O Papel Da Universidade No Desenv. Local -UNIFEI

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CENTRO UNIVERSITRIO AUGUSTO MOTTA PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL

Genecy Moraes Coelho Junior

O PAPEL DA UNIVERSIDADE NO DESENVOLVIMENTO LOCAL - ESTUDO DE CASO DA UNIFEI, ITAJUB, MG.

RIO DE JANEIRO

Novembro de 2008

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CENTRO UNIVERSITRIO AUGUSTO MOTTA PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL

O PAPEL DA UNIVERSIDADE NO DESENVOLVIMENTO LOCAL - ESTUDO DE CASO DA UNIFEI, ITAJUB, MG.Genecy Moraes Coelho Junior

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Local do Centro Universitrio Augusto Motta (UNISUAM), como requisito parcial para obteno do ttulo de Mestre em Desenvolvimento Local rea de Concentrao: Desenvolvimento e Trabalho.

Orientadora: Dra. Mariza Costa Almeida Co-orientador: Dra. Branca Regina Cantisano Riscado da Silva Terra

RIO DE JANEIRO Novembro de 2008

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Genecy Moraes Coelho Jnior

O PAPEL DA UNIVERSIDADE NO DESENVOLVIMENTO LOCAL - ESTUDO DE CASO DA UNIFEI, ITAJUB, MG.Dissertao submetida ao processo de avaliao pela Banca Examinadora para obteno do ttulo de MESTRE EM DESENVOLVIMENTO LOCAL E aprovada na sua verso final em 28 de novembro de 2008, atendendo s normas da legislao vigente do Centro Universitrio Augusto Motta (UNISUAM), Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Local, rea de Concentrao: Desenvolvimento e Trabalho.

BANCA EXAMINADORA ........................................................................................... Dra. Mariza Costa Almeida Presidente (UNISUAM) ........................................................................ Dr. Jos Manoel Carvalho de Mello Membro (UFF) ........................................................................................ Dra. Elaine Cavalcante Peixoto Borin Membro (UNISUAM) ....................................................................................... Dr. Thaddeus Gregory Blanchette Suplente (UNISUAM)

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Coelho Junior, Genecy Moraes O papel da universidade no desenvolvimento local - estudo de caso da UNIFEI, Itajub, MG. / Genecy Moraes Coelho Junior. Rio de Janeiro, 2008. 111 p. Dissertao (Mestrado). Centro Universitrio Augusto Motta, 2008. 1. Desenvolvimento Local Itajub, MG. 2. Universidade Federal de Itajub Pesquisa. 3. Hlice trplice. 4. Incubadora. I. Ttulo

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MENSAGEM

se a sociedade sozinha no transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se a nossa opo progressista, se estamos a favor da vida e no da morte, equidade e no da injustia, do direito e no do arbtrio, no temos outro caminho se no viver plenamente a nossa opo. Encarn-la diminuindo assim a distncia entre o que dizemos e o que fazemos.

Paulo Freire

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DEDICATRIA

Esse trabalho dedicado

As minhas tias, Neuza Julio de Souza e Nilza Julio da Rocha que me acolheram como filho e at hoje com o mesmo amor, compreenso e dedicao continuam me apoiando em todos os aspectos, a vocs o meu muito obrigado.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre presente em minha vida. A minha esposa Aldeci Rosadas Coelho, pelo amor, carinho e compreenso . Aos meus filhos Bruno, Amanda e Fernanda pela pacincia, apoio e incentivo antes e durante o mestrado. E a Fernanda o meu reconhecimento pela sua ajuda incansvel durante os dois anos e meio do mestrado. Aos meus pais, Genecy e Neide (me in memoriam), pela dedicao, amor e por me incentivar sempre a buscar meus ideais. A minha orientadora, professora Mariza Almeida, que deu um novo rumo a minha pesquisa e sempre pacientemente encontrou palavras para estimular-me nas horas difceis de desnimo e dificuldades. A empresa Pronac - Empreendimentos Comerciais e Industriais Ltda., na pessoa da Cleonice Otoni, que me liberou no perodo relativo s aulas do mestrado. A amiga-irm do mestrado Isabel pelo apoio em todos os momentos. A amiga professora Luciana Gavioli pelo seu apoio incondicional. Eu sado na pessoa do professor Sebastio Votre, os docentes do Curso de Mestrado em Desenvolvimento Local da UNISUAM. Aos demais amigos do curso de mestrado, que sempre encontravam palavras amigas de incentivo para caminharmos juntos. coordenao do Curso de Mestrado em Desenvolvimento Local da UNISUAM na pessoa de seu coordenador, Prof. Jos Teixeira de Seixas Filho. Pr-reitoria de Pesquisa e Ps-Graduao, na pessoa do seu Pr-Reitor, Prof. Carlos Alberto Figueiredo da Silva. vii

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Ao Centro Universitrio Augusto Motta, na pessoa do seu Magnfico Reitor, Prof. Arapuan Medeiros da Motta Netto e da sua Chanceler, Profa Ana Cristina Monteiro da Motta Cruz. Um agradecimento especial as pessoas que disponibilizaram do seu tempo para realizao das entrevistas, Paulo Labegaline e Renato Aquino (UNIFEI); Geanete Morais e Mauricio Bittencourt (INCIT); Ronaldo Abranches (FACESM), Erwin Mdisson (UNIVERSITAS); Antnio Raimundo, Jos Rodolfo e Antonio Toscano (Prefeitura de Itajub) e Luis Srgio e Mariana Marins (empresas incubadas)

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RESUMO

COELHO JNIOR, Genecy Moraes. O Papel da Universidade no Desenvolvimento Local - estudo de caso da UNIFEI, Itajub, MG (Dissertao de Mestrado). Rio de Janeiro: PPGDL - Centro Universitrio Augusto Motta, UNISUAM, 2008.

Nos ltimos anos o avano tecnolgico, aproximou os pases e as barreiras comerciais foram reduzidas, o que ocasionou uma grande concorrncia entre as empresas. Nesse ambiente, as empresas precisam cada vez mais inovar e o investimento em conhecimento passa a ser prioridade para sua permanncia neste mercado to competitivo e dinmico. Com poucos recursos neste segmento, essas empresas tm perdido competitividade, ocasionando o seu fechamento, a reduo de empregos e a perda de receita para os municpios, o que contribui para a decadncia dos locais onde esto inseridas. As regies ou municpios tm recorrido s universidades para desenvolver tecnologia para a produo de inovao. Neste cenrio a universidade vem assumindo funes relevantes na sociedade, adicionando ao ensino, pesquisa e extenso, a promoo do desenvolvimento econmico e social, numa mudana de paradigma da atual universidade tradicional para a universidade empreendedora. Esta dissertao trata da anlise do papel da Universidade Federal de Itajub (UNIFEI), localizada na cidade de Itajub, Minas Gerais, no fomento ao desenvolvimento local por meio de incubadoras, sob a perspectiva do modelo da hlice trplice. Este estudo foi desenvolvido atravs de metodologias qualitativas e quantitativas, baseado em pesquisa documental, teses e entrevistas semi-estruturadas. As concluses apresentadas, a partir da anlise dos resultados do estudo de caso, ressaltam para a importncia do papel da universidade empreendedora no desenvolvimento local a partir da transferncia de tecnologia e conhecimento para as empresas e sociedade concebendo as incubadoras como agente de inovao.

Palavras-chave: desenvolvimento local, hlice trplice, universidade empreendedora, incubadoras.

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ABSTRACT

COELHO JNIOR, Genecy Moraes. O Papel da Universidade no Desenvolvimento Local - estudo de caso da UNIFEI, Itajub, MG (Dissertao de Mestrado). Rio de Janeiro: PPGDL - Centro Universitrio Augusto Motta, UNISUAM, 2008.

In the last years technological advancement has bought countries together and reduced commercial barriers, causing a great competition between companies. In this environment companies need to innovate even more every time and the investment in knowledge becomes a priority to survive in this dynamic and competitive market. With little resources in this segment these companies have lost competitiveness causing their closure, reduction of employment and loss of revenue to the cities, contributing to the decadency of the area they are located. The areas or cities have been appealing to the universities to create technology for product innovation In this scene the university has been taking up relevant functions in society adding to the education, expansion and research the promotion of economical and social development in a change of paradigms from todays traditional university to an entrepreneur one. This thesis approaches the analysis of the role of Itajaubas Federal University, located in the city of Itajauba, Minas Gerais, in the growth of local development by the use of incubators under the perspective of the triple helix model. This study was developed through quantitative and qualitative methodologies, based in documental research, thesis and semi-structured interviews. The conclusions presented, starting with the analyze of case study results enhance the importance of the entrepreneur university in the local development by transferring technology and knowledge to the companies and society conceiving the incubators as an innovation agent. Key words: Local development, triple helix, entrepreneurial university, incubator

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SUMRIO

INTRODUO ......................................................................................................... 01 OBJETIVOS ........................................................................................................ 06 METODOLOGIA E QUESTES ......................................................................... 07 CAPTULO 1: REFERENCIAL TERICO ............................................................... 10 1.1. INOVAO TECNOLGICA ....................................................................... 10 1.2. HLICE TRPLICE E UNIVERSIDADE EMPREENDEDORA ...................... 13 1.3. DESENVOLVIMENTO REGIONAL E HLICE TRPLICE............................ 19 CAPTULO 2: INCUBADORA DE EMPRESAS ...................................................... 24 2.1. HISTRIA .................................................................................................... 24 2.2. CONCEITO .................................................................................................. 26

CAPTULO 3: A UNIFEI E SUA CONTRIBUIO AO DESENVOLVIMENTO ECONMICO E SOCIAL DE ITAJUB, MG.................................... 33 3.1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB UNIFEI ................................... 34 3.2. A CRIAO DO ESPAO DO CONHECIMENTO E A CULTURA EMPREENDEDORA .................................................................................... 37 3.2.1. A contribuio da UNIFEI .................................................................. 42 3.3. A CRIAO DO ESPAO DE CONSENSO E A CRIAO DOS FRUNS ...................................................................................................... 43 3.4. A CRIAO DO ESPAO DE INOVAO E O CONJUNTO DE PROJETOS DE INCUBAO ............................................................... 52 3.4.1. As Incubadoras .................................................................................. 53 3.4.1.1. Incubadora de Empresas de Base Tecnolgica de Itajub INCIT ........................................................................................... 58 3.4.1.2. Centro Gerador de Empresas de Itajub - CEGEIT .................... 62 3.4.1.3. Incubadora Tecnolgica de Cooperativas Populares INTECOOP .................................................................................. 63 3.5. A REGIO HLICE TRPLICE ..................................................................... 66 xi

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CONSIDERAES FINAIS ..................................................................................... 75 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................ 79

ANEXOS: ANEXO 1. Instrumento de Coleta de Dados: Questionrios..................................... 86 ANEXO 2. Relao dos entrevistados ...................................................................... 91 ANEXO 3. Entrevistas com empresas incubadas .................................................... 92 ANEXO 4. Quadro dos parceiros das incubadoras .................................................. 94

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INDICE DE FIGURAS

Figura 1 Configurao das hlice trplice .......................................................................... 14 Figura 2 Configurao da hlice trplice das incubadoras ............................................... 54 Figura 3 INCIT/CEGEIT Contribuio das Instituies em recursos econmicos ......... 56 Figura 4 Contribuio dos parceiros em recursos financeiros ....................................... 57 Figura 5 Evoluo da Incubadora INCIT ............................................................................. 59 Figura 6 Evoluo da Incubadora CEGEIT ......................................................................... 63

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INDICE DE TABELAS

Tabela 1 UNIFEI - Influncias internas e externas nas atividades empreendedoras ..... 35 Tabela 2 Dados Gerais das Incubadoras de Itajub .......................................................... 55

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INDICE DE QUADROS

Quadro 1 Perfil das Empresas Incubadas INCIT .............................................................. 60 Quadro 2 Os parceiros das incubadoras ............................................................................. 94

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACIEI Associao Comercial, Industrial e Empresarial de Itajub ALCOA Empresa de Alumnio no Brasil ANPROTEC Associao Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores BDMG Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais CEDIN - Programa dos Centros de Desenvolvimento de Indstrias Nascentes CEGEIT - Centro Gerador de Empresas de Itajub IDH ndice de desenvolvimento humano. CEFET-RJ - Centro Federal de Educao Tecnolgica Celso Suckow da Fonseca CEREC - Centro Regional de Cultura (FACASM) CERTI - Centro Regional de Tecnologia em Informtica de Santa Catarina Universidade CETEQ - Centro Tecnolgico de Minas Gerais CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnolgico C&T - Instituio de Cincia e Tecnologia EFEI - Escola Federal de Engenharia de Itajub E-MX, Equipamentos para Motos, EUA Estados Unidos da America EBT - Empresas de Base Tecnolgica FACESM - Faculdade de Cincias Sociais Aplicadas do Sul de Minas FAPEMIG Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de Minas Gerais FAPEPE - Fundao de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extenso de Itajub (UNIFEI) FEPI Fundao de ensino e pesquisa de Itajub FINEP financiadora de Estudos e Projetos FIESPI - Instituies de Ensino Superior de Itajub IEI - Instituto Eletrotcnico de Itajub IEL - Instituto Euvaldo Lodi IEMI - Instituto Eletrotcnico e Mecnico de Itajub IEP - Instituies de Ensino e Pesquisa xvi

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IETI-CEFET/RJ - Incubadora de empresas de Base Tecnolgica do CEFET/rj INCIT - Incubadora de Empresas de Base Tecnolgica de Itajub, INPPEX - Instituto de Ps-Graduao, Pesquisa e Extenso (FACASM) INTECOOP - Incubadora Tecnolgica de Cooperativas Populares de Itajub IPES - Frum das Instituies Publica de Ensino Superior de Minas Gerais. MG - Governo do Estado de Minas Gerais MPEs - Micro e Pequenas Empresas NIT - Ncleo de Tecnologia da Universidade (UNIFEI) ParqTec Fundao Parque de Alta Tecnologia de So Carlos (SP) PII - Programa de Incentivo Inovao PMI Prefeitura Municipal de Itajub PRONINC - Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas ReINC Rede de Incubadoras, Plos e Parques Tecnolgicos do Rio de Janeiro RMI Rede Mineira de Inovao SEBRAE - Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas SIMMMEI Sind. Ind. Met. Mec. e Mat. Eltr. de Itajub UFSC - Federal de Santa Catarina UNICAMP-Universidade Estadual de Campinas UNIFEI - Universidade Federal de Itajub, UNIVERSITAS - Centro Universitrio de Itajub

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INTRODUO

O avano da cincia, responsvel pelo grande avano da inovao tecnolgica e em todas as reas do conhecimento, como por exemplo, na informao, na biotecnologia, na gentica, na eletrnica, vem modificando e construindo novo paradigma mundial de desenvolvimento. Com o advento da globalizao, que pode ser entendida como a crescente integrao mundial, o mundo ficou on-line, as distncias foram praticamente pulverizadas e as barreiras comerciais entre os pases foram reduzidas, aproximando os mercados produtores e consumidores, o que ocasionou uma grande concorrncia entre as empresas, tornando os negcios altamente competitivos. Nesse ambiente, as empresas precisam inovar cada vez mais e o investimento em conhecimento e tecnologia passa a ser prioridade para sua permanncia nesse mercado to competitivo e dinmico. Entretanto, o investimento nesta rea caro e arriscado e com poucos recursos nesse segmento, muitas empresas tm perdido competitividade, ocasionando o encerramento de suas atividades, ocasionando assim reduo de empregos e a perda de receita para os municpios, o que contribui para a decadncia dos locais onde esto inseridas. Por outro lado, as universidades, produtoras de conhecimento, desenvolvem pesquisas que podem contribuir com tecnologia para o crescimento e competitividade das empresas. Nesse cenrio a universidade vem ampliando seu papel na sociedade, alm do tradicional ensino, pesquisa e extenso. Um desses papis de o agente do desenvolvimento econmico e social. Neste contexto a universidade assume caractersticas empreendedoras e passa a transferir tecnologia s empresas e sociedade. Entre os instrumentos de transferncia podem ser citados: as empresas spin-off; empresas juniores; escritrios de transferncia,venda de patentes e incubadora de empresas, sendo esse um dos objetos de estudo. As incubadoras, normalmente localizadas no Campus das Universidades, so ambientes dotados de infra-estrutura fsica e recursos humanos voltados para converter idias em produtos, servios e processos inovadores, seja por pessoas

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fsicas, seja por empresas em fase inicial ou consolidadas no mercado, sendo classificadas de acordo com o tipo de atividade, como: tecnolgica, tradicional, mista, cultural, de cooperativas e outras. De acordo com ANPROTEC, (2007), a taxa de mortalidade das empresas desenvolvidas nas incubadoras de 20%, enquanto que a taxa das no incubadas de 56,4% no mesmo perodo (SEBRAE, 2007). O modelo de desenvolvimento econmico utilizado foi o da Hlice Trplice, desenvolvido por Loet Leydesdorff e Henry Etzkowitz, que tem por base a interao entre as esferas, universidade, empresa e governo, e a universidade considerada o elemento chave. Essa interao desenvolve um espao hbrido, que pode ser considerado espao de inovao. O estudo de caso aborda o papel da Universidade Federal de Itajub UNIFEI, situada em Itajub, municpio de Minas Gerais, sob a tica da hlice trplice no desenvolvimento local, por meio das incubadoras de empresas. Esta cidade est localizada no eixo das metrpoles So Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, sendo conhecida pela sua vocao universitria e tambm por possuir o melhor IDH do Estado. Nesse tpico averigua-se o comportamento da universidade como empreendedora, e um dos seus projetos para gerao de empreendimentos que utiliza como instrumento as incubadoras de empresas para o desenvolvimento econmico e social de Itajub. Este projeto foi idealizado na dcada de 90 quando o pas apresentava uma forte concorrncia dos produtos importados, pela reduo das alquotas das tarifas alfandegrias, o que levou muitas empresas nacionais a encerrarem suas atividades por falta de competitividade. O projeto utiliza trs vertentes, a cultura empreendedora, a criao de um frum das Instituies de Ensino Superior IES local e um conjunto de projetos de incubao para disseminar o empreendedorismo, criar empresas inovadoras, assim como gerar empregos e renda para a sociedade local. No modelo da hlice trplice, a universidade assume um papel empreendedor e assume um papel de protagonista na promoo do desenvolvimento econmico e social, seja do local, municpio ou do pas. A transformao do atual formato de universidade prepara o individuo para uma nova realidade de mundo, contribuindo para a formao de profissionais dinmicos, empreendedores e inovadores.

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Segundo Terra (2001), a Universidade Empreendedora possibilita a mudana do paradigma atual, tradicional e conservador, para uma universidade moderna, que transcende ao utilizar a inovao e a transferncia tecnolgica como instrumento de promoo do desenvolvimento econmico e social. O conceito de hlice trplice explica as novas e complexas relaes interinstitucionais quando ocorre inovao tem por base a interao entre a trade universidade-empresa-governo. A idia central desse modelo desenvolvido por Etzkowitz e Leydesdorff (1996) elaborar condies para o surgimento de inovaes na sociedade baseada no conhecimento atravs do processo contnuo de troca entre as trs esferas. Segundo os autores, sempre que ocorre a sobreposio entre as instituies oriundas das esferas universidade-empresa-governo gera uma mudana no ambiente cultural em termos de estratgias de inovao. Ela integra cincia e tecnologia, e provoca novas questes para a pesquisa bsica. A interao entre esses trs atores alm de integrar cincia e tecnologia, provoca novas questes para a pesquisa bsica, esse modelo valoriza a importncia da sociedade do conhecimento, a cerne da teoria da hlice tripla o papel transformado da universidade na sociedade, (ETZKOVITZ, p. 78, 2008). As empresas baseadas no conhecimento, mesmo com laboratrios prprios para se aprimorarem e desenvolver novas tecnologias buscam apoio externo, como universidades, laboratrios governamentais e outras instituies que utilizam laboratrios de cincia e tecnologia C&T. Contudo, da mesma forma que as empresas procuram esse apoio, as universidades se reorganizam e redefinem a sua misso institucional. A universidade amplia a sua misso ao incorporar o desenvolvimento econmico e social e assume um papel empreendedor na produo continua de inovao tecnolgica e organizacional. Conforme Etzkowitz e Leydesdorff (1998, p. 204-205) as universidades estabelecem seus prprios mecanismos de transferncia de tecnologia, como: escritrios de intermediao, empresas spin-off, empresas juniores e incubadoras de empresas. Como a inovao tecnolgica prpria desse ciclo evolutivo, a universidade transforma-se em principal protagonista da hlice trplice (ETZKOWITZ, 2005). A universidade empreendedora representa uma evoluo dos paradigmas tradicionais e conservadores incorporando conceitos dinmicos como:

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empreendedorismo, a inovao tecnolgica e a transferncia de conhecimento. A transformao deste modelo prepara profissionais empreendedores para a nova realidade do mundo, altamente competitivo e inovador (TERRA, 2001). Nos EUA a evoluo para universidade empreendedora ocorreu segundo as necessidades externas da prtica da cincia industrial e das influenciais polticas governamentais geradas pelas pesquisas financiadas pelo governo. A mudana das polticas de regras de propriedade intelectual foi o divisor de guas, pois influenciou a capitalizao de conhecimento e mudou a maneira pelas quais os cientistas viam o resultado de suas prprias pesquisas. O relacionamento universidade, indstria e governo um dos fatores que mais contribuem para o crescimento econmico, com o desenvolvimento de novas empresas, produtos, processos e servios inovadores (ETZKOWITZ, LEYDESDORFF, 1998, p. 206). As esferas ao cruzarem os limites de suas atribuies criam novas relaes no desenvolvimento econmico e social, de modo que a empresa e a universidade esto cada uma delas assumindo tarefas que anteriormente eram realizadas uma pelas outras (ETZKOWITZ, 1998, p.204; 2005). Dentro desta perspectiva terica o desenvolvimento econmico ocorre com a transformao de reas com formatos tradicionais, apoiados na cultura e industria, em regio hlice trplice. Nesta regio esto presentes instituies do conhecimento, universidades, de cincia e tecnologia, e instituies de suporte como fundos de investimento e organizaes venture capital com interesse em promover o desenvolvimento, e pode ser conceituado como algo que acontece por trs espaos no lineares: conhecimento, consenso e inovao (ETZKOWITZ, 2005, p. 4). O foco desta regio est na criao de organizaes hbridas, tais como a incubadora, para apoiar o processo de criao de empresas (ETZKOWITZ, H., et al., 2005, p.1). Ainda segundo este autor, a incubadora de empresas pode ser entendida como um espao hbrido, uma das vertentes da hlice trplice. A incubao foi criada inicialmente pela universidade para transferir alta tecnologia. Atualmente elas desempenham um papel relevante no desenvolvimento local, como espao de aprendizado e transferncia de tecnologia. As incubadoras de empresas, principalmente as vinculadas

Universidade, tm por objetivo a criao e desenvolvimentos de empresas

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inovadoras, seja de produtos, processos ou servios. A incubadora geralmente fica no campus da universidade, onde encontra um ambiente favorvel, com infraestrutura fsica e gerencial. Ela tem sido uma das estratgias adotadas no mundo para a criao e o desenvolvimento das MPEs (ALMEIDA, 2004; ANPROTEC 2007; SEBRAE, 2006; CEFET-RJ, 2006; ReINC, 2007). As incubadoras, ao colocarem em prtica seus conceitos bsicos, ampliam sua funo e incorporam naturalmente um espao de aprendizado. A incubao fundamentalmente um processo educacional para treinar organizaes no funcionamento adequado independente se aqueles que esto em treinamento so oriundos da academia ou pessoas sem educao formal. Ela converge para iniciativas laterais de cooperao, de maneira que acompanha uma tendncia de descentralizao das organizaes de estrutura horizontal rgidas, burocrticas e hierrquicas para redes baseadas no conhecimento Etzkowitz et al. (2005, p.1-3),. As empresas incubadas passam por trs fases: pr-incubao, incubao e graduao, ou seja, nascimento, crescimento e maturao, um processo de aproximadamente trs anos. No fim deste perodo, pressupe-se que elas esto prontas e consolidadas para deixar a incubadora e ingressar no mercado formal, com produtos, processos e servios inovadores de alto valor agregado, conforme relatado por Almeida, (2004); ANPROTEC, (2007); SEBRAE, (2006); CEFET-RJ, (2006); ReINC, (2007). O municpio de Itajub possui trs incubadoras, uma tecnolgica, INCIT, uma tradicional, CEGEIT e uma social, INTECOOP. A primeira incubadora criada foi a INCIT, a segunda o CEGEIT, elas faz parte do projeto de gerao de empreendimentos da UNIFEI para o desenvolvimento de empresas tecnolgicas, uma vertente empresarial, e a INTECOOP completa as incubadoras com vertente social, baseada na economia solidria com objetivos de estimular a gerao de renda e empregos de grupos populares com a incubao at que alcancem a autogesto. Um projeto de desenvolvimento local integrando as universidades locais, a prefeitura e outras instituies de relevncia para o municpio1. As empresas, ao acompanharem a dinmica de crescimento mundial e para manterem-se competitivas no mercado, necessitam de constantes investimentos em inovao, seja em tecnologia e/ ou gesto do conhecimento.1

COELHO JUNIOR, G. Entrevista com Renato Nunes Aquino. Reitor da UNIFEI, em 23-04-2008.

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Mowery e Rosenberg (1990) mencionaram que a partir da metade do Sculo XX 1956/1957 - os economistas americanos compreenderam que o crescimento econmico decorrente do processo de mudana tecnolgica, ou seja, que 15% do crescimento eram responsabilidade de novos insumos, tais como carro, avio, computador, equipamentos udios-visuais e outros, e 85% decorrente da melhoria e criao de novos produtos a partir desses j novos insumos. A verdade que ganha expresso crescente o papel da tecnologia como fator competitivo fundamental, o padro de competio com base nos preos, perde espao para modelos estruturados na tecnologia e conhecimento. Entretanto, o investimento em pesquisa caro e arriscado, pois alm do investimento em pessoal altamente qualificado, necessrio um longo perodo para sua concluso conforme j relatado por Fonseca e Kruglianskas (2002, p. 89-94). Esse processo que envolve mo-de-obra qualificada, pesquisa e desenvolvimento podem ser considerados um investimento de risco, pois nem sempre os resultados alcanados so positivos. A maioria das micro e pequenas empresas no tm capital suficiente para fazer investimento, seja em tecnologia ou conhecimento. De acordo com o SEBRAE (2007), as micro e pequenas empresas MPEs so fundamentais na economia nacional, movimenta o sistema econmico gerando impostos, empregos e servios, contudo, mantm seu crescimento praticamente estvel, pois sua taxa de mortalidade altssima; 49,4% morrem com at dois anos de existncia. Segundo o rgo, as MPEs possuem uma grande participao no nmero de empregos gerados no pas, ou seja, no ano de 2005 representaram 40,7% do total de empregos. As microempresas so a maioria das empresas no Brasil, com 94,2%, entretanto, apenas 0,4% das empresas so de grande porte.

OBJETIVOS O presente trabalho tem os seguintes objetivos: Objetivo geral: A meta desta dissertao avaliar o papel da Universidade Federal de Itajub, MG, a partir de um estudo de caso, tendo como base trs incubadoras de

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base tecnolgica, tradicional e cooperativa, de forma a verificar a sua contribuio ao desenvolvimento econmico e social local, sob a perspectiva do modelo da hlice trplice. Objetivos especficos: Objetivo 1: Investigar o papel da UNIFEI na cidade de Itajub de forma a analisar se esta instituio atua como um espao de conhecimento para a cidade de Itajub e como universidade empreendedora. Objetivo 2: Analisar o relacionamento entre os atores locais e o processo de tomada de deciso na implementao das aes voltadas para o desenvolvimento local de forma a verificar se foi construdo um espao de consenso de acordo com o modelo proposto por Etzkowitz. Objetivo 3: Pesquisar as atividades realizadas pelas incubadoras existentes na cidade visando examinar se estas podem ser consideradas como um espao de inovao contribuindo para o desenvolvimento regional?

METODOLOGIA E QUESTES CENTRAIS Este trabalho foi realizado atravs de reviso bibliogrfica; documental e pesquisa de campo, um estudo de caso, na Universidade Federal de Itajub, municpio de Itajub, MG, e das trs incubadoras locais que compem as vertentes empresarias e social do Programa para Gerao de Empreendimentos e Desenvolvimento deste municpio. A reviso bibliogrfica e documental abrange publicaes de artigos e livros, alm de pesquisas em teses e dissertaes principalmente, nas seguintes bases: Portal de Peridicos da CAPES e da SciELO; Google Acadmico, Portal Inovao do Ministrio da Cincia e Tecnologia, biblioteca da UNISUAM e websites das Instituies de Ensino Superior (IES) mencionadas neste trabalho. Algumas informaes so provenientes de eventos organizados pela ANPROTEC e da Rede

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de Incubadoras - ReINC, Parques Tecnolgicos e Plos do Rio de Janeiro nos anos de 2006/2007. O estudo de caso foi realizado no projeto desenvolvido pela Universidade Federal de Itajub UNIFEI, para gerao de empreendimentos, utilizando as incubadoras de empresas como instrumento de criao de empresas tecnolgicas e sociais para a promoo do desenvolvimento econmico e social do municpio de Itajub, Minas Gerais. Foram realizadas dez entrevistas semi-estruturadas nos meses de abril e agosto/2008, envolvendo dirigentes das IES locais, gestores municipais, membros da equipe das incubadoras e diretores de empresas incubadas. A relao dos entrevistados consta do Anexo 1 e o roteiro das entrevistas do Anexo 2.

O trabalho ser desenvolvido de forma a abordar as seguintes questes: 1) Dentro do modelo da hlice trplice, podemos considerar que a UNIFEI vem atuando como um espao de conhecimento? 2) A UNIFEI conseguiu assumir o papel de organizador regional da inovao em Itajub? 3) As incubadoras do programa tiveram xito na transferncia de tecnologia das universidades para a sociedade ao seu redor? Para contemplar as reas da pesquisa e os interesses acima apresentados, o trabalho est estruturado em trs captulos e nas consideraes finais. O primeiro captulo contm a estrutura do referencial terico que fundamenta a presente dissertao. Apresenta uma seqncia bibliogrfica subdividida em trs sub-itens. O primeiro, inovao tecnolgica relaciona aspectos dos efeitos da extenso do crescimento econmico, a institucionalizao da inovao e a adoo do produto. O segundo fundamenta e relaciona a hlice trplice e universidade empreendedora. O terceiro aborda a hlice trplice e desenvolvimento regional. O segundo captulo aborda um resumo da histria e o conceito de incubadoras, assim como a sua evoluo como espao de inovao

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O terceiro captulo apresenta o estudo de caso da UNIFEI a partir da contribuio desta universidade e das trs incubadoras: Incubadora de Base Tecnolgica de Itajub - INCIT, Centro Gerador de Empresas de Itajub - CEGEIT e Incubadora tecnolgica de cooperativas populares INTECOOP, para o desenvolvimento econmico e social do municpio. Assim sendo, o captulo foi dividido em cinco sub-itens: a UNIFEI; a criao do espao do conhecimento e a cultura empreendedora; a criao do espao de consenso e a formao dos fruns; a criao do espao de inovao e o conjunto de projetos de incubao e a regio hlice trplice. Nas consideraes finais so exibidas as principais concluses desta pesquisa. Este trabalho contribui para futuros estudos com objetivo de serem utilizados como modelo de desenvolvimento e gerao de renda, a partir do conhecimento produzido pela universidade.

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CAPTULO 1: Inovao Tecnolgica e Hlice Trplice

Este captulo apresenta a fundamentao terica como suporte para anlise na dissertao. Como ponto de partida aborda o conceito de a inovao tecnolgica, seguido dos principais elementos do modelo da hlice trplice relacionados universidade empreendedora e desenvolvimento local, e finaliza com as incubadoras de empresas.

1.1. INOVAO TECNOLGICA A inovao pode ser definida de forma abrangente como um amplo conjunto de atividades destinadas a gerao de produtos ou bens de servios que seja novo ou possua significativamente um alto grau de melhoramento. Tambm so considerados inovaes o desenvolvimento de processos, mtodo de marketing, mtodo organizacional nas prticas de negcios, na organizao do local de trabalho ou nas relaes externas (Manual de Oslo, 2002). O avano das tecnologias da informao integrou e melhorou a comunicao das redes e deu origem ao termo globalizao2. A partir da Segunda Guerra, as empresas internacionais reduziram suas barreiras, e com o aumento do intercmbio criou-se um fluxo com a troca de conhecimento tecnolgico. No final do sculo XX, com o surgimento das redes de relacionamento, intensificaram-se alianas estratgicas de todo o tipo, principalmente entre empresas - joint ventures internacionais. Os efeitos da inovao tecnolgica nesse perodo custavam a ser percebidas, de maneira que os economistas americanos s comearam a perceber que a extenso do crescimento econmico era decorrente do processo de mudana tecnolgica em mais da metade do sculo XX. Assim, os analistas chegaram concluso que o crescimento de estoque de capital pouco influenciava o

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A globalizao pode ser definida como a intensificao das relaes sociais em escala mundial que ligam as localidades de tal maneira que acontecimentos locais so modelados por eventos ocorrendo a milhares de milhas de distncia e vice-versa (ALBAGALI, 1999:5).

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crescimento econmico, e este devido s mudanas tecnolgicas e dependentes do investimento que so incorporados a esses bens de capital (MOVERY, 2005). A inovao estimula a criao de novas indstrias e o crescimento da economia. As empresas, ao lanar um produto inovador, tm um crescimento rpido no incio, depois quando atinge a saturao no mercado, ocorre um retardo no crescimento e chega ao declnio. A inovao nos seus processos resulta na reduo dos custos, o que tem pouco efeito sobre a sua atual demanda. O crescimento da economia a soma de todas as etapas, como: taxa elevada no incio, taxas de declnio e novamente taxas elevadas de novos setores associados tecnologia (MOVERY, 2005).Uma taxa de crescimento sustentado depende do continuo surgimento de novas invenes e inovaes, proporcionando que novos ramos cujas altas taxas de crescimento compensam a inevitvel diminuio de velocidade das taxas de inovao e inveno e dos efeitos econmicos de ambos (KUZNETS

(1959) apud MOVERY, 2005, p. 33)

A institucionalizao da inovao ocorreu no final do sculo XIX, as empresas comearam a se organizar no sentido da pesquisa, desenvolveram laboratrios industriais e criaram programas de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D. O desenvolvimento da pesquisa industrial ocorreu primeiramente na Alemanha nas indstrias de produtos qumicos. Nos EUA, o avano da fsica e da qumica intensificou a necessidade das empresas em criar laboratrios internos de pesquisas, entretanto, alm de criar novas tecnologias e melhorar os processos industriais, monitoravam o que acontecia no mercado, agiam como consultores aconselhando seus administradores a no ficarem restritos as tecnologias desenvolvidas em seus laboratrios. O aumento do investimento em pesquisa pelas indstrias foi influenciado por duas leis, a lei antitruste e a reviso das leis de patentes. Com a lei antitruste, as empresas que se uniam para manter a hegemonia do mercado, o cartel, viram-se obrigadas a concorrer entre si, os laboratrios de P&D passam a buscar novas alternativas de produo e inovao; a reviso desta poltica incrementou o mercado facilitando a compra e venda de tecnologias industriais. As indstrias passaram a ter como foco principal as universidades, que desenvolvem pesquisa com financiamento do estado. Essa aproximao criou um forte intercambio entre elas, o que levou as empresas a financiarem as bolsas de

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ps-graduao nas universidades e influenciando com sugestes, a linha de pesquisa (MOVERY, 2005). As mudanas tecnolgicas direcionam para duas estruturas

organizacionais. A primeira no alto da pirmide leva ao o fortalecimento das empresas lideres das comunidades, a empresa global, um novo padro de grandes corporaes, originrio de concentrao e centralizao de capitais, um poder econmico caractersticos dos mecanismos de fuses e incorporaes transnacionais. Na segunda, no outro extremo, na base da mesma, situam-se as micro e pequenas empresas (MPE). Elas se desenvolvem no interior das comunidades lideres, em funo das novas atividades econmicas, servios e terceirizaes, alm de se tornarem opo em casos de desemprego (FONSECA e KRUGLIANSKAS, 2002). Com relao inovao tecnolgica, a empresas que est no alto da pirmide tem capital suficiente para ter sua prpria estrutura de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D ou contratar esse servio de outras instituies. No caso das MPEs, que esto base da pirmide, a situao torna-se mais complexa, pois abrange alm das empresas de base tecnolgica as de setores tradicionais. Todavia as de base tecnolgica possuem uma pr-disposio inovao, encontram-se na fronteira do conhecimento produtivo, ou seja, esto localizadas prximas ou vinculadas as universidades e/ou Centros de P&D. Enquanto que, as tradicionais possuem dificuldades financeiras para se modernizar e desenvolver inovao tecnolgica, elas no possuem uma cultura de inovao e tambm apresentam dificuldade de relacionamento com as instituies citadas (Fonseca e KRUGLIANSKAS, 2002). As polticas tecnolgicas de inovao no Brasil (Lei de Inovao 10973 de 02/12/2004) criam mecanismos de estmulo pesquisa cientfica, tecnolgica e de parcerias para a transferncia de tecnologia, entre as universidades, centros de pesquisa e indstria e assim dinamizar a cadeia da inovao (TOCACH, 2008, p. 53).

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1.2. HLICE TRPLICE E A UNIVERSIDADE EMPREENDEDORA A hlice trplice, formada pela interao entre universidade, empresa e governo, surge quase um sculo e meio depois que Karl Marx, em funo de uma pesquisa de Perkins sobre corantes na Inglaterra, durante a dcada de 1840, previu a evoluo da indstria baseada na cincia, uma viso emergente do binmio universidade-empresa. A esse estgio bilateral, a hlice trplice, incorpora-se outro ator, o governo, com polticas de incentivo e fomentos a pesquisa, e a regulamentao de leis, como a de propriedade intelectual. A hlice trplice representada por modelo em espiral de induo, necessrio para capturar a evoluo das mltiplas ligaes dos diferentes estgios da capitalizao do conhecimento, e pelo trinmio, universidade empresa governo, onde cada esfera mantm sua independncia e autonomia, ao mesmo tempo em que interagem entre si criando uma sinergia onde produzem fluxos diretos e reversos de conhecimentos, a interao das esferas representada na fig. 1. As ligaes entre as trs esferas ocasionam quatro tipos de transformaes nas instituies participantes: a transformao interna em cada uma das hlices; a influncia de uma hlice sobre a outra; a criao de uma nova sobreposio de estruturas institucionais advindas da ao das trs hlices; e o efeito recursivo dessas organizaes, tanto sobre as espirais das quais elas emergiram e sobre a sociedade como um todo (ETZKOWITZ, 1998, p.206). Etzkowitz (1998) afirma que para compreender o modelo da hlice trplice, torna-se necessrio um entendimento de alguns conceitos, como o do fluxo de conhecimento, bem como as revolues acadmicas ocorridas nos Estados Unidos, com o surgimento de mudanas organizacionais e o aumento das relaes universidade - empresa, contriburam para o aumento da cincia empreendedora. O conceito de fluxo de conhecimento baseado numa premissa em que governo, empresa e academia so esferas independentes, cada qual com um papel especifico, a universidade possui uma misso institucional restrita, educao e pesquisa, as empresas, a funo de produo, e o governo, a atividade de regulao. Este modelo baseado na tese do modelo linear, um caminho unidirecional, da pesquisa bsica para a inovao industrial. Na viso das empresas, o papel primrio das firmas na inovao produzir melhorias incrementais derivadas da experincia com produo e muito proximamente

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associados com P&D. Por outro lado, s universidades como um local de pesquisa, esperado que se tornem fontes de inovaes descontnuas (ETZKOWITZ, 1998, p.338).

Figura 1

Configurao da hlice trplice Espao hbrido Universidade

Governo

Empresa

A figura 1 representa a interao das esferas, universidade, governo empresa. Na sobreposio das esferas surge um espao hbrido, em que cada esfera incorpora uma a funo da outra, porm, mantendo sua independncia.

O conceito de pesquisa bsica surgiu no final do sculo XIX para proteger a universidade das influncias externas, e originou o modelo linear de inovao que segue um nico caminho; da pesquisa bsica para a pesquisa aplicada e em seguida para o desenvolvimento do produto. Esse modelo considerado fronteira infinita, enfraqueceu devido ao surgimento de novas propostas e modelos alternativos que so baseados na interdisciplinaridade e nas ligaes em espiral entre tecnologia e cincia (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 1998, p. 208) Ainda segundo Etzkowitz e Leydesdorff, o modelo linear, por utilizar um fluxo unidirecional, deixa as indstrias com um processo lento de inovao, flui da pesquisa para o desenvolvimento em laboratrio, depois para a produo e finalmente para o mercado. As indstrias que utilizam esse processo comeam a reconhecer que o modelo linear no est funcionando mais. Uma das

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caractersticas dessa parceria, que cada instituio deve operar de forma livre e independente, capaz de negociar acordos e garantir alguns de seus interesses, assim como, de transformar a pesquisa cientfica em desenvolvimento econmico social (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 1998, pp.208-209). Neste contexto, a universidade pode seguir dois caminhos: o primeiro, transmitir o conhecimento produzido, por meio de publicaes; idealizado por muitos departamentos acadmicos para valorizar e promover seus membros pela pesquisa prtica e incidental, e que no comercializado. O segundo, a ideologia tradicional, da pesquisa bsica para inovao industrial, onde as invenes e registros de patentes so armazenados, negociados e vendidos para empresas por intermedirios, os escritrios de transferncia de tecnologia (ETZKOWITZ, 1996, pp. 338-339) A hlice trplice considerada como um modelo alternativo ao modelo linear, uma vez que prope uma integrao das esferas institucionais, em contraposio ao modelo de fluxo de conhecimento que era baseado na separao entre as esferas. No modelo da hlice trplice devido interao entre as esferas pode ocorrer que novas questes de pesquisa sejam oriundas de necessidades apontadas na inovao industrial abrindo novas questes para a pesquisa bsica, num modelo chamado linear reverso. Desta forma, o envolvimento da academia na inovao industrial pode aumenta o desempenho da pesquisa bsica. (ETZKOWITZ, 1998, p.339). Ao assumir uma o papel da outra, as instituies sofrem transformaes internas para adequar suas novas funes, ainda que mantenham a anterior. As universidades assumem as tarefas, antes das empresas, como o empreendedorismo, o marketing e a criao de empresas, compartilhando e transferindo conhecimentos requeridos A universidade em constante evoluo em meados do sculo XIX passou pela primeira revoluo acadmica ao incorporar alm do ensino, uma nova atividade, ou seja, a pesquisa. A segunda revoluo, em transio, envolve a transformao da pesquisa em atividades econmicas. O papel da universidade como protagonista no desenvolvimento econmico pode ser definida como sua terceira misso (ETZKOWITZ, 1996, p.340). O foco da inovao vem se modificando nos ltimos anos, as atividades de alta tecnologia desenvolvidas nos laboratrios de P&D das grandes empresas,

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move-se para clusters e pequenas empresas de alta tecnologia. A hlice trplice define que o conhecimento o elemento chave dessa mudana e assim, a universidade como produtora de conhecimento e pesquisa, assume o papel de protagonista na inovao (ETZKOWITZ, H. et ali, 2005). A primeira revoluo acadmica no Brasil, aconteceu na dcada de 70, com a introduo das atividades de pesquisa nas universidades brasileiras. O governo militar com a inteno de torna-se autnomo tecnologicamente, investiu nas universidades para a criao de uma significativa infra-estrutura de P&D. Neste projeto, vrios programas de ps-graduao foram inseridos nas universidades, principalmente nas publicas, modificando o seu conceito, que at ento desempenhava um papel tradicional de apoio ao desenvolvimento de capital humano, para outro diretamente ligado s prioridades nacionais. Departamentos de P&D passaram a integrar as novas empresas publicas e ampliavam as dependncias j existentes, eram vistos com a soluo para o desenvolvimento e no como uma conseqncia do mesmo. Estes esforos priorizavam as empresas estatais e alguns bons resultados foram obtidos no desenvolvimento de tecnologia endgena em reas estratgicas como petrleo/energia (tecnologias off-shore), telecomunicaes, informtica e aviao (ETZKOWITZ et ali, 2005, p. 5,6). Entretanto de acordo com Etzkowitz (2002), nos EUA, o parque tecnolgico de Stanford foi o resultado de um processo de incubao que comeou uma dcada antes dentro da universidade e serviu como local para formao de empresas que desejavam permanecer prximas de suas fontes de origem. A universidade empreendedora surge a partir da necessidade de buscar mais recursos para o desenvolvimento de pesquisa, com verbas insuficientes, os professores desenvolvem uma cultura empreendedora dentro da instituio. Como buscavam constantemente verbas para patrocinar suas pesquisas, podiam contratar alunos e assistentes, estes formados por estudantes de ps-graduao, pesquisadores na fase de ps-doutorado e tcnicos. Ele passa a desempenhar funes alm de pesquisador, a de administrado, ao gerenciar e liderar o grupo de pesquisa, de buscar recursos financeiros, ser relaes pblicas e gestor de pessoas. Assim o professor transformado de professor num gerente de pesquisa ou de uma quase firma que tem muito de suas caractersticas oriundas da empresa atual baseada na busca dos lucros. Os ncleos de pesquisa passam a desenvolver

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atividades de acordo com a oportunidade de negcios e o grupo de empreendedores acadmicos passa a assemelhar-se as empresas do mundo de negcio (ETZKOWITZ, 1996, p. 339). A universidade assume um papel chave nas polticas de inovao mundial, incentivada por polticas governamentais, desenvolvendo a tecnologia, ela favorece a criao de novas empresas tecnolgicas e desenvolve as j existentes. Com uma mudana de paradigmas de nveis institucionais e organizacionais, os modelos bilaterais como, universidade-empresa e governo-empresa, interagem e favorecem a um relacionamento trilateral em nveis regional, nacional e mundial. A inovao evolui do modelo linear, conhecido de modelo do laboratrio de inovao, que apesar da maioria dos avanos da cincia no perodo antes e ps-guerra, e ser constantemente referenciado para a anlise de pesquisadores e elaboradores de polticas, para o chamado modelo desktop repetido. O que est emergindo uma diversidade de programas, alianas e centros nos quais as universidades, os governos e as empresas cooperam ao mesmo tempo em que competem. (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 1998, p. 209). A universidade produtora de conhecimento e pesquisa assume um papel indutor na inovao tecnolgica e desenvolvimento econmico. A participao do governo, atravs de leis, fomentos e programas de desenvolvimento, incentiva as universidades a buscarem outra concepo de administrao com a incorporao do empreendedorismo. As Universidades podem ser consideradas bero de novas invenes/inovaes e tecnologia de ponta Ao promover uma infra-estrutura acadmica com gesto empreendedora, a universidade disponibiliza tecnologia para as incubadoras atravs dos laboratrios, acesso ao banco de dados e de consultoria administrativa, tcnica e gerencial (TERRA, 2001). Cabe universidade empreendedora cumprir a tarefa de promover o desenvolvimento econmico e social atravs de novas estruturas organizacionais, como centros interdisciplinares, multidisciplinares ou mesmos transdisciplinares. Estas estruturas permitem a gerao de novas disciplinas, escritrios de transferncia de tecnologia, escolas de empreendedores, grupos de capital de risco, incubadoras, empresas juniores, laboratrios que por sua vez originam teses, publicaes e patentes, provenientes de sua interao com o setor produtivo (TERRA, 2001).

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Segundo Litto (2002), O modelo educacional que prevalece em uma instituio tradicional, j est defasado em relao quilo que a cincia j sabe. A realidade, no entanto, no ir perdoar a universidade que ficar parada no tempo. Aqueles alunos que podem escolher a onde querem estudar, vo buscar instituies que tenham professores preparados para trabalhar com o novo paradigma e que apliquem as novas tecnologias no processo educacional, estas tero que oferecer seus contedos de forma presencial, pela Internet, em vdeos, em televiso aberta ou fechada e em material impresso, enfim, em diversos meios onde o aluno possa escolher aquele em que se sinta mais confortvel ou aquele que melhor convier para seu aprendizado (LITTO, 2002). Ainda segundo Litto (2002) na Faculdade de Engenharia de Stanford, por exemplo, duas ou trs horas aps cada aula de graduao, os vdeos dessas aulas ficam disponveis para os alunos, inclusive pela Internet, e atravs desta, foi desenvolvida uma nova modalidade de estudar, a Educao Distncia (EAD). De acordo com Gina Paladino (2003), os modelos de universidades inovadoras, implantadas pela Frana, tm como caractersticas seu carter interdisciplinar e no multidisciplinar como nas universidades clssicas. A sua grande fora est na rea da pesquisa cientfica e tecnolgica tendo uma forte de ligao com a indstria, que explicitada formalmente na sua misso institucional; e tambm tem como objetivo favorecer o desenvolvimento das regies onde esto inseridas. Atravs dessa forte ligao entre universidades e empresa, os representantes de empresas e outras entidades profissionais participam diretamente da das decises das IES como integrantes dos conselhos pedaggicos. A universidade empreendedora citada por Etzkowitz (2004) como um fenmeno emergente, onde o conhecimento produzido na instituio tambm disponibilizado para uso; um local onde a pesquisa se expandiu por um nmero crescente de disciplinas, de forma que o aluno participa da criao do conhecimento como parte do seu treinamento; deve ter um considervel grau de independncia do Estado e do setor produtivo, mas tambm um alto grau de interao com essas esferas institucionais. Segundo Etzkowitz (2004), existem trs fases para a transformao de uma universidade tradicional em uma universidade empreendedora: A primeira, a instituio acadmica determina uma viso estratgica para a sua direo e ganha

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alguma habilidade para estabelecer suas prprias prioridades, tipicamente atravs de negociaes com resource providers. A segunda, a instituio acadmica desempenha um papel ativo na comercializao da propriedade intelectual surgida das atividades de suas faculdades, equipes e alunos. A terceira, a instituio acadmica desempenha um papel pr-ativo no melhoramento da eficcia do seu meio ambiente regional de inovao, muitas vezes em colaborao com os atores indstria e governo. A universidade no modelo da hlice trplice assume uma nova funo, que pode ser comparada com aes que aconteceram na segunda revoluo acadmica. A universidade passa a assumir um papel no desenvolvimento econmico e social, a partir da transformao da pesquisa em atividade econmica integrando cincia e tecnologia. A partir de um efeito provocado pela interao entre as esferas universidade-empresa-governo, inspirado em uma espiral indutiva, ocorre um fluxo reverso da indstria para a universidade, a inovao industrial provoca novas questes para a pesquisa bsica, esse feedback fomenta e melhora o desempenho da pesquisa bsica nas universidades (Etzkowitz, 1996, 2002).

1.3. DESENVOLVIMENTO REGIONAL E HLICE TRPLICE O desenvolvimento local ou regional definido como um processo de dinamizar as vantagens comparativas de uma localidade, visando criar condies para o crescimento econmico, ao mesmo tempo em valorizar o capital humano, o capital social e o capital empresarial (PAULA, 2002). O processo de globalizao influencia transformaes sobre as esferas locais, no campo da economia, da cincia e tecnologia, da cultura, da poltica e de padres da sociedade de um modo geral. Sendo associado a um conjunto de transformaes, indicam um novo paradigma nas relaes tecnolgico e produtivo, no qual centrado nas modernas tecnologias de informao e comunicao. De modo que, quando se pensa em local, normalmente se associa a idia de regio, contudo o conceito de regio mais amplo e entende-se por trs vertentes, produo, cultural e social (ALBAGALI, 1999, p.6). As regies, tradicionalmente demarcadas e vistas como reas geogrficas, definidas pela cultura e pelas atividades econmicas podem se, transformar em um

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espao de alta tecnologia e inovao devido a presena de universidades, Instituies de Cincias e Tecnologias (ICT). A regio hlice trplice pode ser definida como uma regio que aprende e se renova por intermdio de novas tecnologias e empresas geradas a partir de sua base acadmica. (ETZKOWITZ, 2005, p.4). Entre suas caractersticas tem-se: presena de instituies de cincia e tecnologia e instrumentos de suporte, como fundos de investimento e organizaes para promover o desenvolvimento. O desenvolvimento de algumas regies nos EUA que anteriormente estavam decadentes, e neste perodo as propostas de crescimento econmico tradicionais no surtiam efeitos, foram baseados na formao de empresas a partir da pesquisa acadmica. Como por exemplo, a formao de conglomerados, como Route 128, MIT (Massachusetts Institute of Technology.) e o Vale do Silcio, Stanford (University Stanford), serviram de inspirao para os atuais modelos de transferncia de conhecimento e modelos tecnolgicos organizacionais. As precondies para transferncia com sucesso de tecnologias organizacionais incluem ambientes polticos e legais estveis, com segurana e confiana no lugar da coero como garantia dos relacionamentos (ETZKOWITZ, H. et ali., 2005, p. 6), A formao da regio hlice trplice tem como ator principal a universidade, a cerne da teoria da hlice trplice o papel transformador da universidade na sociedade. A transferncia de conhecimento e tecnologia favorece a criao de empresas inovadoras, estejam elas dentro das universidades, empresas spin-offs e empresas juniores ou desenvolvidas por incubadoras. Na ausncia de requisitos, como: cultura empreendedora e capital empreendedor, na regio, ser necessrio criar uma estrutura formal de suporte, como por exemplo, o servio de incubadora, para o desenvolvimento acontecer. Entretanto, mesmo com esses pr-requisitos, uma regio que carece de atividades econmicas baseadas no conhecimento pode achar til desenvolver uma incubadora ou parque cientfico em associao com uma universidade, para fomentar o crescimento regional (ETZKOWITZ, 2005, p.4). Etzkowitz (2005, p.5) define que o desenvolvimento na regio hlice trplice fundamentado em trs pilares: o espao do conhecimento, o espao do consenso e o espao de inovao. Esses trs espaos fornecem elementos para

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confeco de um benchmarking e provem uma matriz de analise, para elaborao estratgias regionais de desenvolvimento, a seguir: 1) O espao do conhecimento considerado uma condio necessria e fundamental na construo da regio3

hlice trplice, rene esferas do

conhecimento. Este espao formado por universidades, instituies de Cincia e Tecnologia (C&T), governos e empresas; eles esto aprendendo a encorajar a inovao tecnolgica por meio de desenvolvimento de parcerias e aes comuns articuladas. O espao de conhecimento formado pelas instituies de P&D, para encorajar a inovao devem ser criados instrumentos de suporte inovao como mecanismo de financiamento, presena de lideranas, formao de empresas para aumentar a transferncia de tecnologia. 2) O espao de consenso um ambiente de discusso e disseminao de idias, que rene pessoas de diferentes instituies e perspectivas organizacionais que encorajem o desenvolvimento de alta tecnologia e inovao com os recursos da rea da pesquisa. As incluses de diferentes atores das instituies, empresas, governo e universidade, favorecem a gerao de recursos e a criao de polticas estratgicas para ajudar o crescimento econmico da regio. Este espao segue de forma no linear as diretrizes do espao do conhecimento, em que os conhecimentos produzidos pela pesquisa so transformados de fontes potenciais para fontes reais de desenvolvimento econmico e social. 3) O espao da inovao responsvel por transformar idias e as metas do espao de consenso para uma nova abordagem organizacional. So os mecanismos organizacionais que promovem um espao adequado para a formao de empresas atravs das metas estabelecidas pelo espao de consenso. A organizao da inovao vai depender da caracterstica de cada regio 4.Essa idia foi desenvolvida no Mxico aps um terremoto (1980), o governo passou a descentralizar os institutos de P&D, at ento concentrados na capital, para regies inspitas que nunca haviam tido recursos de pesquisa. Com o intuito de ajudar essas regies a se desenvolverem economicamente, as instituies passaram a elaborar programas e projetos incluindo as questes locais, dentro das suas especialidades (ETZKOWITZ, 2005:4) 4 Basicamente ela pode ter uma disponibilidade ou falta de capital empreendedor e/ou limitao do seu parque cientfico com pouca produo de inovao. A regio nesta situao precisar3

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A presena das Instituies de Ensino e Pesquisa - IEPs gera a cultura da pesquisa e sustenta o desenvolvimento de inovaes e estreita as relaes com as universidades; (...) a proximidade fsica entre iniciativas de incubao de Empresas deBase Tecnolgica (EBTs) e IEPs pode contribuir para incrementar a capacidade inovadora local, ampliando as possibilidades de qualificao de pessoal, de usufruto mtuo de servios (...) (BARQUETTE 2002, p. 110).

De acordo com Bermudez (2000), em um plano estratgico para o desenvolvimento econmico local, uma das orientaes levantar dados para identificar qual o perfil desta populao e qual a sua capacidade de industrializao. Esse diagnstico vai identificar os setores econmicos mais adequados a serem implantados na regio. Nesse conceito de interao e parcerias para o desenvolvimento econmico e social, a universidade como ator fundamental, apia um modelo de empresa que acompanhada e desenvolvida dentro seu campus, num ambiente acolhedor com infra-estrutura fsica e recursos humano, denominada de Incubadora de Empresas. A aproximao entre universidades e empresas tem sido uma forma encontrada por vrios pases de adequar os recursos humanos formados realidade do mercado. Esta aproximao vem sendo estimulada sob diversas formas, desde consultorias de docentes e prestao de servios tcnicos, at complexas estruturas fixas de interao, tais como parques tecnolgicos e incubadoras de empresas no mbito universitrio (LIMA e TEIXEIRA, 2001). Ainda segundo Etzkowitz (2005, p.5), as incubadoras so consideradas um exemplo de espao de inovao. Entretanto, a transio regional pode no ter uma completa adeso das instituies, e quando isso ocorre, uma esfera assume as funes da outra. Assim dentro deste contexto, alguns esforos podem comear com iniciativas isoladas, e no estar diretamente ligados a inovao regional, uma universidade pode inicialmente se envolver com a formao de empresas simplesmente para maximizar o rendimento da transferncia tecnolgica (ETZKOWITZ, ReINC, 2007).desenvolver estratgias organizacionais ou experimentos organizacionais, para preencher as lacunas geradas no processo de inovao (ETZKOWITZ, 2005:6)

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No processo de transformao em regio hlice trplice um dos atores pode assumir o papel de liderana na rede de instituies que atuam localmente. A este ator, que pode se oriundo de qualquer uma das trs esferas atribui-se a denominao de organizador regional da inovao (ETZKOWITZ, 2005).

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CAPTULO 2: Incubadora de Empresas

2.1. HISTORIA A origem das primeiras incubadoras tecnolgicas e tradicionais nos EUA analisada como sendo o resultado de duas vertentes. A primeira das incubadoras tradicionais criadas como ferramenta para auxiliar o desenvolvimento de pequenas empresas, fato ocorrido a partir do incio da dcada de 70. A segunda dos parques tecnolgicos e universidades que participaram na formao das primeiras incubadoras tecnolgicas para a transferncia de alta tecnologia, como ocorreu com a implantao dos aglomerados na dcada de 50, no Vale do Silcio, a partir de iniciativas da universidade de Stanford (ALMEIDA, 2004; INOVATES, 2008). Segundo (ETZKOWITZ, et ali., 2005, p. 6), o seu surgimento, no Brasil, coincide com o colapso do governo militar e da renovao da sociedade civil, dcada de 80, foram apoiadas pelas associaes empresariais, municpios e governos; o apoio do governo federal acontece efetivamente quando a incubao estava em franca expanso. Inicialmente a incubadora destinava-se ao desenvolvimento de alta - tecnologia, decorrente da grande quantidade de projetos tecnolgicos, entretanto, atualmente vem mudando o seu foco, adaptada as novas realidades e necessidades das regies, est direcionada para um amplo papel de formao de instituies de vrios nveis econmicos e alm da esfera econmica. Essa nova postura influenciada por uma variedade de propsitos que surgem pela interao das esferas universidade, empresa e governo, o que possibilitou a criao de modelos de desenvolvimento de baixo custo utilizando os recursos desses atores. O modelo de incubadora brasileira foi inspirado no modelo americano; grupos de estudantes de gesto de tecnologia foram para os EUA e mantiveram contato com os criadores de diversas incubadoras acadmicas, como por exemplo, no Renssellear Polytechnic, eram organizadas para transferir a tecnologia originada na universidade por meio da formao de empresas. A realidade desse programa, nos EUA, formao de empresas de alta tecnologia, no se aplicava a realidade

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brasileira, devido s diferenas tecnolgicas e prpria capacidade de pesquisa. Entretanto, o seu conceito foi direcionado para os problemas imediatos das empresas brasileiras, que eram compatveis com o conceito de incubadora de treinamento organizacional (ETZKOWITZ, H., et ali., 2005, p. 7). As incubadoras, no Brasil, emergiram de dois movimentos; o da universidade e o das associaes empresariais. O primeiro cresceu atuando com empresas de alta tecnologia e por meio do relacionamento universidade-governo e o segundo, se relacionava oferecendo apio as micro e pequenas empresas, baseado na parceria empresa-governo, utilizando com fonte de conhecimento, o ensino mdio profissionalizante. A convergncia foi facilitada quando ambos os movimentos juntaram suas foras na Constituinte de 1988 para aprovar leis que ajudassem alm das pequenas e mdias empresas, as de alta tecnologia. A abertura da economia para a competio mundial, dcada de 90, trouxe uma nova realidade para as empresas brasileiras: a defasagem tecnolgica em relao aos competidores estrangeiros. Defasados tecnologicamente, as associaes empresariais ressurgiram como parte da renovao da sociedade civil e decidiram focar no desenvolvimento regional agindo em parceria com governos locais e outros atores, como o SEBRAE (Servio de Apoio s Pequenas e Mdias Empresas), comeam a dar apio as incubadoras tecnolgicas no incio da dcada de 90 (ETZKOWITZ, H., et ali., 2005 p.8). Em 1982, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnolgico (CNPq), criou atravs do seu presidente, o professor Lynaldo Cavalcante, o Programa de Inovao Tecnolgica, com objetivo de estimular a relao universidade-empresa. Posteriormente, em 1984, ainda no mbito desse Programa de Inovao Tecnolgica foi criado o "Programa de Implantao de Parques de Tecnologia"; doze projetos so implementados atravs desse programa em vrios estados. Ainda em 1984, organizado no mbito da Companhia de Promoo de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica, o Programa dos Centros de Desenvolvimento de Indstrias Nascentes (CEDIN), rgo vinculado Secretaria de Cincia, Tecnologia e Desenvolvimento Econmico do Estado de So Paulo5, que tinha como objetivo criar cincoJos Adelino Medeiros foi Assessor de Incubadoras e Plos Tecnolgicos da Secretaria de Cincia, Tecnologia e Desenvolvimento Econmico do Estado de So Paulo (Medeiros e Atas, 1997) e considerado como um dos pioneiros no movimento de incubadoras do Brasil. Foi tambm diretor da ANPROTEC (1988-1990; 1991-1992; ANPROTEC, 2002b).5

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incubadoras de empresas. As primeiras incubadoras so criadas em 1986 e a nica formada por esse programa a incubadora de So Carlos6 (SP), tambm em 1986, foi criada a Incubadora Empresarial Tecnolgica pela Fundao Centro Regional de Tecnologia em Informtica de Santa Catarina (CERTI)7, como parte integrante do projeto "Parque Tecnolgico de Florianpolis. As incubadoras passam a ser mais utilizadas por autoridades municipais e regionais para a criao de novas empresas em setores em que haviam pontos em aberto na cadeia produtiva, este conceito tambm direcionou as associaes empresariais a criarem empresas nos setores tradicionais, como: calados, mveis e equipamentos agrcolas (ETZKOWITZ, H., et ali; 2005, p.9; INOVATES, 2008). As incubadoras se consolidaram a partir da realizao do Seminrio Internacional de Parques tecnolgicos no Rio de Janeiro, 1987, como meio de incentivo a produo tecnolgica. Neste mesmo ano, surgia a ANPROTEC, que passou a representar no s as incubadoras de empresas, mas todo e qualquer empreendimento que utilizasse o processo de incubao para gerar inovao no Brasil. Em 1993, os parques cientficos e as incubadoras se disseminaram pelo pas, devido principalmente necessidade das empresas brasileiras de inovarem e serem mais competitivas (ANPROTEC, 2007; SEBRAE, 2006 e CEFET-RJ, 2006)

2.2. CONCEITO As Incubadoras de empresas so ambientes dotados de infra-estrutura fsica e recursos humanos com servios de apoio, tipo: tecnolgico, judicirio, financeiro, marketing e administrao; efetivamente de capacidade tcnica e gerencial para amparar o pequeno empreendedor, elas so um importante agente para o desenvolvimento e crescimento do setor produtivo e um espao de produo de inovaes. As incubadoras possibilitam a criao de novas empresas, o desenvolvimento de produtos, processos e servios inovadores, seja, por pessoas

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A cidade de So Carlos (SP) possua diversas empresas tecnolgicas e neste perodo foi iniciada a implantao do Parque de Alta Tecnologia (FREIRE, 1991 - citado por SOUZA e GARCIA, 2000, apud ALMEIDA, 2004).. 7 A incubadora foi criada pela Fundao Centro Regional de Tecnologia em Informtica de Santa Catarina (CERTI) fundao organizada em novembro de 1984, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Governo do Estado de Santa Catarina, cuja proposta fazia parte da discusso das alternativas de desenvolvimento econmico do estado que ocorre durante o processo eleitoral para o governo estadual (CAVAGNARI, 1987; CAMPOS et al., 1999, apud ALMEIDA, 2004).

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fsica, empresas em fase inicial e/ou empresas j consolidadas, e contribui para a reduo da taxa de mortalidade das mesmas ANPROTEC (2007). Para o desenvolvimento de empresas nesse ambiente necessrio se levar em considerao algumas condies ou oportunidades existentes como: as tendncias do mercado consumidor, a necessidade da sociedade local, o interesse das organizaes hbridas e do tipo de pesquisa desenvolvida pela universidade; ou seja, pelo acumulo da pesquisa acadmica com potencial econmico ou a criao de empregos para a populao marginalizada (ETZKOWITZ, H., et ali. 2005, p.2). Segundo Dornelas (2002); Medeiros et ali. (1992), incubadoras de empresas so locais especialmente configurados para transformar idias em produtos, processos ou servios. Elas podem ser definidas como um ambiente flexvel e encorajador no qual so oferecidas facilidades para o surgimento e o crescimento de novos empreendimentos, assim, tornam-se mecanismos de acelerao do desenvolvimento, mediante um regime de negcios, servios e suporte tcnico integrado com orientao prtica e profissional, e tendo como objetivo, a produo de empresas de sucesso, em constante desenvolvimento, financeiramente viveis e competitivas no mercado, mesmo aps deixarem a incubadora. Segundo a ANPROTEC (2006), o objetivo das incubadoras apoiar o desenvolvimento de produtos, processos e servios, inovadores e tambm a criao de empresas nascentes a partir de idias e projetos empreendedores. Esse incentivo dado por instituies, geralmente, de ensino superior e centros de pesquisa que criam espaos fsicos apropriados dentro das suas unidades. As incubadoras so ambientes dotados de infra-estrutura fsica e recursos humanos, com o gerenciamento de servios de consultoria tecnolgica, financeira, marketing e administrativa, efetivamente de capacidade tcnica e gerencial para amparar o pequeno empreendedor.Fundamentalmente o seu papel a sustentao e ajuda sobrevivncia de inovaes tecnolgicas, servios e produtos, alm de promoverem o desenvolvimento local e regional, por serem agentes geradores de mecanismos para o desenvolvimento das empresas residentes e sua consolidao no mercado. Dos programas de incubadoras, saem, em geral, novos empresrios competitivos ANPROTEC (2006).

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Para Etzkowitz (2004), a incubadora tecnolgica resultado da bievoluo8 da universidade, a ampliao de sua misso e seu foco para o desenvolvimento econmico. Na dcada de 70, os escritrios de transferncia de tecnologia, era um mecanismo utilizado pela academia com a finalidade de transferir o conhecimento, seja para o governo ou setor produtivo. Na incubao de empresas ocorre um processo inverso, o universo privado, ou seja, as empresas e cooperativas que se estabelecem no interior da universidade (ETZKOWITZ, 2003 apud ALMEIDA, 2004). Para o SEBRAE, o objetivo principal desenvolver o empreendedor e sua empresa para aumentar sua competitividade e suas oportunidades de sucesso no mercado, de maneira que elas possam atender s exigncias dos consumidores em relao qualidade, inovao, eficincia e sofisticao. As incubadoras de empresas fornecem um ambiente destinado a dar suporte e condies a empreendedores que desejam iniciar seu empreendimento ou que possuam uma empresa recm - constituda. Ao sarem da incubadora, as empresas estaro prontas para enfrentar as dificuldades do mercado e se expandirem de forma eficaz. A maioria dos pesquisados atribui importncia questo sobre a localizao da incubadora dentro de um campus, em 80,7% dos casos decisivamente importante e importante. Pode-se afirmar o mesmo quanto localizao de incubadoras de base tecnolgicas prximas ao campus de uma universidade (at 5 km), com 88,4% das respostas situadas em decisivamente importante e importante (...) necessrio que essas instituies sejam locais de disseminao de comportamentos empreendedores, seja por intermdio da criao de empresas de base tecnolgica - EBTs por professores universitrios, incluso de disciplinas sobre empreendedorismo (...) (BARQUETTE, 2002, p.110). De acordo com Etzkowitz (2005, p. 6), as incubadoras no Brasil so consideradas um exemplo de espao de inovao e de inovao organizacional, pois alm de desempenhar as funes de desenvolvimento econmico e educao, podem transformar-se em agente financiador, que prprio de empresas de capitalEm adio a transformao da universidade que incorpora a funo do desenvolvimento econmico s duas j existentes (ensino e pesquisa) a bi-evoluo da universidade representa uma mudana organizacional que ocorre em paralelo. Ou seja, a transposio do seu foco do indivduo para o grupo em todas as trs misses (ETZKOWITZ, 2003 apud ALMEIDA, 2004)8

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de risco. Uma das caractersticas do espao da inovao a presena deste capital, necessrio como fonte de investimento para financiar os empreendedores no desenvolvimento de seus produtos. Ainda segundo Etzkowitz, a funo bsica da incubadora em outros pases o desenvolvimento econmico, no Brasil, ela foi reinventada e deve servir de exemplo para o resto do mundo, como o Brasil tivesse entendido a essncia desse modelo, no apenas uma forma de criar desenvolvimento econmico, fundamentalmente, a tarefa de ensinar a um grupo de pessoas a confiar e integra-se como organizao 9. Os modelos de incubadoras esto em expanso e podem adotar outros objetivos, inclusive o movimento de cooperativas populares, pessoas at tem uma educao formal, elas aprendem a operar uma organizao, a que se v o papel fundamental da incubadora, como professor para o estabelecimento para um tipo de organizao, seja de arte, social, cultural, tradicional e tecnolgica (ETZKOWITZ, ReINC, 2007). A incubao uma alternativa dinmica de criao de empresas e desenvolvimento econmico, assim, sua misso constantemente repensada para atender aos diversos tipos de organizaes, principalmente como misso educacional de organizaes. Com essa ideologia, as incubadoras de Cooperativas, Desenvolvimento de Projetos Comunitrios e Grupos Artsticos, vm avanando no sentido de favorecimento de polticas sociais pobreza e desemprego, tpicas de cidades e regies menos favorecidas dos pases industrializados de forma a ensinar as habilidades organizacionais e criar oportunidades de emprego para populaes marginais (ETZKOWITZ, H., et ali, 2005, p.5). Segundo ALMEIDA (2004), a incubadora considerada como um exemplo de espao de inovao da hlice trplice, universidade, empresa e governo, podendo ser classificada como organizaes hbridas desse modelo. A premissa das incubadoras, que a formao de empresas pode ser melhorada, ao serem organizadas como um processo educacional. A relao entre as esferas se modifica em funo das necessidades e objetivos das incubadoras. A universidade como fonte de novos conhecimentos e tecnologia assume liderana das incubadoras de base tecnolgica. As empresas, como lcus de produo, se sobressaem nas

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10 Encontro ReINC - 11/2007.

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incubadoras tradicionais, pois o objetivo melhorar a capacidade organizacional. O governo fonte das interaes contratuais e fomentos, com as incubadoras sociais. Segundo ANPROTEC (2007); SEBRAE (2006); IETI-CEFET/RJ (2006); ReINC (2007) e demais autores relacionados com tema, classificam as incubadoras de acordo com o tipo de empreendimento que abrigam, e basicamente pode ser dividido em trs tipos: Incubadora de Empresas de Base Tecnolgica, Incubadora de Empresas dos Setores Tradicionais e Incubadora Mista. Atualmente, com a diversidade dos empreendimentos houve necessidade de desenvolver outros tipos de incubadoras, como: Incubadora Virtual, Incubadora de Empresas de Agronegcios, Incubadora de Cooperativas, Incubadora de Empresas Culturais e outras. Incubadora de Base Tecnolgica: uma organizao que abriga empresas cujos produtos, processos ou servios resultam de pesquisa cientfica, para os quais a tecnologia representa alto valor agregado. Em geral est localizada em instituies de ensino superior e centros de pesquisa. Incubadora de Setores Tradicionais: Abriga empresas de setores tradicionais da economia (txteis, calados e agroindstrias), que detm nvel tecnolgico largamente difundido, as quais geram produtos, processos ou servios com alto valor agregado e esto comprometidas com a absoro ou o desenvolvimento de novas tecnologias. Incubadora Mista: esta incubadora desenvolve empresas dos dois tipos: empresas de base tecnolgica e empresas ligadas aos setores tradicionais. Incubadora Virtual: um tipo de incubadora que no dispe de instalaes fsicas para serem utilizadas pelos empreendedores. Os servios so fornecidos pela internet e pode ser acessado pela home-page da incubadora. Incubadora de Empresa de Agronegcios: apia empresas do setor de agronegcios, possui unidades de produo externas e utiliza os mdulos da incubadora para atividades de desenvolvimento tecnolgico e aperfeioamento da gesto empresarial.

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Incubadora de Cooperativas: Abriga por perodo mdio de dois anos empreendimentos associativo em de formao e/ou consolidados, instalados dentro ou fora do municpio. Incubadora de Cooperativas Populares ITCP: O objetivo estimular a gerao de emprego e renda de grupos populares, por meio de princpios da Economia Solidria, eles recebem assessoria e acompanhamento em diversas reas at que alcancem autogesto. Incubadora de Empresas Culturais: abriga empresas que tenham a arte e a cultura tradicional, como valor agregado aos seus produtos.

As incubadoras tambm podem ser definidas quanto a sua localizao em relao a sua vinculao, tais como: Abertas: quando as incubadoras no utilizam as estruturas fsicas das universidades, recebem os servios de consultoria, montagem e desenvolvimento das incubadoras fora do campus, normalmente so utilizados por cooperativas. Fechadas: Quando as incubadoras so residentes; ficam localizadas em instalaes dentro das universidades, utilizando toda sua infra-estrutura. Mistas: quando as incubadoras esto instaladas fora do campus, mas fazem uso das instalaes das incubadoras, como: laboratrios e afins.

Assim como os tipos de incubadoras, as empresas incubadas diferenciamse quanto ao seu nvel e passam por trs fases: pr-incubao, incubao e graduao. Pr-incubao A pr-incubao tem o objetivo de preparar os empreendimentos para o ingresso na incubadora, sendo um conjunto de atividades que visa o preparo de projetos que tenham potencial de negcios em empresas tais , como: plano de negcios, pesquisa de mercado e preparao dos empreendedores sobre gesto de negcios.

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Empresa incubada A empresa incubada ou residente uma organizao que est abrigada em uma incubadora de empresas, aps passar pelos processos de seleo, recebe todo o apoio tcnico, gerencial e aporte financeiro de fomentos para desenvolver seu produto, servios ou processos. O prazo de incubao depende de cada incubadora, que em mdia de trs anos, com prorrogao de at um ano. Empresa graduada A empresa considerada graduada quando passa pelo processo de incubao e alcana desenvolvimento suficiente, para ser habilitada a sair da incubadora.

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CAPTULO 3: A UNIFEI e sua contribuio ao desenvolvimento econmico e social de Itajub.

O municpio de Itajub conhecido por sua vocao como cidade universitria, iniciada com a Escola Federal de Engenharia de Itajub EFEI, hoje Universidade Federal de Itajub UNIFEI, tem uma densidade de pesquisadores com mais de 1.200 Ph.Ds./milho de habitantes, cinco vezes maior que a mdia nacional. Com o resultado aferido pelo Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, teve a 1 colocao no Estado de Minas Gerais, em ndice de Desenvolvimento Humano - IDH10. Localizada ao sul de Minas Gerais, Itajub possui uma localizao estratgica entre os trs maiores mercados brasileiros: So Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte o que gera a Rota estratgica, um movimento de integrao e desenvolvimento regional. Ela exerce uma influncia direta sobre os catorze municpios da regio, polarizando a populao do sul de Minas e a mineira, 48% e 6%, respectivamente. (Cmara Municipal de Itajub, 2008). Para realizar a anlise acerca da contribuio do papel da UNIFEI e suas trs incubadoras ao desenvolvimento econmico e social de Itajub, ser utilizado como referncia o modelo de desenvolvimento da hlice trplice11 que representa uma sntese de interao entre empresa, governo e universidade. Este captulo que analisa a contribuio da UNIFEI ao desenvolvimento econmico e social de Itajub baseado na anlise de entrevistas e documentos. As entrevistas foram realizadas com os principais dirigentes da UNIFEI, incubadoras e demais parceiros que se uniram a esta universidade. Existem em Itajub trs incubadoras com objetivos de incubao de empresas diferenciado, ou seja, a tecnolgica - Incubadora de Empresas de Base Tecnolgica de Itajub - INCIT; a tradicional, Centro Gerador de Empresas de Itajub - CEGEIT e a de cooperativas, Incubadora Tecnolgica de Cooperativas Populares de Itajub - INTECOOP-.10 11

IDH- contempla o acesso a educao, a longevidade de vida e a renda per capita. Ver fl. 13, 14 no Captulo 1.

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A estrutura organizacional das incubadoras no que diz respeito s ligaes com a UNIFEI e demais parceiros ser apresentada ao longo deste captulo, que abordar temas fundamentais para a construo de um espao regional de inovao na cidade de Itajub, so eles: o espao de conhecimento, de consenso, de inovao e a construo de uma regio hlice trplice.

3.1. A UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB - UNIFEI A Universidade Federal de Itajub - UNIFEI, tem sua origem em 1913, com a criao do Instituto Eletrotcnico e Mecnico de Itajub- IEMI. Em 1936 o IEMI passou por uma reformulao e foi equiparado a Escola Politcnica do Rio de Janeiro, tendo o nome modificado para Instituto Eletrotcnico de Itajub-IEI e foi a dcima escola de engenharia criada no Brasil. Os cursos de Mestrados foram iniciados em 1964, e em 1968 a instituio passou a ser chamada de Escola Federal de Engenharia de Itajub (EFEI), expandindo o nmero de cursos de graduao em Engenharia e posteriormente em outras reas de conhecimento. Em 2002 foi, ento, transformada em universidade com o nome de Universidade Federal de Itajub (UNIFEI). Atualmente, possui 11 cursos de graduao, oito de Latu-Sensu, oito cursos de Mestrado e dois doutorados, constitudos todas nas reas de engenharia (Eltrica, Mecnica, Produo, Energia, Materiais), Fsica e matemtica aplicada, cincia e tecnologia da computao e Meio Ambiente e Recursos Hdricos. A instituio tem um total de 2.200 estudantes, sendo que 500 esto nos cursos de Mestrado e Doutorado, com 240 servidores. Os docentes esto representados por: 56% com o ttulo de Doutor, 37% com o ttulo de Mestre, 3% com Especializao e 4% Graduados, ou seja, 93% tm Ps- Graduao em nvel de Mestrado e Doutorado A UNIFEI conta tambm com 49 grupos de pesquisa nas reas de Engenharia II, III e IV, Cincias Exatas e da Terra Cincias da Computao e Multidisciplinar. Na Tabela 1 so apresentados tanto os principais acontecimentos internos, bem como aqueles de natureza externa que influenciaram esta universidade a entrar num processo de mudana ampliando as aes relacionadas ao tema do empreendedorismo e inovao e a participar mais ativamente no desenvolvimento local.

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Tabela 1

UNIFEI - Influncias internas e externas nas atividades empreendedorasInstituio Ano 1995 Escola Federal de Engenharia de Itajub 1998 2000 Ministrio da Educao Deciso Criou o Cefei (Centro Empresarial de Formao Empreendera de Itajub)(a) Curso de Administrao cria disciplinas de empreendedorismo(b) Criao da Incubadora de Empresas de Base Tecnolgica de Itajub(c) Transforma a Escola Federal de Engenharia em Universidade Federal de Itajub Professor Renato Aquino, que havia sido o criador e gerente da Incubadora nomeado novo Reitor(d) Programa de atividades empreendedoras entre outras atividades Parque tecnolgico 2006 Criao do Centro Gerador de Empresas de Itajub (CEGEIT) Criao da Incubadora de Cooperativas Populares Criao de um novo Campus Meta Promover o ensino de empreendedorismo nos cursos de Engenharia Promover o ensino de empreendedorismo no curso de Administrao Criao de Empresas de base tecnolgica Fortalecimento e ampliao da universidade. Definio de um novo modelo pedaggico para a Universidade para o perodo 2004-2008 Ampliao do ensino de empreendedorismo nos cursos de graduao e ps-graduao Instalado na Universidade Incubadora de setores tradicionais da economia Resultado Criao de disciplinas de empreendedorismo Criao de disciplinas de empreendedorismo 14 empresas apoiadas pela incubadora Fortalece o papel da instituio na regio. Incentivo s atividades de pesquisa, empreendedorismo e desenvolvimento local Disciplinas de empreendedorismo em 17 dos 25 cursos de graduao; palestras sobre o tema na psgraduao Construo em andamento Incubao de 6 empresas Incubao de 5 grupos Instalao na cidade vizinha de Itabira em parceria com a Prefeitura Municipal e a Empresas Vale do Rio Doce

2002

2004

2005 Universidade Federal de Itajub

2007

Fonte: Almeida, 2008.

Na Tabela 1 verifica-se que universidade passou a ter um objetivo de se tornar uma Universidade Empreendedora devido principalmente a razes internas, por ocasio da definio no Projeto Pedaggico que foi implementado entre os anos 2004-2008. Neste projeto esto previstos, alm do fortalecimento das atividades de ensino e pesquisa uma maior insero no desenvolvimento local e no cenrio internacional. Neste documento as atividades de desenvolvimento local so consideradas como atividades de extenso e de responsabilidade social da universidade. E,

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justamente sob esta tica que as principais mudanas so realizadas (ALMEIDA, 2008). As aes voltadas para o desenvolvimento econmico privilegiam o desenvolvimento e interao com a comunidade, entre eles podem ser destacados: o Projeto Itajub - Tecnpolis que foi aprovado por lei municipal como o Projeto de Desenvolvimento do Municpio12; o projeto Rota Tecnolgica 45913, que promove um desenvolvimento regional integrado entre os municpios adjacentes; a criao da Fundao de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extenso de Itajub - FAPEPE14 promoveu a interao das IES com o objetivo de transformar conhecimento em desenvolvimento econmico atravs do Projeto Tecnpolis e do Programa de Gerao de Empreendimentos. A incubadora uma das vertentes do Programa Gerao de Empreendimentos e tambm utilizado como instrumento de fomento ao empreendedorismo. A UNIFEI participa do processo ativamente, desenvolve em seu campus um programa de pr-incubao, alm de desenvolver as idias inovadoras para serem transformadas em empresas pela incubadora, utilizando como estmulo a formao empreendedora dos seus discentes e como educao continuada capacitando seu corpo docente e servidores da rea administrativa. A Pr-incubao descentralizada, difundida por todas as unidades acadmicas e tm como pblico-alvo pesquisadores, professores, alunos de graduao e ps-graduao e pessoal tcnico administrativo. Por ser um ambiente institucional as idias e projetos podem ser validados e testados, considerando a viabilidade mercadolgica em termos de produtos e servios e a constituio de um Spin-off acadmico15. Segundo o Sr. Renato Aquino, o Programa de Gerao de Empreendimentos no vem pela incubadora, ele vem concebendo a incubadoraRecebeu apoio do Governo do Estado, do SEBRAE e do Instituto Euvaldo Lodi, ligado Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais- FIEMG. 13 Trata-se de um movimento comunitrio que pretende reunir cidados de 88 municpios sulmineiros e 19 paulistas, situados numa faixa de 50 km em torno do eixo da rodovia BR 459, que liga Lorena a Poos de Caldas, passando por Itajub, Santa Rita do Sapuca e Pouso Alegre, importante elo rodovirio entre a Presidente Dutra e a Ferno Dias. Atravs do estudo das peculiaridades, seus problemas, vocaes e potencialidades dos municpios integrados. 14 A FAPEPE se dedica ao apoio, promoo e fomento das atividades de ensino, pesquisa, extenso e o desenvolvimento institucional, cientfico e tecnolgico da Universidade Federal de Itajub, do municpio de Itajub - MG e de outras regies.1512

COELHO JUNIOR, G. Entrevista com Renato Nunes Aquino. Reitor da UNIFEI, em 23-04-2008.

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como um dos instrumentos de um processo de desenvolvimento do caso original16. Este programa, chamado de Projeto de Incubao, formado basicamente por trs conjuntos de subprogramas: o primeiro, o desenvolvimento de cultura empreendedora, com a adoo das IES; o segundo conjunto, projetos de incubao de empreendimentos, com a criao dos fruns apoiado nos conselhos diretores e conselho estratgico; o terceiro, um conjunto de projetos de incubao, utilizando as incubadoras com instrumentos para transformar conhecimento gerado pelas IES em atividades econmicas.

3.2.

A CRIAO DO ESPAO DO CO