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O NATAL Com os mosaicos de M. I. Rupnik e do atelier do Centro Aletti Organizado por Natasha Govekar

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O NATAL

Com os mosaicos de M. I. Rupnik e do atelier do Centro Aletti

Organizado por Natasha Govekar

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Título original:

Il Natale – con i mosaici di M. I. Rupnik e dell’Atelier del Centro Alettia cura di Natasha Govekar

© Lipa srl, 2009via Paolina, 25 – 00184 Roma

http://www.lipaonline.orgISBN 88-89667-22-2

Tradução:

António Valério, s.j.

Na capa:Natividade

Capela Ferial da Sacred Heart University, Fairfield (Connecticut – USA)

Capa (arranjo gráfico):Virgílio Cunha

Paginação:Editorial A. O.

Impressão e Acabamentos:Sersilito, Lda

Depósito Legal nº???????????????

ISBN978-972-39-0751-3

Novembro de 2011

Com todas as licenças necessárias

©SECRETARIADO NACIONALDO APOSTOLADO DA ORAÇÃORua S. Barnabé, 32 – 4710-309 BRAGATel.: 253 689 440 * Fax: 253 689 441www.apostoladodaoracao.pt/[email protected]

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É já um dado adquirido e lamentado por muitas pessoas que o Natal tem perdido, nos tempos actuais, a sua referência cristã. Mais do que uma tradição religiosa, acaba por ser um momento privilegiado de en-contro familiar, um ambiente social onde, curiosamente, coexistem um consumismo notável e uma solidariedade social apregoa-da em todos os meios de comunicação.

É importante notar nesta coexistência que, apesar de tudo, a nossa cultura não deixa de associar o Natal a um momento particular de cultivar e promover bons valores, quer a família, quer o serviço aos mais desfavore-cidos, mesmo que tal atitude não implique uma motivação religiosa.

Não se poderá encontrar reflectido neste contexto um dos aspectos mais significati-vos da festa do Natal? De facto, o Natal é a celebração do extraordinário acontecimen-to da Encarnação, em que a divindade assu-me a nossa natureza humana. No Menino Jesus transparece a humildade e a pobreza de Deus que, querendo aproximar-Se cada vez mais de nós, Se faz homem e nasce de uma mulher, a Virgem Maria. O Eterno no nosso Tempo, o Verbo na nossa Carne, a divina humanidade.

Pertence ao Cristianismo, precisamente por causa da Encarnação, esta extraordiná-ria força de síntese e de comunhão daquilo que, aparentemente, nunca poderia estar

PREFÁCIO À EDIÇÃO PORTUGUESA

unido. Não poderíamos ver, nos contrastes que hoje o Natal apresenta, uma união en-tre os modos «mundanos» de celebração e a vitalidade cristã que motiva acções verda-deiramente humanas e, logo, divinas, por-que movidas pelo amor?

Se cada cristão pudesse «encarnar» este mistério na sua vida, então a festa, por mui-to superficial que pareça, teria um sentido muito diferente.

E é precisamente para ajudar a esta trans-formação interior e dinâmica da celebra-ção natalícia que a Editorial Apostolado da Oração apresenta a versão portuguesa deste livro publicado pelo Centro Alet-ti. Este Centro é uma obra pertencente à Companhia de Jesus em Roma e tem como principal missão estabelecer pontes entre o Ocidente e o Oriente cristãos e o modo como este diálogo pode enriquecer a espi-ritualidade e a teologia, tornando-a capaz de exprimir o mistério de Cristo na cultura actual. Fá-lo através da reflexão teológica mas, sobretudo, através da arte, em parti-cular o mosaico.

Este livro apresenta um itinerário vi sual e espiritual a partir dos mosaicos do P. Mar-ko Rupnik, jesuíta esloveno, director do Centro Aletti e artista já consagrado no campo da arte e arquitectura cristãs. A este Centro têm sido pedidas muitas obras de grande relevo, das quais se destacam a Ca-

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pela Redemptoris Mater, capela privada do Papa no Palácio Apostólico, os mosaicos no exterior do Santuário de Lourdes e, no nosso país, o grande painel de mosaico na Igreja da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima.

O trabalho do P. Rupnik e do Centro Aletti, exposto neste livro, é o ponto de partida para uma inteligência nova e diferente do mistério da Encarnação de Cristo. É na matéria da pedra, da luz e da cor onde se reflecte o mistério da preferência de Deus pela nossa história, o seu desejo de que o mundo seja espelho da eternidade. É, por isso mesmo, um livro de sínteses e encon-tros, de imagem e palavra, de carne e mis-tério, de morte e vida. Esta obra propõe, assim, um itinerário visual e poético que leva a que o olhar seja «progressivamente curado das visões parciais e cresça em di-recção a um olhar que vê conjuntamente o presépio e a cruz, o Gólgota e o jardim da

ressurreição, o divino e o humano, o amor e a dor, a encarnação e a redenção» (p. 33).

Desejamos que este livro seja oportuni-dade de aprofundar o mistério do Natal e leve a um maior conhecimento da pessoa de Cristo e do seu amor pela nossa huma-nidade, transfigurando-a na capacidade de conferir à matéria a luz que brilhou na noi-te de Natal e que transformou definitiva-mente a criação.

António Valério, S.J.

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INTRODUÇÃO

Para cada um de nós, o imaginário do Natal está ligado aos cânticos, às tradições fami-liares, às imagens e às sensações que, desde crianças, enriqueceram a celebração desta festa. O estábulo, a neve, os pastores, os reis Magos, tudo contribuiu para criar um ambiente de fábula. Mas o Natal não é uma fábula. É um facto histórico. Conhecemo- -lo a partir da narração dos evangelistas Lu-cas e Mateus, que não falam dele no estilo de uma crónica histórica, mas procuram narrar o sentido espiritual das coisas acon-tecidas na infância de Jesus. O seu objectivo não é narrar a biografia terrena de Cristo, mas apresentar a sua origem divina e a sua missão. Assim, encontramos logo desde o início todas as coordenadas essenciais para conhecer Jesus Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na sua missão de Redentor universal: o tema do Emma-nuel – «Deus connosco» –, da teofania, da rejeição por parte dos seus e da abertura aos pagãos, do sangue inocente, da glória… Todo o mistério da salvação é visitado logo desde o início, de tal modo que os capítulos da infância de Jesus são também chamados o «Evangelho em miniatura».Muitos elementos da história do Natal, conhe cidos pelos primeiros cristãos, não se encontram, todavia, no Evangelho de Ma-teus ou no de Lucas, mas são mantidos pela tradição que encontra a sua expressão na arte e na literatura cristãs. Nestas páginas, combinando imagens e breves comentá-rios, procuraremos recuperar algumas pé-

rolas escondidas desta riquíssima tradição artística e patrística, que o Atelier de Arte espiritual do Centro Aletti procura revisitar de um modo novo.

Anexamos a este percurso de comentários e imagens uma reflexão sobre a encarnação como dogma essencial da nossa fé, que se reflecte também na festa do Natal e no íco-ne da Natividade.

Esperamos que este livro possa ser uma ajuda para entrelaçar tudo aquilo que nos é revelado acerca da encarnação do Filho de Deus, para revisitar as passagens bíblicas com as quais estas imagens e poesias con-vivem e, quem sabe, possa também servir como estímulo para a meditação e oração, pessoal ou comunitária, na preparação e na celebração da festa do Natal.

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A ESPERA DO ENCONTRO

Isabel, parente da Mãe de Deus, era estéril e já de idade avançada. Num contexto no qual ser mãe significava participar activa-mente na espera do Messias, a infecundi-dade declarava o completo falimento das capacidades humanas no que diz respeito à vida. Assim, em Isabel torna-se explíci-ta a trágica verdade da humanidade que abandonou Deus e se afastou da fonte da vida. Com ela, chega a seu termo o longo tempo vetero-testamentário que precedia e preparava a encarnação do Senhor, o único Dador da Vida. A esterilidade de Isabel tor-nará evidente o sinal da virgindade fecunda de Maria. De facto, com a Virgem Maria, a humanidade apresenta-se finalmente dis-posta a não reivindicar, a retirar-se, a não reservar para si o primeiro lugar, mas a dá--lo conscientemente a Deus, para que Ele possa agir. A efusão do amor de Deus as-sume e fecunda a energia de acolhimento da Virgem. O Senhor da Vida pode agora

fazer frutificar o ventre virgem, que assim se torna um ventre materno. Virgem e Mãe: uma novidade absoluta e única que expri-me todo o mistério da relação entre Deus e o género humano. E, para confirmar o prodígio, o mesmo Senhor da Vida reabre o ventre já fechado da anciã. Será Isabel, graças à exultação do próprio filho no ven-tre e na força do Espírito Santo (cf. Lc 1, 41), a re conhecer em primeiro lugar a vinda de Cristo e a acolher o Salvador como hós-pede em sua casa. Será exactamente a sau-dação de Isabel – «Bendito o fruto do teu ventre!» – a suscitar no coração de Maria o mais belo cântico de louvor que a huma-nidade pode dirigir a Deus. E será exacta-mente o seu filho, o Precursor, que, gritan-do a verdade sobre o pecado (cf. Mt 3, 1-6), nos ajudará a confessar a necessidade da salvação e a prepararmo-nos assim – hoje como então – para reconhecer Cristo como nosso Salvador e nosso Senhor.

Graças a Isabel, Maria / foi reconhecida inocen-te no julgamento. / A esterilidade demonstrou / que a vontade [divina], que tinha podido / fechar a porta aberta, / tinha aberto aquela fechada. / Tinha privado [de filhos] o ventre desposado, / e tinha feito frutificar o ventre virginal. / Já que o povo era infiel / tinha tornado encerrada / a casa-da diante da pura.

Aquele que pode tornar húmidos / os seios estéreis e mortos / – tinha-os secado quando eram jovens / e fê-los jorrar quando se tornaram velhos – / forçou e mudou a natureza, / no seu tempo e contra o seu tempo. / O Senhor das naturezas mudou / a natureza da virgem. / Já que o povo era estéril / converteu a anciã / numa boca em favor da jo-vem (Éfrem o Sírio, Hinos sobre a Natividade, XXI, 17-18).

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ÍNDICE

p. 3 Prefácio à edição portuguesa

p. 5 Introdução

p. 6 A espera do encontro

p. 8 Uma montanha na gruta

p. 10 A luz que as trevas não podem conter

p. 12 A manjedoura da salvação

p. 14 Encontrareis um menino

p. 16 A Virgem-Mãe

p. 18 O rebento do tronco de Jessé

p. 20 O esconderijo revelado

p. 22 Ypapanti

p. 24 A Epifania do Rei e Sacerdote

p. 26 A descida ao Egipto

p. 28 Da Palavra semeada ao Feixe recolhido

p. 33 Sobre o Natal

p. 47 Legendas