O Mahabharata 14 Aswamedha Parva

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  • 7/30/2019 O Mahabharata 14 Aswamedha Parva

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    O MAHABHARATA

    de

    Krishna-Dwaipayana Vyasa

    LIVRO 14

    ASWAMEDHA PARVA

    Traduzido para a Prosa Inglesa do Texto Snscrito Original

    porKisari Mohan Ganguli

    [1883-1896]

    AVISO DE ATRIBUIOEscaneado em sacred-texts.com, 2004. Verificado por John Bruno Hare,

    Outubro2004. Este texto de domnio pblico. Estes arquivos podem ser usadospara qualquerpropsito no comercial, desde que este aviso de atribuio sejamantidointacto.

    Traduzido para o Portugus por Eleonora Meier.

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    Captulo Contedo Pgina1 Yudhishthira cai em aflio. Aconselhado por Dhritarashtra. 52 Aconselhado por Krishna e Vyasa. 53 Vyasa repreende Yudhishthira. 64 Vyasa fala sobre Rei Marutta. 7

    5 Inveja de Indra por Marutta. 96 Vrihaspati se recusa a oficiar como sacerdote de Marutta. Narada instruiMarutta a procurar Samvarta. 10

    7 Samvarta concorda em realizar sacrifcio. 128 Marutta obtm ouro de Kuvera. 139 Indra envia Agni e Vrihaspati para Marutta, mas Marutta os recusa. 14

    10 Trmino do sacrifcio, Indra satisfeito. Yudhishthira deve obter aquele ouro. 1711 Krishna relata como Indra destruiu Vritra quando ele se movia Terra-ter, do

    corpo de Sakra. 2012 Krishna fala para Yudhishthira conquistar a batalha em sua mente. 2113 Aviso do poder de Kama sobre a mente. 22

    14 Yudhishthira consolado. Ritos funerrios realizados. 2315 Krishna pede permisso para partir. 2416 Arjuna pergunta para Krishna sobre a verdade dita para Arjuna durante a

    batalha. Krishna narra histria de Kasyapa encontrando Rishi emancipado daregio do Av. 26

    17 Kasyapa pede por explicao quanto a como Jiva obtm e deixa o corpo. 2918 Como Jiva entra em um corpo, at a emancipao final. 3119 Krishna termina por relatar emancipao e cincia de Yoga. 3320 Esposa de Brahmana pergunta para seu marido aonde ela ir aps a morte.

    Resposta inclui ares vitais, 7 tipos de combustvel (elemento, mente ecompreenso), 7 sacerdotes, etc. 37

    21 Criao do Mundo e Mente. 3922 Sete sacerdotes sacrificantes (nariz, olho, lngua, pele, ouvido, mente,

    compreenso). Sua independncia. 4123 Nenhum dos cinco ares vitais superior aos outros. 4224 Cinco ares vitais. 4425 Brahmana continua sobre sacrifcio Chaturhotra: alimento reduzido. 4526 Cobras, divindades, Asuras, Rishis instrudos por Brahman. 4627 Descrio do mundo como 7 eremitrios, rvores, frutos, etc. 4728 Yati e Adhawaryu sobre sacrifcio de uma cabra. 4829 Rama (filho de Jamadagni) destruindo Kshatriyas. 5030 Pitris o aconselham a praticar penitncias Yoga, mata os sentidos. 5131 Inimigos: exultao, satisfao, alegria (Bondade), cobia, ira, dio (Paixo),

    lassido, procrastinao, iluso (Ignorncia). Rei Ambarisha vence a cobia. 5332 Janaka, incapaz de determinar o que pertence a ele (nenhuma idia de

    meu). 5433 Brahmana para sua esposa (ver 20). 5634 Krishna conclui a histria (Brahmana sua mente, esposa sua compreenso). 5635 Arjuna pede a Krishna para explicar Brahma. 57

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    36 Qualidade de Ignorncia, queda e subida de um homem da ignorncia. 6037 Qualidades da Paixo. 6238 Qualidades da Bondade. 6339 Discusso sobre as trs qualidades em todas as coisas. 6440 Mahat Grande alma. 66

    41 Mahat como "Eu sou tudo isso". 6642 Resto dos elementos, seus objetos e divindades presidentes. 6743 Dever, governadores sobre diferentes formas. 7044 A mais elevada das plantas, homens, universo (Vishnu), etc. 7245 Analogia da vida com uma roda. 7346 Vida de um recluso, levando emancipao. 7547 Analogia da rvore, duas aves. 7848 Diferena entre Purusha e natureza. 7949 Av endereado por Brahmanas sobre deveres conflitantes. 8050 Av responde. Relao de Natureza e Purusha. Qualidades dos elementos. 8151 Analogia com carruagem. Emancipao. Krishna termina instruindo Arjuna. 84

    52 Krishna e Arjuna vo at Yudhishthira e Dhritarashtra. Krishna ento partepara sua cidade de origem. 87

    53 Krishna encontra Utanka, que ameaa amaldio-lo por causar a morte dosKauravas. 90

    54 Krishna explica quem ele . 9255 Utanka recebe viso de Krishna. Bno de gua concedida para Utanka

    erro com caador. Nuvens-Utanka. 9356 Austeridades de Utanka. Parte para obter brincos celestiais do rei Saudasa. 9557 Encontra Saudasa, e concorda em voltar para ser comido depois de ter obtido

    os brincos de sua esposa. 9758 Utanka obtm brincos, perdendo-os temporariamente para cobra na regio

    Naga. Os oferece para esposa de Gautama. 9959 Krishna volta para casa. 10360 Krishna resume a histria (Bhishma 10 dias, Drona 5, Karna 2, Salya meio,

    Sakuni). 10461 Morte de Abhimanyu discutida. 10562 Pandavas tambm lamentam por Abhimanyu. 10763 Yudhishthira manda Pandavas em busca da riqueza enterrada de Marutta. 10864 Todos partem e acampam perto de montanhas. 11065 Sacrifcio, e escavam riqueza. 11166 Krishna retorna, porque Parikshit nasce morto de Uttara. 112

    67 Damas pedem que o beb morto seja revivido. 11368 Krishna vai at Draupadi. 11469 Uttara lamenta. Krishna afirma que a criana viver. 11570 Presentes feitos para a criana. Pandavas retornam um ms depois. 11771 Yudhishthira se prepara para o sacrifcio. 11872 Sacrifcio de Cavalo comea. Arjuna segue. Vyasa preside a cerimnia. 11973 Arjuna segue cavalo. Batalha com reis durante este tempo. 12174 Arjuna luta com Trigartas. 122

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    75 Arjuna enfrenta filho de Bhagadatta. 12476 Luta por 3 dias, subjuga (no mata) filho de Bhagadatta. 12577 Arjuna com problemas, mas derrota Saindhavas. 12678 Arjuna espera, se lembrando das palavras de Yudhishthira para no matar

    indiscriminadamente. Rainha Dussala finalmente interrompe com o neto de

    Arjuna, fora o fim da luta. 12779 Vabrwahana (um filho de Arjuna) traz presentes, mas forado a lutar. Arjunae filho ambos caem desmaiados no cho. 130

    80 Ambos devolvidos vida. 13281 Queda de Arjuna explicada como expiao do pecado de matar Bhishma

    injustamente. 13482 Filho de Sahadeva d combate e derrotado. 13683 Arjuna atravessa o Sul conquistando muitas cidades. 13784 Derrota filho de Sakuni (linhagem de Gandharas) depois de batalha violenta. 13885 Preparaes para o sacrifcio: rea sacrifical preparada. 14086 Arjuna fatigado. Numerosos reis chegam ao sacrifcio. 142

    87 Arjuna retorna. Krishna atribui sua constante misria a ossos altos da face! 14388 Sacrifcio continua, como recomendado por Vyasa. 14489 Riqueza doada em abundncia. 14690 Mangusto aparece no sacrifcio com cabea dourada e relata histria de

    famlia Brahmana faminta dando alimento para convidado. 14991 Vaisampayana para Janamejaya sobre sacrifcios. 15592 Explicao do mangusto como Raiva, sendo libertado da maldio. 157

    ndice escrito por Duncan Watson.Traduzido para o Portugus por Eleonora Meier.

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    1(Aswamedhika Parva)

    Om! Tendo me curvado a Narayana, e Nara o principal dos seres masculinos,como tambm deusa Saraswati, a palavra Jaya deve ser proferida.

    "Vaisampayana disse, "Depois que o rei Dhritarashtra tinha oferecido libaesde gua (para o esprito de Bhishma), Yudhishthira de braos poderosos, comseus sentidos confusos, colocando o primeiro em sua frente, subiu nas margens(do rio), seus olhos banhados em lgrimas, e caiu na margem do Ganga como umelefante perfurado pelo caador. Ento incitado por Krishna, Bhima o ergueu (parano) afundar. 'Isto no deve ser assim' disse Krishna, o opressor de hostes hostis.Os Pandavas, rei, viram Yudhishthira, o filho de Dharma, atormentado e jazendono cho, e tambm suspirando repetidamente. E vendo o rei abatido e fraco, osPandavas, tomados pela angstia, se sentaram, circundando-o. E dotado degrande inteligncia e tendo a viso da sabedoria, o rei Dhritarashtra,

    extremamente angustiado pelo pesar por seus filhos, dirigiu-se ao monarca,dizendo, 'Levante, tigre entre os Kurus. Encarregue-te agora dos teus deveres. filho de Kunti, tu conquistaste a Terra segundo o costume dos Kshatriyas.

    Agora, senhor de homens, desfrute dela com teus irmos e amigos. principaldos justos, eu no vejo por que tu deves te afligir. senhor da Terra, tendoperdido cem filhos como riquezas obtidas em um sonho, somos Gandhari e eu quedevemos lamentar. No tendo escutado as palavras significativas de Vidura degrande alma, que procurava nosso bem-estar, eu, de sentidos perversos, (agora)me arrependo. O virtuoso Vidura, dotado de discernimento divino, tinha me dito;Tua linhagem encontrar com a aniquilao devido s transgresses deDuryodhana. rei, se tu desejas a prosperidade da tua linhagem, aja de acordo

    com meu conselho. Rejeite este monarca de mente m, Suyodhana, e no deixenem Karna nem Sakuni o verem por quaisquer meios. Impea o jogo delestambm, sem fazer nenhum rebulio, e consagre o rei justo Yudhishthira. Ele desentidos subjugados governar justamente a Terra. Se tu no admites o reiYudhishthira, filho de Kunti, ento, monarca, realizando um sacrifcio, tu mesmotome conta do reino, e considerando todas as criaturas com um olhar imparcial, senhor de homens, deixe que teus parentes, aumentador da tua famlia,subsistam de tua generosidade.' Quando, filho de Kunti, o perspicaz Viduradisse isso, tolo que eu era eu segui o perverso Duryodhana. Tendo me fingido desurdo s palavras gentis daquele sereno, eu obtive esta tristeza imensa como umaconsequncia, e tenho estado mergulhado em um oceano de dor. Veja teus velhos

    pai e me, rei, mergulhados em misria. Mas, mestre de homens, eu noencontro motivo para a tua angstia.'"

    2"Vaisampayana disse, "Assim endereado pelo inteligente rei Dhritarashtra,

    Yudhishthira, possuidor de compreenso, ficou calmo. E ento Kesava (Krishna) oabordou, 'Se uma pessoa se entrega excessivamente tristeza por seus

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    antepassados mortos, ela os aflige. (Portanto, banindo a dor), celebre (agora)muitos sacrifcios com presentes adequados para os sacerdotes; e gratifique osdeuses com licor Soma, e os espritos dos teus antepassados com o alimento ebebida devidos a eles. Tambm satisfaa teus convidados com carne e bebida eos desamparados com doaes compatveis com seus desejos. Uma pessoa de

    grande inteligncia no deve se comportar dessa maneira. O que deve serconhecido foi conhecido por ti; o que deve ser feito, tambm tem sido realizado. Etu ouviste os deveres dos Kshatriyas, declarados por Bhishma, o filho deBhagirathi, por Krishna Dwaipayana, Narada e Vidura. Portanto tu no devestrilhar o caminho dos estpidos; mas seguindo o costume dos teus antepassados,sustente a carga (do imprio). apropriado que um Kshatriya deve alcanar o cucom certeza por seu (prprio) renome. Dos heris, aqueles que vieram a sermortos nunca tero que se despedir (das regies celestes). Renuncie tuaangstia, soberano poderoso. Na verdade, o que aconteceu estava destinado aacontecer assim. Tu no podes de forma alguma ver aqueles que foram mortosnessa guerra. Tendo dito isto para Yudhishthira, prncipe dos virtuosos, oespirituoso Govinda pausou; e Yudhishthira respondeu a ele dessa maneira, Govinda, eu conheo perfeitamente bem teu afeto por mim. Tu sempre mefavoreceste com teu amor e tua amizade. E, portador da maa e do disco, descendente da linhagem de Yadu, glorioso, se (agora) com uma mentesatisfeita tu me permitires ir para o retiro dos ascetas na floresta, ento turealizarias o que muito desejado por mim. Eu no encontro nenhuma paz depoisde ter matado meu av, e aquele principal dos homens, Karna, que nunca fugiu docampo de batalha. Janardana, ordene de modo que eu possa ser libertadodeste pecado hediondo e que minha mente possa ser purificada. Quando o filhode Pritha estava falando assim, o altamente enrgico Vyasa, conhecedor dosdeveres da vida, acalmando-o, falou estas palavras excelentes, Meu filho, tuamente ainda no est calma; e portanto tu ests novamente tomado por umsentimento infantil. E, ento, filho, ns espalhamos repetidamente nossaspalavras aos ventos? Tu conheces os deveres dos Kshatriyas, que vivem pelaguerra. Um rei que realizou sua prpria parte no se permitir ser dominado pelatristeza. Tu escutaste fielmente a doutrina inteira de salvao; e eu repetidamenteremovi tuas apreenses surgidas do desejo. Mas no prestando a devida atenoao que eu revelei, tu de compreenso incorreta sem dvida te esqueceste distocompletamente. No seja assim. Tal ignorncia no digna de ti. impecvel, tuconheces todos os tipos de expiao; e tu tambm ouviste das virtudes dos reisassim como os mritos da caridade. Por que ento, Bharata, conhecedor detoda moralidade e versado em todos os Agamas, tu ests dominado (pelaangstia) como se por ignorncia?'"

    3"Vyasa disse, ' Yudhishthira, tua sabedoria, eu penso, no adequada.

    Ningum faz alguma ao por virtude de seu prprio poder. Deus quem oengaja em aes boas ou ms, concessor de honra. Onde ento est o espaopara arrependimento? Tu te consideras como tendo cometido atos mpios.

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    Portanto, Bharata, oua com muita ateno qual o caminho pelo qual o pecadopode ser removido. Yudhishthira, aqueles que cometem pecado podem semprese livrar deles atravs de penitncia, sacrifcio e doaes. rei, principal doshomens, pessoas pecaminosas so purificadas por sacrifcio, austeridades ecaridade. Os celestiais de grande alma e Asuras realizam sacrifcios para

    assegurar mrito religioso; e, portanto sacrifcios so de importncia suprema. Foiatravs de sacrifcios que os celestiais de grande alma se tornaram toextraordinariamente poderosos; e tendo celebrado ritos eles derrotaram osDanavas. Yudhishthira, te prepare para o Rajasuya, e Sacrifcio de Cavalo,assim como, Bharata, para o Sarvamedha e o Naramedha (sacrifcio humano). Eento como o filho de Dasaratha, Rama, ou como Dushmanta e o filho deSakuntala, teu antepassado, o senhor da Terra, o rei Bharata extremamentepujante, fizeram, de acordo com a ordenana celebre o Sacrifcio de Cavalo comDakshinas. Yudhishthira respondeu, 'Sem dvida o Sacrifcio de Cavalo purificaprncipes. Mas eu tenho um propsito do qual cabe a ti ouvir. Tendo causado estaenorme carnificina de parentes, eu no posso, melhor dos regenerados,distribuir doaes nem em uma pequena escala; eu no tenho riqueza para dar.Nem eu posso solicitar por riqueza estes jovens filhos de reis, estando emsituao miservel, com seus ferimentos ainda frescos, e passando porsofrimento. Como, principal dos duas vezes nascidos, eu mesmo tendodestrudo a Terra eu posso, dominado pela tristeza, arrecadar tributos paracelebrar um sacrifcio? Por causa do erro de Duryodhana, melhor dos ascetas,os reis da Terra encontraram com a destruio, e ns colhemos infmia. Porcausa de riqueza Duryodhana devastou a Terra; e a tesouraria daquele filho demente pecaminosa de Dhritarashtra est vazia. (Neste sacrifcio), a Terra oDakshina; esta a regra que est prescrita em primeiro lugar. A anulao usualdesta regra, embora sancionada, observada pelos eruditos como tal. Nem, asceta, eu quero ter um substituto (para este processo). Nesta questo, senhorvenervel, cabe a ti me favorecer com teu conselho.' Assim endereado pelo filhode Pritha, Krishna Dwaipayana, refletindo por um instante, falou para o rei justo,'Esta tesouraria, (agora) esgotada, ser cheia. filho de Pritha, na montanhaHimavat (os Himalayas) h ouro que foi deixado para trs por Brahmanas nosacrifcio de Marutta de grande alma.' (O rei Marutta celebrou um sacrifcio nosHimalayas, concedendo ouro para Brahmanas. No sendo capazes de carregartoda a quantidade, eles tinham carregado tanto quanto eles puderam, jogando forao restante.) Yudhishthira perguntou, 'Como naquele sacrifcio celebrado porMarutta tanto ouro foi acumulado? E, principal dos oradores, quando ele reinou?'Vyasa disse 'Se, filho de Pritha, tu ests ansioso para ouvir sobre aquele reinascido da linhagem de Karandhama, ento me oua enquanto eu te contoquando aquele monarca muito poderoso possuidor de riqueza imensa reinou.'"

    4"Yudhishthira disse, ' justo, eu estou desejoso de ouvir a histria daquele

    sbio nobre Marutta. Dwaipayana, narre-a para mim, impecvel.'

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    "Vyasa disse, ' filho, na era Krita Manu era o senhor (da Terra) brandindo ocetro. Seu filho era conhecido sob o nome de Prasandhi. Prasandhi teve um filhochamado Kshupa, o filho de Kshupa foi aquele senhor (de homens), o reiIkshwaku. Ele, rei, teve uma centena de filhos dotados de piedade preeminente.E todos eles foram feitos monarcas pelo rei Ikshwaku. O mais velho deles, de

    nome Vinsa, se tornou o ideal dos arqueiros. O filho de Vinsa, Bharata, era oauspicioso Vivinsa. Vivinsa, rei, teve quinze filhos; todos eles eram arqueirospoderosos, respeitosos para os Brahmanas e sinceros, amveis e sempre falandoimparcialmente. O irmo mais velho, Khaninetra, oprimiu todos os seus irmos. Etendo conquistado o reino inteiro livre de todos os distrbios, Khaninetra no pdereter sua supremacia; nem o povo estava satisfeito com ele. E destronando-o,eles, principal dos monarcas, investiram seu filho Suvarcha com os direitos desoberania e (tendo efetuado isto) sentiram alegria (em seus coraes). Vendo osreversos sofridos por seu pai assim como sua expulso do imprio, ele estavasempre aplicado em ocasionar o bem-estar das pessoas, sendo devotado aosBrahmanas, falando a verdade, praticando pureza e controlando seus sentidos epensamentos. E os sditos estavam bem satisfeitos com aquele de grande almaconstante em virtude. Mas ele estando constantemente engajado em atosvirtuosos, seus tesouros e veculos ficaram imensamente reduzidos. E por suatesouraria ter ficado esgotada, os prncipes feudatrios enxameando ao redor delecomearam a lhe dar problemas. Sendo assim oprimido por muitos inimigosenquanto sua tesouraria, cavalos e veculos estavam empobrecidos, o rei sofreugrande tribulao junto com seus atendentes e os habitantes de sua capital.Embora seu poder diminusse imensamente, ainda assim os inimigos no podiammatar o rei, pois seu poder, Yudhishthira, estava estabelecido na justia. Equando ele tinha alcanado o extremo da misria junto com os cidados, elesoprou sua mo (com sua boca), e disso l apareceu um abastecimento de foras.E ento ele derrotou todos os reis que viviam ao longo das fronteiras de seusdomnios. E a partir desta circunstncia, rei, ele foi celebrado comoKarandhama. Seu filho, (o primeiro) Karandhama que nasceu no incio da eraTreta, se igualou ao prprio Indra e era dotado de benevolncia, e invencvel atpelos imortais. Naquele tempo todos os reis estavam sob seu controle; eigualmente em virtude de sua riqueza e por sua coragem ele se tornou seuimperador. Em resumo, o rei justo de nome Avikshit se tornou como o prprioIndra em herosmo; e ele era dado a sacrifcios, se deleitava na virtude e mantinhaseus sentidos sob restrio. E em energia ele parecia com o sol e em pacinciacomo a prpria Terra; em inteligncia, ele era como Vrihaspati, e em tranquilidadea prpria montanha Himavat. E aquele rei deleitou os coraes de seus sditospor meio de aes, pensamentos, palavras, autodomnio, e clemncia. Elerealizou centenas de Sacrifcios de Cavalo, e o prprio potente e erudito Angira oservia como sacerdote. Seu filho superou seu pai na posse de boas qualidades.Chamado Marutta, aquele senhor dos reis era justo e de grande renome, epossuidor do poder de dez mil elefantes. Ele era como um segundo Vishnu.Desejoso de celebrar um sacrifcio, aquele monarca virtuoso, indo para o MonteMeru no lado norte de Himavat, fez milhares de recipientes dourados brilhantesserem forjados. L em uma enorme colina dourada ele realizou os ritos. E ourivesfizeram inumerveis bacias e recipientes e panelas e assentos. E a rea sacrifical

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    era perto deste lugar. E aquele justo senhor da Terra, o rei Marutta, junto comoutros prncipes, realizou um sacrifcio l.'"

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    "Yudhishthira disse, ' melhor dos oradores, como aquele rei se tornou topoderoso? E como, duas vezes nascido, ele obteve tanto ouro? E onde estagora, senhor venervel, toda a sua riqueza? E, asceta, como ns podemosobter a mesma?'

    "Vyasa ento disse, 'Como a prole numerosa do Prajapati Daksha, os Asuras eos Celestiais desafiaram uns aos outros (para combate), assim da mesma maneiraos filhos de Angira, o extremamente enrgico Vrihaspati e o asceta Samvarta, devotos iguais, desafiaram um ao outro, rei. Vrihaspati comeou a importunarSamvarta repetidas vezes. E constantemente incomodado por seu irmo maisvelho, ele, Bharata, renunciando s suas riquezas, foi para as florestas, com

    nada para cobrir seu corpo salvo o cu aberto. (Naquele tempo), Vasava tendovencido e destrudo os Asuras, e obtido a soberania das regies celestes tinhanomeado como seu sacerdote o filho mais velho de Angira, aquele melhor dosBrahmanas, Vrihaspati. Antigamente Angira era o sacerdote da famlia do reiKarandhama. Inigualvel entre os homens em poder, destreza e carter; poderosocomo Satakratu, de alma justa e de votos rgidos, rei, ele tinha veculos, eguerreiros, e muitos partidrios, e armaes de cama excelentes e caras,produzidas por meio de meditao pelo ar de sua boca. E por suas virtudesnaturais, o monarca tinha trazido todos os prncipes sob seu domnio. E tendovivido tanto quanto ele desejava, ele ascendeu para o cu em sua encarnaocorprea. E seu filho chamado Avikshit, conquistador de inimigos, ntegro como

    Yayati, trouxe toda a Terra sob seu domnio. E em mrito e poder o rei pareciacom seu pai. Ele teve um filho chamado Marutta, dotado de energia, e parecendocom o prprio Vasava. Esta Terra vestida em oceanos se sentiu arrastada emdireo a ele. Ele sempre costumava desafiar o senhor dos celestiais; e filho dePandu, Vasava tambm afrontava Marutta. E Marutta, mestre da Terra, era puro epossuidor de perfeies. E apesar do seu esforo, Sakra no pde prevalecersobre ele. E incapaz de control-lo, ele, andando a cavalo, junto com os celestiais,convocando Vrihaspati, falou a ele dessa maneira, ' Vrihaspati, se tu desejasfazer o que agradvel para mim, no realize trabalhos sacerdotais para Maruttaem nome das divindades ou Espritos ancestrais. Eu, Vrihaspati, obtive asoberania dos trs mundos, enquanto Marutta meramente o senhor da Terra.

    Como, Brahmana, tendo agido como sacerdote para o rei imortal dos celestiais,tu realizars sem hesitao a funo sacerdotal para Marutta sujeito morte? Queo bem te acontea! Adira ao meu lado ou aquele do monarca, Marutta, ouabandonando Marutta, venha para mim alegremente. Assim abordado pelosoberano dos celestiais, Vrihaspati, refletindo por um momento, respondeu para orei dos imortais. Tu s o Senhor das criaturas, e em ti os mundos estoestabelecidos. E tu destruste Namuchi, Viswarupa e Vala. Tu, heri, realizastesozinho a prosperidade dos celestiais, e, matador de Vala, tu sustentas a terra

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    assim como o cu. Como, principal dos celestiais, tendo oficiado como teusacerdote, eu irei, castigador de Paka, servir um prncipe mortal? Oua o que eudigo. Mesmo que o deus do fogo cesse de causar calor e tepidez, ou a terra mudesua natureza, ou o sol cesse de dar luz, eu nunca me desviarei da verdade (queeu tenho falado).

    Vaisampayana continuou, 'Ao ouvir estas palavras de Vrihaspati Indra ficoucurado de seus sentimentos invejosos, e ento o elogiando ele se dirigiu para suaprpria manso.'

    6"Vyasa disse, 'A antiga lenda de Vrihaspati e do sbio Marutta citada com

    relao a isto. Ao saber do pacto feito pelo filho de Angira Vrihaspati com o senhordos deuses (Indra), o rei Marutta fez os preparativos necessrios para um grandesacrifcio. O eloquente neto de Karandhama, (Marutta) tendo concebido a idia de

    um sacrifcio em sua mente, foi at Vrihaspati e se dirigiu a ele dessa maneira, 'asceta venervel, eu planejo realizar o sacrifcio o qual tu me propuseste uma vezem uma ocasio anterior e de acordo com tuas instrues, e eu agora desejo tenomear como o sacerdote oficiante naquele sacrifcio, os materiais do qualtambm foram reunidos por mim. excelente, tu s nosso sacerdote familiar,portanto pegue aquelas coisas sacrificais e realize tu mesmo o sacrifcio.'

    Vrihaspati disse, ' senhor da terra, eu no desejo realizar teu sacrifcio. Eu fuinomeado como sacerdote pelo Senhor dos deuses (Indra) e eu prometi para eleagir como tal.'

    Marutta disse, 'Tu s sacerdote hereditrio da nossa famlia, e por esta razo

    eu nutro grande respeito por ti, e eu adquiri o direito de ser ajudado em sacrifciospor ti, e, portanto apropriado que tu oficies como sacerdote no meu sacrifcio.'

    Vrihaspati disse, 'Tendo, Marutta, agido como sacerdote para os Imortais,como eu posso agir como tal para homens mortais? Tu partas daqui ou fique, eute digo que eu parei de agir como sacerdote para qualquer pessoa exceto osImortais. tu de braos poderosos, eu no posso agir como teu sacerdote agora.E de acordo com teu prprio desejo, tu podes nomear algum como teu sacerdoteque ir realizar teu sacrifcio.'

    Vyasa disse, 'Assim comunicado, o rei Marutta ficou desconcertado comvergonha, e enquanto voltava para casa com sua mente oprimida pela ansiedade,

    ele encontrou com Narada em seu caminho. E aquele monarca ao ver o divinoRishi Narada permaneceu perante ele com a devida saudao, com suas palmasunidas. Ento Narada se dirigindo a ele dessa maneira disse, sbio real, tu nopareces estar bem satisfeito em tua mente; est tudo bem contigo? Onde tuestiveste, impecvel, e de onde vem a causa desta tua inquietude mental? E, rei, se no houver objeo a tu me contares, melhor dos reis, revele (a causa detua ansiedade) para mim para que, prncipe, eu possa diminuir a inquietude datua mente com todos os meus esforos.'

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    Vaisampayana continuou, 'Assim endereado pelo grande Rishi Narada, o reiMarutta o informou da recusa que ele tinha recebido de seu preceptor religioso.'

    Marutta disse, 'Procurando por um sacerdote para oficiar no meu sacrifcio eufui at aquele sacerdote dos Imortais, Vrihaspati, o filho de Angira, mas ele decidiu

    no aceitar minha oferta. Tendo recebido esta recusa dele, eu no desejo vivermais agora, pois por ele me abandonar dessa maneira, Narada, eu me torneicontaminado pelo pecado.'

    Vyasa disse, 'Assim falado por aquele rei, Narada, prncipe poderoso, deuesta resposta para ele com palavras que pareceram reviver aquele filho de

    Avikshit.'

    Narada disse, 'O filho virtuoso de Angira, de nome Samvarta, est vagando portodas as regies da terra em um estado de nudez para a surpresa de todas ascriaturas; prncipe, v at ele. Se Vrihaspati no deseja oficiar no teu sacrifcio, opoderoso Samvarta, se satisfeito contigo, realizar teu sacrifcio.'

    Marutta disse, 'Eu me sinto como se instilado com vida nova por estas tuaspalavras, Narada, mas, melhor dos oradores, me diga onde eu posso acharSamvarta, e como eu posso permanecer ao lado dele, e como eu devo agir paraque ele no possa me abandonar, pois eu no desejarei viver se eu encontrar comuma recusa dele tambm.'

    Narada disse, 'Desejoso de ver Maheswara, prncipe, ele perambula vontade na cidade de Varanasi, na aparncia de um homem louco. E tendoalcanado o porto daquela cidade, tu deves colocar um corpo morto em algumlugar perto dele, e o homem que se desviar ao ver o cadver, prncipe, saibaque aquele homem Samvarta, e conhecendo-o, siga seus passos para ondequer que aquele homem poderoso escolha ir e encontrando-o (finalmente) em umlocal solitrio tu deves procurar sua proteo com tuas mos unidas em splica aele. E se ele te perguntar quem foi a pessoa que te deu as informaes acercadele mesmo, diga a ele que Narada te informou sobre Samvarta. E se ele te pedirpara me seguir, tu deves dizer a ele sem nenhuma hesitao que eu entrei nofogo.'

    Vyasa disse, 'Tendo expressado sua aceitao da proposta de Narada, aquelesbio nobre, depois de cultu-lo devidamente, e recebendo sua permisso, sedirigiu cidade de Varanasi, e tendo chegado l, aquele prncipe famoso fez comotinha sido ordenado, e lembrando-se das palavras de Narada, ele colocou um

    cadver no porto da cidade. E por coincidncia aquele Brahmana tambm entrouno porto da cidade ao mesmo tempo. Ento ao ver o cadver, ele se desviou derepente. E ao v-lo voltar atrs, aquele prncipe, o filho de Avikshit, seguiu seuspassos com suas mos unidas, e com o objetivo de receber instruo dele. Eento o encontrando em um lugar solitrio, Samvarta cobriu o rei com lama ecinzas e muco e cuspe. E embora assim atormentado e oprimido por Samvarta, orei seguiu aquele sbio com suas mos unidas em splica e tentando apazigu-lo.Finalmente dominado pela fadiga, e alcanando a sombra fresca de uma figueira

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    sagrada com muitos ramos, Samvarta desistiu de seu percurso e se sentou paradescansar.'

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    "Samvarta disse, 'Como tu vieste a me conhecer, e quem se referiu a mim parati, diga-me isto verdadeiramente, se tu desejas que eu faa o que bom para ti. Ese tu falares realmente, tu obters todos os objetos de teu desejo, e se tu disseresuma mentira, tua cabea se rachar em cem pedaos.'

    Marutta disse, 'Eu fui informado por Narada, vagando em seu caminho, que tus o filho do nosso sacerdote familiar, e esta (informao) inclinou minha mente(em direo a ti), com satisfao extraordinria.'

    Samvarta disse, 'Tu me disseste isto verdadeiramente. Ele (Narada) sabe queeu sou um realizador de sacrifcios. Agora me diga onde Narada est vivendo nomomento.'

    Marutta disse, 'Aquele prncipe dos santos celestes (Narada) tendo me dadoestas informaes acerca de ti, e me confiado ao teu cuidado, entrou no fogo.'

    Vyasa disse, 'Ouvindo estas palavras do rei (Marutta) Samvarta ficou muitosatisfeito, e ele disse (se dirigindo a Marutta). 'Eu tambm sou bastante capaz defazer tudo isso.' Ento, prncipe, aquele Brahmana, delirando como um luntico,e repetidamente xingando Marutta com palavras rudes, o abordou novamentedessa maneira, 'Eu sofro de uma desordem cerebral, e, eu sempre ajo segundo oscaprichos aleatrios da minha prpria mente. Por que tu ests empenhado em tereste sacrifcio realizado por um sacerdote de tal disposio singular? Meu irmo

    pode oficiar em sacrifcios, e ele foi para o lado de Vasava (Indra), e est engajadoem realizar seus sacrifcios, portanto tenha teu sacrifcio realizado por ele. Meuirmo mais velho tirou fora de mim todos os meus bens familiares e deusesmsticos, e clientes sacrificais, e agora deixou para mim somente este meu corpofsico, e, filho de Avikshit, como ele digno de todo o respeito de mim, eu noposso de nenhuma maneira oficiar no teu sacrifcio, a menos que com permissodele. Tu deves, portanto ir at Vrihaspati primeiro, e recebendo sua permisso tupodes voltar para mim, se tu tens algum desejo de realizar um sacrifcio, esomente ento eu irei oficiar no teu sacrifcio.'

    Marutta disse, 'Oua-me, Samvarta, eu fui at Vrihaspati primeiro, masdesejando o patronato de Vasava ele no desejou ter a mim como seu

    sacrificador. Ele disse, 'Tendo assegurado o sacerdcio dos Imortais eu nodesejo agir para mortais, e eu fui proibido por Sakra (Indra) de oficiar no sacrifciode Marutta, porque ele me disse que Marutta, tendo se tornado o senhor da terra,estava sempre cheio de um desejo de rivalizar com ele.' E a isto teu irmoconsentiu por dizer ao Matador de Vala (Indra), Assim seja. Saiba, melhor dosascetas, que como ele conseguiu assegurar a proteo do Senhor dos Celestiais,eu me dirigi a ele com corao satisfeito, mas ele no concordou em agir comomeu sacerdote. E assim repelido, eu agora desejo gastar tudo o que eu possuo

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    para ter este sacrifcio realizado por ti, e para sobrepujar Vasava pelo mrito dosteus bons prstimos. Como eu fui repelido por Vrihaspati por nenhuma falhaminha, eu agora no desejo, Brahmana, ir at ele para procurar sua ajuda nestesacrifcio."

    Samvarta disse, 'Eu posso certamente, rei, realizar tudo o que tu desejas,

    somente se tu concordares em fazer tudo que eu te pedir para fazer, mas eupercebo que Vrihaspati e Purandara (Indra) quando eles souberem que eu estouempenhado em realizar teu sacrifcio, ficaro cheios de ira, e faro tudo o que elespuderem para te prejudicar. Portanto, me assegure da tua firmeza, para garantirminha frieza e constncia, porque de outra maneira, se eu ficar cheio de ira contrati, eu reduzirei (destruirei) a ti e teus parentes a cinzas."

    Marutta disse, 'Se alguma vez eu te abandonar, que eu nunca possa alcanaras regies abenoadas enquanto as montanhas existirem, e o sol de mil raioscontinuar a emitir calor: se eu te abandonar, que eu nunca possa obter sabedoriaverdadeira, e permanea para sempre afeito a ocupaes mundanas (materiais)."

    Samvarta disse, "Escute, filho de Avikshit, excelente como a inclinao datua mente para realizar este ato, assim tambm, rei, eu tenho em minha mente ahabilidade para realizar o sacrifcio, eu te digo, rei, que tuas coisas boas setornaro imperecveis, e que tu superars Sakra e os Celestiais com Gandharvas.Por mim mesmo, eu no tenho desejo de acumular riqueza ou presentessacrificais, eu somente farei o que desagradvel para Indra e meu irmo, eu semdvida te farei obter igualdade com Sakra, e eu te digo realmente que eu irei fazero que agradvel para ti."

    8"Samvarta disse, "H um pico chamado Munjaban nos topos das montanhas

    Himalaya, onde o adorvel Marido de Uma (Mahadeva) est constantementeengajado em exerccios devocionais rgidos. L o deus poderoso e adorvel degrande pujana, acompanhado por sua consorte Uma, e armado com seu tridente,cercado por trasgos selvagens de muitas espcies, perseguindo seu desejoaleatrio ou capricho, reside constantemente sombra de florestas de rvoresgigantescas, ou nas cavernas, ou nos cumes acidentados da grande montanha. El os Rudras, os Saddhyas, Viswedevas, os Vasus, Yama, Varuna, e Kuvera comtodos os seus servidores, e os espritos e duendes, e os dois Aswins, osGandharvas, as Apsaras, os Yakshas, como tambm os sbios celestes, os

    deuses do Sol, assim como os deuses que presidem sobre os ventos, e mausespritos de todos os tipos, adoram o marido de grande alma de Uma, possuidorde diversas caractersticas. E l, rei, o deus adorvel passa seu tempo com osseguidores selvagens e brincalhes de Kuvera, possuidores de aparnciasestranhas e fantasmais. Brilhando com seu prprio esplendor, aquela montanhaparece resplandecente como o sol da manh. E nenhuma criatura com seus olhosnaturais feitos de carne pode alguma vez averiguar sua forma ou configurao, enem calor nem frio prevalece l, nem o sol brilha nem os ventos sopram. E, rei,

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    nem senilidade nem fome, nem sede, nem morte, nem medo afligem algumnaquele lugar. E, principal dos conquistadores, em todos os lados daquelamontanha existem minas de ouro, resplandecentes como os raios do sol. E, rei,os servidores de Kuvera, desejosos fazer bem para ele, protegem aquela minasde ouro de intrusos, com armas erguidas. Apresse-te para l, e concilie aquele

    deus adorvel que conhecido pelos nomes de Sarva, Bedha, Rudra, Sitikantha,Surapa, Suvarcha, Kapardi, Karala, Haryyaksha, Varada, Tryaksha,Pushnodantabhid, Vamana, Siva, Yamya, Avyaktarupa, Sadvritta, Sankara,Kshemya, Harikesa, Sthanu, Purusha, Harinetra, Munda, Krishna, Uttarana,Bhaskara, Sutirtha, Devadeva, Ranha, Ushnishi, Suvaktra, Sahasraksha, Midhvan,Girisa, Prasanta, Yata, Chiravasa, Vilwadanda, Siddha, Sarvadandadhara, Mriga,Vyadha, Mahan, Dhanesa, Bhava, Vara, Somavaktra, Siddhamantra, Chakshu,Hiranyavahu, Ugra, Dikpati, Lelihana, Goshtha, Shiddhamantra, Vrishnu, Pasupati,Bhutapati, Vrisha, Matribhakta, Senani, Madhyama, Sruvahasta, Yati, Dhanwi,Bhargava, Aja, Krishnanetra, Virupaksha, Tikshnadanshtra, Tikshna,Vaiswanaramukha, Mahadyuti, Ananga, Sarva, Dikpati, Bilohita, Dipta, Diptaksha,Mahauja, Vasuretas, Suvapu, Prithu, Kritivasa, Kapalmali, Suvarnamukuta,Mahadeva, Krishna, Tryamvaka, Anagha, Krodhana, Nrisansa, Mridu, Vahusali,Dandi, Taptatapa, Akrurakarma, Sahasrasira, Sahasra-charana, Swadha-swarupa,Vahurupa, Danshtri, Pinaki, Mahadeva, Mahayogi, Avyaya, Trisulahasta, Varada,Tryamvaka, Bhuvaneswara, Tripuraghna, Trinayana, Trilokesa, Mahanja,Sarvabhuta-prabhava, Sarvabhuta-dharana, Dharanidhara, Isana, Sankara, Sarva,Siva, Visveswara, Bhava, Umapati, Pasupati, Viswarupa, Maheswara, Virupaksha,Dasabhuja, Vrishavadhwaja, Ugra, Sthanu, Siva, Rudra, Sarva, Girisa, Iswara,Sitakantha, Aja, Sukra, Prithu, Prithuhara, Vara, Viswarupa, Virupaksha,Vahurupa, Umapati, Anangangahara, Hara, Saranya, Mahadeva, Chaturmukha. Lreverenciando aquela divindade, tu deves rogar sua proteo. E assim, prncipe,fazendo tua submisso quele Mahadeva de grande alma de grande energia, tuirs adquirir aquele ouro. E os homens que vo para l dessa maneira conseguemobter ouro. Assim instrudo, Marutta, o filho de Karandhama, fez como ele foiaconselhado. E fez planos sobre-humanos para a efetuao de seu sacrifcio. Earteses fabricaram recipientes de ouro para aquele sacrifcio. E Vrihaspatitambm, sabendo da prosperidade de Marutta, eclipsando aquela dos deuses,ficou imensamente aflito, e angustiado pelo pensamento que seu rival Samvartase tornaria prspero, ficou doente, e o brilho de sua cor o deixou, e seu corpo ficouemaciado. E quando o senhor dos deuses veio a saber que Vrihaspati estavamuito aflito, ele foi at ele acompanhado pelos Imortais e se dirigiu a ele dessamaneira."

    9Indra disse, "Tu, Vrihaspati, dormes em paz, e teus empregados so

    agradveis para ti, tu procuras o bem-estar dos deuses, e os deuses, Brahmana,te protegem?"

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    Vrihaspati disse, "Eu durmo em paz na minha cama. Senhor dos deuses, emeus empregados so agradveis para mim e eu sempre procuro o bem-estar dosdeuses, e eles cuidam bem de mim."

    Indra disse, "De onde vem ento esta dor, mental ou fsica, e por que tu estsplido e alterado em aparncia (cor) no momento? Diga-me, Brahmana, quem

    so aquelas pessoas que te causaram sofrimento, para que eu possa matar todaselas."

    Vrihaspati disse, " Indra, eu soube que Marutta realizar um grande sacrifciono qual presentes extraordinrios sero dados por ele (para Brahmanas) e que emseu sacrifcio Samvarta ir agir como o sacerdote oficiante, e, portanto eu desejoque ele no possa oficiar como sacerdote naquele sacrifcio."

    Indra disse, "Tu, Brahmana, obtiveste todos os objetos de teu desejo quandote tornaste o sacerdote excelente dos deuses, versado em todos os hinossagrados, e superaste a influncia da morte e caducidade, o que Samvarta podefazer para ti agora?"

    Vrihaspati disse, "A prosperidade de um rival sempre dolorosa para ossentimentos de algum, e por esta razo tambm, tu com teus deuses atendentespersegues os Asuras com seus parentes, e matas os mais prsperos entre eles;por essa razo, Senhor dos deuses, eu estou mudado em aparncia ao pensarque o meu rival est prosperando. Portanto, Indra, por todos os meios, impeaSamvarta e o rei Marutta."

    Indra se dirigindo a Agni disse, " Jataveda, seguindo minha ordem, v at orei Marutta oferecer Vrihaspati para ele, e diga para ele que este Vrihaspatioficiar em seu sacrifcio e o far imortal."

    Agni disse, Eu irei agora, adorvel, me dirigir para l como teu mensageiropara oferecer Vrihaspati para o rei Marutta; e para fazer verdadeiras as palavrasde Indra, e para mostrar respeito por Vrihaspati, Agni partiu.

    Vyasa disse, "Ento o deus do fogo de grande alma foi em sua misso,devastando todas as florestas e rvores, como o vento poderoso, rugindo egirando a esmo no fim da estao do inverno."

    Marutta disse, "Veja! Eu percebo o deus do fogo vindo em sua prpriaencarnao, hoje, portanto, Muni, oferea a ele um assento e gua, e uma vaca,e gua para lavar os ps."

    Agni disse, "Eu aceito tuas oferendas de gua, assento, e gua para lavar osps, impecvel, saiba que eu sou o mensageiro de Indra, vindo para ti de acordocom as ordens dele."

    Marutta disse, " Deus do fogo, o glorioso Senhor dos Celestiais est feliz, eele est satisfeito conosco, e os outros deuses so leais a ele? Me informedevidamente sobre todos estes pontos."

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    Agni disse, " senhor da terra, Sakra est perfeitamente feliz, ele est satisfeitocontigo, e deseja te fazer livre da senilidade, e todos os outros deuses so leais aele. rei, oua a mensagem do Senhor dos Celestiais. O objetivo pelo qual eleme enviou para ti oferecer Vrihaspati para Marutta. prncipe, que estesacerdote (dos Celestiais) realize teu sacrifcio, e faa a ti, que s somente um

    mortal, alcanar a imortalidade."Marutta disse, "Este Brahmana Samvarta duas vezes nascido realizar meu

    sacrifcio, e eu rogo para Vrihaspati, que ele tendo agido como sacerdote paraMahendra (Indra), no fica bem para ele agora agir como sacerdote para homensmortais."

    Agni disse, "Se este Vrihaspati oficiar como teu sacerdote, ento tu pelasbnos de Devaraja (Indra) alcanars a regio mais sublime na manso celestee obtendo fama tu certamente conquistars a regio celestial. E, senhor dehomens, se Vrihaspati agir como teu sacerdote, tu poders conquistar todas asregies habitadas por homens, e as regies celestiais, e todas as regies mais

    elevadas criadas por Prajapati e at todo o reino dos deuses."Samvarta disse, "Tu nunca deves vir novamente oferecer Vrihaspati dessa

    maneira para Marutta, pois saiba, Pavaka, (Agni) se tu o fizeres, eu, perdendominha calma, irei te queimar com meus olhos maus ferozes."

    Vyasa disse, "Ento Agni temendo destruio pelo fogo, e tremendo como asfolhas da rvore Aswattha (Ficus religiosa), voltou para os deuses, e Sakra degrande alma vendo aquele transportador de oblaes (Agni) na companhia deVrihaspati, disse o seguinte:

    Indra disse, " Jataveda (Agni), tu foste oferecer Vrihaspati para Marutta

    segundo minha ordem? O que aquele rei sacrificante disse para ti e ele aceitouminha mensagem?"

    Agni disse, "Tua mensagem no foi aceitvel para Marutta e quando incitadopor mim, ele, apertando as mos de Vrihaspati, repetidamente disse que Samvartairia agir como seu sacerdote. E ele tambm observou que ele no desejava obteras regies terrestres e celestiais e todas as maiores regies de Prajapati, e que seele estivesse assim disposto ele aceitaria os termos de Indra."

    Indra disse, "Volte quele rei e encontrando com ele lhe diga estas minhaspalavras, cheias de significado, e se ele no as obedecer, eu irei atingi-lo commeu raio."

    Agni disse, "Que este rei dos Gandharvas v para l como teu mensageiro, Vasava, pois eu tenho medo de ir l eu mesmo. Saiba, Sakra, que Samvartamuito enfurecido, habituado a prticas ascticas, me disse essas palavras comraiva: 'Eu irei te queimar com meus olhos maus ferozes se tu por alguma razovoltares aqui para oferecer Vrihaspati para o rei Marutta.'"

    Sakra disse, " Jataveda, s tu que queimas todas as outras coisas e no hningum mais que possa te reduzir a cinzas. Todo o mundo tem medo de entrar

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    contato contigo. transportador de oblaes, estas tuas palavras no so dignasde crdito."

    Agni disse, "Tu, Sakra, abarcaste o domnio do cu e da terra e dofirmamento pelo poder dos teus prprios braos, mas mesmo assim como Vritrapde (antigamente) tirar de ti fora a soberania das regies celestes?"

    Indra disse, "Eu posso reduzir meus inimigos submisso e posso at reduzir otamanho de uma montanha para um tomo, se eu desejar isso. Mas, Vahnni,como eu no aceito a libao de Soma se oferecida por um inimigo, e como euno golpeio os fracos com meu raio, Vritra pareceu triunfar sobre mim por umtempo. Mas quem entre os mortais pode viver em paz por criar inimizade comigo?Eu bani os Kalakeyas para a terra, e removi os Danavas do cu, e terminei aexistncia de Prahlada no cu. Pode haver algum homem que possa viver em pazpor provocar minha inimizade?"

    Agni disse, "Tu, Mahendra, te lembras que em tempos passados, quando osbio Chyavana oficiou no sacrifcio de Saryati com os deuses gmeos Aswins eele mesmo se apropriou sozinho da oferenda Soma tu ficaste cheio de ira, equando disposto a impedir o sacrifcio de Saryati tu golpeaste violentamenteChyavana com teu raio? Mas aquele Brahmana, Purandara, cedendo ira, foicapaz pelo poder de suas prticas religiosas de agarrar e segurar com firmeza tuamo com teu raio nela. E com raiva, ele tambm criou um inimigo teu de aparnciaterrvel, o Asura chamado Mada assumindo todas as formas, ao contemplar o qualtu fechaste teus olhos com medo, de quem uma mandbula enorme estavacolocada sobre a terra, e a outra se estendia para as regies celestes, e queparecia terrvel com seus mil dentes afiados se estendendo sobre cem Yojanas, etinha quatro proeminentes juntos, e brilhando como um pilar de prata, e seestendendo por duzentos Yojanas. E quando rangendo seus dentes ele teperseguiu com sua lana terrvel e erguida com o objetivo de te matar. Tu aocontemplares aquele monstro terrvel apresentaste um espetculo (deplorvel)para todos os que se encontravam prximos. Ento, matador de Danavas,dominado por medo do monstro, com tuas mos unidas em splica, tu procurastea proteo do grande sbio. O poder dos Brahmanas, Sakra, maior do que odos Kshatriyas. Ningum mais poderoso do que os Brahmanas, e conhecendodevidamente como eu conheo o poder dos Brahmanas, eu, Sakra, no desejoentrar em conflito com Samvarta."

    10"Indra disse, Isto assim mesmo; o poder dos Brahmanas grande e no h

    ningum mais poderoso do que os Brahmanas, mas eu nunca poderei tolerar comequanimidade o orgulho insolente do filho de Avikshita, e assim eu irei atingi-locom meu raio. Portanto, Dhritarashtra, de acordo com minha ordem te dirija aorei Marutta atendido por Samvarta, e entregue esta mensagem para ele: 'prncipe, aceite Vrihaspati como teu preceptor espiritual, caso contrrio eu teatingirei com meu raio terrvel.'"

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    Vyasa disse, "Ento Dhritarashtra se dirigiu corte daquele monarca eentregou para ele esta mensagem de Vasava."

    Dhritarashtra disse, " senhor de homens, saiba que eu sou Dhritarashtra oGandharva, vindo aqui com o objetivo de te entregar a mensagem de Indra. leo

    entre reis, escute as palavras que o senhor de grande alma de todos os mundosdestinou para ti. Aquele de realizaes incompreensveis (Indra) somente disseisto: 'Aceite Vrihaspati como teu sacerdote oficiante para o sacrifcio, ou, se tu noconcordares com meu pedido, eu te atingirei com meu raio terrvel.'"

    Marutta disse, "Tu, Purandara, os Viswadevas, os Vasus e os Aswins, todosvocs sabem que neste mundo no h fuga das consequncias de enganar umamigo; isto um grande pecado como aquele de assassinar um Brahmana. QueVrihaspati (portanto) oficie como sacerdote para aquele Mahendra, o Deva (deus)supremo, o mais sublime que maneja o raio, e, prncipe, Samvarta agir comomeu sacerdote, j que nem as palavras dele (Indra), nem as tuas se recomendampara mim."

    O Gandharva disse, " leo entre prncipes, escute o terrvel grito de guerra deVasava ribombando nos cus. Indubitavelmente e abertamente Mahendra irarremessar seu raio em ti. Portanto reflita sobre o teu bem, pois este o momentopara fazer isso."

    Vyasa disse, "Assim abordado por Dhritarashtra, e ouvindo o bramido deVasava uivando, o rei comunicou estas informaes para Samvarta firme emdevoo e maior de todos os homens virtuosos."

    Marutta disse, Na verdade esta nuvem de chuva flutuando no ar indica queIndra deve estar perto no momento, portanto, prncipe dos Brahmanas, eu buscotua proteo. melhor dos Brahmanas, remova este medo de Indra da minhamente. O manejador do raio est vindo abarcando as dez direes do espao comseu resplendor terrvel e sobre-humano e meus assistentes nessa assembliasacrifical esto dominados pelo pavor.

    Samvarta disse, " leo entre reis, teu medo de Sakra logo ser dissipado, e eulogo removerei esta angstia terrvel por meio do meu saber mgico(encantamento); fique calmo e no tenha medo de ser subjugado por Indra. Tuno tens nada a temer do deus de cem sacrifcios. Eu usarei meus encantamentosque paralisam, rei, e as armas de todos os deuses no tero eficcia para eles.Que o relmpago brilhe em todas as direes do espao, e os ventos entrando

    nas nuvens derramem as chuvas em meio s florestas e as guas inundem o cue os lampejos de relmpago que so vistos no tenham eficcia. Tu no tens nadaa temer, que Vasava despeje as chuvas e lance seu raio terrvel onde ele quiser,flutuando entre as massas aquosas (nuvens) para tua destruio, pois o deusVahnni (Agni) te proteger de todas as maneiras, e te far obter todos os objetosdo teu desejo."

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    Marutta disse, "Este horrvel estrondo do raio junto com o uivo dos ventosparece terrvel para meus ouvidos e meu corao est afligido frequentemente, Brahmana, e minha paz de mente est perdida no momento."

    Samvarta disse, " rei, o medo em tua mente deste raio terrvel logo te deixar.Eu dissiparei o trovo pela ajuda dos ventos, e deixando de lado todo o medo da

    tua mente, aceite um benefcio de mim segundo o desejo do teu corao, e eu ireirealiz-lo para ti."

    Marutta disse, "Eu desejo, Brahmana, que Indra de repente venha em pessoaa este sacrifcio, e aceite a oblao oferecida para ele, e que todos os outrosdeuses tambm venham e peguem suas prprias partes das oferendas e aceitemas libaes de Soma oferecidas para eles."

    Samvarta disse, "Eu pelo poder dos meus encantamentos atra Indra empessoa para este sacrifcio. Veja, monarca, Indra vindo com seus cavalos, ecultuado pelos outros deuses vindo depressa para este sacrifcio."

    Ento o senhor dos Devas, acompanhado pelos outros deuses e viajando emsua carruagem puxada pelos corcis mais excelentes, se aproximou do altarsacrifical daquele filho de Avikshit e bebeu as libaes de Soma daquele monarcainigualvel. E o rei Marutta com seu sacerdote se ergueu para receber Indra vindocom a hoste de deuses e, bem satisfeito em mente, ele recebeu o senhor dosDevas com as honras devidas e principais de acordo com os Sastras.

    Samvarta disse, "Bem vindo, Indra, pela tua presena aqui, erudito, estesacrifcio se tornou grandioso. matador de Vala e Vritra, beba novamente estesuco Soma produzido por mim hoje.'

    Marutta disse, "Olhe com bondade para mim, eu te reverencio, Indra, pela tuapresena o meu sacrifcio foi melhorado, e minha vida tambm abenoada combons resultados. Surendra, este Brahmana excelente, o irmo mais novo deVrihaspati est dedicado a realizar meus sacrifcios."

    Indra disse. "Eu conheo teu sacerdote, este asceta muito enrgico, o irmomais novo de Vrihaspati, a convite de quem eu vim a este sacrifcio. Eu estou, monarca, bem satisfeito contigo e meu ressentimento contra ti foi destrudo."

    Samvarta disse, "Se, prncipe dos Devas, tu ests satisfeito conosco, d tumesmo todas as ordens para este sacrifcio, e Surendra, tu mesmo ordene aspores sacrificais (para os deuses), de modo que, deus, todo o mundo possa

    saber que ele foi feito por ti."Vyasa disse, "Assim abordado pelo filho de Angira, o prprio Sakra deu ordens

    para todos os deuses erigirem a sala de reunio, e mil quartos excelentes bemmobiliados parecendo formidveis como em um quadro, e completaremrapidamente a escadaria massiva e durvel, para a subida dos Gandharvas e

    Apsaras e para mobiliar aquela parte do terreno sacrifical reservada para a danadas Apsaras, como o palcio de Indra no cu. rei, assim ordenados, osrenomados habitantes do cu cumpriram rapidamente as ordens de Sakra. E

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    ento, rei, Indra bem satisfeito e adorado, falou dessa maneira para rei oMarutta, prncipe, por se associarem contigo neste sacrifcio, teusantepassados que morreram antes de ti, assim como os outros deuses ficarammuito satisfeitos e aceitaram as oblaes oferecidas por ti. E agora, rei, que oprincipal dos seres regenerados oferea no altar sacrifical um touro vermelho

    pertencente ao Deus do Fogo e um touro azul sagrado e devidamente consagradocom uma pele multicor, pertencente aos Viswedevas. Ento, rei, a cerimniasacrifical cresceu em esplendor, no qual os prprios deuses reuniram o alimento, eSakra, o senhor dos deuses, possuidor de cavalos, e adorado pelos Brahmanas,se tornou um assistente no sacrifcio. E ento Samvarta de grande alma, subindono altar, e parecendo radiante como a segunda encarnao do fogo ardente,dirigindo-se em voz alta aos deuses com afabilidade, ofereceu oblaes demanteiga clarificada para o fogo com encantamento dos hinos sagrados. E ento omatador de Vala bebeu primeiro o suco Soma, e ento a assemblia dos outrosdeuses bebeu Soma. E ento em felicidade e com a permisso do rei elesvoltaram para casa e bem satisfeitos e deleitados. Ento aquele monarca, omatador de seus inimigos, com um corao encantado, colocou pilhas de ouro emdiversos locais, e distribuindo a riqueza imensa para os Brahmanas, ele pareciaglorioso como Kuvera, o deus da riqueza. E com um corao animado o reiencheu sua tesouraria com diferentes tipos de riqueza, e com a permisso de seupreceptor espiritual ele retornou (para seu reino) e continuou a governar o reinointeiro que se estendia at as margens do oceano. Assim virtuoso neste mundoera aquele rei, em cujo sacrifcio tal quantidade enorme de ouro foi reunida, eagora, prncipe, tu deves reunir aquele ouro e cultuando os deuses com os ritosdevidos, realize este sacrifcio."

    Vaisampayana continuou, "Ento o prncipe Pandava Yudhishthira ficou muitosatisfeito ao ouvir este discurso do filho de Satyavati (Vyasa), e desejoso de

    realizar seu sacrifcio com aquelas riquezas, ele manteve repetidas consultas comseus ministros."

    11Vaisampayana disse, "Quando Vyasa de realizaes extraordinrias tinha

    terminado seu discurso para o rei, o altamente pujante filho de Vasudeva (Krishna)tambm se dirigiu a ele. Conhecendo o rei, o filho de Pritha, afligido em mente, eprivado de seus parentes e amigos mortos em batalha, e parecendo abatido comoo eclipse escurecido do sol, ou fogo coberto pela fumaa, aquele esteio da

    linhagem Vrishni (Krishna), consolando o filho de Dharma, tentou se dirigir a eledessa maneira."

    Vasudeva disse, "Toda maldade de corao leva destruio (perdio) e todaretido leva a Brahman (excelncia espiritual). Se isto e somente isto o alvo eobjetivo de toda sabedoria verdadeira, o que ento a distrao mental pode fazer(para algum que compreende isto)? Teu Karma ainda no foi aniquilado, nemteus inimigos foram subjugados, pois tu at o momento no conheces os inimigosque ainda esto espreitando dentro da tua prpria carne. Eu irei (portanto) relatar

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    para ti realmente, como eu a ouvi, a histria da guerra de Indra com Vritra comoela ocorreu. Nos tempos antigos a Prithivi (terra), rei, foi cercada por Vritra, e poresta abstrao de matria terrestre, a base de todo odor, ergueram-se mausodores por todos os lados, e o Realizador de cem sacrifcios (Indra), estandomuito enfurecido por este ato, arremessou seu raio em Vritra. E estando

    profundamente ferido pelo raio do poderoso Indra, Vritra entrou nas (guas), e porfazer isso ele destruiu a propriedade delas. As guas sendo agarradas por Vritra,sua propriedade lquida as deixou. Nisto Indra ficou muito enfurecido e novamenteo atingiu com seu raio. E ele (Vritra) golpeado pelo raio pelo mais poderoso Indrase dirigiu ao Jyoti (matria luminosa) e abstraiu sua propriedade inerente. Amatria luminosa sendo oprimida por Vritra e sua propriedade, cor e forma sendoassim perdidas, o colrico Indra outra vez arremessou seu raio nele. E assimferido outra vez por Indra de poder incomensurvel, Vritra entrou de repentedentro de Vayu (matria gasosa), e depois disso matou sua propriedade inerente.E esta matria sendo dominada por Vritra e sua propriedade, isto , o tato sendoperdido, Indra ficou novamente cheio de clera e lanou seu raio nele. E feridodessa maneira pelo poderoso (Indra), ele dominou o Akasa (ter), e tirou suapropriedade inerente, e o Akasa sendo dominado por Vritra, e sua propriedade,som, sendo destruda, o deus de cem sacrifcios muito enfurecido novamente ogolpeou com seu raio. E assim golpeado pelo poderoso Indra, ele de repenteentrou no seu corpo (de Sakra), e roubou seus atributos essenciais. E apossadopor Vritra, ele ficou cheio de grande iluso. E, senhor venervel, o maispoderoso da linhagem de Bharata, ns ouvimos que Vasistha confortou Indra(quando ele estava assim afligido) e que o deus de cem sacrifcios matou Vritraem seu prprio corpo por meio de seu raio invisvel, e saiba, prncipe, que estemistrio religioso foi declarado por Sakra para os grandes sbios, e eles por suavez o disseram para mim."

    12"Vasudeva disse, "H dois tipos de doenas, fsicas e mentais. Elas so

    produzidas pela ao mtua do corpo e mente um no outro, e elas nunca surgemsem a interao dos dois. A doena que produzida no corpo chamada dedoena fsica, e aquela que tem sua base na mente conhecida como a doenamental. Os lquidos orgnicos frios, os quentes (muco e bile) assim como osventosos, rei, so as transformaes essenciais geradas no corpo fsico, equando estes lquidos orgnicos esto distribudos uniformemente, e estopresentes nas devidas propores, eles so citados como sendo sintomticos de

    boa sade. O lquido orgnico quente influenciado (aliviado) pelo frio, e o friopelo quente. E Sattwa, Rajas e Tamas so os atributos da alma, e dito peloseruditos que sua presena em propores adequadas indica sade (mental). Masse um dos trs prepondera, algum remdio prescrito (para restaurar o equilbrio).Felicidade superada pela tristeza, e a tristeza pelo prazer. Algumas pessoas,enquanto afligidas pela tristeza, desejam recordar a felicidade (passada),enquanto outras, enquanto no desfrute de felicidade, desejam relembrar a tristezapassada. Mas tu, filho de Kunti, no desejas nem recordar tuas tristezas nem

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    tuas alegrias; o que mais tu desejas recordar excetuando esta iluso de tristeza?Ou, por acaso, filho de Pritha, esta tua natureza inata, pela qual tu nomomento ests dominado. Tu no desejas chamar de volta para a tua mente aviso dolorosa de Krishna permanecendo na sala de reunio somente com umpedao de tecido para cobrir seu corpo, e enquanto ela estava em seu fluxo

    menstrual e na presena de todos os Pandavas. E no apropriado que tu devaspensar sobre a tua sada da cidade, e teu exlio com a pele de antlope como teumanto, e tuas viagens na grande floresta, nem tu deves te lembrar da aflioproveniente de Jatasura, da luta com Chitrasena, e dos teus problemas por causados Saindhavas. Nem apropriado, filho de Pritha, e vencedor de teus inimigos,que tu recordes o incidente de Kichaka chutando Draupadi, durante o perodo doteu exlio passado em absoluto segredo, nem os incidentes da luta que ocorreuentre tu mesmo e Drona e Bhishma. Agora chegou a hora na qual tu deves lutar abatalha que cada um deve lutar sozinho com sua mente. Portanto, chefe dalinhagem de Bharata, tu deves agora te preparar para vencer a luta contra tuamente, e por meio de abstrao e do mrito do teu prprio Karma, tu devesalcanar o outro lado (vencer) do misterioso e ininteligvel (mente). Nesta guerrano haver necessidade de quaisquer msseis, nem de amigos, nem deservidores. A batalha a qual para ser lutada sozinho e sem ajuda agora chegoupara ti. E se vencido nesta luta, tu te encontrars na situao mais desventurada,e filho de Kunti, sabendo disto, e agindo consequentemente, tu obters xito. Econhecendo esta sabedoria e o destino de todas as criaturas, e seguindo aconduta dos teus antepassados, administre devidamente o teu reino."

    13"Vasudeva disse, " descendente da linhagem de Bharata, a salvao no

    alcanada por abandonar as coisas externas (como reino, etc.), ela somente alcanada por abandonar as coisas que auxiliam a satisfazer a carne (corpo). Avirtude e felicidade que so obtenveis pela pessoa que renunciou somente aosobjetos externos, mas que ao mesmo tempo est absorvida por paixes efraquezas da carne, que estas sejam a poro de nossos inimigos. A palavra comduas letras Mrit-yu (morte da alma ou perdio), e a palavra com trs letras Sas-wa-ta (Brahman) ou o esprito eterno. A conscincia que esta ou aquela coisa minha, ou o estado de ser apegado aos objetos mundanos Mrityu e a ausnciadaquele sentimento Saswatam. E estes dois, Brahman e Mrityu, rei, tm suasbases nas almas de todas as criaturas, e permanecendo despercebidos, eles, semdvida, travam guerra um com o outro. E se, Bharata, verdade que nenhuma

    criatura jamais destruda, ento algum no se faz culpado da morte de umacriatura por perfurar (destruir) seu corpo. O que importa o mundo para um homem,se tendo adquirido a soberania da terra inteira, com sua criao mvel e imvel,ele no fica apegado a ela, ou absorto em seu prazer? Mas o homem querenunciou ao mundo, tendo ido para a vida de asceta na floresta, vivendo derazes e comestveis selvagens, se tal homem, filho de Pritha, tem um anseiopelas coisas boas do mundo, e viciado nelas, ele pode ser considerado comolevando Mrityu (morte) em sua boca. Bharata, veja e observe o carter dos teus

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    inimigos externos e internos, (por meio da tua viso espiritual). E o homem que capaz de perceber a natureza da realidade eterna capaz de superar a influnciado grande medo (perdio). Homens no olham com aprovao para a condutadaqueles que esto absortos em desejos mundanos, e no h ao sem ter umdesejo (como sua base) e todos os desejos (Kama) so, por assim dizer, os

    membros (ramificaes) da mente. Portanto, sabendo disto homens sbiossubjugam seus desejos. O Yogi que mantm comunho com o Esprito Supremosabe que o Yoga o caminho perfeito (para a Salvao) por razo das prticas deseus muitos nascimentos anteriores. E lembrando que o que a alma deseja no conducente piedade e virtude, mas que a supresso dos desejos est na basede toda virtude verdadeira, tais homens no se dedicam prtica de caridade,cincia Vdica, ascetismo e ritos Vdicos cujo objetivo a obteno deprosperidade mundana, cerimnias, sacrifcios, regras religiosas e meditao, como motivo de assegurar alguma vantagem dessa maneira. A fim de ilustrar estaverdade, os sbios versados em tradies antigas recitam estes Gathaschamados pelo nome de Kamagita, Yudhishthira, escute a narrao deles emdetalhes. (Kama diz): Nenhuma criatura pode me destruir sem recorrer aosmtodos apropriados (isto , subjugao de todos os desejos e prtica de Yogaetc.) Se um homem, conhecendo meu poder, se esfora para me destruir pormurmurar oraes etc., eu prevaleo sobre ele por iludi-lo com a crena que eusou o ego subjetivo dentro dele. Se ele deseja me destruir por meio de sacrifcioscom muitos presentes, eu o engano por aparecer em sua mente como a criaturamais virtuosa entre a criao mvel, e se ele deseja me aniquilar por dominar osVedas e Vedangas, eu o engano por parecer para sua mente ser a alma da virtudeentre a criao imvel. E se o homem cuja fora se encontra na verdade desejame dominar pela pacincia, eu apareo para ele como sua mente, e assim ele nopercebe minha existncia, e se o homem de prticas religiosas austeras desejame destruir por meio de ascetismo, eu apareo no disfarce do ascetismo em suamente, e assim ele impedido de me reconhecer, e o homem de erudio, quecom o objetivo de obter salvao deseja me destruir, eu me divirto e rio na cara detal homem concentrado na salvao. Eu sou o nico eterno sem igual, a quemnenhuma criatura pode matar ou destruir. Por esta razo tu tambm, prncipe,desvie teus desejos (Kama) para a Virtude, para que, por estes meios, tu possasrealizar o que bom para ti. Portanto faa preparativos para a devida execuo doSacrifcio de Cavalo com doaes, e vrios outros sacrifcios de grande esplendor,e acompanhados com presentes. No deixe, portanto que a angstia te dominenovamente, ao ver teus amigos jazendo mortos no campo de batalha. Tu nopodes ver os homens mortos nesta batalha vivos outra vez. Portanto tu devesrealizar sacrifcios magnficos com presentes, para que tu possas obter renomeneste mundo, e alcanar o caminho perfeito (aps a morte)."

    14"Vaisampayana disse, "Com tais palavras como estas, o santo nobre

    Yudhishthira, privado de seus amigos, foi consolado por aqueles sbios degrandes mritos ascticos. E, monarca, aquele senhor de homens exortado pelo

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    prprio Viswarasraba venervel, e por Dwaipayana (Vyasa), Krishna Devasthana,Narada, Bhima, Nakula, Krishna (Draupadi), Sahadeva, e o inteligente Vijaya,assim como por outros grandes homens, e Brahmanas versados nos Sastras,ficou aliviado de toda aflio mental e tristeza resultante da morte de seusparentes queridos. E aquele monarca Yudhishthira depois de realizar as

    cerimnias fnebres de seus amigos falecidos, e de honrar os Brahmanas eDevas (deuses), trouxe o reino da terra com seu cinto de oceanos sob seudomnio. E aquele prncipe da linhagem de Kuru tendo recuperado seu reino, comuma mente tranquila, se dirigiu dessa maneira a Vyasa, Narada e aos outrossbios que estavam presentes. Eu fui consolado pelas palavras de santos tonotveis, antigos e idosos como vocs, e eu agora no tenho causa restante paraa menor aflio. E igualmente, eu tenho obtido grande riqueza, com a qual euposso adorar os deuses. Portanto, com sua ajuda, eu irei agora realizar osacrifcio, melhores dos seres regenerados. Ns soubemos que aquelas regies(Himalayan) so cheias de maravilhas. Portanto, Brahmana, santo e av, ordenede modo que sob tua proteo ns possamos alcanar com segurana asmontanhas Himalaya, o desempenho do meu sacrifcio estando totalmente dentrodo teu controle, e ento o adorvel santo celeste Narada e Devasthana tambmdirigiram palavras excelentes e bem intencionadas para o nosso bem estar.Nenhum homem infeliz em tempos de grande tribulao e infortnio jamais teve aboa sorte de assegurar os servios de semelhantes preceptores e amigosaprovados por todos os homens virtuosos. Assim endereados pelo rei, aquelesgrandes santos, mandando o rei e Krishna e Arjuna se dirigirem para as regiesHimalayan, desapareceram na presena da multido reunida, e o rei, o filho nobrede Dharma, ento se sentou l por um tempo. E os Pandavas ento, emconsequncia da morte de Bhishma, estavam ocupados em realizar suascerimnias fnebres. E seu tempo, enquanto assim engajados, pareceu tambmmuito longo em passar e realizar os ltimos ritos para os restos mortais deBhishma, Karna e outros Kauravas principais; eles doaram grandes presentespara Brahmanas. E ento o principal descendente de Kuru realizou novamentecom Dhritarashtra os ritos fnebres (dos heris mortos em batalha), e tendo doadoriqueza imensa para os Brahmanas, o chefe Pandava com Dhritarashtra na frente,fez esta entrada na cidade de Hastina Nagar, e consolando seu nobre tio,possuidor da viso da sabedoria, aquele prncipe virtuoso continuou a administrara terra com seus irmos.

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    Janamejaya disse, melhor dos seres regenerados, quando os Pandavastinham reconquistado e pacificado seu reino, o que os dois guerreiros, Vasudeva eDhananjaya, fizeram?

    Vaisampayana disse, ' senhor da terra, Vasudeva e Dhananjaya estavammuito contentes quando os Pandavas tinham conseguido recuperar e pacificarseus domnios, e eles se comportaram com grande satisfao, como Indra e suaconsorte nas regies celestes, e entre cenrios de floresta pitorescos, e planaltos

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    de montanhas, e lugares sagrados de peregrinao, e lagos e rios; eles viajaramcom grande prazer como os dois Aswins no jardim Nandana de Indra. E, Bharata, Krishna de grande alma e o filho de Pandu (Dhananjaya) entrando nabela sala de reunies em Indraprastha, passaram seu tempo em grande alegria. El, prncipe, eles passaram seu tempo em relatar os incidentes excitantes da

    guerra, e os sofrimentos de suas vidas passadas. E aqueles dois sbios antigosde grande alma, profundamente contentes, relataram a genealogia das linhagensde santos e deuses. Ento Kesava, sabendo a total importncia de todas asquestes, se dirigiu a Partha em uma fala gentil e bela de estilo e significnciaexcelentes. E ento Janardana consolou o filho de Pritha afligido pela morte deseus filhos, e milhares de outros parentes. E ele de grande mrito asctico econhecendo a cincia de todas as coisas tendo-o confortado devidamente, Arjunadescansou por um tempo, como se uma grande carga tivesse sido removida deseu prprio corpo. Ento Govinda (Krishna) consolando Arjuna com palavrasagradveis dirigiu estas palavras bem fundamentadas para ele.

    Vasudeva disse, ' Arjuna, o terror de teus inimigos, toda esta terra foi

    conquistada pelo rei, o filho de Dharma, confiando no poder dos teus braos. E, melhor dos homens, o rei virtuoso Yudhishthira agora desfruta da soberania daterra sem um rival, pelo poder de Bhimasena e dos irmos gmeos. tu quesabes o que virtude, foi somente pela virtude que o rei pde recuperar seu reinolivre de todos os inimigos (espinhos), e foi pela ao da virtude que o reiSuyodhana foi morto em batalha, e, filho de Pritha e pilar da linhagem Kuru, osfilhos perversos de Dhritarashtra, avarentos, sempre rudes em palavras, eempenhados em um rumo de conduta injusto, tendo sido exterminados com seusseguidores, o rei, o filho de Dharma e senhor da terra, agora desfrutapacificamente do reino inteiro da terra com tua ajuda, e eu tambm, filho dePandu, tenho estado passando meu tempo agradavelmente em tua companhia,

    em meio a cenrios de floresta. terror de teus inimigos, o que mais eu preciso tedizer, exceto que onde tu e Pritha, e o rei, o filho de Dharma, e o poderosoBhimasena e os dois filhos de Madri esto, para l eu sou atrado com satisfaoextraordinria? descendente de Kuru, nestes sales de assembliaencantadores e sagrados e como o paraso um longo tempo passou rpido em tuacompanhia sem eu ver Vasudeva, Valadeva e outros lderes da linhagem Vrishni.E agora eu estou desejoso de me dirigir para a cidade de Dwaravati. Portanto, mais valente dos homens, concorde com minha partida. Quando o rei Yudhishthirafoi atingido pesadamente pela aflio, eu com Bhishma narramos para ele muitaslendas apropriadas adequadas para a ocasio com um propsito de aliviar suaangstia, e o flexvel e generoso Yudhishthira, embora nosso soberano e versado

    em todo o saber, prestou devida ateno s nossas palavras. Aquele filho deDharma honra a verdade, e grato e justo, portanto sua virtude e bom senso e aestabilidade do seu poder sempre iro durar. E agora, Arjuna, se te agradar, vat aquele prncipe generoso e fale a ele da minha inteno de partir deste local.Pois, tu de braos poderosos, mesmo se a morte viesse a mim, eu no tenhovontade de fazer qualquer coisa que possa desagrad-lo, deixando apenas minhaida para a cidade de Dwaravati. filho de Pritha e descendente de Kuru, eu agorate digo realmente, desejando fazer somente o que bom e agradvel para ti, e

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    no pode haver nada questionvel nisto de nenhuma maneira, que a necessidadepara a minha permanncia aqui no mais existe, porque, Arjuna, aquelemonarca o filho de Dhritarashtra foi morto com seus exrcitos e servidores, e aterra, meu amigo, com seu cinto de mares e suas montanhas e bosques eflorestas, e o reino do rei Kuru cheio de vrias pedras preciosas, passou para o

    domnio daquele sbio filho de Dharma. E, prncipe principal da linhagem deBharata, aquele prncipe virtuoso pode administrar o reino inteiro da terra emjustia, e com o respeito e aprovao de numerosos Siddhas de grande alma, etendo seus louvores sempre exaltados pelos arautos da corte. comandante dalinhagem de Kuru, me acompanhe hoje presena do rei, o grande aumentadorda linhagem Kuru, e anuncie a ele meu retorno planejado para Dwaraka. ComoYudhishthira o rei de grande alma dos Kurus sempre merece meu amor e respeito,eu, filho de Pritha, coloquei este meu corpo e toda a riqueza que eu tenho emminha casa sua disposio. E, prncipe Partha (filho de Pritha), quando estaterra veio sob teu domnio e aquele do venervel Yudhishthira de carterexcelente, no resta mais qualquer necessidade da minha permanncia aquiexceto por meu afeto por ti. E, monarca, quando o formidvel Arjuna tinha sidoabordado dessa maneira por Janardana de corao nobre, ele, mostrando todasas devidas honras a ele, respondeu tristemente por dizer apenas Assim seja.

    16Janamejaya disse, Quando Kesava de grande alma e Arjuna depois de

    matarem seus inimigos se dirigiram aos lugares de reunio, qual conversao, regenerado, ocorreu entre eles?

    Vaisampayana disse, "O filho de Pritha (Arjuna), tendo recuperado seu prprio

    reino, passou seu tempo alegremente, sem fazer nada mais, na companhia deKrishna, seu corao cheio de deleite, naquele palcio de beleza celestial. Um dia,aqueles dois procederam indiferentemente para uma parte especfica do palcioque parecia, rei, como uma verdadeira poro do Cu. Eles mesmos cheios desatisfao, eles estavam ento cercados por seus parentes e atendentes. O filhode Pandu, Arjuna, cheio de alegria na companhia de Krishna, examinou aquelamanso encantadora, e ento se dirigiu ao seu companheiro, dizendo, ' tu debraos poderosos, tua grandeza se tornou conhecida para mim durante aaproximao da batalha. filho de Devaki, tua forma tambm, como o Senhor douniverso, ento se tornou conhecida para mim! O que tua pessoa santa me dissenaquele momento, Kesava, por afeio, foi tudo esquecido por mim, chefe de

    homens, pela inconstncia da minha mente. Repetidamente, no entanto, eu tenhoestado curioso a respeito do assunto daquelas verdades. Tu, alm disso, Madhava, retornars logo para Dwaraka.'

    Vaisampayana continuou, Assim endereado por ele, Krishna de energiaimensa, aquele principal dos oradores, abraou Phalguna e respondeu a ele comosegue.

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    'Vasudeva disse, 'Eu te fiz escutar as verdades que so consideradas comomistrios. Eu comuniquei para ti verdades que so eternas. Na verdade, eu faleipara ti sobre Religio em sua forma verdadeira e sobre todas as regies eternas. extremamente desagradvel para eu saber que tu, por insensatez, norecebeste o que eu te comuniquei. A recordao de tudo aquilo que eu te disse

    naquela ocasio no vir a mim agora. Sem dvida, filho de Pandu, tu sdesprovido de f e tua compreenso no boa. impossvel para eu repetir, emdetalhes, Dhananjaya, tudo o que eu disse naquela ocasio. Aquela religio(sobre a qual eu falei para ti naquele tempo) mais do que suficiente paracompreender Brahma. Eu no posso falar sobre isto outra vez em detalhes. Eu tefalei sobre o Brahma Supremo, tendo me concentrado em Yoga. Eu irei agora, noentanto, narrar para ti uma velha histria sobre o mesmo tpico. principal detodas as pessoas, cumpridor do dever, escute a tudo o que eu digo agora, demodo que, com uma compreenso adaptada ao meu ensino, tu possas conseguirobter o fim mais sublime. castigador de inimigos, em uma ocasio, umBrahmana veio a ns das regies do Cu. De energia irresistvel, ele veio dasregies do Av. Ele foi devidamente reverenciado por ns. Escute, filho dePritha, sem ceder a dvidas de qualquer tipo, ao que ele, chefe da linhagem deBharata, disse, em resposta s nossas perguntas, de acordo com formascelestiais.'

    O Brahmana disse, Isso que tu me perguntaste, Krishna, ligado com areligio de Moksha (Emancipao), levado por tua compaixo por todas ascriaturas (e no para o teu prprio bem), isso, de fato, que destri toda iluso, tuque s possuidor de fora suprema, eu irei agora te dizer devidamente, matadorde Madhu. Escute com ateno concentrada enquanto eu te falo, Madhava. UmBrahmana de nome Kasyapa, possuidor de penitncias e a principal de todas aspessoas familiarizadas com os deveres, foi a outro certo Brahmana que tinha se

    tornado conhecedor de todos os mistrios de religio. De fato, o ltimo tinhadominado todo o conhecimento que as escrituras ensinam a respeito da partida ereapario dos seres e possuidor daquele conhecimento direto de todas as coisasque o Yoga d. Ele era bem hbil nas verdades de todos os tpicos relacionadosao mundo. Ele tinha dominado a verdade acerca do prazer e da dor. Ele sabia averdade sobre o nascimento e a morte, e entendia as distines entre mrito edemrito. Ele era um contemplador dos fins alcanados pelas criaturasincorporadas superiores e inferiores em consequncia de suas aes. Ele viviacomo algum emancipado do mundo. Coroado com sucesso asctico e possuidorde perfeita tranquilidade de alma, ele tinha todos os seus sentidos sob completocontrole. Ele parecia brilhar com a resplandecncia de Brahma e era capaz de ir a

    todos os lugares vontade. Ele conhecia a cincia de desaparecer vontadeperante os olhos de todos. Ele costumava vagar na companhia de Siddhasinvisveis e msicos celestes. Ele costumava sentar e conversar com eles emalgum local afastado do alvoroo da humanidade. Ele era independente de todasas coisas como o vento. Kasyapa, tendo ouvido sobre ele realmente, desejou v-lo. Possuidor de inteligncia, aquele principal de todos os Brahmanas seaproximou do sbio. Ele mesmo possuidor de penitncias, Kasyapa, movido pelodesejo de adquirir mrito, caiu, com um corao absorto, aos ps do sbio quando

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    ele tinha visto todos aqueles atributos maravilhosos. Cheio de admirao visodaquelas habilidades extraordinrias, Kasyapa comeou a servir aquele principalde todos os Brahmanas, com a reverncia respeitosa de um discpulo servindoseu preceptor e conseguiu propici-lo. Por sua devoo, opressor de inimigos,prestando a ele a obedincia devida de um discpulo a um preceptor, Kasyapa

    agradou aquele Brahmana que possua todas aquelas habilidades e era dotado,alm disso, de erudio escritural e conduta excelente. Satisfeito com Kasyapa,aquele Brahmana um dia se dirigiu a ele alegremente e falou o seguinte, com umolhar para o sucesso mais sublime. Escute aquelas palavras, Janardana,conforme eu as repito.

    O asceta coroado com xito disse, 'Por diversas aes, filho, como tambmpela ajuda de mrito, as criaturas mortais obtm diversos fins aqui e residncia noCu. Em lugar nenhum est a maior felicidade; em lugar nenhum a residnciapode ser eterna. H repetidas quedas das regies mais elevadas adquiridas comtal tristeza. Por minha indulgncia em pecado, eu tive que alcanar diversos finsmiserveis e inauspiciosos, cheio como eu era de luxria e ira, e iludido pela

    cobia. Eu passei repetidamente pela morte e renascimento. Eu tenho comidodiversos tipos de alimento, eu tenho mamado em diversos peitos. Eu tenho vistodiversas espcies de mes e diversos pais diferentes uns dos outros. Diversostipos de felicidade tm sido meus e diversos tipos de misria, impecvel. Emdiversas ocasies eu fui separado do que era agradvel e unido com o que eradesagradvel. Tendo ganhado riqueza com grande trabalho eu tenho tido quesuportar sua perda. Insultos e misria excessiva eu tenho recebido do rei eparentes. Dor mental e fsica, de grande severidade, tem sido minha. Eu tenhosofrido humilhaes, e morte e priso sob circunstncias de grande rigor. Quedasno Inferno tm sido minhas, e grandes torturas nos domnios de Yama.Decrepitude e doena repetidamente me atacaram, e calamidades, to frequentes,

    em medida abundante. Neste mundo eu tenho sofrido repetidamente todasaquelas aflies que fluem de uma percepo de todos os pares de opostos.Depois de tudo isso, um dia, dominado pela tristeza, um desespero absoluto veiosobre mim. Eu me refugiei no Informe. Afligido como eu estava com grandeangstia, eu desisti do mundo com todas as suas alegrias e tristezas. Percebendoento este caminho, eu me exercitei nele neste mundo. Depois, por tranquilidadede alma, eu obtive este xito que tu vs. Eu no terei que vir para este mundonovamente (depois da minha partida daqui). Realmente, at que eu alcanceabsoro no eterno Brahman, at, de fato, a dissoluo final do universo(Mahapralaya), eu serei mero expectador daqueles fins felizes que sero meus, edaqueles seres que constituem este universo. Tendo conseguido este xito

    excelente, eu irei, depois de partir deste mundo, proceder para o que est acimadeste (isto , Satyaloka) e dali para o que mais elevado (isto , absoro emBrahman). Na verdade, eu chegarei condio que o aspecto imanifesto deBrahman. Que nenhuma dvida seja tua com relao a isto. opressor deinimigos, eu no voltarei para este mundo de criaturas mortais. tu de grandesabedoria, eu fiquei satisfeito contigo. Diga-me o que eu farei por ti. Chegou omomento para a realizao daquele propsito pelo qual tu vieste para c. Naverdade, eu conheo aquele objetivo pelo qual tu me procuraste. Eu logo partirei

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    deste mundo. Por isso que eu te dei esta sugesto. tu de grande sabedoria eexperincia, eu fiquei muito satisfeito contigo pelo teu comportamento. Questione-me. Eu irei falar sobre o que benfico para ti, de acordo com teu desejo. Eupenso que tua inteligncia grande. De fato, eu a elogio muito, pois foi com aajuda daquela inteligncia que tu foste capaz de me reconhecer. Certamente,

    Kasyapa, tu s possuidor de grande inteligncia.'

    17Vasudeva disse, Tocando os ps daquele sbio, o Brahmana lhe fez algumas

    perguntas que eram extremamente difceis de responder. Aquela principal detodas as pessoas justas ento falou sobre aqueles deveres que foram aludidos.

    'Kasyapa disse, 'Como o corpo se dissolve, e como outro adquirido? Comoalgum se torna emancipado depois de passar por uma ronda repetida derenascimentos dolorosos? Desfrutando de Prakriti por algum tempo, como Jiva

    rejeita o corpo especfico (que Prakriti d)? Como Jiva, livre do corpo, chega aoque diferente disto (isto , Brahman)? Como um ser humano desfruta (ou sofreos resultados) das aes boas e ms feitas por ele? Onde existem as aes dealgum que est livre do corpo?

    (O comentador explica que no total sete perguntas so feitas. A primeira sobre a dissoluo do corpo. A segunda se relaciona maneira de readquirir umcorpo. A terceira se refere maneira na qual o renascimento pode ser evitado. Aquarta se relaciona s causas que operam para dar um corpo a Jiva. Por Prakritise quer dizer Natureza ou aquela Necedade que a causa do corpo. A quinta serelaciona a como a Emancipao final ou absoro em Brahman ocorre. A sextase refere maneira na qual os resultados das aes so desfrutados ou

    suportados. A stima pergunta sobre o modo no qual as aes se vinculam aoJiva mesmo quando desprovido de um corpo.)

    'O Brahmana disse, Assim estimulado por Kasyapa, o sbio emancipadorespondeu aquelas questes uma aps outra. Escute-me, descendente dalinhagem Vrishni, enquanto eu narro para ti as respostas que ele deu.'

    'O sbio emancipado disse, 'Aps o esgotamento daquelas aes capazes deprolongar a vida e de ocasionar fama as quais so feitas em um corpo especficoque Jiva assume, o Jiva incorporado, com o perodo de tempo de sua vidadiminudo, comea a fazer aes hostis vida e sade. Na aproximao dadestruio, sua compreenso se desvia da direo apropriada. O homem de alma

    impura, mesmo depois de uma apreenso correta de sua constituio e fora e doperodo da sua prpria vida e do ano, comea a comer em intervalos irregulares ea comer tal alimento que hostil para ele. (Alimento que benfico no vero noo no inverno, ou aquele que benfico na juventude o contrrio na velhice.)Em tal poca ele se entrega a prticas que so extremamente prejudiciais. Ele svezes come excessivamente e s vezes se abstm totalmente de comida. Elecome comida m ou carne m ou toma bebidas ms, ou comida que compostade ingredientes incompatveis uns com os outros. Ele come alimento que pesado

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    alm da quantidade que benfica, ou antes que o alimento anteriormenteingerido tenha sido digerido. Ele se entrega ao exerccio fsico e prazer sexualalm da medida apropriada, ou por avidez por trabalho, suprime as urgncias deseu organismo corpreo mesmo quando elas se tornam pronunciadas. Ou, eleingere comida que muito suculenta, ou se entrega ao sono durante o dia.

    Comida que no est devidamente digerida, por si mesma excita as falhas,quando chega o momento. (As falhas so trs: Vento, Bile e Muco. Quandoexistindo em um estado de harmonia eles produzem sade. Quando um excitado ou dois, ou todos, a indisposio comea. Eles so chamados de doshaou falhas por causa de sua sujeio a serem excitados e produzirem doena.) Detal excitamento das falhas em seu corpo ele obtm doena terminando na prpriamorte. s vezes a pessoa se engaja em atos perversos ou antinaturais comoenforcamento (para ocasionar sua morte). Atravs destas causas o corpo vivo dacriatura se dissolve. Entenda corretamente a maneira como eu declaro isto para ti.Incitado pelo Vento o qual se torna violento, o calor no corpo, ficando excitado ealcanando todas as partes do corpo uma depois da outra, reprime todos (osmovimentos dos) ares vitais. Saiba realmente que, excitado por todo o corpo ocalor se torna muito forte, e penetra toda parte vital onde pode ser dito que a vidareside. Por isto, Jiva, sentindo grande dor, rapidamente parte do seu invlucromortal. Saiba, principal das pessoas regeneradas, que quando as partes vitaisdo organismo fsico ficam assim afligidas, Jiva escapa do corpo, dominado porgrande dor. Todas as criaturas vivas so repetidamente afligidas pelo nascimentoe morte. visto, principal dos Brahmanas, que a dor que sentida por umapessoa quando abandonando seus corpos como aquela que sentida por elaquando entrando primeiramente no tero ou quando saindo dele. Suas juntasficam quase deslocadas e ele deriva muita angstia das guas (do tero). (Astorturas sentidas na morte so similares quelas do nascimento.) Incitado adiantepor (outro) vento violento, o vento que est no corpo fica excitado por causa dofrio, e dissolve a unio da matria (chamada de corpo) em seus respectivoselementos numerando cinco. Aquele vento que reside nos ares vitais chamadosPrana e Apana, encontrados dentro deste composto dos cinco elementosprimordiais, se precipita para cima, por uma situao de angstia, deixando acriatura incorporada. assim mesmo que o vento deixa o corpo. Ento vista afalta de respirao. O homem ento fica desprovido de calor, de ar, de beleza, ede conscincia. Abandonado por Brahman (pois Jiva Brahman), a pessoa falada como morta. Por aqueles ductos atravs dos quais ele percebe todos osobjetos sensuais, o portador do corpo no mais os percebe. o eterno Jiva quecria no corpo naqueles mesmos ductos os ares vitais que so gerados peloalimento. Os elementos unidos juntos se tornam em certas partes firmementeunidos. Saiba que aquelas partes so chamadas de rgos vitais do corpo. Isto dito dessa maneira nos Sastras. Quando aquelas partes vitais so rompidas, Jiva,erguendo-se, entra no corao da criatura viva e reprime o princpio de animaosem nenhuma demora. A criatura ento, embora ainda dotada do princpio deconscincia, fracassa em conhecer qualquer coisa. As partes vitais estando todasoprimidas, o conhecimento da criatura viva se torna oprimido pela escurido. Jivaento, que foi privado de tudo sobre o qual permanecer, ento agitado pelovento. Ele ento, dando uma longa respirao profunda e dolorosa, sai

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    rapidamente, fazendo o corpo inanimado tremer. Dissociado do corpo, Jiva, noentanto, cercado por suas aes. Ele fica equipado por todos os lados comtodas as suas aes auspiciosas de mrito e com todos os seus pecados.Brahmanas dotados de conhecimento e providos das concluses certas dasescrituras sabem, por indicaes, se ele possuidor de mrito ou do seu

    contrrio. Assim como homens possuidores de olhos vem o pirilampoaparecendo e desaparecendo em meio escurido, homens possuidores da visodo conhecimento e coroados com sucesso de penitncias contemplam, com visoespiritual, Jiva quando ele deixa o corpo, quando ele renasce, e quando ele entrano tero. visto que Jiva tem trs regies designadas para ele eternamente. Estemundo onde criaturas resid