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O Lúdico Como Estratégia Pedagógica no Ensino de ...€¦ · transformar o espaço geográfico, cada vez mais deixou de depender dos astros como instrumentos de orientação e

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O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NO ENSINO DA

ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO

Claudilei Luiz Costa1

Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes2

Resumo: O papel da escola é fundamental para que o aluno construa

conhecimentos, e para compreender a sociedade em que vive, podendo,

principalmente, interagir nela. Desta maneira, durante as aulas de Geografia, é

importante levar o aluno a perceber-se como sujeito atuante e modificador de

seu espaço. Para isso é necessário que ele aprenda a se orientar e localizar

espacialmente e a realizar uma leitura significativa e crítica das suas

representações, dentre elas, os mapas. O papel do professor é fundamental

nesse processo, sobretudo na organização didática da aula. É importante

poder dispor de diferentes metodologias e recursos didáticos, sendo importante

também a incorporação do lúdico. É nesse contexto, que a presente pesquisa

foi realizada, tendo como objetivo a elaboração de propostas metodológicas

para contribuir na construção dos conceitos e habilidades de orientação e

localização, por meio de atividades lúdicas que possam contribuir para uma

aprendizagem mais significativa aos alunos, contribuindo na formação de uma

base para uma futura leiturização de mapas. O desenvolvimento da pesquisa

se deu por meio de uma pesquisa-ação, combinando um conjunto de

atividades, com o registro, sistematização e análise de dados. Os resultados

indicaram que o desenvolvimento do conceito de lateralidade é mais complexo

para o aluno, no que diz respeito à orientação nas atividades variadas que

levem o aluno a refletir sobre o mesmo, faz superar suas dificuldades e neste

sentido, as atividades corporais e de representação são importantes. No que

diz respeito à localização, antes da exploração do mapa, também é

fundamental que o aluno compreenda a lógica das coordenadas, e as

atividades lúdicas são um recurso importante a ser explorado pelo professor.

Palavras Chaves: Orientação; localização; Mapas; lúdico.

Abstract: The role of the school is fundamental so that the student builds

knowledge, and to understand the society in which he lives, being able, mainly,

to interact in it. Thus, during Geography classes, it is important to get the

student to perceive himself as an active and modifying subject of his space. For

this, it is necessary that he learn to orient himself and locate especially and to

make a meaningful and critical reading of his representations, among them, the

maps. The role of the teacher is fundamental in this process, especially in the

didactic organization of the class. For this, he can have different methodologies

and didactic resources, being important also the incorporation of the ludic. It is

in this context that the present research was carried out, aiming at the

elaboration of methodological proposals to contribute in the construction of the

1 Professor da Rede Estadual de Educação do Paraná, Escola Estadual Carmela Bortot. Participante do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE)2016. 2 Professora Orientadora Doutora – Departamento de Geografia Da Universidade Estadual do Centro- Oeste (UNICENTRO). Orientadora no Programa de Desenvolvimento Educacional

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concepts and skills of orientation and location, through play activities that can

contribute to a more meaningful learning to the students, contributing in the a

basis for future mapping. The research was developed through an action

research, combining a set of activities, with the registration, systematization and

data analysis. The results indicated that the development of the concept of

laterality is more complex for the student, with respect to the orientation in the

varied activities that lead the student to reflect on the same, makes overcome

their difficulties and in this sense, the corporal activities and representation are

important. Regarding the location, before the map is explored, it is also

fundamental that the student understands the logic of the coordinates, and the

ludic activities are an important resource to be explored by the teacher

Keywords: Orientation; location; Maps; ludic.

INTRODUÇÃO

A disciplina de Geografia, conforme nos relata as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná (DCEs, 2008,

p.68)procura contribuir "com a formação de um aluno capaz de compreender o

espaço geográfico, nas mais diversas escalas, e atuar de maneira crítica na

produção sócio espacial do seu lugar, território, região, enfim, de seu espaço."

Neste sentido, o papel da escola é fundamental para que o aluno

construa conhecimentos, e que possa não só compreender a sociedade em

que vive, mas principalmente possa nela interagir.

As DCEs (2008, p. 21) nos clareiam da seguinte forma “entende-se a

escola como espaço do confronto e diálogo entre os conhecimentos

sistematizados e os conhecimentos do cotidiano popular”.

Sendo assim, podemos nos perguntar qual é a concepção do ensino de

Geografia? O que esperar do Ensino de Geografia no Ensino de fundamental?

Yves Lacoste, no seu livro: A Geografia, Isso Serve, em Primeiro Lugar,

Para Fazer a Guerra (1976), procurava nos levar a refletir sobre a Geografia

dos que detém o poder e a Geografia dos professores. Enquanto os primeiros

compreendem a importância estratégica da geografia, na escola ainda perdura

a geografia de fatos e coisas isoladas, de descrições desinteressadas.

Passados 40 anos, a geografia escolar buscou romper com a geografia dos

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professores, tornando-a mais crítica, mas ainda há muito que ser feito. Bem, a

geografia estuda o espaço geográfico, e como ensinar sobre o espaço

geográfico?

A geografia para entender o espaço geográfico precisa também

entender as nuances que levam a organização e reorganização desses,

levando-se em conta, principalmente, a ação da sociedade, é por isso que ela

entende-se como uma ciência social.

Então, chegamos à conclusão que é preciso levar o aluno a perceber-

se como sujeito atuante e modificador de seu espaço, e nesse sentido diz-se

que para a Geografia não basta ler o mapa é preciso ler o mundo. O que não

significa prescindir deles, mas produzi-los, lê-los e interpretá-los com vistas a

entender o espaço geográfico próximo e distante.

Sobre isso, Castrogiovanni(200, p. 7) nos diz que: “para a leitura de um

mundo, cada vez mais globalizado, é fundamental a compreensão dos mapas,

instrumentos que traduzem o espaço geográfico em forma de síntese.” Nesse

sentido, a importância da alfabetização cartográfica no ensino de geografia,

como meio de oferecer aos educandos instrumentos de leitura do espaço

geográfico. Entre os conceitos necessários a essa alfabetização estão a

orientação e a localização, bem como produção e a leitura de mapas.

Os mapas são neste aspecto aliados da compreensão da organização

espacial, das suas mudanças e instrumentos instigantes para questionar o

porquê delas e o que está por trás dos ordenamentos espaciais.

Alfabetizar cartograficamente é ter isso em conta, assim como

compreender a construção das relações espaciais na criança. É nesse contexto

que se insere a presente pesquisa, cujo objetivo é a elaboração de propostas

metodológicas para a construção pelos alunos dos conceitos e habilidade de

orientação e localização, por meio de atividades lúdicas.

Nesse intuito, realizou-se uma pesquisa-ação com crianças da

educação básica de uma escola pública no município de Pato Branco, PR. Os

resultados estão apresentados neste artigo em três partes. Na primeira, faz-se

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uma reflexão teórica do tema, na segunda, descreve-se os procedimentos

metodológicos e, na terceira, e última parte, os resultados e discussões.

1. REFERENCIAL TEÓRICO -ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO

No que tange a orientação e localização geográfica Silva (2006, p.

140), se apoiando em Piaget (1993), afirma que a criança não nasce com a

noção de espacialidade, ela adquire a partir de seu tempo de vida.No início terá

apenas noções de perto e longe, dentro e fora, e à medida que ela amadurece

cognitivamente vai desenvolvendo outras capacidades, tais como:

representatividade, descentralização e reversibilidade, além de esquerda e

direita, em cima e embaixo, entre outras. Somente após os 10 anos é que a

criança terá noção de altura, comprimento, horizontalidade e verticalidade que

são de extrema importância para a noção de orientação e localização.

Ao alcançar os 12 anos, ela já compreende as relações espaciais

abstratas, daí sua condição de entendimento dos elementosfigurados nos

mapas, mesmo sem conhecer o espaço real ali representado. Isso não quer

dizer que o aluno deve iniciar o seu aprendizado de trabalhar com mapas após

os 10 anos e sim que o professor deve ter em consideração o desenvolvimento

cognitivo da criança para o ensino desta representação, já que isso implicará

na sua melhor compreensão (SILVA, 2006).

Diante disso, é preciso que se desenvolva as habilidades de

localização e orientação como um dos elementos para que o educando melhor

desenvolvaa sua capacidade de leitura de mapas.

Muitas vezes, depara-se nos livros didáticos, com o desenho clássico

de uma criança de frente para o sol, no sentido de dar a ela elementos para

orientação. Essa é uma referência interessante, porém, é preciso reconhecer

que essa não é a única possiblidade, afinal desde que a humanidade passou a

transformar o espaço geográfico, cada vez mais deixou de depender dos astros

como instrumentos de orientação e localização e passou utilizar de tecnologias

(da bússola aos Global Positioning System - GPS, este último cada vez mais

acessível ao cidadão) ou mesmo, endereços, cruzamentos, edificações etc.

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Então, vale salientar que o sol é uma referência, mas não é o único elemento

de orientação.

Orientar-se, portanto, é ter noção espacial por meio de uma referência

que pode ser os elementos da natureza, como os astros (o sol, a lua, as

estrelas) ou por elementos culturaisproduzidos pelo homem, como edificações

urbanas ou representações do espaço, como um mapa.

A localização por sua vez, refere-se ao local em que se está, ou se

pretende chegar.Para localizar-se o sujeito necessitado conhecimento de sua

posição, que pode se dar fisicamente elementos da paisagem natural ou

cultural) ou por meio de uma representação (mapa). Também pode ser

mediada por uma tecnologia como os GPS. Nesse contexto orientação e

localização estão imbricados.

Para que o aluno aprenda a se orientar e localizar espacialmente é

importante que ele seja motivado a compreender como utilizar referenciais

espaciais para se mobilizar no espaço, assim como, a ler representações, tais

como os mapas,que os ajudem no mesmo propósito.Para a leitura de mapas

se faz necessário que o educando tenha um “letramento cartográfico”, ou seja,

que ele entenda o mapa como uma linguagem e consiga interpretar os seus

símbolos e significados. Como nos afirma Kimura (2010, p.113):

A representação espacial leva à construção de linguagens a exemplo dos mapas. Daí que elas precisam ser compreendidas em si e, ao mesmo tempo, comoinstrumentalizações. Escrever e ler graficamente o espaço faz parte do processo de produção de significados.

O papel do professor é fundamental nesse processo, sobretudo na

organização didática da aula. Nesse contexto, o mesmo pode dispor de

diferentes metodologias e recursos didáticos, sendo importante também a

incorporação do lúdico (SANTOS, COSTA & KIN, 2010, p. 56). Dentre os

recursos lúdicos, estão os jogos e brincadeiras.

Os jogos e brincadeiras podem auxiliar a criança na interação como ser

social, além de estimular a criatividade, a criticidade e até mesmo o raciocínio

lógico, como nos afirmam Castellar e Vilhena (2010, p. 44):

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A relevância de se trabalhar nesta perspectiva como didática da educação geográfica é grande, na medida em que auxilia o desenvolvimento intelectual do aluno, que, aprendendo melhor, vivencia as atividades e é colocado em situação de desafio, organizando esquemas e raciocinando sobre o conteúdo em questão.

Considerando essas reflexões, a presente pesquisa, conforme será

verificado ao longo desse artigo, buscou aliar o ensino da orientação e

localização para leitura e interpretação de mapas com a metodologia ativa,

voltada para o lúdico, com vistas a problematizar a importância da interação e

afetividade no processo de aprendizagem do aluno.

2. METODOLOGIA

O desenvolvimento da pesquisa se deu por meio de uma pesquisa-

ação, combinando um conjunto de atividades (quadro 01), com o registro,

sistematização e análise de dados. A pesquisa foi realizada com 25 alunos do

Colégio Estadual Carmela Borlot, Pato Branco, Paraná.

Quadro – 1: Síntese das atividades realizadas

ATIVIDADE OBJETIVO TOTAL DE AULAS

Conhecendo a Turma Diagnóstico para conhecer os alunos e as referências espaciais e que possuem.

01

Desenvolvendo a Lateralidade

despertar ou aperfeiçoar nos alunos a sua própria lateralidade, procurando aliar ao conteúdo sistemático da disciplina que trata de lugar, paisagem e espaço.

03

Entendendo a lateralidade de forma espelhada.

Verificar a lateralidade individual dos educandos com um enfoque sobre a lateralidade espelhada

03

Orientação Auxiliada Perceber no educando como é a sua noção de passar orientação, aceitar orientação e a sua capacidade de profundidade e anterioridade

03

Os Pontos Cardeais, a Rosa dos Ventos e A Bússola

Relembrar os pontos cardeais e a Rosa dos Ventos e suas utilizações na bússola.

03

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Coordenadas Geográficas

Mostrar aos alunos o que são Coordenadas Geográficas e sua utilização.

03

Encontre o tesouro e desenhe seu caminho

Utilizar os conhecimentos adquiridos de orientação, localização e espacialização para a elaboração e leiturização de mapas

06

Organização: Autores, 2017

3. Resultados e Discussões

3.1. ATIVIDADE 1 – CONHECENDO A TURMA

Iniciou-se a pesquisa por meio do diagnóstico da turma escolhida para

implementação do projeto. Trata-se de 24 crianças, com faixa etária entre 10 e

12 anos (gráfico 1), provenientes de várias localidades do município (gráfico

02) com predomínio da área urbana.

Gráfico 1 – Idade dos alunos

Gráfico 2 – Local de moradia dos alunos.

17%

50%

33%

10 ANOS

11 ANOS

12 ANOS

Fonte: Pesquisa empírica do autor, 2017

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Em relação as condições econômicas, trata-se de alunos pobres ou

classe média baixa (Projeto Político Pedagógico da escola, 2014), indicado

também pelo acesso a eletrodomésticos e a fontes de informação (gráfico 03 e

04). As famílias dispõem de recursos domésticos básicos, mas apenas 36%

têm acesso a variedade de fontes de informação como TV por assinatura e

acesso a filmes. A maioria tem acesso à internet (89%).

Gráfico 3 – Acesso a eletrodoméstico e eletrônicos das famílias dos alunos.

16%

84%

RURAL

URBANA

100% 100%

79,16%83,33%

79,16%

95,83%

0 0

20,83%16,66%

20,83

4,16%

0

20

40

60

80

100

120

Fogão Geladeira TV DVD Rádio Maq. De LavarRoupas

Possui Não Possui

Fonte: Pesquisa empírica do autor, 2017.

Fonte: Pesquisa empírica do autor, 2017.

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Gráfico 4 – Fonte de acesso a informação pelos alunos

Em relação a distância da moradia em relação a escola (Gráfico 05),

45,83% moram a menos de 5 km, 25% entre 5 e 10 km, 4,16%, entre 10 e

15km 4,16% e mais de 15Km 8,33%. O que chama atenção é que quase 17%

não sabem ou não responderam a distância entre sua casa e a escola, outro

fato bastante interessante foi perceber que, os que moram perto da escola,

poucos vem para a mesma a pé (20,83 %) ou de bicicleta (16,67%), conforme

gráfico 06. A maioria vem de ônibus (37,5%) ou de veículo particular (25%).

Gráfico 5 – Distância da residência dos alunos em relação a escola

Gráfico 6 - Como os alunos se locomovem da casa para a escola.

8.33%12.50%

37.50%

91.67%87.50%

62.50%

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Assinatura de Jornal Assinatura de revista TV por assinatura

Possui Não Possui

45,83%

25%

4,16%

8,33% 8,33% 8,33%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Menos de 5KM

Entre 5 e 10KM

Entre 10 e 15Km

Mais de 15 Km Não sabe Nãorespondeu

Nº de alunosFonte: Pesquisa empírica do autor, 2017.

Fonte: Pesquisa empírica do autor, 2017.

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Na questão em que perguntava sobre os bairros da cidade que

conheciam apenas 3 alunos (12,5%) disseram não conhecer, 10 (41,6%)

nominaram entre dois e quatro e 11(45,83%) nominaram mais de 5 bairros.

Questionados sobre se já haviam viajado para fora do município,

quantas vezes e se sabiam nominar os lugares, apenas 3(12,5%) responderam

nunca ter viajado, os demais (87,5%) disseram já ter viajado e nominaram

alguns lugares para os quais haviam viajado.

Nas questões específicas sobre o conhecimento e uso de mapas ou

GPS, apenas 1 aluno (4,16%) já havia manuseado um mapa, e segundo ele, foi

o mapa do município de Pato Branco e com o objetivo de localizar seu

bairro.Os outros 23(95,83%) disseram nunca ter manuseado um mapa. Sobre o

conhecimento de uso de GPS no celular pela família, 16 alunos (66,67%)

responderam que não usavam, e 8(33,33%) disseram que alguém da família

usa e, desses, 5(62,5%) disseram ter verificado como se faz para usar o GPS,

enquanto 3(37,5%) responderam que não.

Quando convidados a expressar a sua opinião sobre o uso de mapas,

21(87,5%) responderam que servia para se localizar e 3(12,5%) não souberam

responder à questão.

Essas informações foram importantes para verificar as possibilidades

que possuem para desenvolver a orientação espacial por meio da observação

e mobilidade espacial.

3.2. ATIVIDADE 2 – DESENVOLVENDO A LATERALIDADE

20.83%

16.67%

25%

8.33%

37.5%

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

35.00

40.00

A pé De bicicleta De carro De van De ônibus

Tipo de locomoçãoFonte: Pesquisa empírica do autor,2017.

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Utilizou-se nesta atividade, três aulas, sendo assim distribuídas: uma

aula explicativa para que o aluno entendesse o que é lateralidade, sua

importância para a sua locomoção e percepção do espaço e ainda, como se

analisar uma paisagem.Atividade desenvolvida com a exposição de imagens

de espaços que a maioria conhecia, aquelas divulgadas pela mídia e muito

acessadas pela população (quadro 01).

Quadro 1 – Imagens de localidades em Pato Branco - Paraná

Praça Municipal

Fonte: http://www.patobranco.pr.gov.br/noticias/praca-presidente-vargas-ganha-internet-livre/

Largo da Liberdade

Fonte:http://www.portal1010.com.br/site/noticia/complexo-esportivo-largo-da-liberdade

Kartódromo Municipal

Fonte:https://pedrosenna.wordpress.com/category/uncategorized/page/25/

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Rua Tocantins

Fonte: http://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2014/12/rua-de-pato-branco-tem-desvio-para-arvore-ameacada-de-extincao.html

Universidade Tecnológica

Federal

Fonte: https://www.diariodosudoeste.com.br/noticia/utfpr-completa-dez-anos-e-projeta-crescimento

Ponte entre os municípios de Pato Branco e Coronel Vivida

Fonte: http://www.patobranco.com/ver-noticia/8019-trecho-entre-pato-branco-e-coronel-vivida-tem-mais-um-radar

Organização: Autor, 2017.

Também foram utilizadas fotos de espaços não muito conhecidos

(quadro 2), representando espaços rurais. Foi solicitado aos alunos que

identificassem, se eram paisagens naturais e/ou culturais, elementos que se

encontravam a direita e esquerda na imagem, e ainda, o que havia sido

modificado pela ação do homem para atender as suas necessidades.

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Quadro 2 – Imagens de localidades rurais em Pato Branco – Paraná

Chácara

Familiar

Fonte: http://imonov.novon.com.br/upload/imoveis/g_387081.jpg

Fazenda

Fonte: http://imonov.novon.com.br/upload/imoveis/g_863536.jpg

Organização: Autor, 2017.

No debate houve destaque para as modificações feitas e as formas de

adaptar o local de acordo com a necessidade do homem. Neste momento eles

foram convidados a refletirem sobre o que é realmente necessário e a forma

como o homem procura adaptar o lugar onde vive, por meio do trabalho

(Almeida e Passini, 2010). Sobre a produção do espaço, foi problematizado

sobre os equipamentos disponíveis a população e sobre a apropriação dos

mesmos. Neste momento um dos alunos destacou: “eu não uso o Kartódromo”

(K). Aproveitando essa manifestação, foi possível problematizar com eles que

há evidentemente, prioridades de uso coletivo na cidade e aquelas que atende

a um ou mais grupos sociais, daí a importância de a população participar das

decisões sobre a instalação dos equipamentos públicos.

Conforme os alunos foram fazendo a leitura das imagens, juntamente

com a discussão sobre a paisagem, foi sendo explorado com eles o

desenvolvimento da lateralidade. A atividade foi mais específica na aula

seguinte.

A segunda aula deu-se com uma brincadeira que consistia numa

atividade física de levantar o braço direito/esquerdo e virar-se para direita e

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para a esquerda, observando pontos de referências quando olhassem para o

local indicado (figura 1).

Figura 1 – Alunos praticando a lateralidade

Nesta atividade percebeu-se que muitos alunos realmente

apresentavam dificuldades no domínio de lateralidade (direita/esquerda) e

ficavam sempre olhando o movimento do colega para saber para onde virar,

e/ou virava para o lado contrário do indicado.

Sobre essas dificuldades Almeida e Passini (2010, p. 39) afirmam que:

“Essa questão da lateralidade deve ser considerada devidamente pelo

professor ao trabalhar noções de orientação para levar à descentralização

necessária ao entendimento de referenciais geográficos”. É no exercício,

mediado pelo professor, que a dificuldade poderá ser superada com mais

eficiência. Na medida em que foram estimulados a realizar a orientação em

conjunto com os colegas, foi possível também identificar que não é uma dúvida

individual, isso além de tranquilizar os alunos, favoreceu a descontração. Esta

foi incentivada pelo professor como mecanismo para favorecer a superação

das dificuldades. A repetição das ações se deu até que todos conseguiram

entender o conceito de direita-esquerda corporal.

No que tange à identificação frente/atrás não percebeu-se grandes

dificuldades e a atividade desenvolveu-se sem maiores contratempos e com

grande participação dos envolvidos. Já se esperava esse resultado, uma vez

que Almeida e Passini (2010) afirmam que as relações espaciais topológicas

Fonte: Pesquisa empírica do autor, 2017

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elementares, frente, atrás, perto e longe, são as primeiras a serem adquiridas

pelas crianças. Além disso, no cotidiano são usadas com frequência.

Na terceira aula eles tiveram que analisar uma figura (quadro 3) e dizer

quais eram os objetos à esquerda, à direita, acima e abaixo, com o intuito de

verificar como havia sido o aprendizado dos mesmos, mas desta vez por meio

de uma representação. Isso é importante, pois uma dimensão do aprendizado

é a aprendizagem corporal, a outra é a descentralização por meio da análise de

objetos ou de representações. Nessa atividade, 25 alunos estavam presentes

e, destes, 21(84%) acertaram todas as questões e dos 4(16%) que não

acertaram 3 acertaram as direções cima e abaixo e erraram as direitas e

esquerdas, e 1 aluno não respondeu nenhuma das questões [trata-se de um

aluno com deficiência que exige atendimento diferenciado. Neste caso, quando

fez em separado da turma, ele acertou todas as questões. Com os resultados

apresentados se evidenciou a importância do exercício corporal que antecedeu

a atividade com a representação. Quando lhes foi devolvido a atividades para

verificarem seus acertos e erros, aqueles que apresentaram dificuldade,

tiveram condições de reavaliar e identificar os equívocos.

Quadro 3 – Atividade respondida pelos alunos.

Analise as figuras abaixo e responda as questões.

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Quais objetos estão a direita e esquerda da menina? Quais estão em cima e embaixo?

Quais as construções que estão à direita da menina e quais estão à esquerda? Quais estão à frente e atrás?

Fonte: Pesquisa empírica do autor,2017

3.3 ATIVIDADE 3 – Entendendo a lateralidade de forma espelhada.

A atividade iniciou com uma retomada sobre o assunto lateralidade,

fazendo uma ressalva que a direita ou esquerda de um, nem sempre é a do

outro, mas sem muito aprofundamento, apenas com o intuito de despertar a

curiosidade dos alunos.

Em seguida, os alunos foram levados para um espaço fora da sala de

aula, onde o professor ficava em frente a turma, falava direita e esquerda,

levantando o seu braço, o que levou a alguns alunos a cometerem erros, pois

procuravam levantar o braço do mesmo lado que o do professor, sem perceber

que ele estava de frente para a turma o seu braço direito ou esquerdo não

ficava do mesmo lado que o deles, quando lhes foi chamado a atenção sobre o

fato e que deveriam pensar a atividade a partir deles e não do professor,

começaram a fazer corretamente.

Então formaram duplas e brincaram de direita e esquerda e

desenvolverem a sua própria lateralidade de forma espelhada (figura 3).

Figura 3 – alunos praticando lateralidade espelhada.

Fonte: Pesquisa empírica do autor.

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O objetivo era que os alunos explorassem o posicionamento de objetos

a partir de si próprio (ALMEIDA E PASSINI, 2010)

Na aula seguinte foi aplicado novamente um exercício, com desenhos

em que os alunos precisavam escrever os objetos e as edificações que se

apresentavam à direita, esquerda, cima, baixo, frente e atrás (quadro 4).

A diferença agora, era que embora os desenhos fossem quase iguais

ao anteriormente trabalhado (atividade 2), nesse, a personagem (menina)

estava em posição contrária, ou seja, se antes ela estava de frente, agora

estava de costas.

O objetivo dessa atividade era perceber se os alunos tinham entendido

o conceito de lateralidade e a sua atenção nos detalhes do desenho. Do total

de alunos que fizeram a atividade 96% acertaram o exercício, e 4% se

equivocou. O procedimento com o aluno com deficiência foi o mesmo do

anterior, ou seja, obteve atendimento individual e conseguiu finalizar a

atividade.

Quadro 4 – Atividade desenvolvida pelos alunos

Analise as figuras abaixo e responda as questões.

Quais objetos estão a direita e esquerda da menina? Quais estão em cima e em baixo?

Quais as construções que estão à direita da menina e quais estão à esquerda? Quais estão à frente e atrás?

Fonte: Pesquisa empírica do autor

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3.4 ATIVIDADE 4 – Orientação auxiliada.

Essa atividade buscava verificar no aluno a capacidade de passar e

receber orientação, tendo como base Almeida e Passini(2010) que defendem

que, para desenvolver a capacidade de leitura de mapas é preciso se ter uma

noção clara de orientação e localização sobre o espaço para poder entender as

informações contidas no mesmo, citam Hannoun(1977) ao afirmarem que “...da

análise da posição dos objetos com relação a ela, à análise da posição dos

objetos com relação a outros objetos....” reforçam ainda que “ao conceber a

posição dos elementos em espaços cada vez mais amplos, a criança utiliza

estruturas de relações espaciais que vão além das topológicas elementares.”

Para o desenvolvimento da atividade se fez necessário três aulas, onde

na primeira falou-se sobre perceber objetos e calcular a distância dos mesmos

procurando determinadas referências como a mesa do professor, a porta da

sala, a sua própria mesa, com alguns exercícios práticos que consistia em

questionar o aluno sobre qual era a distância da sua carteira para a mesa do

professor, para a porta e em relação a outro colega; depois da resposta media-

se a distância para verificar se estava próximo ou distante da imaginada por

ele. No início foram erros bem significativos, mas em pouco tempo eles

começaram a calcular distâncias mais aproximadas.

Num segundo momento, foi colocado um aluno que nominado de A e

foi colocado no fundo da sala de aula. Esse teve os olhos vendados e, em

seguida, outro aluno precisava lhe indicar o caminho que ele precisava fazer

para chegar até a porta.

Essa atividade foi interessante para os alunos perceberem a

importância da lateralidade e profundidade na hora de fornecer ou receber

informações sobre localização e orientação.

Em seguida, foi organizado a turma em cinco equipes e explicado

sobre um jogo que eles iriam participar onde cada equipe deveria levar um

colega com os olhos vendados a uma certa distância, apenas passando a

orientação do caminho a seguir, mas durante o percurso havia vários objetos

impedindo a circulação. Na terceira aula foi necessário fazer alterações no

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plano, uma vez que nesse dia choveu e a quadra da escola é descoberta, por

isso, mudou-se de jogo para brincadeira, onde os alunos apenas precisavam

vendar os olhos do colega e conduzi-los por entre mesas e cadeiras (figura 5).

Figura 5 – Alunos conduzindo seus colegas através de obstáculos.

Ao concluírem a atividade os alunos perceberam que a atividade feita

em sala de aula é utilizada também no dia a dia, apenas eles não haviam

percebido.

3.5 ATIVIDADE 5 - Os Pontos Cardeais, a Rosa dos Ventos e a Bússola

Essa atividade necessitou de três aulas. A primeira foi uma retomada

do assunto orientação e os pontos cardeais.Muitos demonstraram terem

memorizado os pontos cardeais, mas nem todos sabiam como utilizar esse

conhecimento para uso no cotidiano.

Figura 6- Alunos desenhando a Rosa dos Ventos.

Fonte: Pesquisa empírica do autor,2017

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Na segunda aula, os alunos foram convidados a desenharem uma rosa

dos ventos (figura6) com o intuito de auxiliá-los a memorizar os pontos cardeais

e, após a execução, a ficarem um de frente para o outro e posicionarem seus

desenhos tendo como referência a rosa dos ventos.

Ao serem instigados a apontar os pontos, perceberam que, mesmo

estando de frente um para outro, agora eles apontavam para a mesma direção.

Ou seja, a direção da rosa dos ventos não muda porque o corpo está em

posição diferente, afinal sua definição tem como referência o sol e a Terra e,

não o nosso corpo. Por isso, a rosa dos ventos precisa estar na posição correta

para usá-la como fins de orientação em um mapa.

Na terceira aula os alunos tiveram a oportunidade de manusear uma

bússola e perceberem a rosa dos ventos na mesma, além de aprenderem a

usá-la.

A maioria dos alunos nunca havia pego uma bússola na mão, muitos

perguntaram porque quando mexia com a bússola a agulha também mexia. Foi

lhes explicado que devido a agulha ser imantada (possuir um imã) ela é atraída

pelos polos magnéticos da Terra. Após o manuseio e a explicação eles foram

convidados a, em grupos, usarem a bússola (figura 7).

Figura 7 – Alunos usando a bússola.

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Essa atividade foi importante para os alunos entenderem os diferentes

instrumentos e recursos de orientação existentes e sua aplicação em

atividades humanas, como a navegação e transporte aéreo. Na cidade, não

usamos bússola, muitas vezes é nossa experiência de observação e

locomoção que nos ajudam na locomoção e, para lugares que não

conhecemos podemos dispor de um GPS no celular, geralmente acoplados

com mapas.

3.6 ATIVIDADE 6 – Coordenadas geográficas.

Essa atividade tinha como objetivo mostrar aos alunos as coordenadas

geográficas e a sua utilização para a localização e orientação, para tanto

utilizou-se três aulas.

Na primeira aula mostrou-se imagens com o esquema das

coordenadas, desenhou-se no quadro para eles perceberem as coordenadas,

identificando algumas como principais, levando-os a perceberem que é através

das “linhas imaginárias” e do movimento de nosso planeta, que se estabeleceu

os fusos horários e as datas de mudanças das estações do ano.

Nessa aula, a interação foi grande pois os alunos apresentaram

bastante dúvida sobre fusos horários e sua relação com as coordenadas. Para

finalizar passou-se um vídeo-explicativo que possibilitava a visualização do

assunto (https://www.youtube.com/watch?v=4naXR6xouXU).

Fonte: Pesquisa empírica do autor.

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Na segunda aula, levou-se um globo terrestre para que os mesmos

recordassem da aula anterior.Em seguida, foram escolhidos quatro alunos para

que de forma lúdica percebessem a localização através das coordenadas

geográficas.

Num primeiro momento dois alunos receberam uma faixa e eles

“dividiram” a sala em duas; em seguida eles retornaram, e outros dois

“dividiram” novamente a sala em duas, mas agora em outro sentido, feito isso

explicou-se que era assim que se dividia o planeta em hemisférios Norte e Sul,

Leste e Oeste. Em seguida os primeiros voltaram a colocar a sua faixa e

puderam perceber que embora eles estivessem em um lugar era possível estar

em dois hemisférios ao mesmo tempo, ou seja, Norte e Oeste; Norte e Leste;

Sul e Oeste, Sul e Leste (figura 8).

Figura 8 – A “divisão” da sala em hemisférios.

Nessa aula, percebeu-se que a maioria da turma tinha conseguido

entender o conceito e a importância das coordenadas geográficas.

A terceira aula foi um jogo denominado de: “Encontre o seu colega”,

parecido com o Batalha Naval, só que ao invés de capturar as armas do

inimigo, agora eles teriam que encontrar o colega. Cada aluno recebeu um

tabuleiro e as orientações e regras do jogo (figura 9).

Fonte: Pesquisa empírica do autor.

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Figura 9 – O jogo de Encontre seu Colega.

Após a separação em duplas e um fiscal, iniciou-se o jogo. Ao

posicionarem o nome dos colegas na folha, percebiam que posicionavam nos

hemisférios e as linhas podiam servir como coordenadas para “capturar” o

colega. A participação foi de 100% dos alunos presentes, todos se dedicaram e

diziam o local onde eles imaginavam que estivesse o nome do colega a ser

capturado e, em todas as duplas, pelo menos um nome foi capturado. Do total

de aluno 100% conseguiram desenvolver as atividades. A única dificuldade

nessa ação foi controlar a ansiedade dos alunos em querer “bater” o jogo antes

dos demais.

3.7 ATIVIDADE 7 - Encontre o tesouro e desenhe seu caminho.

Essa atividade buscava auxiliar o aluno tanto na sua prática de

vivência coletiva como na sua formação cidadã, seguindo a ideia de

Albuquerque (2012, p.110) ao afirmar que “...a Orientação visa melhorar a

qualidade do ensino e a motivação do aluno, não importando a performance,

mas sim a participação...”

Na primeira aula explanou-se sobre a importância do mapa para a

sociedade e como a partir da sua evolução também aperfeiçoou-sea

elaboração dos mapas e que quanto mais informações e precisão nessa,

melhor é o resultado final obtido na sua confecção. Na segunda aula,

organizou-se 5 equipes e foi explicado que todos participariam de um jogo que

Fonte: Pesquisa empírica do autor.

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consistiria em encontrar alguns itens em um determinado local e,para montar o

“tesouro”, eles teriam que treinar todas as aptidões adquiridas até então.

Figura 10 – Alunos praticando a distância através de seus passos.

No planejamento dessa aula pretendia-se ir para a quadra, no entanto

choveu no dia e como a quadra é descoberta na escola precisou-se fazer uma

adaptação e os alunos treinaram a sua capacidade de perceber distâncias

através da contagem dos próprios passos. Para tanto, foi medido a sala de aula

e os alunos percorriam o espaço de 5 metros da sala de aula e contavam seus

passos para calcularem a distância (figura 10).

Na terceira aula, foi realizado um treino, onde os alunos foram

organizados da seguinte forma:aluno-passo, que recebe a orientação e conta

os passos para saber a distância; aluno-orientador, que olha o croqui e orienta

os colegas a distância e orientação a ser seguida;e aluno-bússola que, de

posse da bússola, indica qual é o sentido da direção a seguir.Todos, durante a

competição teriam que ser ativos em pelo menos uma dessas funções.Lhes foi

explicado que o importante era utilizar-se das regras de orientação e

localização de forma correta.

Em outra aula, foi feita a competição. Ao percorrerem o caminho foi

possível perceber que eles seguiam as indicações da folha e quando erravam,

voltavam e verificavam pontos de referência (figura11).

Figura 11 – alunos praticando orientação e localização.

Fonte: Pesquisa empírica do autor,2017.

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Todos chegaram ao ponto final indicado, o que demonstrou

compreensão da atividade e da habilidade de orientar-se utilizando-se das

referências e da bússola.

Após essa atividade, os alunos desenharam um croqui (figura 12)

sobre o caminho que percorrido na caça ao tesouro, colocando o máximo de

detalhes.

Figura 12 – O croqui do percurso da caça ao tesouro.

Solicitou-se como tarefa, que ao voltarem para suas casas

observassem atentamente a paisagem e o espaço e elaborassem um desenho

do caminho percorrido da casa até a escola. (figura 13).

Figura 13 – O desenho caminho-escola

Fonte: Pesquisa empírica do autor,2017

Fonte: Pesquisa empírica do autor.

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Com as figuras apresentadas, percebeu-se que haviam entendido a

necessidade de ter pontos de referência, perceber distâncias, indicar

orientação para elaborar seus croquis. Percebiam a necessidade de indicar

detalhes do espaço para que outro entendesse o caminho e as informações ali

postadas. Embora os mesmos ainda não tivessem estudado o conteúdo

Cartografia, com as atividades desenvolvidas anteriormente já era possível

trabalhar o conceito de elaboração e leiturização de mapas, pois dominavam os

requisitos de orientação e localização.

4. Considerações Finais

Quando trabalha-secom atividades simples do cotidiano, os alunos

percebem que o saber escolar está diretamente relacionado com a sua

vivência na sociedade, e com isso, há uma ressignificação dos conteúdos

dando-lhes sentido.

Nas atividades aplicadas pode-seperceber que os alunos gostam de

atividades que não se limita a sala de aula, para eles o sair da sala já é um

desafio e o aprender brincando se torna atrativo. Nas atividades que eles

sabiam que necessitavam aprender determinado conteúdo para colocá-lo em

Fonte: Pesquisa empírica do autor.

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prática, em uma brincadeira ou jogo, levava-os a se dedicarem mais para

conseguirem alcançar o objetivo.

No caso do jogo, mesmo que não houvesse “prêmio”,eles participaram

ativamente.

Embora em determinados momentos não foi possível aplicar conforme

o previsto devido a contratempos de instabilidade climática e falta de

infraestrutura na escola, os alunos sempre demonstraram boa vontade e

participação nas atividades propostas.

Isso tudo nos leva a crer que cabe ao professor, desde que tenha as

condições necessárias e material adequado, elaborar aulas que se tornem

atrativas e significativas para o aluno.

É possível trabalhar com os alunos aliando as novas tecnologias e

atividades simples, assim sendo, o aluno se apropria de conhecimentos

necessários para a sua vivência em sociedade e aprenda para a vida.

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