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Universidade Católica Portuguesa Faculdade de Direito Direito da Cultura “ O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura ” Docente: Professor Doutor Vasco Pereira da Silva Discentes: Magda Alexandra Cardoso Rodrigues nº 140108057 Susana Gonçalves Albino Martins Mourão nº 140108063 Marli Cristina Barata Esteves nº 140108070 Lisboa, 2011 1

O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

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Page 1: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

Universidade Católica Portuguesa

Faculdade de Direito

Direito da Cultura

“ O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura ”

Docente: Professor Doutor Vasco Pereira da Silva

Discentes: Magda Alexandra Cardoso Rodrigues nº 140108057

Susana Gonçalves Albino Martins Mourão nº 140108063

Marli Cristina Barata Esteves nº 140108070

Lisboa, 2011

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Page 2: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

Índice

Introdução……………………………………………………….…….………. 3

Enquadramento Geral: ………………………………….……….…....… 4

O que é uma fundação

As Fundações Portuguesas

O Centro Português de Fundações…………….……………..….….. 6

A Fundação Oriente…………………………………………..….……... 7

Museu Oriente………………………………………………………. 11

Convento da Arrábida……………………………….……..….. 17

Considerações Finais………………………………………….………... 19

Bibliografia………………………………………………………….…….. 21

Anexos………………………………………………………………….…….. 22

Introdução

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Page 3: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

O presente trabalho foi elaborado no âmbito da cadeira de Direito da Cultura,

por solicitação do Professor Doutor Vasco Pereira da Silva. Como objectivo primordial

procurámos analisar o Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura,

nomeadamente o papel da Fundação Oriente, que constituiu o âmago do nosso estudo.

Antes de proceder ao desenvolvimento do tema, cabe explicitar o porquê da sua

escolha e da preferência pela fundação em causa. No momento de ponderação e

discussão que antecede a escolha, considerámos ser este um tema bastante interessante

atendendo ao plano pedagógico da disciplina, capaz de trazer um válido contributo no

conhecimento de novas realidades. O facto de não ser uma das fundações mais

conhecidas facilita-nos a tarefa de dar a conhecer algo novo, de forma a tornar o

trabalho interessante e enriquecedor do ponto de vista cultural, tanto para nós como para

os colegas, acabando por cativar a atenção de todos no momento da apresentação.

Assim sendo, escolhemos uma fundação que, além de ter grande relevo no

domínio da cultura, tem contribuído, ao longo do tempo, para o desenvolvimento

cultural do nosso país.

Neste trabalho, começaremos por fazer um enquadramento geral do tema,

abordando em seguida a Fundação Oriente em si e, com especial relevância, o Museu

Oriente e o Convento da Arrábida. Concluiremos o nosso trabalho com as considerações

finais e dedicaremos uns parágrafos ao debate suscitado aquando da apresentação do

presente estudo.

Gostaríamos, contudo, de frisar que, e atendendo às sugestões do Senhor

Professor, procurámos não nos alongar muito sobre o tema e expor apenas o mais

relevante, da forma mais sintética possível.

O que é uma Fundação

As Fundações Portuguesas

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Sob a mesma designação de "fundação" surgem instituições muito diversas.

Temos, desde logo, que distinguir as fundações públicas das fundações privadas e,

dentro de cada um destes dois grandes grupos, diversas tipologias de fundações a que

correspondem, muitas vezes, regimes jurídicos diferentes.

As fundações de direito público são criadas por uma pessoa colectiva de direito

público, regem a sua actividade pelo Direito Administrativo e prosseguem com

autonomia fins da pessoa colectiva pública que as cria. Trata-se de uma forma de

administração indirecta do Estado e é doutrina dominante integrá-las na categoria

genérica dos institutos públicos. Nem todas as fundações criadas por um organismo

público são fundações que se regem pelo Direito Público, existindo fundações de

origem pública que regem a sua actividade pelo Direito Privado - são as designadas

"fundações privadas de origem pública" ou "fundações públicas de direito privado".

Nesta categoria, integram-se todas as fundações que, tendo sido constituídas e

regendo a sua actividade pelo Direito Privado (nos termos do Código Civil), têm

património de origem exclusiva ou predominantemente pública.

O regime geral das fundações privadas encontra-se regulado no Código Civil, na

parte relativa às pessoas colectivas sem fins lucrativos. O Código Civil não definiu

directamente a realidade social que pretende abranger quando fala de fundação, no

entanto, podemos defini-la como sendo uma instituição ou organização criada para levar

a cabo uma determinada tarefa e dotada dos meios necessários para o seu cumprimento:

um património e uma administração própria.

A estas pessoas colectivas, a personalidade jurídica é atribuída a partir do

momento do seu reconhecimento pela autoridade pública (art.158º C.C.)1. O art. 188º n.

2 do C.C.2 refere, a propósito, que a fundação não será reconhecida quando os bens

destinados à fundação se mostrem insuficientes para a prossecução do fim visado e não

haja fundadas expectativas de suprimento dessa insuficiência. A fundação é, assim, um

sujeito de direito autónomo, porque não se identifica nem com a pessoa do seu fundador

(ou instituidor), nem com a dos seus administradores, e com um património próprio

1 Ver anexo I2 Ver anexo II

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Page 5: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

(dotação inicial e/ ou outros fundos previsíveis), constituído pela totalidade dos bens

afectos à prossecução das suas actividades estatutárias.

O que é realmente essencial no momento da instituição da fundação é a

indicação do fim da fundação e a especificação dos bens que lhe são destinados.

Ao longo dos anos, o Centro Português de Fundações (CPF) tem procurado

manter um registo actualizado do universo das fundações portuguesas. Durante o ano

2000, o CPF realizou um inquérito onde foram enviados questionários a todas as

instituições registadas como fundações no Registo Nacional de Pessoas Colectivas, num

total de 703. Até 31 de Março de 2002, os dados de que dispomos permitem-nos dizer

que o número de fundações em efectividade de funções deverá rondar, actualmente, as

450 instituições. Este é, sem dúvida, um número muito significativo num país com a

dimensão de Portugal e com apenas 10 milhões de habitantes.

O Centro Português de Fundações

Centro Português de Fundações.

O Centro Português de Fundações nasceu da vontade e da necessidade que as

fundações portuguesas sentiam de, em conjunto, defenderem os seus interesses comuns

e, simultaneamente, organizarem-se em torno de uma instituição representativa do

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Page 6: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

sector.

Reveste a forma jurídica de associação e, de acordo com os seus Estatutos, visa a

cooperação e solidariedade entre os seus Membros e a defesa dos seus interesses

comuns. Actualmente o Centro Português de Fundações conta com mais de cem

fundações associadas.

No âmbito das suas relações internacionais, o CPF mantém contactos com

associações de fundações na Europa e no resto do Mundo, salientando-se, pela sua

especial importância, o protocolo de cooperação estabelecido com a Associación

Española de Fundaciones (AEF) e o relacionamento próximo com o European

Foundation Center (EFC) – fomentado pela Fundação Oriente -, o Donors and

Foundations’ Networks in Europe (DAFNE) e o Worldwide Initiatives for Grantmaker

Support (WINGS).

Nos dias que correm, o CPF é sem dúvida uma mais-valia na defesa de interesses

comuns e na representação das fundações em geral.

A Fundação Oriente

A Fundação Oriente, fundação privada portuguesa, foi constituída a 18 de Março

de 1988, e instituída pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, como

contrapartida à concessão, pela Administração de Macau, de um regime exclusivo de

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Page 7: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

exploração do jogo em território Macaense até ao final do ano de 2001, nascendo assim

uma ligação particular com Macau, como se verá adiante.

No ano de 1989, viu reconhecida a sua utilidade pública, passando a gozar

desse estatuto, quer em território Português, pela Declaração publicada no Suplemento

do Diário da República, nr. 54, II Série, de 6 de Março de 1989, quer em território

Macaense, pelo Decreto-Lei nr. 16/89/M de 6 de Março3.

Integra orgulhosamente o grupo das vinte maiores fundações europeias e é

membro fundador do European Foundation Center (EFC), associação que congrega

cerca de duas centenas das mais importantes fundações da Europa e colabora com uma

série de organizações não lucrativas de trinta e cinco países.

A nível nacional, liderou, em parceria com mais duas fundações portuguesas, o

processo de criação do já referido Centro Português de Fundações (CPF).

Para finalizar, importa ainda referir que a fundação engloba o recente Museu

Oriente e o Convento da Arrábida, aspectos que merecem uma abordagem autónoma no

seio deste trabalho.

Estatuto 4

Sendo o Estatuto de qualquer Fundação um instrumento fundamental para o seu

conhecimento, releva agora proceder a uma breve exposição sobre o estatuto da

Fundação Oriente.

De acordo com seus artigos 1º e 2º, a Fundação Oriente é uma pessoa colectiva

de direito privado, de duração indeterminada, dotada de personalidade jurídica e sem

fins lucrativos. Tem sede em Lisboa, e pode criar delegações ou outras formas de

representação onde for considerado necessário ou conveniente para a prossecução dos

seus fins.

Actualmente, a Fundação tem três delegações: uma na Região Administrativa

Especial de Macau, uma em Timor-Leste e outra na Índia.

3 Ver anexo III4 Ver anexo IV

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Page 8: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

Quais os fins visados pela Fundação Oriente? A Fundação visa a “prossecução

de acções de carácter cultural, educativo, artístico, científico, social e filantrópico ,

a desenvolver, designadamente, em Portugal e em Macau, e que visem a valorização e a

continuidade das relações históricas e culturais entre Portugal e o Oriente,

nomeadamente com a China” (artigo 3º).

No capítulo do financiamento, cumpre dizer que foi instituída com um fundo

próprio de 212 milhões de patacas5 e goza de plena autonomia financeira, como

constatamos nos artigos 4º e 5º.

A Fundação goza ainda de uma série de benefícios fiscais, por ter sido declarada

de utilidade pública. Com efeito, os actos notariais e de registo relativos a imóveis

objecto de aquisição pela Fundação encontram-se isentos de quaisquer taxas e

emolumentos (Portaria nº 74/89/M de 15 de Maio)6 e a Fundação aproveita da isenção

prevista no artigo 10º do Código do Imposto sobre Pessoas Colectivas7, segundo o qual

estão isentos deste imposto os rendimentos directamente derivados do exercício de

actividades culturais, recreativas e desportivas. Também os donativos dos mecenas são

contemplados com benefícios fiscais.

Para a sua administração, a Fundação Oriente conta com quatro órgãos: o

Conselho de Curadores, o Conselho de Administração, o Conselho Consultivo e o

Conselho Fiscal (artigo 6º e ss.). Destes, o primeiro Conselho é claramente o mais

importante, sendo que é de notar que os seus membros são designados de entre

personalidades de reconhecido mérito, integridade moral e competência em qualquer

dos campos de actividade da Fundação.

Actividade da Fundação Oriente

As áreas de actividade da Fundação são extremamente extensas. É na República

Popular da China, Timor-Leste, Japão, Coreia, Tailândia e Malásia que se encontram os

principais focos da sua actuação. Por outro lado, é também grande o envolvimento desta

5 Pataca - moeda oficial de Macau. Encontra-se oficialmente indexada ao dólar de Hong Kong que, por sua vez, se encontra indexado ao dólar americano. Treze patacas correspondem, aproximadamente a €1 (dados de 2008).6 Ver anexo V7 Ver anexo VI

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Page 9: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

Fundação nas comunidades de emigrantes macaenses radicadas no Brasil, EUA, Canadá

e Austrália.

“Se do ponto de vista geográfico, a acção da Fundação Oriente se estende da

Europa à Ásia”, a nível do âmbito de actividade há que destacar, essencialmente, a

Educação e Ciência, a Filantropia e a Cultura, que é o que por ora nos interessa.

No âmbito cultural, a Fundação procura fomentar o intercâmbio artístico entre

Portugal e o Oriente. Com efeito, no domínio da Música, podemos destacar o

desenvolvimento de um programa de divulgação da música portuguesa no Oriente e

também em território nacional; no Teatro e na Dança, encontramos a promoção de

espectáculos e festivais; nas Obras Literárias, verifica-se um interessse crescente na

publicação de obras tematicamente relacionadas com a presença dos portugueses no

Oriente; e no domínio do Património Cultural, são várias as acções para a recuperação

do património, em especial, em Macau e na Índia.

Ainda neste âmbito, um dos instrumentos fundamentais da actuação da

Fundação é, sem dúvida, as bolsas de estudo disponibilizadas - apoio decisivo na

formação e intercâmbio de estudantes, contributo imenso para a divulgação da cultura

dos povos.

Com efeito, procura-se através das mais variadas bolsas, de curta duração ou

anuais, incentivar a investigação, em temas relacionados com o Oriente, em especial na

área das Ciências Sociais e Humanas, promover o conhecimento e o aperfeiçoamento

artístico, o intercâmbio entre universidades e comunidades científicas portuguesas e

orientais, e proporcionar o acesso à formação média e superior ou profissionalizante a

estudantes orientais de menores recursos económicos.

De momento, existem bolsas para a frequência de três tipos de cursos:

Aperfeiçoamento da Língua e Cultura Portuguesas e Línguas Culturais Orientais,

Aperfeiçoamento Artístico e Investigação e Doutoramento.

As três delegações da Fundação Oriente

Com sede na cidade de Díli, a delegação da Fundação Oriente em Timor-Leste

teve um papel particularmente preponderante no conturbado período político que o país

viveu no final do século XX. Têm-se registado numerosas concessões de bolsas de

estudo e apoios, da mais variada ordem , em termos literários e artísticos.

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Em Macau, o destaque merece ser feito para o variado plano de actividades aí

desenvolvido por esta delegação da Fundação.

É de referir uma decisiva contribuição em dois importantes institutos que visam

garantir a ligação entre Macau e Portugal: o Instituto Português do Oriente (IPOR) e a

Escola Portuguesa de Macau. Ambos procuram promover a difusão da Língua

Portuguesa, sendo que o IPOR garante, desde 1989, o ensino do português como língua

estrangeira e desenvolve uma série de actividades nesse âmbito, e a Escola Portuguesa

de Macau, assegura, por sua vez, desde 1998, o ensino curricular em língua portuguesa

aos níveis primário, básico e secundário, disponibilizando uma ferramenta importante

para a permanência das comunidades portuguesa e macaense.

Como centro das suas actividades, a delegação da Fundação Oriente em Macau

dispõe da Casa Garden, um edifício classificado, onde encontramos uma galeria de

exposições temporárias e um grande auditório, utilizado para fins culturais.

Por fim, a delegação da Fundação na Índia tem sede em Goa, e desenvolve as

suas actividades em coordenação com diferentes instituições indianas. O plano anual de

actividades é elaborado tendo em conta as diferentes áreas onde se inserem os seus

projectos de intervenção – desde o apoio ao ensino da Língua Portuguesa, nas escolas

secundárias de Goa e Damão, à animação cultural, nomeadamente através do

intercâmbio de artistas, à investigação histórica e à conservação do património, entre

outros.

Museu oriente

O Museu Oriente foi inaugurado a 8 de Maio de 2008 e consiste numa unidade

museológica permanente, tutelada pela Fundação Oriente, que tem como objectivo a

valorização dos testemunhos e da presença portuguesa na Ásia, quer das diferentes

culturas asiáticas. Importa, também, referir que tem um âmbito territorial internacional e

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Page 11: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

de carácter interdisciplinar, uma vez que procura através da História, da Arte e da

Antropologia proporcionar aos seus visitantes um panorama das culturas asiáticas e da

relação secular que foi estabelecida entre o Ocidente e o Oriente, principalmente através

de Portugal.

Este museu foi considerado o “Melhor Museu Português” em 2008, sendo este

prémio entregue em mãos pelo presidente da Associação Portuguesa de Museologia

(APOM), João Neto, ao presidente da Fundação Oriente, Carlos Monjardino, no ano de

2009.

Não menos importante é a menção ao edifício. O Edifício Pedro Álvares

Cabral, é uma construção portuária do início dos anos quarenta da autoria do arquitecto

João Simões Antunes. Na maior parte da sua existência foi destinado à armazenagem de

bacalhau, pelo que o odor predominante revelou-se um problema, na fase inicial da obra

de remodelação.

O objectivo da remodelação, levada a cabo por Rui Francisco e por João Luís

Carrilho da Graça, consistia em acolher uma valiosa colecção privada centrada numa

temática comum, o Oriente, nas suas vertentes histórica, social, etnológica,

antropológica, arqueológica e artística.

Este edifício, foi classificado, em 15 de Junho de 2010, como Monumento de

Interesse Público (MIP)8 pelo IGESPAR (Instituto de Gestão do Património

Arquitectónico e Arqueológico)9.

Exposições10

Quanto às exposições, o museu apresenta, em simultâneo com as exposições

permanentes (que constitui o património do museu), um quadro de exposições

temporárias vocacionado para a divulgação das artes da Ásia.

8 Um bem considera-se de interesse público quando a respectiva protecção e valorização represente ainda um valor cultural de importância nacional, mas para o qual o regime de protecção inerente à classificação como de interesse nacional se mostre desproporcionado. Dos bens móveis pertencentes a particulares só são passíveis de classificação como de interesse público os que sejam de elevado apreço e cuja exportação definitiva do território nacional possa constituir dano grave para o património cultural (classificação sob a forma de portaria).9 Ver anexo VII10 Ver anexo VIII

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Para o presente trabalho vamo-nos cingir apenas às duas colecções permanentes,

que são a “Colecção Presença Portuguesa na Ásia” e “Deuses da Ásia”, também

designada por Colecção Kwok On.

No que toca à Colecção Presença Portuguesa na Ásia, pode-se dizer, de uma

forma muito genérica, que reflecte as relações económicas e sociais que Portugal

estabeleceu com os países asiáticos, principalmente, com a Índia, China e Japão.

Esta colecção é constituída por mais de um milhar de objectos artísticos e

documentais, adquiridos pela Fundação Oriente desde que constituída e através de

mercados de arte nacionais e internacionais. Ao longo dos tempos, também tem vindo a

ser enriquecida pelo recurso a depósitos de peças pontuais ou a colecções de outras

entidades, públicas ou privadas. Temos, a título de exemplo, as importantes colecções

do poeta Camilo Pessanha, relacionada com a arte chinesa, ou do escritor e político

Manuel Teixeira Gomes, que é alusiva à arte decorativa da China e do Japão.

Ainda no que diz respeito à colecção, esta é composta por peças de grande valor,

nomeadamente, no espaço dedicado a Macau, território outrora sob administração

portuguesa, onde foi fundada a Fundação Oriente, em 1988. Contém quatro biombos

chineses, dos quais o mais antigo representa uma nau portuguesa nos mares da China, e

encontra-se acompanhado por outros dois meramente decorativos. O quarto é um

raríssimo exemplar decorado com as representações das cidades de Cantão e de Macau,

exemplares que remontam aos séculos XVII e XVIII e se estendem pelo século XIX. O

papel de Macau no comércio internacional está amplamente documentado,

evidenciando-se a colecção de porcelana brasonada, formando, através da disposição de

pratos, travessas, terrinas ou jarras, um dragão. Não menos importantes são as séries de

guaches “China Trade” que retratam o fabrico e o comércio do chá e da porcelana,

assim como os leques chineses que são muito apreciados no Ocidente.

Numa outra divisão da mesma colecção, procura-se documentar a partir de um

critério de selecção de objectos como mobiliário, têxteis, ourivesaria, pintura e marfins,

e complementada por mapas e maquetas, o estabelecimento e a construção do Império

Português do Oriente, centrado em Goa. Pode-se ainda destacar um exemplar

setecentista de um tratado escrito por um goês sobre o gentilismo hindu, assim como as

aguarelas de um álbum que espelha tipos populares, profissões e autoridades militares

da Índia.

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Page 13: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

É de salientar, também , dois biombos e lacas de nambam (das mais relevantes

peças da colecção) que ilustram muito bem o proveitoso encontro dos portugueses com

o Japão nos séculos XVI e XVII, que se reconduz à descoberta pelos portugueses da

cultura do Império do meio e do comércio lucrativo de produtos de luxo que com ele

poderiam realizar.

Dentro destas peças de grande valor, encontramos ainda uma grande quantidade

de peças relacionadas com as culturas e povos de Timor-Leste. Estas relacionam-se quer

com convivências quotidianas e tradições, quer com o sagrado, assim como com os

estreitos laços que esses povos souberam manter com Portugal.

Por último, dentro desta temos a colecção de arte do Extremo Oriente, formada

pela colecção de terracotas e de outras antiguidades chinesas, japonesas e coreanas que

foi adquirida pela Fundação Oriente. Foi acrescentado património em depósito, oriundo

do Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra, em que se destacam os legados

do poeta Camilo Pessanha e do político e escritor Manuel Teixeira Gomes.

No que concerne à colecção Deuses da Ásia, esta teve origem em 1971 através

de uma doação feita pelo Sr. Kwok On a Jacques Pimpaneau. Esta doação consistia num

conjunto de marionetas cantonenses, instrumentos musicais, livros e outros objectos, e

viria a ser o ponto de partida para um museu fundado em Paris, Museu Kwok On,

criado por Jacques Pimpaneau. A origem destes objectos vai de um espaço geográfico

que se estende da Turquia ao Japão e que incluía mais de dez mil peças em 1999, ano

em que foi doada a colecção ao Museu Oriente.

Hoje, esta colecção tem mais de treze mil objectos e é considerada uma das mais

importantes do género à escala europeia.

Agora quanto à exposição em si, esta procura tornar conhecidos certos aspectos

da arte religiosa na Ásia, sobretudo ao nível popular, e introduzir a mitologia ainda viva

que está subentendida, por exemplo, nos trajes, máscaras, instrumentos musicais,

acessórios, teatros de marionetas (por vezes de carácter sagrado), pinturas e gravuras

(que ilustram mitos, divindades, estátuas, etc.). Daí estarem representadas as grandes

religiões do continente: o hinduísmo, o budismo, o taoísmo e o shintô.

Para terminar, ambas as exposições aqui referidas podem ser complementadas

por uma mediateca que inclui livros, revistas, registos sonoros e visuais, com vista a

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colmatar o fosso existente entre os especialistas e o público em geral, como os

estudantes e meros curiosos, fornecendo uma perspectiva da Ásia. Por isso, na nossa

opinião, estas colecções podem ser consideradas educativas.

Heranças do Museu Oriente

Em 2008, o Museu Oriente recebeu três doações. Lacerda Benigno doou um

conjunto de trinta e cinco artefactos timorenses (espadas, peças de joalheira e panos)

recolhidos nos anos 60 e 70 do século XX e ainda alguma documentação. Outra doação

foi a de Sebastião de Lencastre que consistiu numa moldura de talha dourada, com o

monograma da Companhia de Jesus na base, envolvido numa coroa de espinhos e de

armas coroadas, sobrepostas a uma âncora ladeada por delfins do século XVIII – XIX, e

um prato raso de porcelana chinesa do século XVIII, decorado a azul-cobalto sob o

vidrado com a representação de uma cena de crucificação de Cristo. A última doação foi

a de Luísa Maria Salema Cordeiro de Carvalho e Maria do Rosário Salema Cordeiro

Correia de Carvalho e consistiu num conjunto de adornos de seda bordada, em cinco

tons litúrgicos e um anel de ouro cinzelado embutido de diamantes, que pertenceu ao

segundo Patriarca da Índia, D. Mateus de Oliveira Xavier (início século XX).

Serviço Educativo

O serviço educativo do Museu tem vindo a desempenhar um papel cada vez

mais importante na dinâmica do mesmo. Aos fins-de-semana dedica os sábados às

crianças e os domingos às famílias. Aos sábados, as crianças que visitarem o museu

podem escolher entre algumas dezenas de oficinas especialmente concebidas para elas.

Aos domingos, as famílias começam com uma visita ao museu seguida de oficinas em

que todos podem pôr os seus dotes artísticos à prova.

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Page 15: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

Dispõem ainda de oficinas de longa duração dirigidas aos mais novos, tendo

como objectivo ocupá-los durante as férias de Verão e do Natal.

Podem, ainda, fazer no museu festas de aniversário para crianças dos cinco aos

doze anos, sendo proposto um dia diferente com rostos mascarados, pinturas exóticas,

teatro de sombras e contos de mil e uma noites ou até mesmo uma viagem pela Ásia aos

quadradinhos.

Cursos e conferências

O Museu Oriente faz questão de ter na sua programação a organização de

cursos, conferências e workshops.

Centro de documentação

A função do Centro de Documentação da Fundação Oriente reside na promoção

do conhecimento sobre a Ásia Oriental, a Ásia do Sul e do Sudeste, em especial nas

suas relações com Portugal, no âmbito das ciências sociais e humanas, através da

disponibilização e divulgação de recursos informativos. Em Março de 2008, o Centro de

documentação levou a cabo a transferência de todos os documentos e serviços para o

edifício do Museu Oriente.

Publicações

A inauguração do Museu do Oriente determinou a publicação de obras

relacionadas com as exposições permanentes (Presença portuguesa na Ásia, Deuses da

Ásia) e temporárias (Máscaras da Ásia) assim como a adaptação do edifício (De

armazém frigorifico a espaço museológico) e ainda a obra Museu do Oriente.

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Page 16: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

Centro de reuniões e outros serviços

O Museu contém um centro de reuniões que é um espaço apto a realizar

encontros, congressos, seminários, lançamento de produtos e outros eventos de carácter

cultural, científico, empresarial, comercial ou social. O Centro permite, ainda, aos seus

clientes conjugar as suas iniciativas com a oferta cultural do Museu do Oriente.

Mecenas e patrocinadores

Por último, o Museu Oriente conta com o mecenato do Banco Espírito Santo

(mecenato principal), da Nestlé Portugal (para o serviço educativo), da Central Cervejas

e Bebidas (para os espectáculos), da Sagres, da Sony (para o núcleo do Japão da

exposição Presença portuguesa na Ásia), da Hovione (para o núcleo de Macau da

exposição Presença portuguesa na Ásia), do Grupo Portucel Soporcel (para o jardim),

entre outros.

Para além dos mecenas que aqui foram referidos, o Museu conta ainda com o

apoio da Carris, da CP e da TVI.

Convento da Arrábida

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Page 17: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

O Convento da Arrábida, construído no século XVI, abrange, ao longo dos seus

25 hectares, o Convento Velho, situado na parte mais elevada da serra, o Convento

Novo, localizado a meia encosta, o Jardim e o Santuário do Bom Jesus.

No alto da serra, as quatro capelas, o conjunto de guaritas de veneração dos mistérios da

Paixão e algumas celas escavadas nas rochas formam aquilo a que se convencionou

chamar o Convento Velho.

O convento foi fundado em 1542, por Frei Martinho de Santa Maria,

franciscano castelhano a quem D. João de Lencastre (1501-1571), primeiro duque de

Aveiro, cedeu as terras da encosta da serra. Foi sendo reestruturado ao longo dos tempos

e a última edificação remonta ao ano de 1650, quando D. António de Lencastre mandou

edificar o Santuário do Bom Jesus.

Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento, as celas e as capelas

dispersas pela serrania sofreram várias pilhagens e enormes estragos causados pelo

abandono.

Em 1863, a Casa de Palmela adquiriu o convento mas as obras só começaram

nas décadas de 40 e 50 do século seguinte. No ano de 1990, o seu então proprietário,

Manuel de Souza Holstein Beck, vendeu o convento e a área envolvente, num total de

25 hectares, à Fundação Oriente, a única instituição que, em seu entender, dava

garantias de manter os mesmos valores com que, no século XVI, os seus antepassados o

entregaram aos arrábidos.

Actualmente, foi visitado por cerca de 2.500 pessoas, número que poderia ser

mais elevado se a acessibilidade fosse melhor e se o período de encerramento não fosse

tão longo, critica feita em sede de debate com a qual concordamos inteiramente. Trata-

se de um óptimo local de visita e de um espaço cujas potencialidades poderiam ser

melhor aproveitadas.

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Page 18: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

Considerações Finais

Com a elaboração deste trabalho procurámos demonstrar como uma fundação

privada pode ter especial relevo na cultura.

Através da Fundação Oriente apercebemo-nos do vínculo existente entre

Portugal e o Oriente, onde existe uma grande preocupação no sentido do não

perecimento no tempo desta ligação cultural.

Apresentado o tema, abre-se espaço ao debate.

A pergunta formulada para iniciar a discussão foi a seguinte “Qual é, na vossa

opinião, o contributo das fundações no incremento da cultura?”

Numa primeira abordagem ao tema, louvores foram dados à metodologia que o

Museu Oriente utiliza para cativar visitantes, acabando por se destacar, num segundo

momento, as particularidades estéticas do museu, que reforçam traços característicos do

arquitecto Carrilho da Graça.

Passando depois para a questão formulada em si, acabámos por dar ênfase às

bolsas de estudo atribuídas pela Fundação, aspecto que a nosso ver tem especial

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Page 19: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

importância para o incremento da cultura pois é, sem dúvida, uma forma de

desenvolvimento cultural. Através da capacidade financeira para atribuir este tipo de

bolsas, as fundações privadas em geral, e esta em particular, contribuem enormemente

para o fomento da interligação cultural, estabelecendo-se um encontro de culturas ao

mesmo tempo que se preserva cada uma delas.

No final, acabámos por conjugar o nosso trabalho com outro apresentado no

mesmo dia por colegas da turma, o qual versava sobre o “Património Cultural”.

Estabelecendo uma ponte de contacto entre os dois temas, reflectimos sobre as

formas de protecção do património, e tentámos inserir o Museu e o Convento da

Arrábida numa das categorias de bens culturais referidas no artigo 15º da Lei do

Património Cultural (Lei n.º 107/2001 de 8 de Setembro) – Monumento, Conjunto ou

Sítio de Interesse Público? A grande dúvida surgiu sobre a qualificação do Convento da

Arrábida pois se anteriormente era concedida protecção apenas a Monumentos de

Interesse Público, nos dias de hoje, estendeu-se essa possibilidade e criaram-se as

categorias de Sítio e Conjunto de Interesse Público. Do que depreendemos da aula, e

fazendo uma breve síntese da exposição, podemos concluir que a protecção do

património pode ser concedida a um Edifício, a um Sítio ou a um Conjunto de Interesse

Público. Se estivermos a falar de uma protecção cedida a um Edifício falamos de um

Monumento de Interesse Público e para ser atribuída a um Sítio este tem de ser um local

que, pela sua dimensão cultural, necessite de protecção. Se falamos de um Conjunto que

mereça protecção, então trata-se de uma realidade coerente e com uma determinada

dimensão histórica, como é o caso do nosso bem conhecido Bairro Alto de Lisboa.

Depois de algum tempo de reflexão e discussão na aula chegámos, então, à conclusão

que o Convento da Arrábida seria considerado um Sítio de Interesse Público.

Relativamente ao Museu as dúvidas não foram muitas pois, em Junho de 2010, foi

classificado pelo IGESPAR como Monumento de Interesse Público.

Finalmente, há que salientar a celebração de um Protocolo entre a Fundação

Oriente e a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP)11, em Abril de

2010. Este protocolo, num esforço da Fundação Oriente em fomentar o turismo cultural

e a divulgação da sua actividade, prevê a criação de condições especiais para os

munícipes das autarquias locais que a ele aderiam, nomeadamente no que concerne ao

11 Ver anexo IX.

19

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valor dos bilhetes para acesso ao Museu Oriente, desde que as visitas sejam organizadas

para um grupo de mais de 20 munícipes. É, assim, mais um esforço de louvar.

Bibliografia

- Revista on-line canela e hortelã

http://canelaehortela.com

- Decreto-Lei n.º 16/89/M de 6 de Março

- Jornal “Diário de Noticias”

- Estatuto da Fundação Oriente

- Jornal “Expresso”

- Portaria n.º 74/89/M de 15 de Maio

- Portaria n.º 401/2010 D.R. n.º 114, Série II de 2010-06-15

http://dre.pt

- Jornal “ Público”

- Site oficial do Centro Português de Fundações

http://www.cpf.org.pt

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- Site oficial da Fundação Oriente

http://www.foriente.pt

- Vasco Pereira da Silva, “A Cultura a que tenho Direito”

- Revista “Visão”

- http://diariodigital.sapo.pt

- http://www.amigos-museu-oriente.pt

Anexos

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ANEXO I

CÓDIGO CIVIL PORTUGUÊSCAPÍTULO II

Pessoas colectivas SECÇÃO I

Disposições gerais

ARTIGO 158.º(Aquisição da personalidade)

1. As associações constituídas por escritura pública ou por outro meio legalmente admitido, que contenham as especificações referidas no n.º 1 do artigo 167.º, gozam de personalidade jurídica.2. As fundações adquirem personalidade jurídica pelo reconhecimento, o qual é individual e da competência da autoridade administrativa.(Redacção da Lei n.º 40/2007, de 24-8)

ANEXO II

ARTIGO 188.º

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(Reconhecimento)1. Não será reconhecida a fundação cujo fim não for considerado de interesse social pela entidade competente.2. Será igualmente negado o reconhecimento, quando os bens afectados à fundação se mostrem insuficientes para a prossecução do fim visado e não haja fundadas expectativas de suprimento da insuficiência.3. Negado o reconhecimento por insuficiência do património, fica a instituição sem efeito, se o institutidor for vivo; mas, se já houver falecido, serão os bens entregues a uma associação ou fundação de fins análogos, que a entidade competente designar, salvo disposição do instituidor em contrário.

ANEXO III

BOLETIM OFICIAL

Diploma:

Decreto-Lei n.º 16/89/M

BO N.º: 10/1989

Publicado em: 1989.3.8

Página: 1135

Declara de utilidade pública administrativa a “Fundação Oriente”

Diplomas relacionados : Diploma Legislativo n.º 1678 - Define o regime de isenções fiscais aplicável às instituições de utilidade pública administrativa, como tal reconhecidas ou declaradas nos termos do artigo 568.º da Reforma Administrativa Ultramarina.

Lei n.º 11/96/M - Declara de utilidade pública administrativa as associações ou fundações privadas que prossigam fins de interesse geral da comunidade, cooperando com a Administração do Território. — Revoga o Diploma Legislativo n.º 1678, de 10 de Agosto de 1965.

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Despacho n.º 74/GM/99 - Determinando a publicação, em língua chinesa, do Decreto-Lei n.º 16/89/M, de 8 de Março.

Categorias relacionadas : ENTIDADES PRIVADAS -

Ent. Privadas relacionadas : FUNDAÇÃO ORIENTE -

Decreto-Lei n.º 16/89/M de 6 de Março

A «Fundação Oriente» foi instituída pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, S.A.R.L., em 18 de Março de 1988, e posteriormente reconhecida pelo Governo da República Portuguesa por portaria do Ministro da Administração Interna, de 14 de Junho do mesmo ano, publicada na II série do Diário da República, de 13 de Julho.

Devendo a referida Fundação, nos respectivos termos estatutários, manter em Macau uma delegação, veio a mesma requerer lhe seja concedida pelo Governador de Macau declaração de utilidade pública administrativa.

A atribuição de utilidade pública administrativa é matéria regulada no ordenamento jurídico de Macau pelo Decreto-Lei n.º 23 229, de 25 de Novembro de 1933, (Reforma Administrativa Ultramarina), o qual determina no seu artigo 568.º que as entidades de iniciativa particular só possam beneficiar de tal atribuição quando durante cinco anos consecutivos hajam realizado os fins de interesse geral dos seus estatutos.

Na República, a concessão da declaração de utilidade pública é regulada pelo Decreto-Lei n.º 460/77, de 7 de Novembro, que não vigora em Macau, e que, especificamente no que toca ao requisito de ordem temporal acima referido, permite a sua dispensa quando circunstâncias excepcionais se verifiquem.

Considerando que o diploma que no Território rege a matéria de declaração de utilidade pública administrativa pode, em determinados aspectos do seu regime, encontrar-se desajustado da realidade actual, mas julgando-se, no entanto, não ser este o momento oportuno para a sua revisão global;

Considerando, por outro lado, que, no caso da «Fundação Oriente», atentos o circunstancialismo próprio que acompanhou a sua criação e os relevantes fins de interesse geral que se propõe prosseguir, parece justificar-se o imediato reconhecimento da sua utilidade pública administrativa;

Ouvido o Conselho Consultivo;

O Governador de Macau decreta, nos termos do n.º 1 do artigo 13.º do Estatuto Orgânico de Macau, para valer como lei no território de Macau, o seguinte:

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Artigo 1.º

(Declaração de utilidade pública administrativa)

É declarada a utilidade pública administrativa da «Fundação Oriente», para todos os efeitos legais, neles se incluindo os de natureza fiscal, designadamente os constantes do Diploma Legislativo n.º 1 678, de 10 de Agosto de 1965.

Artigo 2.º

(Deveres)

Constituem deveres da «Fundação Oriente», enquanto pessoa colectiva de utilidade pública administrativa, sem prejuízo de outros que constem da lei ou dos respectivos estatutos:

a) Enviar anualmente ao Governador de Macau o relatório e as contas dos exercícios findos;

b) Comunicar ao Governador de Macau qualquer alteração dos seus estatutos;

c) Prestar as informações que lhe sejam solicitadas por entidades oficiais para tanto competentes;

d) Colaborar com o Território e com a administração local na prestação de serviços ao seu alcance.

Artigo 3.º

(Cessação dos efeitos da declaração)

A declaração de utilidade pública administrativa e os inerentes benefícios cessam:

a) Com a extinção da Fundação;

b) Por despacho do Governador, se a Fundação deixar de prosseguir fins de interesse geral ou de cooperar com a administração em termos que tornem injustificada a declaração de utilidade pública administrativa.

Aprovado em 7 de Março de 1989.

Publique-se.

O Governador, Carlos Montez Melancia.

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ANEXO IV

Estatuto da Fundação Oriente

CAPÍTULO I

Natureza e Fins

ARTIGO 1º

Natureza

A Fundação Oriente, adiante designada simplesmente por Fundação, é uma pessoa colectiva de direito privado dotada de personalidade jurídica, que se regerá pelos presentes estatutos e, em tudo o que neles for omisso, pelas leis portuguesas aplicáveis.

ARTIGO 2º

Duração e Sede

1. A Fundação é portuguesa, de duração indeterminada e tem a sua sede em Lisboa, na Rua do Salitre, números 66 e 68, podendo criar delegações ou quaisquer formas de representação onde for considerado necessário ou conveniente para a prossecução dos seus fins.

2. A Fundação manterá uma delegação em Macau.

ARTIGO 3º

Fins

1. A Fundação tem por fim a prossecução de acções de carácter cultural, educativo, artístico, científico, social e filantrópico, a desenvolver designadamente em Portugal e em Macau, e que visem a valorização e a continuidade das relações históricas e culturais entre Portugal e o Oriente, nomeadamente com a China.

2. A Fundação promoverá, de modo especial em Macau, todas as acções que visem a valorização do seu património cultural e artístico, bem como o desenvolvimento científico e educativo do Território.

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CAPÍTULO II

Regime Patrimonial e Financiamento

ARTIGO 4º

Património

1. A Fundação é instituída pela STDM (Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, SARL.) com um fundo inicial próprio de 212 milhões de patacas, acrescido de uma contribuição, de proveniência idêntica, de 100 milhões de patacas, a ser repartida por três prestações anuais:

a) A primeira, de 15 milhões de patacas, a ser entregue até 30 de Junho de 1988;

b) A segunda, de 25 milhões de patacas, a ser entregue até 30 de Junho de 1989;

c) A terceira, de 60 milhões de patacas, a ser entregue até 30 de Junho de 1990;

2. Constituem ainda património da Fundação os rendimentos de proveniência idêntica à referida no número anterior que lhe venham a ser atribuídos numa base regular, nos termos da cláusula 21ª, nº 1, alínea d), do aditamento ao contrato para a concessão do exclusivo da exploração de jogos de fortuna ou azar, celebrado em 31 de Dezembro de 1986, entre o Governo de Macau e a STDM, SARL.

3. O fundo, a contribuição e os rendimentos a que se referem os números anteriores, bem como os bens ou valores previstos no nº 4, alínea a), deste artigo, poderão ser convertidos em escudos portugueses ou qualquer outra divisa aquando da sua afectação à Fundação.

4. Além dos fundos e rendimentos referidos nos números anteriores, o património da Fundação é constituído por:

a) Quaisquer subsídios, donativos, heranças, legados ou doações de entidades públicas ou privadas, portuguesas ou estrangeiras, e todos os bens que à Fundação advierem a título gratuito ou oneroso, devendo, nestes casos, a aceitação depender da compatibilização da condição e do encargo com os fins da Fundação;

b) Todos os bens, móveis e imóveis, adquiridos para o seu funcionamento e instalação ou pelos rendimentos provenientes da alienação ou locação daqueles mesmos bens ou ainda pelos rendimentos provenientes do investimento dos seus bens próprios.

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ARTIGO 5º

Autonomia Financeira

1. A Fundação goza de plena autonomia financeira.

2. Na prossecução dos seus fins, a Fundação pode:

a) Adquirir, alienar ou onerar, a qualquer título, bens móveis ou imóveis;

b) Aceitar quaisquer doações, heranças ou legados, sem prejuízo do disposto no artigo 4º, nº 4, alínea a);

c) Contratar empréstimos e conceder garantias, no quadro de optimização da valorização do seu património e da concretização dos seus fins;

d) Realizar investimentos em Portugal ou em Macau ou em países estrangeiros, bem como dispor de fundos em bancos estrangeiros.

CAPÍTULO III

Administração e Fiscalização

ARTIGO 6º

Órgãos da Fundação

São órgãos da Fundação:

a) O Conselho de Curadores;

b) O Conselho de Administração;

c) O Conselho Consultivo;

d) O Conselho Fiscal.

ARTIGO 7º

Conselho de Curadores

1. O Conselho de Curadores é composto por um número mínimo de cinco e máximo de sete membros designados de entre personalidades de reconhecido mérito, integridade moral e competência em qualquer dos campos de actividade da Fundação.

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Page 29: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

2. O mandato dos membros do Conselho de Curadores não tem duração definida mas cessa automaticamente no fim do ano em que completem setenta anos de idade, sem prejuízo do disposto no número 13 deste artigo. A exclusão de qualquer membro só pode efectuar-se mediante deliberação do Conselho tomada por escrutínio secreto pelo menos por dois terços dos votos favoráveis, com fundamento em indignidade, falta grave ou desinteresse manifesto no exercício das suas funções.

3. O Conselho de Curadores designará de entre os seus membros um Presidente.

4. As vagas que ocorram no Conselho de Curadores, por morte, impedimento, suspensão de mandato, exclusão ou renúncia de um dos seus membros, serão preenchidas por personalidades consensuais de reconhecido mérito, integridade moral e competência em qualquer dos campos de actividade da Fundação, a eleger mediante deliberação, por maioria, em reunião dos restantes membros do Conselho de Curadores e do Presidente do Conselho de Administração quando originário do Conselho de Curadores.

5. Quando qualquer membro do Conselho de Curadores se encontrar impedido de exercer as suas funções por exercício de cargo político ou por qualquer outro motivo, o seu mandato será suspenso até que cesse a situação de incompatibilidade ou impedimento.

6. As vagas que ocorram no Conselho de Curadores, em virtude de suspensão de mandato, poderão ser preenchidas temporariamente por personalidade designada para exercer funções em regime de substituição até que cesse a situação que deu origem à suspensão, mediante deliberação tomada nos termos do n.º 4 do presente artigo.

7. Os membros do Conselho de Curadores designados em regime de substituição exercem as suas funções nos termos e com as limitações previstas nos presentes estatutos, não podendo participar nas deliberações relativas a actos previstos nos n.ºs 4 e 6 do presente artigo e no artigo 16º.

8. O Conselho de Curadores reunirá ordinariamente uma vez por semestre e extraordinariamente sempre que convocado pelo seu Presidente, de sua iniciativa, ou a pedido de dois dos seus membros ou do Conselho de

Administração.

9. Os membros do Conselho de Curadores poderão fazer-se representar por outro membro, mediante comunicação escrita dirigida ao Presidente.

10. As funções de membro do Conselho de Curadores não são remuneradas, podendo, no entanto, ser-lhe atribuídas subvenções de presença e ajudas de custo, de montante a fixar pelo Conselho.

11. As deliberações do Conselho de Curadores são tomadas por maioria, tendo o seu Presidente voto de qualidade.

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12. O Conselho de Curadores poderá solicitar a presença de membros do Conselho de Administração às suas reuniões, os quais, no entanto, não terão direito de voto.

13. A primeira composição do Conselho de Curadores (curadores fundadores) é a constante do artigo 17º, sendo o mandato destes membros temporalmente indefinido, mas se qualquer deles optar renunciar ao mandato após os 70 anos de idade poderá integrar o Conselho Consultivo como curador fundador jubilado.

ARTIGO 8º

Competência do Conselho de Curadores

Compete ao Conselho de Curadores:

a) Garantir a manutenção dos princípios inspiradores da Fundação e definir orientações gerais sobre o seu funcionamento, política de investimentos e concretização dos fins da Fundação;

b) Designar os membros do Conselho de Administração;

c) Designar os membros do Conselho Consultivo;

d) Designar os membros do Conselho Fiscal;

e) Emitir orientações gerais sobre o Projecto de Plano de Actividades e Orçamento para o ano seguinte, elaborados pelo Conselho de Administração;

f) Aprovar conjuntamente com o Conselho de Administração o Relatório, Balanço e Contas do exercício, elaborados pelo Conselho de Administração e submetidos à sua apreciação em conjunto com o parecer do Conselho Fiscal;

g) Aprovar investimentos ou outras operações e iniciativas relevantes, propostas pelo Conselho de Administração e que não constem do Plano de Actividades e Orçamento aprovado para o respectivo ano;

h) Aprovar a criação de delegações da Fundação, sob proposta do Conselho de Administração;

i) Deliberar sobre a modificação dos estatutos e extinção da Fundação, nos termos dos Artigo 16º.

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ARTIGO 9º

Conselho de Administração

1. O Conselho de Administração é composto por três membros designados pelo Conselho de Curadores (ou por este e pelo Presidente do Conselho de Administração se este for originário do Conselho de Curadores), de entre individualidades consensuais que dêem garantias de realizar os objectivos da Fundação. O seu mandato é de quatros anos, sucessivamente renovável, salvo o disposto no número seguinte.

2. O Presidente do Conselho de Administração pode ser designado de entre os membros do Conselho de Curadores. Nesse caso, são igualmente aplicáveis ao Presidente do Conselho de Administração as disposições relativas à duração do mandato do Conselho de Curadores, referidas no número 2 do Artigo 7º, atendendo às competências pressupostas pelo Artigo 10º.

3. Se o Presidente do Conselho de Administração, designado nos termos do número anterior, for membro do Conselho de Curadores com mandato temporalmente indefinido, suspende o respectivo mandato enquanto exercer essas funções.

4. Os membros do Conselho de Administração exercerão as suas funções em regime de exclusividade e mediante remuneração a estabelecer pelo Conselho de Curadores, podendo no entanto o Conselho de Curadores autorizar o exercício de funções em outras instituições quando tal seja considerado de interesse para a Fundação, definindo os termos e condições do respectivo exercício.

5. O mandato dos membros do Conselho de Administração caduca automaticamente no final do exercício do ano em que perfaçam sessenta e cinco anos de idade.

6. As deliberações do Conselho de Administração são tomadas por maioria, tendo o Presidente voto de qualidade.

7. O Conselho de Administração reúne mensalmente e sempre que convocado pelo seu Presidente.

ARTIGO 10º

Competência do Conselho de Administração

Compete ao Conselho de Administração gerir a Fundação e, em especial:

a) Definir a organização interna da Fundação, aprovando os regulamentos e criando os órgãos que entender necessários e preenchendo os respectivos cargos;

b) Administrar o património da Fundação, praticando todos os actos necessários a esse objectivo e tendo os mais amplos poderes para o efeito;

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c) Aprovar o Plano de Actividades e o Orçamento, tendo em conta as orientações gerais do Conselho de Curadores;

d) Elaborar e aprovar, em conjunto com o Conselho de Curadores nos termos previstos no artigo 8º alínea f), o Relatório, Balanço e Contas do exercício;

e) Representar a Fundação quer em juízo, activa e passivamente, quer perante terceiros;

f) Contratar, despedir e dirigir o pessoal;

g) Negociar e contratar empréstimos e emitir garantias, nos termos da alínea c) do artigo 5º;

h) Instituir e manter sistemas internos de controlo contabilístico, de forma a reflectirem, precisa e totalmente em cada momento, a situação patrimonial e financeira da Fundação;

i) Promover, pelo menos uma vez por ano, uma auditoria pormenorizada dos livros e registos, por empresa independente de auditoria de reputação internacional.

ARTIGO 11º

Vinculação da Fundação

1. A Fundação obriga-se pela assinatura conjunta de dois membros do Conselho de Administração, um dos quais será obrigatoriamente o Presidente.

2. O Conselho de Administração poderá constituir mandatários, delegandolhes competência, podendo, nesse caso, a Fundação ficar obrigada pela assinatura conjunta de um membro do Conselho de Administração e de um mandatário.

3. O Conselho de Administração poderá, em casos devidamente justificados, constituir mandatários atribuindo-lhes competência para actos específicos previamente aprovados pelo Conselho de Administração, podendo, nesse caso, a Fundação ficar obrigada pela assinatura conjunta de dois mandatários.

ARTIGO 12º

Conselho Consultivo

1. O Conselho Consultivo é composto por um número máximo de oito membros designados pelo Conselho de Curadores de entre personalidades de reconhecido mérito e competência em qualquer dos campos de actividade da Fundação, sem prejuízo do disposto no nº 13 do artigo 7º.

2. O mandato dos membros do Conselho Consultivo é de três anos.

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3. As funções dos membros do Conselho Consultivo não serão remuneradas, podendo, no entanto, ser estabelecidas subvenções de presença e ajudas de custo, cujo montante será fixado pelo Conselho de Administração.

4. O Conselho Consultivo reunirá a pedido do Presidente do Conselho de Administração ou do Presidente do Conselho de Curadores, sendo presidido pela pessoa que o tiver convocado.

ARTIGO 13º

Competência do Conselho Consultivo

Compete ao Conselho Consultivo:

a) Sempre que solicitado pelo Conselho de Administração ou pelo Conselho de Curadores, apresentar sugestões e recomendações quanto ao melhor cumprimento dos fins da Fundação;

b) Sempre que solicitado pelo Conselho de Administração ou pelo Conselho de Curadores, emitir pareceres sobre as actividades e projectos da Fundação.

ARTIGO 14º

Conselho Fiscal

1. O Conselho Fiscal é composto por três membros designados pelo Conselho de Curadores, com o mandato de quatro anos.

2. O Conselho Fiscal designará de entre os seus membros o Presidente, que terá voto de qualidade.

ARTIGO 15º

Competência do Conselho Fiscal

Compete ao Conselho Fiscal:

a) Examinar e emitir parecer, anualmente, sobre o balanço e contas do exercício a submeter à aprovação do Conselho de Administração e do Conselho de Curadores;

b) Verificar periodicamente a regularidade da escrituração da Fundação, tendo em conta os relatórios da auditoria prevista no artigo 10º, alínea i).

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CAPÍTULO IV

Modificação dos estatutos e extinção da Fundação

ARTIGO 16º

Modificação dos estatutos e extinção da Fundação

1. A modificação dos presentes estatutos só pode ser deliberada, sem prejuízo das disposições legais em vigor sobre a matéria, mediante aprovação em reunião conjunta do Conselho de Curadores e do President do Conselho de Administração, quando originário do Conselho de Curadores, tomada :

a) Por unanimidade nos primeiros cinco anos da entrada em vigor da presente alteração aos estatutos;

b) Por 4/5 de votos favoráveis a partir do fim do prazo previsto na alínea a).

2. A extinção da Fundação só pode ser deliberada, sem prejuízo das disposições legais em vigor sobre a matéria, mediante deliberação por unanimidade do Conselho de Curadores e do Presidente do Conselho de Administração se for originário do Conselho de Curadores, devendo ser fixado para o respectivo património o destino que for julgado mais conveniente para a prossecução dos fins para que foi instituída.

CAPÍTULO V

Disposições finais e transitórias

ARTIGO 17º

Disposições finais e transitórias

1. O Conselho de Curadores da Fundação fica desde já constituído pelas seguintes sete individualidades, que serão consideradas curadores fundadores: Prof. Doutor João José Fraústo da Silva, Prof. Doutor Adriano José Alves Moreira, Engenheiro Pedro José Rodrigues Pires de Miranda, Engenheiro Eduardo Ribeiro Pereira, Dr. Carlos Augusto Pulido Valente Monjardino, Dr. Stanley Ho e Sr. Edmund Ho, que também usa Ho Hau Wa.

2. No prazo de trinta dias, contados do reconhecimento da Fundação, o Conselho de Curadores deverá designar os membros do Conselho de Administração, do Conselho Consultivo e do Conselho Fiscal.

3. Até à entrada em funções dos membros do Conselho de Administração, a que se refere o número 2 deste artigo, a Fundação é dirigida pelo Conselho de Curadores.

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Page 35: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

ANEXO V

BOLETIM OFICIAL

Diploma:

Portaria n.º 74/89/M

BO N.º: 20/1989

Publicado em: 1989.5.15

Página: 2562

Isenta de taxas e emolumentos os actos notariais e de registo, relativos a imóveis objecto de aquisição pela Fundação Oriente.

Categorias relacionadas : DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS -

Ent. Privadas relacionadas : FUNDAÇÃO ORIENTE -

Portaria n.º 74/89/M de 15 de Maio

Artigo 1.º Ficam isentos de quaisquer taxas e emolumentos os actos notariais e de registo relativos a imóveis objecto de aquisição pela Fundação Oriente, pessoa colectiva de utilidade pública administrativa.

Art. 2.º A presente portaria entra imediatamente em vigor.

Governo de Macau, aos 9 de Maio de 1989.

Publique-se.

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ANEXO VI

Código do IRC

Artigo 10º - Actividades culturais , recreativas e desportivas

1 - Estão isentos de IRC os rendimentos directamente derivados do exercício de actividades culturais, recreativas e desportivas.

2 - A isenção prevista no número anterior só pode beneficiar associações legalmente constituídas para o exercício dessas actividades e desde que se verifiquem cumulativamente as seguintes condições:

a) Em caso algum distribuam resultados e os membros dos seus órgãos sociais não tenham, por si ou interposta pessoa, algum interesse directo ou indirecto nos resultados de exploração das actividades prosseguidas;

b) Disponham de contabilidade ou escrituração que abranja todas as suas actividades e a ponham à disposição dos serviços fiscais, designadamente para comprovação do referido nas alíneas anteriores.

(Redacção da Lei nº 10-B/96, de 23 de Março)

3 - Não se consideram rendimentos directamente derivados do exercício das actividades indicadas no nº 1, para efeitos da isenção aí prevista, os provenientes de qualquer actividade comercial, industrial ou agrícola exercida, ainda que a título acessório, em ligação com essas actividades e, nomeadamente, os provenientes de publicidade, direitos respeitantes a qualquer forma de transmissão, bens imóveis, aplicações financeiras e jogo do bingo.

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Page 37: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

ANEXO VII

Diário da República, 2.ª série — N.º 114 — 15 de Junho de 2010 32651

Portaria n.º 401/2010

Na linha programática de Duarte Pacheco, com o seu Plano de Urbanização de Lisboa, a Administração do Porto de Lisboa começa a intervir racionalmente na nova frente portuária do rio Tejo.

A todo este novo cenário ribeirinho não seria estranho também o impulso dado e o papel que o País desempenhou (ou foi naturalmente obrigado a desempenhar) como porto de abrigo e entreposto de reabastecimentos para refugiados, beligerantes e «neutrais», a partir de meados da década de 30. Nesse sentido, e numa perspectiva de um modernismo «monumental» e funcionalista, inicia -se nos finais dos anos 30 a construção dos armazéns frigoríficos de Alcântara, projecto do arquitecto João Simões, antecedidos e prosseguidos por outras facilidades portuárias do arquitecto Jorge Segurado e outros, e, durante a primeira metade dos anos 40, as carismáticas Gares Marítimas, primeiro de Alcântara, depois da Rocha do Conde de Óbidos, ambas de Porfírio Pardal Monteiro, tudo isto de acordo com o seu projecto de urbanização do Porto de Lisboa -doca de Alcântara, de 1936.

Construído para funcionar como armazém frigorífico para conservação de bacalhau seco e frutas frescas, a sua estrutura funcional compreendia: câmaras frigoríficas diferenciadas (bacalhau e frutas) — 8 antecâmaras e 50 câmaras frigoríficas; zonas para recepção, preparação e expedição (piso térreo) e distintos armazéns para as embalagens usadas (no piso situado sob a laje da cobertura); dois núcleos de acessos verticais situados em extremos opostos do volume (com escada e ascensores); casa das máquinas e um ginásio, no piso superior, com ringues de patinagem, balneário e terraço para jogos. Toda a construção do edifício, nomeadamente a distribuição e o dimensionamento do sistema de lajes, pilares e vigas de betão armado que constituem a estrutura portante do edifício foram concebidos tendo em conta o peso excepcional dos produtos a armazenar.

O «Museu do Oriente», obra nova e reinterpretação da obra antiga, adquire novo simbolismo enquanto equipamento cultural capaz de reintegrar a ordem social e económica contemporânea, ou seja, reintegrar de forma criativa e inspiradora um edifício abandonado na história da cidade. O Museu, testemunho das relações históricas entre Portugal e o Oriente, alberga colecções de interesse nacional e internacional, com uma temática comum: o Oriente, nas suas vertentes histórica, social, etnológica, antropológica, arqueológica e artística. Tendo como critério estrutural o interesse estratégico nacional do próprio Museu na preservação das relações culturais entre Portugal e os países do Oriente e do Extremo Oriente.

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A classificação do edifício dos antigos Armazéns Frigoríficos de Alcântara, actual Museu do Oriente, é o reconhecimento legal da capacidade que o edifício adquiriu de se (re)inserir no tecido urbano (de Lisboa) e cultural de Portugal. Considerando, assim, que a «monumentalização cultural» deste edifício poderá iniciar o descongelamento funcional da parte da cidade em que o edifício se encontra implantado.

A sua relevância para compreensão do património arquitectónico do século XX português justifica a sua classificação como monumento de interesse público (MIP).

Foram cumpridos os procedimentos de audição de todos os interessados previstos no artigo 27.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro, bem como nos artigos 100.º e seguintes do Código do Procedimento Administrativo:

Assim:Ao abrigo do disposto no n.º 5 do artigo 15.º, no artigo 18.º, no

n.º 2 do artigo 28.º e no n.º 2 do artigo 43.º, todos da Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro, manda o Governo, pela Ministra da Cultura, o seguinte:

Artigo 1.ºÉ classificado como monumento de interesse público (MIP) o Edifício Pedro Álvares Cabral, antigos armazéns frigoríficos do bacalhau, actual Museu do Oriente, na Avenida de Brasília, Doca de Alcântara Norte, freguesia dos Prazeres, concelho e distrito de Lisboa.

Artigo 2.ºÉ fixada a respectiva zona especial de protecção do monumento de interesse público identificado no artigo anterior, conforme planta de delimitação constante do anexo à presente portaria, da qual faz parte integrante.

2 de Junho de 2010. — Pela Ministra da Cultura, Elísio Costa Santos Summavielle, Secretário de Estado da Cultura.

ANEXO

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Page 39: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

203352309

ANEXO VIII

Presença Portuguesa na Ásia

39

Page 40: O Papel das Fundações Privadas no Domínio da Cultura

Porcelana brasonada

Biombo

Deuses da Ásia

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ANEXO IX

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