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O livro da minha vida

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VERÍSSIMO MORAISA MinhA VerdAde

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INTRO

Veríssimo: variante de Vero, que significa verdade.

esta é a história de alguém que sempre lutou por viver a sua verdade. de um homem que nunca se conformou com as limitações que a sua doença lhe impunha e que fintou todas as expectativas. Cedo percebeu que a vida lhe reservava mais do que aquilo que a sua vista conseguia alcançar a partir da sua pequena aldeia. Ousou, por isso, voar mais alto: estudar, aprender e contribuir para mudar consciências. viajar, ser parte activa do mundo e fazer perceber que somos todos únicos e importantes, para lá de todas as diferenças. a ousadia, no entanto, valeu-lhe alguns revês. não lhe poupou a discriminação, não lhe evitou a solidão, não lhe sossegou a frustração. deu-lhe um imenso mundo interior, mas cada vez mais o exterior se tornou um mundo de adversidades. Quando veríssimo, a propósito de um projecto megalómano que sonhava empreender, viajou sozinho até à África do Sul e foi vítima de violência e roubo, viu toda a esperança que ainda tinha ruir, e toda a sua luta ser posta em causa. em nome da sua segurança e da sua saúde, veríssimo perdeu a liberdade, perdeu a capacidade de decisão, perdeu a autonomia. Só não perdeu a sua criatividade, porque essa ninguém, jamais, lha conseguirá tirar.Transformar a sua história em livro é, de alguma forma, o retomar da esperança. Uma vontade de partilhar com os outros a energia de se vencer, mas também a de explicar que há obstáculos que podem surgir quando se arrisca. Às vezes perde-se. Às vezes ganha-se. É assim a vida de qualquer um. Foi assim que veríssimo quis que a sua fosse também. É assim que espera que um dia volte a ser... este livro é, por isso, a sua verdade. Uma lição de resiliência, de não conformismo, de capacidade para mudar o mundo. mas também de alerta para aquilo que deixamos acontecer a quem precisa da nossa ajuda. e, depois de conhecer a história do veríssimo, é impossível ficar-se indiferente. É impossível não pensar que o mundo deve, obrigatoriamente, tornar-se um lugar melhor onde não exista espaço para a diferença.

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este livro é propriedade de veríssimo morais

ideia OriGinaL veríssimo morais COnCePÇÃO O Livro da minha vida PeSQUiSa

e COnTeÚdOS Sara rodi, maria João nobre, Sandra Carvalho deSiGn ana Correia

Tavares PaGinaÇÃO ana Correia Tavares PrOdUÇÃO e LOGÍSTiCa Filipe Centeio

TiraGem 1 exemplar aGOSTO 2012

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ÍNDICE

1Paçóa infância na aldeia

iiBRagaNçaa adolescência na cidade

iiiLIsBOa a juventude na capital

ivO muNDOas viagens da idade adulta

vO PROjECTO

viaNExOsartigos de opinião

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“A força não provém da capacidade física, mas da vontade férrea.”Gandhi

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Paçóa INFÂNCIa Na aLDEIa

Freguesia | rio FrioConcelho | BragançaÁrea (rio Frio) | 34,043 Km2distância à sede de concelho | 25 Km

O topónimo de Paçó deriva de “paarioo”, que significa morada senhorial, de senhor de honra ou de “villa” agrária.

Paçó é uma aldeia que pertence à freguesia de rio Frio. Testemunha das consequências da desertificação e envelhecimento da sua população, tem hoje cerca de 50 habitantes.

a aldeia de Paçó de rio Frio aparece noticiada nas “inquirições” de 1258 (Palaçoulo do monte), tendo constituído uma honra do mosteiro beneditino de Castro de avelãs.

em Paçó pode apreciar-se a respectiva igreja, a qual integra na frontaria um portal em arco redondo com data oitocentista, o parque de merendas, e ainda o museu-escola.

Fazem parte da sua gastronomia o javali de caldeirada, botelo com casca de feijão seco, carnes da caça (perdiz, coelho, lebre e javali, especialmente o Javali de Caldeirada), a famosa posta à mirandesa, Súplicas e doces de Ovos com amêndoas.

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Corria o ano de 1971 quando veríssimo morais viu, pela primeira vez, a luz do mundo. Os pais tinham já outros sete filhos, mais velhos, e veríssimo nasceu como que “fora do tempo”, numa família humilde e trabalhadora, com pouca instrução, mas muito carinho e protecção para dar. veríssimo era um bebé lindo, mas o dignóstico, aquele diagnóstico que nenhuma família deseja ouvir, tornou-se claro: era portador de paralisia cerebral. veríssimo viria a viver muito tempo com este diagnóstico e seria apenas aos 31 anos que os médicos, através de um TaC e de uma ressonância magnética, viriam a diagnosticar-lhe afinal uma esquizencefalia, uma malformação rara ao nível do encéfalo.

eSQUiZenCeFALiAÉ uma desordem do desenvolvimento do córtex, caracterizada por fendas congénitas em um dos hemisférios cerebrais. Pode ser de origem genética ou causada por algum fator intercorrente da gravidez, como episódio(s) de isquemia cerebral fetal ocasionado por problemas circulatórios da mãe. A lesão de neurónios fetais ocorre entre o terceiro e quarto mês de gravidez, e afeta um conjunto de células precursoras do desenvolvimento de uma região cortical. O déficit mental pode ser bastante variável, aumentando com o número de estruturas ausentes. Além disso, déficits específicos decorrem da área cortical ausente. Assim por exemplo, distúrbios de linguagem aparecerão se o córtex frontal ou parietal esquerdo for comprometido. (in http://www.enscer.com.br)

Se em bebé estas deficiências não eram ainda notórias, à medida que os anos passaram elas transformaram-se em limitações evidentes. veríssimo tinha problemas na coordenação motora, não conseguia deslocar-se sem ajuda, e tinha problemas também na fala, dificultando a sua capacidade de comunicar. a verdade é que não seriam estas limitações a roubar-lhe o sabor da vida, e veríssimo recorda os primeiros tempos da sua infância com uma saudade só possível de quem a vive em plenitude, com a ausência de maldade, da indiferença ou do estigma que viria a conhecer mais tarde:

“A sensação de tempo naquela idade era extraordinária. Os meses e anos duravam quantas vezes mais, contrariando o facto de os cientistas afirmarem que a Terra está a ‘abrandar’. Quem manda as pessoas viverem a vida tão rápido sem parar para pensar nas consequências do seu comportamento sobre os outros?”  Veríssimo

viveu primeiro na cidade de Bragança, onde tinha pouco contacto com outras crianças. Ocasionalmente, via alguém da mesma idade, mas como não tinha qualquer forma de liberdade motora na cidade, restava-lhe admirar a vida das outras crianças como quem se sente bem a olhar para uma bonita pintura.

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Quando passeavam, veríssimo deslocava-se ao colo ou num carrinho de bebé emprestado por uma vizinha, que o elogiava bastante. dizia que tinha um rosto e, sobretudo, uns olhos muito bonitos. veríssimo teve também dois voadores, onde se movia com agilidade, mas quando cresceu foi obrigado a trocá-los pelo chão, onde gatinhava de joelhos. Teve depois dois triciclos, e ainda um carrinho de corrida, onde andava a grande velocidade. Sem o auxílio de algo que o amparasse, eram cada vez mais notórias as suas dificuldades motoras, que o tornavam “diferente”. Também à medida que foi crescendo, as suas dificuldades na fala se foram tornando mais evidentes. e, quando a idade da escola primária chegou, alguém terá sugerido que veríssimo começasse a ter contacto diário com outras crianças… num centro de deficientes de Bragança. veríssimo esteve lá duas ou três vezes, mas recusou-se sempre a ficar, agarrando-se com muita força ao pescoço da sua mãe, chorando. era diferente, mas não tão diferente. a sua inteligência era igual à de qualquer criança e veríssimo não se reconhecia nas outras crianças com deficiência mental. aquele não era um espaço para ele.

“Pareciam-me todos altamente perigosos, irracionais. nunca tinha visto criaturas tão estranhas! Parecia a 5ª dimensão com cunha do Spielberg, Stephen King, hitchcock. Chegaram à conclusão que poderia tentar conviver na escola da aldeia...”

  esta decisão acabaria por fazer toda a diferença na vida de veríssimo. e a família mudou-se para Paçó, a 30 quilómetros da capital de distrito. Lá, veríssimo ganhou finalmente o espaço que precisava para pedalar nos triciclos, sozinho e depois com o amigo hélder, com quem gostava de trocar de veículo e descer o caminho da igreja até à fonte funda. Lá, veríssimo ganhou a certeza de que não era assim tão diferente. Que, se contrariasse as suas limitações com todas as suas outras potencialidades, ninguém se importaria com elas. e foi assim que veríssimo reuniu uma mão cheia de amigos que ainda hoje falam dele com todo o carinho e admiração.

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“A minha aldeia localiza-se num vale que considero pouco profundo e com amplas ruas, cruzadas, planas, descidas, mas com paralelos que dificultam o andar das pessoas, sendo que o alinhamento ainda piorou após as obras de saneamento. Provavelmente, até um ladrão  desistia de o ser se todos os sítios de fuga fossem assim... e não digam que de espanha não vêm bons ventos nem bons casamentos, porque é um perigo virem a fazer-se ao piso das transmontanas!” “Partia e gastava imensos andarilhos naqueles caminhos de terra, pedras, buracos, lixo... papéis, cartões, pausitos... havia um pouco de tudo! no inverno transformavam-se em lodo, devido à circulação de carros, animais e pessoas que atolavam os pés. Parecia um piso de areias movediças!”

“Alguns animais, touros e vacas, especialmente, que, ao entardecer, vinham a correr dos lameiros, deixavam-me ansioso e com medo de passar algumas ruas! Assim, analisava os horários das saídas e regressos, mas nem sempre evitava um susto. Os encontros imediatos com criaturas indesejadas abrangiam também um homem que morreu aos 30 e poucos anos devido ao seu estado permanente de embriaguês, durante o qual era capaz de me levantar pelo pescoço como retaliação de me ver na rua, justificando tal acto, quando podia, como demonstração de atenção ao cruzar-se comigo! Teria eu quatro ou cinco anos, entrou em minha casa e fechou-se, comigo sentado no alqueire na cozinha, enquanto a minha mãe fora à zona de quintais onde estava o nosso forno. Quando deu conta, ela e outra senhora, começaram a suplicar para que ele destrancasse a porta de postigo, mas ele ignorava ou sentia-se incapaz, desorientado, alucinado, verbalizando algo e cambaleando entre as divisões da casa, pontapeando a panela que cozinhava o almoço num minúsculo e portátil fogão que apenas tinha uma base eléctrica, posto nesse dia no corredor. entretanto, gatinhei horrorizado, até à porta, mas não conseguia chegar ou levantar completamente o caravelho, por isso a aflição mantinha-se ao olhar para trás. escondi-me debaixo da mesa da cozinha até ele abrir a porta...”

aos triciclos seguiram-se as cadeiras de roda e os andarilhos, e era com eles que veríssimo acompanhava os amigos em todas as aventuras próprias da idade. Os amigos achavam até piada aos veículos do amigo e arranjavam sempre forma de a integrarem nas suas brincadeiras. Gostavam de empurrá-lo pelos caminhos da aldeia, com muita velocidade, e às vezes acabavam por perder o controlo da cadeira de rodas, que tombava, com o veríssimo dentro, mas isso era sempre motivo de risota, inclusive do próprio veríssimo, que desafiava as suas limitações sem qualquer medo. Quando andava no andarilho, era destemido e dava quedas frequentes, mas nunca ninguém o ouvia queixar-se. O andarilho andava frequentemente com os ferros gastos.

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“A dada altura, alguns pediatras do Porto questionaram a quantidade de cadeiras de rodas e andarilhos que iam dando. Talvez julgassem que os vendia, outros ouviam incrédulos e impressionavam-se quando viam o desgaste de alguns! houve um pediatra que ficou mal humorado e aconselhou a mudança das borrachas gastas nas extremidades dos ferros, como se os meus familiares fossem ignorantes ou tivéssemos acesso fácil a material ortopédico doado com assinatura dum termo de responsabilidade que nunca percebi bem qual a seria a sua finalidade, porque nenhum deficiente lhes dava tão bom uso como eu! não tinha culpa de ser capaz de andar ou correr com um apoio mínimo!”

apesar dos seus problemas ao nível da fala, os amigos não tinham também dificuldade em percebê-lo, e veríssimo era perito em ter ideias para brincadeiras. muitas delas com partidas e disparates que muito divertiam o grupo de amigos, que se reunia frequentemente no Cruzeiro de Baixo. era esse o ponto de encontro do Tó, do Pedro, da ana isabel, do duarte, do vítor, do Orlando, da dulce e do hélder, do Zé manel, entre outros que por lá passavam. e claro, do veríssimo, presença indispensável quando o mote era a brincadeira. O Cruzeiro de Baixo era de terra batida, tinha um banco de madeira perto e um maçadeiro (pedra de granito larga e grande), onde veríssimo se sentava, pondo o andarilho à frente. Lá conversavam, jogavam às escondidas, e por vezes, os amigos levavam-no às costas, para o ajudarem a esconder-se. Outras vezes, o veríssimo ficava sentado a rir-se e a dizer onde estavam escondidos os parceiros. de uma forma ou de outra, divertia-se sempre, nas saborosas tardes de brincadeira ao ar livre. O jogo das caricas era também muito apreciado. Usavam-se tampas de cerveja ou de sumos, imitando carros de corrida em pistas desenhadas em diversas surperfícies, e testava-se a habilidade para ultrapassar elevações e buracos. dentro de casa, jogavam ao jogo do ganso e ao monopólio, cuja longa duração provocava ocasionais desentendimentos, trafulhices e desvio de fundos. Geralmente jogava-o com o Zé, o único compincha com horário de regresso a casa.

“A mãe e, sobretudo, o irmão, finalista do secundário, não lhe toleravam atrasos! Quem conhecia as exigências que lhe impunham, achava graça, mais ainda quando ele era um excelente cumpridor... porém, alguns descuidos ao perguntar as horas, por descuido da diversão ou por o forçarem a atrasar (bloqueando-lhe a passagem, retirando-lhe o quico), era-lhe impossível chegar às 19h, mesmo a correr, por ser uma distância de 400/500 metros até ao cimo da aldeia junto à estrada nacional. Um ou dois minutos após tal hora, representavam castigo e mau humor. Por essas razões e porque eu também adorava a localização da casa dele, a natureza em redor, o interior e varanda, fazia-lhe companhia quando a rua da aldeia ou a minha casa não nos animava. Ali havia os brinquedos dele ou os improvisos, como atirar balões de água a quem passava de carro, de tractor, ou caminhando...”

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Quem não tinha a sorte de possuir brinquedos, construía-os com madeira ou simples latas de conserva de sardinha, unidas por fios agrícolas, simulando vagões carregados de terra, como um comboio. mas brincar aos carrinhos dizia pouco a veríssimo, que nunca achou muita piada a imaginar brincadeiras movendo carros minúsculos, mesmo quando eles andavam com mola. Já o mesmo não se pode dizer dos movidos a telecomando, fossem carros ou aviões, embora esses fossem bem mais caros. Também o eram os jogos electrónicos, que não davam para todas as bolsas. Só o Zé os tinha. mas o veríssimo não podia queixar-se, porque os irmãos que estavam no estrangeiro traziam-lhe sempre brinquedos novos que ele partilhava com os amigos. Um desses brinquedos, trazido por um tio a residir em França, consistia num saco com meia dúzia de bolas do tamanho de laranjas, de plástico colorido, cheias de água. rendeu muitas horas de brincadeira, a atirar as bolas pelas ruas, para ver onde chegavam, e a ver quem conseguia fazer rolar a sua durante mais tempo.Também se faziam rolar, pelas ruas, pneus de carros com água, outra brincadeira habitual. enchiam-se os pneus com água, colocava-se um pau de cada lado e faziam-se corridas. Quando havia neve, o grupo usava câmaras de ar para descer a eira, perto da escola. no inverno, também era comum fazerem-se bolas de neve na eira, que ficava num alto, e vir com elas a rolar, enquanto o tamanho delas aumentava, por ali a baixo. O curioso era que, depois de abandonadas, elas aguentavam-se meses assim, sem se desfazerem.

a verdade é que, na pequena aldeia de Paçó, até uns simples autocolantes dos desenhos animados da Tv ou das campanhas dos partidos políticos, serviam para passar bons momentos. veríssimo gostava de coleccionar e uma das suas colecções mais impressionantes era a das pastilhas elásticas, que guardava na caixa do Cola Cao. Chegou a juntar mais de 300! Outra colecção, levada ainda mais a sério, foi a de notas de 20, 50 e 100 escudos, cujo volume impressionava. Já nessa altura o veríssimo revelava um espírito de poupança, que mais tarde lhe viria a ser de grande utilidade.

“embora a casa de Bragança tivesse sido construída pelo meu irmão mais velho, naquela época, não tinha muito espaço nas poucas divisões. Uma das duas varandas era tão pequena que nem protecção lateral tinha, sendo perigosa até para um adulto descuidado. Mas, ao mesmo tempo, transmitia uma sensação de liberdade e ar puro. Ao abrir-se a porta do pequeno corredor, próxima da cozinha, que mais parecia uma saída de emergência para fugir a um mau cozinhado, saltava-se para o vazio do pequeno horto, que ficava à beira de um precípicio maior: uma espécie de encosta, colina, zona alta relativamente aos terrenos ou casas que entretanto construiram.”

“A minha mãe costumava ir cozer o pão para dez, quinze dias no forno do anexo separado da casa da aldeia (a que chamavam costa), onde habitualmente

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via o meu pai, por causa da agricultura e porque foi lá que teriam vivido sempre.”

“nas férias do Verão, acordava de vez em quando  sem os meus pais em casa, porque àquela hora, já eles e outros agricultores estavam no campo ou a regressar. Gatinhava depressa para a saída da rua receando os fantasmas de dois quartos escuros no corredor. detestava as manhãs por causa disso, mas sentia-me livre e fora de perigo na rua. Ao gatinhar, falava alto, cantava para assustar algum fantasma que estivesse escondido! Sabia que nada havia naquela escuridão de porta aberta, mas, pelo sim pelo não, isso fortalecia-me.”

a família era também incansável no apoio que prestava a veríssimo. diariamente, a mãe levava-o à escola e fazia-o levando-o às costas. O andarilho não era muito usado neste tipo de deslocações, em que o percurso era relativamente grande e o tempo era pouco. a escola ficava a uns dez minutos a pé, mas o caminho era de terra batida, o que dificultava o trajecto. no inverno havia lama, poças de água e neve e, no verão, muito calor e pó. nove meses de inverno e três de inferno, como ainda dizem os locais.

a escola primária só tinha uma sala de aula e duas casas-de-banho atrás, uma para os rapazes, outra para as raparigas, inicialmente apenas com um buraco no chão, porque não havia sanita. Os alunos não se importavam, achavam até mais prático “ir às silvas”. Ou, numa emergência, dar uma corrida até casa. Tudo era um pouco mais difícil para veríssimo, a quem os colegas costumavam levar ao colo para a casa de banho, mas nada que o demovesse da sua sede de aprender.

“Os alunos que me acompanhavam, quando eu não ia à casa-de-banho campal, viam alguns ouriços, retiravam as castanhas...”

Tão pouco o clima rigoroso era um entrave à rotina escolar. no verão tinham aulas ao ar livre, junto à árvore que havia no pátio. no inverno, todas as semanas um aluno diferente levava uma braseira para a escola, para contrariar os graus negativos. iam muitas vezes buscar brasas a casa da d. natividade, que morava mesmo em frente. Pessoa muito estimada na aldeia, hoje com 72 anos, habita ainda a mesma casa, e recorda sobretudo o veríssimo pela exigência que ele tinha consigo mesmo. Um exemplo para todos os rapazes, inclusive para o seu filho amílcar, também muito amigo do veríssimo. À hora do lanche, punham um grande tacho com leite sobre a braseira e os alunos serviam-se com uma colher de sopa em forma de concha. Cada um tinha a sua caneca metálica e levavam de casa chocolate em pó. ao que parece, o mais cobiçado era o do vítor, porque era francês.

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Passavam o dia todo juntos, na escola, na companhia da professora. veríssimo começou por ser aluno da professora Lurdes que não o matriculou.

“A professora Lurdes não disse nada a ninguém durante o primeiro ano que não me matriculou por eu ser deficiente. no final gerou uma polémica porque não pude passar, visto não ser aluno. Por isso, repeti a primeira classe como quem chumba... irónico, porque ninguém fica mal nesse ano.”

veríssimo foi obrigado, assim, a repetir a primeira classe, e prosseguiu os estudos com outras professoras – maria de Fátima Pereira (mãe de ana e Pedro) – foi uma que o compreendia e apoiava em todas as circustâncias. veríssimo foi o seu primeiro e único aluno com deficiência, mas a professora Fátima não teve qualquer dificuldade em lidar com ele, nem tão pouco o via como alguém mais limitado, uma vez que as suas limitações eram apenas físicas. e, até essas, veríssimo esforçava-se por contrariar. a escola chegou, inclusive, a ter uma professora de apoio, mas a professora Fátima prescindiu dela, por não se justificar a sua presença. O veríssimo não tinha qualquer dificuldade em acompanhar os outros. Fátima apenas tinha atenção na disposição da sala, geralmente em “U”, colocando o veríssimo num lugar central, à sua frente, para que fosse mais fácil ouvi-lo. Se alguma coisa a professora Fátima tinha a apontar-lhe, era o seu riso descontrolado e contagiante. Quando começava a rir-se, era inevitável que os outros fossem atrás e a aula tinha de ser geralmente interrompida. Quando a professora tentava retomar a matéria, o veríssimo desatava a rir outra vez e ficavam nisso muito tempo. duarte lembra-se que, para “animar” a aula, bastava fazer um gesto ou careta na direcção do veríssimo, e deixá-lo rir, rir, e contagiar toda a gente. era um desespero para a professora Fátima... mas uma grande diversão para os alunos.Quando as aulas acabavam, às 15h30, os amigos deixavam o veríssimo ao fundo das escadas da sua casa. ele agarrava-se ao corrimão, subia sozinho e os amigos levavam o andarilho para cima. depois, o veríssimo sentava-se num sofá que ficava muito perto da entrada, lanchava e descia logo outra vez, para brincar. não gostava particularmente de fazer os trabalhos de casa, porque a tentação da brincadeira era mais forte. O amigo duarte chegava a ir às escondidas ter a casa do veríssimo, passando pelas hortas, por trás da casa, para não correr o risco de encontrar a professora Fátima. O objectivo era desafiar o veríssimo para a brincadeira, deixando de lado os estudos, que interessavam menos, naquela idade.O veríssimo tentava-se, como todas as crianças, e não podia contar muito com a ajuda dos pais, que eram pessoas já de uma certa idade e sem instrução. mas ainda assim foi sempre bom aluno, e muitas vezes tinha de ser ele a explicar a matéria aos colegas. as leituras terão ajudado. veríssimo gostava de ler e, para além dos livros que herdava dos mais velhos, aproveitava aqueles que a biblioteca ambulante da Gulbenkian disponibilizava.

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aparte o precalço que o obrigou a repetir a primeira classe, veríssimo teve um percurso escolar imaculado. Só na 4ª classe outro revés lhe manchou o currículo. em vésperas de fazer a prova final, exigida nessa altura, uma operação de emergência ao apêndice trocou-lhe as voltas do destino.

“Tinha combinado com o Victor uma estratégia de copianço no que eu não soubesse. Fomos de fim-de-semana e a indisposição, dor de cabeça, enjôo, surgiu naquela tarde de 6ª-feira, impedindo-me de estudar. na manhã seguinte, até a professora Fátima chorava a minha morte quase certa... a situação piorara em todos os sentidos... dores agudas à direita ou em todo o abdómen que involuntariamente me fazia fazer flexões de barriga para cima... com a febre a aumentar progressivamente para lá dos 40º à sombra!”

veríssimo foi operado de urgências mas, felizmente, a operação correu pelo melhor e a professora Fátima até levou os alunos, no seu carro, a visitar o veríssimo ao hospital. Seria só mais uma contrariedade na sua vida, que ele viria a superar… Paçó era, naquela altura, o mundo de veríssimo, onde ele estava totalmente integrado, junto de amigos que o aceitavam com todas as suas diferenças, e o valorizavam em todas as suas qualidades. mas, com o fim da 4ª classe, terminava um ciclo da sua vida, na pequena aldeia que o viu crescer. Para prosseguir os estudos, veríssimo e os amigos teriam que rumar a Bragança. e o veríssimo fez as malas com a certeza de que nem esta, nem nenhuma outra cidade ainda maior, seriam capazes de o travar na sua vontade de chegar mais longe.

A escola primária de Paçó, onde Veríssimo estudou até à 4ª classe, fechou em 1986, sem que os habitantes conseguissem evitar a deteriorização do edifício nos anos que se seguiram. Até que, em 2006, fruto da iniciativa de alguns habitantes da aldeia (entre os quais Orlando, Pedro e Duarte, amigos de Veríssimo), que criaram a Associação Promotora da Qualidade de Vida, o edifício foi transformado em Museu-Escola, preservando a memória da comunidade rural.

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II“Tão-somente o infortúnio pode converter um coração de pedra num coração humano.”Fénelon

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BRagaNçaO CiCLO nA CidAde

População | 35 mil habitantesÁrea total |1174 Km quadradosnúmero de freguesias | 49

Cidade de Trás-os-montes, sede de concelho e de distrito, encontra-se encravada nas montanhas do nordeste Transmontano, a 700 metros de altitude e a 22 km da fronteira espanhola.

Os celtas baptizaram a cidade, fundada no século ii a.C., com o nome de Brigantia, que se foi latinizando até passar a ser Bragança.

Os brigantinos têm ainda um modo de vida tradicional e o quotidiano não sofreu grandes alterações durante séculos, sobretudo nas cidades e vilas mais pequenas, como mogadouro, Torre de moncorvo e Freixo de espada à Cinta.

esta região remota e montanhosa tem cenários raros, vilas cheias de história, paisagens naturais e tradições únicas.

Bragança é conhecida pelos seus enchidos regionais (o fumeiro), o presunto as alheiras (também designadas de tabafeias), o salpicão e o butelo.

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a fim de prosseguir os estudos, veríssimo foi estudar para Bragança, o que o obrigou a trocar a casa materna por uma residência, na capital de distrito. nem todos os amigos foram estudar para a mesma escola, mas o grupo continuou a reunir-se, com a mesma cumplicidade, em Paçó, aos fins-de-semana e nas férias.

na escola – a eB 2,3 Paulo Quintela - veríssimo continuou a destacar-se pelo seu empenho. Foi o melhor aluno da escola no 6º ano. e os amigos nunca lhe faltaram, apoiando-o nas suas limitações, mas também pedindo a sua ajuda na compreensão das matérias.

helena moreira, hoje com 38 anos, foi umas das colegas de ciclo do veríssimo. Como a própria diz, “por acidente”: no início do ano lectivo, o veríssimo andava um pouco perdido e foi, sem querer, ter à sala da turma da helena, onde estava a decorrer uma aula. acabou por ficar à conversa com os colegas e, na sequência disso, veríssimo pediu transferência para aquela turma. O professor que nessa altura estava na sala, a dar a aula, agilizou o processo.

a nova escola era bem maior do que a de Paçó, o número de alunos e professores muito maior também, e nem todos eles compreendiam veríssimo. este também se inibia um pouco mais, mas felizmente encontrou bons amigos depressa (o aníbal – a quem veríssimo, na brincadeira, chamava de “animal”, porque lhe carregava os livros - a ilídia e a helena. Os quatro formavam um grupo muito unido) e também alguns professores especiais, como a professora de história, a de Francês e o professor de Língua Portuguesa.

na escola, veríssimo andava de andarilho, sempre em grande velocidade, acompanhando os colegas. Chegava a participar em corridas, nos corredores da escola. Subir escadas era mais difícil, mas ainda assim, se os degraus eram poucos, veríssimo fazia questão de os subir sozinho, sem ajuda. não havia ninguém que ficasse indiferente à destreza de veríssimo, no manuseamento do andarilho. muito menos os médicos, quando recebiam um novo pedido de substituição do mesmo, por desgaste do material.

“Preferia-os parcialmente gastos, porque deslizavam melhor e, numa superfície escorregadia como o interior dos corredores do liceu, quase voavam. dei algumas quedas aparatosas que também contribuíram para perder medo e descontrair da insegurança que se sente quando se está quieto ou a andar com receio da dor, como acontece actualmente comigo ou com muita gente adulta. Podia dizer que o que não me ‘matava’, tornava-me forte! Provavelmente seria um bom anti-stress e suplemento energético do estudo e funcionamento do cérebro! Sentia-me leve como uma pena em determinada fase da vida em que o andarilho já quase não significava nada, pois, conseguia fazer quase malabarismos com ele, rodopiar sobre mim

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mesmo 90º/180º como um atleta de martelo, andar, correr com ele inclinado lateralmente e outros exercícios que teriam promovido o meu equilíbrio em movimento desgovernado. Por isso, custa ver a atitude dos médicos recentes que recusaram emendar-me os joelhos. Se os tivesse como antigamente, teria a mesma facilidade em andar ou correr.”

naquela altura, o veríssimo conseguia dobrar a falangeta dos dedos todos sem dobrar a falanginha e os colegas andavam a treinar para tentar fazer o mesmo. Quando o veríssimo ia a correr e alguém lhe travava o andarilho, ele espetava os dedos com as falangetas dobradas na direcção da barriga do seu opositor. Um fenómeno!apesar de a sua agilidade ser impressionante, o veríssimo não fazia aulas práticas de educação Física. era a única disciplina em que, por motivos óbvios, não tinha o mesmo aproveitamento. mas nas restantes, tornou-se imbatível, e terminou mesmo o 6º ano com nota 5 a todas as disciplinas.

“As professoras de ensino especial nunca fizeram sentido, porque o estudo dependia de mim e das dúvidas retiradas na aula, como acontecia com os restantes colegas. Além de se intitularem assim, davam aulas como os meus professores. O lucro de acumular funções é que seria especial...! Todas me faziam visita de médico, ou eu a elas, se fossem da escola, para não perder tempo... Raramente as via. Talvez uma vez por mês! Uma delas tinha-me conhecido na 3ª classe, e surpreendeu-se com o brilhante aluno quando me acompanhou até ao fim da EB Paulo Quintela.” 

nas notas, veríssimo competia com helena, que também era muito boa aluna, e os dois tinham acesos debates de ideias, durante horas a fio. Um dia, numa aula de Língua Portuguesa, helena irritou-se tanto com o amigo, que se levantou e lhe esfregou um papel na cara. Felizmente, o professor achou deliciosa aquela picardia e o facto de poderem levar tão longe um confronto de ideias. na organização, veríssimo era também um ás. Os seus cadernos estavam sempre muito organizados e veríssimo era muito cioso do seu material. a sua caligrafia, sempre perfeita, impressionava os professores, dado que ele até colocava a sua mão numa posição muito estranha para escrever. Também o seu humor, sempre muito espirituoso, subtil e peculiar, não deixava ninguém indiferente, assim como a sua exigência para consigo próprio e a sua personalidade vincada e determinada, que suscitava a admiração dos amigos. não deixava nada por dizer e, se estava chateado com algo, imediatamente o demonstrava.

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na aula de trabalhos oficinais, cada um dos alunos da turma do veríssimo elaborou um livro, colado e cosido à mão. helena moreira utilizou o seu para guardar a fotografia dos colegas mais próximos, junto a uma dedicatória escrita por cada um deles.

A Escola EB 2,3 Paulo Quintela situa-se num dos pontos mais altos da cidade de Bragança. Iniciou a sua actividade no ano lectivo de 1983/84 como Escola Preparatória nº 2, leccionando apenas os 5º e 6º anos de escolaridade. Com a explosão demográfica que se verificou na cidade, e uma universalização da educação, tornou-se necessário construir esta escola, maior, inaugurada em Novembro de 1983. Foi então escolhido como patrono um brigantino de destaque na tradução de obras alemãs e professor universitário de

grande renome. Em 1991/92 a sua actividade foi alargada ao 7º ano e, em Setembro de 1997, passou a EB 2,3, leccionando até ao 9º ano.Em Setembro de 2003, começou a funcionar o Agrupamento de Escolas Paulo Quintela, sendo constituído pela escola sede (E B 2,3), 10 centros escolares do 1º ciclo e 3 escolas do ensino pré-escolar, englobando cerca de 1200 alunos, 150 professores e 50 elementos de pessoal não docente.

veríssimo habitava uma residência de estudantes com regras muito rígidas. a maior parte dos alunos do lar estudava numa sala comprida, nas horas de estudo obrigatório, de manhã ou à tarde,  acrescido do nocturno para maus alunos. assinavam-se folhas de presença, cumpriam-se normas, sancionava-se nesse aspecto como em tudo relativo ao desempenho de funções. a outra sala de estudo, mais informal, era quadrada e também servia para ver Tv, ouvir música, fora das horas de estudo dos alunos do 10º, 11º e 12º.

“Suponho que a lei da idade e da força vigorava na escolha dessa sala onde havia pouquíssimas mesas. Contudo, os mais jovens podiam estudar lá desde que arranjassem lugar nalgum canto, pois havia espaço para 110 alunos que não exigissem comodidades para ver TV... O estudo não agrada a alguns! A mim, a falta de luz natural e o ter de estudar calado influenciava o meu rendimento, por isso, não desperdiçava um segundo das longas horas de estudo aos fins-de-semana e locais onde estivesse temporariamente sozinho.”

a comida era outro dos problemas de veríssimo, que começou a revelar falta de apetite ainda no final da 4ª classe, em Paçó.

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“A alimentação passou a ser um problema inexplicável. não valia a pena levar nada de casa porque, além de não ser muito prático carregar a comida no autocarro escolar, acabava por desperdiçá-la, tal como a dos refeitórios. de manhã, na residência, até o pão custava a comer, mas havia sempre quem o desejasse. Tínhamos direito a dois pães e dava sempre um deles ou ambos àqueles colegas que pareciam ter um apetite descomunal! Tais sintomas surgiram no decorrer do último ano da primária e duraram quase 8 anos.”

(aos 28 anos descobriu que tinha hepatite C, contraída numa transfusão de sangue em 1981).

veríssimo recebia diariamente 5 escudos, ou metade, para usar na sua alimentação na escola, mas só os usava em caso de extrema necessidade, porque continuava a manter um forte espírito de poupança. a comprar qualquer coisa, optava sempre pelos alimentos mais básicos – pão com manteiga, por exemplo – nunca um bolo, nem sequer um pão misto. no 2º ano do ciclo, no entanto, começou a receber senhas de refeição do SaSe, que já lhe permitiam beber leite e sumos e comer torradas. ainda assim, fazia um racionamento das senhas, aproveitando o facto de o seu apetite não ser abundante. Se recorria a elas, era mais porque o almoço raramente lhe agradava, e frequentemente o deixava enjoado.

“O bus de estudantes que, naquela época estava tão podre como muitos outros da extinta empresa Cabanelas (cujos escritórios de Vila Real foram atacados por um bombista no meu segundo ano do curso de espiões, tendo-me dito, entretanto, um  informador do curso de infiltrados da EPP Quintela que “o pistolas” investiu numa empresa conhecida, na margem sul do Tejo), trepidava ao ponto de deixar entrar a água da chuva através das janelas mal isoladas. Havia alunos que viajavam de pé ou que incomodavam frequentemente os mais calmos para acalentarem o espírito e o corpo gelado por falta de aquecimento no autocarro, que tinha fita adesiva a envolver as partes partidas do volante! Eu costumava sentar-me na primeira fila direita, junto à porta manual, stressado, a desejar que o volante não se partisse completamente nessa viagem, pois só imaginava o pior... Aquele lugar também me ajudava a reduzir algum enjôo, enquanto debitava mentalmente a matéria estudada. Saturava quando fazia um desvio para apanhar ou deixar alunos de algumas aldeias. Tive sorte nesse Inverno e nos fins-de-semana do ano que fiquei no lar, porque a neve de uma tarde obrigou colegas meus a caminhar vários quilómetros até à aldeia mais próxima...”

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O frio era outro problema que afectava veríssimo. actualmente, as escolas do agrupamento Paulo Quintela são climatizadas, mas no tempo do veríssimo não havia aquecimento central. Para combater o frio havia apenas dois ou três pequenos aquecedores de parede, e um nas salas. insuficientes, garantidamente, para uma região de rigoroso inverno, que gelava as mãos dos alunos e até por vezes a tinta das esferográficas! Também o autocarro escolar, que ao fim de semana devolvia os alunos de Paçó à sua aldeia, era gelado e sem condições.

no entanto, veríssimo guarda também boas recordações desse trajecto, hoje obsoleto com a construção do iP4. Sobretudo nos meses mais soalheiros, a paisagem chegava a ser inebriante:

“A viagem de autocarro da cidade para a aldeia tinha algo de trascendente. Continuo a adorar o sítio onde via uma cena do mundo da fantasia que me marcou tanto ou mais que algumas paisagens deslumbrantes do estrangeiro. desejava ficar naquela colina a admirar ou ir para junto daqueles liliputianos atarefados com alfaias agrícolas, num terreno junto duma casinha e do rio...A noção de distância existia para tudo que eu via, mas era impensável intrepretar da mesma forma tal cenário fantástico que serviu algumas vezes como pensamento anti-stress nalgumas pausas do estudo do ciclo e secundário!”

Com a transição para o 7º ano, veríssimo transitou também de escola, para o liceu emídio Garcia. Transição, essa, que veio a revelar-se desoladora. a antiga turma de veríssimo foi dividida, e veríssimo ficou afastado dos amigos, numa turma que não o acolheu como as anteriores.

“A serenidade deu lugar a tensão e mau humor. As alunas da mesa de trás riscavam-me frequentemente a pasta, empurravam ligeiramente a sua mesa e a minha cadeira com os pés. A elas juntaram-se mais duas ou três colegas, nos intervalos das aulas, no corredor. O barulho da máquina de brille do invisual que os professores colocaram ao meu lado cansava-me e não ouvia bem as aulas, além da mesa vibrar nalgumas ocasiões. Ele não gostou do novo lugar que lhe sugeri, por isso tive de sair eu, quando as raparigas ultrapassaram os limites, como aliadas dele. É curioso que os rapazes e uma ou outra rapariga não foram conflituosos. Apenas aquele grupinho. Porém, ninguém se sentou ao lado dele quando mudei para outra mesa!” 

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 veríssimo tentou ainda pedir transferência para a turma dos antigos colegas, mas a escola entendeu que essa transferência só poderia acontecer no ano seguinte. então, veríssimo tentava assistir às aulas dos antigos colegas, quando estas não se sobrepunham às suas. era uma forma de reavivar os laços e consolidar a matéria que, na sua turma, em virtude dos acontecimentos, nem sempre conseguia acompanhar como gostaria.nesse ano, veríssimo saiu do lar, em Bragança. mudou-se com a irmã para um quarto de uma casa alugada a 14 raparigas estudantes, entre elas Cristina e maria do amparo, irmãs. era um sítio agradável, até um pouco mais perto do liceu, embora o percurso fosse sinuoso.

“Não podia caminhar com as mãos nos bolsos e também não usava luvas. Doíam se  agarrasse firmemente  os  punhos ou  ferro do andarilho completamente gelado. Quando era possível, empurrava com uma parte das mãos, mas costumava fazer pausas de poucos segundos para continuar a resistir ao frio sentido nelas. O vento, a chuva, as poças de água e terra molhada dificultavam, mas raramente ia ‘às costas’ da minha irmã.”

 veríssimo tinha quase sempre aulas à tarde e uma ao Sábado de manhã. O edifício do liceu tinha vários andares, mas mudaram as aulas do veríssimo para o 1º, com excepção da de Trabalhos Oficinais, que ficava numa sala no r/C.  a biblioteca tinha uma espécie de arrecadação de velharias, com janela, o que a tornava perfeita para estudar em voz alta, conforme se tornou hábito do veríssimo. ali, ele sentia não incomodar ninguém, como parecia suceder no lar. a casa alugada às raparigas tinha três andares um pouco invulgares, devido ao formato das escadas e das divisões, uma delas parecendo um apartamento com quartos onde viviam sete pessoas sem quase verem os outros residentes. Os banhos eram condicionados e a roupa lavada à mão. não havia Tv nem aquecimento e o gás do fogão tinha de durar vários dias.

“Um dia foi permitido usar uma braseira que imediatamente causou sintomas que poderiam matar-nos. Senti-me indisposto, doente e saí dali, apanhei ar, vomitei, deitei-me no meu quarto do andar de cima e melhorei.”

apesar de não haver aquecimento, a cozinha era um pouco mais quente do que o resto da casa e, como era pequena, tornava-se acolhedora. após o jantar, o grupo gostava de ficar a conversar. e o veríssimo era a boa disposição do grupo: contava anedotas e histórias curiosas, e estava sempre com um sorriso nos lábios!O bom relacionamento entre todos superava, de facto, todas as restrições, excepto quando entrou uma nova residente que roubava ingredientes e alimentos para os seus cozinhados, sendo expulsa algum tempo depois.

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A Escola Secundária de Emídio Garcia, sucedeu ao liceu de Bragança, que passou por designações várias, desde a sua fundação em 1853 (por exemplo, Liceu Nacional de Bragança). Vocacionada para proporcionar a formação pré universitária a alunos de todo o distrito, conheceu períodos de grande fulgor académico e cultural. Foi designada Escola Secundária, quando foram instituídos os cursos unificados. Situa-se numa freguesia urbana, mas serve alunos que residem em freguesias rurais do concelho e, nalguns cursos, alunos de concelhos.O patrono desta Escola, Manuel Emídio Garcia, foi uma figura proeminente da cultura e da política Nacional, na segunda metade do século XIX.

nas férias, veríssimo rumava a Paçó, para semanas ou meses divertidos, de brincadeira e descanso, e veríssimo era perito em contrariar a monotonia, com novas ideias para brincadeiras, e sobretudo partidas. era um aventureiro por natureza e a cabeça continuava a ser o seu motor. Se ele tinha uma ideia que não podia concretizar, desafiava os amigos e ficava a observá-los e a apoiá-los. de forma que, a maior parte das brincadeiras e marotices eram feitas com base na sua capacidade inventiva, inesgotável. e isso era um desafio para os amigos que pensavam que, se o veríssimo, com limitações físicas, conseguia fazer tanto, eles também haveriam de conseguir ultrapassar as suas próprias dificuldades.Tirando os momentos em que se entretinham a ver as séries da televisão (como o “raio azul” ou o “el Coche Fantástico”, na tv espanhola), os Jogos sem Fronteiras ou outros programas do interesse dos jovens, o tempo era passado na rua, ao ar livre. Ora construíam asas delta com paus, fios de ligar fardos de palha e plásticos dos sacos de farinha, que lançavam nas ruas mais inclinadas, ou tentavam resolver o mistério do vaivém espacial Challenge, desenhando órbitas, como também se divertiam a roubar fruta das árvores ou a dar tiros aos pássaros.Um dos grandes divertimentos era, de facto, o tiro aos pássaros. a arma mais sofisticada e perigosa era a espingarda de pressão de ar (“escupeta”). volta e meia, um qualquer mais irresponsável disparava sem medir as consequências, e era assustador ouvir o zumbido que o chumbo fazia, a cortar o ar. Um dia, veríssimo decidiu experimentar a escupeta do irmão e acertou numa vaca. Felizmente, esta não morreu, nem ficou a coxear da pata esquerda traseira, onde o chumbo se vincou.

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“Antes do ataque,  formulei o desejo de não a ver estendida no chão, pois não teria dinheiro para pagar tanta carne, como aconteceu a metade da embalagem de leite que o Sr. Francisco deixou junto à porta da sua rústica mercearia. O meu cúmplice deu com a língua nos dentes e foi ver a satisfação do senhor que, depois de receber o dinheiro do prejuízo,  sorria enquanto assistia aos ardentes açoites que recebi…”

a ideia de furar os pacotes de leite deixados à porta da mercearia do Sr. Francisco foi, claro está, de veríssimo. mas o plano saiu-lhe furado e os seus pais tiveram que pagar o leite ao merceeiro.

“Aquele que foi meu cúmplice no caso do leite derramado, como uma lagoa, dificilmente ripostava com violência, excepto quando não lhe restava outra solução que assustar o inimigo, atrás de quem corria com uma calagoiça no ar... o longo cabo e lâmina aguçada e larga impunham respeito e fuga... normalmente não resultavam em ferimentos, mas numa manhã perdi a batalha e a defesa da minha rua e algo mais, ser melhor que a do oponente, que não podia sair do horto para vir brincar. O aborrecimento fez de mim o marco para a pedra usada no fito, atirada por ele contra mim. não reagi por duvidar ou por achar inacreditável tal acto... 

em poucos segundos, vi-o lançá-la e o trajecto no ar! doeu imenso quando me atingiu na parte superior da cabeça, que começou logo a sangrar sem o socorro dele. Pensei que os meus dias tinham chegado ao fim... fui depressa para casa, correndo com o andarilho e, quando parei alguns segundos para recuperar fôlego, perguntaram-me o que me tinha acontecido. respondi que tinha caído para não o prenderem, se eu morresse.”

Para além da escupeta, a artilharia era composta por espadas de plástico e fisgas de arame com elástico que projectavam grampos (minúsculos e finos arames com algumas formas), perigosos para o rosto e olhos. a preferida era a de pau com elástico de câmara de ar de pneus, com um pedaço de pele de sapatos para as balas (pedritas) que abundavam no chão. veríssimo adorava vê-las desaparecer no ar, na vertical, vendo-as ou ouvindo-as cair depois, ali próximo ou nos telhados. mais interessante era quando disparava na diagonal e as ouvia nos telhados a 60/100 metros. Certo dia, ao entardecer, a senhora de uma casa, surpreendida e preocupada com tantos “mísseis”, capazes de lhe destruir o telhado, saiu à procura do causador. e o veríssimo teve de formular um sincero pedido de desculpa, para evitar o pior.

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“Era um dos passatempos mais divertidos que recordo. Quem não tinha jeito para fazer tal arma, encomendava-a ao especialista de pneus furados e das várdeas (lenha empilhada). Não me admirava que enriquecesse com tanta encomenda! Quando não havia tempo para ir buscar tal artefacto, arremessavam-se as munições de maior calibre com a própria mão, porque havia inegotáveis calhaus, rebolos em todos os caminhos e paredes.”

 Os pais de veríssimo estavam habituados a tropelias, confusões, golpes nos joelhos, braços, testa, cabeça, e já não lhes davam muita importância. Os ferimentos eram desinfectados ou simplesmente lavados com água e, quando veríssimo estava sozinho, chegava a tentar parar o sangue com terra, ou aguardava que secasse, para não ir a casa. vivia sem grandes cuidados, porque não tinha qualquer consciência de que as lesões poderiam vir a trazer-lhe problemas, como de facto aconteceu, anos mais tarde. Quantas vezes não tombava o andarilho para a frente, batendo com os joelhos nele ou nas pedras. Quando usava a cadeira-de-rodas, sentado, com alguém a empurrar, a velocidade de corrida aumentava bastante, bem como as quedas, ao sair disparado da cadeira, quer fosse em caminhos planos ou íngrimes. algumas implicaram pontos, e provocaram mesmo desmaios e perda de memória do sucedido durante algumas horas. a pior de todas elas aconteceu em Paçó. Os irmãos de veríssimo esforçavam-se para que ninguém estragasse a cadeira-de-rodas e havia avisos e advertências de toda a espécie. mas eram todos jovens, e as coisas aconteciam. Uma manhã, o Jorge assustou-se quando avistou a irmã de veríssimo, vindo da fonte. Tentou afastar-se da cadeira que, segundos depois, rodou as rodas da frente e deslizou, travada, embatendo violentamente num aro da porta da loja de burros do Sr. Quintas. a agilidade de veríssimo não bastou para impedir a sua projecção para o interior, onde bateu com a testa numa esquina afiada duma lousa do chão, junto à porta. entretanto, o Jorge viu-o inconsciente naquele chão coberto de palha e foi buscar quem o socorresse. veríssimo recuperou a consciência durante o tratamento em casa, mas decidiram de qualquer forma ir ao hospital por causa daquela amnésia e corte profundo.Quando os sinais não eram visíveis, ninguém notava nem o próprio veríssimo percebia, curando-se com o tempo... e foi assim que, anos mais tarde, numa radiografia, veríssimo percebeu que teria partido algum osso na anca sem dar por nada. apesar das quedas, ferimentos e apagões, veríssimo não perdia uma oportunidade para exercitar o corpo. na Primavera e no verão, sob uma agradável aragem de feno e de chuva, veríssimo costumava fazer pistas com o andarilho,  com curvas, contra-curvas, inclinações, circuitos complexos semelhantes à Formula 1. Tinha a paciência e a capacidade de correr longos períodos, parando quando precisava para descansar. no inverno, por causa da neve, veríssimo era obrigado a ficar por casa, e o tempo custava mais a passar. mas aproveitava ao máximo os dias de chuva que não ensopavam as ruas e as transformavam em barro espesso de moldar. exercitava o corpo todo, inclusive pulmões

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e coração e, aos 17 anos, impressionou o médico que lhe fez um electrocardiograma. infelizmente, esse exame antecedeu uma operação às pernas que o obrigou a travar a actividade física. a última aquisição de um andarilho no Porto foi especial, porque entregaram a veríssimo uma bicicleta de três rodas.

“Se não tivesse pedido como quem pede um presente e jurando que seria capaz de pedalar, ou acompanhar o movimento dos pedais impulsiondos pelas rodas, não teria feito exercício físico dessa forma pelos caminhos e estradas para as aldeias vizinhas. Permitiu-me aumentar a quilometragem diária, o cansaço e as quedas mais extravagantes com as quais aprendi a cair com dor e ferimentos controlados. Porém, era perigoso, porque prendia os pés à placa fixada no pedal e, quando sofria um acidente, havia o risco de quebrar as pernas ou dar um mau jeito no torax, devido ao contorcionamento repentino. Normalmente, caía sem ninguém à vista ou em locais isolados, por isso, especializei-me em recuperar de quedas laterais, que aconteciam se impedisse o movimento dos pedais. Não podia ‘travar’ a velocidade da bicicleta com eles, por isso tinha sempre a mão preparada para travar ao pedalar até à velocidade que pensava suportar nos momentos de relaxamento. Mas o entusiasmo e outros factores imprevistos nem sempre garantiam segurança...”

 Com esse novo veículo, veríssimo pôde começar a conviver com pessoas das outras aldeias e percorrer indefinidamente toda a zona interior e circundante da aldeia. mas a sua vida estava prestes a mudar novamente, e esta bicicleta, assim como a moto 4 que veríssimo recebeu depois, a tornarem-se “veículos de férias”. Foi ainda no 7º ano que tudo aconteceu, quando a família de veríssimo decidiu enviá-lo para Lisboa e, dessa forma, permitir-lhe o acesso a tudo aquilo que veríssimo ambicionava: estudos, acompanhamento da doença, oportunidades. e foi assim que ele rumou a uma nova cidade, a mais de 500 quilómetros da sua aldeia

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III“A adversidade é um trampolim para a maturidade.”Charles Colton  

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LIsBOaA JUVenTUde nA CAPiTAL

População | 500 mil habitantesÁrea | 83,84 km²número de freguesias | 53

Capital de Portugal, é também a maior e mais importante cidade do país. Também conhecida como a “Cidade das 7 Colinas”, pensa-se que terá sido fundada pelos Fenícios cerca de 1200 a.C., derivando o nome Olissipo, de «allis Ubbo» ou «Porto seguro» em fenício. Lisboa foi povoada por gregos, romanos, bárbaros e muçulmanos, sendo uma cidade onde várias culturas desde cedo se misturaram. esta mistura eclética de bairros, arquitectura e cultura distinguem-na de outras capitais europeias e atribuem-lhe uma riqueza única.do rio Tejo partiram as caravelas rumo a novas civilizações e a ideia de «Finisterra»-  onde tudo acaba ou começa - está intimamente ligada ao imaginário da cidade e espelha-se em azulejos, na pintura, na música e na saudade tão lisboeta.Os bares de marinheiros da cidade são o berço do fado, cantado à janela, em becos e vielas pelos alfacinhas dos bairros mais populares da cidade e hoje elevado a património da humanidade.a Lisboa de hoje é uma mistura de velho e novo, onde tradições populares, sardinha assada, ginginha, bairros típicos, pastéis de Belém, igrejas e monumentos incríveis se cruzam com novas tendências artísticas e uma modernidade que fazem da cidade uma das capitais mais ricas, misteriosas e vibrantes do mundo.

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Quando veríssimo se mudou para Lisboa, foi habitar uma casa nas Olaias, e frequentar a escola Secundária dessa freguesia. a vida, em Lisboa, obrigava a um grande rigor e disciplina por parte de veríssimo, que acordava invariavelmente às 6h para apanhar o autocarro às 7h10 e entrar nas aulas às 8h30. À tarde, após o almoço, o regresso a casa também tinha hora marcada e o Sr. acácio, na altura motorista de transportes de deficientes da Cm de Lisboa, era quem transportava veríssimo no período da tarde. O plano diário de veríssimo seguiu sempre tal precisão, ao minuto e ao segundo, que ele não tolerava que o fizessem perder tempo, por isso não poucas vezes o Sr. acácio teve que ouvir as suas queixas. O motorista tinha indicações para recolher muitos alunos e conduzi-los nos seus percursos, e veríssimo desesperava-se nestas esperas e viagens intermináveis, mostrando-se muito exigente a princípio. depois foi conversando com o Sr. acácio e com o ajudante deste, e percebendo a necessidade de dar atenção a todas as pessoas que, como ele, precisavam de auxílio no transporte. acabaram por ficar amigos, e o Sr. acácio até lhe deu depois a alcunha de “doutor”, reconhecendo-lhe a inteligência que o levaria depois a concluir o secundário na escola do Lumiar e na escola da cidade universitária, e por fim à escola Superior de Comunicação Social para se licenciar. Também a incompetência o tirava do sério, e um dia veríssimo chegou mesmo a exigir a um professor que impusesse ordem nas aulas dele, do 9º ano.

“Inicialmente ele não deu muita importância aos meus avisos, mas começou a perceber que era preferível domesticar quase meia turma de matemática, para evitar queixa na Direcção da Escola. Finalmente, controlou as feras e tudo acabou em bem.”

em Lisboa, veríssimo nunca chegaria a encontrar um grupo de amigos como acontecera em Paçó e em Bragança. Os seus verdadeiros amigos estavam a mais de 500 quilómetros de distância, e veríssimo continuava inclusive a corresponder-se com eles. ana Pereira, por exemplo, recebia frequentemente longas cartas do amigo, inclusive com versos em português e em inglês, que veríssimo desejava um dia ver musicados. Já na nova escola, veríssimo era várias vezes perturbado por alguns alunos mais rebeldes.Sérgio era um dos seus colegas que mais se destacava, pelas partidas que lhe pregava. Colega de carteira, Sérgio divertia-se a distraí-lo e, quando veríssimo se levantava, Sérgio colocava pioneses na sua cadeira. volta e meia também o obrigava a “capotar”, para mostrar aos amigos como ele era capaz de se levantar sozinho. eram brincadeiras, não maldades, que Sérgio fazia a todos os colegas em geral. mas era o único que se atrevia a fazê-las a veríssimo, prova de que o tratava como igual. e o veríssimo, ainda que se zangasse frequentemente com ele, e fizesse queixas aos irmãos, até gostava dessa igualdade.ao pedir transferência para uma turma que tivesse aulas de manhã (uma vez que o primeiro horário que lhe haviam dado era de aulas de manhã e de tarde, o que o impedia de estudar),

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veríssimo aterrou numa turma de desordeiros, onde era muito difícil integrar-se. mas as notas continuavam boas, com excepção do inglês, porque a nova turma estava num nível mais avançado. veríssimo só tinha começado a aprender o idioma no 7º ano, quando os seus colegas já o estudavam desde o 5º. mas isso só foi detectado algum tempo depois de veríssimo mudar de turma:

“Fiquei sem palavras quando a professora de inglês percebeu que o meu grau não era o dessa turma! O erro da secretaria, a pouca sabedoria de alguns alunos e o facto de não ter havido conversas nesse sentido, nem com a professora, apenas foi detectado quase no fim do primeiro período ou no decurso do segundo, quando ela me disse que já não valia a pena fazer nada, isto é, mudar novamente de turma. As aulas de inglês de nível i das restantes turmas não coincidiam com nenhum tempo livre da minha. Achei estranho como é que eu era quase bom aluno no 7º ano da escola de Bragança, e nesta, no 8º, não percebia nada, enquanto a maior parte dos alunos estava sintonizado com as exigências da professora que definiu o idioma falado nas aulas: inglês. Tentou ser um pouco permissiva quando detectou o meu desajuste, mas deu-me sempre um 2, mesmo quando nem um 1 eu merecia!”

Por outro lado, veríssimo era o melhor nas aulas de Francês do 8º ano, o que não era de estranhar, sendo que ele tinha mais dois anos de aprendizagem. Souberam-lhe bem as notas altas, mas a verdade é que veríssimo poderia ter ficado com uma melhor formação do que aquela que teve, porque a professora teve de se guiar pelo nível mais baixo dos seus colegas. e o veríssimo saiu novamente prejudicado.

Outra disciplina em que veríssimo não obteve os resultados que desejava foi a estenografia, onde a professora lhe deu um 9, contrariamente ao ano anterior, em que teve um 15. muito por culpa de uma cirurgia que teve que fazer nesse ano, e que o obrigou a caminhar curvado – “como uma tartaruga”, como diz veríssimo - durante os anos seguintes. Para não perder tempo, veríssimo conversava com ela durante o trajecto que os levava do r/C de um pavilhão ao 1º piso do outro, e acredita que essa “pressão” a irritou. embora a sua razão apresentada fosse o facto de o veríssimo não acompanhar a rapidez imposta por ela. O problema é que quase metade de turma não a acompanhava! Felizmente, no ano seguinte a professora foi outra, e as dificuldades debelaram-se.

“Foi uma experiência interessante e não notei muita diferença na aprendizagem.”

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Para evitar confrontos desnecessários com os colegas mais rebeldes, veríssimo optava sempre por se sentar sozinho na primeira mesa da segunda fila da esquerda. Todas as escolas tinham sempre o mesmo esquema e número de filas nas salas, e veríssimo tentava “negociar” esse lugar logo no início do ano. Só já no 11º “relaxou” e juntou-se aos outros alunos nas mesas do fundo.

escola Secundária das Olaias

O Agrupamento das Olaias tem a sua sede na Escola EB 2,3 das Olaias, cuja construção remonta ao ano de 1983. O Agrupamento foi criado no ano letivo de 2003/04 e é constituído pelas Escolas EB 2,3 das Olaias; EB 1 - Engenheiro Duarte Pacheco; EB 1 - Actor Vale; Jardim-de-Infância S. João nº 2; Jardim-de-Infância do Beato e a EB 1 com JI do Armador.

escola Secundária do Lumiar

A Escola Secundária do Lumiar pertence ao Agrupamento de Escolas Professor Lindley Cintra, localizado no concelho de Lisboa, nas freguesias do Lumiar e da Ameixoeira. O Agrupamento integra hoje 7 estabelecimentos de ensino, que vão do pré-escolar ao ensino secundário: Jardim de Infância da Ameixoeira, Jardim de Infância do Lumiar, Escola Básica Eurico Gonçalves, Escola Básica nº 31, Escola 204, Escola Básica Professor Lindley Cintra e Escola Secundária do Lumiar.

escola Secundária da Cidade Universitária

Criada em Outubro de 1980, recebe o seu nome da localização nos terrenos da Universidade Clássica de Lisboa. Destinava-se a leccionar o 12º ano da Via de Ensino, que funcionava então como ano de preparação para o acesso ao Ensino Superior. Em 1985 começaram a ser leccionados também os 10º e 11º anos da Escolaridade Secundária e em 93/94 começou a funcionar na escola o Ensino Técnico-Profissional. A partir de 93/94, ano da generalização da Reforma Curricular, a Escola tem para oferecer no turno diurno, Planos de Estudo do C.S.P.O.P.E. (1º, 2º, 3º e 4º Agrupamentos) e do C.P.O.V.D.A. (C. Tecnológico de Informática do 1º Agrupamento). Atendendo às condições precárias das instalações desta escola (pavilhões pré-fabricados) desde há anos que o Ministério da Educação projectava a sua saída da Cidade Universitária, intenção contra a qual se manifesta então a comunidade escolar. Esta mudança acabou por ocorrer no final do ano lectivo de 2002/2003.Em Maio de 2003 esta escola foi formalmente extinta em resultado de uma fusão com a Escola Secundária Padre António Vieira.

nas férias do natal, da Páscoa e no verão, veríssimo regressava à aldeia da sua infância, aos seus amigos, e também aos veículos mais ousados que não podia usar na cidade. a bicicleta de três rodas durou ainda algum tempo, até que o sistema de fixação da tracção às rodas,

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que era fraco, acabou por partiu-se. não foi possível soldá-lo e o veríssimo acabou por ficar sem essa forma de mobilidade.no entanto, a família decidiu, a dada altura, oferecer-lhe uma moto 4. e, se os amigos já nunca dispensavam a sua companhia, o veículo motorizado trouxe ainda mais piada à sua companhia, e os amigos seguiam-no para todo o lado de bicicleta.

“A moto 4 surpreendia toda a gente daquela zona que nunca tinha visto uma, sobretudo por não ser adequada ao meu tamanho, pois era para jovens de 8/12 anos! Não tinha molas e, apesar de velocidade máxima ser de 20km/h, parecia andar a 40 km/h, devido à sua dimensão e ao facto de não ter amortecedores! No entanto, estava registada, tinha matrícula e cruzei-me diversas vezes com a brigada de trânsito que olhava para ela como se fosse uma mulher atraente ou um ovni! Um dia, passaram-me uma multa que não paguei por estar em Lisboa e o endereço da mota ser na aldeia. Estava prestes a ser condenado pelo ‘calote’ causado pela minha ousadia de andar com uma roda no ar numa rua de Bragança! Embaraçado e sem saber como sair desta cena inesperada, um familiar meu transmitiu o meu arrependimento e promessa de não repetir tal comportamento de risco contra outras pessoas e seus bens, acrescentando que nunca mais andaria nela e, se quisessem, podiam leiloá-la para uma recompensa de solidariedade! Não pude confirmar se a totalidade da mensagem chegou ao destinatário, mas é um facto comprovado que está parada há 10 anos e que, desde o sucedido, pouco mais andou.”

na verdade, veríssimo não protagonizou essa façanha, foi um erro da polícia que lhe valeu caro. mas é verdade que veríssimo fazia alguns “malabarismos” na moto, pouco recomendáveis, como virar ligeiramente o volante em algumas travagens, com ou sem descidas. O facto de ser uma moto baixa não lhe retirava o perigo de condução inconsciente, nem impedia alguns peões de 90º. Os de 120 ou mais graus requeriam mais ousadia, movimento do corpo, volante e a areia de alguns sítios... mas aconteciam!

“Tombei-a algumas vezes, uma das quais rebolou quase sobre mim numa descida íngrime onde travei um pouco, mas ela achou ser o suficiente para se descontrolar contra a parede diagonal daquela casa. Se não estivesse no centro do caminho ou se tivesse travado mais à frente, talvez não evitasse o choque nela, mas tentei antecipar a queda...”

Conduzir com ousadia, provocando situações limite, não o assustavam. eram até a sua forma de desafiar a liberdade roubada pelas limitações que a vida lhe tinha imposto:

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“Recordo esses momentos com alguma saudade, porque combinavam diversas sensações agradáveis como andar de moto e parar ao ar livre em qualquer parte distante da aldeia, vislumbrando o horizonte repleto de montes e vales, sentir a brisa, vento moderado, respirando ar puro.”  

a ignição da moto 4 era semelhante às dos motores de rega, mas nem sempre trabalhava ao primeiro, segundo ou terceiro puxão manual da corda presa à espécie de roldana de arranque. Quando encharcava era o cabo dos trabalhos, que veríssimo só resolvia com imensos puxões, que lhe exercitavam o braço esquerdo!O depósito só tinha capacidade para 1,5l de gasolina, mas o veríssimo andava 40 km sem atestar na “gasolineira de casa”, como lhe chamava. 

na escola da Cidade Universitária (que hoje já não existe, o edifício foi até demolido), onde veríssimo terminou o Secundário, foram mais as amizades estabelecidas. ana Colaço foi uma das colegas com quem veríssimo se deu melhor. apesar de ela ter algumas dificuldades em entendê-lo, a princípio, houve empatia imediata, e os dois tornaram-se confidentes, inclusive das paixonetas que um e outro viviam, tão próprias da idade. Sentavam-se num banquinho que havia na escola e ficavam a conversar durante muito tempo. ana considerava-o uma pessoa muito agradável, meiga e inteligente… e sempre admirou o seu carácter lutador, apesar de tudo aquilo por que já tinha passado. Os seus sonhos eram sempre infindáveis, os seus projectos megalómanos, e ana admirava-o também por isso. Já nessa altura, veríssimo falava-lhe que um dia gostaria de escrever um livro a contar a sua história. mas nunca ana pensou, quando as circunstâncias da vida os levaram a seguir rumos diferentes, e a afastarem-se, que o sonho de veríssimo viesse mesmo a concretizar-se... Foi também na escola Secundária da Cidade Universitária que veríssimo conheceu Catarina. Também frequentara a escola Secundária do Lumiar, onde veríssimo andara, mas foi na da Cidade Universitária que começaram a conviver e se tornaram amigos. Catarina estava à frente da associação de estudantes e passava muitas horas nesse espaço, que o veríssimo começou a frequentar. Catarina, Lara e outras colegas tiveram conversas muito interessantes com o veríssimo, sobre os mais variados assuntos. Um dos temas era música. havia uma estação de rádio na associação de estudantes e Catarina recorda-se de um dia dos namorados em que veríssimo apareceu com uma cassete, pedindo que passassem a música que ela continha (uma música dos Queen), para a dedicar a alguém especial... veríssimo tinha um lado romântico que Catarina apreciava bastante, e nunca viu o amigo como alguém limitado. era um colega como todos os outros, mas com uma inteligência, uma força e uma persistência (que às vezes se transformava numa teimosia que tinha muita graça) que o tornavam mais interessante do que a maioria.Foi Catarina e as amigas que levaram o veríssimo, pela primeira vez, a um restaurante chinês, e queriam levá-lo também pela primeira vez ao cinema. mas os cinemas, nessa altura, não

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tinham as acessibilidades que têm hoje, e o grupo não conseguiu cumprir esse sonho de veríssimo - que ele, entretanto, realizou, quando as condições dos cinemas começaram a permiti-lo.

Outra pessoa importante na vida do veríssimo, neste período, foi Carlos marques, director do CideF – Centro de inovação para deficientes, que oferecia cursos e oportunidades a pessoas portadoras de deficiência. veríssimo foi bater-lhe à porta quando terminou o 11º ano, com o intuito de se inscrever num curso daquela instituição, porque supostamente não se sentia com capacidades para prosseguir os estudos. acabou por frequentar vários cursos no centro, e Carlos tornou-se alguém muito presente na sua vida, que lhe dedicou muito de si, recebendo igualmente muito em troca, como o próprio faz questão de salientar. Tiveram conversas muito pessoais e profundas que marcaram a vida de ambos. Carlos encontrava-lhe bastante falta de confiança em si próprio, mas uma impressionante capacidade criativa que ia muitíssimo para além daquilo que os pais poderiam acompanhar. e facilmente as suas ideias eram interpretadas como fantasias, faltando a veríssimo um apoio que seria fundamental para levar as suas ideias avante. Carlos tornou-se, assim, um pilar para veríssimo. Foi através do CideF que veríssimo recebeu um computador em sua casa, e foi pela mão de Carlos que veríssimo reuniu com uma editora para propor uma nova forma de indexação de palavras num dicionário. algo criado pelo veríssimo “absolutamente genial”, nas palavras de Carlos, que também o incentivou a mostrar a uma editora um conjunto de escritos que veríssimo partilhava com ele, e compilava em algo que chamava de “livro”. alguns textos mais divertidos, outros mais sarcásticos, todos eles a súmula de uma personalidade que se foi moldando na luta e nas adversidades. Foi também pelo incentivo de Carlos que veríssimo voltou a estudar e concluiu o secundário. Carlos valorizou-o nas suas competências. Fê-lo voltar a acreditar que não era assim tão diferente. Ou, pelo menos, que a sua diferença não o impediria de chegar onde queria. e, para surpresa de muitos, após concluir o Secundário – considerado um feito, para muitos – veríssimo resolveu ingressar na universidade, para se licenciar em Publicidade e marketing. Carlos recorda-se como se fosse hoje do dia em que veríssimo o procurou no Centro para lhe dar a notícia. e depois lhe perguntou: “O que é que é o marketing, doutor?”

Continuava a haver alguma ingenuidade na sua forma de ver o mundo, mas era também ela que fazia o veríssimo avançar sem medo rumo ao desconhecido. Com a faculdade, começaria uma nova etapa na vida do veríssimo. Uma etapa dura, que o marcaria para sempre, pela negativa. Uma etapa que lhe roubou alguma dessa inocência. mas que também lhe potenciou a criatividade e a vontade de a colocar ao serviço da sua “diferença”.

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O CideF

Centro de inovação para deficientes foi um Centro de Formação e reabilitação Profissional para Pessoas com deficiência Física/motora, visual e auditiva, que se dedicou à formação em tecnologias da informação e comunicação. O CideF desenvolveu actividades de desenvolvimento de ajudas Técnicas e iniciou projectos de formação inovadores, tornando-se, com exemplo, a primeira organização em Portugal a desenvolver cursos de informática para cegos, com auxílio de equipamentos então importados dos estados Unidos.

escola Superior de Comunicação Social

Fundada em Junho de 1989, abre as portas aos primeiros alunos nesse mesmo ano, com o curso de Publicidade e marketing. no ano seguinte (1990/91), tem início o curso de relações Públicas (que, a partir do ano lectivo 1998/99, adopta a designação de Comunicação empresarial).em 1994, a eSCS mudou de casa. a singularidade do espaço, projectado pelo arquitecto Carrilho da Graça, já lhe valeu vários prémios, entre os quais o Prémio SeCiL, em 1994, e uma menção honrosa do Prémio valmor em 1993. no ano lectivo de 1996/97 é então lançado o curso de Jornalismo, completando-se assim o projecto original da escola. O curso de Publicidade e marketing é um desafio à criatividade dos seus alunos. Oferecendo a possibilidade de escolha entre publicidade e marketing, os alunos trabalham situações reais, reproduzindo o funcionamento, por exemplo, de uma agência de publicidade ou desenhando a estratégia de marketing de uma empresa.

a escola Superior de Comunicação Social foi a faculdade escolhida por veríssimo para se licenciar em Publicidade e marketing. a sua criatividade e capacidade de lutar contra impossíveis davam-lhe o perfil certo para um curso desta natureza. mas, infelizmente, nem tudo foram rosas, nos quatro anos em que durou o curso.

Uma das pessoas com quem veríssimo costumava desabafar era com manuela Sarraguça, hoje com 45 anos, na altura a trabalhar na recepção da Universidade. Quando veríssimo tinha tempo livre sentava-se num banquinho em frente à recepção e os dois ficavam a conversar. manuela via-o como uma pessoa muito sozinha. era-lhe muito difícil, na faculdade, fazer amigos, talvez por as suas limitações físicas, na altura, se terem agravado. Talvez por, numa escola de comunicação, ele ter dificuldade em comunicar. Talvez pela timidez que se impôs. Talvez por encontrar colegas demasiado preocupados com o seu futuro, e menos com aqueles com quem conviviam no presente. Talvez por ter professores com pouca disponibilidade para o entender, e para o ajudar a superar as suas limitações. de tudo isso veríssimo se queixava a manuela que tentava, na medida do possível, incentivá-lo a levar uma

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vida normal. a comunicar, a divertir-se, até a ser um pouco “malandreco” e a levar avante as suas paixões. mas manuela também percebia como era difícil levar uma vida normal num ambiente tão hostil. Os próprios colegas de manuela, na recepção, passavam o tempo a meter-se com o veríssimo. eram simples brincadeiras, como imitá-lo na fala, esconder-lhe o andarilho ou pintar-lhe as unhas com corrector sem ele dar por isso, mas tudo isso o magoava bastante.

a irmã de veríssimo, a trabalhar nos Serviços académicos da escola ao lado, foi um grande apoio nesta fase da sua vida. Preocupava-se com as acessibilidades, com a alimentação, até com a atenção que lhe era dada. mas tudo isso parecia insuficiente para veríssimo, quando à sua volta o ignoravam, o desvalorizavam, o descriminavam. e o veríssimo, aquele veríssimo de sorriso e força inesgotáveis, começou a sentir também alguma revolta contra o mundo que não o deixava cumprir os seus sonhos. e o sorriso deu muitas vezes lugar ao choro.

Cláudia foi uma das poucas colegas de veríssimo com quem ele conseguiu criar uma bonita amizade. Partilhavam o mesmo espírito analítico e, talvez por isso mesmo – serem tão críticos e não terem receios de dar a sua opinião, nomeadamente em relação à conduta dos pofessores, à sua falta de formação e à organização do curso - Cláudia também não fez grandes amizades na faculdade. veríssimo procurava pessoas honestas e verdadeiras, e fazia-lhe muita confusão a mentira, o engano e a falsidade. e Cláudia cativou-se de imediato por esse seu carácter de excelência, essa sua pureza, mas também exigência, em todos os aspectos da sua vida, fossem eles pessoais ou profissionais. O curso acabou por desencantá-la, porque as suas aspirações eram mais na área da Filosofia do que propriamente na do marketing, e Cláudia acabou por abandonar a faculdade no 2º ano, para estudar Filosofia na Universidade nova de Lisboa. voltou em 2004 e foi com grande felicidade que reencontrou veríssimo, na altura já a trabalhar na faculdade (um emprego que a irmã lhe arranjou e que, no entanto, nunca o satisfez). reencontrou o seu sorriso e a sua vontade de viver, apesar de todas as adversidades. Como Cláudia costuma dizer, as pessoas “diferentes” têm a capacidade de enriquecer a vida dos outros, porque vêem o mundo de uma forma diferente. São obrigados, por via das suas limitações, a compreendê-lo de forma mais apurada, a movimentarem-se de forma melhor. e isso é a prova de que a mobilidade do espírito tem mais força do que as limitações físicas, e que as pessoas com algum grau de deficiência têm essa mais valia de conseguir ver e ensinar o que a maioria não consegue. Foi isso que o veríssimo ensinou a Cláudia, e ele será, por isso mesmo, sempre uma grande fonte de inspiração para ela, sobretudo pela sua resiliência. nas suas palavras “alguém que é resiliente é alguém que é verdadeiramente pessoa”.

Os textos que se seguem são exemplo dessa mágoa que veríssimo guarda, dos tempos de faculdade, e de como eles foram estruturantes para a sua personalidade. muitas vezes

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pensamos que a nossa indiferença gera apenas indiferença. mas ela gera também, muitas vezes, revolta, quando do outro lado existe alguém que gostava de ser ouvido:

“Os meus colegas muitas vezes também eram forçados a escrever, e no conjunto de tudo do curso, a desenvolver campanhas, videos, anúncios, análises e estratégias de marketing, etc... Muitos alunos saberiam definir melhor o que se passava lá, e mesmo eu, se pensasse, mas também não interessa, porque essá fase da minha vida é para esquecer. A minha passagem pelo ensino superior ainda foi um pouco agradável e importante... mas ao pensar nos parasitas e na forma como isso foi usado contra mim, deprime-me e faz-me sentir ódio...”

“dispenso que recordem constantemente que sou deficiente e que me destruam as capacidades mentais que me habituei a explorar bem, com alguma ajuda da minha formação universitária.”

a propósito da hepatite C, que lhe diagnosticaram em 1998:

“A causa da minha falta de apetite foi descoberta, por acaso, no ano da eXPO 98, tendo-me afectado emocionalmente a partir de então, quando vejo TV e revistas sobre estilos de vida de certos portugueses e estrangeiros, comentados com satisfação/aprovação de tal conduta. Por isso, considero os Media responsáveis pela promoção de determinadas doenças, tendo, portanto, o dever  de contribuirem para remediar a situação e me indemnizarem através de uma estratégia subliminar de indemnização imposta à sociedade, num castigo de 100 euros por habitante (embora só alguns «paguem» por todos) porque a única ligação emocional sem consequências, é a companhia. Seria injusto e condenável se fosse irresponsável, merecendo prisão perpétua, pena de morte (perseguição policial e da OMS) se vivesse como toda a gente, ocultando... Assim, e porque me envolveram nesta situação sem direito a recusar cirurgia que alegadamente me daria voz normal (que não me prejudicava assim distorcida, menos importante do que andar) segundo a Assistente Social de Bragança e especialistas do hospital Maria Pia, no Porto, recebi a transfusão do comportamento irresponsável de alguém igual a todos, porque dois relacionamentos na vida já são 50 % de risco e ninguém ousa questinionar, solicitar, analisar relatórios médicos antes de iniciar relacionamento sério, efémero, ocasional, de adultos, adolescente, infantil... Pois, até um beijo merecia regras e tais formalismos. Governo e responsabilidade médica não é nada, porque é estrutura, ideia de gestão. nestes casos, quando não se sabe quem foi o doador, adopta-se o sistema democrático... paga a maioria que se rege pelos mesmos princípios amorosos da multiplicidade...”

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“desde 2003 até 2011, vi pessoas com as mais estranhas atitudes para mim, inclusive no estrangeiro, sendo, portanto, um problema de carácter, incompreensão, juízos de valor ou suposições erradas, falta de tempo ou do que não ganham com um deficiente que discriminam ou ignoram. Conclui-se que as boas ou más atitudes são universais e não se limitam às pessoas dum país, região, cidade, zona, rua, prédio, andar, família. Percebi que as pessoas reagem melhor nos seu período de lazer, de descontracção e de lento caminhar, bem como em locais de contacto com a natureza, que valoriza a natureza humana!”

Quem também acompanhou esta luta do veríssimo para estudar, formar-se e trabalhar foi ana Paula, porteira do prédio onde veríssimo vive com a mãe. Começou a trabalhar lá há 14 anos – já o veríssimo lá morava – e sempre se admirou com a sua resistência e a sua capacidade de lutar. era raro o dia em que veríssimo, a chegar ou a sair, não parava junto à sua secretária e se punha a conversar. Ora contava coisas da sua vida, ora comentava a revista que a ana Paula estava a ler, ora dizia uma piada... ana Paula sempre o achou muito meigo e educado, mas também muito brincalhão. era raro não o ver bem-disposto e com um sorriso, apesar de todos os problemas por que passava. Problemas estes que desabafava com ela, assim como a mãe de veríssimo, que tinha em ana Paula uma grande amiga e confidente. Como conta ana Paula, a mãe de veríssimo, já com mais de 86 anos, tem um enorme orgulho naquele seu filho e, por ele, faz o que for preciso. Se em criança o carregava às costas, agora era capaz de ir com ele pelas ruas de Lisboa, carregando a sua máquina fotográfica ou câmara de filmar, para o auxiliar nos trabalhos e dar asas aos seus sonhos.

apesar de o veríssimo sempre ter conseguido fazer amizades com pessoas sem deficiência, nos últimos anos veríssimo aproximou-se de algumas com limitações semelhantes. Foi o caso de Paula reis, também portadora de deficiência (paraplegia), com quem veríssimo se cruzou um dia nas amoreiras. as limitações de um e de outro aproximaram-nos, e Paula admirou, desde logo, a sua perseverança, a sua capacidade de lutar e a sua filosofia muito própria de estar na vida. Chama-lhe um “analista permanente da vida e do estado do ser humano”, porque é perspicaz, atento e analisa tudo ao pormenor, desde questões políticas e sociais, de justiça, discriminação, deficiência. veríssimo começou a trocar mensagens com ana Paula, pedindo-lhe algumas opiniões, nomeadamente sobre a forma de lidar com a deficiência. ana Paula trabalha na accecible Portugal, uma agência de viagens especializada para pessoas com mobilidade reduzida, e essa área também sempre fascinou veríssimo, que queria conhecer o mundo e quebrar as fronteiras dos limites que são habitualmente impostos a pessoas como ele. Como refere Paula: “há sempre o estigma que a pessoa com deficiência deve ficar em casa, mas sair, ver e fazer outras coisas é importante para o ser humano. Por que razão excluir a pessoa com deficiência, se elas têm as mesmas necessidades que qualquer ser

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humano?”. a empresa de Paula assegura que as pessoas com mobilidade reduzida possam viajar em segurança, para locais onde têm as garantias mínimas de acessibilidade e conforto.enquanto analista, veríssimo sempre sentiu necessidade de conhecer o mundo e as pessoas, e de os analisar. viajar era, sem dúvida, imprescindível para cumprir esse seu desejo. e este foi mais um desejo do qual ele não abdicou. Com o dinheiro que amealhara ao longos dos anos e aquele que recebia, fruto do seu trabalho, começou a idealizar viagens a destinos que lhe permitiram desfrutar do sabor da liberdade.

as viagens que realizou, algumas das quais sozinho, são o espelho da personalidade combativa e independente de veríssimo, que nunca deixou que as suas limitações físicas lhe impusessem barreiras face ao mundo que tão apaixonadamente desejava conhecer. O propósito maior, que nos últimos anos tem tomado conta dos objectivos de vida de veríssimo, era o de realizar um grandioso projecto em vídeo e fotografia, que descreveremos mais à frente. mas as suas viagens foram mais do que o cumprimento dos planos de trabalho que traçava. Com as suas viagens, veríssimo aprendeu que o mundo é cheio de diferenças, muitas bem mais diferentes do que ele. Percebeu que acaso pode proporcionar agradáveis surpresas (assim nos aventuremos nele), mas, infelizmente, também alguns dissabores.

O próximo capítulo é dedicado às viagens do veríssimo.

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IV“Ninguém pode pronunciar-se acerca da sua coragem quando nunca esteve em perigo.”La rochefoucauld , François

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O muNDOAS ViAGenS dA idAde AdULTA

marcar destinos, planear itinerários, viajar de avião, deslocar-se dentro de cidades desconhecidas, aventurar-se em línguas não dominadas, abordar desconhecidos, fazer amizades, dar a conhecer a sua história... nada ficou por fazer e veríssimo aproveitou em pleno todos os sítios por onde passou.

Ofélia foi uma das pessoas que ajudou veríssimo a organizar algumas dessas viagens. Colaboradora da agência de viagens abreu, na avenida de roma, quando percebeu que o veríssimo desejava fazer um cruzeiro, sugeriu-lhe um pacote que estava dentro daquilo que ele pretendia fazer. Foi tudo planeado com quase um ano de antecedência, o que não é habitual, mas a verdade é que também não é habitual alguém com a deficiência do veríssimo fazer longas viagens, muito menos sozinho. Ofélia ficou impressionada com a sua força interior e coragem, e sempre fez um grande esforço por compreender os seus desejos e ir ao encontro das suas expectativas. Para além do cruzeiro, Ofélia também planeou com ele uma viagem à Áustria, e a última, à África do Sul. Curiosamente, Ofélia refere que ficava sempre com receio de que alguma coisa corresse mal. O que, de facto, veio a suceder na África do Sul.

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nOrUeGA, ALeMAnhA e iTÁLiA8 de Agosto a 8 de Setembro de 2003

Com a viagem até à noruega, veríssmo realizou a sua primeira viagem sozinho. Seria o primeiro de muitos países que nos anos seguintes viria a conhecer.

“em Janeiro de 2003, lembrei-me de criar uma história fotográfica publicitária. iniciei um período de recolha de elementos, imagens de anúncios, cartazes, nomes de lojas e grafites. embora fosse um método muito simples, também era muito complicado, cansativo e desgastante porque tive que andar na rua durante grande parte do tempo disponível, independentemente das condições atmosféricas de dia ou de noite, sem nunca desistir. Uma vez que não podia criar uma história sem personagens, fui pedido a algumas pessoas que participassem no meu projecto.existe uma interacção entre o mundo da publicidade e o nosso. Para o mesmo personagem há várias pessoas. Seria inédito e interessante ver um filme de hollywood com vários actores no mesmo papel. numa cena víamos um e na seguinte, outro. deixava o espectador na expectativa sobre quem seria o próximo actor!em maio de 2003 houve em Lisboa no rio Tejo uma prova do campeonato mundial de motonáutica da classe 1 OFFShOre.Consegui chegar próximo duma equipa que, por acaso, era a vencedora da prova. expliquei ao piloto o que eu pretendia, mas não sei se ele entendeu. em Lisboa já não era possível recriar a minha ideia. Pensei numa nova solução. vi o mapa das provas deles no estrangeiro e escolhi um desses países. era a primeira vez que eu iria viajar sozinho.Com o pretexto da história, vivi uma experiência única que me permitiu usar as capacidades físicas e intelectuais que eu pensava ter e outras que fui descobrindo. Foi um mês repleto de adaptações a diferentes culturas, estilos de vida e turistas de diversos cantos do mundo. achei muitas dessas pessoas, residentes e, sobretudo, turistas, mais atenciosos e conversadores do que alguns portugueses que, em certas situações, nem olham, especialmente, quando não existe mais ninguém.relativamente a esta viagem, aproveitei todas as oportunidades que tinha para falar e fiz de cada momento um festival de diversão, alegria e bem-estar, sentindo-me acompanhado e ‘normal’.Procurei o apoio da agência reuters para ir à inglaterra, mas como também são pessoas que compõem as organizações/empresas, pouco ou nada se pode esperar de quem conta o tempo de trabalho, do dia, da semana até receber o ordenado gasto na família. decidi pagar as despesas com as minhas poupanças e escolhi a noruega. entretanto li no jornal da associação Portuguesa de deficientes (aPd) que iria haver um convívio em munique, num acampamento de pessoas com deficiência e normais de diferentes países para também testarem a autonomia e independência, durante duas semanas. vi que podia combinar a

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viagem da noruega com esse encontro internacional na alemanha. Comprei os bilhetes de avião e aguardei o dia da minha primeira viagem sozinho. Ficaria uma semana na noruega e depois seguia para a alemanha.Perdi o avião por causa da minha bagagem. disseram que só faltava meia hora para o embarque, mas colocaram-me noutro voo que terminou em Frankfurt onde, pouco tempo depois, apanhei outro para Oslo. esta escala foi menor do que seria a do voo perdido. Fez sentido dizer que havia males que vinham por bem!‘O passageiro do voo 69’, sentado ao meu lado, deu-me um cartão com os seus contactos, caso eu necessitasse enquanto estivesse em Oslo, porque lhe contei que viajava sozinho. ele foi uma das primeiras pessoas com quem falei em inglês, sempre acompanhado por um bloco onde escrevia às vezes, para facilitar comunicação. nunca tinha falado inglês nas aulas e só tinha a sensação de saber falar e compreender muito mais devido aos filmes e música, mas duvidava que me entendessem por causa das dificuldades impostas pela deficiência na própria língua portuguesa. regressaria imediatamente, se ninguém me compreendesse, especialmente nalguns cuidados de saúde.duas assistentes ajudaram-me entre o aeroporto e o hotel ali próximo. na manhã seguinte, tentei saber onde era a prova de motonáutica. Fui para as esplanadas do aeroporto e juntei as informações do tal passageiro com as de um rapaz com quem falei naquele momento, visto que ele estava a ler um jornal que falava daquele assunto. encontrava-me distante da cidade e num hotel caro do aeroporto, por isso, teria de mudar-me. Falei com funcionários de lojas e do posto de turismo sobre o que quis. essa viagem correu bem por prestar atenção a tudo que via e me diziam, mas também pelo espírito positivo e tranquilidade.ainda consegui falar naquela noite com a assistente da equipa que encontrei onde realizaram a prova no domingo. Fiquei junto da equipa, mas não era o melhor local para fotografar a corrida.no final da corrida, subi para cima do barco que infelizmente já não se encontrava na água, mas no camião. Por isso, também não realizei o que pretendia, mas fiz algo inédito para mim: subir finos degraus como os das escadas das camas das crianças. Procurei os jornais que falaram dessa prova no dia seguinte e surpreendi-me quando vi a minha foto num! aumentaram-me o cabelo e pintaram-me os óculos para ser anónimo num tamanho reduzido duma montagem irónica que complementou a ilustração principal dessa reportagem desportiva.Comprei o jornal e trouxe-o para os contactar e pedir essa mesma montagem de modo a poder usá-la na minha história. entretanto, passou demasiado tempo, mas ainda tenho o jornal.após subir para cima do barco, fotografei-os no cockpit para não vir embora sem nada, mas não era essa a minha ideia. Contudo, todos foram gentis e foi por causa deles que iniciei as minhas viagens internacionais que podem ter impacto de outra forma.encontrei o terceiro hotel na rua principal da cidade e próximo de coisas mais interessantes. O motivo dessa segunda mudança foram os comentários, durante o pequeno-almoço, de

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algumas empregadas orientais. associei-as às memórias de um antigo filme da rTP cujo cenário era um hotel e elevador que funcionava pela dança. Por isso, fugi antes que elas tentassem alguma coisa de diabólico!no dia seguinte conheci duas irmãs, portuguesas, que trabalham no hotel da rua principal. a recepcionista tinha-me falado delas e surpreendeu-as. Conheci uma cantora que estacionou a sua moto próximo do hotel. Perguntei-lhe onde poderia comprar champô. reflectiu e respondeu-me. acompanhou-me porque também ia nesse sentido. Fomos conversando e disse quem ela era. Lamentou não ficar mais tempo a falar comigo por estar atrasada para uma entrevista que ia dar ali perto, mas ainda me ajudou a escolher o champô que eu pretendia. Os rótulos não continham os idiomas que eu entendia. apesar de haver um centro comercial e muitas lojas na rua, este produto vendia-se numa loja especializada.Posteriormente, comprei os discos dela e informei-me sobre a sua popularidade. havia muitos que a conheciam, outros nem tanto. descobri o lugar onde ela tinha ido. era uma estação de televisão. a Tv2 tinha um horário de funcionamento curioso e parecido com o da rTP na era dos dinossauros. escrevi apressadamente o que quis deixar ao segurança que iria fechar aquilo no fim do seu turno e ainda não era noite. Provavelmente, telefonaram para minha casa enquanto eu estava noutro país.durante aquela semana visitei alguns sítios turísticos em terra e nos fiordes. em relação à comida fiquei impressionado em relação à quantidade de restaurantes e ‘snack-bares’ existentes. Comi em vários enquanto não encontrei um restaurante italiano.Fiquei com má impressão do gerente ou chefe dos empregados do restaurante iriS que tinha duas portas, uma delas no interior do hotel. apenas comi lá uma vez porque ignoraram os pormenores do meu pedido que excluía picantes, molhos e que preferia grelhados. iniciou uma longa conversa. mostrou-se simpático e fui sentar-me na esplanada. Ouvi o comentário irónico do empregado – ‘we’re going to kill the man!’ – porque ele estaria a sugerir a repetição da estratégia desse jantar no dia seguinte, quando um deles estaria de folga.Sugeriram um prato muito caro. a carne estava demasiado passada, quase queimada. a sopa, salgada, para eu beber bastante. Fiquei furioso e ainda hoje estou… vivo!alguns pontos da cidade tinham um cheiro enjoativo, parecido com o de salsichas alemãs misturadas com invulgares aromas da natureza, mesmo quando não via bares ou caravanas de venda de comida.Usei algum tempo dessa estadia para fotografar uma cena que compensasse a falha da motonáutica. a empregada de mesa do restaurante na entrada do centro comercial, perto do hotel, aceitou ser uma personagem que dormia num eléctrico comigo a fotografá-la na rua. apenas tinha disponibilidade na manhã em que vinha embora da noruega. Fomos ao local e tentámos ser breves. Quando regressei ao hotel, a recepcionista telefonou para alterar o voo. voltei a perder o avião das 7h30 do dia seguinte devido a um problema com o pagamento dessa noite extra. Julguei que se tratasse de um problema com o meu cartão,

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porque tinha crédito na conta que confirmei através do homebanking antes de dormir. após várias tentativas, a recepcionista disse que podiam mandar a factura para Portugal, mas acabei por resolver a situação, uma hora depois ao ir ao multibanco onde anteriormente também não era solução. entretanto, ela tinha conseguido alterar novamente o voo para as 9h30, mas desisti dele quando cheguei ao aeroporto, porque esse vinha para Portugal e eu ia para munique! Ficaram mal-humoradas ao verem três alterações de voo desde o dia anterior, apesar de lhes explicar os motivos e lhes dizer que não tive culpa nas dessa manhã, pelo menos na última.Pelas 18 horas de domingo cheguei ao acampamento, seguindo as indicações que me haviam dado por e-mail, quando me inscrevi. este segundo dia em munique surpreendeu-me, porque pensei encontrar muita gente e tendas num bosque, mas apenas vi uma escola com treze pessoas, quatro delas sem deficiência. dormimos em sacos-cama, num ginásio aquecido pela piscina. O vendedor da Sport Zone do Oriente onde comprei o meu saco-cama na noite anterior à viagem, mostrou-me um tamanho de adulto e deu-me um de criança, por engano. não adiantava puxá-lo, que não subia acima dos ombros! a temperatura do ginásio permitiu que me cobrisse apenas por cima, não sendo necessário comprar um na alemanha.visitámos alguns pontos turísticos da cidade e fizemos um teste de avaliação das barreiras para pessoas com deficiência física ou sensorial, num determinado trajecto - incluindo também lojas, cafés, restaurantes – e também reunimos com um organismo de defesa e promoção dos direitos da pessoa com deficiência. entre outros assuntos, falaram da existência de assistentes pessoais que, de forma permanente ou não, ajudam as pessoas com deficiência, seja nos cuidados pessoais ou deslocações na rua. referiram a possibilidade de haver mais de um assistente para uma mesma pessoa, consoante as necessidades e disponibilidades. Os assistentes podem ser pagos pelo estado ou pela própria pessoa. estas medidas permitem que quem tem deficiência possa viver na sua casa com um estilo de vida próxima do cidadão comum, sem ter de recorrer a uma residência comunitária/lar como sucede na generalidade dos casos em Portugal.Os transportes públicos eram adaptados às pessoas com deficiência que não pagavam e nenhum motorista mostrava mau humor.Um dos participantes desse ‘acampamento’ levou o seu assistente pessoal e as restantes raparigas ‘normais’ eram amigas das deficientes que ajudavam, inclusive, na tradução de diversas cenas de um filme alemão para inglês, numa tarde em que fui com elas ao cinema. Foi uma sessão interessante e divertida. era com essa pessoa que mais falava porque o resto do grupo, maioritariamente falando alemão, esquecia-se de que havia pessoas que apenas entendiam inglês, como eu e os húngaros. a língua foi um dos motivos que me levou a abandonar mais cedo aquele convívio. dos dez dias previstos, fiquei sete, porque achei que não estavam a ter consideração por mim nem pelos dois húngaros que podiam falar um com o outro, quando os restantes se “esqueciam” constantemente de falar em inglês, apesar da minha insistência. Por isso, tornou-se um convívio desagradável e um tanto ou quanto

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discriminatório. aos poucos começou a haver tensão e provavelmente terão criticado o meu/nosso interesse de compreender as conversas, porque não era justo ser um convívio de alguns. Sentia-me capaz de entender várias línguas como italiano, francês, espanhol, mas nem o inglês que falavam fluentemente, se quisessem, usavam sem ser por favor. as poucas tarefas do grupo estavam divididas, mas acho que não suportariam essa experiência durante meses devido à alimentação em que todos mostravam saber preparar algo, mas que era muito aquém dos hábitos mediterrânicos.O resto do tempo que estive em munique foi dedicado ao meu trabalho fotográfico com cenas improvisadas.entretanto, pensei dar um salto à itália ali tão perto, para onde fui à boleia. Os primeiros momentos de viagem foram de chuva, mas o clima no interior do carro era afável. viajei com um casal de namorados que tinha contactos profissionais em Portugal, Lisboa. ela era advogada e falava bem em inglês, mas ele só em italiano. eu entendia qualquer um. Por fim, também me escreveu uma nota em italiano para eu entregar numa farmácia ou num médico em itália, devido a uma pequena bolha que surgiu num dedo do pé quando ainda estava na noruega. Tentei ir a uma clínica na alemanha e mais tarde comprei o produto num hipermercado italiano. Só curou depois de chegar a Portugal.em itália ia todos os dias de Pádua para veneza de comboio. Tornou-se mais cansativo e talvez mais caro, do que se tivesse ficado em veneza. não visitei nada porque o objectivo da minha estadia em itália era apenas o de produzir uma cena do trabalho fotográfico. necessitava de dois polícias sobre a Ponte dos Suspiros e de um par de namorados numa gôndola.resolvi ir à televisão italiana para me ajudarem a “encontrar” os polícias. Fui recebido por duas pessoas. Penso que ele era alguém da redacção, mas a senhora é que tentou ajudar através de telefonemas e a ditar-me um fax, em italiano, que enviei posteriormente para o chefe da polícia. Foram pessoas atenciosas e receptivas, talvez por eu ser de tão longe!estive em veneza entre 29 de agosto e 5 de Setembro. apenas consegui falar com a rai no meio da semana devido ao horário de funcionamento daquela sede. em relação às fotos, adiei o primeiro encontro, porque o primeiro par de namorados teve um imprevisto e o segundo seria amigo de uma recepcionista do hotel iBiS, mas tive de suspender esse plano marcado para aquele sábado após telefonar para a minha mãe que me disse que a situação estava má, porque o meu irmão, a sua mulher e a minha irmã tinham tentado bloquear a minha conta bancária e ponderado ir à polícia para me procurar, como se eu estivesse fugido ou doente mental. essa viagem aumentou o conflito familiar com os meus dois irmãos...Sempre que regressava a Pádua costumava apanhar um dos últimos comboios. a meio do percurso mudava para outro. numa estação, quase deserta, apenas se via uma ou outra pessoa correndo confusa, por não saber que linha apanhar. Obtive ajuda de um casal de amigos numa dessas noites, para subir as escadas da estação, e telefonaram para vários lados, tendo barafustado com quem atendeu uma dessas chamadas, por falta de pessoal ou assistência na mudança de linha. despediram-se e deram-me dinheiro, sem eu precisar, para

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um eventual pagamento de táxi.na noite seguinte, eu estava novamente atrasado e reencontrei a mesma rapariga! não precisei de apanhar comboio da estação intermédia, porque três jovens deram-me boleia até ao hotel. houve muita animação no carro e ofereceram-me um Cd de música da religião à qual pertenciam!no hotel existia um empregado que parecia ter como função deixar os hóspedes bem-dispostos! Sempre que me via exclamava: ‘hello, my friend!’Conheci uma família de portugueses no último pequeno-almoço deles nesse hotel. Surpreendi-os quando me ouviram e admiraram-se por eu andar sozinho e de boa saúde. mais tarde conheci outros que lá estavam em negócios. Penso que eram do ramo da sinalética rodoviária.em veneza também conheci um casal minhoto, no bar Guiness, quando eu conversava com o dono, que me disse ser casado com uma brasileira. Começámos a falar em português e o casal de clientes entrou na conversa e cruzei-me com um grupo de jovens com as suas mochilas.voltei ao hotel da alemanha, onde tinha deixado a mala e onde iria apanhar o avião de regresso a Portugal, porque o bilhete do avião tinha sido comprado para o circuito Portugal/noruega/alemanha/Portugal.Para tornar a viagem de comboio para munique invulgar, simulei a fuga do personagem da história – com a colaboração de um passageiro alemão e de uma italiana – provavelmente, para não ser apanhado pela polícia nem pelo revisor do comboio. Foram minutos agradáveis e até captámos a atenção de várias pessoas! Concluí que os portugueses eram como uma pandemia que se adapta a tudo e a todas as línguas, visto que se encontram em todos os cantos do mundo, que parece nosso, seja em turismo, em negócios ou em emigração.”

PALMA de MAiOrCA2005

a viagem a Palma de maiorca, em 2005, teve contornos muito especiais: veríssimo foi acompanhado pela sua mãe. Os bilhetes com destino a Barcelona foram comprados numa promoção da TaP em Fevereiro e a partida deu-se a 15 de Julho. depois de uma noite passada no hotel ibis meridiana, localizado junto ao Shopping heron City, veríssimo e a mãe apanharam o barco pertencente à Transmediterranea, dando então início a uma viagem de quatro horas num enorme Catamaran, cujo movimento quase não se sentia. em Palma de maiorca ficaram hospedados no hotel Sol magalluf Park, onde se encontravam muitos portugueses.

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esta viagem deu-lhe a oportunidade de fotografar algumas cenas para a sua história, contando com a participação de dois hóspedes: uma rapariga italiana, no papel de neta e um francês, que interpretou o papel de fugitivo: “durante vários minutos, aquele rapaz esteve numa parte da placa do hotel (sobre o 1º andar) e os amigos, que o esperavam no carro, chamaram a atenção de muita gente, que saiu à varanda dos quartos, devido às gargalhadas.” veríssimo contou ainda com o contributo de três entertainers do hotel numa cena de praia e de três banhistas ingleses numa outra cena.mas a viagem não foi só trabalho e veríssimo tentou aproveitar tudo o que esta localização de sonho lhe poderia proporcionar. “andei de moto de água, longe da praia. Foi a primeira vez e, apesar de não saber nadar, não senti receio algum, porque tinha o colete salva-vidas. O impacto da moto nas ondas fazia com que ela saltasse, criando momentos dolorosos para os ocupantes. Comigo ia um dos responsáveis daquele negócio e dele ouvi alguns apelos para eu não acelerar tanto! 20 minutos inesquecíveis!além desta modalidade, experimentei outra, o pára-quedas puxado por um barco. 10 minutos espectaculares, ficando com a sensação de que íamos para o céu caso se desprendesse o cabo! Uma vista deslumbrante em todas as direcções. Silêncio e brisa.”veríssimo não esquece a viagem de barco de regresso a Barcelona, mas não pelos melhores motivos: “a ondulação, no dia de regresso, tornou a viagem de barco desagradável. as hospedeiras assistiam quem ia enjoando e aconselharam toda a gente a sentar-se. O meu lugar (junto a uma janela lateral esquerda) permitia-me espaço de visão interior. Pensei nos carros que podiam deslizar para o mesmo lado, quando constantemente olhava o nível do mar assomar-se acima no meio das janelas à direita e nos aldrabões do cinema. de vez em quando ouvíamos estrondos (na frente) e trepidação.”

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CABO Verde2006

“Os dias que antecederam a minha viagem a Cabo verde foram atribulados. Passei por um período de recuperação de doença, causado por uma úlcera. além disso, não tinha ainda conseguido apoio financeiro e logístico de ninguém, nem das entidades e marcas envolvidas directa ou indirectamente na aventura marítima do grupo de portugueses que partiram, rumo ao Brasil, em dezembro, nas barca dos quais pretendia realizar determinados momentos do meu projecto naquele arquipélago. Por outro lado, a mulher do senhor holstein fornecia-me informações muito vagas sobre a chegada do marido e amigos ao mindelo, possivelmente, para me dissuadir, pois a preocupação dela pelo estado da barca dominava as escassas conversas telefónicas, caso uma das minhas ideias fosse avante. Perdeu o entusiasmo inicial que ela e o marido demonstraram após receberem o meu fax, na sequência da reportagem de tv que vi sobre ele. referia constantemente, sem motivo, que ela não podia ajudar-me a organizar nada.aguardava resposta da embaixada de Cabo verde quando decidi comprar rapidamente o bilhete de avião, visto que eles já tinham feito escala nesse país, de onde partiriam dois dias depois, segundo as últimas previsões apontadas pela mulher do senhor alexandre.nunca tinha viajado para o sul nem para um país quente durante o inverno em Portugal. Comparei a distância desta viagem à da noruega. este ano, senti o calor do verão em dois países enquanto o frio se mantinha no meu.Surpreendeu-me a boa disposição e relação de entreajuda das pessoas em determinadas situações: transporte de mercadoria, pessoas e mensagens pelos que possuíam carro.Senti que iria passar dias agradáveis, apesar de ser um país extremamente pobre, com pouca vegetação e sem condições para agricultura. Os antigos bus da Carris seriam ideais para aquelas estradas trepidantes, de paralelos, estreitas, com curvas e sinuosas. Contudo, reflectiam a beleza das paisagens à beira de abismos e precipícios, principalmente na ilha de Santo antão, que visitei a dada altura, após ouvir os relatos de duas pessoas portuguesas, de

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Cascais, pai e filha, uma das quais em cadeira de rodas, hospedadas no mesmo hotel que eu, na ilha de S. vicente – hotel mindel.assim, reparti o meu tempo por duas ilhas, tendo dedicado os primeiros dias ao projecto. O jipe do taxista que me acompanhava nas visitas guiadas, naquela onde a minha estadia foi maior, diminuía o desconforto do piso. ambos os motoristas, recomendados pela hospedagem de cada ilha, eram motoristas jovens, afáveis e pacientes, ao contrário de muitos portugueses que, além de arrogantes, transmitem pressa para apanhar novos clientes. Cada trajecto tinha um preço, que podia ser discutido, combinado, sendo possível percorrer toda a ilha em poucas horas. Penso que a natureza será o único factor de interesse turístico.O relevo as condições atmosféricas da ilha de Santo antão contrastavam: temperada e sem vegetação na zona de desembarque do ferry, húmida e verde no lado oposto, onde parecia ser mais habitada. Para lá chegar, subia-se até ao topo, atravessando as nuvens que não intimidavam alguns que por ali residiam, e descia-se para as áreas mais povoadas. 30/40km rendiam como 100km, porém, diziam que o país vinha evoluindo de modo seguro, mas lento. acho que o baixo número de condutores e a reduzida velocidade, consequente das condições da estrada, diminuía a sinistralidade. além da constante movimentação do volante, a trepidação ajudava o motorista a manter-se concentrado, não sobrando tempo para pensar em mais nada. a ironia rodoviária estava na ausência de sinais. Talvez os considerassem um luxo! no entanto tinham razão, tendo em conta o tráfego e a economia…Uma das coisas que me fascinou foi o facto de encontrar pessoas esperando por alguém que passasse de carro para enviarem recados ou encomendas. estes actos invulgares de solidariedade seriam impensáveis noutro país, pois poupavam o trabalho do ladrão! Também era frequente ver pequenas carrinhas de caixa aberta a abarrotar com pessoas animadas.a peculiar relação das pessoas fez-se notar logo no aeroporto. Parecia que toda a gente se conhecia e o taxista que me transportou para o hotel, levava coisas de outras pessoas na bagagem, assumindo que eu não me importava. até um polícia ia connosco! Fomos conversando e acabei por ver os portugueses que atravessavam a estrada no porto onde tinham a barca.no meio da semana passei dois dias na vila de Santo antão, situada na ilha ao lado. Fiquei na pensão cujo ambiente e gestão nos fazia sorrir, porque o pai de família orientava tudo à moda antiga, fazendo anotações num livro, sem recurso às tecnologias. apenas possuía uma máquina de calcular que raramente era utilizada, devido ao facto de preferir raciocinar, confirmar e registar os dados manualmente.recordando aquele lugar, penso que a única forma de pagamento se fazia com dinheiro à vista. impressionava a perfeição do seu pensamento nalgumas partes do orçamento, pagamentos e compras. verificava o stock para não armazenar em excesso, evitando desperdício. demonstrava boa disposição e preocupação pela imagem que cada cliente transmitiria. Costumava sentar-se todo o dia numa pequena mesa do bar no r/c, de onde controlava o negócio. mostrava-se contente pelo facto de já ter hospedado alguém do Governo cabo-verdiano.

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na viagem de regresso a Lisboa, dormi uma noite num magnífico hotel da ilha do Sal - Odjio d’Água - parecido com os que encontrei, posteriormente, no Brasil.no caminho para o aeroporto, avistei alguns pontos turísticos e um monte com contornos semelhantes aos de um animal. na ilha de S. vicente, o “monte cara” fazia imaginar o perfil de uma pessoa deitada.no dia seguinte à minha chegada a Cabo verde, reuni parte do grupo da barca no meu hotel e tentámos contactar determinadas pessoas, que nos disseram ser impossível utilizar um helicóptero governamental no projecto, pois estava avariado; a não ser que viesse de dakar, mas não havia tempo para formalizar o pedido devido ao plano de viagem daqueles portugueses. assim, limitei-me a fazer as cenas mais simples, no interior da barca e subaquáticas. e no ponto mais alto da ilha.a inexistência de meios leva-nos a reflectir sobre a reacção perante um naufrágio ou estado crítico de doentes. Ouvi dizer que, em caso de necessidade de cuidados médicos, é-se transportado numa ambulância ou carrinha de alguém, até ao barco, que por sua vez leva o doente na maca para outra ilha onde o aguarda novo transporte para o hospital com fracos recursos.”

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“O voo comprado online (easyjet) para o aeroporto Charles de Gaulle não me beneficiou, devido ao custo do táxi que me deixou no hotel ibis mais próximo da Torre eiffel e do institute Pasteur, onde assisti a uma conferência organizada pela eurordis (associação europeia de doenças raras), da qual tomei conhecimento através do programa Consigo exibido na rTP 2, aos domingos de manhã. Os restantes dias foram passados com actividades de carácter pessoal, sem visitar interiores de museus, mas fotografando sequências do dvd, que era o principal objectivo desta viagem. no entando, fiz dois percursos turísticos de bus e barco. Quando terminou o passeio no rio Sena, alguém relacionado com os Bateaux mouche/restaurante telefonou para um taxista que não quis que eu lhe pagasse, por ter recebido dinheiro de quem o chamou! Surpreendi-me, porque é raro acontecer solidariedade desse género! deixou-me na principal avenida de Paris, onde jantei. entretanto, um cameraman duma Tv saiu ligeiro desse restaurante. minutos depois, encontrei-o a filmar na tal avenida des Champs Éllysées, o impacto dos resultados eleitorais...Passei grande parte do tempo na área da Torre eiffel, cujo espaço circundante parecia o de uma romaria! entre os milhares de visitantes desse monumento, havia os que ocupavam a zona densa de jardins, fazendo piqueniques, conversando, namorando, lendo, jogando à bola ou correndo em redor desse extenso parque verde.

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encontrei algumas pessoas que falavam português: uma delas, um homem, era taxista, oriundo do norte de Portugal e emigrado há quase 30 anos; o outro estava na torre eiffel, onde havia vendedores ambulantes dispostos a fugir em caso de necessidade, bem como ladrões e grupos de diversão, entre eles os que distribuíam abraços e beijos por quem permitia!O bilhete de subida por cada uma das ‘pernas’ do monumento, restringiu-me o nível mais alto, como medida de precaução de situações de queda de emergência geral. O jantar da conferência foi no restaurante existente num desses níveis, que também tem gift shops, embora mais pequeninas que as do r/c, nas extremidades...apesar de não ser muito distante do hotel, impressionava ir de táxi, tendo ido duas vezes de bus, que era grátis para deficientes, mas sem ajuda de motoristas. alem de que perdia tempo a caminhar com o andarilho, porque era longa a distância de passagens de peões.O restaurante deste ibis e os empregados de mesa foram piores que noutros hotéis, mas nenhum garante satisfação mínima. Por outro lado, os ibis são especialistas na preparação dos pequenos-almoços que constam na lista dos melhores... no entanto, não apreciei a atitude de alguns empregados que me impuseram uma determinada mesa, de manhã, e demoraram imenso... imenso... tempo a trazerem o jantar no dia da minha chegada. apesar de consultar o menu em três línguas, para entender o máximo sobre os pratos mencionados, que frequentemente parecem requintados, sofisticados e agradáveis à leitura, duvido e receio sempre pedir o que penso ser mais simples e saudável para o meu estômago. além de me surpreenderem com algo que vi ser má escolha, estava ligeiramente salgado, forte, picante, algumas das coisas que referi não desejar em nada do menu. não bastando isso, disse uma piada, em português ou inglês, que já não recordo, como quem fala para um amigo, algo descontextualizado e cujo sentido não dominou por não ser em francês.O snack-bar ali próximo também tinha as suas particularidades e comecei a pensar no que estudei sobre os costumes e lojas dos franceses na escola Paulo Quintela. Também já não recordo pormenores sobre o que vi na vitrine, que parecia pastelaria demasiado requintada para quem apenas desejava repetir um pequeno-almoço às 15h, por falta de oportunidade de um almoço à portuguesa ou italiana, pois quando dedico tempo a procurar os restantes, encontro os italianos. a conferência ocupou-me os dois primeiros dias, por isso paguei o que pedi neste bar, mas só comi um pouco da sanduíche que continha demasiado sal, tal como o queijo. aos poucos, encontrei novas soluções: um supermercado e o dos italianos...não me lembro se a estação do metro próxima do hotel não tinha elevador ou seestava avariado. É possível que não funcionasse, porque tenho ideia de estar lá dentro a falar com alguém que me orientou...Se eu não tivesse perdido o documento que escrevi ao chegar desta viagem, tinha estes e outros factos relatados com maior rigor...”

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BrASiL2006

depois de um estadia num hotel paradisíaco de Salvador, o Catussaba resort, veríssimo foi para Porto Seguro, viajando na companhia aérea brasileira Tam.

“O passageiro sentado ao meu lado falou algo, com humor, para um conhecido que vinha entrando, no momento em que eu gravava as normas de segurança. achei o riso e a exclamação interessante e oportuna no contexto da minha história. Julgo que não seria tão natural se tivesse combinado com eles.O voo durou menos de uma hora. mal deu para reflectir sobre os problemas técnicos do multibanco e no reencontro do grupo do barco à vela português atracado algures naquela região. À semelhança de Cabo verde, também ali os encontrei sem esforço. Um deles aguardava os restantes, na praça de táxis do aeroporto. Tinham ido tratar das formalidades da viagem de regresso a Portugal no dia seguinte, Sábado, dia 4. O nuno disse onde estavam hospedados e os compromissos que ainda teriam naquela tarde, relativamente ao projecto deles. não havia tempo para repetir a produção de algumas imagens subaquáticas, caso fosse necessário.O assistente do aeroporto surpreendeu-me ao pedir-me dinheiro, real ou moeda estrangeira, pelo serviço prestado. respondi que não tinha nenhum, nem para pagar o táxi. Terminou, na ideia de receber por intermédio do taxista quando o hotel pagasse a este.havia dois hotéis situados num género de baía, separando a foz do rio do mar, tendo cada um o seu barco, distinto no tamanho, reservado aos hóspedes. a travessia era frequente, em horário definido, ou conforme a necessidade excepcional de alguma pessoa. O município também tinha barcos a ligar as duas margens.visto que eu não tinha reserva de hotel, acabei por ir num ferry-boat, sem sair do táxi, devido à minha bagagem e, sobretudo, pela falta de dinheiro! antes de embarcar, o motorista falou com alguém que eu julguei tratar-se de algum segurança, mas que era um dos empregados do hotel arraial d’ajuda eco resort. Posteriormente, percebi o funcionamento e serviço disponível naquele ponto.ao fazer o check-in, vi que estava no hotel errado porque não tinham registo dos portugueses aventureiros. Sabiam do barco ancorado e telefonaram para o hotel vizinho, de onde veio a confirmação da presença das pessoas que eu procurava. Foi um facto que evitou um aumento do custo da diária nesse hotel, interpretado num sussurro. O taxista também parecia manter ou iniciar um convénio por cada hóspede transportado. a exploração de turistas parecia frequente, segundo algumas situações que vivi, sobretudo nos táxis. Sem taxímetro, o cliente devia perguntar e combinar o preço de determinado trajecto ou tempo de duração. O dinheiro extra podia ser prometido ou dado pelo taxista sem o passageiro ver, ou noutro momento em que eles se encontrassem. alguns guias turísticos também faziam parte da

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rede de favores.Sempre que chegava o barco do hotel com novos hóspedes, havia à sua espera uma senhora com traje havaiano (oferecendo bebidas e snacks) e uma jovem das relações públicas para lhes mostrar o hotel e responder a questões sobre serviços disponíveis, entre os quais o gabinete de programas de passeios turísticos, onde trabalhava um senhor que em tempos foi publicitário e achou interessante o meu projecto, acabando por dar uma ajuda conforme eu pretendi. ele costumava beber chá numa coisa característica da região da qual era natural. recordou o mesmo hábito realçado numa entrevista do euro 2004, pelo senhor Filipe Scolari.na zona de desembarque, havia um caminho e um recinto trabalhado em madeira, com mesas e cadeiras para o cocktail de boas-vindas quando os hóspedes chegavam em grupo.num dos poucos passeios que fiz, fui a uma favela. estava a entardecer quando o taxista recebeu dois telefonemas de duas clientes conhecidas: uma referiu que tinha de entregar urgentemente um documento a um familiar que ia fazer uma viagem de dois dias, num bus, que entretanto estava algures, parado à espera. Perguntou-me se eu queria ir consigo, para não ir deixar-me no pontão reservado ao barco do hotel. aproveitei essa forma invulgar para conhecer alguns sítios sem pagar! Foram 4h cansativas devido à degradação da estrada e caminhos.no hotel, perguntaram-me como tinha corrido o meu dia. não se surpreenderam com a descrição que fiz sobre o aspecto interior de determinadas casas, que vi através de portas entreabertas, condizendo com a pobreza da fachada, de centenas. Pensaram que eu teria estado numa favela chamada Baianão.acharam original o facto de andar a passear enquanto o taxista trabalhava! O carro ficou sobrelotado com a segunda cliente que nos levou a vários pontos, num dos quais aguardámos.

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Já era noite quando encontrámos um pequeno engarrafamento devido ao despiste de um carro caído numa ribanceira. algumas pessoas desse aglomerado de curiosos ajudavam o reboque a puxá-lo. não havia ambulância e a polícia era discreta. Constava-se que os ocupantes ainda estavam no interior do carro, que tinha os faróis ligados. Uma das meninas das relações Públicas do hotel contou-me que o pai também viu esse acidente.noutra noite, fomos assistir a um pequeno show de dança tradicional organizado para os hóspedes, num espaço que parecia uma galeria de arte, a vários quilómetros de distância do hotel.nos primeiros dias, julgaram que eu seria brasileiro. impressionaram-se quando souberam a minha origem. diziam que o meu sotaque, parecido com o deles, não era tão ‘seco’como o de muitos portugueses que, diariamente, ali chegavam, considerados público-alvo preferencial. alguns portugueses pensavam do mesmo modo, que eu era natural de lá, por me verem conversar com o grupo de funcionárias, sem dificuldade de comunicação como sucedia em Portugal.a minha estadia naquele hotel foi superior à previsão inicial, devido à falta de comunicação com as pessoas (portuguesas e brasileiras) que iriam envolver-se na concretização das fotografias do projecto, conforme eu tinha planeado.Finalmente, aconteceu a reunião. nesse almoço apenas demonstraram interesse em elaborar uma estratégia para a realização de um evento no âmbito da história dos dois países e turismo daquela região, onde não faltaram elogios e o envio de agradecimentos ao esplêndido contributo duma tal vera Sanches, da embratur, Lisboa. Quem era esta senhora? Uma senhora doutora, como todos os que se julgam importantes e fecham as portas numa empresa, instituição, associação, cujo dom da palavra, acção, deve ser absoluta e incontestável, como se a “porta” fosse propriedade privada, a casa de cada um ou empresa pequena, e zelassem pelos direitos e lucros das respectivas estruturas sem contrapartida financeira, mas por amor à camisola. ninguém defende nada se não vislumbrar benefícios pessoais, permanentes ou pontuais, no horizonte. não passa de uma farsa a competência profissional das pessoas nas funções que desempenham.retomando a abordagem daquela reunião…não evitaram discutir novos assuntos na minha presença, quando deviam centrar-se exclusivamente no meu objectivo, que caiu no esquecimento 15 minutos depois. Tentei intervir com humor satírico quando desviaram a conversa, num almoço de negócios deles. no final, levantaram-se e foram embora. enquanto reflectia no sucedido, na desconsideração tida, na pobre argumentação que bloqueou todas as alternativas que apresentei, antes das mesmas serem expostas à análise de especialistas, chegou o empregado com a factura do almoço…referiram ser impossível devido a desconhecerem pormenores técnicos, como também pelas condições atmosféricas adversas daqueles 2 dias e, acima de tudo, devido à data em que a barca partiria até ao destino final – Parati. Passada uma semana, a dita apenas tinha

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mudado de posição no sítio onde estava atracada. no decorrer desse tempo, encontrei, casualmente, o dono convertido em turista com dois amigos que seriam a nova tripulação da viagem que não aconteceu. ninguém patrocinou a minha viagem a Cabo verde nem ao Brasil. Parecia prejudicial que ocorresse um atraso no plano deles consequente do meu. Fiquei decepcionado com as atitudes da mulher do senhor da barca, por dificultar a comunicação e por julgar que a viagem deles estaria em causa devido a alguma coisa relacionada comigo. O marido também perdeu a motivação inicial. ambos acharam a minha acção maravilhosa e contactaram-me de seguida para eu ir falar com eles, mas tal só aconteceu no último dia, antes da largada de Sesimbra. Por que razão permitiu que os demais, naquele almoço, interrompessem qualquer tentativa fotográfica associada à barca dele, baseada no factor dia de partida de Porto Seguro, quando o seu contributo no meu projecto se limitava a um favor em usar o cenário da barca? Quando referiram a escassez de tempo, ele poderia ter dito que, dependendo dele, talvez pudesse adiar a saída daquela zona. não respondeu. em determinado momento da conversa, aquela senhora na mesa foi impedida de falar. O dono da barca ironicamente repetia um “não”, tal disco riscado ao prever o pensamento dela. interpretei empatia, cumplicidade e ajuda recíproca entre todos os que se relacionaram com estes aventureiros, inclusive os jornalistas da SiC que surgiram no hotel.não foi devido ao meu empenho (antes de partir do país ou lá) que a escassez de tempo se verificou…naquela reunião… tentaram a todo o custo alterar a cena pensada. Foi intolerável ouvir as sugestões deles. demonstraram falta de respeito pelo trabalho de alguém. Se o autor fosse reconhecido ou integrasse uma vasta equipa de produção cinematográfica, de tv, não teriam coragem de influenciar o projecto, para não ficarem com má impressão deles. ninguém tem o direito de minimizar o valor de algo difícil de produzir sem recursos humanos e financeiros. Prometeram uma visita a uma reserva de índios, pois, assim, achavam que contribuíam de algum modo para algo do meu interesse. no suposto passeio organizado por estas pessoas do turismo, eu andaria de jangada, conheceria a gastronomia e actividades da cultura e lazer – dança. até hoje esperei… sentado.

O PArAdiSe eCO PArQUe

Todos os hóspedes recebiam uma pulseira plástica no primeiro dia em que chegavam, de modo a terem acesso gratuito ao parque de diversões aquático dos donos do hotel, e retiravam-na no fim da estadia. havia várias cores conforme o tipo de cliente.Faltavam poucos dias para vir embora quando decidi ir ao parque, após conversar com aquelas raparigas que transmitiram a minha intenção aos seus superiores. O ronald, que trabalhava no bar das piscinas do hotel, acompanhou-me e incentivou-me a experimentar algumas das diversões. Foram momentos de emoção e adrenalina porque escolhi três dos entretenimentos radicais, sem saber nadar – o rapell, cuja descida terminava numa piscina; o

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escorrega semi-aberto e o tubo de diversas curvas que também acabava na água.a família portuguesa que fotografei como figurinos numa cena do hotel, viu-me no escorrega. Os acontecimentos do parque espalharam-se rapidamente. Um dos donos do hotel também comentou com risos.muita gente que me via subir as escadas dos divertimentos (numa altura equivalente a um 6º/8º andar) prometia ajuda, e também se surpreendia por me ver experimentar tais diversões…O ronald dizia, sorrindo, que a ele ninguém abordava…!nesta viagem conheci pessoas e vivi experiências que valorizaram e testaram a minha capacidade física e me fizeram esquecer alguns dos problemas pessoais, recentes, e sociais sentidos em Portugal.O insólito deu-se quando conheci uma família da argentina numa noite em que eu estava a fotografar o seu bus de modelo antigo, no qual dormiam. Tinha camas, armários, sofá e wc. no dia seguinte, foram ao meu hotel. viajariam durante um ano pela américa do Sul. mostraram-me fotos da casa deles, arrendada, para financiar a viagem, e diversas sobre a profissão dele. Construía casas em madeira, interessantes, especialmente aquela onde habitavam, cuja imagem da sala ou cozinha tinha aspecto para o cenário dum filme – floresta e rio/lago distante. Foi então que recordei ter visto uma dessas fotos na internet, antes de viajar, numa pesquisa do Google, sobre casas de madeira.apesar de haver grande variedade de comida e bebida tropical e exótica, não pude comer nada devido aos meus problemas

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gástricos – recente hemorragia da úlcera.num desses dias, senti-me mal disposto e chamaram o médico. entretanto, também telefonei ao meu. ambos disseram que não era nada de grave. Passei a ter mais atenção nas refeições e não voltei a beber sumos ácidos – abacaxi, maracujá. Limitei-me a beber sumo de mamão, água de coco e sumo de melancia.as meninas das relações Públicas vigiaram a minha alimentação. Fotocopiaram a lista de alimentos fornecida pelo médico e inseriram-na na capa de anotações que tinham sempre na mão. a Sissa, que era a mais velha, usava o termo “mamãe!” como ironia.a bebé do recepcionista, emanuel, nasceu no meu último dia naquele sítio. dias antes, morreu uma amiga da Suzel, num acidente que vitimou toda a família às 15h da tarde. Foi uma notícia chocante porque ambas teriam passado algum tempo juntas antes dessa longa viagem, iniciada de madrugada e que terminaria pela meia-noite.a recepção de boas-vindas que não me fizeram, por eu não chegar na barca do hotel, tornou a despedida diferente do costume: além do adeus personalizado, acompanharam-me ao embarcadouro.Senti tédio e falta de tempo nos quatro dias passados no rio de Janeiro, porque não obtive apoio de nenhum fotógrafo profissional nas cenas protagonizadas por mim. Tentei ir à Tv Globo e aos jornais O Globo e dia, nos quais esgotei todas as alternativas informais de apresentação do meu projecto, quando uma fotógrafa contratada sugeriu que aguardasse a entrada ou saída de um repórter freelancer. desperdicei 3 dias procurando o contacto de um deus junto de quem trabalhava com gancha! após horas de espera num táxi, à porta desses media, desisti e tentei produzir as cenas, eu mesmo, para não abandonar a cidade sem nada. O plano relativo ao navio italiano Costa romântica também falhou, porque alteraram a data de chegada ao rio de Janeiro, não podendo fotografá-lo no Porto, segundo eu previ quando programei a minha viagem em Lisboa, baseando-me nos itinerários referidos no site, cujos barcos eu acompanhava através da webcam. a fuga do personagem terá sido feita neste paquete, que a polícia marítima portuguesa seguiu discretamente segundo as fotos que possuo. viajei para Barcelona onde fotografei o mesmo navio atracado. Captar imagens do barco no Brasil (ou subir a bordo, se o Comandante permitisse) parecia possível, porque procurei obter autorização da polícia. Porém, não tinham conhecimento da sua chegada no dia que eu referi. Tentei ir ao escritório da Costa Cruzeiros nesta cidade, onde me disseram que atracava a 20 de março, três dias depois do previsto inicialmente e quando eu já regressava a Portugal.na noite de 14 de março apenas permaneci meia hora no quarto do hotel miramar. apesar de estar num 10º andar com uma vista surpreendente sobre a praia, notei imenso barulho vindo da marginal, que iria afectar o meu descanso devido ao problema relacionado com o sono. nenhum dos quartos de categoria inferior prometia a tranquilidade absoluta. Segundo me disseram na recepção, não era costume os hotéis terem vidros duplos, insonorizados. Fiquei um pouco alarmado porque este aspecto era fundamental para mim. após vários

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telefonemas, conseguiram encontrar-me um hotel na mesma rua. Tive de pagar uma percentagem da diária, porque já me tinham registado e não podia abandonar o quarto sem qualquer custo. ainda contestei (não estive mais do que meia hora no quarto sem tocar na cama) mas só contornaram a despesa com uma percentagem aplicada sobre o valor mínimo do quarto mais barato e não tendo em conta aquele de médio luxo onde iria ficar, que escolhi de modo a fotografá-lo numa cena da história. Quando mudei para o outro hotel, disseram estar quase lotados. Só poderiam alojar-me durante duas noites. Porém, fiquei lá até ir embora para S. Paulo, no Sábado, dia 18.Senti saudades das pessoas e do hotel de Porto Seguro, porque no rio parecia que os empregados apenas se dedicavam ao trabalho e o relacionamento com os hóspedes era muito sóbrio e formal, apesar de haver excepções. Talvez por ser uma cidade com outro ritmo de vida e interesses. nas ruas, as pessoas também pareciam mais reservadas, reflectindo o estilo europeu.resolvi adoptar a estratégia de Cabo verde: não mudar de taxista num mesmo dia. no entanto, alguns não eram o que esperava deles, apesar de lhes pagar a peso de ouro. a certa altura tive uma ligeira discussão com um que me acompanhara várias horas nos dois dias anteriores, tendo quase desistido do serviço prestado, em virtude de não se interessar em ajudar-me nas fotos, de acordo com a ideia subentendida, quando o conheci…efectuei a viagem para S. Paulo numa companhia aérea diferente das viagens internas anteriores. O taxista que apanhei no aeroporto, ao anoitecer, permaneceu até à minha partida do Brasil, na tarde do dia seguinte – domingo.Julgo que o taxista vai recordar-me, por algumas razões, e sobretudo porque, além de ser meu motorista, os empregados do hotel iam buscar o táxi e abriam-lhe a porta, como me abriam a mim. Foi o hotel mais luxuoso que conheci numa cidade. escolhi-o porque se enquadrava na história de dvd, especialmente na cena pretendida para S. Paulo. Chamava-se renaissance. através da janela do meu quarto, no 13º andar, avistava-se o nome de outro hotel – Formule 1 – que daria valor à mensagem que eu transmitiria. Coincidências num cenário sem efeitos especiais…!estive nesta cidade para confirmar se o personagem fugitivo se encontrava realmente morto no Cemitério do morumbi. Uma incerteza que permitiu ver a campa do piloto de formula 1, ayrton Senna, no centro de uma grande rotunda verdejante, numa hora em que não havia ninguém. homenagearam-no dando o seu nome a um túnel e a uma via rápida. a tradicional ideia de cemitério não se verifica neste caso, porque o aspecto assemelha-se mais a um amplo espaço verde, com árvores, onde apenas existem pequenas placas deitadas no chão, equidistantes em circulo, para assinalar o lugar do falecido, não reflectindo nenhuma sensação desagradável. abandonei o lugar em grande velocidade para o aeroporto internacional, a fim de apanhar o atrasado voo nocturno da TaP.Sentei-me ao lado de um alemão com quem falei em inglês. ele era enfermeiro numa casa de idosos. dentro de dois anos vai viver no Brasil onde fará a cerimónia religiosa do casamento

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com a mulher, brasileira, que ainda ficou mais dois meses de férias no seu país antes de regressar ao trabalho na alemanha. achou estranho e preocupante eu não adormecer nem me sentir cansado, pois não estava relacionado com o facto de viajar por diferentes fusos horários. O silêncio fez-se notar quando quase toda a gente dormia. eu observava uns e outros. ao amanhecer, a tripulação deu toalhetes, que não precisei por não ter fechado os olhos.num dos voos internos no Brasil, conversei com um jovem casal que levava uma menina de 2/4 meses, acabada de adoptar e cuja família aguardava ansiosa para a conhecerem e talvez fazerem uma festa. Segundo me disseram, o processo de adopção foi rápido. Perguntaram-me como era em Portugal e respondi o que ouvia na Comunicação Social: eternidade e adopção no estrangeiro, sendo o Brasil uma hipótese.na manhã do dia 21 de março, a atitude dos portugueses não tardou a evidenciar-se, pois o preconceito fê-los pensar que era incontornável eu sair do avião sem a preciosa e especializada ajuda dos profissionais… contudo, a assistência demorou quase 1h a chegar. mandaram-me esperar, sentado, num banco junto à porta aberta, quando eu era capaz de descer com ajuda mínima. apanhei frio e uma ligeira constipação, já que vinha em t-shirt, porque esqueci o pormenor da diferença de temperatura. a certa altura, furioso, desci sozinho. Quando finalmente chegou uma carrinha, perguntei porque não me escutaram quando saíram os passageiros. e acrescentei: ‘Para entrar somos os primeiros, mas para sair, vimos em último. Como é numa situação de emergência?! morremos enquanto todos se salvam primeiro, é?!’. Quando o último dos seres entra no transfere, este abandona o local na maior rapidez, não vá algum traste reclamar se esperar… pois todos necessitam de ir aos sanitários!”

CrUZeirO COSTA deLiZiOSAMaio de 2010Málaga, Cádis, Lisboa, Vigo, Le Havre, Reino Unido e Dinamarca

“Um passageiro inglês exclamou ‘What an adventure!’ quando ele e o acompanhante iam para os lugares traseiros daquele pequeno e estreito avião, com um assento de cada lado, que nos levou para málaga. Quem era alto como ele precisava de baixar a cabeça. impressionava quem sofresse de claustrofobia.Fui dois dias antes do início da viagem de cruzeiro para fotografar o hotel alone em Benidorm. apanhei o autocarro da empresa alsa, por ser o meio mais económico, mas foram 9 longas horas de uma viagem cansativa, aborrecida e sonolenta devido às infindáveis rectas das auto-estradas! O desconforto aumentou ao pensar que teria de regressar no dia seguinte!Cheguei ao hotel à meia-noite, mas só me deitei duas horas depois de o fotografar.não tive tempo para passear pela cidade, mas também não era esse o propósito da minha passagem por lá.

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O regresso foi mais animado por causa da passageira que se sentou ao meu lado, que falava comigo e com os seus conhecidos sentados atrás. O motorista disse ao casal que entrou no decurso da viagem, que eu teria alguma autonomia para viajar sozinho e cuidar de mim, pois não iria longe com ajudas ocasionais e rápidas de alguém. determinados assistentes de avião e comboio ficavam incomodados se os ocupava mais tempo do que o previsto, ou seja, até a um táxi ou bus. no entanto, sou capaz de transportar uma mala e alguns sacos sem esforço. Às vezes era preferível não solicitar assistência, o que, no caso de uma holandesa, evitaria momentos desagradáveis ou divertidos e atrasos num comboio da Suíça.O cruzeiro foi bom e não senti nada durante a noite, como receava. Gostei das actividades, do ambiente de bordo e da disponibilidade, a atenção dada pela tripulação aos passageiros, bem como a constante execução de tarefas que mantinham o navio dentro dos padrões que eles desejavam. Serviço de limpeza permanente, tanto exterior como no interior. algumas coisas, como a limpeza de corrimões, eram feitas com muita frequência, talvez por causa da gripe a.no entanto, senti que fui discriminado quando me excluíram das excursões de grupo organizadas para as diversas escalas. respondiam por impulso ou após falarem com alguém num gabinete próximo do balcão que tinha horário de atendimento. Tentei inscrever-me no dia anterior para um, mas ainda não era possível e recusaram no próprio dia. O mesmo acontecia se escolhia outros percursos.Comentei a situação na reunião final que eu e uma família brasileira tivemos com o nosso assistente, que nos deu um formulário para avaliarmos serviços e tripulantes. Um desses passageiros disse que tinham ido numa das excursões que referi como exemplo da exclusão. viu que havia mais ou menos 10 lugares vazios naquele pequeno bus. Portanto, não era um ‘sightseeing’ com lotação esgotada. Se fosse agora, teria analisado se os autocarros de grande dimensão estariam sempre completos em todas as excursões dos diversos portos onde apanhei um táxi para ver qualquer coisa conforme sugeria o taxista, sendo pior e mais caro se o passeio comentado em cima do joelho durasse mais de meia hora. Por isso, não podia afastar-me muito e, quando ousava, pagava ‘corridas’ a peso de ouro, mesmo quando negociava à partida...

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apanhei o comboio que demorou 2h para chegar a Londres, onde partilhei o táxi com dois italianos. Fui o intérprete deles. ele era deficiente e ela, enfermeira, amiga de amigos comuns. aceitou ajudá-lo nesse cruzeiro. Cada um pagava a suas despesas. não imagino ninguém a querer acompanhar-me numa viagem com tudo pago e sem precisar ajudar-me...Quando o cruzeiro chegou à dinamarca, revivi o déjà vu, apesar de haver inúmeros autocarros que, nesse dia, também tinham a função de levar os passageiros ao aeroporto, após as excursões. entretanto, chegavam novos passageiros que se juntaram aos que prolongaram a viagem noutro itinerário do navio.Obrigaram-me a perder tempo naquela manhã mais atarefada do que o costume. insistiram que eu regressasse ao porto em vez de seguir para o aeroporto, após passear 2h de táxi, porque pretendiam levar os passageiros agrupados em muitos Bus para o aeroporto, mas acabei por ir sozinho num. impediram-me de participar nos ‘sightseeings’ daquele país, mas não pensaram duas vezes em desperdiçarem dinheiro naquele autocarro.Talvez fosse para proteger o agente secreto!nunca me interrogaram sobre a minha deficiência, mas disse-lhes várias vezes que conseguia andar apoiado, subir degraus do bus sem auxiliar humano, que eles na empresa de bus forneciam. Portanto, não havendo transporte adaptado, preferiram excluir-me com respostas que aparentemente não afectavam a deficiência. Talvez lhes causasse impressão imaginar-me em pé quando a cadeira-de-rodas reflecte demasiada incapacidade até de uma pessoa ‘normal’, que nela se sente sem o observador saber que não é deficiente.após cobrarem as despesas feitas durante a viagem, superaram o medo, dúvidas ou as minhas dificuldades, porque qualquer solução seria eficaz para se livrarem dos passageiros que já tinham dado o que tinham a dar... entrei sem precisar de ajuda e demonstrei como encartar uma simples cadeira-de-rodas.a tripulação e os passageiros que falaram comigo naquela semana, surpreenderam-se por viajar sozinho. Contudo, era mais difícil acertar no idioma das pessoas para quem olhávamos, entre tantas nacionalidades.O voo de regresso, desde Copenhaga, foi interessante devido ao relevo - ilhas, penínsulas dinamarquesas. Os 11 dias acabaram na ironia à saudade do emigrante e do turista que sai do país sem resistir à passagem pela sua terra, no meio dessa ‘longa’ semana.”

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SUÍÇAJulho de 2010

“Perceber um pouco de 4 ou 5 idiomas tem sido útil para interpretar o menu dos restaurantes, que costumo ler com atenção devido a problemas gástricos! na viagem da Suíça tive de ler em italiano palavras que não compreendia na versão inglesa, francesa e espanhola!esta viagem ficou marcada por muitos acontecimentos estranhos, curiosos e imprevistos. Um plano de simples fotografias de restaurantes, montanha e cena de personagem, fez-me viver experiências incríveis e alongar a estadia.instalei-me no hotel sugerido pelo recepcionista do ibis airport de Genebra, esgotado nessa noite. Fiz o check-in depois das 16h e o check-out às 2h30 da manhã, por causa de estranhas vibrações do edifício que me impediam de adormecer. Senti-as no momento em que cheguei à recepção, mas só percebi o motivo de tais sensações desagradáveis no quarto.Penso que a estrutura do hotel balançava conforme a intensidade do vento fraco daquela tarde e noite de verão. imagine-se como será nos dias ventosos e no inverno! Talvez faça enjoar os hóspedes! Será que as pessoas que passam por esse hotel apontam este facto ao avaliarem a qualidade e os serviços do hotel, ou só eu senti? O recepcionista não esclareceu esse mistério e abandonei o hotel com ele a insistir para eu ficar. mas se cedesse não teria descanso nessa nem nas noites seguintes. enquanto esperava o meu táxi, chegou outro com passageiros que não encontravam lugar em nenhum hotel na categoria que pretendiam, mas também não conseguiram nesse, apesar de o meu quarto ficar vago.O recepcionista de outro hotel ibis, igualmente lotado, tentou ajudar-me, consultando uma agenda e telefonando para diversos hotéis de outras cadeias, no preço que eu desejava. apenas havia disponibilidade nos de 4 e 5 estrelas, que eu rejeitei por não tardar a amanhecer.entretanto, o taxista também sugeria e o recepcionista opinou negativamente sobre a relação qualidade/preço de um que ouviu, mas telefonou para lá e reservou o resto desta noite, porque pretendia voltar a este ibis onde já teria um quarto durante uma semana. Passei pelo multibanco antes de fazer o check-in no tal hote,l cerca das 4 horas da manhã.

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O recepcionista abriu a porta, descalço. estaria a dormir antes da minha chegada? demorou muito a preencher a ficha. desconfiado, perguntei. respondeu que o ‘chefe’ não comprava sistemas modernos.O elevador era muito antigo e pequenino. Tinha duas portas: a do exterior puxava-se e a do interior abria automaticamente para os lados. O empregado forçou ligeiramente a entrada da cadeira-de-rodas, que bloqueou a abertura da porta interior. não me deu tempo para retirar os suportes dos pés que a transformaram num mastro contra as extremidades do elevador que parou de funcionar. Tive de fazer uma força incrível para a soltar. Pensei que iria passar o resto da noite naquele cubículo, mesmo que accionasse o alarme, porque teria de vir alguém para as abrir manualmente e teriam dificuldades na interior por causa daquela tensão... Por isso, tentei resolver a situação, para não pagar novamente um quarto onde não descansaria nem dormiria devido aos factos estranhos e imprevisíveis que me perseguiam nessa noite, ou nessa viagem.O quarto reservou-me mais surpresas, que começaram na procura do interruptor da luz e na forma como devia chegar até à cama pelo estreito corredor que não permitia manobras, e mal havia espaço para colocar as mãos nas rodas. a cómoda encontrava-se literalmente em cima da cama, dificultando a passagem de qualquer pessoa que pretendesse descer a persiana avariada ou cortinados presos. a casa de banho era velha, pequeníssima e a porta de correr, ‘perra’, estava próxima da mesinha de cabeceira, sendo a cama tão ou mais comprida do que a casa de banho. no entanto, a cama estava tão bem feita que me custou desfazê-la, porque terão julgado que iria deitar-se nela um condenado ou esquizofrénico. Parecia um colete-de-forças colocado por uma máquina de fazer camas ou pelos empregados mais fortes do mundo! demorei bastante a libertar cobertores e lençóis e o desconforto também se sentiu no odor de alcatifa e roupa, semelhante a humidade, calor e mofo, que nem numa casa antiga seria tão intenso.a localização, fachada e hall do hotel fez-me desejar aumentar a estadia sem mudar para o ibis nos arredores da cidade, porém arrependi-me imediatamente e abandonei-o nessa manhã. encontrei outro ibis próximo do restaurante Jura (responsável pela minha ida à Suíça) que pertence a um emigrante português. Passei alguns momentos na companhia dos clientes, sobretudo enquanto tentava perceber o motivo do bloqueio de plafond do meu cartão da CGd, cujos factos constam na carta que não enviei para a CGd. Pensei que a estadia e pequeno-almoço deste hotel seriam mais agradáveis, por falar em português com duas emigrantes (portuguesa e brasileira), mas estas surpreenderam-me com os seus comportamentos: uma parecia ter cansaço crónico e medo de retaliações da chefe, por isso, lamentava discretamente a falta de tempo para determinadas tarefas, se lhe pedisse ajuda. a brasileira discriminava a nossa língua ao falar comigo, mas quando socializava com as colegas que tomavam o pequeno-almoço depois dos hóspedes, matava saudades do seu país! no entanto, gostei de lá estar. a rua era pouco movimentada e havia dois restaurantes e um minimercado de portugueses, onde entrava de manhã para comprar

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o lanche, que a amável senhora preparava enquanto também me apresentava às clientes portuguesas que entrassem.adorava descer as duas ruas até à estação de comboios de Genebra e, às vezes, também regressava sem apanhar eléctrico ou bus, nos quais entrava sem dificuldade e sem pagar devido ao passe de turista do hotel. Tentei entender o diagrama e as diversas formas de chegar àquele ponto de encontro. Certa noite, apanhei um eléctrico que passava numa rua próxima, mas não vi bem a paragem da zona que reconhecia, por isso saí e percebi que tinha uma longa avenida para descer até ao cruzamento da minha rua.esta viagem foi afectada pela redução temporária do plafond do cartão da CGd, devido às mudanças antecipadas de hotéis causadas pelos factos que referi. Por isso, limitei as minhas deslocações às cenas mais importantes e a alguns passeios turísticos baratos ou pedestres que exigiam muito esforço como o de chegar e regressar da estação do teleférico Salève da zona de Genebra e, dias mais tarde, de uma estação de comboios para o hotel ibis 3 lacs de neuchatel.a panorâmica do monte Salève era deslumbrante, mas as montanhas e teleféricos austríacos e o Cristo rei do Brasil impressionam mais e lideram o ranking dos pontos turísticos que visitei. no entanto, a longa descida íngreme deste teleférico suíço torna o passeio inesquecível, inclusive, para quem o vê subir e descer a partir do parque automóvel do seu terminal. apanhei o bus que passou no ponto superior do teleférico para fazer um sightseeing desse planalto e, no fim da tarde, desci novamente pelo teleférico.apesar de alargar a minha estadia neste país, continuei a viver situações imprevistas que prejudicavam as fotos do projecto e a qualidade da viagem turística. Os percursos de comboio permitiam-me regressar no mesmo dia a Genebra. Já conhecia o primeiro destino onde estivera em 1990, mas os chuviscos impediram-me de fotografar Yverdon-les-bains a partir do ponto que recordava. Porém, já não sabia exactamente qual a estrada para essa montanha, por isso fui ao posto de turismo e depois também falei com um transeunte que concluiu o que a outra pessoa não sabia. Ficou a conversar mais tempo que o esperado e só foi embora 40 a 60 minutos depois de falarmos sobre diversos assuntos. disse-me que tinha lá uma amiga portuguesa. entretanto, atendeu um longo telefonema relativo ao desentendimento com uma terceira pessoa sobre quem deviam manter/tomar medidas supostamente legais. no início da conversa contou que estava comigo e que eu não pretendia esmolas. voltei a esta estação, de onde não me afastei muito no dia em que fui para aquele hotel ibis ‘campestre’ dos arredores de neuchatel, mas acabei por não visitar nada para não gastar num sightseeing de táxi. enquanto não chegava a hora de seguir viagem, fiquei na esplanada daquela loja de conveniência (ou coffee-shop) com snack-bar e minimercado, onde comprei o sumo innocent para deitar para o lixo o da Áustria, que ainda não tinha sido adereço na história fotográfica, cuja cena pretendia realizar nesses dias.a mala condicionava-me os movimentos, por isso houve quem fosse comprar-me o bilhete e pedir assistência para entrar no comboio, uma a duas horas depois de solicitar esse serviço.

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entretanto, fui para junto da linha e continuei a aguardar a hora e o encontro com quem me fosse ajudar. algum tempo depois, chegou um comboio e um senhor (falando por rádio) ligeiramente apressado para me ajudar, sem me dar tempo para responder ao que começou a dizer-me. a sua animação prosseguiu quando me acompanhou no seu regresso a casa. Percebi que não ia no devido sentido e interroguei-o, falando e escrevendo, quando ele continuava tranquilo. mostrei-lhe o ticket e o destino. afinal, eu não iria fazer transbordo em alguma estação para chegar mais depressa a neuchatel! Ficou sem palavras quando viu o meu nome e destino. ele devia ajudar um homem que vi, por acaso, através da vitrine da loja a sair daquela zona. desistiu ou perdeu este comboio que eu, distraído, esperava na linha contrária, que associei ao sentido de condução. Julgou que eu seria a pessoa certa, não estando com meias-medidas para quem meia-palavra bastaria sem confirmar o óbvio da única cadeira-de-rodas das redondezas. Portanto, terá pensado: ‘et voilà, le monsieur!’ que, traduzido por miúdos, será ‘Ála, que se faz tarde!’. Lamentou o sucedido e pediu desculpa. aconselhou-me a ir até ao fim do percurso para regressar nele. atrasou-me duas ou três horas.Os colegas falaram-me desse e telefonaram-lhes para fazer reserva, tendo-me surpreendido a localização e as duas irmãs portuguesas que lá trabalhavam. apesar de ser calmo para descansar e contemplar a natureza, demorava meia hora ou mais para chegar aos locais de atracção turística da cidade e do lago. O preço do quarto não compensou por causa do táxi do ckeck-in/out, por isso só apanhei mais um que me deixou num apeadeiro das composições eléctricas. desvalorizei alguns pormenores ditos pela recepcionista que sugeria o táxi, mas os 3 hotéis anteriores tinham-me obrigado a viver uma semana de vacas magras. não havia ninguém nas instalações daquela estação moribunda, como a de Castelo de vide.decidi ficar naquela aldeia moderna/vila das 11h/12h às 17h/18h onde o movimento de pessoas e carros ou bus era frequente, inclusive a passagem e saída/entrada ocasional de passageiros dos tais comboios eléctricos. apesar de não desejar encontrar céu nublado ou chuva em neuchatel, as dificuldades da passagem subterrânea da linha fizeram-me desistir pois, não seria boa ideia pedir ajuda às raras pessoas que a utilizavam. não recordo se o eléctrico passava a cada 30 ou 60 minutos. a certa altura, deu-se uma explosão amplificada pelo eco desse túnel, provocada por dois jovens que fugiram às gargalhadas.mais tarde, fiz um pequeno passeio de 500 metros e regressei para ir de táxi para o hotel, após comer um gelado e perguntar qual seria a distância e estrada alternativa à de muito movimento.Pus de lado a ideia do táxi e fui andando, depois de me ajudar naquele túnel que também dava acesso à tal estrada quase deserta. de vez em quando olhava para trás para ver a distância manual percorrida. ao chegar a um cruzamento, cruzei-me com um ciclista que consultou o caminho mais directo e fácil a seguir no mapa/gps do telemóvel. recusei a companhia ou reboque temporário dele (que seguia no sentido inverso) até onde não existissem dúvidas. Posteriormente, passei uma pequena povoação ou aglomerado de casas

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e perguntei novamente aos jovens sentados à sombra numa das bermas. disseram para seguir em frente nesse segundo cruzamento, isto é, pelo atalho alcatroado daquele largo e comprido campo agrícola, verdejante. Centenas de metros depois, evitei entrar numa propriedade privada que continha um aviso. Contornei-a pelo caminho de terra batida da esquerda e, alguns metros adiante, à direita, segui em frente para descansar na primeira das poucas sombras. Foi uma tarde de intenso sol e calor aumentado pelo percurso de 2 km ou mais até encontrar uma habitante daquela comunidade fechada com estilo de camponeses, composta por um reduzido número de famílias/crianças, segundo contou a rapariga que me levou no carro. ambos nos impressionámos pela distância percorrida e pela que faltava. Sentia-me desidratado e indisposto nos últimos metros e não iria continuar mais 1 km calculado por ela. Se não me tivesse dado boleia, pedia-lhe um táxi.Tomei cuidado para recuperar da desidratação, fraqueza e de ligeiras vertigens ou tonturas provocadas pelo repetido movimento dos olhos e cabeça conforme movia a cadeira. Lavei várias vezes a cara para refrescar lentamente e bebi devagar sem comer sólidos nessa noite. mesmo assim, acho que vomitei pouco tempo depois de chegar ao hotel, mas logo fiquei bem com a ajuda da aragem do jardim onde estava a esplanada do restaurante.adorei comer ali e no interior e considero aquele espaço como o mais agradável e bonito dos ibis que conheço. Contudo, melhoraria a qualidade alimentar com cozinheiros e menus portugueses complementados com a mais popular comida italiana, sem esquecerem dietas. Por acaso, havia pratos italianos, mas surpreendi-me quando pedi sopa de legumes que, na opinião deles, seria água salpicada por ervas picadas. apesar dos estranhos cozinhados e definições que tentava desvendar com menus de três idiomas, comi a referida comida italiana, invulgar nos hotéis das minhas viagens. embora perceba francês, espanhol e um pouco de italiano, prefiro responder, falar, escrever em inglês. Um empregado de mesa levou as notas e mais tarde serviram-me.a recepcionista da manhã seguinte, falou comigo sobre alguns assuntos e comentou a qualidade do meu inglês, idioma que ela também preferia, e lembrou-se do colega que recolheu o meu papel para mostrar a outro. ela achou que estava bem escrito, não havendo, assim, incompreensão escrita por causa da deficiência, segundo eles poderiam pensar! Porém, nem sempre “acerto” com o discurso correcto, dificultado pela (duvidosa) sabedoria dos receptores. Talvez nem à boca das urnas chegarei a roma, por causa do protesto contra a inversão do sentido que conduz muita gente a precipícios!Pretendia ir a dois pontos turísticos, um dos quais devido à cena fotográfica do sumo innocent. a telecabine do monte Jura estava fora de serviço por causa de reparações da linha, mas podíamos ir no bus que a substituía. além de demorar mais tempo, as vistas não eram como imaginava na subida do teleférico. a ausência de empregados dificultou a entrada na torre do complexo turístico cuja entrada requeria moedas, mas a grade mais larga precisava de uma chave. Consegui entrar após reflectir e obter a ajuda de quatro turistas que esperaram o que me acompanhou. havia uma estreita ponte de apoios metálicos como as de madeira,

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com cordas das cenas dos rios no cinema. Tive de ter todo o cuidado e mais algum para não magoar as mãos conforme caminhava agarrado ao que parecia ser um sistema de controle de presidiários. apesar de já não recordar bem, diria que era algo parecido com pedaços de arame farpado, enrolado. imagine-se o perigo aumentado pela ferrugem. apenas fiquei na base da torre para evitar que eles perdessem mais tempo comigo. Suponho que me fotografaram quando eu caminhava de costas para eles, pois fizeram-no ao aproximar-me deles, no regresso. Criticaram a falta de assistência e falaram algo mais, mas não encontro essas anotações.Fotografei um rapaz suíço, no parque próximo do teleférico, a abrir o meu sumo que recusaria beber, mas só pretendia a tampa. no final, ele e a namorada viram-me bebê-lo para lhes mostrar que não o contaminara, pois não havia perfurações na pequena e resistente garrafa plástica! não pude realizar uma cena perfeita e mais interessante, tendo em conta as circunstâncias. no entanto, funciona na montagem, embora tivesse sido feita às três pancadas e em cima do joelho... dele, que não se nota por causa do sol e das calças castanhas. valeu a intenção e a minha passagem por lá. Quando o bus chegou à casa de partida, já lá estava o mesmo taxista com quem tinha deixado a mala. Levou-me a uma distante estância turística composta por hotel, restaurante, parque natural de diversões com escorrega para se descer numa espécie de trenó e miradouros. algumas pessoas também faziam caminhadas pelas encostas enquanto eu e dois cúmplices nos apoderávamos da vistosa mota que ainda não tínhamos! O meu plano inicial incluía mais duas regiões montanhosas a leste e norte do país, com lagos, teleféricos de cadeira e viagem no Glaciar express...as últimas duas noites foram passadas no ibis do aeroporto, lotado na tarde em que lá cheguei de Portugal, sem sair do transfere que me deixou no ‘vibrante’ depois das voltas dos hóspedes, desse parque de hotéis, para o aeroporto e vice-versa, pois tinham prioridade relativamente a este passageiro/hóspede fantasma, sem reserva. num desses circuitos, transportámos uma tripulação completa da SWiSSair que fez o check-out do luxuoso hotel contíguo e comigo foram animados, após me divertirem com a infindável fila indiana de loiras entre poucos homens. Tentei fazer boa figura, mas não recordo as respostas às minhas perguntas. no entanto, guardo a muito estimada lembrança da despedida ‘à inglesa’! devo ter inspirado o seu dióxido de carbono, que me deixou com ar de parvo ao ouvi-los conversar em alemão! Por pouco, não lhes pedi explicações sobre os seus modos, assim: ‘Qu’estais pr’aí a dizer?! Tolkai, parlai ou calai-vos!’alguns taxistas também me pregaram partidas: um, cobrou-me o triplo ao evitar o percurso directo para o hotel desde a estação dos comboios. Outro, conversou em francês/inglês e, quando eu já estava no hall do hotel ibis airport, deu-me um cartão que o identificava como emigrante brasileiro! Portanto, não percebeu que eu era português, mas o que apanhei na primeira vez que fui procurar o restaurante Jura, surpreendeu-me ao responder-me em português nos momentos finais da nossa conversa noutra língua.

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havia sempre alguém ou alguma coisa disposta a perturbar o rigor dos meus planos, pois nem o último dia e meio se salvou das situações do arco-da-velha dos comboios! Passaria um dos poucos dias de lazer no panorâmico e a manhã do voo seria dedicada a uma simples foto do dvd na aldeia de Bière, onde também iria pela via-férrea.escolhi o percurso e comprei o bilhete do comboio panorâmico que iria apanhar em montreux, ou seja, na outra extremidade do lago Léman, mal dada pelos assistentes que não tiveram mãos a medir naquela transferência rápida que partiria dali a instantes, e que, por sinal, já não estava lá para as curvas, pois era mais velho do que as igrejas! Contudo, colocaram-me na zona viP das bicicletas penduradas como os presuntos transmontanos!O maquinista e a revisora ficaram incrédulos quando lhes mostrei o bilhete. Comunicaram o sucedido por rádio e pediram desculpa pelo mau serviço dos colegas. abriram a porta da cabine para ver melhor a paisagem e sugeriram que descesse numa das estações comuns às do panorâmico, cuja passagem seria uma hora depois, tempo esse que eu devia esperar sem a transferência. Considerei a estação onde saí como destino final, visto não voltar mais nenhum Golden train, após a chegada do meu. a paisagem daquela aldeia era deslumbrante, por isso valorizou a viagem que perdi e o regresso no Golden train ao escurecer, pois fiquei naquela paragem mais de duas horas.O maquinista e a revisora prometeram-me mundos e fundos transmitidos ao da estação, mas o pôr-do-sol esvaneceu-os e só se realizou um: devolução do dinheiro sem o privilégio dos lugares viP ou de outro na primeira carruagem. mas instalei-me melhor do que na do ferro velho, cavalgante, na companhia de passageiros de categoria inferior à minha, porque viajei sem pagar nada, embora tivesse preferido pagar o dobro dos viP para alguma foto do dvd. não vi a cena de reembolso sugerido por eles para o comboio de Genebra.a viagem de ida e volta da aldeia de Bière incluiu transbordo para o comboio regional e depois para o autocarro que nos esperava para levar a meia dúzia de gatos literalmente pingados (devido aos períodos de chuva fraca) às aldeias ou a uma das estações seguintes para continuarmos a viagem de comboio interrompida devido a trabalhos na linha daquele troço que, tendo em conta o percurso do bus, parecia longo. mas não tive tempo para pensar na morte da bezerra, inclusive, no destino. a chuva e o regresso desse comboio em menos de 50 minutos, impediu-me a exploração da zona, limitando-me a fotografar o essencial dessa localidade, associada a uma cena de bebidas internacionais através da icónica casa da estação... O regresso demorou aparentemente o mesmo tempo, mas perdi o comboio principal que terminava no aeroporto de Genebra! O ligeiro atraso de 2 a 3 minutos do regional também me fez ficar sem a assistência desse lugar no qual me ajudou o maquinista e um passageiro. no entanto, não havia ninguém no guichet daquela estação pouco movimentada. entretanto, chegaram dois passageiros a quem contei que iria apanhar o avião, se este comboio não me fizesse ficar em terra devido ao invulgar atraso de 20 minutos. O maquinista do comboio regional ofereceu-me um guarda-chuva pequenino que não pude usar entre o terminal de comboios e o do aeroporto, onde fui avisar e confirmar a hora do vôo. Faltam pouco mais

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de duas horas. Tentei apanhar um táxi para ir buscar a mala ao hotel, porém, foi um dos piores momentos por que passei, visto que nenhum parava junto de mim e, quando me dirigia ao que via distante, ignoravam-me ou iam embora com outro passageiro. Por fim, consegui convencer um que hesitou, mas aceitou quando percebeu que poderia perder o avião. era simpático, atencioso e até levou a mala e o saco para o balcão sem eu precisar. depois, fui para o do check-in e assim acabaram as peripécias da Suissezelândia.”

ÁFriCA dO SULOutubro de 2011

esta foi a última viagem que o veríssimo realizou sozinho, no âmbito do seu projecto. muito haverá para escrever sobre esta viagem, onde veríssimo foi agredido, roubado e abandonado, ferido, durante várias horas. esta é uma situação que, infelizmente, poderia acontecer a qualquer pessoa. mas o veríssimo, para todos os efeitos, é “diferente”, e essa diferença fez com que fosse internado no hospital de Júlio matos, depois no hospital de Santa maria (em virtude de ter fracturado uma perna, ao tentar dar um passeio), e por ultimo transferido para um lar, que dificilmente pode dar resposta ao seu potencial criativo e ao seu desejo de liberdade e autonomia, que sempre pautou a sua vida. Que, seguramente, o impedirá de levar avante um projecto de marketing megalómano que veríssimo queria empreender.

mas o que é afinal esse projecto? O que tem afinal movido veríssimo nos últimos anos, e que o tem levado a desafiar todos os limites?

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O PROjECTO

Fazendo uso dos conhecimentos que adquiriu ao longo da sua licenciatura em Publicidade & marketing, e utilizando como matéria prima a sua própria experiência de vida, veríssimo concebeu um arrojado plano mediático internacional, que tem como objectivo lutar contra a discriminação e a exclusão dos portadores de deficiência. repleto de iniciativas arrojadas e completamente inovadoras, que vão desde uma campanha mundial em outdoor a reportagens de Tv e uma história fotográfica internacional que conta com a participação de figuras públicas, veríssimo coloca toda a sua criatividade ao serviço de uma causa, deixando uma forte crítica a um mundo repleto de injustiças, algumas das quais ele sentiu na própria pele.Para o arranque do projecto já fez inúmeras viagens e estabeleceu um grande número de contactos com pessoas e entidades influentes, que pretende tornar em parceiros desta sua aventura de vida. desde jornalistas portugueses – alexandra Borges, Júlio magalhães, mário augusto, entre outros ligados à Tvi, estação à qual veríssimo pretende deixar uma parte do seu testamento, a par da Fox Tv – a empresas como a Sonae e Fabio Lucci ou importantes personalidades como Sandra Bullock e richard Branson, veríssimo tem sido incansável na sua chamada de atenção, a que este livro também pretende dar voz. angariar a ajuda necessária para levar avante este projecto não tem sido, de facto, tarefa fácil. mas veríssimo nunca desistiu de lutar pelo seu sonho, crente de que o seu contributo será capaz de despertar consciências a nível global. Como só os grandes sonhos fazem…acreditando que o sucesso deste projecto depende em grande medida da colaboração de richard Branson - uma das personalidades que mais admira e a quem pretende deixar 80% do que vier a lucrar, desejo formalizado num testamento celebrado em vida - veríssimo pretende apresentar este projecto à Sky Television, procurando, sem nunca desanimar, convencer o empresário inglês a tornar-se o seu grande parceiro desta aventura.

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PLaNO mEDIÁTICO INTERNaCIONaL 

PLanO mediÁTiCO inTernaCiOnaL (SÍnTeSe)

1.veríssimo morais, portador de deficiência motora de causa rara e licenciado em Publicidade & marketing desde 2000, apresenta o seguinte projecto independente que não está vinculado a instituições de defesa dos direitos humanos, nomeadamente, de quem possui deficiência nem a patrocinadores.O facto de ser financiado com as economias de toda a minha vida de estudante e posteriormente, recorrendo a créditos bancários sucessivos, não lhe retira nenhuma credibilidade, impacto e dimensão, porque resistirá ao tempo (meses, anos, décadas) que demore a realizá-lo. Por isso, sem parceiros estratégicos, torná-lo-ia mais implacável, insensível, desagradável para determinadas empresas e pessoas.Codificado como mOOnLiGhT GUardian PrOJeCT, cuja denominação se justificará adiante, terá três componentes na sua estrutura de comunicação.

2.a fase inicial é a CamPanha de PUBLiCidade e SenSiBiLiZaÇÃO em OUTdOOr. O anúncio “3d” baseia-se na actividade do empresário mundialmente conhecido, que pretendo contactar para ser o meu parceiro estratégico, não em termos de financiamento, mas para influenciar, reflectir a mensagem associada à deficiência. a solução de combate à discriminação, exclusão também será transmitida pelo tema que fascina o mundo, sendo esse o ponto de partida para a história fotográfica internacional de dvd.Um ano depois, surpreende-se o público com a rePOrTaGem de Tv que deverá ser difundida em canais estrangeiros, visto conter relatos de alguns acontecimentos vividos nas viagens de produção do dvd, após a síntese da minha vida passada. Fara sentido comparar as condições e legislação existente em Portugal e nesses países, onde poderão vê-la adaptada, isto é, incluindo um caso deles, no início ou fim da reportagem.a eSTraTÉGia adiCiOnaL de complementos impedirá que a sociedade reduza a atenção sobre a questão da deficiência. Periodicamente, realizarei algo que mereça ênfase por parte dos media. Por isso, uma das propostas é um acontecimento considerado de ÚLTima hOra (BreaKinG neWS). apesar de durar poucas horas, recordá-lo-ão durante alguns anos, especialmente quando se falar de deficientes e neste primeiro dia, haverá quem lucre com esse thriller, suspense...

idealizei mais que podem ser vistos como pequenos projectos de grande impacto.

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no entanto, tudo será produzido sob o conceito duma figura misteriosa (identificada como portadora de deficiência) que permitirá acompanhar e reagir à sociedade, através de solidariedade, mantendo a minha vida privada afastada dos “maus da fita” durante toda a vida. Uma estratégia está concebida para não terminar aquando do falecimento, mas prolongando-se para o além, tornando-se assim na maior campanha jamais vista que ultrapassa todos os limites humanos e inimagináveis.

3. inveSTimenTO e reTOrnOapesar do investimento actual ultrapassar os 80 000 €, ainda mantenho alguma satisfação perante as dificuldades que persistem na sua produção. Porém, é a única forma de expressão e oportunidade para realizar algo no âmbito da minha formação académica. Penso que é um processo criativo invulgar e com conceitos pouco ortodoxos, mas altamente contextualizados, sendo uma espécie de alternativa num mundo que nos deixa sem ela.existirá conteúdo para maximizar e rentabilizar todas as áreas e propostas, portanto, o retorno terá de ser semelhante a um budget publicitário, a-posteriori e ao que advém do cachet de determinadas celebridades (inclusive quem num ápice surge do nada) convictas que têm seguidores daquilo que são e representam, cuja vida privada de alguns não os torna exemplo de ninguém. Por isso, não concordo que a publicidade e o público separe os dois mundos de alguém por conveniência de marketing., como é o caso do Cr. Porque é que a Comunicação Social, o público e o BeS destacam o seu valor enquanto jogador e esquecem que promove comportamentos de risco (doenças) com todos os relacionamentos que lhe associam, tal como compra de seres humanos?!

4. O PaSSaTemPO de Tv que descrevo a seguir é a solução imediata para alterar a minha qualidade de vida e uma fonte de rendimento que me libertará dos créditos bancários destinados ao projecto, que até à pouco tempo era a forma de melhorar o meu futuro, mas a complexidade continuaria a trazer anos de produção.Tendo em conta o tempo que já passou, a vida social e afectiva que não vivi, devido à deficiência e dedicação extrema, como aluno, passaria a vida a tentar atingir objectivos sem alterar concretamente as condições económicas que impulsionassem o resto.assim sendo, resolvi acrescentar pormenores aos concursos telefónicos de valor acrescentado existentes, transformando o prémio (carro que eu comprar) numa oferta de alguém com deficiência, sendo um acto mais pessoal e motivador do que associá-los a ofertas da marca ou da Tvi, ambas empresas, tal como reforçam no discurso feito na terceira pessoa e de grupo: “a Tvi está…”; “...Queremos...”além disso, será dito que também estão a contribuir com uma percentagem do valor das chamadas para a conta de solidariedade que esta pessoa abriu para ser gerida pela Tvi e

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exclusiva aos casos noticiados nesta estação. essa quantia subtrai-se ao lucro que corresponder à minha parcela do total de chamadas. Posteriormente, tenciono financiá-la com outra percentagem do restante projecto. deste modo, não precisam de apelar e aguardar por donativos para alguns casos. Sugerindo que indiquem (no momento de receberem o prémio) quem acham que deveria ser ajudado, fará com que sintam a sua participação imprescindível, merecedora de ganharem, eficaz e transparente, por ajudarem quem conhecem.esta estratégia promoverá de alguma forma, a imagem, sentimento de partilha, ajuda, atenção a deficientes que vejam, alguns dos quais ignoram ao supor que desejam esmola quando apenas pretendem uma informação ou analisar-lhes a atitude. imagine-se que a consequência desse comportamento desagradável (que não teriam com alguém “normal”, especialmente mulheres jovens que os interpelassem pelas mesmas razões) seria uma agressão, assalto perpetrado pelos amigos, colaboradores de quem não fez caso lá atrás ou semanas antes… se o castigo fosse o de lhe afectar a vida por algum tempo...

5. Uma CamPanha de deFiCiÊnCia nÃO deve Ter TOda a POPULaÇÃO COmO PÚBLiCO-aLvO.as campanhas publicitárias dirigem sempre a mensagem para um determinado grupo da sociedade de consumo, mas nada impede a aderência de toda a população dum país. Seria uma eficácia surreal, inédito e um incrível sucesso de vendas. Como mais vale um pássaro na mão que dois a voar, recorrem a estratégias, posicionamento das marcas, notoriedade, reflexos de imagem de celebridades e em muitos casos, realizando tudo isso com anónimos ou figuras publicas sem destacar as qualidades dela, que ali está para transmitir apenas a mensagem do anúncio, mais facilmente recordado.voltando ao exemplo dos pássaros: Quem não gostaria de matar um bando de 5 mil pousados nas árvores ou lameiro durante a época de caça ou turista nas viagens da minha Terra Transmontana, surpreendendo e vendendo aos amigos, colegas de trabalho e lojas?!Seriam férias lucrativas sem recorrerem a esquemas de burla de seguradoras através das tais falsas avarias dos carros, segundo noticiou a Tvi! Foi realmente um plano genial enquanto durou, mas dias melhores virão com novas engenhocas aguçadas à boa maneira portuguesa e doutras pessoas de todo o mundo, já que não é feitio. É defeito da natureza humana, assim como outros que não interessam aos extraterrestres e por isso, ainda ninguém os viu, apesar do diz que disse... Certo é o turista ou caçador de “não mitos” ver pobres criaturas falecidas por causa da sua estratégia de selecção dos pássaros, tendo em conta as balas disponíveis e o comportamento, pois, nem todos serão tão calmos como parecem. Se fossem embalsamados, mantinha-se a falha do alvo ou a falta de tempo do atirador.as campanhas dos políticos processam-se da mesma forma para atingir o eleitorado que padece de bichos-carpinteiros que o médico não detecta nos exames! Por isso, nada receita, mas o farmacêutico vende-lhe o da publicidade... resolve tanto esse calmante como os placebos da política, quando acordam sobressaltados pela pega de colegas - ucranianos, sul-

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coreanos, quenianos, venezuelanos, argentinos e brasileiros - do ex-ministro da economia, manuel Pinho. O meu projecto-lei de medidas extremistas cortava-lhe as asas ao primeiro pio mal dado, mas acham que o público tem o dever de desculpar e filtrar as atitudes deles.do mesmo modo, as marcas valorizaram detalhes agradáveis da relação público com a celebridades e destas com marca, sem lhes os conflitos e crimes da sociedade de onde retira os famosos e público-alvo a atingir numa determinada campanha. Os produtos também não discriminam quem compra, seja ela qual for a relação existente entre esse consumidor e os seus vizinhos, colegas ou sociedade: inimigos, criminosos. Bem-vindos com as (“duvidosas”) posses...as campanhas de promoção da deficiência devem seguir os mesmos princípios sem desejar dar um passo maior que a capacidade da perna. Uma das diversas estratégias do meu plano é o confronto, ir de encontro às atitudes da/s pessoa/s escolhida/s ou de grupos abstractos da sociedade, cuja mensagem dirigida a uns não interfere na dos outros nem na reacção, sendo também uma espécie de entretenimento, veículo dos pensamentos do público que não foi escolhido para a campanha do momento.abordagem que dará pano para mangas, visto que a humanidade tem muito por onde se lhe pegar, ao contrário do que diz o ditado.

6.reflexões, caracterizações e selecção de pessoas, que o eT da história fotográfica do dvd fara com o intuito de levar gente especial para o seu mundo extraterrestre, que não deixou “às moscas” nem completamente vazio, embora ele seja o único ser pensante. Por isso, o seu SPeed daTinG mundial fê-lo sentir-se humano, adorado, odiado, ignorado, indiferente, cuidadoso e invencível pelas forças do mal do deserto do nevada onde o seduziam 51 refrescos de hi Five com Give me Five. não sabia o que pensar nem o que dizer antes de passar uma hora a aprender cada dialecto.Conheceu pessoas de todos os géneros e feitios -”Cruzes! Credo!” - segundo os seus critérios, expectativas, suposições e análise do relacionamento interpessoal dos terráqueos e destes, consigo, mas só convidaria 60 nesta primeira viagem à Terra, embora muita gente o fascinasse. aprendeu hábitos, costumes e crenças: deus encaminhá-lo-ia enquanto andasse por cá...Sentiu dificuldades para encontrar convidados, deficientes, tão misteriosos quanto ele. Toda a gente sabia que existiam, mas poucos tinham pistas concretas ou vagas sobre o paradeiro deles. Pareciam-lhe indicações duma realidade paralela, quinta-dimensão, mundo à parte - lua -cujos reflexos de incapacidade e falta de saúde atingiam a sociedade do pensamento, protegida, se os mantivesse longe da vista do seu próprio mal de que somos publicidade indesejada.“não me chateies que (...) estou na lua”, verso da canção dos Lunáticos, é a metáfora do que acabei de dizer sobre a distância relativamente próxima dos mundos de dois seres,

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omnipresentes no olhar e mais que além-mar, no espaço, espírito, comunicação e integração na sociedade, cujos astronautas – familiares e amigos – são o elo de ligação desses mundos impressionantes e surpreendentes de cada ponto de vista.Contudo, o avistamento da lua e as experiências de quem “vai e vem” não leva o desejo de todos irem lá. Por isso, os turistas espaciais são a metáfora de quem vai mudando a atitude sobre a deficiência, sendo eles e os astronautas uma espécie de convidados, cujo acesso viP é controlado pelo GUardiÃO LUnar que também simboliza a interdição e condicionamento do livre acesso do público ao mundo da deficiência... adquirida, de forma permanente ou temporária, sem poderem usar canadianas nem cadeira-de-rodas. Serei o manaGer desse personagem detentor dos direitos de imagem da deficiência. Portanto, “que se cuide” quem não deseja ser visto a usar a “nossa propriedade” (material e características) de locomoção sem nos beneficiar de nenhum modo. não precisamos de macacos de imitação! aquilo que nos defini e ajuda a viver não deve ser aproveitado pela sociedade saudável que nos explora dessa forma como patrões duma multinacional de trabalho infantil, usando parte de nós como lhes convém, pois, ninguém gosta que usem os seus produtos de higiene pessoal, roupa nem os que caracterizam o estatuto sacio-económico como a casa e o carro sem mais nem menos…as campanhas sobre deficientes foram sempre mais eficazes em termos de aumento do ego dos destinatários, dando-lhes o poder dum ditador, líder de opinião, considerando-os a referência dos deficientes que “admiram a sua imagem” e tudo fazem para conquistar uma parte da sua atenção, vida social. O “PLeaSe” e as súplicas podem ter impacto nos relacionamentos amorosos e na religião, mas não é assim que se muda o comportamento dum indivíduo ou sociedade. O do livre arbítrio, poder de escolha e decisão permite seguir o caminho do bem ou mal nas relações interpessoais e com entidades atentas ao equilíbrio da humanidade, mas no caso da deficiência não resulta, já que não existem sistemas de videovigilância integrados nos corpos das pessoas, para identificar atitudes indesejadas ou discriminações penalidades pela lei. O impacto no mundo laboral também não me parece grande e no das emoções... nem pensar. mas parecem campanhas, notícias de quem deseja ser convidado a jantar, dormir ou constituir família com o alvo da comunicação. Como o mundo é de todos e a vida social também, tem-se a mesma postura que o adversário que ainda poderá ser como nós e os deficientes que nascerem, são - como já comentei noutras ocasiões - criaturas de pais com tendência a rejeitarem a diferença, pois, toda a gente espera bebés saudáveis.

7.a CamPanha dediCada À deFiCiÊnCia da vOZ tem um conceito que demonstra a dificuldade de comunicarmos com quem não tenta entender-nos sem contrapartidas ou qualquer outra motivação que não faça ricochete nas defesas dos seus valores pessoais, carácter, personalidade duvidosas.

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a análise dos relacionamentos sociais a este nível fundamenta-se nas minhas experiências e nalguns casos mais complicados, requerendo paciência, tempo, assistente humano ou tecnológico.a minha comunicação verbal é ligeiramente diferente da escrita, que me permita falar com toda a gente de forma natural e com fluidez. Uso todos os recursos ao meu dispor, consoante a importância e capacidade mental, idade da pessoa/grupo em causa: linguagem e vocabulário simples, sinónimos, comparações, decomposições de palavras e ideias, exemplos, desenhos, gestos, tudo que elimine, em segundos, o bloqueio da comunicação... no entanto, há pessoas que abusam ao fazerem-se “desentendidos” ou incapazes de perceber o que escrevi no papel. essas atitudes deixam-me indisposto. no estrangeiro, houve quem falasse comigo sem precisar de escrever (quase) nada, mas não posso censurar do mesmo modo, idiomas que não domino, sobretudo em termos de escrita.a deficiência influenciou a qualidade do meu discurso que poderia ser mais enriquecido, mas há quem tenha o timbre perfeito e fale pior!

8.a primeira campanha destina-se ao público geral e a surpreender as audiências dos noticiários com o invulgar evento, sendo os diversos segmentos contactados nas campanhas posteriores, cujo contexto mais restrito apenas mantem o essencial da primeira – elo de todas que excluem os alvos das restantes.Podemos comparar com a caracterização superficial e elementar das pessoas que adaptam a sua postura, estado de espírito e reacção a quem passa na sua vida diária, profissional, sem anular a sua definição de ser ou a que uma criança ou desconhecido terá de si, bem como os familiares que lhe reconhecem melhores ou piores valores que os que transmite noutras circunstâncias.

9. diPLOma deSTrUÍdO.SOndaGem SanTander TOTTa.Fundamentações conforme referi ou como achar melhor no contexto do livro com a sua linguagem…

10. medidaS de aUSTeridade dO GOvernOdevolver o valor total, com juros, dos ordenados, subsídios e pensões que recebi desde a infância e rejeitar as do futuro, libertando assim o eSTadO dos encargos que teve e terá comigo neste sentido.no entanto, é responsável pelo mal que me causou em diversas fases que prejudicaram a minha vida para sempre sem me indemnizar, mas, apesar de parecer contra-senso, prefiro ajustar contas (com as pessoas reunidas nesta porção de terra em torno duma ideia denominada eSTadO) através daquilo que todos precisam e contestam quando as suas

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condições socioeconómicas, financeiras, lazer, família, vida pessoal, afectiva são postas em causa pelas leis ou neste caso, pela crise.desta forma, também contribuo para a ideia dos portugueses que não existem, como os deficientes e os que não contam para sondagens, eleições ou certos consumos, sendo esta a estratégia dos consumidores das almas dos governantes, dos legisladores e duma parte da plateia do jogo da vida, que de vez em quando, ressuscitam os falecidos para voto na matéria e receberem contrapartidas...esta atitude terá impacto mundial, embora o rendimento seja substituído pelo do projecto, mas vale a intenção e efeitos práticos, pois, será como um donativo para o governo que só recebe pedidos.inserir aqui o que contei sobre a guerra do ultramar, contágio hospitalar e trauma de 2004 que se transformaram em pesadelos nocturnos, bem como a situação do médico que me fez sentir mal na loja Let’s Copy do Centro Comercial das amoreiras.

11. aCidenTeS de viaÇÃO – “WhY ShOULd i/We heLP/Save YOU?”

esta estratégia pretende antecipar e dar as boas-vindas aos traumas e incapacidades de quem discrimine, exclua, cabendo a cada um reavaliar o carácter e outros valores pessoais, sociais antes que seja tarde…associar a canção “heLP” – das Bananarama – às viagens de carro, para pensarem no mau estar, no perigo, na recusa e condenação dos socorristas dum eventual acidente ocorrido no futuro de quem esteja a ouvir esta medida de reflexão, punição e até, preventiva, no rádio do carro, na Tv ou num anúncio relacionado com o meu projecto e deficiência.O significado da letra traduz o drama, momentos indesejáveis da vítima (consciente) dum suposto acidente. Pede socorro, mas duvida da capacidade daquele deficiente (“help me, if you can”) a quem agradece por a ter visto. entretanto, conta-lhe aspectos do seu modo de estar na vida e personalidade que irá mudar, se não morrer nem ficar com sequelas, perdendo a independência motora.ninguém deve lembrar-se de Santa Bárbara apenas quando atroa!as pessoas deviam pensar seriamente nisto e a lei não devia condenar uma demonstração num caso real que reflectisse o efeito desta irritante medida que mudaria comportamentos sociais e de condução.vi recentemente um casal novo cujo marido provocou outro condutor na rotunda da Praça de espanha quando estavam parados no sinal. O de trás, entre faixas, saiu e esmurrou várias vezes o vidro do papagaio protegido pela porta trancada e talvez gozado posteriormente pela mulher. este casal seria um dos alvos desta medida extrema.

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12. SinTeTiZar OUTraS eSTraTÉGiaS e OFerTaS, aLGUmaS daS QUaiS, eSPOnTÂneaS.Pretendo receber dinheiro que me permita viver confortavelmente com condições iguais às de pessoas licenciadas ou de premiados de concursos, inclusive, afectivamente, tendo por isso, que sair do lar de onde estou, comprar uma casa, ter 3 empregadas para cada 8 horas do dia e um motorista.Poderei realizar-me assim e não me sentir deprimido sem rumo como tem acontecido. espero viver muito ainda sem sentir que a vida acabou como prevejo no lar que não devia existir na minha vida até à terceira idade.

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PLanO mediÁTiCO inTernaCiOnaL(verSÃO COmPLeTa Para enviar Para a SKY Tv)

Sky TelevisionUK

assunto: Projecto internacional de media para a SKY Tv; Guinness; e para Sir richard Branson, como parceiro estratégico sem investir.

exmo./s Senhor/s,

Chamo-me veríssimo morais, tenho deficiência motora (de causa rara) e a licenciatura em Publicidade & marketing; resido na rua aquiles machado, 28, 6º esq., 1900-077 Lisboa, Portugal, telefone 00351 21 848 95 62 e venho por este meio apresentar resumidamente o meu projecto internacional para solicitar a colaboração de v. exa. (s) numa parte do mesmo, bem como realizarem uma rePOrTaGem eSPeCiaL (abrangendo acontecimentos desde a minha infância; entrevistando quem me conheceu em cada fase da vida) Para «venda», divULGaÇÃO renTaBiLiZada em estações de Tv mundiais e por fim, nos media portugueses.Poderá ser interpretada como uma «difusão patrocinada por cada media», ou qualquer outra justificação dada para o custo de exibição do acontecimento num determinado país, que contorne a lei que exista, de informação paga. embora seja uma reportagem, é componente de um projecto…

1.estou descontente com quem discrimina e exclui, no meu país. Sinto isso por experiência própria e pelo que observo em situações concretas que merecem ser apontadas para deixar uma reflexão além fronteiras sobre a frequente atitude rude de quem se cruza, por ex., com pessoas com deficiência na rua.O Governo também anda a portar-se mal com as leis e ideias criativas que vai tendo. as famílias dos legisladores e deputados mereciam uma lição de educação física e fisioterapia ou de trabalhos forçados de 12h em silêncio, a pão e água sem férias, num campo agrícola gerido por quem tem deficiência.a população em geral e alguns comentadores também criticam o rumo que o país leva e a imagem que foi passada de Portugal, na cimeira europa/África. Será que os políticos só se preocupam com a integração no mundo por ser onde têm as suas riquezas e serem turistas portugueses bem recebidos?!

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2. «aCTiOn»Penso ter encontrado uma fórmula que poderá elevar o valor e reduzir o preconceito, incapacidade física ou mental tida sobre nós. entre alguns factos consta o de melhor aluno duma escola. após a conclusão do curso superior, iniciei um projecto que me permitiu conhecer o mundo e testar os meus limites, que julgo ter superado, visto que antes nem sequer sentia confiança para passear sozinho na cidade.

3. PerCUrSOinicialmente, deixei as deslocações unicamente de táxi, tentando os transportes públicos, contra a vontade dos próprios motoristas que criticavam, sem precisar de ajuda; depois, fiz uma viagem de comboio para o norte do país durante uma semana.Por fim, ocorreram as saídas para o estrangeiro com o objectivo de produzir uma história fotográfica, internacional, publicitária, para dvd, tendo pessoas comuns como personagens, mas também alguns actores ou figuras públicas portuguesas, inglesas e americanas.Julgo que é uma produção inédita, tendo em conta a condição física do autor e o método criativo adoptado: storyboard em tempo real, sem estúdio nem equipa de trabalho permanente.

4.Pretendo incluir excertos da minha obra literária, não editada, para tornar este projecto fotográfico e de vídeo, completo e consistente, por haver um fio condutor, sendo um estilo de escrita invulgar, na opinião de quem leu, que me considerou um autor de culto, talvez devido aos temas contidos, ou forma de os abordar.

5. WOrLd GUinneSS BOOK OF reCOrdSalguns Outdoors em rede internacional, concebidos para entrar no Guiness Book e a reportagem ou partes desta, constituem a campanha publicitária do patrocinador, de divulgação do dvd e promoção das pessoas com deficiência.

6. QUem?Com tal iniciativa surpreendia-se o público e empresas, sobretudo as agências de Publicidade e seus clientes. apesar das barreiras que geralmente enfrentamos, social e profissionalmente, penso que na área da Publicidade a situação seria duplamente agravada, pelo desconforto que surgisse da parte do cliente ao conhecer quem trabalhava a sua marca.

7. aUTOr e PerSOnaGemalém de produzir e realizar, sou personagem: Um agente secreto que persegue o fugitivo extraterrestre. a componente dramática do agente, admirador do piloto falecido na fórmula 1, ayrton Senna (por ex.) contrasta com a do fugitivo, repleta de humor.

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8. viaGenS reaLiZadaS devido ao projecto…agosto 2003: noruega, alemanha e itália; Julho 2005: espanha; Fevereiro 2006: Cabo verde; março 2006: Brasil; maio 2007: França; Junho 2008: holanda.

9. SinOPSe dvd não concluída.O fugitivo não é cruel, embora tenha muita gente no seu encalço; polícia e pessoas emocionalmente atingidas pelos repentinos abandonos involuntários devido à missão que o trouxe.Possui alguns dons e vem, temporariamente, dum planeta com características invulgares; trazendo um objectivo específico, contestado pelos novos governantes internacionais do outrora... Portugal, que sofreu alterações políticas, socio-económicas, cartográficas, bem como em todos os géneros inimagináveis, após ser leiloado, passando a ser «propriedade» de todos os países abastados e pobres, estes que apenas adquiriram parcelas consoante as suas posses!mesmo assim, os novos governantes ainda interpretavam a presença deste personagem como sendo uma ameaça à boa vida do país reorganizado. incrédulos, sentiam a vida andando para trás, apesar das promessas e prova inversa demonstrada e justificada por ele, nesta Terra dependente de Pão (nome dele), em que todos complicavam sem razão...viveu sozinho durante os 100 anos após a morte do último ser daquele reino, que pretendia repovoar, através de um dom instantâneo de clonagem dos terrestres merecedores de serem salvos deste planeta que ia ser atingido por um cometa, a Península ibérica seria uma das poucas zonas temporariamente seguras.Também controlava a idade, altura e o aspecto, com determinadas poções distintas, as quais produziam os efeitos desejados conforme a necessidade e situação...

10. deSLOCaÇÕeSSupõe-se que a estratégia para atingir o objectivo seja o factor de maior impacto quando divulgada na Comunicação Social; um assunto top of mind, a curto prazo, para bonificar a notoriedade, imagem e aceitação social ou profissional de quem tem deficiência física.O plano e o desenrolar da história depende do trabalho de campo e estabelecendo contactos, sendo a capacidade física, apenas, um factor de demora que não impossibilita.viajando sozinho, evita-se discussões de família e desfrutamos melhor cada momento. apenas precisei ajustar-me a pessoas de diferentes culturas, costumes e línguas.

11. BarCa À veLaalgumas cenas produzidas em Cabo verde tiveram como cenário a barca nª Sr.ª da aparecida que partiu de Portugal rumo ao Brasil. Conheci o senhor holstein após a reportagem sobre a aventura marítima que ele e os amigos iam fazer e apresentei-lhes a minha proposta, tendo ido ao encontro deles naquele arquipélago. Porém, não correu tudo como previsto.(site www.portugalrumoaobrasil.com)

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12. Pretendo receber dinheiro que me permita viver confortavelmente com condições iguais às de pessoas licenciadas ou de premiados de concursos, inclusive afectivamente, tendo por isso que sair do lar de onde estou, comprar uma casa, ter 3 empregadas para cada 8 horas do dia e um motorista.Poderei realizar-me assim e não me sentir deprimido sem rumo como tem acontecido. espero viver muito ainda sem sentir que a vida acabou, como prevejo no lar, que não devia existir na minha vida até à terceira idade.

13. diÁriO de viaGemOs acontecimentos e experiências marcantes das minhas viagens, estão escritos ou gravados com voz feminina.

14. TarGeTSas minhas acções são para dois targets distintos: o público que vê a reportagem/outdoor e o que adquire o dvd - instituições, empresas, marcas, personalidades públicas, pessoas anónimas que foram personagens (por ex.).

15. as pessoas com deficiência têm assim um exemplo de Campanha produzido por alguém do “seu mundo”, com uma construção diferente do habitual. além dos objectivos inerentes à história (publicidade), talvez deixemos factos que as pessoas recordem quando virem ou abordarem questões sobre nós; justificando assim os anos investidos na minha formação académica.

16. SOLidariedadedo mesmo modo, tento projectar outras acções, a nível de solidariedade (mundial) para transmitir a ideia de que as pessoas com deficiência TamBÉm conseguem apoiar outras causas; de pessoas em condição semelhante ou não, contrariando o pensamento primário associado a quem tem desvantagem física: alvo de ajuda das pessoas com equilíbrio motor profundo, ou seja, de quem não tem deficiência. Comprei uma cadeira-de-rodas eléctrica para donativo. e ainda tentarei ajudar um sem-abrigo imigrante.

17.relativamente ao projecto dvd: Pouca gente o realizaria nestes moldes, visto ser uma iniciativa solitária, que ocupa todo quase todo o tempo disponível, dedicação, persistência, sem tempo para lazer, convívio, conforme os costumes do dia-a-dia.

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18. dvdO processo criativo assume inúmeras formas: desde grafites, nomes de lojas, snack-bares, restaurantes, marcas de automóveis e empresas de bus, passando por pequenos excertos de áudio de Tv, narrando uma parte da história. assim, também capta o interesse desses media no projecto.a voz OFF de figuras públicas da Tv, sobretudo jornalistas, do Governo (ex-) Presidente da república, (ex-) ministros, deputados), inclusive, famosos de hollywood (Pierce Brosnan - duplo de minha fala - entrevistado no aeroporto em Lisboa) e do desporto (david Beckham - voz do fugitivo), nalgumas cenas, bem como a participação de profissionais (de imagem) na produção de outras situações especiais, valorizará o projecto e captará a atenção do público e restante Comunicação Social, podendo tornar-se um projecto bem sucedido no estrangeiro e, por fim, em Portugal, visto ser invulgar produzir uma história recorrendo a meios humanos e técnicos cuja função real converti no contexto deste projecto de dvd, dando alusão a uma equipa de actores unidos para atingir um fim. (ex.: simulação de perseguição com verdadeiros agentes de polícia – PSP- e marítima).

19. LOndreSComprei um bilhete de avião numa promoção da TaP, em Fevereiro de 2005 para realizar uma cena em Londres. em Setembro desse ano, porém, não viajei porque não consegui preparar todos os elementos para a ideia pretendida com um fotógrafo da agência reUTerS e um grupo de polícias a proteger o agente especial, enquanto este procurava pistas do extraterrestre fugitivo, tendo a Torre de Londres como background. abordando uma pessoa, mostrar-lhe-ia um adereço produzido por um padeiro criativo do museu do pão, que prometeu fazer uma escultura do personagem para outra cena.as condições atmosféricas de Londres e a prioridade das duas viagens realizadas no primeiro trimestre de 2006 a Cabo verde e ao Brasil foram os factores que impediram tal viagem.mantenho a intenção de incluir o reino Unido no meu projecto, alterando alguns pormenores da cena descrita e incluindo mais uma: O actor de mr. Bean, agente secreto inglês, tomando chá comigo sem ninguém perceber a conversa, nem que tentem ler lábios, evitando que o eliminem como ao nosso colega russo que vai entrar nesta ficção baseada em factos reais.após as fotos, valido a minha capacidade e autonomia, ficando sozinho até regressar. Um país diferente daqueles que visitei na sequência desta história e uma nova experiência acumulada ao pacote de viagens, divulgado no final do projecto, conforme a estratégia de comunicação.

20. naviOPosteriormente, pretendo viajar no Cruzeiro italiano (Costa romântica) para realizar as cenas de bordo do fugitivo no momento em que a polícia marítima deixou de segui-lo no rio Tejo, aquando da simulação de averiguação da presença do fugitivo.a royal Caribean é outra companhia que pretendo incluir, porque o logótipo no barco

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(coroa) contribui para caracterizar o personagem extraterrestre e é o lugar onde aguardam as cópias das pessoas que encontra mas que ele próprio desconhece quem é tocado pelo seu dom, enquanto não chegar aquele navio.

21.O cantor, eros ramazotti no papel de fugitivo, na cena do referido cruzeiro italiano e o grupo sueco, roxette, numa a bordo do comboio de alta velocidade que liga Londres a Paris.e a Leann rimes.

22. viSiTar aLGUnS FamOSOS…já que eles não nos telefonam nem nos procuram…!Quem não gostaria de ter essa possibilidade longe da multidão e paparazzi?!Seriam deslocações internacionais que não se relacionavam com a fuga do personagem da história do dvd, mas num contexto de admiração dessas estrelas, surpreendendo os fãs e o público, cujos factos contribuíam para maior impacto de todo o projecto.

23. viaGenShavendo sequências da investigação nos eUa, Canadá, Suiça, Áustria, república Checa, rússia (moscovo), Turquia, egipto, dubai, austrália, nova Zelândia, Japão, África do Sul e no Festival da Canção da eurovisão, transmite-se da fuga e busca do personagem no planeta.a campanha de Outdoors tem de ser exibida em muitos mais países, não só para o impacto “do outro mundo”, mas também para reduzir custos de produção de cada país e patrocinadores especiais. mínimo: 40 países.

24. TeSTamenTOem março de 2008 fui a um Cartório notarial fazer este documento para doar parte do valor que receber. no entanto, ainda pretendo repartir pelos mesmos e por outros, uma pequena parte quando terminar a Campanha…

25. COnSeQUÊnCiaS“este projecto também desencadeou momentos terríveis, com consequências devastadoras, na minha vida pessoal, profissional e familiar... dependendo da estrutura e qualidade da reportagem, estes factos podem ser excluídos, minimizados, etc.

26. O miSTeriOSO eUa minha deficiência foi causada pela malformação do encéfalo (esquizencefalia, bilateral, de lábios fechados), diagnosticada reCenTemenTe (no mês do meu aniversário) através de um SimPLeS exame... TaC seguido de reSSOnÂnCia maGnÉTiCa, anulando assim o falso e errado diagnóstico mantido desde o início da década de 70!

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a descoberta, baseada em provas concretas, deveu-se à minha insistência no período que antecedeu tais exames, pois era uma atitude e vontade de desvendar o mistério, criticada pelo meu irmão enfermeiro e pela médica de clínica geral, que respondeu serem exames caros! Parecia que toda a gente podia fazer um exame desses numa qualquer circunstância de despistagem de doença, ou confirmação e eu não.Sabia-se que o diagnóstico, definido com base numa conversa entre um médico e minha mãe (nasci em casa), foi o suficiente para a suposta Paralisia Cerebral ser validada por todos os médicos que consultei durante a vida. houve tempo, oportunidade e avanços na medicina, mas ninguém tomou qualquer iniciativa para averiguar...Sempre que surgia um novo médico, perguntavam-me o que me tinha acontecido. eu e a minha mãe referíamos os factos. anotavam-nos e pronto. Quando podiam ler relatórios, nem sequer abordávamos o assunto.analisei muitas vezes as pessoas com paralisia cerebral e via que eu não preenchia todos os “requisitos” que fundamentassem a tese dessa mesma causa. a dúvida pela inexistência de provas deixava-me um pouco triste com uma desagradável sensação de me desconhecer a mim mesmo.numa das conversas com um médico, sugeri que me examinassem como sendo um bebé nascido no dia anterior. achou a ideia engraçada e riu. nada fez.muitos dos problemas de saúde que adquiri depois de nascer, resultaram de acções, atitudes injustas e por desinteresse. Por isso, Portugal tem de pagar a factura. Lamento não ter a capacidade de esquecer a língua portuguesa, a única coisa que me liga ao país.

27. nÃO SOU O ÚniCO, maS PareCe...Segundo a pesquisa que fiz sobre a causa da minha deficiência, penso que devo ser um caso raro entre essas pessoas com a referida anomalia do encéfalo.ao contrário da investigação feita pelo Brasil e itália, não encontrei nenhum estudo nem associação em Portugal sobre esta deficiência, o que contribui para uma maior ignorância...existe uma, denominada de “raríssimas”, mas centram a atenção num conjunto limitado e popular de doenças e apenas incluem a minha numa lista alfabética onde constam centenas.

28. “Pai-nOSSO QUe eSTÁS nO CÉU...” embora a ideia da deficiência assuste toda a gente, que espera nunca a ter na família, a reacção sobre quem a possui, é universal. no entanto, é a sociedade portuguesa que mais conheço e a qual deve ser criticada, tal como fazem algumas associações, cuja análise de alguns desses dirigentes pretendo incluir na minha estratégia, bem como de alguma de outros países, para caracterização geral; políticas dos Governos nacionais.

29. vaLOr…após reflectir sobre o plano que proponho e sobre o percurso e dedicação de aluno para

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atingir um objectivo (e reconhecimento) que é menos valorizado do que o das pessoas sem deficiência, * € é o valor que a Sociedade (Governos…) tem de pagar pela promoção da imagem dos seus filhos, mesmo daqueles que vão nascer, visto haver sempre uma percentagem de bebés com deficiência desde a nascença ou adquirida numa qualquer idade.assim, em parceria com a vossa estação, pretendo incrementar a estratégia de rentabilização da reportagem de modo a converter a notícia em publicidade (por exemplo) ou propondo v. exas. contratos e vantagens especiais aos vossos anunciantes, empresas, marcas, instituições que financiem o nosso plano.além das televisões estrangeiras e marcas o empresas multinacionais, os Governos também deveriam fazer parte dos supostos interessados, pagando a difusão e autoria (como quando recorrem a agências) do nosso produto original ou readaptando-o conforme convenha, sobretudo na intenção de acrescentarem valor, se for uma extensão da parceria inicial. no fundo, a deficiência é um assunto global e quanto maior for a nossa rede…em Portugal, concebem campanhas de sensibilização anuais no dia mundial da pessoa com deficiência, embora não resultem muito (na minha opinião e na de outras pessoas que por vezes escuto), porque somos um “produto” ou uma imagem que não é essencial para a vida das “pessoas”... nem há qualquer motivo e interesse de alguém querer identificar-se connosco, tal como acontece com quem protagoniza os anúncios de marcas e empresas.apenas abordei a questão da reportagem visto que é nesse sentido que o poder da televisão terá impacto. no entanto, se o vosso apoio incluir a procura de patrocinadores da campanha publicitária internacional (que eu desejaria que entrasse no Guiness), o rendimento partilhado seria eventualmente maior.

30. PeOPLe & arTSno mês de agosto de 2007, durante a exibição de um programa sobre a vida dos milionários do mundo e da europa, no canal People & arts (produzido pelo discovery), vislumbrei nesses protagonistas a solução, esplendor e grandiosidade do meu projecto!Se uma Tv apresentar o meu projecto com fim promocional das pessoas com deficiência, talvez alguns desses milionários colaborem na produção da campanha. e podem continuar como fonte de financiamento anónimo ou divertirem-se com a grandiosidade deste plano iniciado sem recursos humanos, técnicos e financeiros, que acabava numa das maiores e mais ousadas campanhas, entre argumentos, acções e orçamento de produção, de autoria e solidariedade.Se o mundo soubesse que um grupo de multimilionários permitia que concretizássemos um projecto de tal dimensão, seria admirável e surpreendente, além de demonstrar que esse grupo elitista (detentor de fortunas) com prestígio, qualidade de vida e imagem inigualável, tinha sido receptivo, elegendo, simbolicamente, as pessoas com deficiência (discriminadas, excluídas, sem os mesmos direitos e oportunidades), para reflectirem a luz do sucesso das suas vidas de sonho, de modo a que essa energia positiva perdurasse como a religião e as

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ofensas! agradecia em tom mordaz, a quem negou patrocínio ou outra forma de apoio.do mesmo modo que a publicidade utiliza líderes de opinião e famosos com quem as pessoas se identificam, poderia captar-se alguma essência do estilo de vida (para a causa que defendo) destas pessoas abastadas que transmitem emoções, admiração, fantasia e sonhos para quem nunca com eles vai, nem poderá, identificar-se ou aproximar. muita gente apenas deseja ser como alguém que apesar de ser famoso e bem sucedido, está num patamar que pode ser alcançado.esses deuses na Terra tornaram cada hora dessa série, fascinante, sem sentirmos perca de tempo vendo-os na Tv. alguns demonstravam ter boa personalidade e espírito propenso para a solidariedade. e talvez não receiem olhar para a deficiência como investimento de risco, pois, não necessitam de ninguém nem de publicidade no reino da fantasia à qual pertencem, contrariamente a muitas empresas/pessoas que se julgam importantes e rejeitam qualquer solicitação porque calculam retorno. Quando dão alguma ajuda, é no sentido de solidariedade sem associar a imagem da empresa à de alguém com deficiência que representa fracasso, prejuízo e algo que ninguém deseja ter. mas os sujeitos/as aparentemente perfeitos e exemplares que são a imagem de muitas empresas, cometem erros e perdem o reconhecimento ou interesse da entidade quando tal facto negativo tem muito destaque na vida pessoal dele/a.

31. Sandra BULLOCK, hollywood e Tv eUaa embaixada dos estados Unidos da américa, em Lisboa, forneceu-me alguns contactos, estações de Tv americanas de maior audiência, bem como da produtora da actriz Sandra BULLOCK, cuja foto e nome inseri de forma criativa, numa parte da minha história fotográfica de dvd, numa sequência relacionada com o personagem que eu interpreto - o agente secreto que está falando com ela através do telemóvel, sendo esse momento a ligação para a cena que realizarei nos estados Unidos, em hollywood e nova iorque.O contacto da produtora será para lhes apresentar a estrutura ou ideias para dois filmes bem como ver o interesse dela em financiar o projecto; ou promover mediatização e minha estratégia de solidariedade.

32. dOaÇÃO de meU COrPO Para a CiÊnCia ameriCanaalém deste motivo, questionei a embaixada como proceder para doar o meu corpo à ciência americana, após a morte.responderam que, sendo eu um cidadão português, envolvia procedimentos que estavam fora do âmbito deles. Procurei esclarecer-me em vários sítios como cartório e ministério da Saúde, onde me disseram para escrever ao Primeiro-ministro, pois não sabiam como realizar essa minha vontade! Prefiro pensar que não é por incompetência, mas por se tratar, talvez, de um caso único.

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Quando chegou a resposta do Gabinete deste, conclui que tinha de ser eu a tratar do assunto no estrangeiro, porque disseram que isso não se enquadrava nas competências do Governo.além do factor surpresa, transmite-se às pessoas uma das necessidades dos alunos de medicina, para motivar outras pessoas a doarem.À análise das alterações do meu encéfalo, investigação, etc., alio o aspecto desagradável do final de vida a uma qualquer causa social, humanitária, solidariedade, enquanto viver.Pode ser um pensamento invulgar tentar ajudar alguém ou um grupo de pessoas, com os rendimentos do destino do meu corpo. esta decisão é mais um factor/pretexto de suporte da estratégia de promoção das pessoas com deficiência. Penso que é um conceito irónico, satirizando a morte (dor na cultura Ocidental) e reinventando o último momento a partir do qual, uma pessoa deixa de ser válida para a Sociedade. Porquê desperdiçar tempo num cemitério quando o defunto pode lucrar?! Porquê manter somente a expectativa entre o bem do Paraíso ou lareira do vizinho?!a causa/pessoas que beneficiaria/m da minha/nossa atenção, teria uma parcela do budget do projecto. Quanto maior fosse, mais impacto e duradoura seria a tese baseada no «morto»!noutra perspectiva, ficaria a impressão de evitar repousar junto de defuntos que em vida teriam tido hipotéticas atitudes discriminatórias. Podiam dizer literalmente que «nem morto, Portugal me apanhava!»

33. «dÊ SanGUe»há campanhas anuais para incentivar a doação de sangue. O promotor desses anúncios poderá ser um patrocinador deste projecto, visto que eu tentarei doar mais do que isso.Contudo, penso que era melhor haver uma exclusividade no género de financiador, por ser benéfica a presença de milionários, que tal como referi, alia o grupo raro e desejado ao indesejado. além disso, mantinha-se um projecto independente, privado e sem influência de Governos que tiveram tempo de sobra para mudar leis e condições sociais de quem tem deficiência. assim sendo, a sátira e demais assunto desagradável não é influenciado e excluído se os patrocinadores privados permitirem mensagem insensível em determinada fase. no mundo, existem mais milionários que Governos e se formássemos um grupo que suportasse a produção em tantos países quanto possível, jamais seria esquecido tal acontecimento…Uma vez que a concepção dos anúncios de outdoor combina o mundo da imagem com o real, existe possibilidade de o associar à amazon.com, por ex. ou com a virgin, por ser um projecto e autor com um espírito parecido com as invulgares estratégias de Sir richard Branson.no fundo, tentar-se-ia construir algo que se parecesse com uma campanha de publicidade e sensibilização sem estar unicamente orientada para a questão da deficiência, mas dando opções e sugestões de leitura, que conforme as perspectivas, interpretariam a causa da deficiência e algo relacionado com a amazon.com, sobre a virgin ou sobre o personagem do dvd.

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34. reFLeXO do diPLOmaPara terminar a sucessão de situações insólitas, a que adiante descrevo é uma das mais marcantes... (alguns destes acontecimentos são conteúdo geral da história fotográfica de dvd ou da reportagem)a finalizar a estratégia do plano, destrói-se uma cópia do meu diploma (explodindo uma escultura de ferro, com boneco sentado, pensando, lendo um livro também de ferro) para demonstrar que não basta sentirmo-nos valorizados, pessoalmente e com grande ego, quando isso não contribui para diminuir a discriminação ou exclusão social e profissional das pessoas com deficiência.Se o projecto superar as expectativas de financiamento, elimino o original. estou disposto a confrontar o estatuto, o prestígio, todos os valores e sensações que um diploma, inconscientemente, reflecte na Sociedade. não existe melhor forma de insultar aquilo que cada um tanto preza e lhe custou a conquistar. Uma acção ousada a que ninguém ficará indiferente, porque provoca o conceito e vida estruturada das pessoas; transmite sentimento de culpa generalizado ou a quem merecia ser exterminado por se julgar física ou intelectualmente superior, ignorando quem aparenta prejudicar a sua vida ou do corpo social (personificado no boneco de ferro), cuja relação de igualdade e competências funciona bem.Simultaneamente, transmito discretamente aos dirigentes do instituto e escola que me graduou, o quão arrependido estou por ter estudado lá, porque foram os primeiros a discriminar-me após concluir o curso, considerando-me um assistente administrativo fantasma, na sequência do concurso de novos funcionários onde fui seleccionado.além disso, desinteressaram-se por qualquer feito meu que dignificasse e promovesse aquela instituição, de igual modo que qualquer outro aluno. e acima de tudo, mostraram apatia quando tomaram conhecimento da injustiça preparada pela minha irmã e por uma colega dela, ambas funcionárias das unidades orgânicas deste instituto, tendo-me afectado a vida pessoal.não existe razão para manter o diploma que representa um falso e pretenso valor ao qual nem eles deram importância. Ora, são pessoas como outras e foi azar terem-se cruzado comigo na vida, porque revelaram o que são e pensam sobre quem tem desvantagem física. além disso, também excluem do convívio e pequenas conversas entre eles.Fazendo uma retrospectiva ao meu percurso escolar desde a primária, sinto-me enganado e profundamente desiludido pela sociedade cor-de-rosa vista com olhos do jovem de então. Os rigorosos parâmetros estabelecidos comigo mesmo (e com quem convivi), a elevada exigência e dedicação para manter a qualidade de super aluno, fizeram com que abdicasse do resto da vida enquanto estudante, que não me importunava porque obtinha os resultados pretendidos, destaque e considerado uma referência em determinados anos.vejo agora que 2h de estudo diário seriam um perfeito desperdício devido às atitudes e percepção que tenho das pessoas e população em geral. no entanto, ultrapassei em grande escala essas horas de estudo: diárias (4h/5h), intervalos de aulas e ao fim-de-semana (7h/10h, 12h).

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não existe razão para admirar o diploma de um instituto e dirigentes com quem não me identifico. acabo por lamentar o esforço e a não percepção dos ideais da Sociedade enquanto fui criança. Considerarei bem investidos, todos os anos de aluno ao concretizar o plano que eu quero que seja polémico e perturbador, para alguns. É tempo de me defender e de dar uma lição aos portugueses, pelo menos. Por vezes, penso em transformar o projecto numa acusação, escândalo, e apoio ao terrorismo (defensor de direitos e simetrias, mas não sobre o pretexto da religião), mas devido ao respeito e admiração que vou tendo por algumas pessoas que vão colaborando e outras que fui conhecendo nas viagens, diminuem a fúria. nos países que visitei, ouvi pessoas falarem mal dos portugueses! afinal, não é só impressão minha! no Brasil, em vez de minimizar a crítica, como fiz noutras viagens, juntei-me à festa!Lamento ser cruel mas até ao momento não tenho muitas razões para sorrir deste e para este povo ou parte dele.Se conseguir atingir o objectivo, Portugal será o último a ter conhecimento, caso não seja excluído do plano como forma de protesto, censura, discriminação do país! está implícita na atitude das pessoas que: algo que eu faça não deve interessar aos portugueses ou a muitos dos que diariamente vêem alguém com deficiência e desligam a atenção, olhar, tornando-se subitamente surdos enquanto passam por nós, por julgarem que lhes vamos pedir dinheiro, quando apenas pretendemos saber as «horas» ou uma informação.no entanto, há períodos em que ficam confundidos e nos inserem na alegria deles, do espírito de grupo e da pátria! Ora, vejo isso como ofensa e momentaneamente altero mentalmente a nacionalidade para não partilhar a euforia do futebol, da selecção portuguesa, por ex. Faz bem ser do contra, reivindicando bem-estar nas diversas situações dos restantes dias do ano.

35. devOLUÇÃO do SaLÁriO e eLiminaÇÃO dos dadOS de aLUnOas pessoas com quem convivi nestes últimos anos merecem uma reacção insensível; e todas as formas inesperadas serão perfeitas para destacar o projecto.Segundo dizem que «anda meio mundo a enganar outro meio», então eu farei os possíveis para minimizar, recuperar (e ajustar) o que pessoas com interior pobre conseguiram retirar-me.Costuma ouvir-se também que muita gente faz de tudo para atingir um objectivo na vida, melhorar as condições pessoais, nem que precisem afectar outros, por ex., na profissão.embora a minha batalha seja outra e mais complexa, acabaram dando motivos para conquistar o meu/nosso espaço com as armas que tenho/temos. assim, vêem de forma inédita, que não preciso da falsa ajuda financeira do instituto, que tais pessoas permitem que me seja dada ao manterem-me. Pretendo doar o dinheiro que recebi dali a causas humanitárias ou a casos de carência específicos. devolver-lhe a eles, é outra possibilidade, incluindo juros como num crédito pessoal bancário que me permitiu financiar o projecto até agora.Será desagradável para uma universidade ouvir um antigo aluno dizer publicamente que deseja ver destruído o seu processo de aluno, como se nunca tivesse passado nessa instituição.

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mesmo que se recorra ao tribunal, cortando o mal pela raiz, mostrará meu forte carácter e inutilidade deles que deviam trabalhar na construção civil.

36. de JUnhO de 2007 a JaneirO de 2008 vÃO mUiTOS anOS e QUeiJO COmidO…!Ultimamente, encontrei numa paragem de BUS um dos meus superiores hierárquicos que admitiu não me reconhecer imediatamente.Como é que alguém pode esquecer, em meio ano, uma pessoa? É normal que esqueçamos o nome ou o sítio de onde conhecemos determinada pessoa, mas lembramos sempre o rosto e aparência, mesmo se reencontramos a pessoa anos mais tarde, tal como aconteceu com duas alunas de outro curso daquela escola que não me viam desde 1998 e 2000.Como é que alguém podia esquecer-se de meu rosto, voz, deficiência, desde Junho de 2007?! Tenho a certeza que ele não teria tido aquela falta de memória se tivesse encontrado outra pessoa do instituto que estivesse doente muito tempo.37. SKY Tvdecidi apresentar o projecto à vossa estação pelas seguintes razões:

a) O sentido global desta Tv em relação a quem está no mundo, transmitindo notícias de todos os cantos da Terra e do espaço, de onde chega, por acaso, o personagem extraterrestre do dvd. Portanto, é natural que a SKY seja a primeira a divulgar o meu projecto ficcionado (e restantes componentes) a quem não tira os olhos do CÉU!b) a língua inglesa que é referência para a comunicação entre todos os povos.d) Possibilidade das imagens da SKY serem difundidas por televisões estrangeiras que adiram, seja apenas na reprodução ou actualização local, acrescentando patrocinadores, por ex., ou pequenas notícias doutras pessoas com deficiência, ou o que mais seja.e) Ser mais do que assunto de notícia: alguém que pretende maximizar as receitas (valor igual ao referido para mim), notoriedade e difusão da SKY noutros canais, como um dos seus funcionários.

Se a SKY aceitar a minha proposta, será interessante desenvolver o projecto com intérpretes; deve haver algo de inovador na estrutura e concepção da reportagem, para não ser apenas mais uma. estilo cinematográfico. e nas entrevistas, evitar que falem muito, bem como momentos de silêncio, repetições, etc. Os especialistas saberão como torná-la única.a SKY One e SKY mOvieS marcaram uma fase da minha vida quando foi instalada a antena parabólica no meu prédio no início da década de 90. Posteriormente, a Tv Cabo substituiu aquele sistema de recepção que só contém a SKY neWS. Foi muito agradável aprender (interpretar) inglês vendo os filmes sem legendas, os quais entendia melhor na 2ª ou 3ª exibição! embora não domine muito a língua, escutar Tv permitiu-me viajar sozinho e tentar aprender norueguês legendado de filmes ingleses/americanos quando viajei em 2003!

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Quando fui à holanda (em Junho de 2008) também tentei aprender alguma coisa pelo mesmo método de legendagem, mas só vi uma parte de um filme, já que passei todo o tempo em viagens de comboio para fotografar o que pretendia para o dvd.Foi a viagem mais movimentada que fiz e a única em cadeira-de-rodas. Planeei um determinado percurso que me permitiu ir a lugares distantes em poucos dias ou numa longa viagem de comboio, que interrompia nas mudanças de linha ou quando eu necessitava ir fotografar um lugar e regressar para apanhar o próximo comboio para outro destino (01h00 ou menos).

38. K.O. O.K. GO...a execução deste mega-projecto iniciado sem recursos humanos e financeiros, deixa em K.O. quem me subestimou e a gente que espera pouco de quem tem deficiência. Pretendo que sintam a incapacidade de se compararem a mim/nós (na questão financeira, tal como nunca desejariam fisicamente), e o bem-estar, social, profissional, e sobretudo económico, no período de duas ou três vidas, através da função que essas criaturas possuem, achando-se competentes e senhores do sítio, ficaria aquém daquilo que eu conseguia, através do projecto, para mim e solidariedade.estaria disposto a lutar pelos princípios; mudando a mentalidade das pessoas à força, mesmo morrendo pela causa.a agência de Publicidade «Saatchi & Saatchi» seria contactada para produzir a Campanha, visto que o dono é casado com a humorada apresentadora de programas de culinária da Tv e autora de livros de cozinha, alguns dos quais (capa: título) ajudam a contar parte da minha história fotográfica.Se uma das cenas de Londres for fotografada como imaginei, terá a representação aérea de uma seta humana, comigo (detective/agente secreto) no meio, protegido por 52 polícias, estando a niGeLLa LaWSOn na extremidade da seta, como personagem amiga do fugitivo extraterrestre, dando-me informações erradas após consultar a bússola feita de pão que ela tem na mão.

39.Uma sondagem europeia (e 86% dos portugueses referiram que a principal causa da discriminação é a deficiência. Se eu pertencesse à família do senhor Bill Gates, tomaria medidas insensíveis para responder a quem exclui! no entanto, ainda posso argumentar e protestar contra o país, no plano excêntrico que proponho. embora muita gente no mundo discrimine e milhares de deficientes se acomodem com a situação em que vivem, eu não!além da intenção de doar meu corpo para estudo ou testes científicos americanos, ingleses, mais surpreendente será o facto de pretender ser cremado e enviado para o espaço... indo para longe do planeta que contém quem se julga melhor! devia transmitir-se implicitamente a mensagem de que as pessoas com deficiência não são tão inofensivas e incapazes como a sociedade julga ou quer pensar, pondo-nos de parte por não esperar muitos resultados de nós.

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Os governos e as pessoas, cada vez dão mais motivos para escolhermos o caminho que muitos sem deficiência seguem sob pretexto político ou religioso, que é um autêntico disparate. O único terror aceitável devia ser o do ataque às atitudes e comportamentos incorrectos de quem manifestasse egoísmo, desrespeito, dificuldade, …, construindo-se um mundo perfeito, sem maldade e igual ao de alguns filmes, onde o bem social prevalecia sobre o de cada um.a Comunicação Social de suporte, promotora e sobretudo, quem financiar o projecto, saberá quais os países que lhes interessam, retirando este minúsculo país que não abriu portas à minha iniciativa.Se eu puder viver com a exclusiva ajuda financeira estrangeira (ou de quem financiar tal arrojado e insólito projecto mundial de promoção e consciencialização), também esse facto serve de contestação e prova que a única ligação ao país é a língua!Pretendo reembolsar o estado pelos encargos que teve comigo, na Saúde e pensão social. O valor não será exacto devido à impossibilidade de cálculo, sendo portanto, uma atitude simbólica. Se não for possível entregar o dinheiro que lhe pertence, converto-o em donativos. embora seja mais uma estratégia invulgar de protesto contra o governo e contra quem mereça, vendo até que ponto vai a minha ousadia, o estado é que devia indemnizar-me por tudo que os seus subordinados me fizeram. Por isso mesmo, não quero ter nenhum vínculo profissional à função pública, muito menos do sector privado.O rendimento de alguma futura actividade por conta própria será doado em acções de solidariedade, bem como a reduzida pensão que obtiver do emprego de “caridade” que não me valorizou, tendo apenas contribuído para uma postura radical contra as pessoas que se acham superiores e ignoram…estou disposto a provocar os sistemas judiciais e a lei que defende o direito à vida, com o argumento, intenção de morrer secretamente numa cirurgia de estudo e testes de meu corpo numa idade não revelada! Se os governos e as pessoas desvalorizam quem tem deficiência, então não devem interferir no destino de nenhum! dispensa-se o falso interesse e protecção das pessoas através da lei que às vezes obriga a respiração mecânica para que sejam espectadores da vida dos que dizem estar de bem com a vida e com poder económico egoísta. não é a deficiência mas a sociedade que incomoda a nossa vida. Por isso, nada melhor que tocar nos assuntos que causam desconforto às pessoas, opinando e agindo contrariamente às suas atitudes, convicções, crenças, para perceberem que não será tão desagradável como o que nos fazem sentir e passar…!ninguém gostaria de ouvir incentivos a um maior consumo de álcool para efeitos devastadores da saúde social, acidentes de viação dos quais resultassem amputações, nem mau augúrio às grávidas (que desejam bebés saudáveis) que ao longo da sua vida tivessem tido atitudes ou pensamentos incorrectos em relação a quem é deficiente…!embora resultasse para confrontar e chocar quem merecesse, alguns argumentos e a próxima ideia de anúncios para futuras mães, não fazem parte deste projecto. apenas são uma fria

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reflexão das medidas drásticas que deviam ser tomadas em vez de peditórios e imploração de melhores atitudes e oportunidades sociais. Com a abordagem do “por favor” continua-se a transmitir sentimento de superioridade e requerer permissão de integração no mundo que a outra pessoa, população interpreta como seu, mas o social (e todas as regras, oportunidades, direitos e obrigações) é de todos, mesmo dos animais irracionais e plantas. ninguém entra na casa de uma família sem ser convidado nem dá guarida a desconhecidos que desejem viver à custa dessa família! O poder de decisão na vida privada não é questionado. O estado e a Sociedade não obriga famílias a aceitarem e governarem quem não lhes interessa e com quem não estão ligados. Os próprios descendentes perdem esse direito…Totalmente desagradável seria a ideia de discriminação, exclusão dos bebés ou adultos que adquirissem deficiências. Pois, quem escutasse ou lesse nos outdoors, principalmente nos que estivessem próximo de hospitais e maternidades, ficaria impressionado por tão insensível desejo para si.O efeito variava consoante o estado de saúde da pessoa que escutava ou lia:

a) no caso de deficiência física adquirida recentemente correlacionada com a atitude, pensamento que essa pessoa teria tido ao longo da vida quando se cruzava ou ouvia falar de pessoas com deficiência.b) embora as pessoas precisassem ouvir algumas coisas cruéis (como as que escrevi no paragrafo anterior), será melhor destacar mensagens e actos positivos, desde que se atinja o objectivo.

40.Pretendo criar um fundo para os polícias portugueses não pagarem as viaturas e motos da polícia, acidentadas.ironicamente, transmite-se a ideia que temos de ajudar quem tem por missão proteger a sociedade, satirizando assim o estado, que não permite perseguições ao estilo americano, muitas vezes confundidas com as do cinema. além de prenderem os bandidos, divertem os telespectadores americanos e os do mundo. Será que também ganham como actores de notícias?! ainda bem que os carros patrulha portugueses eram italianos, baratos e de um modelo que já ninguém tem, porque se fossem potentes como na alemanha (por ex.), seria inútil o esforço e boa-vontade de todos os agentes que já têm uma pequena conta para ajudar colegas.

41.relativamente ao Primeiro-ministro actual…Pretendo mostrar de modo irónico a um realizador de hollywood, a voz e aparência dele, bem como de mais alguns políticos! É injusto vê-lo/s desperdiçar a vida aturando uma população como a nossa quando teria/m mais sucesso e reconhecimento no cinema americano! Já não

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digo na Broadway porque deve estar cansado dos papéis de representação de fronte do público!Tenho o dever de procurar melhores condições de vida para quem passa o tempo a alimentar esperanças e a defender os interesses de uma multidão desgovernada qual iCe train cheio de insultos! Como tenho tempo de sobra para mim mesmo, vou dar-lhe parte… procurando novas orientações para ele, porque quem protesta e não consente é egoísta e mau cidadão!Levarei na pasta de interesses pessoais dele: uma gravação de Tv. Se finalizar meu projecto após a eleição de novo Primeiro-ministro, a minha intenção terá efeitos retroactivos… além da carreira de actor, vou tentar aumentar-lhe o ordenado.acho que merece ganhar mais, porque tem uma profissão de alto risco, sujeita a acidentes de trabalho, por não poder recusar tantos passeios. É bom orador e expressa bem os pensamentos de alguém que através da voz dele, transmite o que nos vai acontecer... O seu futuro, como linguista ou professor de português para estrangeiros, também estaria garantido. Se faltasse muito, melhor que aulas de substituição, seria outra opção de vida: actor. ao contrário de alguns… passava da política para o cinema, conquistando fãs, ganhando mundos e fundos, porque o país já deu o que tinha a dar…!O que referi sobre o Primeiro-ministro é para ser concretizado. não é impossível viajar e angariar uma quantia igual ao que ele recebe em 2 mandatos. Seria um acto desconcertante para ele e para os portugueses!encontrar-se-ia forma de obrigar a pessoa ou o Governo a aceitar o “donativo”. ninguém rejeita ofertas. Seria indelicado e desumano se ele rejeitasse o presente, porque toda a gente aceita ofertas nem que seja por respeito e boa atitude! É comum presentearem satiricamente o Governo ou ministros nas manifestações que raramente atingem objectivos… Todo mundo vê quando os políticos de determinado país se agridem, causando gargalhadas! do mesmo modo, todo mundo vai saber como tratamos bem os nossos políticos numa época festiva em que se trocam presentes! Se um pai de família recebe dos filhos, também o Primeiro-ministro merece lembranças da sua família de 10 milhões! não pode recusar, justificando que não precisa quando grande parte da população tem dificuldades! deve estar à altura do acontecimento sem causar má impressão; não demonstrando que pode ter tudo que deseja ou que já lhe ofereceram coisas melhores, pois revelava ser pessoa que discriminava.Por vezes, quem recebe prendas, não dá nada porque se esqueceu ou não quis gastar! Se ele não teve tempo para pensar em algo essencial para quem tem deficiência, perdoamos (até ao próximo ano…)! não interessa o destino desse dinheiro após atingir o objectivo insólito de chocar políticos, empresas, quadros superiores, classe média alta, hipócritas…! Se for fino, fica com ele, porque recebe tanto, de mão beijada, como nos 2 mandatos da brincadeira do jogo das profissões.

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42. Uma emPreSa COmO BOde eXPiaTÓriO – assunto da reportagem visto nunca ser plano executado, mas sendo como um alerta daquilo que mereciam…Perseguir e afectar uma empresa que recusasse apoio, trabalho ou contributo de freelancer não remunerado que pretendesse contribuir para o sucesso como um dos seus empregados.O mercado de trabalho é como se sabe para quem tem deficiência, mas nenhuma empresa imagina o azar que teria se fossem clientes de uma agência de Publicidade onde eu trabalhasse! apesar de ser a mesma pessoa que os teria contactado durante a produção deste projecto, para o qual bastavam alguns trocos para financiarem determinada fase, dar-me-ia atenção porque lhes convinha, a não ser que a agência evitasse reuniões comigo!O massacre do marketing destrutivo seria perfeito com mini campanhas pagas por mim, embora acabasse sendo acusado e a indemnizar os tipos amontoados que respondem por empresa, mas num qualquer sítio, especialmente de férias ou no estrangeiro, são turistas, pessoas que não exigem que os tratem por “doutores” e podem ser agredidos como um zé ninguém! nem sequer respondiam ou recusavam, com respostas de meia-tigela. Porém, a sua campanha de publicidade poderia ser feita com algum trabalho meu nessa suposta agência. Onde estaria a vontade e o empenho de contribuir para o negócio deles?!ninguém deve assumir automaticamente que não precisa das pessoas com deficiência ou que nunca vão ser um de nós, porque é fácil mudar-se esse espírito e condição, sem ser pelo meio da violência, mas negligenciando feridos de acidentes de viação, de diversão, de trabalho. Se as pessoas são tão capazes, não precisam de ninguém que os trate, mesmo quando em simples lesões dos membros. “Partiu perna, pé, braço, dedo? Trate-a(o), você mesmo!”Uma forma de encontrar uma empresa para um plano infernal, sem se pensar no passado em que toda dificultam mas nenhuma se destaca, seria o envio de candidaturas espontâneas de pessoas com deficiência ou resposta a anúncios de emprego, durante 8 a 10 anos, diferentes pessoas, raramente duas em simultâneo. assim, analisava-se a atitude deles para um grande número de quem tem deficiência. Posteriormente, tudo seria valido para prejudicar essa organização, “desorganizando-a” até falir, ou perturbar a vida pessoal dos que lá trabalhassem negro marketing promocional de quem costumava ser discriminado. a lei devia permitir medidas de vingança de quem tem deficiência.É incorrecto e indecente ver as estratégias de marketing e publicidade de algumas que ousam ir à Tv vangloriar-se (através de um seu representante ou referenciados) pelas campanhas de solidariedade e donativos (um ou vários) caros! Tem graça ouvir que em determinada compra ou telefonema, metade ou menos é donativo. Ou se dá tudo ou nada! e sendo empresas, nem deviam tocar nesse pensamento, porque têm recursos para ajudar, antes das campanhas.muita gente pensa que é importante e poderosa no seu local de trabalho onde sente a sua estima, valorização pessoal inatingível, sobretudo se são contactados por alguém exterior à empresa.

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43.Seria natural que as pessoas com deficiência (seus familiares, amigos) fundassem uma organização com vista a agir da mesma forma de que se é vítima: discriminando um país e seus habitantes “normais”, bem como usar actividade terrorista que não assentasse em ideologias políticas ou religiosas, mas definida para ajustar valores e direitos em falta nas relações sociais, profissionais e capacidade financeira. Promovendo-se o bem-estar social e equilibrando os interesses pessoais de toda a gente que não quisesse ser eliminada. diferente da ditadura nem o terrorismo dos palhaços que podiam fazer mais que defender Santos ou território…

44. vanTaGenS da PriSÃO ou recluso na suite de um hotelindo voluntariamente para a prisão durante 1, 2, 3, 5 anos para reduzirem sentença de quem é condenado injustamente, dubiamente ou acidentalmente. Pensei nisso após ver uma reportagem de condenados a prisão perpétua na Tailândia.as pessoas portadoras de deficiência tinham a possibilidade de «ir de cana», fazendo o que ninguém faria pelos outros. enquanto se contribuía para dar segunda oportunidade a alguém, recebia-se cachet proveniente de chamadas de valor acrescentado das estratégias televisivas ou de outras origens. Quando regressássemos à liberdade, consultaríamos o extracto bancário no aTm mais próximo para confirmar se teríamos saldo para 60 anos ou se a saída precária não permitia fazer grandes contas à vida! minha prisão seria boa para quem recebesse minha bênção, mas a lei não irá em cantigas, embora seja para defender interesses da deficiência. Como não à prisão sem cadastro, incluía-se também um à escolha consoante a vontade do freguês!Os criminosos do cinema ganham muito para quem é bom na realidade! Que crime/s cometeria alguém que não anda ou não fala?! nem o mundo do crime é fácil! nada impede de arranjarmos esquemas como estes, se forem lucrativos!a lei apenas tem de continuar cega e pensar que somos malfeitores, já que o discurso que ela contém sobre a protecção de nossos direitos, deve estar em Braille, não tendo dedos para fazer a sua própria interpretação, lendo-se a si mesma!a privação e transtornos dos concorrentes dos reality shows, demonstra que isto era impensável e é por isso que existem advogados de defesa.a Comunicação Social internacional realçava isso no bom sentido ou satirizando, por trocar anos de vida com reclusos que ainda merecessem nova tentativa de endireitar-se, porque deficiente que nasce torto, nunca se endireita, mas para quem está nas prisões, será tarde… Se as pessoas excluem e discriminam, este processo seria justo para quem é deficiente, corajoso e tendo garantias de que, posteriormente, o candidato a prisioneiro teria melhores condições de vida.

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45.as receitas provenientes do dvd serão sempre doadas.

46.Um dos principais objectivos do projecto é a “construção” de um orçamento astronómico que ultrapasse a capacidade de sonhar de toda a gente, cujo valor dificilmente tenha sido alcançado em concursos ou jogos (americanos, europeus) de JaCKPOTS múltiplos, sendo parte desse valor usado na solidariedade.Seria interessante se fosse criada uma espécie de fundação internacional com fundos de diversos milionários do mundo, e gerida por um deles, mas representada por alguém com deficiência ou por um grupo composto por alguns géneros de deficiência. as causas a apoiar seriam seleccionadas em todo mundo com número máximo de casos, situações anuais, bem como 80% sobre quem não tivesse deficiência. mantinha-se também algum mistério sobre quem suportava financeiramente a fundação, se isso fosse relevante para o poder social da deficiência ou revelava-se para continuar a mesma postura e associação tal como se pretende na minha campanha…É tanto ou mais fascinante conceber uma estratégia de projecto financeiro, que a execução de qualquer um materializado, dependente de verbas.Se as pessoas distinguem, valorizam, reconhecem, admiram e são lideradas por quem tem poder, cargos bem remunerados, recursos económicos, acesso à informação e a tudo que lhes dê maior influência num breve período ou fase da vida, então acho que o meu plano integra isso na explosão mediática repleta de particularidades.Sir richard Branson será imprescindível (mesmo sem ser patrocinador, porque é um projecto dispendioso para uma única pessoa) para contactar o máximo de pessoas que ele conheça (ou não) com igual estilo e nível de vida, bem como diversos famosos de outro género que desejem apoiar financeiramente.além desse número (i)limitado, elitista, reunido em espiral, o segundo grupo pretendido - as entidades governamentais - devia investir 5 a 10 vezes mais, comparativamente a outras campanhas sobre pessoas com deficiência, porque é justo que os intervenientes desta, com ou sem deficiência, recebam mais que noutras campanhas produzidas por quem é saudável.Se houvesse verdadeiro interesse de integração, devia haver orçamento de estado para tal assunto ou ser criado um imposto alto como medida drástica de promoção da deficiência. assim, toda a gente sabia quanto lhes custava a discriminação, exclusão! Poderia aumentar caso fosse detectado comportamento irregular sobre algum deficiente. Tenho de convidar o senhor estado para um jantar de negócios numa tasca e lhe apresentar essa proposta de imposto que reduzirá o deficit dele e nosso.entretanto, continuam as campanhas nas duas semanas próximas do dia internacional da pessoa com deficiência - 3 de dezembro. Porém, as de prevenção rodoviária e shows de patrulhamento, entrevistas policiais, notícias de alerta com acidentes em épocas festivas,

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feriados, são frequentes; ninguém paga as notícias que toda a gente vê, contendo avisos, conselhos, preocupações, prevenções eficazes na medida do possível, já que há filhos de muita mãe… e crescidos que devem ter cuidado. Porquê é que a Sociedade, polícias, jornalistas, se alarmam com isso? não passam de desconhecidos que criticariam, ignoravam, caso se cruzassem no dia-a-dia. Será o receio da população portuguesa diminuir nas “vias” de extinção?! não era o fim do mundo se as pessoas do planeta sumissem! Ficavam os restantes seres vivos e a probabilidade de nascer nova geração de humanos até se estragarem outra vez, nas relações sociais daqui a milhões de anos!no ano 3000, 4000, continuará a haver dificuldade… portanto, se não se pode combate e modificar quase toda a perspectiva em relação a nós, que os deixem cometer erros para se juntarem ao grupo de anormais (dicionário: a+normal: aquele que era perfeito e se lixou a si mesmo). É absurdo que esse género de pessoas retire mais proveito, admiração e sinta menos discriminação relativamente aos que sempre foram deficientes. Também há a questão dos que nasceram assim e perdem o espírito crítico por terem tido alguma sorte nos ambientes em que vivem e quando testados reagem 50% igual à Sociedade, pensando só na melhor maneira de viverem com essa limitação sem serem implacáveis perante a multidão.

47. Fundo para algumas pessoas em estado vegetativo; pequenas contas bancárias para determinadas crianças em adopção, especialmente com deficiência ou já crescidas, cuja idade dificulte o processo.Fundo para quem, individualmente ou em grupo, necessite defender os seus interesses no tribunal europeu, acusando o estado português.

48. GLOBaL WarminG e XerOderma PiGmenTOSUm SOCieTY (www.xps.org)Sir richard Branson preocupa-se com as alterações climatéricas.Parte do tema da minha Campanha também é dedicado ao Planeta e à Xeroderma Pigmentosum Society, cujo estilo de vida nocturno das pessoas que não podem apanhar sol, impressionou-me quando vi uma reportagem há mais de 10 anos.O espírito e turismo espacial do Senhor Branson é o segundo pormenor do anúncio que transmitirá uma mensagem relacionada com a deficiência e com o assunto principal, que vou manter no segredo dos deuses, pois, permitirá criar impacto, entrar no Guinness e relacionar com a história de dvd.

49. inveSTimenTO na SaÚde FÍSiCa, durante ou depois de terminar esta CamPanha indePendenTe.Pretendo operar olhos, principalmente o que tem maior miopia e que os melhores cirurgiões ortopédicos resolvam as lesões dos meus joelhos, rótulas que ultimamente subiram mais. Quando era criança, andava de joelhos pelo chão e tinha muitas quedas que provocavam dor ou sangue, mas ninguém examinou.

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Se uma ou ambas as pernas forem tratadas antes do fim do projecto, fotografo numa cena para o dvd. Talvez o agente secreto que interpreto, tenha feito uma cirurgia de disfarce, adoptando um aspecto tosco e de deficiente!agora, têm receio devida à idade. Penso que a fisioterapia intensiva e exclusiva ajudaria a recuperar após a cirurgia. Tenho dificuldade em estar de pé, contrariamente à mobilidade e facilidade com que me mantinha parado, andar longas distâncias ou horas sem me cansar. Um ou mais tendões laterais ou atrás também devem estar afectados, porque provocam tensão, ligeira dor, descontínua, por vezes. Penso que a rótula é a causadora disso. Simultaneamente, também fiquei com pé ligeiramente virado para dentro (a perna esquerda é a pior) e não consigo estar deitado de barriga durante muito tempo sem me virar para o lado direito devido à perna esquerda que interfere. O tendão interno sobre o pé é outro que tende a contrair e a virar o pé. Tudo aconteceu desde há 2 anos e pretendo melhorar a marcha para voltar a andar rápido, no andarilho, como até aquele momento. mas o receio e a pouca motivação dos médicos que consultei, deixam-me assim…

50.nenhum dinheiro do mundo recupera a melhor fase da vida que não vivi, com ou sem deficiência. O futuro também não será deslumbrante, devido ao mal que vai surgindo com o envelhecimento, acrescido dos problemas da deficiência; causados por terceiros ou hospitais. assim, resta-me planear a forma de reduzir a dor desses anos vindouros, que já me assusta quando fico internado devido às hemorragias da úlcera do estômago, por ex.Quero evitar hospitais e ambientes como os que frequentemente vejo: pessoas idosas, a sofrer nas enfermarias sem lhes darem muita atenção e as insuportáveis algálias.Por isso, 10 a 20% do lucro do projecto será para viver esses momentos horríveis, prolongados ou finais, noutro lado e da melhor maneira possível, evitando hospitais comuns e com uma equipa médica quase só para mim!Toda a gente trabalha para ter boas condições durante a vida e irem para um lar de qualidade ou terem assistência médica e outros empregados em casa. O destino dos muitos deficientes são lares degradados repletos de gente e, por vezes, com vários géneros de deficiência.Tentarei inverter essa tendência através deste projecto, que será a única ajuda possível, pois não tenho descendentes que contribua.a parte destinada a donativos e outras acções para os media, ou estratégias de oferta (inicialmente, misteriosa) a clientes em lojas, restaurantes… seleccionadas aleatoriamente, permitirá atingir emocionalmente as pessoas que me excluíam ou dificultavam relacionamento afectivo, amizade, convívio social, etc.embora não seja divulgada a minha situação financeira, demonstrava-se que tudo ou quase tudo que recebi seria reencaminhado para instituições, etc., sobretudo para evitar que pessoas mal intencionadas me fizessem mal.

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assim, quem não criou nenhum laço comigo, ou que não passa do “bom-dia, boa-tarde, até amanhã ou até à próxima”, sentir-se-á mal por terem perdido oportunidade de serem ajudados (conhecidos, amigos) ou de viverem melhor que da forma com quem casaram.

51. CemiTÉriO eSPaCiaL – naSa / virGin GaLÁTiCenvio de pessoas cremadas para o espaço, sem regresso à Terra, mediante pagamento inferior ao de turismo espacial. assim, iam mais longe que qualquer astronauta. Talvez fosse possível saber qual a distancia percorrida ou quando passassem determinado planeta.

52. aGenTe no desporto, música ou cinemarecentemente, recebi uma proposta para representar um menino no futebol, mas o pai tornou-se ambicioso, mudou de ideias e não assinou procuração. vivem no estrangeiro. a minha ligação a ele teria impacto na Comunicação Social, com vantagens para ambos. Posteriormente ou entretanto, também poderia ser representado por outro empresário. essa actividade era mais um facto que tornava o meu projecto internacional surpreendente.

53. KeeP dreaminG – fundação de realização de sonhosToda a gente sonha com algo que não irá concretizar, devido a condições financeiras, falta de oportunidade ou por ser impossível.esta minha fundação seria financiada por uma pequena percentagem do valor obtido no projecto internacional ou suportada pelas pessoas/empresas associadas ao anterior plano mediático.acção, solidariedade e donativos que não eram só para quem tivesse carências extremas. algumas vezes por mês, mensal ou a cada 2, 3, 6 meses, para associar quem tem deficiência a algo que as pessoas desejavam e que jamais concretizariam, teriam ou viviam se não fossemos nós.

54. dia dO diPLOma e PrÉmiO de mÉriTO do GOvernO…apesar de pretenderem destacar os melhores alunos do/s último/s ano/s do ensino secundário, acho que os alunos de anos anteriores, caso tenham avaliações iguais ou superiores aos finalistas, mereciam reconhecimento…a estratégia do meu diploma abrange tudo que o governo, alunos e seus familiares, empresas, sociedade, pretendem, reconhecem.a destruição do diploma da licenciatura no final de determinados factos, motivações, aluno dedicado, etc., etc., deixava toda a gente perplexa, sobretudo os senhores do poder e quem ama ou usa o diploma para subir na vida...entre outras interpretações…“O vosso diploma vale isto…” ou “vale tanto como o vosso diploma, como vocês ou vossa relação social, profissional disfarçada de egoísmo, hipocrisia!” (nada!)

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55. SeQUÊnCia dO PrOJeCTOSugiro que a Campanha publicitária/sensibilização seja a primeira a realizar-se, para relacionar o contexto do anúncio às primeiras viagens de turismo espacial, que merecem promoção “do outro mundo”, invulgar, como as anteriores estratégias de comunicação surpreendentes de Sir richard Branson.a interpretação da deficiência será reforçada através do anúncio de Tv, que transmitirá o tema de forma diferente. Um suporte responde à pergunta do outro. Por isso mesmo, é mais que um complemento.Se houver cobertura televisiva do evento publicitário exterior, a autoria e o género de colaboradores (surdos) podem ser, subtilmente, referidos, porque o anúncio de Tv será explícito. Os outdoors têm de realçar: (1º) o objectivo da virgin Galactic (2º) e dos alienígenas que os turistas espaciais viram chegar à Terra, de onde preferiram levar pessoas do mundo da (3º) deficiência.alguns meses (ou um ou dois anos) depois, na segunda fase do projecto…recupera-se recordações e momentos da Campanha, na reportagem principal, que dá ênfase a quem tem deficiência desde nascença. apenas deve ser exibida quando o dvd for concluído, para nela comentarem alguns factos e experiências vividas no estrangeiro no decorrer da tentativa de produção dessa história.Supõe-se que o extraterrestre do dvd chegou ao nosso planeta quando o público viu a Campanha, tendo ocorrido muita coisa desde então. Os anúncios promovem, normalmente, produtos que já estão disponíveis para o consumidor. neste caso, a própria publicidade é o início de uma história.esta ordem inversa permite executar a parte mais importante do projecto e obter sucesso relativo, através de um trabalho da área de minha formação universitária, sem depender do dvd, que está sendo financiado por mim. as viagens realizadas já provam a capacidade física, de comunicação e adaptação a outras culturas, se algum imprevisto impedisse que o dvd fosse concluído.

56. anÚnCiO de Tv e OUTdOOrCenário de Jardim e lago. Senhora passeando o cão, enquanto a criança brinca numa pequena parte do lago, charco, sobre o qual se entretém, olhando, sorrindo e fazendo alguns gestos.a mãe aproxima-se para irem embora. Tenta diminuir-lhe o entusiasmo, a atenção, a admiração daquilo que ele vê na água, dizendo-lhe algo assim: “anda embora. deixa o reflexo… / é só uma figura de pessoa...”mas ele e o animal vêem alguém debaixo de água, olhando para cima, batendo na superfície, como se a água fosse uma membrana resistente e à prova de som. entretanto, surge da área ocultada pela terra, uma cadeira-de-rodas, movendo-se como os astronautas sem gravidade nem orientação.

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apesar da mãe falar do seu reflexo e do filho, pretende-se a conotação irónica, negativa do “reflexo” e “figura” aproximada da perfeição…; daquilo que devia ser uma pessoa “normal” sem as imperfeições transmitidas pela água ou deficiência.Fala do personagem submerso: “heLLO! iS SOmeOne OUThere?!”excerto de banda sonora de suspense, medo de algo que poderá acontecer devido à água, peixes perigosos, etc. e para associar também essa pergunta a extraterrestres.O anúncio de outdoor será descrito numa reunião.

57. CaSaS de FamOSOS e viaGenS eSPaCiaiSQuando as pessoas acharem que já não há mais nada que as surpreenda, nesta campanha independente, revelam-se novos factos: Oferta de viagem espacial e de uma casa de famosos de hollywood e/ou da música.existem várias formas para a estratégia da oferta da casa de um actor, cantor…Se estiver à venda, compra-se e oferece-se através de sorteio telefónico internacional, cujo valor das chamadas ou o próprio evento poderá ser discretamente apoiado por esse famoso.Se não estiver à venda, procura-se forma de parecer que está, numa estratégia combinada com o famoso.imagino que muita gente faria tudo e digitaria muitas vezes o número telefónico de valor acrescentado para se candidatar a um prémio como esse… onde viveu muito ou pouco tempo a figura mundialmente conhecida. nem os paparazzi ou revistas teriam tanta sorte como o vencedor desse sorteio.Penso que os lucros das chamadas telefónicas seriam astronómicos ou muito maiores que o valor de venda e o famoso ainda devia beneficiar com a partilha desse rendimento, tal como acontece com as empresas que promovem passatempos telefónicos na Tv.Quem costuma vender ou comprar essas propriedades são pessoas com o mesmo estilo de vida ou abastadas, sem a emoção e euforia que caracteriza os fãs, admiradores e pessoas comuns.

58. FamOSOS nOS CaSamenTOS de admiradOreS/venCedOreS…e se houvesse um passatempo telefónico ou programa de Tv cujo prémio fosse a possibilidade de convidarem o famoso que o vencedor desejasse ver entre os convidados do seu casamento? Seria um dia muito mais especial para os noivos e talvez nunca se divorciassem!Geralmente, evitam multidões e paparazzi que os perseguem na vida pessoal, mas, desta vez, invertiam-se os papéis, sendo a vida de um admirador o alvo da sua atenção, como se a cerimónia e felicidade dos noivos fosse importante para o bem-estar ou para esse famoso curioso….visto que os famosos costumam ter diversas actividades, publicidade, beneficência, podiam ser contratados para estarem presentes nesse casamento, que era o culminar ou momento

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principal do evento, da estratégia de promoção da deficiência.além destas sugestões, pode pensar-se noutras que envolvam os famosos ou qualquer momento da sua vida que as pessoas comuns, admiradores, gostariam de viver, por algumas horas, dias, na sua companhia ou sozinhos…recentemente, recebi um e-mail sobre uma promoção no ebay que é um pequeno exemplo daquilo que também se podia fazer para atrair investimento.

59. CaSaS de FamOSOSQuando as pessoas acharem que já não há mais nada que as surpreenda, nesta campanha independente, revelam-se novos factos: Oferta de viagem espacial e de uma casa de famosos de hollywood e/ou da música.existem várias formas para a estratégia da oferta da casa de um actor, cantor…Se estiver à venda, compra-se e oferece-se através de sorteio telefónico internacional, cujo valor das chamadas ou o próprio evento poderá ser discretamente apoiado por esse famoso.Se não estiver à venda, procura-se forma de parecer que está, numa estratégia combinada com o famoso.imagino que muita gente faria tudo e digitaria muitas vezes o número telefónico de valor acrescentado para se candidatar a um prémio como esse… onde viveu muito ou pouco tempo a figura mundialmente conhecida. nem os paparazzi ou revistas teriam tanta sorte como o vencedor desse sorteio.Penso que os lucros das chamadas telefónicas e através de alguns sites da internet seriam astronómicos ou muito maiores que o valor de venda e o famoso ainda devia beneficiar com a partilha desse rendimento, tal como acontece com as empresas que promovem passatempos telefónicos na Tv.Quem costuma vender ou comprar essas propriedades são pessoas com o mesmo estilo de vida ou abastadas, sem a emoção e euforia que caracteriza os fãs, admiradores e pessoas comuns.

60. TUriSmO eSPaCiaLSegundo li na internet sobre este assunto, já existe uma longa lista de futuros turistas...Seria interessante ver a reacção do público, ao tomar conhecimento de que havia um lugar reservado para sortear entre os candidatos do concurso telefónico, internet…Penso que esta ideia teria mais candidatos que qualquer outra apresentada anteriormente para atrair investimento e lucro.Outro elemento que poderia motivar milhares de inscrições, era o facto de saberem que entre os restantes turistas, constaria alguém do mundo da música, cinema…Podiam conviver com essa pessoa durante o tempo de preparação física para a viagem, sem impedimento de guarda-costas, de breves segundos num qualquer acontecimento assistido por um aglomerado de pessoas.

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O sortudo(a) da viagem grátis terá a oportunidade de partilhar e sentir as mesmas emoções que os restantes turistas, especialmente, quando observarem o planeta.a alternativa para a possibilidade de oferta desse bilhete é poder patrociná-lo eu mesmo, com uma percentagem do rendimento obtido neste mega projecto.

61. devOLUÇÃO dO PaTrOCÍniOOs passatempos propostos poderão ajudar a devolver percentagens do patrocínio.Pretendo que Sir richard Branson receba a mesma percentagem que eu e que seja o líder de um vasto grupo de apoiantes de igual estatuto social. assim, o público capta a mensagem subliminar: projecto realizado por muitos milionários e não só por um ou alguns, embora haja maior ligação da Campanha a si.Quanto maior o número, maior a importância que o mundo vê ser dada a quem tem deficiência. Seria magnífico reunir, pelo menos, 1000/1500 famosos/poderosos, que seriam mencionados ou mantidos em anonimato, conforme as indicações. Porém, divulgava-se o total da equipa financeira e recursos humanos envolvidos.a outra pessoa que irá receber igual percentagem é a Sandra Bullock, não só porque a admiro enquanto actriz; gosto dos seus filmes e daquele mundo de hollywood tão distante daqui, onde parece haver um encontro diário de actores, como amigos, e rodeados de multidão, paparazzi.embora já nada a surpreenda nem lhe falte nesse estilo de vida de luxo, pretendo marcar determinado momento da sua vida como nenhum fan ou contratos anteriores de filmes.Todos pensam em ganhar com a fama desses actores. Os fotógrafos, revistas e até os fans pedindo autógrafos ou fotos junto deles. O que é que ganham os actores devido ao (bom) desempenho na profissão? Só o cachet e a invasão de privacidade.Já que a Campanha e restantes componentes do projecto têm como finalidade “vender” capacidade de realização de algo complexo sem recursos humanos, técnicos, financeiros, de início; funções motoras e psíquicas; mostrar solidariedade, atitudes e acções para com o público em geral, pequenos grupos, ou uma só pessoa; as atitudes e acções relativas à actriz são um objectivo especial que não é para ser divulgado publicamente, por ser uma forma de agradecer o bem que ela e os colegas me fizeram ao longo dos anos quando nem sequer tinha companhia para ir ao cinema.Pretendo tirar um curso de inglês, quando terminar o projecto, para sentir que sei falar e escrever tanto quanto acho que compreendo, e não ter intérpretes se, no futuro, tiver oportunidade de falar por telefone e ver mais vezes a Sandra Bullock e Sir richard Branson.

62. TÃO LOnGe e TÃO PerTOSir riChard BranSOn parece estar em todo o lado desde que pensei em contactá-lo, mas nenhum português ajudou, nem mesmo o da empresa Caminho das estrelas, representante português da virGin GaLaCTiC!

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era frustrante saber que às vezes estava em Portugal, a convite daquele do Porto ou de outras entidades, rodeado de pessoas e jornalistas ou apresentadores de programas que também o entrevistavam com humor. no entanto, quando eu solicitava o apoio dos jornalistas da Tv, da rádio ou jornais, nada faziam; não lhes interessava perderem tempo a tratarem de um assunto sem benefício. não seria por falta de fontes de informação e de recursos para localizarem a empresa e a pessoa que eu procurava. Quando querem, conseguem ser inconvenientes e investigar para noticiar algo discreto, indiscreto, desaparecido, como polícias.do mesmo modo, também foi difícil contactar a atleta Lisa dobriskey. algumas pessoas a quem recorri reagiam como crianças, analfabetas e como quem responde por impulso à minha dificuldade, encerrando o caso. não bastando isso, tentavam desmotivar-me, colocando em risco o meu projecto e futuro. Parecia que lhes estava a pedir que reunissem os presidentes de estado dos G8, G20, numa cimeira; falar com algum por telefone ou ir de férias com o Presidente dos eUa; passear no air Force One! Se lhes pagasse 50 ou 100 mil euros, certamente que solucionavam o problema da noite para o dia, moviam amigos, conhecidos, colegas, ou até iam ao estrangeiro… mas interpretavam tal como um favor que não mudava o futuro deles nem perdiam o emprego.após reflectir imenso e pesquisar, encontrei um elo comum a ambos: LOUGhBOrOUGh UniverSiTY!entretanto, surpreendeu-me vê-lo a divertir-se naquele lugar remoto, no Quénia, quando lá chegaram os protagonistas do documentário LOnG WaY dOWn, da national Geographic.Penso que nem todos os milionários, homens de negócios, governantes ou simples doutores da vida comum iriam a sítios tão pobres, ter uma postura tão informal, discurso irónico… muito menos, dizer que era irmão de outro inglês por causa do rosto, olhos e cabelo parecidos com o seu. demonstra que se sente bem com qualquer pessoa e a criar bom ambiente de qualquer maneira.

63.O instituto permitiu que as pessoas que prejudicaram a minha vida pessoal, social, emocional, pudessem progredir profissionalmente, por não terem sido penalizadas.vi através do site do instituto que foram promovidas depois do mal que me fizeram e um dos meus superiores hierárquicos reformou-se na mesma altura em que regressei após o ano que estive ausente devido aos joelhos. desde então, tem ido lá de vez em quando. Se não tivesse sido afectado por colaboradores do instituto, o carácter ou hierarquia destes sujeitos não interferiria com o meu bem-estar ou progressão na carreira de assistente administrativo com possibilidade de mudar para a carreira de Técnico Superior.Já houve um concurso interno para 7 assistentes administrativos Principais, mas não concorri por não possuir alguns requisitos exigidos, por ex., avaliação de desempenho de Bom ou muito Bom. desde abril de 2004, não existe avaliação sobre a minha actividade. não me interessa nem quero saber o que põem nesse parâmetro. eles ou uma eventual avaliação

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que façam, para evitar que o funcionário seja claramente fantasma, não representa nada para mim, porque apenas reflectia a atitude de continuarem a manter-se afastados do conflito que marcou minha vida…Qualquer promoção, justa ou injusta que eu tivesse, nunca seria suficiente para ter alguma qualidade de vida, nem que fosse ministro, porque tudo o que faça ou precise, terá sempre um custo, físico ou de empregados, por não ter a minha própria família, sem deficiências e com despesas repartidas. até para me proteger da chuva teria de pagar a alguém…entretanto, os meses passaram desde que escrevi este ponto…Sem saber como e sem dizerem os motivos que não procurei saber, fui promovido a assistente Técnico! Talvez com recurso ao sistema de forma automática (que actualmente será ilegal) como aconteceria no passado ou através de uma falsa classificação de avaliação de desempenho!não me trouxe vantagens, porque qualquer aumento que tivesse havido no vencimento, foi o mesmo que o que teria na outra categoria, visto que a mudança ocorreu no natal e entretanto, o Governo congelou salários, que pouco ou nada prejudica o investimento deste projecto financiado por créditos bancários!

64. reLiGiÃOapesar de não ser muito religioso, espero que haja novas vidas, pois, esta é para esquecer, independentemente do sucesso que ainda venha obter. Se soubesse que voltava a nascer poucos meses depois do fim desta, não perdia mais tempo…Uma coisa é certa: desde 2001, vivi acontecimentos impressionantes, inacreditáveis que ultrapassam a crença, o desejo dos cientistas e da trilogia do michael J. Fox.abordo esse assunto em determinadas cenas do agente secreto, no dvd…Conheço uma pessoa que me contou algo semelhante e penso que há grupos de debate desses factos…esta estranha capacidade contribuiu para minimizar a dificuldade social da deficiência. Faz-me sentir um tanto ou quando especial, mas, a estratégia seguinte não tem qualificação, pelo menos para quem não acredite nas reencarnações, futuras vidas promovidas pela igreja. ninguém melhor que as pessoas com deficiência desejariam que tal fosse verdade, pois, seria improvável viverem novamente com limitação física.Portanto, pretendo cumprir uma promessa (com 5 a 10% do valor que receber) como todos os crentes ou fiéis de última hora, mas… antes da acção dos Santos que normalmente escutam as pessoas que prometem e esperam pelo milagre, por aquilo que desejem que se realize.impressionará toda a gente e os Santos ficarão com um acto em dívida até à minha próxima vida…assim, o projecto já não termina na fase de defunto, tal como referi, anteriormente, mas deixará efeitos para a suposta vida seguinte…

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65. hOra dO TaChO! JanTar imPOrTadO dO JaPÃO Para POLÍTiCOS e OUTraS FiGUraS PÚBLiCaSesta estratégia de impacto social e atenção forçada dos visados, provavelmente não será tão ousada, arrojada como as suas acções profissionais, sociais, pessoais. no entanto, tentar-se-á atingir o terceiro objectivo: avaliar e difundir a reacção, atitudes…Talvez se sintam incomodados, critiquem ou ignorem como fazem quando são confrontados com situações, perguntas imprevistas.Os custos dos presentes humorísticos das manifestações não se comparam aos da minha proposta: contratação de pessoas; avião, hotel, compra de menu de luxo para a sátira alimentar de quem desconhece a nossa existência e faz tudo para a complicar, reduzindo benefícios, alterando ou abolindo leis.O peixe balão, que entra numa cena da história fotográfica, será a iguaria do menu de jantares oferecidos a pessoas especiais, conhecidas em Portugal ou no mundo.Uma empresa de assistentes Pessoais irá buscar o meu pedido a um requintado restaurante, no Japão. num ápice, estarão de volta com as refeições prontas a servir em Portugal ou noutro país.a qualidade dos alimentos não deverá ser razão para os meus ilustres convidados perderem o apetite… POdem POnderar Perder TUdO, menOS a vontade de pensarem no anfitrião e na gente que não tem ofertas de emprego que lhes dê segurança alimentar e de saúde.não serei o “empregado de mesa” viajante, para não haver pensamentos indecentes e duvidosos sobre o transporte dos petiscos que à partida seriam deliciosos!a competência e imagem dos meus colaboradores, que não são mendigos, arrumadores de carros nem pessoas que andam na boa vida, representará o aperitivo na hora do manjar dos deuses…!a confecção é feita por cozinheiros detentores dum certificado/diploma específico que lhes dá o direito de servir a delícia potencialmente perigosa em restaurantes exclusivos. a legislação contempla ainda medidas de segurança para os restos que não são cozinhados…Como em tudo na vida, há quem falhe ao brincar com o fogo… que deixou algumas marcas na minha vida, através da queda na lareira; e ao acenderem-na com um bidão de 5 litros; ou simplesmente a impressão do barulho com chamas sobre frigideiras!Os cozinheiros mostram-se serenos e altamente concentrados. Terão o hábito de rezar pelo regresso do cliente que chore por mais do mesmo, apesar de ser caro?!Fascinou-me uma reportagem de bebidas e comidas de elite, raras e dispendiosas! resolvi ver se alguns políticos têm mesmo mais olhos que barriga. É natural que às vezes não tenham estômago para tudo! Pois, é fácil perder a compostura quando tanta gente pressiona e dificulta a vida deles! deve ser exagero o que dizem sobre a ingestão de luxo… cherne entre outras coisas inimagináveis (trafulhices) que devem permanecer em sigilo por não contribuir para o bem social!

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Para não desconfiarem da morte certa, também comerei o dito cujo. Todos os pedidos vêm identificados, para não parecer marosca ou homicídio. ilações à parte, o provérbio diz que é feio recusar-se comida… POrTanTO, devem COmer e CaLar, evitando demonstrar que não precisam de nada. Se pressupõem que têm tudo, é porque trabalham. Se são mal agradecidos e não comem perante os holofotes, merecem ser despedidos e boicote às amizades, negócios extra que tenham eles e suas famílias…depois valorizariam ofertas, sobretudo, alimentos. Por vezes houve-se relatos de vidas que tinham tudo para serem bem sucedidas e de um momento para o outro, tudo se desmorona, sem contar quando é na sequência de catástrofes naturais.argumentos que descem ao mais básico das relações humanas sem se idolatrar, reconhecer, valorizar ninguém. no fim da vida, todos morrem com mau aspecto, anormais, perturbações psíquicas em muitos casos, por isso, as pessoas que governam ou que assistem, devem ser atingidas de modo simples, que é como nascem, enquanto não vão adquirindo todos os defeitos e ambições que centre o bem da vida em si.a surpresa do estômago será no local de trabalho, casa, ou qualquer lugar inesperado onde se encontre o sortudo procurado pelos meus investigadores. Poderá eventualmente ser convidado a jantar no restaurante Parlamento ou assembleia, em arouca, onde estará toda a ementa e pratos dos restantes convivas, portugueses, se a minha filantropia gastronómica chegar a todos que se esquecem do seu estado interior em prol do estado dos outros…

66. diverSaS eSTraTÉGiaS, aCÇÕeS e COmenTÁriOSBenFeiTOr miSTeriOSO FarÁ dOnaTivOS em nOme de FÍGUraS PÚBLiCaS cujo estilo de vida, personalidade, atitudes, negócios, tenham indignado, causado mau humor ao autor desta ideia ou de muita gente.………………………………………………………………a Comunicação Social………………. COnTriBUTO, SOLidariedade, BOa-aCÇÃO reLaTiva a aLGUÉm CarenCiadO, CaUSa SOCiaL, hUmaniTÁria – diz-se que ninguém dá nada a ninguém sem beneficiar de alguma forma. Portanto, será surpreendente e criará impacto social, se um benfeitor misterioso distribuir O QUe nÃO maTa, enGOrda a CarTeira…!Passatempo com prémio dependente de telefonemas e/ou financiado pelo meu projecto. O número dos participantes varia consoante os pormenores deste “concurso” que põe à prova a coragem de quem deseja ganhar uma “fortuna” ao comer um jantar que alegadamente lhes fará determinado mal.apesar dos argumentos, cena, adereços, assistência médica, aumentarem a incerteza, medo, ninguém iria ingerir as partes venenosas desse peixe.esta proposta tem mais detalhes que contarei verbalmente.dePOiS de mOrTa, TOda a GenTe É BOa!

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as complicações de saúde costumam alterar o pensamento das pessoas, que renascem para a vida, mais tolerantes, valorizando factos, coisas que antes não lhes significavam nada e embora tenham mais tempo para tudo, contrariando o estilo de vida passado e da falta de tempo, poderão viver como se não houvesse amanhã…Os falecidos têm a sorte de ouvir os elogios da sua vida profissional, social, familiar, de carácter: o reflexo do seu impacto nessas pessoas ou na sociedade.ninguém consegue um percurso de vida exemplar, mas nessas ocasiões, esquecem-se ou fazem isso a bem do marketing de quem “nos deixou”…visto que as partilhas são um factor de discórdia, desavenças ou de crimes entre os herdeiros que costumam ser poucos, seria interessante e justo que a sociedade “recebesse” mais que as estratégias que favorecem os mais próximos…Se convém defender a imagem do país com recurso ao espírito de união da “família de portugueses”, então, os chefes da casa não deviam fazer contas à sua vida e deserdar quase todos os filhos…!Para remediar tal injustiça, proponho uma espécie de concurso baseado nas eleições secretas.Os candidatos são todos os políticos, gestores de cargos públicos e todas as figuras públicas de qualquer actividade, Jet7, cujo estatuto e reconhecimento social permita acumular votações telefónicas. O prémio associado a essa individualidade só será sorteado entre as pessoas que votaram nele e após a sua morte natural, excluindo homicídios.este valor acrescentado significaria mais para a vida de quem o recebesse que as metáforas usadas por toda a gente que compara, valoriza ou denigre alguém, conforme a linguagem de insultos ou do desporto: “vendido, comprado por X milhões”; “aquela pessoa não vale nada”; ou “valer mais que ele(a)”.imagino que existiriam dezenas de candidatos desconfortados com a ideia de saberem que a vida de alguém iria melhorar com a sua morte, como quem herda. Portanto, teria sido útil tornar-se conhecido ou ter entrado para a política…

COmenTar deTerminadaS nOTÍCiaS de Tv e de imPrenSaeuromilhões dos ex-namorados;Seguradora que indemnizou mulher que ficou com a vida intima destruída e com marido dependente… (oportunista e a tentar ganhar dinheiro à conta de quem descriminaria, etc.);violência desportiva;agressões nos Parlamentos de diversos países (ex: Ucrânia. Tvi 27/4/2010); insultos raciais a jornalistas da África do Sul;remunerações milionárias e prémios dos gestores públicos; (edP, GaLP, BeS, PT…); Figo/Tagus Park; Face Oculta; diploma do primeiro-ministro; convites para cargos, demissão, receio de despedimentos; acumulação de cargos públicos/privados, reformas;Greve dos transportes;deputada do PS, inês de medeiros, que reside em Paris com uma viagem semanal paga pelo

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estado;exame de direito;BPn, BPP;Facebook, Google, Youtube (sites mais vistos).Sem-abrigo americano socorreu uma mulher assaltada, foi esfaqueado e morreu sem auxílio dos 20 e tal transeuntes e sendo fotografado por um…as pessoas costumam dizer que a família ou alguns amigos beneficiariam da sua ajuda se ganhassem uma fortuna. Uma resposta imprevisível e importante seria a de alguém que doasse 50/70% do prémio a desconhecidos, através de causas sociais, casos específicos.analisar a vida pessoal dos gestores públicos, descobrir atitudes, comportamentos incorrectos, egoísmo, ausência de desejo de partilha ou de solidariedade, ou de ajuda física, qualquer acto, impulso, como quem é posto à prova, pressionado numa situação social, pessoal, apanhados de Tv…Podemos ter opinião sobre determinadas pessoas, através da análise do que fazem, vivem, modo de vida de outras? Será justo dizer que uma pessoa, grupo tem mau carácter, não presta, e portanto, outras pessoas, grupos também não nos agradam? O mesmo acontece com quem tem deficiência… cujas atitudes, modo de vida de uns, não deve reflectir-se nos restantes, sobretudo, quando sobressai egoísmo e outros traços de personalidade e de convivência semelhantes aos de quem não tem limitações…infantários das prisões.Percentagem dos meus gastos pessoais anuais correlacionada com a de donativos.Corrupção nos negócios do estado… ex. dos submarinos, do Freeport e da corrupção, suborno dos políticos.Fundos para pagar corrupção em vez desses subornos serem de quem tem interesse em corromper… sendo prémio para revelar quem tenta dar…distracções de condução.Ponte de Lima… mordomo de Fontão… oferece almoço anual a 400 pessoas.inem… condenar chamadas falsas.

Concursos de valor acrescentado (0,60 € + iva)ex.: você na Tv (1/4/2010) … Chevrolet Spark… +- 120 000 chamadas…72 000 €.

67. deSviO de aviÃOCada passageiro recebe 30/50 000 € além de habilitar-se a 500 000 € sorteados por quem vai nesse voo.as condições atmosféricas, avarias, saúde da tripulação ou passageiros podem alterar o destino dos aviões que se atrasam ainda mais ou são cancelados em pleno voo quando há piratas e terroristas a bordo.

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a simulação do desvio do avião numa cena da história fotográfica é por razões de segurança do agente secreto que vai para Barcelona. Uma hospedeira dá-lhe a “informação” em género de presente parcialmente desembrulhado – a tampa duma caixa de sapatos cujo logótipo é um insecto e duas palavras: Fly London.Tinha previsto realizar este momento num voo de Lisboa para inglaterra, mas não teria tanto impacto como a simulação de perseguição fotografada com a polícia, visto que a hospedeira continuaria nas suas funções até ao fim dessa viagem, sendo a participação dela (após autorização da empresa) uma tarefa extra no seu dia de trabalho.O que proponho vai melhorar a vida daqueles passageiros. Os casados têm a possibilidade de juntar essas quantias para investir ou pagar créditos de casa, automóvel…a maior parte das pessoas desse voo realizado durante a semana, na época baixa, certamente que são turistas, grupos ou pares de amigos, namorados, casais, filhos. Poucos viajarão sozinhos e nenhum com urgência em chegar ao destino, já que a maior parte deles terá comprado a passagem algumas semanas ou dias antes e não na véspera ou no próprio dia, que deve ser sempre para descanso ou pouco mais, porque quem planeia outros compromissos como reuniões, negócios, talvez opte por voos noutras companhias, sobretudo se as despesas forem pagas pelas suas empresas. Tal como nos restantes transportes, existem contratempos de voo e posteriormente no transito até ao hotel ou onde termina a viagem da pessoa que ficará sem muito tempo nesse dia para fazer algo de extraordinário e importante, sobretudo se apanhou o avião no final da manhã ou à tarde.Portanto, o atraso de algumas horas poderá ser a melhor coisa que lhes aconteceu, tendo em conta o dinheiro que vão ganhar e a situação financeira que os fez embarcar numa companhia de low cost para irem de férias, de regresso a casa ou estudar.após chegarem ao aeroporto que não pretendiam e depois de atraírem a atenção da Comunicação Social como normalmente acontece quando há imprevistos relacionados com voos (ou nos casos mais graves de quedas ou reféns de piratas exigentes), podem seguir para o seu destino. O protagonismo deles termina nos comentários e entrevistas aos jornalistas que entretanto ficam a saber que tudo isto não passou de uma encenação e estratégia arrojada, ousada, radical, insólita da autoria de alguém com deficiência. este acontecimento só terá tanto ou mais impacto que as campanhas de sensibilização de deficiência se a Comunicação Social se envolver do mesmo modo que nos casos verídicos de desvio de aviões.Poderá haver dois cúmplices, porta-voz de associações de deficientes e da empresa, para orientar, estimular, acalmar, demonstrar alguns pontos de vista a determinados passageiros descontentes, mas acho que o porta-voz é mais importante junto dos jornalistas.Os pilotos serão os únicos a saber as razões de alteração da rota. Contactá-los-ão meia hora depois de levantarem voo. Os procedimentos de segurança, no plano de voo, de aeroportos, etc., devem prever esta alteração no início da viagem para que nada falhe. numa ameaça real o percurso do avião seria desimpedido consoante os desejos dos piratas que não se preocupariam com ninguém nem pagavam sofrimento. no momento de alteração da rota,

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os passageiros serão informados que não vão para onde pensavam, mas o destino não será revelado nem às hospedeiras que devem ter a atitude e tomar as medidas que aprenderam para situações anormais e manter ambiente sereno. Suponho que os passageiros irão ficar na expectativa, ansiosos, receosos, sem barafustar porque não vêem piratas mas calculam que existirá alguma ameaça, talvez no cockpit onde não entrará nenhuma hospedeira (para aumentarem o suspense) que usará o intercomunicador para falar com os pilotos após o aviso de novo destino.O dinheiro seria dado num cheque ou transferido imediatamente para a conta de cada passageiro pouco tempo depois da aterragem. não sei se há indemnizações quando há piratas mas as recompensas devido a avarias, atrasos, cancelamentos não costumam ser grandes… talvez o valor do bilhete e despesas de hotel.O valor que proponho poderá ser interpretado como a sorte grande que obtinham sem esforço. Uma ou duas horas depois de estarem naquele aeroporto, seguirão para o seu destino, talvez mais felizes por terem sido escolhidos para este plano que iriam compreender. Se este voo fosse realizado com figurantes que, antes de embarcar, sabiam o que iria acontecer, a situação não surpreendia os jornalistas, os telespectadores nem passava a menSaGem:as pessoas com deficiência podem (de alguma forma) interferir, influenciar e controlar o destino de quem é “normal” e pensa que eles apenas são um encargo, alvo de solidariedade; dos quais pouco ou nada se recebe a nível profissional, social, emocional.Os piratas e terroristas espalhados pelo mundo também se surpreendiam com esta estratégia que tem em vista fins benéficos como a reflexão sobre as questões da deficiência e reduzir imediatamente as dificuldades financeiras dos passageiros, provando que há realmente “males” que vêm por bem…este evento demonstra que é possível fazer o inverso daquilo que o mundo conhece: sem explosões, negociações, exigências políticas. Por um lado, aproveitam-se (para a história de dvd) os recursos que os realizadores de cinema imitam quando precisam de cenas destas. Por outro, tenta-se colorir situações que toda gente acha traumatizantes, porque…O avião é um exemplo especial da falta de controlo e de poder que as pessoas pensam ter nas suas vidas quando tomam decisões no dia-a-dia. não podem sair dele quando querem evitar pessoas que consideram indesejadas (piratas; deficientes) para a sua vida, tal como fazem ao julgarem-se correctos, “com os pés bem assentes em terra”, ao excluir, rejeitar, discriminar, dificultar…Quem desvaloriza as pessoas com deficiência, certamente que diria, faria tudo, talvez prometer mudar comportamentos, para sair são e salvo duma aeronave à qual se associam diversos perigos técnicos e humanos, porque viam que muitas deficiências não impediam a execução dum acto terrível. Provavelmente, seria um dos poucos momentos que alguém com deficiência seria visto sem incapacidade ou superior, por constituir uma ameaça idêntica às dos piratas “normais”

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Quando alguém processa uma empresa por algo que o afectou, pensa obter uma indemnização. apesar da minha estratégia ser do conhecimento da companhia aérea e de outras entidades, os passageiros saberiam que a autoria e responsabilidades seriam de alguém com deficiência. Por isso, se continuassem a pensar em processos judiciais, confirmavam algumas das atitudes que as pessoas com deficiência sentem ao longo da vida, sem batalhar por falta de oportunidade devido ao afastamento da empresa, pessoa ou grupo “normal” a, B, C…Só uma besta é que não ficaria contente com a compensação financeira sugerida, já que em tribunal não iria receber tanto. Se demonstrassem má índole, seria de lamentar que o desvio de avião não tivesse sido ordenado por piratas ou terroristas que lhes dessem uma lição a sério…Tendo em conta a época, dia, hora de voo e motivos supostamente previstos, só o mau carácter é que não contornava o atraso dos que sentissem “a vida” afectada, porque o acontecimento que proponho era mesmo isso: alterar-lhes o plano da vida deles, pelo menos, por algumas horas, para que os telespectadores e especialmente, eles, sintam um pouco do mal que as pessoas com deficiência vivem ao longo da vida.esta forma de marketing e publicidade excêntrica do meu projecto centra-se, desta vez, na easyjet, cuja interessante vida do dono vi num programa de Tv. Pretendo que seja ele a avaliar a proposta que será financiada com uma percentagem do valor que eu receber em todo o plano mediático.68.Costuma haver notícias sobre determinadas pessoas que, sozinhas, em pequenos ou grandes grupos fizeram algo invulgar. Por outro lado, prevêem e/ou apelam à adesão da população para que um acontecimento seja mais extraordinário…acho que o objectivo de alguns eventos será a diversão, alguma popularidade local ou conseguir minutos televisivos que quebrem a rotina das notícias dramáticas e dos empregados da política.Quando a realização tem patrocínios e outros apoios, penso que os autores, participantes recebem pouco ou nenhum dinheiro, porque o financiamento estará de acordo com o plano de produção, detalhado, evitando que as empresas os considerem charlatães ou percam o rastro dos cêntimos gastos fora desse tempo de trabalho, embora os maiores embusteiros, trapaceiros estejam empregados.Surpreende-me a aparente facilidade e rapidez com que as pessoas (anónimas e/ou celebridades) se reúnem em torno duma causa ou acção de entretenimento, promoção, comercial.este projecto fez-me ver que seria injusto participar na produção das campanhas dos clientes de agências de Publicidade onde eu eventualmente trabalhasse. apenas iriam ver a minha motivação para conceber campanhas destrutivas de clientes que tivessem rejeitado actividade, propostas, patrocínios, créditos…

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69. FimTendo exposto o que pretendo fazer a nível mundial, fico a aguardar um contacto da vossa estação de Televisão.

aLGUmaS COnSideraÇÕeS SOBre O PrOJeCTO:

“Parte do meu conteúdo poderá parecer utópico, difícil ou impossível de concretizar, mas não proponho nada do outro mundo. Quando ninguém se motiva nem se interessa, facilmente encontram entraves ao mais pequeno desejo ou tarefa banal.Os autores de livros ficcionados, de filmes, novelas também vivem à custa de pensamentos utópicos. Quantos accionistas, empresários da comunicação, trabalhadores, jornalistas de Tv são deficientes ou com dificuldades de encontrar trabalho na construção civil e num número indefinido de empregos que precisam de mobilidade? não bastaria contentarem-se com o rendimento publicitário, seja ele pouco ou muito... do que comportarem-se como os ciganos de antigamente que pediam esmola de porta-em-porta?! esse género de passatempos seria mais justo se revelassem sempre o total de chamadas. eu faria isso no meu passatempo e até invertia a parcela de lucro, por exemplo, 1 passatempo de lucro para mim e no seguinte, esse valor para o sorteado, etc... tornar tão transparente quanto possível.”

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CORREsPONDêNCIa TROCaDa

veríssimo realizou vários contactos com diferentes entidades e figuras das artes, do jornalismo e da televisão, com o objectivo de conseguir parcerias úteis à realização e promoção do seu projecto. Captar o interesse e conseguir efectivos compromissos de colaboração não se mostrou uma tarefa fácil, mas veríssimo foi sempre incansável na sua tentativa de apresentar ao mundo o seu projecto e a sua visão acerca da exclusão.

de: Veríssimo M.enviada: sáb 09-01-2010 21:23Para: Alexandra P. BorgesAssunto: A Alexandra quer ser minha AGenTe?

Boa-noite:Tenho deficiência motora, de causa rara, licenciatura em Publicidade & marketing e, desde 2003, estou realizando um projecto internacional de media composto por uma campanha internacional em outdoor associada a um potencial parceiro estratégico inglês, com a qual também pretendo entrar no Guinness devido à forma de concepção.as restantes componentes do projecto são: a reportagem para difusão internacional com factos da minha vida pessoal e dos acontecimentos mais marcantes das viagens internacionais que fiz e que continuarei a fazer devido à história fotográfica de dvd, na qual já participou um actor da Tvi, polícia marítima, PSP, helicópteros, numa invulgar estratégia de produção.Se a alexandra aceitar representar-me, como porta-voz nos contactos internacionais, assinamos contrato, sobretudo após a reunião no estrangeiro (com duas pessoas importantes para o plano) que poderá marcar uma mudança na minha vida e na de muita gente, com este plano extremamente ousado, arrojado, excêntrico, com objectivos bem específicos, tanto nas mensagens a passar, como nos donativos; até hollywood e diversas pessoas de elite e destaque mundiais serão contactadas pelo tal parceiro estratégico. O plano de 27 páginas está parcialmente traduzido para inglês. Costumo ver as suas reportagens e o bem que a alexandra tentou fazer, através das entrevistas nalguns programas da tvi, sobre aquelas crianças...Se tudo correr bem com o meu projecto e obtiver o rendimento pretendido, parte dele será destinado a donativos internacionais e para repartir entre os personagens do dvd e pessoas que me ajudem noutras formas.Se você estiver interessada em ajudar-me, mostrar-lhe-ei todos os detalhes, e dir-lhe-ei o que fazer de seguida.

atenciosamente,veríssimo.

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re: A Alexandra quer ser minha AGenTe?date: Mon, 11 Jan 2010 15:00:55 +0000 Caro veríssimo,

Fiquei curiosa por conhecer alguém com capacidade de iniciativa.O que lhe posso dizer para já é que depende do projecto que me apresentar... estou disponível para reunir consigo e falar sobre o projecto na primeira semana de Fevereiro porque até lá estou em filmagens para outra grande reportagem que tenho que deixar pronta.

aguardo.Boa sorte,alexandra

de: Veríssimo M.enviada: sáb 03-01-2011 Para: Mário AugustoAssunto: Projecto internacional Mediático da autoria dum deficiente...Boa-noite, Senhor Mário:

Tentei contactá-lo há 2 anos, mas penso que ninguém lhe deu a minha mensagem de vários telefonemas para a Sic.desejava falar consigo (em março, na associação Sorriso da rita) e, ou com a sua mulher, sobre este projecto que venho desenvolvendo desde 2003, o qual tem diversos objectivos. não desejo o seu patrocínio, mas que seja meu agente e me ajude a contactar um famoso empresário inglês...Tenho o plano detalhado de forma simples, por pontos, de modo a poder eliminar ou acrescentar conteúdos a essa estratégia mediática que também passa por uma reportagem realizada por um canal estrangeiro para difusão internacional. a vida pessoal e as experiências vividas no entrangeiro, adaptação a diversas culturas e imprevistos, farão parte do conteúdo da reportagem, assim algum comentário sobre deficiência(s), mantendo-me anónimo, devido a ser agente secreto na história e porque pretendo dar muitos donativos, conforme defini...atenciosamente, veríssimo

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de: Mário Augustoenviada: sáb 04-01-2011 Para: VeríssimoAssunto: re: Projecto internacional Mediático da autoria dum deficiente...

Olá viva, como está?Pelo que li, o seu projecto é verdadeiramente arrojado e valioso. Confesso-me honrado com o convite que me lança mas infelizmente tenho que o declinar, desde logo porque não conheço, nem nunca estive com o richard Brason e depois porque nesta altura já são muito poucas as vezes que me desloco por mais do que um dia ou dois ao estrangeiro. não quero que o veríssimo entenda isso como uma recusa mas infelizmente ando completamente absorvido de trabalho e mesmo o que a associação me solicita tem sido muito difícil participar activamente. a minha mulher e as outras mães da associação é que mais desenvolvem acções porque esta vida de repórter não está nada fácil.espero que possa encontrar um agente que melhor possa cumprir com o que está à espera mas talvez noutras iniciativas eu possa, pontualmente ajudar.Um grande abraço,mário augusto

de: Veríssimo M. Para: Joana Vasconcelosenviada: segunda-feira, 8 de novembro de 2010 15:44 Assunto: Projecto Mediático internacional Boa tarde:Tenho deficiência motora, licenciatura em Publicidade & marketing e estou, desde 2003, a tentar realizar um projecto mediático internacional composto por uma história fotográfica publicitária, seguida duma reportagem de Tv estrangeira e duma campanha de minha autoria que promove o projecto. esta campanha contará com um empresário mundialmente conhecido, que tentarei contactar através de alguém da Comunicação Social portuguesa ou empresa de intérpretes. a história do dvd já contém cenas com verdadeiros polícias simulando uma perseguição, um actor da Tvi, cenas de helicóptero e de 12 países. O processo criativo é diverso e com muitos adereços. Fotografei a sua «piscina do país» que vou inserir num determinado momento da história, com outro background, embora a melhor forma fosse uma fotografia aérea com ela no seu contexto natural: no jardim duma vivenda. a ideia que lhe disseram sobre o nosso país ser a salvação do mundo, como a arca de noé, é algo que também conto na minha história, além de muitas outras coisas, bem como comentários que não deixarão indiferentes os políticos nacionais e internacionais, famosos, multidões,

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desordeiros, terroristas ou simples anónimos egoístas. Sei que vendeu algumas das suas obras, especialmente a do sapato. a piscina será vendida com mais facilidade. deixará o novo dono satisfeito e a ironizar com amigos. Se eu pudesse reservá-la em exclusivo para o meu projecto, seria magnífico leiloá-la (sendo o lucro para si) a nível internacional, transmitir o que pretendo numa fase do plano mediático mundial com este seu peculiar país associado à minha mega campanha, a qual, terá muitos objectivos, incluindo o de solidariedade internacional. atenciosamente, veríssimo morais

Subject: re: Projecto Mediático internacionaldate: Wed, 10 nov 2010 13:24:00 +0000estimado Senhor Veríssimo Morais, muito obrigada pelo seu e-mail e pelo seu interesse em propor uma parceria à Joana. Contudo, a artista tem uma agenda muitíssimo preenchida de compromissos profissionais até agosto de 2011, o que a impede de considerar novas propostas.de qualquer modo, agradecemos mais uma vez o facto de lhe ter ocorrido associar a Joana vasconcelos ao seu projecto, ao qual desejamos o maior sucesso. receba os meus melhores cumprimentos,ana rodrigues

From: Veríssimo M. To: Júlio MagalhãesSubject: Projecto internacional de Media exclusivo para a TVidate: Sun, 9 Jan 2011 22:01:17 +0000

Boa-noite, Senhor Júlio magalhães. desejava que a Tvi me ajudasse a ultrapassar a fase mais difícil deste ambicioso projecto, no qual investi quase 80 000 € com recurso a crédito da CGd, visto que nunca me foi concedido nenhum patrocínio, apesar de prometer devolver após retorno de investimento no fim do projecto. Gostava de poder apresentar toda a proposta que não deixará ninguém indiferente no mundo. Tenho deficiência motora, de causa rara, licenciatura em Publicidade & marketing e estou a tentar desenvolver um projecto de grande impacto mediático composto por uma campanha

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internacional de outdoor concebida de forma original, para o Guinness, e associada a Sir richard Branson, que muito admiro e que tento contactar desde há 2 anos. essa concepção criativa segue a mesma linha e espírito dos acontecimentos mediáticos dele. Simultaneamente, também é uma subtil Campanha de promoção dos deficientes, além da minha qualidade de vida e história fotográfica internacional para dvd, na qual já participou um actor da Tvi e de dois polícias reais da PSP e da polícia marítima noutras cenas. Também realizei três cenas aéreas no litoral e interior norte do país, com a ajuda de fotógrafo profissional em dois vôos de helicóptero com duração de 5h aproximadas.a terceira componente, será uma reportagem realizada pela Tvi em simultâneo com outro canal estrangeiro, inglês ou americano, para difusão internacional, que será exibida na mesma altura do dvd, focando aspectos da minha vida pessoal até ao momento do projecto e as experiências mais marcantes que vivi sozinho nos 12 países que visitei devido a cenas da história fotográfica. além disso, poderá haver especialistas e pessoas falando doutros deficientes, dos países onde for exibida. Portanto, é uma reportagem com uma secção adaptada e com uma jornalista da Tvi escolhida por mim.a minha intenção internacional tem a ver com o facto de haver pessoas com deficiência em todo o mundo.esta é uma breve síntese do meu plano arrojado e ousado cujos tópicos e detalhes tenho num plano de 30 folhas e suporte digital.a Tvi é a minha estação preferida, por isso, pretendo doar parte do valor que eu receber, de modo a ajudarem casos que noticiem, bem como doar uma percentagem, como o lucro que a estação recebe dos anunciantes.a minha iniciativa também pretende contribuir para o bem da empresa Tvi e dos negócios de Sir richard como os seus trabalhadores, sem encargos financeiros da vossa parte. assim, a participação de Sir richard apenas será útil como parceiro estratégico, influenciando Governos e quem o conheça a financiar-me. atenciosamente, veríssimo morais.

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Fabio Luccirua Francisco Carqueja179, 1º esq.4350-185 POrTO

exmos. Senhores,

eu, veríssimo morais, licenciado em Publicidade & marketing e portador de deficiência motora, de causa rara, venho por este meio solicitar uma reunião para aprofundar a proposta de uma Campanha Publicitária baseada numa ideia que me ocorreu ao visitar a Fabio Lucci das Olaias, em Lisboa.

analisei a maior parte das marcas expostas e encontrei algumas que valorizam o projecto publicitário internacional de dvd que estou desenvolvendo, cujos objectivos gerais constam no anexo - fax enviado para a rTP.

O método criativo da história fotográfica é o recurso a marcas, nomes de produtos, livros, empresas, de transportes públicos, automóveis, etc. Sempre que vou ao estrangeiro, observo marcas no hipermercado e quando alguma é útil para o projecto, compro. acho que vi a marca elsa num minimercado no rio de Janeiro, no ano passado, quando comprei outras marcas, e há uns dias adquiri-a na vossa loja.

Cada viagem realizada contém sempre uma novidade relativa ao dvd e ao modo como planeio a minha estadia enquanto turista. viajo sozinho e tenho de adaptar-se às diferentes culturas e línguas – na minha primeira viagem, visitei 3 países.

O gel de banho, da marca elsa, fez sorrir as pessoas a quem enviei sms e mais tarde, mms revelador do segredo sobre a rapariga ou mulher que pensaram existir. Consegui atrair a atenção, curiosidade e comentários sobre o que interpretaram. na abordagem verifiquei a atitude, interesse, vivência pessoal ou opiniões dos mesmos em situações reais. a mensagem que partilhei com os amigos foi: “amanhã vou tomar banho com a elsa! ☺”.

Continuei explorando o assunto, imaginando o efeito e reacção de quem visse o anúncio. em tudo que pensei para a pessoa que assina o anúncio como elsa, penso que esta pergunta vai cativar ambos os sexos.

“deseja tomar banho comigo?”elsawww.elsa.pt

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este conceito dá-nos uma percentagem de pessoas que são contactadas pelo cartaz, na paragem de bus, através da curiosidade do site onde esperam ver mais que situações exclusivamente sonoras ou vídeos desfocados (cujo final mostra a marca elsa e Fabio Lucci!) do momento em que vários homens tomam banho com esse gel, enquanto as respectivas esposas saem às compras; para passear com as amigas ou quando eles são os primeiros a chegar do trabalho. ambiente animado no duche, de humor e sensação da elsa, conforme ele se ensaboa ou sugerindo pela sensualidade verbal dela. e nas vezes em que o casal está em casa, pode-se ouvir a mulher enquanto o marido toma banho na companhia desta elsa divertida! estaria ali escondida da mulher dele?! era um gel que ganhava vida quando pegavam em si…! alguns vídeos seriam com mulheres, em vez de homens, porque as minhas amigas acharam boa ideia haver também mulheres irem para o duche com a elsa… querendo dizer que ela era irresistível.

Cada cena separada representa uma família de consumidores. nalguns casos, o vídeo ou gravação de som, inicia-se nas compras onde há o primeiro contacto com a elsa, como quem choca contra alguém distraído durante as compras. na prateleira, ela responde ou sussurra algo agradável na sequência das desculpas do referido toque.

Prefiro expor as alternativas e detalhes destas cenas e expressões do cartaz (com ou sem imagem de duche em background) na reunião que solicito a v. exas.

O anúncio de Tv seguia a mesma linha criativa, além de novos contextos, tais como conversa masculina sobre a elsa; ou testemunhos de pessoas que compraram o gel: O que acham da elsa?!

O objectivo que pretendo alcançar com esta Campanha independente, não implica usar todos os meios e suportes que normalmente são imprescindíveis na estratégia de comunicação da agência. do mesmo modo, a quantidade de cartazes exibidos também pode ser reduzida, se a imprensa e Tv realçar tal campanha da autoria de alguém com deficiência que teve a iniciativa de procurar um cliente, sem pertencer a nenhuma agência. essa notícia estratégica produzirá o efeito de uma grande campanha.

O dia internacional da pessoa com deficiência (3 dezembro) ou o dia dos namorados são as datas que se relacionam com o autor e com aparente sedutora do anúncio.

Pretendo que a Fabio Lucci transmita a minha proposta à empresa da marca elsa. Sendo um anúncio que mantém o mesmo espírito quando traduzido, poderá ser exibido na França, recorrendo ao mesmo método de difusão, dando assim, o primeiro passo do futuro projecto internacional.

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Se o plano for apresentado ao Organismo da União europeia (ou a qualquer outro estrangeiro) que apoia projectos de pessoas com deficiência, maior impacto e originalidade terá a promoção de quem tem redução de mobilidade, através de um trabalho de media produzido para duas macas/empresas, financiado por uma entidade oficial. a conjugação de todas as acções impressionará tanto ou mais, que o anúncio em si.

Se v. exas. considerarem pertinente, poderão contactar a pessoa do cartão-de-visita que anexei, o qual me foi dado na conferência europeia organizada pela associação europeia de doenças raras (eurordis). aconteceu em maio, no institute Pasteur – Paris. aquela senhora disse que reencaminharia o meu pedido de patrocínios, para o departamento que trata destes assuntos. ela representava o da investigação na saúde. Lembrar-se-á de mim, se lhe for dito que eu andava de andarilho (deambulateur/walker), tendo falado comigo no exterior do auditório.

a hipótese de partilha/transferência de investimento parece interessante e no momento oportuno são mencionados. empresas/marcas patrocinarem a promoção de outras… deve ser tão raro como a causa da minha deficiência!

a Campanha da Fabio Lucci impulsionará novos acontecimentos e investimento da história publicitária internacional de dvd, reportagem internacional de Tv e Campanha Guinness.

Tendo em vista uma parceria com uma estação de televisão estrangeira, aguardo a tradução de uma carta mais pormenorizada, feita por um instituto de Línguas. Posteriormente, contactarei o canal que pretendo para o suporte de reportagem internacional, através dos quais existe maior possibilidade de apresentar o meu projecto a alguns milionários que financiem, nomeadamente, a Campanha de Outdoors concebida para entrar no Guinness, tendo assim, maior impacto sobre a questão da deficiência, além da promoção do projecto.

a presença de (muiti)-milionários não se resume exclusivamente ao apoio financeiro do mega projecto mundial, mas pela imagem reflectida por eles, que inspiram e são admirados por muita gente no mundo, que os vê próximos de pessoas com deficiência, cuja relação destes dois estilos de vida com a dos que observam é rara, em virtude de ser população comum.

no fundo, grande parte do meu plano (Tv) assenta em factos e relatos do meu passado, testemunhos de pessoas (ou empresas) conheci em determinadas fases da vida, terminando naquelas do projecto, quer tenham participado directamente ou não.

algumas acções de solidariedade fazem parte da minha estratégia, por ser invulgar ajudar

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pessoas ou causas sociais, deficientes ou não, quando se supõe que somos eternos alvos de solidariedade, contrastando com a atitude de desigualdade de direitos e oportunidades, discriminar, excluir, ignorar pessoas com deficiência, segundo demonstra quem se cruza com nós, na rua, por julgar que se pretende esmola, quando apenas se pretende um simples esclarecimento ou informação; e numa abordagem requintada, testar e avaliar a reacção das pessoas.

a intenção dos donativos já começou a ser concretizada quando ofereci uma cadeira-de-rodas eléctrica e ao contribuir também para um caso noticiado. no entanto, ainda pretendo alargar a outras causas e situações pontuais, uma das quais já tenho em mente e surpreenderá muita gente, pelo facto de sentirem dificuldade para possuir isso (uma casa) que darei a uma pessoa, na fase de financiamento (ou fim) dos projectos. Pretendo criar um fundo para algumas estações de Tv (nomeadamente as que constam no dvd e a que realizar a reportagem) para ajudarem, excepcionalmente, quem noticiarem. apesar de contribuir para o bem-estar de quem recebe ajuda de mim, pretendo que continuem anónimas.

Os fundamentos sobre o destino de meu corpo, após a morte, vão impressionar pela positiva quem ouvir, parecendo que a estratégia da campanha ultrapassa os limites da existência, devido ao contexto e efeito na vida de alguns…

Com os melhores cumprimentos,veríssimo morais

From: [email protected] To: [email protected] Subject: Contrato de loja date: Tue, 15 Mar 2011 19:28:34 +0000

exma. Senhora dra. Paula Cunha, Tomei conhecimento do fim de contrato da loja “Colors”, pelo que venho manifestar interesse em alugar esse espaço, no mesmo ramo de actividade e com a mesma equipa de trabalho, que conheço há vários anos. Solicito informações sobre as condições e reunião. Tenho deficiência motora, licenciatura em Publicidade & marketing, mas nunca trabalhei numa agência. Para contornar o problema, decidi realizar um projecto independente de Comunicação Social internacional composto por uma reportagem de Tv para difundir no estrangeiro, com vista a promover as pessoas com deficiência, e em certa medida, bens e serviços das empresas, marcas que integrei na história internacional, fotográfica de dvd que

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é a segunda componente deste projecto mediático, no qual já participou a polícia marítima, a PSP e um actor da Tvi. algumas cenas foram produzidas com recurso a helicóptero e a fotógrafos especialistas em fotografia aérea. O investimento que ultrapassa 80 000 € tem por base sucessivos créditos bancários concedidos pela CGd, pois, nunca consegui patrocínios, inclusive, quando sugeria devolução, após retorno de investimento no fim do projecto. Lamento que o país, pessoas e empresas sejam assim. Por isso, estou quase à beira de discriminar Portugal, já que o projecto tem mais poder mediático, experiências por mim vividas sozinho no estrangeiro, nos 12 países que visitei devido a cenas do dvd.

a componente principal e de maior impacto mediático é a Campanha internacional de Outdoor, também concebida para o Guinness Book que tentarei associar a um famoso empresário estrangeiro que o meu intérprete está a tentar contactar para ser meu parceiro estratégico internacional. Se houver imprevistos, dificuldades ou rejeições por parte dele, a campanha será realizada nos mesmos moldes, em menor escala. Penso que um terá o mesmo impacto que algumas dezenas distribuidas pelos países que visitei ou onde ainda irei, se tiver a colaboração das estações de Tv. Censuraria a Comunicação Social que falasse daquilo como autoria dum deficiente português. entre muitos outros pormenores, pretendo fazer donativos, solidariedade internacional consoante o lucro. entrentanto, achei que a loja das flores contribuiria para melhorar a minha vida, na qual posso investir o resto das poupanças que tenho e através da qual também poderei realizar acções de solidariedade, tal como pretendo fazer com a doação do meu cartão Continente quando este atingir um valor digno que ajude alguém ou alguma instituição. O Continente devia transferir as percentagens, descontos, promoções, que promete aos clientes, para quem realmente precisa. É desagradável ver tanto investimento publicitário por parte dos hipers e simultaneamente apelarem aos consumidores, população para apoiarem causas. existe um contracenso, apesar de eu ter tirado o curso. não concordo com tudo que é feito pelos publicitários, sobretudo, quando trabalham sob tensão, em horas nocturnas, para conceber campanhas eficazes para o cliente, cujo esforço contínuo com resultados também mantém o posto de trabalho, o mesmo ordenado ou algum aumento, enquanto promovem a qualidade de vida dalguns protagonistas dos anúncios, que, devido aos critérios de influência, técnicas, estratégias, são escolhidos pela suposta notoriedade que se reflecte na marca, produto, empresa.

atenciosamente,

veríssimo morais

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e-mail para Mário Ferreira, solicitando um contacto com a Virgin:

exmos. Senhores,

venho solicitar informações sobre o lançamento de naves no verão, que provavelmente será o melhor período do ano, apesar dos tornados, frequentemente noticiados.

Tenho deficiência motora, de causa rara, e licenciatura em publicidade & marketing.

estou realizando um projecto internacional composto por uma história fotográfica internacional para dvd, com personagens de vários países: pessoas anónimas, actores, jornalistas, polícias.

além desta componente, também pretendo uma reportagem produzida por um canal de Tv estrangeiro para divulgação internacional assente no meu percurso de vida; como estudante e momentos das viagens que fiz, sozinho, devido ao dvd.

Já fui à noruega, alemanha, itália, espanha, Cabo verde, Brasil, França e holanda.

Brevemente, seguir-se-ão outros, para continuar a realizar sequências da maqueta fotográfica (stotyboard) que já vai contendo efeitos e montagens, a qual será entregue, posteriormente, numa produtora de dvds.

Finalmente, será realizada uma campanha internacional de sensibilização/publicidade em Outdoor, promotora da deficiência, bem como do dvd, do patrocinador inglês que pretendo contactar com o apoio do Sr. mário Ferreira, porque também pretendo entrar no GUinneSS com a Campanha.

além de ser um projecto/Campanha independente (de promoção da deficiência), também o financiamento tem sido sem patrocinios, recorrendo ao crédito bancário.

Por isso, estou a pensar discriminar Portugal, porque nenhum português ou empresa nacional terá interesse em ver e ouvir falar deste projecto invulgar.

Se optar por incluir o país, terá de pagar 1 sexto do valor que pretendo dos inúmeros países directa e indirectamente ligados ao projecto e de determinados patrocinadores internacionais.

O plano de 30 páginas está sendo traduzido por um instituto de linguas, indo, posteriormente,

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acompanhado por uma intérprete a uma eventual reunião que desejo que aconteça com Sir richard Branson.

a história de dvd e Campanha Guinness também passa pelo tema de turismo espacial, entre outras linhas de interesse pessoal, empresarial de Sir richard Branson e do Sr. mário Ferreira (especialmente através da Caminho das estrelas. a douro azul não se insere no contexto).

Pretendo ser o autor da Campanha que idealizei para a virgin Galactic sem que esta financie.

Os motivos, razões e estratégia está descrita no dossier que mencionei.

O Sr. richard Branson e Sr. mário Ferreira como parte da minha equipa estratégica, de influência de Governos e dos patrocinadores especiais que refiro no plano traduzido, imagem deles e sua qualidade de vida reflectida sobre as pessoas com deficiência, etc.

vislumbro um projecto de grande impacto internacional, sobretudo a Campanha.

Pretendo doar 1 terço do lucro à Xeroderma Pigmentosum Society (www.xps.org), entre outros donativos, acções e futuras estratégias financiadas e sucessoras deste projecto.

esta associação de pessoas que não podem apanhar sol, vivendo portanto, de noite, também será minha herdeira, bem como a FOX Tv e Tvi, devido à estratégia de solidariedade para quem noticiem. Já existe testamento.

recentemente, li um artigo na net que falava das preocupações de Sir richard Branson em relação ao ambiente e efeito de estufa. esta é mais uma razão que faz com que o meu projecto esteja em sintonia com os objectivos dele, sem esquecer o espírito de aventura, excentricidade e mediatização a que nos habituou e que também se insere no que também ambiciono, ponderadamente para atingir um objectivo de marketing e publicidade.

assim, pretendo que o Sr. mário Ferreira ajude a estabelecer contacto com a virgin.

Com os melhores cumprimentos,

veríssimo morais

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de: Veríssimo M. [mailto:[email protected]] enviada: sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2010 17:39 Para: internacional Assunto: Contrato de Serviço Fúnebre em Vida integrado num Plano Mediático internacional. Boa-tarde. Conheço a vossa empresa através das viaturas que passam na rua. recentemente, vi uma entrevista no programa da Tvi sobre uma pessoa que celebrou este género de contrato e os comentários da vossa representante. Tendo em conta a dimensão da Sevilusa e a actividade internacional, pelo menos ligada a espanha, fez-me pensar que é a empresa adequada para a ligar a uma parte do meu projecto internacional de media, que estou realizando desde 2003, cujas componentes são uma campanha mundial em outdoor; uma reportagem de Tv para difusão internacional e uma história fotográfica internacional para dvd, com personagens, figuras públicas e anónimos, empresas como adereços, etc...

Um dos conteúdos da reportagem será o facto de doar o corpo para a ciência americana ou inglesa, sendo cremado posteriormente e o destino final ainda não posso revelar devido à estratégia de marketing & publicidade, bem como impacto no público que pretendo com o conjunto de diversas acções, factos, iniciativas do projecto.

Tenho deficiência motora, licenciatura em Publicidade & marketing, resido em Lisboa, e este plano terá vários objectivos, não só para promoção da minha vida pessoal, da deficiência em geral, implementar acções de solidariedade internacionais após terminar o projecto, e, logicamente, apresentar um campanha independente de publicidade.

Pretendo celebrar convosco o Contrato de Serviço Funerário em vida, para garantir que o meu destino seja como o que será proposto no plano que irei apresentar ao mundo...

a maior parte das coisas, já terão sido executadas quando o público ouvir e vir a Campanha, mas algumas, como esta, ficarão em stanby até que deus queira...!

Uma das melhores formas de viver é tirar proveito da morte, que normalmente não benefícia as emoções de ninguém, além de heranças deixadas... Por isso, o falecido merece ser mais inteligente para saber como ganhar dinheiro com ela, que também permite a existência de empresas nesta actividade. Penso que a vossa acção será o acompanhamento, encaminhamento internacional até ao destino, onde os cientistas, alunos, etc, analisarão, farão experiências...

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Comprei um livro, best-seller de uma autora americana (mary roach) intitulado “a vida miSTeriOSa dOS CadÁvereS”, que fala sobre muitas coisas que a ciência pode fazer com os corpos e onde os americanos os podem doar... não consegui ajuda na embaixada americana e no instituto de medicina Legal só obti informações sobre o processo em território nacional, incluindo doação ou interdição de doação de órgãos. Tenho os meus motivos pessoais para não desejar acabar num cemitério ou nas mãos de alunos ou cientistas portugueses. Por outro lado, a doação ao estrangeiro também fortalece a estratégia do projecto que estará replecta de assuntos invulgares. Tendo exposto uma pequena síntese das minhas pretensões mediáticas e do contrato, fico a aguardar resposta de v. exas. para marcar reunião e finalizar o processo, que poderá ser ajustado antes do fim do projecto.

atenciosamente,

veríssimo morais

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aNExOsTeXTOS de OPiniãO

ao longo de todo o livro, esteve presente o espírito analítico e crítico do veríssimo, na forma como fala da sua vida e como descreve certos acontecimentos por que passa e os sentimentos que a vida lhe provoca. O seu espírito crítico, no entanto, alarga-se a vários campos, da política, ao futebol, da televisão à moda. Seguem-se alguns artigos escritos por veríssimo, quando a insatisfação, a revolta ou a indignação tomavam conta das suas palavras.

Silvio Berlusconi terá sido intercetado numa conversa telefónica na qual insultou a chanceler alemã. Chamou-lhe “gorda”, mas o jornal da família do primeiro-ministro italiano disse que eram tudo “boatos”. A este propósito, Veríssimo não resistiu a dar a sua opinião, pautada de ironia em relação à caricata situação e ao papel dos media:

“Os factores genéticos dela não prejudicam ninguém que não seja seu descendente e os comportamentos alimentares incorrectos poderão causar-lhe doenças não contagiosas. no entanto, há quem comece a achar isso como uma epidemia, mas o verdadeiro problema de saúde pública é o da intimidade promovida pelos bobos da corte dos media.Quem noticiou isso nos diversos cantos do mundo, pretendia o quê?! Criar impacto para ganharem a vida a liderar mulheres desejosas por conhecerem itália sem pagarem nada sob pretexto de estarem enfurecidas e preparadas para lhe chegarem a roupa ao pêlo no fim das aventuras dele e delas?!Os responsáveis da fartura são os espiões dos telefonemas, tradutores e jornalistas que trabalham como beatas, mulheres de soalheiro que se metem onde não são chamados, mas se alguém comentasse e analisasse a vida das suas famílias e, sobretudo de casal, ninguém escapava às críticas de elevados níveis de indecência, embaraço, linguagem de café, mau humor defendido pela colher que não se mete entre marido e mulher. Por isso, o que disse a marta Cardoso sobre as atitudes do José Castelo Branco (“Perdidos na Selva Famosos”), define o comportamento privado e social de muita gente influente sem e com ensino superior onde terão aprendido algumas técnicas de disfarce da natureza humana controlada até certo ponto...Se eles não dominam ambos os idiomas e vivem separados por milhares de quilómetros, seria impossível ela sentir-se mal por comentários desagradáveis que não ouvisse nem entendesse.

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Portanto, a culpa é sempre de quem nos rodeia ou dos amigos das ocasiões que se divertem como quem vê luta de galos. as pessoas que insultam um patriota ou estrangeiro não agem tão mal como as que aprendem a ofender noutra língua, porque revelam pré-disposição para esse tipo de guerra verbal. Provavelmente, ele nunca foi avisado nem ouviu dizer “não vás por aí” para não lhe apontarem mais defeitos que nem ele imagina, sobretudo quem o conhece ou priva consigo como familia, amigos ou psicólogos, críticos do que é por dentro e por fora. Os humoristas e cartonistas também encontrariam algo que o caracterizasse bem, pois, toda a gente passa o tempo a analisar alguma coisa ou alguém, presente ou distante, como o russo, medvedev, cujo estilo de andar numa notícia que vi, parecia o de um playboy a passear com as mãos nos bolsos das calças de ganga. neste caso, a culpa é da sociedade que nos habitua a ver determinadas pessoas em ambientes formais e depois sentimos o impacto ao vê-los descontraídos. Contudo, ele devia vir entusiamado na companhia do Putin e a pensar no que dizer a um punhado de belas jornalistas que teriam de se impressionar com algo se a entrevista fosse um frete!”

Veríssimo escreve sobre o anúncio a um banco português, protagonizado por Cristiano ronaldo:

“voz off feminina: ‘O Cristiano ronaldo é como o dinheiro. Parado, não rende.’Só faltou a ondulação da fulana no colchão para o público se render às doenças...Um bailarino, ginasta ou contorcionista faria tanto ou mais que este artista de circo a quem pagam milhões e nada aos verdadeiros profissionais que trabalham o corpo desde pequeninos para conseguirem sobre(viver) com acrobacias e exercícios incríveis.alguns atingem a destreza física, sozinhos, sem especialistas da medicina nem do desporto, os quais se baseiam nos estudos científicos do corpo humano, aliados a intenso treino na artilharia dos ginásios ou à moda antiga, sob constante supervisão do molde dos músculos de cada pequena parte do corpo. nem a saúde dos dentes, dores de cabeça ou tosse deve ser ignorada, visto que influenciam a qualidade das brincadeiras de bola dos anúncios, cujas filmagens seriam adiadas devido às dores. Qual seria o efeito de um piolho na bola? ele e a actriz do ‘Perdidos na Tribo’ da Tvi seriam a dupla perfeita num anúncio da marca QUiTOSO! Quanto tempo conseguirá segurá-la na testa...?!Como seria a sua vida anónima? Talvez ainda na madeira ou no Continente, tendo aspecto normal entre tantos outros ou com músculos exagerados que não seduziriam à toa... o público feminino e quem o usa para vender. devia ser condenado a uma das medidas extremas quando a sua aparência física se alterar com o envelhecimento, com a falta de exercício e farto da mesa ou bar.Se o mundo está perdido e há muita gente que não sabe o que fazer à vida, as minhas novas regras punham o mundo da publicidade nos eixos. ninguém podia representar mais do que uma marca, evitando relacionamentos iguais aos das vidas privadas, alusivos a poligamia

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publicitária! Suponho que os donos, administradores das empresas e das agências não toleravam o casamento das filhas com diversos maridos. Porque é que não se importam com o produto a quem deram vida e que vos sustenta? Quem consegue identificar (depressa) todas as marcas associadas a uma celebridade?! não podem desejar adesão, fidelização ao quebrar as regras matrimoniais, que na publicidade também seriam contratos para a vida. O fim dessa união implicaria a devolução do lucro das marcas e celebridades, como acontece na partilha de bens dos casais divorciados. viam a sua vida financeira andar para trás ao ficarem sem o que não lhes pertencia e, por outro lado, aplicava-se a pena capital aos consumidores da próxima marca promovida pelo/a vira casacas.alguns making off’s confirmam as imperfeições, instruções, repetições. Por isso, ele é o retrato dos coordenadores das diversas áreas que um dia descobriram a fórmula de transformar um ser que procuram e que, combinada a certas características naturais, encantaram o mundo como cientistas que sonham com a inteligência artificial de humanóides irresistíveis. O aspecto de certas mulheres conhecidas deixa muito a desejar por tudo o que têm de falso, surpreendentemente revalorizado pela publicidade e mundo rosa pimp. a publicidade de pimponas recauchutadas devia ser banida como foi, por outras razões, a campanha da L’Óreal do reino Unido devido à exagerada pós-produção publicitária no Photoshop responsável pelas críticas doutros anúncios deste jogador.Se ele é tão impressionante com o seu corpo flexível, porque é que não faz um anúncio ou demonstração como quem vira o corpo para apanhar coisas com a boca entre os pés?! assim ninguém diria que a agilidade dele ultrapassou apenas a capacidade básica de toda a gente que corre e joga futebol amador, fazendo exercício regular... até eu fui especial quando corri mais de 1500 km naquela fase da minha vida e não tirei proveito disso para lucrar com tal raridade de ser deficiente em part-time, contrariando a incapacidade permanente ou temporária que muita gente adquire e depois age como sendo o fim do mundo, dizendo que se sentem pior. recentemente, um bus avariou antes de sair da paragem. enquanto esperámos pelo próximo, gerou-se um conflito entre duas passageiras devido ao comentário de uma sobre a pergunta da outra para o passageiro. não continha ofensas e era do género que quem ouve e fala para um destinatário abstrato naquele grupo... ambas seriam de meia idade, tendo uma canadianas, mas o mau-estar da perna e do que mais fosse, não seria razão para ameaçar a outra e incentiva-la a rispostar com pedras. Justificou essa provocação com a manhã que não lhe correu como esperava. O motorista ironizou e os restantes passageiros também criticaram a atitude desta, pelo menos, que não teriam nada mais com que se preocupar. Suponho que viveu a vida sem doenças graves nem dificuldades físicas, para reagir assim tão inconformada ou desculpar o seu carácter... Às vezes vejo jovens ou adultos... caminharam com canadianas devido a entorce, perna partida, sozinhos ou acompanhados, de modo tão lento, passo a passo ou com pausa, que me mereciam, sobretudo quando têm um aspecto supostamente sedutor, atingir-lhes o ego... pois, não teria paciência para caminhar ao lado deles/as quando eu usava andarilho, e muito menos quando fui criança e jovem que não resistia demorar muito mais tempo que os olhos a chegar a algum ponto!”

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A edP e a responsabilidade social das empresas como estratégia:

“a responsabilidade social das empresas não é mais que uma estratégia indirecta, complementar imediatamente reflectida na imagem e notoriedade, mas é incorrecto, sobretudo quando se trata de multinacionais ou nacionais de grande ou média dimensão mostrarem-se preocupadas pela comunidade, promovendo eventos e apelando à contribuição com recursos humanos ou financeiros. a campanha ‘Parte de nós’ da fundação edP, apoiada pela rTP, é um dos últimos exemplos.‘Todos juntos podemos fazer a diferença: apenas um dia do nosso tempo pode mudar muitos dias da vida de outros.’a rTP juntar-se-á, no dia 24 de Setembro, à Campanha “Parte de nós”, promovida pela edP, com o objetivo de melhorar as áreas materno-infantis de 12 hospitais. .a edP desafiou os seus colaboradores e parceiros a juntarem-se a um projeto que visa melhorar as áreas materno-infantis de 12 hospitais, entre eles o hospital de Santo antónio, maria Pia e magalhães Lemos no Porto, hospital de Santa maria em Lisboa e Unidade de Saúde das Portas de aviz em Évora. Uma campanha de sensibilização com a finalidade de angariar voluntários que ajudarão, no dia 24 de Setembro, a realizar um conjunto de atividades nos referidos hospitais, nomeadamente jardinagem, pintura e pequenos arranjos. ‘Todos juntos podemos fazer a diferença: apenas um dia do nosso tempo pode mudar muitos dias das vidas das mães e crianças que usufruem destes espaços. maria elisa e José Carlos malato conduzem o programa que a rTP faz chegar até si, diretamente do hospital de Santa maria.’ (site rTP)Foi mais uma acção solidária que me deixou a pensar sobre algumas questões. as condições desses hospitais podiam ser melhoradas por profissionais contratados e pagos com o ordenado do principal palrador, dispensando a boa-vontade de quem não é seu criado nem família!O voluntariado de eventos que destacam o promotor não é tão nobre como pretendem que seja, porque podiam omitir as entidades mantendo a essência da coisa: pessos reunidas por desejo próprio ou por sugestão de empresas que, para o público não interessaria saber quais eram, mas sim os efeitos e acções de quem deu o seu tempo para motivar as audiências a futuros actos de solidariedade.Qual foi a ajuda concreta da edP e dos ditos parceiros? Só vi dois tipos a comentar o trabalho dos ditos colaboradores! Quem se lembrou desta forma de ajuda? O capataz?(...)as campanhas de solidariedade ou de promoção da qualidade de vida e comportamentos em que investem os tais milhões também têm muito que se lhes diga. O caso da solidariedade das barragens discrimina zonas, pessoas cujo júri não goste da música que lhe apresentam. Quais são os portugueses que avaliam as necessidades pessoais dos gestores que acham que podem decidir sobre o que faz ou não faz falta a uns e outros quando tal ilustre gente que comanda a (sua) vida sabe onde vai gastar os milhões do ordenado?não podem perder tempo a trabalhar num ou em 50 empregos acumulados, se desejarem

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gastá-lo ao longo do ano, pois não terão tempo para estourá-lo no mesmo período de férias do cidadão comum que ousa dizer que gozou das férias como quem ri da infelicidade dos que ganham fortunas sem descansar um segundo, por serem woorkaholics e pensarem que parar é morrer, preferindo, por isso, acumular reformas (subvenções vitalícias) enquanto podem ir trabalhando até que deus se lembre das almas dos pobres lambões (ou diabos?!) que tanto fizeram pela sociedade... de accionistas através da fachada da bondade empresarial que excluí a dos próprios, cuja personalidade e relação com o próximo é bem capaz de ser idêntica à de muita gente irritada que testa o adversário dizendo que não será gente nem será nada ou um zero à esquerda, apesar do senhor Francisco Louçã dar a sua vida para demonstrar o contrário!(...)Se existisse uma empresa fantasma financiada pelas que ajudam a sociedade, a solidariedade seria mais genuina, eficaz e retirava o sentimento de responsabilidade de cada uma, cuja ‘preocupação’ social lhes afecta a produção! Será que o emprego anda nas ruas da amargura por causa das empresas não delegarem a função solidária que as distrai?!”

Sobre o Príncipe do Mónaco:

“É inacreditável a cobertura que fizeram ao casamento do Príncipe do mónaco, que condeno como tantos outros, anónimo ou celebridades, cujos factos da vida pessoal revelam... Para quê? exemplo a seguir? evitar? Se é para repulsa, perigo, porque é que a imprensa cor-de-rosa, azul e branca lhes dá tantos destaque e os legisladores, autoridades não actuam? O único desconto da população mundial seria 2 e à terceira tentativa, a porca torcia o rabo... isto é... aplicava-se a regra dos 3 simples... Se... então... coluna partida (aumentando deficiências), pena perpétua ou capital. rapidamente o mundo entrava nos eixos, reduzia-se desigualdades, corrupções, crimes de todo o género, comportamentos duvidosos, etc... Toda a gente faz o que quer e ainda lhe sobra tempo... esse sujeito já devia ter juízo, e se queria casar com tal idade, que arranjasse uma gandula da mesma idade ou pouco mais nova, em vez de da garota, caça fortunas, poder, porque não reconheço prestígio, notoriedade em quem teve a referida lista de pretendentes. as irmãs também não prestam. não importa que as pessoas sejam maravilhosas noutras características de personalidade, iner-pessoal, social, beneméritos para com a sociedade que simultaneamente prejudicam da forma que condeno, tal como o passado que terá tido o presidente francês (e a sua mulher), o italiano e agora, o do Fmi, que aos 62 anos, terá tido, muitos relacionamentos, pelos vistos, tendo em conta a tipa que está casada com ele, que o apoio neste mau momento... oh coitado... tão inocente... o consentimento não devia desculpar e libertar, porque existia a anormal a aguardá-lo na França, portanto, ocorreu o extra-conjugal e a evidência de comportamento de risco. Um velho assim devia pensar exclusivamente nos dias que lhe restam e não fazer nada que lhe faça bater a bota mais rapidamente...!”

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da Líbia a Sócrates:

“alguém me explique como é que as partes rivais da sociedade vão viver sem rancor da violência que os confrontou, matou, como também aconteceu na guerra da Bósnia onde as etnias que conviviam se odiaram repentinamente?! metade dessa população, ou quem apoiava o Kadhafi, devia ser exterminado junto com ele para purificarem o país, conforme o mundo e restante população de lá ficou feliz com o seu fim? e como é os primeiros-ministros, presidentes e empregadas de limpeza internacionais ficam fora da limpeza da Líbia quando, num passado recente, o saudavam e o protegiam, sendo considerados, portanto, cúmplices, penso eu com a minha pouca inteligência que também chegará ao fim sem resposta de um neurónio culto, porque o meu ainda está distraído a pensar nos bons momentos e desporto do Sócrates, o sedutor que não conseguiu manter casamento nem a namorada jornalista e agora deverá sentir-se só a estudar francês e a correr atrás de uma francesinha do prato de restaurante, iludida pela filosofia desse portuga!”

Sobre as línguas mortas e a globalização:

“a globalização devia simplificar a comunicação mundial, reduzir o número oficial de línguas para as duas ou três mais populares, sendo o inglês, a língua materna e universal como agora, e as restantes duas línguas para as tribos e países do oriente. assim, as relações políticas, comerciais e turismo seriam facilitados, pois qualquer estudante teria conhecimentos básicos para entender toda a gente do planeta que não teria hipótese de tecer comentários desagradáveis com alguém do seu país na nossa presença! essas sensações e dificuldades de compreensão só existiriam nos contactos com as sociedades que referi.O patriotismo, valores nacionais, hábitos, costumes, cultura, identidade não serve para nada numa situação de perigo ou sobrevivência, bem-estar, conforto e dependência dos recursos de outras nações e pessoas. Para quê complicar e defender diversos idiomas e tudo o que define uma nação quando há constantemente relações políticas, comerciais e sociais das tecnologias da nova sociedade de informação que supõem que toda a gente entende o que ouve, vê ou lê, como na sociedade de um país que usa a mesma linguagem, caso contrário pouco adiantará ter-se acesso à tal informação que não nos dá sequer o poder de compreender. Quantos ocidentais consultam sites de chineses ou até de países cujas línguas desconhecem? há descendentes de emigrantes que não falam a mesma língua dos avós ou pais, mas as dificuldades seriam maiores se nenhum falasse o mesmo idioma. O ser humano é um animal social mas, nalgumas situações, defende-se como um selvagem.Quem ousaria ir de férias nacionais ou para o estrangeiro sem falar ou gesticular para não passar fome, não se perder nem parecer surdo? Qual seria a audiência e o lucro dos meios de comunicação que não adaptassem minimamente o seu discurso, pois há muita gente que

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continua sem entender parte das notícias que envolvam certos conteúdos ou linguagem avançada para a instrução dos ouvintes, que não terão tempo para se actualizar lendo dicionários, livros, filtrar lixo da internet e das redes sociais ou de conviver com as pessoas aparentemente bem formadas até se espalharem por causa do que escondem.O euro eliminou um dos valores mais importantes de um país, tão importante como a língua, porque a bandeira, hino, cultura, etc., não têm impacto na vida diária das pessoas de um país, por isso, são para inglês ver. Portanto, tudo é passível de ser abulido, reformulado, dito e (negado) feito, tal como as impensáveis medidas de austeridade ou constantes alterações da legislação, decretos-lei de todos os códigos da humanidade que escreve as orientações que lhe convém, as quais deviam ser de autoria de extraterrestes. deus também não pediu opiniões sobre a matéria que deixou. aliás, parece ter desertado sem nos dar satisfações com receio de justiça popular!”

Tumultos em Londres e videovigilância: “O governo inglês estuda medidas de controle da violência organizada pela net e telemóveis.Quem é o culpado da promoção desses e doutros tumultos no mundo? Quem permite comunicações sem muito ou nenhum custo na internet e nos telemóveis!este é um dos resultados da ofertas, promoções, campanhas de incentivo à comunicações de voz, escritas e multimédia. no entando, não são consequências tão dramáticas quanto eu desejava ver no castigo das operadoras de telecomunicações.Os chicos espertos das estratégias de marketing, destas empresas ou das agências de publicidade deviam, tal como os administradores, superiores hierárquicos e alguns subordinados seleccionados aleatoriamente para a lotaria de azar das comunicações, sofrer deficiências e penas capitais por tornarem os contactos mais desumanos, promoverem o isolamento e discriminação, contrariamente à sociedade de antigamente, na qual havia necessidade de convivío social num determinado lugar e hora com uma, duas, três ou mais pessoas. Fisicamente presentes não seriam ignoradas como nos sistemas de comunicação à distância, que deviam ser extremamente caros, reduzindo assim o acesso e transmissão incontrolável de conteúdos de quem não tivesse rendimentos ou não desejasse pagar muito.as comunicações de antigamente eram utilizadas com responsabilidade, controlando a duração e os custos de contactos familiares, profissionais. Portanto, ninguém se deve admirar e preocupar com o feitiço que se volta contra o feiticeiro! Têm o resultado e desejo de comunicações intermináveis a troco de nada! venha mais violência!a questão da videovigilância devia ser mais radical e o principal meio de controle de tudo que uma pessoa fizesse desde que nascesse, momento em que lhe seria instalado um qualquer micro sistema digno de ficção, futurista, de detecção, bloqueio, exterminação, gravação audiovisual, sendo tais imagens consultadas por agentes secretos em gabinetes equipados com tudo que os cineastas e cientistas concebessem para uma sociedade perfeita, segura,

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liberta de injustas, crimes, assaltos, violações, abusos de poder, corrupções, mentirosos! não haveria fuga de informação, porque o filme desse grupo de elite seria visto por outros nesses gabinetes que difundiam o que lá se passasse, sem identificar os agentes nem o filme de quem analisavam devido ao alerta, aviso ou lista de irregularidades na vida quem merecia ser penalizada, posta na ordem ou severamente castigada através desse sistema com gps visual, etc. acabava-se assim com as profissões de juíz, advogados, polícias. Bastava ver o que a pessoa teria feito, dito, em determinado dia, hora, situação e quem a acompanhava. as medidas tomadas pelos agentes seriam enviadas por via remota, satélite, sem necessidade de apanhar ou falar pessoalmente com a pessoa.Onde estão os assaltantes das carrinhas de valores, ourivesarias, incendiários, ladrões por esticão, de casas, de carros, homicidas, traficantes de pessoas e de droga? Quem são os alunos, advogados, juízes das cábulas? Quem é que fala mal dos colegas e patrão? Quem bate na mulher e foge ao fisco?! as testemunhas tornavam-se ‘obsoletas’ como tudo que orienta o mundo actual. O processo da Casa Pia resolvia-se em 5 minutos ou num dia, consoante a duração dos filmes dos visados!”

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“a aULa”pertence à TriLOGiado tema «BianCO» de neve

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a aula

[…] Os outros alunos estavam distraídosCom as anedotas da monteiro!

e eu dando para o sossegado, lá à frente,não deixava nada pendente…!

Curioso & detentordo poder de informação,reinaria o nicho dos destemidos,Com vénia de redentor,

Privilégio da boa formação…

Comigo à cabeceira…!(dois ou três na vanguarda)…Longe de ouvirmos qualquer besteirados demais, vestidos a meia-farda1

na traseira

Já não havia memória de pingos de descanso…!disciplinávamo-nos ao antifuro,2

Com incentivo do slogan do canto…«vamOS SaBer aPanhar Um TanSO!»3

entretanto, o baldas4 leva o pequeno avançoà fenêtre5 [latejada pelo punho duro]

1 Porquê a «meia-farda»?! Porque era uma aula e não precisávamos de andar com os fatos especiais (segundo o código de

conduta de agente). muitos de nós só tinhamos parte do fato!

2 Opormo-nos aos períodos sem aulas; feriados; buracos; tempos mortos.

3 Pateta; pacóvio; estúpido… em matéria de especialistas!

4 Fez gazeta.

5 Janela «francesa».

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«Être ou non être…?!»6

-assomando-se na cerca, deu novo ar de sua graça…«huh! O ireneu também não apareceu!ildefonso, a tua namorada, LolaJá não vai mais à bola…consigo, professora! mandou-me dizer-lhe «Ciao!»

nesse quadro negro, brilho no panorama…Serei seu porta-mensagem em feixesde não-me-deixes,7

Que colherei prá’ lém, numa rama…!

Teus apontamentos são a minha chance… Filipa!vou à feira com’ meu primo, Túlipa,8 escoltar meia ganadaria!»

Perante o denso nevoeiro,Sua figura desfrisou-se, ao afastar-se… […em maré de carvoeiro!]9

minha atenção já+ abrandariaa priori da rival… h moreira,e da sua cúmplice de «carteira» … [Olga]

Gastavam os últimos cartuchos!explodiam sem fôlego…!

«XaU! dÊ a nÓS dUaS… FOLGa!»Parafraseavam alguns sons… a repuxos!

Costumavam ser oito horas de aulas sucessivas!da retórica10 às perguntas, sem tolerar muitas permissivas!

não me era vantajosoalinhar nos apelose perder as sementes de melhor qualidade,Cuja colheita de alguns cerebelosabonará a prof. no próximo ano

6 «estar ou não estar… melhor cá fora, que aí dentro?!» («To be or not to be?»)7 Planta/flor.

8 epíteto.

9 [fig.] em ocasião propícia; oportunidade.

10 eloquência: arte de bem falar; faculdade de convencer ou deleitar por meio da palavra.

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Comigo noutra cidade,País lontano…

enquanto ela lhes respondeu…

Lubrifiquei o dente rangidoQue recordou o encantodo rim oferecidoPelo Warren… Buffet,Onde a neta do avô cantigas,Que nunca comia antes do almoço,defendeu-se da insinuação das colegas… “amigas”

Perante tal alvoroço…

“Chamem a Judite!Que eu não pagoO cacho pelo vago!”

há dias de fraquezaQue me causam transpiraçãoSentado nesta mesa…Levanto a voz?!

esqueceu a pressa da minha atenção?!vou soletrar P-r-O-F-e-S-S-O-r-a?Ora… Ora… estou falando a sós?!

aborrecem tantos segundosde descompressão da lição…

Olhei outros mundos…Lá no fundo, a maltadiscutia bilhar, batalha-naval e futebol!e ainda lhes sobrava tempo para «jogar aos países…!»

Grupo curtido e contagioso, com caras felizes,Planeava o amanhã como um pirata de COBOL…

Orientados em cartografia11 pelo colega, aníbal José neto,

11 Ciência e arte de desenhar, segundo determinados sistemas de projecção e uma escala, a totalidade ou parte da superfície terrestre num plano, isto é, de traçar cartas ou mapas geográficos em reprodução bidimensional e tridimensional.

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exoneravam a maestra de todo e qualquer poder de direito a veto!12

Os da extrema direita faziam da mesa redonda, casino e roleta,arriscando a moedinha secreta, em mão,ao passo que os restantes palmeavam sobre cromosde BOLYCaO… sonante estrondo desde o chão às paredes violeta

TrUZ!TrUZ!TrUZ! -

a sala, em teste à prova de som,Parecia bem isolada...digna de receber uma vedetaCom timbre metálico,

Para gravar canção “Bem CanTada”!

À margem da turma, e nostálgico,O + novo aluno fazia a sua charada...!Sobredotado, sentia-se “um caso mal parado...!”

andara por diferentes turmas, anos e lições,1F, 1m, 2h, 7G, 8i, 9a, 10a, 11a, 11J, 12e, 12 3.6, 1B, 2a, 3a, 3B, 2C, 1a, 4a e... 2aGS....não se tendo ajustado,ainda lhe saiu na rifa a destes parvajões13...! - (pensamento pensado)

Todavia, viera duma péssima...(9a), em que um teste surpresa,de português, fora uma lástima! – [atingiram temperatura facial máxima!]

a turma sentiu um apagão!Solidariedade em beleza!

12 acto ou efeito de vetar; acto pelo qual o presidente da república nega a promulgação de uma lei, devolvendo-a à assembleia legislativa; faculdade que têm certos chefes de estado ou certas comissões, em especial internacionais, de recusar a sanção a uma lei votada pelo poder legislativo ou pela assembleia de nações; proibição; recusa; interdição.(do lat. veto, «proíbo», 1.ª pess. do sing. do pres. do ind. de vetáre, «vetar; proibir»)

13 de parvo + j + -ões

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a matéria, não recuperaram a tempo, lá da nuvemainda assim, o sol rompeu-lhes sorrisos à chegada dos pontos zero [alegaram repetição!]

dava sensaçãoQue o menino-prodígio e a sua demasiada sabedoriaTendiam a ter colegas inteligentes de ignorânciaCiência não lhe faltaria!

O motor de busca dos orientadores escolaresÉ que não funcionava lá [...] muito bem. em última instância,Teriam de mexer uns cordelinhos para pô-lo na dos bétinhos!

Corre o boato, enquanto o tempo vai de caracol,na companhia da tartaruga,Que o espírito da.na turma 12 3.6 também não ganhava verruga

em dia invernoso e gelado, tentaram aula em banhos de sol,Usando protector de leituga!14

O professor fez a colectanumérica para a lista negra, em tom enraivecido15 de touro

entre 3 a 6 alunos, estiveram presentes,Os únicos com mente directa...Para chegar ao fim do ano, estudando como um mourodaí em diante, a turma recebeu a alcunha dos 3.6: em eterna memória dos ausentes!

estava destinada ao fracasso!Precisavam de alguém talentoso: um moderno Picasso,Que fosse o Salvador dali...!16

14 BOTÂniCa

nome vulgar extensivo a algumas plantas herbáceas, de seiva leitosa, pertencentes à fam. das Compostas, espontâneas em Portugal, uma

das quais é também conhecida por olho-de-mocho.

15 …a vermelho. Faltas disciplinares, quase expulsão.

16 …daqui, dalém e pela vida fora.

Sendo colegas de actividade

da zona, tanto melhor. Senão,

reencontravam-se por anúncios e pontos de encontro de televisão!

empanturrados de spots promocionais:

ele são canais, revistas e jornais

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raridade a de quem não se deu à conta dos chamariz de meia-tigela a 5 minutos de fama e vaidade!

alguém saido da viela, Ou doutro recanto, congratula-se. diz o que faz e faz o que disse: beija e abraça toda a sua cidade. há quem perca tempo nas artimanhas da generosidade

“Se acha e se é que precisa, procure na Tv’elisa receba espaço nobre, em país-região Tá-se bem na época esquecida do nosso cobre $€ Quem se vê apertado, Trouv’ansiedade! Conte connosco em nosso apartado! Sorte a sua! É mais que um achado! Se se julga robusto e tentador de cor… é vc que eu busco! diga onde está e dir-lhe-ei quem é!” Pinta de camaleão! Qtas x muda de estação?! À direcção do programa, “Olha a água-smile!” Sois d’arrasar! de deitar ao chão! adOrO ver vossos encontros imediatos! Tão fabulosos, aquecem quem passe na rua, regelado pela descida do último grau! emoção em peso liquido embalada à grama! em cada directo, Águas passadas mõem paciência! Comove-nos a chegada àquela figura sentada de dúzias de kilos neto de alguém a dar parecência À bela amizade da vida passada [desenrolada...] em tempos de sonhos paradisíacos e baile [recordações de quem é ou não avó!] entretanto em mean-while... Para o meu best shot to the camera “Olha a água-smile”, envio curta mensagem decorada, duvidosa, se lhe perder noção... ditosas as palavras de ajuda a choramingos de pessoas parvas! e mais não digo...! vejam-me no casting de sessão Para um dos domingos de break’dar no coração ah! Que saudades do meu braço direito! via-o mais qu’amigo de peito; Um’estaca d’alma malhada Quando a pressa me vinha à preguiça medida extrema seria a prática de perseguição subtil, da vida do bom para o mau colega recindir de esforço Com todos os sentidos: lamentando-se do coração! ai, Jesus! Que’me bot’a mão?

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em época de exame, uma aluna menos erudita, douta,Pintava escrita em mesa, para uso sábio na prova

Um colega, voltado de lado, tivera uma acção afouta,retratou em pormenor a intenção dela. exactamente! Fotografou!

Pedira ao rapaz que não fosse audaz [e perante essa situação espontânea (e nova)],evidenciou-lhe a resposta à preposição instantânea do passado 14 de Fevereiro,em câmbio do negativo, seguro e ausente da visão da prof.. era um letreirovalioso para a menina Collaço, propriamente, annia [nascida em terreno polaco]

estranha forma de conquista! – very

nos presentes de natal deviam receber bússolas,Porque inúmeros alunos perdiam-se em busca do saberPor detrás da nuvem

Todo o momento era bom para lá dar um pulo

nessa turma, os mais lunáticos e destemidos,Gozavam do prazer de ver perdidos,Balázios de papel em tiro de esferográfica Bic

havia dias em que um substantivo feminino17

e uma pastilha, faziam par com cone...

desejando que no tecto aquilo ficasse, fiquedetido sem dar sinais de chuvaOu satélite cadente [Cochichavam: “Filme projectado e «done». a «teach» vê nada, «none»!” 18]

a agitação fora maior quando um pediu a outro, a mochila,Onde supostamente guardara seus cadernos e uma luva,Por terem ido de moto. Foi o clique para um grito cheio de dente,Solto pela prof. quando avistou a chinchila19

Junto de si, rente... [“ai JeSUS!!! aCUdam-me… minha GenTe!!!»]

17 Língua - Órgão mais ou menos musculoso e móvel, tipicamente alongado, existente na cavidade bucal de muitos animais. (Sabe-

se lá quais são!)

18 inglês - […«feito». …«prof.»… …«nada»!]

19 nome vulgar de um mamífero roedor da américa do Sul, cuja pele é utilizada em agasalhos.

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a desordem parecia não ter limites!

no módulo de sobrevivência,Para o in-amigo(a) havia queda e tendência!

exprimindo o desejo por aeronáutica,O cowboy, às 8horas,Tornava-se engenheiro, mecânico e aviador

as folhas da amBar eram recurso para o fazedor...!

O borracho20 lançava o acabado...dito e feito,Para a Cara Pálida21, às 2 o’clock

a cabeça dela sentira um suave choque

«adoro-te! Tenho-te no peito!Tem importância eu não ser um Brad Pitt?!Olha para trás! hoje tenho as botas de esporas!22

São duras e magoam-me! Faço-te um convite...ajuda-me a tirá-las! Sinto sangue numa soquete!Cura-me em-balada de roxette...! [Ficas linda, quando coras! ]- mensagem do jovem em cockpit

Cara Pálida, enternecidaPor tal sensação penosa e desagradável,mostrou-se-lhe afávelPassou-lhe vale, de coração traçado [e a recebê-la calorosa em sua* guarida]*...dele.

20 Coloquial - Pessoa bonita e atraente;

não surpreendia, se ele estivesse embriagado(!)

Já vi alunos assim, na aula…

e a cheirar a matéria sob ar fumado

Convinha-lhe que ela também ficasse ébria (figurado: apaixonada)

21 alcunha

…Índia…

22 Utensílio de metal, munido de roseta espinhosa, que se adapta à parte posterior do calçado do cavaleiro, e que, picando o

flanco da montada, faz que esta ande ou acelere o movimento

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Colocando a máscara, o rímele o batôn,embelezou a pelee desertou: ansiava ver a linha de lá, da batalha

acompanhada, teria novo tom

há dias em que tudo falha,Outros em que nada malha

e esse destino: sem dúvida, o seu grande dom!

Porquê esperar mais tempo? Bute nessa! – diz o observadoramansa os cavalos! a prof. ainda não lhes deu ordem para «cavalgarem»! – exclamo eu.

Para não se apanhar um tiro perdido, é mais que sabido...

...Que em tempo de guerra não se limpa arma,nem se chama a bradoUm fiel crente do exército dos leonardoe vudu, visionando carma23

(Falava a voz da experiência...)

O memorial de treino ficava sobre o estradoa pujança da peça de faqueiro dava mostras de bom grado

(...Suplicando por réstias de clemência...)

Lança pós lançade balas de barro ensopado,deixavam com afasia24 todo aquele quadro molhado

23 FiLOSOFia

O conjunto das acções do homem a que se atribuem consequências determinativas do seu destino;

(do sânscr. karma, «acção»)

24 PSiCOLOGia

Perda total ou parcial da função da palavra, quer da função de expressão verbal (forma de apraxia), quer da função da compreensão (forma

de agnosia), da linguagem falada (surdez verbal) ou escrita (cegueira verbal); indecisão de ânimo perante uma dificuldade;

(do gr. aphasía, «impotência para falar»

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(...a auxiliar de acção educativaSentia-se indefesa e intimidada: sair ilesa parecia-lhe lotaria trilhada de jackpot!rogava os passos de regresso da senhora professora, da videoteca, trazendo o spot...nunca vira uma quadrilha (turma) tão perjurativa!)

Baseado nos cozinhados de caril,O aluno que apanhou a moda dos bonés,Prestava-se a servir uma colega da sua banda: a Cind’y-assento

Pensava ele: “Perdida por um, perdida por mil...!”

descuidada e a decair sobre afigurada cadeira minada de pionés,Previa-se um efeito... barulhento!

Guisado viril para alguém muito baril,deixaria todos saborear o seu eSTrUGir!!!25

(Passada a emboscada...)

regalados em gargalhadas, devoravam palmas

alheia ao apetite daquelas almas,Corroía a hibernaçãodo sonhador... o dempsey

esquecido no sono, lembrava a mosca tsé-tsé,Que visitou à pouco, no safari26

Ganho no concurso: “O Trapaceiro do milénio”; [dê-me por si...27] *apresentado por um actor “™n. arménio”

25 transitivo (passageiro)

viBrar FOrTemenTe.

26 expedição de caça às feras, na África.

Pelos vistos, não fora muito expedito –desembaraçado-

ele é que foi caçado

Pela doença do sono. - very

27 era o slogan encorajador dos concorrentes.

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acabando de contracenarcom a makepeace,alguém de.no sonho lhe disse“Se esperto e abre os olhos...! avise **************************************e aconselhe a regressar...- very

a sua inérciadava alguns sinais de vida, no ombro da natércia,a companheira da mesa de carteira (que lhe produzia rubor)

Se o futuro lhe reservasse a mesma sorte...a d’ acarretar um homem a porte,acho que mais valia ir para freira...!

Ou levá-lo, sonâmbulo,ao cimo duma ladeira28

e fazê-lo escapar-se, a rolar......metendo os pés pelas mãos...! [excelente preâmbulo...!29]

...Pintando-o na tela: o resto seria paisagem, se o recordasse num renoir...em tons de escuro, despersonificado e sem côr,Sem espaço para sofrimento de dor!

nem a Cia poria em causa tal abstracto [nascido dum bem criar...!]até diria para seus botões em pacto: «Que mistério fascinante!»

não penso que nos surpreenda...a bondade dela é de bom ser bem pensante,não o torna em pistas duma lendaem vez disso...assume sempre o compromisso [de o encobrir e defender]Para si, ele tem tudo haver... – very

28 Lá para a Carva ou Cabeço da mua!

descampados identificados em região muito acima do Tua (Trás-os-montes), semelhantes a denominações de zonas duma qualquer cidade.

(ex: Lisboa: areeiro, Olaias, Sete rios -Jardim Zoológico-, Lumiar).

29 espécie de exórdio que precede um discurso, uma obra, etc.; prefácio.

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Um OPULenTO e aTraenTe, oriundo de prestigiada família...de muitos haveres,nunca fazia nada nem cumpria qualquer deverde aluno. [disposta a realizar o sonho a todo o custo, aquela colega fantasiava: ...]

«...não te preocupes! Passo-te tudo! Todo o meu saber e o descreveres...!»

Pensando escrever na areia,30

idealizava o pé-de-meia...

vá-se lá saber qual dos dois seria o maior oportunista!

não imaginaria ele um pé-de-meia, de pé-descalço com outros contornos...em tinta sensualista?

Sem ser lido de core em permanente...

Para menor cansaço,seria o esquecimento muito indolor (Se imprimido em memória laser),não deixando vestígios como rastro de pneus de trama-dente...“Salida”das suas jantes refinadas...

ela pretendia-o em rOm *******************************mas o disco rigído dele, fazia jus à sua resistência...!

Lixo a mais já tinha ele,Bem como programas de baixo entusiamo [que só o voivent avec pommes...]

Contudo, Se «les cheveux»31 (daquela excelência)não fossem ou dessem «faux»32 [nem deixar... fel]devido ao marasmoda demora de “instalação”,enTÃO via-a perfeita num nexode causalidade para o efeito de...! ************************

30 Fazer coisas sem duração.

31 do francês - Cabelos

32

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de comer e chorar por mais,estava a sandwich de bifana,e espargo,Oferecida pela Jayanaao glutão...

deixando-lhe o tino da aula em letargo,33

ainda bebia sumo esquisito de... tof! (perdão)... da coisa imitante a botae a reduzido garrafão

naturalmente, que não seria o vinho Gatão!

matava o bicho e a sede: não escutaria mais o rugir gástrico do seu leão

À semelhança do explorador do ombro da natércia,mostrava-se empenhado em apanharUma raposa académica e outra regionale curtiria-se com a pele...de bom agasalho durante as manhãs de orvalho,neblina, neve, e todo o estado térmico de encolher... [??]

visto serde ligações e cortes que se rege a vida [e doce ou fel34],Convém não standbyzar,nem permanecer num mesmo estado... de contacto

mas se ele não pretendesse ser lobo não lhe vestisse a pele,enquanto a pro... fesss... sso... ra a leccionar! – very

ainda havia estudantes a serem comidospelo silêncio: moídos,a bem roer, roídos e remoídos...!

num papel de Santo...

Jordão, um aluno pacato,não andava nas bocas de ninguémdaquele pequeno mundo...

33 O mesmo que letargia.

34 O m. q. bílis. - Sabor muito amargo; mau humor; maldade; amargura; tormento; animosidade; aversão; malevolência.

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Calmo, humilde e sensível,avizinhava-se-lhe a todo o instante, uma mudança... [de ir por ali, além...]

******************************

Pede-se a quem encontraresta carta aberta...aos sentimentos,o favor de a entregarUrGenTemenTe (sem se alongar)numa agência da Caixa Geral de depósitos [minimizando os tormentos]de quem, em espera: pendenterecusará ultrapassar o coração destroçadopelo conflito sem propósitosdum a ver se te aviasperdeu o seu ente; filho bem amado

da mesma forma,deposito em si, toda a confiança,as minhas últimas réstias, nestas horas finais de esperança...

Traduzindo por miúdos,onde nada valem palavrase sentidos graúdos...

...Porque não se vive a guerrainterpretando falas caras,é o mais simplesque resolve o parecer mais bera...

antes de ficar no (e sem) tinteiro,nomeio-o tutor dos bens que eu tivera,a fim de ser medianeiro (sem sem bases d’ afim) **************************

Se sair daqui com a noçãode onde estive a fazer o quê,terei orgulho, honra (d’) e coraçãode vir a conhecer você,sem miopia e exactidão,dummm prognóstico distante

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que talvez ainda eu creia, e crêficar seguro aqui, abaixodeste pinho...

em silêncio me agacho,esperando ser esquecidopelo batalhão de um e outro regime,salvaguardando a minha essênciae a saúde... verde “como vime”dos canhões, morteiros, espadas e bestas

***********************************************dia da mãe

neste dia especial que há-de vir,estou sem ti...

estarás onde?! Foste à praça?!

Feliz dia,sem ouvires tamanha desgraça:“não vou chumbar o ano!”

Quem dirá o que eu diria?L

dei nas vistas (pelo segredo revelado):Fui à luz, sem mais mano...encantei-te com a sinfonia do berro para visitas,de mãos a dar a dar... não tardaste em me consagrar... (Bem BeiJadO!)

apresentei-te ao sétimo diano mês da maria

Querida mãe...Fazes parte do melhor pensamento que toda a gente tem.Como quem vai à guerra,dá e leva,

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Pode ser que não saia daqui vivinho da silva!

as técnicas de sobrevivênciaSão sádias e sem clemência

Carta aberta aos sentimentos que nunca te revelei...

mamã...

Por aquilo que fui, sou e serei…eu, Jordão [da Silva Tri-Braz]a ti, mamã, sempre te amarei!

adoro ser o teu fascínio!És o orgulho do meu raciocínio!

desde o tempo da célula,Que percebeste o querido menino do nono cabaz!

Olhando o passado, vivo o presente do futuro…

em linguagem de todos os tempos,nunca serei antes nem depois…!

estarei presente em toda a amplitude,Como a “moving-lagoon”,Que não desliga da nascente…Tamanha tem a virtude…!

Orgulhosa e feliz, pela minha cédula,Que te dou…

…me dás:Beijinhos fofos nos pezinhos,no cabelinho loiro,nos joelhos, na testa, na coxana bochecha, no umbiguinho e no beicinho!

em troca de me partires a rir como mouro,

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Perdido nas festinhas e cócegas de sensação quase mocha,Surpreendia-te fazendo pipi e também com um pequeno cheirinhodo teu perfume preferido, que eu muito te oferecia: JS Besoiro!Lembras-te?!vinha sempre numa embalagem infantilPara tirar e pôr com um til,Segundo as normas de higiénedo vendedor e da minha esteticista:a enfermeira miléne,Que não te cobrou tostãopelos dias que estive na empresa do seu patrão [o altruísta]Sr. dr. maternidade alfredo da Costa!

acho que ela me tomou por sua paixão!Cuidava bem de mim, pondo-me numa maneiraBem posta!

nem sei como me lembrodos tempos em que andava de coleira!

deve ter sido por isso,Que na semana seguinte aos finais de Setembro,recebi o nome do melhor amigo do homem…Que tinha o Fiscal!

Chamando seu coração…TÃO LindO e amoroso filho, logo responde o entusiasmoe a atenção daquele que é sempre bem-vindo;dado às paixões que o preenche dentro:

…muito mais que uma hipérbole:de irmão gémeo; de brincadeiras; ou de mandá-lo buscar coisas,tal falso alarme de: tráz cá! Toma! vê e apanha lá esta…!

num jogo de boladeitada sob tom doce e mole,sendo a cada vez, «lejos y lejos»… distantíssimo, lançada...

…na volta, são como no ditado…

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que mantém duradoura, a relação aberta pró tempo acabado!

amigos, amigos, contratos à parte!havia partilha de diversão,mas não de almofada nem de alfaiate!- very

estas palavras deixoescritasem minha própria memória,enquanto rezo à nossa Senhora das almas aflitas...!

Sou...Jordão. homónimo dum Pastor alemão!

******************************************************************

dispensando passar por rastreio,de um momento para o outro, tornaria-se... invisível

O desaparecer dum soldado, não era mote para luto da euforia, nem que cessassem...O simulacro e treino de guerra ou para fazer busca no entremeio...!

Se o avistassem,no lugar inferior da mesa, resguardado pelo tampão,descoberto pelo eco a responder: «ah! Pacato! há Pacato!»,sempre podia fazer bluff, usando do atacador no sapato...!

Sentia a guerra como não sendo a sua,apesar de viver momentos de estado tampão35

e se fosse negociador...?!

Também não seria solução!Porque teria de ser persistente, lutadore ludibriador...do sectário ou fautor

35 País cujo território separa dois estados beligerantes ou que podem vir a ser beligerantes.

Beligerantes: (adjectivo) que está em guerra; substantivo de 2 géneros

1. aquele que faz guerra;

aquele que está em guerra;

2. nação ou povo envolvido numa guerra

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do terrorismo!não havia modo de ganhar o pão!encarava o futuro com pessimismo!

enquanto sismava e matutava,seu destino andava à nora...

Lá ia de viagem a hollywood, acompanhado pelo romance“eu, tu e a aurora...”

não sendo uma pessoa de muitas misturas,a ...Boreal36 deixou de lhe interessar,Por não lhe esmerar a paciênciado então olhar preocupado com tudo...menos com a sua –dela- paisagem...!

ainda assim, zarpou (sorry!) Zaping! [Zap... ouh! algo com decência...!]mas divergente do seu espírito actual. bYe, Charlie Chaplin![Tá-se! Foi-se! marchou... como fidalgo na paciência]Procurava não querer ninguém junto a si, só ela junto a mim!

Para ver a imagem colorida, era necessário meter moeda, ou nota... e só depois vinha o plim!

Se tivesse uma cólicaQue o levasse a descansar no hospital,recorreria ligeiramente aos trocosdo Porky-peto, dado pelo primo da família rocos,Com autógrafo da star nobre, dedicada ao menino do fiambreJunior!

Quem é que vais esquecê-lo? Todos... os fan’s d’ Os Três dukes,naturalmente que não!

********************************

a tv estava ligada, mas apenas dava a sua imagem!apesar de incorporar sistema palp... luz havia pouca

36 aurora de luz difusa, constituída por faixas e arcos coloridos e brilhantes, que se observa em latitudes boreais.

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**********************************O professor de psicologiamal se mexia na sua eterna filosofia...!

em matéria de relações inter-pessoais, ficava-se pelos tópicos...!

Perante a aprendidazem por tentativa e erroOu por estímulos condicionados,este PavlovConseguiria bons resultadosSe abordasse as questões fora d’ exemplos utópicos,Krendo em definição + palpável e existêncial...!

Sem fugir à essênciaPerguntou aos alunos da frente, qual dos nove [tinha Garra...]e tendência... [para moderar o debate sobre PrOTeCÇÃO nas férias aos trópicos...?]Procurando assim, libertá-los da farra...

Sentindo o crescente interesse da Guerreiro...a aluna da mesa diante da sua,O prof. dr. acácioCorrespondeu-lhe, ao ter um especial fraquinho......som: “dedico-lhe o silêncio da minha atenção, “fora da rua...”se a menina puder convencer seus colegas de imediato... [Passe-lhes o seu charme! Passe-o!...deixando-os desejosos de ouvir-me!]

este senhor sabia mais que a amália!

deve ter estudado Psicologia Socialcom as acepções de Karl marx,e porventura também assistente de Publicidade, sendo colega do dr. Luís Curral,na vertente criativa do docente victor vieira...

desfrutando do sucesso ao equiparar-se com o homónimo Carl marques...tipicamente português!

este senhor prof. dr. acácio, antes de ser o que é,Começou por ser o que já não é! e assim ele se fez...

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a sra amáliatambém deve ter começado,daqui para o lado e dali para todo o lado,andando de sandália...

Um jackpot em Bónus,Também reteve na passagem pelo marketing Socialdo referido curso do sr. dr. victor vieira,em que a estratégia de segurançavia investida nesta, naquela e naqueloutra fileira,Pequenos grãos até chegarem os ventos de espanha com rajadas de bonança...!

Seo casamento com seu saber acabou com o destino da moleira...que enquanto chicado seu vizinho, seguiu à riscaas lições extra... curriculares,na ideia de garantir uma melhor visão em futurologia

mentes auxiliava o seu sogro na moagem... ela, ouvia o prof. acácio [em tanta dica]esquecia-se de conduzir a água ao moínho, vinda de valadares!

nesse giga joga,Bom era ter algum espaciode descanso, praticando Yoga!

Tudo que nela luziaera ouroPor vezes, o primo balbuceava...

“ah! Lúcia...!anda mourona costa de andaluzia!

Toma cuidado,Se não queres acabar em maus lençóisPor um qualquer pirata estouvado!

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Que vá lamber «navios ou aeronaves»noutra «gare»...!”

enTÃOnão podia dar-se ao luxo de voltara partir o cântaro, na tentativa de afogaros alunos da aula! Bem mereciam...!acabar-lhes com o pio!

nem o tempo frioLhes cortava a garganta!

Só sabiam ”pintar a manta!”

“Se eu começasse a tremer,Poderia ser um indício [a antever]o princípio...da solidariedade, enganada na necessidade [de mexer] com eles, buscando-me uma manta!”

a estratégia do aliciamento ficaria expressa em pecado...!não se podia esquecer que já estavam na semana da quaresma!

esfolava-se para lhe darem atenção!Prestes a descarrilar, entoou...

«hei!!! COmO vive a LeSma?? COmO Se SenT’ a LeSma??QUandO aTendem a SUa direCTriZ??»

nisto, alguém solfejou...37

«express your self! (§)Ou pergunte à Beatriz, a bela mere imperatriz

Seguramente que a melhor apostaÉ o tiro ao alvo da dona...!

(§) exprima-se por si!

37 ”Como-lendo” música, entoando-a ou pronunciando apenas o nome das notas; solmizando; cantarolando; trauteando.

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Sempre é melhor que resistir ao naufrágiovindo à tona!Senão para que se senta nessa poltrona...?!

vive nalgum plágio,que ninguém entende... o declamarnão conciso, devido a oficiais lacunasou a problemas existênciais? [Se lhe serve de consolo: Padece dos sintomas do sufrágio...universal; indirecto

****************************************

toda a ordem de pontuação

aplique-se no TPCdo nosso espírito enfadado... [e verá que se rido tempo em que estava só e assustado!]

no tempo livre que ainda temos... reservado, o regente pode ser você!

Garantimos-lhe eleição por sufrágio directo,na condição de ser bom... amigo? vivent?ao género das ofertas de candidatura ou cedências...Sem atrasar a dos novos horizontes, deslumbrante no aspectoe nas festas de smoking; grelhados e petiscos de sertãem mesas recheadas e ricas**********************************

Falta-nos orientaçãoPara end’ dar esta diversãoalastrada! não sabemos como reagir ao sonar ocre!

O colega surdo-mudo,Para não ficar calado,Transformou o seu pensamento aladoem halo...

Passado a holograma, dispensava qualquer comentáriodaquelas vespas, bem como do prof. dr. acácio Januário

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a falta de vozJuntou bits, bitesna conquista dum half a man

até o padre e a mãe confessaram a maravilhade louvar: amén!

------------------------------------Saiu-se com a embaixadaentre o sobrolhoe o riso...

aproveitando a oportunidade há muito... desleixada,metendo-se entre deus e o mundo,esperava que deus desse, o que ele ia criar enquanto assistia à obra nascida...!

de olho para olho,insistiu todo o ano lectivo,até ela bem saber o seu credo...!

em tempo de crise de missionárioConvinha-lhe torná-la numa querida figura em estado obituário!

Seguindo o pré-aviso,ia ************************************

“não sei se te diga ou se te conte o enredoestimo a tua resposta, entendida num mimo, sem interferência que me desaponte,embora me adiante ao passo que consideras ainda cedo

Tin tan tum. Tão...- Qual é a tua, ó meu?!Quem manda aqui sou eu!

Pára de me tirar l’argentde poche!

Cresce e desaparece!deixa-me entre a minha jeunes gens!

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não sejas parasita deste job (a emprego sem admissão!) dream away [noutro coche...seu snob !]

não me faças perder mais tempo...! Já tenho a escrita da aula em delay...vai presentear-te na política! Costumam oferecer boas oportunidades

entras, sais, dormes e faltas, como grande senhor de curiosas vontadesde empreender o trabalho pela manhã, tarde e madrugadas...

Sem estender serviço a casa, pode contemplar-se a ausência familiar prolongadana máquina de café disponivel nas horas-extras.defender o cargo de ministro noctivago,Tem os seus qq’s. Perdão. O seu mnc (mênêkê)- ei! traz...- desculpa! não te passo a palavra. Concedo-te sim, o discurso requintado e vagonuma Cr em que a maioria vence por um voto- ....................................................................

«Olha! J?B...! (vê) Saúde! Trago cantil de sumo... choco!Junta-te! Festejamos in locco,O resto do farnel que me deste...!» 38 - Proferiu em surdina e em palavras meigas,para atrair mais algum daquele doce... ela!

em SÍnTeSe...no módulo de sobrevivência testaram-se algumas das necessidades básicas, apesar de não ser uma aula de ensino primário e que foram desde: o dormir ao descansar; passando pelo apetite de comer; e do ataque; da sentença à defesa e rendição; sem esquecer assuntos de coração equidistantes... e entretenimento pela mais velha televisão do mundo: a tv a cores...!

(retomando o ambiente da sala que de momento, o sobredotado detinha...)

desenhando no estilo de rúben,este aluno dava jus ao seu nome: d.art*

*duarte.

38 era uma aluna solidária! Partilhava TOda a comida preparada pela tia. a Jayana não teve hipótese de fugir à dormida

– alugando uma casa- mas conseguiu dar sumiço aquela horrenda comida, sem ser para dentro de si mesma!

matava dois coelhos duma só cajadada:

agradava à tia e ao colega, que sendo muito alto –girafa-,

Garantia-lhe protecção pessoal.

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O «layout» tinha...3 pocilgas39 + uma delas em destaque +fantoche com escorbuto40 ++ laranjeira + fantoches de mãos dadas à sua volta + escolha em número múltiplo

deixemo-lo sossegado. Que estarão a fazer os da mesa redonda...?

TrUZ!TrUZ!TrUZ!

depois de três tentativas, o que jogavadeitou cuspo na mão, com astúcia e subtileza,Uma manada de cromos de BOLYCaO voltava,Como a vontade de raposa em caça à sua presa

entre chiclets41 e nervosismo, uma das presentes transpirava pelos poros…Tal nascente de intensos jorrosCom odor... a baunilha e a vitamina C,aroma de laranja com deleite exclusivo, se...!

...Todavia, eram voluptuosos gromos para a câmara42 dos lordes,Uma vez que era notório não haver ninguém abastado na câmara dos comuns,a fim de levá-la de cruzeiro aos fiordes...43

Confinando assim a viagem de sonho em barco a remos,Se chance houvesse... ainda descobriria «two moons...»44

dando-lhe a ela, o ensejo45 de pegar no leme,

39 Cortelho(s): corte(s) de irracionais; analogia com pavilhões escolares.

40 mediCina - doença caracterizada por intumescimento e hemorragia, em especial nas gengivas, provocada pela carência de

vitamina C;

41 da adamS.

42 aposento destinado a uma pessoa; quarto de dormir; […] Câmara dos comuns: membros da Câmara dos deputados, na

inglaterra.

43 em suite, a bordo do Costa marina.... Um non stop de caça ao tesouro, sob cenários deslumbrantes do norte da europa,

pensando já em Costa victoria, depois de tornada Costa riviera em Costa Classica, porque o Costa marina deixara sentimento para Costa

allegra e Costa romantica! - Costa Cruzeiros: mediterrâneo, norte da europa e Transatlântico.

44 duas luas…

45 Oportunidade.

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À medida que traçaria a silhueta curvilínea do ilhéu,Onde acabaria montada a tenda para pernoitar,ao luar... [insieme...46]a dois passos do céu...!

ela deixava-os sempre na bancarrota

no passado verão,acampava eu na Picota,Lá para Tavira,(Onde) realisticamente, confundi a famosa ShakiraCom ela. Ficou danada e com cara marota!Só se distinguem nas cantigas que dão...!

Sem senha de almoço, essa inêsdava-lhes crédito e atenção,na ilusão de comerem fiadono restaurante de seu pai, o chinês,nas proximidades do nosso colégio,Paredes meias com a Gnr, onde prestava serviço a sua tia, a soldado...ilídia, que mantinha boa relação de amizade e apoio com o enteado,Sérgio

embora andasse um tanto ou quanto descarrilado,47

nunca passaria de um... «workaholic»48

Junto ao plantão,assentaram o seu quiosque e uma bancada

Pagos com o óbolo49 de algum tenente-coronel,

Capitão, major ou furriel ( Já não me lembro. São sujeitos “tão importantes” que nem se dá por isso...)

Lá vendia tudo, por turnos, auxiliado pela alvoradae Santa Cruz

46 Juntos…

47 Saído do bom caminho.

48 Fanático do trabalho.

49 esmola insignificante; valor mínimo; pequena contribuição pecuniária.

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Pelo meio-dia, novo segmento de mercado vinha à sua luz...

O almoço era de toque militar...desde o snack50, a sandes de chouriço [fumado],Punha termo, o cafée um cigarro em mortalha, feito pelo Sésé!

mas temiam o brinde picante: Um ouriço [bem dado]

de dia, espaço não havia para mais mantimentos (= víveres)Pela noite, semelhante a enxame rodeando o mel,esgotavam-lhe os «condimentos»

diziam-lhe: «Também, também voltamos amanhã, também, se tiveres...se tiveres, também se tiveres, se tiveres...»

dava impressão que iam bem convidados...! – very

Perfeito negócio, e de vento em popa,Quase cotado na Bolsa de valores,se ninguém topa!

alguém dorido do órgão reservatório, do abdómen e cheio de calores,Também teria wc privativo (ao lado), no caso de ter vontade...[...ah!chichi...]

nada gastando para utilizá-lo,O único requesito era tornar-se hidrófiloBastava beber no balcão, água de garrafa ou metade...

aluna perigosa! alto risco de e para a amizade... – very

mas se os dias fossem de fascínio, sedução, amor ou paixão,hasteava-se a bandeira branca do perigo, rendido ao fabuloso,acendendo o receio a meio gás... e em lentidão,dominando, entretanto, a iguaria do sentimento guloso!

50 refeição leve, geralmente tomada à pressa.

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nasceu vencedora!

melhor que boa agente especial,Brilharia mais na Playboy,Para mais tarde recordarem... [kodak]que a senhora do lindo nariz [cirúrgico, que já não lhe dói]era dona de 1€ = 200 casinos em Las vegas

ao abnegar a matéria da aula,Faria a sua perna51... de aprendizdo destino de multimilionária: Sorrindo entre as achegas,enchia a bolsa com moedas de cinco coroas, das apostas perdidas pelos colegasem cada aula de distracção...!

modéstia à parte...e antes que o luxo do meu descansoTambém fosse tema de debate,resumi...

...Bela vida de Cábula!

de futuro duvidoso… (…vê-los-ia em rábula…),Sendo actores em bom papel de velejadores,exibiriam gaiolas de falsos adamastores,Grandes feitos de Gloriosos!

Tanta fama em farsa,Ser-lhes-ia «opening»52

Ousadia, afoiteza, alento, · e com tinta perlin-pin-pin,Cursar da esfera «swimming»53 · Converter ave de rapina em garça!54

ao espaço do vento · · · · · · Sempre daria para maior vislumbre!

51 Tomar parte actuante em qualquer coisa.

52 entrada.

53 Que flutua.

54 da família dos Flamingos.

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a prof. eXCLamava!

- «hOmBre!!!»55

«Countdown! Ten(10)… four(4)… zero!» - ignição! Lacei os pensamentos no ÂmaGO de redemoinhos e vendaval… O irreal ela evocou! - «nem conseguem um diploma de limpa-pó da naSa, no Canaveral…!»apontou-me BrUSCamenTe! - «Chega a eSTe, ó vocação! ama-O!»

Fixando-me, mais falou…

«vejo que é o único kinder delice a aula!Faz-me lembrar mi hijo,56 Schoko.ai, Schokobom que era ter-te aqui…Foi um kinder surpresa minha,

Porque el doctor me ha dicho siempreque tenia una niña!57

ma ha nascuto bambino!58

Com 4 anos já tocava rigolletopara a namorada(de 16 anos), melhor que verdiou o padre no sino!

Prodígio desejado; autêntico kinder chocolate que ela admirava no coreto

viveu depressa, meu kinder bueno… o perdi

55 interjeição (designativa de surpresa; admiração; chamamento); Como estrangeira que era, recorria muito ao espanhol e

também ao italiano! Porque é que os portugueses têm sempre de estar a par de muitas línguas, quando foram eles que «descobriram» o

mundo?! Talvez por isso, somos conhecedores delas!

56 espanhol - meu filho

57 espanhol - Porque o médico sempre me disse que teria uma menina!

58 italiano - mas nasceu menino!

Obs: Se o médico foi negligente no diagnóstico dum exame tão elementar, que esperar quando a saúde requer exames e tratamentos

complexos?! Talvez só tenha bons desempenhos em prognósticos, ao expirar a vida…!

numa consulta de rotina, confrontado com a suposta “menina”, teve instantâneos sintomas de febre-amarela (rosto pálido) e febre aftosa

(ficou sem palavras).

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adorado por todos, adormeceuem sua garganta doce, o ar se esqueceu…de entrar, aos 20 anos.

Suas células envelheceram prematuramente;quatro vezes mais que o normal. aos 10 anos já parecia ter 40»

acalmando-se com uma lágrima,Sugeriu ocupaçõesPara capa d´agente especial

não segui o seu conselho: o da esgrima!mas entendi logo o seu pensamento…ripostar contra a vidainjusta: pelo ente querido, em falta [via-me como figura dizimadora pelo seu lamento]

apostei em ideia de tentações…«Kappa3: Promo lobby Feminista!»59

O relógio brilhava 2h pra prof dar altae já eu tinha projectoelitistade manter-me fora das luzes da ribalta,a bom desempenho d´agente Secreto

Parece antagónico! – very

ainda bem que eu era do grupo dos centristas,Onde a sabedoria e o conhecimento do programa da professora dava mais nas vistas!

na ocasião de acabar de ser considerado um aluno modelo, exemplar e especial,encostei-me... à audição dumas alunas invulgares

apesar de não passarem igualmente sem cábulas,defendiam a sua reputação, objectando serem apenas uns auxiliares de memória!

Porque sair da sala em horas de ponta e de ponto,

59 Com o patrocínio do veterinário!

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Traduz-se sistematicamente no aluno: «influências ocultas... de fluídos incompressíveis, e de gases compressíveis,além de úlcera nervosa» - very

Simulavam ser cultas,Por forma a não caírem no embaraço do espírito, como ninguém restante,e no intuito de basar depressa dali, acompanhadas de salve e galardões…

eram singulares, de mérito não cessante…

nesse canto,Falava-se de sentimentose em tentativa oportuna…!

O cachecol, mantoPregado ao sussurrar,deixava meu ouvido pobre do alvo dessa fortuna!

a outra aluna era-lhe conselheira,revelava-lhe sua anterior situação,de seu anarca-coração, à conquista de alucinação…

Proferiu-lhe umas mezinhas de amendoeira,Cuja dose à risca,até o vento seu rosto lhe cisca!

expressou…«resulta e tem bom semblante!Terás um ar… faiscante!

acabas mais apelativaque um Butélo60

no entrudo!

60 enchido de costoletas de porco, cortadas em pedaços de 5/8cm, e sua cauda. Feito na tripa mais dura do porco, cuja elasticidade

toma a feição algo arredondada. Temperado em água ou vinho, contendo pimento (picante e de coloração), alho e sal, durante um período

de 24h. de seguida, faz-se o enchido, cose-se, pendura-se pela alça que possui. Quando seco, cozinha-se, come-se e bebe-se Coca-Cola.

Para amainar o duplo ardor, reza-se para purificar a boca, das palavras, entretanto, picantes!

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Pô-lo-ás a teste, diante da «Comitiva»Cá-presente! e arrebatas mercado à nutella! [Tornas-te «mon chéri» e super-estrela…]61

…dos apaixonados que nada vêem além do ludo62

Sendo benéfico arremessar-lhes trela,Para excesso-galanteios atenuar

a fim de suspensãodesse estado de indução electrostática (…)63

porque não te revês na personalidade daquele souto,64

nem na conversa oca, que não passa do penalty, (= grande penalidade)Sei de muito melhor para ti!O kinder duplo, do meu vizinho, Couto!

São gémeos graciosos,com estilo, ambição e generosos,mais promissores do que o futuro desta manada de mamíferos perissodáctilos,dourada, que rumina a própria inteligência demorada

mary-cat, não esqueças o crucial:a fim de suspensãodesse estado de indução electrostática,

61 […vão cair todos por rocher

Serás o dote que os insere

na prestigiada família Ferrero!

desde o instante que te banhes, amiga… você

com o «filtro» evoca sedução

e ouro sobre azul. Julgar-se-ão homero(!),

desejando pedir a mão dos restantes «familiares…»!]

no grego, homeros, significa «cego». homero foi um poeta épico grego (séc. 9 a.C.), autor presumível das obras imortais que são a ilíada

e a Odisseia.

enigmático, pois gosta de envolver em mistério os acontecimentos e ideias mais simples. mas homero sabe o que quer e o que pode

oferecer aos outros para os trazer ao seu mundo. […] espera receber antes de dar.

62 Jogo da majora.

63 influência electrostática, criação de um estado de electrização num corpo, inicialmente no estado neutro, pela aproximação de

outro corpo com carga eléctrica.

64 Plantação de castanheiros.; gíria, sabedoria popular: “castanheiro” – pessoa muito alta; conjunto, grupo de pessoas altas.

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Pela manhã, te deves «bronzear», lavarCom óleo de Cornicabra…65

…estabilizador da tua velha presença apática (junto deles)

especial incidência da massagem no cabelo,Susceptível de instantânea repugnância…!

Contém ainda, aditivo para efeito de limpa-memória…Que veda a lembrança da admiração vivaTida em ti: Toda a ânsia…

em minha casa tenho o elixir!Quando entramos na rota do divertir?!

- diOrnelle66, onde foste buscar tanto ensinamento?!

- À minha avó! e ao seu complementoSecular do Zodíaco!

Sabias que hoje vim com o Ceríaco,O da aula dos infiltrados... [em]?!

- Oh! Lala!vamos ter assunto para some67 semanas!ainda acabará por te negociar junto da tua mãe!

...escolhei um bom momento,Para não lhe dar um sopro [deixando-lhe o coração de pantanas!]

O orgulho do teu rebentovem do semeio de amarguras e ditaduras...

antes da pápa, tua vida não será canja...

65 variedade de Oliveira. (azeite!)

66 as duas alunas: Cristina mary-cat (pai: de nacionalidade irlandesa); alexandra di0rnelle (mãe: de origem italiana).

67 várias; algumas.

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resguarda as investidas de teus amores,de jeito a não senti-las fora d’época nem em abundânciaao fim e ao cabo,Sabe-se por fontes incertas, da extrema elegânciae vaidade d’avós babadas. Fica atenta à lista de pretensos senhoresde romance sem chavo...

não desejes ver a tua mãe perder as estribeiras... em breve, entramos na festa anual do potro,

a sra. mara [andando em roda do fermento],não prestará muita atenção...Leviano será o aceitamento...

abstrair-se-á de usar alguma vara,recusando perder tempo...

...Para manter empenho e convicçãoem renovar o título de mrs. Coze Fogaça! 68

do mesmo modo, vai... conter-seSem praguejar ou vociferar dito ou linguagem obscena

vai bendizer a entrega dele a ambas:na relação contigo; e a ela, pela cabaça...69

Cheia de jeropiga,À medida que acaba de esconder na massa... [...o resto da carne mais as gambas...]

Segredo abençoado, após fazer cruzes e benzedura,Cliché para a levedura segura e não amarga [Toda a fé satisfaz! Fazei também, figa...!]...para que a vira casacas, ela não siga,quando a melodiosa dicção

68 Pão grande e doce; Bolo que se oferece à igreja em festas populares e é vendido em leilão;

Bola: porção da massa com que se faz a broa de milho, a que se deu forma redonda, de pequena espessura, cozida no forno; também se

faz a bola de trigo; em tamanho grande, esse pão de trigo é conhecido por fogaça;

Bola de carne: porção de massa de pão vulgar ou melhorado, misturada com carnes e cozida no forno.

69 Fruto (pepónio) da cabaceira, tipicamente estrangulado quase a meio, o qual, depois de despojado das sementes e

completamente seco, pode ser usado como vasilha para líquidos.

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de teu querido soar no coração...lá de casa

dei-vos a sugestão da jeropiga70,na ideia de garantir a continuação de boa saúde,e alegria. Tranquilizando-o de que não pisará nenhuma fogaça71 [da candidata a sogra]

ele que tente ser atleta de salto em altura, para saltar a vigada adega do pai, agora em obra

Barata bebida e de fácil obtenção,Para presente feminino, que será um miminho...!

- assim seja!Como sabes tanto sobre a minha mãe, mary-cat?!- O que diz toda a gente... (?)- Que somos amigas inseparáveis.- So... there you see!72

de ouvido insistente/insistente/insistente…durante os «breaks» da prof.,imaginava a algazarra delas, um daqueles dias!

Sob o efeito do elixir... – very

«Presa» eu? ausente! estava ciente!Quem seria o preferido de seu «ataque»?!nesse dia não careceria de fraque!73

«very! Ó very…! meu autor…!Sai do contexto delas para o meu…

aqui entre nós, que elas não nos lêem…!

70 Bebida feita de mosto e aguardente; vinho a que se suspendeu a fermentação por meio da aguardente; vinho abafado.

71 antiga designação das minas explosivas terrestres.

72 aí tens!

73 Subentenda-se «não careceria de cerimónias». Casaco do traje masculino de cerimónia, com abas que atrás descem à dobra

do joelho, e pela frente se arredondam e afastam a partir da abotoadura, acima da cintura.

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Faz-me Condor…(…pela asa voo ao futuro…) …em espécie temporária!mas atende aos «detalhes»,minúcia que não me fará… Canária!74

Observarei se fui atingidoPela conspiração da seduçãoe precaver-me-ei com o antídoto: a constipação75

na volta, narro-te o acontecido!vais deitar-te sobre a questão?»

very: Sim. Porque és um personagem bué da fixe, bacano!J´agora, como vai a Fénix?76

não penso nela há mais de um ano!

mestre ambíguo: não te lembras que foi aos USa?!escreveste-lhe um convite, enviado por um laboratório em PhoenixFoi saber novos resultados da pesquisa dna,Com a prima, ÉricaJulgava vê-la cá já!Porém, terminas «vite» esta rebaldaria severa!

very: vamos jantar! Foquei todos os traços de destaque!

mestre ambíguo: achas que posso ter um telemóvel para falar à Lunavera?:)

very: (reflectindo…)

Para ficares «mais perto do que te é importante»,«como estás», não é óptimo…

74 Fêmea do Canário!

75 impossibilitando-me de cheirar o elixir!

76 apelido da Lunavera;

substantivo feminino: ave fabulosa que, segundo a crença dos antigos, vivia muitos séculos e, depois de queimada, renascia das próprias

cinzas;

astronomia: constelação austral (nesta acepção grafa-se com inicial maiúscula);

figurado: pessoa ou coisa muito rara.

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(…fim da reflexão)

acho que sim! Por ti, escrevo tudo!

Constava-se que omycrol-lab(laboratórioem Phoenix)tinha o géniode todos os ofícios.

denominado «cientista»...

Poderia ser trolha,Padeiro, latoeiro ou catequista,

Bombeiro, botânico,apicultor, escultor, «que bem olha...!»Polícia, salvador de pânico

arquitecto, engenheiro,dentista, maqueiro ou armeiro

Caçador de ”prémios” em cobiça, (perseguidor de pessoas em fuga)Juíz, desembargador de justiça

Superior “orgânico”,robot mecânico

Produtor de ração...

veterino-psicol-psiquiade bichos de estimação,abraçando a situação...delicada, com foro íntimo em textura: animal. espantosa relíquia!

ilibar ou não ilibar, sob tensão e loucura?

não se julgue o próximo ou eles nos julgarão,

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na primeira ocasião,Sem suborno por melícia77 ou caviar

«O gato é maluco!O gato é maluco!»– sentença popular

mais que uma frase fixa,havia quem afirmasse que comia as cartas do carteiro!Já ninguém escrevia segredos, de ocultar...

revelava notórios traços de insanidadee perda de identidade!

Coitado do bicho demente! [ia morrer solteiro...]...e a toque de caixa,Pegado com o sapateiro,a montante78 de toda a gente!

atormentou e consumiu a paciência do cozinheiro: Ficou de baixaTodo o menu... [desde a caldeirada à fragateiro...79]...passando pela carne do restaurante. O pé-de-pluma80 deixou pistas: uma lascade bife cru! O empregado desfeito em desculpas,dirigia as pessoas à rua, indicando-lhes a gesto...a sua tasca!

Quem tem olhos, vai longe...«regarde acolá! non cé lontano! molto presto! molto presto...!»exprimindo-se o melhor que sabia... em português,Gl’ iitaliano vero, usando de simbologia

77 espécie de morcela doce feita com amêndoas pisadas, banha de porco, canela, mel, etc.

morcela

enchido em que o elemento principal é o sangue de porco com gordura e condimentos;

chouriço doce.

78 GeOGraFia

Para o lado da nascente…

Figurado [segundo Guardião Lunar]

Pós maré-cheia de toda a gente!

79 variedade de caldeirada com diversas espécies de peixe.

80 Gatuno, ladrão.

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marcava pontos em geografia...!

até assinalava num papel,dizendo que podiam comer na esplanada do miradourodonde viam o rio douro...e a estação- very

Contra focos de resistência, novamente,Bombeiro pelas labaredasem época estival... Também banhista:Usando badedas!81

naturalista,Ferroviário anual

Zoófilo, navegador,aventureiro de Áfricaem safaris,entusiasta de moto4 Polaris

(em transe de marco, marca quilométrica,“Consciência diurética”!)

Greenpeace activista

montado na mota, de novo,Para um passeio de ambientalista

“exmo. sr. Puro ar, ao seu serviço, sou repórter fotográfico”

designer gráficoGinasta,Bailarino em foliade Carnaval,

81 Gel de banho.

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industrial da marca GOLia

Professor......básico a universitário,Operário de frangos de aviário

e assistente de veterinário...-recebendo o tal gato em consulta de rotina,Às tantas da matina!-

afalar82 bem falar,Tardiamente permanecia cedodeatrasar todo e qualquer medo,Seafalada fosse a regressão [à vida passada]háSemanas... sabendo de antemãoQuemdesejava atravessar o coraçãoafalado83

Coitado do bicho demente!nem um ronronar ele já tinha presente!

a coisa não andava famosae urgia descobrir tudo acerca da polvorosa

“Bernardo mo ris,deixe-se levar pelo souris,84

e pouco a pouco, sorris...J !...mo ris e souriceau 85

82 Falar a um animal para o guiar ou animar.

83 designativo do animal que percebe falas.

84 Francês

rato.

85 Francês

ratinho; ratito.

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Ficam amigos e bebem de l’eau... 86

J h2O J !”

O génio de todos os ofícios podia ser tudo,melhorando o bem para bem e o mal para bem

este deus vira-se um zé ninguém,Quando viu o que estava a chegar ao escudodaquele bicho pardo,de listra,Sentindo-se pequenino para a revelação [daquele dardo...]

Pediu segunda opinião [sobre iminente insegurança do paciente] - very

Cozinheiro de esturjão, floristadas células que se desligaram: “alpinista”: analista

mestre ambíguo atendeu o gato enviado por seu amigo... de quem ele mesmo era paciente

“diga-me que o traz por cá, que lhe passa?” – perguntou mestre vidente “meu médico veter mandou entregar-lhe esta carta... diga-me porque tanta gente do horizonte, de mim se farta?!” ....

minutos depois dum profundo silêncio.......

“O problema não és tu.É ela!

viu-te sair do restaurante a olho nu...!e reentrar e sair com carne e peixe cru

86 Francês - água.

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há falta de agulhas e camisola, ou lã e tear com que tecê-la,deixou-se levar pela tecelagemde seus olhos ordenados pelo mau tecelão...

Sua vizinha tem sintomas...Um cérebro que está perdendo faculdades,Como o de reconhecer e chamar as coisas pelos nomes...

a melhor lembrança,Que em fase avançada da doença essas pessoas ainda sabem,a título de exemplo em detrimento de outros, é a dos animais domésticos...Quanto aos restantes, tanto o nome como a imagem [entram na dança...]...ao redor da mesma árvore genealógicado cão, gato ou pato, p/ex:. Todos são pardos e não mestiços

Uma ovelha pode assemelhar-se a um cão,de igual modo, o cavalo, o boi ou a vaca terão reflexão idêntica...

aos olhos da cadência celular, seguram-se à inteligência [de]bebé. na fase terminal perdem o caminho de seu pé

Padecem de doença irreal e ilógicaacabando por esquecer a forma da vida

retendo apenas a imagem de bicho pequeno,Com quatro patinhas...ilusão? Foi mais que evidente naquele dia ameno!

Sua vizinha viu um rato,associando-o a si, o seu amigoGato!

ninguém a vai desacreditar,nem ajudar, por viver sozinhatarde e mal os aldeões vão notar

você vai acabar mais que ferido...!Porque só ela ouviram. e testemunharContariando o dito popular [construído] ,

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São 100 por cento naturaiscrendover gato em vez de ratojunto do correio, que estava comendo...

ninguém vai desconfiar qu’ aqui, ou seja, lá... não há gato!mas que certamente o há nas declaraçõesOnde não devia estar...!

não cruzando as informações,validam e dá-las-ão como oficiais,Quando nem sequer são oficiosas...!

além de Puras versões ociosas...

O falso boato acabou alimentadoPor pessoas dignas e mentalmenteSãs, em consequência de o verem sair disparadodo restaurante, no dia em que os roedores se baixaramÀ greve, devido “ao imposto”: o ratax da empresa de desinfestação

Se bem se lembra: nesse dia, os seus donos estavam ausentes...e assim continuaram...Por algumas semanas. Foram de férias!

nenhum ser vivo entra em greve de fome, por pouca razão,que levou mo ris a abastecer-se, devido ao aperto da fome e do estômago,sem pensar nas consequências do “aperto” do coração...

a vingança tomou forma, desde então...aconselho-o a preparar a extrema unção...

não vai aprender nada de novo, visto ser prática usuale entretenimento habitualdo seu dia-a-diaSempre que vai para o sol, debaixo da figueirahumedece a pata e pinta o rostoPor higiene, ou associa o gesto a outro gosto...?!

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Por aquelas bandas será a sua última visão... a derradeira,antes do tiro não sair pela culatra do caçador furtivo[triste desenlace...]

ainda há quem diga ser amigo dos animais...!Qual dono qual quê...!

Terá um enterro dígno na costa de valvão,Onde descansar’ alma dos melhores que “por cá” andam...!

Jazerá junto a uma sebe,Tranquílo, porque pra lá do marão,mandam os que lá estão!

depuis le moment que le chat ne será là,les souris danseront!

O mesmo será dizer que:a partir do instante que o chato (perdão), o gato não esteja,Os ratos dançarão!

não esquecendo que:O patrão do lado estará fora,Sendo, também assim, dia santo na loja...

não se pode evitar a felicidadedos inimigos, quando nos bate à portaTamanha fatalidade...

deixe que mais dia menos diaTambém irão bater a bota!e aprenderão pela mesma nota...alguém que deles, ria...!

nos dias dos fiéis defuntos,Conduze-se à entrada do real,em que o Bernardo vive em ficção,Todos os excursionistas de dois ou três Fiat punto’ sOu d’ audi a4’ s”

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embora a peregrinação seja em torno de si,Saiba que vai ser beatificadoJamais o seu espírito se dilui!

a vida de “faro”vai ser coisa do passado...e a suspeita de papão do dinheiro [de valor caro] ,vai sentir-se pobreCom o renascer da sua alma para um negóciona terra do nada, onde a produção só conhece castanheiroe umas suas primas e enteadas, *****************************vivendo de monocultura entretida em domingos de futebol

******************************************************* Operador de tráfego aéreo,empresário de hi-fi [estéreo],Cinéfilo em género sci-fi (ficção científica)

economista, gestor, consultorde dieta mole,[dietista], nada rei em futebol!

Pasteleiro da massa que no BCP leveda,

alentejano em descanso e leitor de crónicasSob árvores cónicase romancista...admirador pitagórico na relação freudianado jovem Cateto com a hipotenusa,num romance que progride 81% (em casulo feito para dois bichos-da-seda),enquanto mantêm o núcleo de amigos ao relento (a uma distância mediana),na companhia cálida da delta (de cognome: Cafés; e de origem, Lusa),mas à tangente da dúvida que os subtrai:“Qual de nós entende o ângulo da nossa existência?”inundados de silêncio, o Seno, a Gama e a Beta,Pensou logo existir a alfa...!

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...que nalgumas situações surge primeiramente,87

para se apoderar das ondas de muita gente,88 ou em parceria com outra componente,89

para facilmente atingirem um fim...Todos viram que não tardaria um convite para o casulo,do «jeune ménage...!»

de volta ao trabalho,o cientista continua a ser...

Contabilista, motorista, actor,deputado... soneca enfermo......licenciado em roupa passada,Publicitário, gente desempregada

Pastor ermo,Pastor ermo,Pastor ermo...não vem mais ninguém?!

director, dono d’ hora,“Best man” d’ outrora «Pintor» de orçamentos,malabarista,aprendiz de tabuada,atleta recordista!

Banqueiro, correctorinterplanetário, passageirovoador,Turista pioneiro

astronauta, músico além flauta

87 alfabeto grego; astronomia.

88 Ondas alfa.

89 alfa e ómega.

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Jornalista, rP,Foto de revistaQue curioso lê!

apresentador, ”entertainer”90

do “That’s incredible!”......Fantástico consumidor de Fantamergulhadora da garganta, [“trainer”...]91

...para um ambiente de eLevadO decibel!

«eh! aí em baixo! Segurem o homem do saco (€), da manta,que já vai acolá!»

- Um ajudante de construção,no telhado, sentado num tijolo,acabando o pãodo almoçoe a caminho da sobremesa de bolo –

«atinjam-no com um rebolo,92

senão, com o moço,93

vá que não vá!»

vigilante,Segurança,alguém confiante......Sujeito político!...Transformista em ser inanimado: “comboio Big Brother” em plenário!

Farmacêutico, terapeuta,nostradamus apocalíptico

90 Substantivo

dono da casa, anfitrião;

aquele que entretém ou diverte.

91 Treinadora

92 regional; pedra redonda.

93 instrumento com que os carpinteiros apertam peças largas; jovem.

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Carpinteiro de corsário [em tempo de crise, crítico]

Legionário de plena fé: Leu-ta?!

e por aí adiante...!sms, entrevistador distante:«Por q + gostas d fazr-t passar?! :) »

sms, resposta:«Pelas lendas e narrações de lendário!...tipo ”cosa nostra”!»

actualmente, dedica-se à profissão de cientista; à investigação das causas do “poder atractivo” da Lunavera e do “sobre-aquecimento” do mestre ambíguo. Tem a particularidade de poder ser quem quiser, porque «a sede das suas funções psíquicas» já está configurada na inteligência do “future man”! Fenómeno ainda inexplicável; assunto que não lhe abordam. Todavia, ajudou-nos a entender grandes imbróglios da nossa sociedade: as viagens fantasma com meios de transporte vindos do seu tempo, em 4002, por obra e graça dum malfeitor!

– Parece que estes estão em toda a parte! e cada vez mais, se tornam “nos mais importantes...”! Se até agora, meio mundo enganava meio mundo, já se vai ficar apenas por umas famílias ou pequenos grupos. mais sincero e respeitoso seria o al Capone e os padrinhos do segundo milénio, porque cortavam o próprio cabelo com tesouras improvisadas por si mesmos, bem como a barba; não ficando o barbeiro com a tentação de os degolar! –

Talvez o homiziado94 tenha negociado alguns syonic-cars no mercado negro da nossa realidade! Segundo nos diz o nosso bom visitante, são aeroterrestres, ultraleves (em peso), supersónicos, superluz, super-eye e supertoque. desde que a pessoa entra neles, tornam-se ocultos, evitando o choque entre si. alguns sistemas que os movem, estão relacionados com o bater do coração, gestão cerebral, energia despendida pelo corpo (em centígrados ou em tensão). rondará o buraco do Ozono a fronteira? Talvez o mais certo seja o buraco da recente galáxia descoberta. Os mais destituídos de instrução, que tenham cuidado quando estão a instruir-se porque podem adquirir conhecimentos de buracos básicos, nos finais do assento! algumas respostas, nesta e noutras matérias, ele deixa ainda dúbias, salvaguardando o bem social, num mundo ainda bastante incauto!

94 que ou aquele que anda fugido à acção da justiça.

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nas horas vagas, tenta investigar o paradeiro do fugitivo escapulido da sua era. em pouco mais duma semana, torna-se perito em qualquer actividade. Cada nova profissão em que se forma, segundo as necessidades, elimina-lhe todos os conhecimentos da anterior (relacionados unicamente com esse campo) automaticamente, nunca resultando numa sobrecarga do seu cérebro.

muitas questões se podem levantar em relação à sua origem e ao seu surgir, mas não sobre as suas competências.

Sabe-se que tem laços afectivos com uma família de pescadores que vive sobre uma plataforma em pleno Oceano atlântico e que um modelo do seu syonic-car foi vendido à netcabo, para melhor promoção e resposta da empresa face aos seus consumidores exigentes com as novas tecnologias. Que melhor slogan podia ligar a empresa ao sucesso, se não fosse “COmUniCaÇÕeS de OUTra GaLÁXia”, associado ao belo design do protótipo? Se não tivesse dito como funcionava, claramente se via que há no syonic-car (azul), traços de vida própria e ar humano, jovem, sorridente e com visor simpático. alai falou com a Tiara, pela telé-unha e esta mandou outro syonic, sozinho, até cá.

O dinheiro desse veículo foi utilizado em causas humanitárias.