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O nazismo e os fenômenos das guerras... Silva & Cavalcante Revista Diálogos – N.° 18 – Set. / Out. – 2017 382 O NAZISMO E OS FENÔMENOS DAS GUERRAS: INTERESSES DE PODER, OPRESSÃO DE GRUPOS ÉTNICOS E PRÁTICAS DE EXTERMÍNIO d.o.i. 10.13115/2236-1499v2n18p382 Maria Josilda Ferreira da Silva UPE 1 Jannaiara Barros Cavalcante UPE 2 Resumo: Este trabalho trata-se de um estudo analítico e reflexivo acerca de fatos e acontecimentos que marcaram a história da humanidade com a ascensão do nazismo, e a explosão das duas grandes guerras ocorridas nos meados do século XX, trazendo um enfoque da memória de diferentes grupos étnicos marcados pelo preconceito racial, cultural, social, político e religioso que afetou inúmeras pessoas antes e durante os dois eventos. Destacando ainda, alguns acentuados episódios que sucederam-se no pós-guerra, e que de certo modo, carecem de uma discussão mais aprofundada em ambientes escolares, ou em grupos de estudos, para que se possa compreender melhor a respeito dessas organizações ideológicas que existiram em torno dos interesses e dos jogos de poderes no passado, e que no tempo presente, muitas lideranças da política ainda se inspiram, ou adotam atos semelhantes aos dos chefes políticos de décadas passadas em suas administrações. Nesse sentido, a 1 Graduada em História pela UPE - Campus Garanhuns, foi Bolsista do PIBID/CAPES- UPE/Garanhuns no subprojeto Interdisciplinar na área de História, de abril de 2014 a março de 2017. Atualmente é Professora da escola básica da rede pública na cidade de Bom Conselho - PE. E-mail: [email protected] 2 Mestra em História pela (UFPE) e Professora efetiva da Escola básica em Garanhuns. E-mail [email protected]

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O nazismo e os fenômenos das guerras... – Silva & Cavalcante

Revista Diálogos – N.° 18 – Set. / Out. – 2017 382

O NAZISMO E OS FENÔMENOS DAS GUERRAS:

INTERESSES DE PODER, OPRESSÃO DE GRUPOS ÉTNICOS

E PRÁTICAS DE EXTERMÍNIO

d.o.i. 10.13115/2236-1499v2n18p382

Maria Josilda Ferreira da Silva – UPE1

Jannaiara Barros Cavalcante – UPE2

Resumo: Este trabalho trata-se de um estudo analítico e reflexivo acerca

de fatos e acontecimentos que marcaram a história da humanidade com a

ascensão do nazismo, e a explosão das duas grandes guerras ocorridas

nos meados do século XX, trazendo um enfoque da memória de

diferentes grupos étnicos marcados pelo preconceito racial, cultural,

social, político e religioso que afetou inúmeras pessoas antes e durante

os dois eventos. Destacando ainda, alguns acentuados episódios que

sucederam-se no pós-guerra, e que de certo modo, carecem de uma

discussão mais aprofundada em ambientes escolares, ou em grupos de

estudos, para que se possa compreender melhor a respeito dessas

organizações ideológicas que existiram em torno dos interesses e dos

jogos de poderes no passado, e que no tempo presente, muitas lideranças

da política ainda se inspiram, ou adotam atos semelhantes aos dos chefes

políticos de décadas passadas em suas administrações. Nesse sentido, a

1Graduada em História pela UPE - Campus Garanhuns, foi Bolsista do PIBID/CAPES-

UPE/Garanhuns no subprojeto Interdisciplinar na área de História, de abril de 2014 a

março de 2017. Atualmente é Professora da escola básica da rede pública na cidade de

Bom Conselho - PE. E-mail: [email protected]

2 Mestra em História pela (UFPE) e Professora efetiva da Escola básica em Garanhuns.

E-mail [email protected]

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pesquisa desenvolve um diálogo com autores que escrevem sobre o

assunto no presente século XXI, pontuando uma forte preocupação em

torno das questões da violência global que envolvem os mecanismos de

poder na atualidade.

Palavras-chaves: memórias; jogo de poder; antissemitismo; ideologias.

Abstract: This work deals with an analytical and reflective study about

facts and events that have marked the history of mankind with the rise of

Nazism, and the explosion of two world wars that occurred in the mid-

20TH century, bringing a focus of memory of different ethnic groups

marked by racial, cultural, social, political and religious that affected

numerous people before and during the two events. Highlighting some

accented episodes that followed after World War II, and that somehow,

in need of further discussion in school environments, or in study groups,

to understand better about these ideological organizations that existed

around the interests and power games in the past, and that at the present

time, many political leaders are inspired by or take actions similar to

those of political leaders of past decades in their administrations. In this

sense, the research develops a dialogue with authors who write on the

subject in this 21ST century, scoring a strong concern about the issues of

global violence which involves the mechanisms of power today.

Keywords: memories; power play; antisemitism; ideologies.

1. Introdução

O nazismo foi um movimento ideológico organizado na

Alemanha no século XX por membros da classe dominante que

almejavam grande elevação de poder e valorização do povo alemão.

Porém, esse partido também definido de Nacional Socialista, ganhou

ibope em 1920 no auge da República de Weimar, no momento que Adolfo

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Hitler tornou-se chefe do partido com sua tática propagandista. No intuito

de atrair para si, um grande número de empresários importantes,

militares, políticos, líderes de movimentos partidários, e, toda a

população trabalhadora. Ao conseguir o que queria, não só se mostrou

obsessivo pelo poder, como veio a destruir o parlamento presidencial de

Munique em 30 de janeiro de 1933 no seu governo nomeado por

Hindenburg, como também tomou medidas drásticas contra os

movimentos sociais e comunistas que não aceitavam os seus ideais

partidários na sua administração. Hindenburg passou o cargo para Hitler,

“pressionado pelos grandes empresários” alemães como afirma

(D’ALESSIO e CAPELATO, 2004, p. 27).

Ao longo de seu governo, a sua obsessão pela “raça” ariana foi

tamanha, que veio a cometer uma enorme atrocidade a diferentes grupos

étnicos que habitavam o território alemão há muitos anos. O desejo do

ditador juntamente com os dos seus aliados, era destruir em massa o povo

judeus que residiam na Alemanha desde décadas anteriores ao século 20,

bem como cometer ainda o extermínio dos ciganos, dos eslavos

constituídos por povos de origem indo-europeia pertencente a Europa

Central e Oriental, mas que também há muito tempo habitavam a região

alemã e, além destes, os opositores políticos, os prisioneiros de guerra

soviéticos, os homossexuais, os doentes mentais, e todos aqueles que o

movimento percebesse que não pertenciam a raça pura, e quem se

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mostrasse contra as ideias do partido eram tidos como um mal, e tinham

que ser exterminados da Alemanha e de regiões próximas, antes e durante

toda Segunda Guerra Mundial.

Para fazer valer o seu desejo de poder, o chefe do nazismo buscou

apoio na nova sociedade formada por jovens idealistas que acreditavam

que o partido mudaria o quadro econômico alemão, e traria progresso

para a população. Mas, para que isso pudesse acontecer realmente, eles

tinham que endeusar o chefe do comando nazista e lhe prestar sempre

continência e matar muita gente sem dó e sem piedade. Hitler na tentativa

de conquistar a força trabalhista que se encontrava desempregada por

causa da forte crise econômica que assolava a população alemã com a

perda da Primeira Guerra, ingressou no Partido Nacional Socialista, e ao

fazer inúmeras propagandas enganosas, conseguiu elevar mais e mais o

partido, que logo resolveu mudar o nome do partido para Nacional

Socialista dos Trabalhadores alemãs, com o primordial objetivo de atrair

a classe operária para o seu lado.

Quando o partido comportava de cerca de 20 mil membros no

final de 1922 segundo as historiadoras brasileira (D’ALESSIO e

CAPELATO, 2004, p. 24), “o partido conseguiu comprar um jornal com

o dinheiro de altas patentes do exército e de simpatizantes do

movimento”, no intuito de expandir ainda mais os interesses políticos do

nazismo. E na tentativa de proteger o seu império, Hitler buscou ajuda

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nas tropas de choque e dos ex-combatentes desempregados da Primeira

Guerra Mundial, que os serviam de forma voluntária. Quem o partido

visse que era mais impetuoso na prática do terrorismo e da violência,

recebia do governo uma remuneração pelos serviços realizados.

Conforme a abordagem apresentada acerca do nazismo,

pontuamos ainda, alguns fenômenos ocorridos na Segunda Guerra

Mundial, os quais não se vê em livros didáticos e paradidáticos referentes

ao ensino de história. O que se sabe sobre a Segunda Guerra, é que esta

iniciou-se na Europa e expandiu-se para o mundo de 1939 a 1945, por

causa da crise do capital econômico de 1929, que veio a acontecer com a

quebra da bolsa de Nova York e, dos impactos da Revolução Russa pela

ascensão dos Estados Totalitários, bem como dos acordos firmados no

Tratado de Versalhes que de certa forma acabou destruindo a Alemanha

ao final da Primeira Guerra Mundial, de 1914 -1918. Mas, não se estuda

que o interesse dos burgueses com as duas grandes guerras era promover

uma expansão do capital por todo o mundo.

Sabemos que a Segunda Guerra custou à França cerca de 35

milhões de dólares e que a Inglaterra também gastou mais 49 milhões

assim como a Grã-Bretanha investiu até a terça parte dos seus bens para

poder levar o seu exército ao campo de batalha. Assim gerando uma

dívida interna de 7 mil para 22 milhões só em 1939 no território dos

britânicos, e que os Estados Unidos ficaram com uma dívida pública de

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263 milhões de dólares como mostra o professor jornalista e crítico de

cinema Jean Delmas (1999), no seu texto as “consequências da guerra”.

A Guerra também provocou a perda de milhares de seres humanos. Só

não sabemos o porquê que no pós-guerra, vieram a acontecer outras

enormes batalhas e mortes misteriosas de chefes e soldados que

participaram dos combates, onde uns cometeram o próprio suicídio como

foi o caso de Hitler, e outros resolveram viajar e se entregar a justiça ao

ponto de morrer na prisão como veremos a seguir.

2. Os Fenômenos da Guerra

Diante dos acontecimentos presentes na história das Guerras,

encontramos relatos de terror como os do holocausto que exterminou

milhões de judeus, ciganos, homossexuais e outros mais no século XX.

Como também, da forte participação de mulheres seguidoras de Hitler

nos campos de concentração, que vieram a praticar o extermínio de

milhares de pessoas, como mostra a professora e historiadora americana

Wendy Lower no texto “As mulheres do nazismo”. Essa pesquisadora

defende que as mulheres foram brutais com os judeus, principalmente

nos guetos da Polônia, Ucrânia e Bielorrússia. Segundo a historiadora,

“A cruz vermelha alemã treinou 640 mil mulheres durante a era nazista

e cerca de 400 serviram na guerra. As mulheres do nazismo eram zelosas

administradoras, ladras, torturadoras e assassinas nas terras de sangue”

(LOWER, 2014, p.18).

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Conforme o contexto apresentado anteriormente pontuamos

ainda, que após a Segunda Guerra Mundial completar 15 anos de

existência, a Guatemala sofreu uma forte Guerra Civil de 1960 a 1996,

travada entre o governo e militares de esquerda. Conforme o historiador

Greg Grandin (2014), “os soldados, os patrulheiros civis e os

comissionados do governo, matavam e estupravam as mulheres na frente

dos maridos e dos filhos naturalmente”. Pegavam as crianças e as

atiravam sobre as rochas desumanamente, destruindo suas vidas e, eles

não podiam fazer nada para não serem mortos também. Só tomamos

conhecimento a respeito da memória historiográfica da Guatemala, por

causa dos acontecimentos que marcaram a história da Guerra Fria,

através do golpe de estado organizado pelos norte-americanos com o

apoio da Central de Inteligência, a CIA.

Outro fato relevante ocorrido no pós-guerra foi o inexplicável

desaparecimento do tenente Charles Taylon no momento que liderava

um grupo com cinco aviões, e mesmo reclamando pelo rádio que a sua

bússola não estava funcionando, não recebeu nenhuma ajuda do comando

da Flórida e, tanto ele como os demais homens que estavam no avião,

foram tidos como mortos. Da mesma forma o correu com o político

Inglês e delegado de Hitler no partido nazista Rudolf Hess, que nas

vésperas da Alemanha declarar guerra à União Soviética, ele viajou

sozinho para a Escócia na tentativa de declarar a paz com o Reino Unido,

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e lá foi preso. Sendo julgado em Nuremberg, e sentenciado a prisão

perpetua na cadeia de Berlim onde morreu em 19873.

Assim como as inúmeras pinturas artísticas que desapareceram

durante a guerra, e só reapareceram na Alemanha em 2011, há relatos que

as produções artísticas foram roubadas pelos nazistas no momento do

combate. Em 2015, completou 70 anos de história de realização do

holocausto, e pouco se sabe a respeito desse assunto! Bem como do

holocausto brasileiro de 60 mil mortos no hospício do alto da serra de

Barbacena em Minas Gerais, provocado pelo Estado no século XX, onde

pessoas sem nem um diagnóstico eram tidas como doentes mentais. Esse

caso só foi descoberto nas décadas de 60 e 70, graças ao trabalho

investigativo de jornalistas que denunciaram esses casos e foram a fundo

nas pesquisas.

Para a jornalista Daniela Arbex, autora do livro “holocausto

brasileiro: vida, genocídio e 60 mil mortes no maior hospício do Brasil”.

Entre 1969 e 1980, 1.853 corpos de pacientes do

manicômio foram vendidos para dezessete faculdades de

medicina do país, sem que ninguém questionasse. Quando

houve excesso de cadáveres e o mercado encolheu, os

corpos foram decompostos em ácido, no pátio do Colônia,

na frente dos pacientes, para que as ossadas pudessem ser

comercializadas. Nada se perdia, exceto a vida (ARBEX,

2013, p. 14).

3 Mais informações a respeito do contexto histórico, encontra-se em:

<www.megacurioso.com.br/guerras/45071-8-misterios-da-segunda-guerra-mundial-

qu... >Acesso em 22 de Fev. 2017.

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Isso mostra que mesmo com o fim da guerra, ainda continuou

acontecendo muitos casos estranhos que precisam ser mais analisados e

comentados no âmbito educacional atualmente. Seria bom que histórias

como essas, fossem postas nos livros de história destinados aos alunos do

Ensino Fundamental e Médio, principalmente nas partes que abordam os

fatos e os acontecimentos das duas grandes guerras que vieram a afetar o

Brasil e o mundo no século XX. Diante desses informes é importante

mencionar que, vários episódios curiosos se sucederam no pós-guerra,

que precisam ser estudados com mais estima, e discutidos na sala de aula

e nos grupos de estudos com estudantes e professores da rede pública. A

violência de um modo geral, a perda de identidade, a falta de respeito à

pessoa do outro, tem sido um grande parceiro na globalização da nossa

contemporaneidade, e tudo isso ocorre, em virtude dos avanços das

chamadas tecnologias modernas que tem crescido fortemente no mercado

industrial, seguidos dos interesses de poder que se mostram bem

presentes em nossa sociedade.

2.1. O fim da Primeira Guerra e a Expansão do Nazismo

Com a perda da primeira guerra, os países vencedores além de

humilharem os alemães, rebaixaram fortemente a sua moral. Diante

disso, vários jovens e outros membros importantes da sociedade

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resolveram apoiar o nazismo e espalhar o terror por onde passavam como

forma de vingança. O triste de tudo isso, foi que os nazistas descontaram

a sua raiva em grupos e culturas éticas que não tinham nada a ver com a

perda da guerra como foi o caso das crianças judias e muitas outras. À

medida que o partido ia crescendo com as propagandas de Hitler, pessoas

de diferentes escalas do poder o seguiam de forma avassaladora,

acreditando que esse movimento era realmente a solução para a melhoria

da situação econômica que o país vinha enfrentando. Mas eles nem

imaginavam que estavam apoiando um lobo devorador. Devido ao

enfraquecimento do governo de Weimar que administrou a Alemanha

entre 1919 a 1925, o partido nazista ganhou força no ramo da política.

Sendo assim, “A República de Weimar perdeu apoio em outros

importantes setores da sociedade: militares, proprietários de terras,

financistas e empresários passaram a demostrar simpatia pelo partido

Nazista por recearem o avanço comunista [...]” (D’ALESSIO e

CAPELATO, op. cit., p. 27).

Nesse aporte, foram as lutas de interesses e os desejos de poderes,

que fizeram com que o movimento nazista se elevasse para um grande

patamar partidário em 1920. Com isso, o chefe da circulação resolveu

tomar medidas drásticas contra grupos sociais e comunistas que se faziam

presentes no território alemão desde o começo do século XX. A entrada

de Adolfo no Partido Nacional Socialista, fez ascender à facção

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fortemente. Como Hitler não queria que nenhum outro partido político

ou qualquer organização social viesse a interferir em seus ideais de

conquistas, após conseguir atrair para o seu lado pessoas de várias

estâncias do poder estatal, os jovens estudantes, trabalhadores: homens e

mulheres de quase toda a Alemanha, anunciou em público que a partir de

então, só existia um partido alemão que era o Nazismo, e quem ousar-se

ser contra as decisões da facção, seria totalmente exterminado.

A partir do momento que Hitler conseguiu atingir o seu alto grau

de poder em 1933, “impôs um decreto de emergência suspendendo todas

as garantias de liberdade, dissolvendo todos os sindicatos e partidos

políticos, com exceção do partido Nazista, e atribuído a si próprio amplos

poderes ditatoriais [...]” (D’ALESSIO e CAPELATO, 2004, p. 28). Além

do contexto mencionado pelas historiadoras, vale ressaltar, que o ditador

não aceitando perder parte do território alemão para os países vencedores

e querendo a queda do governo de Weimar para elevar o nazismo, rompeu

com o Tratado de Versalhes que havia sido assinado pelas potências

europeias em 1919, alegando o fim da Primeira Guerra Mundial e

promovendo a paz para todos e, resolveu reacender o exército, a marinha,

a indústria armamentista, e fez com quer o serviço militar passassem a

ser obrigatório em seu governo, vindo a adquirir um grande número de

pessoas armadas na lutar a favor do movimento.

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É importante destacar que Weimar é uma cidade alemã

independente localizada na Turíngia e, reconhecida atualmente pela

UNESCO, como sendo um patrimônio cultural da humanidade, em

virtude das numerosas construções arquitetônicas existentes no local.

Conforme o senso de 2012, a cidade consta de cerca de 65.542 mil

habitantes, e a sua formação histórica se deu desde o final do século

XVIII até o início do século XIX, séculos marcados pelo período clássico

onde a região era vista como sendo a cidade dos intelectuais alemães e

europeus a exemplo de Nietzsche e outros que foram destaques na poesia,

na literatura, na filosofia e nas artes. Mas quem levou todo requinte de

poder, riqueza, luxúria, poetas e pensadores para a pequena cidade, foi a

Duquesa alemã Anna Amália Library4.

Com o fim da Primeira Guerra, Weimar deixou de ser uma cidade

imperial e passou a ser uma República de 1919 até 1933, início do regime

nazista. A cidade também é lembrada atualmente não só pelo contexto

histórico da formação política do império e da república, mas também

porque bem pertinho de Weimar, existiu um campo de concentração com

o nome de Buchenwald, onde segundo os informes presentes no Portal da

Alemanha, 50.000 mil pessoas foram exterminadas no governo de Adolfo

Hitler no século XX. Antes do governo Weimar em termo de avanços, a

4 Ver mais a respeito desse assunto no Portal Germânico da Alemanha, ou no site,

www.germany.travel/pt/cidades-e-cultura/cidades/weimar.html

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Alemanha era bem mais crescente do que a França e a Inglaterra. Embora

os Estados Unidos superassem a Alemanha no século XIX com suas

tecnologias, ainda assim se beneficiava bastante de suas matérias-primas

e da exportação de seus capitais.

O crescimento da Alemanha deixava os franceses ainda mais

irritados pelo fato de terem perdido a guerra franco prussiana no ano de

1871. Como afirma Almeida (1999, p. 8), “a derrota alemã em 1918, a

partir da qual surgiu a república de Weimar e o Tratado de Versalhes, que

estabeleceu os termos de paz”, deu a França o desejo de vingar-se dos

alemães assinando um documento no mesmo local onde perderam a

guerra prussiana, sem que houvesse a participação dos vencidos nas

tomadas de decisões. Nesse aporte, pode-se dizer que não houve a

construção de um Tratado em Versalhes, e sim, a organização e

assinaturas de um dito, pelo simples fato de ter sido a Alemanha o país

derrotado, e praticamente obrigado a pagar indenizações aos países

vencedores, mas não foram convidados à participar do tal acordo de

promulgação de paz. Sendo assim, Weimar passou a ser o grande palco

de disputas de poder entre as lideranças dos partidos: Social Democrata

(SPD – com Friedrich Ebert que governou a cidade de 1919/1925) e, do

Partido Populista com o marechal Paul Von Hindenburg que administrou

Weimar de 1925 até 1933, quando de fato perdeu seu cargo para Hitler

com a ascensão do nazismo.

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2.2. A educação no período nazista

No governo de Hitler, muitas regras impostas pelo Tratado foram

desfeitas, porém, o sistema e as formas de ensino continuaram sendo as

mesmas que eram desenvolvidas no século XIX, onde os professores se

apresentavam como sendo os donos do conhecimento, e os alunos apenas

receptores dos diversos saberes que os docentes lhes transmitiam. Para

não serem punidos com regras e castigos violentos, os estudantes tinham

que obedecer em tudo. “Os jovens liam histórias sobre os guerreiros

espartanos e combatentes nórdicos, nas quais aprendiam que o sentido da

existência era servir a pátria. Nessa literatura estavam acentuados valores

como retidão, honra, fidelidade, culto ao líder, heroísmo [...]”

(D’ALESSIO e CAPELATO, op. cit., p. 34). Perante o contexto histórico

apresentado pelas autoras, mostra que a juventude era realmente educada

para ser violenta e agressiva.

Outro ponto que vale a pena ser mencionado, era que os livros

didáticos produzidos no período nazista, também traziam escrito que para

se ter uma vitória era necessário desenvolver um sacrifício. Esse

sacrifício que era ensinado nas escolas, tratava-se da destruição em massa

da população judia. Pois as crianças alemãs, eram educadas no interior

da sala de aula para odiarem os judeus, porque os nazistas as viam como

sendo um mal.

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No nazismo, as pessoas que o partido não considerava como

sendo de raça pura, não podia exercer suas vontades, ao contrário, tinham

que obedecer e realizar os desejos do chefe da facção no caso Hitler que

se considerava um Deus, pronto para salvar o seu mundo e a raça ariana.

Como o ensino executado nas escolas seguiam os mesmos padrões do

sistema tradicional do século XIX, os professores do nazismo

continuaram levando para a escola, “vareta e bastão” para agredir os

alunos quando viesse a errar as disciplinas, ou até mesmos ousar

desobedecer, ou ir contra as questões de ordem do nazismo.

Com a ascensão do partido nazista, os judeus além de serem

afastados das escolas, os “candidatos a professores eram enviados para

campos especiais onde eram observados durante seis semanas; só se

concedia licença para os adeptos da doutrina nazista [...]” (D’ALESSIO

e CAPELATO, 2004, p. 38-39). Na realidade o corpo docente era

obrigado a cooperar intensamente com o regime. A expansão do nazismo,

trouxe muitos investimentos para a educação, mas esses investimentos

não eram para ampliar precisamente a qualidade de ensino das pessoas,

pelo contrário, as mudanças no ensino eram um meio de trazer a

população de crianças, jovens e adultos para o lado do nazismo. “Quando

Hitler assumiu o poder, novecentos professores universitários fizeram

juramento de adesão ao novo regime, acreditando que ele restauraria a

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ordem no país e a hierarquia na sociedade” (D’ALESSIO e CAPELATO,

2004, p. 42).

Do grande número dos docentes que apoiavam o governo nazi na

época, apenas “25% veio a ser afastado da sala de aula, e os 20% dos

professores que não aceitaram a forma de política do nazismo”, foram

alvo de grave repressão. Quem conseguisse fugir escapava da morte, e

quem fosse capturado pelos nazistas era exterminado. D’ALESSIO e

CAPELATO, também nos informa na (p. 42), que “os estudantes de

esquerda eram isolados, e os professores de origem judaica,

desrespeitados e agredidos”. Diante do que foi visto até aqui pode-se

dizer, que o crescimento do movimento ideológico só se deu de fato nas

escolas, em virtude do papel propagandista obrigatório que os

professores e os alunos desenvolviam nos ambientes educativos a favor

de Hitler.

2.3. Escravidão e extermínio nos campos de concentração

Outro fator arrepiante e desumano do nazismo foi a escravidão de

milhares de crianças e adultos que após servirem ao movimento foram

exterminados em guetos e campos de concentração de forma brutal como

se fossem animais prontos para o abate. O trabalho escravo acontecia

dentro dos próprios campos a exemplo de Buchenwald que além de ser

um campo de concentração, era uma fábrica de armas na qual judeus,

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poloneses, prisioneiros políticos da Europa e da união Soviética, bem

como os deficientes físicos e mentais, trabalhavam forçadamente para o

nazismo sem receber nem um centavo pelo serviço prestado. De acordo

com os estudos da historiadora e especialista na história alemão e judaica

atualmente Kim Wünschmann (2016, p. 58).

O campo de tendas de Buchenwald ficou rapidamente

Sobrelotado, tendo as suas péssimas condições

desencadeado mortes em massa; em finais de outubro

eclodiu um surto de desinteira. Os soldados da SS selaram

o campo especial e deixaram os presos entregue à fome.

Até ao fim de 1939 morreram 800 homens.

Conforme o contexto apresentado, enuncia-se que os judeus e as

demais pessoas que eram detidas nos campos de concentração, além de

ficarem presas por tempo indeterminado, sofriam maus tratos físicos

pelos soldados da Sociedade Secreta (SS), que os deixavam dias sem

comida, sem banho, sem higiene ambiental e corporal e, sem falar das

experiências médicas ilegais que os nazis praticavam com eles. Penso

que foram todos esses requisitos de desprezos e maus tratos que

provocaram a morte e as vária doenças no grande número de presos

inocentes que viveram nos centros de concentrações por vários anos, sem

terem cometido crime algum. Nos campos de extermínio, o povo judaico

também era obrigado a recitar poemas para os soldados, como alega Kim

(2016, p. 38) “os judeus foram obrigados a declamar versos antissemitas

humilhantes”.

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Embora o “antissemitismo” seja uma palavra antiga que existe

desde a história do povo hebreu, esse termo ainda é pouco estudado e

discutido em ambientes educativos. Vejo o antissemitismo como sendo

um tipo de preconceito hostil utilizado na modernidade por membros do

poder político ou até mesmo social, para discriminar grupos étnicos e

diferentes culturas e religiões que eles não consideram como sendo parte

da sociedade. A exemplo dos africanos e dos índios que foram

hostilizados na época do Brasil colônia, e vez por outra, em plena

contemporaneidade, ainda se vê senas de descriminação sobre essas

culturas. Na Alemanha nazista, esse tipo de preconceito foi direcionado

aos judeus, no momento que Hitler assumiu o poder, e passou a dar

preferência a raça ariana, rejeitando assim os demais grupos humanos

que residiam no país. Para o escritor sociólogo francês Michel Wieviorka

(2014) no seu texto “Antissemitismo explicado aos jovens” nos diz que:

O antissemitismo moderno se organiza ideologicamente

sob o signo da raça. Os antissemitas, como o jornalista

Édouard Drumont, descrevem os judeus como

naturalmente malévolos, dotados de atributos intelectuais

e morais negativos – eles seriam, por exemplo, ávidos por

dinheiro -, mas também com características físicas que os

diferenciariam dos outros povos (WIEVIORKA, 2014, p.

24 -25).

Não pretendo me estender na discussão do conceito de raça nesse

texto, porque este é um assunto que requer outras leituras. Mas, se

parássemos para estudar a fundo a história do judaísmo, iriamos perceber

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que a população judaica desde os séculos (a. C), foram os povos que mais

imigraram para outros lugares e regiões diferentes da Judéia, em busca

de melhores condições de vida. No século XX na Alemanha, quando

aconteceu a Primeira Guerra Mundial, muitos judeus que já habitavam

esse território desde a época do império romano, lutaram a favor da

Alemanha. Porque consideravam aquela região como sendo a sua pátria.

Para o historiador Gilbert (2006, p. 27), “os judeus eram também

patriotas alemães. Doze mil tinha morrido em ação lutando pela

Alemanha na Primeira Guerra Mundial”. Isso é uma prova que eles

carregavam consigo o sentido de pertença ao país.

Porém, a partir do momento que Adolfo Hitler conseguiu tomar

posse do poder político na Alemanha, as perseguições a população judia

foram tão fortes que acredito que muitos judeus de olhos claros e cabelos

loiros, para não morrerem nos guetos e nas câmaras de gás, chegaram a

negar a sua identidade. Uma vez que o ditador, não aceitava nenhuma

pessoa com ancestralidade judaica como sendo um cidadão germânico.

Quanto as características físicas de um judeu, acho muito difícil

uma pessoa saber diferenciar um judeu de um alemão. Pois existe muitos

judeus de olhos azuis e cabelos louros com nariz bem afilado. O que

tornava um judeu diferente de um alemão no período nazi, acredito que

era a sua fé religiosa, que os levavam a não desistirem em meio aos

obstáculo e desafios no seu dia a dia. Os judeus eram pessoas bem

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equilibradas financeiramente, e possuíam muitos bens. Conforme relata

Martin Gilbert no seu livro “A noite de Cristal”, o primeiro ministro

Neville Chamberlain escreveu uma carta privada sobre o Kristallnacht

onde ele dizia: “acredito que a perseguição nasceu de dois motivos: o

desejo de roubar aos judeus o seu dinheiro e a inveja de sua inteligência

superior” (GILBERT, 2006, p. 231). Isso quer dizer, que bem antes da

expansão do nazismo, o poder comercial e econômico dos judeus já se

fazia crescente no mercado alemão, e a população judia, sentia-se como

sendo pessoas normais entre os arianos.

Mas para entender melhor a respeito do termo antissemitismo

dentro do nazismo, Hannah Arendt (2012) explica que:

Os nazistas não eram meros nacionalistas. Sua

propaganda nacionalista era dirigida aos simpatizantes e

não aos membros convictos do partido. Ao contrário, este

jamais se permitiu perder de vista o alvo político

supranacional. O “nacionalismo” nazista assemelhava-se

à propaganda nacionalista da União Soviética, que

também é usada apenas como repasto aos preconceitos das

massas (ARENDT 2012, p. 25-26).

Todavia, é importante mencionar, que o contexto histórico

apresentado até aqui, não revela tudo sobre o nazismo e as guerras.

Mesmo porque, existem muitas coisas que ainda não foram totalmente

esclarecidas no presente sobre estes dois assuntos. Hitler por exemplo

agia como sendo um ser supremo, escolhido não sei por quem para fazer

tudo o que fez com a humanidade na sua época. Como nos diz Ribeiro

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(1991, p. 74), “muita coisa no nazismo ainda não foi devidamente

esclarecida, principalmente o seu inquietante esoterismo, que escapa à

crítica histórica habitual”.

Enfim, os acontecimentos das guerras que de certa forma

marcaram e marcam até o presente a história da humanidade, requer um

longo estudo. Principalmente em torno das questões do pós-guerra, que

vez por outra surgem fatos e acontecimentos com poucas explicações. A

violência global que hoje tem tomado conta de vários meios de poder

como, por exemplo: a falta de respeito aos cidadãos, os corruptos que

estão no domínio da política, as mortes provocadas por armas de fogo

sem nenhum esclarecimento. Tudo isso são mecanismos que necessitam

de um estudo mais aprofundado na atualidade. Mesmo porque, este é um

problema que envolve muito as questões políticas, econômicas e sociais

de um modo geral, e sem dúvida, as guerras que aconteceram, e as que

estão sendo reescritas ou reeditadas no tempo presente, tem os mesmos

ideais expansionistas do passado.

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