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ANO 40 – Nº 473 | www.comunidadeemanuel.org.brA Revista da Renovação Carismática Católica
O Natal é para você
É bom lembrarmos o que o Natal significa. O Natal é a celebração, a comemoração do nascimento
daquele que é o Filho de Deus por natureza em nossa natureza humana
2017 • edição 473 • Jesus Vive e é o Senhor 1
DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB
Oração Inicial
Com minha bênção sacerdotal
Dom Cipriano Chagas, OSB
Para viver o amor
Senhor nosso Deus! Tantas coisas já deveríamos saber e praticar, mas, levados pelas atividades de cada dia, ignoramos, negligenciamos! Vossa Palavra tanto nos fala de viver no amor, de amar-nos uns aos outros, que já deveríamos saber que, no ocaso de nossa vida, quando terminar a nossa vida, seremos julgados pelo amor.
Jesus nos disse: Tive sede e não me destes de beber; estava nu, e não me destes de vestir; necessitava e não me socorrestes!
Nós vos pedimos agora, Senhor, um toque especial de vossa presença em nós! Que cureis o nosso amor, que nos ensineis a amar. Que cureis toda resistência que temos a amar. E toda recusa de receber o amor, de acolher o amor, o vosso amor que nos trans-forma.
Jesus disse que se não recebemos a seiva da videira, nós secamos; por isso, precisa-mos permanecer unidos na videira. Permanecer no amor de Jesus! Essa seiva é o amor que nos vivifica.
Por isso, vos pedimos que nos ajudeis a descobrir os caminhos do amor em nossos corações e em nossas vidas, para que possamos ser sempre gerados pelo vosso Espírito de Amor, a viver em nível de vida eterna e a produzir frutos de vida eterna a construir com o Espírito Santo, pelos nossos atos de amor, a nossa face de eternidade!
Muito obrigado, Senhor!
Amém.
2 Jesus Vive e é o Senhor • edição 473 • 2017
A revista “JESUS VIVE E É SENHOR” é uma publicação mensal da Comunidade Emanuel, entidade sem fins lucrativos, declarada de Utilidade Pública pelo Decreto 8.969 de 13/05/86. A COMUNIDADE EMANUEL tem entre seus Ministérios a Evangelização através da Palavra escrita, servindo à Renova-ção Carismática da Igreja. Sua espiritualidade é centrada em Jesus Cristo, guiada pelo Espírito Santo de Deus, incentivan-do os seus leitores à vida sacramental, à oração pessoal e ao uso comunitário dos Dons e Carismas.Orientação da COMUNIDADE EMANUEL. Uma Associação Particular de Fiéis Leigos, assim reconhe-cida por Decreto, pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Revista com Aprovação Eclesiástica.® Copyright 1996 – Direitos ReservadosCOMUNIDADE EMANUEL CNPJ 29.983.269/0001-17 - ISSN:0103-8133- Rua Cortines Laxe, nº 2 Centro - CEP 20090-020 - Caixa Postal 941 CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ Brasil - Tel.: 0+XX+21 2263-3725 Fax: 0+XX+21+2233-7596.
Órgão Fundador da Associação Latino-americana de Revistas de Renovação no Espírito Santo.
• Fundador: DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB.
• Diretor-Presidente: Dom Cipriano Chagas, OSB• Diretor Responsável: Mauro Moitinho Malta• Conselho de Redação: Dom Cipriano Chagas, Maria Teresa Malta, Anna Gabriela Malta, Alexandre Honorato D. Ferreira
• Redator Responsável: Jeannine Leal• Revisor: Dom Antonio Augusto Dias Duarte, Bispo Auxiliar• Coordenador de Edição: Comunidade Emanuel• Projeto Gráfico e Diagramação: Comunidade Emanuel• Revisão e Tradução: Comunidade EmanuelOs artigos publicados nesta revista são de responsabilidade dos autores. Todo material para a revista, sendo publicado ou não, não será devolvido.“A este Jesus, Deus o ressuscitou, e disto nós todos somos testemunhas. Portanto, exaltado pela direita de Deus, ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e o derramou, e é isto o que vedes e ouvis” (At 2,32-33).
“Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Cristo, a este Jesus a quem vós crucificastes” (At 2,36).
Impressão:ROTAPLAN GRÁFICA E EDITORA LTDA
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• Cartas à redação, Jesus Vive e é o Senhor, Caixa Postal 941, 20001-970, Rio de Janeiro, RJ
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MAURO MOITINHO MALTA
Mauro Moitinho Malta Membro do conselho da Comu-nidade Emanuel, autor do livro “Perdão, o caminho da felicidade”.
Carta ao Leitor
N osso Papa Francisco começa sua meditação sobre a litur-gia da santa noite de Natal e nos apresenta o nascimento
do Salvador: como luz que penetra e dissolve a mais densa escuridão (Is 9,1). A presença do Senhor no meio do seu povo cancela o peso da derrota e a tris-teza da escravidão e restabelece o júbilo e a alegria.” E continua: “A origem das trevas que envolvem o mundo perde-se na noite dos tempos. Assim, o curso dos séculos tem sido marcado por violências, guerras, ódio, prepotência.
Mas Deus, que havia posto suas ex-pectativas no homem feito à sua imagem e semelhança, esperava. Como é difícil compreender a paciência de Deus para conosco!… Deus não conhece a explosão de ira nem a impaciência; permanece lá, como o pai da parábola do filho pródigo, à espera de vislumbrar ao longe o regres-so do filho perdido; todos os dias, com paciência. A paciência de Deus!”
O padre Raniero Cantalamessa em sua homilia aborda como o evangelho da segunda missa de Natal (chamada “da aurora”), nos mostra que os pastores personificam a resposta de fé perante o anúncio do mistério. Deixam “sem demora” seu rebanho, interrompem seu descanso; tudo passa a segundo plano diante do convite de Deus; Maria perso-nifica a atitude contemplativa e profunda de quem, em silêncio, contempla e adora o mistério.
Dom Cipriano une-se a seus confra-des para examinar o mistério do Natal, e começa com o milagre da gravidez do casal idoso. Quem poderia imaginar que um sacerdote idoso, no fim de seu ministério, e sua esposa estéril desem-penhariam importante papel na maior visitação de Deus a seu povo? Foi por isso que Deus teve que enviar o Anjo Gabriel a Zacarias e Isabel. Mesmo com o majestoso anjo Gabriel de pé diante dele, Zacarias não pôde acreditar na mensagem de que um filho especial
lhe seria dado em sua avançada idade. Embora Zacarias fosse um homem de Deus, tornou-se, sem querer, um símbo-lo da resposta dos líderes religiosos ao Messias. Eles também ficaram mudos e cheios de descrença mesmo na presença de esmagadora evidência sobrenatural. Se não era possível uma mulher idosa ter um filho, quanto mais uma virgem ado-lescente conceber um filho sem ajuda de um homem? Mas a impossibilidade biológica do anúncio de Gabriel não era a parte mais difícil de acreditar. Canta-lamessa nos nos faz notar que ninguém encontrou ou encontrará o caminho ao Menino Jesus sem direta revelação do Espírito Santo.
Maria soube que seu útero iria se tornar o primeiro Lar na terra por causa do anúncio de Gabriel. Isabel teve que ser repleta com o Espírito Santo para re-conhecer que Maria estava carregando o Senhor Jesus. José teve que ser informa-do nos sonhos senão teria se separado de Maria. Os pastores encontraram seu caminho para o Menino mediante um anúncio de anjos, e os Magos foram guiados a ele por uma estrela. Simeão e Ana foram movidos pelo Espírito Santo reconhecê-lo e falar profeticamente de sua missão. A mais surpreendente ausência no nascimento de Jesus foi a da cúpula religiosa então dominante. Os entendidos da Bíblia na época nunca encontraram o caminho da manjedoura.
Preparemo-nos para esse período natalino entregando-nos mais ao Pai, rogando para que nos faça cada vez mais semelhantes a Seu Filho Jesus Cristo.
4 Jesus Vive e é o Senhor • edição 473 • 2017
Vida e ConhecimentoPor que Deus criou o homem?Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap
EnsinoEntra na alegria do teu SenhorPor Dom Cipriano Chagas, osb
Vida e ConhecimentoPaz aos amados de Deus Por Jeff Smith
3 Carta ao leitor Por Mauro Moitinho Malta
1 Oração Inicial PARA VIVER O AMORPor Dom Cipriano Chagas, osb
6 Alma FemininaDEPENDENTES EM NÓS MESMOSPor Anna Gabriela Malta
8 Em PautaA LAVANDERIA DE FRANCISCOPor Marcio Tavares D‘Amaral
34 SantoSÃO NICOLAU DE MIRAPor Jeannine Leal
Seções5 Reflexão | Frases
41 Agenda
HomiliaNOITE DE SILÊNCIO Por Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap
22
Nossa SenhoraEU SOU A SERVA DO SENHOR Por Dom Anselmo Chagas de Paiva, osb
32
Índice RemissivoJANEIRO A NOVEMBRO 2017
38
JV InformaBAZAR DE NATAL Fotos
36
18Entre o Céu e a terraDEUS QUE DEIXOU SUA CASA DE LUZ E PAZ PARA VIR À TERRAPor Giovani Alberti
24EnsinoO NASCIMENTO DE JESUS NOS ENSINA SOBRE A HUMILDADEPor Dom Cipriano Chagas, osb
30 ORAÇÃO DE CURA NO NATALPor Dom Cipriano Chagas, osb
10 Comunhão EclesialPACIÊNCIA DE DEUS, PROXIMIDADE DE DEUS, TERNURA DE DEUSPapa Francisco
14 AMAR O PRÓXIMOCardeal Arcebispo Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
16 O ESPÍRITO DE NATALPor Jeannine Leal
Vida e Conhecimento12 REZAR EM FAMÍLIA Por Francisco Fernández Carvajal
26 O Natal é para você Por Dom Cipriano Chagas, osb
É bom lembrarmos sempre que o Natal significa algo muito mais profundo do que isto que temos tido ocasião de ver todo fim de ano. O Natal é a celebração, a comemoração do nas-cimento daquele que é o Filho de Deus por natureza em nossa natureza humana.
Revista Jesus Vive On Line
Colunistas
Capa
20 Curso de IntercessãoINTERCESSÃO PROFÉTICA (EX 20,13) Por Dom Cipriano Chagas, osb
Frases
“Quando se é guiado por Nossa Senhora, a vida virá a ser uma vida de combate, uma vida forte, uma vida que vale a pena viver, pois teremos que vencer muita coisa.”Dom Cipriano Chagas, osb – in Vencedores com Maria, 1ª edição
“À Maria, Mãe do Filho de Deus que se fez nosso irmão, dirigimos confiantes a nossa oração, para que nos ajude a seguir as suas pegadas, a combater e a vencer a pobreza, a construir a verdadeira paz.”Papa Bento XVI
“Oferece, Virgem santa, o teu Filho e apresenta ao Senhor o fruto bendito do teu ventre. Sim! Oferece a hóstia santa e agradável a Deus, para reconciliação de todos nós!”São Bernardo de Claraval, O. Cist.
“A fé também é nossa guia. Orientados por sua luz segura, seguimos o caminho que conduz a Deus e à Sua pátria, assim como os Santos Reis Magos chegaram ao local desejado, guiados pela estrela, símbolo da fé.”São Pio de Pietrelcina
“Veio para curar os olhos do nosso interior, para que, uma vez curados, nós, que antes éramos escuridão, nos convertêssemos em luz no Senhor.”Santo Agostinho – in Sermão 195, 3
“Em Jesus, manifestou-se a graça, a misericórdia, a ternura do Pai: Jesus é o Amor feito carne. Não se trata apenas de um mestre de sabedoria, nem de um ideal para o qual tendemos e do qual sabemos estar inexoravelmente distantes, mas é o sentido da vida e da história que pôs a sua tenda no meio de nós.”Papa Francisco, homilia, 24 de dezembro 2013
Do livro – Orações Bíblicas de Frederico Daibert MoncorvoAdquira o seu www.domcipriano.org.br ou (21) 2263-3725
OraçãoJUBILOSA ESPERANÇA
Salmo 27
Vós, Senhor, é minha luz e minha salvação, a quem temerei?
Se todo um exército se acampar contra mim, não temerá meu coração. Se se travar contra mim uma batalha, mesmo assim terei confiança.
Uma só coisa peço a vós, Senhor, e a peço incessantemente: é habitar na vossa casa todos os dias da minha vida, para admirar aí vossa beleza e contemplar vosso santuário.
Glórias a vós, Senhor!
ReflexãoNO DIA DO MEU ANIVERSÁRIO
Como você sabe, há muitos anos começaram a comemorar meu aniversá-rio. Todos os anos há uma ótima festa em minha honra e acredito que este ano acontecerá o mesmo. Nesses dias, as pessoas fazem muitas compras, existem propagandas em todos os lugares. Não se fala de outra coisa. Falta pouco para o dia chegar. No começo, pareciam entender e me agradeciam o quanto fiz por eles, mas hoje parece que poucos sabem comemorá-lo. Riem e se divertem muito, mas não sabem sobre o que se trata. Ano passado, quando fizeram uma festa em minha honra, nem me convidaram. Quando o grande dia chegou, me deixaram para fora, fecharam a porta. E eu queria compartilhar a mesa com eles!
Mesmo assim entrei e fiquei quieto em um cantinho observando. Todos estavam bebendo, havia alguns bêbados, contando piadas, rindo. Enquanto se divertiam, um senhor entrou, usando uma barba branca e gritando: “Ho, ho, ho!”. Parecia ter bebido muito, sentou-se na cadeira pesadamente, e todas as crianças correram em sua direção, dizendo: Papai Noel! Papai Noel”. Como se a festa fosse em sua homenagem! À meia noite todos começaram a se abraçar. Estiquei meus braços esperando que alguém me abraçasse. Mas ninguém me abraçou. Percebi, então, que eu estava sobrando naquela festa. Saí em silêncio, fechei a porta e me retirei. Talvez pensem que eu nunca choro, mas naquela noite chorei, me sentia como um ser abandonado, triste e esquecido.
Outra coisa que me espanta é que no meu aniversário, em vez de me presen-tearem, eles se presenteiam. Uma vez alguém me disse: como posso lhe dar algo, se eu nunca te vejo? Você pode imaginar o que eu disse: “Dê comida, roupas e ajuda aos pobres, visite os doentes para aqueles que estão sozinhos”, porém, a cada ano é pior. As pessoas apenas pensam nas compras e presentes e não se lembram de mim.
Vou te contar um segredo, pensei que, como ninguém me convida para a festa, estou pensando em fazer minha própria festa, uma ótima festa como nunca imaginaram. Uma festa espetacular com grandes personalidades: Abraão, Moisés, o rei Davi e outros. Estou nos últimos preparativos para que eu possa não ser es-quecido este ano. Estou enviando muitos convites e hoje, querido amigo, há um convite para você. Eu só quero que você me diga se você quer participar e eu vou reservar um lugar e escrever seu nome com letras douradas no meu ótimo livro de visitas. Para esta festa, haverá apenas convidados com reserva prévia e ficarão fora aqueles que não responderam ao meu convite.
AUTOR DESCONHECIDO
2017 • edição 473 • Jesus Vive e é o Senhor 5
6 Jesus Vive e é o Senhor • edição 473 • 2017
Alma Feminina
Dependentes em nós mesmosPOR ANNA GABRIELA MALTA
C hegou aquela época do ano que tudo mundo fala as mes-mas coisas – ano novo, vida nova; ano que vem vai ser de
todo de bom!... e por aí vai. Outro dia, ouvindo um podcast de uma entrevista de um “coach” para empreendores em que ele falava do seu manual para atingir o sucesso – ou melhor, os objetivos de cada um. Algumas coisas que ele disse ficaram na minha cabeça desde então.
Primeiro, que hoje em dia quase nin-guém mais faz as famosas listas de fim de ano. Fiquei pensando e me lembro que a última que fiz, tem muitos anos, num almoço de dezembro com amigas em que cada uma fez a sua lista de objetivos para o ano seguinte. Foi super divertido com cada uma dando palpite nas demais e querendo saber mais da vida da outra que a própria pessoa mas, infelizmente, perdemos esse registro e não fizemos o tão necessário acompanhamento para saber o que tínhamos alcançado ou não.
Ainda segundo o referido “coach”, o ser humano em média só consegue se programar para 12, ou no máximo 18 meses, com raras exceções. Para ele é essencial fazer um exercício de parar e pensar: aonde quero estar em 12 me-ses? Com esse objetivo claro na mente, estudar como se chegar, lá mês a mês. Ok, eu sei que isso é básico e óbvio. Mas quando foi a última vez que você fez esse exercício a sério? Eu já aceitei o fato de que não sou uma pessoa de planejamento. Sou uma pessoa intuitiva e cada vez que sigo o meu coração dou mais um passo na direção certa, mas, às vezes, dou muitas voltas para chegar
a um determinado ponto, justamente porque esse ponto estava encoberto. Quando tenho um objetivo claro, é muito mais fácil! É como se o corpo e o espíri-to fossem um só. Não tem como errar. Não precisa de muito planejamento, basta uma estrela guia para iluminar o caminho. O resto deixa por conta da intuição, se você for assim como eu. Se for do tipo ciências exatas, o ideal é fazer um mapa com os detalhes do GPS,
topografia, e todo tipo de previsão de cenários. Decidi que esse ano vou fazer esse exercício. Não é natural para mim, mas como diz o ditado popular, quem não sabe o que procura, não acha. Ano que vem conto para vocês o resultado.
Ainda dentro dos objetivos, o “coach” enumerou atitudes que praticamos com as quais nos autossabotamos. Quem aí nunca se autossabotou?!?! Eu faço c-o-n-s-t-a-n-t-e-m-e-n-t-e! Duas coisas
FICO PENSANDO NO MEU DIA-A-DIA E NAS PEQUENAS DECISÕES EM QUE QUERO FAZER UMA COISA, MAS NA VERDADE FAÇO OUTRA,
DIZENDO QUE ESTOU TENTANDO
10 Jesus Vive e é o Senhor • edição 473 • 2017
Comunhão eclesial
PAPA FRANCISCO
Paciência de Deus, proximidade de Deus,
ternura de DeusPAPA FRANCISCO
A LUZ QUE RASGA A ESCURIDÃO REVELA-NOS QUE DEUS É PAI E QUE A SUA PACIENTE FIDELIDADE É MAIS FORTE DO QUE AS TREVAS E DO QUE A CORRUPÇÃO
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa
terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles” (Is 9,1).
“Um anjo do Senhor apareceu [aos pastores], e a glória do Senhor
refulgiu em volta deles” (Lc 2,9).
É assim que a Liturgia desta santa noite de Natal nos apresenta o nascimento do Salvador: como luz que penetra e dissolve a
mais densa escuridão. A presença do Se-nhor no meio do seu povo cancela o peso da derrota e a tristeza da escravidão e restabelece o júbilo e a alegria.
Também nós, nesta noite abençoa-da, viemos à casa de Deus atravessando as trevas que envolvem a terra, mas guiados pela chama da fé que ilumina os nossos passos e animados pela esperan-ça de encontrar a “grande luz”. Abrindo o nosso coração, temos, também nós, a possibilidade de contemplar o milagre daquele menino sol que, surgindo do alto, ilumina o horizonte.
A origem das trevas que envol-vem o mundo perde-se na noite dos tempos. Pensemos no obscuro mo-mento em que foi cometido o primei-ro crime da humanidade, quando a mão de Caim, cego pela inveja, feriu
de morte o irmão, Abel (cf. Gn 4,8). Assim, o curso dos séculos tem sido marcado por violências, guerras, ódio, prepotência. Mas Deus, que havia posto suas expectativas no homem feito à sua imagem e semelhança, esperava. Deus esperava. O tempo de espera fez-se tão longo que a certo momento, quiçá, deveria renunciar; mas Ele não podia
renunciar, não podia negar-se a si mes-mo (cf. 2Tm 2,13). Por isso, continuou a esperar pacientemente face à corrupção de homens e povos. A paciência de Deus... Como é difícil compreender isto: a paciência de Deus para conosco!
Ao longo do caminho da história, a luz que rasga a escuridão revela-nos que Deus é Pai e que a sua paciente
Ao longo do caminho da história, a luz que rasga a escuridão revela-nos que Deus é Pai e que a sua paciente fidelidade é mais forte do que
as trevas e do que a corrupção. Nisto consiste o anúncio da noite de Natal.
12 Jesus Vive e é o Senhor • edição 473 • 2017
A ORAÇÃO FOMENTA O SENTIDO SOBRENATURAL, QUE PERMITE COMPREENDER O QUE OCORRE AO NOSSO REDOR
Vida e conhecimento
J esus manifesta com frequência que a salvação e a união com Deus é, em última instância, assunto pessoal: ninguém pode
substituir-nos na relação com Deus. Mas ele também quer que nos apoiemos uns nos outros e nos ajudemos no caminhar até a meta definitiva. Esta união, tão grata ao Senhor, está presente, especial-mente manifesta entre aqueles que têm os mesmos vínculos de espírito ou de sangue. Esta unidade, que exige por em jogo tantas virtudes, é tão desejada pelo Senhor, que promete, como um dom especial, conceder-nos mais facilmente aquilo que pedimos em comum. Assim o lemos no Evangelho da Missa. Assegu-ro-os que se dois de vós se colocarem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde há dois ou três reunidos em meu nome, ali estou Eu no meio deles.
A Igreja tem vivido desde sempre a prática da oração em comum, que não se opõe nem substitui a oração pessoal privada pela qual o cristão se une intima-mente a Cristo. Muito grata ao Senhor, de modo particular, a oração que a fa-mília faz em comum; é um dos tesouros que temos recebido de outras gerações para colher abundante fruto e transmiti-lo às seguintes. “Há práticas de piedade – poucas, breves e habituais” – que se tem vivido sempre nas famílias cristãs, e entendendo que são maravilhosas: a oração à mesa, a oração do terço (ou do rosário) todos juntos (…), as orações pessoais ao levantar-se e ao acordar. Se tratarão de costumes diversos segundo cada lugar; mas penso que sempre se deva fomentar algum ato de piedade, que os membros da família façam juntos, de forma simples e natural, sem alardes.
“Desse modo, conseguiremos que Deus não seja considerado um estranho, a quem se vá ver uma vez na semana, o domingo, porque, como foi dito pelo Senhor, onde estão três reunidos em meu nome, ali Eu estou no meio deles (Mt 18,20)”.
“Esta oração – ensina São João Paulo II, comentando esta passagem do Evan-gelho – tem como conteúdo ‘a mesma vida familiar’, alegria e dores, esperanças e tristezas, nascimentos e aniversários, comemoração da Bodas dos pais, parti-das e regressos, escolhas importantes e decisivas, mortes de pessoas queridas, etc sinalizam a intervenção do amor de Deus na história da família, como também devem sinalizar o momento favorável de ação de graças, de petição, de abandono confiado da família ao Pai comum que está nos céus.
Além disso, a dignidade e responsabilidade da família cristã enquanto Igreja doméstica somente podem ser vividas com a ajuda in-cessante de Deus, que será concedida, sem falta, a quantos a peçam com humildade e confiança na oração”.
A oração em comum comunica uma particular fortaleza à família inteira. A pri-meira e principal ajuda que prestamos aos pais, aos filhos, aos irmãos, consiste em rezar com eles e por eles. A oração fomenta o sentido sobrenatural, que permite com-preender o que ocorre ao nosso redor e no
Rezar em famíliaPOR FRANCISCO FERNÁNDEZ CARVAJAL
Ter Deus presente no seio familiar, é fonte de união, alegria, fortaleza e confiança na Providência Divina
14 Jesus Vive e é o Senhor • edição 473 • 2017
Vida e conhecimento
Amar o próximoCARDEAL ARCEBISPO DOM ORANI JOÃO TEMPESTA, O. CIST.
A liturgia nos focaliza a realidade do perdão e do amor: “Amarás a teu próximo como a ti mes-mo”. O amor não faz nenhum
mal contra o próximo. Portanto, “o amor é o cumprimento perfeito da Lei” (Rm 13, 9c-10). Em todas as leituras deste Dia do Senhor, a Palavra de Deus vem insistir que somos responsáveis uns pelos outros e devemos ser um suporte para os fracos, indecisos, tíbios, apáticos na fé e no segui-mento de Jesus.
A primeira leitura Ez 33,7-9 – A missão do profeta Ezequiel é a missão de cada um de nós: Vigiar e zelar pela vida e felicidade dos próprios irmãos! Somos responsáveis pela transmissão da Palavra de Deus junto a nossos irmãos. O profeta não somente é o porta-voz de Deus, mas também uma sentinela para o povo. A sentinela era al-guém que estava de prontidão, que perma-necia acordado enquanto todos dormiam. Era alguém que percebia a aproximação de um inimigo ou de um viajante noturno aos portões da aldeia. Esse simbolismo nos ajuda a ver nossa responsabilidade para com as pessoas com as quais convivemos em casa, no trabalho, na vizinhança, nos círculos de amizade, na Igreja.
A Segunda leitura Rm 13,8-10 – enun-cia que os Mandamentos da Lei de Deus não são caprichos de Deus! São caminhos seguros de felicidade! Eles não escravizam; pelo contrário, libertam e conduzem para a salvação. O “amor não pratica o mal contra o próximo” e também não quer o mal para os outros. O fato de alguém não fazer nenhum ato de maldade não signi-fica que possa ficar confortável, dizendo a si mesmo: “Não roubei, não matei, logo, sou bom para meu próximo”. Quem não pratica o mal, mas omite ou negligencia a responsabilidade pelo outro, não ama verdadeiramente o seu próximo.
No Evangelho Mt 18,15-20 – Jesus não veio para abolir as Leis e os Profetas; Ele veio para aperfeiçoar as normas de Deus. As normas de Deus são sabedoria e caminhos seguros de salvação e de fe-licidade! Aqui nesta página do Evangelho
de hoje, Jesus ensina como corrigir um membro da comunidade. Primeiro, corrigi-lo a sós. Se isso não adianta, é necessário levar consigo uma ou duas testemunhas, conforme a Lei de Moisés (Dt 19,15). Se isso não basta, deve-se apresentar o caso à comunidade eclesial. E se, mesmo assim, o indivíduo não quer ouvir, seja expulso da comunidade, à qual é dado o poder de “ligar (obrigar) e desligar (deixar livre)” (Mt 18,18). Pois quando dois ou três se reúnem em seu nome, Deus está no meio deles (18,19). Diz Jesus: “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo”(Mt 18,15).Este primeiro momento demonstra o respeito e o amor para com o próximo. Muitas vezes acontece que se espalha o erro da pessoa aos quatro ventos. Esta atitude não é cristã! É necessário rezar, pedindo as luzes do Espírito Santo para saber quando se deve calar… quando se deve falar… e como falar…
O Evangelho deste domingo situa-se no contexto do “sermão sobre a comuni-dade”, cujos textos são direcionados espe-cificamente para orientar a vida na Igreja. E um tema muito precioso para o Evangelho de Mateus é a correção fraterna, essencial para o crescimento pessoal do cristão na comunidade. O amor cristão não é simples-mente amizade ou simpatia humana, mas o fruto da presença do próprio Espírito de Amor, o Espírito Santo em nós: “O amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado! ”(Rm 5,5) É
desse amor que fala São Paulo no capítulo 13 da Primeira Carta aos Coríntios; é esse amor que “cobre uma multidão de pecados” (Tg 5,20), é esse amor que é “a plenitude da Lei”. Só ama assim quem se abre para o amor de Cristo, deixando-se guiar e im-pregnar pelo seu Espírito de amor! A Igreja deve ser o ambiente impregnado desse amor, mais forte que nossas diferenças de temperamento, de opiniões, de modo de agir… “Onde está o amor, a caridade, Deus aí está”; onde o amor reina, o Reino de Deus está presente neste mundo! A Igreja deve ser o lugar do amor, lugar do Reino!
É necessário saber que a correção é um modo de amar, é um modo de preocu-par-se com o outro e com a Comunidade que é ferida pelo pecado e o mau exemplo. A correção pode salvar o irmão. Quantos escândalos nas nossas Comunidades poderiam ter sido evitados se houvera a correção no momento oportuno e do modo discreto e sincero que Jesus nos recomenda.
Somos convidados a encarnar a Pala-vra de Deus em nossa vida. Sendo assim, olhando para a liturgia deste domingo, o Senhor nos chama a praticar o amor e a correção fraterna. Acolher com amor e no amor. Nossa maior preocupação deverá ser de caridade fraterna para conduzir os irmãos que se distanciaram de volta à comunhão com Deus expressa na comuni-dade crente. Se fizermos isso, certamente a Igreja desempenhará bem seu papel de mediação da boa-nova de Jesus Cristo.
2017 • edição 473 • Jesus Vive e é o Senhor 15
Continuação
2017 • edição 473 • Jesus Vive e é o Senhor 17
18 Jesus Vive e é o Senhor • edição 473 • 2017
Entre o céu e a terra
Deus que deixou sua casa de luz e paz para vir à Terra
POR GIOVANI ALBERTI
PRECISAMOS DAQUELA REVOLUÇÃO DOS CORAÇÕES DE QUE O HOMEM SOZINHO NÃO É CAPAZ DE REALIZAR
C omo esperamos o Natal? Com que olhos olhamos para Belém? Com qual coração abordamos aquela gruta? O
Belém de hoje, a crônica das “primeiras páginas”, é um emblema da violência e da desumanidade, provavelmente o mesmo que Jesus recebeu no mundo naquela noite. No entanto, hoje, essa violência se atenua e derrete com os sons e as vozes do tempo de espera, de todas as liturgias cristãs e seculares que marcam o cum-primento da profecia, apenas a criança que nasceu pode nos tirar da escuridão.
No caminho para Belém, este ano em particular, sopra o vento gelado do medo. Não é um fantasma, mas algo palpável. Basta olhar ao redor e prolongar o ritmo. A violência mais cega e feroz bateu à porta da humanidade e sem esperar por nenhu-ma resposta, catapultou-se em homens e coisas, sentimentos e paixões irresistíveis. Um ódio insensível também começou a envolver o que é chamado de “alegre liturgia de Natal” no mundo ocidental.
No palco da crônica, uma luz fria tingiu com estrelas de tristeza mercantil e estrelas definidas, lâmpadas intermi-tentes e supermercados prontos para os muitos clientes que se amontoam e o dinheiro. Os crisântemos ocuparam as estrelas do Natal, cobrindo monumen-tos, calçadas e restaurantes. Os agentes poluentes tocam melodias que recordam batalhas épicas, enaltecem a pátria e ao orgulho nacional. Cantos que desafiaram os séculos como Adeste Fideles (Cristãos, vinde todos), Stille Nacht (Noite Silencio-sa – conhecida como Noite Feliz, no Bra-sil), Tu scendi dalle stelle (Você que desce das estrelas), eles ainda encontrarão um lugar entre os presépios de Natal?”
DEUS EDUCA ATRAVÉS DAS PERGUNTAS
Belém está cada vez mais longe do imaginário coletivo, uma terra esquecida e empoeirada, em um canto desapare-cido das colinas da história. Pelo menos o que conta.
Nas praças da cidade passam ape-nas caminhantes congelados, e não por culpa do vento frio, mas pelo desejo de chegarem rapidamente em casa. Como um navio que vence a tempestade e, finalmente, chega ao porto. O ritual de compra consumista do shopping é capaz
de dar origem a anjos distraídos, rostos entediados, caixas vazias e volumosas. “A tradição é a salvaguarda do fogo e não a adoração das cinzas”, ensina Mahler.1 No entanto, a sabedoria é que Deus nos ensina através da fé, através de questões, em vez de respostas e afirmações fáceis.
PROCURAMOS HOMENS COM A LUZ TREMULANTE DE DIÓGENES
Sobre o Natal parece paradoxal invo-car a palavra “sabedoria”. Normalmente, o
20 Jesus Vive e é o Senhor • edição 473 • 2017
Entre o céu e a terraCurso de Intercessão
Intercessão profética (Ex 20,13)
POR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB
SE VOCÊ PEDIR AO SENHOR QUE GUIE VOCÊ, ELE ABRIRÁ UM CAMINHO PARA VOCÊ DESCREVER O QUE ESTÁ EM SEU CORAÇÃO
A queles que têm o dom de intercessão descobrirão que rezar profeticamente é parte do chamado de Deus para
suas vidas. Como intercessores proféti-cos, eles realmente profetizam ao orar. Muitos têm tropeçado neste tipo de intercessão e não sabem porque rezam como rezam. Apenas sabem que são capazes de rezar por longos períodos e veem frequentes respostas a suas orações.
O dom de profecia é a capacidade especial que Deus dá a alguns mem-bros do Corpo de Cristo para receber e comunicar uma imediata mensagem de Deus a seu povo, mediante uma palavra divinamente ungida.
Por sua vez, o dom da intercessão profética é a capacidade de receber um imediato pedido de oração de Deus e rezar por ele em palavras divinamente ungidas.
Daniel era um intercessor profético e suas orações merecem estudo. Era um profeta de governos e rezava orações que mudaram a história. Vejam Daniel 9,2. O Senhor queria libertar seu povo do cativeiro da Babilônia e assim tocou Daniel para rezar, a fim de lembrá-lo de sua palavra dada através de Jeremias:
“No primeiro reino de seu reino, eu, Daniel, compreendi pelos livros que o número de anos especificado pela pala-vra do Senhor, dada através de Jeremias o profeta, de que ele completaria seten-ta anos nas desolações de Jerusalém.”
Daniel tomou esta promessa do Senhor e foi combater nos lugares celes-tiais com ela, de modo que os israelitas fossem libertados de seu cativeiro de setenta anos. Daniel 9,3 diz:
“Voltei minha face para o Senhor Deus para pedir em oração e súplicas, com jejum, veste de saco e cinzas.”
Isto mostra que a intercessão pro-fética vem, não apenas quando Deus dá a um intercessor a consciência de um problema sobre que rezar, mas também quando Deus dá um senso de urgência a
palavras que foram ditas previamente pela boca de um profeta. A 1Timóteo 1,18 diz:
“Eis aqui uma recomendação que te dou, meu filho Timóteo, de acordo com aquelas profecias que foram feitas a teu respeito: amparado nelas, sustenta o bom combate.”
A intercessão é o terreno de trei-namento para as pessoas que Deus usará para proferir palavras proféticas de modo regular. Nem todos os intercesso-res são profetas, mas todos os profetas são intercessores.
O quartinho de intercessão é o lugar onde o profeta aprende a ouvir a voz de Deus. Jeremias 27,18 diz:
“Se são profetas, e se a palavra do Senhor está com eles, que agora façam intercessão ao Senhor dos exércitos.”
Cada um dos profetas da Bíblia foi intercessor. Abraão intercedeu por So-doma. Isaías, Jeremias, Ezequiel também intercederam. No Novo Testamento encontramos Simeão e Ana. Sem dúvida Deus lhes disse para interceder porque era o tempo de seu Filho nascer.
Uma palavra de profecia pode ser uma forma de intercessão porque traz a intervenção divina na vida daquele que a recebe — o que é exatamente o que acontece quando nos encontramos na brecha. O Apocalipse 19,10 diz: “Adorai a Deus! Pois o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.”
Isto nos traz a um ponto interessan-te. Já pensaram como Jesus “sempre vive a interceder por nós” (Hb 7,25)? Sua obra na cruz foi intercessão, naturalmente, mas talvez outra maneira seja através
PARTE 2
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POR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB
O Natal é para você
Ensino
DO SEIO DE MARIA TOMOU ELE A CARNE VERDADEIRA DA NOSSA HUMANIDADE, DA NOSSA FRAGILIDADE
Continuação
N ós estamos nos preparando para o Natal e é bom lem-brarmos sempre que o Natal significa algo muito mais
profundo do que isto que temos tido ocasião de ver todo fim de ano. O Natal é a celebração, a comemoração do nas-cimento daquele que é o Filho de Deus por natureza em nossa natureza humana.
O anjo Gabriel foi enviado a Maria, ele lhe disse: “O Santo que nascerá de ti será chamado Filho de Deus”. E é o nascimento do Filho de Deus, com tudo o que isto implica para nós, que nós comemoramos no Natal. A Palavra de Deus, a Palavra do Pai dos Céus, é sem-pre fonte de sabedoria. “No princípio, diz o Evangelho de São João, era a Palavra”. A Palavra que estava em Deus. Ela já estava em Deus no princípio. Já brotava esta fonte, mas ainda só em si mesma, porque no princípio, a Palavra está junto de Deus, habitando na luz inacessível. O Senhor dizia desde o início: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição. Mas esses pensamentos de paz estavam nele; e com Jesus, o pensamento de paz desceu do céu para realizar a sua obra de paz. A Palavra fez-se homem e habita já no meio de nós. Na verdade, habita nos nossos corações, habita também no seu coração. Na nossa memória, no nosso pensamento, em todo o nosso ser.
O homem deve ter tido um primeiro pensamento a respeito de Deus, e com isso fabricou o seu primeiro ídolo - um ídolo talvez fabricado primeiro no seu próprio coração. Porque Deus era incompreensível, era inacessível, era invisível, e estava além da capacidade de alcance de qualquer pensamento nosso. Mas agora porém, o nosso Deus quis ser compreendido, quis ser visto,
quis ser pensado. De que modo? Sem dúvida, como foi a sua vida, recostado no presépio, deitado no regaço da Virgem, pregando na montanha santa, passando a noite em oração, ou então, suspenso na cruz, lívido na morte, livre entre os mortos e dominando sobre o poder do inferno. Ou ainda, ressurgindo ao ter-ceiro dia e mostrando aos apóstolos os lugares dos cravos, sinais de vitória. E, finalmente, subindo, na presença deles, no mais alto dos céus.
Quem não meditará encantado, cheio de amor, de gratidão, na verdade,
na piedade, na santidade desses fatos? Quando eu medito em qualquer deles, o meu pensamento encontra Deus, em tudo o que ele é o meu Deus. E é verdadeira sabedoria, então, meditar nesses mistérios. É verdadeira prudência evocar a memória suave desses frutos excelentes que Maria recebeu do céu e derramou tão copiosamente sobre nós. O Pai, o Pai Altíssimo, o Pai do Céu, pelo seu Arcanjo Gabriel, anunciou à Virgem Maria que o seu Verbo, tão Santo, tão Digno, tão Glorioso, ia descer do céu. Do seio de Maria tomou ele a carne ver-dadeira da nossa humanidade, da nossa
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Nossa Senhora
Eu sou a Serva do SenhorPOR DOM ANSELMO CHAGAS DE PAIVA, OSB
O VERDADEIRO PRESENTE DE NATAL É A ALEGRIA. NÓS PODEMOS TRANSMITIR ESTA ALEGRIA DE MODO SIMPLES
A proxima-se o Natal do Se-nhor, a liturgia da Palavra nos apresenta a narração do anúncio do anjo Gabriel a
Maria. O texto começa dizendo que ele “foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré” (Lc 1,26). Os moradores daquela região eram pagãos, exceção feita a uns poucos israelitas. No entanto, foi ali, numa de suas cidades, que Cristo deveria ser concebido. Mais tarde Bartolomeu, antes de se tornar apóstolo, indagará a Filipe que lhe dizia ter encontrado o Messias, Jesus: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré da Galileia”? (Jo 1,47). Havia, de fato, um enorme pre-conceito contra os galileus. No entanto, foi na pequena Nazaré, uma aldeia pobre e ignorada, nunca nomeada na história religiosa judaica e, portanto, completa-mente à margem dos caminhos de Deus e da salvação, o lugar em que ocorre a concepção de Jesus. Nazaré teve a honra de ser o lugar no qual o Verbo de Deus se encarnou e na insignificante Belém, Jesus nasceria, ao passo que em Jerusalém, a capital, ele foi condenado, crucificado e morreria na cruz.
Maria, a jovem de Nazaré, era “uma virgem prometida em casamento a um homem chamado José” (Lc 1,27). O casamento hebraico considerava o compromisso matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se prometiam um ao outro: os “esponsais”; só numa segunda fase surgia o compromisso definitivo, as cerimônias do matrimônio propriamente dito. Entre os “esponsais” e o rito do matrimônio, passava um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, ainda que sofrendo uma penalidade. Durante os “esponsais”, os noivos não viviam em comum; mas o
compromisso que os dois assumiam tinha já um caráter estável, de tal forma que, se surgisse um filho, este era considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade da “prome-tida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa (cf. Dt 22,23-27). E a penalidade seria a morte por apedre-jamento. José e Maria estavam, portanto, na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o matrimônio, mas já tinham celebrado os “esponsais”.
Dentro deste contexto ocorre o Anúncio do Anjo a Maria, e a primeira palavra usada pelo anjo é: “Saúdo-te, Maria”. Mas a palavra grega subjacente, “Kaire”, significa por si só “rejubila”, “ale-gra-te”. E aqui está o primeiro elemento que surpreende: a saudação entre os judeus era “Shalom”, “paz”, enquanto a saudação no mundo grego era “Kaire”,
“alegra-te”. É de se admirar que o Anjo, ao entrar na casa de Maria a cumpri-mente com a saudação dos gregos: “Kaire”, “alegra-te, rejubila”. E quando os gregos, quarenta anos mais tarde, leram este Evangelho, puderam ver nele uma mensagem importante: puderam compreender que, com o início do Novo Testamento, a que se referia esta página do Evangelista São Lucas, teve lugar também a abertura ao mundo dos povos, à universalidade do Povo de Deus, que incluía não só o povo hebreu, mas tam-bém o mundo na sua totalidade, todos os povos. Nesta saudação grega do Anjo manifesta-se a nova universalidade do Reino do verdadeiro Filho de Davi.
Mas as palavras do Anjo são a re-tomada de uma promessa profética já presente no Antigo Testamento, no Livro do profeta Sofonias. O profeta Sofonias,
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Santo
N o dia 6 de dezembro, de acordo com o calendário gre-goriano, celebra-se a festa de São Nicolau (já o calendário
juliano, seguido na tradição ortodoxa, o celebra no dia 19 do mesmo mês), muito amado pelos cristãos e alvo de inúmeras lendas. Como a de se escreverem cartas pedindo-lhe presentes ou chamá-lo pelo nome de Papai Noel ou procurá-lo no Polo Norte...
Na verdade, São Nicolau nasceu por volta do ano 270 em Patara, na atual Turquia, filho de uma família rica, com profunda vida de oração. Assim, foi criado por cristãos fervorosos que o educaram na fé. Ao morrerem, seus pais deixaram para Nicolau uma fortuna considerável, que ele pôs imediatamente a serviço dos necessitados.
No episódio mais famoso envolven-do Nicolau, ele deixa sacos de ouro nas janelas das casas de três garotas forçadas a se prostituir, para que assim pudessem mudar de vida. Outras versões dizem que o santo teria lançado ouro pela chaminé da casa, de onde ele foi cair dentro das meias que as jovens tinham deixado para secar junto ao fogo dando margem a uma das origens de Papai Noel: nos países do Norte da Europa, usando da fantasia, viram em Nicolau o velho de barbas brancas que levava presentes às crianças no mês de dezembro.
Com a morte dos pais, Nicolau foi para Mira – e é por isso que se tornou conhecido como São Nicolau de Mira. No entanto, de Bari ou de Mira, é o mesmo Nicolau: chamado de Mira no Oriente porque foi aquela a sua diocese
como bispo; conhecido como “de Bari” no Ocidente porque, depois que os muçulmanos conquistaram a Anatólia, um grupo de católicos levou as relíquias do santo, em segredo, até Bari, na costa italiana. Isso aconteceu em 1087 e a partir dali, a devoção a São Nicolau se estendeu por toda a Europa, a ponto de que o santo se tornasse padroeiro da Rússia, da Grécia e da sua Turquia natal. Importante registrar que nenhum outro santo foi tão retratado por artistas me-dievais quanto ele, à exceção de Maria.
Nicolau foi feito Bispo em condições especiais. Ao chegar a Mira, o bispo local tinha falecido havia pouco tempo e os sacerdotes discutiam sobre quem o devia substituir, já que, na época, a nomeação dos bispos ainda não era feita diretamente pelo Papa. Decidiram, então, colocar tudo nas mãos do Espírito Santo e resolveram que o próximo bispo seria o primeiro que entrasse no templo. Casualmente - ou providencialmente - quem entrou foi Nicolau.
Uma vez sagrado Bispo de Mira, Nicolau conquistou a todos com sua ca-ridade, zelo, espírito de oração e carisma de milagres. Historiadores relatam que ao ser preso, por causa da perseguição dos cristãos, Nicolau foi torturado e condenado a morte, mas felizmente se salvou em 313, pois foi publicado o edito de Milão que concedia a liberdade religiosa.
São Nicolau teria participado do Concílio de Niceia, convocado em 325 pelo imperador Constantino, onde Jesus foi declarado consubstancial ao Pai. E destacou-se, ao participar de um episódio singular. Mais de trezentos bis-pos debatiam a natureza da Santíssima
São Nicolau de MiraPESQUISA JEANNINE LEAL
6 DE DEZEMBRO
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Bazar de Natal 2017
Dias de Solidariedade
JV Informa
Nos dias 6 e 7 de dezembro foi realizado o 12º Bazar de Natal Joyeux Nöel, no Copacabana Palace. A renda foi em benefício da Escola Dom Cipriano Chagas – Sociedade Providência, que atende à 190 crianças com renda familiar de até três salários mínimos. A escola é de tempo integral e além das maté-rias curriculares, inclui aulas de língua estrangeira – além do Inglês –, aula de informática, oficina de artes e música. Oferece o atendimento psicológico às crianças e às famílias.
A Escola Dom Cipriano funciona na Rua Álvaro Ramos 525, Botafogo. Para saber mais sobre esta obra acesse: domcipriano.org.br/institucional/escola-dom-cipriano-chagas.
Ao lado. Fotos do evento no Co-pacabana Palace que contou com a presença dos diretores da Comunidade Emanuel Maria Teresa Malta e Mauro Malta, da gestora da Escola Dom Anna Gabriela Malta, além dos voluntários e das patronesses do evento.
Bazar de Natal da Sociedade providência tem a maior público desde sua primeira
edição no Copacabana Palace
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AgendaSEMANAL
/comunidade_emanuel @comEMa_RJ
Casa de Maria e JoséSede da Comunidade Emanuel – Rio de Janeiro
rua cortines laxe, nº 2, centro - rio de janeiro – (21) 2263-3725
ATENDIMENTO E ACONSELHAMENTOcom hora marcada | 13h às 16h
ORAÇÃO PELO PAPA FRANCISCONa capela | 15h às 16h
GRUPO DE ORAÇÃO EMANUEL19h às 20h30O grupo emanuel é um dos primeiros grupos da de oracão do rio de janeiro
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMONa capela | 11h às 15h
GRUPO DE ORAÇÃO DE SÃO PADRE PIONa capela | 14h às 16h30Toda terceira quarta-feira do mês
TERÇO DOS HOMENS – ON LINE – FACEBOOKNa capela | 12h30 às 13h
TARDE DE CURANa capela | 14h às 15h30 Toda primeira quinta-feira do mês
ORELHÃO ESPIRITUALNa capela | 14h às 16hATENDIMENTO E ACONSELHAMENTO – por ordem de chegada
GRUPO DE ORAÇÃO ALMOÇO COM JESUSNa capela | 12h30 às 13h30TODAS ÀS QUINTAS, EXCETO FERIADOS
MISSA COM ORAÇÃO DE CURACelebrante Dom Cipriano Chagas, osbtransmissão ao vivo pela internet – www.comunidadeemanuel.org.br12h
MISSA DE FIM DE ANOQuebra das Maldições de 2017 e Bênçãos para 2018
MISSA HORA UNIVERSAL DA GRAÇA
Nossa Senhora Rosa Mística
ORAÇÃO DO TERÇO COMPedro Siqueira
NA COMUNIDADE EMANUEL
Rua Cortines Laxe, nº 2 em frente à Comunidade EmanuelPresençasDom Filipe da Silva, osb e Dom Cipriano Chagas, osb
Rua Cortines Laxe, nº 2 – Centro
Rua Cortines Laxe, nº 2 – Centro
16h
11h30
12h
17DEZ
8DEZ
13DEZ
Dom Cipriano Chagas, OSBMonge beneditino do Mosteiro de São Bento do Rio de
Janeiro, um dos precursores da Renovação Carismática
no Brasil e Presidente-fundador da Comunidade Emanuel
e da revista Jesus Vive e é o Senhor
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕESwww.domcipriano.org.br
[email protected].: (21) 2263-3725