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O papel do bibliotecário na formação do pesquisador juvenil

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Trabalho apresentado no XXX ENEBD - UFSCar

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Page 1: O papel do bibliotecário na formação do pesquisador juvenil

O papel do bibliotecário na formação do pesquisador juvenil.

Hugo Oliveira Pinto e Silva1

Josué Sales Barbosa2

Maria Fernanda Mayer de Camargo3

Resumo

Aborda a atuação inovadora do bibliotecário que tem dentre seus objetivos incentivar os alunos de diferentes idades – infância, pré-adolescência e adolescência – a se tornarem bons pesquisadores juvenis. Os fatores que interferem nessa formação são: a utilização das fontes de informação, o trabalho conjunto do professor e do bibliotecário, o projeto pedagógico da escola e a influência de colegas de classe e da família. Para cumprir este propósito, foram feitos estudos em duas escolas de Belo Horizonte - MG: uma particular e outra pública, mostrando assim o papel pedagógico e inovador do profissional da informação, no caso o bibliotecário, na biblioteca escolar.

Palavras chaves: Ação pedagógica do bibliotecário. Pesquisador juvenil. Competência informacional

1. Introdução

Na Sociedade da Informação (SI), as pessoas têm que possuir habilidades para

encontrar as informações necessárias para a solução dos seus problemas no trabalho, na vida

pessoal e na construção do seu próprio conhecimento. As habilidades mais importantes são:

saber trabalhar em equipe, saber localizar e utilizar as fontes de informação nos seus

diferentes suportes, compreender as diferentes tipologias textuais e não textuais para poder

comparar e confrontar as informações contidas nelas.

Diversas instituições da sociedade atuam para o desenvolvimento dessas habilidades,

que vão desde a infância, passando pela pré-adolescência, adolescência até chegar à pessoa

adulta. As principais instituições são: a família, a escola e a universidade, muitas delas podem

trabalhar em conjunto ou separadamente dependendo do contexto tratado.

As instituições ensino, principalmente as escolas, são uma das áreas mais atingidas

pela SI, pois elas possuem como objetivo formar cidadãos preparados para agir no mundo

contemporâneo que é diretamente afetado pelo desenvolvimento das tecnologias da

informação e comunicação (TIC’s). Elas aumentam a velocidade e quantidade de informação,

em uma variedade de formatos, intensificando assim o acesso e o uso à informação.

1 Aluno do 3° período da graduação em Biblioteconomia na Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais 1º semestre de 2007.2 Aluno do 2º período de graduação em biblioteconomia na Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais 1º semestre de 2007.3 Aluna do 2º período de graduação em biblioteconomia na Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais 1º semestre de 2007.

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A escola sabe da necessidade de produzir mudanças radicais na sua metodologia de

ensino, as TIC’s colocam em debate novas formas de ensinar, de aprender, de localizar, de

produzir e de socializar o conhecimento em uma sociedade sem fronteiras. Ela tem que

desenvolver o processo de aprendizagem dos alunos por meio de uma ampla variedade de

fontes de informação que estão presentes no contexto contemporâneo. Para que o aluno possa

sobreviver na sociedade atual, ele precisa, no decorrer de sua aprendizagem, conviver em um

ambiente tecnológico onde a informação está em constante mudança, sabendo administrar,

selecionar e construir sentidos com as informações disponibilizadas no contexto digital e

impresso, para que possa construir o seu próprio conhecimento.

Além disso, “as três responsabilidades básicas da educação em uma sociedade

democrática são: preparar o estudante para o mercado de trabalho, para exercer a cidadania e

a vida cotidiana” (KUHLTHAU, 1999, p.9).

Um dos mecanismos utilizados para preparar os alunos na sua atuação e ação na

sociedade democrática é a pesquisa escolar, que é utilizada nas escolas pública e privada

como instrumento de avaliação e desenvolvimento das habilidades informacionais dos

estudantes.

A pesquisa escolar foi criada no ano de 1971, por meio da Lei Federal 5.692 ela

fornece ao aluno um mecanismo de aprendizagem independente, pois até esse período a

exposição do conteúdo era feita na forma oral pelo professor dentro da sala de aula. A

pesquisa tem o objetivo de tornar o aluno mais ativo no processo de construção do seu

conhecimento, desenvolvendo assim seu espírito crítico e sua postura científica.

Para que isso seja alcançado é necessário, nas escolas, a presença de um corpo docente

qualificado e de uma biblioteca com infra-estrutura adequada, possuindo profissional

qualificado e um acervo de qualidade.

Passado 36 anos é percebido que a prática da pesquisa escolar não tem alcançado o seu

objetivo que é formação de um aluno crítico que saiba utilizar as habilidades desenvolvidas

para a construção do conhecimento. Esse quadro tem que ser revertido, para isso é preciso

repensar o papel dos principais atores envolvidos no processo: o professor, o bibliotecário e o

aluno.

2. Objetivo Geral

Analisar o desenvolvimento das habilidades informacionais dos alunos na escola

mostrando os diversos fatores relacionados a esse aspecto, como: a influência da família e dos

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colegas, a relação entre o bibliotecário e professores e a política pedagógica na escola.

Tentando compreender o trabalho do bibliotecário na formação do pesquisador juvenil.

2.1. Objetivos específicos

Analisar a importância dos principais atores envolvidos no processo de ensino-

aprendizagem, bibliotecário, professores e alunos e a sua atuação juntamente com a biblioteca

escolar.

Compreender a importância do desenvolvimento de atividades relacionadas com a

competência informacional e aprendizagem por questionamento que interferem diretamente

na formação do pesquisador juvenil e como o bibliotecário atua no desenvolvimento dessas

atividades.

Comparar o processo da formação do pesquisador juvenil em escolas públicas e

privadas, por meio de estudo de caso, tentando procurar semelhanças e diferenças no

processo.

3. Metodologia

Esta pesquisa é constituída por dois estudos de caso, que buscam compreender como

está o desenvolvimento da pesquisa escolar nos alunos no ensino médio de duas escolas

localizadas na cidade de Belo Horizonte, sendo uma instituição de ensino particular e outra

pública.

Os instrumentos de coleta de dados que foram utilizados para a concretização da

pesquisa são: a análise da literatura em artigos científicos, livros e revistas sobre a formação

do pesquisador juvenil, competência informacional e biblioteca escolar; e aplicação de

questionário para professores e alunos de ambas as escolas.

A análise de como está sendo desenvolvida à pesquisa escolar nessas escolas levou em

conta os seguintes fatores: o trabalho do bibliotecário e do professor de acordo com a política

pedagógica utilizada pela escola, a utilização e os meios que a biblioteca escolar utiliza para a

formação do aluno crítico.

4. A biblioteca escolar e os seus principais atores

A biblioteca escolar (BE) está sendo redescoberta pelas escolas sendo vista como um

instrumento de aprendizagem. A BE, de acordo com Moura (1999, p.190), “não pode ficar

mais isolada, estática, porque mais importante que priorizar o desenvolvimento de acervos

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locais é garantir a capacidade do usuário [...] de acessar a informação, onde quer que ela

esteja”.

A BE é o espaço que habilita os estudantes para a aprendizagem ao longo de suas

vidas, por meio de produtos, serviços e trabalho em conjunto com os membros da comunidade

escolar que participam do processo de ensino-aprendizagem. Ela oferece oportunidade aos

alunos de se tornarem pensadores críticos e usuários da informação, em todos os formatos e

meios. Segundo a IFLA/UNESCO os objetivos da BE para desenvolvimento das atividades de

ensino e aprendizagem, pra construir as habilidades: de leitura, de escrita, no uso da

informação, dos alunos são: apoiar e intensificar a consecução dos objetivos educacionais

definidos na missão e no currículo da escola, desenvolvendo e mantendo nas crianças o habito

e o prazer da leitura e da aprendizagem, oferecendo oportunidades de vivencias destinadas à

produção e uso da informação.

Para que a biblioteca consiga realizar os seus objetivos ela tem que possuir: uma boa

localização e estrutura arquitetônica adequados; um acervo diversificado (apresentando além

de livros, internet, CD-ROM, fitas de vídeo, dvd’s, jogos, fotografias, mapas entre outros);

possuir um sistema de recuperação da informação podendo ser manual ou automatizado;

conter o bibliotecário para realizar atividades que estimulem o hábito de leitura e

desenvolvimento das habilidades de pesquisa.

A biblioteca

ao oferecer aos usuários acesso a uma coleção formada por bons livros, cria condições para que a coleção seja ‘consumida’ não pela cobrança do currículo, mas pela curiosidade e pelo prazer de leitura, o que ajudaria os alunos no desempenho curricular, uma vez que todas as atividades escolares exigem do aluno o exercício da leitura e a interpretação do eu foi lido (GARCEZ, 2007, p.36).

A BE traz a possibilidade de “interação cooperativa entre os atores do processo educacional e

de desenvolver a capacidade de exercício crítico e criativo por meio de ações conjuntas e

significativas” (LEAL, 2002, p.325). Ela também altera a forma de construção do

conhecimento já que o mesmo deixa, em certa parte, de ser transmitido passando a ser

construído. A BE, na Sociedade da Informação, passa ser um local que propicia a relação

entre os atores que atuam nela por meio da cultura e do processo de ensino-aprendizagem. Os

principais atores que a mantém funcionando são: o bibliotecário, o professor e o aluno, ambos

trabalhando interligados, pois se um não cumpre com a sua função os objetivos não serão

conquistados completamente.

4.1. O bibliotecário

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A missão do bibliotecário nos dias de hoje, é sem duvida imprescindível para que a

informação esteja ao acesso de todos. Esse profissional que antes só exercia a função de

adquirir, cuidar e organizar o acervo, agora passa a ensinar as pessoas a escolher e usar os

livros para aprender. Essa é umas das funções pedagógicas do bibliotecário.

A formação de um leitor critico deve acontecer desde o seu ingresso na escola, como

resultado de uma relação harmoniosa entre biblioteca, bibliotecário e professor, mostrando

que a biblioteca não é um depósito, ou uma sala de castigo da escola, mas uma de suas partes

mais importantes.

O bibliotecário na escola perde o papel de ser apenas o detentor da informação ele

passa, por meio dos recursos informacionais, a “colaborar com os professores como

facilitadores e treinadores no processo de aprendizagem baseado em tais recursos”

(KUHLTHAU, 1999, p.10).

Segundo Tavares (1973), o bibliotecário deve orientar o professor para que ajude o

aluno a tirar o máximo de ensinamentos possíveis da biblioteca, compete a ele orientar seus

leitores sobre o uso da própria, como realizar pesquisas, levantar bibliografia, consultar

dicionários e como normalizar trabalhos entre outras habilidades. Essas novas habilidades

creditadas ao bibliotecário, fazem com que ele abandone essa postura de isolamento,

participando efetivamente do planejamento das atividades escolares gerais, incluindo a

construção do currículo da escola.

Uns dos fatores que favoreceram a mudança do papel do bibliotecário nas instituições

escolares foram às teorias educacionais. Elas exigem que haja uma reformulação de novas

formas de atuação do profissional de forma que o usuário esteja no centro do processo de

aprendizagem.Algumas características do bibliotecário enfatizando sua função pedagógica

foram sugeridas por Stripling (1996, citado por CAMPELLO, 2003) são elas: caregiver,

orientador (Coach), elo (Connector) e catalisador (Catalyst).

Caregiver: o bibliotecário se relaciona com a idéia de que o processo de educação

envolve dimensões afetivas. Deve-se respeitar a individualidade e o interesse de pessoal do

aluno. Assim, o profissional tem como função auxiliar cada aluno em de forma especifica,

apoiando a aprendizagem individualizada.

Orientador (Coach): aqui o aluno é visto como responsável pela construção de seu

conhecimento, e o bibliotecário toma a posição de estimulador à aprendizagem, levando ao

aluno a buscar as fontes, estratégias e respostas para seus questionamentos.

Elo (Connector): o profissional passa a ser um elo de conexão dos alunos com as

idéias concretas no universo dos recursos informacionais disponíveis.

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Catalisador (Catalyst) essa característica coloca o bibliotecário como um catalisador

das mudanças na escola, com vista na estrutura escolar. Nesse caso o profissional ocupa uma

posição privilegiada, pois tem uma visão global de todo o processo de aprendizagem.

A novidade que a sociedade da informação está trazendo para o papel bibliotecário

escolar é a sua função de liderança, contrariando assim todas as expectativas, pois ao longo do

tempo foram imputadas inúmeras características negativas ao profissional, como passividade,

isolamento e inflexibilidade. Mas sem este profissional

as normas de funcionamento, a formação da coleção, o tratamento da informação e os serviços oferecidos pela biblioteca são instituídos se discussão e sem critérios adequados, deixando de atender de forma satisfatória às necessidades da comunidade escolar e de criar e/ou incentivar, nessa mesma comunidade, mudanças quanto ao hábito de leitura e de pesquisa” (GARCEZ, 2007, p.27).

4.2 Os professores

O papel do professor, na sociedade da informação “é o de facilitador e treinador em

um processo de aprendizagem que se baseiam em uma variedade de fontes de informação”

(KUHLTHAU, 1999, p.10).

Muitos professores ainda hoje utilizam exclusivamente, como técnica de ensino, as

aulas expositivas que trazem grandes problemas, no ponto de vista pedagógico, como o alto

risco de não aprendizagem, em função do baixo nível de interação entre o aluno e o professor.

Isso pode ocorrer segundo Vasconcelos (1992, citado por CAMPELLO et.al., 1998)

“tanto na interação objetiva (contato com o objeto, manipulação, experimentação, forma de

organização da coletividade de sala de aula etc.), quanto na subjetiva (reflexão do sujeito,

problematização, estabelecimentos de relações mentis, análise, síntese etc.)”. Um outro

problema da metodologia expositiva é a formação do indivíduo passivo, não crítico e incapaz

de contribuir para a construção de uma sociedade democrática.

A aprendizagem que os professores devem praticar no contexto da sociedade da

informação, deve ser duradoura, profunda e centrada no aluno desenvolvendo nele

principalmente o direito de discordar, de questionar e de opinar. Para que aconteça isso, os

educadores devem mudar as suas metodologias na utilização dos recursos informacionais,

independente do tipo de suporte em que eles são encontrados.

O principal mecanismo utilizado pelos educadores para aplicar o uso dos recursos

informacionais é a pesquisa escolar, pois ela é um instrumento de aprendizagem por

descoberta já que o aluno vai construindo o seu próprio caminho para o conhecimento, por

meio da ajuda do professor. O problema da pesquisa escolar é que, com o passar dos anos ela

se transformou e uma cópia literal e indiscriminada de textos, o que levou ao surgimento de

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diversas críticas, principalmente dos professores, como foi observado por Campello et al.

(1998, p.269) “os professores lamentam que os alunos não se interessam por materiais

escritos, , detestam ler, limitam-se a copiar parágrafos de enciclopédias em suas pesquisas”.

Um dos fatores que facilitou na fragilidade do processo das pesquisas escolares foi o

desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TIC’s), com o aparecimento

dos computadores e principalmente da Internet. As TIC’s trouxeram um novo desafio, para os

professores, pois eles têm que se atualizarem mais rápido do que os alunos, para

desenvolverem projetos pedagógicos que possam ser colocados em prática com o objetivo de

ensinar aos alunos a maneira mais segura de utilizar os recursos informacionais encontrados

no contexto digital.

4.3. O aluno

O aluno é o principal beneficiário da interação professor/ bibliotecário, pois ambos na

sociedade atual têm que trabalhar em conjunto para torná-lo uma pessoa crítica e cidadã por

meio da utilização dos conhecimentos pedagógicos e biblioteconômicos.

Os responsáveis pela formação do leitor crítico devem respeitar a faixa etária em que o

aluno está inserido, criando atividades relacionadas com o desenvolvimento do hábito de

leitura, a busca da informação em seus diversos suportes, seleção da informação dentre

outros.

Coordenados por Bernadete Campello, um grupo de estudos da Biblioteca Escolar,

adaptaram do livro da escritora norte-americana Carol Kuhlthau uma metodologia para o

desenvolvimento das habilidades informacionais nos alunos, respeitando a idade e série em

que o aluno está. Este programa é dividido em 3 fases:

a) Fase I – Preparando a criança para usar a biblioteca: apresenta atividades relacionadas

com o conhecimento da biblioteca, o envolvimento das crianças com livros e narração

de histórias. Essa fase envolve crianças de 4 à 7 anos.

b) Fase II – Aprendendo a usar recursos informacionais: apresenta atividades ligadas

onde as crianças irão praticar das habilidades de leitura, a expansão dos interesses de

leitura, e serão preparadas para utilizar de forma independente os recursos

informacionais para serem fontes de buscas na pesquisa escolar. Essa fase compreende

os estudantes de faixa etária de 7 à 10 anos.

c) Fase III – Vivendo na sociedade da informação: os alunos utilizam os recursos

informacionais de forma independente, entendendo melhor o ambiente informacional.

Nessa fase estão inseridos os alunos de 11 à 14 anos.

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5. A aprendizagem por questionamento, a competência informacional e na formação do

pesquisador juvenil.

As teorias de aprendizagem por questionamento e de competência informacional são

“importantes vias para se percorrer quando se deseja entender a formação do pesquisador

juvenil. Elas possuem muitos pontos em comum e são complementares” (FIALHO e

MOURA, 2005, p.196).

5.1 A aprendizagem por questionamento

A aprendizagem baseada no questionamento, proporciona ao aluno a aprender nos

projetos de pesquisa e problemas que são encontrados no percorrer do seu processo de ensino-

aprendizagem, por meio de levantamento de questões e na busca de soluções em diversos

recursos informacionais encontrados em diversos suportes e formatos, ele constrói o seu

conhecimento, tornando-se assim uma pessoa crítica.

Segundo KUHLTHAU (1999, p.10) “esta abordagem é muito diferente da do livro

texto, onde o estudante se limita a reproduzir o texto e reempacotar a informação”. Essa

autora desenvolveu o modelo de processo de pesquisa chamado de processo de busca de

informação que foi desenvolvido por meio de suas pesquisas. Este modelo é composto por

sete estágios: iniciação, seleção, exploração, formulação, coleta, apresentação e avaliação

(KUHLTHAU, 1999; CAMPELLO e ABREU, 2005).

A iniciação da tarefa é o momento onde os alunos percebem que precisam de

informação pra realizar o trabalho proposto pelo professor, eles procuram entender o que irão

encontrar pela frente e tentam utilizar os seus conhecimentos para fazer o trabalho, sendo que

os sentimentos que eles expressam são de incerteza e apreensão.

A seleção é o momento em que o estudante identifica o tópico geral da pesquisa, o

principal sentimento nesse momento é uma pequena sensação de otimismo, pois o estudante

se acha capaz de realizar a tarefa.

A exploração é o momento em que o estudante explora a informação, com o objetivo

de estabelecer um foco para a sua pesquisa. Nesse estágio há queda da confiança do aluno

devido à diversidade de informações que ele encontra que não vai ao encontro às suas

expectativas o que leva o estudante a duvidar da conveniência do tema, da adequação das

fontes e da sua capacidade de realizar o trabalho.

A formulação é o momento no qual o estudante escolhe uma abordagem específica

para o trabalho, ou seja, o foco do trabalho.

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A coleta é a parte em que o estudante reúne a informação, relevante para o seu

trabalho com a utilização do sistema de recuperação da informação e a ajuda do professor e

do bibliotecário.

A apresentação é o momento de o estudante completar o trabalho, descrevendo a

perspectiva focalizada e preparando-se para apresentar o conhecimento obtido para seus

colegas.

A avaliação é a última etapa, onde o estudante revê todo o processo por meio da

análise do progresso obtido, bem como o que aprendeu. Os sentimentos encontrados no final

do trabalho podem ser de alívio e satisfação ou de frustração.

5.2 Competência informacional

O termo competência informacional foi primeiramente utilizado nos Estados Unidos

na década de 1970, para designar habilidades ligadas no uso da informação eletrônica, ele foi

assimilado pelos bibliotecários escolares e atualmente constitui a base de políticas de ação

pedagógica. A tradução do termo information literancy como competência informacional,

havia sido feita por Campello em um texto sobre a perspectiva da biblioteca escolar que

mostrava a importância do conceito de competência informacional nas mudanças do papel da

biblioteca diante as novas exigências da educação no século XXI, a percepção da necessidade

de se ampliar a função pedagógica da biblioteca e de repensar o papel do bibliotecário.

Segundo a ALA (American Library Association) para ser competente em informação a

pessoa, aqui no caso o aluno

deve ser capaz de reconhecer quando precisa de informação, e possuir habilidade para localizar, avaliar e usar efetivamente a informação... em ultima analise, as pessoas que tem competência informacional são aquelas que aprenderam a aprender.Essas pessoas sabem como aprender porque sabem como a informação esta organizada, sabem como encontrar informação, sabem como usar informação, de tal forma que outros possam aprender com ela.

Existem pontos de ligação entre a aprendizagem baseada nos questionamentos e a

competência informacional. Um dos principais pontos é a necessidade de conscientizar o

aluno da necessidade de aprender a aprender e perceber a busca do conhecimento como um

ato contínuo, de forma que o uso da informação possa promover significado em sua vida. São,

portanto componentes do conceito de competência informacional: o processo investigativo, o

aprendizado ativo, o aprendizado independente, o pensamento crítico, o aprender a aprender e

o aprendizado ao longo da vida.

6. A formação do pesquisador juvenil na escola particular.

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A pesquisa realizada no Colégio São Miguel Arcanjo, com professores e alunos visa

compreender como esta sendo realizada a pesquisa escolar na escola, olhando o papel dos

seus principais atores.

Dos trabalhos realizados pelos alunos que responderam o questionário, 60% o tema foi

dado pelo professor, sem prévio questionamento do aluno e 40% puderam escolher o tema, de

acordo com as alternativas dadas pelo professor. Para a realização desses trabalhos, segundo

os alunos, os professores não passaram nenhuma bibliografia que ajudasse na iniciação do

trabalho e maioria dos trabalhos feitos em grupo, o que estimula o hábito de trabalhar em

equipe.

Quando questionados sobre os primeiro sentimentos que sentiram, os alunos

responderam o seguinte: 17,3% sentiam-se seguros, 21,7% sentiam-se confiantes e seguros, e

13% se sentem otimistas, a justificativa que os alunos deram foram “porque ela é uma boa

professora”, “porque eu já apresentava um pouco de conhecimento sobre o tema pesquisado”,

8,6% ficaram com dúvidas, 13% ficaram inseguros e 4,3% ficaram confusos, a justificativa

que os alunos deram foram “eu fiquei com esses sentimentos porque não sabia nada que

estava falando o trabalho”, “o sentimento foi em relação às diversas notícias que poderia

escolher, pois eram várias” .

A primeira ação que os alunos tomaram foram: pesquisar em livros, revistas e jornais,

o que corresponde a 17,6% das respostas, 11.7% dos alunos responderam que conversaram

com os familiares e pesquisam na internet, 23,5% conversaram com os integrantes do grupo,

sendo que 5,8 dividiram as tarefas para que o trabalho fosse feito e 29,4% conversaram com

os colegas de sala.

O desenvolvimento até a conclusão dos trabalhos os alunos continuaram a discutir

sobre o assunto do trabalho, a utilizar a internet e a biblioteca da escola, sendo que na última

sem a ajuda do profissional. Em relação a normalização dos trabalhos 90% dos alunos

responderam que não sabia fazê-la, somente 10% a sabem em certa parte, pois os alunos

utilizaram diversos autores mas não fizeram citações dos mesmos.

Entre as tarefas mais difíceis de serem realizadas os alunos apontaram a realização da

pesquisa, a seleção do conteúdo pesquisado, a organização de idéias, e a conclusão do

trabalho. As maiorias dos entrevistados disseram que ao término do trabalho haviam chegado

a uma opinião própria sobre o assunto pesquisado, sendo que 70% responderam que o

professor estimulou o levantamento de questões sobre o assunto da pesquisa e 70%

disseram que são motivados pelos professores a lerem e a fazerem uso da biblioteca da escola.

Page 11: O papel do bibliotecário na formação do pesquisador juvenil

A biblioteca da escola não possui um bibliotecário formado, nem um funcionário com

formação técnica, mas apresenta um profissional com formação em pedagogia. Os alunos

responderam que além dos livros didáticos e de literatura, o acervo da biblioteca ainda conta

com revistas e jornais, além de livros para pesquisa, computadores e mapas. Entre os serviços

prestados pela biblioteca, foram citados o empréstimo, acesso a internet e o atendimento a

pesquisa, 60% dos alunos disseram os serviços prestados pela biblioteca não atendem as suas

necessidades e 60% disseram que a responsável pela biblioteca não possui formação adequada

para trabalhar em uma biblioteca.

No final do questionário pedimos aos alunos que deixassem comentários sobre a

biblioteca da escola, entre eles destacamos: “Acredito que a biblioteca não oferece, tanto

quanto a internet, sempre prefiro usar meio eletrônico, pois há sites de busca podendo colocar

qualquer tipo de assunto, ou seja, acredito que a internet é uma grande biblioteca eletrônica,

me sinto bem pesquisando lá, pois encontro tudo o que eu quero”.

A relação entre os professores do ensino médio e a biblioteca da escola é bem simples,

pois a maioria só utiliza a biblioteca para pegar livros de literatura, selecionar material para as

suas aulas ou alunos, consultar o acervo e para desenvolver projetos para utilizar a biblioteca

eles ficam em média menos de uma hora na biblioteca. Os principais serviços que eles

identificaram são: a hora do conto, empréstimo, atendimento a pesquisa, visitas programadas,

oficinas e instrução de uso.

Para os professores os serviços oferecidos pela biblioteca atendem os seus objetivos,

pois “o espaço da biblioteca torna-se mais uma alternativa para diversas atividades”, “os

serviços servem para enriquecer o assunto ministrado em sala de aula”, mas poderiam ser

melhorados com investimentos do acervo. Esse é constituído por diversos tipos de materiais,

como livros didáticos, jornais, revistas, mapas, globos, computadores e livros paradidáticos.

Um dos mecanismos que os professores utilizam para avaliar os alunos é a pesquisa

escolar, segundo eles o tema da pesquisa pode ser escolhido pelo aluno, em relação a

bibliografia, raramente eles não indicam ficando para o aluno a realização da pesquisa

bibliográfica, a maioria dos professores ensinam seus alunos normalização e possuem tempo

para tirar possíveis dúvidas dos alunos.

7. A formação do pesquisador juvenil na escola pública.

A pesquisa realizada na Escola Estadual Carlos Drumonnd de Andrade localizada na

região norte de Belo Horizonte-MG, afim de saber acima de tudo qual o papel biblioteca/

Page 12: O papel do bibliotecário na formação do pesquisador juvenil

bibliotecário exercem na formação do aluno. No término da pesquisa foram recolhidos os

seguintes resultados:

Os trabalhos realizados pelos alunos que responderam o questionário foram propostos

pelos professores sem prévio questionamento dos alunos, sendo que 67% desses trabalhos

foram realizados sem bibliografia indicada pelo professor, porém 33% dos que

responderam o contrário, disseram que a bibliografia era o próprio livro didático adotado

pelo professor.

Quando questionados sobre os primeiros sentimentos ao serem expostos ao tema da

pesquisa a ser realizada, os alunos se sentiram: 83,5% seguros, 50,1% confiantes, 33,4% com

dúvidas. Alguns ainda comentaram que: “Achei que não iria dar conta”, outro aluno disse:

“Tínhamos capacidade de elaborar um bom trabalho, devido aos conhecimentos adquiridos

nas aulas anteriores”.

A primeira ação que tomaram forma buscar o professor para que esse pudesse retirar

as duvidas existentes, procurar uma fonte de pesquisa, e ler tudo o que o trabalho pedia.

Quando foram perguntados se haviam conversado com alguém sobre o tema da pesquisa, os

alunos responderam: 100% com os colegas de sala e /ou grupo, 33,4% com os professores.

Uma aluna respondeu que procurou os familiares e nenhuma delas o bibliotecário ou

responsável pela biblioteca da escola. Todos os pesquisados utilizaram a internet para fazerem

o trabalho.

Em relação à normalização dos trabalhos é que 100% dos alunos não sabem faze-la,

mas 66,8% utilizaram mais de um autor, e desses apenas 25% fizeram alguma citação dos

autores utilizados.

Entre as tarefas mais difíceis de serem realizadas os alunos apontaram a seleção do

conteúdo pesquisado, a divisão de tarefas dentro do grupo e a conclusão. Todos os

entrevistados disseram que ao término do trabalho haviam chegado a uma opinião própria

sobre o assunto pesquisado, sendo que 66,8% responderam que o professor estimulou o

levantamento de questões sobre o assunto da pesquisa e 83,5% disseram que são

motivados pelos professores a lerem e a fazerem uso da biblioteca da escola.

A biblioteca da escola não possui um bibliotecário formado nem um funcionário com

formação técnica. Os alunos responderam que além dos livros didáticos e de literatura, o

acervo da biblioteca ainda conta com revistas e jornais, além de livros para pesquisa, como a

enciclopédia Barsa. Entre os serviços prestados pela biblioteca, todos citaram apenas o

empréstimo. Metade dos entrevistados disse que os serviços prestados pela biblioteca atendem

Page 13: O papel do bibliotecário na formação do pesquisador juvenil

as suas necessidades. 83,5% disseram que a responsável pela biblioteca não possui formação

adequada para trabalhar em uma biblioteca.

No final do questionário pedimos aos alunos que deixassem comentários sobre a

biblioteca da escola, entre eles destacamos: “... a biblioteca do meu colégio tem vários livros

importantes e que eu utilizo bastante, mas tem alguns títulos que são dados pelos professores

para serem lidos e que não tem na biblioteca”, “A biblioteca do colégio onde estudo não é

aberta no nosso turno e quando é aberta poucos materiais são destinados ou usados pelos

alunos.”.

8. Considerações

Os problemas enfrentados pelas bibliotecas das escolas pesquisadas vão além da falta

de um profissional graduado em biblioteconomia. O funcionário responsável pela biblioteca

não tem nem uma formação técnica, o que já impossibilita que alguns serviços básicos sejam

realizados. O acervo, como foi apontado por alguns alunos tanto da instituição pública como

os da privada, é insuficiente para a realização de algumas pesquisas. A abertura da biblioteca

também deveria ocorrer em todos os turnos na escola pública, assim o aluno teria um espaço

para realizar suas pesquisas escolares na biblioteca mesmo fora do seu horário de estudo.

Os professores poderiam incentivar o uso da biblioteca, e também utiliza-la como

extensão da sala de aula, promovendo atividades dentro da mesma. Para isso o professor terá

que atualizar sua metodologia de ensino, deixando de lado expositivas, utilizando outros

meios. Quebrando assim barreiras preconceituosas existentes a respeito do profissional

bibliotecário e a biblioteca da escola que antes era vista apenas como um apêndice da

instituição.

O bibliotecário, ou o responsável pela biblioteca, devem se atentar que o seu papel dentro da

escola esta mudando, tirando de si aquela imagem de apenas o detentor e organizador das

informações e de que a biblioteca é um lugar para livros apenas. Ele deve estar aberto a novas

possibilidades de atuação na escola, como na participação da elaboração do currículo escolar

e ate das aulas dos professores, exibindo o acervo presente na biblioteca para o professor e

para o aluno, trabalhando neste último a apreciação da leitura e da pesquisa escolar e de

interesse próprio, para assim este poder tomar suas próprias opiniões tornado-se assim um

leitor crítico.Referências

Page 14: O papel do bibliotecário na formação do pesquisador juvenil

CAMPELLO, Bernadete Santos.; ABREU, Vera Lúcia Furst Gonçalves. Competência

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