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1-O Município “Z” ingressa com execução fiscal por conta de débito do ISS em face da empresa Bom Negócio Arrendamento Mercantil, da qual o Banco Bom Negócio S/A é sócio, pertencendo ambas ao mesmo grupo econômico. Com base no caso apresentado, responda justificadamente, utilizando todos os fundamentos jurídicos aplicáveis à espécie. A) Poderia o Banco Bom Negócio S/A ser parte legítima na execução fiscal? Resposta fundamentada. (Valor: 0,65) B) Quais são os requisitos que devem estar presentes para o reconhecimento de eventual solidariedade entre as duas empresas? (Valor: 0,60) A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

O Município Z ingressa com execução · provenientes das operações de locação de bens móveis.. A noção de receita ou faturamento, fato gerador da COFINS, vide Art. 195, I

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1-O Município “Z” ingressa com execução

fiscal por conta de débito do ISS em face da

empresa Bom Negócio Arrendamento

Mercantil, da qual o Banco Bom Negócio

S/A é sócio, pertencendo ambas ao mesmo

grupo econômico. Com base no caso

apresentado, responda justificadamente,

utilizando todos os fundamentos jurídicos

aplicáveis à espécie. A) Poderia o Banco

Bom Negócio S/A ser parte legítima na

execução fiscal? Resposta fundamentada.

(Valor: 0,65) B) Quais são os requisitos que

devem estar presentes para o

reconhecimento de eventual solidariedade

entre as duas empresas? (Valor: 0,60) A

simples menção ou transcrição do

dispositivo legal não pontua.

A. Não há legitimidade do banco, já que

sócio e sociedade não se confundem. Além

disso, o fato de serem empresas do mesmo

grupo econômico não torna o banco

responsável. Não incide o Art. 124, I do

CTN ou o artigo 128 do CTN. Não há

interesse comum;

B. Os elementos que deveriam estar

presentes, para ser reconhecida a

solidariedade são: expressa previsão da

legislação, relação pessoal com o fato

gerador do tributo e interesse comum;

A empresa “X”, atuante na locação de

veículos, questiona judicialmente a

incidência da COFINS referente às

operações de locação que realiza, que não

constituiriam prestação de serviço. Com

base na hipótese apresentada, responda

aos itens a seguir, utilizando os

argumentos jurídicos apropriados e a

fundamentação legal pertinente. A) A

locação de automóveis caracteriza

prestação de serviço?(Valor: 0,55) B) Há

incidência de COFINS sobre as operações

de locação de veículos? (Valor: 0,70) A

simples menção ou transcrição do

dispositivo legal não pontua.

A. Não caracteriza . A locação de bens

móveis não constitui uma prestação de

serviços, mas disponibilização de um bem

móvel para utilização do locatário. A

locação de bens móveis não consta do rol

de serviços da lista anexa à LC 116/03.

Súmula Vinculante n. 31, do STF;

B. Sim. Súmula 423 do STJ: “A Contribuição

para Financiamento da Seguridade Social –

Cofins incide sobre as receitas

provenientes das operações de locação de

bens móveis.”. A noção de receita ou

faturamento, fato gerador da COFINS, vide

Art. 195, I , b da CRFB, engloba as receitas

advindas das operações de locação de bens

móveis, posto tratar-se de receitas

decorrentes da execução da atividade

empresarial.

A Empresa JLMS Ltda. possui crédito no

valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil

reais), em face da unidade federativa XYZ

onde mantém a sede de seu

estabelecimento comercial, sendo tal

crédito oriundo de um precatório judicial

resultante de ação por desapropriação.

Todavia, a empresa aqui cuidada encontra-

se em débito com o Estado XYZ, em razão

do não pagamento de ICMS no montante

de 450.000,00. Até o presente momento, a

legislação estadual aplicável ao

contribuinte em pauta somente prevê

como forma de extinção do crédito de

ICMS o pagamento em dinheiro conforme

prazo e condições nela estabelecidas. À

vista disso, responda, justificadamente,

utilizando todos os fundamentos jurídicos

aplicáveis à espécie. A) Qual a forma de

extinção do crédito tributário que se

amolda a liquidação do aludido débito do

ICMS com a utilização do crédito oriundo

do referido precatório judicial? (Valor:

0,70) B) Com base na resposta contida na

letra A, a referida empresa poderia liquidar

o seu débito do ICMS fundado no crédito

contido no aludido precatório judicial.

(Valor: 0,55) A simples menção ou

transcrição do dispositivo legal não pontua.

A) A modalidade de extinção do crédito

tributário referida na questão é a

compensação tributária prevista no art.

156, II e art. 170 todos do CTN, em outras

palavras, os valores decorrentes do

precatório judicial a que faz jus o

contribuinte poderiam ser compensados

com o valor resultante do débito do ICMS

que mantém perante o Estado ao mesmo

tempo devedor e credor da empresa em

relação às respectivas obrigações;

B) Não poderia ser efetuada a

compensação tributária nesse caso, pois

não se amolda à previsão do art. 170 do

CTN. Somente seria possível se houvesse

previsão expressa, o que não ocorre à luz

do caso em tela.

Suponha que a União Federal tenha

editado Lei Ordinária n. “X” em

14/05/2012, a fim de disciplinar o imposto

sobre grandes fortunas - IGF, dispondo, em

seu Art. 1º, exclusivamente, as seguintes

hipóteses de incidência: I - a aquisição de

disponibilidade econômica ou jurídica de

renda, assim entendido o produto do

capital, do trabalho ou da combinação de

ambos com valor acima de 1 milhão de

reais. II – quaisquer outros acréscimos

patrimoniais não entendidos no inciso

anterior. De acordo com o exposto, é

possível a instituição e a cobrança do

referido imposto sobre grandes fortunas

(IGF)?

O IGF encontra-se previsto no Art. 153,

inciso VII, da CRFB/88, possibilitando à

União Federal instituí-lo de acordo com as

regras constitucionais previstas, sendo

certo que deverá o IGF ser instituído

mediante lei complementar, o que não foi

observado. Ademais, tem-se o mesmo fato

gerador do imposto de renda, o que

caracteriza dupla incidência sobre o

mesmo fato gerador já previsto no Art. 43,

incisos I e II, do CTN. Desse modo, a lei em

questão é inconstitucional.

Uma associação de indústrias de

informática, sediada no município Alfa e

que não goza de imunidade tributária,

decide realizar um congresso de

especialistas no município Beta, para que

seus associados possam se atualizar sobre

as novas tendências do mercado. Para

organizar e administrar o evento, a

associação contrata a empresa Pérola S.A.,

sediada no município Gama e sem

estabelecimentos em outros locais. O valor

desse contrato será pago, 30 dias após o

evento, pela associação. Por outro lado, os

interessados em assistir ao congresso têm

de comprar ingressos. A receita de

ingressos pertence à associação, cabendo à

Pérola S. A. apenas arrecadá-la nos guichês

no dia do evento e repassá-la

imediatamente à associação, sem qualquer

desconto ou comissão. Em face desses

dados, responda, com base no

ordenamento jurídico vigente, aos itens a

seguir.

A) Para qual(is) município(s) deve haver

recolhimento do Imposto sobre Serviços de

Qualquer Natureza (ISS) por conta dos

negócios jurídicos mencionados? (Valor:

0,80)

B) Que receita(s) específica(s) compõe(m)

a base de cálculo do ISS a ser recolhido

pela empresa Pérola S.A.? (Valor: 0,45)

A) O ISS incidente sobre serviços de

administração de congressos é devido no

local do congresso, conforme Art. 3º, XXI,

da Lei Complementar Federal n. 116/2003.

Logo, é devido pelo contribuinte Pérola,

prestadora desses serviços, ao município

Beta. O ISS incidente sobre os ingressos

vendidos para o congresso (isto é, sobre a

receita de serviços de congresso, previstos

no subitem 12.08 na lista da referida Lei

Complementar), é devido no local onde se

realiza o evento, conforme inciso XVIII, do

Art. 3º, da citada Lei Complementar. Logo,

também é devido no município Beta,

embora por outro contribuinte (o

prestador desses serviços é a associação).

B) O único serviço prestado pela Pérola S.A.

é o de organização e administração do

congresso. Logo, apenas o valor desse

serviço compõe a base de cálculo do ISS a

ser por ela recolhido, prevista no Art. 7º,

da Lei Complementar n. 116/2003. A

receita de ingressos não remunera a

atividade da Pérola e por isso não integra o

preço de seu serviço.

O Estado Alfa instituiu duas contribuições

mensais compulsórias devidas por todos os

seus servidores. A primeira, com alíquota

de 10% sobre a remuneração mensal de

cada servidor, destina-se ao custeio do

regime previdenciário próprio, mantido

pelo Estado Alfa. A segunda, no valor

equivalente a 1/60 (um sessenta avos) da

remuneração mensal de cada servidor,

destina-se ao custeio da assistência à

saúde do funcionalismo público daquele

Estado. Sobre a situação apresentada,

responda, fundamentadamente, aos itens

a seguir.

A) É válida a contribuição compulsória

instituída pelo Estado Alfa para o custeio

do regime previdenciário próprio de seus

servidores? (Valor 0,65)

B) É válida a contribuição compulsória

instituída pelo Estado Alfa para a

assistência à saúde de seus servidores?

(Valor 0,60)

A) Sim, é válida a contribuição. Os Estados

podem instituir contribuição para o custeio

do regime previdenciário de seus

servidores, conforme o Art. 149, § 1º, da

CRFB/88.

B) É inconstitucional qualquer outra

contribuição compulsória instituída pelos

Estados, além daquela exclusivamente

voltada ao custeio do regime

previdenciário de seus servidores.

Portanto, não é válida a contribuição que,

no caso proposto, foi instituída pelo Estado

Alfa.

Caio tem 10 anos e seu pai o presenteou

com uma casa de praia no litoral do

Município Y. No entanto, Caio não realizou

o pagamento do carnê do Imposto sobre a

Propriedade Predial e Territorial Urbana

(IPTU) incidente sobre o imóvel de sua

propriedade. Caio, representado por seu

pai, apresentou uma impugnação ao

lançamento do crédito, alegando que Caio

não tem capacidade civil e que, portanto,

não pode ser contribuinte do IPTU. O

Município Y negou provimento à

impugnação e Caio apresentou recurso

voluntário ao Conselho Municipal de

Contribuintes, que foi inadmitido por

inexistência de depósito recursal prévio,

conforme exigência da legislação

municipal. A partir da questão proposta,

responda aos itens a seguir.

A) Caio pode ser considerado contribuinte

do imposto? Fundamente. (Valor: 0,65)

B) É constitucional a exigência do depósito

como condição para o recurso

administrativo, conforme decisão do

Conselho Municipal? Justifique. (Valor:

0,60)

A) Sim. A capacidade tributária independe

da capacidade civil das pessoas naturais.

Sendo assim, Caio é contribuinte do IPTU,

independente de não ter capacidade civil.

Nesse sentido, o Art. 126, inciso I, do CTN.

B) Conforme a Súmula Vinculante nº 21 do

Supremo Tribunal Federal, a exigência de

um depósito prévio como requisito de

admissibilidade de recurso administrativo é

inconstitucional, pois fere o Art. 5º, incisos

XXXIV (direito de petição independente do

pagamento) e LV (assegurados o

contraditório e a ampla defesa).

Em dezembro de 2014, a pessoa jurídica W

teve a falência decretada durante o seu

processo de recuperação judicial, iniciado

no mesmo ano, em virtude da não

apresentação do plano de recuperação

judicial no prazo previsto em lei.

Considerando a ordem a ser observada na

classificação dos créditos na falência, a

União alegou que os créditos de Imposto

sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ)

devidos pela contribuinte, relativos aos

exercícios de 2011 e 2012, deveriam ser

pagos antes dos créditos extraconcursais.

Diante disso, responda aos itens a seguir.

A) Está correto o argumento da União?

(Valor: 0,60)

B) Após a decretação da falência, a

cobrança judicial do crédito tributário pode

prosseguir por meio de execução fiscal?

(Valor: 0,65)

A) Não está correto o argumento da União,

tendo em vista que, na falência, o crédito

tributário não prefere aos créditos

extraconcursais ou às importâncias

passíveis de restituição, nos termos da lei

falimentar, nem aos créditos com garantia

real, no limite do valor do bem gravado,

conforme o Art. 186, parágrafo único, I, do

CTN ou Art. 84, da Lei de Falências (Lei n.

11.101/05).

B) Sim, a cobrança judicial do crédito

tributário pode prosseguir por meio de

execução fiscal, já que esta não é sujeita a

concurso de credores ou habilitação em

falência, recuperação judicial, concordata,

inventário ou arrolamento, nos termos do

Art. 187 do CTN. Ademais, de acordo com o

Art. 5º da Lei nº 6.830/80 E/OU Art. 76, da

Lei de Falências (Lei n. 11.101/05), a

competência para processar e julgar a

execução da Dívida Ativa da Fazenda

Pública exclui a de qualquer outro juízo,

inclusive o da falência.

Determinada pessoa jurídica declarou, em

formulário próprio estadual, débito de ICMS.

Apesar de ter apresentado a declaração, não

efetuou o recolhimento do crédito tributário

correspondente, o que motivou sua inscrição

em dívida ativa. Em execução fiscal

promovida pelo Estado da Federação na 9ª

Vara de Fazenda da Comarca da Capital, o

sócio administrador, Fulano de Tal, foi

indicado como fiel depositário de um veículo

da pessoa jurídica executada, que foi

penhorado. A pessoa jurídica ofereceu

embargos à execução, ao final julgados

improcedentes. A Fazenda do Estado requer,

então, a reavaliação do veículo para futuro

leilão, sendo certificado pelo Oficial de

Justiça que o veículo não mais está na posse

do sócio e não é mais encontrado. A Fazenda

do Estado requer e é deferida a inclusão de

Fulano de Tal no polo passivo, em razão do

inadimplemento do tributo e ainda com base

em lei do Estado que assim dispõe: Artigo X.

São responsáveis, de forma solidária, com

base no artigo 124, do CTN, pelo pagamento

do imposto: (...) X-o sócio administrador de

empresa que descumpriu seus deveres legais

de fiel depositário em processo de execução

fiscal; (...) O Sr. Fulano de Tal foi citado e

intimado a respeito de sua inclusão no polo

passivo da execução fiscal, tendo

transcorrido 6 (seis) meses desta sua

citação/intimação. Nas tentativas de

penhora, não foram encontrados bens. Na

qualidade de advogado de Fulano de Tal,

redija a peça processual adequada para a

defesa nos próprios autos da execução fiscal,

considerando que seu cliente não dispõe de

nenhum bem para ofertar ao juízo. A peça

deve abranger todos os fundamentos de

direito que possam ser utilizados para dar

respaldo à pretensão do cliente.

A peça apropriada é uma exceção de pré-

executividade, pelo fato de a questão

demandar que a defesa seja feita nos

próprios autos da execução bem como por

não depender de garantia do juízo (Súmula

nº 393 do STJ). A ação anulatória não é

adequada ao caso, seja porque não se

busca a anulação do título que embasa a

execução (pois somente se discute a

legitimidade do executado, o que não exige

dilação probatória), seja porque o

enunciado da questão exige que a defesa

seja feita nos próprios autos da execução.

Quanto ao mérito, deve ser alegada a

ilegitimidade passiva do sócio por não

poder ser responsabilizado pelo tributo,

uma vez que o mero não recolhimento não

enseja, por si só, a responsabilidade do

sócio gerente (Súmula nº 430 do STJ). Deve

ser alegada a inconstitucionalidade do

dispositivo da lei estadual, por se tratar de

matéria reservada à Lei Complementar

Federal (art. 146, III, CF). Ao vincular a

conduta processual do sócio administrador

à obrigação de responder solidariamente

pelos débitos da pessoa jurídica perante o

Estado, a lei estadual dispôs sobre a

mesma situação genérica regulada pelo

artigo 135, III, do CTN, mas de modo

diverso, incorrendo em

inconstitucionalidade por violação ao já

citado artigo 146, III, da CF. Por fim, deve

ser alegado que o descumprimento do

encargo legal de depositário tem como

única consequência a entrega do bem no

estado em que foi recebido ou seu

equivalente em dinheiro.