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2011 - 2012 Português 5º ano Escrita Criativa O LIVRO QUE SE SENTIA SÓ

O livro que se sentia só

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escrita criativa - 5º ano

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2011 - 2012

Português – 5º ano

Escrita Criativa

O LIVRO QUE SE SENTIA SÓ

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Era uma vez um livro que estava numa estante de uma biblioteca que era

muito concorrida, algures na América.

Foram-lhe limpando o pó todos os meses, mas como já estava ali há uns bons quinze

anos sem o folhearem começou a ficar com aspeto amarelado. O livro estava ao pé de

uma janela virada para uma escola e chamava-lhe à atenção uma menina que não

percebia nada de matemática e que ia muitas vezes para a biblioteca. O livro

perguntou-se porque é que sendo ele de matemática a menina nunca o requisitara.

Ele tinha a certeza que podia ser uma boa ajuda. Passaram-se mais de três meses,

sempre a olhar para a rapariga, e ela finalmente requisitou-o. Ele ficou tão feliz que

amarelou mais do que estava.

A menina chamava-se Madalena. A partir daí, todos os dias lia um bocado do livro.

Com o passar do tempo, preparou-se para as Olimpíadas de Matemática, acabando

por ganhar as mesmas.

O tempo foi passando e o livro ficou com saudades da biblioteca, de falar com o seu

amigo computador e de partilhar o calor e as informações com os outros livros.

Então, numa noite, decidiu ir ao computador ver se a biblioteca era muito longe.

Mas de repente, a Madalena entrou no quarto e pô-lo na sua mala de viagens e

disse:

- Mãe, já estou pronta para ir às Caraíbas.

E o livro ficou pasmado com aquilo.

No dia seguinte, quando chegou, falou com vários objetos e animais, até caiu na

piscina, mas quando foram embora, deixaram-no lá. No outro dia, a empregada, ao

limpar os quartos, encontrou-o e deitou-o para o lixo.

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Quando apanharam o lixo, puseram-no num navio que transportava lixo para a

América. Um homem que trabalhava na lixeira apanhou-o e levou-o para a sua filha

perceber melhor a matemática. E foi assim a vida deste livro.

Duarte Fernandes, 5º A

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Era uma vez uma biblioteca que estava cheia de livros interessantes e todas

as pessoas gostavam de lê-los, menos um livro em que ninguém percebia o que é que

ele queria contar, pois ele tinha uma matéria muito avançada para a maioria das

pessoas.

Durante trinta e dois anos este livro viu passar muitas gerações em que ninguém

queria saber as maravilhas que ele tinha. Coisas avançadas param o tempo de

alguns, no campo da arquitetura.

Mas para surpresa do nosso livro, havia um menino com apenas oito anos que

sonhava ser arquiteto quando fosse as grandes que interessou-se muito por este

livro e conseguia compreender coisas difíceis que nele vinham escritas.

Para espanto de todos os outros livros este tornou-se o livro predileto daquela

biblioteca.

O menino partilhava tudo o que aprendia desde livro, com os seus amigos, vizinhos

e família, como se podiam fazer casas diferentes, projetadas pelos arquitetos

favoritos do nosso pequeno rapaz.

O livro gabava-se de ser o preferido do menino mais inteligente que já o havia lido e

o menino gabava este livro como sendo o melhor do mundo para si, dado ter muitos

conhecimentos importantes para quem quer ser arquiteto.

Passaram-se anos até que este menino cresceu, já tinha 20 anos e foi para

universidade, tornando-se um brilhante arquiteto graças àquele espantoso livro,

sem o qual ele nunca teria conseguido ser um aluno brilhante, estudando o que

amava – a arquitetura.

Um dia apaixonou-se por uma bela rapariga chamada Carolina e os dois casaram-se

e tiveram 4 filhos e 1 filha, cujos nomes eram André, Rodrigo, Tiago, Pedro e Marta.

Todos os seus filhos admiravam o seu pai e o trabalho que fazia.

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Um dia perguntaram ao pai qual era o seu segredo para ser tão bom arquiteto. O

pai pegou no antigo livro e explicou-lhes tudo o que tinha aprendido com ele.

Ficaram tão admirados com tantas coisas interessantes que todos disseram que

quando crescessem também seriam arquitetos.

Todos os dias os meninos pediam ao pai ou à mãe para ler um pouco daquele livro

antigo e fascinante.

Quando outros adultos perguntavam o que eles queriam ser quando crescessem,

diziam todos: Arquitetos!

Mara, 5ºA

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Havia uma família que tinha um livro que passou de geração em geração,

mas por agora estava com a pessoa mais nova da família.

Essa pessoa chamava-se pedro e tinha 5 anos. Ele tinha cabelo castanho que se

assemelhava à madeira dos troncos das árvores, mais abaixo tinha os olhos

castanhos como avelãs.

O Pedro tinha mais dois irmãos que também gostavam muito do livro, que eram o

Vítor com 13 anos e a Inês com 16 anos.

A família gostava muito de ir a parques, por isso, foram a um.

Quando lá chegaram tentaram descobrir um lugar para eles se sentarem. Logo que

conseguiram encontrar um lugar para eles, estenderam a toalha e puseram a

comida em cima dela.

O parque era muito grande e tinha muitas árvores, e mais parecia uma floresta,

mas sem animais perigosos.

O Pedro, enquanto os irmãos foram brincar, ficou a ver o livro que ele tanto

adorava.

Já era hora de sair e a família foi para casa, como o Pedro foi logo a correr não se

lembrou do livro e deixou- o na relva do parque.

Quando chegou a casa lembrou-se que tinha deixado o livro no parque e ficou triste.

-Mas hoje não dá porque já é tarde, podemos procurar amanhã-disse a mão a tentar

consolar o filho.

O pedro foi para a cama a pensar se o livro estaria bem.

Voltando ao parque…..

No parque, o livro, pensou que o tinham deixado ali de propósito, então, começou a

sentir-se só.

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De manhã o livro viu outra família a pegar nele. Ele ficou tão feliz, mas quando essa

família foi embora, ele viu o Pedro e os irmãos com um ar de preocupados, então

percebeu que eles estavam muito preocupados com ele.

Quando o Pedro olhou para essa tal família foi a correr para dizer que o livro era

dele e que ele se esqueceu dele no parque.

A família deu-lhe o livro e o Pedro ficou muito contente e voltou para casa e

percebeu que essa tal família era de um amigo do Pedro e convidou a família do

amigo do pedro para irem a casa deles.

Beatriz Baptista, 5ºA

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Era uma vez um livro que vivia como tantos outros numa biblioteca da escola.

Esse livro era feliz, porque havia um menino, com ar de traquina, magro e baixinho,

que o tinha lido vezes sem conta e nunca se cansava de o ler. Os anos foram

passando e esse menino ia crescendo, mas continuava a ir buscá-lo, era com ele que

desabafava tudo, como se fosse um diário. O livro era de capa vermelha e letras

douradas como o sol. Até que o menino teve que mudar de escola, de país, porque os

pais estavam com dificuldades e nem sequer teve tempo de se despedir do seu amigo

fiel “livro”. O tempo foi passando e o livro começava a estranhar.” Estar tanto tempo

sem sair desta prateleira não é normal.- pensava o livro. - Será que ele se fartou de

mim? Estarei velho e gasto, para ele não me vir buscar. - Chegando mesmo a

comentar com outros livros. - É, ele deve estar cansado de mim, com certeza já

arranjou outro e trocou-me, se calhar um bem mais novo que eu, com páginas

bonitas, desenhos lindos.” - Disse o livro com um ar triste.

Os anos foram passando, e o livro sentia-se infeliz e triste porque nunca mais tinha

voltado a ver o seu amigo e nem sabia porquê.

O livro já tinha algum pó quando, de repente sente um adulto a aproximar-se.

Pegou no livro e levou-o para casa.

Ao chegar a casa o livro conheceu o sítio onde estava, mas não era o menino, era um

adulto, havia qualquer coisa estranha. Foi então que António, assim se chamava o

menino agora adulto, começou a falar com ele e a desabafar tudo outra vez.

-Nunca mais vou deixar-te, irás comigo para todo o lado, senti tanto a tua falta meu

fiel companheiro. -Disse com um ar feliz.

O livro ao ouvir isto, não cabia de contente. E ficaram juntos para sempre.

Madalena Ribeiro, 5ºA

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Esta história fala sobre um livro que vivia numa escola, no armário da sala

nº4.Este era sobre Inglês, chamava-se “A descoberta do Inglês” e a ultima vez que o

tinham usado não foi de um modo muito correto e também já tinha sido há muito

tempo.

Um miúdo chamado Ryan tinha de fazer um trabalho sobre Inglês e então a

professora recomendou-lhe “A descoberta do Inglês”. O Ryan foi buscá-lo mas logo

de seguida atirou-o ao chão e pisou-o. A professora não achou piada e castigou-o por

duas semanas.

O livro estava em mau estado e nunca mais ficou na secretária da professora e

então começou a passar a estar no armário ao pé dos outros livros velhos, também

em muito mau estado.

Continuando… o livro estava sempre a ouvir professores e professoras, alunos e

alunas a conversarem, a ensinarem e a entrarem e saírem todos os dias. No dia doze

de Abril de 2012, uma menina chamada True e outra chamada Chyna foram ao

armário buscar um livro que a sua professora lhes tinha mandado. Elas não sabiam

qual era o livro, pois tiraram “A descoberta do Inglês”.

- A sala está muito diferente desde aquele dia! – Disse o livro muito baixinho, para

ninguém o ouvir.

A sala já não tinha o mesmo quadro de giz que fazia muitíssimo barulho, as mesas

já não eram de um só lugar e os alunos eram muito diferentes dos antigos.

-Meninas, eu disse o livro de capa azul e com folhas finas e não esse livro em tão

mau estado! Afinal isto é uma aula de Ciências ou de Inglês? – Perguntou a

professora com pouca paciência, porque faltavam dez minutos para a aula acabar.

O livro sentiu-se mal, pois a professora de Ciências o tinha insultado, mas, pelo

contrário, para Chyna e True o livro tinha algum significado. Elas foram guardar o

livro e tiraram o que a professora queria.

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- Descansa livro, eu vou perguntar à minha professora se posso ficar contigo. –

Disse Chyna.

A campainha tocou e True e Chyna foram para o intervalo esperando que tocasse

para irem para a aula de Inglês.

- Elas devem ter mesmo gostado de mim, se calhar até vão precisar de mim para

um trabalho de Inglês! – Disse o livro cheio de esperança.

A aula delas começou e, por sorte, era na sala nº4. Ele ouvir as cadeiras a serem

arrastadas para trás e para a frente e aquelas conversas muito baixinhas no fundo

da sala para o professora não ouvir.

- Que sorte que tu tens! Estou aqui há vinte anos, ouvindo ano após ano vozes

diferentes e vozes conhecidas, e nunca fui tirado deste horrível armário. – Afirmou o

seu amigo, o manual “Música e Melodias”.

- Descansa, que se aquelas meninas ficarem comigo, digo-lhes para também

ficarem contigo.

-Como é que tu vais falar com elas se nós não podemos dirigir-lhes a palavra? –

Falou “Música e Melodias”.

-Eu cá tenho os meus métodos, agora cala-te para eu tentar ouvir a conversa entre

elas e a professora.

As tais meninas perguntaram à professora se podiam ficar com o livro, mas ela não

deixou. Mas disse que iria dar um trabalho de Inglês e para consultar em um livro e

que podiam utilizar aquele que queriam.

O trabalho era fazer uma pesquisa sobre a descoberta do Inglês e o melhor de tudo

era usar o livro que tinha esse mesmo nome! A aula tinha acabado, True e Chyna

foram buscar o livro e levaram-no para casa, como eram irmãs viviam na mesma

casa, obviamente.

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- Vamos fazer o melhor trabalho de sempre, vamos ter os nossos primeiros cincos

num trabalho de Inglês! – Disse True, com muitíssima esperança.

- Então porque não começamos por lê-lo? – Perguntou Chyna.

True disse que sim e logo de seguida começaram o trabalho. Passado uma semana

o trabalho estava pronto para se entregar e a professora deu-lhes cinco como True

tinha esperança de ter.

Passaram-se anos e anos e anos e elas já não estavam na escola e o livro tinha

ficado com elas, pois a escola estava cheia de livros e a professora delas disse para

elas ficarem com ele, já que este tinha tanto valor e sabia que o iam estimar bem.

Ryan também tinha mudado, era escritor e amava os livros como amava a vida e o

mundo. True tinha ido para Inglaterra, pois tivera uma nota muito elevada em

Inglês por causa da ajuda do livro. Chyna era professora de Inglês e trabalhava na

escola onde tinha andando e onde conheceu o livro. E quanto ao “Música e melodias”

tinha ficado com a filha da Chyna, Tori, e com o filho da True, o Alex.

Como já tenho poucas folhas para escrever, tenho de acabar aqui com a história.

Espero que tenham gostado pois o “Descoberta do Inglês” foi um sucesso como livro.

Catarina Rebelo, 5ºA

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Ato I

Este ato passa-se num comboio e numa casa com uma menina terrivelmente

má para os livros.

Cena I

Numa tarde chuvosa de inverno, um comboio levava um rapaz que ia a ler. Esse rapaz

chamava-se Gonçalo. Era alto, magro, usava óculos (com uma armação grossa), tinha

olhos azuis e era fanático pelos livros. Mas nesse dia adormeceu no comboio e

esqueceu-se do livro! Uma menina terrível chamada Luísa, com 8 anos, pegou nele e

levou-o para sua casa.

Gonçalo - O meu livro? Onde está o meu livro? Já sei! Vou perguntar ao revisor

daquele comboio se o viu.

(O Gonçalo sai do palco fazendo barulho com os pés e entra a Luísa em casa soltando

um grito maléfico)

Luísa - Já tenho 95602 livros, com mais este 95603! Vou guardar-te nesta estante com

os outros livros para sempre!

(Solta outro grito maléfico e sai deixando os livros)

Livro - Hei! Malta! Vocês não se sentem sós aqui sem ninguém vos ler?!

Todos os livros - Sentimo-nos, mas esse não é o maior problema, o maior é que ela

rasga-nos as folhas e, antes de nos ler, queima-nos!

Livro - O quê?! Eu vou sair daqui, venham comigo!

Todos os livros - Nós íamos, mas muitos já tentaram e foram automaticamente

esmagados!

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Livro - Não quero saber! Prefiro ser esmagado a estar aqui sem me mexer e depois ser

rasgado e queimado!

(O livro dirige-se para a saída com ar heroico)

Cena II

Aparece um guardião dos livros fazendo uma rajada de vento sobre o chão da casa.

Guardião dos livros - Meu jovem corajoso, eu sei que tu queres fazer isso mas,

lamento, isso é impossível!

Livro - Como é que vocês desistem logo sem tentar?! Temos de pelo menos tentar! Por

exemplo, estão a ver aquela janela ali? Podemos fazer uma torre e sair por ali. Além

disso, somos muitos.

Guardião - Podes ter razão e só há uma maneira de saber. Tentar!

Todos os livros - Ao ataque!

Os livros juntaram-se e formam várias torres saltando um a um para a janela só que

se depararam com um novo obstáculo: estava fechada. Com a ajuda do guardião e de

todos abriram-na.

Livro - Eu não disse! Foi possível!

Com isto o Guardião dos livros deu-lhe o poder de o ajudar nas suas tarefas.

Livro - Agora vamos cumprir a nossa missão! Ser lidos por alguém.

E encaminharam-se para uma feira do livro que se realizava ali ao lado, no Parque

Eduardo VII, pois os livros sentem-se sós se não forem lidos.

Dinis Santos, 5º A

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Na biblioteca da escola Maria Alberta Meneres havia um livro que se sentia só

pois já tinha muitos anos e ninguém o lia. O livro tinha uma capa vermelha em

veludo e as suas letras eram um de dourado muito forte. Era um livro que continha

grandes histórias de piratas. Em tempos tinha sido um grande livro pois já tinha

passado por dezenas e dezenas de mãos de pessoas famosas.

No dia do regresso às aulas a biblioteca estava cheia, havia livros novos limpos e

bonitos. Então uma menina que estava na biblioteca reparou no livro que se sentia

só e decidiu abri-lo para o ler. A menina ficou fascinada com o que lia, parecia

mesmo que estava dentro da história a viver ao pormenor cada momento da ação.

E assim se passava os dias, a menina ia à biblioteca ler cada capítulo do livro. Mas

um dia a menina foi á biblioteca e… o livro tinha desaparecido. Pois é! A dona

Tininha tinha deitado o livro para o caixote do lixo porque já estava muito velhinho.

A menina nesse preciso momento começou a chorar baba e ranho por todo o lado, e

só faltava um bocadinho para a biblioteca ficar totalmente inundada. Mas pior

ainda, foi o que aconteceu ao livro que se sentia só, Ele sim, tinha razão para chorar

baba e ranho e inundar a biblioteca da escola.

Todos os dias a menina se lembrava do livro e das suas histórias de piratas que

tanto a fascinavam.

Na manhã seguinte a menina teve uma excelente ideia, ela decide rescrever o livro e

publicá-lo em todo o mundo, mas tinha um grande problema, tinha-se esquecido do

final da história, e sem final não há história.

- Uma ideia sem solução não me valerá de nada! – Disse ela já desesperada. A

menina voltou à biblioteca para ver se algum outro livro lhe interessara, mas

nenhum daqueles livros com capas brilhantes lhe fascinava.

De repente, a dona Tininha chega ao pé da menina e entrega-lhe o livro que se

sentia só. Afinal o livro não estava no lixo, afinal ele estava requisitado por outro

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menino. E esse foi o problema, pois a menina não contava que o seu querido livro

também fosse requisitado.

A partir desse momento o livro começou a ter fãs.

Beatriz Beja, 5ºA

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Era uma vez um livro, luxuosamente encadernado com letras douradas e

papel muito fino. Estava já gasto e velhinho depois de, durante várias gerações de

pessoas, ter sido folheado e lido com grande interesse.

Numa grande casa senhorial, repousava numa estante de madeira instalada numa

linda sala. À sua frente estava uma grande mesa com uma cadeira à volta. Vivia

sozinho naquele compartimento depois de o último “leitor”, uma criança, ter partido

com a família para uma terra distante. Tinha saudades das tardes que passara com

aquela criança, que ainda não sabia ler mas que o observava de ponta a ponta,

tentando adivinhar as palavras nele escritas, as histórias de fadas e princesas

contadas e os sonhos, sempre lindos e variados, que lhe despertavam a imaginação

para quando um dia fosse homem. Habituado à visita diária do menino, o livro à

hora acostumada olhava e voltava a olhar para a porta de entrada da sala na

esperança de ver entrar o seu amigo. Desiludido, adormecia mais uma vez à espera

do dia seguinte.

E assim, passaram-se vários e longos anos. Morto de saudades, coberto de pó e roído

pelo bicho, lamentava-se da sua solidão e da sua inutilidade. E que lindas histórias

e conselhos ele tinha para oferecer aos mais jovens! Sentia-se um grande livro todas

as vezes que o vinham visitar e lhe agradecer “a pessoa” que ajudara a formar.

Ainda sabia os nomes de todos os seus leitores e esforçava-se por reviver os lindos

momentos que com todos tinha experimentado. Porém, o seu último “leitor”, aquela

criança, foi por ele considerado o seu amigo mais fiel e dedicado. Visitava-o

diariamente, tomava-o carinhosamente, folheava-o com delicadeza, mirava-o com

paixão e, por fim, colocava-o suavemente na estante. O modo como era tratado

levaram-no a sentir-se vaidoso e demasiado importante para a pequenez e

simplicidade que sempre desejou cultivar na sua vida e que gostava de observar nos

seus leitores.

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Certo dia, porém, permanecendo na sua hibernação, foi despertado por um grande

barulho. Assustado e receando ser visto por alguém, dado o seu estado de velhice e

degradação, deixou-se cair da estante e, com dificuldade, arrastou-se para debaixo

desse móvel. Escassos minutos decorridos, começou por ouvir passos suaves mas

apressados de alguém que parecia movimentar-se na sua direção. Mantendo-se

imóvel e percebendo que esse alguém procurava algo naquela estante, eis que sentiu

uma mão que o arrastou e o levantou à altura do seu peito, apertando-o com

carinho. Era um homem já feito, com alguns cabelos brancos, bem vestido e de

aspeto agradável. Pelos gestos e trato delicado, rapidamente reconheceu que era o

seu último “leitor”, o amigo que melhor havia saboreado os seus contos e histórias.

Apressadamente, folheou-o do princípio ao fim, acabando por se deter na página que

relatava a seguinte história:

“Um ratinho, que vivia numa casa no campo, descobriu que os donos da casa tinham

comprado uma ratoeira. Aflito, foi ter com a galinha e disse-lhe:

- Galinha, estamos em perigo, os donos da casa compraram uma ratoeira!

Resposta da galinha:

- Mas as ratoeiras não são para os ratos? Por que é que eu havia de estar em perigo?

E o ratinho foi ter com o porco:

- Os donos da casa compraram uma ratoeira, estamos em perigo!

E o porco:

- Pobre ratinho, tens mesmo de ter cuidado. Nas minhas orações, vou pedir por ti.

Desesperado, foi ter com a vaca, a ver se ao menos dali vinha uma ajuda. Resposta

da vaca:

- Já olhaste bem para mim? Estás a ver-me preocupada com ratoeiras de ratos?

Desanimado e triste, foi o ratinho esconder-se num buraco. Uma noite, ouviu-se o

som cortante da ratoeira. Tinha apanhado uma cobra venenosa. A dona da casa

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correu a ver, mas descuidou-se e foi mordida pela cobra, que ainda estava viva.

Socorrida no hospital, veio para casa muito combalida, a precisar de descanso e

caldos. Pelo que o dono matou a galinha, que melhor que caldos de galinha não há.

Como muita gente veio visitar a doente, o dono da casa, para bem receber, tratou de

matar o porco. Quando, por fim, a mulher ficou totalmente restabelecida, fez uma

grande festa para os amigos e vizinhança. E lá teve que sacrificar a vaca para o

churrasco da festança. E o ratinho a tudo assistindo do seu canto: “eu bem os avisei

que estávamos em perigo!””

Depois de acabar de ler a história, o senhor ficou por alguns momentos em silêncio

com o livro nas mãos. No dia seguinte foi levá-lo a uma casa para ser encadernado e

reparado. Já rejuvenescido e maquilhado, o livro voltou a sentir-se pronto e capaz de

servir por muitos mais anos outras crianças, outros jovens e outros adultos.

Acabou por ser oferecido ao neto daquele que tinha sido o seu último “leitor”. Ao

serão, o avô lia uma das suas histórias ao neto que, tranquilamente, acabava

sempre por adormecer. Também o livro, ao repousar na mesa de cabeceira, sentia-se

feliz por novamente poder ser útil, pois talvez aquela história, uma outra das suas

histórias ou contos pudessem proporcionar a mais alguém agradáveis e proveitosos

momentos de leitura. E talvez a ajudá-los a pensar e a definir os valores que

desejariam dar às suas vidas. Ele que era um livro pequenino e aparentemente sem

importância sabia que já tinha despertado muita gente grande e importante a fazer

um mundo melhor e mais solidário para com os outros.

Maria Inês Nogueira Correia, 5º B

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Em dois mil e um o Joaquim fez seis anos. O pai do Joaquim era professor de

língua portuguesa e tinha uma coleção enorme de livros, daí todos os amigos e

colegas do Joaquim julgavam que ele gostava de ler, mas não. O seu grande

interesse era jogos de computador e dizia sempre ao seu pai que quando fosse

grande iria ser o melhor informático do mundo inteiro.

Joaquim não tinha coragem de dizer aos seus colegas que só gostava de jogos para

computador. A sua madrinha, Sofia, ofereceu-lhe uma gramática com mil e sessenta

e duas páginas. O rapaz agradeceu e foi logo para o quarto por o livro de baixo da

sua cama. O livro de gramática todos os dias sentia mais tristeza de estar sozinho e

de Joaquim nunca ter curiosidade de o folhar.

Em dois mil e seis, Joaquim fazia os onze anos e já estava no quinto ano, mas não

percebia nada de gramática, então lembrou-se do livro de gramática que a madrinha

lhe oferecera há uns anos atrás. Ao chegar a casa, pegou no livro que estava triste e

sozinho debaixo da cama, e com um enorme sorriso na cara, Joaquim leu o livro de

gramática de uma ponta a outra.

Joaquim, passado uma semana, ia ter teste de língua portuguesa e graças ao livro

teve cem por cento no teste e foi sempre igual ate chegar a faculdade.

Na faculdade Joaquim decidiu ser professor de língua portuguesa, sem pensar

sequer duas vezes.

Joaquim contava sempre aos seus alunos a sua história com a língua portuguesa. O

seu livro de gramática foi posto no museu dos grandes génios, pois Joaquim tornou-

se no maior poeta da última década.

Ana Rita Martins, 5ºC

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"Peço a um livro que crie em mim a necessidade daquilo que ele me traz."

Jean Rostand

"Agora, livro meu, vai, vai para onde o acaso te leve."

Paul Verlaine

"Os livros são o alimento da juventude."

Marcus Cícero

"Ler um livro é para o bom leitor conhecer a pessoa e o modo de pensar de

alguém que lhe é estranho. É procurar compreendê-lo e, sempre que

possível, fazer dele um amigo."

Hermann Hesse