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O MURIQUI Informativo A n o 2 - N ú m e r o 6 - J u l h o 2 0 1 5 Editorial Olá amigos do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga! Nesta edição do jornal O Muriqui estamos trazendo ótimas notícias sobre o andamento do Projeto Conexão, executado pela Fundação Biodiversitas com o patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental pela segunda vez consecutiva! A principal delas é que avançamos nas metas de institucionalização do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga (CESC): foi criado o nosso Comitê Gestor, cujo objetivo é implementar a gestão participativa na região. Isso marca o início da realização de um sonho que existe desde o início do primeiro projeto, que é trabalhar em conjunto com todos que vivem no CESC e, a partir daí, colocar em um mesmo plano e em prática diferentes percepções, vivências, prioridades e necessidades a serviço de um mesmo ideal. Outra notícia que vai proporcionar um fôlego para os proprietários rurais foi a decisão do Governo Federal de prorrogar o prazo de cadastramento no CAR (Cadastro Ambiental Rural). Com isso, o proprietário poderá buscar mais informações e esclarecimentos a respeito do Cadastro e até mesmo do novo Código Florestal Brasileiro. Para ajudar nesse sentido, reservamos uma seção do jornal para dar dicas e explicações sobre o CAR. Especialmente nesse momento de formação do Comitê Gestor do CESC, criado pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais - IEF, O Muriqui preparou uma entrevista com a Analista Ambiental e Coordenadora do Projeto Corredor Ecológico na Mata Atlântica do IEF, Alessandra Martins de Melo, que apoia e acompanha os trabalhos do CESC junto ao Instituto Estadual de Florestas. Ela conta como a implementação do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga configura hoje um dos principais eixos de atuação nos Projetos Estratégicos do Estado, que visam a conservação e restauração dos biomas estaduais. O Jornal traz também um ensaio fotográfico com a nossa espécie bandeira, o muriqui-do-norte, para que você possa conhecer e entender mais sobre os hábitos e comportamentos deste encantador animal e ilustre vizinho, e entender o quão importante é a sua preservação, não apenas para a região do CESC mas para a Mata Atlântica e para o planeta como um todo. Na sequência e como manda a tradição, apresentamos o perfil de um importante colaborador dos projetos do CESC, o Theo Anderson, que é “Gente Daqui - Amigo do Muriqui”. Aproveite esta onda boa de valorização e respeito pela região e junte- se a nós! Cada um que se conscientiza e se empenha, estará somando para uma grande, e nobre, causa socioambiental. Boa leitura! Fotos: Theo Aderson O que eu faço, é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor. Madre Teresa de Calcutá

O MURIQUI - BIODIVERSITAS · Bárbara do Leste, Universidade Federal de Ouro Preto, Centro Universitário de Caratinga e Instituto Estadual de Florestas; o coordenador titular do

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O MURIQUIInformativo

A n o 2 - N ú m e r o 6 - J u l h o 2 0 1 5

EditorialOlá amigos do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga!

Nesta edição do jornal O Muriqui estamos trazendo ótimas notícias sobre o andamento do Projeto Conexão, executado pela Fundação Biodiversitas com o patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental pela segunda vez consecutiva! A principal delas é que avançamos nas metas de institucionalização do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga (CESC): foi criado o nosso Comitê Gestor, cujo objetivo é implementar a gestão participativa na região. Isso marca o início da realização de um sonho que existe desde o início do primeiro projeto, que é trabalhar em conjunto com todos que vivem no CESC e, a partir daí, colocar em um mesmo plano e em prática diferentes percepções, vivências, prioridades e necessidades a serviço de um mesmo ideal.

Outra notícia que vai proporcionar um fôlego para os proprietários rurais foi a decisão do Governo Federal de prorrogar o prazo de cadastramento no CAR (Cadastro Ambiental Rural). Com isso, o proprietário poderá buscar mais informações e esclarecimentos a respeito do Cadastro e até mesmo do novo Código Florestal Brasileiro. Para ajudar nesse sentido, reservamos uma seção do jornal para dar dicas e explicações sobre o CAR.

Especialmente nesse momento de formação do Comitê Gestor do CESC, criado pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais - IEF, O Muriqui preparou uma entrevista com a Analista Ambiental e Coordenadora do Projeto Corredor Ecológico na Mata Atlântica do IEF, Alessandra Martins de Melo, que apoia e acompanha os trabalhos do CESC junto ao Instituto Estadual de Florestas. Ela conta como a implementação do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga configura hoje um dos principais eixos de atuação nos Projetos Estratégicos do Estado, que visam a conservação e restauração dos biomas estaduais.

O Jornal traz também um ensaio fotográfico com a nossa espécie bandeira, o muriqui-do-norte, para que você possa conhecer e entender mais sobre os hábitos e comportamentos deste encantador animal e ilustre vizinho, e entender o quão importante é a sua preservação, não apenas para a região do CESC mas para a Mata Atlântica e para o planeta como um todo. Na sequência e como manda a tradição, apresentamos o perfil de um importante colaborador dos projetos do CESC, o Theo Anderson, que é “Gente Daqui - Amigo do Muriqui”. Aproveite esta onda boa de valorização e respeito pela região e junte-se a nós! Cada um que se conscientiza e se empenha, estará somando para uma grande, e nobre, causa socioambiental.

Boa leitura!

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Entrevista Criado o Comitê Gestor do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga

A cada edição de O Muriqui traremos uma entrevista a respeito das atividades e dos temas trabalhados pelo Projeto Conexão como, por exemplo, conservação de espécies, reflorestamento e muitos outros assuntos, todos ligados aos trabalhos desenvolvidos pela Biodiversitas na região do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga. Nesta edição, a entrevista é com a Analista Ambiental e coordenadora do Projeto Corredor Ecológico na Mata Atlântica, Alessandra Martins de Melo do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – IEF – que vai nos falar um pouco sobre o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga e o papel do IEF nesse projeto.

O Muriqui - Conte-nos sobre o que é e o que faz o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – IEF

Alessandra Martins de Melo - O Instituto Estadual de Florestas foi criado em 1962, pela Lei nº 2.606. Autarquia inicialmente ligada à Secretaria de Estado da Agricultura, passa a vincular-se, a partir de 1995, à recém-criada SEMAD - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Sua missão: cumprir a “agenda verde” do Sistema Estadual do Meio Ambiente - SISEMA, atuando no desenvolvimento e na execução das políticas florestal, de pesca, de recursos naturais renováveis e de biodiversidade em Minas Gerais.

Em 2010, a Lei Delegada nº180 – complementada pelo Decreto regulamentador nº 4.5834/2011 - reformula e redistribui as atividades do Sistema Estadual do Meio Ambiente, repassando à própria SEMAD as ações ligadas à fiscalização e controle, bem como os processos de regularização ambiental, antes competências do IEF; o Instituto, então, passa a concentrar sua atuação nas atividades ligadas ao desenvolvimento e à conservação florestal, ao estímulo às pesquisas científicas relacionadas à conservação da biodiversidade e à gestão de áreas protegidas e das Unidades de Conservação estaduais.

O M - Como o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga se inclui nas políticas e/ou programas do Instituto?

AMM - Desde o ano de 2011 o projeto Corredor Ecológico foi incluído como um Projeto Estratégico do Instituto, sendo tratado como uma

Com objetivo de conduzir a gestão territorial do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga, o Comitê conta com ampla participação da sociedade local

O Casarão das Artes, no centro da cidade de Caratinga - MG, foi o palco da segunda reunião de criação do Comitê Gestor do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga, ocorrida no dia 12 de maio de 2015. Conduzida pela equipe do Instituto Estadual de Florestas – IEF – e pela equipe da Fundação Biodiversitas, a reunião contou com a presença de representantes da sociedade civil organizada e do poder público.Da sociedade civil, 16 órgãos estavam presentes:

• Associação Gaia Pro-Educação Ambiental – AGAIA;• Preserve Muriqui;• Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas - REDE;• Instituto BioAtlântica - IBio;• Organização do Povo que Luta;• Fundação Biodiversitas;• Associação Córrego dos Ferreiras;• Associação dos Terapeutas;• Associação dos Agricultores Familiares Orgânicos e Terapeutas

Naturalistas de Manhuaçu e Região - AGRIFON;• Associação das Mulheres Rurais Moradoras do Córrego

dos Ferreiras - AMURCORFE;• Sindicato dos Trabalhadores de Santa Bárbara do Leste;• Sindicato de Trabalhadores Rurais e Agricultura Familiar -

Sintraf de Simonésia;• Centro Universitário de Caratinga;• Universidade Federal de Ouro Preto;• Centro de Proteção da Água e da Vida;• Associação Científica e Cultural Fossilis - Caratinga.

Os representantes do poder público foram 11 no total, sendo eles:

• Prefeitura de Santa Bárbara do Leste;• Prefeitura de Ipanema;• Prefeitura de Manhuaçu;• Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado

de Minas Gerais – EMATER;• Polícia Ambiental;• Departamento de Estradas e Rodagens –DER/ MG;• Instituto Estadual de Florestas – IEF;• Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais;• Companhia de Saneamento de Minas Gerais - Copasa;• Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável• Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Caratinga.

A estrutura do Comitê Gestor do Corredor Ecológico Sossego Caratinga é composta por presidência, vice-presidência e duas secretarias executivas - em razão da extensão territorial do Corredor e do número de agentes envolvidos. Além desses, Grupos de Trabalho (GTs) também compõem o Comitê Gestor, sendo os GTs as peças-chave para a execução das ações e atividades propostas pelo Comitê.

Durante a reunião foram definidos os titulares e suplentes dos cargos, resultando na seguinte configuração:

• Presidência – Fundação Biodiversitas – Roberta Maini • Vice-presidência – Preserve Muriqui – Marcello Nery • Primeira Secretaria Executiva – AGAIA- Harley Leandro Coelho • Suplente Primeira Secretaria Executiva - UFOP -

Sebastião Maximiano Corrêa• Segunda Secretaria Executiva - Centro Universitário de

Caratinga - Ronny Francisco de Souza • Suplente Segunda Secretaria Executiva – IBio -

Narliane de Melo Martins

O Papel do Comitê Gestor

Semelhante a um Comitê de Bacia, o Comitê Gestor do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga é uma entidade formada por representantes da sociedade civil organizada e do setor público, cujo objetivo é promover a gestão do território definido como Corredor Ecológico. O Comitê tem o papel de indicar políticas públicas, propor projetos, auxiliar a sociedade e o governo a estabelecer regras e condutas a serem adotadas na região do Corredor, promovendo a conservação do meio ambiente em consonância/equilíbrio/harmonia com o desenvolvimento econômico e social dos sete municípios abrangidos pelo Corredor.

O fato do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga ter reconhecimento oficial do Governo de Minas, por meio do Decreto 397 de 01 de agosto de 2014, contribui bastante para que as propostas e sugestões do Comitê tenham

GT Fomento ao Turismo, Comércio e Economia

Componentes - Prefeitura de Manhuaçu, Prefeitura de Ipanema, Preserve Muriqui, Organização do Povo que Luta, SINTRAF e Instituto Estadual de Florestas; o coordenador titular escolhido pelo grupo é o Márcio Luiz da Gama, representante da Prefeitura de Ipanema.

GT Agroecologia, Sistemas Agroflorestais (SAF’s) e Interação com o Agricultor Familiar

Componentes - Instituto Estadual de Florestas, Organização do Povo que Luta, AGRIFON, Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas, Associação Córrego dos Ferreiras, SINTRAF, Instituto BioAtlântica, EMATER, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável e Sindicato dos Trabalhadores de Santa Bárbara do Leste; a coordenadora titular é a Narliane de Melo Martins, representante do Instituto Bioatlântica, e a coordenadora suplente é a Zulmira Rodrigues de Sousa Silva, representante da Organização do Povo que Luta.

GT Pesquisa Científica

Componentes - Fundação Biodiversitas, Preserve Muriqui, Fossilis, Instituto Estadual de Florestas, EMATER, Centro Universitário de Caratinga, Universidade Federal de Ouro Preto e Projeto Sagui da Serra; a coordenadora titular é a Fernanda Pedreira Tabacow, representante da Fundação Biodiversitas, o coordenador suplente é o Ronny Francisco de Souza, representante do Centro Universitário de Caratinga.

GT Políticas Públicas para Conservação

Componentes - Instituto BioAtlântica, Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Caratinga, Copasa, Prefeitura de Santa Bárbara do Leste, Universidade Federal de Ouro Preto, Centro Universitário de Caratinga e Instituto Estadual de Florestas; o coordenador titular do grupo é Ronevon Huebra da Silva, representante da Copasa, o coordenador suplente é o Anderson Siqueira Teodoro, representante do Instituto Estadual de Florestas.

GT Educação Ambiental e Divulgação

Componentes - Associação dos Terapeutas, AGAIA, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, EMATER, Copasa, Polícia Ambiental, Departamento de Estradas e Rodagens, AMURCORFE, Instituto Estadual de Florestas, Gabriel Gonçalves Guerra (Gabinete do Deputado Padre João); coordenador titular é o Marcelo Augusto Bordado, representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais; seu suplente é o Fernando Nascimento, representante da Associação dos Terapeutas.

Os Grupos de Trabalho ficaram assim definidos:das diretrizes principais em sua atuação e investimento no que diz respeito à conservação, recuperação e desenvolvimento florestal.

O primeiro Corredor Ecológico reconhecido oficialmente em Minas Gerais foi o Sossego-Caratinga, numa parceria bastante produtiva entre a Biodiversitas, o IEF e a Preserve Muriqui.

O mais interessante é que a criação e instituição do Corredor não se deu de forma impositiva pelo Estado, mas partiu de uma demanda local e que vem sendo trabalhada, em todos os seus aspectos, de forma conjunta com os atores sociais dos municípios que estão na abrangência do Corredor.

Cabe ressaltar ainda que o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga se configura como uma oportunidade de aprendizado e desenvolvimento de metodologia para a criação de outros Corredores em Minas Gerais.

O M - O fato de ser um Corredor Ecológico reconhecido por meio de decreto pelo Governo de Minas Gerais traz que tipos de benefícios para o Corredor?

AMM - Como o tema Corredor Ecológico está inserido na carta de Projetos Estratégicos do Estado, a gestão sustentável desse território assume grande relevância, sendo acompanhado pelo Governador (?) e pela sociedade. O Corredor Ecológico é o principal subprojeto do Plano Estratégico de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, que tem como objetivo promover a conservação e recuperação dos biomas do Estado de forma a garantir a proteção à biodiversidade e às paisagens naturais, fomentando o uso sustentável da biodiversidade. Diante dos fatores citados, ele passa a ser visto como área prioritária para atuação e investimento do IEF, bem como de outros projetos do Governo.

O M - Qual a atuação do IEF na região do Corredor? Quais são e onde ficam os escritórios regionais?

AMM - O IEF atua na região do Corredor com atividades de Fomento Ambiental, apoio ao CAR e demais assistências técnicas.

O Corredor abrange a área de dois escritórios regionais: Rio Doce (Governador Valadares) e Mata (Ubá).

O M - Este é o primeiro Corredor Ecológico oficialmente decretado em Minas. Há interesse do Governo em reconhecer ou oficializar outros Corredores Ecológicos?

AMM - Sim. Como está inserido no PPAG - Plano Plurianual de Ação Governamental 2012 – 2015, estamos com outros projetos para o reconhecimento de mais Corredores.

O M - Para o IEF essa é uma boa estratégia de conservação?

AMM - Sim, pensando no ponto de vista de gestão de paisagem e gestão territorial participativa é uma ótima estratégia de conservação, uma vez que temos a oportunidade de articular forças e convergir ações de várias entidades para a região do Corredor.

O M - Quais os planos e expectativas do IEF para o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga?

AMM - A expectativa é incentivar o protagonismo local e conseguir unir os esforços dos atores que compõem o Comitê Gestor e Grupos de Trabalho para o fortalecimento da cultura local, adaptação de práticas agrícolas para modelos sustentáveis, melhoria das condições ambientais e, por consequência, para a melhoria da qualidade de vida das populações locais.

O M - Alguma mensagem para nossos leitores?

AMM - O Corredor Ecológico é um projeto que visa, em última análise, a melhoria do ambiente e das condições de vida no território. Entendemos que só quem vive e conhece de perto a realidade deste espaço pode apontar os melhores caminhos na busca das alternativas mais adequadas. Por isto, é muito importante a participação de todos.

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Alessandra Martins de Melo

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atenção política. Aliado a isso, seu caráter representativo e participativo faz com que seja reflexo das aspirações e desejos da população local e legitima a criação do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga. Além da presidência e vice- presidência do Comitê - que cuidam da articulação entre os membros, conduzem reuniões, representam o Comitê em eventos e solenidades, entre outras atividades – e das secretarias executivas – que cuidam da interlocução entre os membros do Comitê, agendas da entidade, produção de atas de reunião, encaminhamento de resoluções, correspondências, entre outras atividades –, outro importante componente do Comitê Gestor do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga são os Grupos de Trabalho, ou GTs. Os GTs são responsáveis por desenvolver ações definidas pelo Comitê, de acordo com as atribuições específicas . Veja abaixo o programa preliminar de atuação dos GTs e fique por dentro do que pode ser feito pelo Corredor:

GT Pesquisa Científica

O objetivo desse GT é gerir o conhecimento científico acerca da biodiversidade na região do Corredor e os aspectos socioculturais relacionados à conservação ambiental.

Tarefas propostas:

• Criar banco de dados com contatos de universidades e instituições de ensino, centros de pesquisa, ONGs, entre outros atores da região que possam contribuir com os objetivos do GT;

• Levantar os aspectos relevantes a serem estudados/abordados, tais como:

- Levantamento da fauna e flora do Corredor;- Situação de conservação da região;- Aspectos sociais e culturais presentes na região do Corredor;- Identificar as lacunas do conhecimento científico acerca da

biodiversidade local e aspectos socioculturais;- Traçar um plano de ação para o GT após o diagnóstico de tais lacunas.

GT Fomento ao Turismo, Comércio e Economia

GT voltado para questões relacionadas às alternativas de geração de renda, identificação de oportunidades econômicas e turísticas na região, entre outros aspectos ligados ao incremento da economia local em consonância com a conservação ambiental;

Tarefas propostas:

• Identificar oportunidades de alternativas de renda ligadas ao Corredor Ecológico, tais como:

- Artesanato local;- Produtos orgânicos (SAF, Agroecologia);- Desenvolvimento do turismo rural familiar;- Estabelecer contato com a Secretaria Estadual de Turismo, com

o intuito de incrementar o Circuito Turístico do Muriqui e/ou implementar o Circuito Turístico do Corredor Ecológico;

- Criar uma rede de contatos entre comerciantes e prestadores de serviço inseridos no CESC, principalmente por meio de associações comerciais dos municípios;

- Identificar os gargalos para a produção cooperada de produtos orgânicos – distribuição, capacitação de mão de obra, aquisição de insumos, divulgação e propaganda, entre outros;

- Criar um selo de identificação de produtos e prestadores de serviços, evidenciando que são produtos ou serviços advindos de um Corredor Ecológico, tendo em sua produção a preocupação com a conservação da biodiversidade e economia sustentável/solidária;

- Pleitear/propor políticas públicas de desoneração de tributação municipal e estadual para produtos oriundos do CESC consonantes com as ideias e objetivos do Corredor.

GT Políticas Públicas para Conservação

O objetivo desse GT é contribuir com os tomadores de decisão (principalmente em nível governamental) para a destinação eficiente de recursos públicos e privados no que se refere aos investimentos

ambientais na região do Corredor. Apoio e incentivo à criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) na região do Corredor também estão entre as suas atribuições.

Tarefas propostas:

- Estabelecer relação com órgãos públicos para identificar dificuldades e oportunidades legais/jurídicas que possam ampliar e incrementar ações e tomadas de decisão que sejam profícuas aos objetivos do CESC;

- Identificar empresas que tenham compensações ambientais na região do CESC para direcioná-las, junto aos órgãos competentes, à região do Corredor Ecológico;

- Identificar áreas potenciais para criação de RPPNs;- Identificar as RPPNs estabelecidas no Corredor;- Propor dispositivos legais (leis) para serem aprovados junto às

câmaras municipais dos municípios presentes no Corredor e junto ao Estado de Minas Gerais, que venham de encontro aos anseios e objetivos do CESC.

GT Educação Ambiental e Divulgação

Tem por objetivo fomentar e ampliar a Educação Ambiental na região do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga, auxiliando projetos escolares e de outras entidades. A divulgação das resoluções e proposições do Comitê, bem como dos resultados, é uma das funções desse Grupo de Trabalho.

Tarefas propostas:

- Estabelecer contatos com faculdades de pedagogia na região do CESC;- Mapear as escolas rurais e criar programas específicos para elas;- Criar cartilhas e folders educativos para a população, com patrocínio/

apoio de empresas locais/iniciativa privada;- Criar programas de educação ambiental voltados para as escolas

da região, segundo diagnóstico de necessidades e lacunas do conhecimento científico de tais escolas;

- Criar um programa de divulgação das atividades, resoluções e assuntos referentes ao CESC;

- Estudar plataformas de comunicação mais adequadas à realidade do CESC (Facebook, site institucional, cartazes, adesivos, chaveiros e outros suportes de mídia).

GT Agroecologia, Sistemas Agroflorestais e Interação com o Agricultor Familiar

GT central do Comitê Gestor do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga, tem a atribuição de promover a interação do Comitê com os agricultores da região, atores fundamentais para que a formação das conexões florestais entre as RPPNs Mata do Sossego e Feliciano Miguel Abdala ocorra de maneira satisfatória e eficiente.

Tarefas propostas:

- Formar banco de dados com os sindicatos rurais da região e outras entidades representantes dos trabalhadores do campo;

- Formar banco de dados dos produtores da região, verificando produções afins, de modo a criar uma logística de produção/ distribuição de produtos agrícolas;

- Receber demandas, ideias e dúvidas dos produtores rurais;- Orientar os produtores rurais e sindicatos quanto às boas práticas

agroecológicas;- Estabelecer uma relação de interlocução/representação dos

produtores rurais junto ao CESC e outras entidades; - Promover cursos e capacitações para os produtores rurais

relacionados à agroecologia e afins.

Lembre-se: as reuniões do Comitê Gestor do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga são públicas e quem quiser comparecer, dar sugestões, opiniões e ajudar de alguma forma, será sempre bem vindo! Entre em contato com os membros do Comitê mais próximos de você ou com a Fundação Biodiversitas e saiba quando será a próxima reunião do Comitê. As datas das reuniões também serão divulgadas em locais públicos de grande circulação de pessoas em toda a região do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga.

I N F O R M A T I V O - O M U R I Q U I

Prorrogado o prazo para o Cadastro Ambiental Rural – CAR

Gente Daqui – Amigo do muriqui

O Governo Federal anunciou a prorrogação do prazo para o Cadastro Ambiental Rural – que passou a ser maio de 2016 – portanto, os produtores rurais têm mais um ano para fazer seu cadastro.

Até agora, quase 53% da área total de 373 milhões de hectares passíveis de regularização ambiental está inscrita no sistema informatizado. Mais de 1,4 milhão de imóveis rurais de todo o país já se encontram dentro da lei. Esse número corresponde a 196,7 milhões de hectares de área cadastrada. “Houve uma expressiva adesão ao CAR e muitos agricultores participaram em caráter voluntário do programa de regularização”, avaliou Izabella Teixeira, Ministra do Meio Ambiente.

Todas as propriedades rurais do país precisam ser cadastradas no sistema eletrônico do CAR (SiCAR). A inscrição é condição necessária para que os imóveis façam parte do Programa de Regularização Ambiental (PRA). Isso dará início ao processo de recuperação ambiental de áreas degradadas dentro dos terrenos, conforme prevê a Lei 12.651, de 2012, a chamada Lei Florestal. Por meio do sistema eletrônico do CAR, são identificadas em todos os imóveis rurais do país três áreas especificas: Áreas de Preservação Permanente, Áreas de Reserva Legal e Áreas de Uso Restrito. O cadastro permite, assim, o conhecimento efetivo do passivo ambiental (o que deve ser recuperado) e o ativo florestal. O produtor que não estiver cadastrado terá acesso limitado a políticas públicas, como crédito rural, linhas de financiamento e isenção de impostos para insumos e equipamentos.

Criado pelo Código Florestal, e aprovado em maio de 2012, o CAR serve como um banco de informações sobre os imóveis rurais. O cadastro reúne dados como a delimitação das áreas de proteção, Reserva Legal, área rural consolidada e áreas de interesse social e de utilidade pública, além de ser responsável pelo controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e da vegetação nativa do Brasil.

O Projeto Conexão – Implementando o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga - tem ações voltadas para ajudar os produtores no

cadastramento do CAR. “O Projeto não está fazendo o cadastro no CAR, nós iremos apoiar os produtores a coletar os dados que serão inseridos no sistema”, explica Roberta Maini, coordenadora do Projeto Conexão. “Temos uma meta de auxiliar a regularização de pelo menos 30 propriedades rurais ao longo da área do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga”, acrescenta a coordenadora.

Os produtores rurais podem procurar os sindicatos de sua categoria e também os escritórios regionais do Instituto Estadual de Florestas - IEF – para fazerem seus cadastros. Não deixe para última hora!

Com textos do Portal Brasilhttp://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2015/05/cadastro-ambiental-rural-e-prorrogado-ate-maio-de-2016)

Ilustração retirada do Mapa Temático do Projeto ConexãoAutoria: Ovelha Negra Filmes Digitais

Nesta edição, a seção Gente Daqui – Amigo do muriqui traz um personagem de Caratinga.

Graduado em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário de Caratinga (2010), Theo Anderson é um de nossos colaboradores no Projeto Conexão – Implementando o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga. Montanhista desde 1996, tendo algumas especializações nesse esporte, principalmente em arvorismo (técnica de ascensão em copa de árvores), Theo é também fotógrafo de natureza - desde 2002 - com publicações em revistas, livros, jornais e sites ligados à conservação ambiental. É ele quem assina o ensaio fotográfico sobre os muriquis nesta edição. Com experiência em ornitologia/frugivoria, durante a graduação realizou projetos de pesquisa e conservação de aves ameaçadas de extinção no Corredor Ecológico Sossego-Caratinga. No Projeto Conexão, Theo Anderson participa da equipe atuando como uma ponte entre o produtor rural e a Fundação Biodiversitas, realizando o cadastramento de áreas candidatas para recomposição florestal de nascentes e cursos d´água na região do Corredor.

Theo também possui experiência na área de educação ambiental, tendo participado do Projeto Itinerante “A Mata Atlântica é aqui” da Fundação SOS Mata Atlântica, onde atuou como monitor local, em 2011, quando ocorreu o evento na região do Corredor. Desde 2012 auxilia nas pesquisas e atua como fotógrafo do Projeto Muriquis do Sossego, projeto de conservação do muriqui-do-norte na Mata do Sossego em Simonésia, de propriedade da Fundação Biodiversitas.

“É um grande privilégio poder trabalhar na conservação de uma espécie rara como é o muriqui, raro não somente pelo seu pequeno número na natureza, mas também pelo seu modo de vida bem tranquilo e seus hábitos sociais invejáveis”, conclui Theo.

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I N F O R M A T I V O - O M U R I Q U I

Este é o muriqui-do-norte! Existem menos de 1.000

muriquis na natureza, por isso está criticamente em

perigo de extinção.

Endêmica da Mata Atlântica, é uma espécie

que passa grande parte de sua vida nas árvores.

A água é um recurso valioso e nem sempre fácil de encontrar. Além de se arriscarem na beira

dos córregos, os muriquis podem beber a água que se acumula em bromélias e nos

ocos das árvores.

Os muriquis são animais herbívoros que se alimentam de uma grande diversidade de itens vegetais, tais como

flores, frutos e folhas.

São animais adaptados para a vida nas árvores: a cauda preênsil, que facilita o seu deslocamento e descanso,

funciona praticamente como um terceiro braço.

Outra maneira de locomoção utilizada pelos muriquis é o

salto da copa de uma árvore para outra. Muitas vezes eles

parecem voar!!

I N F O R M A T I V O - O M U R I Q U I

Esta é Eduarda, uma muriqui

que foi translocada para a Mata

do Sossego em 2006 e hoje

já deu a luz ao terceiro filhote,

Esperança.

Ecológica, segundo filhote

da Eduarda.

Edú, o primogênito da Eduarda.

As manhãs de inverno na Mata do Sossego são bem frias, com

temperaturas que variam entre 9°C e 11°C. Com isso os muriquis evitam

fazer quaisquer exercícios nas primeiras horas do dia. Em dias de sol, eles procuram lugares estratégicos.

Os filhotes recebem a

ajuda da mãe até cerca de três anos de idade ou até o nascimento de um novo

filhote.

Outro detalhe interessante dos cuidados dos adultos com seus filhotes é quando a mãe

se estica ao máximo para conectar-se a uma outra árvore, encurtando assim a distância, que antes era grande, para o

filhote atravessar.

A gestação dos muriquis dura, em média, sete meses e o intervalo entre nascimentos de filhotes é de aproximadamente três anos.

Nasce um filhote a cada gestação, que é amamentado por dois anos.

Durante os dois primeiros anos de vida dos filhotes, o contato

materno é essencial para o aprendizado. Nessa fase aprendem como se locomover e se alimentar

e, gradativamente, se tornam independentes.

Os filhotes-muriqui aprendem cedo

que o abraço é algo fundamental.

Os muriquis se abraçam pelas mesmas razões

que nós o fazemos, ou seja, por afeto, proteção e conforto. Na sociedade

pacífica dos muriquis, os abraços chamam bastante atenção.

Primeira foto que o Theo tirou

dos muriquis da Mata do

Sossego, em junho de 2012.

Ensaio FotográficoAutor: Theo Anderson

Nesta Edição de O Muriqui você vai poder conhecer um pouco mais do nosso personagem principal e que dá nome ao nosso jornal. Neste ensaio fotográfico de autoria de nosso parceiro Theo Anderson, algumas cenas do dia a dia dessa espécie trazem um pouco do comportamento e da rotina de um dos primatas mais ameaçados do mundo.

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Expediente: O Muriqui - Informativo impresso do Projeto Conexão - Implementando o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga | Coordenador Geral do Projeto - Cássio Soares Martins | Coordenação Técnica-Executiva – Roberta Maini | Gerente da RPPN Mata do Sossego - Alexandre Enout | Coordenador de Comunicação - Thiago Bernardo | Fundação Biodiversitas - Diretor Presidente – Gláucia Drummond | Diretor Vice-Presidente – José Carlos Carvalho | Diretor Secretário - Roberto Messias Franco | Superintendente Geral - Gláucia Drummond | Contato: [email protected] | Fundação Biodiversitas: Av. Celso Porfírio Machado Nº 1813, Casa - Belvedere - BH - MG - Cep.: 30320-400 - Telefones: (31) 3653-7794 - (31) 3653-7795 - (31) 3284-6322 - (31) 3284-6323 | Revisão gramatical e ortográfica: Alex Mineiro Drummond | Projeto Gráfico: Túlio Linhares

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