s pobre& O menchevismocontava com a aristocracia oper/ria e inclinava0se para a bur$uesia liberalF CT OT2 ,

94)9, 5+ 05++D& Muito embora n!o e ista um vínculo necess/rio e individuali(ado entre acomposiç!o social e o pro$rama político, este "ator produ( inclinações em con"ormidadecom as pr<prias características dos setores sociais envolvidos& 1!o sem ra(!o, para Lenin,o processo eleitoral era tratado prioritariamente em "unç!o de seu trabalho na classeoper/ria& 'ra nesse setor social que os bolcheviques escolhiam os seus candidatos eavaliavam sua in"lu%ncia& Tanto - assim que, ap<s a eleiç!o da quarta NQM@, os Esetemencheviques, quase todos intelectuais, procuravam colocar os seis bolcheviques,oper/rios com pequena e peri%ncia política, sob seu controleF& Niante disso, a posiç!o deLenin "oi a se$uinte? se Etodos os nossos seis s!o oriundos dos distritos oper/rios, n!odevem se submeter em sil%ncio a um $rupo de siberianosF CT OT2 , 94)9, 5*VD& Ossiberianos se tratavam, como - sabido, predominantemente de intelectuais&

=or "im, a autocrítica das posições do #ovem Trotsky e a síntese das lições e traídasda atuaç!o dos bolcheviques naqueles anos entre )*4* 8 )*)9, em que o partido passarade um restrito a$rupamento de militantes a uma "orte inserç!o na classe oper/ria, - assimresumida?

ETodos $rupos hostis ao bolchevismo 3 os liquidadores, os renuncistas, todas asmati(es de conciliadores 3 mostraram0se absolutamente incapa(es de lançar raí(esna classe oper/ria& Naí Lenin tirou a sua conclus!o? Qnicamente no curso da lutacontra tais $rupos pode o verdadeiro =artido 2ocial0Nemocrata dos oper/riosconstituir0se na :ssiaJ CT OT2 , 94)9, I9>D

'onsideraç#es (inais

7omo se v%, apesar do #ovem Trotsky estar, desde o começo e em nossa opini!o,correto a respeito do car/ter e su#eito social da revoluç!o russa, apesar de ter escrito umadas mais brilhantes an/lises particulares de um processo revolucion/rio 3 A revolução de1905 3, apesar de ter se revelado muito precocemente um $rande orador de massas, assimcomo propa$andistaW sua posiç!o política se situa entre o menchevismo e o bolchevismo&Sndependente da maior ou menor #uste(a de v/rias de suas posições, mesmo em relaç!oaos bolcheviques, de nada valeriam se, na sua e"etividade, se apresentassem mescladasem uma linha m-dia de um a$rupamento político que con$re$a em seu seio revolucion/riose re"ormistas&

; evidente que os bolcheviques tiveram % ito porque conse$uiram corri$ir a tempoos limites de um pro$rama que acenava unicamente na direç!o de uma rep:blicademocr/tica& 1o entanto, n!o teriam sequer a chance de se corri$ir, se n!o estivessem"ortemente enrai(ados na classe oper/ria, com uma or$ani(aç!o autXnoma epolaro$ramaticamente independente& 1!o apenas separados dos mencheviques, mas,sobretudo, Econtra elesF&

1OT@2

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C)D 7abe lembrar que, muito embora, "ormalmente, se tratasse de "rações do =artidoOper/rio 2ocial0Nemocrata usso, na realidade eram partidos di"erentes, com seusn:cleos diri$entes e estruturas independentes& @inda que tenha ocorrido tentativasde reconciliaç!o mani"estas na reali(aç!o de con$ressos em comum e, mesmo, por um curto período, a criaç!o de um collegium do 7omit% 7entral que con$re$ava

membros de ambas as "rações&

'U' Y17S@2

T OT2 , LeonW 7OGGSOL@, OsZaldo& 2talin? 6io$ra"ia 3 'studo preliminar de OsZaldo7o$$iola& 'ditora Livraria da Uisica, 94)9, 2!o =aulo&