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O MERCADO DE TRABALHO NO ENTORNO DO CIPP - VOLUME II: DINÂMICA RECENTE

O MERCADO DE TRABALHO NO ENTORNO DO CIPP - … Pecém 2017... · Foto: Marcos Studart / Governo do Ceará ... (53,2%) pertencem a Caucaia e 6,2 mil (46,8%), ao município de São

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O MERCADO DE TRABALHO NO ENTORNO DO CIPP - VOLUME II:

DINÂMICA RECENTE

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MARDÔNIO DE OLIVEIRA COSTA

O MERCADO DE TRABALHO NO ENTORNO DO CIPP -VOLUME II: DINÂMICA RECENTE

FORTALEZAIDT

2017

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Documento elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT (Organização Social - Decreto Estadual nº 25.019, de 3/7/98), em consonância com o Contrato de Gestão nº 02/2016, exercício 2017.

Todos dos direitos reservadosA reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n. 9610).

Análise e RedaçãoMardônio de Oliveira Costa

Apoio TécnicoArlete da Cunha de OliveiraErle Cavalcante MesquitaRosaliane Macedo Pinto Quezado

Articulação InstitucionalAntenor Tenório de Britto Júnior

EditoraçãoAna Clara Braga Meneses RevisãoRegina Helena Moreira Campelo

Fotos capa:Carlos Gibaja/Governo do CearáDivulgação STDS / Rogério RodriguesComplexo Termelétrico Pecém / Foto divulgação

Correspondência para

Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDTAv. da Universidade, 2596 BenficaCEP 60.020-180 Fortaleza-CEFone: (085) 3101-5500 / Fax.: (085) 3101-5505Endereço eletrônico: [email protected]

C837m COSTA, Mardônio

O mercado de trabalho no entorno do CIPP, Volume II - dinâmica recente.

/ Mardônio Costa. – Fortaleza: IDT, 2017.

86p. : il.

1. Oferta de mão de obra. 2. Emprego. 3. Desemprego. 4. Salários.

I. Costa, Mardônio. II. Título.

CDD: 331.11

CDU: 331.6(81)

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Presidente Michel Miguel Elias Temer Lulia

Ministro do TrabalhoRonaldo Nogueira

Governador do Estado do CearáCamilo Sobreira de Santana

Secretário do Trabalho e Desenvolvimento SocialJosbertini Virgínio Clementino

Coordenador do SINE/CERobson de Oliveira Veras

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Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT

PresidenteAntônio Gilvan Mendes de Oliveira

Diretora Administrativo-FinanceiraSheila Maria Freire Cunha

Diretor de Promoção do Trabalho e EmpreendedorismoFrancisco das Chagas Nascimento Araújo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

1. A POPULAÇÃO DO ENTORNO 17

2. O EMPREGO FORMAL 23

3. INDICADORES DO MERCADO DE TRABALHO URBANO DA REGIÃO 37

3.1. FORÇA DE TRABALHO, OCUPAÇÃO E DESEMPREGO 37

3.2. ESPECIFICIDADES DA OCUPAÇÃO 52

3.3. A EXTENSÃO DA JORNADA SEMANAL DE TRABALHO 59

3.4. INSERÇÕES SOBRE OS RENDIMENTOS DO TRABALHO 61

4. CONCLUSÃO 69

ANEXO I – TABELAS COMPLEMENTARES 73

ANEXO II – ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA DE EMPREGO E

DESEMPREGO – PED/RMF 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 85

Foto: Marcos Studart / Governo do Ceará

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INTRODUÇÃO

Criado em 1995, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) está situado nos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, no litoral oeste cearense. O Complexo possui uma área de 13,3 mil hectares, dos quais 7,1 mil hectares (53,2%) pertencem a Caucaia e 6,2 mil (46,8%), ao município de São Gonçalo do Amarante. Este Complexo tem como objetivo viabilizar a operação de atividades portuárias e industriais integradas, imprescindíveis ao desenvolvimento de um Complexo com características de Porto Industrial, tendo iniciado suas operações em novembro de 2001, segundo a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece).

O CIPP foi inicialmente concebido para abrigar atividades diversas: gasoduto, usina termelétrica, energia convencional, com possibilidade de utilização de formas alternativas (eólica e solar), refinaria, ferrovia, siderúrgica, porto e outras atividades correlacionadas.

Segundo a Adece, o CIPP possui um total de vinte e sete empresas, entre as já instaladas/operando e outras em fase de implantação, das quais dezesseis estão localizadas em Caucaia e onze em São Gonçalo do Amarante. Juntas, totalizam investimentos de aproximadamente R$ 29,7 bilhões a serem concretizados no período de 2013 a 2018, gerando 23,4 mil empregos diretos.

Este Complexo, para além das empresas que vêm se instalando e devem ainda nele se instalar, assim como no seu entorno, abriga três grandes empreendimentos, todos de suma relevância para o desenvolvimento econômico e social do Estado do Ceará, posto que se constituem em importantes instrumentos de atração de investimentos para o estado, quais sejam: o Terminal Portuário do Pecém, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e a Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

Quanto ao Terminal Portuário do Pecém, um terminal “off shore”, além de possuir localização estratégica, ele vem passando por seguidas expansões (novos berços de atracação, aquisição de novos guindastes, terminal de múltiplo uso, terminal de gás natural, ampliação do número de tomadas frigoríficas, expansão do molhe, construção da correia transportadora, aquisição de scanner de contêineres, terminal intermodal de cargas e construção do bloco de utilidades), o que torna o porto mais competitivo, propiciando incrementos contínuos na movimentação de mercadorias, a exemplo do ocorrido em 2014, quando registrou movimentação recorde de quase 8,3 milhões de toneladas, 31% a mais que no ano anterior. Esta movimentação, que compreende matérias-primas siderúrgicas, produtos siderúrgicos acabados, fertilizantes e cereais em geral, contêineres e granéis líquidos e gasosos, cresce continuadamente desde 2009, quando o porto movimentou um total de pouco mais de 2,1 milhões de toneladas de mercadorias.

No primeiro trimestre de 2017, foram movimentadas 4,2 milhões de toneladas de cargas, quantidade duas vezes maior que a do mesmo período de 2016 (2,1 milhões). No mesmo período, as importações (3,2 milhões de toneladas) cresceram 72%, as exportações (1,0 milhão), 295% e a movimentação de contêineres foi ampliada em quase 29%, ao passar de 21,1mil para 27,1 mil unidades, respectivamente, segundo informações divulgadas pela Companhia de Integração Portuária do Ceará (Cearáportos). O mercado de trabalho

no entorno do CIPP - Volume II:

dinâmica recente

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Outro exemplo da maior movimentação de cargas no citado porto é a exportação de pás eólicas que fazem parte de um conjunto de produtos que têm projetado o Porto do Pecém nacional e internacionalmente. A movimentação de pás eólicas pelo Porto do Pecém, iniciada em 2012 e que vem aumentando ano a ano, totalizou 135 pás, no primeiro quadriênio de 2017, um salto de 40% em relação a igual período do ano

1passado .

Ademais, com a entrada em funcionamento da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), houve um aumento substancial na movimentação do Porto do Pecém. Apenas com matérias-primas, a CSP movimenta cerca de sete milhões de toneladas e a capacidade de produção da siderúrgica por ano deverá movimentar mais de três milhões de toneladas de placas de aço via Porto do Pecém. De fato, em meados de maio de 2017, o referido Porto alcançou a marca de 1,5 milhão de toneladas de placas de aço movimentadas e, no acumulado desde janeiro de 2017, foram movimentadas 906,6 mil toneladas, 51% a mais do que o total dos cinco primeiros meses de

2operação de placas entre agosto e dezembro de 2016 .

A Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), resultado da parceria entre a brasileira Vale do Rio Doce e as coreanas Dongkuk e Posco, é a primeira usina siderúrgica integrada do Nordeste, com investimento de cerca de US$ 5,4 bilhões, entrou em funcionamento em maio de 2016 e certamente dará um impulso substancial no desenvolvimento econômico e social do Estado do Ceará, favorecendo a geração de

3empregos e renda, o surgimento de uma força de trabalho mais qualificada , uma crescente participação do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do Ceará no PIB nacional e um aumento substancial do PIB industrial do Ceará. Ressalte-se que foi projetado que a CSP ampliaria em 12% o PIB cearense e em 48% o PIB industrial estadual, além de aumentar em 37,5% a produção nacional de placas de aço, já no início de suas operações.

No começo das operações, a CSP empregara cerca de quatro mil trabalhadores diretamente e gerara dez mil empregos indiretos, com faturamento anual previsto de aproximadamente US$ 1,7 bilhão, com uma capacidade instalada de três milhões de toneladas de placas de aço por ano, na primeira fase do projeto, placas de aço para a fabricação de produtos laminados de alta qualidade para a indústria naval, de óleo e gás, automotiva e construção civil, atendendo à demanda de vários setores. A produção de aço para diversas finalidades é viabilizada pela opção da CSP por investimentos em equipamentos de alta tecnologia, permitindo a produção de placas de aço de diversas especificações.

Em 2017, a CSP estima que exportará aproximadamente 2,7 milhões de toneladas de aço, com impactos cada vez mais relevantes na balança comercial do Estado do Ceará. Nas palavras de seu presidente, Eduardo Parente, “a CSP espera gerar uma movimentação anual de R$ 540 milhões na economia cearense, somente em

4decorrência dos seus gastos com a operação. ” Ele afirma ainda que “[...] Com investimento total de mais de R$ 15 bilhões, em quase um ano de funcionamento, a

1Ver Pecém ..., 2017a. 2Ver Pecém ..., 2017b. 3No biênio 2015/2016, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) realizou dezessete cursos voltados

a diferentes áreas do setor industrial, certificando oitocentas pessoas, todas inseridas no quadro de pessoal da CSP. “Paulo André Holanda, presidente do Senai, informa que, neste momento, também em parceria com a CSP, estão sendo treinados 350 aprendizes, de quase onze mil inscritos.” Ver SENAI (2017).

4 Ver CSP ..., 2017a.

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companhia é responsável hoje pela geração de mais de 5,5 mil empregos diretos e 12 mil 5indiretos [...]" . Estes resultados deverão ser ainda mais animadores quando a parceria

com o Porto de Roterdã, para gerir o CIPP, começar a produzir os primeiros resultados, em função da ampliação das oportunidades de investimentos nacionais e estrangeiros.

Em referência à Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE Ceará), ela está instalada no município de São Gonçalo do Amarante, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Conforme a Adece, uma ZPE é um distrito industrial incentivado, no qual indústrias nele localizadas operam com benefícios tributários cambiais e administrativos, sendo que, pela legislação brasileira, no mínimo 80% de sua receita deve ser proveniente de exportações.

Segundo a mesma fonte, são os seguintes os objetivos da ZPE Ceará: atrair investimentos estrangeiros voltados às exportações; colocar as empresas nacionais em igualdade de condições com seus concorrentes localizados em outros países, que dispõem de mecanismos semelhantes; criar empregos; aumentar o valor agregado das exportações e fortalecer o balanço de pagamentos; difundir novas tecnologias e práticas mais modernas de gestão e corrigir desequilíbrios regionais.

Para alcançar tais objetivos, a ZPE Ceará encontra-se dividida em quatro áreas distintas: siderúrgica, onde já funcionam empreendimentos como a CSP, Vale Pecém, White Martins e Phoenix do Brasil; granito; petroquímico e diversos, esta última contemplando os empreendimentos voltados às demais atividades.

Ela possui, atualmente, uma área de 4,2 mil hectares. Incorporando uma área de quase 2 mil hectares, antes destinada à refinaria Premium II, como pretendido pelo governo estadual, a ZPE Ceará passará a deter uma área total de 6,2 mil hectares, ampliando as possibilidades de atração de um maior número de empresas, como as do setor de granito, haja vista que dez empresas do setor já assinaram protocolo de intenção para se instalar na área alfandegada.

As perspectivas, portanto, são bastante favoráveis e o governo do Estado mostra-se otimista com o cenário de ampliação do número de empresas lá instaladas, com uma maior diversificação de atividades, a exemplo de algumas empresas do setor de calçados e têxteis. Este otimismo se justifica principalmente pelo fato de que o Decreto que amplia a área da ZPE para quase 6,2 mil hectares foi assinado pela presidente Dilma Rousseff, em maio de 2016.

Diante da concretização desses três grandes empreendimentos infra-estruturantes no estado, um grande projeto de desenvolvimento econômico e social que vem sendo implementado nos últimos anos, e dado o impacto significativo que estes terão especialmente no mercado de trabalho da região, o presente estudo objetiva dar sequência ao estudo denominado “O Mercado de Trabalho no Entorno do CIPP: Dinâmica Recente”, também elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), em 2016, atualizando as informações sobre este mercado de trabalho com os dados já disponibilizados de fontes de informação diversas para os anos de 2015 e 2016, com o intuito maior de subsidiar as políticas públicas do trabalho na região, além de disseminar tais informações à sociedade cearense.

5 Ver CSP ..., 2017b.

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Deve-se salientar que estes dois anos constituíram um período nada favorável ao mercado de trabalho no País, posto que foram dois anos de forte retração da atividade econômica, redução dos níveis de emprego e salário e de elevação do desemprego, alcançando níveis recordes. Foram oito trimestres consecutivos de recuo da atividade econômica nacional, constituindo-se em uma das maiores recessões da história econômica brasileira.

Se a economia brasileira encolheu 3,8%, em 2015, e 3,6%, em 2016, representando os piores resultados da série histórica iniciada em 1948, as retrações da economia cearense foram de 3,5% e 5,3%, respectivamente, após um período de robusto crescimento da economia estadual, nos anos de 2010 a 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No caso do Estado do Ceará, além da crise macroeconômica, este quadro foi agravado por vários anos seguidos de seca, fazendo com que o desempenho da economia cearense registrasse um encolhimento acumulado de, aproximadamente, 9%, nos últimos dois anos.

A título de ilustração, em consonância com os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho, no acumulado dos anos de 2015 e 2016, foram eliminados 71,3 mil empregos com carteira de trabalho assinada em todo o território cearense, quase duplicando a taxa de desemprego estadual, que cresceu de 6,6% (246 mil desempregados), no último trimestre de 2014 para 12,4% (484 mil), no último trimestre de 2016, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE.

Portanto, o contexto em que estão inseridas as análises e conclusões do presente trabalho é o de uma economia em retração pelo segundo ano consecutivo, com perda de dinamismo do mercado de trabalho e taxas recordes de desemprego, além do que a taxa de desemprego e o número de pessoas desempregadas no estado, no último trimestre de 2016, mostraram-se duas vezes maior que os valores do final de 2014.

Nesse trabalho, em um primeiro momento, dimensionam-se as populações residente e em idade ativa da região, para os anos de 2000 e 2010, segundo o Censo Demográfico do IBGE, considerando um conjunto de sete municípios: Caucaia, São Gonçalo do Amarante, Paracuru, Paraipaba, São Luís do Curu, Pentecoste e Trairi, doravante constituidores do chamado entorno do CIPP. São também apresentadas estimativas populacionais para o Estado do Ceará e os sete municípios do entorno do Complexo para os anos de 2013 a 2016, assim como projeções de população elaboradas pelo IBGE (Revisão de 2013) para 2020, além da projeção da força de trabalho cearense do entorno do Pecém. Foram também investigadas possíveis alterações na composição por sexo e faixa etária dessa população, adicionando mais detalhes às análises sobre a oferta de força de trabalho no entorno do CIPP.

O estudo aborda também a evolução da oferta de emprego formalizado no entorno do referido Complexo, por município, segundo os números do emprego formal da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho, no período de 2010 a 2015. Analisa-se esta evolução segundo recortes diversos, tais como: sexo, escolaridade, setor de atividade e rendimento.

Para ilustrar a realidade do mercado de trabalho formal da região em 2016, retratando uma conjuntura mais recente, utilizaram-se as informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), outro registro administrativo do Ministério do Trabalho, cujas estatísticas se referem apenas aos empregos celetistas, posto que os dados da RAIS referentes a 2016 ainda não estão disponíveis.

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Destacam-se os números de trabalhadores admitidos e desligados e os saldos de emprego por municípios do entorno, setor de atividade econômica e as ocupações que mais geraram empregos, com a respectiva média salarial de admissão.

Como terceira e principal fonte de informação, constituindo o módulo central do estudo, realizam-se análises pormenorizas dos números da Pesquisa de Emprego e Desemprego da região metropolitana de Fortaleza (PED/RMF), focados na realidade laboral urbana (formal e informal) de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, os únicos municípios do entorno do CIPP até então investigados pela PED/RMF. Assim, apresentam-se os principais indicadores do mercado de trabalho urbano (ocupação, desemprego e rendimento do trabalho) do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante, cujas análises possibilitarão conhecer, mais pormenorizadamente, a evolução conjuntural do mercado de trabalho desse aglomerado, no período de 2009 a 2016, com ênfase maior nos anos mais recentes de 2015 e 2016.

Foto: Marcos Studart / Governo do Ceará

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1.�A�POPULAÇÃO�DO�ENTORNO

Na medida em que o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) localiza-se na área de abrangência dos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, visando mensurar a oferta de mão de obra no seu entorno, foram considerados sete municípios: Caucaia, São Gonçalo do Amarante, Paracuru, Paraipaba, São Luís do Curu, Pentecoste e Trairi, municípios limítrofes ou muito próximos a Caucaia e São Gonçalo, cujas dimensões populacionais são quantificadas a seguir.

A população residente no Estado do Ceará cresceu de 7,4 milhões para 8,5 milhões de pessoas, entre os anos de 2000 e 2010, segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No agregado dos sete municípios acima enumerados, a população residente, que era de 427,7 mil, em 2000, foi ampliada para 530,2 mil pessoas, em 2010, de acordo com os Censos Demográficos dos referidos anos, o correspondente a um crescimento médio anual de 2,2%. Dessa forma, sua participação relativa na população cearense evoluiu de 5,8% para 6,3%, respectivamente, ou seja, trata-se de um contingente populacional com representação de pouco mais de 6% da população do Estado do Ceará (Tabela 1.1).

Tabela 1.1 - População residente, composição por sexo e taxa média de crescimento geométrico, segundo os municípios selecionados - Municípios do entorno - 2000/2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos de 2000 e 2010.

No que concerne à distribuição da população do entorno por sexo, a fração feminina passou de 50,0%, em 2000, para 50,3%, em 2010, indicando bom equilíbrio nesse aspecto. Por outro lado, há ligeira maioria masculina nas populações dos municípios de Trairi (51,4%), São Gonçalo do Amarante (50,9%) e Paraipaba (50,9%), o que não chega a comprometer o equilíbrio populacional referente à sua composição de sexo, propiciando uma oferta equitativa de mão de obra masculina e feminina.

O mercado de trabalho no entorno do CIPP -

Volume II: dinâmica recente

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TaxaMasculino Feminino (% a.a)

2000 250.479 49,2 50,82010 325.441 49,0 51,02000 35.608 51,5 48,52010 43.890 50,9 49,12000 27.541 50,2 49,82010 31.636 50,1 49,92000 25.462 51,4 48,62010 30.041 50,9 49,12000 11.497 50,3 49,72010 12.332 49,8 50,22000 32.600 50,7 49,32010 35.400 50,6 49,42000 44.527 51,5 48,52010 51.422 51,4 48,62000 427.714 213.729 213.9852010 530.162 263.431 266.731

2,63

Municípios Ano TotalSexo (%)

Caucaia

S. G. do Amarante 2,13

Paracuru 1,40

Paraipaba 1,67

S. Luis do Curu 0,71

Pentecoste 0,83

Trairi 1,45

Total 2,17

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Investigando as alterações na composição etária dessa população, os números da Tabela 1.2 deixam transparecer muito claramente os principais efeitos da transição demográfica na população residente do Estado do Ceará, na primeira década dos anos 2000, a exemplo da vivenciada no Brasil, evidenciados pelo declínio da participação dos mais jovens e da crescente parcela daqueles com mais idade na população cearense, fruto de menores níveis de fecundidade (número médio de filhos tidos por mulher ao final de sua vida reprodutiva) e das decrescentes taxas de natalidade (número de nascidos vivos, por mil habitantes), o que propiciou decréscimos do contingente juvenil da população.

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Tabela 1.2 - Participação dos grandes grupos populacionais na população residente e razão de dependência, por município selecionado - Estado do Ceará - 2000/2010

Fonte: IBGE – Censos Demográficos 2000/2010.(1) Quociente entre a população economicamente dependente, isto é, segmento populacional composto pelas pessoas menores de 15 anos e por aquelas com 65 anos ou mais de idade, e a população potencialmente ativa, constituída por indivíduos com idade na faixa de 15 a 64 anos.

Isto fez com que a participação da população idosa se elevasse, respondendo por parcelas cada vez maiores da população total, o que foi constatado no Ceará (7,6%) e, muito particularmente, em todos os sete municípios do entorno do CIPP, no transcorrer da primeira década dos anos 2000. Nesse caso, enquanto a fração dos mais jovens declinou para algo em torno de 27,0% da população total, cresceu a proporção daqueles de 65 anos e mais de idade para mais de 7,0%, na maioria dos casos, ao longo da referida década.

Estes movimentos populacionais favoreceram maiores parcelas da população potencialmente ativa (15 a 64 anos), que cresceu aproximadamente 7,0 p.p em todos os municípios listados, na década em apreço. Caucaia é o exemplo mais contundente desse processo, sendo o único município do entorno com peso da população de 15 a 64 anos (67,6%) superior à média estadual (66,5%). Esta realidade pode se constituir em um robusto indicativo da crescente oferta de força de trabalho na região, o que facilita, em boa medida, o processo de contratação de pessoas por parte das empresas que venham a se instalar na região, pelo menos no aspecto quantitativo. Essa alteração demográfica pode também pressionar a taxa de desemprego, no momento em que mais indivíduos decidirem ofertar sua capacidade de trabalho.

Tais movimentos também viabilizaram menores razões de dependência, com valores oscilando entre 50% e 60%, em 2010 (Tabela 1.2). Na medida em que a razão de dependência é dada pelo quociente entre as populações economicamente dependente e a potencialmente ativa, esta queda significa dizer que decresceu o peso da população dependente (inativa) sobre os potencialmente ativos, ou seja, que diminuiu o número de dependentes sustentados pelo trabalho de cada potencialmente ativo. Assim sendo, decresceu o grau de dependência econômica da população local, entre 2000 e 2010.

2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010Caucaia 35,83 27,28 60,45 67,59 3,72 5,13 65,43 47,96S. G. Amarante 35,28 27,15 58,49 66,06 6,23 6,79 70,98 51,37Paracuru 35,26 27,04 58,62 65,48 6,12 7,48 70,60 52,70Paraipaba 36,00 28,48 58,45 64,25 5,55 7,27 71,08 55,65Pentecoste 35,53 27,82 57,59 63,89 6,88 8,29 73,64 56,51S. Luís do Curu 34,16 25,69 58,30 65,45 7,54 8,86 71,52 52,78Trairi 39,07 29,94 54,66 62,24 6,27 7,83 82,96 60,67Estado do Ceará 33,54 25,89 60,28 66,52 6,18 7,59 65,90 50,30

Razão de dependência 1

Região0 a 14 anos 15 a 64 anos 65 e mais anos

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Acredita-se que, localmente falando, esse comportamento pode ser constatado até os dias atuais em virtude do desenvolvimento econômico que a região do entorno do Pecém vem experimentando, especialmente após o início das atividades da Companhia Siderúrgica do Pecém, em meados de 2016, do contínuo processo de instalação de unidades industriais na Zona de Processamento de Exportação, localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, além das seguidas ampliações do Porto do Pecém, o que elevou substancialmente o movimento de cargas, ações que têm gerado emprego e renda para a população local, favorecendo reduções na razão de dependência.

De acordo com projeções populacionais para o Ceará, elaboradas pelo IBGE (Revisão de 2013), é estimado que o Estado do Ceará deva contabilizar populações de 9,0 milhões de pessoas, em 2016, e de 9,2 milhões, em 2020. Por sua vez, as estimativas populacionais para o agregado dos sete municípios do entorno do CIPP deverão ficar em torno de 576,4 mil e 587,4 mil indivíduos, respectivamente (Tabela 1.3).

Tabelas 1.3 – Estimativas da população residente por municípios selecionados – Estado do Ceará – 2013 – 2016

Fonte: IBGE.(1) Projeções de População/Revisão 2013.

Na verdade, a tendência é de que a população residente na região deva ser ainda maior do que apontam as estimativas acima citadas, posto que a parcela de 6,3% deverá ser incrementada ao longo dos anos, pela atração que exercerá o processo de desenvolvimento econômico da região, fomentado pelos motivos já expostos, além da futura parceria com o Porto de Roterdã, dentre outras iniciativas. Fato é que as Prefeituras de Caucaia e de São Gonçalo do Amarante devem se preparar para uma crescente demanda da população por diversos serviços essenciais nos próximos anos, como saúde, educação, infra-estrutura, segurança, lazer, dentre outros, o que certamente exigirá maiores investimentos setoriais e ampliará as possibilidades de novos negócios.

Avaliando os contingentes populacionais dos principais municípios, Caucaia é, indiscutivelmente, o mais populoso (358,2 mil pessoas, com 62,1% da população do entorno), seguido de Trairi (54,8 mil, ou 9,5%) e São Gonçalo do Amarante (47,8 mil, ou 8,3%), em 2016. Portanto, sete em cada dez habitantes do entorno do CIPP residiam em Caucaia ou em São Gonçalo do Amarante, concentração esta que se intensificou ao longo dos anos, pois os dois municípios detinham participação de 66,9%, em 2000.

2013 2014 2015 2016

Caucaia 344.936 349.526 353.932 358.164

S. G. Amarante 46.247 46.783 47.297 47.791

Paracuru 32.919 33.178 33.426 33.665

Paraipaba 31.413 31.705 31.986 32.256

Pentecoste 36.442 36.611 36.773 36.928

S. Luís do Curu 12.663 12.713 12.760 12.805

Trairi 53.561 53.998 54.418 54.820

Total do Entorno 558.181 564.514 570.592 576.429

Estado do Ceará 1 8.779.338 8.843.553 8.905.225 8.964.432

RegiãoAno

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A população de quinze anos ou mais de idade desses municípios - indicador mais adequado à mensuração da oferta de força de trabalho local - cresceu de 273,6 mil, em 2000, para 384,0 mil pessoas, em 2010, com uma representação de 6,1% da força de trabalho potencial do estado (6.264,1 mil). Expressiva maioria dessa força de trabalho residia em Caucaia (236,7 mil), cuja participação relativa no resultado agregado evoluiu de 58,7% para 61,6%, na primeira década de 2000. Assim, seis de cada dez indivíduos do entorno do CIPP em idade de trabalhar residiam no referido município.

Caucaia, além de apresentar o maior contingente populacional, também registrou o maior incremento de sua população de quinze anos ou mais de idade (47,25%, ou 3,9% ao ano), entre os anos 2000 e 2010, seguido por São Gonçalo do Amarante (38,8%, ou 3,3% a.a), o que pode estar a sinalizar que a dinâmica da economia local e os empregos gerados na região, em decorrência das atividades do Complexo e da Siderúrgica, por exemplo, têm intensificado o fluxo migratório para a região, favorecendo a oferta de força de trabalho, além dos efeitos da transição demográfica já comentados.

Por fim, para 2020, as projeções populacionais do IBGE para a população total do Estado do Ceará e de sua população de quinze anos ou mais de idade são de 9,2 milhões e 7,1 milhões de indivíduos, respectivamente. Assim, partindo do pressuposto de que a população de quinze anos ou mais dos sete municípios do entorno do Complexo tem uma representação de cerca 6,1% da força de trabalho potencial do estado, pode-se chegar a uma estimativa muito preliminar de 433,4 mil pessoas de, no mínimo, quinze anos de idade, o que propicia uma estimativa do tamanho da força de trabalho disponível na região para o ano de 2020.

Além da evolução populacional e das alterações no perfil etário da população e de sua força de trabalho, este grupo de municípios também avançou em termos econômicos, com Caucaia uma vez mais na liderança e uma progressão importante de São Gonçalo do Amarante, conforme atestam as análises a seguir. O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará, a preços correntes, cresceu de R$ 79,3 para R$ 126,1 bilhões, no período de 2010 a 2014, registrando um incremento acumulado nominal de R$ 46,7 bilhões (58,9%), elevando a participação estadual de 2,04% para 2,18% no PIB brasileiro, respectivamente, segundo o IBGE (Tabela 1.4).

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Tabela 1.4 - Produto Interno Bruto a preços correntes, segundo os municípios selecionados - Estado do Ceará - 2010 - 2014 (Em R$ 1.000)

Fonte: IBGE/IPECE.

Municípios 2010 2011 2012 2013 2014

Caucaia 2.842.606 3.283.060 3.853.817 4.750.602 5.513.528

S. G. do Amarante 517.967 592.282 462.603 822.595 1.515.257

Paracuru 252.872 295.041 342.303 370.570 425.742

Paraipaba 182.868 202.168 224.777 265.461 329.626

Pentecoste 200.100 250.938 389.496 350.736 314.444

São Luís do Curu 56.842 65.513 67.191 74.820 87.282

Trairi 263.843 310.705 377.447 511.212 591.988

Total do entorno 4.317.098 4.999.707 5.340.187 7.145.996 8.777.867

Estado do Ceará 79.336.299 89.695.828 96.973.753 109.036.556 126.054.472

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Por sua vez, o PIB global (a preços correntes) dos municípios do entorno do CIPP dobrou, ao evoluir de R$ 4,3 bilhões, em 2010, para R$ 8,8 bilhões, em 2014, fazendo com que sua participação no PIB cearense avançasse de 5,4% para 7,0%. Isto repercutiu o fato de o PIB de Caucaia quase ter sido duplicado e o de São Gonçalo do Amarante ter triplicado em idêntico período, com incrementos acumulados nominais de R$ 2,7 bilhões e R$ 1,0 bilhão, respectivamente, entre os dois anos citados. Nesse tocante, foi muito relevante o impacto na economia de São Gonçalo do Amarante nos anos de 2013 e 2014, quando o PIB municipal praticamente duplicou por dois anos consecutivos.

Enfatiza-se ainda que as economias de Caucaia (mais R$ 762,93 milhões) e de São Gonçalo (R$ 692,66 milhões) foram responsáveis por nada menos do que 89,0% do aumento do PIB do entorno (R$ 1,63 bilhão), entre 2013 e 2014.

Nesses termos, enquanto o município de Caucaia, com um PIB de R$ 5,5 bilhões em 2014, teve sua participação ampliada em quase um ponto percentual, de 3,58%, em 2010, para 4,37 % do PIB cearense, em 2014, São Gonçalo (R$ 1,5 bilhão) avançou de 0,65% para 1,20%, duplicando seu peso na riqueza estadual. Estes incrementos individuais fizeram com que as duas maiores economias da região passassem a responder por 5,57% do PIB do Estado do Ceará, em 2014, números que tendem a avançar ainda mais nos próximos anos, precipuamente após a entrada em funcionamento da Companhia Siderúrgica do Pecém, em meados de 2016, com inúmeros impactos relevantes na economia do estado, a exemplo de mudanças no perfil industrial da economia do Ceará e do incremento substancialmente do volume de cargas via Porto do Pecém.

Mensurando a intensidade de crescimento do PIB desses municípios ao ano, entre 2010 e 2014, quando a riqueza cearense avançou 12,3% ao ano, São Gonçalo do Amarante destaca-se pelo crescimento bem mais expressivo (30,8% a.a), seguido por Caucaia (18,0% a.a), Eusébio (15,4%) e Fortaleza (11,3% a.a), o que dá uma dimensão da dinâmica recente das economias de São Gonçalo do Amarante e Caucaia, no referido período, ou seja, até 2014.

A seguir, informações complementares sobre o PIB per capita de alguns municípios do estado, posicionando Caucaia e São Gonçalo do Amarante frente a municípios com os mais elevados PIBs per capita do Ceará. Eusébio ocupa a primeira posição no ranking estadual, com um PIB per capita de R$ 49.427, em 2014, São Gonçalo do Amarante detém o segundo mais elevado PIB per capita cearense (R$ 32.389), Fortaleza é classificado na sexta colocação (R$ 22.057) e Caucaia, na oitava posição (R$ 15.774), todos superando a média estadual, quando o Ceará registrou um PIB per capita de R$ 14.255, segundo números do IPECE/IBGE.

Tabela 1.5 - Produto Interno Bruto per capita, segundo municípios selecionados - Estado do Ceará - 2010 - 2014 (Em R$)

Fonte: IBGE/IPECE.

Municípios 2010 2011 2012 2013 2014

Eusébio 30.492 33.916 34.543 41.892 49.427

S. G. do Amarante 11.786 13.302 10.248 17.787 32.389

Fortaleza 15.119 16.714 18.309 19.499 22.057

Caucaia 8.754 9.923 11.467 13.772 15.774

Estado do Ceará 9.391 10.515 11.268 12.421 14.255

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É percebido ainda um avanço substancial do PIB per capita de São Gonçalo do Amarante, no biênio 2013/2014, o que fez com que o seu PIB per capita fosse duas vezes maior que o de Caucaia. Para tal foi determinante a duplicação do PIB de São Gonçalo por dois anos seguidos (2013 e 2014), conforme menção anterior. Os incrementos acumulados nominais dos PIBs per capita de São Gonçalo do Amarante e de Caucaia foram de R$ 20,6 mil e R$ 7,0 mil, respectivamente, considerando os cinco anos analisados.

Foto: Marcos Studart / Governo do Ceará

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2.�O�EMPREGO�FORMAL

O ano de 2015 ficou marcado pela forte retração da economia brasileira (-3,8%) e seus trágicos impactos no mercado de trabalho nacional, onde se sobressaíram os recordes históricos de desemprego e as reduções dos níveis de emprego formal e de salários reais, contribuindo para deteriorar as condições de vida da população. Foi eliminado 1,5 milhão de empregos formais no País, o equivalente a uma subtração de 3,1%, na comparação com o ano anterior, totalizando um estoque de empregos formalizados (celetistas e estatutários) da ordem de 48 milhões, segundo as estatísticas da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho.

A queda do nível de emprego formal ocorreu generalizadamente. O estoque de emprego decresceu em todas as regiões do País, notadamente no Sudeste (-500,3 mil empregos, ou -3,63%) e Nordeste (-233,6 mil, ou -2,56%). Particularmente no Estado do Ceará, onde a retração econômica foi da ordem de 3,5%, o número de vínculos empregatícios formais decresceu de 1,55 milhão, em 2014, para 1,54 milhão, em 2015, eliminando quase 9,7 mil empregos formais (-0,62%), embora em menor intensidade do que o ocorrido no Brasil e no Nordeste.

Esta conjuntura negativa não afetou significativamente a criação de empregos com registro em carteira no entorno do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), espaço geográfico aqui constituído por um total de sete municípios⁶, mesmo porque o estoque de emprego (total de vínculos empregatícios)⁷ na região cresce ano a ano, desde 2010, exceto em 2012. Na contramão desse movimento mais amplo de retração do emprego, os números apontam para uma crescente oferta de emprego no entorno do CIPP, que registrou expansão de 8,5% a.a, no interstício de 2010 a 2015, dado que o número de vínculos ativos, ao final de cada ano, saltou de 48.969, em 2010, para 73.525 vínculos, em 2015, com a geração líquida de 24.556 empregos formais - incremento de 50,2% -, nos últimos seis anos. Isto equivale a uma geração média de 4,9 mil empregos por ano, segundo a RAIS (Tabela 2.1).

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6No presente estudo, os sete municípios constituidores do chamado entorno do CIPP são: Caucaia, São Gonçalo do Amarante, Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, São Luis do Curu e Trairi.

7Mesmo sabendo que um empregado pode ter mais de um vínculo empregatício, os termos número de vínculos ativos, estoque de emprego, número de empregados ou de empregos são utilizados indistintamente para dar uma maior fluidez ao texto.

Tabela 2.1 - Vínculos ativos em 31/12, por sexo - Municípios do entorno - 2010 - 2015

Fonte: Ministério do Trabalho/RAIS.

Ano Homens Mulheres Total

2010 29.520 19.449 48.969

2011 31.796 21.068 52.864

2012 29.614 18.532 48.146

2013 36.930 21.703 58.633

2014 45.239 25.296 70.535

2015 46.487 27.038 73.525

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Mesmo diante desse cenário favorável, cabe a ressalva de que a geração de emprego formal no entorno do Pecém ocorreu de forma bem mais modesta em 2015, denotando uma expansão bem mais lenta do emprego nesse ano, paralelamente ao ano anterior (4,2%, ou 2.990 empregos a mais).

Esta evolução tem favorecido crescentes participações do emprego formal do entorno do CIPP no total de empregos formais do Estado do Ceará, transformando paulatinamente esta região em um importante centro dinamizador da economia cearense, a partir da mudança do perfil industrial do estado, e gerador de emprego e renda para os cearenses, fruto de seu dinamismo econômico. Nestes seis anos, a participação relativa do emprego formal da região no estoque total do estado passou de 3,7%, em 2010, para 4,5%, em 2014, movimento fortalecido em 2015, quando esta representação chegou a 4,8%.

Apesar do destacado avanço, a região ainda está ligeiramente subrepresentada em termos do estoque de empregos formais, posto que responde por pouco mais de 6,0% da força de trabalho cearense de quinze anos ou mais de idade, ilustrando o descompasso existente entre a oferta de força de trabalho e a geração de empregos formais na região. Caso este contexto favorável à geração de empregos seja preservado nos próximos anos, o que tem boas possibilidades de se concretizar com a possível retomada do crescimento das economias nacional e estadual em 2017, como parece sinalizar alguns indicadores econômicos, e especialmente em 2018, quando este crescimento será mais visível, segundo projeções atuais, a tendência é a de que esta subrepresentação seja eliminada no curto prazo, caso não haja um crescente fluxo migratório para o entorno do CIPP, mesmo porque as expectativas são de que mais e mais empresas se instalem na região, no curto/médio prazos.

Mais recentemente, o estoque de emprego local continuou a se expandir em 2015 (73.525 empregos), paralelamente a 2014 (70.535), o maior estoque de empregos formais dos últimos seis anos, contabilizando 2.990 novos empregos. Não obstante, alerta-se para o fato de que, na comparação com o ano imediatamente anterior, o crescimento do emprego em 2015 (4,2%) ocorreu de forma bem menos intensa que a verificada em 2013 e 2014, quando este aumento foi ligeiramente acima de 20,0%.

Na análise por sexo, as novas oportunidades de trabalho favoreceram sobremaneira a força de trabalho masculina, cujo número de empregados passou de 29.520, em 2010, para 46.487, em 2015, ou seja, cresceu 57,5% (9,5% a.a), com 16.967 novos empregos, no período. O emprego feminino cresceu mais modestamente (7.589, 39,0% ou 6,8% a.a), totalizando 27.038 empregadas. Em ambos os casos, a expansão do emprego em 2015, frente a 2014, deu-se mais comedidamente, seguindo o comportamento do nível de emprego regional, conforme parágrafo anterior.

Em decorrência dessas dinâmicas diferenciadas, a participação dos homens no estoque de empregados formais da região tem-se mostrado ascendente, evoluindo de 60,3% para 64,1%, de 2010 a 2014, apesar do ligeiro recuo em 2015 (63,2%). Este ligeiro recuo é resultante de um maior número de empregos gerados entre as mulheres (1.742 novos empregos), em 2015, relativamente ao número masculino (1.248). Mesmo assim, deve-se atentar para o fato de que elas perderam cerca de 3 p.p. de participação no emprego formal da região, com o declínio de 39,7% para 36,8%, entre 2010 e 2015, o que ressalta as dificuldades de acesso feminino aos empregos com registro em carteira e/ou a maior oferta de emprego tipicamente masculino, nesse último caso, fruto da maior oferta de emprego no setor secundário da economia local, os quais empregam proporcionalmente mais homens, como se verá a posteriori.

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Esta expansão do emprego formal no entorno do CIPP apresenta-se mais e mais concentrada nos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, especialmente a partir de 2013, mesmo porque o CIPP está localizado dentro dos limites geográficos dos referidos municípios. Caucaia, com estoque de 44.027 empregados, e São Gonçalo, 14.342 empregados, em 2015, foram responsáveis pela geração de 15.871 e 6.521 empregos, respectivamente, considerando todo o período analisado.

Os citados municípios detiveram 91,2% dos novos empregos da região, isto é, do total de 24.556 novos empregos, 22.392 foram gerados na área de abrangência desses municípios, entre os anos de 2010 e 2015. Isto concentrou ainda mais o emprego formal da região nesses dois municípios, cuja fração passou de 73,5%, em 2010, para 79,4%, em 2015. Assim, de cada dez empregos formais do entorno do CIPP, oito estavam localizados em Caucaia ou em São Gonçalo do Amarante (Tabela 2.2).

Tabela 2.2 - Vínculos ativos em 31/12, segundo municípios selecionados - Municípios do entorno - 2010 - 2015

Fonte: Ministério do Trabalho/RAIS.

Ano Caucaia S. G. do Amarante

Paracuru Paraipaba Pentecoste São Luis do Curu

Trairi

2010 28.156 7.821 3.761 3.293 2.694 950 2.294

2011 30.061 9.458 3.773 2.915 2.935 853 2.869

2012 26.739 6.832 3.716 3.022 4.256 545 3.036

2013 34.608 8.674 4.179 3.338 4.189 825 2.820

2014 42.764 12.273 4.005 3.675 4.278 575 2.965

2015 44.027 14.342 3.642 3.460 4.332 604 3.118

Os números mostram também que, apesar de São Gonçalo do Amarante deter um contingente de empregados bem menor do que o de Caucaia, o seu nível de emprego formal tem crescido com mais intensidade. Considerando o intervalo de 2010 a 2015, enquanto a geração de emprego formalizado em Caucaia aumentou a uma velocidade de 9,4% a.a, chegou-se a 12,9% a.a em São Gonçalo. Dessa forma, enquanto Caucaia detinha cerca de 60,0% do emprego formal do entorno, a parcela de São Gonçalo cresceu de 17,4% para 19,5%, no biênio 2014/2015.

Portanto, parece que o movimento de formalização das relações de trabalho em São Gonçalo do Amarante vem ocorrendo mais intensamente, até mesmo em função do efeito estatístico de uma menor base de comparação, posto que o município possui um mercado de trabalho bem menor que o de Caucaia.

Pormenorizando as novas oportunidades de emprego nos dois principais municípios, em 2015, foram gerados 1.263 empregos em Caucaia e 2.069, em São Gonçalo, paralelamente ao ano anterior. Em Caucaia, destacaram-se os serviços (635 empregos) e a construção civil (618), enquanto a indústria de transformação demitiu mais do que contratou, registrando saldo negativo de 738 empregos, penalizando unicamente os homens (-765 empregos). Os mais beneficiados com as novas oportunidades foram as mulheres (1.184 empregos) e aqueles com mais idade: 30 a 39 anos (669), 50 a 64 anos (391) e 40 a 49 anos (328). Em São Gonçalo do Amarante, a indústria de transformação (2.204 novos empregos) foi o maior destaque, o que

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favoreceu bastante o emprego masculino (1.810 empregos), seguida da administração pública (468), enquanto a construção civil computou saldo negativo de 548 empregos. Os empregos gerados foram apropriados pelos homens (1.412 empregos) e por empregados de 30 a 39 anos (858) e de 40 a 49 anos de idade (416) (Gráfico 2.1).

Grá�co 2.1 - Variação do emprego formal em 31 de dezembro, segundo setor de atividade econômica - Caucaia e São Gonçalo do Amarante - 2015

Fonte: Ministério do Trabalho/RAIS.

Retomando a análise regional, no recorte por setor de atividade, ao longo de todo o período, a expansão do emprego formal ocorreu em todos os setores econômicos, notadamente na construção civil (20,9% a.a), muito influenciada pelas obras de construção da Companhia Siderúrgica do Pecém e de ampliação do Porto do Pecém, o que certamente deve ter dinamizado o comércio local, onde o nível de emprego com carteira assinada avançou muito bem (13,9% a.a). Em menor intensidade, cresceu o emprego na indústria de transformação (8,2% a.a), serviços (4,6% a.a) e agropecuária (2,7% a.a) (Tabela 2.3).

Tabela 2.3 - Vínculos ativos em 31/12, por setor de atividade - Municípios do entorno - 2010 - 2015

Fonte: Ministério do Trabalho/RAIS.

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

2010 12.477 4.268 5.667 25.117 1.440 48.969

2011 12.539 4.176 6.642 28.015 1.492 52.864

2012 14.393 2.682 7.352 22.272 1.447 48.146

2013 15.561 5.045 8.412 27.890 1.725 58.633

2014 16.909 11.187 10.285 30.403 1.751 70.535

2015 18.495 11.025 10.848 31.511 1.646 73.525

TotalAgropecuáriaAnoIndústria de

TransformaçãoConstrução Civil Comércio Serviços

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP -

Volume II: dinâmica recente

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No agregado, foram 24.556 novos empregos. Por setor, a Tabela 2.3 mostra a seguinte realidade: construção civil gerou 6.757 empregos (27,5% dos empregos gerados); serviços, 6.394 (26,0%); indústria de transformação, 6.018 (24,5%); comércio, 5.181 (21,1%) e agropecuária, 206 (0,8%). Mas ao se avaliar o crescimento ao ano, a expansão do emprego no entorno do CIPP foi bem mais robusta na construção civil e no comércio nesses seis anos, conforme alusão feita no parágrafo anterior.

Na margem, refletindo o crescimento mais modesto do emprego local em 2015, diminuiu discretamente o nível de emprego na construção civil (-1,4%), com o avanço das contratações perdendo fôlego, assim como na agropecuária, onde a queda foi uma pouco maior (-6,0%), no citado ano. A expansão do emprego foi mais discreta no comércio (5,5%) e nos serviços (3,6%). Somente o emprego na indústria de transformação cresceu ligeiramente acima do observado nos dois anos anteriores, com uma expansão de 9,4%, em 2015, diante dos incrementos de 2013 (8,1%) e 2014 (8,7%). Por fim, indústria de transformação, cujo nível de emprego se mantém em alta, comércio, que quase duplicou o número de empregos, e serviços registraram, em 2015, os maiores contingentes de empregados formais no entorno do CIPP, desde 2010, além do substancial incremento na oferta de emprego na construção civil, em 2014 e 2015.

Usualmente os empregadores optam por uma força de trabalho mais escolarizada, visando a uma maior produtividade do trabalho, e a realidade das empresas da região do CIPP não é diferente, apesar de esta estratégia gerar dificuldades adicionais para a inserção no mercado de trabalho dos menos escolarizados. De fato, nos últimos seis anos, em termos regionais, as oportunidades de emprego para os trabalhadores de nível médio cresceram 12,9% a.a, seguidos pelos trabalhadores de instrução superior (9,1% a.a) e, em menor intensidade, os com ensino fundamental completo (3,7% a.a).

Dos 24.556 empregos gerados desde 2010, 19.709 são de empregados com instrução de nível médio e 5.028, de instrução superior, enquanto decresceram os estoques de emprego dos menos escolarizados (instrução de até o nível fundamental incompleto) (Tabela 2.4). Observar ainda que, do estoque total de empregados de 2015 dos sete municípios do entorno (73.525 empregados), 43.381 tinham escolaridade de nível médio (59,0%) e 14.291 possuíam nível superior (19,4%), perfazendo 78,4% do estoque total com escolaridade mínima de nível médio, significando dizer que oito de cada dez empregados da região tinham escolaridade média ou superior.

Tabela 2.4 - Vínculos ativos em 31/12, por nível de escolaridade - Municípios do entorno - 2010 - 2015

Fonte: Ministério do Trabalho/RAIS.

Ano Até 5ª Fundamental

6ª a 9ª Fundamental

Fundamental Completo

Nível Médio Nível Superior

2010 4.692 4.670 6.672 23.672 9.263

2011 4.368 4.326 7.079 26.969 10.122

2012 3.649 3.691 6.093 26.387 8.326

2013 3.768 5.068 7.666 31.525 10.606

2014 4.507 4.771 8.870 39.152 13.235

2015 3.797 4.063 7.993 43.381 14.291

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Esta exigência se mostra ainda mais evidente, em 2015, quando decresceu o estoque de empregados que concluíram o ensino fundamental (7.993 empregos). Nesse ano, apenas os empregos para indivíduos com escolaridade de nível médio (10,8%) ou superior (8,0%) cresceram, onde foram computados 4.229 e 1.056 empregos adicionais, respectivamente. Estes estoques se mostram quase que em contínua elevação no transcorrer de todo o período em análise, registrando os maiores valores desde 2010.

Nesse contexto, a força de trabalho da região necessita progredir mais na sua escolaridade, ampliando o número de anos de estudo, além de se qualificar mais e melhor, para concorrer em condições de mais igualdade pelos empregos ofertados no futuro próximo, evitando perder as oportunidades para trabalhadores de outras regiões. Daí porque é premente mais e melhores investimentos em educação e formação profissional para que não seja desperdiçada essa janela de oportunidades para o desenvolvimento econômico e social aberta pelos investimentos (públicos e privados) realizados na região do CIPP.

Quando da análise do nível de salário percebido mensalmente pelos empregados formalmente contratados da região, levando-se em consideração a remuneração média mensal percebida no ano, caiu pela metade a proporção dos empregos com remuneração máxima de um salário mínimo (R$ 788,00) - de 14,6%, em 2010, para 7,9%, em 2015 -, resultante do consistente movimento de formalização do mercado de trabalho local, e, concomitantemente, duplicou a participação dos empregos remunerados em mais de cinco salários – de 4,1% para 8,1% -, o que significa dizer que houve incrementos nos salários dos empregados no período. Foram gerados pouco mais de 3,9 mil empregos com remunerações superiores a cinco salários mínimos e diminuiu o número de empregos remunerados em, no máximo, um salário mínimo (-1,3 mil).

Por sua vez, é relevante a concentração dessa força de trabalho na faixa salarial de mais de um a três salários mínimos – remuneração de mais de R$ 788,00 a R$ 2.364,00, em 2015 -, realidade esta percebida nos anos de 2010 e 2015. Isto ocorreu na quase totalidade dos municípios arrolados, em menor intensidade em São Gonçalo do Amarante, onde esta concentração decresceu um pouco. Se a proporção regional dos empregados nessa faixa fora de 71,9%, em 2010, alcançou 71,2% do estoque de emprego formal, em 2015, um contingente de 52.090 empregados, consequentemente, de cada dez empregados formalizados da região, sete tinham remuneração de mais de um a três salários mínimos (Tabela 2.5).

Este resultado foi reflexo do ocorrido nos sete municípios do entorno do CIPP. Se esta proporção diminuiu em São Gonçalo do Amarante de 70,2%, em 2010, para 60,4% dos empregos, em 2015, e mais discretamente em Caucaia, de 75,7% para 73,2%, nos demais cinco municípios do entorno, as remunerações médias concentraram-se ainda mais nessa faixa salarial. Adicionalmente, se apenas 3,5% dos empregados de Caucaia tinham remuneração média mensal de mais de sete salários mínimos, em São Gonçalo, chegou-se a 9,3%, em 2015.

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Tabela 2.5 - Vínculos ativos1 em 31/12 por faixas de rendimento, segundo municípios selecionados - Municípios do entorno - 2010/2015

Fonte: Ministério do Trabalho/RAIS.Nota: Não foram considerados os vínculos sem declaração de rendimento (não classificados), 266 empregados, em 2010, e 340, em 2015

Fato é que, no cômputo geral desses municípios, apesar das melhorias salariais capitaneadas por Caucaia e São Gonçalo, 89,3% dos empregos formais gerados na região tinham remuneração média na faixa de mais de um a cinco salários mínimos, entre os anos de 2010 e 2015, nas seguintes proporções: entre um e três salários, 69,8%, e mais de três a cinco salários, 19,5%. Na primeira faixa salarial, constavam 68,7% dos novos empregos de Caucaia e 48,7% dos de São Gonçalo. Na segunda, 18,6% e 20,8% dos empregos gerados, respectivamente, indicando que a maior parcela das novas oportunidades de emprego tinha remuneração de mais de um até três salários mínimos.

O mercado de trabalho no entorno do CIPP -

Volume II: dinâmica recente

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Mais de Mais de Mais de Mais de

1 a 3 SM 3 a 5 SM 5 a 7 SM 7 a 10 SM

Caucaia

2010 3.183 21.215 2.610 478 233 290

2015 3.153 32.085 5.448 1.641 657 855

S. G. Amarante

2010 466 5.458 1.257 265 180 146

2015 759 8.625 2.613 958 551 775

Paracuru

2010 710 2.625 149 89 32 121

2015 307 2.731 314 74 34 136

Paraipaba

2010 1.052 2.096 76 40 8 12

2015 703 2.393 310 25 9 7

Pentecoste

2010 723 1.803 122 14 18 12

2015 492 3.502 231 38 221 35

S. Luís do Curu

2010 289 621 15 7 8 10

2015 60 482 58 2 1 0

Trairi

2010 686 1.192 362 20 6 4

2015 336 2.272 402 41 23 26

Total

2010 7.109 35.010 4.591 913 485 595

2015 5.810 52.090 9.376 2.779 1.296 1.834

Município/Ano

Faixas de remuneração média anual

Até 1 SM Mais de 10 SM

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Apesar dessa constatação, atendo-se à faixa de mais de cinco salários, os números são positivos e apontam para uma melhoria salarial, pois a proporção de empregos gerados nessa faixa cresceu para 13,6%, em Caucaia, e para 26,0%, em São Gonçalo do Amarante, no referido período. Isto fez com que a participação destes empregos no estoque total fosse elevada de 3,6%, em 2010, para 7,2%, em Caucaia, em 2015, e de 7,6% para 16,0%, em São Gonçalo do Amarante. Por conseguinte, relativamente falando, havia duas vezes mais empregos com remuneração acima de cinco salários mínimos, em 2015, em ambos os municípios, o que deve ter contribuído efetivamente para a melhoria das condições de vida da população, precipuamente em um ano em que as estatísticas do mercado de trabalho apontam para uma retomada do desemprego e redução real dos rendimentos.

Traçando um perfil mais detalhado do nível médio de remuneração do emprego formal de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, a Tabela 2.6 apresenta valores da remuneração média de empregos formais de homens e mulheres, por setor de atividade e faixa etária, em 31 de dezembro de 2015, disponibilizando informações adicionais sobre a temática em questão com base nos dados da RAIS.

Tabela 2.6 - Remuneração média de empregos formais em 31/12 por sexo, segundo setor de atividade e faixa etária - Caucaia, São Gonçalo do Amarante - 2015

Fonte: Ministério do Trabalho/RAIS.

Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total

Setor de Atividade

Ext. Mineral 1.990,78 1.810,52 1.971,29 - - -

Ind. Transformação 1.627,54 1.236,84 1.536,12 4.315,99 2.610,16 4.029,52

Serviços Ind. de Utilidade Pública

5.159,79 3.410,45 4.950,78 5.872,35 4.062,46 5.702,30

Construção Civil 3.465,04 2.985,08 3.446,76 3.325,20 3.313,97 3.324,64

Comércio 1.313,59 1.137,98 1.242,10 1.215,82 1.023,22 1.114,13

Serviços 1.880,68 1.379,07 1.686,64 2.683,79 1.712,55 2.419,66

Adm. Pública 2.032,61 2.058,61 2.050,48 1.826,41 1.698,98 1.751,88

Agropecuária 996,89 1.243,97 1.039,04 1.599,70 1.086,46 1.535,26

Faixas de Idade

15 a 17 anos 587,61 597,91 590,95 700 610 628

18 a 24 anos 1.394,20 1.026,61 1.280,00 1.640,66 1.194,90 1.513,90

25 a 29 anos 1.875,02 1.415,81 1.724,01 2.640,01 1.944,94 2.444,00

30 a 39 anos 2.245,23 1.625,65 2.026,44 3.397,52 1.978,99 3.006,53

40 a 49 anos 2.608,67 1.881,00 2.309,65 3.962,93 2.057,62 3.421,07

50 a 64 anos 2.794,20 2.087,01 2.512,69 5.068,80 2.078,60 4.243,54

65 anos e mais 2.369,36 2.553,94 2.435,86 6.877,90 2.113,55 5.880,71

Total 2.119,88 1.610,01 1.937,85 3.276,81 1.873,20 2.884,24

CategoriasCaucaia São Gonçalo do Amarante

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A partir dessas análises, algumas constatações são evidentes: 1) o nível médio de remuneração do emprego formal vigente em São Gonçalo do Amarante (R$ 2.884,24) foi 48,8% mais elevado que o de Caucaia (R$ 1.937,85); 2) esta superioridade se manifestou independentemente do sexo e da idade dos empregados e foi observada em quase todos os setores econômicos; 3) nos dois municípios, a média salarial feminina é inferior à masculina, especialmente em São Gonçalo, onde os homens percebem uma média de salário 74,9% mais elevada; 4) em São Gonçalo a desigualdade salarial entre homens e mulheres cresce substancialmente com a idade; 5) as maiores médias salariais de Caucaia ocorreram nos serviços industriais de utilidade pública (R$ 4.950,78) e na construção civil (R$ 3.446,76), independente de sexo. Em São Gonçalo, as maiores médias salariais foram registradas nos serviços industriais de utilidade pública (R$ 5.702,30), seguidos pela indústria de transformação (R$ 4.029,52), dentre outras constatações.

No intuito de apresentar alguns números do mercado de trabalho regional referentes a 2016, retratando uma conjuntura mais recente, mesmo porque foi o segundo ano consecutivo de retração da atividade econômica nacional (-3,5%) e estadual (-5,3%), o que fez com que as taxas de desemprego atingissem recordes históricos⁸, utilizar-se-á como fonte de informação o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), outro registro administrativo do Ministério do Trabalho, cujas estatísticas se referem apenas aos empregos celetistas, posto que os dados da RAIS/2016 ainda não estão disponíveis.

Repercutindo a conjuntura econômica adversa de 2016, o Brasil eliminou 1,33 milhão de empregos com carteira assinada nesse ano, movimento observado em todas as regiões e unidades federativas do País, registrando saldo negativo pelo segundo ano seguido.

O mesmo aconteceu no Estado do Ceará, onde foram suprimidos 37,5 mil empregos formais - fruto de 400,6 mil admissões e 438,1 mil desligamentos -, destacando-se setorialmente a construção civil (-14.850 empregos, ou 39,6%), a indústria de transformação (-9.688, ou 25,8%) e o comércio (-6.944, ou 18,5%). Portanto, de cada dez empregos extintos, sete foram no setor secundário, até porque a indústria de transformação e a construção civil foram os setores mais atingidos pela crise econômica atual.

Referindo-se ao entorno do CIPP, no agregado dos sete municípios, o saldo de emprego também foi negativo (-7,3 mil empregos) em 2016, resultante de um número de desligamentos (29,1 mil) superior ao de admissões (21,8 mil). Caucaia, onde o total de desligamentos superou em 29,4% o de admissões, com 3,8 mil empregos a menos, e São Gonçalo do Amarante, com desligamentos superando as admissões em 59,0%, eliminando 3,3 mil empregos, foram os grandes responsáveis pelo resultado final de 2016, impactando em 97,3% o resultado global, mesmo porque são as maiores economias da região (Tabela 2.7).

⁸A taxa de desemprego das pessoas de 14 anos ou mais de idade cresceu de 9,0% para 12,0% da população economicamente ativa no Brasil e de 9,0% para 12,4% no Ceará, entre o 4º trimestre de 2015 e o 4º trimestre de 2016, com contingentes de desempregados de pouco mais de 12,3 milhões e de 484 mil pessoas, respectivamente, de acordo com a PNAD Contínua, do IBGE.

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Tabela 2.7 – Número de admissões, desligamentos e de empregos gerados por municípios selecionados – Municípios do entorno – 2016 (Com ajustes)

Fonte: Ministério do Trabalho/CAGED.

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Caucaia 12.948 16.748 -3.800

S. G. do Amarante 5.601 8.903 -3.302

Paracuru 712 763 -54

Paraipaba 863 978 -115

Pentecoste 673 660 13

São Luis do Curu 47 125 -78

Trairi 917 886 31

Total 21.761 29.063 -7.302

Estado do Ceará 400.591 438.090 -37.499

MunicípiosNúmero de Admissões

Número de Desligamentos

Saldo de Emprego

Para esta performance muito contribuiu a construção civil, pois fechou 3,8 mil empregos em Caucaia e 2,6 mil em São Gonçalo, totalizando 6,4 mil empregos a menos, o equivalente a 90,6% dos 7,1 mil empregos subtraídos nos dois municípios, no ano em questão. O ocorrido, em grande medida, deve estar associado às conclusões das obras de construção da Companhia Siderúrgica Nacional do Pecém (CSP), instalada na Zona de Processamento de Exportação cearense, o que parece ter afetado também a oferta de emprego no comércio de Caucaia (-431empregos) e nos serviços industriais de utilidade pública de São Gonçalo (-1.714) (Tabela 2.8).

Tabela 2.8 - Número de admissões, desligamentos e de empregos gerados por setor de atividade - Caucaia, São Gonçalo do Amarante - 2016

Saldo de Emprego

Ext. Mineral 178 349 -171 - - -

Ind. Transf. 4.181 3.649 532 1.667 1.168 499

Serv. Ind. Utilidade Pub. 141 60 81 444 2.158 -1.714

Const. Civil 1.862 5.676 -3.814 1.640 4.262 -2.622

Comércio 3.244 3.675 -431 381 400 -19

Serviços 3.308 3.289 19 1.417 848 569

Agropecuária 34 50 -16 52 67 -15

Total 12.948 16.748 -3.800 5.601 8.903 -3.302

Saldo de Emprego

Número de Desligamentos

Setor de atividade

Caucaia São Gonçalo do Amarante

Número de Admissões

Número de Admissões

Número de Desligamentos

Fonte: Ministério do Trabalho/CAGED.

Ainda versando sobre a mesma temática, as Tabelas 2.9 e 2.10 trazem informações adicionais que quantificam o salário médio de admissão dos empregados com carteira assinada de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, além dos números de trabalhadores admitidos e desligados e do saldo de emprego (empregos gerados) para cada uma das vinte ocupações que mais geraram empregos, em 2016, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho.

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP -

Volume II: dinâmica recente

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Em Caucaia o destaque ficou por conta da ocupação de alimentador de linha de produção, destacadamente a ocupação mais demandada do município em 2016, com 759 novos empregos e um salário de admissão de R$ 1.125,90. Em São Gonçalo do Amarante, sobressaíram as ocupações de carregador (veículos de transportes terrestres), pedreiro (material refratário) e motorista de caminhão (rotas regionais e internacionais), com 145, 141 e 125 empregos gerados e salários médios de admissão de R$ 908,02, R$ 1.654,31 e R$ 1.451,78, respectivamente.

Tabela 2.9 - Salário médio de admissão, número de admissões, desligamentos e de empregos gerados das vinte ocupações com os maiores saldos de emprego - Caucaia - 2016

Alimentador de linha de produção 1.125,90 1.398 639 759

Inspetor de qualidade 1.749,65 104 32 72

Frentista 905,65 207 156 51

Motorista de carro de passeio 1.423,60 168 133 35

Ajudante de motorista 952,21 230 196 34

Auxiliar nos serviços de alimentação 910,4 160 129 31

Ajudante de confecção 893,3 53 25 28

Recepcionista, em geral 888,91 120 93 27

Assistente administrativo 929,99 372 345 27

Auxiliar de serviços jurídicos 1.320,31 52 27 25

Técnico em secretariado 1.476,23 26 5 21

Mestre (indústria de celulose, papel e papelão)

3.311,38 24 5 19

Comerciante atacadista 930,29 42 23 19

Auxiliar de desenvolvimento infantil 798,93 30 11 19

Técnico de garantia da qualidade 6.031,52 23 5 18

Trabalhador da manutenção de edificações

993,18 96 78 18

Porteiro de edifícios 944,49 71 54 17

Despachante documentalista 1.110,72 47 30 17

Técnico de manutenção elétrica 2.328,86 22 6 16

Trabalhador de serviços de limpeza e conservação de áreas públicas

858,74 38 22 16

OcupaçõesSalário médio de

admissãoNúmero de admissões

Número de desligamentos

Saldo de emprego

Fonte: Ministério do Trabalho/CAGED.

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Tabela 2.10 - Salário médio de admissão, número de admissões, desligamentos e de empregos gerados das vinte ocupações com os maiores saldos de emprego - São Gonçalo do Amarante - 2016

Fonte: Ministério do Trabalho/CAGED.

Número de 

desligamentos

Carregador (veículos de transportes terrestres)

908,02 170 25 145

Pedreiro (material refratário) 1.654,31 247 106 141

Motorista de caminhão (rotas regionais e internacionais)

1.451,78 290 165 125

Mecânico de manutenção de máquinas, em geral

2.133,75 252 156 96

Trabalhador da manutenção de edificações

915,76 101 23 78

Auxiliar de Serviços de Importação e Exportação

975,07 88 11 77

Eletricista de Manutenção Eletroeletrônica

2.394,08 99 33 66

Operador de Transporte Multimodal 1.243,07 60 9 51

Assistente Administrativo 1.445,39 187 150 37

Técnico mecânico 3.317,76 51 16 35

Operador de Carregadeira 1.893,10 40 7 33

Escarfador 2.049,87 39 10 29

Técnico de Manutenção Elétrica 3.700,51 39 15 24

Alimentador de linha de produção 971,87 159 137 22

Mecânico de manutenção e instalação de aparelhos de climatização e refrigeração

1.152,52 29 8 21

Vendedor de comercio varejista 902,05 58 40 18

Técnico de manutenção eletrônica 2.319,00 24 6 18

Operador de empilhadeira 1.173,40 35 20 15

Operador de aciaria (recebimento de gusa)

1.278,57 28 13 15

Operador de centro de controle 2.085,71 21 6 15

Ocupações Salário médio de admissão

Número de admissões

Saldo de emprego

34

O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Fazendo-se a ressalva de que o CAGED não contempla o emprego estatutário, diante desse novo cenário do emprego formal no entorno do CIPP, delineado pela crise econômica que perpassou os anos de 2015 e 2016, apesar de todos os avanços sociais e econômicos da região, como o crescimento da remuneração média do emprego formal no entorno, em Caucaia, e mais destacadamente em São Gonçalo do Amarante, fica muito evidente que o processo de estruturação do mercado de trabalho local, propiciado pela oferta de emprego com registro em carteira em elevação até 2015, parece ter apresentado problema de continuidade em 2016.

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Isto foi explicitado pelo número de trabalhadores desligados maior do que o de admitidos, repercutindo a perda de dinamismo da geração de empregos com carteira assinada na região em 2015, quando a expansão do emprego foi bem mais lenta, e mais enfaticamente em 2016, quando decresceu o nível de emprego formal, posto que o número de trabalhadores desligados superou o de admitidos. Mesmo assim, naquele ano, quando deteve o maior estoque de empregos formais desde 2010 (73,5 mil empregos), a região respondia por 4,8% do total de empregos formais existentes no Estado do Ceará.

Em compensação, as informações sobre o nível de remuneração do emprego formal até 2015 indicam que as melhorias salariais dos empregados perduraram até esse ano, em face de proporções maiores de empregados percebendo acima de cinco salários mínimos, o que deve ter elevado a remuneração média dos empregados, por exemplo.

No próximo módulo do estudo, são trabalhadas estatísticas diversas do mercado de trabalho urbano do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante, geradas pela Pesquisa Emprego e Desemprego na região metropolitana de Fortaleza (PED/RMF), atualizando as séries históricas com dados mais recentes de 2016, além de possibilitar investigações mais verticalizadas dos impactos negativos da retração econômica atual sobre o mercado de trabalho regional, onde a expressiva elevação do desemprego é a principal evidência.

Foto: Marcos Studart / Governo do Ceará

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3.�INDICADORES�DO�MERCADO�DE�TRABALHO�URBANO�DA�REGIÃO

Conforme citação anterior, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) está situado nos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, no litoral oeste cearense. Esta assertiva vem justificar a escolha desses municípios, dentre os inquiridos pela Pesquisa de Emprego e Desemprego da região metropolitana de Fortaleza (PED/RMF), para avaliarem-se, detidamente, os principais indicadores do mercado de trabalho urbano da região, especialmente os relativos à disponibilidade de mão de obra, geração de emprego, desemprego e remuneração do trabalho. Por conseguinte, as estatísticas trabalhadas a seguir retratam a realidade laboral urbana dos dois municípios arrolados, envolvendo as duas sedes municipais e respectivos distritos urbanos, nos anos de 2009 a 2016, e não a realidade laboral dos municípios como um todo.

Apesar de apresentadas séries históricas desde 2009, as análises estão mais voltadas para os últimos três anos, quando houve significativa deterioração do mercado de trabalho nacional, alterando as trajetórias dos seus principais indicadores observadas até 2014, resultante da crise econômica que se instalou no País desde meados de 2014.

Inicialmente, traçando um pano de fundo, tomando-se por base a dinâmica recente do mercado de trabalho da região metropolitana de Fortaleza (RMF), este, a exemplo do ocorrido em 2015, apresentou nova retração em 2016, refletindo a conjuntura econômica recessiva vigente no País desde meados de 2014. O nível ocupacional declinou pelo segundo ano seguido e a taxa de desemprego total cresceu de forma mais intensa e generalizada em 2016, registrando os mais elevados patamares de desemprego da série histórica (anual) da pesquisa iniciada em 2009, nos últimos dois anos. Esse menor dinamismo afetou a remuneração dos trabalhadores, pois diminuiu mais especificamente o rendimento médio real dos ocupados, conforme já acontecera em 2015. Ao se ater aos assalariados, houve relativa estabilidade do salário médio real (IDT, 2017).

Em face dessa conjuntura, o nível de ocupação da RMF decresceu mais intensamente (-4,9%, eliminando 82 mil postos de trabalho), a taxa de desemprego, que era de 7,6% (141 mil desempregados), em 2014, cresceu novamente para 13,1% (241 mil), em 2016, e o rendimento médio real dos ocupados decresceu 3,0% (R$ 1.313), no mesmo ano, tendo-se como referência o ano anterior, constatações que deixam ressaltar o difícil momento do mercado de trabalho local, com o número de desempregados e a taxa de desemprego quase duplicando nos últimos dois anos e alcançando recordes históricos em 2016, o que aponta para um grave problema de oferta de emprego na RMF, a exemplo do ocorrido em âmbito nacional.

Focando a análise no aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante, sua população urbana estimada cresceu de 347 mil pessoas, em 2015, para 366 mil, em 2016, sendo 311 mil com 10 anos ou mais de idade, dimensionando a sua população em idade ativa ou em idade de trabalhar (PIA, a força de trabalho potencial). A força O mercado de trabalho

no entorno do CIPP - Volume II:

dinâmica recente

37

3.1.�FORÇA�DE�TRABALHO,�OCUPAÇÃO�E�DESEMPREGO

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

de trabalho efetiva local (população economicamente ativa composta por pessoas trabalhando e/ou efetivamente em busca de trabalho) contabilizara 174 mil indivíduos, dos quais 146 mil ocupados e 28 mil desempregados, mais que o dobro do estimado para 2014 (13 mil), resultado de dois anos consecutivos de crescimento do desemprego. Por sua vez, o número de ocupados retrocedeu ao patamar de 2011(147 mil), como já sucedido em 2014 e 2015 (Tabela 3.1).

Tabela 3.1 - Estimativas médias anuais de segmentos populacionais selecionados - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2009 - 2016 (Em 1.000 pessoas)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

Variáveis 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

População Total 318 325 332 351 348 327 347 366

População em Idade Ativa 257 274 282 297 299 285 298 311

População Economicamente Ativa 145 156 163 168 168 160 162 174

População Ocupada 127 140 147 153 153 147 147 146

População Desempregada 18 16 16 15 15 13 15 28

População Inativa 112 118 119 129 131 125 136 137

Independente do segmento populacional, com exceção dos ocupados, cujo contingente decresceu ligeiramente em 2016, as estimativas para esse ano assumem os maiores valores desde 2009. Oportuno destacar que, no período de 2009 a 2016, o número de desempregados (6,5% a.a, ou mais 1,4 mil/ano) cresceu em uma velocidade bem maior do que a do conjunto dos ocupados (2,0% a.a, ou 2,7 mil/ano) e dos economicamente ativos (2,6% a.a, ou 4,1 mil/ano), concluindo-se que o crescimento da população economicamente ativa (PEA) foi induzido por uma ampliação mais rápida do número de pessoas em busca de trabalho do que pela elevação das oportunidades de trabalho, mesmo porque o contingente de ocupados se mostrou em relativa estabilidade, nos últimos três anos.

Importante inclusive a constatação de que, no transcurso do mesmo período, tanto a população em idade ativa (2,8% a.a) quanto à população economicamente ativa (2,6% a.a) cresceram mais rapidamente do que a população residente no aglomerado Caucaia/São Gonçalo (2,0% a.a), assegurando uma oferta de mão de obra cada vez mais numerosa, podendo resultar em pressões adicionais sobre os indicadores de desemprego. Isto demonstra que o quantitativo de trabalhadores (oferta de força de trabalho) tem crescido mais aceleradamente do que a população residente. Em 2009, 80,8% da população total do referido aglomerado era composta por pessoas em idade de trabalhar (10 anos e mais), percentagem esta que se expandiu até 2014 (87,2%), decrescendo desde então, quando 85,0% da população total era composta por indivíduos em idade de trabalhar em 2016, o que reforça a referida constatação.

Nessas condições, a taxa de participação, indicador medido pela razão entre a PEA e PIA, ou seja, mede a parcela da PIA incorporada ao mercado de trabalho como ocupada ou desempregada, foi estimada em 56%, em 2016, querendo dizer que 56% da população em idade ativa do aglomerado estava efetivamente pressionando o mercado de trabalho, quer na condição de ocupado e/ou em busca de trabalho. De outra forma, 44% da PIA encontrava-se excluída do mercado, de alguma forma, subutilizada.

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP -

Volume II: dinâmica recente

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Complementarmente, a aferição da taxa de participação de alguns segmentos da população ilustra a desigualdade de inserção e/ou a seletividade desse mercado de trabalho. Em 2016, a taxa de participação masculina (66,3%) supera a feminina em quase 20 p.p, a da força de trabalho de 30 a 59 anos (73,1%) é bem mais elevada que a taxa juvenil de 15 a 29 anos (58,5%) e esse indicador cresce com a escolaridade, posto que a taxa daqueles com escolaridade de nível médio completo ou mais (74,4%) é quase duas vezes maior que a dos com escolaridade de até o fundamental incompleto (38,3%) (Tabela 1 do Anexo).

Refletindo essa realidade e identificando aspectos relevantes da composição da força de trabalho do aglomerado, como características principais da população e co n o m i c a m e nte at i va l o c a l , p e rce b e m - s e u m a fo rç a d e t ra b a l h o predominantemente masculina (56,8%); que os adultos de 30 a 59 anos de idade vêm ganhando espaço, em detrimento da mão de obra juvenil (15 a 29 anos), posto que seis de cada dez indivíduos economicamente ativos são adultos; metade dela possui instrução de nível médio completo ou mais (50,5%), proporção crescente ao longo dos anos, na medida em que era quase sete pontos percentuais menor, em 2009; mesmo assim, é uma força de trabalho com significativa e crescente fração de trabalhadores fora das salas de aula (91,8%); enquanto quase metade da PEA local é composta de chefes de família (45,7%), os cônjuges respondem por cerca de 22,0% de sua composição e cerca de 8,0% dessa força de trabalho é constituída por não cearenses, indivíduos com o último local de residência em outro estado ou país, segundo a PED/RMF (Tabelas 2 e 3 do Anexo).

Em síntese, a força de trabalho do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante é majoritariamente cearense, masculina, adulta e composta por chefes de família, com avanços na escolaridade, embora expressiva maioria não frequenta a escola. Estas também são as principais características da população ocupada da região. Concomitante a tais evoluções, de forma discreta, ampliou-se também a população não economicamente ativa (pessoas em idade de trabalhar que estavam fora do mercado de trabalho), repercutindo o incremento da população de 10 anos ou mais de idade (PIA), que foi acrescida de cerca de 13 mil pessoas, das quais 12 mil fomentaram o incremento da PEA e 1 mil foi para os inativos, em 2016 (Tabela 3.1).

Acrescente-se ainda que, em 2015, o mercado de trabalho urbano do aglomerado Caucaia/São Gonçalo registrou a mais elevada taxa de inatividade (45,7%), assim como 2016 apresentou o maior número absoluto de inativos (137 mil), pessoas de dez anos ou mais de idade fora do mercado de trabalho, desde 2009, possivelmente decorrente da perda de dinamismo da economia local, em um momento de retração da economia nacional, com queda dos investimentos produtivos, o que afeta sobremaneira as economias estaduais, mesmo que o Ceará tenha mantido a posição de um dos estados com maior volume de investimentos do País⁹, nos últimos anos.

⁹ “O Ceará foi o Estado com melhor situação fiscal e líder em investimentos entre todas as unidades federativas do Brasil em 2016, tendo garantido 11,1% da receita líquida estadual para esse fim, de acordo com o ranking da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). [...] Além de ter atingido o maior investimento, o Estado do Ceará também destinou apenas 49,3% da receita líquida do ano passado em gasto com pessoal, respeitando o limite de 60% da Lei de Responsabilidade Fiscal [...].” (CE ..., 2017).

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

As variações anuais do Produto Interno Bruto revelam mais claramente esta conjuntura. Em 2015, a economia nacional registrou retração da ordem de 3,8% e a cearense, de 3,5%, após um período de robusto crescimento da economia estadual, nos anos de 2010 a 2014, quando houve expansão de um mínimo de 3,4%, em 2013, a um máximo de 8,0%, em 2010. No ano seguinte, a economia brasileira encolheu 3,6% e a do Estado do Ceará, 5,3%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o equivalente a um encolhimento acumulado da economia cearense de cerca 9,0%, no biênio 2015/2016.

Esta crescente inatividade pode indicar que uma parcela cada vez maior da população em idade de trabalhar está sendo subutilizada em sua capacidade produtiva, posto que, no biênio 2015/2016, ocorreram os maiores patamares de inatividade desde 2009, além do que esta mão de obra que está excluída do mercado de trabalho, mesmo que temporariamente, tem incrementado sua escolaridade, pois é continuamente crescente a fração de inativos com instrução de nível médio incompleto ou mais. Esta cresceu ininterruptamente de 19,6%, em 2009, para 30,0%, em 2015, chegando a 30,7%, em 2016. Consequentemente, a conjuntura atual do mercado de trabalho local, além do desemprego mais intenso, como é visto a seguir, está fomentando uma maior subutilização da força de trabalho local, em que se insere até mesmo a mão de obra um pouco mais escolarizada, fruto de oportunidades de trabalho que não evoluíram favoravelmente na região, no biênio 2015/2016.

Este universo de inativos da região tem como principais integrantes os estudantes (38,6%), as pessoas que cuidam dos afazeres domésticos (26,1%), os aposentados ou pensionistas de órgãos previdenciários (15,5%), aqueles que vivem da ajuda de parentes e/ou conhecidos (11,6%), dentre outros de menor representatividade, perfil muito similar ao delineado em 2015.

Depois de estabilizado em 147 mil pessoas, em 2014 e 2015, retrocedendo ao patamar de 2011, conforme já enfatizado, houve discreta redução do número de pessoas ocupadas para 146 mil, em 2016, enquanto o número de desempregados, após alcançar um mínimo de 13 mil indivíduos em 2014, cresceu intensamente em 2016 (28 mil desempregados). O incremento no total de desempregados (86,7%, ou mais 13 mil) nesse ano refletiu a inserção de 12 mil pessoas no mercado de trabalho da região, pessoas que passaram a ofertar sua força de trabalho, o que foi reforçado pelo ligeiro decréscimo do número de pessoas ocupadas, ilustrando o descompasso existente entre a oferta e a demanda de trabalho na atualidade.

Corroborando a diminuição do número absoluto de ocupados, houve declínio do nível ocupacional em 2016, como proporção da população em idade ativa (PIA), estimado que foi em 47,0% da PIA, sinalizado pela menor taxa de ocupação desde 2009, após relativa estabilidade no triênio 2012/2014. Assim, configurando uma nítida reversão da tendência de expansão das oportunidades de trabalho, quando visto sob a ótica da taxa de ocupação, o nível de ocupação regional de 2015 (49,2%) já se assemelhava ao de 2009 (49,2%), situação que se deteriorou ainda mais em 2016 (47,0%), dada a menor taxa de ocupação da série histórica da PED/RMF iniciada em 2009 (Tabela 3.2).

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP -

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Tabela 3.2 - Principais indicadores do mercado de trabalho - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2009 - 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Cálculo elaborado pelo autor. Considerou-se a taxa de ocupação como sendo a relação entre o número de pessoas ocupadas e a população em idade ativa.

2009 56,3 43,7 49,2

2010 57,1 42,9 51,3

2011 57,9 42,1 52,1

2012 56,6 43,4 51,4

2013 56,3 43,7 51,1

2014 56,3 43,7 51,8

2015 54,3 45,7 49,2

2016 56,0 44,0 47,0

Ano Taxa de Participação Taxa de Inatividade Taxa de Ocupação 1

Verticalizando um pouco a análise do declínio do nível ocupacional, os números da Tabela 3.3 registram, para 2016, as menores taxas de ocupação desde 2009, extensivas a todos os segmentos populacionais, isto é, a queda recente no nível de ocupação da região ocorreu independente de sexo, idade ou escolaridade da força de trabalho. As quedas mais intensas verificaram-se entre os mais jovens (15 a 29 anos) (10,6 p.p) e os mais escolarizados (médio completo ou mais) (9,0 p.p).

Tabela 3.3 - Taxa de ocupação1 por sexo, faixa etária e escolaridade - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Cálculo elaborado pelo autor. Considerou-se a taxa de ocupação como sendo a relação entre o número de pessoas ocupadas e a população em idade ativa. (2) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Variáveis 2014 2015 2016

Sexo

Homens 62,7 60,1 56,1

Mulheres 41,6 39,4 38,6

Faixa Etária

15 a 29 anos 51,5 47,3 40,9

30 a 59 anos 70,6 67,3 67,0

60 anos ou mais (2) (2) (2)

Escolaridade

Até fundamental incompleto 35,2 35,1 33,4

Fundamental completo e médio incompleto 52,6 46,9 46,2

Médio completo ou mais 70,9 66,8 61,9

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Os mesmos números ratificam os diferenciais existentes no acesso a uma oportunidade de trabalho, onde as mulheres, os mais jovens e os menos escolarizados apresentam maiores dificuldades, expressas por taxas de ocupação bem diferenciadas, conforme já explicitado na abordagem da taxa de participação. A taxa feminina (38,6%) é bem inferior à masculina (56,1%); no recorte por idade, o nível de ocupação juvenil (40,9%) mostra-se muito aquém do dos trabalhadores de 30 a 59 anos (67,0%); como também é o caso dos com instrução de até o fundamental incompleto (33,4%), taxa equivalente à quase metade da dos mais escolarizados (61,9%).

Nessa conjuntura, o comportamento da taxa de desemprego total no aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante mostrou-se em linha com o ocorrido na região metropolitana de Fortaleza, crescendo por dois anos seguidos (2015 e 2016), o que ocasionou perdas de parte dos avanços conquistados nos últimos anos, como a redução de 4,5 pontos percentuais na taxa de desemprego de 2009 a 2014. Este comportamento voltou a se repetir em 2016 com um incremento ainda mais substancial do desemprego local, que alcançou a marca recorde de 16,1%, superando o pico de 2009 (12,6%), quando a crise financeira internacional atingiu mais fortemente o País (Tabela 3.4).

Tabela 3.4 - Taxa de desemprego total por sexo - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2009 - 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT. (1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Estes números atestam que, atualmente, o nível de desemprego na região é significativo, situando-se acima da média de desemprego da região metropolitana de Fortaleza nos últimos oito anos, apesar da trajetória de queda até 2014, quando atingiu o mínimo de 8,1% da força de trabalho efetiva. Destaca-se ainda o forte crescimento em 2016, quando a taxa se mostrou duas vezes mais elevada, em apenas dois anos, superando o nível de desemprego da região metropolitana em 3 p.p., o que sugere um nível bem mais expressivo de ociosidade da força de trabalho local (Gráfico 3.1).

Ano Total Homens Mulheres

2009 12,6 11,2 14,3

2010 10,1 9,2 11,2

2011 10,1 8,1 12,5

2012 9,1 (1) 11,5

2013 9,2 (1) (1)

2014 8,1 (1) (1)

2015 9,3 (1) (1)

2016 16,1 15,4 17,1

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Grá�co 3.1 – Taxa de desemprego total – Região Metropolitana de Fortaleza e Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante – 2009 – 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

11,4

9,48,9 8,9

8,07,6

8,6

13,1

12,6

10,1 10,1

9,1 9,2

8,1

9,3

16,1

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

RMF Aglomerado Caucaia/S.Gonçalo

Para que se tenha uma melhor compreensão do comportamento do desemprego nos últimos anos, é oportuno que as considerações feitas anteriormente sobre a taxa de desemprego sejam complementadas pela avaliação da desagregação dos fatores determinantes da variação da referida taxa, assim como das flutuações desses determinantes ao longo do tempo, mais precisamente de 2010 a 2016.

Segundo metodologia desenvolvida pelo Banco Central, foram considerados três determinantes da variação da taxa de desemprego: efeitos associados à população ocupada, à população em idade ativa e à taxa de atividade¹⁰ Esses efeitos foram mensurados a partir das definições conceituais de população em idade ativa ⁽pessoas de ¹⁰ anos ou mais de idade⁾ população ocupada que retrata o comportamento global do nível de emprego; taxa de desemprego dada pela relação entre o número de desempregados e a população economicamente ativa ⁽pessoas de ¹⁰ anos ou mais de idade ocupadas e/ou em busca efetiva por trabalho⁾; e taxa de participação ⁽proporção de pessoas de ¹⁰ anos ou mais de idade que trabalham e/ou buscam trabalho na população de ¹⁰ anos ou mais ou a relação PEA/PIA⁾

Nesse particular,

¹⁰Banco Central do Brasil. Relatório de Inflação de setembro de 2014, p. 16-18.

“[...] a variação da taxa de desocupação é aproximadamente a soma do resultado de três efeitos: a) o efeito relacionado à população ocupada (efeito PO), ou o comportamento do nível de emprego, tendo este evoluído de acordo com a política econômica praticada pelo Governo Federal, e que por natureza é inverso ao comportamento da desocupação, uma vez que aumentos da ocupação levam à redução do número de desocupados e da taxa de desocupação; b) o efeito devido à população em idade ativa (efeito PIA), que responde às variações demográficas tendo em vista a transição demográfica em curso, e que é direto, pois sua elevação

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

(queda) gera acréscimos (decréscimos) na taxa de desocupação, e; c) o efeito da taxa de participação, ou taxa de atividade (efeito TP), relacionado à pressão exercida pela oferta de trabalho, que varia segundo a opção dos trabalhadores quanto à inserção no mercado de trabalho ou pela inatividade. A exemplo do anterior, também age de maneira direta sobre a taxa de desocupação, elevando-a quando aumenta e reduzindo-a quando cai.” (JUNIOR, 2016, p.5)

O Gráfico 3.2 apresenta a variação anual da taxa de desemprego, assim como a sua decomposição segundo os efeitos das variações anuais do nível de ocupação, da população em idade ativa e da taxa de participação. Efeitos situados abaixo do eixo das abscissas contribuem para reduzir a taxa de desemprego, o oposto ocorrendo com aqueles posicionados acima do mesmo eixo. De sua análise pormenorizada seguem as conclusões a seguir, que objetivam esclarecer, pelo menos em boa medida, o crescimento do desemprego no aglomerado Caucaia/São Gonçalo nos últimos dois anos, informações de suma importância para a elaboração de políticas públicas do trabalho e adoção de estratégias que minorem os impactos sociais do desemprego.

Inicialmente, constata-se que, nos anos de 2010 a 2012, a crescente oferta de vagas no mercado de trabalho possibilitou que os efeitos associados à população ocupada (Efeito PO) contribuíssem para diminuir o desemprego na região, mais do que compensando a contribuição oriunda do crescimento da população em idade ativa (Efeito PIA), particularmente em 2010 e 2011, quando a crescente oferta de emprego pressionou a taxa de desemprego para baixo. Este tipo de contribuição do maior número de empregos não se fez presente nos anos seguintes, muito pelo contrário, em que se destaca o ocorrido em 2014, quando a redução de oportunidades de trabalho favoreceu a elevação do desemprego. Dessa vez, este movimento foi atenuado pela evolução da população em idade ativa, que registrou sua única variação negativa do período (Gráfico 3.2).

Grá�co 3.2 - Decomposição da taxa de desemprego - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2010 - 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT. Elaboração do autor.

-2,16

-0,44-0,89

0,00-0,80

1,13

6,83

-10,00

-8,00

-6,00

-4,00

-2,00

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Efeito Taxa Par�cipação Efeito PIA Efeito PO Var. Taxa Desemprego

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Volume II: dinâmica recente

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De fato, observa-se que o efeito demográfico – expresso pela variação anual da população em idade ativa - tem contribuído para incrementar a taxa de desemprego em quase todos os anos analisados, exceto em 2014, papel que é reforçado em 2015 e 2016. Números da PED/RMF evidenciaram que a população em idade ativa (10 anos ou mais) do aglomerado cresceu 2,8% a.a, entre 2009 e 2016. Ademais, considerações anteriores sobre o crescimento populacional e mudanças na estrutura etária das populações do entorno do CIPP mostraram que, em Caucaia e São Gonçalo do Amarante, mostrou-se crescente a proporção de pessoas com 15 a 24 anos de idade, enquanto declinara a proporção daqueles com até 14 anos, entre 2000 e 2010, transformações certamente associadas ao processo de transição demográfica vivenciado por esses municípios.

Com referência à influência da taxa de participação, passados cinco anos, ela volta a alimentar a taxa de desemprego em 2016, elevando a pressão sobre o mercado de trabalho, após ter contribuído para amenizá-la em 2015. Fato é que, em decorrência das reduções da ocupação e do rendimento médio real do trabalho, a oferta de mão de obra volta a crescer objetivando complementar a renda familiar, em 2016. Similar a PIA, a população economicamente ativa regional avançou 2,6% a.a, nos anos de 2009 a 2016. Utilizando-se de metodologia apresentada pelo Banco Central¹¹, onde a população economicamente ativa é decomposta em três componentes (população total, taxa de suporte e taxa de atividade), chegou-se à conclusão de que este crescimento da PEA (2,6% a.a) foi demasiadamente impulsionado pelo crescimento da população, que contribuiu com 2 p.p.. Em outras palavras, entre 2009 e 2016, o crescimento da população total do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante contribuiu com 2 p.p para o incremento médio anual de 2,6% da população economicamente ativa da região. Assim, 76,9% da variação média anual da população economicamente ativa pode ser explicada pelo crescimento populacional, explicitando os efeitos demográficos sobre a PEA e, consequentemente, sobre as taxas de desemprego.

Mais recentemente, constata-se que 2016 foi o único ano da série estudada onde os três efeitos determinantes da evolução da taxa de desemprego influenciaram positivamente o crescimento desse indicador, o que justifica a forte elevação da taxa nesse ano e sua duplicação frente a 2014. Por isso mesmo, o maior desvio da taxa de desemprego em relação ao eixo das abscissas ocorreu em 2016, na medida em que todos os três efeitos pressionaram positivamente a taxa de desemprego. Em 2015, prevaleceu o efeito demográfico, ao qual se associaram os efeitos da taxa de participação e, em menor medida, o da ocupação, em 2016, quando todos os três efeitos convergiram para incrementar o desemprego. Em todos os demais anos, um ou dois determinantes registraram impactos negativos, que reduziram ou atenuaram a elevação da taxa de desemprego, a exemplo da influência da taxa de participação em 2015.

Quer-se explicitar que o robusto crescimento do desemprego em 2016 foi fomentado por todos os três efeitos que buscam elucidar as variações desse indicador, ou seja, o desemprego local cresceu forte nesse ano em virtude de uma população em idade de trabalhar cada vez mais numerosa (efeito demográfico), da maior oferta efetiva de mão de obra (crescente taxa de participação), tudo associado a um menor nível de ocupação (subtração de oportunidades de trabalho).

¹¹Boletim Regional do Banco Central do Brasil, outubro de 2012, p. 95–99.

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Importante esclarecer que os dois primeiros efeitos impactaram bem mais no crescimento da taxa de desemprego em 2016, sendo influências determinantes desse crescimento, dado que a contribuição da queda da ocupação foi residual. Mesmo assim, é preocupante a ausência do efeito da ocupação ou do nível de emprego como atenuador do crescimento do desemprego local desde 2013.

Nessas circunstâncias, com a perda de dinamismo do mercado de trabalho local, a procura por trabalho passou a demandar cada vez mais tempo do trabalhador, como atestam as magnitudes dos indicadores médio e mediano a seguir. O tempo médio de procura, que se apresentava cada vez menor entre 2009 (38 semanas) e 2014 (24 semanas), voltou a crescer em 2015 (24 semanas) e, com bem mais intensidade, em 2016 (36 semanas), o equivalente a um período de 9 meses à procura de trabalho. Idêntico comportamento foi constatado entre os jovens de 15 a 29 anos de idade e aqueles com escolaridade de nível médio incompleto ou mais (Gráfico 3.3).

Grá�co 3.3 – Tempo médio de procura por trabalho, segundo segmentos selecionados – Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante – 2009 – 2016 (Em semanas)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

Complementarmente, o tempo mediano, que também se mostrara em declínio até 2014 (10 semanas), cresceu para 17 semanas, em 2015, e, de forma substancial, para quase 26 semanas, no ano seguinte, significando dizer que metade dos desempregados estava em busca de trabalho por um período de seis meses e meio ou mais. Nesse particular, cabe lembrar que, no que concerne ao recebimento do seguro-desemprego, o número de parcelas varia de cinco a seis, dependendo do tempo de trabalho, e em decorrência do prolongamento recente do tempo de procura, o trabalhador fica alguns meses sem dispor dos recursos desse benefício e sem rendimento do trabalho.

O crescimento recente do desemprego independeu de sexo, observado que foi entre homens e mulheres, com taxas estimadas em 15,4% e 17,1%, respectivamente, em 2016, as mais expressivas da série histórica. Nesse ano, foram estimados 15,2 mil homens e 12,8 mil mulheres desempregados no aglomerado, com uma participação masculina crescente nos últimos anos, posto que, se em 2009 os homens somavam 49,8% dos desempregados, esta parcela cresceu para 54,2%, em 2016.

38,1

26,3

33,9

29,3

23,8 23,5 24,1

36,3

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Total 15 a 29 anos Médio incompleto ou mais

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Atendo-se ao desemprego feminino, as taxas de desemprego das mulheres são bem mais elevadas, embora sua participação no universo dos desempregados tenha se mostrado em queda, nos últimos três anos. Portanto, é evidente a maior exposição feminina ao desemprego, com a totalidade das taxas acima de 10%, isto é, o desemprego entre elas geralmente registra taxas de dois dígitos, sinalizando uma intensidade mais forte do indicador. No período de 2009 a 2015, em média, a taxa de desemprego das mulheres foi 37% mais elevada, diferença que mostrou maior magnitude no biênio 2011/2012 (acima de 50%), ilustrando que as taxas de desemprego feminino eram bem maiores que as taxas masculinas, no citado biênio. Mais recentemente, em 2016, com o crescimento do desemprego mais intenso entre os homens, a superioridade feminina diminuiu para 11,0%.

Detalhando um pouco mais a participação feminina no conjunto dos desempregados da região, apesar das taxas elevadas, essa participação tem decrescido nos últimos anos. Elas representavam 50,2% dos desempregados em 2014, proporção que decresceu para 49,4%, em 2015, e chegou a 45,8%, em 2016. Isto significa dizer que, apesar de o desemprego entre os homens ser menos intenso, eles vêm respondendo por parcelas cada vez maiores dos desempregados, notadamente nesse último ano.

Nos recortes por faixa etária e grau de instrução, a evolução do desemprego segue a mesma trajetória do indicador global, voltando a crescer em 2015 e 2016, após vários anos de declínio, similar ao diagnóstico por sexo, uma evidente sinalização de que a recente elevação do desemprego penalizou diversos segmentos da força laboral local, independendo de sexo, idade ou escolaridade do trabalhador, tal qual o ocorrido com os decréscimos do nível de ocupação.

Além do mais, é notória a heterogeneidade do desemprego entre as diversas faixas etárias, demonstrando que este problema econômico e social alcança dimensões preocupantes quando se refere à realidade juvenil, uma característica universal do indicador, notadamente em momentos de retração da atividade econômica, quando há uma maior exposição juvenil às atividades ilegais. Na verdade, na região, o desemprego na faixa de 15 a 29 anos é bem expressivo, pois a taxa juvenil é 3,3 vezes mais elevada que a daqueles com idade entre 30 e 59 anos, na média dos oito anos analisados.

A taxa de desemprego juvenil (15 a 29 anos) do aglomerado em questão, após registrar 20,2% em 2009, tem se situado na casa dos 17%, desde então, com discreta redução em 2013/2014, quando foi estimada em 15,0%. Já no ano seguinte, esse indicador retorna ao seu patamar histórico, com taxa de 17,4%, muito similar ao nível de 2010. Complementarmente, o desemprego entre os jovens de 15 a 29 anos atingiu a marca de 30,1%, em 2016, duas vezes maior que a de 2014 (15,0%), alcançando recorde histórico, a exemplo do indicador global (Tabela 3.5).

Portanto, a taxa de desemprego juvenil dobrou em dois anos, com taxa recorde em 2016, o que fez com que também fosse duplicado o número de jovens desempregados, que evoluiu de aproximadamente 8,9 mil, em 2014, para 19,2 mil jovens na condição de desempregado, em 2016, um indicativo das dificuldades que estes indivíduos vêm passando, no que concerne à obtenção de trabalho, mesmo porque sua participação na ocupação total vem declinando anualmente desde 2014, quando respondiam por 34,5% dos ocupados, até os 30,7% de 2016. E como já referido, as maiores dificuldades de sobrevivência das famílias e os obstáculos enfrentados pelos mais jovens na obtenção de trabalho os levam às atividades ilegais, como estratégias de sobrevivência, conforme citação anterior.

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Tabela 3.5 - Taxa de desemprego total por faixa etária - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2009 - 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Na faixa de 30 anos ou mais de idade, além de taxas bem inferiores à juvenil e do crescimento na margem, o desemprego apresentou-se relativamente estável, com o indicador levemente acima do estimado para 2009 (7,7%), atingindo cerca de 8,0% da população economicamente ativa de 30 anos ou mais, em 2016, uma estabilidade que se processa em patamar elevado. Apesar dessa relativa estabilidade, o número de desempregados dessa faixa etária também duplicou em dois anos, saltando de algo em torno de 4,1 mil desempregados, em 2014, para 8,8 mil, em 2016.

Fato é que o forte incremento na taxa de desemprego regional, nos últimos dois anos, muito influenciado por fatores demográficos, pela ligeira diminuição do nível ocupacional, que retrocedeu ao patamar de 2011, e pela inserção de doze mil pessoas no mercado de trabalho da região em 2016, incrementando a concorrência por um posto de trabalho, refletiu sobremaneira na elevação do desemprego entre os mais jovens (10,3 mil desempregados a mais), além da cotidianamente maior exposição juvenil ao desemprego. Assim, há fortes indícios de uma retomada e/ou intensificação da procura por trabalho especialmente dos mais jovens (15 a 29 anos de idade), no biênio 2015/2016, que pode também estar sendo impulsionada pelo ingresso de membros das famílias no mercado de trabalho com o objetivo de complementação da renda familiar.

Consistindo ainda mais esse cenário, os números de ocupados de 2016 demonstram que enquanto o nível de ocupação juvenil foi 11,6% menor que o de 2014, o adulto, 5,1% mais elevado, ou seja, comparativamente a 2014, contraiu a ocupação na faixa de 15 a 29 anos e, concomitantemente, expandiu um pouco a dos com 30 anos ou mais, o que pode ter transferido boa parte desses jovens para situações de desemprego (Gráfico 3.4). Em 2016, foram estimados aproximadamente 45 mil jovens ocupados, o menor contingente desde 2009, e 101 mil adultos, no aglomerado em questão.

Ano 15 a 29 anos 30 anos ou mais

2009 20,2 7,7

2010 17,4 (1)

2011 17,7 (1)

2012 16,9 (1)

2013 16,3 (1)

2014 15 (1)

2015 17,4 (1)

2016 30,1 8,0

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Grá�co 3.4 – Índice do nível de ocupação por faixas de idade – Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante – 2009 – 2016 (Base 2009 = 100)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

Tabela 3.6 - Taxa de desemprego total por grau de instrução - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2009 - 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.Nota: Justifica-se a adoção de apenas esses dois níveis de instrução por questões de representatividade amostral. (1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Esse comportamento global de desemprego em alta, devido a sua intensidade, parece independer da escolaridade do trabalhador. Essa trajetória é observada tanto entre os menos escolarizados (trabalhadores com até o nível fundamental completo) quanto os mais escolarizados (médio incompleto ou mais), com taxas recordes em ambos os casos. Entre os trabalhadores com escolaridade até o nível fundamental completo, o desemprego penalizou 14,1% da respectiva população economicamente ativa, e para os com escolaridade média incompleta ou mais, a taxa estimada foi de 17,6%, em 2016, as mais expressivas desde 2009 (Tabela 3.6).

100,0

106,2

118,4

114,2

117,5

112,2

108,4

99,1100,0

113,5115,4

126,0124,7

120,3

122,5

126,4

90,0

95,0

100,0

105,0

110,0

115,0

120,0

125,0

130,0

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

15 a 29 anos 30 anos ou mais

2009 11,1 14,0

2010 9,2 10,9

2011 7,8 12,3

2012 (1) 10,9

2013 (1) 11,9

2014 (1) 10,4

2015 (1) 10,7

2016 14,1 17,6

Até Fundamental completo Médio incompleto ou maisAno

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Fruto da volatilidade das taxas de desemprego dos mais escolarizados, o desemprego entre os trabalhadores com instrução mínima de nível médio incompleto não apresentou uma trajetória mais nítida de queda, embora tenha apresentado taxas inferiores a de 2009 (14,0%), pelo menos até 2015. Essa volatilidade pode, em boa medida, estar associada ao nível de rotatividade dos trabalhadores nos seus empregos, mesmo porque aqueles com esse nível de escolaridade representam 58,0% dos ocupados do mercado de trabalho local, proporção constatada nos últimos três anos.

Conforme já mencionado, impactado pela substancial elevação do desemprego estadual em 2016, o tempo de procura por trabalho, após diminuir até 2014, retoma trajetória de alta, mais enfaticamente em 2016, chegando a 36 semanas, em média, o segundo maior desde 2009 (38 semanas). Ressalta-se que o tempo médio de 2016 é doze semanas mais extenso que o de 2015 (24 semanas), um incremento de 50,0%, o que deixa transparecer as maiores dificuldades de obtenção de trabalho no período. Portanto, o que favorece a coexistência de elevadas taxas de desemprego, longos períodos de desemprego e uma concorrência intensa mais duradoura por um posto de trabalho, um processo de autoalimentação, na medida em que o desemprego é aferido por meio de medidas concretas de procura por trabalho (Tabela 3.7).

Tabela 3.7 - Tempo médio e mediano de procura por trabalho, segundo segmentos selecionados - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2009 - 2016 (Em semanas)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

Este mesmo padrão de comportamento ocorreu entre os desempregados de 15 a 29 anos de idade, assim como entre os desempregados com escolaridade de nível médio incompleto ou mais. No primeiro caso, o tempo médio foi de 37 semanas e, no segundo, 38 semanas, ambos com tempo mediano de quase 26 semanas, em 2016, igual ao resultado global, além de o tempo destinado à procura de trabalho por esses segmentos populacionais ter declinado até 2014.

Estatísticas adicionais do tempo de procura por trabalho mostram que os tempos médio e mediano dos homens foram estimados em 32 e 26 semanas, das mulheres, 41 e 34 semanas, dos trabalhadores com instrução de até o fundamental completo, 33 e 26 semanas e daqueles com médio incompleto ou mais, 38 e 26 semanas,

Médio Mediano Médio Mediano Médio Mediano2009 38,1 21,4 38,2 21,4 39,9 21,42010 26,3 12,9 25,6 12,9 28,6 17,12011 33,9 17,1 32,7 12,9 33,9 17,12012 29,3 12,9 30,4 17,1 29,4 17,12013 23,8 12,9 24 12,9 24,7 12,92014 23,5 10 22,9 12,9 23,4 12,92015 24,1 17,1 24 17,1 25,6 17,12016 36,3 25,7 36,7 25,7 37,7 25,7

Médio incompleto ou maisAno

Total 15 a 29 anos

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¹²Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), do IBGE, após registrar a menor taxa de desemprego da série no último trimestre de 2014 (6,6%), nos dois últimos trimestres de 2015, o Ceará registrou as duas mais elevadas taxas de desemprego desde 2012: 9,5% (364 mil desempregados) e 9,0% (340 mil), respectivamente. Esse mesmo comportamento foi observado na área metropolitana de Fortaleza, que concentra metade dos desempregados cearenses. Ultimando o cenário, nos dois últimos trimestres de 2016, as taxas estaduais saltaram para 13,1% (510 mil desempregados) e 12,4% (484 mil) e, na RMF, para 14,2% (271 mil) para 12,1% (232 mil), respectivamente. Por conseguinte, Ceará e RMF registraram taxas de desemprego superiores a 12,0%, no final de 2016.

respectivamente, em 2016. Estes números ressaltam que as mulheres despendem mais tempo na procura por trabalho, quer em termos médios (28,0%) ou medianos (33,5%), ratificando a maior dificuldade feminina em obter uma (re)colocação no mercado laboral, e que a maioria dos segmentos citados registrou um tempo mediano de 26 semanas, o equivalente a um tempo mínimo de procura de seis meses e meio para metade dos desempregados com procura efetiva por trabalho, período este que ultrapassa o da concessão do benefício do seguro-desemprego para aqueles que detêm esse benefício.

Portanto, para além da evolução positiva do desemprego, com taxas em declínio até 2014, os dois anos consecutivos de retração econômica verificados no Estado do Ceará impactaram negativamente no mercado de trabalho estadual¹² e, particularmente, no do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante, fazendo com que o desemprego voltasse a crescer, em 2015, e mais abruptamente, em 2016, registrando recordes de desemprego e duração da procura por trabalho cada vez mais extensa, repercutindo a redução do nível de ocupação, concomitante a uma força de trabalho mais numerosa. Estes movimentos se verificaram independente do perfil da força de trabalho, o que impôs aos trabalhadores perda de parte das conquistas laborais obtidas nos últimos anos.

E mais, em 2016, quando indagados sobre suas estratégias de sobrevivência nessa conjuntura adversa, os desempregados desse aglomerado urbano afirmaram sobreviver principalmente às custas dos rendimentos de familiares que tinham um trabalho (47,8% das respostas válidas) ou da ajuda de parentes e/ou conhecidos (39,0% das respostas), em um momento da conjuntura econômica nacional marcado por inflação mensal elevada, rendimentos do trabalho em queda, tal qual a massa salarial, o que se traduz em menos renda nas mãos dos trabalhadores.

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3.2.�ESPECIFIDADES�DA�OCUPAÇÃO

Conforme explanação anterior, depois de estabilizado em 153 mil pessoas, em 2012 e 2013, o contingente de ocupados do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante decresceu para 147 mil, nos dois anos seguintes, e foi estimado em 146 mil pessoas, em 2016, expressando um cenário atual de relativa estabilidade para o contingente de ocupados, mesmo que em número inferior ao de anos anteriores. Refletindo o menor número de ocupados desde 2011, o nível ocupacional declinou, sinalizado pelas menores taxas de ocupação em 2015 (49,2%) e 2016 (47,0%), uma evidência de que a geração de oportunidades de trabalho na região não acompanhou o crescimento da população em idade de trabalhar. De fato, enquanto a população em idade ativa (PIA) local foi acrescida de 26 mil indivíduos, nos últimos dois anos, o total de ocupados manteve-se relativamente estável.

Esta evolução configurou uma nítida reversão da tendência de expansão das oportunidades de trabalho na região, com o nível de ocupação local situando-se aquém do patamar de 2009, com consistente declínio nos dois últimos anos analisados. Por conseguinte, 2016 registrou a menor taxa de ocupação desde 2009, um sinal das dificuldades por que passa o mercado de trabalho do referido aglomerado, cuja manifestação mais evidente é o crescente desemprego.

As inferências feitas para o ano de 2016 indicam que, na sua composição por sexo, os homens representam 57,3% do total de ocupados (84 mil) e as mulheres somam 62 mil (42,7%); enquanto a fração juvenil (15 a 29 anos) foi estimada em 30,7% (45 mil), a daqueles de 30 a 59 anos chegou a 64,5% (94 mil), 73 mil tinham escolaridade de nível médio completo ou mais (50,1%), os mesmos valores para os chefes de família ocupados. Por sua vez, os cônjuges representavam 23,6% dos ocupados (35 mil) (Tabela 4 do Anexo).

Na composição por setor de atividade econômica, a estrutura ocupacional da região apresentou alterações mínimas, entre os anos de 2015 e 2016, em que se destaca a menor participação relativa do setor da construção civil (11,7%), certamente em decorrência do impacto da conclusão das obras da siderúrgica. Decresceu a relevância do comércio e reparação de veículos (23,0%) na ocupação total do aglomerado, assim como a da indústria de transformação (15,9%), embora em menor medida, e cresceu a presença dos serviços (46,5%). Nesses termos, o setor terciário local respondia por aproximadamente sete de cada dez postos de trabalho da região, em 2016 (Tabela 3.8).

Os efeitos da retração da atividade econômica dos últimos dois anos sobre a realidade laboral mostram-se muito evidentes quando da análise da evolução do nível ocupacional por posição na ocupação, em que se destacaram um menor nível de assalariamento da força de trabalho e as ampliações do emprego doméstico e do trabalho por conta-própria, as quais, concomitante ao maior número de inativos, evitaram uma elevação ainda maior do desemprego no aglomerado em apreço.

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Tabela 3.8 - População ocupada por setor de atividade - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2015 - 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) A captação da CNAE 2.0 domiciliar na PED iniciou-se em novembro de 2010. (2) Seção C da CNAE 2.0 domiciliar. (3) Seção F da CNAE 2.0 domiciliar. (4) Seção G da CNAE 2.0 domiciliar. (5) Seções H a T da CNAE 2.0 domiciliar. (6) Inclui agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (Seção A); indústrias extrativas (Seção B); eletricidade e gás (Seção D); água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (Seção E); organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (Seção U); Atividades maldefinidas (Seção V). As seções mencionadas referem-se à CNAE 2.0 domiciliar. (7) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

De fato, o nível de assalariamento da força de trabalho diminuiu (59,5%), reflexo da redução nos níveis de emprego do setor privado (50,8%) e, em menor proporção, do setor público (8,6%). Menos empregos na iniciativa privada refletiram as reduções do emprego com carteira de trabalho assinada (40,2%) e sem carteira (10,6%). Por sua vez, o trabalho autônomo (29,1%) e o emprego doméstico (7,6%) registraram alguma recuperação, com as mais elevadas participações no universo dos ocupados desde 2014, o que impôs a uma maior parcela dos trabalhadores alternativas de ocupação que geralmente são desprovidas de proteção social e trabalhista, com possíveis impactos nos níveis de salário (Tabela 3.9).

Tabela 3.9 - População ocupada por posição na ocupação - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em %)

Posição na ocupação 2014 2015 2016

Total de Assalariados 1 63,2 61,7 59,5

Setor Privado 53,6 52,7 50,8

Com Carteira Assinada 40,7 41,2 40,2

Sem Carteira Assinada 12,9 11,5 10,6

Setor Público 2 9,6 9 8,6

Autônomos 26,6 27,7 29,1

Empregado Doméstico 6,5 6,8 7,6

Demais Posições 3 (4) (4) (4)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Exclui empregados domésticos e inclui aqueles que não sabem a que setor pertence a empresa em que trabalham. (2) Inclui os estatutários e celetistas que trabalham em instituições públicas. (3) Incluem empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração, profissionais liberais e outras posições ocupacionais. (4) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Setor de atividade (1) 2015 2016

Indústria de transformação (2) 16,4 15,9

Construção (3) 13,4 11,7

Comércio e reparação de veículos (4) 24,4 23

Serviços (5) 44,2 46,5

Outros (7) (7)

Total (6) 100 100

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Por outro lado, fica evidente que o movimento de elevação da formalização das relações de trabalho no aglomerado, verificado até 2015, foi interrompido em 2016. Essa conjuntura fez com que declinasse a proporção de contribuintes para a Previdência Social, de 57,4% (pouco mais de 84 mil), em 2015, para 55,2% dos ocupados (mais de 80 mil), em 2016, significando um menor número de trabalhadores sob a proteção da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

No recorte setorial, isto ocorreu nos setores da construção (38,7%) e dos serviços (59,1%), amenizado em parte pelos acréscimos na proporção de contribuintes na indústria de transformação (58,4%) e no comércio e reparação de veículos (51,1%). Evidenciam-se os serviços e a indústria de transformação como os dois setores econômicos com os mais elevados níveis contributivos para a previdência. Note-se ainda que a construção civil é o único setor onde o nível de contribuintes ainda não contempla sequer metade dos empregados, possivelmente em função dos elevados patamares de informalidade/rotatividade do emprego característicos dessa atividade. Ratificando essa linha de argumentação, os números analisados demonstram que enquanto o recuo do setor no universo de ocupados foi de 1,7 p.p, em 2016 diante de 2015, a proporção de contribuintes da previdência, que trabalhavam no setor, encolheu bem mais (10,1 p.p), uma redução 5,9 vezes maior (Tabela 3.10).

Tabela 3.10 - População ocupada segundo a contribuição para a previdência social, por setor de atividade - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2015 - 2016 (Em %)

Contribui Não contribui Contribui Não contribui

Indústria de transformação 57,8 42,2 58,4 41,6

Construção 48,8 51,2 38,7 61,3

Comércio e reparação de veículos 50,7 49,3 51,1 48,9

Serviços 63,2 36,8 59,1 40,9

Total 57,4 42,6 55,2 44,8

Setor de atividade2015 2016

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

O mercado de trabalho da região apresentou um nível de estabilidade no emprego inferior ao registrado na região metropolitana de Fortaleza (RMF), ao longo dos anos de 2015 e 2016, onde o tempo médio no emprego assalariado aumentou de 55 para 59 meses, respectivamente, incrementos verificados especialmente na indústria de transformação (54 meses) e no comércio e reparação de veículos (44 meses). Por sua vez, o tempo mediano (24 meses) não variou no mesmo período, sinalizando que, para metade dos assalariados da RMF, o tempo de duração dos vínculos empregatícios não se prolongava por mais de dois anos (Tabela 9 do Anexo).

Entre os assalariados do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante, o tempo médio de permanência no emprego passou de 52 para 51 meses, no mesmo intervalo de tempo, atestando que, em média, estes vínculos de emprego tinham uma vigência de pouco mais de quatro anos, um grau de estabilidade inferior à média da RMF, nos dois anos analisados. Ainda assim, pode-se considerar que houve algum avanço nesse aspecto, na medida em que os valores médio e mediano observados nesse biênio são um pouco maiores do que os tempos médio (48 meses) e mediano (18 meses) de 2014 (Tabela 3.11). Consequentemente, aqueles que conseguiram preservar seus empregos nos últimos dois anos, lograram uma maior estabilidade de seus vínculos empregatícios, paralelamente a realidade de 2014.

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A distribuição dos empregados conforme o tempo no emprego apresenta assimetria positiva, com maior incidência nos períodos de tempo inferiores à média, muito influenciada pela maior estabilidade do emprego no setor de serviços, quer na RMF ou no aglomerado Caucaia/São Gonçalo. Outra constatação é que há diferença substantiva entre os valores médio e mediano, a exemplo do verificado notadamente nos setores da construção e dos serviços, o que sugere uma variabilidade intrassetorial significativa do indicador, ou seja, o tempo de permanência no emprego mostra-se bem heterogêneo, como atestam as análises por setor de atividade a seguir.

Tabela 3.11 - Tempo médio e mediano de permanência no emprego atual de ocupados e assalariados por setor de atividade - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em meses)

Tempo Tempomédio médio

OcupadosInd. de transformação 49 24 48 24 47 24Construção 33 8 37 12 27 6

Comércio e reparação de veículos 58 24 53 24 54 24

Serviços 68 29 69 31 67 36Total 58 24 57 24 56 24Assalariados 1

Ind. de transformação 36 18 43 21 40 24Construção 22 7 31 12 26 11

Comércio e reparação de veículos 32 14 38 16 38 24

Serviços 66 24 69 24 66 30Total 48 18 52 24 51 24

Setor de atividade2014 2015

Tempo mediano

Tempo mediano

2016Tempo médio

Tempo mediano

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Inclui os empregados dos setores público e privado.

Conforme o tempo mediano, em 2015, metade dos assalariados declarou um tempo de permanência no emprego de, no máximo, dois anos (24 meses), valor que se manteve em 2016, ocorrendo na maioria dos setores de atividade e em muitas categorias ocupacionais, ilustrando que o tempo de permanência no emprego não acusou maiores alterações no biênio 2015/2016, apesar da discreta diminuição do tempo médio. Por conseguinte, em 2016, o tempo mediano dos vínculos de emprego do aglomerado urbano estudado foi o mesmo que o estimado para a RMF, onde este valor vem se mantendo desde 2012, de onde se conclui que a duração do contrato de trabalho é de, no máximo, 24 meses, para metade dos trabalhadores, quer sejam assalariados ou não.

Relatando os diferenciais de duração dos vínculos empregatícios por setor de atividade, como pode ser percebido no Gráfico 3.5, os empregados nos serviços gozam de maior estabilidade (66 meses, em média). Os assalariados de todos os demais setores apresentaram estabilidade abaixo do indicador médio global e bem inferior aos números estimados para os serviços. Essa constatação se aplica tanto ao segmento dos assalariados quanto ao conjunto dos ocupados.

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Grá�co 3.5 - Tempo médio de permanência no emprego atual dos assalariados�, por setor de atividade - Região Metropolitana de Fortaleza e Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2015 - 2016 (Em meses)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Inclui os empregados dos setores público e privado.

0

10

20

30

40

50

60

70

2015 2016 2015 2016

Reg. Metropolitana de Fortaleza Caucaia/São Gonçalo do Amarante

48

54

4340

3033

31

26

39

44

38 38

6870 69

66

5559

52 51

Ind. transf Construção Comércio Serviços Total

Estes números também ilustram a maior instabilidade dos empregos na construção civil, onde os vínculos possuem duração mais curta, expressando a maior rotatividade dos empregados. O tempo médio de duração do vínculo empregatício na construção civil decresceu de 31, em 2015, para 26 meses, tal qual o tempo mediano, de 12 para 11 meses, respectivamente, mas ainda em melhores condições que 2014. Conclui-se que a duração dos contratos de trabalho de metade dos assalariados da construção civil não ultrapassava 11 meses, em 2016, bem menor que na indústria de transformação (24 meses), no comércio e reparação (24 meses) e nos serviços (30 meses), cujo valor um pouco maior ratifica a maior estabilidade do emprego no setor.

A Tabela 3.11 traz também estimativas do tempo de permanência no emprego para o universo dos ocupados, onde os intervalos de tempo estimados são um pouco mais longos (56 meses, em média), em virtude da incorporação de outras categorias, a exemplo dos empregados domésticos (54 meses) e principalmente dos autônomos (61 meses), que usualmente detêm tempos na atividade mais extensos, até porque, na maioria dos casos, trabalham por conta-própria. Ainda assim, houve convergência dos tempos medianos de ocupados e assalariados para 24 meses, no último ano analisado.

Ratificando assertiva anterior, uma importante constatação revelada pelo conteúdo da Tabela 3.12 é a heterogeneidade do mercado de trabalho local, ao se tratar da estabilidade no emprego por posição na ocupação, arrolando os diversos segmentos laborais inquiridos pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/RMF). O tempo máximo de permanência é detido pelos empregados públicos (111 meses) e o mínimo ocorre entre os empregados do setor privado sem carteira de trabalho assinada (26 meses), cujo tempo no emprego corresponde a quase metade dos com registro em carteira (45 meses), por ter menor custo de demissão para o empregador, por ser uma prática ilegal de contratação, dentre outros.

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Tabela 3.12 - Tempo médio e mediano de permanência no emprego atual dos ocupados por posição na ocupação - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em meses)

Tempo Tempomédio médio

Total de Assalariados 48 18 52 24 51 24

Setor Privado 37 15 42 18 41 24

Com Carteira Assinada 41 20 47 24 45 24

Sem Carteira Assinada 26 7 23 12 26 8

Setor Público 111 50 112 60 111 60

Autônomos 78 36 67 36 61 24

Empregado Doméstico 50 23 54 24 54 24

Demais Posições (1) (1) (1) (1) (1) (1)

Posição na Ocupação2014 2015 2016

Tempo médio

Tempo mediano

Tempo mediano

Tempo mediano

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Além disso, tendo-se como base de comparação a realidade de 2015, a evolução do tempo de permanência no emprego no aglomerado Caucaia/São Gonçalo é muito distinta da retratada em parágrafos anteriores, pois passa a registrar menores intervalos de tempo em 2016, nas diversas categorias ocupacionais e na maioria dos principais setores econômicos, exceto no comércio e reparação de veículos, e com redução bem expressiva na indústria da construção. Decresceu o tempo no emprego dos ocupados (56 meses) e assalariados (51 meses). Entre os assalariados, resultante de pequenas quedas tanto no emprego privado (41 meses) quanto público (111 meses) e na indústria de transformação (40 meses), construção (26 meses) e nos serviços (66 meses), haja vista que não variou no comércio e reparação (38 meses). No setor privado decresceu a estabilidade do emprego com carteira assinada (45 meses), enquanto aumentou a do emprego sem carteira (26 meses).

Por sua vez, as estatísticas do tempo de permanência no trabalho dos autônomos vêm registrando sucessivas quedas em 2015 e 2016, a única categoria ocupacional em que isto ocorreu, independentemente de se tratar do indicador médio (61 meses) ou mediano (24 meses). Ademais, as categorias com tempo de permanência acima da média, ou seja, com mais estabilidade no emprego, em 2016, foram os empregados do setor público, os autônomos e os empregos domésticos.

Sob a ótica do tamanho dos estabelecimentos instalados no aglomerado Caucaia/São Gonçalo, observa-se que o processo de atração de empresas para a região tem ampliado o número de empresas de maior porte, o que tem favorecido a geração de mais e qualitativamente melhores empregos para a região, pois se amplia a parcela dessas empresas no estoque de emprego local.

Apesar do declínio da participação das empresas de menor porte, as micro (17,2%) e pequenas empresas (28,0%) responderam por 45,2% dos empregados do aglomerado, em 2016, quando tinham representação de 52,6%, em 2009. O oposto ocorreu com as médias (38,0%) e grandes empresas (16,8%), que vêm respondendo por frações cada vez maiores do emprego local. Se, em 2009, elas respondiam por 46,6% do estoque de emprego, em 2015, alcançaram a marca de 58,4%, com recuo em 2016 (54,8%) (Tabela 3.13). Daí a premência de se qualificar mais e melhor a força de trabalho do entorno do CIPP, com foco nas reais necessidades das empresas lá instaladas, especialmente as de maior porte, como uma estratégia de melhor aproveitamento das oportunidades de trabalho geradas pela população da região.

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Tabela 3.13 - Empregados do setor privado segundo o tamanho do estabelecimento - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2009 - 2016

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Tamanho do estabelecimento 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016De 1 a 9 empregados 26,9 24,6 21,9 23,6 23,1 17,9 20,5 17,2De 10 a 49 empregados 25,7 23,1 24,6 24,6 23,5 24,4 21,1 28De 50 a 499 empregados 27,3 30,7 31,4 31,1 33,8 37,7 33,3 38500 ou mais empregados 19,3 21 21,9 20,1 19,4 20 25,1 16,8Não sabe (1) (1) (1) (1) (1) (1) - -

Total 100 100 100 100 100 100 100 100

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3.3.�A�EXTENSÃO�DA�JORNADA�SEMANAL�DE�TRABALHO

O mercado de trabalho do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante experimentou jornadas de trabalho menos extensas, pelo menos em média, em 2016. Para o universo de ocupados, diminuíram as jornadas média (41 horas) e mediana (42 horas), enquanto a jornada semanal média dos assalariados recuou para 42 horas. Foram cerca de duas horas a menos de trabalho por semana, em 2016.

Considerando os principais setores de atividade econômica do aglomerado, diminuiu a jornada média de todos eles, enquanto não variou a jornada mediana. Os trabalhadores do comércio e reparação de veículos, onde a redução foi maior (três horas a menos), trabalham um maior número de horas por semana (45 horas, em média), ao contrário do ocorrido com aqueles que laboram nos setores da construção (40 horas) e dos serviços (39 horas). A jornada na indústria de transformação, até por ser o setor mais formalizado, registrou jornada compatível (42 horas) com o marco legal (44 horas). Além disso, tomando cada setor isoladamente, a proximidade das jornadas média e mediana ratifica a homogeneidade intrassetorial (Tabela 3.14).

Tabela 3.14 - Jornada semanal de trabalho dos ocupados por setor de atividade econômica - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2015 - 2016

Média Mediana Média Mediana

Indústria de transformação 44 44 42 44

Construção 41 40 40 40

Comércio e reparação de veículos 48 48 45 48

Serviços 41 40 39 40

Total 43 44 41 42

Setor de atividade2015 2016

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MTE/FAT.

Interpretando as jornadas medianas por setor, cujas extensões não se alteraram nos dois anos analisados, enquanto nos setores da construção e dos serviços metade dos empregados tem uma jornada semanal mínima de quarenta horas, esta é mais extensa ainda na indústria de transformação (44 horas), especialmente no comércio e reparação de veículos (48 horas). Tais valores comprovam que, mesmo em uma conjuntura de jornadas médias semanais de trabalho um pouco menores, expressiva parcela dos trabalhadores experimenta jornadas de 44 horas ou mais, como é o caso dos empregados na indústria de transformação e do comércio e reparação de veículos, setores que empregavam 38,9% da força de trabalho local, em 2016.

Por posição na ocupação, em decorrência da existência de diversas formas de vínculos empregatícios, expressão da significativa heterogeneidade e informalidade do mercado de trabalho estadual, as jornadas de trabalho são um pouco mais heterogêneas. No ano de 2016, em média, oscilara de um mínimo de trinta e cinco horas, o caso do empregado doméstico, até um máximo de quarenta e quatro horas, a jornada dos empregados do setor privado com carteira assinada (Tabela 3.15).

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Tabela 3.15 - Jornada semanal de trabalho dos ocupados por posição na ocupação - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MTE/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

A redução da jornada média de trabalho, em 2016, repercutiu as diminuições verificadas em quase todas as posições ocupacionais, exceto os empregados do setor privado com carteira de trabalho assinada, cuja jornada média semanal (44 horas) não se alterou.

Média Mediana Média Mediana Média MedianaTotal de Assalariados 43 42 44 44 42 44 Setor Privado 44 44 44 44 43 44 Com Carteira Assinada 44 44 44 44 44 44 Sem Carteira Assinada 43 42 45 45 41 44 Setor Público 40 40 40 40 38 40Autônomos 42 40 43 42 40 40Empregado Doméstico 39 40 39 40 35 40Demais Posições (1) (1) (1) (1) (1) (1)

Posição na Ocupação2014 2015 2016

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3.4.�INSERÇÕES�SOBRE�OS�RENDIMENTOS�DO�TRABALHO

A deterioração recente do mercado de trabalho do entorno do CIPP atingiu sobremaneira os níveis de remuneração mensal dos trabalhadores da região, sustando o processo de ganhos reais de anos anteriores. As maiores perdas ocorreram entre os ocupados de modo geral, influenciadas pela expressiva redução da remuneração real dos autônomos, sendo as menos impactantes observadas entre os assalariados, indivíduos que trabalhavam para um empregador, tinham vínculos empregatícios com empresas, conforme atestam as análises a seguir. Os rendimentos médios são expressos em valores reais de novembro de 2016, para os anos de 2014, 2015 e 2016, geograficamente restritos aos centros urbanos do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante, onde as perdas reais de salário expressam o ocorrido entre os anos de 2014 e 2016.

Atendo-se ao universo dos ocupados, ao contrário dos ganhos reais auferidos alguns anos atrás, principalmente no quadriênio 2009/2012, quando estes foram mais expressivos, o rendimento médio real mensal dos trabalhadores do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante logrou remunerações mensais cada vez menores, em 2015 e 2016. O rendimento médio real dos ocupados decresceu de R$ 1.329, em 2014, para R$ 1.248, em 2015, com perda real de 6,1% de seu poder de compra, queda que foi observada também no ano seguinte (R$ 1.154, ou -7,5%), conferindo uma perda acumulada de 13,2% em dois anos, o que quer dizer que, em média, o percebido pelos trabalhadores em 2016 equivalia a 86,8% do que eles ganhavam em 2014 (Tabela 3.16).

Tabela 3.16 - Rendimento médio real1 dos ocupados por sexo, escolaridade, setor de atividade e posição na ocupação - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016

Variáveis 2014 2015 2016SexoHomens 1.520 1.406 1.263Mulheres 1.058 1.025 1.006Total 1.329 1.248 1.154

Escolaridade

Até fundamental incompleto 1.156 1.030 917

Fundamental completo ou médio incompleto 1.133 1.121 1.001

Médio completo ou mais 1.515 1.425 1.354

Setor de atividade

Indústria de transformação 1.163 1.173 1.063

Construção 1.377 1.312 1.114

Comércio e reparação de veículos 1.270 1.135 1.017

Serviços 1.399 1.320 1.251

Posição na OcupaçãoAssalariados 1.336 1.307 1.276Setor Privado 1.216 1.193 1.138Com Carteira Assinada 1.282 1.257 1.197Sem Carteira Assinada 996 957 907Setor Público (2) (2) (2)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Valores em Reais de Novembro de 2016. (2) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Tendo como ano base 2014, essa tendência geral se manifestou entre homens (-16,9%) e mulheres (-4,9%), com redução média bem mais expressiva entre eles, nos últimos dois anos, quando o decréscimo do rendimento médio real foi 3,4 vezes maior do que o das mulheres, em grande parte devido ao fato de os homens terem sido mais atingidos pelas demissões de profissionais ocorridas em 2016. Nesse ano, em média, os homens perceberam o correspondente a 83,1% do que recebiam em 2014, e as mulheres, o equivalente a 95,1% (Gráfico 3.6).

Grá�co 3.6 - Índices do rendimento médio real dos ocupados por sexo - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Base 2014 = 100)

100,0

93,9

86,8

100,0

92,5

83,1

100,0

96,9

95,1

80,0

85,0

90,0

95,0

100,0

105,0

2014 2015 2016

Total Homens Mulheres

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

Estes movimentos levaram a uma redução nos diferenciais de salário de homens e mulheres, atenuando um pouco a desigualdade salarial existente entre ambos. Em média, elas ganhavam mensalmente o equivalente a 69,6% do rendimento masculino, em 2014, razão que foi elevada para 72,9%, em 2015, chegando à marca de 79,7%, em 2016, com a desigualdade salarial diminuindo cerca de 10 p.p. Os valores monetários dos rendimentos médios reais de homens e mulheres passaram a equivaler a R$ 1.263 e R$ 1.006, nesse último ano.

Se por um lado, a redução das disparidades salariais entre homens e mulheres é algo positivo, por outro, não se pode deixar de ressaltar que esta menor desigualdade vem se dando em patamares salariais inferiores, isto é, está havendo um nivelamento por baixo.

Tomando-se o rendimento médio real por faixas de renda, o cenário de rendimentos em queda é evidente, independente de faixa de renda e sexo. Entre os mais ricos (-18,5%, em dois anos), a redução foi maior que entre os mais pobres (-15,6%). No quartil mais rico, foi bem mais expressivo o decréscimo do rendimento médio dos homens (-23,8%), diante de uma queda bem inferior entre as mulheres (-6,3%). O mesmo ocorreu no quartil mais pobre, com reduções de 16,3% e 3,7%, respectivamente. Portando, conclui-se que os homens foram os grandes perdedores de renda, quer no segmento mais pobre (com as menores remunerações) ou no mais rico (mais bem-remunerados). Os valores monetários dos rendimentos médios reais por faixas de renda e sexo estão disponibilizados na Tabela 3.17.

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Volume II: dinâmica recente

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Tabela 3.17 - Rendimento médio real1 por faixa de renda, segundo o sexo - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016

Faixas de renda 2014 2015 201625% mais pobresHomens 729 680 610Mulheres 347 399 334Total 553 552 467

50% mais pobresHomens 863 836 774Mulheres 595 631 574Total 736 734 682

25% mais ricosHomens 3.013 2.611 2.295Mulheres 2.047 1.854 1.918Total 2.655 2.347 2.163

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT. (1) Valores em Reais de Novembro de 2016.

No recorte por escolaridade, a atual conjuntura econômica apenou mais os rendimentos dos menos escolarizados, isto é, os que ainda não tinham concluído o ensino fundamental (-20,7%, na mesma base de comparação), exatamente aqueles com as menores remunerações. Houve diminuição do rendimento médio real, independente da escolaridade, apesar de os mais escolarizados serem os mais bem-remunerados: trabalhadores com nível fundamental completo ou médio incompleto (-11,7%) e nível médio completo ou mais (-10,6%) (Tabela 3.16).

Os trabalhadores com instrução máxima de nível fundamental incompleto percebiam R$ 917, em média, aqueles com instrução fundamental completo ou médio incompleto ganhavam R$ 1.001 e, a partir da conclusão do ensino médio, o rendimento médio passava a R$ 1.354, em 2016, as menores remunerações dos últimos três anos.

Grá�co 3.7 - Índices do rendimento médio real dos ocupados por setor de atividade - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Base 2014 = 100)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Este mesmo cenário foi reproduzido nas análises por setor econômico, sendo verificadas perdas salariais nos principais setores de atividade. Lembrando que nesse momento do estudo são levadas em consideração as relações formais e informais de trabalho, as mais expressivas perdas foram constatadas no comércio e reparação de veículos (-19,9%) e na construção (-19,1%), onde o rendimento médio real pago em 2016 equivalia a cerca de 80,0% do vigente em 2014. Seguiram a mesma tendência os serviços (-10,6%) e indústria de transformação (-8,6%), setores onde as perdas salariais foram menores (Gráfico 3.7).

Além disso, com valores expressos em Reais de novembro de 2016, foram estimados os seguintes rendimentos médios reais: R$ 1.017 no comércio e reparação de veículos, R$ 1.063 na indústria de transformação, R$ 1.114 na construção e R$ 1.251 nos serviços, novamente as menores remunerações dos últimos três anos em todos os setores analisados. Assim, o setor de serviços é aquele que melhor remunera o trabalhador no mercado de trabalho da região, além de os diferenciais intersetoriais se mostrarem bem modestos, especialmente quando se trata das remunerações pagas no comércio e reparação de veículos e indústria de transformação (Tabela 3.16).

Na análise da evolução do rendimento médio real por posição na ocupação, é notória a perda de poder de compra dos trabalhadores autônomos (-29,6%), cujo rendimento médio foi estimado em R$ 903, em 2016, uma perda expressiva, pois percebiam bem mais em 2014 (R$ 1.282). Perdas salariais ocorreram também entre os assalariados (-4,5%) e os empregados do setor privado (-6,4%), independente da posse da carteira de trabalho assinada, reduções bem inferiores a dos ocupados (-16,9%).

No setor privado, esta realidade de menores salários afetou o rendimento médio real dos empregados com carteira de trabalho assinada (-6,6%) e sem carteira (-8,9%), cujos valores monetários de seus respectivos rendimentos médios reais mensais passaram a equivaler a R$ 1.197 e R$ 907, em 2016.

Detalhando um pouco mais a evolução do rendimento médio real dos assalariados - indivíduos que trabalhavam para uma ou mais empresas -, entre os anos de 2014 e 2016, há trajetórias e intensidades diferenciadas por sexo e setor de atividade, com o registro de salários em queda na maioria dos segmentos analisados, apesar de que as perdas salariais foram menores que as registradas no universo dos ocupados, o que independeu de sexo e setor econômico. No recorte por sexo, a queda no rendimento médio dos assalariados (-4,5%) foi motivada pela diminuição do rendimento médio real masculino (-6,7%), na medida em que houve um discreto crescimento entre as mulheres (0,7%), sendo seus valores monetários estimados em R$ 1.313 e R$ 1.214, respectivamente, em 2016 (Tabela 3.18).

Em média, as mulheres assalariadas ganhavam mensalmente o equivalente a 85,6% do salário masculino, em 2014, razão que avançou para 92,5%, em 2016. Além de sugerir que decresceu a desigualdade salarial por sexo, estes números estão a sinalizar que o nível de assalariamento da força de trabalho pode contribuir para a redução da desigualdade salarial entre homens e mulheres, ao elevar o patamar salarial feminino, conforme ocorrido. Lembrar que, ao se tratar das mulheres ocupadas, seu rendimento médio real equivalia a 79,7% do dos homens, em 2016, 12,8 p.p abaixo da razão das assalariadas, expondo uma desigualdade de sexo mais intensa no conjunto dos ocupados.

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Tabela 3.18 - Rendimento médio real1 dos assalariados no trabalho principal, por sexo e setor de atividade - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016

Variáveis 2014 2015 2016

Sexo

Homens 1.407 1.381 1.313

Mulheres 1.205 1.164 1.214

Setor de atividade

Indústria de transformação 1.116 1.133 1.128

Comércio e reparação de veículos 1.105 1.111 1.066

Serviços 1.508 1.452 1.424

Assalariados 1.336 1.307 1.276

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Valores em Reais de Novembro de 2016.

Em média, as mulheres assalariadas ganhavam mensalmente o equivalente a 85,6% do salário masculino, em 2014, razão que avançou para 92,5%, em 2016. Além de sugerir que decresceu a desigualdade salarial por sexo, estes números estão a sinalizar que o nível de assalariamento da força de trabalho pode contribuir para a redução da desigualdade salarial entre homens e mulheres, ao elevar o patamar salarial feminino, conforme ocorrido. Lembrar que, ao se tratar das mulheres ocupadas, seu rendimento médio real equivalia a 79,7% do dos homens, em 2016, 12,8 p.p abaixo da razão das assalariadas, expondo uma desigualdade de sexo mais intensa no conjunto dos ocupados.

Grá�co 3.8 - Índices do rendimento médio real dos assalariados por setor de atividade - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Base 2014 = 100)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

100,0

97,8

95,3

100,0

101,5101,1

100,0

100,5

96,5

100,0

96,3

94,494,0

95,0

96,0

97,0

98,0

99,0

100,0

101,0

102,0

2014 2015 2016

Total Ind. Transformação Comércio e reparação Serviços

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Por setor de atividade econômica, diminuiu o rendimento médio dos assalariados que trabalhavam nos setores de serviços (-5,6%) e comércio e reparação de veículos (-3,5%), o que foi atenuado pelo crescimento na indústria de transformação (1,1%), onde o rendimento real se mostrou relativamente estável no biênio 2015/2016, contrastando com as diminuições nos serviços, por dois anos seguidos, e no comércio e reparação. Seus rendimentos médios reais foram estimados em R$ 1.424, R$ 1.066 e R$ 1.128, respectivamente, valores reais de novembro de 2016.

Além das constatações acima evidenciadas, a Tabela 3.19 revela conteúdos adicionais sobre o perfil salarial, tal qual o rendimento mediano, que quantifica o rendimento real máximo da metade mais pobre dos trabalhadores ou o piso da metade mais bem remunerada, o que enriquece um pouco mais as análises sobre o perfil salarial da força de trabalho.

Em termos conceituais, a mediana é uma medida de tendência central cujo valor está localizado no centro exato da base de dados ordenada. Assim sendo, metade dos valores está abaixo da mediana e a outra metade acima da mediana. Desta forma, na situação em análise, o salário mediano é aquele que divide o conjunto dos ocupados em dois subconjuntos com o mesmo número de elementos: a metade mais pobre, aqueles que perceberam os menores salários, e a metade mais rica, detentora dos salários mais elevados.

Para além das perdas salariais explicitadas anteriormente, quando analisado fora o rendimento médio real, estas também se manifestaram por ocasião da abordagem dos salários medianos, ratificando a conjuntura atual de menores patamares de salário. Se metade dos ocupados do Aglomerado Caucaia/São Gonçalo percebia, no máximo, R$ 1.018, em 2014, esse teto foi estimado em R$ 1.006, em 2016, registrando pequenas oscilações no período, mesmo porque o salário mediano não é influenciado por valores extremos, como acontece com o salário médio.

Tabela 3.19 - Estatísticas do rendimento mediano real1 por sexo, setor de atividade e posição na ocupação - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Valores em Reais de Novembro de 2016. (2) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Variáveis 2014 2015 2016

Sexo

Homens 1.119 1.126 1.056

Mulheres 950 943 936

Total 1.018 1.031 1.006

Setor de atividade

Indústria de transformação 919 938 947

Construção (2) (2) (2)

Comércio e reparação de veículos 984 984 936

Serviços 1.135 1.111 1.063

Posição na Ocupação

Assalariados 1.018 1.031 1.006

Setor Privado 1.006 1.013 974

Com Carteira Assinada 1.089 1.061 1.017

Sem Carteira Assinada 894 898 890

Setor Público (2) (2) (2)

Autônomos 980 895 756

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Esta pequena oscilação é fruto de trajetórias diferenciadas dos rendimentos medianos de homens e mulheres. No primeiro caso, o teto salarial da metade mais pobre dos homens cresceu continuamente de R$ 1.119, em 2014, para R$ 1.056, em 2016. No segundo, a trajetória foi inversa, com declínio desse teto de R$ 950 para R$ 936, entre as mulheres, respectivamente. Estes números ainda sugerem que, em termos medianos, as mulheres não chegam a perceber 90,0% do rendimento dos homens, no triênio 2014/2016, reforçando a argumentação de menores remunerações do trabalho feminino.

No mesmo ano, sob a ótica dos setores de atividade, o teto salarial dos 50% mais pobres foi estimado em R$ 1.063, nos serviços, R$ 936, no comércio e reparação de veículos e R$ 947, na indústria de transformação, o que reforça evidências anteriores de que os níveis de remuneração relativamente melhores são encontrados nos serviços. Portanto, melhorou o salário mediano da indústria de transformação e piorou no comércio e reparação de veículos e nos serviços, entre 2014 e 2016.

Quanto ao rendimento médio real por hora trabalhada, em valores reais de novembro de 2016, foram verificados seguidos acréscimos nos anos de 2009 a 2013, quando cresceu de R$ 6,48 para R$ 8,43 (20,1%), respectivamente. Um cenário totalmente adverso apresentou-se para o rendimento médio real por hora trabalhada, nos três anos seguintes, com quedas até 2015 (R$ 7,44) e estabilidade no ano seguinte (R$ 7,43), retrocedendo ao patamar de 2011/2012 (Gráfico 3.9).

Grá�co 3.9 - Evolução do rendimento médio real1 por hora trabalhada - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2009 - 2016

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Valores em Reais de Novembro de 2016.

6,48

7,21 7,20

7,62

8,43

7,78

7,44 7,43

7,05

7,73 7,79

8,20

9,28

8,46

7,748,02

5,69

6,52 6,40

6,80

7,22

6,827,02

6,62

4,50

5,50

6,50

7,50

8,50

9,50

10,50

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Total Homens Mulheres

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Esta evolução decorreu basicamente da diminuição dos rendimentos médios reais, pois a jornada semanal de trabalho vigente em 2016 foi um pouco menor que a do ano anterior, ou seja, a queda do rendimento médio horário não foi provocada por jornadas laborais mais extensas. Por exemplo, entre 2015 e 2016, o rendimento médio real mensal dos ocupados retraiu 7,5% e a jornada semanal média diminuiu 4,7%, pondo em evidência uma retração mais vigorosa do rendimento médio, o que fomentou os decréscimos nos rendimentos médios por hora trabalhada.

Na avaliação por sexo, a relativa estabilidade do rendimento médio por hora trabalhada, nos anos de 2015 (R$ 7,44) e 2016 (R$ 7,43), refletiu os comportamentos antagônicos de homens e mulheres. No primeiro caso, cresceu ligeiramente de R$ 7,74 para R$ 8,02 (3,6%) e no segundo, passou de R$ 7,02 para R$ 6,62 (-5,7%). Mas ao considerar como ano base 2003, os homens perdem bem mais que as mulheres, em termos de rendimento médio real por hora de trabalho, pois o das mulheres apresenta algumas oscilações, sem uma trajetória de queda mais definida, como verificado entre eles. Em 2016, o rendimento médio horário dos homens equivalia a 86,4% do que eles recebiam em 2013, e o das mulheres, 91,7%, ratificando a maior perda masculina.

Estes valores ainda revelam que as diferenças de salário por sexo são bem menores quando analisadas segundo a remuneração por hora trabalhada, indicador mais apropriado devido às diferentes jornadas de trabalho de homens e mulheres. Ao se considerarem os rendimentos médios reais por hora trabalhada de homens e mulheres, há uma equivalência de 82,6% do rendimento feminino frente ao masculino em 2016, pouco mais que o percebido em 2009 (80,8%) e 2014 (80,7%), expressando, por um lado, uma maior equidade que quando analisado o rendimento mensal, estimada em 79,7% em 2016. Por outro, estes valores demonstram que a realidade da desigualdade salarial por sexo ficou preservada no período, pois, em 2016, a remuneração média feminina por hora trabalhada equivalia a 82,6% da masculina. As considerações finais sobre essa temática abordam os valores anuais da massa salarial, a soma de todos os salários pagos durante o ano, totalizando a quantidade de recursos pagos aos trabalhadores do aglomerado Caucaia/São Gonçalo, a título de remuneração por seu trabalho. Em linhas gerais, refletindo os declínios dos níveis de ocupação e de rendimento médio real, a massa salarial do aglomerado decresce anualmente, em termos reais, nos últimos dois anos.

Com valores estimados de R$ 195,4 milhões, em 2014, R$ 183,5 milhões, em 2015, alcançando R$ 168,5 milhões, em 2016, a massa salarial real encolheu 6,1%, em 2015, na variação anual, e mais ainda em 2016 (-8,2%), o equivalente a uma subtração de 13,8% no acumulado de dois anos, repercutindo muito particularmente a diminuição do rendimento médio real do trabalho (-13,2%), segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/RMF).

Nesse último ano, a força de trabalho masculina apropriou-se de 63,0% da massa salarial - cerca de R$ 106 milhões -, enquanto a parcela feminina foi de 37,0% (pouco mais de R$ 62 milhões). A maior fatia dos homens pode ser justificada por motivos diversos, em que se sobressaem duas notórias realidades laborais: 1.a mais elevada presença masculina na força de trabalho (56,8%), especialmente entre os ocupados (57,3%); e 2.a superioridade salarial dos homens (19,3% maior, considerando a remuneração média real dos ocupados).

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP -

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CONCLUSÃOConsiderando o bloco constituído por sete municípios do entorno do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), o presente estudo revelou inicialmente que as estimativas populacionais para o conjunto dos municípios do entorno do CIPP deverão ficar em torno de 576,4 mil indivíduos, em 2016, e 587,4 mil, em 2020, quando representará 6,3% da população cearense. Quanto à população de quinze anos ou mais de idade, esta totalizará cerca de 433,4 mil pessoas, em 2020, o que possibilita uma boa noção da dimensão da oferta de força de trabalho na região, nos próximos anos.

Prosseguindo com essa abordagem, as análises evidenciaram alterações demográficas nessa população, na primeira década de 2000, enfatizando o processo de envelhecimento populacional, fruto dos decréscimos do contingente de pessoas com até 14 anos e maior peso dos segmentos de 15 anos ou mais de idade, indicando parcelas da população em idade de trabalhar cada vez maiores, a exemplo do ocorrido em Caucaia e em São Gonçalo, em 2010, quando registraram as maiores proporções de pessoas de 15 anos ou mais de idade, o que tende a elevar a disponibilidade de mão de obra na região.

A expansão da oferta de emprego formal não deixa dúvidas sobre o importante processo de estruturação que o mercado de trabalho da região experimentou nos anos de 2010 a 2014, com a contribuição efetiva de todos os setores econômicos. Todavia, este movimento perdeu força no biênio 2015/2016: no primeiro caso, o total de empregos gerados foi inferior ao do ano anterior, mas ainda na contramão do movimento mais amplo de retração do emprego no estado; no segundo caso, números do emprego formal do Ministério do Trabalho, declarados pelas próprias empresas, apontam para a subtração de empregos com carteira de trabalho assinada no agregado dos sete municípios, em 2016, quando Caucaia e São Gonçalo do Amarante foram responsáveis por 97,3% desse resultado, muito impactados pela queda do emprego na construção civil.

De um modo ou de outro, entre 2010 e 2015, a geração média anual de empregos formais no entorno do CIPP foi de 4,9 mil empregos, quando o número de vínculos ativos saltou de 49,0 mil para 73,5 mil vínculos, respectivamente, o equivalente a uma geração líquida de 24,5 mil empregos formais, segundo a RAIS. Dessa forma, a representação do emprego formal da região no estoque de emprego do estado cresceu para 4,8%, em 2015.

No mesmo período, o emprego formalizado em São Gonçalo do Amarante (12,9% a.a) avançou mais rapidamente do que em Caucaia (9,4% a.a). Especificamente em 2015, a expansão do emprego em São Gonçalo repercutiu o comportamento muito favorável do emprego na indústria de transformação, o que não ocorreu em Caucaia, onde as demissões superaram as contratações. Nesse último, o avanço do emprego foi diluído especialmente nos serviços e na construção civil.

Há fortes indícios de que esta dinâmica esteja demandando trabalhadores mais escolarizados, pois oito de cada dez empregados da região tinham escolaridade média ou superior, em 2015. Quanto ao perfil salarial do emprego formal do entorno do CIPP, além da notória concentração na faixa de mais de um a três salários mínimos, caiu pela metade a proporção dos empregos com remuneração média mensal máxima de um salário mínimo e duplicou a dos empregos com remuneração média de mais de cinco salários, o que sugere incrementos salariais no referido ano.

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Atendo-se às conclusões sobre o comportamento recente do mercado de trabalho (formal e informal) das áreas urbanas do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante, os números da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/RMF) mostram que a população em idade ativa avançou para 311 mil pessoas e a população economicamente ativa contabilizara 174 mil pessoas, em 2016, os maiores valores da série histórica da PED/RMF, datada de 2009. No mesmo ano, 146 mil pessoas estavam ocupadas e 28 mil desempregadas, quase o dobro do estimado para 2015.

Como fortes evidências da deterioração do mercado de trabalho urbano local, em 2015 e 2016, o número de ocupados declinou ligeiramente em 2016, registrando a menor taxa de ocupação desde 2009, resultante da conjugação de uma população de, no mínimo, 10 anos de idade mais numerosa e de um nível ocupacional ligeiramente inferior; o contingente de ocupados retrocedeu ao nível de 2011; quase dobrou o número de desempregados, o maior da série; cresceu o número de inativos, tais quais as taxas de inatividade e de desemprego; e diminui o rendimento médio real do trabalho.

Estas assertivas são manifestações concretas dos impactos da robusta retração da economia cearense no mercado de trabalho local, em 2015 e 2016, e delineiam uma nítida reversão das tendências de expansão das oportunidades de trabalho e de redução do desemprego vigentes até 2014.

Em face dessa conjuntura recessiva, a taxa de desemprego regional, que se apresenta usualmente acima da média da região metropolitana de Fortaleza, cresceu abruptamente em 2016, atingindo 16,1% da população economicamente ativa do aglomerado, o segundo ano consecutivo de elevação, registrando uma taxa duas vezes maior que a de 2014 e é a mais elevada desde 2009. Nessa conjuntura, o número de desempregados cresceu em uma velocidade superior a dos ocupados e economicamente ativos, o que está a requerer ações e esforços mais eficazes das políticas públicas do trabalho no intuito de minorar os impactos sociais do desemprego, para as quais a presente investigação objetiva disponibilizar subsídios para sua implementação.

O presente estudo, ao investigar os determinantes das variações anuais da taxa de desemprego, concluiu que o significativo aumento em 2016 não esteve, em boa medida, vinculado às alterações a menor do nível de ocupação, o qual se manteve em relativa estabilidade nos últimos dois anos, apesar de estar em um nível relativamente mais baixo. Os maiores determinantes foram provenientes de efeitos demográficos (crescimento da população de 10 anos ou mais - Efeito PIA) e da crescente taxa de participação (Efeito PEA), o que quer dizer que a população economicamente ativa (PEA) vem crescendo, posto que se eleva a intenção dos trabalhadores em ofertar sua capacidade de trabalho no mercado local. Ratificando a argumentação, o adicional de 13 mil pessoas desempregadas no aglomerado, em 2016, refletiu substancialmente a inserção de 12 mil pessoas no mercado de trabalho da região, ou seja, na PEA.

Esta argumentação é ainda reforçada pela constatação de que, entre os anos de 2009 e 2016, 76,9% da variação média anual da PEA pode ser explicada pelo crescimento populacional , expl ic i tando os efeitos demográficos sobre a PEA e, consequentemente, sobre as taxas de desemprego.

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP -

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Com o desemprego em alta, o trabalhador tende a demandar cada vez mais tempo à procura por trabalho, aproximadamente nove meses, na média de 2016, sendo que aproximadamente 34,6% dos desempregados declararam estar à procura de trabalho há, no mínimo, 12 meses.

Uma característica dessa recente evolução do desemprego é que foram penalizados importantes segmentos da força laboral local. As taxas masculina e feminina também foram as mais significativas de toda a série histórica desde 2009, possibilitando a conclusão de que o desemprego evoluiu para o maior patamar desta série tanto para os homens quanto para as mulheres, além de evidenciar, como de costume, a maior exposição feminina ao desemprego.

A elevação da taxa de desemprego foi notória, independente da idade, alcançando níveis recordes em 2016, como os expressivos 30,1% na faixa de 15 a 29 anos, que dobrou em dois anos, e de 8,0% na de 30 anos ou mais. Assim como na análise por sexo, é muito evidente a heterogeneidade do desemprego por faixa etária, onde se destaca o desemprego juvenil, 3,8 vezes mais elevado do que entre os de 30 anos ou mais de idade. Isto posto, o forte incremento na taxa de desemprego regional, nos últimos dois anos, parece refletir sobremaneira as elevações do desemprego entre os mais jovens, até porque sete de cada dez desempregados têm idade de 15 a 29 anos.

Como de hábito, o estudo mostrou também taxas de ocupação bem diferenciadas por sexo, idade e escolaridade, o que explicita as dificuldades de acesso a uma oportunidade de trabalho, notadamente quando se trata de emprego com registro em carteira, onde as mulheres, os mais jovens e os menos escolarizados apresentam dificuldades relativamente maiores.

Como alterações setoriais, retraíram as participações da construção civil e do comércio e reparação de veículos na ocupação local, em 2016. Segundo as categorias ocupacionais, declinou o nível de emprego do setor privado, repercutindo as reduções do emprego com e sem carteira de trabalho assinada, e, em menor proporção, do setor público, o que expõe que o movimento ininterrupto de formalização das relações de trabalho no aglomerado, em processo até 2015, foi interrompido em 2016. Desta forma, o trabalho autônomo e o emprego doméstico constituíram alternativas de ocupação para os que perderam o emprego, registrando as mais elevadas participações desde 2014.

Além da substancial elevação do desemprego, os anos de 2015 e 2016 foram caracterizados por quedas no rendimento médio real dos trabalhadores brasileiros. No aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante, considerando as relações formais e informais de trabalho, esta tendência foi observada para os ocupados como um todo e, em menor medida, entre os assalariados, sustando o processo de ganhos reais de anos anteriores, tendência que fora observada nos diversos recortes analíticos considerados.

Assim, o rendimento médio real mensal dos trabalhadores foi estimado em R$ 1.154, em 2016, conferindo uma perda acumulada de 13,2% em dois anos, perda constatada entre homens (-16,9%) e mulheres (-4,9%), cujos valores monetários dos respectivos rendimentos médios reais foram de R$ 1.263 e R$ 1.006, o que reduziu a desigualdade salarial entre ambos, posto que a perda de rendimento entre os homens foi bem maior. Mais especificamente entre os assalariados, com salário médio real de R$ 1.276, a perda salarial foi mais moderada (-4,5%), na mesma base de comparação.

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Foram verificadas perdas salariais nos principais setores de atividade, sendo as mais expressivas no comércio e reparação de veículos e na construção. E, mesmo não havendo grandes diferenças entre os setores econômicos, os salários relativamente maiores foram encontrados nos setores de serviços (R$ 1.204) e da construção (R$ 1.197). O estudo ainda captou uma significativa perda de poder de compra dos trabalhadores autônomos (-29,6%).

Refletindo notoriamente a redução do rendimento médio real e, em menor medida, do nível de ocupação, a massa salarial do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante decresceu anualmente, em termos reais, nos últimos dois anos. Em 2016, o valor da massa de rendimentos reais foi estimado em R$ 168,5 milhões, com uma subtração de 13,8% no acumulado de dois anos. No mesmo ano, 63,0% dessa massa salarial foi apropriada pelos homens, restando às mulheres a fração de 37%.

Quanto ao rendimento médio real por hora trabalhada, ao contrário dos seguidos acréscimos de 2009 a 2013, houve diminuição em 2015 (R$ 7,44) e estabilidade no ano seguinte (R$ 7,43), com retrocesso ao patamar de 2011/2012. Esta estabilidade decorreu do ligeiro crescimento entre os homens e da queda entre as mulheres, o que fez com que o rendimento médio real por hora trabalhada das mulheres equivalesse a 82,6% do rendimento masculino em 2016.

Enfim, o presente estudo revelou, em mais de uma oportunidade, que, refletindo a realidade do mercado de trabalho metropolitano nacional, o mercado de trabalho urbano do aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante é por demais heterogêneo e desigual, sob diversos aspectos. Além disso, é destacada a perda de dinamismo que este mercado experimentou nos últimos dois anos, cuja manifestação mais evidente foi o retorno de taxas mais elevadas de desemprego, com abrupto crescimento em 2016, ocasionado, em grande medida, por efeitos demográficos e da crescente oferta de mão de obra, o que reforçou a tendência de declínio das remunerações do trabalho.

Sob um enfoque mais otimista, foi também evidenciado que este mercado vem experimentando importantes transformações em decorrência de relevantes investimentos que ocorreram na região, em que são destaques o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, a Zona de Processamento de Exportação e a Siderúrgica. Estes empreendimentos atraíram e continuam a atrair diversas outras empresas, contribuindo para incrementar a oferta de emprego, formalizar as relações de trabalho, amenizar os impactos sociais do desemprego e elevar os níveis de qualificação e de renda da população, como sinalizado pelos números de empregos gerados até 2015. Sem sombra de dúvida, empreendimentos de suma importância para a transformação econômica e social do Estado do Ceará e, em particular, da região do entorno do Porto do Pecém, notadamente em um momento de forte desaceleração das economias nacional e estadual.

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ANEXO�ITABELAS�COMPLEMENTARES

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Tabela 1 - Taxa de participação por sexo, faixa etária e escolaridade - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Tabela 2 - População economicamente ativa por sexo, faixa etária, escolaridade, frequência à escola e posição no domicílio - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Variáveis 2014 2015 2016SexoHomens 67,4 65,5 66,3Mulheres 46,0 44,1 46,5

Faixa Etária15 a 29 anos 60,6 57,2 58,530 a 59 anos 73,7 70,8 73,160 anos ou mais (1) (1) (1)

EscolaridadeAté fundamental incompleto 36,9 37,8 38,3

Fundamental completo e médio incompleto

57,9 52,4 56,8

Médio completo ou mais 78,4 74,4 74,4

Variáveis 2014 2015 2016SexoHomens 57,6 57,4 56,8Mulheres 42,4 42,6 43,2

Faixa Etária15 a 29 anos 37,3 36,6 36,830 a 59 anos 58,8 58,9 59,160 anos ou mais (1) (1) (1)

EscolaridadeAté fundamental incompleto 27,9 30 27,8Fundamental completo e médio incompleto

22,2 19,3 21,7

Médio completo ou mais 49,9 50,7 50,5

Frequência à escolaSim 8,8 7,3 8,2Não 91,2 92,7 91,8

Chefe 45,5 47,8 45,7Cônjuge 22,3 22,5 22,0Filho 25,4 23,0 24,3Outros 6,8 6,7 8,0

Posição no domicílio

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Tabela 3 - População economicamente ativa segundo o último local de residência anterior à RMF - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em %)

Último local de residência 2014 2015 2016Município da RMF 69,5 71,1 71,2Outro município do Estado 21,3 21,4 20,3Outro Estado 9,1 7,5 8,5Outro País (1) (1) (1)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Tabela 4 - População ocupada por sexo, faixa etária, escolaridade, frequência à escola e posição no domicílio - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante – 2014 - 2016 (Em %)

Variáveis 2014 2015 2016SexoHomens 58,3 58,1 57,3Mulheres 41,7 41,9 42,7

Faixa Etária15 a 29 anos 34,5 33,3 30,730 a 59 anos 61,3 61,8 64,560 anos ou mais (1) (1) (1)

EscolaridadeAté fundamental incompleto 28,9 30,7 28,9Fundamental completo e médio incompleto

22,0 19,0 21,0

Médio completo ou mais 49,1 50,3 50,1

Frequência à escolaSim 8,0 6,5 6,9Não 92,0 93,5 93,1

Chefe 47,7 50,0 50,1Cônjuge 23,0 23,4 23,6Filho 22,8 20,1 19,3Demais 6,5 6,5 7,0

Posição no domicílio

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

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Tabela 5 - População desempregada por sexo, faixa etária, escolaridade, frequência à escola e posição no domicílio - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em %)

Variáveis 2014 2015 2016SexoHomens 49,8 50,6 54,2Mulheres 50,2 49,4 45,8

Faixa Etária15 a 29 anos 68,8 68,3 68,630 anos ou mais 31,2 31,7 31,4

EscolaridadeAté fundamental completo 25,3 34,9 36,8Médio incompleto ou mais 74,7 65,1 63,2

Frequência à escolaSim 18,1 15,7 15,1Não 81,9 84,3 84,9

Chefe 21,3 26,9 22,4Cônjuge 14,5 13,7 14,2Filho 54,2 50,2 50,3Demais 10,0 9,2 13,1

Posição no domicílio

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

Tabela 6 - População ocupada segundo o último local de residência anterior à RMF - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em %)

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Último local 2014 2015 2016Município da RMF 68,6 70,5 69,8Outro município do Estado 22,1 22,3 21,7Outro Estado 9,2 7,1 8,5Outro País (1) (1) (1)

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP - Volume II: dinâmica recente

Tabela 7 - Taxa de inatividade por sexo, faixa etária e escolaridade - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em %)

Variáveis 2014 2015 2016SexoHomens 32,6 34,5 33,7Mulheres 54,0 55,9 53,5

Faixa Etária15 a 29 anos 39,4 42,8 41,530 a 59 anos 26,3 29,2 26,960 anos ou mais 79,5 77,6 78,5

EscolaridadeAté fundamental incompleto 63,1 62,2 61,7Fundamental completo e médio incompleto

42,1 47,6 43,2

Médio completo ou mais 21,6 25,6 25,6

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.

Tabela 8 - População inativa segundo a condição principal nos últimos sete dias - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016 (Em %)

Condição principal 2014 2015 2016Aposentado ou pensionista de órgãos previdenciários do Governo

16,3 14,4 15,5

Está no INSS ou “encostado na Caixa” (auxílio-doença)

(1) (1) (1)

Cuidar dos afazeres domésticos 25,9 26,4 26,1Estudante 38,1 36,7 38,6Viver de renda (1) (1) (1)Viver de ajuda de parentes e/ou conhecidos 10,5 12,0 11,6Outra 7,6 8,8 6,9

Fonte: Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT. (1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

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Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Inclui os empregados dos setores público e privado.

Tabela 9 – Tempo médio e mediano de permanência no emprego atual dos ocupados e assalariados, por setor de atividade – Região Metropolitana de Fortaleza – 2015/2016 (Em meses)

OcupadosIndústria de transformação 55 24 62 36Construção 35 11 40 12Comércio e reparação de veículos 59 24 63 36Serviços 70 32 70 36Total 62 24 65 36Assalariados 1

Indústria de transformação 48 24 54 33Construção 30 12 33 12Comércio e reparação de veículos 39 19 44 24Serviços 68 26 70 36Total 55 24 59 24

Setor de atividade2015 2016

Tempo mediano

Tempo médio

Tempo mediano

Tempo médio

Tabela 10 - Estatísticas do rendimento médio real por escolaridade - Aglomerado Caucaia/São Gonçalo do Amarante - 2014 - 2016

1

Escolaridade/Estatísticas 2014 2015 2016Até fundamental incompleto10% mais pobres ganham até 306 335 21625% mais pobres ganham até 726 666 60650% ganham até 915 910 89525% mais ricos ganham acima de 1257 1204 104810% mais ricos ganham acima de 1915 1790 1536

Fundamental completo e médio incompleto10% mais pobres ganham até 449 446 37225% mais pobres ganham até 876 822 68450% ganham até 974 932 91525% mais ricos ganham acima de 1242 1331 120010% mais ricos ganham acima de 1841 1786 1681

Médio completo ou mais10% mais pobres ganham até 733 809 60125% mais pobres ganham até 889 900 89550% ganham até 1120 1096 103725% mais ricos ganham acima de 1770 1695 153810% mais ricos ganham acima de 2899 2413 2248

Fonte: PED/RMF. Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MT/FAT.(1) Em Reais de Novembro de 2016.

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ANEXO�IIASPECTOS�METODOLÓGICOS�DA�PESQUISA�DE�EMPREGO�E�DESEMPREGO�‒�PED/RMF

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A Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED é um levantamento domiciliar de caráter contínuo, realizado mensalmente através de entrevistas diretas com a população residente na região metropolitana de Fortaleza - RMF, desde 2008. Para tanto, os domicílios particulares são selecionados de maneira probabilística, de acordo com um plano amostral predefinido, e todos os moradores desses domicílios são entrevistados.

A metodologia da PED, desenvolvida pela Fundação Seade – Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo – e o Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, tem como objetivo principal acompanhar a inserção da população em idade ativa (dez anos ou mais) no mercado de trabalho da região metropolitana de Fortaleza, cuja cobertura geográfica abrange as zonas urbanas de treze municípios, a saber: Fortaleza, Aquiraz, Caucaia, Chorozinho, Eusébio, Guaiuba, Horizonte, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba e São Gonçalo do Amarante.

Em outras palavras, o objetivo maior da PED/RMF é acompanhar a evolução conjuntural do mercado de trabalho urbano da região, através do monitoramento de seus indicadores mais relevantes, como os níveis de ocupação, desemprego e rendimento do trabalho, segundo recortes analíticos diversos.

Considerando que a pesquisa é contínua e realizada mensalmente, o seu desenho amostral possibilita gerar indicadores mensais para a RMF e, em alguns casos, para o município de Fortaleza e para o agregado demais municípios. É importante mencionar que o delineamento amostral da PED/RMF não comporta representatividade estatística para os indicadores dos demais municípios da RMF de forma individualizada. Isto significa dizer que não é possível fazer um acompanhamento conjuntural mensal desses outros municípios isoladamente.

A amostra da PED/RMF é constituída de cerca de 2.500 domicílios, espalhados em diversos setores censitários da região, que são inquiridos todos os meses.

No desenho amostral, estes domicílios são selecionados por meio de uma amostragem probabilística, em dois estágios. No primeiro, a partir do sistema de referência ordenado por renda, são sorteados setores censitários (conglomerados) com probabilidade proporcional ao número de domicílios particulares, por um processo sistemático. Em seguida, são arrolados todos os domicílios dentro dos conglomerados previamente selecionados e, então, os domicílios são sorteados por um processo sistemático. Desse modo, é assegurada a todos os domicílios a mesma probabilidade de seleção.

Com um nível de confiança de 95%, o erro amostral esperado para a taxa de desemprego é de 6,6 % e para o rendimento dos chefes, de 6,0%.

Para atender aos objetivos do presente estudo, que aborda a oferta de mão de obra no entorno do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), utilizaram-se as informações das bases de dados da PED/RMF para gerar alguns indicadores com representatividade estatística. Para isso, foi necessário elaborar as bases anuais dos anos de 2009 a 2015, além de agrupar os dados referentes aos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, por serem estes os únicos municípios nas proximidades do CIPP cobertos pela PED/RMF.

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Conforme as dimensões amostrais, em 2009, foram visitados 22.665 domicílios e entrevistadas 80.908 pessoas na região metropolitana de Fortaleza. Em 2015, as visitas ocorreram em 19.379 domicílios, sendo investigado um público de 62.929 pessoas. Nas áreas urbanas de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, foram 1.957 domicílios pesquisados, em 2009, e 1.755, em 2015, totalizando 7.184 e 5.820 pessoas entrevistadas, nos anos citados.

Foto: Carlos Gibaja / Governo do Ceará

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O mercado de trabalho no entorno do CIPP -

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