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O Mundo de Lara Rudy Rossi
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O Mundo de Lara
Rudy Rossi
O conteúdo desta obra, inclusive revisão ortográfica, é de responsabilidade exclusiva do autor Rudy Rossi
® 2014-09-01
O Mundo de Lara Rudy Rossi
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O Mundo de Lara
Ao som de um violino tocado por algum espírito, surgia
em minha imaginação, uma dama misteriosa. Sua pele
clara, branca, quase como a neve, com a cor de um a
batom que realçava ainda mais a tua beleza sombria e
misteriosa. Pensativa ou talvez triste ela encontrava-se em
profundos devaneios. Pensamentos voltados ao passado
dominavam sua imaginação. Em seu mundo de escuridão
e caos, os seus dias pareciam serem infinitos. A tua alma
pedia socorro para a luz em um mundo onde só avia trevas
e escuridão. Em seus dias de temores se lembrava de um
passado onde a luz se reinava, mas que agora era apenas
uma lembrança,...
Rudy Rossi
Este livro eu dedico a Deus, a Lara e a todos os leitores,
amigos e familiares.
O Mundo de Lara Rudy Rossi
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O MUNDO DE LARA
Sumário
Capítulo 1
Lara
Infância de Lara
Da Luz para as Travas
Prisioneira nos dois Mundos
Alguns Minutos de Lucidez
Sarita Resgata Lara
Guerreiras de Deus
Capítulo 2
A Virada
Saña ( Uma Cidade Árabe )
Condenados Pela Religião
A Fuga
A Morte de Rosana
Lara volta para o Brasil
Capítulo 3
Nova Missão
Henrique se apaixona por Lara
Lara sonha com o Paraíso
Um imprevisto indesejado e a morte de Henrique
O Fim de Lara
O Mundo de Lara Rudy Rossi
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Sinopse
Lara era uma jovem de 27 anos. Em seu mundo
pequeno, mas enorme em seus pensamentos e devaneios,
ela ia às lembranças e aos mais profundos acontecimentos
ocorridos em sua vida, e alguns gerados pela sua própria
mente conturbada e solitária.
Em sua infância, desenvolveu-se praticamente sozinha,
pois seus pais viviam atarefados com a vida corrida que
levavam. Com isso, ela foi criando um mundo imaginário
que, com o tempo, a levou a perder completamente o
controle de sua vida, e se deixou aprisionar a um mundo
de espíritos imundos e diabólicos.
Neste mundo, muitas vidas estavam aprisionadas com ela,
pois o objetivo destes demônios era controlar a vida na
Terra e, assim, possuir as almas de todas elas. Muitas já
estavam perdidas e já não tinham mais forças para
alcançar a luz e sair deste mundo tenebroso do qual, agora,
Lara fazia parte.
Lara era de uma família italiana. Seu pai, Pedro, não
teve muita sorte em sua vida e, por este motivo, Lara não
teve uma vida como desejava. Desde muito nova teve que
trabalhar e estudar para ter algo mais do que o seu pai lhe
podia dar. Ela era balconista em uma padaria. Seu pai
tinha uma banca de revistas e jornais.
Miranda, mãe de Lara, ajudava com as despesas
fazendo salgados em sua própria casa.
Sarita, a irmã, tinha apenas 20 anos. Estudava e
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ajudava sua mãe nos afazeres dos salgados.
Seu pai resolveu se mudar para o Brasil com a família,
acreditando que poderia ter uma vida melhor e, com isso,
dar melhores estudos para suas filhas. A Itália, nessa
época, estava passando por uma crise econômica e, com
isso, muitos migraram para outros países.
Pedro e Miranda, por não terem muito tempo para as
filhas, muitas vezes não sabiam o que se passava pela
cabeça delas.
Sarita era rebelde e falava tudo que vinha à boca, porem
guardava muitos segredos ocultos dentro de si.
Lara, por ser mais velha, sempre tentava orientar Sarita
nos caminhos da vida, mas isso muitas vezes só acabava
gerando apenas conflitos entre elas.
Sarita. por ser muito rebelde. não aceitava a
intervenção de sua irmã Lara em sua vida.
Lara era uma pessoa de aparência triste e geralmente
vivia calada.
Em seu mundo ela vivia os mais profundos pesadelos e
conflitos internos. Por não se abrir com ninguém, sofria
calada, talvez por achar que poderia estar ficando louca,
ou apenas vivendo em um mundo de fantasias. Mas que,
na verdade, ela não sabia que estava sendo possuída pelos
demônios que queriam a sua alma. Com o passar do
tempo, ela consegue sair deste mundo de espíritos
imundos e entra em um inferno real, onde a uma guerra
por conflitos religiosos e políticos.
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O Mundo de Lara
CAPÍTULO 1
Lara
04:30 horas da manhã de segunda-feira.
O despertador toca e Lara mal consegue abrir os olhos.
--- Até quando vou ter que viver isso? Eu não aguento
mais acordar cedo e levar esta vida infernal.
Lara expressava essas palavras com muita tristeza. Na
padaria onde trabalhava não se pagava muito bem, e parte
do que ganhava ajudava com as despesas de casa. E o que
sobrava gastava com roupas e sapatos, que quase não os
usava.
Ela quase não era de sair e tinha poucas amizades.
Mesmo quando morava na Itália, era de poucas amigas, e a
maioria delas, acompanhava o mesmo ritmo de Lara.
Quase não saia pra lugar algum. Nos fins de semana
encontrava com suas amigas e ficavam falando de seus
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sonhos impossíveis e de seus desejos que talvez nunca se
realizariam, pois a vida que levava não a direcionava aos
seu desejos e à vida que almejava.
Lara teve apenas um namorado quando ainda estava
terminando o colégio. Mas foi um namoro rápido e
passageiro. Ela tinha certa dificuldade para expressar seus
sentimentos, e um medo enorme de deixar que alguém os
conhecesse profundamente. Dentro de Lara havia algo
misterioso. Algo que fazia com que as pessoas não se
aproximassem muito dela.
Em seu mundo havia espaço apenas para uma pessoa.
Ela mesma.
Lara, quando chegava do trabalho, tomava um banho e
ia para seu quarto, e lá ficava por horas aguardando o
chamado de sua mãe para o jantar. Após o jantar, Lara e
Sarita ajudavam sua mãe na arrumação da cozinha, pois
sempre tinha muitas louças para se lavar e enxugar.
Dona Miranda e Sarita deixavam acumular muitas
coisas durante o trabalho das preparações dos salgados.
Com isso ela se cansava muito com tanto trabalho, pois
trabalhava quase que o dia todo e ainda ajudava sua mãe
na limpeza de toda aquela bagunça de massas e frios.
---Eu não aguento mais isso. Todos os dias é a mesma
coisa. Sabem que eu chego cansada do meu trabalho e
ainda tenho que ajudar vocês arrumarem toda esta
bagunça. – Disse Lara num tom irritada.
---Deixa Lara. Eu e sua irmã vamos dar conta de tudo
isso.
Dona Miranda sabia que não era fácil para ela ter que
acordar todos os dias às 04:30 horas da madrugada e ir
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para o trabalho.
---Você trabalha até as duas horas! Não pode dar uma
mãozinha pra gente? Você é folgada. Só porque trabalha
acha que tem o direito de não fazer nada em casa. Disse
Sarita, irritadíssima.
Lara não respondeu a provocação de Sarita. Apenas
engoliu a seco aquelas palavras de sua irmã, e começou a
ajudar sua mãe a arrumar toda aquela bagunça.
Após terminar todo o serviço, ela voltava para o seu
quarto onde seus pensamentos e suas imaginações iriam
alem deste mundo.
Lara, ao deitar em sua cama, já pensava que no dia
seguinte tinha que acordar as quatro e meia da manhã.
Sempre tentando com isso fugir de seus próprios
pensamentos, pois sabia que eles viriam e, com isso, suas
noites eram intermináveis e ela quase não dormia.
Lara teve uma infância muito solitária. Sua irmã Sarita
veio ao mundo quando ela já tinha sete anos. Os seus pais,
por terem uma vida corrida, não tinham muito tempo para
Lara. Com isso, ela desenvolveu uma personalidade triste
e solitária. Achando que o mundo não a aceitava, pois na
maioria das vezes ela não tinha atenção que uma criança
necessitava para o seu desenvolvimento intelectual, social
e até mesmo familiar. Lara foi se desenvolvendo quase
sempre com suas próprias imaginações. Criando assim um
mundo de fantasias, onde a tristeza, o caos e a escuridão
faziam parte deste mundo conturbado e solitário que ela
vivia. Em seus pensamentos, Lara alimentava uma vida
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imaginária, mas sempre entre muitas tristezas, dor e
sofrimento.
Lara gostava muito de ouvir músicas. Suas músicas, de
certa forma, contribuíam para os seus devaneios, pois
eram músicas tristes e com letras que falavam de tristezas,
mistérios e coisas fora da realidade, mas isso aliviava o
seu stress. A tristeza e a melancolia eram o seu estilo de
ser. A sua aparência estampava, para muitos, que ela era
uma pessoa que carregava consigo um fardo ou uma dor,
ou até mesmo algumas lembranças de um passado que ela
acreditou poder alcançar. Como ter uma vida feliz, se
casar, ter filhos, um cachorro, enfim, uma família.
Apesar dela nesta época ter apenas 27 anos, ela não
conseguia ver-se nesta vida de casada e com filhos. Ela se
sentia insegura e incapaz de poder realizar estes sonhos.
Até mesmo porque o seu mundo era muito conturbado e
fora da realidade.
Seus pensamentos muitas vezes eram obscuros e
sombrios.
Muitas vezes, ao se deitar em sua cama, imaginava
cenas de sexo com espíritos da noite e, inúmeras vezes
sonhava com demônios que a possuíam enquanto dormia.
Nesses sonhos ela não conseguia se mover. O seu corpo
ficava paralisado como se alguma força o dominava.
Muitos demônios fizeram sexo com ela durante muito
tempo de sua vida. Em sonhos, apenas em sonhos, mas
que pra ela isso era uma atormentação, pois ela não
conseguia controlar e muito menos dominar esta força
estranha que a assombrava durante suas poucas noites de
sono.
.
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Muitas vezes ao se deitar em sua cama, ela sentia que
alguém estava lá. O colchão se movia como se realmente
alguém estivesse se deitando ao seu lado.
Durante anos ela conviveu com isso, sem ao menos
contar se quer a alguém. Tinha medo do que as pessoas
iriam achar dela. Muitos poderiam pensar que ela estaria
louca ou possuída por algum demônio.
Ela mesma, muitas vezes, achava que tudo isso era
fruto de sua imaginação. E em outras vezes ela achava que
era tão real que a assustava.
Mas ela como mulher, tinha seus desejos e fantasias
com homens. Mas não tinha contato com eles. Sua vida
corrida e o seu estilo de vida faziam com que isso se
tornasse impossível.
Lara perdeu sua virgindade com o primeiro e único
namorado que teve quando ainda terminava o colégio.
Tiveram poucas relações, mas que para ela foram
inesquecíveis. Apesar da sua timidez e limitações ela tinha
um fogo imenso dentro dela. Mas não expressava todos os
seus desejos. Não conseguia ter uma entrega completa no
ato da relação. Com isso ela acabou meio que perdendo o
interesse por ficar com homens. Ela criou uma barreira
entre o mundo carnal. Preferiu viver uma vida íntima com
o mundo dos sonhos e dos espíritos daquele mundo. Com
o passar dos anos isso foi virando uma rotina e seus
medos, aos poucos foram sumindo. Seus atos sexuais eram
apenas com os espíritos da noite. Com isso a sua
necessidade de ter alguém real em sua vida foi
desaparecendo. Mas lá dentro do seu mais profundo
íntimo, ela sentia uma enorme necessidade de ter uma vida
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normal. Ter família, filhos, um bom marido e uma boa
casa. Mas os seus medos de que alguém descobrisse os
seus segredos eram tantos que acabou se conformando
com o mundo dos sonhos e dos espíritos imundos.
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Infância de Lara
Lara muitas vezes sentia saudades da sua infância que,
apesar de ter sido uma infância solitária, teve bons
momentos da sua vida.
Lembrava-se das festas de fim de ano, dos presentes de
Natal. Sua família se reunia toda para as festas que
ocorriam durante os anos. Mas as que marcavam, eram as
festas de fim de ano.
Nesta época, apesar de já ter sintomas de seus
devaneios, o brilho da luz ainda refletia em seu olhar. Ela
conseguia brincar com suas amigas e se comunicar mais.
Na escola sempre teve aqueles namoradinhos de infância,
que a gente nunca se beija, apenas se gosta.
Lara sempre foi muito bonita. Sua beleza era
incomparável com as demais amiguinhas. Na escola
muitos garotos a desejavam. Ela tinha uma pele clara,
macia como uma seda, seus cabelos e olhos eram pretos.
Em seu olhar trazia muitos mistérios. Sua voz era delicada
como uma canção de ninar. Ela tinha tudo para ser a
mulher mais amada e feliz nesta vida.
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Durante sete anos Lara, apesar de ficar maior tempo de
seus dias só, ela foi mimada pelos seus pais, pois Sarita
não tinha vindo ao mundo ainda. As poucas atenções eram
todas voltadas para ela. Apesar das dificuldades que sua
família passava, ela ganhava muitos presentes de seus
pais.
Mas isso foi por pouco tempo. Logo Sarita veio ao
mundo para dividir com ela as poucas atenções que ela
tinha. Apesar de tudo, ela ficou muito feliz com a vinda da
irmã Sarita. Assim, ela teria com quem brincar e passar o
seu tempo.
Mas com o passar dos anos muitas coisas foram
mudando e as duas já não se davam muito bem, pois Sarita
tinha um gênio muito rebelde, e Lara era o oposto dela.
Viviam em grandes conflitos. Sarita era rebelde e falava
tudo que vinha a boca, e com isso Lara ficava muito
magoada com a irmã. Ela acreditava que Sarita seria a sua
melhor amiga, no entanto se tornou a sua principal rival
dentro de sua própria casa. Ela queria muitas vezes
orientar Sarita em suas decisões, mas ela não aceitava as
intervenções de Lara em sua vida.
Ela não queria que sua irmã tivesse o mesmo destino
dela, pois sabia que se ela continuasse com certos
pensamentos e atitudes, ela não só iria ter sérios problemas
em sua vida, mas iria acabar tendo uma vida conturbada e
solitária. Sarita tinha certos pensamentos que no futuro
poderiam desenvolver uma personalidade cruel e
vingativa. Lara temia que sua irmã se tornasse uma
assassina e poderia até mesmo matá-la, pois Sarita
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demonstrava um enorme ódio pela irmã que tanto deu
carinho e atenção em sua infância. E, com isso Lara foi
cada vez mais se fechando para o mundo e vivendo uma
vida de atormentações, pesadelos e solidão.
Ela não tinha mais ninguém. Seus pais trabalhavam
muito para manter o sustento da casa. Sua irmã, que para
ela poderia ser a maior e melhor companheira, tornou-se a
sua maior inimiga. Com isso, Lara não teve outra escolha
a não ser criar um mundo imaginário. Um mundo onde
não havia mais espaço pra ninguém. Apenas para ela e
seus personagens assombrosos que, com o passar dos anos
ela perdeu completamente o controle de sua imaginação e
entrou em mundo obscuro, sombrio e solitário.
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Da Luz para as Trevas
Lara todos os dias acordava às quatro e meia da manhã
para ir ao trabalho. Ela tinha um tempo para tomar o seu
café matinal e seguir para a padaria onde trabalhava. As
cinco e meia ela já teria que estar dentro da padaria, pois
às seis horas a padaria abria para o atendimento aos
fregueses. Ela trabalhava até às duas horas da tarde. Tendo
apenas uma hora de almoço.
Em seus dias de trabalho Lara tinha até uma vida
normal, pois ela tinha que ser prestativa e fazer um bom
atendimento aos clientes. Neste período ela até, muitas
vezes, acabava se divertindo um pouco com as amigas de
trabalho. Todos já tinham se acostumado com o seu jeito
meio quieto de ser, mas mesmo assim muitas amigas
brincavam com ela em certos períodos em que a padaria
esvaziava um pouco. O assunto geralmente era o porquê
ela não arrumava um namorado.
Lara sempre respondia que não tinha aparecido o
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homem certo para sua vida. Na verdade, muitos homens a
desejavam, mas ela colocava uma barreira enorme,
fazendo qualquer um, aos poucos desistindo dela.
Ela não aceitava convites para sair, e não permitia que
ninguém fosse ha sua casa. Quando saía com algumas
amigas, geralmente frequentavam alguma praça no centro
da cidade. Tomavam sorvetes, ou às vezes iam a uma
pizzaria ou a uma lanchonete. Mas sempre procuravam os
lugares menos movimentados possíveis. Lara tinha apenas
duas amigas com quem saía. Lara era a mais velha. E
geralmente era ela quem escolhia os lugares que iam.
As amigas de Lara eram muito parecidas com ela.
Mesmo assim ela nunca revelou seus devaneios e sonhos a
nenhuma delas. Muitas vezes uma delas perguntava por
que ela não procurava se relacionar com algum homem,
sendo que tantos a desejavam. Ela sempre dava um jeito
de fugir deste assunto, pois muitas vezes tinha medo de
que alguma coisa pudesse escapar de sua boca e elas
acabarem se afastando.
--- Lara! Porque você não sai com alguém? Tem tantos
caras querendo sair com você. O que acontece?
--- Ah! Eu não sei, mas acho que ainda não encontrei a
pessoa certa para mim. Sei que muitas vezes parece que
sou exigente de mais, mas não me sinto a vontade com
nenhum deles.
--- Nossa Lara, mas tem cada cara lindo a fim de você,
e você prefere ficar sozinha?
--- Sim. Por enquanto vou ficar sozinha. E Dorinha, por
favor, vamos mudar de assunto?
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--- Tudo bem! Não está aqui mais quem falou.
Ela tinha medo de ser considerada como uma louca ou
possuída por algo inexplicável. Um demônio, talvez.
Mas isso não demorou muito para acontecer, pois ela
começou a se isolar de tudo e de todos. Com o passar dos
dias entrou em um profundo mundo de mistérios,
devaneios e demônios. Ela começou a perder dias de
serviço, pois as suas noites eram infernais. Logo foi
despedida do seu trabalho. Sua mãe e seu pai perceberam
que algo estava acontecendo com ela, mas não
imaginavam que poderia ser tão grave o seu problema que,
na verdade, era um enigma.
Com isso Lara passou a ajudar a sua mãe e sua irmã
nos afazeres dos salgados. Mas muitas vezes dava uma
desculpa, dizendo que não estava boa, e não saía de seu
quarto, onde seu mundo estava presente dentro dela.
— Lara, o que está acontecendo com você? Você não
sai daquele quarto e está sempre quieta. Quase não fala
mais com gente!
Dona Miranda disse essas palavras, mas com a cabeça
no mundo da lua, pois seus dias também eram bem
atarefados e Sarita também não ajudava muito, e com isso
ela tinha que correr contra o tempo.
---Nada mãe, eu só não tive uma noite boa, e não estou
a fim de conversar. Disse essas palavras e foi para o
quarto.
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Ela começou a perder o controle de seus pensamentos e
agora já não vivia mais uma vida normal. O silêncio
tomou conta dela por completo. Ela já não conversava
nem mesmo com os seus pais. Sua irmã não se importava
se ela estava viva ou morta. Dentro de Sarita existia um
ódio inexplicável por Lara.
Lara agora estava vivendo no inferno. Os seus
pensamentos foram dominados por algo enigmático e
inexplicável. Ela começou a se visualizar em outro mundo.
Um mundo onde não havia luz, não havia sol. Havia
apenas trevas e muitos espíritos que a assombravam. Neste
mundo ela percorria ruas desertas em uma cidade sombria
e suja. Ela encontrava pessoas nunca ter visto antes. Um
mundo de poucas palavras. Apenas pensamentos fluíam
neste lugar. Todos pareciam estar à procura de algo para se
libertarem daquele mundo. Eles pareciam estar perdidos.
Algumas vezes Lara voltava à realidade, mas por pouco
tempo. Enquanto tudo isso acontecia, seus pais estavam
pensando em interná-la em algum hospital psiquiátrico.
Mas ela não estava louca, ela apenas estava vivendo em
outro mundo. Um mundo que a aprisionou e agora. para
sair deste inferno, ela teria que resolver algo dentro dela
mesma para poder se integrar novamente ao mundo mortal
e poder voltar a ter uma vida normal.
--- Lara! Fala comigo! Lara!
--- Deixa Mirando. Eu já tentei falar com ela várias
vezes, mas ela não responde.
--- Mas o que vamos fazer agora Pedro? Eu não quero
interná-la em um hospital psiquiátrico. Acho que ela vai
sofrer demais lá.
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--- Mas não vai ter outro jeito se ela continuar assim,
pois parece que ela está fora deste mundo.
--- Vamos esperar mais alguns dias, se ela não
melhorar, nós a levamos para o hospital.
--- Tudo bem Miranda. Vamos esperar mais alguns dias
apenas, pois isso está muito estranho. Sempre achei que
ela tivesse algumas crises, mas nunca a vi assim.
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Prisioneira nos dois mundos
Os pais de Lara resolveram interná-la em um hospital
psiquiátrico, achando que ela poderia estar passando por
alguma crise depressiva ou algo parecido.
Na hora da internação não sabiam nem o que falar para os
médicos, pois Lara nunca se queixava de nada. Eles
apenas falaram que ela era uma pessoa muito quieta e
demonstrava sintomas de tristezas e depressão.
--- Mas vocês nunca perceberam nada de estranho
nela? Algum tipo de distúrbio, ou alguma coisa anormal?
Perguntou o médico do local.
---Não, mas ela sempre foi muito calada e ultimamente
foi piorando. Nesses últimos dias ela já não estava falando
com mais ninguém. Disse a mãe dela.
--- Entendo. Bom, vamos deixar ela em observação.
Vou passar um medicamento pra ela relaxar, e depois
vamos ver como ela irá acordar. Vamos analisar o
comportamento dela e assim que chegarmos ha um
diagnóstico notificaremos vocês. Mas fiquem tranquilos,