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O MARCO DAS TRÊS DIVISAS: APONTAMENTOS SOBRE IMPLICAÇÕES DA PROMOÇÃO À GRADUAÇÃO DE TERCEIRO SARGENTO DO EXÉRCITO BRASILEIRO ALAÉVERTON MAICON DE ANDRADE 1 Introdução O objetivo do presente trabalho é estudar pela perspectiva interdisciplinar elementos inerentes à natureza material, simbólica e afetiva da realidade profissional após à promoção à graduação de terceiro sargento tomando como objeto de análise um grupo de terceiros sargentos do Exército Brasileiro que servem atualmente no 2º Batalhão de Infantaria Motorizada (Escola) (2º BI Mtz (Es)), localizado na Vila Militar do Rio de Janeiro RJ. Frente a tal objetivo de estudo, buscou-se contemplar os seguintes objetivos específicos: - Analisar a realidade sócio espacial assim como a autopercepção social dos terceiros sargentos do 2º BI Mtz (Es) - Estudar dados e informações refrentes à promoção à graduação de terceiro sargento do Exército através dos militares em questão. - Traçar um breve levantamento sobre transformações ocasionadas pela promoção supramencionada assim como potenciais dificuldades e sucessos alcançados pelo grupo entrevistado. Diversos estudos foram realizados sobre as instituições militares e sobre militares em geral, contudo poucos se pautaram em estudar as especificidades e particularidades dos segmentos que compõe as divisões internas de classe, principalmente os segmentos menos graduados e mais distantes da estrutura com poder decisório dentro das corporações como os sargentos e praças em geral. Tomando como referência e ponto de partida alguns dos principais trabalhos existentes sobre a temática, ressalvando a limitação citada, alguns autores são fundamentais para o embasamento teórico de uma análise antropológica sobre militares no Brasil, sendo dois dos mais conhecidos, Celso Castro e Piero de Camargo Leirner. 1 Possui Especialização em Antropologia Brasileira pela Universidade Candido Mendes - UCAM /RJ (2020) e graduação em História (Licenciatura) pela Universidade Castelo Branco UCB / RJ (2017), atualmente cursa Especialização em Ensino de História pelo Colégio Pedro II - CP II / RJ. Realiza pesquisas em História do Brasil República, História militar e História dos militares subalternos. É sargento do Exército Brasileiro formado pela Escola de Sargentos das Armas (2014). Email: [email protected]

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O MARCO DAS TRÊS DIVISAS: APONTAMENTOS SOBRE IMPLICAÇÕES DA

PROMOÇÃO À GRADUAÇÃO DE TERCEIRO SARGENTO DO EXÉRCITO

BRASILEIRO

ALAÉVERTON MAICON DE ANDRADE1

Introdução

O objetivo do presente trabalho é estudar pela perspectiva interdisciplinar elementos

inerentes à natureza material, simbólica e afetiva da realidade profissional após à promoção à

graduação de terceiro sargento tomando como objeto de análise um grupo de terceiros

sargentos do Exército Brasileiro que servem atualmente no 2º Batalhão de Infantaria

Motorizada (Escola) (2º BI Mtz (Es)), localizado na Vila Militar do Rio de Janeiro – RJ.

Frente a tal objetivo de estudo, buscou-se contemplar os seguintes objetivos

específicos:

- Analisar a realidade sócio espacial assim como a autopercepção social dos terceiros

sargentos do 2º BI Mtz (Es)

- Estudar dados e informações refrentes à promoção à graduação de terceiro sargento

do Exército através dos militares em questão.

- Traçar um breve levantamento sobre transformações ocasionadas pela promoção

supramencionada assim como potenciais dificuldades e sucessos alcançados pelo grupo

entrevistado.

Diversos estudos foram realizados sobre as instituições militares e sobre militares em

geral, contudo poucos se pautaram em estudar as especificidades e particularidades dos

segmentos que compõe as divisões internas de classe, principalmente os segmentos menos

graduados e mais distantes da estrutura com poder decisório dentro das corporações como os

sargentos e praças em geral. Tomando como referência e ponto de partida alguns dos

principais trabalhos existentes sobre a temática, ressalvando a limitação citada, alguns autores

são fundamentais para o embasamento teórico de uma análise antropológica sobre militares

no Brasil, sendo dois dos mais conhecidos, Celso Castro e Piero de Camargo Leirner.

1 Possui Especialização em Antropologia Brasileira pela Universidade Candido Mendes - UCAM /RJ

(2020) e graduação em História (Licenciatura) pela Universidade Castelo Branco – UCB / RJ (2017), atualmente

cursa Especialização em Ensino de História pelo Colégio Pedro II - CP II / RJ. Realiza pesquisas em História do

Brasil República, História militar e História dos militares subalternos. É sargento do Exército Brasileiro formado

pela Escola de Sargentos das Armas (2014). Email: [email protected]

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Castro aponta que “A combinação de Antropologia e História sempre pautou minha

trajetória acadêmica, gerando livros voltados para a compreensão do papel do Exército e das

Forças Armadas no cenário político nacional”. (CASTRO, 2003, Versão para Kindle Posição

27)

Levando em consideração a formação acadêmica em História do autor da presente

pesquisa e o estudo realizado no campo da antropologia, a citada referência dialoga

perfeitamente com as pretensões de pesquisa do presente trabalho.

Como técnica de pesquisa foi adotada a entrevista (MARCONI; PRESSOTO, p. 14-

15) com um questionário previamente elaborado e aplicado a todos os entrevistados

individualmente apoiada em uma análise bibliográfica em obras de referência sobre a

temática.

A principal hipótese aventada e a ser testada sobre os objetivos anteriormente citados

é de que os terceiros sargentos do 2º BI Mtz (Es) são em sua maioria indivíduos oriundos

socialmente dos segmentos menos favorecidos da sociedade que tiveram na promoção a

graduação de terceiro sargento do Exército Brasileiro um fator de ascensão social, arcando

também com responsabilidades e desafios enfrentados devido à promoção.

Militares, Exército, Sargentos e 2º BI Mtz (Es): Fundamentos

Ao longo de toda a história republicana do Brasil os militares constituíram um grupo

de atores políticos e sociais de grande importância. Tal participação despertou interesses de

pesquisadores de diversas áreas do conhecimento em estudá-los sob os mais variados

aspectos, entre trabalhos mais conhecidos cabe mencionar Castro (2003) cujo trabalho realiza

uma abordagem antropológica da formação militar e Leirner (1997) que analisa

antropologicamente a hierarquia militar, ambos no Exército; Carvalho (2005) com uma

abordagem política e histórica das Forças Armadas; Sodré (2010) realiza apontamentos sobre

a participação militar em diversos períodos e processos históricos brasileiros; Parucker (2009)

faz um profundo estudo sobre a participação de praças nos processos históricos brasileiros no

início da década de 1960, embora sejam esses trabalhos históricos, sociológicos, políticos,

antropológicos e outros, contudo em tais estudos permanecem pouco explorados como objeto

de estudo os militares subalternos e praças, particularmente os sargentos.

Integrando as Forças Armadas Brasileiras, instituições permanentes e regulares

tipificadas no artigo 142 da Constituição Federal Brasileira, os militares são divididos em

círculos hierárquicos conforme prevê o Estatuto dos Militares, sancionado através da Lei

Federal 6.880, de 09 de Dezembro de 1980. Pautados em relações de hierarquia e disciplina,

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pressupostos basilares das Forças Armadas, os círculos hierárquicos são âmbitos de

convivência descritos no artigo quinze do Estatuto dos Militares que distribuem os militares

inicialmente entre oficiais e praças com as subdivisões dentro dos mesmos. Os sargentos

compõem o círculo hierárquico das praças e são escalonados hierarquicamente entre

subtenentes ou suboficiais, primeiros sargentos, segundos sargentos e terceiros sargentos,

respectivamente daqueles com graduação superior para estes com graduação inferior.

Assim como as outras duas Forças Armadas, a Marinha do Brasil e Força Aérea

Brasileira, o Exército Brasileiro é organizado sobre os princípios da hierarquia e disciplina,

ambas definidas no Artigo 14 do Estatuto dos Militares. Os militares do Exército, tanto

oficiais quanto praças compõem as diversas guarnições presentes no território brasileiro

divididas em comandos militares de área, regiões militares, brigadas e organizações militares

com subordinações, atribuições e características específicas.

Após concluírem seus processos de formação, nos quais ingressam através de

concursos, processos seletivos para militares técnicos temporários ou através do serviço

militar obrigatório e posteriores reengajamentos, os sargentos de acordo com as qualificações

técnicas e vagas disponíveis, são direcionados para as organizações militares onde passam a

desempenhar suas funções profissionais.

Uma dessas organizações militares de corpo de tropa do Exército Brasileiro é o 2º

Batalhão de Infantaria Motorizado (Escola) (2º BI Mtz (Es)), OM que possui ainda as

denominações históricas de Regimento Avaí e Dois de Ouro. Localizado na Vila Militar,

bairro de Deodoro na cidade do Rio de Janeiro, o 2º BI Mtz (Es) está atualmente inserido no

contexto operacional da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada , subordinada à 1ª Divisão de

Exército e ao Comando Militar do Leste, autointitula-se como herdeiro de tradições de

diversas organizações militares que remontam ás tropas portuguesas estabelecidas na Baía da

Guanabara ainda no século XVII, apesar de ter mudado de denominação algumas vezes,

ocupa a atual sede desde a construção da Vila Militar do Rio de Janeiro, no início do século

XX.

Particularidades do campo de pesquisa e atuação do pesquisador nativo

A principal característica do 2º Batalhão de Infantaria Motorizado (Escola) já se

destaca no nome da organização militar, a Infantaria. Apontando de forma simplificada, o

Exército Brasileiro é composto basicamente por cinco armas combatentes, respectivamente

Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e Comunicações; Pelo quadro de Material Bélico

que se divide em Manutenção de Viaturas, Manutenção de Armamentos e Mecânicos

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Operadores; Pelos serviços de Intendência e Saúde que inclui segmentos médicos,

odontológico, psicológico, farmacêutico, enfermagem e outros; Além de quadros específicos

como capelania militar, quadros complementares voltados para a administração, assistência

jurídica, magistério, músicos e outros. Tomando como referência CASTRO (2003), cuja

análise do “espírito das armas”, salienta algumas características da Infantaria:

A Infantaria dispõe-se ao longo de todo o front, dividida em pequenos grupos. O

infante é quem está no “centro do fogo”, quem tem um contato físico, direto, com as

tropas adversárias, conquistando e mantendo as posições: é quem vai “ver o branco

dos olhos do inimigo”. Para desempenhar suas missões o infante precisa, em primeiro lugar, ter uma ótima resistência física, para suportar as condições

extremamente adversas com que se defronta. Ele tem de superar a pé todos os

obstáculos naturais, andar muito, correr, rastejar para escapar aos tiros inimigos.

Precisa também conviver com a falta de sono, de comida, de conforto: é quem “pega

a batata quente”. Ele também convive intimamente com o cansaço e a morte; por

isso, deve ter “desprendimento”, coragem e vibração: “São os destemidos, os caras

que...Vamos lá! Infantaria! Tudo pela Pátria!” (CASTRO, 2003, Versão para kindle

Posição 910)

As características apontadas por Castro não são a definição conceitual de Infantaria,

são referenciais importantes a serem observados sobre a arma combatente em questão. A

presença da Infantaria no 2º BI Mtz (Es) compõe o ponto nevrálgico da existência da

organização militar em questão determinando a forma de atuação e emprego operacional da

mesma assim como direcionando e determinando de forma objetiva e subjetiva a formação e

adestramento dos militares das mais diversas qualificações que compõe a unidade.

A imensa maioria dos integrantes do 2º BI Mtz (Es) são qualificados na arma de

Infantaria. Compõe a organização militar em questão 752 militares, dentre eles 76 terceiros

sargentos, incluindo militares de carreira e temporários, os quais foram selecionados para esta

pesquisa e se encontram distribuídos conforme as tabelas abaixo:

Quantidade e situação de 3º Sargentos do 2º BI Mtz (Es)

Graduação Quantidade Situação

3º Sargento 36 Militares Temporários*

3º Sargento 40 Militares de carreira

Tabela 1: Quantidade de 3º Sargentos do 2º BI Mtz (Es). Elaborada pelo autor.

*Inclui terceiros sargentos temporários e terceiros sargentos técnicos temporários.

Qualificação dos 3º Sargentos do 2º BI Mtz (Es)

Graduação Quantidade Qualificação / Arma

3º Sargento 43 Infantaria

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3º Sargento 8 Comunicações

3º Sargento 1 Manutenção de Comunicações

3º Sargento 4 Material Bélico – Manutenção de viatura

3º Sargento 1 Material Bélico – Manutenção de armamento

3º Sargento 6 Intendência

3º Sargento 4 Saúde / Tec. Enfermagem

3º Sargento 3 Tec. Temporário Administração

3º Sargento 6 Músico

Tabela 2: Qualificação dos 3º Sargentos do 2º BI Mtz (Es). Elaborada pelo autor.

Entre os terceiros sargentos qualificados na arma de comunicações encontra-se o

autor dessa pesquisa, tratando-se assim de um pesquisador nativo (MALINOWSKY, 1978,

p.15) partindo do pressuposto inaugurado por Malinowsky, portanto participante diretamente

envolvido na dinâmica das relações e do ambiente estudado, tal fato traz para a análise uma

dimensão de observação diferenciada capaz de penetrar determinados nuances do objeto de

estudo invisíveis aos olhos do pesquisador não nativo, contudo traz também a necessidade de

uma observação e análise criteriosa o suficiente para separar a dimensão subjetiva do mesmo

e se ater aos critérios científicos e verificáveis de pesquisa. Cabe ressaltar ainda sobre a

observação participante do autor na elaboração da pesquisa em questão que o pesquisador já

era um nativo, ou seja, militar antes de buscar os meios acadêmicos para se tornar estudioso e

pesquisar sobre a temática em questão.

A condição militar do pesquisador torna diferenciado o acesso ao campo de pesquisa

e aceitação dos entrevistados, caso fosse “paisano” conforme classificação pejorativa imposta

informalmente aos civis pelos militares mencionada principalmente entre militares, alguns

obstáculos adicionais teriam que ser transpostos, como aponta Leirner citando a pesquisa de

Celso Castro na Academia militar das Agulhas Negras:

Talvez o dado que mais salte aos olhos nessa pesquisa venha do fato de ser a

“identidade militar” construída em sua plenitude em oposição ao civil — razão

suficiente para que, já num primeiro momento, seja possível desconfiar da

adaptabilidade de categorias do mundo civil na explicação da conduta militar[...]. ( LEIRNER, 1997, p. 12)

Leirner aponta ainda uma ampliação do entendimento apresentado por Castro:

No entanto, um lado não explorado por Castro — seguramente porque sua pesquisa

abarcou o universo de cadetes — permanece em aberto: por mais que os militares

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cotidianamente realizem e reatualizem essa elaboração de sua identidade em

oposição aos paisanos (Castro, 1990), especialmente na Academia Militar, há o fato

de que essa construção tem que ser “negociada” politicamente com a sociedade;

afinal, por mais que a instituição tenda, como mecanismo de construção da sua

identidade social, a se fechar numa micrototalidade e se tornar um “mosteiro

beneditino”, ela tem uma face pública, por ser uma instituição nacional, pertencente

portanto ao mundo da polis. (LEIRNER, 1997, p. 13)

Conforme apontado, a barreira da identidade construída em oposição ao mundo civil

é em parte superada pelo fato da origem militar do pesquisador, contudo outras questões

foram levantadas como a preocupação do comandante da Organização Militar que serviu de

campo de pesquisa com a preservação da imagem do Exército Brasileiro e com a natureza das

questões a serem realizadas, fatores que dialogam diretamente com a negociação e

reafirmação da instituição militar frente a sociedade mostrando que em uma sociedade na qual

as instituições são reguladas pelos dispositivos legais, a opinião pública é um fator bastante

considerado inclusive pelas Forças Armadas brasileiras, vide o investimento e preocupação

com resultados de pesquisas de opinião sobre a confiabilidade da população nas instituições.

Após a apresentação formal da solicitação para realizar a pesquisa, assim como as perguntas

que seriam realizadas aos terceiros sargentos, tal barreira foi superada a pesquisa foi

autorizada pelo comandante em questão.

A hierarquia: Distinção, poder simbólico e docilização dos corpos.

Constituem elementos basilares do militarismo no Exército Brasileiro a relação entre

disciplina e hierarquia, bem estudada por Piero Leirner na obra Meia volta, Volver: um estudo

antropológico sobre a hierarquia militar. A abordagem da hierarquia realizada pelo autor parte

da ideia de marcas de distinção que constituem

[...]fronteiras de pertencimento à comunidade militar. Essas fronteiras “enquadram”

aqueles que comandam e obedecem de acordo com uma ordem na hierarquia, e

descartam os que simplesmente não estão nesse conjunto. Assim, o conjunto das

relações escalonadas entre militares traça os limites da hierarquia militar, o campo

onde se definem simultaneamente o pertencimento à Força e as relações peculiares a

ela. Desse modo é que as condutas no Exército, mantidas por indivíduos que se

encontram em posições diferenciadas de acordo com um rol de segmentos

específicos, como as patentes, têm como parâmetro a hierarquia enquanto fato

coletivo capaz de ordenar a ação individual, de modo que ela esteja em consonância

com a conduta geral, tornando assim a própria idéia de coletividade viável.

Portanto, a hierarquia constitui um fenômeno em que o coletivo pode ser “lido” através da ação individual, decorrendo daí a sua pertinência enquanto ângulo

privilegiado de abordagem da identidade militar. (LEIRNER, 1997, p. 72)

Sendo assim, o patamar hierárquico ocupado pelos terceiros sargentos do Exército, o

que inclui aqueles que integram o 2º BI Mtz (Es), faz parte de um conjunto mais amplo de

relações de mando e obediência previstas nos regulamentos castrenses. Quanto mais próximo

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da base da pirâmide hierárquica, o que é o caso dos terceiros sargentos, ou mais próximos

funcionalmente dos soldados, os quais são os elementos executantes finais das atividades,

como é o caso dos tenentes e também dos terceiros sargentos, maiores são as atribuições de

exercício da hierarquia através da liderança, do exemplo e menos pelas atribuições de chefia

como bem demonstra a fala de um ex-soldado entrevistado por Castro e Cinelli:

“Cada pelotão tem um sargento responsável e um oficial. O meu pelotão, pela graça,

foi muito bem escolhido porque pegou um sargento maravilhoso, que fazia todas as

missões junto, pegava as missões junto com você [...] Tudo que tinha que fazer, ele

pegava e fazia junto. Então, até te dava mais estímulo para fazer.” (CASTRO; CINELLI, 2006, p. 8)

Dentro de um ambiente de trabalho armado e adestrado para atuar em situações de

variados graus de complexidade e risco, o Exército e outras instituições militares, detentoras

exclusivas da outorga pelo Estado do exercício oficial da violência, utilizam sofisticados e

eficazes mecanismos de disciplinação e docilização dos corpos de seus integrantes. Tais

mecanismos se fazem presentes desde o momento que o indivíduo ingressa nas fileiras da

instituição através do processo de formação militar, e permanecem de forma aparentemente

um pouco menos totalizante (CASTRO, 2007, p.1-7) após tal período levando em

consideração principalmente fatores como mobilidade social através de promoções, cursos de

aperfeiçoamento e especialização e até mesmo a mobilidade geográfica proporcionada por

transferências de guarnições no caso dos militares de carreira.

Levando em consideração tais questões, Celso Castro realizou alguns estudos sobre

instituições militares utilizando o conceito de Instituição Total cunhado pelo canadense

Erving Goffman que estudou principalmente manicômios, conventos e presídios, contudo

salvas limitações, o conceito pode ser estendido também às instituições militares. Castro

percebeu que no último caso, seria mais correta uma releitura adaptada do conceito:

A mudança de caracterização — de total para totalizante — pretende caracterizar melhor uma experiência totalizadora e básica para a identidade militar,

que engloba e fundamenta as características diferenciais entre militares e paisanos: a

da preeminência da coletividade sobre os indivíduos. O resultado é a representação

da carreira militar como uma “carreira total” num mundo coerente, repleto de

significação e onde as pessoas “têm vínculos” entre si. O militar é, assim, produto de

um desenvolvimento especial do individualismo moderno, posto que profundamente

marcado tanto por ideais meritocráticos quanto pela hierarquia – uma espécie de

“individualismo hierárquico”. (CASTRO, 2007, p. 5)

O terceiro sargento nesse contexto tem um duplo papel, ou seja, é também um

elemento responsável por adestrar, instruir e cobrar a execução das prescrições

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regulamentares dos cabos e soldados representando a face da “instituição total”, ao mesmo

tempo que sofre cobranças dos superiores hierárquicos, praças e oficiais, se deparando com a

face total da instituição. A visão com relação à instituição militar “ser mais ou ser menos”

totalizante varia de acordo com a experiência, ou seja, antiguidade ou tempo na graduação,

sendo que variam a forma, a intensidade e principalmente conteúdo das cobranças realizadas

tanto sobre eles, quanto daquelas realizadas por eles.

Tais ações cumprem o papel de manutenção do status quo vigente na instituição,

reafirmando e preservando a hierarquia que funciona como um marcador social da diferença e

consequentemente da distinção presente entre os militares, agindo principalmente sobre o

círculo hierárquico com mais militares, o de cabos e soldados, ao passo que a hierarquia não

possui um fim em si mesma, como afirma Leirner, na verdade ela constitui um fundamento

para a manutenção do pilar principal das instituições militares, a disciplina. Isso implica no

considerável papel de controle e disciplinação dos corpos principalmente dos soldados que

constituem a maioria do efetivo das Organizações Militares de Corpo de tropa, como é o caso

do 2º BI Mtz (Es), sobre essa questão uma abordagem do ponto de vista de indivíduos que

foram soldados é apresentada no trabalho de Castro e Cinelli (CASTRO; CINELLI, 2006).

Entrevistas realizadas : Apontamentos

Foram realizadas oito entrevistas para essa pesquisa o que representa cerca de

10,52% do efetivo de terceiros sargentos do 2º BI Mtz (Es), levando em consideração que não

foi possível entrevistar todos os terceiros sargentos da unidade militar, priorizou-se uma

distribuição de entrevistados que abrangesse uma boa representação quanto à qualificação

militar, a representação de militares temporários e militares de carreira, sendo todos os

entrevistados voluntários. Não foi destacado o componente de gênero nas entrevistas para a

presente pesquisa, pois tal questão no contexto analisado merece uma pesquisa exclusiva

tendo em vista as especificidades.

O questionário base possui vinte e cinco questões elaboradas previamente. Optou-se

ainda por não identificar os entrevistados no trabalho, visando preservá-los e permitir que

emitissem suas respostas com mais liberdade e tranquilidade com relação a possíveis

constrangimentos futuros.

A primeira questão aplicada à todos os entrevistados trata da idade dos mesmos.

Sete entrevistados possuem entre vinte e trinta anos, abrangendo a maioria absoluta dos

entrevistados especialmente os sargentos de carreira de ambos os sexos e os temporários que

ingressaram no Exército Brasileiro pelo serviço militar obrigatório, o militar que possui idade

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acima de trinta anos é sargento técnico temporário. A explicação para isso reside nos limites

para ingresso no Exército. No caso dos concursos para sargento de carreira o limite máximo

para ingresso são vinte e quatro anos incompletos e no caso da área de saúde e música, vinte e

seis anos incompletos, já aqueles sargentos temporários oriundos do serviço militar

obrigatório ingressam logo após completar dezoito anos podendo permanecer até oito anos

como militares da ativa, para os sargentos técnicos temporários existe um limite de idade mais

alto para ingresso, trinta e oito anos incompletos.

Outro elemento investigado por essa pesquisa foi o nível de escolaridade dos

terceiros sargentos do 2º BI Mtz (Es). A exigência para ingresso em cursos de formação de

sargentos de carreira é o ensino médio completo, assim como a instituição busca na medida

do possível conscritos com ensino médio completo no caso do serviço militar obrigatório,

porta de entrada dos sargentos temporários, já se tratando dos sargentos técnicos temporários

os editais de processos seletivos cobram além do ensino médio, formação técnica específica

nas áreas de interesse do Exército. Três entrevistados disseram estar cursando o nível superior

de ensino e três, disseram já tê-lo concluído e dois mencionaram possuir ensino médio

completo.

Na sequência, a próxima pergunta do questionário tratou da cor de pele que o

entrevistado declarava possuir. Seis entrevistados autodeclararam-se negros ou pardos e dois

entrevistados autodeclararam-se brancos. Segundo o IBGE através do censo de 2017, o estado

do Rio de Janeiro possui 8.266.776 de pessoas negras ou pardas, o que representa mais da

metade da população total do estado e isso é refletido na cor da pele dos sargentos do 2º BI

Mtz (Es). O terceiro sargento na maioria dos casos está próximo da realidade social dos

segmentos menos favorecidos da sociedade, em uma realidade social ainda profundamente

marcada pelos efeitos da escravidão e após a abolição, por políticas de branqueamento e ações

que empurraram a população negra para posições desfavorecidas política, econômica e

socialmente, dentro de uma realidade de dificuldades para encontrar emprego e se qualificar

profissionalmente, muitos indivíduos veem nas Forças Armadas uma oportunidade de

ascensão social, seja ela temporária ou até mesmo uma carreira, contudo isso se faz presente

no universo das praças, no universo dos oficiais a esmagadora maioria é branca, mesmo no

Rio de Janeiro, cabe ressaltar que alguns estamentos da dinâmica social são diferentes para os

mesmos.

Sobre o estado civil, três entrevistados disseram ser casados ou viver em união

estável e três declararam serem solteiros. Já sobre serem pais ou mães, um entrevistado

informou possuir filho. Levando em consideração a idade do grupo entrevistados, a maioria

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que alegou ser casada está nessa situação a menos de dez anos e aqueles que possuem filhos,

os mesmos possuem menos de dez anos de idade.

As quatro questões seguintes trataram da origem social e geográfica dos

entrevistados. A primeira delas era sobre a profissão dos pais dos mesmos, as respostas

apontaram as seguintes profissões: lavradores, donas de casa, domésticas, pedreiro,

motoristas, seguranças, pensionistas e profissionais autônomos mostrando que a imensa

maioria dos terceiros sargentos do 2º BI Mtz (Es) entrevistados pela pesquisa são filhos de

trabalhadores e basicamente, trabalhadores braçais, inseridos nos segmentos menos

favorecidos economicamente da sociedade. Um dado interessante a ser observado é a ausência

da prática de recrutamento endogâmico, nenhum entrevistado disse ser filho de militares do

Exército Brasileiro, prática comum entre oficiais.

Tratando das profissões que os terceiros sargentos entrevistados exerciam antes de se

tornarem militares, cinco indivíduos disseram que eram estudantes, um indivíduo disse que

era lavrador, dois indivíduos alegaram que trabalhavam como assistentes administrativos ou

auxiliares de administração, um indivíduo disse que já trabalhou como atendente de cinema,

como recenseador, comerciário, funcionário de fábrica e um entrevistado apontou que já

trabalhou como auxiliar de mecânico de automóveis e também auxiliar de pedreiro sendo que

dois dos entrevistados apontaram ter exercido quatro profissões diferentes antes do ingresso

no Exército.

Sobre a naturalidade dos entrevistados foram citados os seguintes estados e cidades:

Minas Gerais - Juiz de Fora, Miradouro; Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, Nilópolis, Nova

Iguaçu, Mesquita. Apesar do 2º BI Mtz (Es) estar localizado na Vila Militar do Rio de

Janeiro, compõe seus quadros terceiros sargentos tanto temporários quanto de carreira

originários de outros estados além do Rio de Janeiro.

Perguntados sobre bairro e cidade em que residiam as respostas foram as seguintes:

Rio de Janeiro – Realengo, Anchieta, Vila Militar, Costa Barros; São João de Meriti – Vilar

dos Teles; Duque de Caxias – Vila Rosário; Nova Iguaçu - Bandeirantes. Cabe destacar o

número considerável de entrevistados que residem em bairros pobres na zona oeste do Rio de

Janeiro e em cidades da Baixada Fluminense, segundo o IBGE, cidades com Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) consideravelmente mais baixo se tomado como referência a

capital, que apresentava em 2017 IDH 0,799.

Dando continuidade às entrevistas foi perguntado aos terceiros sargentos qual foi o

primeiro contato dos mesmos com o Exército Brasileiro. Um ponto importante de confluência

entre várias falas de diversos entrevistados, principalmente aqueles do sexo masculino, está

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relacionado ao serviço militar obrigatório. Por ser lei federal, todos os indivíduos do sexo

masculino no ano em que completam dezoito anos precisam se alistar para o serviço militar e

aqueles que são aprovados nas fases da seleção, prestam o serviço militar obrigatório e daí

vem os primeiros contatos de muitos dos entrevistados com a instituição, seja do próprio

indivíduo ou de parentes próximos como pais, irmãos, tios e primos. Outro ponto de

confluência importante nas falas de entrevistados com relação ao primeiro contato com a

instituição são os processos seletivos conduzidos pelo Exército, tanto para militares

temporários quanto para o Concurso de Admissão à Escola de Sargentos das Armas, concurso

nacional esse que conta anualmente com milhares de inscritos que buscam se tornarem

sargentos de carreira, os quais muitas das vezes frequentam cursinhos preparatórios, caso de

alguns dos entrevistados.

A questão seguinte abordava as expectativas e o forma com que os terceiros

sargentos do grupo entrevistado viam no Exército Brasileiro no momento em que ingressaram

na instituição. Quatro os entrevistados ressaltaram uma visão positiva inicial sobre a

instituição, três entrevistado disse que não tinha qualquer tipo de visão sobre a instituição

antes de ingressar nela, outro entrevistado destacou que via a instituição como um trampolim

para uma melhoria de condições de vida. Sobre as expectativas que possuíam no período em

questão apenas alguns entrevistados mencionaram-nas, sendo a possibilidade de adquirir

melhores condições financeiras e consequentemente melhoria da qualidade de vida familiar, a

expectativa citada.

Prosseguindo no questionário, a pergunta seguinte era sobre o ano de incorporação

do entrevistado ao Exército Brasileiro. Os anos citados pelos entrevistados foram os

seguintes: um entrevistado - 2009; uma entrevistada - 2012; três entrevistados – 2013; um

entrevistado 2014; um entrevistado – 2015; um entrevistado – Cumpriu apenas serviço militar

obrigatório em 2004 e retornou como sargento técnico temporário em 2015. Cabe ressaltar

que a maioria dos entrevistados tem pelo menos cinco anos de experiência como militares.

As experiências profissionais são também impregnadas por percepções da vivência

pessoal e social do indivíduo que costumam destacar alguns marcos e eventos. Marcadores

(marcos) importantes da realidade brasileira são eventos ritualizados, os quais foram

analisados por Roberto Da Mata na obra Carnavais, malandros e heróis: Para uma sociologia

do dilema brasileiro, importante análise etnográfica de eventos públicos presentes no país. O

autor destaca a parada militar, se referindo ao dia da pátria como um evento desse tipo no

qual:

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O povo faz seu papel de assistente, e, junto com os soldados, prestigia o ato de

solidariedade e respeito às autoridades e aos símbolos nacionais (a bandeira e as

armas da República), por meio do sinal paradigmático da continência. A forma

assumida desse gesto é uma parada militar, termo que, em português, vem do verbo

parar e que tem alto conteúdo simbólico. De fato o desfile militar (e desfilar é andar

em fila) aponta simbolicamente para um congelamento ou uma “parada” da estrutura

social, e não poderia ser de outro modo. Isso porque as corporações desfilam

seguindo uma rigorosa ordem interna (com oficiais na frente, acompanhando a

bandeira da corporação e da bandeira nacional) e uma rigorosa ordem de desfile. A

cerimônia segue, pois, atualizando em todos os seus níveis atualizando as distinções

hierárquicas, estando organizada numa cadeia de comando que vai das autoridades civis e militares, isoladas no palanque (as autoridades que recebem, como a

bandeira, as saudações ou continências), para as tropas que desfilam (ordenadas

segundo sua hierarquia interna), até o povo que participa da solenidade como

assistente. (DA MATA, 1997, p. 56-57.)

Algumas atividades militares muito semelhantes à descrição acima, com presença de

autoridades, símbolos nacionais e simbolismos militares compõe a passagem de todos os

integrantes pelo Exército e não é diferente no 2º BI Mtz (Es). Foi perguntado aos

entrevistados quais foram os eventos e cerimônias marcantes no primeiro ano dos mesmos na

condição de militares, e as respostas tiveram como pontos de convergência alguns eventos

específicos que são realizados anualmente nas mais diversas organizações militares, alguns

com a presença de familiares, entre eles a cerimônia de incorporação com a entrada simbólica

pelos portões da organização militar, a cerimônia de entrega da boina realizada após a

conclusão do primeiro acampamento do período de formação básica, tanto de militares

temporários quanto de carreira, a cerimônia de compromisso à bandeira nacional e a

formatura de conclusão do período básico no caso dos sargentos de carreira

A pergunta seguinte tratou sobre cursos de formação e especialização que os

terceiros sargentos entrevistados realizaram no Exército Brasileiro. As respostas apontaram os

seguintes cursos e especializações: Curso de Formação de Sargentos – todos os sargentos de

carreira entrevistados; Formação de soldado, Curso de Formação de Cabos e Curso de

Formação de Sargentos Temporários – Todos os sargentos temporários entrevistados; Estágio

Básico de Sargentos Técnicos Temporários – todos os sargentos técnicos temporários

entrevistados; Formação de soldado – um sargento técnico temporário que cumpriu serviço

militar obrigatório; Curso Básico Paraquedista – dois sargentos de carreira entrevistados.

Continuando o questionário foi perguntado aos terceiros sargentos quanto tempo

servem no 2º BI Mtz (Es), Regimento Avaí. As respostas foram as seguintes: Um entrevistado

– oito anos; dois entrevistados - seis anos; dois entrevistados - cinco anos; um entrevistado –

quatro anos; um entrevistado – três anos; um entrevistado – dois anos e meio. Levando em

consideração o grupo entrevistado foi possível perceber que mesmo alguns militares de

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carreira, que podem se transferir para outras guarnições após três anos de permanência em

guarnição comum, caso do Rio de Janeiro, permanecem por mais tempo na organização

militar, já no caso dos militares temporários e técnicos temporários, a possibilidade de

movimentação é bastante limitada e restrita, ocorrendo em situações bastante específicas,

podem ser transferidos de organização militar dentro da mesma guarnição, salvo raríssimas

exceções.

Foi perguntado aos entrevistados por quais organizações militares os mesmos haviam

passado antes do 2º BI Mtz (Es). As respostas foram as seguintes: dois entrevistados – 57º

Batalhão de Infantaria Motorizada (Escola); um entrevistado – Batalhão Escola de

Comunicações, ambos na Vila Militar do Rio de Janeiro; um entrevistado - Escola de

Sargentos das Armas, Três Corações – MG; um entrevistado – 20º Regimento de Cavalaria

Blindado, Campo Grande – MS; três entrevistados - Escola de Sargentos de Logística, Rio

de Janeiro – RJ; um entrevistado - 3ª Companhia de Fronteira/ Forte Coimbra – MS. A

passagem dos militares temporários por outras organizações militares no caso da maioria dos

militares entrevistados destinou-se a realizar cursos de formação centralizados em Batalhões

específicos de determinadas qualificações militares (QM) com militares de outras

Organizações Militares (OM), retornando na sequência para a OM de origem, no caso de um

técnico temporário entrevistado a passagem por outra OM foi para cumprir serviço militar

obrigatório em um período anterior, no caso dos sargentos de carreira existe um incentivo do

Exército Brasileiro para que os mesmos adquiram vivência nacional servindo em diversas

guarnições no país, ao passo que o próprio processo de formação dos mesmos os obriga a

realizar o período básico inicial do curso de formação de sargentos em algumas Organizações

Militares de Corpo de Tropa (OMCT) espalhadas pelo país, e na segunda etapa do curso

concentra os em três escolas de formação, sendo elas: Escola de Sargentos das Armas – Três

Corações - MG; Escola de Sargentos de Logística – Rio de Janeiro - RJ e Centro de Instrução

de Aviação do Exército – Taubaté –SP e após concluída a formação são designados para as

diversas organizações militares do Exército espalhadas pelo Brasil.

Questionados sobre o ano de promoção à graduação de terceiro sargento, os

entrevistados citaram os seguintes anos: 2011 – um entrevistado, 2013 – uma entrevistada -

2014 – dois entrevistados, 2015 - dois entrevistados, 2016 – um entrevistado e 2019 – um

entrevistado. Levando em consideração o tempo que os terceiros sargentos permanecem na

graduação, pela legislação atual oito anos, apenas os sargentos de carreira são promovidos à

graduação de segundo sargento, tendo em vista que os temporários e técnico temporários já

terão esgotado os oito anos de tempo de serviço e terão dado baixa do serviço ativo.

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Indagados sobre a qualificação militar (QM) as respostas foram as seguintes: Dois

entrevistados - Comunicações; Um entrevistado – Técnico temporário administrativo; Dois

entrevistados – Infantaria; Um entrevistado – Intendência; Uma entrevistada – Saúde/ Tec.

Enfermagem; Um entrevistado -Material Bélico / Manutenção de armamento. Conforme já

mencionado, para a presente pesquisa foi priorizado a variedade de qualificações militares e

situações dos terceiros sargentos do 2º BI Mtz (Es) que se voluntariaram para as entrevistas.

Foi perguntado aos terceiros sargentos quais impressões eles tiveram sobre suas as

atividades que passaram a exercer e sobre a instituição após serem promovidos. Alguns

entrevistados destacaram a crescente responsabilidade que passaram a assumir após a

promoção e ressaltou no ganho de espaço e autoridade de fala, contudo alguns mencionaram

também as limitações desse espaço que mesmo sendo maior que aquele gozado pelos cabos e

soldados possui ainda limitações consideráveis, dois entrevistado mencionaram de forma vaga

que conseguiu atingir objetivos após serem promovidos, um entrevistado mencionou que após

a promoção passou a ser sentir mais profissional, um entrevistado mencionou que tem a

percepção que exerce uma atividade extremamente relevante, destacou também a experiência

tendo em vista que exerce a mesma função desde quando foi promovido, mesmo em

organizações militares diferentes.

A pergunta subsequente, na mesma direção era sobre a visão que os terceiros

sargentos tiveram sobre as novas responsabilidades que passaram a assumir após serem

promovidos. Um entrevistado destacou que por exercer uma função vital para o cumprimento

dos pagamentos das contas do 2º BI Mtz (Es) seu trabalho é importante para o bom

funcionamento da organização militar, um entrevistado mencionou que houve certa

continuidade com relação às responsabilidades tendo em vista que anteriormente já assumia

encargos que em tese seriam de militares com graduações superiores, dois entrevistados

destacaram as responsabilidades inerentes à formação militar e cidadã dos jovens recrutas que

ingressam anualmente no 2º BI Mtz (Es) para cumprirem o serviço militar obrigatório assim

como nos processos de formação e adestramento de soldados do efetivo profissional, cabos e

sargentos temporários quem compõe os quadros da organização militar.

Ao serem questionados acerca de mudanças na vida social e familiar após a

promoção alguns terceiros sargentos, mais especificamente cinco destacaram mudanças na

parte financeira de suas vidas e os impactos disso na realidade social em que viviam, assim

como abertura de novas possibilidades, entre elas cursar o ensino superior no caso de um

entrevistado, outro sargento destacou as mudanças que ocorreram devido à transferência para

a guarnição de Forte Coimbra, no Estado de Mato Grosso do Sul, sendo que a família do

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mesmo e a namorada na época residiam no Rio de Janeiro, o mesmo cita ainda que o

relacionamento afetivo com a agora ex-namorada não resistiu à distância, apontou também

que teve dois casamentos que acabaram se findando devido às transferências de localidade

destacando que são riscos de perda inerentes à carreira militar.

Tratando ainda de mudanças ocorridas após a promoção à graduação de terceiro

sargento do Exército, foi questionado aos entrevistados o que mudou na relação com os

antigos companheiros militares após sua promoção. Os sargentos temporários destacaram

terem de lidar com certo incômodo dos militares que ingressaram na mesma condição que os

mesmos no Exército e não obtiveram o mesmo êxito, um entrevistado ressaltou o uso das

prerrogativas adquiridas após a promoção para se impor sobre alguns dos antigos

companheiros e preservar o status quo institucional. Os sargentos de carreira não destacaram

mudanças significativas na relação com os antigos companheiros militares tendo em vista que

ingressaram na instituição na condição de aluno do curso de formação de sargentos e foram

promovidos ao mesmo tempo à graduação de terceiro sargento, seguindo cada um para a

organização militar de corpo de tropa previamente escolhida de acordo com a classificação no

curso, um entrevistado apontou também uma relação bastante profissional com os

companheiros.

Abordando as relações envolvidas no exercício profissional, foi indagado aos

entrevistados quais mudanças eles perceberam no tratamento dos superiores hierárquicos após

a promoção. As respostas dos sargentos temporários e dos sargentos de carreira assumiram

variações consideráveis, no caso dos temporários foi destacada a grande diferença de

tratamento que recebiam como soldado para o tratamento que passaram a receber ao serem

promovidos à graduação de terceiro sargento, obtendo voz ativa e maior consideração dos

superiores no processo de tomada de decisão e sugestões para execução de atividades diversas

assim como o fato de assumir maiores responsabilidades, um entrevistado mencionou que

baseado nisso, procura dar maior espaço de fala para os subordinados. No caso dos sargentos

de carreira as mudanças destacadas apontam um tratamento mais profissional após a

promoção.

Foi perguntado aos entrevistados como ficou a relação dos mesmos com outros

militares que anteriormente eram superiores hierárquicos ou equiparados a eles e a promoção

tornou os entrevistados mais antigos que os citados militares. Alguns sargentos temporários

destacaram reações como descontentamento em alguns militares e também reconhecimento

do esforço e do mérito em outros militares na mesma situação, um entrevistado mencionou

que essa reviravolta é algo natural dentro da instituição e não altera o exercício profissional de

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ambos os militares, no caso dos sargentos de carreira foram apontadas diferentes reações,

destacando opostos onde um entrevistado mencionou a prevalência do profissionalismo e a

preservação da hierarquia, já outro entrevistado deu ênfase aos companheiros de turma que

conseguiu ultrapassar na classificação e fez questão de zombar dos mesmos e tripudiar sobre a

situação.

Finalizando o questionário com as perguntas aplicada à todos os entrevistados, a

vigésima quinta questão abordou os entrevistados se os mesmos chegaram a pensar em sair do

Exército ou a se imaginar trabalhando em outra área após ser promovido e em caso afirmativo

em qual área e por quê. A variação entre as respostas de sargentos de carreira e temporários

cabe ser destacada. Os sargentos temporários tem pleno conhecimento que após oito anos de

serviço encerram as possibilidades de renovação de reengajamentos como militares

temporários, frente a isso os que foram entrevistados por essa pesquisa destacaram estar se

preparando para a transição para a vida civil, inclusive cursando nível superior de ensino ou

formações técnicas, um entrevistado inclusive mencionou que já concluiu sua graduação em

Análise e desenvolvimento de Sistemas, outro entrevistado disse estar cursando Radiologia.

Quanto aos sargentos de carreira, o militar que serviu em Forte Coimbra por dois anos e dois

meses, alegou que devido às inúmeras dificuldades de deslocamento, distância e isolamento

por inúmeras vezes pensou em abandonar a carreira militar, contudo permaneceu e atualmente

se sente cômodo e caso venha algum dia a investir em outra área pensa em abrir um negócio

próprio na área de mecânica de automóveis, outro militar de carreira disse que o interesse

maior atualmente é servir em seu estado natal, e caso não consiga pensa em prestar concurso

para o Corpo de Bombeiros Militares, frente a isso cabe observar que os sargentos de carreira

entrevistados apresentaram falas apontando que estão bem estabilizados na situação em que se

encontram e na carreira militar.

Considerações finais

Analisando as respostas do grupo de terceiros sargentos ao questionário aplicado

para essa pesquisa foi possível traçar um perfil social dos mesmos, assim como apontar

transformações, desafios e novas situações e responsabilidades adquiridas mediante a

promoção à graduação de terceiro sargento do Exército Brasileiro.

Oriundos em sua maioria de uma realidade social pobre, filhos de trabalhadores

braçais na maioria dos casos, os entrevistados demonstraram através de suas falas que a

mencionada promoção tanto para militares de carreira quanto temporários representou um

marco para os mesmos implicando em inúmeras mudanças, tanto de caráter financeiro e

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pessoal quanto mudanças no exercício profissional. Tal análise contempla ainda as limitações

dessas mudanças ao mostrar que os entrevistados tiveram melhorias financeiras, contudo

ainda residem em locais menos privilegiados da capital fluminense e região metropolitana.

Foram elaboradas questões que permitissem aos entrevistados expor de forma

consideravelmente ampla a autopercepção como indivíduos e autoconstrução como

profissionais, ambas ligadas ao grupo profissional de praças e terceiros sargentos destacando

principalmente a formação do Habitus, conceito criado por Pierre Bourdieu para dar conta das

características intrínsecas e relacionais dos indivíduos. O trabalho levou ainda em

consideração e apresentou elementos caracterizantes do condicionamento dos indivíduos

produzido tanto durante a formação militar inicial dos mesmos, quanto pelas práticas e

peculiaridades do militarismo produzidas e praticadas diariamente nas mais diversas

organizações militares do Exército Brasileiro, entre elas o 2º Batalhão de Infantaria

Motorizada (Escola), campo de pesquisa usado para realização do presente trabalho.

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contemporâneo: perspectivas antropológicas. Rio de Janeiro: UFRJ, 2007.

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academia militar das Agulhas Negras. 2ª Edição. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2003.

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empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné Melanésia.

2ª Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

MARCONI, Marina de Andrade; PRESSOTO, Zélia Maria Neves. Antropologia:

Uma introdução. 7ª Ed. 3ª Reimpressão. São Paulo: Atlas, 2010.

ANEXOS

ENTREVISTA

REGIMENTO AVAÍ (2º BI Mtz (Es))

Código de identificação:_________

1) Qual a sua idade?

2) Qual é o seu grau de escolaridade?

3) Qual cor de pele você declara possuir?

4) Qual é o seu estado civil?

5) Você possui dependentes (caso possua, quantos)?

6) Qual é a profissão dos pais?

7) Qual profissão você exercia antes da sua incorporação ao Exército?

8) Qual a sua naturalidade?

9) Em qual bairro e cidade você reside?

10) Qual foi seu primeiro contato com o Exército Brasileiro?

11) Quais eram suas expectativas e visão sobre a instituição que possuía nesse momento?

12) Qual foi seu ano de incorporação ao Exército?

13) Quais foram as cerimônias e eventos marcantes no seu primeiro ano de Exército?

14) Quais cursos militares entre formação e especialização você realizou?

15) Está servindo no Avaí á quanto tempo?

16) Por quais Organizações Militares já passou além do Avaí?

17) Quando foi promovido á 3º Sargento?

18) Qual á sua QM (Arma, quadro, serviço)?

19) Quais suas impressões sobre suas novas atividades e sobre a instituição após ser

promovido?

20) Qual sua visão sobre as novas responsabilidades que passou a assumir?

21) Algo mudou na sua vida social e familiar após a promoção?

22) O que mudou na sua relação com os antigos companheiros militares após sua

promoção?

23) Quais mudanças você percebeu no tratamento dos superiores hierárquicos com

relação a você após sua promoção?

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24) Como ficou sua relação com outros militares que eram mais antigos ou equiparavam

a você e você se tornou mais antigo que eles após ser promovido?

25) Você chegou a pensar em sair do Exército ou a se imaginar trabalhando em outra

área após ser promovido? Qual área e por quê?