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O maior El Niño da história - Cocamar · sumir o cargo de diretor-se- ... “A Cocamar é o meu único emprego em toda a minha ... “O segredo está em aprender a manejar essas

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2 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Durante o períododo El Niño, aságuas do oceanoPacífico central e

oriental se tornam maisquentes que o normal, pro-duzindo variações climáti-cas de larga escala na re-gião dos trópicos, com efei-tos em praticamente todo oplaneta.

Nestas duas imagens, to-madas em 1997 e 2015, ve-mos dois impressionantesregistros da altura do oce-ano pacífico em sua faixaequatorial. Essa anomalia éuma indicação clara do au-mento da temperatura, umavez que a água expande-seligeiramente à medida quese aquece e contrai-sequando resfria.

Segundo os dados coleta-dos, a elevação na altura donível do Pacífico indicauma anomalia térmica de2,7 graus Celsius na tempe-ratura da zona oriental.

No gráfico, as áreas bran-cas e vermelhas indicamuma elevação entre 120 e180 milímetros acima donível médio na região do Pa-cífico central, enquanto nooeste do Pacífico equatoriala anomalia se inverte, com

os tons roxos e azuis reve-lando áreas com depressõesentre 60 e 150 milímetros.

Uma rápida observaçãomostra que as áreas embranco e vermelho regis-

tradas em 2015 quase do-bram quando comparadasa 1997/1998, anos de forte

El Nino e marcados por ati-vidades climáticas inten-sas.

O maior El Niño da história CONFIRMADO FENÔMENO QUE AQUECE AS ÁGUAS DOPACÍFICO SUL DEVE TRAZER MUITA CHUVA PARA A REGIÃO SUL. DA REDAÇÃO

CLIMA

Áreas em branco e vermelho quase dobram quando comparadas as de 1997, ano em que a atividade do fenômeno foi intensa

Normalmente, nos anos de El Niño há um forte aumentoda concentração de chuvas na região Sul (que já vem ocor-rendo há semanas), ao contrário da Amazônia oriental e noNordeste, onde a seca severa se amplia devido ao enfraque-cimento dos ventos alísios que distribuem a umidade. Assim,os riscos de incêndios florestais aumentam em partes daAmazônia, enquanto as enchentes dominam o cenário no suldo país.

A Região sudeste também apresenta comportamento típico,com o aumento da temperatura média. No entanto, não háum padrão característico no regime de chuvas, embora hajaprevisão de precipitações acima da média em estado do Sule do Centro-Oeste.

Chuvas no Sul e Centro-OesteO primeiro semestre de 2015 foi o mais quente da históriapara o período desde que os dados sobre a temperatura globalcomeçaram a ser coletados, em 1880. As temperaturas me-didas nos meses de março, maio e junho deste ano bateramrecorde como as mais quentes, se comparadas aos anos an-teriores. Entre os meses de janeiro e junho, a média das tem-peraturas continental e oceânica estava em 0.85° Celsiusacima da média do século 20 para essa época do ano. As in-formações foram divulgadas pela Administração Nacional deOceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) e confir-madas pela Agência Espacial Americana (Nasa) e a AgênciaMeteorológica do Japão (JMA). A previsão dos órgãos de me-teorologia da Austrália, Japão e Estados Unidos é que o anode 2015 será o ano mais quente da série histórica.

Primeiro semestre quente

3 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Oadministrador deempresas e contabi-lista Divanir Higinoda Silva, de 52 anos,

assumiu no dia 21 de outubroa presidência-executiva daCocamar. Ele substituiu o en-genheiro agrônomo José Fer-nandes Jardim Júnior, queoficializou sua saída durantereunião do Conselho de Ad-ministração, na mesma data.

Fernandes, o Zezé, de 63anos, disse que pretende de-dicar-se aos negócios da famí-lia, ao lado dos filhos. Elepassou os últimos 26 anosexercendo funções em áreasde gestão na Cocamar, dosquais 16 como vice-presiden-te. No início de 2014, convi-dado pelo Conselho de Admi-nistração, assumiu a presi-dência-executiva. "Como oexercício 2015 está chegandoao fim, considero que seria

este o melhor momento e re-solvi liberar o Conselho paraconvidar outro profissional",afirmou o ex-presidente. Eleressaltou que a cooperativa,conforme o planejamento es-tratégico, tem o desafio de do-brar de tamanho até 2020, oque dificultaria seu objetivopessoal de estar mais pertodos filhos na empresa fami-liar.

"Com sua dedicação, profis-sionalismo e bom relaciona-mento com todos os setores,o Zezé contribuiu de formamuito significativa para oprocesso de consolidação daCocamar", pontuou o presi-dente do Conselho de Admi-nistração, Luiz Lourenço.

O NOVO PRESIDENTE –Nascido em Maringá, DivanirHigino da Silva, o Didi, gra-duou-se em Administração

de Empresas e Contabilidadepela Universidade Estadualde Maringá e possui MBAExecutivo em Gestão Empre-sarial, pela Fundação GetúlioVargas (FGV). Ele construiutoda a sua carreira profissio-nal dentro da Cocamar, ondeingressou em 1978 na funçãode office-boy, aos 14 anos.Com o passar dos anos, esca-lou vários cargos até chegarà diretoria, na última década.Em 2006, foi convidado a as-sumir o cargo de diretor-se-cretário, função que exerceuaté 2013. No ano passado, as-sumiu a vice-presidência de

Gestão e Operações. Didi étambém integrante do Con-selho de Administração daSicredi União PR/SP.

“A Cocamar é o meu únicoemprego em toda a minhavida. Quando comecei a tra-balhar aqui, ainda muito jo-vem, jamais imaginei quepudesse ter a honra de dirigi-la”, afirma.

Contando com um modelode governança consolidado, aCocamar tem a sua diretoria-executiva formada por profis-sionais contratados.

Divanir Higino da Silva assume a PRESIDÊNCIA-EXECUTIVA GESTÃO DIDI SUBSTITUI AJOSÉ FERNANDES JARDIMJÚNIOR QUE, APÓS 26 ANOSDE COOPERATIVA, DECIDIUSAIR PARA DEDICAR-SE AOSNEGÓCIOS DA FAMÍLIA

COCAMAR

Desde 1978 nacooperativa, Didi temo reconhecimento do

mercado e dosassociados; depoisde assumir o cargo,ele deu início a uma

série de reuniõescom os cooperados,

nas unidades

safra

Não existe uma receita pronta, mas é possível pro-duzir mais de 140 sacas de soja por hectare – oequivalente a 340 sacas por alqueire. Duvida?Pois foi esse o maior resultado do Desafio Nacio-

nal de Máxima Produtividade do Comitê Estratégico SojaBrasil – Cesb – na safra 2014/2015.

A façanha, que impressionaria até os mais tecnificadosprodutores norte-americanos, foi conseguida aquimesmo no Paraná, no município de Ponta Grossa, peloagricultor Alisson Alceu Hilgenberg e o seu consultorVilson Hilgenberg. A marca foi a maior de toda a históriado concurso: 141,79 sacas por hectare ou 343,14 sacaspor alqueire, volume superior até mesmo que o do cam-peão de produtividade dos Estados Unidos, de 110 sacaspor hectare.

De acordo com Luiz Antonio da Silva, diretor executivo doCesb, o resultado dos Hilgenberg surpreendeu até mesmo osorganizadores do desafio. Na safra anterior, o campeão haviaatingido 117 sacas por hectare e a meta era superar as 120sacas na safra 2014/2015. Pois não apenas o campeão supe-rou a meta em mais de 20 sacas, como os cinco primeiroscolocados romperam a barreira das 120 sacas. Só para com-parar, a média do Brasil é de 48 sacas por hectare.

Se for levado em conta um custo de produção de 70 sacaspor alqueire (o equivalente a 28,9 sacas por hectare), ao preçode R$ 70 a saca, o produtor campeão da safra 2014/15 teriaum desembolso de R$ 4.900 (R$ 2.024 por hectare). Com amédia de produtividade de 343,14 sacas por alqueire, ele teriaum faturamento bruto de R$ 24.019; isso dariaR$ 9.870 por hectare.

Como impulsionar A PRODUTIVIDADEDESEMPENHO HÁ MUITOS FATORES EM JOGO, MAS VAIDEPENDER MUITO DA MANEIRA COMO O PRODUTOR CONDUZ

A SUA LAVOURA. POR MARLY AIRES

Hilbenberg,de Ponta Grossa:

sua média na safra2014/15 mostraque produtores

brasileiros aindatêm muito a avançar

Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

4 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

6 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

SAFRA

“É preciso aplicar o conhecimento e a experiência adquiri-dos ao longo dos anos, de agricultores, consultores, pesqui-sadores, entidades de pesquisa, cooperativas e das empresasprivadas envolvidas com a cultura da soja, para serem cria-dos novos modelos de produção que permitam atingir umaprodutividade de pelo menos 90 sacas por hectare em nívelcomercial”, afirma o engenheiro agrônomo Orlando Martins,ex-presidente e atual membro do Cesb.

Para Martins, o mais importante nos resultados do cam-peão de produtividade nacional não foram as quase 142sc/ha obtidas na área do desafio, mas as 103 sc/ha colhidasnos 220 hectares da propriedade e as mais de 90 sacas porhectare nos mais de 600 hectares que a família cultiva.

PAROU - Martins lembra que de 1970 a 2000, ocorreu umincremento linear da produtividade da soja, mas houve umaestabilizada a partir de então. “Se o incremento tivesse con-tinuado no mesmo ritmo, poderíamos estar agora com amédia de 68 sc/ha ou mais, bem além das atuais 50 sc/ha”,diz. “A sustentabilidade de uma cultura só se mantém sehouver aumento de produtividade”, acrescenta.

Na opinião do ex-presidente do Cesb, as altas produtivida-des não acontecem por acaso ou de uma hora para outra:são construídas conforme vai aumentando o domínio da tec-nologia. “O produtor precisa identificar os fatores que estãolimitando o aumento de produtividade”, afirma. Esses fatoresseriam de ordem climática, nutricionais e não nutricionais.

INTERAÇÃO - Martins acredita que “a solução virá do inte-resse do próprio produtor rural e nem tanto da pesquisa ofi-cial, pois cada propriedade tem as suas limitações”. “Paraconseguir alta produtividade, é necessário criar novos mo-delos de produção para cada situação, organizando os diver-sos fatores de forma que a interação deles resulte em maiorresultado.

Ele ressalta que a família Hilgenberg não utilizou nenhumanova tecnologia, apenas agrupou as que já são conhecidas.“O segredo está em aprender a manejar essasinterações e trazer isso para a área comercial”.

O aumento da produtividadenão acontece por acaso

De acordo como Cesb, o uso da

braquiária assegurabons resultados emanos secos ou muito

secos. Além dacobertura deixadano solo e o fatode preservar a

umidade as raízesda braquiária criamcanais que facilitamo desenvolvimentodas raízes de soja

53sacas/hectare(128/alqueire)é a média na

região da Cocamar

Com 343,14 sacaspor alqueire, ele teriaum faturamento bruto

de R$ 24.019;isso daria

R$ 9.870por hectare (*).

(a R$ 70,00 a saca)

48sacas/hectare

(116/alqueire) é amédia brasileira

120sacas/hectare

(290,4/alqueire) foramsuperadas pelos cincoprimeiros colocadosno concurso do Cesbsafra 2014/2015

A solução virá do interesse do próprio produtorrural e nem tanto da pesquisa oficial, pois cada propriedade tem as suas limitações”

ORLANDO MARTINS, ex-presidente do Cesb

8 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

SAFRA

A análise de um trabalho realizado entre os campeões na-cionais de produtividade revela que há pontos em comumentre eles. Os solos são naturalmente férteis ou houve aconstrução e a manutenção da fertilidade do perfil do soloem profundidade, com a saturação de base sempre superiora 30%, pH entre 5 e 5,8 abaixo dos 20 cm de profundidade,baixo teor de alumínio, maior absorção e fixação de nitro-gênio pela planta, oferta de potássio, fósforo, matéria orgâ-nica e outros nutrientes e micronutrientes.

“Provavelmente será necessário mudar os níveis críticosde nutrientes no solo e na folha para atender ao patamarde produtividade que se busca. As adubações feitas sãobem superiores às utilizadas pela média dos produtores”,afirma Orlando Martins, do Cesb.

DEPENDE - Variedades boas e adaptadas ou o arranjo ea distribuição de plantas também têm peso importante noaumento de produtividade, mas isso vai depender de fa-tores como plantio de qualidade, semente com alto vigor,manejo fitossanitário na hora certa, entre outros itens.

Martins lembra que no passado o foco de qualidadeda semente estava na germinação. Hoje, o vigor é fun-damental para um forte enraizamento e crescimento nafase inicial. Há estudos que mostram que a partir de umvigor de 70%, para cada 1% de aumento, isto vai signi-ficar uma incremento de 0,4 sacas a mais na produtivi-dade. O ideal, segundo ele, é trabalhar com vigorsuperior a 90%.

Mesmo diante de fatores de produção não controláveis,como a ocorrência e a distribuição de chuvas, os produ-tores podem amenizar o problema. Para isso, devem usarirrigação ou variedades mais resistentes, trabalhar comdata de semeadura, cobertura morta ou eficiência no usoda água, mantendo a planta com nutrição equilibrada,além de aumentar a capacidade de armazenagem de águano solo com matéria orgânica e descompactação. O idealsão densidades menores que 1MP (Mega Pascal – unidadepadrão de pressão), sendo 2 MP um valor crítico de com-pactação a partir do qual não há crescimento de raiz ouatividade metabólica.

Qual o segredo dos campeões de produtividade?

Um estudo norte americano aponta que a ex-tração de água pela planta – quase 80% - ocorreprincipalmente a partir dos 30 cm de profundi-dade, e que 37,5% da extração se dá entre 120 e150 cm. Por isso, o maior enraizamento e a suaprofundidade são diferenciais no comparativoentre a área do concurso e a área comercial dosprodutores participantes, dando uma diferençade mais de 20 sacas por hectare. Ao mesmotempo, todos trabalharam com produtos melho-radores de desempenho fisiológico como hormô-nios, enraizadores e micronutrientes.

Bom enraizamentoé fundamental

9 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Um produtor de Ivatuba, município a 40 quilômetros de Maringá, foi o recordista re-gional em produtividade de milho na safra de inverno deste ano. O agricultor, que pediupara não ter seu nome revelado, colheu 9.496 quilos por hectare, o equivalente a 158,26sacas. Em alqueire, isto significa nada menos que 383 sacas.

Para o engenheiro agrônomo Emerson Nunes, coordenador técnico de culturas anuaisda Cocamar, o resultado desse produtor demonstra que existe um potencial elevado deprodutividade de milho para ser explorado na região. Para se ter ideia, a média dos as-sociados da cooperativa, na mesma safra, foi de 5.378 quilos por hectare.o que corres-ponde a 89,6 sacas por hectare e a 216,9 por alqueire. A diferença é grande.

Os municípios que apresentaram maior produtividade na colheita do cereal foram SãoJorge do Ivaí, Maringá, Floresta, Doutor Camargo e Japurá, pela região noroeste, Sertaneja,Primeiro de Maio, Alvorada do Sul, Bela Vista do Paraíso e Ibiporã, pela região norte.

Produtor de Ivatuba colheumédia de 9.496 quilosde milho por hectare

840mil toneladas foi o volume recebido de milho pela Cocamar, na mesma safra

5.378quilos/hectare foia média geral naregião da Cocamarna safra 2015

Com o patrocínio da Cocamar, Maringá vai sediar entre osdias 24 e 26 de novembro, no Centro de Eventos Excellence, oXIII Seminário Nacional de Milho Safrinha, uma iniciativa daAssociação Nacional de Milho e Sorgo. A organização é do De-partamento de Agronomia da Universidade Estadual de Ma-ringá (UEM), com apoio do Instituto Agronômico do Paraná(Iapar) e Instituto Emater.

De acordo com os organizadores, serão discutidos temasrelacionados ao desenvolvimento tecnológico da cultura,visando o incremento da produtividade de forma susten-tável e com viabilidade econômica. O evento é destinadoa produtores, pesquisadores, professores, consultores,extensionistas, administradores, técnicos de coopera-tivas e empresas, estudantes e demais agentes asso-ciados à cadeia produtiva. As inscrições podem serefetuadas pelo site www.seminariomilhosafrinha2015.com.br e, para mais informações, contatos devem ser manti-dos com a CR Eventos, telefones (44) 3031-2057 e (44) 9948-1190 ou e-mail: [email protected].

INÍCIO - O cultivo de milho safrinha iniciou-se na região de Ma-ringá, mais precisamente no município de Floresta. Nos pri-meiros anos de 1980 os produtores encontravam-sedescapitalizados, ainda se ressentindo das perdas decorrentesda grande geada de 1975. Suas lavouras eram conduzidas combaixo nível tecnológico e, consequentemente, resultavam embaixa produtividade. Entretanto, passadas mais de três déca-das, o que se observa é um importante avanço no nível tecno-

lógico empregado pelos agricultores, o que tem resultado emincremento na produtividade, quantidade, e principalmente, naqualidade do produto obtido.

PARANÁ - Conforme dados da Companhia Nacional de Abas-tecimento (Conab), a área cultivada com milho safrinha no Pa-raná, no ano de 2015, foi de 1,91 milhão de hectares (ha),produtividade média de 5,84 toneladas por hectare e produ-ção total de 11,18 milhões de toneladas, tornando-se umacultura de grande importância para as regiões norte,noroeste e oeste do estado.

REGIÃO - De acordo com a Cocamar, as propriedadesde seus associados apresentam dimensões de até 10ha (15%), de 10 a 50 ha (41%), de 51 a 100 ha (17%) esuperior a 100 ha (27%). Na Safra 2015, a área culti-vada com milho safrinha correspondeu a 80% do total

da superfície utilizada no verão com a soja, ou seja,190.590 ha. A produtividade média alcançada foi de 5,1ton/ha, resultando em uma produção total de 972 mil tone-ladas de grãos.

RECEITA - Considerando o custo variável médio de produçãode R$ 1.557,56 por ha e o preço de saca de milho (60kg) novalor de R$ 25,00, a receita líquida média obtida pelos produ-tores da região de Maringá foi de R$ 567,44 por ha. Com isso,o valor total médio da produção atingiu cifra superior a R$400 milhões, o que evidencia a importância econômica e socialda cultura em termos regionais.

Cocamar patrocina XIII SeminárioNacional de Milho Safrinha

Há muito tempo que o ácaroda leprose (Brevipalpus phoe-nicis) frequenta os cafezaisbrasileiros, mas sempre foiconsiderado uma praga/doen-ça secundária. De um modogeral, sua ação preocupavamais nos pomares de citrosdo que nos cafezais. Nos últi-mos três anos, entretanto, têmganhado importância e seuataque às lavouras de café seintensificaram.

Atualmente, o ácaro é obser-vado em praticamente todasas lavouras e nota-se que emtorno de 60% das áreas, temhavido danos econômicos deníveis variados, devendo oprodutor estar atento a suapresença, fazendo o controle,segundo recomenda o enge-

nheiro agrônomo César Maia,da Cocamar.

Quando infectada pelo vírusda leprose, através do ácaro,a planta perde folha, compro-metendo a safra futura, alémde lesionar os frutos, o queprejudica a qualidade e a pro-dutividade da safra. Os frutosficam manchados, deprecian-do o valor e o seu rendimento.Dependendo do nível de infes-tação, é necessário fazer po-das drásticas nas lavouras pa-ra sua recuperação.

O produtor pode identificaros sintomas: lesões nas ner-vuras das folhas internas daplanta, que ocasionam a des-folha, além de lesões nos fru-tos. Mas quando estes apa-

recem, a infecção e o prejuízojá estão caracterizados.

“O ideal é identificar a pre-sença do ácaro em folhas eramos na parte interna daplanta, usando lupas de au-mento e assim realizar o con-trole com acaricidas especí-ficos em pulverizadores dealta pressão para melhor atin-gir o alvo”, orienta Maia.

O vice-presidente de Negócios da Cocamar, José CíceroAderaldo, o Zico, será o palestrante em novembro naquarta e última etapa de 2015 do Fórum Nacional de Agro-negócios organizado pela Rádio CBN.

Ele vai abordar a tendência dos preços das principaiscommodities agrícolas e os eventos estão programadospara os dias 17 em Maringá e 18 em Londrina, ambos apartir das 19:30h, nos parques de exposições das cidades.

O Fórum, já em seu quarto ano, conta com o apoio da Co-camar, sendo que o público é formado basicamente porprodutores convidados pela cooperativa.

Neste ano, os palestrantes foram o ex-presidente do Ins-tituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, quefalou sobre o CAR e as exigências ambientais; o econo-mista Alexandre Mendonça de Barros, que fez uma aná-lise de mercado; e a empresária rural Marize Costa Porto,proprietária da Fazenda Santa Brígida, situada em Ipameri(GO), considerada a principal vitrine em Integração La-voura, Pecuária e Floresta (iLPF) no Brasil.

Zico faz palestras no FórumNacional de Agronegócios

Cafeicultor precisa estar atento ao ácaro da leprose

10 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Evento será de 24 a 26 de novembro em Maringá

Quando ossintomas sãoobservados, a infecção eos prejuízosjá estãocaracterizados

O cultivode milhosafrinhainiciou-sena região deMaringá, maisprecisamenteno municípiode Floresta

Com uma vida sim-ples e tranquila, JoséRamiro Filho e a es-posa Fátima, donos

de quatro alqueires em Altô-nia, município da região deUmuarama, sobrevivem daatividade agrícola graças àdiversificação. Eles têm umpouco de tudo e a maior partedo que consomem, cerca de90%, é produzida no sítio.

A atividade principal é o café.São 10 mil pés em um alquei-re e meio, com várias idadese espaçamentos. Como Ra-miro poda o cafezal por etapa,todo ano há uma área produ-zindo. Na última safra foramcolhidas 170 sacas em coco –o equivalente a 60 sacas be-neficiadas, abaixo do espe-rado. “A estiagem prejudicoua qualidade e o volume deprodução”, justifica o produtor.

BANANA - Atualmente, amaior renda na propriedadeadvém da banana nanica,cujo mercado tem oferecidopreços remuneradores. Comcerca de 500 pés em meio al-queire, são produzidos de700 a 800 quilos por mês ea colheita ocorre praticamen-te durante todo o ano. “Dápara tirar uns mil reais pormês só com a fruta”, calculaRamiro.

Eles possuem um rebanhocom sete vacas girolanda,das quais são tirados, emmédia, 30 litros de leite pordia. Por enquanto, toda a pro-dução é transformada emqueijo, que o casal comercia-liza na cidade. Mas, quandoo vizinho iniciar também suaprodução, a ideia é entregarem conjunto. “Como o vo-lume é pequeno e a distância

é longa, fica inviável para olaticínio buscar tão poucoleite com o caminhão tan-que”, explica o produtor.

COMPRADORES - As cria-ções de porcos e frangos cai-piras são mais para consu-mo, mas sempre há gentequerendo comprar. “O pes-soal da cidade sabe que agente tem e vem buscaraqui”. Isso sem contar osovos, frutas, mandioca, abó-boras, verduras, feijão etudo mais que precisam.“Sempre está entrando al-gum dinheiro e o nossogasto na cidade é mínimo.Por isso dá para levar a vidatranquilo”, afirma.

O filho André ajuda os paisno sítio e a filha, Viviane, for-mada em Pedagogia, traba-lha na cidade, onde atual-mente faz pós-graduação.“Quando a propriedade é pe-quena, tem que achar meiosde fazer render por todos oslados”, diz o produtor.

Eles têm estudado tambémoutras opções de cultivo defrutas para diversificar a pro-priedade ainda mais. Dentreos critérios básicos para a de-finição de o que plantar estáa renda gerada, o espaço ocu-pado e que seja possível con-ciliar as atividades quanto ademanda por mãode obra.

O casal mantêm vários negócios:“Tem que achar meios de fazer

render por todos os lados”

12 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

PEQUENOS

DE TUDO UM POUCO A MÁXIMA DE QUE NÃO SE DEVECOLOCAR TODOS OS OVOS NA MESMA CESTA É LEVADA AOPÉ DA LETRA POR FAMÍLIAS QUE SABEM APROVEITARBEM SUAS PROPRIEDADES. POR MARLY AIRES

DIVERSIFICAÇÃOa velha e boa fórmula

13 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

A compra dos 10 alqueires deterra em Apucarana, há 16anos, foi uma grande con-quista da família Lavaria. Porisso, tornar cada metro qua-drado de terra produtivo não ésó uma necessidade para man-ter os gastos diários, mas umaforma de fazer valer todo o es-forço de uma vida.

O casal Pedro Lavaria e MariaTereza e os filhos passaramgrande parte de suas vidasprestando serviços como dia-ristas em sítios e fazendas daregião. “A gente trabalhavanuma semana para comer naoutra e quando ficava sem ser-viço, como em dias de chuva,era a certeza de tempos aindamais difíceis”, conta Alex, umdos filhos.

Por isso, quando tiveram aoportunidade de trabalhar co-mo porcenteiros em lavourasde café, deram o melhor de sie pouparam tudo que pude-ram. Com o que foram juntan-do, compravam terrenos, cons-

truíam imóveis na cidade, con-seguiram outras fontes de ren-da e, com o capital, compra-ram, enfim, os 10 alqueires.

Planejar, organizar e estrutu-rar a propriedade para gerar

renda foi outra luta. Mas hoje,grande parte das atividades émecanizada, o que facilita oserviço e possibilita que, mes-mo com a diversificação, só afamília dê contade tudo.

A arte de fazer o máximo do mínimo

Mesa farta: produzem detudo utilizando mão de

obra familiar

Arrendar, diversificar e ca-prichar foi a fórmula encon-trada pelo cooperado GeraldoAparecido Martins Braga,pequeno produtor de Warta,distrito de Londrina, para so-breviver da atividade, alémde utilizar, basicamente, mãode obra familiar. A esposaSueli e os filhos Danilo, Dou-glas e Guilherme o ajudamcomo podem.

Dos 37 alqueires, só doispertence à família. Os de-mais 35 são arrendados. “Aterra é muito cara na re-gião”, diz Geraldo, por issotem optado por arrendar,como fez a vida toda tambémo seu pai.

SEGURANÇA - Justamentepor não contar com um vo-lume significativo de recur-sos é que ainda investe nadiversificação, aproveitandobem a mão de obra familiare o espaço que dispõe. “Omercado dos produtos agrí-colas muda muito. Uma cul-tura que hoje dá resultado,no próximo ano pode não darou o clima não ajudar. Diver-sificando você tem outras op-ções que auxiliam a pagar ascontas”, afirma Geraldo.

Do total, 30 são ocupadoscom o plantio de soja, produ-zindo em média 130 sacas poralqueire no verão, e mi-lho, noinverno, com produtividade

de 240 sacas por alqueire.Outra opção é o plantio deamendoim, dois alqueires, fei-to já há 15 anos e com clien-tela certa. Nesta mesma área,no último inverno, plantou ba-tata e gostou da experiência,devendo repetir.

CAFÉ - Há ainda cinco al-queires com café, das varie-dades Obatan, Catuaí e IPR98, com idades de sete a 10anos e produtividade de 70a 100 sacas beneficiadaspor alqueire em média.Grande parte das operações

é mecanizada, inclusive acolheita.

Danilo, o filho mais velho,já vem também formandoseu pé de meia. Depois detempos trabalhando na pres-tação de serviço com colhei-tadeira e tratores da família,juntou o suficiente para com-prar suas próprias máqui-nas e passar a prestar ser-viços para outros produtoresna região.

14 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

PEQUENOS

Como a família produz silagem de milho eaveia, 42 cabeças de gado de leite girolandasão mantidas em apenas meio alqueire depasto, com a alimentação sendo feita nococho. Do total, a maior parte é de novilhas,havendo hoje apenas 15 vacas. Em médiasão mantidas 10 em lactação, produzindo de20 a 25 litros por animal ao dia, somandode 200 a 250 litros.

A produção é entregue numa fábrica debolo, no laticínio e ainda sobre para fazerqueijo que é vendido na cidade. Tudo é es-

truturado de forma a facilitar o serviço, comordenha mecânica, tanque de refrigeração etudo mais.

“A renda de uma atividade complementa ade outra. Só o que ganhamos com o leite jácobre os gastos da casa e do dia a dia na pro-priedade, permitindo tirar a renda do café eda soja praticamente livres para os investi-mentos e as despesas maiores”, afirma Alex,destacando que pequenos produtores comoeles não podem correr o risco de apostartudo numa única atividade.

Leite paga as despesas diárias

LUCRO - A maiorparte da proprie-

dade, cinco alqueires, é ocu-pada com soja no verão e mi-lho e aveia para silagem noinverno. Graças ao caprichona adubação (com esterco degado e cama de frango) e porseguir todas as recomenda-ções técnicas da Cocamar,obter ao redor de 185 sacasde soja por alqueire tem sidorotina para o produtor que jáchegou a produzir 201 sacaspor alqueire em 2013. “Nesteano cheguei a vender a sacapor R$ 67,50, sobrando livreuma média de R$ 7 mil poralqueire livre”, conta Alex.

Há mais dois alqueires emeio ocupados com milhopara silagem no verão, áreaque, eventualmente, quandohá bastante alimento para orebanho leiteiro e o preço domilho compensa, é desti-nada à produção de grãos,chegando a obter mais de

400 sacas por alqueire.

EQUIPAMENTOS - Os oitomil pés de café - Iapar 103,Catuaí e Tupi 88 - ocupamum alqueire, produzindo emmédia 200 sacas em coco.Como o terreno é muito incli-nado e a área pequena, o usode colheitadeira não é possí-vel, mas a família mecanizouo que deu, comprando derri-çadeira, soprador e demaisequipamentos que facilitam otrato, condução e a colheitado café.

No contraponto, como a famí-lia aproveita cada pedaço deterra, até hoje ainda usa ma-traca para semear milho e fei-jão no meio do café, além deter horta, pomar, vários culti-vos de subsistência e criações.O pouco de terreno que sobrafoi ocupado com pés de la-ranja, para produção de frutain natura, comercializada paravendedores de rua.

Arrendar, diversificar e caprichar

Em 2013, a média da soja,cultivada em 5 alqueires, foi de 201 sacas

Eles só têm2 alqueires próprios,mas cultivam 37

especial

Parte da história cen-tenária da soja noBrasil pode ser con-tada pela evolução

das sementes. O grão lan-çado no campo no noroestedo Rio Grande do Sul em1914 rendia menos da me-tade do volume oferecidopelas novas variedades, quecarregam um histórico dedécadas de pesquisa e in-vestimentos milionários.

E as novas tecnologias sealastram cada vez mais rapi-damente. Prova disso é a so-ja geneticamente modificada(GM), que foi lançada pelanorte-americana Monsanto e,na última década, passou de40% para mais de 90% daslavouras do Brasil. Nos últi-mos anos, a preferência porlavouras de ciclo mais curtoe com menos folhas fez tec-nologias argentinas se alas-

trarem por 40% das planta-ções, ou 12 milhões de hecta-res.

As novas variedades avan-çam em diversas frentes, daadaptação a condições am-bientais severas como a se-ca até a resistência a inse-

tos. Para desenvolver as cul-tivares de soja, a indústriapercorre um longo processo,que mobiliza profissionaisde diversas áreas, como bio-logia, química e engenharia.

(*) Transcrito da Gazeta doPovo

MaravilhosoGrãoSOJA A INDÚSTRIA DEMORAMAIS DE DEZ ANOS PARA CHEGAR

A UMA NOVA SEMENTE, MAS OS

AVANÇOS TECNOLÓGICOS - DIANTE

DO ENORME POTENCIAL - AINDA

ESTÃO LONGE DO SEU ÁPICE

16 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Avanço tecnológicoé rápido e surgemnovidades todos osanos que ampliam a

proteção das lavourase elevam os índices

de produção

1º- a busca de eventos de interessepara a pesquisa. Segundo o setor,um mesmo projeto chega a reali-zar mais de 100 mil experimentos,que envolvem a seleção de semen-tes já existentes e simulações em es-

tufas na procura por perfis genéticosideais;

2º- se o resultado é positivo nestaetapa, passa-se para um ciclo depré-desenvolvimento;

3º- caso o investimento seja consi-derado viável, a pesquisa segueadiante;

4º- as últimas etapas são o lança-mento e a comercialização.

Esse processo custa em média US$ 136 milhões (ou R$ 544 milhões) e leva 13 anos, aponta a multinacional DowAgroSciences, que tem sede em Indianápolis (Estados Unidos). “É cada vez mais caro desenvolver uma molécula ounovo evento genético e há muitas barreiras, como a burocracia. Isso tem levado o mercado a reduzir o número de lan-çamentos”, resume Ramiro de La Cruz, diretor de Negócios em Proteção de Cultivos da empresa.

Passo a passo O caminho para se chegar a uma nova semente passa por várias etapas.

17 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Os pesquisadores avaliam que os avanços da soja estão longe de um ápice.Além das empresas que pesquisam sementes, multinacionais como Bayer eBasf desenvolvem sistemas de proteção das lavouras que elevam os índicesde produção.

Problemas no campo abrem espaço a tecnologias específicas. A soja IntactaRR2 PRO, da Monsanto, ganha mercado com promessa de incremento naprodutividade e principalmente por ser resistente a lagartas numa época deaumento da pressão dos insetos. Foram mais de 10 anos de pesquisa e in-vestimentos que passam de US$ 150 milhões (ou perto R$ 600 milhões), con-forme o diretor do projeto e do setor de soja da Monsanto para a América doSul, Ernst Sanders.

O que esperar do futuro?

O desempenho das sementes depende de rigor no manejo e as pesquisas re-querem segurança institucional, conforme a indústria. Além da promessa demaior rendimento, a disciplina no campo prolonga a vida útil das novas tecno-logias, evitando o aparecimento de plantas daninhas resistentes a determinadosherbicidas, por exemplo.

O pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho de Informações sobreBiotecnologia (CIB) Décio Luiz Gazzoni defende que é preciso mais integraçãoentre governo, empresas e setor produtivo. “Sem isso, coloca-se em risco tec-nologias muito boas para os produtores”, indica. Medidas como a obrigatorie-dade de plantio de refúgio vêm sendo discutidas. Nessas áreas, insetos nãoresistentes a uma tecnologia específica se reproduzem com insetos resistentes,gerando descendentes suscetíveis ao controle.

Eficiência exige compromisso coletivo

US$ 150milhões foi quanto custaram aspesquisas para o desenvolvimentoda soja Intacta RR2 PRO

ESPECIAL

18 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

O COOPERADO Leonardo Chavenco, 71 anos,de Maringá, cresceu ajudando o pai nas lavouras decafé em Santa Fé de Marialva, em 1945. Depois dealguns anos enfrentando dificuldades, a famíliavendeu as terras e se mudou para Maringá.Leonardo foi bombeiro, caminhoneiro e voltou aser agricultor quando a esposa herdou um sítio.“Os familiares queriam que eu plantasse mais terradeles, arrendada. Pensei, pensei até que resolvi encarar”.De 12 alqueires foi para 22, 54 e, atualmente, cultiva72 alqueires na região da Placa Hiller e Guerra.“Devo praticamente tudo o que temos à soja.Graças a essa cultura, meu filho está seguindomeus passos e será meu sucessor na produçãodesta importante lavoura que melhorou a vidade muitas pessoas”.

OS PETECK estão entre os pioneiros no cultivoda oleaginosa em Jussara. A cultura passou a fazerparte da rotina deles em 1975, quando David deixoude trabalhar em um banco e passou a cultivar ogrão em 20 alqueires. Ele e os filhos Hamilton,Marcos e Valter passaram a se dedicar integralmenteà nova atividade. “As primeiras variedades cultivadasforam Braga, Paraná, S5 e, um pouco mais adiante,BR-4, Embrapa-48 e FT-10”, lembra Hamilton (foto).“Hoje a tecnologia tem nos ajudado bastante”, finaliza.

EM SABÁUDIA, muitos produtores superarammomentos difíceis e conseguiram se firmar coma soja. O cooperado Amauri Nicolino, 52 anos,é um deles. Atualmente planta 200 alqueires,a maior parte arrendada, em parceria com oirmão Osvaldo. “Iniciamos com essa atividade

em 1976 e de lá pra cá não paramos mais, muitopelo contrário, a área que era pequena foi

aumentando com o passar dos anos. “A sojaé nossa fonte de sobrevivência, faz parte

de nossa vida” .

A maioria começou na cafeicultura, mas foi lidando com soja que muitas famílias prosperaram.

Famílias cresceram com a soja

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preparo, além de histórias e curiosidades

20 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Em setembro, ao fina-lizar a celebração deseus 30 anos, a Si-credi União PR/SP

reuniu convidados para umjantar nas cidades de Piraci-caba, Londrina e Maringá,cuja programação incluiu apresença do cantor Daniel, umdos nomes consagrados damúsica brasileira, na estrada

há mais de 30 anos.

Além de interpretar grandessucessos de seu repertório eda música sertaneja, Daniel,de 47 anos, encantou o públicocom sua simpatia, o que valo-rizou ainda mais os eventos.

Nas três oportunidades elecantou durante alguns mo-

mentos em companhia do pai,seu Camilo, com quem come-çou a tocar violão aos cincoanos.

Em entrevista, ele falou so-bre sua vida, o irmão, a famí-lia, João Paulo e a vida deartista.

ORIGENS – “Com o passar dos

anos, fui mudando alguns há-bitos. Costumava usar pulsei-ra, corrente, relógio, e deixeiisso de lado também. Nuncavou negar minhas origenssertanejas, fui criado ouvindoesse tipo de música. Mas souum cantor romântico, popular,e tenho a liberdade de envere-dar pelo pop, experimentarnovos caminhos. Para mim, obrega está muito longe do es-tilo que eu faço. É algo bemmais popular, muito maispovão”.

O IRMÃO – “Eu sempre meadmiro com a sensibilidade domeu irmão (Gilmar, que sofrede paralisia cerebral) Minhafamília e eu nunca sofremospreconceitos com a doençadele. Não entendo como temgente que ainda esconde quetem em casa pessoas com ne-cessidades especiais”.

FAMÍLIA – “Demorei a formarminha família (é casado comAline, com quem tem duas fi-lhas). Mas ela é e será tudopara mim. Trata-se da maiorconquista da minha vida. Eusinto muita saudade das mi-

nhas filhas (Lara e Luíza)quando tenho que sair para osshows. E é impressionanteque um dia apenas já faz mui-ta diferença. As brincadeirasmudam, tudo muda”.

JOÃO PAULO – “Comecei acantar com o João Paulo aos 11anos de idade, ele sempre foida família. Pra mim, tinhatudo acabado” (após o acidenteque matou o parceiro).

O ARTISTA – “Você tem queestar ligado no que está acon-tecendo no mercado, logica-mente. Existe uma questãocomercial envolvida. Mas tam-bém existe a sua vontade, asua essência. A emoção paracriar as músicas e cantar vemde dentro mesmo. Acima dequalquer coisa, é algo natural.O amor pela música tambémcolabora para que isso trans-pareça”.

Daniel fez elogios eprestou homenagem nopalco, em Maringá, aopresidente dacooperativa de crédito,Wellington Ferreira, aquem presenteou coma imagem de NossaSenhora Aparecida

FUTEBOL – Torcedordo São Paulo, Daniel possuidesde 2000 a equipe DanielFutebol Clube, que cruza oBrasil realizando partidasamistosas sendo a rendarevertida para entidades as-sistenciais do municípioque realiza o evento. Aequipe é formada pelo can-tor e seus amigos.

SUCESSO COM UM SHOW DE SIMPATIA,CANTOR DANIEL ENCERROU EM ALTO ESTILOA PROGRAMAÇÃO QUE COMEMOROU OS30 ANOS DA SICREDI UNIÃO PR/SP

Ele canta e encanta

Conhecidos por gostarem dereceber amigos e por serembons na cozinha, Mariza Abar-ca Carmezini e o esposo, o coo-perado Ângelo CarmeziniNetto, o “Bila”, moram no mu-nicípio de Primeiro de Maio.Eles dividem as atividades nocampo, onde cultivam grãos ecriam tilápias em tanque, etambém na cozinha. A receitaabaixo foi preparada por Ma-riza, mas os dois gostam defazer tudo a quatro mãos.

INGREDIENTES

• 2 kg de filés de tilápia• 300 g de mussarela fatiada

• Molho vermelho temperadoa gosto

COMO PREPARAR

Tempere os filés com limãoe sal, empane e frite, no pon-to. Disponha numa forma,

com os demais ingredientes,alternando as camadas demolho vermelho, filé e mus-sarela, finalizando com estaúltima. Leve ao forno paraderreter a mussarela e sirvacom arroz e salada. Dá paracinco pessoas.

Que tal preparar uma lasanha de tilápia?

21 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

A cebola possui proprieda-des curativas: purifica osintestinos, afasta bactériase fungos, depura o sanguee o fígado de substânciasprejudiciais e aumenta adiurese. Ela conta comsubstâncias antibióticas,aumenta as defesas imu-nológicas, é antibacterianae antiviral.

Sabe por que as pessoaschoram ao cortar a cebola?Porque ela libera umasérie de compostos quími-cos no ambiente, um delesformado por enxofre que,ao entrar em contato comos olhos, se converte numaespécie de ácido, irritando-os. Para evitar essa des-agradável sensação, use acebola bem gelada e corte-a em água corrente. Cortá-la próximo a uma janela,onde haja boa ventilação,também ajuda.

Cebola sem choro

Mariza e o prato:fácil de fazer e

irresistível

receita

SUGESTÃO VEMDE PRIMEIRODE MAIO, REGIÃODE LONDRINA

Precisam serimunizados

animais de todasas idades e

comprovação deveser feita até

o dia 30

AFTOSA

22 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Em novembro ocorrea segunda etapa doano da vacinaçãocontra a febre af-

tosa, obrigatória para todosos bovinos e búfalos, incluin-do os bezerros com poucosdias de vida. A comprovaçãodeve ser feita até o dia 30 domês nas unidades de sani-dade agropecuária da Ada-par (Agência de Defesa Agro-pecuária do Paraná) ou pelainternet - www.adapar.pr.gov.br.

Segundo dados do Ministé-

rio de Agricultura, Pecuáriae Abastecimento (MAPA) de2014, o rebanho paranaenseé de cerca de 9,143 milhõesde bovinos e búfalos, distri-buídos em mais de 192 milpropriedades rurais. O Pa-raná representa menos de10% do rebanho nacional, es-timado em mais de 200 mi-lhões de animais.

RECONHECIMENTO -Recen-temente, o governo do Pa-raná fez o pedido formal aoMAPA para iniciar o pro-cesso de reconhecimento do

estado pela OrganizaçãoMundial da Saúde Animal(OIE) como área livre dadoença sem a vacina. Depen-dendo de como o processoavançar, é possível que a úl-tima campanha seja reali-zada em maio de 2016.

Para controlar a entrada deprodutos de origem animalou vegetal fora do padrão ecumprir os requisitos neces-sários para o reconheci-mento, o estado investiu,segundo o governador BetoRicha, R$ 5 milhões na cons-

trução e reforma de 23 pos-tos de fiscalização instaladosnas divisas com São Paulo eMato Grosso do Sul, além decontratar 169 técnicos paratrabalhar na Agência de De-fesa Agropecuária do Pa-raná.

DIVIDE - O Paraná é um dosestados mais adiantadospara conseguir a certificação,e mesmo depois das audiên-cias públicas promovidas naAssembleia Legislativa doParaná, com integrantes detoda a cadeia de produção pe-

cuária, a medida ainda di-vide a opinião do setor.

O secretário de Defesa Agro-pecuária, Décio Coutinho,afirmou recentemente que oprocesso de obtenção do sta-tus livre de aftosa sem vaci-nação não se dará de formaisolada, por estado, e que aintenção do MAPA é buscaro reconhecimento para todoo Brasil, tornando remota apossibilidade de o Paranáobter o reconhecimento inter-nacional de livre de aftosasem vacinação em 2016.

•PARA o governo do estado, o reconheci-mento irá valorizar a produção pecuária e

permitirá que os produtores busquem mercadosmais atrativos para exportar a produção de carnebovina e suína. “Estamos há três anos sem a cir-culação do vírus na América e já faz mais de dezanos que não há foco de aftosa no Paraná. Porisso, achamos que chegou o momento de buscareste novo status de sanidade animal”, declarou à

imprensa o secretário de Agricultura, Pecuária eAbastecimento do Paraná (Seab), Norberto Orti-gara.

•COOPERATIVAS e a Federação da Agricul-tura do Estado do Paraná (Faep) se manifes-

taram favoráveis. “Atualmente, nossa comerciali-zação de carnes tem um trânsito restrito. Não al-cança os grandes mercados internacionais que

pagam mais por elas. O Paraná, livre de febreaftosa sem vacinação, é também a oportunidadede dizer ao mundo que somos um país com umsistema sanitário eficiente”, disse o presidente daFaep, Ágide Meneguette, que considera o reco-nhecimento um avanço. Entre os potenciais mer-cados, caso o Paraná conquiste o status, estãoJapão, Estados Unidos, China, Coreiado Sul, México e Indonésia.

PARANÁ SÃO 9,143 MILHÕES DE BOVINOS E BÚFALOS, DISTRIBUÍDOSEM MAIS DE 192 MIL PROPRIEDADES. POR MARLY AIRES

Pecuarista deve vacinar todo o rebanho em novembro

As sociedades rurais, asso-ciações e núcleos de criado-res, o Conselho de Adminis-tração da Associação Brasi-leira de Frigoríficos (Abra-frigo), entre outros, somandomais de 20 entidades ligadasa pecuária paranaense, alémdos pecuaristas de um modogeral, veem a iniciativa dogoverno estadual com preo-cupação. Eles não são contrá-rios ao reconhecimento, masquerem que tudo seja feitoem parceria com os demaisestados criadores de bovinos,especialmente do MatoGrosso do Sul, Mato Grosso,São Paulo, Minas Gerais,Goiás e Rio Grande do Sul, enão de forma isolada.

COMPLEXIDADE - O temor,na opinião do presidente daSociedade Rural do Paraná,Moacir Sgarioni, é que sem aimunização ocorra focos dadoença no estado, dada a

complexidade no controle dasfronteiras e a extensão delas,o que pode comprometer asanidade do rebanho e a pró-pria atividade agropecuária.O presidente da AssociaçãoBrasileira de Gado Angus,José Roberto Pires Weber,afirmou que a fronteira doParaná com o Paraguai é umperigo concreto, tendo emvista que o controle da do-ença naquele país não segueo mesmo rigor do Brasil.

A preocupação é justificá-vel. O relatório de monitora-

mento sorológico do Ministé-rio da Agricultura, que ava-lia a eficiência da vacinação- realizada em 2014 - contraa febre aftosa na zona livreda doença com vacinação,mostrou que a coberturaimunitária do rebanho namaior parte do Paraná é ex-celente, mas na região defronteira atingiu o menorpercentual.

PREJUÍZOS - Quando em2005 houve a suspeita, pos-teriormente não confirmada,de contaminação no Paraná

de animais acometidos coma febre aftosa vindos de fora,milhares de cabeças de gadotiveram que ser sacrificadas,com enorme prejuízo econô-mico, além das perdas nasexportações, só retomadasao nível pré-aftosa dez anosdepois. Dezenas de paísestambém fecharam seus mer-cados à carne de frango e desuínos. Em um ambientesem vacinação, casos comoeste podem ter seu impactomultiplicado, conforme ale-gam as entida-des.

23 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Riscos preocupam entidadesA fronteira doParaná como Paraguaié um perigoconcreto”JOSÉ ROBERTO PIRESWEBER, presidente daAssociação Brasileira deGado Angus

Um questionamento em relação a conquista do status deárea livre de aftosa sem vacinação – que causaria o fecha-mento das fronteiras do estado para a entrada de gado defora - é quanto à sustentabilidade interna do rebanho. O Pa-raná não é autossuficiente na produção de bezerros e paramanter o rebanho paranaense sem vacinação, será neces-sário “fechar as fronteiras”, impedindo a vinda de gado deoutros estados, podendo afetar seriamente a pecuária para-naense, alerta a presidente da Sociedade Rural de Maringá,Maria Iraclézia de Araújo.

DÉFICIT - Muitos pecuaristas adquirem bezerros de foraou mantêm suas estruturas de cria e recria dos rebanhosem outros estados, fazendo apenas a engorda e terminaçãono Paraná. Com a expansão da produção de grãos e a valo-rização das terras paranaenses, manter vacas para cria noestado se tornou uma atividade pouco rentável. Há estima-tiva de que o déficit do Paraná seja superior a 200 mil be-zerros por ano, segundo dados da Sociedade Rural deMaringá.

IMPACTO - “Seriam necessários alguns anos para formarum plantel de matrizes. Não somos contrários, mas quere-mos discutir o assunto, buscar soluções conjuntas. Tanto o

estado quanto produtores precisamos de um tempo maiorpara se preparar para esse novo cenário”, afirma Maria Ira-clézia. Novo status também traria impacto econômico emfeiras agropecuárias, como a de Maringá e de Londrina,onde em média 70% a 80% dos animais expostos e comer-cializados vêm de fora do Paraná.

Além do risco sanitário, as vantagens econômicas tambémnão estão muito claras e acredita-se que não deve trazerganhos econômicos expressivos aos criadores. As entidadescitam o exemplo de Santa Catarina, que já é área livre deaftosa sem vacinação há oito anos e, entretanto, o preçomédio da arroba tem sido semelhante a dos estados comvacinação e não houve grande aumento nos volumes ex-portados. Ao mesmo tempo, o Brasil tem conquistado novose importantes mercados para a carne, mesmo com vacina-ção.

“Não somos contra o reconhecimento. Queremos apenasmostrar que o fim da vacinação não é garantia de vendase, além disso, o Paraná não dispõe de estoque de bovinospara estar tão preocupado com a exportação. Não podemosfazer contratos com outros países se não tivermos comocumpri-los”, disse Maria Iraclézia.

24 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Estado não é autossuficiente em bezerros

• Só adquira as doses da vacina em empresas idô-neas. Na Cocamar, há uma grande preocupação emgarantir a qualidade do produto, mantendo refrige-radores com alarme para denunciar possíveis que-das de energia. Se a temperatura não for a ideal, avacina perde sua eficácia.

• Conserve a vacina em local resfriado até o mo-mento da aplicação, não exponha ao sol e transporteem caixa isotérmica com gelo.

• Use agulhas e seringas bem limpas e desinfeta-das e agite bem o frasco antes de usar.

• Aplique na tábua do pescoço, via subcutânea ouintramuscular, uma dose de 5 ml, para todas as ida-des, tamanho e peso do animal.

• Não deixe para os últimos dias da campanha.

• A não vacinação ou não comprovação implica emmulta mínima de R$ 752,80, podendo ser maiorpara rebanhos com mais de 10 cabeças, além de nãopoder transportar seus animais para qualquer fina-lidade.

Recomendaçõespara a vacinação

O Paraná teria um déficit superior a 200 mil bezerrospor ano; animais são trazidos de outros estados

O fim da vacinaçãonão é garantiade vendas e, alémdisso, o Paranánão dispõe deestoque de bovinospara estar tãopreocupado coma exportação”

MARIA IRACLÉZIADE ARAÚJO, presidenteda Sociedade Rural deMaringá

“Arenito Caiuá –Inovações e Tec-nologias Susten-táveis para o

Desenvolvimento Regional”,com foco na Integração La-voura, Pecuária e Floresta(ILPF). O tema da 13ª Semanade Agronomia da Universi-dade Estadual de Maringá(UEM), de 5 a 9 de outubrono campus de Umuarama,contou com a participação daCocamar.

No dia 9, um evento com apresença de mais de 170 es-tudantes de cursos de agrá-rias da UEM e de outrasfaculdades de Umuarama eregião, teve como palestran-tes o presidente do Conselhode Administração da Coca-mar, Luiz Lourenço, o coor-denador de ILPF na coope-

rativa, Renato Watanabe, e opesquisador da EmbrapaCerrados, João Kluthcouski,o João K.

VIABILIZAR - Para Luiz Lou-renço, a integração é o gran-de negócio, a solução para aregião do arenito. “Temosfeito palestras em universida-des. A integração de ativida-des na propriedade ruraldemanda também integraçãode conhecimento. O profissio-nal tem que conhecer deagronomia, veterinária, eco-nomia e outras áreas parafazer um trabalho bem feitoe viabilizar a propriedade”.

Segundo o pesquisador daEmbrapa Cerrados, JoãoKluthcouski (João K), a Inte-gração Lavoura, Pecuária eFloresta já demonstrou ser a

melhor solução para asáreas degradadas, especial-mente nos solos mais areno-sos, mas está espalhada portodo o País e em diversos

ambientes, utilizando todasas culturas. “A tecnologiaestá disponível e os resulta-dos mostram que é viável.Agora, temos que buscar

parcerias para fazer estachegar ao produtor rural. Hámuitos solos degradados etemos a solução para recupe-rar”, disse. (Marly Aires)

Lourenço: “integração de atividades demanda também integração de conhecimento”

ARENITO

Integração é tema de Semana de Agronomia

25 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

De família tradicio-nal de agricultores,Leonardo Cairrão,de Arapongas, lem-

bra que no passado teve queir para a cidade por falta deopção, mas não conseguiuficar longe, voltando assimque encontrou oportunidade.O filho Marcelo passou pelamesma experiência, mastambém retornou ao campo.Já em relação aos netos Júliae Leonardo, o avô tem procu-rado estimulá-los para quedesde cedo se apeguem àvida rural e sejam produto-res no futuro.

No início da década de 1940,os pais de Leonardo, José An-tonio e Elvira, saíram de Xa-vantes (SP) para o Paraná, seestabelecendo com parentesem Cambé. Como a proprie-dade era pequena, com ape-nas 10 alqueires de café, nãofoi possível que toda a famí-

lia permanecesse ali. Leonar-do não viu outra opção: foipara Arapongas com o irmãoLaércio, onde montaram oPosto de Molas Cambé.

O negócio deu certo, foramem frente e direcionaram osganhos para a compra de te-rras. O sonho era voltar àsorigens. Em 1979, compra-ram os primeiros cinco al-queires em Sabáudia. Divi-dindo o tempo entre as duasatividades, plantaram caféna propriedade, mas nemchegaram a colher, por cau-sa da geada. Logo passa-ram a cultivar soja, trigo emilho.

Na sequência, foram adqui-ridas mais terras na divisaentre Arapongas, Rolândia eSabáudia, de forma quequando os sócios se separa-ram, anos depois, ficaram35 alqueires para cada um.

Com mais 20 arrendados,Leonardo e o filho Marcelocultivam atualmente soja emilho de segunda safra, pro-duzindo uma média de 140 e250 sacas por alqueire, res-pectivamente.

Enquanto Leonardo e a es-posa Neusa se desdobravam

para cuidar das proprieda-des e do comércio, Marcelo,formado em Engenharia Elé-trica, quis alçar voo próprioe, por 12 anos, trabalhou naempresa Siemens, na Bahia,onde conheceu a esposaFrancine.

NA TERRA - Em 2012, deci-

diu voltar. Ele e a esposapraticamente assumiram ocomércio, enquanto Leonar-do e Neusa puderam se de-dicar mais à agricultura. Noentanto, o filho também vemse envolvendo com as ativi-dades rurais e já se tornoucooperado da Cocamar.

Após anos morando emapartamento, Leonardo apro-veitou a proximidade desuas terras para construir látoda uma estrutura com ca-sa, pomar, horta e criaçõespara passar os finais de se-mana. Mas, como ficavammais tempo na casa do queno apartamento, resolveramse mudar de vez para lá.

“Sempre vi a agriculturacomo um bom investimento.Mas muito mais do que isso,são as minhas raízes, o quesempre gostei defazer”, afir-ma o produtor.

26 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

SUCESSÃO

ARAPONGAS AMBOS COOPERADOS, LEONARDO E O FILHO MARCELOPASSARAM PELA EXPERIÊNCIA DE TENTAR A VIDA NA CIDADE. DEU CERTO,MAS ELES REALIZARAM O SONHO DE VOLTAR. POR MARLY AIRES

Estar no campo é retornar às raízes

28 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

PARANÁ

SANIDADE PORTARIA 193 PROÍBE ASEMEADURA E O CULTIVO EM SUCESSÃO,NA MESMA ÁREA E NO MESMO ANO AGRÍCOLA,A PARTIR DO CICLO 2016/17. DA REDAÇÃO

SOJA SAFRINHAnão pode mais

Assinada no dia 6 deoutubro pelo dire-tor-presidente daAgência de Defesa

Agropecuária do Paraná(Adapar), Inácio Afonso Kro-etz, a Portaria 193 é uma me-dida importante na luta parapreservar a sanidade da cul-tura da soja no Paraná. Pormeio dela, fica estabelecido operíodo de semeadura e co-lheita no Estado a partir doano agrícola 2016/2017 e suafinalidade é impedir o avan-ço da ferrugem asiática, a do-ença mais temível da soja.

“A Portaria atende às expec-tativas do setor”, afirma o ge-rente técnico da Cocamar,Leandro Cezar Teixeira. Se-gundo ele, além de impedir achamada “safrinha” de soja(que serve de ponte para aproliferação da doença), a re-solução da Adapar contribuipara que os fungicidas nãotenham sua eficácia prejudi-cada no verão.

PRAZOS - O documento de-fine que a semeadura deveser feita no período entre 16de setembro e 31 de dezem-bro e fixa o prazo máximopara colheita ou interrupção

do ciclo da cultura até 15 demaio. “Após 15 de maio, todasas áreas cultivadas com sojadeverão estar colhidas oucom as plantas dessecadas”,expressa a cláusula 1ª do Ar-tigo 2º. Para as plantas rema-nescentes, de germinação es-pontânea, a cláusula 2ª domesmo Artigo define que“deve se atender as determi-nações previstas na PortariaAdapar 109/2015, que tratado período do vazio sanitário”.

DETERMINAÇÕES E PENA-LIDADES - Conforme o Ar-tigo 3º, fica proibida a se-meadura e o cultivo da sojaem sucessão à soja, na mes-ma área e no mesmo anoagrícola. Já pelo Artigo 5º,fica determinado aos proprie-tários, responsáveis, arrenda-tários ou ocupantes a qual-quer título de áreas de soja,a eliminação imediata das la-vouras inviabilizadas econo-micamente pela alta inci-dência de ferrugem asiática,independente do prazo paraeliminação de plantas vivasde soja a que se refere o Ar-tigo 2º. Os infratores das dis-posições da Portaria sujei-tam-se, conforme o Artigo 6º“às sanções administrativas

previstas no Artigo 9º da Leinúmero 11.200 de 13 de no-vembro de 1995, e seu Regu-lamento, aprovado pelo De-creto Estadual número 3.287,de 10 de julho de 1997, semprejuízo da responsabilizaçãopenal cabível”.

SEVERIDADE - A preocupa-ção com a ferrugem asiáticase torna ainda maior no ciclo2015/2016 diante da possibi-lidade de que o período re-ceba um volume maior dechuvas em razão do fenô-meno climático El Niño. Naavaliação da pesquisadoraCláudia Godoy, da EmbrapaSoja, a ferrugem causadapelo fungo P. pachyrhizi devesurgir nas lavouras antes dedezembro, mês que geral-mente caracteriza o apareci-mento da doença. Relatadapela primeira vez no Brasilem 2001, a ferrugem asiáticaé a doença mais severa dacultura da soja, podendo re-duzir a produtividade se nãofor adequadamente mane-jada. “Os danos decorrem dadesfolha precoce, que com-promete a formação, o desen-volvimento de vagens e opeso final do grão”, explicaGodoy.

2001o ano em que aferrugem asiáticafoi relatadapela primeiravez no Brasil

Após 15 de maio, todas asáreas cultivadas com sojadeverão estar colhidas oucom as plantas dessecadas”,expressa a cláusula 1ª doArtigo 2º.

29 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

O Brasil é o segundo maiorprodutor de soja do mundo,com uma área de 32 mi-lhões de hectares e uma pro-dução de 96,2 milhões detoneladas. No mercado inter-nacional, o país é líder – noano passado, ninguém ex-portou mais soja do que nós.Esse gigantismo todo estásendo colocado em xequepor um inimigo minúsculo,o fungo Phakopsora pachyr-hizi, causador da ferrugemasiática.

“A ferrugem se tornou uminimigo a ser derrotado.Hoje, a doença está contro-lada, mas até quando?”, per-gunta o pesquisador e fito-

patologista Rafael Soares,da Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária (Em-brapa).

Segundo ele, o número re-duzido de opções de controlequímico da doença, o au-mento da exposição dos fun-gicidas e as aplicações forado período ideal de controlesão fatores que colaborampara o avanço da doença.

DEMORA - De acordo com opesquisador, em relação aonúmero de produtos usadosno controle à ferrugem, en-tre os quatro grupos de quí-micos, dois perderam efi-ciência. Além disso, o pro-

cesso de desenvolvimentode novas moléculas paracombater a doença demandaanos de pesquisa e grandesinvestimentos, sem contarque o processo de registropara defensivos agrícolas noBrasil é lento e, acima detudo, burocrático. Pelos trâ-mites normais, um produtoinovador sobmetido hojepelos órgãos reguladores dopaís só terá o seu processode avaliação iniciado em2022.

FUTURO - Estudo encomen-dado pela Associação Brasi-leira do Agronegócio (Abag),embasado em dados históri-cos do mercado, faz estima-

tivas preocupantes para oimpacto socioeconômico daferrugem asiática na cadeiaprodutiva da soja nos próxi-mos 10 anos. Para a safra2024/25, a projeção é deuma área de 41 milhões dehectares com a produção de121 milhões de toneladas daoleaginosa. Segundo a pes-quisa, com a redução da efi-ciência dos fungicidas e aperda de controle da doença,a soja nacional pode enfren-tar uma quebra de 30% naprodução em 2025. Isso re-presenta uma perda de 36milhões de toneladas do pro-duto e um prejuízo de R$ 84bilhões para a economia bra-sileira.

Até quando conseguiremosmanter a ferrugemsob controle?

O Paraná, segundomaior produtor, sóatrás do Mato Grosso,responde por 17,8%da produção de sojano país, com a esti-mativa da área deplantio da safra2015/16 de 5,2 mi-lhões de hectares euma produção de 17,3milhões de toneladas,segundo dados daSeab.

No estado

País com maior poten-cial agrícola interna-cional, o Brasil viveum momento de ris-

cos e oportunidades para osetor do agronegócio. Por umlado, enfrenta conjunturaeconômica com dólar cadavez mais forte, câmbio comgrande volatilidade e umfator novo e preocupante: acontaminação da economiapela instabilidade política.Por outro, tem um agronegó-cio organizado e capitalizadonas maiores regiões produto-ras – como é o caso do Sul –que também vão se benefi-

ciar pela previsão de chuvasdurante a safra, graças àconfirmação do fenômeno ElNiño.

Diante desse cenário, comoaproveitar as oportunidadesofertadas pelo mercado semcorrer riscos diante das mu-danças da economia mun-dial. Esse foi o tema dapalestra de Alexandre Men-donça de Barros durante o 5ºEncontros Folha, realizadono dia 21 de outubro em Lon-drina, por iniciativa do GrupoFolha de Comunicação emparceria com a Fundação

Dom Cabral (FDC). A Coca-mar foi uma das patrocinado-ras. O evento tratou do tema“Desafios do agronegócio doParaná: produzir, transfor-mar e exportar”. Agrônomo,doutor em economia aplicadae professor da FDC, Barrosanalisou a macroeconomiamundial para situar o mo-mento atual do agronegócio.

TRAVAR CUSTOS - Ele avi-sou que, em tempos de vola-tilidade do dólar, o erro quenão pode ser cometido é com-prar insumos com a moedanorte-americana supervalori-

zada para depois vender asafra quando a cotação even-tualmente cair. “É fundamen-tal travar os custos”, disse. Epalestrante ressaltou que omomento também é de olharpara fora. “Nós (o Brasil) es-tamos baratos aos olhos domercado internacional”, pon-tuou.

Para o palestrante, o mo-mento é de virada nos preçosrelativos aos produtos agríco-las no mundo inteiro. Segun-do ele, a tendência obser-vada até cinco anos atrás erade queda nas cotações, masesse quadro se reverteu nofinal da década passada,quando os preços subiramalém do esperado, motivadospor especulação dos fundosde investimento em torno daqueda do dólar e a expansãode consumo naChina.

30 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

MERCADO

País tem ampliado exportações de soja e milho

Foto Fábio Scremim/APPA

ANÁLISE ALEXANDRE MENDONÇA DEBARROS FEZ PROJEÇÕES INTERESSANTES AOS

PRODUTORES DURANTE O ENCONTROS FOLHA,

NO DIA 21. DA REDAÇÃO*

Momento de riscos e oportunidades

Nós (o Brasil)estamos baratos aosolhos domercadointernacional”

ALEXANDRE MENDONÇADE BARROS

De acordo com Barros, o momento atual indica um re-torno à conjuntura anterior, com dólar forte e câmbio vo-látil. A dúvida, agora, é sobre como vão se comportar osagentes que, até então, favoreceram os bons resultadosdas commodities para os produtores brasileiros. As apos-tas dependem, principalmente, do poder de consumo deChina e se o País fará mudanças nas estratégias de ex-portação. Os olhos do mercado se voltam também para aÍndia, que, segundo o palestrante, pode ser – ou não – a“nova China” em termos de potencial de consumo.

Os Estados Unidos, segundo o especialista, voltaram aser a maior economia do mundo, com projeção de au-mento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,6% em 2015e 2,8% no ano que vem. O Brasil, ao contrário, terá quedade 3% no PIB neste ano, sem sinalização de recuperaçãoeconômica em 2016, quando deve reduzir mais 1%. Entreos emergentes, China e Índia continuam crescendo ex-pressivamente, da ordem de 6,3% e 7,5% respectiva-mente, até o final do ano.

CRESCER - Na contração da economia brasileira, o agro-negócio brasileiro vai crescer 4% em 2015. Os problemasdo setor no País decorrem da macroeconomia desequili-brada, com redução do padrão de consumo dos brasilei-ros, aumento de desemprego e inflação alta, que devechegar a 10% até o final do ano. “O consumo per capitacaiu 12% no segundo semestre”, antecipou.

(*) Publicado originalmente na Folha de Londrina

Dólar forte e câmbio volátil

31 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

O atual cenário político nacional aumenta a instabilidadeeconômica e interfere em questões pontuais importantespara o agronegócio, como a negociação de acordos nomercado internacional.

SAFRA – A previsão do tempo sinaliza uma boa safrapara os produtores de grãos do Sul do País, que vão sebeneficiar pela chuva abundante provocada pelo fenô-meno El Niño. A expectativa é que o Brasil produza 100milhões de toneladas de soja, caso os estados do Nor-deste não sofram quedas importantes por causa da secaprovocada pelo mesmo fenômeno na região. Diante dasafra dos Estados Unidos atingir 106 milhões de tonela-das, ele aposta que o preço da oleaginosa deve ficar emtorno de R$ 80,00 a saca no porto, com possibilidade dealtas em dezembro e janeiro.

A primeira safra brasileira de milho, por sua vez, devechegar a 30 milhões de toneladas, se o clima colaborar.Já a segunda safra deve atingir o volume de 55 milhõesde toneladas. O analista aposta em alta de 5% a 7% nopreço do grão, com possibilidade da saca chegar a R$40,00 no porto. O desafio, segundo José Roberto Barros,é aproveitar o momento para exportar, pois o mercadocontinua comprador. “No ano passado o Brasil exportou30 milhões de toneladas, um recorde”, apontou, lem-brando que o Brasil exporta 50 milhões de toneladas desoja. “A diferença entre os dois produtos está dimi-nuindo”, analisou.

Cenário político traz dificuldades

A “má notícia” sinalizadapela queda do PIB e au-mento da inflação pode tra-zer oportunidades paraalguns setores. Com a que-da na renda, a tendência éque os consumidores façamtrocas de produtos que en-traram na cesta de con-sumo nos tempos de rendamais valorizada, por itensmais baratos. É o caso clás-sico das famílias que dei-xam de comer carne esubstituem por frango, oque incentiva o consumo deaves no mercado interno. Omesmo vale para o álcool,que pode ser um substitutode outros combustíveismais caros mesmo em re-giões onde há paridade coma gasolina.

No caso das aves, Alexan-dre Mendonça de Barrosdestaca que o mercado in-ternacional também está fa-vorável ao produto brasi-leiro. Isso porque nossosprincipais compradores decarne – como países árabese a Venezuela – estão empo-brecidos e, como o consumi-dor brasileiro, tendem asubstituir carne vermelhapor produtos mais baratos,como o frango.

Além disso, a gripe aviáriaque assolou rebanhos norte-americanos favorece o Bra-sil, visto que a doença éendêmica em todo o mundo,menos na América Latina.Todos esses fatores expli-cam o recorde brasileiro de

exportação de frango, naordem de 440 mil toneladaspor mês. “Por isso, o con-trole sanitário deve ser prio-ritário”, afirmou.

Barros também afirmouque “o momento é de viradapara a carne vermelha”,cujo volume de exportação,no Brasil, caiu 19%. “O cená-rio atual é de preços muitofirmes, explicando que,diante da forte queda tantona demanda interna quantoexterna, as indústrias re-cuaram nos abates.

Para ele, a oferta de carnebrasileira só será corrigidaem 2017, o que deve manteros preços altos nos próxi-mos meses.

Mercado de carne deaves vive momento feliz

100milhões de toneladasé a previsão decolheita de soja

na safra 2015/16

30milhões de toneladasna primeira safra e55 milhões na

segunda, é a estimativapara o milho

30milhões de toneladas,um recorde, foi a

exportação brasileirade milho em 2014

50milhões de toneladasforam os embarquesbrasileiros de soja,

em média

A construção de um depósito para armazenar produtos agro-químicos, na propriedade, precisa obedecer a uma série derequisitos. Confira:

• Escolher um local livre de risco de inundação ou com po-tencial para contaminação de água subterrânea.

• Deve ficar abaixo de onde há captação para abastecimentode água.

• Construir em lugar separado de outras construções (resi-dências e instalações para animais).

• Cuidado para não instalar em áreas ambientalmente sen-síveis (APP, reservas e outros).

• Situar a mais de 30 metros de habitações e locais ondesão conservados ou consumidos alimentos, medicamentosou outros materiais, e de fontes de água.

• Paredes sólidas e construídas de material resistente a fogoe à temperatura extrema e impermeáveis (alvenaria oumetal).

• Utilizar cobertura/telhado sólido e sem goteiras.

• Preferir piso de material impermeável e não absorvente(cimentado ou concreto).

• Possuir portas resistentes e que abram para fora, passíveisde serem trancadas com chave ou cadeado, e com restriçãode acesso a crianças e pessoas não autorizadas.

• Reter os eventuais derrames e vazamentos para protegero ambiente externo (ressalto nas soleiras das portas, canale-tas ou drenos). Os drenos/canaletas, caso existam, devemconduzir para uma área de contenção, não permitindo queos líquidos entrem em contato com o meio ambiente (caixade concreto ou plástica).

• Ter entradas e saídas adequadas.

• Possibilitar a limpeza e descontaminação.

• Canaletas deverão conduzir os resíduos de derrames, va-zamentos ou lavagem para recipiente ou local de contenção.

• Estar adequadamente iluminado, preferencialmente comiluminação natural.

• Possuir instalações elétricas em bom estado de conser-vação, para evitar curto-circuito e incêndios.

• Possuir ventilação adequada (ideal, mas não obrigatório,correspondente a 10% da área total do depósito) para extrairo ar viciado ou contaminado.

• O local deve estar identificado através de placas ou car-tazes afixados com símbolos ou inscrições de perigo.

• Manter o depósito sempre bem organizado.

(*) Walter Bressan, tel. (44) 3221-3050, email [email protected]

32 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

COMO FAZER

BENFEITORIA AS ORIENTAÇÕES SÃO DO TÉCNICO WALTER BRESSAN,DO INSTITUTO CONSTÂNCIO PEREIRA DIAS (ICPD)

Construção de um depósitopara produtos agroquímicos

Ocooperado HermanGeory Westphal, deArapongas, tinha cin-co anos quando há oi-

tenta, exatamente no dia 7 deagosto de 1935, chegou ao Pa-raná trazido pelos pais Her-man e Pauline, em companhiade outros irmãos. Ele aindatem uma vaga lembrança dachegada a Londrina, em umadas primeiras viagens feitasaté o município pelo trem depassageiros. Como choveraforte, tiveram que permanecerpor três dias numa pensão es-perando a terra secar para se-guir de caminhão até Rolân-dia, onde haviam comprado20 alqueires de mata.

Chegaram no sítio à noite. Ecomo o caminhoneiro se recu-

sou a descer o picadão àquelahora, a família foi obrigada aseguir cerca de mil metros apé, em meio a escuridão, pelomeio da mata. Poucas áreashaviam sido abertas até entãoe o vizinho mais próximo fi-cava há uns três quilômetros.

UM “LUXO” - O rancho feito detroncos de palmito rachado aomeio, assoalho de madeirabruta e cobertura com tabuin-has, erguido pela Companhiade Terras Norte do Paraná(CTNP), era um luxo perto dacasa feita com varas de bam-bu e barro, coberta de sapê,onde moraram durante doisanos como arrendatários, emSão Paulo.

A mata foi derrubada aos

poucos pela família que viveuos primeiros anos da engordade porcos. “Minha primeiraprofissão foi tratador de por-cos”, brinca Herman. Era elequem cortava a alfafa e des-cascava milho para os ani-mais, além de arrancar man-dioca e fazer outros pequenosserviços.

O café só foi plantado em1939, mas o sítio, que for-mava “uma bacia”, era umlocal muito “geador”. Os Wes-tphal cultivavam também

milho, arroz, feijão e outras la-vouras de subsistência, ven-dendo o excedente em Lon-drina, distante 20 km, paraonde seguiam em um carro-ção no picadão. O cooperadoconta que o pai até tentouplantar algodão, mas não deucerto.

Herman é casado com Naire tem quatro filhos, seis netose quatro bisnetos. José Carlos,o único filho homem, é quemsempre o ajudou na proprie-dade, ao lado da esposa Vânia.

Dos dois filhos do casal, Lean-dro é quem seguiu os passosdo pai e hoje é o que tem as-sumido o comando dos negó-cios, sob a supervisão do paie do avô.

Oitenta anos de Paraná

Acima, parte dafamília; na foto

de baixo, osprecursores

Hermane Pauline

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HISTÓRIA

FAMÍLIA DO CAMPO COM ASDIFICULDADES ENFRENTADASPELA ALEMANHA, OS WESTPHALVIERAM PARA O BRASIL, ONDEESCOLHERAM O PARANÁ PARAFINCAR RAÍZES. POR MARLY AIRES

Herman Westphal era casado com Pauline e já tinha trêsdos sete filhos quando chegou ao Brasil. Herman, que tem omesmo nome do pai, é o caçula.

Por ser torneiro, em vez de ir para frente de batalha, na Pri-meira Guerra Mundial, ele ficou trabalhando no conserto denavios. Em 1921, saiu da Alemanha sem destino certo e sem

sequer saber no que iria trabalhar. Só sabia que precisavafugir da miséria que se instalara no país arrasado pela guerra.

Do Porto de Santos, sem falar uma palavra em português,foi levado para uma fazenda em Agudos (SP). No dia seguinte,quando tocou o sino, todos foram para a roça e ele acompa-nhou. Não sabia nem pegar no cabo da enxada. Como conse-quência, o serviço não rendeu.

Um dos encarregados, que falava um pouco de alemão, ques-tionou-o sobre suas habilidades e no dia seguinte já estava es-calado para trabalhar na máquina de café, passando tambéma fazer todas as manutenções necessárias nas fazendas.

Em 1933, cansado de trabalhar como empregado e já tendoaprendido como lidar com a terra, arrendou quatro alqueiresna região de Agudos e por dois anos plantou algodão, acer-tando a vida. Conseguiu o dinheiro para dar entrada em 20alqueires de mata em Rolândia, parcelando o restante em 15anos. Herman tinha lido um anúncio da CTNP, veio ao Paraná,gostou do que viu e acertou a compra.

Família veio da Alemanha

A genteescutava omiado cadavez maisperto. A onçapassou a unstrês metrosda casa”

Em 1950 o pai de Herman comprou uma área de mataem São João do Caiuá para abrir e plantar café, deixando-acom porcenteiros. Só ia lá para acompanhar os trabalhos.A investida, entretanto, resultou em nada. A terra branca“perdeu a força”, sem nunca produzirem muita coisa. “Senão perdia com seca, a geada é que matava. Acabamos ven-dendo a preço de banana em 1958”.

Quando ia visitar a propriedade, Herman conta queachava estranho a família de porcenteiros ir para a lida naroça com facão, peixeira ou revolver e as crianças ficaremsempre “de butuca” no carreador, mas como era gente ho-nesta e trabalhadora, nunca falara nada. Tempos depoisficou sabendo que esse pessoal havia se desentendido e fu-gido de onde morava, sob ameaça de morte.

Com facão e peixeira

Após a morte dos pais, nosanos finais da década de1960, os irmãos negociaramas terras em Rolândia. Coma venda de outra proprie-dade que já tinha compradotambém no município, Her-man conseguiu suficientepara adquirir 10 alqueiresde café em Arapongas. Noentanto, a geada de 1975acabou com tudo. Ao se des-fazer dessa propriedade noano seguinte, só conseguiucomprar uma chácara dequatro alqueires, mais pró-ximo à cidade, onde passa-ram a criar porcos, frangose manter uma pequena la-voura de café.

O rápido crescimento da ci-dade e a desapropriação dachácara para construção doparque industrial, em 1987,foi mais um baque. “A pre-feitura pagou o preço deIncra (que equivale ao valorvenal do imóvel na cidade)bem abaixo do mercado”.

Juntando as economias ecom a venda de uma casana cidade, além da chá-cara, conseguiram compraros atuais sete alqueires emeio onde moram. Naépoca, além de lidar combicho-da-seda, barracão deaves e suínos, plantavamcinco alqueires de soja e

logo começaram arrendarterras próximas para au-mentar os negócios da fa-mília. Hoje possuem 25 al-queires e arrendam mais30 para o cultivo de soja,milho e trigo.

DIFICULDADES - Na épocao herbicida precisava ser in-corporado ao solo e haviaum tempo de efeito do pro-duto. Por isso, fazer a desse-cação era quase uma opera-ção de guerra. José Carlosprecisava engatar a bombano trator, aplicar em um al-queire, trocar a bomba pelagrade e incorporar, voltandodepois novamente à bomba.

José Carlos também se re-corda das inúmeras vezesque Leandro, mesmo tendooito anos, era quem dirigiao trator em primeira mar-cha, enquanto ele, a esposae o pai, com pás, jogavamesterco para adubar a terrafraca. “Segurando o volante,ele mal conseguia ver o ca-minho”.

A chegada do plantio di-reto foi saudada pela famí-lia, uma das primeiras daestrada a adotar essa téc-nica. “Mesmo quem diziaque era plantio de vaga-bundo, teve que se render”,brinca.

Na região, a família era a única que possuía uma daquelasseringas de ferver. Quando alguém ficava e doente e precisavatomar injeção, recorria a eles. Herman tinha dez anos quandofez sua primeira aplicação. O pai, que sempre dava injeção emtodo mundo, tinha ido à cidade.

Herman só tinha visto o pai fazendo, mas quando chegouum vizinho queimando de febre e precisando urgente que fossefeita a aplicação do remédio, não pensou duas vezes.

As seringas antigas, de vidro, não eram descartáveis, masvinham com uma embalagem que era usada para ferver oequipamento com álcool, esterilizando cada vez que era usada.

Como também eram um dos poucos a terem carro, no finalda década de 1960 se tornaram a “ambulância” da região parabuscar parteira ou levar alguém ao médico. “Teve noite quefiz três viagens: fui levar uma criança no médico, mal chegueitive que ir buscar uma parteira e já amanhecendo tive que so-correr um rapaz, que estava passando mal. E, depois da noitetumultuada, ainda fui jogar futebol”, sorri Herman.

35 | Jo rna l de Serv iço Cocamar | Outubro 2015

Tempos difíceisNa primeira vez que se

viu perto de uma onça, logoque chegaram a Rolândia,Herman conta que as crian-ças estavam sozinhas coma mãe. O pai e o irmão maisvelho tinham ido a pé até acidade, há 10 quilômetros,fazer a compra do mês. Elesqueriam estar de volta an-tes de escurecer. Mas comoo trem que trazia as merca-dorias até a venda atrasou,só chegaram depois das 11da noite, caminhando pelopicadão.

Começava a escurecerquando os que estavam nosítio ouviram o primeiromiado. Com medo, todos cor-reram para dentro de casa.“A gente escutava o miadocada vez mais perto. A onçapassou a uns três metros dacasa”, recorda-se Herman.

Alguns anos depois, quan-do Herman estava com no-

ve anos, o pai, muito ocu-pado no sítio, o encarregoude ir a cavalo à cidade com-prar o que estava faltandoem casa, com a recomenda-ção de que se o cavalo refu-gasse, era para voltar cor-rendo. Dito e feito. Dias de-pois ficaram sabendo que ovizinho matara uma onçaque estava rondando a re-gião.

Já adulto, em São João doCaiuá, onde o pai comprousítio de mata para ser

aberta, Herman dormia nacarroceria da caminhonetequando escutou dois mia-dos ao longe, um de cadalado, que se repetiram, cadavez mais próximo. Aí houvesilêncio, mas ele, assustado,não conseguiu mais dormir.

“O povo naquela épocacontava que para fugir doataque traiçoeiro da onçaera só amarrar e arrastaratrás de si um cipó São Joãobem longo”, afirma o coope-rado. Este tipo de cipó temna ponta uma espécie de“vassoura” que arrastadano meio da mata, faz omaior barulho. “Como a on-ça fica negaceando e sóataca por trás o último ho-mem, diziam que o cipó aenganava e dava tempo dea pessoa se preparar pararesponder ao ataque”. Her-man, entretanto, nunca quistestar para ver se funcio-nava.

Embates com as onças

Seringa de ferver

A carestia que se se-guiu com a eclosão daSegunda Guerra Mun-dial, na década de 1940,levou os produtores ru-rais a desenvolveremsuas próprias formaspara locomoção.

Um vizinho adaptou ocaminhão para funcio-nar a lenha, ou gasogê-nio. Instalou um tamborde água com espaço em-baixo para colocar fogona lenha. O vapor geradoacionava o motor.

Era com esse caminhãoque ele carregava o timede futebol do qual Her-man participava, naépoca um adolescente.“Rodávamos 20 a 30quilômetros com umas40 pessoas na carroce-ria”.

Caminhão movido àlenha

Vânia, a esposa de José Carlos, conta que a primeira vezque viu um avião, quando criança, foi o maior “perereco”.Ela, os irmãos e os primos estavam sozinhos no sítio, tra-balhando, porque os pais tinham ido fazer compras na ci-dade. Quando ouviram aquele barulhão e viram o enormerisco de fumaça no céu, ficaram assustados, mas o deses-pero bateu quando o vizinho chegou gritando que o mundoestava rachando ao meio.

“Todos corremos para casa. Perdemos enxada, moringa eo meu chapéu só fui encontrar seis meses depois em umpé de café”, completa

O primeiro avião ninguém esquece