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40 Desenredo - Revista do Programa de Ps-Graduaªo em Letras da Universidade de Passo Fundo - jan./jun. 2005 Resumo Trataremos dos seguintes assun- tos, neste texto: o lugar de que se fala na/da histria literÆria brasi- leira; o sujeito de que se fala em seu processo histrico; as diferen- tes espØcies de trabalho intelectual abrigadas sob a rubrica histria da literatura no Brasil; o leitor e a leitura para a histria da literatura brasileira. Palavras-chave: lugar, sujeito, hist- ria da literatura. Comecemos por dizer que, dentro da rubrica histria da literatura abri- gam-se diferentes espØcies de trabalho intelectual. Talvez o mais imediatamen- te lembrado seja aquele cujo resultado Ø um texto com o t tulo Histria da lite- ratura brasileira [argentina, francesa, italiana etc.] , que dÆ um certo sentido a um universo de autores e obras que nela figuram, a partir de determinados critØrios nem sempre explicitados , o primeiro dos quais visvel no adjetivo final do prprio t tulo. Trata-se, pois, de um tipo de empreendimento relaciona- do ao estado-naªo. Se falamos do Brasil, um dos pri- meiros problemas que se apresentam O lugar da histria da literatura JosØLu s Jobim * * JosØ Lus Jobim Ø diretor do Instituto de Letras e professor titular de Teoria da Literatura na Univer- sidade do Estado do Rio de Janeiro, lecionando a mesma disciplina na Universidade Federal Fluminense. Em 2004, foi eleito presidente da ABRALIC. Entre suas principais obras publicadas figuram: Palavras da crtica; tendŒncias e conceitos nos estudos literÆrios (Rio de Janeiro: Imago, 1992) , PoØtica do fundamento (Niteri: Eduff, 1996) , Literatura e identidades (Rio de janeiro, UERJ, 1998) ; IntroduªoaoRom antism o (Rio de Janeiro: Eduerj, 1999) , A biblioteca de M achadode Assis (Rio de Janeiro: Topbooks / Academia Brasileira de Letras, 2001) , Form as da Teoria sentidos, conceitos, polticas e cam pos de fora nos estudos literÆrios. (2. ed. Rio de Janeiro: CaetØs, 2003) .

O Lugar de Que Se Fala - Jobim

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    ResumoTrataremos dos seguintes assun-tos, neste texto: o lugar de que se fala na/da histria literria brasi-leira; o sujeito de que se fala em seu processo histrico; as diferen-tes espcies de trabalho intelectual abrigadas sob a rubrica histria da literatura no Brasil; o leitor e a leitura para a histria da literatura brasileira.Palavras-chave: lugar, sujeito, hist-ria da literatura.

    Comecemos por dizer que, dentro da rubrica histria da literatura abri-gam-se diferentes espcies de trabalho intelectual. Talvez o mais imediatamen-te lembrado seja aquele cujo resultado um texto com o ttulo Histria da lite-ratura brasileira [argentina, francesa, italiana etc.], que d um certo sentido a um universo de autores e obras que nela figuram, a partir de determinados critrios nem sempre explicitados , o primeiro dos quais visvel no adjetivo final do prprio ttulo. Trata-se, pois, de um tipo de empreendimento relaciona-do ao estado-nao.Se falamos do Brasil, um dos pri-meiros problemas que se apresentam

    O lugar da histria da literaturaJos Lus Jobim*

    * Jos Lus Jobim diretor do Instituto de Letras e professor titular de Teoria da Literatura na Univer-sidade do Estado do Rio de Janeiro, lecionando a mesma disciplina na Universidade Federal Fluminense. Em 2004, foi eleito presidente da ABRALIC. Entre suas principais obras publicadas figuram: Palavras da crtica; tendncias e conceitos nos estudos literrios (Rio de Janeiro: Imago, 1992), Potica do fundam ento (Niteri: Eduff, 1996), Literatura e identidades (Rio de janeiro, UERJ, 1998); Introduo ao Rom antism o (Rio de Janeiro: Eduerj, 1999), A biblioteca de M achado de Assis (Rio de Janeiro: Topbooks / Academia Brasileira de Letras, 2001), Form as da Teoria sentidos, conceitos, polticas e cam pos de fora nos estudos literrios. (2. ed. Rio de Janeiro: Caets, 2003).

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    para uma histria da literatura o de definir a identidade daquilo que se qualifica como literatura brasileira. Considerando que j ultrapassamos a ingenuidade de presumir que os valores estticos so atemporais e independentes do lugar de onde se enunciam, talvez possamos aceitar que, em termos internacionais, o pres-tgio relativo de tal ou qual literatura nacional depende, em larga medida, do poder econmico e cultural do Es-tado-nao que divulga sua prpria cultura, muitas vezes a reboque ou como ponta de lana dos empreendi-mentos de ordem comercial, econmica e militar. No entanto, aqui mesmo, neste lugar que chamamos Brasil, j se formulam pontos de vista sobre a insero da literatura brasileira no conjunto internacional. Ver essa lite-ratura como um galho menor de uma literatura menor, por exemplo, esta-belecer um elemento para atribuio de identidade comparativa com uma literatura especfica (a portuguesa) e com outras europias, em relao s quais o prprio termo de comparao (a literatura portuguesa) visto des-favoravelmente.1 No momento, no me interessa fazer um inventrio dessas atribuies de identidade comparativa, mas falar um pouco mais sobre o lugar de enunciao delas.J observei anteriormente que o lugar de onde se fala est longe de ser neutro em relao ao que se enuncia a partir dele. O termo literatura do Terceiro M undo, por exemplo, usado pelo crtico norte-americano Fredric Jameson pretensamente em um

    sentido essencialmente descritivo, para colocar no mesmo saco literatu-ras to dspares quanto a brasileira, a indiana ou a sul-africana , especifica um lugar de sentido, constri um objeto de conhecimento e produz um saber que ser limitado pelo prprio ato de construo descritiva. O corpus textu-al que se vai rotular como literatura de Terceiro M undo ser visto como subalterno em relao ao lugar que se qualifica como Primeiro M undo, e a partir do qual se produz a classificao de outras literaturas como sendo ter-ceiro mundistas.2No entanto, mesmo quando falamos daqui mesmo, deste lugar e nesta ln-gua em que escrevo, ainda podemos perguntar: Que lugar este, a que chamamos de Brasil? Que estados ou regies so estas que tambm vemos como lugares de que falam, ou a partir de que falam os autores e suas obras?

    O lugar de que se falaUm lugar , antes de mais nada, uma construo elaborada por vrias geraes de homens e mulheres que nele habitaram ou por ele passaram, e que ajudaram a formular o sentido que hoje ele tem. Assim, podemos dizer que a gerao de autores romnticos ajudou a construir um Brasil no sculo XIX, assim como Walter Scott ajudou a construir uma Esccia.3Pelo processo de elaborao da nacio-nalidade, um certo sentido atribudo ao lugar adquire uma dimenso espacial (associada a um territrio) e uma dimen-so poltica (associada ao Estado-nao).

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    Esse sentido deve estar congruente com o territrio e o Estado-nao. A minha terra, de que fala Gonal-ves Dias aquela que tem palmeiras onde canta o sabi , um lugar que se pretende diferente de Portu-gal, onde, alis, o poeta se encontrava quando escreveu a Cano do exlio.Um lugar constitudo por redes pblicas de sentido, formadoras de subjetividade. Nele se constituem in-terpretaes pblicas simbolicamente mediadas, inclusive sobre o sentido deste lugar e sobre o que significa estar inseri-do nele. Num lugar, circulam elementos que, de algum modo, impem sentido s experincias singulares dos sujeitos, elementos em relao aos quais estes sujeitos interpretam suas experincias (e os textos que lem), bem como direcio-nam suas aes. Em outras palavras, o lugar sempre fonte de pr-concepes que, de alguma maneira, contribuem para a elaborao de nosso dizer, pois nele se situa o sistema de referncias desse dizer incluindo determinado universo de temas, interesses, termos etc. , sistema que sempre j estabelece um limite dentro do qual nosso campo de enunciao se circunscreve. Lugares tm sempre histria, e mesmo o apagamento de certos ele-mentos constitutivos da histria do lugar tambm decorrente de razes histricas. Por isso, Ernest Renan di-zia, em seu famoso texto de 1882, que o esquecimento e at o erro histrico so um fator essencial na criao de uma nao. Para ele, [...] por isso que o progresso dos estudos histricos muitas vezes um perigo para a nacio-

    nalidade (RENAN, [1882] p. 19).No caso dos textos que marcam como lugar de enunciao o Brasil, ou um de seus estados e regies, interessante lembrar que a prpria diviso do Brasil em estados (e a alterao dos nomes e territrios destes estados), ou mesmo essa classificao por regies (Sudes-te, Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sul) sobreposta quela diviso, recente. As elites dos estados tiveram papel, por sinal, preponderante na construo do Estado-nao brasileiro, inclusive nas solues conflituosas e/ou pactua-das que encaminharam para diferen-as de interesses solues que pode-riam ter resultado na fragmentao territorial do Brasil, ou na definio de limites diferentes dos hoje vigentes. Assim, se hoje regies e estados invocam sua pertena ao nacional, seja para marcar a insero da cultu-ra local, seja para demandar verbas e atendimento de pleitos regionais ou estaduais, isso no anula o fato de que, nessa reivindicao, tambm se invoca a especificidade do estado ou regio reivindicadora. Nem deve nos fazer esquecer da curta durao histrica dos termos em que se colocam essas divises e classificaes, no apenas no Brasil ou na Amrica do Sul. Se dirigirmos nosso olhar ao contexto europeu, podemos verificar:A diviso da Frana em dpartements, por exemplo, data da Revoluo Fran-cesa, enquanto muitas regies alems foram criadas durante o perodo napole-nico. Portanto, a identidade regional cor-respondente , como aquela das naes, essencialmente uma criao moderna; isto se aplica mesmo a regies mais an-

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    tigas, como a Catalunha, a Bretanha e a Saxnia4 (STORM , 2003, p. 252).Assim, em sntese e adensando mais o conceito de lugar inicialmente apre-sentado, podemos dizer que um lugar, ao mesmo tempo, produto de circuns-tncias histricas que determinaram os sentidos que ele tem num momento especfico, mas tambm uma fonte de sentidos que de alguma maneira contri-buem para pr-formatar, ainda que no de maneira exaustiva ou exclusiva, os dizeres que se constituem nele. E se, por um lado, existem elementos singulares e nicos num lugar, h tambm elemen-tos compartilhados, intersees maiores ou menores com outros lugares. Um dos elementos efetivamente in-ternacionais, presentes na maioria dos lugares no Ocidente hoje e com o qual todos os historiadores contemporneos da literatura se deparam, um certo as-pecto do processo histrico de formao da subjetividade, que no pode ser sepa-rado dos processos sociais de formao do sujeito dentro do sistema capitalista. Falaremos um pouco sobre isso.O processo histrico de

    form ao da subjetividade contem porneaComecemos por dizer que, com a instalao da verso moderna do individualismo, a partir do sculo XIX torna-se mais difcil a adoo ge-neralizada de padres universais de crena de qualquer tipo e cada vez mais se imagina que parte da escolha do sujeito selecionar aquilo em que cr.5 Uma certa idia de vontade absolu-

    tamente prpria, pessoal, sustenta a iluso (que constitui o sujeito) da livre escolha, da opo inteiramente indi-vidual. Em outras palavras, trata-se de um sujeito em grande medida cego para a socialidade e historicidade de suas crenas, bem como de sua prpria constituio como sujeito.Uma das imagens mais pertinen-tes a comparao desse sujeito com um consumidor diante de um balco inesgotvel de opes, que sero se-lecionadas de acordo exclusivamente com seu desejo. Poderamos dizer que a prpria idia de um balco de opes est relacionada instaurao hist-rica do que se chamou sociedade de consumo, mas no sem acrescentar que falar dessa instaurao histrica que no transparente para ele algo que no interessa a esse sujeito, concentrado que est no seu ato pes-soal de escolha. Trata-se de um sujeito que no se percebe parte do jogo dos condicio-nantes histricos, razo pela qual no se mostra interessado nem nesses condicionantes histricos das opes disponveis para ele nem nos condi-cionantes de tudo mais que aparente ir alm do mbito de sua vontade mo-mentnea e dos caminhos para sua satisfao. Este sujeito no quer ouvir que a constituio de sua subjetivida-de vai alm de si. No deseja assumir responsabilidade, nem com o passado da herana histrica implcita nessa constituio nem com o presente dos outros sujeitos que compartilham o mundo com ele, porque estes outros s surgem em seu horizonte como poss-

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    veis fontes de satisfao de seu desejo. Talvez seja essa uma das razes para que o psicanalista Charles M elman afirme que, na situao atual, a par-tir do momento em que haja em voc um determinado tipo de desejo, ele se torna legtimo, e se torna legtimo que ele encontre sua satisfao.6 No tempo e no lugar a partir do qual falamos agora difcil dizer a esse sujei-to que h processos histricos de subjeti-vao, redes de sentido que constituem a cultura pblica em que ele se insere e que essas redes so, tambm, forma-doras de subjetividade. Um sujeito cujo horizonte de viso parece se restringir ao seu prprio umbigo no quer ouvir que, no contexto em que est inserido, circulam elementos que de alguma for-ma impem sentido sua experincia singular. M uito menos quer escutar que a prpria interpretao dele sobre sua experincia paga tributo a outras interpretaes pblicas, simbolicamente mediadas, da condio humana, inter-pretaes que a histria das geraes que o antecederam pode explicitar.A noo de subjetividade contem-pornea, no entanto, no pode ser separada dos processos socioistricos de formao do sujeito dentro do siste-ma capitalista, cujo desenvolvimento, como diz Alain Touraine, enfraqueceu a imagem predominante da sociedade como um sistema capaz de se criar atravs de suas instituies e processos de socializao. O resultado foi, nas palavras do pensador francs, que se libertou a ordem econmica e social de qualquer controle social ou poltico e se proclamou que o objetivo a ser alcan-

    ado por todos era o enriquecimento de cada um (TOURAINE, 2002, p. 388).Assim, temos um contexto histrico em que se forma um sujeito que no est interessado sequer no contexto histrico em que ele prprio se insere: autocentrado, crente na liberdade ab-soluta de suas escolhas e desatento herana histrica recebida por sua gera-o, ou seja, um sujeito que nem percebe que a prpria noo de individualismo e de vontade pessoal, a partir da qual ele se permite autocentrar-se, ou a de tolerncia, a partir da qual se formula, entre outras coisas, o adgio gosto no se discute, so ambas correlacionadas a um determinado contexto histrico no Ocidente. Um sujeito que no percebe que as concluses a que chega em suas interpretaes do mundo e dos textos ocorrem num lugar histrico, referem-se a uma herana de sentidos vigente nesse lugar, herana essa que tambm forma essa subjetividade autocentrada e onipotente. E esse lugar no um pon-to de partida mais ou menos arbitrrio para a interpretao; ele se incorpora interpretao, pertence ao seu prprio cerne, de tal modo que talvez seja mais adequado dizer que mais do que o ponto de partida: o elemento em que as interpretaes surgem.De todo modo, cabe registrar que o processo de formao de subjetividade de que estamos falando basicamente hostil atividade do historiador, que incomodamente lembra aquele sujeito acerca de sua dvida com o passado. E nesse contexto histrico que se produz uma histria da literatura hoje.

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    A histria da literatura hojeEmbora seja verdadeiro afirmar, em relao histria da literatura, que se configura hoje a partir de mais de uma tendncia, talvez seja mais interessante dizer que tais tendncias tambm so fruto do surgimento de modos emergentes de pensar sobre a histria da literatura. Comearemos, contudo, por chamar a ateno para o fato de que esses mo-dos de pensar tambm so histricos, e de que um trabalho terico impor-tante da prpria histria da literatura pensar sobre eles, visto que, como es-tamos sempre dentro de redes discur-sivas em que as idias circulantes tm uma complexa relao entre si e com as comunidades de sentido das quais emergem, o movimento de reflexo j um passo alm da compreenso auto-evidente, bvia, trivial. Quando enfocamos os projetos clssicos de histria da literatura no Brasil, nossa primeira observao que continuam vlidos e relevantes para os estudos literrios, como de-monstram as reedies sucessivas de A literatura no Brasil, da Form ao da literatura brasileira e da Histria concisa da literatura brasileira, por exemplo. M esmo a discusso dos pres-supostos e opes dessas obras um tributo importncia delas e significa que continuam sendo ponto de refern-cia obrigatrio, at para quem deseja empreender projetos diferentes pois, para marcar a diferena, sempre ne-cessrio um referencial em relao ao qual se constri essa diferena.

    Tambm continuam importantes os trabalhos de arqueologia textual. No s se retorna s fontes originais, para a preparao mais cuidadosa de edies de textos cannicos, mas colo-cam-se em circulao autores e obras pouco conhecidos ou desconhecidos. O interesse pela publicao destes ltimos, com freqncia, tem relao com o surgimento de novos valores e perspectivas, que transformaram esses autores e obras em objeto de estudo. A preocupao com o ponto de vista e a condio da mulher no Brasil, por exemplo, gerou a publicao ou re-publicao de uma srie de textos do passado que estariam condenados ao esquecimento veja-se como exemplo, aqui mesmo no Rio Grande do Sul, as edies de M aria Clemncia da Silveira Sampaio, por M aria Eunice M oreira7, de Rita Barm de M elo, por Rita Tere-zinha Schmidt,8 e de Delfina Benigna da Cunha, por Carlos Baumgarten.9 A prpria continuidade do trabalho pioneiro de Zahid Lupinacci M uzart frente da Editora M ulheres, em Florianpolis, um monumento vivo questo de que falo. importante assinalar tambm que o trabalho de alguns pesquisa-dores tem produzido antologias de valor inestimvel, como a Antologia do Rom ance-folhetim 10 por Tnia Serra; a Histria da literatura brasileira e outros ensaios,11 compilao de textos (alguns virtualmente inencontrveis), de Joaquim Norberto de Sousa Silva, organizada, apresentada e anotada por Roberto Aczelo de Souza; O bero do cnone,12 reunio de textos fun-

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    damentais para o entendimento dos momentos iniciais das discusses sobre a formao da literatura brasileira, organizada, apresentada e anotada por Regina Zilberman e M aria Eunice M oreira, entre outros.Igualmente relevante a preocupa-o maior com elementos vitais para o que Antonio Candido chamava de sistema literrio, como as cartas. Se estivssemos num contexto que no considerasse a correspondncia entre escritores como parte do sistema li-terrio, a edio das cartas de M rio de Andrade, por exemplo, seria vista como trabalho menor. Por incrvel que parea, os formalistas russos, sempre acusados de imanentismo, de no leva-rem em conta o pano de fundo social da literatura, j viam que a prpria classificao ou no das cartas como pertencentes ao sistema literrio era uma questo histrica. Em 1927, Ty-nianov j afirmava:O que fato literrio para uma poca ser um fenmeno lingstico relevante da vida social para uma outra e, inversa-mente, de acordo com o sistema literrio em relao ao qual este fato se situa.Assim, uma carta para um amigo de Derjavine um fato da vida social; na poca de Karamzine e de Pushkin, a mesma carta amigvel um fato liter-rio (TYNIANOV, 1970, p. 109).Hoje, felizmente, temos um am-biente em que se podem reconhecer o mrito acadmico e a relevante contri-buio para os estudos literrios de um trabalho como o de M arcos M oraes, na edio comentada da correspondncia entre M rio de Andrade e M anuel Ban-

    deira, embora sempre haja algumas vozes dissidentes com balizamentos tericos anteriores dcada de vinte do sculo passado.Dito isso, reservarei a parte final deste artigo para um breve comentrio sobre uma vertente mais recente de estudos histricos, cujo foco o leitor e a leitura, ressaltando que o farei no porque o considere o principal, ou o nico, mas porque recentemente tenho estado envolvido com pesquisadores e pesquisas relacionados ao tema.O leitor e a leitura para a

    histria da literaturaPara iniciar, afirmemos que, se esti-vssemos num contexto histrico no qual no se valoriza o papel do leitor ou da leitura, as obras que comentarei a seguir talvez no tivessem sequer sido escritas, quanto mais editadas. Obras como A for-mao da leitura no Brasil13 ou O preo da leitura,14 por exemplo, provavelmente no seriam vistas como importantes e estariam longe de ganhar as reedies sucessivas que hoje alcanam. No entanto, para tentar sintetizar o caminho pelo qual chegamos a esse contexto, precisaremos de uma obser-vao mais alongada. Comecemos por dizer que, nos anos setenta, houve uma certa tendncia nos estudos literrios a considerar o texto como objeto que se bastava a si mesmo. Assim, o estudo das instituies, maneiras de pensar, cnones, prticas de leitura, modos de produo cultural e quadros de referncia histricos foi considerado externo literatura, e, por conse-

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    qncia, descartvel. Felizmente, nos anos noventa, aquele confinamento terico parece ter sido superado, e uma srie de tpicos anteriormente julgados proscritos ou irrelevantes voltaram a fazer parte da agenda de interesses dos crticos, tericos e historiadores da literatura. O livro de M arisa Lajolo e Regina Zilberman, A form ao da leitura no Brasil, um exemplo claro disso. As autoras negaram-se a considerar as prticas culturais historicamente vigentes como algo exterior literatura como um pano de fundo, conforme insistem em pensar alguns remanes-centes dos anos setenta e buscam resgatar o papel dos contextos de lei-tura na institucionalizao da literatu-ra, que passa, ento, a ser concebida como categoria que, a partir do sculo XVIII, rotula um tipo especial de leitu-ra e de escrita que , simultaneamente, matria-prima e produto de prticas textuais muito determinadas (LAJO-LO e ZILBERM AN, 1996, p. 308).Para mapear a formao da leitu-ra no Brasil, as autoras escolheram um caminho que evita tanto a rgida seqencialidade cronolgica quanto a abordagem monotemtica. Desse modo, na distribuio dos captulos da obra, no encontramos uma sucesso de perodos em ordem crescente, nem a limitao do enfoque a uma questo apenas. A estratgia outra, envol-vendo uma perspectiva multifocal que deliberadamente analisa objetos de natureza diversa: livros didticos, con-tratos autorais, inventrios de prticas escolares, desenvolvimento de gostos e

    normas para a leitura feminina. A hiptese subjacente ao livro, de que o leitor implcito nas obras antecipa a concepo que o narrador formula a respeito de seu destinatrio (LAJOLO e ZILBERM AN, 1996, p.56), encontra respaldo na obra de Wolfgang Iser e Hans Robert Jauss, cuja contribuio Teoria da Literatura tem sido marcada pelo entendimento de que a relao autor-obra-leitor no une apenas dois sujeitos particulares. O autor criaria a partir de recursos que no lhe per-tencem exclusivamente, e mesmo suas expectativas quanto ao leitor seriam tambm socialmente fundadas, de tal maneira que ler, assim como escrever, no seria uma operao absolutamente individual, ou seja, embora se pudesse imaginar a obra como fruto de uma inteno criadora que se concretiza em determinado momento, seria necessrio lembrar que a criao se enraza profun-damente no contexto em que se insere.Desta maneira, tambm a aparente solido subjetiva do leitor singular seria ilusria. M esmo sozinho em sua bibliote-ca, o leitor real no poderia desligar-se da tradio cultural em que se situa sua viso de mundo, com base na qual a leitura se efetuaria. Ele no poderia renunciar a um repertrio de normas e valores histricos determinados, porque esse repertrio parte integrante de seu mundo: constitui o prprio horizonte no qual se forma sua conscincia.Por isso, seria importante estudar as normas sob as quais se efetua a leitura, porque as expectativas e jul-gamentos do leitor no seriam apenas subjetivas, pessoais e intransferveis.

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    O receptor individual estaria submeti-do s regras do cdigo cultural em que est inserido; sua recepo pertenceria a um horizonte que a delimita. M esmo quando a leitura parece fruto de um modo de ver particular, haveria nela sempre um aspecto pblico.Esse aspecto pblico, creio, est pre-sente mesmo quando o foco uma bi-blioteca particular. Quando organizei o livro sobre a biblioteca de M achado de Assis,15 por exemplo, tambm pressu-pus que o levantamento das obras que ele leu e a comparao de seu universo de leitura com os padres europeus e brasileiros da poca no eram algo que nos informasse apenas sobre as idios-sincrasias de M achado. Considerei que a sua seleo de autores e obras apresentava aspectos privados e p-blicos ao mesmo tempo, pois tambm se inscrevia numa tradio cultural na qual se enraizavam os critrios que fundamentaram a escolha feita.Alm disso, o projeto do livro sobre a biblioteca de M achado presumia que o pblico de hoje em grande parte desco-nheceria no somente parte relevante dos autores constantes na biblioteca do bruxo do Cosme Velho, mas tambm a prpria razo de esses autores estarem l, visto que os critrios de relevncia adotados na poca de M achado no esto mais vigentes agora.Em outras palavras, o pressupos-to era de que seria quase impossvel compreender a dimenso do horizonte de leitura oitocentista, luz da qual se deu a prpria escolha dos volumes daquela biblioteca, sem a mediao do historiador literrio. Isso porque o leitor

    de agora no tem o mesmo horizonte de expectativa, derivada de uma pr-com-preenso do gnero, forma e temas das obras oitocentistas que eram familiares a M achado e seu pblico, mas que no fazem mais parte de nosso repertrio ao fim do sculo XX. Para reconstruir aquele horizonte o que nos permiti-ria, entre outras coisas, saber que tipo de conhecimento prvio, de pr-com-preenso de gneros, formas e temas seria familiar a M achado e seu pblico , seria necessria a interveno de um pesquisador, cujo trabalho poderia tambm nos permitir ter uma imagem daquilo que, na obra de M achado, repre-senta uma continuidade ou diferena em relao ao padro vigente em seu contexto de produo.Se o sentido da escolha dos autores e obras daquela biblioteca pode parecer-nos estranho ou imperceptvel, isso, provavel-mente, se deve ao fato de que, para ns, ao incio do sculo XXI, diversos autores e obras que gozavam de grande prestgio e influncia na poca de M achado j no fa-zem mais parte do repertrio de obras a que damos importncia. Assim, se quisermos saber como a obra machadiana se posicio-na em relao ao sistema de referncias intelectuais de seu tempo, fundamental conhecer melhor o horizonte no qual ele arquitetou sua escritura, at para perceber em que medida M achado atendia a uma tendncia dominante no gosto de sua poca e em que medida a ela se contrapunha.Chamo a ateno tambm para o fato de que esse tipo de interesse histrico sobre bibliotecas, leituras e leitores tem rendido trabalhos como o de Sandra Vasconcelos, sobre leituras

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    inglesas no Brasil oitocentista,16 o de Nelson Schapochnik, sobre gabinetes, bibliotecas e figuraes da leitura na Corte Imperial,17 ou o de M rcia Abreu, sobre os caminhos dos livros em Portu-gal e no Brasil no perodo colonial.18ConcluindoPara concluir, diramos que, como para falar de leituras e de leitores sempre importante tematizar o contexto em que ambos existem, a histria que est presente no prprio processamento e atribuio de senti-dos, correlacionados ao texto. M esmo a releitura dos textos do passado de perspectivas diferentes daquelas de seu primeiro pblico ou de seu autor coloca aqueles textos em novas re-des, nas quais eles se relacionam no s com outros textos, mas tambm com outros critrios de relevncia, princpios de julgamento, atribuies de qualidade, interpretaes etc. E h sempre um lugar, que no apenas um cenrio ou um pano de fundo, mas um ponto de articulao de sentidos que configuram os limites das leituras e da produo textual que nele e dele emer-gem, j que de algum modo esse lugar afeta a subjetividade que produz textos e que os l. E afeta tambm, como no poderia deixar de ser, a subjetividade dos que produzem a histria desses textos e suas leituras.

    AbstractWe will discuss the following issues in this text: the place we talk about

    in/of the Brazilian literary history; the subject we talk about in his his-torical process; the different types of intellectual work under the signature of history of literature in Brazil; the reader and reading for the history of Brazilian literature.Key-words: Place; subject; history of literature.RefernciasABREU, M rcia. Os caminhos dos livros. So Paulo: M ercado de Letras/ALB/Fapesp, 2003.CUNHA, Delfina Benigna da. Poesias. Orga-nizada por Carlos Baumgarten, com introdu-o de Rita Terezinha Schmidt. Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro, 2001.H ENRIQUES, Ana Lcia de Souza. A

    inscrio do nacional em The heart of the m idlothian, de Walter Scott, e Iracem a, de Jos de Alencar. Tese de (Doutorado) UFF, Niteri, 1998.JOBIM , Jos Lus. A biblioteca de M achado de Assis. Rio de Janeiro: Topbooks/Academia Brasileira de Letras, 2001._______. Atribuies de identidade: o terceiro mundo, visto do primeiro, segundo Fredric Jameson. In: _______. Formas da teoria sen-tidos, conceitos, poltica e campos de fora nos estudos literrios. 2. ed. Rio de Janeiro: Caets, 2003. p. 67-86._______. Nacionalismo e globalizao. In: _______. Form as da teoria sentidos, con-ceitos, poltica e campos de fora nos estudos literrios. 2. ed. Rio de Janeiro: Caets, 2003. p. 19-66._______. Indianismo, nacionalismo e raa na cultura do Romantismo. In: _______. Formas da teoria sentidos, conceitos, poltica e cam-pos de fora nos estudos literrios. 2. ed. Rio de Janeiro: Caets, 2003. p. 87-116.

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    _______. Subjetivismo. In: _______. Introdu-o ao rom antism o. Rio de Janeiro: Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1999. p. 133-142.LAJOLO, M arisa; ZILBERM AN, Regina. A form ao da leitura no Brasil. So Paulo, tica, 1996._______. O preo da leitura. So Paulo: tica, 2001.M ELM AN, Charles. O hom em sem gravida-de; gozar a qualquer preo. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2003.M ELO , Ri t a B a r m d e. Sor r is os e prantos. Poesia. Atualizao do texto e introduo por Rita T. Schmidt. Floria-npolis: M ulheres/M ovimentos, 1998.M ORAES, M arcos Antonio. Correspondncia M rio de Andrade & M anuel Bandeira. So Paulo: Edusp, 2000.M OREIRA, M aria Eunice, (Ed.). Uma voz ao sul os versos de M aria Clemncia da Silva Sampaio. Florianpolis: Editora M ulheres, 2003.RENAN, Ernst. Queest-ce quune nation? Paris: Pierre Bordas et fils, s.d. [1882]SCHAPOCHNIK, Nelson. Os jardins das de-lcias. Gabinetes, bibliotecas e figuraes da leitura na Corte Imperial. Tese de (Doutourado de Histria Social) USP, So Paulo, 1999.SERRA, Tania Rebelo Costa. Antologia do rom ance-Folhetim. Braslia: Editora da UnB, 1997SILVA, Joaquim Norberto de Sousa. Histria da literatura brasileira e outros ensaios. Org., introd. e notas de Roberto Aczelo de Souza. Rio de Janeiro: Z M rio Ed./Fundao Bi-blioteca Nacional, 2002.STORM , Eric. Regionalism in History, 1890-1945: the Cultural Approach. European His-tory Quarterly, London, Sage Publications, Vol. 33, number 2, 2003. P. 251-265. TOURAINE, Alain. From understanding society to discovering the subject. Antropo-

    logical Theory, London, Sage Publications, v. 2, n. 4, p. 387-398, 2002.TYNIANOV, J. Da evoluo literria. In: EIKHENBAUM et al. Teoria da literatura formalistas russos. Porto Alegre: Globo, 1970. p. 105-118.VASCONCELOS, Sandra. Leituras inglesas no Brasil oitocentista. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CINCIAS DA COM UNI-CAO, XXV. Anais. Sociedade Brasileira de Estudos Interdiscipliares da Comunicao, Salvador, 2002. 1 CD-ROM .ZILBERM AN, Regina; M OREIRA, M aria Eunice. O bero do cnone. Porto Alegre: M ercado Aberto, 1998.

    N otas

    1 Cf. CANDIDO, A. Form ao da literatura brasileira. So Paulo/ Belo Horizonte: EDUSP/Itatiaia, 1975. 2 Cf. JOBIM , J. L. Atribuies de identidade: o terceiro mundo, visto do primeiro, segundo Fredric Jameson. In: ---. Formas da Teoria sentidos, conceitos, polticas

    e cam pos de fora nos estudos literrios. 2. ed. Rio de Janeiro: Caets, 2003. p. 67-86. 3 Cf. JOBIM , J. L. Nacionalismo e globalizao. In: op. cit., p. 19-66; -----. Indianismo, nacionalismo e raa na cultura do Romantismo. In: ---. Ibidem, p. 87-116. ; HENRIQUES, Ana Lcia de Souza. A inscrio do

    nacional em The heart of the m idlothian, de Walter Scott, e Iracema, de Jos de Alencar. Tese de doutorado. Niteri, UFF, 1998.

    4 Segundo Storm, o prprio carter do regionalismo movimento que promoveu o estudo e reforo da iden-tidade regional mudou profundamente na Europa, ao redor de 1890. Durante a maior parte do sculo XIX, o estudo de sua prpria regio era quase exclusivamente o trabalho de membros de sociedades acadmicas (learned societies) ou associaes. Os principais temas da pesquisa e debate eram o pano de fundo histrico, arqueolgico e geogrfico da regio, e sua significncia dentro do contexto nacional. Embora essas sociedades geralmente professassem uma vocao pedaggica, os escritos que elas produziam e as palestras que elas organizavam eram basicamente dirigidos a seus mem-bros, que eram recrutados entre uma pequena elite de notveis locais. De fato, Storm coloca em dvida se o regionalismo seria o foco destas associaes, porque a regio era considerada a partir de uma perspectiva nacional. Em geral era a contribuio histrica de cada regio para a grandeza da terra me que importava, no a identidade particular que distinguia a regio

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    do todo. Isto s mudaria ao fim do sculo XIX, quando um grupo de membros jovens e bem educados da elite provincial quis atingir um pblico mais amplo, o que exigiu outras formas de expresso e sociabilidade. Em vez de promover estudos acadmicos (scholarly studies), as novas associaes tentaram mobilizar as classes mdia e baixa, encorajando-as a participar de atividades essencialmente recreativas. Organizaram excurses e festivais, criando museus locais, e celeb-rando uma identidade compartilhada, que no era con-stituda por uma passado mtico, mas principalmente por uma cultura popular contempornea (folclore, artesanato, arquitetura). Este despertar das provn-cias teria ocorrido mais ou menos ao mesmo tempo em toda a Europa, convertendo o regionalismo em movimento de massa. (Storm, 2003, p. 253-4)

    5 Para uma exposio mais detalhada, cf. JOBIM , Jos Lus. Subjetivismo. In: ---. Introduo ao Romantismo. Rio de Janeiro: Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1999. P. 133-142.6 M ELM AN, Charles. O homem sem gravidade; gozar a qualquer preo. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2003. p. 32 Cf. Tambm: Passamos de uma cultura fundada no recalque dos desejos e, portanto, cultura da neurose, a uma outra que recomenda a livre expresso e promove a perverso. (op. cit., p. 15)7 A primeira edio foi de 1823 e a edio organizada por M aria Eunice M oreira foi de 2003: Um a voz ao

    sul os versos de M aria Clem ncia da Silva Sam paio. Florianpolis: Editora M ulheres, 2003.8 A primeira edio foi de 1868, e a edio organizada por Rita Terezinha Schmidt de 1998. (Florianpolis: Editora M ulheres/ Porto Alegre: Editora M ovimento, 1998.)

    9A dedio original das Poesias foi em 1834. A reedio, organizada por Carlos Baumgarten, com Introduo de Rita Terezinha Schmidt de 2001. (Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro, 2001).10 SERRA, Tania Rebelo Costa. Antologia do romance-Folhetim. Braslia: Editora da UnB, 199711 SILVA, Joaquim N orberto de Sousa. H istria da literatura brasileira e

    outros ensaios. O rg., introd. e notas de Roberto Aczelo de Souza. Rio de Janeiro: Z M rio Ed./Fundao Biblioteca N acional, 2002.

    12 ZILBERM AN, Regina; M OREIRA, M aria Eunice. O bero do cnone. Porto Alegre: M ercado Aberto, 1998.

    13 LAJOLO, M arisa; ZILBERM AN, Regina. A form ao da leitura no Brasil. So Paulo, tica, 1996.

    14 LAJOLO, ZILBERM AN. O preo da leitura. 2001.15 JOBIM , Jos Lus, (Org.). A biblioteca de M achado de

    Assis. Rio de Janeiro: Topbooks/Academia Brasileira de Letras, 2001.16 VASCONCELOS, Sandra. Leituras inglesas no Brasil oitocentista. In: CONGRESSO BRASILEIRO

    DE CINCIAS DA COM UNICAO, XXV, Anais. Sociedade Brasileira de Estudos Interdiscipliares da Comunicao, Salvador, 2002. 1 CD-ROM .17 SCHAPOCHNIK, Nelson. Os jardins das delcias. Gabinetes, bibliotecas e figuraes da leitura na Corte Imperial. So Paulo: Edusp (em preparao). Ou So Paulo: FFLCH-USP, 1999. Tese na rea de Histria Social.18 ABREU, M rcia. Os Cam inhos dos livros. So Paulo: M ercado de Letras/ALB/Fapesp, 2003.