2
Mytilus edulis Mytilus galloprovincialis 8 © Biosphoto O mexilhão Biologia O mexilhão vive numa grande variedade de habitats, de áreas entremarés a zonas completamente submersas, com uma vasta gama de temperaturas e salinidade. Alimenta se de fito- plâncton e de matéria orgânica ao filtrar constantemente a água do mar, pelo que é sempre cultivado em zonas ricas em plâncton. A qualidade da água é um fator muito importante para a cultura do mexilhão. Como características específicas do mexilhão podem referir se a sua elevada fecundidade e uma fase larvar móvel, o que per- mite a sua distribuição por uma vasta área. Normalmente, entre março e outubro, consoante a latitude, o mexilhão liberta larvas que são levadas pelas correntes. Em menos de 72 horas, essas larvas crescem e deixam de ter capacidade para flutuar, pelo que assentam, procurando pontos de fixação nos mais variados substratos. Cultura A produção de mexilhão é a principal atividade de cultura de moluscos na Europa. Há referências de que, no século XIII, o mexilhão já era cultivado sobre estacas de madeira em França. A produção foi iniciada na costa atlântica com o mexilhão vulgar (Mytilus edulis), e depois na costa atlântica ibérica e no Mediterrâneo com o mexilhão do Mediterrâneo (Mytilus gallopro- vincialis), cuja criação se estende até ao mar Negro. Na natureza, encontram se frequentemente híbridos das duas espécies. A cultura começa com a recolha de larvas de mexilhão de lei- tos naturais ou de cordas ou outros suportes de captação colo- cados em locais determinados em função das correntes e da presença de microrganismos. As cordas são recolhidas e trans- feridas para viveiros propriamente ditos, normalmente entre maio e julho. Os juvenis são transferidos de leitos naturais para zonas de cultura costeiras abrigadas com recurso a dra- gas de arrasto específicas. Os três métodos de produção mais comuns nas zonas costei- ras da União utilizam: Cordas (principalmente em Espanha, no Mediterrâneo, na Irlanda e no Reino Unido) – os mexilhões são fixados a cor- das suspensas verticalmente na água e presas a uma estru- tura fixa ou flutuante (jangada). Na Galiza (Espanha), as jangadas são colocadas em estuários. Algumas explorações costeiras de cultura de mexilhão em França, na Irlanda e na Bélgica utilizam palangres. Estacas (designadas bouchots em França) – este tipo de cul- tura é realizado em filas de estacas de madeira cravadas na zona da baixa mar. São fixadas e enroladas cordas ou tubos de captação cheios de larvas, com 3 a 5 m de comprimento, em volta das estacas. É colocada uma rede que cobre toda a estrutura, a fim de evitar que os mexilhões caiam. Em bancos (sobretudo nos Países Baixos, na Irlanda e no Reino Unido) – Os juvenis são repartidos por bancos a pouca profundidade, geralmente em baías ou locais abrigados e fixam-se no solo. São apanhados 12 a 15 meses mais tarde. Produção e comércio A nível mundial, a aquicultura responde por 95 % da produção total de mexilhão. A China e a UE são os dois principais produ- tores de mexilhão, seguidos do Chile e da Nova Zelândia. A maior parte do mexilhão comercializado na UE é produzida localmente. O Chile e a Nova Zelândia são os dois principais fornecedores de mexilhão congelado da UE, onde é utilizado como matéria prima na indústria transformadora. O volume de comércio no interior da União é muito importante, corres- pondendo a metade do valor total da oferta da UE. Os princi- pais fluxos comerciais têm origem em Espanha, nos Países Baixos e na Dinamarca (mexilhão selvagem, no caso da Dinamarca) com destino à Bélgica, a França e a Itália. O mer- cado do mexilhão da UE é muito segmentado, com preços e períodos de comercialização que diferem em função da ori- gem do molusco. As exportações de mexilhão da UE são muito limitadas e têm como principais destinos a Suíça e a Rússia. A PESCA E A AQUICULTURA NA EUROPA I n.º 5 9 I DEZEMBRO 2012

o mexilhão

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: o mexilhão

M y t i l u s e d u l i s M y t i l u s g a l l o p r o v i n c i a l i s

8

© B

iosp

hoto

o mexilhão

Biologiao mexilhão vive numa grande variedade de habitats, de áreas entremarés a zonas completamente submersas, com uma vasta gama de temperaturas e salinidade. alimenta se de fito-plâncton e de matéria orgânica ao filtrar constantemente a água do mar, pelo que é sempre cultivado em zonas ricas em plâncton. a qualidade da água é um fator muito importante para a cultura do mexilhão.

Como características específicas do mexilhão podem referir se a sua elevada fecundidade e uma fase larvar móvel, o que per-mite a sua distribuição por uma vasta área. normalmente, entre março e outubro, consoante a latitude, o mexilhão liberta larvas que são levadas pelas correntes. Em menos de 72 horas, essas larvas crescem e deixam de ter capacidade para flutuar, pelo que assentam, procurando pontos de fixação nos mais variados substratos.

Culturaa produção de mexilhão é a principal atividade de cultura de moluscos na Europa. Há referências de que, no século Xiii, o mexilhão já era cultivado sobre estacas de madeira em França. a produção foi iniciada na costa atlântica com o mexilhão vulgar (Mytilus edulis), e depois na costa atlântica ibérica e no Mediterrâneo com o mexilhão do Mediterrâneo (Mytilus gallopro-vincialis), cuja criação se estende até ao mar negro. na natureza, encontram se frequentemente híbridos das duas espécies.

a cultura começa com a recolha de larvas de mexilhão de lei-tos naturais ou de cordas ou outros suportes de captação colo-cados em locais determinados em função das correntes e da presença de microrganismos. as cordas são recolhidas e trans-feridas para viveiros propriamente ditos, normalmente entre maio e julho. os juvenis são transferidos de leitos naturais para zonas de cultura costeiras abrigadas com recurso a dra-gas de arrasto específicas.

os três métodos de produção mais comuns nas zonas costei-ras da união utilizam:

• Cordas (principalmente em Espanha, no Mediterrâneo, na irlanda e no Reino unido) – os mexilhões são fixados a cor-das suspensas verticalmente na água e presas a uma estru-tura fixa ou flutuante (jangada). na Galiza (Espanha), as jangadas são colocadas em estuários. algumas explorações costeiras de cultura de mexilhão em França, na irlanda e na Bélgica utilizam palangres.

• Estacas (designadas bouchots em França) – este tipo de cul-tura é realizado em filas de estacas de madeira cravadas na zona da baixa mar. são fixadas e enroladas cordas ou tubos de captação cheios de larvas, com 3 a 5 m de comprimento, em volta das estacas. É colocada uma rede que cobre toda a estrutura, a fim de evitar que os mexilhões caiam.

• Em bancos (sobretudo nos Países Baixos, na irlanda e no Reino unido) – os juvenis são repartidos por bancos a pouca profundidade, geralmente em baías ou locais abrigados e fixam-se no solo.

são apanhados 12 a 15 meses mais tarde.

Produção e comércioa nível mundial, a aquicultura responde por 95 % da produção total de mexilhão. a China e a uE são os dois principais produ-tores de mexilhão, seguidos do Chile e da nova zelândia. a maior parte do mexilhão comercializado na uE é produzida localmente. o Chile e a nova zelândia são os dois principais fornecedores de mexilhão congelado da uE, onde é utilizado como matéria prima na indústria transformadora. o volume de comércio no interior da união é muito importante, corres-pondendo a metade do valor total da oferta da uE. os princi-pais fluxos comerciais têm origem em Espanha, nos Países Baixos e na Dinamarca (mexilhão selvagem, no caso da Dinamarca) com destino à Bélgica, a França e a itália. o mer-cado do mexilhão da uE é muito segmentado, com preços e períodos de comercialização que diferem em função da ori-gem do molusco. as exportações de mexilhão da uE são muito limitadas e têm como principais destinos a suíça e a Rússia.

A P

ES

CA

E A

Aq

UiC

Ul

TU

rA

NA

EU

ro

PA

i

n.º 5

9

i

DE

zE

MB

Ro

20

12

Page 2: o mexilhão

0

100

200

300

400

500

Apresentação no mercadoo mexilhão é a espécie de molusco mais versátil em termos de apresentação e embalagem. Pode ser vendido a granel, pré embalado em sacos de rede ou embalado em vácuo, pronto a utilizar. Em Espanha, os mexilhões do Mediterrâneo de maior tamanho são frequentemente enlatados sem casca. o mexi-lhão começa igualmente a ser apresentado pré cozinhado em diferentes preparações, em embalagens a vácuo, com prazos de validade alargados.

Valor nutricional médio por 100 g (mexilhão M. edulis cozinhado)

Calorias: 103 kcalProteínas: 17 gSelénio: 50 µgVitamina D: < 0,5 µgEPA: 340 mgDHA: 214 mg

mais de 150 000 toneladasde 50 000 a 100 000 toneladasde 20 000 a 50 000 toneladasde 2 000 a 5 000 toneladasmenos de 1 000 toneladas

Fonte: Eurostat.

Produção aquícola de mexilhão na UE (2009)

oferta e comércio de mexilhão na UE* (2009) (milhões de EUR)

produção importações de países terceiros

exportações para países

terceiros

comércio entre países

da uE

* da pesca e da aquicultura.

Fonte: Eurostat.

sopa de mexilhão

ingredientes para 4 pessoas

Preparação 1. Pôr água a ferver e deixar o tomate a cozer 2 minutos, retirar do lume,

passar por água fria, retirar a pele, abrir e retirar as grainhas, picar aos cubos pequenos. Reservar.2. Num tacho com 3 colheres de sopa de azeite, refogar a cebola e o alho picado durante 4 minutos, juntar o tomate e o louro e deixar apurar durante 10 minutos.3. Lavar o mexilhão. Levar ao lume forte tapado até abrir. Retirar do lume, deixar repousar, seguidamente retirar de um outro tacho o mexilhão, descascar, reservar o miolo, o caldo será coado por um pano.

4. Juntar o caldo ao refogado, a água e deixar ferver, juntar seguidamente o arroz carolino e deixar cozer 7 minutos.5. Fritar as fatias de pão caseiro, e logo depois esfregar com alho fresco. Servir com o pão frito e a hortelã.

Receita do Chef Michel da Costa (Euro-toques Portugal)

•1 kg de mexilhão•1 cebola•6 colheres de sopa de azeite•4 dentes de alho•2 tomates

•50 gr. de arroz carolino•1l de água•4 fatias de pão •6 ramos de hortelã fresca