2
EVOLUCAO PALEOGEOGRAFICA DO GRUPO CORUMBA (NEOPROTEROZOICO) -, Paulo Cesar Boggiani (UFMSIPPG - Geol. Sedimentar, IGUSP) <, Armando Marcio Coimbra (IGUSP) " Jorge Hachiro (PPG - Geol. Sedimentar, IGUSP) * Trabalho realizado com auxilio da FAPESP (Proc. 95112?7-9) Na Faixa Paraguai e respectiva cobertura craton ica estao presentes tres sequencias sedimentares. A mais antiga, correspondente aos metassedimentos do Grupo Cuiaba, e constituida predominantemente por pelitos (turbiditos) com quartz- itos e calcarios na base. Os sedimentos glacio-marinhos da Formacao Puga, so- brepostos por pelitos e carbonatos do Grupo Corurnba, cornpoem a sequencia in- termediaria. Enquanto que as molassas do Grupo Alto Paraguai demarcam 0 coroamento da sedimentacao. o Grupo Corurnba, constituido pelas formacoes Cerradinho, Bocaina, Tamengo e Guaicurus (Almeida 1965), foi considerado como uma sucessao sedimentar tipica do Neoproteroz6ico, quando comparada com outras sucess6es de diferentes continentes (Boggiani et al. 1993, Boggiani & Coimbra 1996). Como unidade basal deste grupo e aqui incluida a Formacao Cadiueus (figura 1), de ocorrencia restrita a borda oeste na Serra da Bodoquena. A Formacao Cadiueus, constituida por arc6seos e conglomerados com calhaus e matac6es de granitos e quartzitos em meio a matriz de areia grossa mal se- WANDERLEY, A.A., 1990, Programa Levantamentos Geol6gicos do Brasil: carta geologica, carta metalogenetico/previsional - Escala 1:100.000 (folha SB.24-Z-D-IV Monteiro) Estados de Pernambuco e Paraiba. DNPM/CPRM. Brasilia. JARDIM DE sA, E. F., 1994, A Faixa Serido (Prov'ncia Borborema, NE do Brasil) e 0 seu significado geodinamico na Cadeia Brasiliana/Pan-africana. Tese de doutoramento, Universidade de Bras'lia. 804pp. VAN SCHMUS W.R. , BRITO NEVES, B.8., HACKSPACHER P. & BABINSKI M. 1995. UlPb and Sm/Nd geochronologic studies of the Eastern Borborema Province, Northeasthern Brazil: initial conclusions . REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS lecionada, e interpretada como resultante da coalescencia de leques aluviais em sincronismo com a de grabens nos prim6rdios da instalacao da bacia. , Sob condicoes transgressivas, iniciou-se a sedirnentacao da Formacao Cerrad- inho com terrigenos psamiticos e peliticos, recobertos por espessos pacotes de calcario. Nesta plataforma carbonatica entao instalada, sob condicoes mais rasas e oxidantes, foram depositados os dolomitos r6seos com tepees da Formacao Bo- caina, considerados tipicos cap carbonates pos-qlaciacao Varanger, observados nas demais sucessoes sedimentares do Neoproteroz6ico. Nova fase transgressiva tem seu apogeu no tope desta unidade, onde estao presentes corpos estrornatollti- cos e camadas fosfaticas relacionadas a ressurqencias marinhas (Boggiani et al. 1993). A reqressao subsequente foi responsavel pelo esculpimento parcial da plata- forma Bocaina, originando no sope de talude marcante brecha intraformacional com intraclastos de Iitologias e tamanhos diversos. As exposicoes desta brecha, ao lange do limite da faixa de dobramentos com 0 craton, definem a borda do paleo- continente com 0 oceano a leste, no sentido da faixa de dobramento. Posteriormente, sob condicoes francamente oceanicas resultantes de trans- gressao de maior amplitude, tem-se na Formacao Tamengo a sedirnentacao car- bonatica com registro das mudanc;:as globais ocorridas no final do Neoproteroz6ico, evidenciadas por incursao positiva de S13 C (Ediacarana) e ocorrencia de meta- zoarios f6sseis vendianos (Cloudina e Corumbella). 0 tope da Formacao Tamengo transiciona para espessos pacotes de siltitos e folhelhos da Formacao Guaicurus, com amplas exposicoes a leste da Serra da Bodoquena. Interpreta-se assim 0 Grupo Corurnba como depositado em grabens (formacoes Cadiueus e Cerradinho), evoluindo para abertura oceanica com sedirnentacao em margem continental passiva (formac;:6es Bocaina e Tamengo), culminando com pe- Iitos da Formacao Guaicurus, que marcam 0 maximo de expansao da bacia. Desta forma, considera-se 0 Grupo Corurnba como associado aos rifteamentos neopro- terozoicos que resultaram na fraqmentacao do supercontinente Rodinia . ALMEIDA , F.F.M. de 1965. Geologia da Serra da Bodoquena (Mato Grosso), Brasil. Bol. da Div. Geologia e Mineralogia, DNPM, (219):1-96. BOGGIANI, P.C. & COIMBRA, A.M. 1996. THE CORUMBA GROUP (CENTRAL SOUTH AMERICA) IN THE CONTEXT OF LATE NEOPROTEROZOIC GLOBAL CHANGES. An. Acad. Bras. Ciencias, Resumos, 68 (no prelo). BOGGIANI, P.C.; FAIRCHILD, T.R.; COIMBRA, A.M. 1993. 0 Grupo Corurnba (Neoproteroz6ico - Cambriano) na regiao central da Sena da Bodoquena, Mato Grosso do Sui (Faixa Paraguai). Revisla Brasileira de Geociencias, 23(3):301-305. - \ -) .) REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..l"- '\ .... \ , . 132 FAIXAS MOVEIS PROTEROZOICAS \ XXXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA J C ', ' I l> r 1-+-1;. \; (, 133

repositorio.usp.br · o objetivo desta sintese e propor uma hist6ria deformacional para 0 Complexo Metavulcano-sedimentarCoxilha do Batovi(CCB)(Sao Gabriel, RS)(Schmitt, 1995) e correlacionar

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: repositorio.usp.br · o objetivo desta sintese e propor uma hist6ria deformacional para 0 Complexo Metavulcano-sedimentarCoxilha do Batovi(CCB)(Sao Gabriel, RS)(Schmitt, 1995) e correlacionar

~EVOLUCAO PALEOGEOGRAFICA DO GRUPO

CORUMBA (NEOPROTEROZOICO)-,

Paulo Cesar Boggiani(UFMSIPPG - Geol. Sedimentar, IGUSP)

<, Armando Marcio Coimbra(IGUSP)

" Jorge Hachiro(PPG - Geol. Sedimentar, IGUSP) *

Trabalho realizado com auxilio da FAPESP (Proc. 95112?7-9)

Na Faixa Paraguai e respectiva cobertura craton ica estao presentes tressequencias sedimentares. A mais antiga, correspondente aos metassedimentos doGrupo Cuiaba, e constituida predominantemente por pelitos (turbiditos) com quartz­itos e calcarios na base. Os sedimentos glacio-marinhos da Formacao Puga, so­brepostos por pelitos e carbonatos do Grupo Corurnba , cornpoem a sequencia in­termediaria. Enquanto que as molassas do Grupo Alto Paraguai demarcam 0

coroamento da sedimentacao.

o Grupo Corurnba, constituido pelas formacoes Cerradinho, Bocaina, Tamengoe Guaicurus (Almeida 1965), foi considerado como uma sucessao sedimentartipica do Neoproteroz6ico, quando comparada com outras sucess6es de diferentescontinentes (Boggiani et al. 1993, Boggiani & Coimbra 1996). Como unidade basaldeste grupo e aqui incluida a Formacao Cadiueus (figura 1), de ocorrencia restritaa borda oeste na Serra da Bodoquena.

A Formacao Cadiueus, constituida por arc6seos e conglomerados com calhause matac6es de granitos e quartzitos em meio a matriz de areia grossa mal se-

WANDERLEY, A.A., 1990, Programa Levantamentos Geol6gicos do Brasil: carta geologica, cartametalogenetico/previsional - Escala 1:100.000 (folha SB.24-Z-D-IV Monteiro) Estados dePernambuco e Paraiba. DNPM/CPRM. Brasilia.

JARDIM DE sA, E. F., 1994, A Faixa Serido (Prov'ncia Borborema, NE do Brasil) e 0 seu significadogeodinamico na Cadeia Brasiliana/Pan-africana. Tese de doutoramento, Universidade de Bras'lia .804pp.

VAN SCHMUS W.R. , BRITO NEVES, B.8., HACKSPACHER P. & BABINSKI M. 1995. UlPb andSm/Nd geochronologic studies of the Eastern Borborema Province, Northeasthern Brazil: initialconclusions .

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

lecionada, e interpretada como resultante da coalescencia de leques aluviais emsincronismo com a gera~o de grabens nos prim6rdios da instalacao da bacia. ,

Sob condicoes transgressivas, iniciou-se a sedirnentacao da Formacao Cerrad­inho com terrigenos psamiticos e peliticos, recobertos por espessos pacotes decalcario. Nesta plataforma carbonatica entao instalada, sob condicoes mais rasas eoxidantes, foram depositados os dolomitos r6seos com tepees da Formacao Bo­caina, considerados tipicos cap carbonates pos-qlaciacao Varanger, observadosnas demais sucessoes sedimentares do Neoproteroz6ico. Nova fase transgressivatem seu apogeu no tope desta unidade, onde estao presentes corpos estrornatollti­cos e camadas fosfaticas relacionadas a ressurqencias marinhas (Boggiani et al.1993).

A reqressao subsequente foi responsavel pelo esculpimento parcial da plata­forma Bocaina, originando no sope de talude marcante brecha intraformacionalcom intraclastos de Iitologias e tamanhos diversos. As exposicoes desta brecha, aolange do limite da faixa de dobramentos com 0 craton, definem a borda do paleo­continente com 0 oceano a leste, no sentido da faixa de dobramento.

Posteriormente, sob condicoes francamente oceanicas resultantes de trans­gressao de maior amplitude, tem-se na Formacao Tamengo a sedirnentacao car­bonatica com registro das mudanc;:as globais ocorridas no final do Neoproteroz6ico,evidenciadas por incursao positiva de S13C (Ediacarana) e ocorrencia de meta­zoarios f6sseis vendianos (Cloudina e Corumbella). 0 tope da Formacao Tamengotransiciona para espessos pacotes de siltitos e folhelhos da Formacao Guaicurus,com amplas exposicoes a leste da Serra da Bodoquena.

Interpreta-se assim 0 Grupo Corurnba como depositado em grabens (formacoesCadiueus e Cerradinho), evoluindo para abertura oceanica com sedirnentacao emmargem continental passiva (formac;:6es Bocaina e Tamengo), culminando com pe­Iitos da Formacao Guaicurus, que marcam 0 maximo de expansao da bacia. Destaforma, considera-se 0 Grupo Corurnba como associado aos rifteamentos neopro­terozoicos que resultaram na fraqmentacao do supercontinente Rodinia .

ALMEIDA , F.F.M. de 1965. Geologia da Serra da Bodoquena (Mato Grosso), Brasil. Bol. da Div.Geologia e Mineralogia, DNPM, (219):1-96.

BOGGIANI, P.C. & COIMBRA, A.M. 1996. THE CORUMBA GROUP (CENTRAL SOUTH AMERICA) INTHE CONTEXT OF LATE NEOPROTEROZOIC GLOBAL CHANGES. An. Acad. Bras. Ciencias,Resumos, 68 (no prelo).

BOGGIANI, P.C.; FAIRCHILD, T.R.; COIMBRA, A.M. 1993. 0 Grupo Corurnba (Neoproteroz6ico ­Cambriano) na regiao central da Sena da Bodoquena, Mato Grosso do Sui (Faixa Paraguai).Revisla Brasileira de Geociencias, 23(3):301-305.

- \ -) .)

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..l"-'\ .... \

,.

132 FAIXAS MOVEIS PROTEROZOICAS \ XXXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA

JC

' , ' I l> ~,' r ~,'. 1-+-1;. \; (,

133

Page 2: repositorio.usp.br · o objetivo desta sintese e propor uma hist6ria deformacional para 0 Complexo Metavulcano-sedimentarCoxilha do Batovi(CCB)(Sao Gabriel, RS)(Schmitt, 1995) e correlacionar

o objetivo desta sintese e propor uma hist6ria deformacional para 0 ComplexoMetavulcano-sedimentar Coxilha do Batovi(CCB)(Sao Gabriel, RS)(Schmitt, 1995)e correlacionar estes dados com a evolucao tect6nica do Bloco Sao Gabriel(BSG),unidade geotect6nica do oeste do Escudo Sul-rio-grandense.

o CCB e uma sequencia de rochas de baixo grau metam6rfico (facies prehnita­pumpellyita e xisto verde inferior), constituida por metapsamitos calciferos, ar­cosianos e quartziticos, incluindo metagrauvacas, metapelitos, marmores, metavul­canicas, "metairon-formation", metabasitos e metagranit6ides. Os dois principaisregimes tectonicos registrados no CCB sao, em ordem cronol6gica: (1) tectonicade ernpurrao e (2) tect6nica de transcorrencia.

ANALISE DA DEFORMACAO EM UM COMPLEXOMETAVULCANO· SEDIMENTAR E SUAS

·IMPLICACOESNAEVOLUCAOTECi>NICADOBLOCO SAO GABRIEL (RS)

FASE 01 - TECTONICA DE EMPURRAO

INTRODUCAO

A Fase 01 teve duas subfases, denominadas Ciclos de Transposicao. 0 Ciciode Transposicao 01 a e registrado pela fotiacao protomilonitica a milonitica (STa),que transp6e totalmente 0 acamadamento (SO), e pelas dobras intrafoliais semraiz(eixos B1a). No Cicio 01b, a foliacao milonitica STa edobrada, com a formacaode dois grupos de dobras(eixos B1b): 0 primeiro tem verqencia para leste, os eixos,ortogonais a lineacao de estiramento, tern caimento para N e S ; 0 segundo grupoapresenta vergemcia para NE, os eixos tern caimento para NW e SE e sao sub­paralelos a paralelos a lineacao. Esta distribui~o do dobramento relaciona-se coma geometria das zonas miloniticas de cavalgamento para E-SE, fazendo-se umaanalogia as rampas frontais, primeiro grupo, e laterais, segundo grupo (Alsop &Holdsworth, 1993).

A transicao entre os ciclos 01a - 01b e decorrente de uma deformacao progres­siva, po is tanto a direcao da cornpressao quanto 0 regime tect6nico de ernpurraoforam os mesmos.

Renata da Silva Schmitt(Oepto de Geologia - IGEOIUFRJ)

-tUro.cOE'c:::J <0Lo .......o root;o roa. Lo:::J :::JLot::(90)o.c-08o 0>1m ._Oro'00 :::J00>a.rox Lo

w ro0...

I

-~cu·­1.0 ro::]LLClro

U::: C

"~ 0 ,,~"ll ~J ~ G'C:I "lj.~1~a 5~s ~ CD ~ ~ :~

i3

'""000;

E«ID"0o

"0

'".g 'UoE

'"

ill<D(J)..-

~.. '"c>cIff!o~'''0~'"E~QUll.. ..

C,

Ig fII()l::J!IS a>

E~o !ISILO

co coM

o 0I!IS '2(,)I .-!IS"E lIS... t:o CDILO

co...co....IN

., '"""CI 0.=! ::=.. '0- ~

~

Ig 0()lC'l!IS s::::E a>o !ijILl-

coINM

o fIIIllS ::Jg'..~E'iiio jIL(!)

~E.....

oJ::g.'"s

o...'":~

i ~ ~ ~ .., ~ i ~iir51i·1iI••iiiiiiI= ~ f!~ E ~t-~~

~'''- ~~E~\/~~~ '"~"'- -,- .';\<;-~9,".gl

~ o.~o" ~/ . ' 0'0; f1 ", '' ~:'");- -'...: "'~ ~ /

C>a::J

z ==

134 FAIXAS MOVEIS PROTEROZOICAS XXXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA 135