O Modelo OSI de Arquitetura

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    O Modelo OSI de Arquitetura

    1.1. Introduo

    O final da dcada de 70 apresentava um panorama curioso emtermos de comunicao de dados em redes de computadores: por umlado, uma perspectiva de crescimento vertiginoso causados peloinvestimento e desenvolvimento que estavam sendo feitos, mas por outrolado uma tendncia que poderia acarretar em uma profunda crise nosetor, a heterogeneidade de padres entre os fabricantes, praticamenteimpossibilitando a interconexo entre sistemas de fabricantes distintos.

    Ento os fabricantes comearam a perseguir alguns objetivosnecessrios para a implementao de um sistema aberto. Essesobjetivos so:

    interoperabilidade: capacidade que os sistemas abertos possuem detroca de informaes entre eles, mesmo que sejam fornecidos porfabricantes diversos;

    interconectividade: a maneira atravs da qual se pode conectarcomputadores de fabricantes distintos;

    portabilidade da aplicao: a capacidade de um software de rodarem vrias plataformas diferentes;

    "scalability": capacidade de um software rodar com uma performanceaceitvel em computadores de capacidades diversas, desdecomputadores pessoais at supercomputadores.

    Para se atingir estes objetivos, a ISO (International Organization forStandardization) passou a se ocupar em criar um padro de arquitetura

    aberta e baseada em camadas. Foi ento definido o Modelo deReferncia para Interconexo de Sistemas Abertos (Reference Model forOpen Systems Interconection - RM OSI).

    A utilizao de um ambiente de sistema aberto nos oferece algumasvantagens, como:

    liberdade de escolha entre solues de diversos fabricantes;

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    acesso mais rpido a novas tecnologias e a preos mais acessveis,

    j que mais barato e rpido fabricar produtos baseados em umaplataforma padro;

    reduo de investimentos em novas mquinas, j que os sistemas eos softwares de aplicao so portveis para os vrios tipos demquinas existentes.

    A adoo de um modelo baseado em camadas tambm no arbitrria. Considerando que uma rede de computadores tem comoobjetivo o processamento de tarefas distribudas pela rede de formaharmnica e cooperativa entre os vrios processos de aplicao, oprojeto desta deve levar em conta vrios fatores, como:

    considerar todos os eventos possveis de acontecer durante acomunicao;

    conhecer todos os efeitos e causas destes eventos;

    especificar em detalhes todos os aspectos tcnico-operacionais dosmeios fsicos a serem utilizados como suporte comunicao;

    detalhes das prprias aplicaes a serem executadas.

    Podemos perceber, ento, que o problema extremamentecomplexo e abrangente. A fim de se lidar com esta complexidade(facilitando a implementao e manuteno), projeta-se a rede como umconjunto de camadas.

    Este conjunto de camadas hierrquico, ou seja, cada camadabaseia-se na camada inferior [Moura 86]. Reduzindo-se o projeto globalda rede ao projeto de cada uma das camadas, simplifica-seconsideravelmente o trabalho de desenvolvimento e de manuteno. Oprojeto de uma camada restrito ao contexto dessa camada e supe queos problemas fora deste contexto j estejam devidamente resolvidos.

    Na realidade existem duas vantagens prticas na utilizao de umaarquitetura em camadas. Em primeiro lugar, a complexidade do esforoglobal de desenvolvimento reduzida atravs de abstraes (nointeressa para uma determinada camada como as demais implementamo fornecimento de seus servios, s o que elas oferecem). Na arquiteturahierrquica, a camada (N) sabe apenas que existem a camada (N-1),prestadora de determinados servios e a camada (N+1), que lhe requisita

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    os servios. A camada (N) no toma conhecimento da existncia dascamadas (N2), (N3), etc.

    O segundo aspecto relacionado com a independncia entre ascamadas. A camada (N) preocupa-se apenas em utilizar os servios da

    camada (N-1), independentemente do seu protocolo. assim que umacamada pode ser alterada sem mudar as demais (facilidade demanuteno) - desde que os servios que ela presta no sejammodificados. assim tambm que novas aplicaes podem serimplementadas, na camada apropriada, aproveitando os mesmosservios j fornecidos pelas outras camadas (reduo dos esforos paraevolues).

    Porm a elaborao de um sistema aberto passa por algumasetapas obrigatrias que podemos observar claramente na definio domodelo OSI, da ISO:

    definio do modelo do sistema aberto (padro para arquitetura dosistema aberto);

    definio dos padres dos componentes que fazem parte do modelo(padres de interoperabilidade e portabilidade), no s osrelacionados comunicao, mas tambm alguns no relacionados,como estrutura de armazenamento de dados, etc;

    seleo dos perfis funcionais.

    Podemos observar que o modelo OSI da ISO correspondeexatamente ao primeiro item citado acima. O modelo OSI um modelode referncia e define apenas a arquitetura do sistema. O padro criadopara o modelo OSI, ento, define exatamente o que cada camada devefazer, mas no define como isto ser feito, ou seja, define os serviosque cada camada deve prestar, mas no o protocolo que o realizar.Este primeiro passo j est bem definido pela ISO.

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    A definio dos protocolos de cada camada, ento, fica por conta dosegundo passo. Esta parte tambm est definida pela ISO, mas realizado por grupos de estudo diversos. Este passo uma tarefa muitodinmica, pois novas tecnologias de transmisso surgem a todo instante.Portanto por um lado temos alguns padres bem documentados, mas por

    outro, temos tecnologias emergentes que precisam ser adaptadas scondies do modelo OSI e ainda esto em processo de definio.

    J a terceira etapa no uma fase de responsabilidade da ISO. Estaetapa de definio de perfis funcionais realizada por cada pas, queescolhe os padres que lhe cabem baseados em condies tecnolgicas,base instalada, viso futura, etc. Por exemplo, no Brasil temos o PerfilFuncional do Governo Brasileiro. A escolha do Perfil Funcional umaetapa importante, pois apesar de dois sistemas seguirem o Modelo OSI,se eles adotarem perfis diferentes, eles nunca vo conseguir interoperar.

    A arquitetura OSI foi desenvolvida a partir de trs elementos bsicos[Moura 86]:

    os processos de aplicao existentes no ambiente OSI;

    as conexes que ligam os processos de aplicao e que lhespermitem trocar informaes;

    os sistemas.

    Figura 2.1: Processos de aplicao, conexes e sistemasO desenho abaixo nos d uma idia da arquitetura de uma mquinapertencente a um sistema de comunicao:

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    Figura 2.2: Arquitetura de uma mquina do sistema

    Hardware: prov a infra-estrutura necessria (no nvel mais baixo)para o processamento da aplicao, como a manipulao de bits, acessoa disco, etc. Sistema operacional: prov os servios bsicos de acesso

    a hardware, etc. Gerenciamento de dados: cuida de tarefas como oacesso, manipulao e troca de vrios tipos de dados. Uma consistncianesta tarefa um grande passo rumo portabilidade de aplicaes.Existem vrias formas de implementao de acesso a bancos de dados,mas a mais comum e aceita pela indstria a SQL (Structure QueryLanguage).

    Linguagem: tem sido feitos esforos em relao criao de umalinguagem com independncia da plataforma, de forma a prover aportabilidade de cdigo. Interface com o usurio: um dos principaisfatores de portabilidade, j que prov a interface com o usurio daaplicao. Cada vez mais esto sendo desenvolvidas interfaces grficase orientadas a objetos baseadas em janelas, cones e menus.

    Os principais padres para desenvolvimento de interfaces grficasso X Window e Motif. Comunicao: a parte de comunicao o objetoprincipal do nosso estudo. Ela vai prover a comunicao e interoperaoentre mquinas e sistemas diferentes, cuidando de caractersticas comopadres de interoperao, endereamento, etc.

    O modelo OSI, ento, se encaixa na figura 2.2 como um conjunto defunes que possibilitam que mquinas distintas possam se comunicar etrocar informaes. Ele possui sete camadas (figura 2.3), onde cadacamada responsvel por uma determinada funo especfica. Osprincpios utilizados para se chegar a estas camadas so [Tanenbaum94]:

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    uma camada deve ser criada onde necessrio um nvel deabstrao diferente;

    cada camada deve desempenhar uma funo bem definida;

    a funo de cada camada deve ser definida tendo em vista adefinio de protocolos padres internacionais;

    as fronteiras entre as camadas devem ser escolhidas de forma aminimizar o fluxo de informaes atravs das interfaces;

    o nmero de camadas deve ser grande o suficiente para que no sejapreciso agrupar funes em uma mesma camada por necessidade, epequeno o suficiente para que a arquitetura fique manejvel.

    Cada camada usuria dos servios prestados pela camadaimediatamente inferior e presta servios para a camada imediatamentesuperior. Esta troca de informaes entre as camadas adjacentes ocorrepor meio da troca de primitivas de servios nas interfaces entre ascamadas.

    Apesar do modelo OSI estar dividido em sete nveis, pode-seconsiderar genericamente que as trs camadas mais baixas cuidam dosaspectos relacionados transmisso propriamente dita e a camada detransporte lida com a comunicao fim-a-fim, enquanto que as trs

    camadas superiores se preocupam com os aspectos relacionados aplicao, j em nvel de usurio.

    A comunicao entre sistemas ocorre em nvel de camadas, ou seja,a camada de aplicao do sistema A se comunica com a camada deaplicao do sistema B e assim por diante at o nvel fsico, onde ocorrea comunicao fsica entre os sistemas.

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    Figura 2.3: Modelo OSI

    Uma maneira bastante fcil e simplista de se enxergar afuncionalidade de um modelo em camadas, como o modelo OSI, imaginar que cada camada tem como funo adicionar um cabealho aosdados do usurio a serem transmitidos para outro sistema (figura 2.4).Deste modo a funo de cada camada do outro sistema exatamente ainversa, ou seja, retirar os cabealhos dos dados que chegam e entreg-los ao usurio em sua forma original.

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    Figura 2.4: Transferncia de Dados entre Camadas

    Os dados entregues pelo usurio camada de aplicao do sistemarecebem a denominao de SDU (Service Data Unit). A camada deaplicao, ento, junta SDU (no caso, os dados do usurio) umcabealho chamado PCI (Protocol Control Information). O objetoresultante desta juno chamado de PDU (Protocol Data Unit), quecorresponde unidade de dados especificada de um certo protocolo dacamada em questo.

    1.2. Primitivas de Servios

    As primitivas de servios so informaes trocadas entre duascamadas adjacentes de forma a realizar um servio. No modelo OSI sodefinidas quatro tipos de primitivas:

    Pedido (Request): utilizada para solicitar ou ativar um determinado

    servio;

    Indicao (Indication): informa a ocorrncia de um determinadoevento;

    Resposta (Response): utilizada para responder a um determinadoevento;

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    indication.CONEXO - informa parte chamada;

    response.CONEXO - entidade chamada aceita ou rejeita chamadas;

    confirmation.CONEXO - indica ao solicitante se a chamada foiaceita;

    request.DADOS - solicita a transmisso de dados;

    indication.DADOS - avisa sobre a chegada de dados;

    request.DESCONEXO - solicita que a conexo seja liberada;

    indication.DESCONEXO - informa ao parceiro sobre o pedido.

    Um exemplo muito didtico a analogia com o sistema telefnico.Por exemplo, voc liga para uma pessoa e a convida para sair:

    request.CONEXO - voc disca o telefone da pessoa;

    indication.CONEXO - o telefone dela toca;

    response.CONEXO - ela atende ao telefone;

    confirmation.CONEXO - voc ouve o sinal de chamada parar detocar;

    request.DADOS - voc convida a pessoa para sair;

    indication.DADOS - ela ouve seu convite;

    request.DADOS - ela responde que sim;

    indication.DADOS - voc ouve a aceitao dela;

    request.DESCONEXO - voc desliga o telefone;

    indication.DESCONEXO - ela ouve e desliga tambm.

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    Figura 2.6: Diagrama de Tempo da Conversao Telefnica

    A camada N o usurio, ou seja, voc e a pessoa com quem estfalando. A camada N-1 a operadora do servio. De um modo bastantesimplificado, este exemplo nos mostra a troca de primitivas em umaconversao genrica, mas que pode ser perfeitamente aplicada a

    situaes mais complexas, como o modelo OSI.

    1.3. Servios e Protocolos

    Faz-se necessrio neste ponto deixar bem clara a distino entreservios e protocolos. Um servio um conjunto de primitivas que umacamada oferece camada superior adjacente, ou seja, uma interfaceentre duas camadas onde a inferior se comporta como provedora do

    servio e a superior a usuria do servio. O servio define as operaesque a camada est preparada para realizar em nome de seus usurios,mas no diz nada a respeito do modo como isso deve ser implementado.

    J um protocolo um conjunto de regras que governa o formato esignificado dos quadros, pacotes ou mensagens trocados entre entidadesparceiras dentro de uma mesma camada. Os protocolos so utilizadospara implementar os servios, no sendo diretamente visveis aosusurios, ou seja, o protocolo utilizado pode ser modificado, desde que oservio oferecido ao usurio permanea o mesmo.

    Devemos sempre lembrar que ao se falar em servios, estamosfalando em camadas adjacentes (nveis diferentes, no mesmo sistema), eprotocolo falamos de entidades pares (no mesmo nvel, em sistemasdiferentes).

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    Figura 2.7: Servios e protocolos no modelo OSI

    Os servios providos pela camada (N) so disponveis para aentidade (N+1) atravs dos SAPs (Service Access Point). Os SAPs sointerfaces lgicas entre as entidades (N) e (N+1). Portanto, quando aentidade (N+1) precisa utilizar o servio provido pela camada (N), elabusca este no SAP(N).

    As informaes entre entidades (N+1) so trocadas atravs de umaassociao chamada conexo (N) , estabelecida na camada (N) usandoo protocolo (N). A figura 2.8 ilustra este conceito.

    Figura 2.8: SAPs e conexes

    1.4. Camada Fsica

    A camada fsica a nica camada que possui acesso fsico ao meiode transmisso da rede devendo, portanto, se preocupar com fatorescomo as especificaes eltricas, mecnicas, funcionais e procedurais dainterface fsica entre o equipamento e o meio de transmisso, ou seja, acamada fsica tem como funo bsica a adaptao do sinal ao meio detransmisso.

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    mecnicas: propriedades fsicas da interface com o meio fsico detransmisso, incluindo, por exemplo, o tipo de conector utilizado;

    eltricas: relacionam-se com a representao de um bit em termosde, por exemplo, nvel de tenso utilizado e taxa de transmisso de bits; funcionais: definem as funes a serem implementadas por esta

    interface; procedurais: especificam a seqncia de eventos trocadosdurante a transmisso de uma srie de bits atravs do meio detransmisso.

    A camada fsica possui as seguintes funes:

    estabelecimento/encerramento de conexes: ativa e desativaconexes fsicas mediante a solicitao de entidades da camada deenlace; transferncia de dados: a unidade de transmisso utilizada obit. O nvel fsico tem como funo transmitir os bits na mesma ordem em

    que chegam da camada de enlace (no sistema de origem) e entreg-los camada de enlace na mesma ordem que chegaram (no sistema dedestino); gerenciamento das conexes: gerncia da qualidade deservio das conexes fsicas estabelecidas. Deve monitorar taxa deerros, disponibilidade de servio, taxa de transmisso, atraso de trnsitoetc.

    Os padres de nvel fsico utilizados so, por exemplo, X.21, X.21bis, V.24, V.28, RS-232 I.430, I.431 etc.

    1.5. Camada de Enlace

    A camada de enlace tem o objetivo de prover uma conexo confivelsobre um meio fsico. Sua funo bsica detectar e, opcionalmente,corrigir erros que por ventura ocorram no nvel fsico. As suas principaisfunes so:

    estabelecimento e liberao da conexo de enlace sobre conexesfsicas ativas;

    splitting da conexo de enlace: desta forma pode haver uma conexode enlace sobre vrias conexes fsicas;

    montagem e delimitao de quadros (framing): montagem de quadrosa partir de unidades de quadros de servios provindas da camada de

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    rede e reconhecimento de quadros a partir da cadeia de bits vinda donvel fsico;

    controle de fluxo: controla a taxa de transmisso dos quadros,evitando que o sistema transmissor envie dados a uma taxa maior do

    que o receptor consegue processar. Utiliza para isso mecanismoscomo stop-and-wait, positive acknowledgment e sliding window.

    controle de acesso: gerncia do acesso ao meio de transmisso;

    controle de erro: a camada de enlace deve detectar erros detransmisso, de formato e de operao devidos a problemas deconexo fsica ou mau funcionamento da prpria camada. Os errosmais comumente detectados so erros devido a perdas, duplicao,no-ordenao e danificao de quadros.

    controle de seqncia: as unidades de dados de servio de enlacedevem ser entregues entidade de rede de destino na mesma ordemem que so recebidas da entidade de rede de origem;

    gerenciamento: a camada de enlace deve exercer algumas funesde gerenciamento relacionadas qualidade de servio prestado,caracterizada por: tempo mdio entre erros irrecuperveis, taxa deerro residual decorrente da alterao, perda, duplicao e no-ordenao dos quadros, disponibilidade do servio, atraso de trnsito

    e throughput (vazo).

    O protocolo de enlace mais conhecido o HDLC, antecessor deoutros como LAPB, LAPD e LLC.

    1.6. Camada de Rede

    A camada de rede deve tornar transparente para a camada detransporte a forma como os recursos dos nveis inferiores so utilizadospara implementar conexes de rede. Deve tambm equalizar as

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    diferenas entre as diversas sub-redes utilizadas de forma a fornecer umservio nico a seus usurios (independente da rede utilizada).

    Suas principais funes so:

    roteamento: determinao das rotas apropriadas para a transmisso

    dos dados entre dois endereos (origem e destino) atravs dealgoritmos de roteamento;

    multiplexao da conexo de rede: vrias conexes de rede podemser multiplexadas sobre uma nica conexo de enlace, a fim deotimizar a utilizao desta ltima;

    segmentao e blocagem: caso as sub-redes envolvidas em umacomunicao fim-a-fim possuam diversos tipos e tamanhos dequadros, a camada de rede deve exercer funes de segmentao

    de quadros e remontagem destes no destino;

    controle de erro: detecta e, dependendo da qualidade do servioexigida, at corrige erros de alterao, perda, duplicao e no-ordenao das unidades de dados;

    seqenciao: a camada de rede responsvel por manter a ordemdas unidades de dados de servio de rede a serem transmitidas narede e recebidas pela camada de transporte no destino;

    controle de fluxo: controle da taxa em que os dados so transmitidos,de forma que o transmissor no envie mais dados do que o receptortenha capacidade de receber;

    transferncia de dados expressos: a transmisso de dados expressostem por finalidade estabelecer prioridade de transmisso para algunsdados (como sinalizao e interrupo) sobre os dados normais;

    seleo de servio: permite a escolha do servio de rede, de modo agarantir que os servios oferecidos pelas diversas sub-redes sejam

    equivalentes;

    gerenciamento: a camada de rede deve efetuar tarefas degerenciamento relacionadas qualidade de servio oferecida,caracterizada pelos parmetros citados acima.

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    A camada de rede pode prestar servios orientados conexo(CONS - Connection Oriented Network Service) ou servios no-orientados conexo (CLNS - ConnectionLess Oriented NetworkService). Um exemplo de protocolo utilizado na camada de rede o X.25.

    1.7. Camada de Transporte

    A camada de transporte prov mecanismos que possibilitam a trocade dados fim-a-fim, ou seja, a camada de transporte no se comunicacom mquinas intermedirias na rede, como pode ocorrer com ascamadas inferiores.

    As principais funes da camada de transporte so:

    estabelecimento e liberao da conexo de transporte: para seestabelecer a conexo, devem ser negociadas a classe de protocoloa ser utilizada, o tamanho mximo das unidades de dados deprotocolo, a utilizao ou no do servio de transferncia de dadosexpressos, parmetros de qualidade de servio (throughput, atraso detrnsito, prioridade, taxa de erro residual, etc) etc;

    controle de seqncia e controle de erro: numerao ereconhecimento explcito dos dados a fim de evitar perdas,

    duplicao ou entrega fora de ordem;

    controle de fluxo: a tcnica de controle de fluxo utilizada na camadade transporte a tcnica de alocao de crdito, parecida com a

    janela deslizante;

    segmentao, blocagem e concatenao fim-a-fim: adapta o tamanhoda unidade de dados utilizadas para as camadas de transmisso;

    monitorao da qualidade do servio: a monitorao da qualidade de

    servio deve ser constante, caso contrrio deve ser gerada umanotificao camada de sesso;

    transferncia de dados expressos: a camada de transporte devepossibilitar esta funcionalidade;

    gerenciamento: funes de gerenciamento relacionadas qualidadede servio prestado s entidades de sesso.

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    As funes implementadas pela camada de transporte dependem da

    qualidade de servio desejada.Foram especificadas, ento, cinco classes de protocolos orientados

    conexo:

    classe 0: simples, sem nenhum mecanismo de deteco erecuperao de erros;

    classe 1: recuperao de erros bsicos sinalizados pela rede;

    classe 2: permite que vrias conexes de transporte sejammultiplexadas sobre uma nica conexo de rede e implementamecanismos de controle de fluxo;

    classe 3: recuperao de erros sinalizados pela rede e multiplexaode vrias conexes de transporte sobre uma conexo de rede;

    classe 4: deteco e recuperao de erros e multiplexao deconexes de transporte sobre uma nica conexo de rede.

    1.8. Camada de Sesso

    A camada de sesso a responsvel pelo estabelecimento desesses entre dois usurios permitindo o transporte ordinrio de dados(assim como a camada de transporte), porm com alguns servios maisrefinados, que podem ser teis em algumas aplicaes.

    Alguns servios que a camada de sesso deve prover so, porexemplo:

    gerncia do controle de dilogo: a troca de informaes entreentidades em um circuito half-duplex deve ser controlada atravs da

    utilizao de tokens. A camada de sesso responsvel pela possee entrega destes tokens, ajudando a controlar de quem a vez detransmitir;

    sincronizao: para se evitar, por exemplo, a perda de um volume dedados muito grandes que esto sendo transmitidos em uma rede noconfivel, utiliza-se o conceito de ponto de sincronizao. O ponto desincronizao corresponde a marcas lgicas posicionadas ao longo

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    do dilogo. Toda vez que um usurio recebe um ponto desincronizao, deve enviar uma resposta, confirmando que este foirecebido. Caso a transmisso, por algum motivo, seja interrompida,ela pode ser reiniciada a partir do ltimo ponto de sincronizaoconfirmado;

    gerenciamento da camada de sesso.

    1.9. Camada de Apresentao

    A camada de apresentao, ao contrrio das camadas inferiores, jno se preocupa com os dados em nvel de bits, mas sim com a suasintaxe, ou seja, sua representao. Nela definida a sintaxe abstrata,

    ou seja, a forma como os tipos e os valores dos dados so definidos,independentemente do sistema computacional utilizado e a sintaxe detransferncia, ou seja, a maneira como realizada esta codificao. Porexemplo, atravs da sintaxe abstrata define-se que um caractere A deveser transmitido. A sintaxe de transferncia especifica, ento, como estedado ser codificado em ASCII ou EBCDIC ao ser entregue camada desesso.

    Outras funes que a camada de apresentao pode executar so acriptografia e compresso de dados.

    1.10. Camada de Aplicao

    Basicamente, as funes da camada de aplicao so aquelasnecessrias adaptao dos processos de aplicao ao ambiente decomunicao. A camada de aplicao estruturada modularmente parapermitir a flexibilidade das funes e de forma, para se determinar osrequisitos de comunicao de cada aplicao distribuda. A camada deaplicao deve seguir o descrito na norma ISO 9545. Ela formada porvrias ASE's (Elemento de Servio de Aplicao), que so oscomponentes bsicos das AE's (Entidade de Aplicao). Uma AE afuno que um processo de aplicao utiliza para se comunicar com osseus pares. Um processo de aplicao pode utilizar diversas AE's, cadauma das quais provendo um conjunto de definies de cada uma dasfunes e das regras que governam o uso destas funes.

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    O componente bsico de uma AE um Elemento de Servio deAplicao (ASE). Um ASE um elemento que define uma funo ou umconjunto de funes que ajudam na realizao da aplicao. Destaforma, pode-se imaginar que um AE um grande programa feito demuitos sub-programas ou procedimentos, que so os ASE.

    As principais funes da camada de aplicao so:

    Seleo do modo de dilogo (full duplex ou half duplex);

    Determinao da qualidade de servio aceitvel na conexo: retardode transferncia, taxa de erro tolervel, etc;

    Identificao dos futuros parceiros na comunicao: por nome ouendereo;

    Especificao de aspectos relativos segurana: controle de acesso,integridade de dados, etc.

    1.10.1. Elementos de Servio de Aplicao de Propsito Geral

    Aqui sero apresentados os elementos de servio de aplicao queexercem funes bsicas, podendo ser utilizados pela maioria das

    aplicaes.

    1.10.1.1. ACSE (Association Control Service Element)

    O elemento de servio de aplicao ACSE o responsvel pelo

    gerenciamento das associaes de aplicao. Presta os servios bsicosde estabelecimento e liberao (ordenada e abrupta) de associaes deaplicao. Desta forma, est presente em todas as entidades deaplicao.

    1.10.1.2. ROSE (Remote Operations Service Element)

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    O ROSE um elemento de servio de aplicao que oferecesuporte a aplicaes interativas, sendo bastante til em aplicaesdistribudas. O ROSE no pode ser utilizado isoladamente. Em geral, ele utilizado em aplicaes envolvendo MHS (Message Handling System),DS (Directory Service) e gerenciamento OSI. No caso particular do

    gerenciamento, o ROSE usado, por exemplo, para transportaroperaes de gerenciamento (como o caso da leitura de atributos deum objeto gerenciado) do gerente para o agente e para transportar oresultado da operao realizada (valor dos atributos lidos) do agente paragerente.

    1.10.1.3. RTSE (Reliable Transfer Service Element)

    Como vimos anteriormente, uma das funes da camada de sesso

    garantir que aps uma interrupo em uma conexo estabelecida, atransferncia dos dados possa se restabelecer a partir do ponto em quehouve a interrupo, havendo uma perda mnima. O RTSE deve executaresta mesma funo atravs de uma interface simples e ser capaz, ento,de transferir as unidades de dados de um forma confivel entre entidadesde aplicao.

    1.10.1.4. CMISE (Common Management Information Service Element)

    Cada recurso que est sujeito ao gerenciamento de sistemas representado por um objeto gerenciado. Os objetos gerenciados podemser criados, suprimidos e ter os valores dos seus atributos modificados. Ogerenciamento de objetos descreve o servio para relatrios de criao esupresso de objetos gerenciados, modificao de nomes de objetosgerenciados, modificao de atributos dos objetos gerenciados. Estasaplicaes de gerncia de rede so realizadas atravs do CMISE.

    A descrio do servio CMISE detalhada na X.710 e na ISO 9595-1 verso 2. O Protocolo de Informao de Gerenciamento Comum(CMIP) o protocolo utilizado para a troca de unidades de dados deprotocolo de informao de gerenciamento comum entre o agente e ogerente. O CMIP especifica os elementos de protocolo que podem serusados para prover as Operaes e Notificaes definidas na X.710, aqual define o Servio de Gerenciamento Comum (CMIS). A X.711 definea sintaxe abstrata do CMIP.

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    1.10.1.5. TP (Transaction Processing)

    O TP tem como objetivo prover a infra-estrutura necessria aosuporte do processamento de transaes distribudas envolvendo vriossistemas abertos. Uma transao distribuda deve ser caracterizada por:

    atomicidade: uma unidade de trabalho deve sempre ser executada demaneira completa, ou no deve ser executada;

    consistncia: uma unidade de trabalho deve ser executada de umamaneira precisa, correta e vlida em relao semntica daaplicao;

    isolao: os resultados intermedirios de uma unidade de trabalhono devem tornar-se disponveis a no ser para as operaes que

    fazem parte de uma unidade de trabalho;

    durabilidade: os efeitos da realizao de uma unidade de trabalhono podem ser alterados por nenhuma falha que venha a ocorrerposteriormente.

    responsabilidade do TP prover facilidades e mecanismos de formaa garantir que estes objetivos sejam alcanados.

    1.10.1.6. CCR (Commitment, Concurrency and Recovery)

    Para os casos em que o processamento se d de forma distribuda,as facilidades so providas pelo TP. J no caso do processamentoocorrer entre duas aplicaes residentes em sistemas abertos distintos,ela deve ser coordenada de forma que haja a garantia de que a execuode unidades de trabalho ocorra somente quando tais aplicaes estejamprontas e aptas a faz-lo.

    1.10.2. Elementos de Servio de Aplicao de Propsito Especfico

    A funo dos elementos de servio de aplicao prover suporte aaplicaes de uma maneira genrica, porm algumas aplicaes como atransferncia de arquivos e o correio eletrnico se tornaram to comunsque foram criados elementos de servio especficos para estes casos.

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    1.10.2.1. MHS (Message Handling System)

    O MHS o servio de correio eletrnico. Este tipo de servio surgiuh vrios anos, na dcada de setenta, porm funcionava de maneiraproprietria, ou seja, sistemas de fabricantes diferentes no conseguiam

    trocar mensagens entre si. Na dcada de oitenta, o CCITT em conjuntocom a ISO resolveram padronizar este tipo de servio.

    A operao do MHS se baseia no sistema store and forward, ouseja, no h nenhuma conexo entre o originador da mensagem e o seudestinatrio durante o momento em que esta enviada. As facilidadesque o MHS oferece incluem:

    nomeao e endereamento;

    entrega de mensagens a mltiplos destinatrios;

    destinatrio alternativo;

    tipo de servio (prioridade);

    teste;

    notificao;

    converso.

    A verso de 88 do MHS contm, ainda, facilidades adicionaisrelativas a segurana, listas de distribuio e redirecionamento demensagens.

    1.10.2.2. FTAM (File Transfer Access and Management)

    O FTAM tem por objetivo permitir a consulta, acesso, transferncia e

    gerenciamento de arquivos em um ambiente aberto. muito til, porexemplo, no caso de transferncia de arquivos de tarifao, que possuemum volume muito grande. As operaes que podem ser executadas sobrearquivos podem ser classificadas em trs tipos:

    transferncia: operao de movimentao entre dois sistemasabertos, de parte ou de todos os dados contidos em um arquivo;

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    acesso: operao em que o usurio pode ler, substituir ou remover os

    dados contidos em um arquivo;

    gerenciamento: operaes de criao, remoo, inspeo e

    manipulao de atributos de um arquivo.

    Os servios prestados pelo protocolo FTAM deve servir de basepara o desenvolvimento de sistemas que envolvam a manipulao dearquivos em vrios nveis de complexidade. Por exemplo, a transfernciaparcial ou completa de arquivos entre sistemas interconectados atravsde uma rede local ou de longa distncia; o acesso a um sistema dearquivos compartilhado entre mltiplas estaes interconectadas atravsde uma rede; a transferncia de arquivos para fins de impresso, etc.

    1.10.2.3. DS (Directory Service)

    O Servio Diretrio consiste em um repositrio de informaesmantido por um conjunto de sistemas abertos distribudos. Estessistemas possuem acesso a estas informaes e podem, por exemplo,ler e modificar estas informaes.