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O MUSEU VIRTUAL: a acessibilidade para aprender/ensinar Arte

Autora: Evanise Pascoa Costa¹

Orientadora: Profª Dra Elisabeth Seraphim Prosser²

Resumo

Há, no ser humano a constante necessidade de interagir com seu entorno e criar, produzindo novos instrumentos, bem como guardar os que caem em desuso, dos primitivos aos mais sofisticados. Nesse ínterim ele também cria Arte. Quando as tecnologias se modificam, os instrumentos das fases anteriores figuram, mesmo no senso comum, como “peça de museu”. Acervá-los constitui um registro da evolução humana. Historicamente, veem sendo estabelecidos espaços museais, que congregam diferentes tipologias de acervo. O museu virtual é ponto de interação que pode garantir o êxito do uso das mídias e das novas tecnologias de informação no processo de aprender e ensinar Arte. Pode- se tirar partido dos aspectos didáticos dos museus virtuais, visto que estes estão geograficamente acessíveis à professores e educandos, possibilitando ao educando o acesso à criação artística regional e universal, e viabilizando o desenvolvimento de critérios estéticos, baseados nas pesquisas nesses museus. Dos espaços museais virtuais existentes foram referência para pesquisa os seguintes: o então site do Museu Guido Viaro; o site Museu Casa de Portinari; o Museu da Pessoa; catálogo de Museus da Era Virtual; o site de Museus do Ministério da Cultura da Espanha. A escolha foi baseada nas possibilidades didáticas permitidas por cada instituição, partindo de um museu paranaense até alguns museus do mundo. A abordagem metodológica utilizada foi a da pesquisa-ação, aplicada em dois momentos: com alunas do curso de Formação de Docentes para a Educação Infantil e os Anos Inicias de Educação Básica e, com Professoras da rede Estadual de Educação do Paraná, na modalidade Grupo de Trabalho em Rede, na análise do Projeto e aplicação da Proposta Didática Pedagógica.

Palavras – chave: Museu Virtual; Acessibilidade; Acervo; Arte; Tecnologia.

___________

¹Especialista em Educação, Graduada em Educação Artística (FAP), atua no Colégio Estadual Maria da Luz Furquim.

²Doutora em Meio ambiente e Desenvolvimento (UFPR), Mestre em Educação (PUCPR), Especialista em História da Arte (EMBAP). Assessora de Pesquisa e Leciona a Disciplina de História da Arte na EMABAP.

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1 Introdução

É possível conciliar a museologia à pedagogia, de forma que o

encaminhamento metodológico tenha caráter investigativo e criativo, aproveito o

que os museus virtuais oferecem. A presença dos recursos tecnológicos, por si, é

insuficiente para a inovação nos processos de ensino aprendizagem. O uso das

mídias é uma interface necessária para a transformação da prática metodológica

relativa ao ensino da Arte. Obras e espaços museais inacessíveis à maioria e

restritos a poucos, por questões principalmente geográficas, logísticas e

econômicas, ficam ao alcance da mão e do olhar, com alguns “clicks”, pela via dos

espaços que os museus disponibilizam na internet.

A interação com aqueles espaços polissêmicos quer museus físicos, quer

museus virtuais e a aplicação das mídias como estratégias de inovação das

tradicionais formas de ensino e aprendizagem, permitem:

• tomar partido do museu de Arte online como interface necessária para a

transformação da prática metodológica relativa ao ensino da Arte;

• o acesso do educando à criação artística da própria e de outras culturas

por meio de pesquisas em museus virtuais;

• a criação do museu no pendrive, o museu pessoal, valorizando a

capacidade lúdica, a flexibilidade, o espírito de investigação e de crítica,

em que cada estudante pode compor seu acervo a partir da própria

pesquisa e critérios estéticos;

• o mapeamento de museus virtuais do Paraná, do Brasil e do mundo de

modo a dispor de um banco de endereços por onde dar continuidade às

investigações de aspectos que possibilitem o aprofundamento em

temáticas da arte, dos cinco continentes, disponíveis na internet, partindo

da arte paranaense, sem desvinculá-la do que acontece no Brasil e no

mundo.

Desde as últimas décadas, existe o acesso virtual a muito do que antes

escapava da sala de aula e da percepção de professores e estudantes. Ao trabalhar

com museus virtuais, o que se buscou foi conhecer o histórico de cada museu

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selecionado; compreender o seu propósito; conhecer o acervo disponibilizado online

e desenvolver atividades propostas na Produção Didático-Pedagógica a partir das

visitas virtuais, tendo como pano de fundo a abordagem triangular de Ana Mae

Barbosa, que privilegia, no estudo da Arte, uma triangulação que abre espaço tanto

para o fazer artístico, quanto para a leitura ou apreciação da obra de arte e,

igualmente para a sua contextualização. Esta proposta embasa o ensino da Arte no

Brasil, pois está presente quer nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), quer

nas Diretrizes Curriculares Estaduais (DCEs).

2 O museu virtual como local de ensino-aprendizagem

A palavra Museu vem do termo grego Museion, templo das musas. Os latinos

denominavam Museum ao gabinete ou sala de trabalho dos homens de letras e

ciências. Ptolomeu I, do Egito, deu esse nome à parte do seu palácio, em

Alexandria, onde se reuniam os sábios e filósofos mais célebres do seu tempo. Foi

esse o primeiro estabelecimento cultural que recebeu o título de Museu.

As coleções de quadros, de esculturas, de objetos de arte e de relíquias

preciosas datam da Grécia Antiga e de Roma. Na Idade Média, elas existiram nos

mosteiros e nas igrejas; no Renascimento, nos palácios dos soberanos e grandes

senhores. Nenhuma teve a designação de Museu. A primeira coleção que recebeu

essa denominação foi a do Louvre na França, aberta ao público em 1750.

Posteriormente a palavra Museu tornou-se habitual para designar coleções de

qualquer natureza, pública ou particular, e até há pouco tempo, o museu destinava-

se apenas a abrigar e conservar coleções: era sua única finalidade. (COSTA, 2006,

p.8). Burgos afirma:

o papel, a forma, as características e os princípios norteadores dos museus vêm mudando através dos séculos, vem sofrendo adaptações funcionais para, seguindo o princípio darwinista, poderem sobreviver. […] Em decorrência de exigências políticas, sociais e econômicas assistimos a mudanças ocorridas no templo das filhas de Mnemósine. O que na origem era um local para estudos das artes, ciências e filosofia [...] transmutou-se num parque temático […] Naturalmente não podemos esquecer que colecionadores ricos, diretores míopes e interesses comerciais externos estão cada vez mais interferindo nas práticas museológicas. No caso específico dos museus de arte […] o que esteve em jogo em sua construção foi a ideia de criar uma máquina de produção e atribuição de valor à obra de arte, um instrumento de produção de cultura. (BURGOS, 2007, p.2)

De local de estudo a parque de diversões requintado, passando a espaço elitizado

que agrega valor a obra de arte. O Conselho Internacional de Museus – ICOM

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definiu como Museu, “toda instituição permanente, sem fins lucrativos, aberta ao

público, que adquire, conserva, pesquisa e expõe coleções de objetos de caráter

cultural ou científico para fins de estudo, educação e entretenimento”. A definição de

Museu segundo o Ministério de Cultura/ MinC é mais específica: “ o museu, para os

efeitos de lei, é uma instituição com personalidade jurídica, com ou sem fins

lucrativos, ou vinculada a outra instituição com personalidade jurídica própria, aberta

ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento”. (COSTA, 2006, p.8)

Instituição educativa que, de acordo com Ana Mae Barbosa, “passou a

constituir a vanguarda do ensino de arte, realizando um trabalho renovador em

relação às escolas e até às universidades, a partir do advento da arte Moderna”

(BARBOSA, 1989, p.126), foram ações educativas dentro dos museus que

influenciaram o ensino de arte praticado nas escolas. Barbosa (1989) situou a pós-

modernidade e o ensino da arte:

enquanto o modernismo privilegiava, dentre as funções criadoras, a “originalidade” preservando o estudante do contato com a obra de arte, a pós-modernidade vem privilegiando a “elaboração” dentre os outros processos mentais envolvidos na criatividade. Por outro lado o modernismo apela para a “emoção” na abordagem da obra de arte […] já a pós -modernidade aponta a “cognição” como preponderante para a compreensão estética e para o fazer artístico, introduzindo a crítica associada ao fazer e ao ver. Enquanto a modernidade concebia a arte como “expressão”, a pós -modernidade remete a “construção do objeto” e sua “concepção inteligível” como elementos definidores da arte. (BARBOSA, 1989, p.129)

O contato com a obra vem sendo uma das principais dificuldades com que o

professor se depara no ensino da Arte, neste sentido por um lado o estudante tem

sua “originalidade” preservada e por outro, a eventual gratuidade do ingresso ao

museu não é de grande apoio educativo. Aprender Arte de ouvir falar tem sido a

dificuldade do educando no processo de “cognição”. As aulas de Arte penetraram

efetivamente o mundo da imagem por meio da tecnologia. Antes dos laboratórios de

informática nas escolas, dificilmente havia acesso a imagens. O fato de diversos

museus disponibilizarem, virtualmente seus acervos ou exposições, ainda que

parcialmente, expõem educador e educando a um novo contexto. Recorrendo-se

aos museus virtuais foi possível conjugar o ensino da Arte por meio da Tecnologia.

Considerando-se que a relevância do caráter social do ensino da Arte está inscrito

na sua peculiaridade histórica de alterar a noção de tempo e espaço do ser humano.

Isso tem se intensificado a cada dia, em decorrência do avança das tecnologias

(DCE, 2009). Como observa Santos (2006, p.32) faz-se necessário, ter em mente

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que a aprendizagem não é uma tarefa fácil para os sujeitos envolvidos, requer

estratégias situadas no contexto da formação. A autora sugere que é preciso

considerar as necessidades do arranjo espaço-temporal do currículo, levar em conta

a história e atentar para o perfil sócio cognitivo político-cultural dos educandos.

Sobre a educação que usa como meio a internet, Santos afirma:

na educação online, precisamos mapear as identidades dos saberes dos sujeitos [...] devido ao potencial comunicacional e pedagógico das interfaces síncronas e assíncronas dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Por AVA entendemos toda organização viva, onde seres humanos e objetos técnicos interagem num processo complexo que se auto-organiza na dialógica de suas redes de conexões. (SANTOS, 2006. p. 32)

Toma-se então o museu virtual por AVA: ambiente virtual de aprendizagem, e

museu como dimensão da vida, para reter e compor um acervo do que foi

apreendido, tanto na memória mental, quanto nos arquivos do computador. Nesse

sentido:

as tecnologias auxiliam no processo de encontrar o que está consolidado e a organizar o que está confuso, caótico, disperso. Por isso é tão importante dominar ferramentas de busca da informação e saber interpretar o que se escolhe, adaptá-lo ao contexto pessoal e regional e situar cada informação dentro do universo de referências pessoais (MORAN, 2007, p. 63).

O uso de mídias e novas tecnologias de informação no contexto do ensino da

Arte passam hoje pelo entendimento de que os sujeitos são nativos de um mundo

multimídia. Portanto, “a presença da tecnologia e seus impactos nos diferentes

campos da sociedade, justifica a necessidade de a escola incorporá-la, de maneira

reflexiva, crítica, planejada e estruturada” (MENDES, 2009, p. 37). Dando um

encaminhamento metodológico de caráter investigativo e criativo ao uso das mídias,

o professor estará criando condições para que o aluno, em contato crítico com as tecnologias da/na escola, consiga lidar com as tecnologias da sociedade, apropriando-se delas como sujeito. Este tipo de trabalho será facilitado na medida em que o professor dominar o saber relativo às tecnologias, tanto em termos de valoração e conscientização de sua utilização (ou seja, por que e para que utilizá-las), quanto em termos de conhecimentos técnicos (ou seja, como utilizá-las de acordo com as suas características) e de conhecimento pedagógico (ou seja, como integrá-la no processo educativo) (LEITE, 2003, p.45).

Por ser a escola o espaço que o tempo social proporciona, a priori, para a

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apropriação da cidadania, é imprescindível que os sujeitos, professores e alunos,

disponham de meios para identificar, reconhecer, estudar e repertoriar

conhecimentos. Nesse contexto, o uso das mídias no ensino da Arte deve ser uma

estratégia eficaz. Ela pode auxiliar na aquisição daqueles elementos que

caracterizam os indivíduos como cidadãos responsáveis, individual e coletivamente,

no seu presente e no seu futuro. Considerando as Diretrizes Curriculares Estaduais:

é imprescindível que o professor considere a origem cultural e o grupo social dos alunos e que trabalhe nas aulas os conhecimentos originados pela comunidade. Também é importante que discuta como as manifestações artísticas podem produzir significado de vida aos alunos, tanto na criação quanto na fruição de uma obra [...] é preciso que ele reconheça a possibilidade do caráter provisório do conhecimento da Arte, em função das mudanças dos valores culturais que podem ocorrer através do tempo, nas diferentes sociedades e modos de produção. Sendo que, no contexto do ensino das artes, tempo e espaço são considerados categorias articuladoras dos conteúdos estruturantes (DCE, 2009, p.70)

Levando em conta a relativização do tempo e a maleabilidade do espaço,

Pierre Lévy, em Cibercultura (1999), chama a atenção para a função dos museus na

Internet, quando assinala que no “ciberespaço [...] tudo circula com fluidez crescente

e [...] as distinções entre original e cópia já não têm evidentemente razão de ser”. Se

a imagem for disponibilizada pelo museu virtual, o que é pesquisado, trás referência

digna de confiabilidade, os direitos de uso foram respeitados. Quanto a origem do

material pesquisado ser um museu virtual, ou receber outra denominação, Burgos

opina:

utilizando-se de nomenclaturas bastante semelhantes, existem algumas diferenças substanciais a serem analisadas. Enquanto podemos abranger os webmuseus, cibermuseus e museus virtuais em uma mesma proposta, variando apenas o seu conteúdo [...] entendo que os museus digitais e virtuais apresentam algumas características distintas. A meu ver, um museu digital é aquele que se utiliza, exclusivamente de obras digitalizadas ou, no caso das imagens de síntese, gravadas do computador em mídias como fitas de vídeo, CD-ROMs, DVDs, como, por exemplo, no primeiro caso, o DVD Paintings in the National Gallery, e, no segundo, performaces artísticas em tele presença ou peças de realidade virtual apresentadas off-line. Os museus virtuais, insisto, ao meu ver, são aqueles que visam a criação de ambientes virtuais de simulação e interação, utilizando recursos de realidade virtual, ou aqueles que estão voltados apenas para o armazenamento, divulgação e exibição de obras criadas a partir de matrizes numéricas, de códigos computacionais.” (BURGOS, 2007, p.5)

Trata-se de outra visão de museu virtual, além da perspectiva de tê-los como fonte

de pesquisa e referência para aulas de Arte, mas de criação em Arte, criação de

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acervo virtual. Em sua obra Le Musée Virtuel, Bernard Deloche (2001) relaciona

aspectos primordiais do museu virtual:

explora o conceito de museu como o local privilegiado para desenvolver experiências sensoriais e utiliza o modelo de museus de arte para identificar a tripla reciprocidade que esta desenvolve em torno de três conceitos chave: o estético, o museal e o virtual. O estético estará ligado ao sentir, o museal ao expor e o virtual ao substituir (DELOCHE apud RIBEIRO e SILVA, 2009, p.47 ).

Pode-se acrescentar o quarto conceito, o pedagógico: o museu virtual deve

enriquecer o processo de aprender e ensinar Arte. Com relação à formação de

docentes, considerando a opinião de Ana Mae Barbosa, deve-se “conceber o museu

como um laboratório de conhecimento, sendo que, nessa condição pode cumprir

marcante papel na formação dos educadores” (BARBOSA apud FORTUNA, 2004,

p.36). A prática do museu in loco, nem sempre é acessível para os decentes em

formação, entretanto, os museus virtuais são laboratórios que apresentam materiais

válidos para a apropriação de conteúdos e práticas que podem transformar-se em

conhecimentos necessários à prática pedagógica dos futuros educadores.

2.1 O Projeto e as Estratégias Metodológicas

A estratégia metodológica utilizada na implementação da produção didático-

pedagógica foi a pesquisa-ação. Para tanto, foi necessário o uso do laboratório de

informática, conectado à internet, visto ser este o acesso mais viável aos recursos

disponibilizados pelos museus virtuais. Os pesquisadores estiveram envolvidos de

modo cooperativo e participativo.

Como afirmam Kemmis e McTaggart (1988, p. 35), “fazer pesquisa-ação

significa planejar, observar, agir e refletir de maneira mais consciente, mais

sistemática e mais rigorosa o que fazemos na nossa experiência diária”. Na

pesquisa-ação, pode-se melhorar substancialmente o trabalho combinando a coleta

de informações, a interpretação, a revisão da literatura e do relatório, tudo isso de

uma perspectiva de interação com o grupo pesquisado. O desenvolvimento da

interpretação das informações desde o primeiro momento e a sua constante

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confirmação ou não pelo grupo, permite maior exatidão. A pesquisa-ação tem como

principais objetivos assegurar a participação dos integrantes do processo,

organizando as ações de forma democrática, incentivando o compromisso do grupo

com a mudança de modo a melhorar a prática e a compreensão dessa prática por

parte dos envolvidos, bem como aperfeiçoar a situação que produz a referida prática

(RICHARDSON, 2004, p. 54).

Instrumento importante na realização da pesquisa-ação é o diário de

pesquisa: o registro diário que o investigador faz do desenvolvimento do projeto. Em

geral, as anotações no diário podem ser utilizadas como dados. No entanto, são

diferentes das informações, observações, registros ou outros dados coletados com a

intenção de obter informações para o fenômeno estudado. De acordo com Hughes

(2000, p.76), os principais motivos para manter um diário de pesquisa são: gerar a

história do projeto, o pensamento do pesquisador e o processo de pesquisa;

fornecer material para reflexão; proporcionar dados para a pesquisa; e registrar o

desenvolvimento dos conhecimentos de pesquisa adquiridos pelo investigador.

Para a pesquisa, os dados arrolados nos diários tiveram origem em dois

grupos: o Grupo de Trabalho em Rede, formado por professoras de Arte da rede

estadual de ensino, que atuam nos Ensinos Fundamental e Médio e por grupos de

alunos do curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e Anos Iniciais do

Ensino Básico Colégio Estadual Maria da Luz Furquim. As professoras da rede

tiveram acesso ao Projeto e à Proposta Didático-Pedagógica.

Dadas às características do material didático proposto, foi bastante pertinente

que a discussão com as professoras tivesse ocorrido num AVA, via plataforma

Moodle, com aspecto de Diários e Fóruns. Os estudantes tiveram acesso apenas ao

material didático, receberam orientações quanto ao uso de recursos midiáticos

virtuais no decorrer do desenvolvimento das atividades propostas, capacitando-se a

desenvolvê-las e ampliá-las em sua prática pedagógica como docentes em

formação. As atividades propostas oportunizaram a exploração do conteúdo,

estimulando a curiosidade e a busca de informações acerca de obras e acervos

virtuais, contribuindo para a apreensão do seu significado e atribuição de sentido.

Esta interação com o material exposto online possibilitou uma experiência que

é, a um só tempo, estética, sensível e cognoscente, concorrendo para a educação

na e pela Arte (FORTUNA, 2004, p. 7).

O museu é um local educativo, e tem a positiva peculiaridade de fugir dos

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aspectos formais da educação; Fortuna afirma:

o museu é como o jogo: é tanto mais educativo quanto menos pretende sê-lo, no sentido da recusa a subordinar-se ao ensino de conteúdos específicos em benefício da espontaneidade, criação, desafio, mas também do rigor, da disciplina e do envolvimento que torna a atividade lúdica uma experiência humana tão séria. Esse paradoxo de ser mais educativo quando está menos preocupado em sê-lo alimenta muitas incompreensões que o condenam ora à execração pedagógica, sob o argumento de que é indevido e mesmo impossível o seu ‘uso’ pedagógico, ora à reificação, quando é tão adorado a ponto de fazer crer que existe por si mesmo. (FORTUNA, 2004, p.7)

O museu, espaço real ou virtual, não existe por si e para si mesmo, tendo

discutível função educativa se esta não for adequadamente explorada, em uma

perspectiva pedagógica bem definida quanto aos objetivos que se pretende atingir.

O museu educa, informalmente. É necessário equilibrar a visita ao museu como fim

em si mesma, um passeio cultural, com os objetivos da educação formal e

particularmente, da educação pela Arte.

2.1.1 Diário do GTR: impressões sobre o Projeto

Em se tratando de pesquisa-ação é pertinente considerar as avalições feitas

pelas professoras da rede estadual de educação, ao Projeto de uma Proposta

Didático- Pedagógica pautada em museus virtuais. O primeiro Diário solicitava ao

participante a leitura do Projeto e sua análise. Apresenta-se a seguir a opinião das

professoras:

a proposta é abordar o museu como um laboratório de conhecimento e local privilegiado para desenvolver experiências sensoriais, como solução para dificuldade de acesso ao patrimônio artístico. Além de aproximar as pessoas dos avanços tecnológicos o museu virtual desperta o interesse por aprender e o educando aprofunda seus conhecimentos, ajudando também na formação de espírito crítico. Abre inumeráveis possibilidades de acesso a manifestações e criações culturais que nem a escola nem os textos podem resolver por suas limitações com instrumentos de acesso à cultura, ao tempo que complementa de maneira relevante as possibilidades de formação que tanto as salas de aula como os textos podem promover. Através da internet os museus têm entrado nas escolas, para que sejam conhecidos por todos aqueles que, talvez nunca, teriam condições de conhecê-los pessoalmente. Podendo ser visitados em qualquer lugar do mundo, sendo possível unir a história que aprendemos, com a experiência de ver a imagem de muitas obras históricas e com o importantíssimo valor histórico. Estamos num universo de mudanças constantes, onde se buscam novas tecnologias e metodologias mais adequadas ao contexto atual. Ao mesmo tempo, altos índices de evasão e insucesso dos alunos, apontam para a urgência na busca por novas propostas de ensino, já que aprender é um trabalho duro que pode ser facilitado pelo uso dessas novas tecnologias. (Professora DGF, 2011)

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A professora percebeu todos os pontos visados pelo projeto, ressaltou ainda alguns

colaterais, como a evasão e o insucesso discentes, superficialmente atribuídos a

falta à atratividade da escola. É o que salienta a professora DFF (2011) “o acesso a

vários endereços virtuais que nos auxiliarão na busca, conhecimento e visitação de

museus, algo que não é fácil encontrar e de forma interessante e atraente […] vem

ao encontro de muitos anseios dos alunos em sala de aula, na visualização daquilo

que falamos”. Para cada professora um viés pareceu particularmente atrativo, ECM

por sua vez interessou-se por: “conseguir por em prática e deixar os alunos à

vontade em relação a montarem seus próprios museus virtuais com as obras que

mais têm afinidade”. A professora AK faz sua abordagem a partir da História da Arte

e da Formação de Docentes:

após a leitura do Projeto de Intervenção Pedagógica, considero que o estudo da História da Arte já é bastante interessante por si só, mas tendo um recurso aliado à tecnologia, como é o museu virtual, o entendimento da(s) obra(s) de arte pode ser ampliado, tanto em relação às técnicas quanto ao contexto histórico e social ao qual as mesmas pertencem. Trabalhar esta temática com alunos que pretendem ser docentes, ou não, pode ser desafiador, uma vez que ainda ronda sobre nossas cabeças aquela velha pergunta: “Mas pra que serve a Arte?” Ou ainda, perguntando ao artista: “Mas você trabalha?” Então, está aí a responsabilidade do professor, no caso, o de Arte [...] em mostrar aos alunos um mundo repleto de informações visuais, estéticas e históricas, valorizando a arte e o artista. E, na concepção do projeto, todo este trabalho já possui um agente facilitador, o recurso tecnológico a ser utilizado: a internet, um instrumento bastante 'manuseado' e admirado pelos alunos. Sendo assim, acredito que durante o processo de aplicação deste projeto na Escola, haverá grande contribuição dos estudantes e não apenas (o) a professor(a) dominando o conhecimento; citando Marc Prensky: “A educação tem que ser cada vez mais trabalhada no sentido de partilhar” . (Professora AK, 2011)

Entrar no museu pela janela do monitor do computador, tomar partido das

Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) apreender na Escola conteúdos

visuais, estéticos e históricos, valorizando a arte e o artista, tirando partido do gosto

que o estudante tem pelo universo da tecnologia. A opinião da professora MFBA

segue o mesmo caminho:

entendo que nossos alunos são de uma geração favorável, onde a tecnologia está em todo lugar e acessível à eles, lembrando a facilidade com que o aluno aprende e entende o avanço da tecnologia. E com isso aproveitamos na nossa disciplina, que se torna mais interessante para o aluno. […] Mas o entendimento de museus da parte do professor exige estudo e dedicação, principalmente o museu virtual, para que ele possa passar aos seus alunos o valor desse estudo. (Professora MFBA, 2011)

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Neste depoimento da professora MFBA, percebe-se o diálogo com dois sujeitos que

são definidos por Marc Prensky (2001), como “estudantes nativos digitais”, que a

professora aponta como sendo de uma “geração favorável”: indivíduos que

nasceram e cresceram com videogames, celulares, internet e, os adultos do início

do século XXI, professores, os “imigrantes digitais” vindos de um mundo analógico.

Museus virtuais são ambientes permeáveis àqueles nativos e às novas metodologias

para o ensino da Arte. Pensando possibilidades metodológicas, entre as virtuais, o

blog, já é utilizado por CLC, que vê na “ideia de um museu pessoal, num pendrive”

algo inovador. A análise do projeto feita por IFS abrange pressupostos históricos e

metodológicos da disciplina de Arte

o museu virtual pode ser visto na condição de recurso pedagógico como uma superação das técnicas tradicionais de ensino elencadas na didática tradicional, no entanto está mais próximo dos aspectos formais da educação do que do espontaneísmo. Os encaminhamentos curriculares da SEED (DCEs) estão pautados na proposta triangular de Ana Mae Barbosa, que também está presente nos PCNs, sendo que esta autora estruturou esta proposta a partir de sua vivência explorando os museus no ensino e na aprendizagem de arte. Em 1987 Barbosa inicia um programa no Museu de Arte Contemporânea, associando o trabalho prático com a história da arte e a leitura de obras de arte. No entanto a observação da autora deste projeto é totalmente coerente, porque se não há um planejamento e contextualização nas abordagens dos acervos dos museus, ficamos somente no espontaneísmo, perdendo-se no lúdico. Como cita a autora, é importante que o professor se aproprie dos museus para que possa explorá-los nos processos educacionais; conciliar a museologia à pedagogia, buscando metodologia com caráter investigativo e criativo; o mais importante é o modo como olhamos e construímos envolvendo a razão e a sensibilidade. (Professora IFS, 2011)

Construir o conhecimento, de caráter investigativo e criativo também foi o objetivo da

Proposta Didático Pedagógica a partir de museus virtuais. Segue relato de IFS, a

respeito de experiências da própria prática pedagógica, que vem ao encontro dos

objetivos do projeto em pauta:

“no que se refere a proposição da criação de um espaço museal na escola, registrando em diversos suportes e mídias a prática e a memória das experiências vividas pelos professores e alunos [...] Fiz o meu micro museu pessoal registrando as principais criações dos meus alunos com máquina digital. Há momentos muito ricos, especiais e únicos nas aulas de arte que merecem um registro. A mesma atividade sempre produz resultados diferentes, porque estamos trabalhando com a criação artística. Há muitas produções dos educandos que superam as nossas expectativas. Estes registros também constituem material didático para o professor (apreciar o trabalho realizado por um colega além de exemplo do conteúdo em desenvolvimento motiva os demais colegas, incentivando a auto superação na busca da criação artística)”. (Professora IFS, 2011)

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Criar um museu virtual com os alunos foi um objetivo esboçado no início do projeto,

entretanto, pela dificuldade de criar e alimentar um AVA, a proposição foi descartada,

mas o “Museu no Pendrive”, onde cada professor ou aluno compõem o seu acervo é

possível, e didaticamente recomendável. A professora concluiu abordando o uso das

novas tecnologias, o museu virtual proposto como interface no ensino da Arte e a

inclusão social por meio do uso das TICs.

A autora menciona o museu como ponto de interação facultando o sucesso no uso das novas tecnologias nas aulas de arte, mas lembrando-se que na “educação da sensibilidade e do olhar” o museu virtual não substitui o museu físico. Esta observação é de extrema importância porque a apologia ao novo, principalmente quando se refere às tecnologias, tende a levar ao esquecimento sobre o que o antigo ainda continua atual e sendo insubstituível. Há pessoas que defendem e fazem a previsão da extinção dos museus físicos, devido ao conjunto de vantagens (vantagem econômica, técnica dentre outras) do museu virtual. […] O objetivo geral do projeto é abordar o museu virtual como interface no ensino e aprendizagem de arte. Este objetivo do projeto é de extrema relevância, considerando a dificuldade de acesso às obras. [...] Os livros de arte são limitados enquanto recurso pedagógico para o exercício da apreciação de obras. A visitação a museus físicos envolve uma série de condições restritivas. O acesso virtual aos museus descerra para o educando o universo da arte de modo amplo. Este objetivo também atualiza os métodos usados na didática da Arte, tornando-os mais próximos aos interesses dos educandos. […] Observo que a proposta deste projeto também pressupõe a inclusão social fomentando o acesso ao mundo artístico, por meio das tecnologias. (Professora IFS, 2011)

No microuniverso da escola, o trânsito pelos espaços museais faz-se frequente,

tanto para professores quanto para estudantes, pelo suporte das mídias. A

importância de frequentar o museu está relacionada à apropriação do museu virtual

na prática docente no ensino de Arte. Vai além: transitar por ambientes que eram

limitados aos alfabetizados nos cânones específicos, tanto da Arte, quanto da

Tecnologia. Caso esta alfabetização específica esteja começando e tenha início no

museu virtual, na escola. Não há melhor espaço para começar a ler outros signos,

novos códigos.

2.1.2 Diário do GTR: Considerações sobre da Proposta Didática Pedagógica

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A referida Proposta Didático - Pedagógica está dividida em cinco unidades.

Para cada unidade foi desenvolvido um roteiro de atividades. Dos espaços museais

virtuais mapeados, foram selecionados os seguintes: Museu Guido Viaro; Museu

Casa de Portinari; Museu da Pessoa; Museus da Era Virtual; e os Museus do

Ministério da Cultura da Espanha. A escolha foi baseada nas possibilidades

didáticas permitidas por cada instituição.

A primeira unidade, inicialmente intitulada Museu Guido Viaro – Um

artista Paranaense teve por objetivo começar o circuito virtual de museus

pelo universo imediato de um artista do Paraná. Guido Viaro, nascido

italiano, radicado no Sul do Brasil, influenciou tanto a Arte quanto a

Educação no Paraná. Este foi o encontro inicial com o acervo virtual e os

recursos midiáticos disponíveis para sua exposição, durante a pesquisa.

A segunda unidade, Museu Casa de Portinari e o Projeto Portinari, fez

o circuito virtual pelo acervo do Museu, que foi casa do pintor Candido

Portinari. Explorou os recursos do site Projeto Portinari que traz obras em

painéis feitos pelo artista fora do Brasil, catálogos, jogos educativos em

uma área cujo título é Portinari para Crianças.

A terceira unidade, Museu da Pessoa - Meu museu pessoal, é

dedicada a um acervo composto por histórias de vida, a parte imagética é

composta principalmente de fotografias. Há a possibilidade de interação,

em que o visitante pode também contar uma história de sua biografia.

A quarta unidade intitula-se Museus da Era Virtual - Catálogo de

Museus Virtuais. Onde diferentes circuitos podiam ser explorados, por

vários Estados e tipologias museológicas. Minas Gerais: Museu de Artes e

Ofícios; Museu do Oratório; Casa Fiat de Cultura; Museu Casa Guignard e

Museu Casa Guimarães Rosa. Goiás: Casa de Cora Coralina. Santa

Catarina: Museu Nacional do Mar e Museu Victor Meireles. Rio de Janeiro:

Museu da República e Museu da Ciência. A quinta unidade, Museus

Virtuais e Interdisciplinaridade – Museus do Ministério da Cultura da

Espanha. A unidade buscou mediar o trabalho interdisciplinar, abordando

conteúdos disponibilizados virtualmente, no idioma Espanhol.

Cada museu ofereceu diferentes percursos e possibilidades

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pedagógicas. Ao final da Proposta Didático – Pedagógica, encontra-se o

Mapeamento de Museus de Arte no Mundo, uma lista de aproximadamente duzentas

instituições museológicas que apresentam registros na internet.

O Segundo diário do Grupo de Trabalho em Rede tratou da Proposta, as

professoras tiveram acesso ao material didático produzido, e a oportunidade de

colocar suas dúvidas, críticas e sugestões. Foram colocados alguns pontos

balizadores a serem considerados, como:

• a pertinência dos museus selecionados para as unidades propostas na

produção didático-pedagógica;

• disciplinas com as quais a disciplina de Arte poderia estabelecer

vínculos interdisciplinares;

• a periodicidade com que as professoras consideravam pertinente

inserir as atividades no planejamento anual, os anos/séries com quais

pretendiam introduzir o trabalho

• outras considerações que julgassem adequadas.

Apresenta-se a seguir os comentários que sintetizam este diário:

“A escolha do Museu Guido Viaro foi uma ótima opção, considerando que trata-se de uma artista e educador de grande influência no Paraná. Também achei interessante a atividade desta unidade porque explora a biografia e obra do artista. Concordo [...] sobre valorizar os artistas e museus do Paraná, mas também penso que não podemos deixar de explorar locais e épocas diversas, para que o educando tenha uma visão de conjunto sobre a produção artística da humanidade. Também há a questão do ENEM e vestibulares para os quais precisamos preparar os nossos alunos.” (Professora IFS,2011)

A proposta inicial trazia Guido Viaro, porém desde a primeira implementação da

Proposta houveram problemas técnicos com o site, em função disso, esta teve que

ser modificada. A segunda Unidade tratou do

“Museu Casa de Portinari e o Projeto Portinari”. [...] Neste museu o visitante pode acessar o conjunto do patrimônio relativo à vida e obra deste artista (produção artística, móveis, utensílios de uso pessoal e profissional, documentos). Este acervo possibilita o entendimento do contexto histórico e social envolvendo sua obra. A partir desta análise sobre a biografia e obra do artista, pode-se pesquisar sobre a influência destes trabalhos na poética de outros artistas e as influências da arte de Portinari no desenvolvimento da arte brasileira. Partindo destas correlações os estudantes fariam visitações a outros museus virtuais. (Professora IFS, 2011)

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Portinari foi uma influência importante, na Arte brasileira do século XX. A seguir

passou-se a tratar de anônimos, na terceira Unidade, que dividiu as opiniões das

professoras:

o “Museu da Pessoa”, é uma proposta relevante, pertinente, mas para a disciplina Arte acredito que fuja do propósito. Seria mais indicado para ser usado em Sociologia, por exemplo. Ou se fosse elaborada uma atividade onde a história da pessoa fosse referente à produção artística pessoal dela, sua experiência pessoal relativa à produção artística. (Professora IFS, 2011)

A preocupação, aparentemente é a manutenção da arte como eixo principal, mesmo

que seja o museu o foco. A professora AK, observou a questão por outro ângulo:

confesso que não tinha conhecimento sobre o Museu da Pessoa, então acessei o site e vi que é um espaço destinado à valorização do indivíduo e de suas experiências. Aqui é interessante lembrar Almandrade, via Octaviano Moniz, no artigo O Museu e sua Função Cultural: "O que é visitar um museu? O que se busca nele? Um museu é um centro de informação e reflexão, onde o homem se reencontra com as possíveis invenções da estética, a história e a memória. [...]. Os museus, em particular os de Arte, ultrapassaram a simples função de guardar e preservar bens culturais e assumiram várias tarefas e outras funções como o ensino livre da arte, foi equipado com bibliotecas, auditórios para debates, conferências, cinemateca. [...]". E, atualmente, sites que oferecem visitas virtuais, interação virtual,... No mesmo artigo, ainda há um pensamento de Hélio Oiticica: "Museu é o mundo; é a experiência cotidiana.” A meu ver, esta ideia está intrínseca no Museu da Pessoa. (Professora AK, 2011)

A pessoa, o próprio indivíduo e sua experiência de vida poderiam ser tomadas como

obras. Sobre o a possibilidade de estudar diferentes tipologias de museus, GBS

comentou:

a Unidade 4 Museus da Era virtual , ou seja o Catálogo de museus virtuais, dos quais foi possível aprender com as tipologias museológicas apresentadas no mesmo. Passeando pelo Barroco Mineiro, com sua demonstração de fé, e paisagens que nos remonta ao um Brasil tão distante e ao mesmo tempo tão presente. Conhecer a casa de Cora Coralina me deu a sensação de navegar em suas páginas, mergulhar em suas linhas... Dos Museus do Rio No museu da República passear por cômodos tão majestosos, apreciar da estrutura da obra, a beleza de cada peça que nos remonta a

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um passado histórico, conhecido apenas nas aulas de história. Surpreender-me com a exposição Energia Nuclear da casa da ciência. (Professora GBS, 2011)

A dificuldade então representada por introduzir uma unidade com museus em idioma

espanhol, permeou o final da proposta e, como foi observado pelas professoras,

representou um grau maior de dificuldade, o que de acordo com DCM, é

administrável:

destaco a unidade 5 - Museus Virtuais e Interdisciplinaridade – Museus do Ministério da Cultura da Espanha. Este site nos apresenta a oportunidade de conhecer muitos museus que agregam atualmente boa parte do acervo da história universal da arte - Museu de Altamira, Museu del Prado, Reina Sofia e tantos outros. Quando acessei o site me perdi em tantas possibilidades oferecidas. Por este motivo, achei bem oportuno o encaminhamento dado pela atividade desta Unidade, principalmente quando trata da questão referente a "ação educativa", tendo em vista o direcionamento para o Curso de Formação de Docentes. É importante oportunizar este contato com a arte em diferentes espaços e refletir sobre como o acesso a educação em arte está sendo realizada. E, quanto ao idioma..."no pasa nada" ou "dá igual" como dizem os espanhóis! (Professora DCM, 2011)

De acordo com a professora DCM, o “material didático faz um caminho bem

agradável de percorrer; o aprofundamento pelo assunto ocorre gradualmente”. A

síntese em relação às unidades propostas foi dada por CL:

o conjunto das unidades torna a proposta muito interessante! Ver mesmo que virtualmente museus, organizados de modo a partir do próximo e nosso (paranaense) como o Guido Viaro, partindo para a projeção nacional do Portinari, passando pela produção pessoal, pelos catálogos de museus virtuais e reais e suas possibilidades. Como faz sentido pensar no ensino assim em uma sequência que para mim parece tão lógica. (Professora CL, 2011)

A imersão paulatina nos conteúdos foi planejada, do próximo ao distante,

privilegiando inicialmente o universo imediato, o artista paranaense Guido Viaro. No

que concerne a interdisciplinaridade e possíveis parcerias entre disciplinas, as

opiniões de algumas das docentes:

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trabalhar com filosofia e sociologia, pois consigo junto com a professores dessas disciplinas fazer sempre bons projetos adaptando nossos conteúdos. A forma de organização das atividades dará um sentido à aula para a visitação virtual. O caderno esta completo em todas as unidades. A importância do museu virtual na prática docente no ensino da arte depende também do conhecimento e de quanto do assunto o professor domina, pois não podemos ensinar o que não dominamos. Nosso estado é realmente rico em museus, assim considero a unidade I (Guido Viaro) muito interessante e representativa virtualmente para um aprendizado/ensino (Professora MFBA, 2011)

A professora MFBA preocupa-se tanto com as áreas de afinidade quanto com a

fluência do docente sobre o assunto a ser ensinado. A opinião da professora IFS

complementa:

a interdisciplinaridade poderia ser feita com a disciplina Português, porque existe estreita relação entre literatura e artes visuais, ainda as disciplinas de História, Sociologia e Filosofia, porque a produção artística sempre está inserida numa situação histórica-sociológica-filosófica. A arte reflete o seu meio, sendo influenciada por ele, mas em contrapartida, também estabelece novos caminhos nos contextos onde está inserida. (Professora IFS, 2011)

O grupo sugeriu, para o trabalho interdisciplinar, professores que julgavam conhecer

linguagens consideradas pré-requisitos para o trânsito em museus virtuais: História,

Filosofia, Sociologia, Literatura, Língua Portuguesa e Línguas Estrangeiras

Modernas. Ainda, em se tratando dos grupos de educandos, por ano/ série e

periodicidade que as professoras elegeram para trabalhar a proposta, seguem

algumas opiniões:

aplicaria a Proposta para a 2ª e 3ª séries do Ensino Médio, pois considero que para montar um acervo pessoal, com maior propriedade, o aluno precisa ter certo conhecimento sobre História Geral, para que possa fazer alguns paralelos; dispor de certa experiência visual e estética, portanto, é necessário maior tempo de vida [...] esta é uma visão particular. O ideal seria trabalhar o Museu Guido Viaro e o Museu Casa de Portinari, portanto a 1ª e a 2ª unidade, cada qual, em um bimestre, porém devido aos outros conteúdos, penso que aplicaria essas duas primeiras unidades em um mês cada. A 3ª unidade - Museu da Pessoa, pelo próprio formato e proposta, trabalhando sem destacar um artista especificamente, como nas unidades anteriores, demandaria menos tempo, sendo um mês o suficiente. Já a 4ª unidade – Museus da Era Virtual, penso que eu a aplicaria durante um bimestre inteiro, pois são vários museus que merecem um olhar mais atento, inclusive porque pertencem a

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temas e a regiões diferentes. Por fim, a 5ª unidade – Museus Virtuais e Interdisciplinaridade, apesar do grande número de sites, procuraria abordar em um mês. (Professora AK, 2011)

Na opinião da professora AK, os alunos do Ensino Médio tem conhecimentos que

são pré-requisitos para o trânsito em museus virtuais. Quanto a carga horária

reduzida e a maturidade dos educandos também são preocupações da professora

DRR:

penso em aplicar a Produção Didático-Pedagógica com o 9º ano, pois os alunos vão para o ensino médio, estando portanto mais maduros podendo assim assimilar melhor o conteúdo, uma vez que a gama de conhecimento que passam a necessitar daí em diante, é mais ampla. A periodicidade será de forma bimestral, uma vez que a disciplina de arte tem poucas aulas na semana, sendo assim acredito que durante o bimestre seria possível trabalhar de forma adequada e interessante. (Professora DRR, 2011)

Os educandos com os quais as professoras identificam a proposta, mesmo ao

extrapolar a Formação de Docentes é aquele com maior faixa etária e formação

escolar. A professora RCGS aplicaria a Produção Didático-Pedagógica com alunos

do Ensino Médio e do Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Em sua opinião, a

periodicidade ideal é de uma unidade por mês. Para possíveis atividades

interdisciplinares, vê como parceiros “a professora de matemática e o professor de

português porque dependendo do assunto trabalham em conjunto” (Professora

RCGS, 2011). Concatenar a aplicação da Produção Didático-Pedagógica ao

planejamento anual de cada grupo seria a opção da professora GBS, que declarou:

aplicaria a Proposta o ano todo, aliando-a sempre que possível, aos conteúdos que devem ser tratados em cada ano, mas com certeza pelo menos uma vez ao mês faria um passo da Proposta, partindo da ordem em que ela se encontra, conhecer as origens (Paraná), Brasil, mundo e deixaria para finalizar o ano, até como um trabalho final a criação do Museu no Pendrive. (Professora GBS, 2011)

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A professora GBS pensou efetivamente em criar o Museu no Pendrive, como opção

de tarefa de final de ano, uma forma de trabalho de conclusão de curso.

Algumas das professoras a partilharam suas dificuldades e sugestões :

sinto-me insegura porque não domino a tecnologia e na escola onde trabalho oferece o curso de Técnico em Informática e escuto muitas reclamações dos professores do curso em relação aos professores dos demais cursos e turmas que usam o laboratório […] obrigada por ter aberto mais este caminho por onde continuarei a andar. (Professora JMB, 2011)

É necessário considerar que, eventualmente a Proposta Didático – Pedagógica será

útil como apoio para pesquisa do professor. Para tirar o melhor proveito daqueles

acervos, a sugestão da professora IFS:

pode-se utilizar os acervos destes museus online para montar slides ou transformar as imagens em jpg para apresentá-las na TV pendrive. Como se sabe, as salas de informática dos colégios ainda apresentam alguns problemas durante a navegação na internet, principalmente explorando arquivos pesados como no caso de alguns dos museus virtuais. O uso de museus virtuais apresenta também como vantagem, a disponibilidade de informações confiáveis e sistematizadas concernentes às obras de arte e artistas. (Professora IFS, 2011)

A TV pendrive, ou a TV multimídia é um mediador, entre o acervo do museu e o

acesso do aluno, quando não for possível a pesquisa online.

Concluindo esta fase do diário, e corroborando a ideia de que o museu e a

escola como espaços de educação a beneficiarem-se mutuamente, AK é da opinião

de que:

o museu não tem como substituir a escola e, nem tem esta pretensão, mas é um extraordinário complemento. Ao meu ver, as escolas ainda usufruem muito pouco dos espaços museais , seja por falta de transporte para deslocar as turmas ou desinteresse da direção e de professores. Mas, pensando nesta produção didático-pedagógica, imagino o aluno visitando pessoalmente um museu e, depois, acessando-o virtualmente e, mais ainda, tendo parte do acervo visto no próprio pendrive. Claro, neste caso, temos que nos restringir aos museus circunstanciais, os mais próximos; assim, o aluno [...] será possuidor de um documento visual e virtual. É uma experiência que traz o museu para

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a escola e leva a escola para o museu, ainda que virtualmente - consequência de uma era tecnológica. (Professora AK, 2011)

As questões propostas contempladas no diário quanto a pertinência dos

museus abordados; possibilidades interdisciplinares; encadeamento das unidades e

sua complexidade; a periodicidade de aplicação do material, por ano e série de

ensino foram satisfatoriamente respondidas. Houve ainda quem extrapolasse e

pensasse a relação museu escola, ou pensasse sugestões para além do material,

quando a tecnologia disponível na escola fosse insuficiente.

2.1.3 Diário de Campo: Aplicação da Proposta Didático- Pedagógica

O Terceiro diário é o da implementação da Proposta Didático - Pedagógica

junto às alunas do curso de Formação de Docentes para a Educação Infantil e os

Anos Inicias de Educação Básica. A proposta inicial trazia na Unidade 1 o Museu

Guido Viaro, como foi relatado, desde que esta foi desenvolvida e implementada, o

site foi retirado da internet e material didático modificado.

A seguir o diário do trabalho com cada unidade.

UNIDADE 1 - Museu Guido Viaro: um artista paranaenseData: 26 de agosto de 20111º ano Formação de DocentesNúmero de alunos: 18

A fim de que os estudantes melhor conhecessem o antigo site do Museu

Guido Viaro, foi proposto um tour virtual, em grupos de até três pessoas. Entretanto

observou-se que a navegação foi individual, dirigida peles questões propostas.

Observou-se que não houve dificuldade, porém, também se notou uma grande

preocupação em copiar o conteúdo do site, para responder às questões, tornando

sua resposta o ponto mais importante, ao invés de explorar o site. Apenas uma

aluna abriu a revista “Joaquim”, que circulou no Paraná entre 1946 a 1948. Revista

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de cunho artístico e cultural, fundada por Dalton Trevisan, Erasmo Piloto e Antônio

Walger, que teve repercussão regional e nacional. Parte de alguns números da

revista estava disponível no site do museu.

A seguir, a síntese das atividades propostas e executadas, justifica-se esta

transcrição, porque a primeira unidade da Produção Didático - Pedagógica será

substituída:

Sobre o Artista:

1) Quem foi Guido Viaro?

Foi um artista nascido na Itália, radicado no Paraná, tendo passado algum tempo

em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde atuou como pintor de afrescos. Em Curitiba

desenvolveu sólida carreira, tanto como artista como professor. Como docente sua

postura foi marcada pelo pioneirismo e pelo inconformismo com os métodos

tradicionais de ensino da arte. Foi um experimentador. Foi também um dos

fundadores da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, assim como do Centro

Juvenil de Artes Plásticas.

2) Quais as técnicas usadas pelo artista?

Na barra de menu do site, no item galeria, apareciam listadas técnicas, e obras

criadas pelo artista usando cada técnica. Entretanto houve certa dificuldade para se

chegar à conclusão de que, na galeria estariam, necessariamente, visíveis, os

resultados do emprego das técnicas, talvez por falta de familiaridade com o site, ou

com a terminologia. Uma aluna comentou, sobre o emprego da técnica: “pinturas,

esculturas, gravuras; desenhista, educador, ele desenhava expressando amor e

respeito pelas pessoas costumava desenhar famílias e ele próprio”. A maior parte

dos alunos limitou-se a enumerar as técnicas: escultura, pintura, desenho e gravura.

3) Em A Crítica, de Dulce Osinski (2006) pode-se ler:

Um professor que acredita que arte não se ensina, e que passou grande parte de sua vida ensinando. Um apologista que nunca deixou seu posto de professor dentro de uma escola formal de arte. Um moderno que dialogava com a tradição. Partícipe de um projeto renovador para a arte e para a educação, Guido Viaro o revela em suas múltiplas facetas: como artista, como educador, como organizador da cultura.

Quais as indicações, no site, de que Guido Viaro atuou como professor?

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Diversas foram as indicações de que Viaro atuou como professor. A própria

citação de Dulce Osinski, segundo uma das alunas, aponta veementemente para o

fato, citando também a crítica de Quintino Campofiorito, como avalista da

participação de Guido Viaro no magistério. Outro argumento apresentado pelos

estudantes é que o site apresenta imagens do artista com crianças, provavelmente

alunos do Colégio Belmiro Cezar onde foi Professor no final da década de 1930.

Em relação a navegação virtual, a princípio foi desafiadora, houve dificuldade para

localizar e trabalhar com as abas que abriam os diversos conteúdos do museu, a

medida em que os alunos adquiriram familiaridade com os espaços do site,

dissiparam-se as dificuldades.

A metodologia da pesquisa ação foi aplicada da mesma forma com as demais

unidades.

UNIDADE 2 - Museu Casa de Portinari e Projeto PortinariData: 02 de setembro de 20111º ano Formação de DocentesNúmero de alunos: 17

A Unidade 2 trás aos estudantes informações de que o Museu Casa Portinari,

localizado na cidade de Brodowski, no Estado de São Paulo foi inaugurado em 14 de

março de 1970, no local onde residiu em sua infância e juventude, o pintor Candido

Portinari. Trata-se de um museu de pequeno porte, constituído de uma casa

principal, dois anexos e uma capela, que abriga importantes obras de Portinari

produzidas em pintura mural, nas técnicas de afresco e têmpera, bem como

estudos, objetos de uso pessoal e profissional, móveis, utensílios e documentos do

artista e de sua família. Que a preservação do conjunto é imprescindível, uma vez

que o pintor e seu legado constituem não só um patrimônio artístico cultural, mas

também histórico social e político do Brasil e de todos os brasileiros. As atividades

propostas solicitam que os estudantes pesquisem no museu virtual, de modo a

conhecer a biografia e a obra do pintor. Façam o tour virtual proposto pelo site e

analisem a estrutura do site. Para tanto o tempo disponível era o de duas horas aula

(cinquenta minutos cada). A seguir algumas impressões: “o site é bem organizado,

de fácil de orientação, podemos passear pelo museu por meio do site” (Aluna PJ,

2011). Outro registro inicia com uma interpretação estrutura do site, dizendo:

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o site do museu tem uma boa estrutura, é fácil de mexer e é bem detalhado. Logo na chegada as paredes são brancas e as janelas azuis, com faixas na frente com o nome Museu Casa de Portinari. A entrada do museu é bem simples, com árvores no jardim. A sala principal é ampla e tem muita claridade da luz do dia. Têm suas pinturas (o chão é de assoalho), seu atelier tem cavaletes, com pincéis e tintas, todos guardados dentro de um balcão de vidro. Na entrada do atelier há uma pintura de José e Maria montados em um burro, com o menino Jesus no colo. (Aluna JCR, 2011)

Trata-se uma descrição pormenorizada de um museu virtual, entretanto duas

estudantes acharam o tempo insuficiente, para o trabalho: “o site é bem informativo,

é pena que o tempo fosse insuficiente para explorá-lo e adquirirmos mais

informações”. (Aluna ANCS, 2011). As opiniões sobre o Museu Casa Portinari foram

de que o site era de fácil acesso e de conteúdo relevante. A conclusão do trabalho

foi acessar o site do Projeto Portinari, que oferece jogos infantis baseados na obra

de Portinari e elaborar um jogo, embasado na Metodologia Triangular, a ser utilizado

com crianças da educação infantil ou dos anos inicias da educação básica. Divididos

em duplas ou trios, optaram por “jogos da memória”; “quebra- cabeça” e “encontre

os pares”. Um relato chamou atenção do grupo

fizemos um quebra cabeça com uma obra do Portinari e não conseguíamos montar em casa porque cortamos as peças pequenas, não imprimimos outra cópia da obra para termos como referência, mas a minha irmã de cinco anos montou! Foi assim que descobrimos que dá certo mesmo! Funciona professora! Agora que precisamos que mostrar para a turma nós imprimimos outra cópia... (Aluna DLS, 2011)

Esta unidade explorou duas vertentes, a de estudantes que buscam referências e a

de docentes em formação, que buscam subsídios didáticos no material disponível

nos museus virtuais.

UNIDADE 3 - Museu da PessoaData: 09 de setembro de 20111º ano Formação de DocentesNúmero de alunos: 19

A Unidade 3 colocou os estudantes em contato com um museu essencialmente

virtual, o Museu da Pessoa. De acordo com informações disponíveis no site do

museu, sua missão é tornar a história das pessoas valorizadas pela sociedade,

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buscando o protagonismo social. Saber a tipologia do museu, sua missão são

fatores que integram o trabalho. Trabalhar com um museu virtual ainda que seu

acervo não seja de arte foi objetivado pela pesquisa. O trânsito dos estudantes pelo

site foi fluente, sem relatos de dificuldades. As atividades propostas foram ler três

histórias de vida relatadas no site; relatar a própria história de vida e, como

conclusão contá-la, tendo como opção o site do Museu, ou uma apresentação para

o grupo, tendo as mídias como formato final (vídeo, power point ). O grupo preferiu

mostrar suas imagens que submeter a história ao site, duas alunas optaram pelo

formato álbum de fotografias com história.

UNIDADE 4 - Museus da Era Virtual – catálogo de museus virtuais Data: 16 e 23 de setembro de 20114º ano Formação de DocentesNúmero de alunos: 12

A Unidade 4, trás a caracterização museológica, de acordo com Guia de

Museus Brasileiros, publicação do Instituto Brasileiro de Museus, das tipologias

museológicas pela composição de seus acervos: Antropologia e Etnografia;

Arqueologia; Artes Visuais; Ciências Naturais e História Natural; Ciência e

Tecnologia; História; Imagem e Som; Virtual; Biblioteconômico; Documental;

Arquivístico. Familiarizadas com os diferentes tipos de acervo, ou as diferentes

tipologias museológicas, os estudantes deveriam explorar o catálogo de museus da

Era Virtual. Trata-se de um projeto de visitação virtual a diversas instituições

culturais que vem sendo desenvolvido e viabilizado por leis de incentivos fiscais. Por

meio de visitações virtuais imersivas aos acervos de exposições permanentes e/ou

temporárias de museus brasileiros. A atividade aqui prevista foi visitar os museus

divididos em grupos de até três pessoas, optar por um dos museus do catálogo,

para explorá-lo e mostrá-lo ao grupo, respondendo às questões:

• Qual foi o Museu escolhido pelo grupo, onde está localizado (cidade/

estado)?

• De que tipo é o museu escolhido, ou, em termos museológicos: qual é

a sua tipologia?

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• Como é composto o acervo : Antropologia e Etnografia; Arqueologia;

Artes Visuais; outra, qual?

• Mostrar aos colegas os espaços do Museu, fazendo o tour virtual,

observe que a maioria deles trás a narrativa sobre o museu, é

necessário apenas seguir as setas, abrir-lhes as portas e janelas.

• Planejar uma forma de como se pode tirar proveito didático do museu

escolhido, considerando crianças do 1º ao 5º ano das Séries Iniciais do

Ensino Fundamental. Proponha uma atividade a ser realizada pelos

estudantes de uma daqueles anos.

A dificuldade que se apresentou foi: os computadores não suportaram abrir os

museus do catálogo simultaneamente, não foi possível visitar os museus tendo

como suporte o laboratório de informática da escola, por tratar-se de equipamento

antiquado, não compatível com a navegação requerida pelos site dos museus do

catálogo. Solicitadas a fazer a visita em casa, porém houve confusão na

interpretação da atividade, que foi refeita coletivamente com a utilização de outro

equipamento de acesso mais rápido a internet e uso de multimídia.

UNIDADE 5 - Museus Virtuais e Interdisciplinaridade – Museus do Ministério da Cultura da EspanhaData: 30 de setembro a 07 outubro de 20114º ano Formação de DocentesNúmero de alunos: 12

Os Museus administrados pelo Ministério da Cultura da Espanha permitem

acesso ao conteúdo de bens culturais de alguns dos museus mais importantes

daquele país. Objetos e registros acervados em museus da Espanha fazem parte do

patrimônio histórico e cultural da humanidade, desde as pinturas rupestres das

Cavernas de Altamira a de mestres da Arte dos últimos séculos; neles ainda

encontram-se acervados artefatos das culturas ameríndias, produtos da chegada e

permanência dos europeus nas Américas. Na unidade 5, o professor é orientado a

convidar colegas que ensinam Espanhol, e outras Línguas Estrangeiras Modernas

(L.E.M) a estabelecer uma relação interdisciplinar de modo a, por meio do tour

virtual dirigido pela atividade proposta, compreenderem os sites dos museus e o que

tem a oferecer. Em duplas, os estudantes foram orientados a navegar pelos Museus

do Ministério da Cultura da Espanha. Observar as características de cada museu e

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preencher uma tabela, de acordo com o que cada instituição oferecia em termos de:

possibilidades de identificação da tipologia; visita virtual; acesso ao acervo; catálogo

virtual; acessibilidade virtual (arquivos sonoros descrevendo acervo). A conclusão

da atividade consistia em cada dupla fazer um estudo detalhado de um museu

virtual e relatar ao grupo. Por tratar-se de estudantes do quarto ano sem disciplina

Línguas Estrangeiras Modernas na grade curricular naquele ano, não foi possível

estabelecer parceria com outro professor. Entretanto, os estudantes tinham

embasamento em Espanhol o transito pelos museus foi menos dificultado pela

questão de idioma do que por motivos técnicos. O equipamento do laboratório de

informática dificultou a navegação. Cada máquina é composta de um computador

com quatro monitores acoplados, cada aluno que ligava a tela de um monitor

desacelerava a navegação do colega, a depender do arquivo, o computador deixava

de funcionar. Não haviam fones de ouvido ou caixas de som para que os estudantes

ouvissem os registros que os museus oferecem como recurso de acessibilidade,

para deficientes visuais. Outra dificuldade apresentada em relação ao equipamento

surgiu quanto o laboratório era utilizado por outros grupos nas aulas anteriores,

ocorrendo o que parecia ser a exaustão das máquinas. Em função das dificuldades

técnicas a atividade estendeu-se por mais tempo que o pretendido. A conclusão

consistiu na apresentação, para o grupo, da monitoria virtual de um museu

selecionado por cada dupla.

3 Mapeamento de Museus de Arte no Mundo

A principal meta da Proposta Didático Pedagógica foi tirar partido das

possibilidades educativas dos museus virtuais. Tendo ainda em vista o que

sustentam Ribeiro e Silva (2009, p.27) que “um Museu Virtual é um conceito

emergente e passível de ser confundido com outras denominações, tais como:

museu eletrônico, museu digital, museu on-line, museu hipermídia, meta-museu,

museu cibernético, cibermuseu e museu no ciberespaço”. Ao propor cinco unidades,

dezenas de outras deixaram de serem propostas. Mapear outros museus virtuais

visou apontar para uma maior gama de possibilidades onde cinco são apenas cinco

duzentos avos do que os professores interessados no tema podem vir a trabalhar,

partindo da Proposta.

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4 CONCLUSÃO

Museus são espaços de educação informal. Museus virtuais são interfaces

pedagogicamente acessíveis à prática pedagógica escolar. O material

disponibilizado online pelos museus permite a contextualização e apreciação de

obras de Arte, que de outra forma seriam inacessíveis ao educando; possibilitando

abordagens metodológicas inovadoras, com o apoio das mídias e tecnologias.

Estudantes nativos de um mundo digital, multimídia, requerem nova estruturação do

conhecimento.

A proposta em trabalhar com museus virtuais foi apresentada à professores

da rede pública, debatida, corrigida e aprovada. Deu-se a pesquisa onde a referida

Proposta foi colocada a prova com estudantes do curso de Formação de Docentes

para a Educação Infantil e os Anos Inicias de Educação Básica. Na implementação,

observaram-se dificuldades, particularmente de ordem material e tecnológica.

É necessário considerar que só haverá real avanço social quanto mais

pessoas tiverem acesso à escolarização e a serviços. Novas abordagens

metodológicas via de regra não exigem equipamentos novos, porém, eventualmente

há esta demanda, principalmente em se tratando de tecnologia.

Cabe a escola mediar o acesso do educando a fontes disponíveis de

conhecimento e interação com bens do patrimônio cultural e artístico da própria

cultura e da humanidade, que lhe permitam ler o mundo criativamente e transformar

a realidade em que se insere.

5 REFERÊNCIAS

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