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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS O PAPEL DO CONTROLLER: UM ESTUDO NO CONTEXTO BRASILEIRO MÔNICA SIONARA SCHPALLIR CALIJURI São Paulo 2005

O PAPEL DO CONTROLLER: UM ESTUDO NO CONTEXTO … papel do controller … · A Controladoria tem uma nova dimensão na gestão das empresas. De um papel eminentemente contábil ou

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS

EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

O PAPEL DO CONTROLLER: UM ESTUDO NO CONTEXTO BRASILEIRO

MÔNICA SIONARA SCHPALLIR CALIJURI

São Paulo 2005

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

O PAPEL DO CONTROLLER: UM ESTUDO NO CONTEXTO BRASILEIRO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como

exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em

Ciências Contábeis e Financeiras, sob a orientação da

Profa. Dra. Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos.

MÔNICA SIONARA SCHPALLIR CALIJURI

São Paulo 2005

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BANCA EXAMINADORA

Presidente

Titular

Titular

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DEDICATÓRIA

Para minha família.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, que me ampara e me guia.

À minha família, pela compreensão e suporte indispensável.

À Prof. Dra. Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos, que me orientou neste

trabalho. Pela sua atenção e sabedoria, e principalmente, pelo seu exemplo como

profissional.

Ao Prof. Carlos Aragaki, pela ajuda indispensável para a realização desta pesquisa

e a ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos em Finanças, Administração e

Contabilidade.

Ao Prof. Dr. Roberto Fernandes dos Santos, pelo apoio e inestimável contribuição.

Ao Prof. Dr. Josir Simeone Gomes, pela contribuição valiosa à conclusão deste

trabalho.

E a todos aqueles, que de alguma forma contribuição para a realização deste

trabalho.

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RESUMO

A Controladoria tem uma nova dimensão na gestão das empresas. De um papel

eminentemente contábil ou explicativo ela evoluiu para apresentar modelos

preditivos, efetuando simulações de cenários futuros e identificando novas

oportunidades de negócios. Na década de 50 o controller era a pessoa que estava

encarregada primordialmente de preparar as demonstrações financeiras. Nos anos

recentes, com o aumento da complexidade na organização das empresas, criou-se a

necessidade de um sistema mais adequado para um controle gerencial efetivo,

ocorrendo o desenvolvimento de uma função diferenciada. O controller então passou

a ocupar outras tarefas. Em vista das mudanças, surgiu a carência de estudos mais

aprofundados, abrangendo o novo papel do controller, especialmente, no contexto

brasileiro. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é contribuir, através da pesquisa

realizada, com os estudos da controladoria e discutir o papel deste novo profissional

nos dias atuais. Para a realização deste trabalho foi utilizada a pesquisa

exploratória, tendo como instrumento a aplicação de questionários enviados a uma

amostra determinada e recebidos via e-mail. Os resultados da pesquisa mostram a

existência de um novo perfil da controladoria que demandam profissionais com uma

sólida formação acadêmica, espírito de liderança e flexibilidade para as mudanças.

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ABSTRACT

Controllership has developed a new dimension on companies’ management. From

an impending accounting or explanative character it has evolved to presenting

prognostic models, completing simulations of future settings and identifying new

business opportunities. During the 50’s, the controller was the person in charge,

fundamentally, of preparing financial statements. Throughout recent years, as the

companies’ organizations has increased, it has been created the need of a more

adapted system to achieve an effective management, hence, the development of a

differentiated function and the controller’s shift to new tasks. In sight of changes, the

necessity appeared more of deepened studies, enclosing the new profile of

controller, especially in the Brazilian context. The objective of this work is contribute

to the controllership’s studies and to present the role of this new professional on

current time. Exploratory research has been used as part of this work’s realization,

having as instrument the application of questionnaires sent to a determined segment

and received by e-mail. The outcome of the research demonstrates the existence of

a new controllership profile that demands professionals with a solid academic history,

leadership spirit and flexibility to changes.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Porte da empresa.............................................................................. 94

Tabela 2 – Nacionalidade da empresa............................................................... 95

Tabela 3 – Posição da Controladoria no organograma da empresa.................. 96

Tabela 4 – Posição do controller na estrutura organizacional da empresa......... 98

Tabela 5 – Funções dos controllers ................................................................... 99

Tabela 6 – Habilidades/competências dos controllers....................................... 103

Tabela 7 – Formação superior do controller ....................................................... 107

Tabela 8 – Cursos de graduação concluídos...................................................... 107

Tabela 9 – Formação superior do controller com uma graduação..................... 108

Tabela 10 – Formação superior do controller com duas graduações................... 109

Tabela 11 – Satisfação com a preparação do curso de graduação para o

cargo de controller............................................................................ 111

Tabela 12 – Formação pós-graduada do controller.............................................. 114

Tabela 13 – Cursos de pós-graduação cursados................................................. 115

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Análise comparativa da contabilidade financeira e da

Controladoria ...................................................................................... 26

Quadro 2 – Perspectivas de controle .................................................................... 31

Quadro 3 – Planejamento de estrutura organizacional ......................................... 33

Quadro 4 – Diferenciação do controller e administrador financeiro ....................... 75

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Organização da Controladoria – modelo 1 ........................................... 40

Figura 2 – Organização da Controladoria – modelo 2 ........................................... 41

Figura 3 – Organização da Controladoria – modelo 3 ........................................... 43

Figura 4 – Estrutura da Controladoria para médias e grandes empresas ............. 44

Figura 5 – Níveis de Controladoria nas empresas ................................................ 48

Figura 6 – Relação hierárquica dos níveis de Controladoria ................................. 51

Figura 7 – Controladoria moderna ......................................................................... 52

Figura 8 – Relacionamentos alternativos do controller .......................................... 53

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Porte da empresa............................................................................. 94

Gráfico 2 – Nacionalidade das empresas .......................................................... 95

Gráfico 3 – Posição da Controladoria no organograma da empresa ................. 97

Gráfico 4 – Posição do controller na estrutura organizacional da empresa....... 98

Gráfico 5 – Funções dos controllers .................................................................. 100

Gráfico 6 – Habilidades/competências dos controllers....................................... 104

Gráfico 7 – Formação superior do controller ...................................................... 107

Gráfico 8 – Cursos de graduação concluídos.................................................... 108

Gráfico 9 – Formação superior do controller com uma graduação.................... 109

Gráfico 10 – Formação superior do controller com duas graduações.................. 110

Gráfico 11 – Satisfação com a preparação recebida na graduação..................... 112

Gráfico 12 – Formação pós-graduada do controller ............................................. 114

Gráfico 13 – Cursos de pós-graduação cursados ................................................ 115

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........... ........................................................................................... 13

1 A CONTROLADORIA ....................................................................................... 16 1.1 Breve Histórico da Controladoria ..................................................................... 18

1.2 Objetivos da Controladoria .............................................................................. 21

1.3 Funções da Controladoria ............................................................................... 22

1.3.1 A função financeira e a função Controladoria ............................................... 25

1.4 A função da Controladoria no processo de gestão .......................................... 27

1.4.1 Planejamento ............................................................................................... 28

1.4.2 Execução ...................................................................................................... 30

1.4.3 Controle ...................................................................................................... 30

1.5 O órgão Controladoria na empresa ................................................................. 32

1.5.1 A Controladoria e a estrutura organizacional da empresa ............................ 32

1.5.2 Estrutura do órgão Controladoria ................................................................. 38

1.5.3 Os níveis da Controladoria nas empresas .................................................... 46

1.6 A Controladoria e a cultura organizacional ...................................................... 54

1.6.1 Clima organizacional .................................................................................... 55

1.6.2 Aspectos relevantes da cultura organizacional para a Controladoria ........... 56

2 O CONTROLLER .............................................................................................. 60 2.1 Habilidades e aptidões do controller ............................................................... 61

2.2 Formação do Controller ................................................................................... 65

2.3 O controller na empresa .................................................................................. 69

2.3.1 A posição do controller na empresa ............................................................. 71

2.3.2 Princípios norteadores da função do controller ............................................ 73

2.4 Responsabilidades e funções do controller ..................................................... 74

2.4.1 As funções do controller em um ambiente globalizado ................................ 84

3 PESQUISA E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................. 91 3.1 Participantes e Instrumentos de Pesquisa ...................................................... 92

3.2 Procedimentos para coleta de dados .............................................................. 92

3.3 Resultados e discussões ................................................................................. 93

3.3.1 A Controladoria nas empresas ..................................................................... 93

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3.3.2 A posição do controller na empresa ............................................................. 97

3.3.3 Funções desempenhadas pelo controller ..................................................... 99

3.3.4 Habilidades/competências dos controller ..................................................... 103

3.3.5 Formação do Controller ................................................................................ 106

CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................... 118

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 122

APÊNDICE ............................................................................................................ 126 Apêndice A – Formulário de Pesquisa .................................................................. 127

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INTRODUÇÃO

No artigo intitulado The Accounting Discipline in 1999, Horngren

(1971, p. 7) prognosticou que nas três décadas seguintes a Contabilidade deveria se

valer de outras disciplinas e, por um trabalho interdisciplinar, convergir a

Contabilidade e a Teoria da Decisão. O autor conferiu ao contador o papel de

antecipar decisões e ações futuras quando diz que “o Contador deve predizer as

relações entre o sistema de informação, as previsões do tomador de decisão, o

processo de escolha da ação e os eventos que ocorrerão.” (HORNGREN, 1971, p.

8).

Em 1971, nem Horngren, nem qualquer outro, poderia antever o

grau de concretização de suas previsões: a importância crucial que o processo de

decisão nas empresas viria a ter no ambiente de mudanças contínuas, profundas,

globais e nos crescentes fatores de incerteza envolvidos nessas decisões.

Neste contexto de profundas mudanças, surgiu a Controladoria

como o principal suporte do processo de gestão da empresa, fornecendo auxílio na

tomada de decisão.

A Controladoria apresenta características de atualidade no Brasil.

Nos últimos anos têm surgido cada vez mais bibliografias a respeito do tema,

principalmente com a finalidade de orientar os controllers no desenvolvimento de

seus trabalhos. Tal assunto tem despertado a curiosidade dos estudiosos justamente

pela variedade de tarefas que os controllers desenvolvem nas empresas.

Na busca da otimização dos resultados econômicos da empresa,

durante as últimas cinco décadas houve uma transformação significativa nas

funções do controller. Na década de 50 o controller era a pessoa que estava

encarregada primordialmente de preparar as demonstrações financeiras. Nos anos

recentes, com o aumento da complexidade na organização das empresas, criou-se a

necessidade de um sistema mais adequado para um controle gerencial efetivo,

resultando no desenvolvimento de uma função diferenciada. A vista disso, a

Controladoria cresceu em grau de importância.

No passado, a principal responsabilidade do controller era a

administração e manutenção dos arquivos de conformidade com as leis

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governamentais e regulamentos, como também em sua função primária, proteger os

ativos financeiros, providenciar as demonstrações financeiras, etc. Após os anos da

depressão, o trabalho do controller assumiu maiores proporções como um rígido

orçamento, assim como o controle onde fosse requerido. Nos anos seguintes, o

trabalho tornou-se mais complexo em virtude dessas expansões; o controller

começou a ter assistência dos computadores em seu trabalho financeiro, bem como

em suas previsões. Atualmente, o uso do sistema de informações aumentou o rol de

suas responsabilidades, fazendo com que ele trabalhe no sistema de informações

gerenciais.

Neste período, o controller tem assumido diferentes posturas nos

mais diversos tipos de empresas. Kanitz (1976, p.1) dizia que a necessidade de se

estudar a Controladoria era importante por duas razões:

a) As empresas estão se tornando cada vez maiores, tanto em

termos absolutos quanto em termos relativos. Assim é natural

que empresas maiores tenham problemas maiores a serem

controlados. Por outro lado, as pequenas empresas estão se

profissionalizando, o que exige conhecimentos e metodologia

aplicáveis no seu dia-a-dia. A forma intuitiva, apenas empírica, já

não mais satisfaz às necessidades existentes;

b) As mudanças no mundo estão ocorrendo de forma contínua,

rápida e imprevisível. Se hoje há alguma idéia do que controlar e

de como controlar, nada é possível afirmar em relação ao futuro

imediato. Uma súbita, e sempre possível, mudança na política

monetária do governo, a política cambial, por exemplo, pode

comprometer seriamente os orçamentos das empresas. Assim,

sistemas de controles rígidos e sistemáticos, freqüentes no

passado, tornaram-se obsoletos e improdutivos. Atualmente,

começam a ser suplantados por sistemas mais flexíveis e menos

estruturados.

Desde aquela época, muitos estudos estão sendo voltados à

Controladoria, entretanto, nota-se ainda hoje uma certa dificuldade em identificar

como a Controladoria pode contribuir para a gestão econômica da empresa e ainda,

qual a função desenvolvida pelo controller.

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Formulou-se, então, a pergunta inicial que norteou a elaboração e

desenvolvimento deste trabalho: “O que os controllers fazem?” Aliada a esta

indagação somaram-se outras: Como a Controladoria está situada na empresa?

Qual a formação do controller? Qual a sua posição hierárquica na empresa? Enfim,

questionamentos que este trabalho procurou esclarecer.

Na busca de respostas, a pesquisa bibliográfica fez-se necessária,

mostrando-se insuficientes para o espírito crítico, pois não foram encontradas fontes

brasileiras que versassem, de forma aprofundada, sobre as funções da

Controladoria no ambiente empresarial do Brasil.

Sendo assim, foi realizada uma pesquisa dirigida aos controllers,

pela aplicação de um questionário com a finalidade de identificar suas atribuições, a

posição de seu cargo, habilidades, bem como a formação e situação hierárquica da

Controladoria nas empresas. A pesquisa contou com a colaboração da Associação

Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC) e

da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP), curso de mestrado em

Ciências Contábeis.

Este trabalho foi estruturado da seguinte forma: o Capítulo 1

apresenta os embasamentos teóricos com autores nacionais e estrangeiros, onde

foram identificados assuntos sobre o surgimento da Controladoria, suas funções e

estrutura. A partir daí, quando está consolidada a visão da Controladoria, sua

organização e a estrutura organizacional na qual ela está inserida, apresentou-se o

Capítulo 2 trazendo o levantamento bibliográfico sobre a figura do controller, suas

funções, características e formação. A revisão bibliográfica permite conhecer melhor

o tema, por meio de um levantamento sobre o que já foi pesquisado e estudado e,

ainda, proporciona escolher uma linha para desenvolvimento deste trabalho.

O Capítulo 3 apresenta a pesquisa realizada e traz a análise dos

resultados obtidos. Finalmente, as conclusões e considerações finais.

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1 A CONTROLADORIA

Neste capítulo, foi efetuada a explanação dos conceitos primordiais

a um melhor embasamento e clarificação para a pesquisa. Foram expostos os

conceitos relacionados à Controladoria, sua organização na empresa e suas

principais funções.

Em um mundo em constante transformação, as empresas

necessitam de recursos para obter vantagem competitiva.

Para Porter (1989, p. 31), “a vantagem competitiva não pode ser

compreendida observando-se a empresa como um todo”. Esta surge nas diversas

etapas das inúmeras atividades distintas que uma empresa executa no projeto, na

produção, no marketing, na entrega e no suporte de seu produto. A vantagem obtida

em cada atividade, como diminuição de custos, montagem eficiente, distribuição do

produto abaixo do custo ou uma eficiente equipe de vendas, faz como a empresa

como um todo obtenha uma vantagem competitiva no mercado.

Segundo Martin (2002, p. 7) a vantagem surge com o valor que é

criado e percebido pelos consumidores e pelos investidores, o que reflete na

geração de resultados positivos que permitem a continuidade da empresa. As duas

condições apresentadas, geração de lucros e continuidade, são os resultados do

cumprimento da missão da empresa que, para tanto, necessita conhecer

adequadamente a sua estrutura.

Neste ponto é que a Controladoria se faz presente e requisitada,

pois ela permite entender o mundo empresarial atual, fornecendo o suporte

necessário a todo o processo de gestão na empresa.

Até hoje permeia uma discussão acadêmica sobre a Controladoria

ser ou não uma Ciência. Na bibliografia consultada deparou-se com dois enfoques

sobre a Controladoria. O primeiro, que entende a Controladoria como ciência e o

segundo, que entende a Controladoria como uma unidade administrativa.

Mosimann, Alves & Fisch (1993, p. 81) ensinam que a Controladoria

“pode ser entendida como um corpo de doutrinas e conhecimento relativos à gestão

econômica”, sendo visualizada sob dois ângulos: como um órgão administrativo com

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uma missão, funções e princípios norteadores definidos no modelo de gestão e

sistema empresarial. Como um órgão administrativo a Controladoria atua como uma

área na empresa, colaborando com os gestores na coordenação dos esforços para

obtenção da eficácia empresarial.

Sob o segundo ponto de vista, os mesmos autores, enfocando a

Controladoria como uma ciência, conceituam-na como uma área do conhecimento

humano, com fundamentos, conceitos, princípios e métodos oriundos de outras

ciências – além da contabilidade – como economia, psicologia, administração,

estatística, enfim, todos os conhecimentos necessários para auxiliar o processo de

gestão e levar a empresa a atingir sua maior eficácia. (MOSIMANN, ALVES &

FISCH, 1993, p. 92)

Contrapondo o entendimento da Controladoria como ciência,

Padoveze & Benedicto (2005, p. 22) e Oliveira, Perez & Silva (2002, p.1) dizem que

a Controladoria é o estágio evolutivo da Ciência Contábil. Sob este enfoque, Martin

(2002, p. 24) diz que a Controladoria deve ser vista como o “pináculo da carreira do

contador numa empresa e o caminho natural de sua ascensão à Direção”.

Padoveze (2003), no prefácio de seu livro, diz que alguns entendem

a Controladoria como sendo o conjunto de procedimentos do plano orçamentário;

para outros, a Controladoria é um órgão de assessoria da diretoria da empresa, que

a partir da contabilidade gera relatórios gerenciais. Outros, ainda, a Controladoria é

responsável pelo controle interno e normatização de procedimentos. O próprio autor

entende a Controladoria como responsável pela gestão econômica da empresa com

vista à eficácia operacional.

Para Peleias (2002, p. 13) a Controladoria é uma área da

organização à qual é delegada autoridade para tomar decisões sobre eventos,

transações e atividades que possibilitem o adequado suporte ao processo de gestão

e que esta se baseia em princípios, procedimentos e métodos oriundos de outras

áreas do conhecimento, tais como contabilidade, administração, planejamento

estratégico, economia, estatística, psicologia e sistemas. Assim, ao fazer uso dos

conhecimentos de outras áreas para o desempenho de suas funções, a

Controladoria pode estabelecer as bases teóricas necessárias à sua atuação.

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Na visão da Controladoria como um órgão administrativo, Oliveira,

Perez & Silva (2002, p.1) conceituam-na como “o departamento responsável pelo

projeto, elaboração, implementação e manutenção do sistema integrado de

informações operacionais, financeiras e contábeis de determinada entidade, com ou

sem finalidades lucrativas...”

Neste sentido, a Controladoria deve, segundo Mosiman, Alves &

Fisch (1993, p. 82), ter a missão de esforçar-se para “garantir o cumprimento da

missão e continuidade da empresa”. Para isto, ela deve suportar o processo de

gestão empresarial em todas as suas etapas, atuar como coordenadora de esforços

entre as áreas de responsabilidade, fazendo com que a sinergia existente entre elas

traga um resultado final maior do que a soma do resultado das partes. No

cumprimento de seus objetivos, a Controladoria faz uso do sistema de informação

pois ela terá como função, entre outras, a geração, processamento e distribuição de

informações estruturadas para prestar apoio à gestão.

À Controladoria, como órgão integrante da estrutura organizacional

das empresas, é reservado o papel de monitorar os efeitos dos atos da gestão

econômica sobre a empresa, atuando no sentido de que os resultados, medidos

segundo conceitos econômicos, sejam otimizados.

1.1 Breve Histórico da Controladoria

Nos Estados Unidos, na virada do século XIX para o século XX,

houve estrategicamente a criação de grupos conhecidos como business federation

or combinations que obtinham vantagens financeiras e econômicas de escala, mas

individualmente, as empresas conservavam sua autonomia de gestão e controle.

Neste período, empresas como Dupont, United States Steel, Standard Oil e mais

tarde, a General Motors, se organizaram em departamentos e divisões contando

com um controle centralizado (CHANDLER, 1962, p. 19).

No início do século XX, o aumento e a complexidade das

organizações, causada pela globalização e o aumento dos negócios, inclusive

geograficamente, em outros países, fizeram com que a importância da contabilidade

financeira aumentasse, pois eram necessárias maiores checagens, mais balanços e

maiores controles internos para atender aos negócios. Assim, a demanda por

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melhores práticas gerenciais trouxe a reboque a necessidade de ter uma

contabilidade adequada e um maior controle sobre a informação (WILLSON,

ROEHL-ANDERSON & BRAGG, 1995, p. 20).

Nessa época surgiu a figura do controller, chamado na época de

comptroller, aparecendo em 1920 no organograma da administração central da

General Motors e em 1921 na Dupont como Treasure Assistant Comptroller

(CHANDLER, 1962, p. 109).

Mendes (1991, p. 16), apud Sathe1, descreve que a função do

controller parece ter surgido antes de 1920, mais ou menos por volta de 1880,

quando diversas empresas de trens estabeleceram a função “comptroller” como

conseqüência de um erro de tradução do latim.

No Brasil, com o início do desenvolvimento industrial e a chegada de

investimentos estrangeiros, a Contabilidade começou a se modernizar,

principalmente em função da influência de contadores oriundos da Inglaterra e dos

Estados Unidos que foram contratados pelas multinacionais para elaborar relatórios

contábeis de acordo com as regras adotadas nas respectivas matrizes. Foram os

primeiros controllers. Siqueira & Soltelinho (2001, p. 67) dizem que “há fortes

indícios que sugerem que a demanda por profissionais da Controladoria

experimentou um forte incremento em algum momento durante os anos 60.”

Acrescentam que este surgimento deveu-se a diversos fatores, entre eles a forte

retomada do crescimento econômico e investimentos estrangeiros no País a partir

de 1965. A demanda por controllers tem como causa aparente, ainda segundo

Siqueira & Soltelinho (2001, p. 69), os seguintes fatores:

a) Instalação de empresas estrangeiras, principalmente as norte-

americanas, que trouxeram a cultura da utilização da

Controladoria para o País;

b) Maior penetração de empresas multinacionais, acirrando a

competição e forçando as empresas aqui instaladas a se

reestruturarem;

1 SATHE, Vijay. Controller Involvement In Management. Prentice Hall, Inc. Englewood Cliffs, 1982.

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c) Crescimento das empresas e aumento da complexidade,

necessitando de novos profissionais que assegurassem o

controle sobre a organização.

Tung (1980, p. 33) mostra que “no regime de livre comércio, o alvo

da empresa é o maior lucro possível”, e que a empresa deve, paralelamente ao seu

crescimento, proporcionar o bem-estar da coletividade mediante a satisfação de

suas necessidades. Para alcançar estes propósitos a empresa precisa aliar as boas

práticas financeiras às necessidades e desejos dos seres humanos que estão

constantemente sofrendo mudanças. Por esse motivo, o administrador financeiro

utiliza as técnicas da Controladoria.

Com a invenção dos computadores, um dos primeiros setores

automatizados nas empresas foi o setor contábil. O controller deveria aprender sobre

computadores e programas. Este profissional passou a ser procurado entre os

jovens recém formados que não tinham receio em utilizar a nova tecnologia. Mas,

algumas empresas continuaram utilizando a figura do antigo profissional ligado aos

“velhos” padrões. Outras empresas abriram posições de trabalho para o novo

profissional que tivesse características para tornar o trabalho mais eficiente fazendo

uso de toda a nova tecnologia e dos novos programas.

Roehl-Anderson & Bragg (2000, p. 2), citam ainda mais uma causa

para o crescimento da função do controller: a reengenharia. Em sua defesa, dizem

que a intensa pressão exercida pela reengenharia nas empresas em busca da

eficiência fez com que os controllers com formação e visão antigas se sentissem

desconfortáveis com o novo sistema. Eles tinham duas opções: ou se modernizavam

ou estavam fora do negócio. Sendo assim, foram contratados controllers com alta

educação, muitos deles com experiência em consultoria que se atreveram a deixar o

setor contábil para se aventurar em outras áreas nas empresas, em setores como a

criação de custos, análises financeiras e em outras formas especializadas.

No Brasil, utiliza-se o termo Contabilidade Gerencial separadamente

da Controladoria. Atkinson et al (1997, p. 3) definem a contabilidade gerencial como

o processo de produção de informações operacionais e financeiras para as

organizações. Acrescentam que o processo pode ser direcionado para informações

necessárias e individuais internas para a organização, como também servir de guia

em suas operações.

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Horngren (1985, p.11) comenta que a contabilidade administrativa

(um outro nome para a contabilidade gerencial) se interessa pela maneira pela qual

os sistemas contábeis ajudam na tomada de decisões coletivas. Na prática, utiliza-se

a contabilidade gerencial (gerenciamento da informação) para a função

administrativa do exercício da Controladoria nas empresas.

Peters (2004, p. 2) esclarece que “a Contabilidade é o sistema

informacional base da Controladoria”, para tanto ampara-se na literatura

especializada que tem classificado a avaliação de desempenho e de resultado

econômico como escopo da Controladoria. A Controladoria, ainda segundo o autor,

excede a tentativa de fornecer dados que possam ser informações, como a

Contabilidade Gerencial que fornece o apoio informativo ao gestor; ou a

Contabilidade Financeira, responsável pela disclosure externamente ao negócio.

Para ele, a Controladoria envolve-se e compromete-se na gestão econômica, sendo

solidariamente responsável pelo resultado alcançado pela empresa.

Pode-se afirmar, conforme diz Padoveze (2003, p. 6) que a

Controladoria hoje, seguramente, é o atual estágio evolutivo da Ciência Contábil,

pois utilizando tanto a contabilidade financeira como a contabilidade gerencial, ela

ultrapassou as fronteiras da mensuração e da comunicação da informação, o que fez

com que alcançasse a teoria da decisão e da produtividade.

Este é o moderno conceito de Controladoria: um ponto de vista

gerencial sobre a combinação mais lucrativa das operações da empresa.

1.2 Objetivos da Controladoria

A Controladoria tem a missão de efetuar a coordenação de esforços

para alcançar a sinergia que irá corresponder a um resultado global igual ou superior

à soma dos resultados individuais das áreas, garantindo o cumprimento da missão e

da continuidade da organização.

Relvas (1998), enfocando a importância da Controladoria na

otimização dos resultados da empresa, mostra que é imprescindível que a

Controladoria mantenha uma gestão de custos integrada, que permita identificar os

tipos de custos e sua classificação em termos de necessidade de custeio, grau de

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importância e relevância para efeito de análise e controle; conceitos de mensuração

adequados aos modelos de decisão dos usuários, relação de causas e efeitos entre

os recursos consumidos, cadeia de valor nas atividades relevantes internas e

externas e interdependência da estrutura de custos com as escolhas estratégicas

que moldam a posição competitiva da empresa no mercado, entre outras.

Neste contexto de otimização dos resultados da empresa, Almeida,

Parisi & Pereira (1999, p.372) mostram que os objetivos da Controladoria são:

a) Promoção da eficácia operacional;

b) Viabilização da gestão econômica;

c) Promoção da integração das áreas de responsabilidade.

A partir dessas ações, a Controladoria procura encaminhar os

gestores na utilização de instrumentos de orientação e controle. Assim, a atuação da

Controladoria abrange todas as etapas necessárias para se atingir o resultado da

empresa. Para tanto, mutatis mutantis, a Controladoria irá utilizar recursos

tecnológicos, quantitativos, operacionais e quaisquer outros que sejam necessários

para a eficácia empresarial.

1.3 Funções da Controladoria

Peters (2004, p. 3) comenta que a “função Controladoria é avó da

Ciência Econômica Capitalista e bisavó da Administração Científica.” Esta frase bem

humorada está abalizada pela convicção que a controladoria já se fazia presente de

alguma forma, quando os contadores aconselhavam os banqueiros venezianos, a

nobreza européia e os mercadores aventureiros a efetuar o controle econômico de

seus empreendimentos. Isto porque a prática empresarial exige desde sempre o

controle econômico e operacional para alcançar o sucesso, independentemente de

onde os fatos estão acontecendo.

Tradicionalmente, a Controladoria ficou conhecida como a função

responsável pela contabilidade das empresas, pela elaboração de relatórios

gerenciais e orçamentos, pelo custeio dos produtos manufaturados, pela apuração

dos impostos devidos e pelo atendimento de requerimentos externos da empresa,

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além de zelar pelo cumprimento das normas, políticas e requerimentos adotados

pela empresa.

Fanhani (1998, p. 33) relata que nos anos 50, a função Controladoria

tinha quatro objetivos básicos:

a) Contabilizar corretamente as transações financeiras;

b) Calcular impostos devidos às entidades governamentais;

c) Relatar os resultados para a comunidade externa, através da

publicação de relatórios financeiros exigidos pelos estatutos das

empresas; e

d) Coordenar o plano orçamentário.

Ao longo do tempo as funções foram mudando, de eminentemente

contábil, foram se avolumando e aumentando a diversidade. Assim, as funções

contábeis se alargaram para as aplicações gerenciais.

Na década de 60, Heckert & Willson (1963, p.13 e 14) citavam cinco

funções básicas desempenhadas pela Controladoria, entre outras funções:

a) Planejamento: estabelecimento e manutenção de um plano

operacional de curto e longo prazo, compatíveis com os objetivos

globais.

b) Controle: desenvolvimento, teste e revisão por meios de

padrões, medindo o desempenho real em confronto com os

padrões.

c) Função de relatar: preparação, análise e interpretação

financeira para uso da administração, preparação de relatórios

para terceiros, conforme suas exigências.

d) Função contábil: contabilidade geral e de custos, instalação e

custódia de todos os livros contábeis, os registros e formas

requeridos para registrar as transações financeiras.

e) Outras funções relacionadas: supervisão e operações com

impostos, auditorias independentes, seguros, desenvolvimento e

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manutenção de padrões, procedimentos e sistemas, entre

outras.

Na década de 80, baseando-se na distinção feita pelo Instituto de

Executivos Financeiros, Horngren (1985, p.11), listou as seguintes funções

destinadas à Controladoria:

a) Planejamento para o controle;

b) Relatórios e interpretação;

c) Avaliação e assessoramento;

d) Administração tributária;

e) Relatórios para o governo;

f) Proteção de ativos;

g) Avaliação econômica.

Willson, Roehl-Anderson & Bragg (1995, p. 21) descreveram

historicamente que a evolução das funções financeiras para as funções da

Controladoria foi influenciada por forças como o tamanho da empresa, a

complexidade das operações, as práticas industriais, o aumento das exigências

governamentais, personalidade e habilidade do controller.

Na década de 90, Fanhani (1998, p. 34) destacou mudanças

econômicas que resultaram na agregação de outras atividades relacionadas à

globalização. As mudanças seriam:

a) Aumento da complexidade industrial nas empresas;

b) Surgimento de conglomerados e grandes corporações;

c) Aumento das relações e transações internacionais;

d) Impacto da globalização e a internacionalização de capitais;

e) Maior exigência de altos executivos em obter informações

financeiras relevantes de forma mais rápida e concisa, ao

mesmo tempo em que se preservam e sofisticam as boas

práticas de negócios da empresa;

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f) Aumento da velocidade de resposta às necessidades

identificadas e às oportunidades surgidas.

Estas mudanças econômicas fizeram com a Controladoria

incorporasse novas funções adequadas às exigências da gestão econômica.

Oliveira, Peres Jr. & Silva (2002, p. 22) observam que os

procedimentos a seguir são largamente utilizados em países desenvolvidos, mas

que no Brasil ainda não estão sendo praticados em sua plenitude. São eles:

a) Acentuada valorização do comportamento ético;

b) Contabilidade social;

c) Contabilidade ambiental;

d) Administração da informação;

e) Funções de consultoria de alto nível.

1.3.1 A função financeira e a função Controladoria

Almeida, Parisi & Pereira (1999, p. 369) afirmam que a contabilidade

tradicional tem se prestado à mensuração (ainda que conceitualmente falha) de

eventos econômicos passados das organizações, na maioria das vezes, em

atendimento às necessidades fiscais. Uma gestão com foco na continuidade das

organizações se faz extrapolando dados do passado. Para atingir os estados futuros

desejados, há que se simular eventos futuros, visto que decisões que se

concretizarão no futuro são tomadas no presente.

Kanitz (1976, p. 1) dizia que a contabilidade (tradicional) evoluiu para

um sistema chamado Controladoria, cuja função é avaliar e controlar o desempenho

das diversas divisões da empresa. A Controladoria não deve ser identificada como

um método, mas está voltada a como fazer. Para ilustrar esta evolução, Martin

(2002, p. 25) efetua uma comparação entre a atuação da Controladoria com a

contabilidade financeira da seguinte forma:

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CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTROLADORIA

VOLTADA PARA DENTRO VOLTADA PARA FORA Verificável Julgamental Custos Criação de valor Manutenção do capital Criação de valor; retorno adequado

VOLTADA PARA O PASSADO VOLTADA PARA O FUTURO Objetividade Previsões Somente o realizado Potencial Tangível Intangível Regime de certeza Regime de risco

DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS PARA FINS EXTERNOS

PLANEJAMENTO & CONTROLE DE DESEMPENHO

Passiva Pró-ativa Padronizada Específica Descritiva Analítica e investigativa Precisão Relevância Desempenho exclusivamente financeiro Desempenho competitivo na dupla produção

de valor

INSENSÍVEL AO AMBIENTE DOS NEGÓCIOS

CONSCIÊNCIA ESTRATÉGICA

Quadro 1 - Análise comparativa da Contabilidade Financeira e da Controladoria Fonte: Martin, 2002 p. 25

Mosimann & Fisch (1999, p. 96) fazendo um paralelo entre as

funções financeiras e a função Controladoria, dizem que em decorrência do porte e

desenvolvimento da empresa, a função financeira pode estar a cargo do responsável

por outras atividades, não a financeira, e reforçam dizendo que nestas empresas a

função do controller não existe formalmente, mas à medida que a empresa se

desenvolve, surge um indivíduo responsável pelo exercício da função financeira e, a

partir da descentralização das atividades, surge a figura do controller.

A separação entre as atividades financeiras e as atividades de

gestão a cargo da Controladoria são enfocadas por Roehl-Anderson & Bragg (2000,

p.6), que a exemplo de Mosimann & Fisch (1999) ensinam que em pequenas

empresas, o mesmo pessoal que é responsável por analisar e monitorar o crédito de

clientes e os investimentos financeiros, supervisiona os riscos de negócios, monitora

sistemas telefônicos e providencia os consertos dos equipamentos de escritório, pois

o tamanho da empresa não comporta uma divisão detalhada de tarefas. Em grandes

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empresas estas tarefas não se encontram todas divididas, mas a função financeira

provavelmente estará sob a responsabilidade do diretor financeiro.

Se a base científica da Controladoria é a contabilidade – onde

repousam os fundamentos da gestão econômica – juntamente com conhecimentos

advindos de outras ciências como Psicologia, Estatística, Sociologia, entre outras,

ela deverá trabalhar de forma a assegurar a obtenção dos resultados que foram

previamente delineados. Portanto, a função maior da Controladoria é auxiliar o

gestor, e, por conseguinte, o processo de gestão, em todas as suas etapas: no

planejamento, na execução e no controle.

Sintetizando a importância da Controladoria nas empresas, Martin

(2002, p.15) diz que a “Controladoria dá um passo essencial para entender o mundo

empresarial atual”.

Pode-se dizer então que a Controladoria sintetiza o cenário mais

apropriado do futuro e suas alternativas com o objetivo de oferecer as melhores

estratégias para alcançá-lo.

1.4 A função da Controladoria no processo de gestão

Gestão significa administrar, fazer as coisas acontecerem. A gestão

de uma empresa subdivide-se em gestão financeira, gestão operacional e gestão

econômica. Em cada área da empresa podem ser encontrados os três tipos de

gestão, assegurando assim a gestão da empresa como um todo.

O processo de gestão, também conhecido decisório, acontece tanto

na esfera global como nas diversas áreas da empresa. Assim o processo decisório

de cada área deve estar em consonância com o processo decisório global.

A Controladoria desempenha um papel importante no processo de

gestão, composto pelas etapas do planejamento, execução e controle. Peleias

(2002, p.17), propõe objetivos de atuação da Controladoria para que ela possa atuar

no efetivo suporte ao processo de gestão:

a) Subsídio, de forma ampla e incondicional, ao processo de

gestão, propiciando aos diversos gestores as condições

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necessárias ao planejamento, acompanhamento e controle dos

resultados dos negócios, de forma detalhada e global;

b) Contribuição para que os gestores ajam no sentido de otimizar

os recursos. Os gestores passam a atuar de forma a dar à

empresa a melhor contribuição em suas áreas de atuação,

compreendendo que o resultado ótimo depende do perfeito

conhecimento da atividade empresarial e suas inter-relações;

c) Certificação de que os sistemas de informação para apoio ao

processo de gestão gerem informações adequadas aos modelos

decisórios dos principais usuários na organização;

d) Certificação da padronização, homogeneização de instrumentos

e informações em todos os níveis da gestão da organização;

e) Desenvolvimento de relações com os agentes de mercado que

interagem com a empresa, no sentido de identificar e atender às

demandas por esses impostas à organização.

1.4.1 Planejamento

Segundo Megginson (1998, p. 17) planejar significa:

[...] escolher ou estabelecer a missão da organização, seu propósito e objetivos e depois determinar diretrizes, projetos, programas, procedimentos, métodos, sistemas, orçamentos, padrões e estratégias necessárias para atingi-los.

O planejamento é a primeira fase do processo de gestão e

compreende objetivos e resultados que devem ser alcançados no longo, médio e

curto prazo. É um processo que envolve avaliação e tomada de decisões em

cenários prováveis.

Padoveze (2005, p. 109) diz que o planejamento de longo prazo,

denominado estratégico, está ligado ao sistema institucional da empresa, sua

missão, crenças e valores e trabalha, portanto, com os planos de horizonte de longo

prazo, sempre visando a continuidade da empresa no tempo.

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Nesta etapa, a atuação da Controladoria está imediatamente ligada

ao sistema de informações da empresa, que deve atuar de forma a atender vários

tipos de estratégias.

Padoveze (2003, p. 95) lista uma série de informações onde a

Controladoria deve ser utilizada de modo estratégico:

a) Custos dos competidores;

b) Rentabilidade dos produtos dos competidores;

c) Informações sobre o processo de gestão de preços de vendas

dos competidores;

d) Capacidade produtiva dos concorrentes;

e) Satisfação dos clientes em relação à concorrência;

f) Motivos dos negócios perdidos;

g) Grau de satisfação dos empregados;

h) Imagem da empresa junto aos recrutados e funcionários

potenciais;

i) Índice de absenteísmo;

j) Indicadores de produtividade versus produtividade esperada;

k) Evolução da qualidade dos fornecedores;

l) Capacidade produtiva e saúde financeira dos fornecedores;

m) Grau de relacionamento e satisfação com os fornecedores;

n) Imagem institucional.

Conforme Catelli (1999, p. 60), o planejamento operacional é

decorrente do planejamento estratégico e tem um horizonte de longo e médio prazo.

Trata-se dos detalhamentos dos planos que foram delineados no planejamento

estratégico.

Nesta fase do planejamento selecionam-se as alternativas,

quantificam-se os recursos, preços, prazos e demais variáveis que foram planejadas.

No planejamento, Peleias (2002, p. 14) orienta dizendo que a

contribuição da Controladoria se faz na forma de subsídios a esta etapa, fornecendo

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informações e instrumentos que permitam aos gestores avaliar o impacto das

diversas alternativas de ação sobre o patrimônio e os resultados da organização, e

atuando como agente aglutinador de esforços pela coordenação do planejamento

operacional.

Há, também, uma contribuição da Controladoria para determinar a

mensuração e informação ligadas à determinação das estruturas de ativos e

passivos das unidades de negócio e da empresa (PADOVEZE, 2003, p.135).

1.4.2 Execução

Esta é a fase do processo de gestão em que ocorre a execução

daquilo que foi planejado. Consiste na implementação dos planos e na correção e

proposição de novas alternativas. Caso ocorra problema nesta fase, faz-se uma

nova programação.

Nesta etapa do processo de gestão, a controladoria atua por meio

de informação que permita comparar os desempenhos reais nas condições padrão e

realizado pelos registros dos eventos e transações efetivamente concluídos.

1.4.3 Controle

O controle é terceira fase do processo de gestão. Nas empresas,

controlar significa monitorar, avaliar e aperfeiçoar as diversas atividades que

ocorrem nas empresas. A função controle configura-se como um instrumento

administrativo exigido pela complexidade das empresas a fim de atingir um bom

desempenho. O controle abrange as atividades desenvolvidas e exigidas pelos

gestores para adequar os resultados reais e os esperados.

Sobre o controle, se pronunciam Gomes & Salas (2001, p. 22) da

seguinte forma:

O controle, seja muito ou pouco formalizado, é fundamental para assegurar que as atividades de uma empresa se realizem da forma desejada pelos membros da organização e contribuam para a manutenção e melhoria da posição competitiva e a consecução das estratégias, planos, programas e operações, consentâneos com as necessidades identificadas pelos clientes.

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O controle nas organizações é exercido a partir da existência de um

sistema de informações que coleta e seleciona a informação mais relevante. A

informação pode ter um caráter preditivo, sendo efetuado o controle anteriormente

da ocorrência da situação, ou posteriormente. O controle feito a posteriori controla o

desempenho fazendo sua medição, comparando o desempenho, medindo-o com

padrões estipulados e, tomando ações corretivas necessárias para garantir que os

eventos planejados se concretizem.

No conceito de controle, Gomes & Salas (2001, p. 24) explicam que

existem duas perspectivas do controle claramente diferenciadas. Uma perspectiva

limitada, que se baseia normalmente em aspectos financeiros, e uma perspectiva

mais ampla, que considera o contexto onde são desenvolvidas atividades e

aspectos ligados à estratégia, estrutura organizacional, comportamento individual,

cultura organizacional e o ambiente competitivo.

O quadro a seguir mostra o controle sendo evidenciado sob as

perspectivas limitada e ampla:

ASPECTOS PERSPECTIVA LIMITADA PERSPECTIVA AMPLA

Filosofia Controle de cima para baixo Controle como sistema

Controle realizado por todos Controle como atitude

Ênfase Cumprimento Motivação, autocontrole

Conceito de Controle

Medição de resultado baseado na análise de desvios e geração de relatórios

Desenvolvimento de uma consciência estratégica orientada para o aperfeiçoamento contínuo Melhora da posição competitiva

Consideração do contexto social, organizacional e humano

Limitado. Ênfase no desenho de aspectos técnicos Normas rígida, padrões, valores monetários

Amplo. Contexto social, sociedade, cultura, emoções, valores

Fundamento teórico Economia, Engenharia Antropologia, Sociologia, Psicologia

Mecanismos de controle

Controle baseado no resultado da Contabilidade de Gestão

Formal e informal. Outras variáveis, aprendizado

Quadro 2 - Perspectivas de Controle Fonte: Gomes & Sala, 2001, p. 25

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De acordo com Peleias (2002, p. 14), na etapa do controle, a

Controladoria atua permitindo a comparação das informações relativas à atuação

dos gestores e áreas de responsabilidade, com o que se obteve com os produtos e

serviços, relativamente a planos e padrões previamente estabelecidos.

Nessa etapa ocorrem as avaliações de desempenho e de resultado,

sendo que a Controladoria contribui nesse processo com a elaboração da análise de

desempenho dos gestores, das diferentes áreas da empresa e de sua própria

atuação, pois também é uma das áreas de responsabilidade que deve contribuir

para o cumprimento da missão da organização; com a definição das regras de

realização da análise dos resultados gerados pelos produtos e serviços,

participação, monitoramento e orientação do processo de estabelecimento de

padrões para eventos, transações e atividades, bem como avaliação dos resultados

dos serviços que presta à organização.

1.5 O órgão Controladoria na empresa

Muito já se escreveu a respeito da Empresa como um sistema

aberto, sobre os subsistemas empresariais, sobre a missão e a visão.

A importância destes itens para a Controladoria reside no fato de

que cabe à Controladoria o processo de assegurar a eficácia da empresa, mediante

o controle das operações e seus resultados planejados (PADOVEZE, 2003, p.36).

A Controladoria só será eficaz, quando puder fornecer apoio à

gestão por um sistema de informação integrado com o sistema operacional.

Portanto, é primordial para o cumprimento da missão da

Controladoria o conhecimento amplo sobre a empresa, sobre sua gestão,

fornecedores, concorrentes, clientes, enfim, todos os aspectos relacionados à

empresa.

1.5.1 A Controladoria e a estrutura organizacional da empresa

As organizações têm estruturas diferentes que impactam sobre o

comportamento de seus empregados. Uma estrutura organizacional define como as

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tarefas são formalmente distribuídas, agrupadas e coordenadas (ROBBINS, 2002, p.

400).

A estrutura organizacional adotada por uma empresa tem influência

no sistema de controle gerencial da mesma.

O princípio da estrutura organizacional foi desenvolvido por

Frederick Taylor e outros, objetivando a especialização da mão-de-obra na produção

em larga escala. Olhando para os escalões mais altos da empresa, esta forma de

organização baseia-se na premissa de que um executivo especialista pode tomar

decisões mais acertadas, pois detém os conhecimentos necessários, ao contrário de

um executivo generalista.

Quando o gestor projeta a estrutura da organização, deve focar os

elementos básicos mostrados no quadro 3:

A PERGUNTA CHAVE A RESPOSTA É DADA POR

1. Até que ponto as atividades podem ser subdivididas em tarefas separadas? Especialização do trabalho

2. Qual a base para o agrupamento de tarefas? Departamentalização

3. A quem os indivíduos e os grupos vão se reportar? Cadeia de Comando

4. Quantas pessoas cada administrador pode dirigir com eficiência e eficácia ? Amplitude de controle

5. Onde fica a autoridade no processo decisório? Centralização e descentralização

6. Até que ponto haverá regras e regulamentações para dirigir os funcionários e os administradores ? Formalização

Quadro 3 - Planejamento da estrutura organizacional Fonte: Robbins, 2002, p. 402.

À medida que uma empresa cresce para se transformar em uma

organização estabelecida, ela adota uma estrutura organizacional, entre as várias

possíveis, para implementar a sua estratégia de crescimento. A estrutura pode

mudar ao longo do tempo, talvez por diversas vezes em uma só década.

Analisando a partir de uma pequena empresa, em que o empresário

desempenha sozinho todas as funções, mas que ao longo do tempo esta empresa

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cresce, haverá uma formação de crescimento vertical, referindo-se a um aumento na

extensão da cadeia hierárquica do comando onde a autoridade flui dos níveis mais

altos para os mais baixos. Em um crescimento horizontal, a responsabilidade flui de

baixo para cima, referindo-se a um aumento da amplitude organizacional quando

aquele pequeno empresário precisará de especialistas em áreas como de pessoal,

contabilidade e finanças.

Gomes & Salas (2001, p. 23) dizem que o seu crescimento da

empresa e de sua complexidade realiza-se uma progressiva descentralização das

decisões, sendo necessário haver orientação da atuação individual de cada unidade

aos objetivos globais dos membros da administração.

A estrutura organizacional mostra como as tarefas e

responsabilidades são alocadas aos indivíduos e também a maneira como estes são

agrupados em escritórios, departamentos e divisões. A estrutura, que se reflete em

um organograma, designa relações formais de autoridade (quem se reporta a quem)

e define o número de níveis na hierarquia (HAGEL2 apud WRIGHT, KROLL &

PARNELL, 2000, p. 267).

A estrutura organizacional de uma empresa deve ser coordenada de

forma que todas as unidades possam ter ações para atingir o objetivo comum. Cada

unidade da organização deve ter pleno entendimento de suas responsabilidades,

como cada unidade está relacionada à outra e mesmo qual autoridade pode ser

delegada a outras unidades. Os executivos, gerentes e supervisores ficam

hierarquicamente conectados pela cadeia de comando, ou seja, uma hierarquia de

autoridade.

Anthony & Govindarajan (2002, p. 149) dizem que a estrutura

organizacional tem influência na estrutura do sistema de controle gerencial e

mostram as três categorias de estruturas:

a) Estrutura funcional: na qual cada executivo é responsável por

uma função específica, como a função de produção ou de

marketing;

2 HAGEL, J. Fallacies in organizing performance. The McKinsey Quartely, n. 2 p. 97-108, 1994.

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b) Estrutura de unidade de empresa: na qual cada executivo de

unidade é responsável pela maioria das atividades de sua

unidade, como uma parte semi-independente da empresa;

c) Estrutura matricial: na qual as unidades funcionais têm duplas

responsabilidades.

Uma pergunta freqüentemente formulada baseia-se em onde a

Controladoria está situada na estrutura organizacional da empresa – cadeia de

comando – e quantas pessoas se reportam a ele – amplitude de comando. Tal

questionamento refere-se mais que simplesmente à posição da Controladoria na

organização. A indagação subjacente refere-se sim, ao poder e grau de influência do

controller na estrutura organizacional da empresa.

Nas organizações, o poder diz respeito à capacidade de alguém

influenciar o comportamento de outro para agir da forma que o primeiro deseja.

Wright, Kroll & Parnell (2000, p. 318 - 322), com base na descrição

de diversos autores, ensinam que o poder pode ser exercido pelo conhecimento que

a pessoa detém, a chamada perícia ou habilidade3, ou seja, a capacidade para

influenciar o comportamento dos outros, pois estes acreditam que ele possui

maiores conhecimentos sobre uma situação do que eles; pelo controle sobre a

informação4, ou melhor, a situação em que um administrador tem acesso a

importantes informações e controla a sua distribuição para os outros a fim de

influenciar o comportamento destas pessoas; pela utilização da permuta, em que o

líder faz algo para alguém e pode então esperar que esta pessoa tenha uma

obrigação para com ele5; pela influência indireta, modificando a situação em que os

indivíduos trabalham6; e pelo carisma, que é capacidade de um líder de influenciar

outras pessoas através de seu magnetismo pessoal. Estes líderes criam uma

atmosfera de competência e sucesso fazendo com que estes indivíduos se

3 J.R.P. FRENCH JR.; B. RAVEN. The bases of social power. In: Cartwright, D (Ed.) Studies in social power, p. 150-167. 4 A. PETTIGREW. Information control as a power resource, p. 187-204. 5 J. PFEFFER. Managing with power: politics and influence in organizations, p. 182-185. 6 IDEM.

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identifiquem com este líder.7 E mesmo pela contingência crítica, ou seja, uma

implicação importante para toda a organização naquele determinado momento.8

Para influenciar o comportamento, o profissional deve ter poder e

este pode estar relacionado à posição na estrutura organizacional da empresa.

Porém, para influenciar e controlar pessoas existem limitações da autoridade formal

recebida e revelada no organograma da empresa. A autoridade formal é o direito

oficial e institucionalizado de um administrador de tomar decisões que afetam o

comportamento de seus subordinados.

Wright, Kroll & Parnell (2000, p. 317) ressaltam que nem todos os

membros de uma organização recebem ordens “de cima” e as aceitam

passivamente. Outro fato relevante é que sempre se depende de pessoas sobre as

quais não se tem autoridade formal.

Nem sempre se pode determinar onde está o poder em uma

organização simplesmente olhando para o seu organograma, porém o organograma

fornece indicações de onde o poder emana, pois o ocupante do cargo detém

autoridade para exercê-lo.

Segundo Robbins (2002, p. 403) “a autoridade se refere aos direitos

inerentes a uma posição administrativa para dar ordens e esperar que elas sejam

obedecidas”. Para facilitar a coordenação, cada posição administrativa é colocada

em seu devido lugar na cadeia de comando, como também cada administrador

recebe um grau de autoridade para realizar suas responsabilidades.

No organograma existem os órgãos de assessoria ou órgãos de

linha. Horngren (1985, p. 9) quando distingue autoridade de linha e autoridade da

assessoria, diz que quase todas as organizações têm uma missão básica, definida

em forma de certas atividades. Uma empresa comercial tem como funções básicas

de compra e venda, como uma empresa de prestação de serviços tem como missão

básica o atendimento. Enfim, todas as subunidades que desenvolvem estas

atividades básicas estão localizadas nos departamentos de linha, como as

atividades de assessoria estão indiretamente relacionadas com as atividades

básicas da organização.

7 G. A. YUKL. Leadership in organizations, p. 206. 8 D. J. HICKSON; C. R. HININGS; C. A. LEE; R. E. SCHNECK; J. M. PENNINGS. A strategic contingencies theory of intraorganizational power, p. 216-299.

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37

Horngren, Sundem & Stratton (1999, p.16-18) explicam que

autoridade de linha é a autoridade exercida sobre os subordinados de cima para

baixo. Autoridade de staff é a autoridade para aconselhar, mas não para comandar.

Ela pode ser exercida de cima para baixo, lateralmente ou de baixo para cima.

Na mesma linha de entendimento, Padoveze (2003, p. 35) concorda

com a posição de Horngren, Sundem & Stratton (1999) quando afirma que as

tradicionais distinções entre staff e linha são menos claras nos dias atuais. Quando

se observa a autoridade da Controladoria com relação a seus objetivos, a autoridade

é de linha. Já com relação às outras atividades internas da companhia, ela atua

como órgão de apoio.

No ordenamento da empresa, a Controladoria pode ser situar como

um órgão de linha ou órgão de staff. Mosimann & Fisch (1999, p. 89) afirmam que

“vários autores qualificam a Controladoria como um órgão de staff, já que cada

gestor tem autoridade para controlar a sua área e se responsabiliza por seus

resultados.” Como órgão de staff, a Controladoria não pode controlar as demais

áreas, mas prestar assessoria no controle, informando a cúpula administrativa sobre

os resultados das áreas.

Os mesmos autores, fazendo referências aos ensinamentos de

Catelli, dizem que:

O controller é um gestor que ocupa um cargo na estrutura de linha porque toma decisões quanto à aceitação de planos, sob o ponto de vista da gestão econômica. Dessa maneira, encontra-se no mesmo nível dos demais gestores, na linha da diretoria ou da cúpula administrativa, embora também desempenhe funções de assessoria para as demais áreas . Mosimann & Fisch (1999, p.89)

Anthony & Govindarajan (2002, p.156), quando exploram o tema,

afirmam que:

A função de Controladoria é uma função de assessoria, no organograma. Embora o controller seja usualmente responsável pelo projeto e pela operação de sistemas que coletam, relatam e controlam informações, o uso destas, no controle, é de responsabilidade dos executivos de linha.

Os mesmos autores continuam explicando que o controller não toma

decisões nem reforça decisões de outros executivos. Fazendo o contraste entre a

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autoridade do executivo de linha e a do controller, esclarecem que a

responsabilidade pelo controle inicia-se pelo executivo chefe e vai descendo pelas

linhas do organograma.

Em relação a autoridade do controller, ele desempenha um papel

importante na preparação e desenvolvimento dos planos estratégicos, e quando um

grupo de Controladoria analisa relatórios e verifica alguns itens que possam exigir

algum tipo de ação, os executivos de linha são imediatamente avisados. Esta

atividade é quase que a de um executivo de linha (gerente), porém a decisão de

controller pode ser retificada ou até mesmo derrubada pelo executivo de linha

envolvido na questão.

Concluindo, de acordo com os autores consultados, a Controladoria

está situada em uma posição que permite ao controller ocupar na empresa um

papel de assessoria em relação aos demais departamentos, e exercer autoridade

de linha sobre os seus subordinados na Controladoria. Por fim, é importante que a

Controladoria possa cumprir seu papel de apoiar os processos decisórios de

planejamento e controle econômico-financeiro e a mensuração e avaliação do

desempenho das empresas e de suas áreas de atividades, para isto, deve procurar

o funcionamento sintonizado com os demais setores, providenciando cumprimento

de prazos, elaboração de relatórios, etc, pois a organização inteira utiliza as

informações proporcionadas pelo controller (ANTHONY & GOVINDARAJAN, 2002,

p. 156).

1.5.2 Estrutura do órgão Controladoria

As empresas são organizadas em estruturas. Uma das estruturas

empresariais possíveis é a chamada estrutura funcional, que se caracteriza pela

combinação simultânea de atividades semelhantes e pela separação de atividades

diferentes em termos de função. Ela apresenta vantagens e desvantagens. A

vantagem é a especialização por função, isto é, quando os especialistas interagem

freqüentemente eles podem perceber sinergias que aumentam a eficiência e eficácia

do seu departamento. Como desvantagens, pode ser citada a visão limitada dos

funcionários com relação à organização e a dificuldade em se atribuir

responsabilidade tanto por resultados positivos quanto negativos. A

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responsabilidade fica diluída entre os vários setores envolvidos, como compras,

vendas ou produção.

A organização é desenvolvida através do processo de

departamentalização, cujas diferentes especialidades são divididas em

departamentos separados a fim de facilitar o fluxo de informação e definir

autoridades.

Em pequenas empresas não há divisão do trabalho e nem a

existência da Controladoria, pois a empresa é dirigida e controlada normalmente por

uma mesma pessoa (TUNG, 1980, p.33). As decisões de produção e

comercialização são submetidas a um só gerente ou mesmo ao próprio dono. Estas

características são encontradas em micro empresas ou empresas familiares, em que

o próprio dono é responsável pelas funções de produção, comercialização e a

solução de problemas financeiros, realizados por ele próprio.

Coronado (2001, p.20) observa que o empresário costuma

desempenhar ao mesmo tempo funções de técnico, comerciante, financista e

administrador, mas, em função da ausência de um modelo específico, o dirigente

relega a um segundo plano as atividades de planejamento apoiado pelas

informações contábeis, por serem consideradas morosas e pouco confiáveis. Estes

são os motivos pelos quais o empresário concentra em si praticamente todas as

decisões, impedindo sua dedicação em atividade de planejamento administrativo.

Isto o absorve na solução de problemas rotineiros que o envolvem em função da

velocidade com que os fatos se sucedem, sem que haja um critério de delegação de

autoridade para os gestores das áreas.

Algumas vezes, o fato de não existir o órgão Controladoria

formalmente estruturado na empresa pode significar a restrição da atuação da

mesma, pois sendo as atividades da Controladoria um conjunto de processos

logicamente organizados, a existência real da área, reconhecida por todos,

representa um passo importante para a eficácia empresarial.

Discorrendo sobre as empresas que não reconhecem a

Controladoria como órgão formal, Peleias (2002, p.15) diz que nesses casos, é

preciso identificar claramente quem são os gestores ou áreas de responsabilidade

incumbidos de exercer o papel que caberia à Controladoria.

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Nas empresas de médio a grande porte, onde existe uma divisão

mais clara do trabalho, a Controladoria pode funcionar como um órgão de

observação e controle da cúpula administrativa.

Gomes & Salas (2001, p. 23) ressaltam que à medida que as

empresas estão se desenvolvendo em um contexto social bastante competitivo, é

fundamental que a empresa tenha informação tanto externa como interna, para

facilitar a adaptação estratégica.

Para as empresas de médio a grande porte, Oliveira (1998, p.22)

propõe um modelo de organização da Controladoria enfocando a distribuição de

tarefas de cada área, ou seja, distribuição de tarefas da Controladoria, abrangendo

Custos de Produção, Contabilidade Gerencial, Contabilidade Financeira e

Contabilidade.

Custos de Produção

Contabilidade Gerencial

Contabilidade Financeira

Contabilidade Fiscal

CONTROLADORIA

Um grande banco de dados responsável pela geração de: - Relatórios

gerenciais para tomadas de decisão

- Informações para os demais departamentos

- Instrumentos de controles e gestão

- Escrituração

das transações diárias da empresa

- Preparação das demonstrações contábeis

- Atendimento à legislação fiscal e societária

- Planejamento

tributário - Orientação

fiscal para as demais unidades de trabalho

- Escrituração fiscal

- Controle dos pagamentos dos tributos

FiguFont

Gerenciamento e controle de Estoques e Produção: - Apuração

sistemática dos custos de produção

- Análise dos custos de produção

- Fornecimento de dados e análise para a rentabilidade gerencial

ra 1 - Organização da Controladoria – modelo 1 e: Oliveira, 1998, p. 22

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Este modelo dá ênfase à área contábil, um pouco da visão mais

tradicional da controladoria.

Segundo Padoveze (2003, p.36), a Controladoria é responsável pelo

Sistema de Informação Contábil Gerencial da empresa e deve atuar em todas as

etapas do processo de gestão a fim de exercer adequadamente a função de controle

e sugerir correção no planejamento. Para isto, ela deve assumir funções claramente

contábeis e fiscais e atuar também no planejamento e controle.

Segundo o autor, ao assumir estas duas funções, a Controladoria

deveria ter a organização mostrada na Figura 2:

Auditoria Interna

Sistema de Informação Gerencial

Relações com Investidores

Escrituração Planejamento e Controle

- orçamento, projeções e análise de investimento

- contabilidade de custos - contabilidade por

responsabilidade - acompanhamento do

negócio e estudos especiais

- contabilidade societária - controle patrimonial - contabilidade tributária

CONTROLADORIA

Figura 2 - Organização da Controladoria – modelo 2 Fonte: Padoveze, 2003, p. 37

Nesta estrutura, o Sistema de Informação Gerencial (SIG), está sob

a responsabilidade direta da Controladoria a fim de alcançar a integração de todas

as áreas. Silva (2002), faz a seguinte pergunta: “O que é a Controladoria senão a

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42

área responsável pela manutenção e gerenciamento de um sistema integrado de

informações?” Logicamente, as funções da Controladoria não se limitam a gerir o

sistema de informações, mas ele é fundamental para o desempenho das funções. O

seu bom gerenciamento evita informações duplicadas, elimina gastos com

conferência e proporciona tomada de decisões baseadas em informações fidedignas

e tempestivas.

No modelo acima apresentado (figura 2), a auditoria interna está

subordinada à Controladoria. Esta forma de organização está sujeita a críticas, pois

a auditoria interna volta-se ao passado e a Controladoria é dirigida ao futuro. No

organograma não pode haver conflitos de interesses, pois se perde a independência

necessária no desempenho das funções da auditoria interna. Também merece

atenção o Planejamento e Controle que se encontra abaixo da Auditoria, enquanto

este órgão deveria estar acima da Auditoria, caso esta, apesar de conflitante, estar

subordinada à área de Controladoria.

Tung (1980, p. 89) diz que a organização da Controladoria nas

empresas não difere dos demais departamentos. Para sua organização devem ser

observadas as mesmas normas e conceitos organizacionais. Deve haver uma

definição clara e objetiva das atribuições dessa área no contexto da empresa e a

análise das funções subalternas decorrentes da necessidade de sua atribuição.

Ainda em relação à estrutura da Controladoria, Horngren (1985,

p.12) apresenta um organograma com as principais funções da Controladoria,

sugerindo como se pode organizar um departamento de Controladoria em uma

grande empresa:

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Assistente do controller

Relatórios e estudos especiais

Cont. para o planeja- mento e controle

Auditoria Interna

Contabi-lidade Geral

Sistemas e

processos

Impostos

Orçamentoe

Análise de desempe-

nho

Registros de custos

Contas

a Receber

Contas a pagar Razão

Geral Contabi-lidade de proprie-dades

Fatura-mento

Folha de paga-mentos

CONTROLLER

Figura 3 - Organização da Controladoria - modelo 3 Fonte: Horngren, 1985, p. 13

Este tipo de organização da Controladoria destina-se a grandes

empresas, onde as atividades estão separadas. Para desempenhar todas estas

atividades e funções, a Controladoria conta com os conhecimentos e a formação de

profissionais contábeis, como por exemplo para desenvolver as atividades de:

a) Contabilidade de custos;

b) Elaboração das demonstrações financeiras;

c) Elaboração de relatórios enviados ao governo (declarações de

imposto de renda e outras);

d) Contas a pagar e a receber.

Aqui, também se observa uma ênfase contábil da controladoria,

porém mostra a Contabilidade sendo utilizada para o Planejamento e Controle, com

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uma subdivisão de Orçamento e Análise de Desempenho e outra subdivisão de

Registro de Custos.

Para uma companhia de tamanho médio a grande, Willson, Roehl-

Anderson & Bragg (1995, p.40) sugerem uma estrutura típica de Controladoria, na

linha do organograma da empresa, onde o Controller está em nível equivalente ao

de superintendente ou vice-presidente no contexto da organização como um todo. É

importante lembrar que uma estrutura de organização obviamente não serve para

todas as empresas, ou seja, não há receita pronta, porém algumas estruturas têm se

mostrado mais prática. O maior problema está em decidir os agrupamentos das

funções que melhor interagem com o ambiente de trabalho. Logicamente, deve ser

considerada a experiência pessoal e de trabalho de cada chefe, espaço físico,

filosofia empresarial e objetivos de negócios.

Na estrutura apresentada na figura 4, baseada em Willson, Roehl-

Anderson & Bragg (1995, p.40), as funções financeiras relacionadas a estudos

especiais, análises econômicas e análises para aquisições estão sob coordenação

de controller.

Contabilidade Geral

Análise Financeira

Análise de custos

CONTROLADORIA

Figura 4 - EstruturaFonte: Willson, Roehl-A

Na

contabilidade de cu

relatórios de result

Planejamento financeiro e

controle

Imposto

da Controladoria para médias e gnderson & Bragg, 1995, p. 40

estrutura apresentada na figura a

stos estão encarregadas de regis

ados. Dependendo do volume d

Sistemasde

negócios

s

randes empresas

cima, a contabilidade geral e a

trar as transações e gerar os

e transações elas podem ser

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agrupadas em um único grupo. As funções financeiras de planejamento e controle

estão separadas das atividades de registro, permitindo ao staff se concentrar nos

excessos de custos, mensuração de desempenho, análise de variáveis e

recomendar as ações corretivas. O pessoal deve ser mais analítico e comunicar aos

interessados os desvios ocorridos.

Em grandes empresas há necessidade de um pessoal capaz de

fazer estudos especiais relacionados a um problema particular, como realocação de

planta, decisão de fazer ou comprar, análises econômicas e aquisições de

empresas. Até mesmo um departamento separado deve ser criado para ter

suficientes recursos disponíveis a fim de desenhar o sistema contábil da empresa,

desenvolvimento e implantação de procedimentos e interagir com o pessoal dos

sistemas de computação.

Em algumas empresas, a tributação está a cargo do controller, mas

as funções devem ser separadas devido à necessidade de especialização e estudos

constantes.

Dependendo do tamanho da empresa, é necessário um

departamento de auditoria separado, mesmo que se reporte ao controller. No

entanto, é conveniente separar as funções de auditoria interna completamente das

outras atividades contábeis. Esta função deveria se reportar a um outro executivo

que não ao controller.

Willson, Roehl-Anderson & Bragg (1995, p. 39-41) dizem que não é

possível especificar uma estrutura padrão para a Controladoria que seja apropriada

para todas as organizações.

Cada organização deve decidir como cada função pode ser

agrupada para obter resultados mais efetivos. Alguns fatores devem ser

considerados como tamanho e natureza dos negócios, experiências dos executivos

e assessores, pessoal, espaço físico e psicologia organizacional.

A estrutura necessária para suportar as operações de uma empresa

difere de acordo com o tipo de negócio, o tamanho e a complexidade da empresa e

as distintas filosofias e capacidades dos indivíduos que compõem a alta gerência da

empresa.

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Ressalte-se que, para a Controladoria, independentemente de estar

situada na empresa como órgão de linha ou staff, em pequenas ou grandes

empresas, é importante que esta área seja isenta, autônoma das demais. Portanto,

a melhor forma é que a mesma esteja desvinculada da área operacional, para que

possa criticar processos, acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos e avaliar

resultados com os padrões estabelecidos. Estas atuações somente serão possíveis

se houver isenção de procedimentos e decisão autônoma.

Peleias (2002, p. 16) alerta, que se, por exemplo, a Controladoria

estiver subordinada à diretoria financeira, a atuação da Controladoria pode não ser

adequadamente efetuada, uma vez que o diretor financeiro também responde por

parcelas do resultado econômico da empresa, a exemplo dos outros gestores.

1.5.3 Os níveis da Controladoria nas empresas

A funcionalidade do trabalho leva também à especialização,

trazendo grandes benefícios para um grupo de trabalho. A moderna sociedade

industrial não poderia existir sem ela na medida em que esta permite que as

pessoas desenvolvam o conhecimento e as habilidades únicas. Isto se traduz na

hierarquia que pode existir mesmo dentro da própria Controladoria.

As empresas que criam produtos variados, trabalham em vários

locais e apresentam uma estrutura hierarquizada, modelos típicos de empresas

atuais, cobram dos gestores quem irá decidir na organização, ou seja, quem terá

autoridade e responsabilidade para tomar decisões e também como esta decisão

será avaliada e recompensada (KAPLAN & ATKINSON, 1998, p.288). Uma das

formas de tomar decisões é utilizar a descentralização da empresa. O termo

centralização refere-se ao grau em que o processo decisório está concentrado em

um único ponto da organização (ROBBINS, 2002, p. 497). Ao contrário, a

descentralização refere-se à participação do pessoal de nível inferior no processo

decisório e nas responsabilidades.

Santos (1994, p.3) diz que a descentralização tem algumas

vantagens, como a de possibilitar respostas rápidas e eficazes a problemas

localizados, bem como a de satisfazer a necessidade de autonomia. Uma das

formas de efetuar a descentralização é pelo processo conhecido por

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divisionalização, que significa fragmentar a empresa em diversas unidades, tendo

uma matriz (comando-chefe) e várias outras unidades responsáveis por resultados

de um mercado/produto específico.

A divisionalização do trabalho corresponde à divisão de uma

empresa em unidades que sejam auto-administradas. Não se confunde

divisionalização com departamentalização, sendo esta última inerente a qualquer

organização, pois se refere à organização do trabalho, ao agrupamento de

atividades comuns em tarefas específica para que a empresa possa atingir seus

resultados globais.

A divisionalização pressupõe a autonomia para a própria unidade

definir os aspectos de seus negócios de acordo com o seu exclusivo interesse,

embora tal liberdade de ação não deva resultar em perda de oportunidade de

maximização dos resultados globais da organização.

A empresa descentralizada deve demonstrar com eficiência como

as áreas consomem recursos (centros de custos) ou mensuram o valor com que

cada área contribui para o resultado global (centros de lucro). Cada área seria,

então, uma unidade de negócios. A área de negócios, segundo Santos (1994, p.5)

“é aquele segmento da companhia que possui clientes definidos, para os quais

seus produtos e serviços satisfazem suas necessidades, e estes são produzidos e

distribuídos conforme específicas tecnologias”.

Em companhias descentralizadas, as Divisões são normalmente

separadas em Centros de Lucros e Centros de Custos, e seus gestores são

normalmente responsáveis pela performance da sua divisão. Na maioria dos

casos, o gerente divisional é auto-suficiente e depende minimamente da ajuda do

staff da Matriz. A Controladoria deve ser adaptada para dar apoio à decisão e

gerenciar adequadamente o sistema de informação.

Neste tipo de estrutura descentralizada, é conveniente existir um

controller em cada unidade, auxiliando a gestão de sua unidade de negócios.

Nestas unidades de negócio, o controller tem função de relevância e reporta-se

tanto ao controller da matriz quanto ao seu gestor da unidade.

Willson, Roehl-Anderson & Bragg (1995, p.42) explicam que

existem três níveis de Controladoria que dependem do tamanho da companhia, da

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localização física, das acomodações e da filosofia da organização. Conforme o

nível hierárquico, o controller recebe um nome de seu cargo onde pode ser

identificado o local de seu trabalho e o seu nível hierárquico:

a) Company Controller, opera na matriz ou no centro dos negócios

(também chamado de Corporate Controller ou Controller

Corporativo);

b) Division Controller, opera na entidade que está organizada por

divisões de produtos ou geograficamente (também chamado de

Divisional Controller ou Controller de Divisão);

c) Plant Controller, que atua no topo de cada planta (também

chamado de Controller de Fábrica ou Controller de Planta).

A subordinação de cada nível de Controladoria, proposto por

Willson, Roehl-Anderson & Bragg (1995, p. 42) está representada na figura 5:

GERENTE DE DIVISÃO

GERENTE DE PLANTAS

Corporate Controller (controller corporativo)

Division Controller (controller divisional)

Plant Controller (controller de fábrica)

PRESIDENTE

Figura 5 - Níveis de Controladoria nas empresas Fonte: Willson, Roehl-Anderson & Bragg (1995, p. 42)

Nos três níveis de Controladoria, a responsabilidade funcional é a

mesma, porém o Division Controller tem responsabilidade sobre sua Divisão, por

exemplo, Divisão Financeira e Divisão Contábil.

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Prenger (1972) escreveu sobre as funções e responsabilidades do

Division Controller, segundo o autor, o controller deve se reportar diretamente ao

gerente da Divisão e esperar pela orientação do Corporate Controller. Assim, o

Division Controller tem a responsabilidade de assegurar que a contabilidade reflita

os resultados reais da divisão. É sua responsabilidade assegurar que o sistema e os

procedimentos estabelecidos – para firmar o controle requerido na proteção do

patrimônio da Corporação – estejam de acordo com a política e procedimentos da

Companhia.

Ainda, Prenger (1972) explica que a responsabilidade do Division

Controller está dividida em duas grandes partes: Divisão e Matriz. O Divison

Controller é primeiramente responsável por executar suas atividades de acordo com

o que foi delineado pelo Corporate Controller. Entretanto, ele também atua como

uma extensão do Corporate Controller para assegurar que as Divisões trabalhem

dentro dos padrões estabelecidos pela Matriz e que as políticas e procedimentos

estabelecidos estejam sendo seguidos.

As responsabilidades de um Divison Controller diferem de

companhia para companhia, não somente porque os gerentes das divisões têm

expectativas diferentes, mas também devido ao tamanho da empresa e do tipo dos

negócios. Estes fatos ditam necessariamente as responsabilidades que devem ser

assumidas. Na maioria das divisões, o mínimo de responsabilidade pode ser

categorizada em quatro grandes classificações (PRENGER, 1972):

a) Planejamento;

b) Controle;

c) Análise;

d) Outras atividades gerais.

Dependendo do tamanho da empresa, tipo e localização dos

negócios, uma ou mais categorias podem ser adicionadas dentro da área de

responsabilidades do Division Controller:

a) Crédito;

b) Processamento de dados;

c) Sistemas e procedimentos;

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d) Contabilidade;

e) Preparação da folha de pagamentos;

f) Relatórios para o Governo.

Conforme observou-se, as tarefas do Division Controller não

diferem das tarefas do Corporate Controller, guardadas as devidas proporções, já

que o Corporate Controller trabalhará com a empresa consolidada e o Division

Controller com os dados de sua Divisão.

Portanto, em relação à execução dos trabalhos da Controladoria, o

Corporate Controller tem responsabilidade pela companhia toda, o Divison Controller

tem responsabilidade sobre sua Divisão e o Plant Controller tem responsabilidade

sobre a sua planta, como por exemplo, a planta de preparação de relatórios

contábeis, a planta de planejamento financeiro, etc. Ambos, o Division Controller e o

Plant Controller devem se reportar ao Corporate Controller em maior ou menor grau

de subordinação.

A subordinação ao Corporate Controller pode ser melhor explicada.

Em uma empresa descentralizada, o Divison Controller se reporta, ou está

subordinado diretamente ao Chefe da Divisão (subordinação em linha), e o plant

controller se remete diretamente ao plant manager, mas ambos estão subordinados,

não em linha, porém funcionalmente, ao Corporate Controller, já que suas atividades

funcionais correspondem efetivamente ao que foi determinado por este. Willson,

Roehl-Anderson & Bragg (1995, p.46) mostram claramente, em forma de

organograma, como esta subordinação – ao Corporate Controller e aos Chefes

imediatos – existe na empresa.

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Corporate Controller (controller corporativo)

(

(

Chief Executive (presidente)

Figura 6 – ReFonte : Willson,

(2002, anexo

Controladoria

divisional es

indiretamente

Division Manager gerente da divisão)

Division Controller (controller divisional)

Plant Manager gerente da fábrica)

Plant Controller (controller de fábrica)

lação hierárquica dos níveis de Controladoria Roehl-Anderson & Bragg ,1995, p. 46

Na figura 7, apresenta-se uma outra proposição, baseada em Martin

I) na qual é proposto um modelo de subordinação – estrutura da

da matriz e das divisões - onde pode ser observado que o controller

tá subordinado diretamente ao executivo principal da divisão e

a Controladoria da matriz.

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Conselho de Administração

Contabilidade Gerencial

Contabilidade fiscal

Controllers Divisionais

Executivo principal da Divisão

Orçamento operacional

Análise de projetos e

riscos

Relatórios de

desempenho

Executivo principal

CONTROLADORIA

ADMINISTRAÇÃO DIVISIONAL

ADMINISTRAÇÃO CENTRAL

Figura 7 - A Fonte: Martin, 2

de relacionam

Processos,Custos e

criação de valor

Diagnóstico externo

Auditoria interna

Controladoria moderna 002, anexo 1

Anthony & Govindarajan (2002, p. 157) propõem duas alternativas

entos entre o controller da unidade e o controller da matriz.

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Linha cheia Linha

pontilhada

Gerente da Unidade

Controller da Unidade

Controller da Matriz

Gerente da Unidade

Controller da Unidade

Controller da Matriz

Figura 8 - Relacionamentos alternativos do controller Fonte : Anthony & Govindarajan, 2002 p. 157

A figura 8 mostra duas formas de relacionamento entre o controller

da unidade e o controller da matriz. Na figura de linha pontilhada, o controller da

unidade está subordinado diretamente ao gerente da unidade e indiretamente ao

controller da matriz, ao qual ele se reporta quando necessita intervenção na

resolução de problemas mais graves ou mesmo para tomada de decisão. Já, na

figura de linha cheia, o controller da unidade está subordinado diretamente ao

controller da matriz, que é seu chefe imediato, e indiretamente ao Gerente da

Unidade.

Em ambos os modelos podem ocorrer problemas de subordinação e

relacionamento. Se o controller se reporta diretamente ao Gerente da Unidade pode

perder o sentido de congruência de objetivos. Se o controller se reporta diretamente

ao controller da matriz o Gerente da Unidade não pode utilizar os seus serviços e

informações adequadamente, pois pode considerá-lo como “os olhos do dono” e

encará-lo não como um aliado no atingimento das metas globais, mas como um

espião.

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54

Neste caso, a questão ética é muito importante, pois o controller

ocupa uma posição que tem impacto significativo no âmbito de ética praticada pela

empresa (ROEHL-ANDERSON & BRAGG, 2000, p.9).

Se o controller influenciar os resultados demonstrados nos relatórios

financeiros, alterando-os para torná-los mais atraentes, ou até mesmo para encobrir

problemas existentes na empresa, esta atitude gradualmente irá repercutir em toda a

organização, conduzindo a problemas éticos de todos os tipos.

Vários níveis de Controladoria também podem levar a problemas

com a lealdade, ou melhor, com a falta dela. Como bem disseram Anthony &

Govindarajan (2002, p.157), os controllers podem ter a sua lealdade dividida, pois

devem subordinação ao controller da matriz e ao mesmo tempo em que estão

subordinados aos gerentes gerais das unidades, onde exercem sua função.

Quando existem vários níveis de Controladoria na empresa, uma

alternativa viável para prevenir problemas éticos é elaborar um código de conduta

escrito que force toda a companhia a aderir a este código. Aliado a este instrumento,

a companhia deve submeter-se a auditorias internas regulares. Desta forma,

eventuais desvios éticos podem ser controlados, descobertos ou evitados e a

divisionalização da companhia pode trabalhar de forma harmônica e sistêmica, e os

controllers, sejam da matriz, da divisão ou da unidade possam trabalhar

conjuntamente em prol de resultados sempre maiores.

Assim, a congruência de objetivos, fundamental para a eficácia

organizacional em companhias descentralizadas, que contam com controllers de

vários níveis operacionais, poderá ser alcançada.

1.6 A Controladoria e a cultura organizacional

A cultura é uma forma aprendida e compartilhada de fazer as coisas

numa determinada sociedade. É o modo como as pessoas comem, vestem, tratam-

se umas às outras, educam os filhos, formam as famílias, resolvem seus problemas.

A sociedade é quem ensina a cultura ao indivíduo e como ela é compartilhada por

uma série de pessoas, ela ajuda a definir o contorno social daquele grupo

(SCHERMERHORN et al, 1999, p. 42).

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Aplicada à empresa, o emprego da expressão cultura organizacional

refere-se aos valores e padrões de crenças e comportamento que são aceitos e

praticados pelos membros de uma determinada organização. Os valores e crenças

de uma cultura podem ser influenciados por novos movimentos culturais,

econômicos, sociais e políticos. A empresa então pode ser entendida como uma

unidade sócio-cultural, palco de fenômenos de socialização e aculturamento.

A cultura sofre influência dos fundadores e dirigentes, que por sua

vez, refletem a cultura do país e da família. Estudando-se a cultura geral pode-se

entender a cultura empresarial, suas relações com os clientes, fornecedores,

concorrentes e governo. As diversas crenças e valores, presentes no subsistema

institucional da empresa, influenciam a pontualidade, disciplina, formalidade, regras,

ambiente, enfim, todos os aspectos da empresa.

Na organização, a cultura organizacional se forma na medida em

que a empresa é o produto da integração das pessoas que a compõem, pois o

resultado das diversas personalidades que nela atuam, com suas crenças e valores

é que possibilitam àquele grupo social construir a sua identidade própria. Os

elementos como natureza institucional, o momento histórico da sua criação e os

indivíduos que se articulam entre si, consolidam uma cultura organizacional. De uma

certa forma, a cultura é como um espelho que reflete a personalidade da empresa.

Este reflexo é que permite prever a aceitação ou rejeição a determinadas ordens

recebidas.

1.6.1 Clima organizacional

Santos (2000, p.39) diz que “os conceitos de cultura e clima

organizacional muitas vezes são confundidos e utilizados como sinônimos.” No

entanto, clima organizacional é uma medida que revela até que ponto as

expectativas das pessoas, sobre como se deveria trabalhar na organização estão

sendo cumpridas. Clima organizacional está ligado às percepções dos indivíduos

sobre a organização.

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Litwin & Stringer9 (1986) apud Santos (1999, p.29) interpretam o

clima organizacional da seguinte forma:

Um conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho, percebidas diretamente ou indiretamente pelos indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e que influencia a motivação e o comportamento dessas pessoas.

Desta maneira, a cultura se ocupa da natureza das crenças e

expectativas e o clima é um indicador para verificar se estas crenças e expectativas

estão sendo concretizadas. Dadas as diferentes conceituações sobre clima

organizacional, Santos (2000, p. 41) traça algumas considerações comuns às

diferentes abordagens:

a) O clima organizacional influencia o comportamento dos membros

da organização, podendo afetar seus níveis de motivação e

satisfação do trabalho;

b) É um conceito abrangente e global por ser uma forma de retratar

numerosas percepções através de um número limitado de

dimensões;

c) É operacionalizável por meio de medidas objetivas ou subjetivas;

d) Evidencia-se geralmente como atributo da organização, porém

na percepção de seus participantes;

e) O conceito de clima difere do de cultura organizacional embora

ambos estejam relacionados;

f) O clima organizacional é a expressão ou manifestação da

própria cultura.

1.6.2 Aspectos relevantes da cultura organizacional para a Controladoria

Saber identificar e trabalhar a cultura da empresa é um dos pontos

fundamentais para o sucesso da Controladoria. No Brasil, as características das

culturas das empresas apresentam os seguintes padrões: hierarquia, personalismo, 9 LITWIN, G. H, STRINGER, R. A Jr. Motivation and Organizational Climate. Boston, Division of Research, Harvard Business Scholl, 1968

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patriarcalismo, relações pessoais, indecisão ou medo de assumir a decisão tomada,

decisões pouco específicas (portanto, não servem de rumo para os liderados), pouca

coesão, criação de unidades auto-suficientes, lealdade, evitar conflitos, estratégia

defensiva em tempos de crise com racionalização dos recursos com soluções pouco

inovadoras, imediatismo, descarte do passado e recriação, formalismo (OLIVEIRA &

ARAÚJO, 1999, p.2).

Considerando estas características tipicamente brasileiras,

questiona-se então sobre como a Controladoria se comportaria.

Oliveira & Araújo (1999, p.2) dizem que:

Em determinada cultura, podemos encontrar facilidade ou dificuldade, sermos ouvidos ou não, ser um órgão secundário ou influenciar esta cultura. A sua ação, ou seja, sua oferta de serviços, depende da existência de uma cultura empresarial que propicie a realização do trabalho.

Os autores continuam dizendo que o êxito da Controladoria em uma

empresa pode implicar em mudanças culturais ou na própria adaptação à cultura

existente.

Para a Controladoria, não basta somente saber se suas ações

implicarão em mudanças culturais, mas sim a consciência de que compreender a

cultura organizacional é fundamental para que ela possa auxiliar a empresa a atingir

sua missão e seus objetivos de resultados. A cultura é tão importante que a

configuração modular de escritórios abertos ou fechados, áreas de lazer, vestiários

de pessoal, refeitórios nas empresas, e como os automóveis são estacionados,

refletem a cultura da empresa e os valores da organização.

Para fazer cumprir a sua própria missão, que segundo Figueiredo &

Caggiano (1997, p.26) consiste em “zelar pela continuidade da empresa,

assegurando a otimização do resultado global”, a Controladoria deveria diagnosticar

a cultura organizacional.

Bowditch & Buono (2004, p.185), citam três elementos importantes

que definem até que ponto uma cultura influenciará as atitudes e comportamento de

seus integrantes.

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a) Primeiro, quanto maior o grau de crenças e valores

compartilhados, mais intensa será a influência da cultura;

b) Segundo, quanto mais amplamente compartilhadas as crenças e

valores pelos indivíduos da empresa, mais efeito as crenças e

valores terão sobre os indivíduos;

c) Terceiro, quanto mais claras forem as crenças e valores – cultura

densa – o efeito no comportamento será mais profundo, pois não

há dúvidas de quais crenças e valores devem prevalecer em

casos de conflitos.

Em uma empresa, é importante que a Controladoria possa identificar

a essência da cultura da organização para que sua atuação seja aceita.

Robbins (2002, p. 498 e 499) diz que as pesquisas sugerem sete

características básicas que revelam uma boa imagem da cultura organizacional:

a) Inovação e assunção de riscos: o grau em que os funcionários

são estimulados a serem inovadores e assumirem riscos;

b) Atenção aos detalhes: o grau em que se espera que os

funcionários demonstrem precisão, análise e atenção aos

detalhes;

c) Orientação para os resultados: o grau em que os dirigentes

focam os resultados mais do que as técnicas e os processos

empregados para o alcance deles;

d) Orientação para as pessoas: o grau em que as decisões dos

dirigentes levam em consideração o efeito dos resultados sobre

as pessoas dentro da organização;

e) Orientação para a equipe: o grau em que as atividades de

trabalho são organizadas, mais em termos de equipes do que de

indivíduos;

f) Agressividade: o grau em que as pessoas são competitivas e

agressivas, em vez de dóceis e acomodadas;

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g) Estabilidade: o grau em que as atividades organizacionais

enfatizam a manutenção do status quo em contraste ao

crescimento.

Ao ocorrer a identificação da cultura predominante na empresa, não

se pode esquecer, que mesmo dentro da cultura mais densa ainda haverá

subculturas que tendem a ser desenvolvidas nas grandes corporações. Elas ocorrem

principalmente em empresas funcionalmente estruturadas onde culturas funcionais

diferentes podem conviver com a cultura organizacional dominante.

Ademais, é importante a Controladoria atentar para identificar as

contraculturas, grupos que rejeitam frontalmente aquilo que a organização

representa ou o que ela tenta conseguir. São os chamados dissidentes que se

dedicam a oposição direta aos valores dominantes da empresa; oposição à estrutura

do poder da cultura dominante e oposição às interações e intercâmbios

padronizados que se encontram enraizados nos valores dessa cultura.

Este capítulo versou sobre os aspectos da Controladoria ligados à

sua história, objetivos, seu papel no processo de gestão empresarial e como a

Controladoria está presente na estrutura da empresas. Mostrou, também, a

importância da Controladoria em estudar a cultura e o clima organizacional para o

sucesso de seu trabalho. O próximo capítulo enfatizará a figura do controller, sua

formação, funções e habilidades trazendo os conceitos da literatura consultada que

tratam sobre o profissional da Controladoria e seu trabalho nas empresas.

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2 O CONTROLLER

O enfoque deste capítulo tem como figura central, o profissional que

dirige o órgão Controladoria em uma empresa: o controller. De acordo com a

definição do International Federation of Accounting (IFAC )10 o controller é o

profissional que:

Identifica, mede, acumula, analisa, prepara, interpreta e relata informações (tanto financeiras como operacionais) para uso da administração de uma empresa, nas funções de planejamento, avaliação e controle de suas atividades e para assegurar o uso apropriado e a responsabilidade abrangente de seus recursos.

Em síntese, a definição do controller do IFAC abrange as funções

da controladoria já abordadas no capítulo 2.

Nakagawa (1993, p.13-14) diz que o controller desempenha suas

funções de maneira muito especial, e ao organizar e reportar dados relevantes,

exerce uma influência que induz os gerentes a tomarem decisões lógicas e

consistentes com a missão e objetivos da empresa.

Segundo Peters (2004, p. 2):

O controller é uma figura essencial na responsabilidade econômica do gestor, ao dar condições efetivas de gerenciamento e monitoramento econômico da sociedade, e nas ações internas ou externas a ela – que afetam o status econômico desta sociedade.

Entre todos os executivos de uma empresa o Controller é o

profissional que está na posição única de assumir a mentalidade apreciativa de

qualquer problema que afete o lucro do negócio. Esta afirmação eleva a

Controladoria para uma condição preditiva do futuro. Por isso, é fundamental que o

controller tenha uma visão pró-ativa.

Tung (1980, p.85) diz que:

O controller é, antes de tudo, um executivo de staff cuja função principal é obter e interpretar os dados que possam ser úteis aos executivos na formulação de uma nova política empresarial e, especialmente, na execução desta política.

10 Sílvio Aparecido CREPALDE. Contabilidade gerencial: teoria e prática, p.19.

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Por sua vez, Atkinson et al (1997, p.1) definem o controller como “o

executivo de finanças e contabilidade em uma organização, que prepara e interpreta

informações financeiras para administradores, investidores e credores.”

Enquanto exercia as funções de executivo financeiro o profissional

dentro da empresa pode não ter sido chamado a participar das decisões de

negócios por estar envolvido com números, mas como controller, tem sido

demandado a participar nas decisões por causa das modernas técnicas financeiras.

Em uma época em que os negócios tornam-se cada vez mais globalizado, as

empresas necessitam de conhecimentos específicos de tributação e de comércio

internacional. Em suma, as funções básicas foram expandidas e, atualmente, devido

às mudanças empresariais, o controller tem muito a contribuir no mundo dos

negócios.

2.1 Habilidades e aptidões do controller

Habilidades são os requisitos e qualidades necessárias para se

desempenhar uma função com agilidade e eficiência. O desempenho de um grupo

pode ser previsto parcialmente ao se analisar o conhecimento, as habilidades e as

capacidades dos seus membros, individualmente. O desempenho de um grupo não

é simplesmente a soma das habilidades de cada um de seus membros. Contudo,

essas habilidades estabelecem parâmetros em relação ao que os membros do grupo

podem fazer e qual a eficácia do seu desempenho, pois elas influenciam

diretamente o nível de desempenho e de satisfação do funcionário, por meio da

correta adequação entre suas habilidades e as demandas da função.

As empresas precisam saber onde querem chegar. Isto significa ter

a visão da empresa como referência e estar em sintonia com a sua Missão.

Com a finalidade de auxiliar a empresa a atingir a sua visão, os

controllers têm um papel fundamental. Oliveira, Perez Jr. & Silva (2002, p.21)

ressaltam que para enfrentar os novos desafios o controller deve possuir novas

habilidades, como práticas internacionais de negócios, controles orçamentários e

planejamento estratégico. Enfatizam também que o controller deve ser um

profissional de fácil relacionamento e extremamente hábil para vender suas idéias.

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Martin (2002, p. 16) diz que o controller deve possuir um

entendimento preciso das forças que estão impactando nos resultados econômicos

da empresa mesmo quanto tais forças não sejam totalmente controláveis. Assim, ele

“passa a ter uma importância absolutamente inestimável na fixação dos rumos de

qualquer empresa”.

Oliveira, Perez Jr. & Silva (2002, p.28), que apresentam o controller

como um profissional estratégico, afirmam que quando este ocupa sua posição na

nova Controladoria estratégica deve ter a posse das informações e alta dose de

sensibilidade para a correta identificação das ameaças e das oportunidades que

surgem em todo momento no ambiente empresarial.

Já na década de 80, Tung (1980, p.85-86) dizia que o controller

deveria possuir aptidões bem maiores que às relacionadas a contabilidade. Segundo

o autor, o controller deveria possuir as seguintes habilidades:

a) Ter a capacidade de prever os problemas que poderão surgir e

de coletar as informações necessárias para as tomadas de

decisão;

b) Quando necessário, possuir o necessário discernimento para

tomar a iniciativa na elaboração de relatórios;

c) Fornecer informações específicas a cada usuário, preparados na

linguagem do executivo que as recebe;

d) Traduzir os desempenhos passados e presentes em gráficos,

tendências e índices, uma vez que os números, por si só, podem

não ser suficientes na tarefa de auxiliar a administração da

empresa;

e) Ter uma visão pró-ativa e preocupada com o futuro;

f) Elaborar relatórios de forma mais rápida possível, gerando

informações atualizadas e confiáveis;

g) Insistir na análise e estudo de determinados problemas, mesmo

que os executivos das áreas envolvidas não estejam dando a

devida atenção para os fatos reportados pela Controladoria;

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h) Sempre que possível assumir a posição de conselheiro ou

exercer o papel de consultor na busca de solução para os

problemas, nunca a de crítico;

i) Ser imparcial e justo em suas críticas e comentários ao

desempenhar as funções de controle e avaliação de

desempenho dos demais departamentos e executivos da

organização;

j) Ter a capacidade de “vender” suas idéias, em vez de procurar

impor suas opiniões, por mais válidas e interessantes que elas

sejam;

k) Ter, principalmente, a capacidade de compreender que, no

desempenho de suas funções, suas contribuições para outras

áreas sofrem limitações.

Por sua vez, Roehl-Anderson & Bragg (2000, p.6) ensinam que o

controller tem muitas habilidades (que não são encontradas em todas as pessoas),

mas se não as possuir, pelo menos, deve ter aquelas relacionados com a acurácia

das demonstrações financeiras e do processo de transação, pois estas duas áreas

permanecem como o coração da função contábil, tais como:

a) Análise da informação: o controller deve estar suficientemente

confortável com a informação financeira para prontamente

compreender o significado das variações dos índices e o que

eles anunciam para a companhia;

b) Habilidade de comunicação: a chave para função do controller

é compilar informações e comunicar para os gestores. Se a parte

referente à compilação dos dados está bem feita, mas o gestor

não compreende suas implicações, o controller deve melhorar

sua habilidade de comunicação a fim de repassar a informação

financeira necessária para os gestores;

c) Conhecimento da companhia e da indústria: nenhum sistema

contábil é perfeitamente adaptável sem nenhuma alteração,

porque a companhia em que está operando tem sutilezas que

requerem algumas modificações. Por este motivo o controller

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teve ter um bom conhecimento das operações realizadas na

companhia e na indústria de forma a saber como estas

operações impactarão no departamento contábil;

d) Habilidade gerencial: o controller presumivelmente será um

cargo de staff, e ele terá considerável controle sobre a

produtividade daquele grupo. Portanto, o controller deve ter

excelente conhecimento de planejamento, organização, direção

e mensuração das funções necessárias para gerenciar o

departamento contábil;

e) Senso de urgência e custo efetivo do serviço: o controller

deve gerir o departamento contábil como um centro de lucro,

pois somente assim ele utilizará métodos eficientes para

completar cada tarefa e a atenção do departamento estará

focada nas mais urgentes;

f) Conhecimento técnico: para criar uma demonstração financeira

fidedigna, especialmente para a publicação, o controller deve ter

considerável conhecimento das normas contábeis.

Willson, Roehl-Anderson & Bragg (1995, p.34) ensinam que em vista

da competição cada vez mais brutal, os clientes exigem cada vez mais, os

investidores esperam uma melhor performance e mesmo os diretores se tornam

cada vez mais independentes, com questionamentos mais profundos. Um novo tipo

de administrador e uma nova estrutura organizacional estão entrando em cena. Isto

inclui os novos controllers. Eles devem ser muito mais efetivos, motivar pessoas,

resolver vários tipos de problemas, inclusive financeiros. Pessoas com este perfil

têm muito a contribuir para a empresa.

Para desempenhar suas funções, o controller deve possuir

qualificações que lhe permita atuar com desembaraço no seu dia a dia.

Martin (2002, p.25) afirma que o controller precisa ser por excelência

um generalista, com uma capacidade de entender profundamente sua empresa e

seu ramo de negócios, além de saber entender, manejar e criticar métodos,

instrumentos de pesquisa e análise, bem como a forma de atuação de um grande

número de especialistas funcionais. Dentro do contexto de que o controller deve ser

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um profissional generalista. Willson, Roehl-Anderson & Bragg (1995, p.33) citam as

qualificações que o controller deve possuir:

a) Uma excelente formação técnica em contabilidade e finanças

com compreensão dos princípios contábeis;

b) Compreensão dos princípios de planejamento, organização e

controle;

c) Compreensão geral do mercado em que a companhia está

competindo, bem como do meio ambiente, da economia, da

sociedade e das forças políticas envolvidas;

d) Habilidade de comunicação com todos os níveis da

administração e um entendimento básico de outros problemas

funcionais relacionados com a engenharia, produção, relações

industriais e marketing;

e) Habilidade para expressar suas idéias claramente, por escrito ou

fazendo apresentações;

f) Habilidade para motivar outras pessoas para atingir resultados

positivos.

2.2 Formação do controller

No Brasil, a Resolução CFC nº 560/83 dispõe sobre as prerrogativas

profissionais dos contabilistas e diz que este pode exercer em suas atividades, na

condição de profissional liberal ou autônomo, as funções de controller. Portanto,

segundo esta Resolução, o profissional que exerce a Controladoria deve ser o

contabilista, não necessariamente o contador. O contabilista é aquele que cursou

Técnico em Contabilidade e aquele que cursou a graduação em Ciências Contábeis.

Esta ligação da formação contábil com a Controladoria é explicada

por Kanitz (1976, p. 6) quando diz que os primeiros controllers foram recrutados

entre aqueles responsáveis pelo departamento de contabilidade ou então pelo

departamento financeiro da empresa pelos motivos abaixo relacionados:

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a) Os contadores gerais e os administradores financeiros possuem,

em função do cargo que ocupam, uma visão ampla da empresa,

o que os torna capazes de enxergar as dificuldades como um

todo e propor soluções gerais;

b) A Controladoria é uma função diretamente subordinada à

presidência da empresa. Portanto, nada mais lógico do que

escolher para o cargo de controller uma pessoa que já está

ligada à presidência, como acontece com os administradores e

contadores;

c) As informações que chegam ao controlador são,

predominantemente, de natureza quantitativa, e esses

profissionais já estão familiarizados com os números.

Entendendo que o Controller é o contador por formação, Martin

(2002, p. 24) conclui que a “Controladoria deve ser vista como um pináculo da

carreira do contador numa empresa e o caminho natural de sua ascensão à

Direção”.

Ainda Martin (2002, p. 24) respondendo à pergunta: “como os

contadores podem ser tornar controllers?”, diz que no Brasil os obstáculos são

muitos. Um dos problemas é a visão que o empresariado brasileiro tem do contador

que se preocupa muito com a formação fiscal e se torna um especialista em

tributação. Mas como um especialista na área fiscal pode auxiliar na gestão

econômica que necessita de um profissional generalista? Ou então, um especialista

em diversas áreas?

Siqueira & Soltelinho (2001, p.75) em trabalho sobre o surgimento

da profissão de controller até a década atual, mostram que as empresas

contratantes de controllers continuam requisitando em sua maioria, controllers com a

formação contábil, mas estão também contratando economistas e administradores

para exercerem a função de controller.

Martin (2002, p.24) elenca outro problema: é o próprio contador que

tem a visão limitada e não procura alargar seus horizontes. O mais importante é que

a formação de controllers não deve mais ser especialista em contabilidade, pois as

funções do controller vão muito além, mas sim, que este profissional tenha a

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capacidade de entender o mundo dos negócios, o ramo de atividade da empresa,

utilizar métodos gerenciais, instrumentos de gestão, pesquisa, análise, enfim, os

chamados especialistas funcionais.

Na mesma linha, Kanitz (1976, p. 6) já alertava para o fato de que os

conhecimentos de contabilidade e finanças não são mais suficientes para o

desempenho da função de Controladoria, pois esta atividade não exige mais apenas

a administração do sistema contábil da empresa. Na década de 70, o autor já dizia

que o controller cercava-se de uma miríade de outros profissionais, como

administradores, psicólogos, analistas de sistemas, estatísticos e matemáticos que

munidos de seus conhecimentos tinham a tarefa de analisar e dirigir um imenso

volume de informações necessárias ao exercício da função de Controladoria.

Apesar destas recomendações, Mendes (1991, p.20) mostrou em

seu trabalho que somente 40% dos controllers pesquisados possuíam o primeiro ano

universitário, o que estava muito longe do ideal. O autor enfocava a necessidade de

alargar horizontes e conhecimentos.

Manifestando preocupação com a empregabilidade dos contadores,

Martin (2002, p.11) chama atenção para o fato de que estes não estão capacitados

para fornecer informações pertinentes e relevantes para dar fundamento e

orientação aos gestores. Alerta ainda que, sem dúvida, outros especialistas irão

inevitavelmente assumir esta função.

Pocopetz (2002, p.72) interessado em conhecer a formação do

controller, identificou nos resultados de uma pesquisa realizada junto a 10 (dez)

controllers, que 30% possuem formação Contábil; 30% possuem formação em

Administração; 20% em Economia e 20% possuem formação em Ciências Contábeis

e Administração de Empresas.

Em seu trabalho, o autor lembra que a função de controller nas

empresas em geral, não é função exclusiva de pessoas cuja formação seja em

Ciências Contábeis, já que esta função afeta diretamente o gerenciamento, o que

não gera rigidez no atendimento à fiscalização de órgãos controladores da profissão.

Além de analisar a formação dos controllers, o autor afirma que as grades

curriculares dos cursos de Ciências Contábeis analisadas em seu trabalho geram

contadores plenos, sem especialização específica em alguma área da contabilidade.

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Demonstrando preocupação com o profissional, o autor propõe um novo currículo

para o Curso de Ciências Contábeis que pudesse formar um profissional contábil

com uma postura mais participativa.

Martin (2002, p.26) também sugere melhorias no curso de Ciências

Contábeis quando diz que para a formação do controller, além do currículo didático

da área acadêmica da contabilidade a partir do modelo contábil-financeiro, deveria

ser incluído o elenco de outras disciplinas que formariam um “profissional

generalista”.

Oliveira, Perez Jr. & Silva (2002, p.36) dentro deste contexto de

multiplicidade de conhecimentos, dizem que o moderno profissional da Controladoria

terá que dominar conhecimentos de administração geral, sociologia, finanças,

marketing, etc., além de contabilidade, custos e tributos.

De uma forma mais didática Willson, Roehl-Anderson & Bragg

(1995, p.33) dizem que a qualificação do controller deve incluir:

a) Uma excelente base em contabilidade e finanças com

conhecimento dos princípios contábeis;

b) Conhecimento dos princípios de planejamento, organização e

controle;

c) Conhecimento geral do ambiente empresarial em que a empresa

está competindo e das forças, sociais, econômicas e políticas

envolvidas;

d) Um perfeito entendimento da empresa, incluindo suas

tecnologias, produtos, políticas, objetivos, história, organização e

meio ambiente;

e) Habilidade para se comunicar com todos os níveis de gestão da

empresa e uma compreensão básica para os problemas

funcionais relacionados à engenharia, produção, e marketing;

f) Habilidade para expressar idéias verbalmente e por escrito;

g) Habilidade para motivar outras para obter ações positivas.

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Oliveira, Perez Jr. & Silva (2002, p.21 e 22) chamam atenção para

as novas exigências de mercado quando dizem que, atualmente, para o

desempenho da função de Controller, os mesmos devem possuir conhecimentos de:

a) Contabilidade e finanças;

b) Sistemas de informações gerenciais;

c) Tecnologia da informação;

d) Aspectos legais de negócios e visão empresarial;

e) Métodos quantitativos;

f) Processos informatizados da produção de bens e serviços;

g) Informatização da produção de bens e serviços.

Em um ambiente competitivo, o controller deve possuir, além de

conhecimentos sobre economia, estatística, contabilidade, finanças e habilidade

para analisar e interpretar dados, habilidade para interferir a respeito das

implicações das forças políticas, econômicas e sociais, sobre o resultado da

empresa.

Oliveira, Perez Jr. & Silva (2002, p.36) questionando sobre o perfil

desejado dos profissionais da Controladoria relatam que o diploma, mesmo nas

melhores universidades, não é mais suficiente. Habilidades tais como o domínio das

línguas estrangeiras e agilidade no uso de computadores, são requisitos mínimos

para um emprego diferenciado.

2.3 O controller na empresa

Em uma empresa os cargos não existem ao acaso. Eles precisam

ser desenhados, projetados, delineados, definidos e estabelecidos. O desenho dos

cargos significa a especificação do conteúdo, dos métodos de trabalho e das

relações com os demais cargos, no sentido de atender aos objetivos da empresa.

O desenho dos cargos está orientado para o alcance dos objetivos

organizacionais, ao mesmo tempo em que as pessoas que exercem a função

executam suas tarefas dentro da organização empresarial para alcançar objetivos

individuais. Este desenho do cargo é basicamente para:

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a) Especificar o conteúdo de cada tarefa a ser executada, isto é,

definir o que o ocupante deve fazer ou realizar;

b) Especificar os métodos para executar cada tarefa, isto é, definir

como deve fazer ou realizar a tarefa;

c) Combinar as tarefas individuais em cargos específicos, isto é,

qual o conjunto de tarefas que deve compor o cargo.

Ao desenhar um cargo, o gestor define previamente quais as

características físicas e mentais que a pessoa deverá possuir para ocupá-lo

adequadamente. Na verdade, o conjunto de cargos de uma empresa determina

quais serão as características humanas que os empregados deverão possuir. Com

relação ao controller, é interessante notar como o cargo está definido.

Primordialmente, o controller deve, para cumprir a missão da

Controladoria, ter um profundo conhecimento dos mercados e das forças

competitivas que atuam nele.

Martin (2002, p.16) chama atenção para o mesmo fato quando diz

que como o controller poderá explicar fatos como a perda do market-share ou

distinguir se a causa de um declínio de resultados é decorrência da concorrência

mais competitiva. Reafirma a importância do alargamento de horizontes de

conhecimentos do controller quando diz que:

O controller que é, por definição, um expert na apuração dos resultados econômico-financeiros através do modelo contábil, ao possuir um entendimento preciso das forças que estão impactando tais resultados (mesmo quando tais forças não sejam totalmente controláveis), passa a ter uma importância absolutamente inestimável na fixação dos rumos de qualquer empresa.

Padoveze (2003, p.36) diz que o controller deve informar, formar,

educar, influenciar e persuadir. A influência exercida pelo controller na empresa

requer que o mesmo desenvolva características pessoais de persuasão e

convencimento. Especificamente sobre a influência do controller, o autor se

manifesta da seguinte forma:

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O controller pode e deve exercer influência junto aos demais gestores, e o faz pelo conhecimento da ciência da gestão econômica. Em outras palavras, o conhecimento da empresa como um todo e o conjunto dos planos de ação, associados ao conhecimento científico da administração econômica, permitem ao profissional de Controladoria exercer um papel influenciador.

A valorização do cargo do controller nas empresas é decorrente da

necessidade de elaborarem seu planejamento estratégico e concentrar as atividades

no controle de custos. O controller, através de suas análises, proporciona um

referencial extremamente importante para o raciocínio e compreensão das

operações internas da empresa. Dessa forma, analisando o equilíbrio entre o ativo e

o passivo, visualiza a empresa como um sistema através do qual as turbulências

ressoam com maior ou menor intensidade, amplificadas ou amortecidas pelo

processo. O controller deve administrar a turbulência, e não eliminá-la, pelo menos

no primeiro momento.

Anthony & Govindarajan (2002, p.156) afirmam que o controller

desempenha um papel importante na preparação dos planos estratégicos e

orçamentários. Porém, alertam que o controller não toma as decisões estratégicas e,

como assessor – os autores entendem que a Controladoria é um órgão de

assessoria – ele não pode tomar decisões gerenciais.

O crescimento da demanda na Controladoria na empresa e o

interesse pelo assunto, podem ser explicados por Oliveira, Perez Jr. & Silva (2002,

p.37) que ressaltando a importância do controller, dizem que a valorização do cargo

ocorrida nos últimos anos é uma conseqüência direta da globalização e

competitividade que passaram a nortear a estratégia das empresas.

2.3.1 A posição do controller na empresa

A posição do controller varia em importância e responsabilidade de

companhia para companhia. Em algumas firmas o controller está confinado a

compilar dados, principalmente para relatórios externos. Em outras, o controller é o

executivo-chave que ajuda o gerenciamento do planejamento e controle de todas as

subdivisões da companhia. Na maioria das firmas, os controllers têm o status de

alguém entre estes dois extremos, por exemplo, suas opiniões sobre implicações

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tributárias em certas decisões gerenciais têm um peso relativamente grande,

enquanto suas opiniões em outros aspectos decisórios podem não ter este mesmo

peso. Na maioria das organizações os controllers têm aumentado seu rol de

responsabilidades como consultor interno, no qual ajudam os gerentes com

informações relevantes para suas decisões.

Para um controller, a posição ocupada por ele em uma empresa

deve ser tal que o permita auxiliar a gestão da empresa. Silva (2002) diz que o

controller deve trabalhar de forma a eliminar as turbulências que perturbam a

harmonia da empresa, fazendo com que ela possa atingir seus objetivos.

Segundo Francia (1991, p. 9) “o controller desempenha uma função

de apoio incluído na alta administração da empresa. O controller é o responsável por

todo o processamento da informação contábil da organização”. Os controllers

geralmente são apoiados pelo presidente da empresa para aprovar e instalar o

sistema de contabilidade para assegurar a uniformidade contábil. Na teoria, o

controller propõe este sistema para o presidente que aprova e ordena conformidade

a todo pessoal de linha, preservando assim o sentido de staff da contabilidade. Na

prática, entretanto, os controllers especificam diretamente como os relatórios da

produção são e como os relatórios de tempo devem ser completados.

Na teoria, então, os controllers não têm autoridade de linha exceto

sobre o departamento contábil. Todavia, por reportar e interpretar dados relevantes,

o controller exerce, na prática, a força ou a influência que levam os gestores a tomar

decisões consistentes com os objetivos da organização. Todos estes processos

estão muito ligados à cultura organizacional da empresa, pois fatores importantes

como cultura ou clima organizacional formam até mesmo uma organização paralela

à formal.

Segundo Horngren (1985, p. 9), o controller tem um papel de

assessoria, contrastando com os papéis de linha dos executivos de áreas como

vendas e produção, pois a contabilidade tem a incumbência de prestar serviços

especializados a outros gestores, como ajuda em orçamentos, análises, formação de

preços e decisões especiais. Assim, dado o seu papel, o setor contábil não tem

autoridade direta sobre os departamentos de linha, pois até em procedimentos

contábeis que devem ser implantados na empresa o controller age segundo as

determinações do presidente, e mesmo quando exerce autoridade para que sejam

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implantados os procedimentos na empresa não é o controller em seu nome que está

agindo, mas sim, o presidente que normalmente edita normas ou manuais para a

empresa, com o controller prestando auxílio em como segui-lo.

Os conceitos modernos de Controladoria segundo Nakagawa (1993,

p.13) indicam que:

[...] o controller desempenha sua função de controle de maneira muito especial, isto é, ao organizar e a reportar dados relevantes, exerce uma opção ou influência que induz os gerentes a tomarem decisões lógicas e consistentes com a missão e objetivos da empresa.

O autor vai mais além quando afirma que o controller é o

responsável pelo projeto, implementação e manutenção de um sistema integrado de

informações.

Ainda com relação à sua posição na empresa, é importante saber

qual é a sua real participação no planejamento estratégico empresarial, ou a sua

importância como estrategista na elaboração dos planos da empresa.

Silva (2002) colhendo os resultados de pesquisa realizada em

empresas de grande porte no Rio Grande do Sul, ao mostrar qual influência os

controllers teriam nos resultados obtidos pelo planejamento estratégico da empresa,

apontou que eles têm influência no resultado financeiro, no planejamento estratégico

e nos indicadores de desempenho. Esta pesquisa mostrou claramente que existem

dois tipos de controllers: um grupo que atua muito mais como controlador, se

dedicando ao controle de custos, à medição de performance e de relacionamento

com acionistas; e um outro grupo que está empenhado nas finanças da empresa,

que participa ativamente na tomada de decisão e planejamento estratégico da

organização.

2.3.2 Princípios norteadores da função do controller

Os conhecimentos que um controller deve possuir são inúmeros,

mas além da qualificação exigida, Mosimann & Fisch (1999, p. 95-96) transcrevem

alguns princípios norteadores do trabalho do controller, baseados na descrição de

Heckert & Willson (1963):

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a) Iniciativa;

b) Visão econômica;

c) Comunicação racional;

d) Síntese;

e) Visão para o futuro;

f) Oportunidade;

g) Persistência;

h) Cooperação;

i) Imparcialidade;

j) Persuasão;

k) Consciência das limitações;

l) Cultura geral;

m) Liderança;

n) Ética.

2.4 Responsabilidades e funções do controller

Uma definição clara de tarefas, autoridade e responsabilidades,

geralmente são pré-requisitos para um bom desempenho. Em grandes empresas, e

até mesmo em pequenas, o rol de atividades do controller e de suas

responsabilidades estão definidas por estatutos, regulamentos ou manuais internos,

ou mesmo por ordem do presidente. A literatura consultada auxilia na definição das

tarefas a cargo do controller.

Nakagawa (1987, p. 2) afirma que é função do controller projetar,

implementar, coordenar e manter um sistema de informações capaz de atender

adequadamente as necessidades informativas do processo de planejamento e

controle da empresa.

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O controller tem uma das mais complexas definições de trabalho em

comparação com todos os demais gerentes, porque ele tem sob sua

responsabilidade muitas áreas de trabalhos.

Kanitz (1976, p. 9) listou as funções que um controller, por ele

denominado de “controlador” típico, teria sob seu comando no futuro:

a) Contabilidade geral;

b) Auditoria interna;

c) Sistemas orçamentários;

d) Orçamentos operacionais;

e) Orçamentos de capital;

f) Métodos e sistemas;

g) Sistemas de computação;

h) Estatística e análise.

Na época, havia muita confusão sobre as funções do controller,

então chamado de controlador, e as funções do administrador financeiro. Para

dirimir as dúvidas, Kanitz (1976) trouxe a separação das duas funções,

apresentando esquema do prof. Ruy Aguiar da Silva Leme11:

Características Controlador Adm. Financeiro

Função Principal Controle Custódia

Posição no Organograma Assessoria Linha (executa)

Relações Internas Externas

Horizonte de Planejamento Média 1 a 5 anos Custo 1 mês a 2 anos

Orçamento Operacional Caixa

Responsável pela Rentabilidade Liquidez

Quadro 4 - Diferenciação do Controller e do Administrador Financeiro Fonte: Kanitz, 1976, p. 20.

11 Silva Leme, Ruy Aguiar da, Controles de Produção. São Paulo, Livraria Pioneira Editora, 2. edição, 1973.

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As responsabilidades do controller são, segundo, Willson, Roehl-

Anderson & Bragg (1995, pp. 30-31) as seguintes:

a) Desenvolver e publicar, com a autorização do gestor, políticas e

procedimentos em contabilidade, orçamentos, tributos, planos

de negócios e diagnósticos, relatórios financeiros e medidas de

performance;

b) Prover políticas para se reportar e representar para todos os

contatos com governo e organizações industriais em sua área

de responsabilidade. Representar a companhia em agências do

governo relativamente a contabilidade e dados financeiros;

c) Conduzir e efetivar o programa de gestão tributária que deve ser

aplicado para todos os segmentos da companhia. Assegurar

que políticas e procedimentos elaborados estejam em

conformidade com a aplicação das leis e regulamentos sobre

tributos;

d) Controlar, coordenar e integrar o plano anual e plano de longo

prazo relacionando os objetivos da corporação, inclusive com

projeções de vendas, custos, lucro líquido, posição de caixa,

facilidade e capital necessário. Analisar os planos e fazer

recomendações para assegurar a viabilidade econômica do

plano do ponto de vista financeiro;

e) Desenvolver e implementar um sistema compreensível de

relatórios financeiros para prover os gestores da organização

com informações pertinentes acerca dos resultados de cada

segmento da companhia;

f) Rever para conformidade, os aspectos financeiros da aquisição

ou disposição de propriedades e investimento;

g) Consolidar e revisar os planos de longo prazo sob o ponto de

vista financeiro;

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77

h) Revisar o progresso financeiro da companhia, comparando

resultados com os planos aprovados. Submeter relatórios e

recomendações para ações corretivas para os executivos

apropriados;

i) Dirigir a manutenção dos documentos e relatórios financeiros

da companhia, assegurar a manutenção dos livros contábeis, e

preparar apropriadamente as demonstrações financeiras para

uso da administração e apresentação aos acionistas, instituições

financeiras, governo e outros;

j) Dirigir a preparação, relatório e análise das operações de

orçamentos da companhia;

k) Revisar para conformidade a organização dos grupos

financeiros e a seleção, transferência, ou dispensa do pessoal

de finanças;

l) Manter relacionamento com organização profissional

relacionada aos resultados financeiros líquidos para investidores

e agência de governo;

m) Dirigir, coordenar e monitorar as atividades das empresas de

auditoria independente.

Roehl-Anderson & Bragg (2000, p.3-5) dizem que o controller tem

uma das mais complexas descrições de todos os gestores da empresa porque há

muitas áreas funcionais pelas quais ele é responsável. Segundo os autores, as

responsabilidades do controller são:

Auditoria

Agendamento e administração da auditoria periódica interna e a

preparação dos relatórios da auditoria e comunicação do que foi

encontrado, bem como as recomendações para os gestores e

para a Diretoria;

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Preparação dos papéis de trabalho para auditoria externa e

providência de qualquer auxílio que os auditores necessitem

para completar a auditoria anual.

Orçamento

Coordenação de todo o processo de orçamento anual, incluindo

a manutenção do orçamento da empresa e a transferência da

informação final do orçamento para as demonstrações

financeiras.

Contabilidade de custos

Coordenação da contagem do inventário físico periódico;

Análise periódica e a alocação dos custos baseados no ABC –

Custeio Baseado em Atividades;

Efetuar revisões periódicas nos custos dos produtos em

desenvolvimento utilizando os princípios do Target Costing

(custo-alvo)

Compilação e avaliação periódica dos custos do inventário.

Análise financeira

Comparação periódica dos resultados atuais do orçamento e

comunicação das variações aos gestores, com as

recomendações de melhoria;

Revisão contínua das tendências de receitas e custos, como

também a comunicação de tendências contrárias aos resultados

para a Administração, com as recomendações de melhoria;

Compilação periódica das estatísticas de previsão do ciclo de

negócios e a comunicação desta informação aos gestores,

juntamente com as previsões, para relatar o impacto nas

operações da empresa;

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Cálculos periódicos dos padrões de performance financeira e a

formulação de recomendações gerenciais baseada nos

resultados.

Demonstrações financeiras

Preparação de todos as demonstrações financeiras, bem como

as notas de rodapé;

Preparação da análise interpretativa das demonstrações

financeiras;

Preparação e distribuição dos relatórios periódicos.

Ativos fixos

Auditoria anual dos ativos fixos para assegurar que todos os

ativos registrados estão presentes;

Registro periódico dos ativos fixos nas demonstrações

financeiras, inclusive sua correta classificação no ativo e o

método de depreciação utilizado.

Políticas e procedimentos

Criação e manutenção de todas as políticas e procedimentos

relacionados com o controle dos ativos da empresa e transações

financeiras;

Treinamento do departamento pessoal para usar as políticas e

procedimentos contábeis;

Modificação das políticas existentes e procedimentos para

atender os regulamentos governamentais.

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Análise de processo

Revisão periódica de todos os processos envolvidos com análise

financeira, para saber se eles podem ter melhores controles,

menores custos e maior velocidade.

Armazenamento

Apropriada indexação, armazenamento e recuperação de todos

os documentos contábeis;

Planejamento e agendamento da destruição de documentos, de

acordo com a política de guarda dos mesmos.

Preparação dos relatórios para imposto de renda

Tempestiva preparação e preenchimento das Declarações de

Impostos, bem como a supervisão de todos os problemas

relacionados com eles na empresa, também a condução de um

programa de gerenciamento de tributos para providenciar

políticas e procedimentos relacionados à obediência aos

regulamentos dos Impostos.

Processamento das transações

Conclusão tempestiva de todos as transações contábeis nos

intervalos e de maneira especificada pela política contábil e

manuais de procedimentos;

Apropriada conclusão de todas as transações autorizada pela

Diretoria de acordo com os termos formulados nos contratos;

Apropriada aprovação de todas as transações requeridas, como

também o acordo com a política da empresa.

O acúmulo de tarefas pode sobrecarregar o controller. Devido a sua

grande responsabilidade com a gestão da empresa, com os acionistas, com o

governo e com a Contabilidade, algumas tarefas não podem ser repassadas a

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outros profissionais, portanto, o controller deve reservar para si as tarefas cujos

resultados implicam em toda a empresa, como políticas e práticas contábeis, e pode

repassar responsabilidade por tarefas menores, como tarefas rotineiras ou

complementares. Observando sempre que a delegação de responsabilidade implica

em explicações detalhadas da filosofia da empresa e os objetivos que devem ser

seguidos.

Oliveira, Perez & Silva (2002, p. 21) dizem que em decorrência das

profundas mudanças que estão ocorrendo nos processos produtivos e nas técnicas

gerenciais e administrativas, as exigências para o exercício do cargo de controller

tornaram-se complexas e desafiadoras. Afirmam que não há mais espaço para o

profissional do passado, que se contentava em cumprir as tarefas rotineiras.

Muito mais do que as funções contábeis, o controller tem sob sua

responsabilidade várias outras funções. Neste sentido, Martin (2002, p. 16) se

posiciona:

Enquanto a função do contador-financeiro-fiscal se preenche e se esgota com a produção dos demonstrativos contábeis-financeiros, a função do controller é muito mais abrangente e complexa, pois cabe a ele identificar, prever, mensurar e avaliar o impacto das forças críticas ambientais sobre o resultado da empresa.

Após as definições das grandes áreas de responsabilidade do

controller, Willson, Roehl-Anderson & Bragg (1995, p. 22 a 25), tratam das funções

básicas da Controladoria e do papel do controller no desempenho de cada uma

destas funções. A ênfase desta vez não é da Controladoria em si, mas sim as

funções do controller como o responsável pela execução das funções da

Controladoria. Resumidamente, as funções são as seguintes:

a) A função de Planejamento: o objetivo da empresa é o lucro e o

planejamento é necessário para atingi-lo. Então, a primeira

função do controller no planejamento é identificar se o plano

existente pode ser suportado por todos os níveis de

gerenciamento. O plano normalmente é um plano geral da

companhia e não um plano do controller, assim, a sua

responsabilidade é a coordenação das diversas etapas,

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traduzindo o plano em termos financeiros e fazendo com que as

partes envolvidas no plano trabalhem em harmonia de forma a

atingir os objetivos. O controller atua assim, como um conselheiro

e um coordenador, advertindo e sugerindo quando necessário;

b) A função do Controle: a função gerencial do controle é

mensurar e corrigir a performance, ou seja, verificar se os

objetivos e planos estão sendo cumpridos. Nesta função o

controller auxilia, não de forma a exercer o controle, pois isto ele

deve fazer somente dentro do seu próprio departamento

(Controladoria), mas sim providenciando informações que serão

utilizadas para atingir a performance requerida;

c) A função de Reportar: a função de relatar está intimamente

ligada com o planejamento e o controle pois o relato é essencial

para tornar o planejamento e controle efetivo. A função de relatar

não é simplesmente apresentar tabulações. Esta função inclui a

interpretação dos dados e tabelas, e a função do controller não

se encerra até que o gestor compreenda os fatos ali relatados. A

função de relatar é uma oportunidade para dar vida e significado

às figuras;

d) A função Contábil: é esperado que o controller aplique, na

prática, os princípios contábeis e as práticas dentro de sua

companhia e que possa fornecer informações confiáveis, então,

ele deve desenvolver e manter dados e procedimentos, incluindo

adequado controle interno, que possam fornecer as condições

financeiras da companhia e seus resultados;

e) Outras responsabilidades primárias: devido ao relacionamento

estreito com os relatórios contábeis, entre outras razões, a

função tributária usualmente está subordinada ao controller. O

mesmo acontece com atividades de auditoria, por manter um

relacionamento apropriado com os auditores independentes.

Embora algumas vezes a auditoria interna possa estar

subordinada ao Diretor Executivo, o controller é freqüentemente

solicitado a manter contato com o auditor interno.

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Além das chamadas funções básicas, o controller deve efetuar uma

série de funções, que Willson, Roehl-Anderson & Bragg (1995, pp. 27-28)

descreveram detalhadamente12:

a) Implementação do plano Contábil e supervisão de todos os

registros da organização;

b) Preparação e interpretação das demonstrações financeiras e

relatórios da empresa;

c) Auditoria contínua de toda a contabilidade e dos registros nas

contas da organização, onde quer que eles estejam localizados;

d) Apuração dos custos de produção;

e) Apuração dos custos de distribuição;

f) Elaboração do inventário físico da empresa;

g) Preparação e elaboração das Declarações de Imposto de Renda

e supervisão de todos os problemas relacionados a tributos;

h) Elaboração e interpretação de todos os dados e relatórios

estatísticos sobre a organização;

i) Elaboração do orçamento em conjunto com outros funcionários

e chefes de departamento, e um plano anual cobrindo todas as

atividades da corporação, para submissão ao conselho diretor

antes do início do ano fiscal;

j) Certificação permanente de todos os eventos correntes da

empresa estão adequadamente registrados e segurados;

k) Certificar-se de que os princípios contábeis estão sendo

utilizados em toda a contabilidade e coordenar todos os

sistemas através da organização;

l) Manutenção dos registros das apropriações autorizadas e a

certeza de que todos as somas despendidas estão

apropriadamente registradas para monitorá-las;

12 Tradução livre.

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84

m) Certificação permanente de que as transações financeiras

definidas pelo conselho diretor ou pelo comitê executivo estão

sendo executadas e registradas;

n) Manutenção adequada de todos os registros dos contratos de

empréstimo e leasing;

o) Aprovação dos pagamentos de todos os cheques, notas

promissórias e outros instrumentos negociáveis da corporação

que tenham sido assinados pelo tesoureiro ou outras pessoas

autorizados pelo estatuto/contrato social da corporação ou

designados pela diretoria da empresa ;

p) Exame de todas as garantias de segurança para a retirada dos

cofres da organização e determinação de quais retiradas serão

feitas em conformidade com a legislação e regulamentos

estabelecidos pela diretoria;

q) Preparação ou aprovação do regulamento ou práticas

requeridas para assegurar o cumprimento de ordens ou

regulamentos determinados pelo governo.

Efetivamente, de acordo com as descrições dos autores

consultados, o controller tem uma grande responsabilidade nas empresas,

executando ou coordenando as tarefas mais variadas. Na bibliografia consultada

observa-se que ao longo dos anos, desde o início das publicações brasileiras sobre

Controladoria, os autores têm procurado orientar o trabalho do controller fornecendo

material de consulta sobre assuntos das mais diversas áreas como: tópicos da

contabilidade gerencial, organização e finanças que podem auxiliar o controller em

suas tarefas. Outro item importante trazido pelos autores é a utilização de

ferramentas de gestão para o desenvolvimento das funções inerentes à

Controladoria.

2.4.1 As funções do controller em um ambiente globalizado

Em um ambiente globalizado, a Controladoria é ainda mais

valorizada, devido sua atuação ser fundamental para o bom desempenho das

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unidades. Fanhani (1998, p. 24) mostra a relevância do controller em um ambiente

globalizado e diz que a globalização teve um papel importante na Controladoria e

no perfil dos controllers, pois forçaram a flexibilidade e a visão global das

estratégias adotadas pelas empresas, principalmente quando as empresas onde os

controllers estão exercendo suas funções estão operando em um ou mais países.

O controller que desenvolve suas atividades em uma empresa que

opera multinacionalmente, seja através de importações ou exportações ou seja

através de arranjos societários como incorporações e fusões, ou mesmo através de

participações societárias, terá outras funções, contrastando com aquelas que são

desenvolvidas somente dentro de um país. Neste caso, haverá certamente a

presença de um controller corporativo (corporate controller) que terá sua supervisão

controllers locais, divisionais ou de fábrica. Para fazer com que a Controladoria

exerça o seu papel, Willson, Roehl-Anderson & Bragg (1995, p. 246-265) citam

algumas tarefas que estão relacionadas à empresa globalizada. Resumidamente, as

tarefas são as seguintes:

Comunicação aberta: O controller deve se preocupar com a

questão da distância e da língua utilizada nos países com os quais a empresa

nacional mantém negócios. A forma proposta para solucionar estes problemas é

manter uma pessoa bilíngüe que represente o controller nas operações

multinacionais (controllers locais, divisionais de fábrica ou de unidade de negócios).

No entanto, apesar de ter um representante, o controller deve se manter alerta para

deixar claro as informações importantes na negociação. Um procedimento

importante é a elaboração de um conjunto de instruções abrangentes que

contemplem:

a) Os pressupostos do planejamento da empresa, em nível local e

global;

b) Requerimentos contábeis e nível de informações necessárias;

c) Grau de aderência e avaliação dos controles internos, além de

práticas de auditoria;

d) Práticas relativas ao desembolso financeiro, crédito e outras

políticas correlatas.

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86

Uniformidade nos dados: Quanto se está operando

internacionalmente, é essencial manter a uniformidade nos dados por três razões:

a) Simplifica a consolidação das demonstrações financeiras e dos

relatórios gerenciais;

b) Permite a comparação dos resultados;

c) Permite a atualidade dos relatórios e divulgação dos resultados.

Exigências da contabilidade internacional: para consolidar as

demonstrações contábeis, é necessário que o controller tenha alguns cuidados

porque as demonstrações contábeis devem ser traduzidas e convertidas tão logo

elas ocorram. Este trabalho pode ser muito cansativo, por isso, algumas empresas

estão usando como forma padrão o US GAAP. Para que este padrão possa ser

utilizado são necessários treinamentos do controller da matriz e dos controllers dos

países das subsidiárias. É extremamente importante que o controller do país da

empresa subsidiária reconheça as diferenças de padrões contábeis entre o seu país

e o da matriz, pois as conversões devem ser feitas no país da empresa subsidiária.

O controller deve estar atento para:

a) Os dados das subsidiárias devem ser mantidos em moeda e

língua locais bem como estar de acordo com as exigências

tributárias locais ;

b) Uma vez convencionados os requisitos locais, os registros

devem ser ajustados aos princípios contábeis geralmente

aceitos da matriz, serem traduzidos na língua e convertidos em

moeda do país da matriz.

Mensuração das operações estrangeiras: Uma companhia

multinacional ao converter os resultados de suas subsidiárias estrangeiras deverá

reconhecer as flutuações da moeda e ajustá-las, se for o caso. O controller, no

entanto, observará alguns itens importantes como;

a) Comparações do realizado com o plano orçamentário e efetuar

as ações corretivas (forecast);

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b) Comparações dos resultados atuais com o realizado no ano

anterior (trend analysis);

c) Observar os efeitos da inflação nos orçamentos e planos

(targets).

Conversão das demonstrações financeiras: para preparar as

demonstrações financeiras consolidadas devem ser observadas as legislações

locais para fazer as conversões financeiras das subsidiárias situadas em outros

países.

Avaliação do capital despendido: o controller deve ter muito

cuidado ao responder a pergunta: “devemos investir no exterior”? Esta resposta

requer uma avaliação minuciosa do investimento, do retorno pretendido, das

flutuações da moeda, dos tributos e da política de riscos. Aí se confirma a co-

responsabilidade do controller nas decisões tomadas pelos gestores da empresa.

Preços de Transferência: preço de transferência (transfer pricing) é

o preço dado a um bem ou serviço produzido em um país, para benefício ou

utilização de uma companhia ligada em outro país. Os preços de transferência

afetam as margens de lucro e as operações locais de empresas que recebem os

produtos ou serviços. As estimativas dos preços de transferência perduram por um

determinado período e contém um fator de subjetividade que deve ser controlado. O

controller deve estar atento à legislação do país da matriz e das subsidiárias para

adoção do método a ser utilizado na precificação e nos ajustes fiscais exigidos. É

papel do controller desenvolver mecanismos para que os preços de transferência

obedeçam às normas em prática pela matriz e pelos governos e reguladores das leis

do comércio internacional como OMC e OCDE13.

13OMC – Organização Mundial do Comércio ; OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

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Tributação: a legislação tributária difere de país para país. Esta

pode ser uma tarefa complexa, pois o impacto dos tributos sobre os lucros é

significativo. É essencial que em cada país haja uma pessoa especializada em

tributos para acompanhamento da legislação tributária e neste caso, cabe ao

controller local fazer a mediação com os profissionais da gestão tributária da matriz,

sob supervisão do controller corporativo, para que a carga tributária atenda à

legislação de cada país envolvido. Este item tem forte correlação com o item de

preço de transferência.

Regulamentos para importação/exportação: para operar no

comércio exterior, o controller deve conhecer a legislação que rege as

importações/exportações de cada país envolvido na transação. Cabe ao controller

conhecer os documentos a serem utilizados, as licenças especiais, a tributação,

enfim, conhecer o processo do comércio internacional, mesmo que este processo

não esteja a seu cargo, pois o impacto das leis e regulamentos afeta os negócios e

os custos da empresa e a margem de lucro da empresa.

Gerenciamento dos riscos da moeda: o controller deve tomar

algumas providências para avaliar o risco envolvido pela flutuação das moedas

locais e o impacto nas operações entre matriz e a subsidiária, principalmente quando

há importações para serem pagas ou exportações para serem recebidas. Este item

relacionado aos pagamentos, apesar de estar a cargo da tesouraria, é relevante

para o controller, pois interfere diretamente nos custos da empresa e, portanto, em

seu resultado.

Corrupção: problemas relacionados à corrupção levam os

controllers de empresas multinacionais a ficarem atentos à legislação. Nos EUA,

existe o Foreign Corrupt Pratices Act (FCPA). Este ato se torna ilegal para as

companhias americanas oferecer dinheiro ou presentes a qualquer oficial

estrangeiro, partidos políticos ou candidatos políticos para influenciar aquela pessoa

em sua função ou para usar influências com terceiros e assim a companhia obter

negócios no exterior. Este ato também estende os controles aos livros, dados e

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relatórios para que mantenham a acurácia e fielmente reflitam as transações e

patrimônio da empresa.

Além dos assuntos já elencados, recentemente nos EUA foi

aprovado um novo mecanismo legal denominado Sarbanes-Oxley Act14. Esta lei dita

os elementos processuais que fornecem segurança informacional na empresa. Ela

abrange tanto as empresas norte-americanas com ações em bolsas de valores nos

EUA, quanto a empresas estrangeiras com recibos de ações (American Depositary

Receipt – ADR) negociados em bolsas norte-americanas (PETERS, 2004, p. 37).

A lei dita diversas condutas, e com relação ao controle interno e à

responsabilidade pela qualidade de informações públicas, exige que os principais

executivos da empresa confiram os relatórios periódicos entregues à SEC (Security

Exchange Comission), garantindo que estes contemplem informações fidedignas,

representando a real situação da empresa.

Com relação à atuação da Controladoria, Peters (2004, p. 40)

entende que a lei, por desdobramento, afeta em duas funções:

a) A de estabelecimento, implementação, monitoramento e

manutenção de sistema de controle interno adequado às

operações e riscos da entidade, em conjunto com a

administração da empresa;

b) A de certificação de confecção de relatórios em consonância

com as melhores normas e práticas de reporte financeiro

(Generally Accepted Accounting Principles – GAAP), integradas

ao sistema de controle interno.

O controller, sob a exigência da Lei Sarbanes-Oxley, deve certificar-

se para que a contabilidade esteja em conformidade com as operações e

devidamente registrada no Sistema de Informação Contábil, a fim de que as

demonstrações financeiras sejam corretamente publicadas.

No ambiente globalizado, o controller ainda deve atentar para a

exigência do desempenho de outras tarefas, tais como o e-commerce. Segundo o

14 Os autores do projeto foram Paul F. Sarbanes e Michael G. Oxley, membros do congresso norte-americano. A Lei Sarbanes Oxley foi aprovada em julho 2002 e afeta o reporte financeiro de empresas que têm ações negociadas em bolsas naquele país.

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IMA (Institute of Management Accountants), o e-commerce consiste em transações

e pós-transações de atividades desempenhadas por compradores e vendedores

através da internet, onde há uma clara intenção de comprar e vender.

Por fim, pode-se dizer, com base no referencial teórico consultado,

que o controller tem como principal função desenvolver a organização e o sistema

de contabilidade, políticas, relatórios e procedimentos que providenciem dados que

podem ser analisados e interpretados para beneficiar os executivos a tomarem suas

decisões e atingir os objetivos da companhia.

O controller deve demonstrar um alto grau de iniciativa e antecipar

qual informação e fatos serão requisitados para a tomada de decisão dos

executivos. Deve também ser responsável e especificar como os dados devem der

tratados. Além de tudo, deve ser flexível bastante para se adaptar as mudanças de

condições empresariais.

Embora a responsabilidade pela direção das operações seja de

outros executivos, o controller deve ser capaz de relatar e entender os problemas da

empresa para poder assistir à decisão, providenciar análises e fazer

recomendações, sob o seu ponto de vista, dos problemas cotidianos da empresa,

pois ele está em posição única de antecipar as necessidades dos principais

executivos com relação à empresa, tornando-se assim um profissional altamente

necessário na empresa.

Observa-se que a valorização atual do controller é decorrência da

necessidade das empresas de elaborar o planejamento estratégico e controlar seus

custos, integrando as áreas da empresa para a congruência de objetivos.

Encerrando o referencial teórico que versou sobre a figura do

Controller, este capítulo trouxe as principais características do controller e de seu

papel nas empresas.

O próximo capítulo trará os resultados da pesquisa destinada aos

controllers que desempenham o seu trabalho no Brasil e discussão dos resultados.

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3 PESQUISA E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Segundo Cervo & Bervian ( 2002, p. 63), para se realizar uma

pesquisa, três elementos são imprescindíveis: a dúvida, o método, e a busca da

resposta. Os autores dizem que a busca da solução de um problema pode ser feita

através de pesquisa bibliográfica a partir de referências teóricas publicadas sobre

um determinado assunto, e a pesquisa descritiva, que trabalha sobre dados ou fatos

colhidos da própria realidade. Lakatos & Marconi (1995, p. 43) definem a pesquisa

da seguinte forma:

A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Significa muito mais do que apenas procurar a verdade: é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos.

Neste trabalho, as respostas esperadas seriam aquelas que

respondessem à pergunta : O que os controllers fazem? Quais as suas

habilidades/competências? O que os controllers devem saber?

Para o desenvolvimento, primeiramente foi realizada a pesquisa

bibliográfica buscando responder aos inúmeros questionamentos que demandavam

uma resposta. Este método, é citado por Gil (1996, p. 48) como: “As pesquisas

sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas

posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase

exclusivamente a partir de fonte bibliográficas”. No entanto, a pesquisa bibliográfica

revelou-se insuficiente para as observações empíricas.

Dada a natureza exploratória dos dados pesquisados, seguiu-se

uma estratégia de pesquisa apoiada em um levantamento (survey). Este método,

segundo Malhotra (2001, p. 179) "[...] se baseia no interrogatório dos participantes

da pesquisa, através de perguntas que abordem o comportamento, atitude,

intenções, características, entre outros aspectos".

Para Cervo & Bervian (2002, p. 69), a pesquisa exploratória “realiza

descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre os

elementos componentes da mesma”.

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Segundo Gil (1996, p. 46) “as pesquisas descritivas são, justamente

por serem exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais

preocupados com a atuação prática“. Esta é efetivamente a preocupação

emergente : trazer os resultados obtidos com a pesquisa para o campo profissional

do controller, contribuindo para o desenvolvimento do seu trabalho no dia-a-dia ou

até mesmo para o acadêmico que se interessando pela área, possa aprimorar seus

estudos preparando-se para assumir as funções de controller.

3.1 Participantes e Instrumentos de Pesquisa

Buscando aprofundar o trabalho, comparar os dados bibliográficos e

verificar na prática as qualificações dos controller, optou-se pela elaboração de

questionário de pesquisa. O questionário é a forma mais usada para coletar dados,

pois possibilita medir com melhor exatidão o que se deseja (CERVO & BERVIAN,

2002, p. 48).

A coleta de dados foi executada através da aplicação de

questionários. O modelo utilizado é composto por oito perguntas, fechadas e

abertas, permitindo-se a manifestação de opiniões e complementações de respostas

que giram em torno do eixo central que é a identificação do perfil e das atividades

desenvolvidos pelos controllers.

A aplicação de questionário favorece a descrição verbal do indivíduo

para obtenção de informações quanto aos estímulos ou experiências a que o mesmo

está exposto, como também para conhecer detalhes de seu comportamento. Sendo

possível aplicá-lo em um grande número de pessoas ao mesmo tempo e possibilitar

uma grande abrangência de área, em que a natureza impessoal, a padronização das

frases, a ordem das perguntas e as instruções para registro de respostas presentes

asseguram certa facilidade na obtenção de retorno.

3.2 Procedimentos para coleta dos dados

O questionário foi endereçado a todos os associados da ANEFAC-

Associação Nacional dos Executivos de Finanças que os encaminhou via e-mail,

nos meses de fevereiro e março de 2004. No encaminhamento do questionário

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constou a informação de que a pesquisa deveria ser respondida somente por

aqueles que ocupassem as funções de controller, ressaltando o seu caráter

confidencial, participação voluntária e utilização dos resultados para fins

acadêmicos.

3.3 Resultados e discussões

O objetivo da pesquisa foi delinear o perfil do controller com

informações relativas à formação graduada e pós-graduada, suas atribuições,

habilidades/competências e posição ocupada na empresa. Ao mesmo tempo

procurou-se delinear como a Controladoria está situada na empresa, primeiramente

definindo o tamanho da empresa e sua nacionalidade e por último esclarecendo qual

é a posição da Controladoria no organograma da empresa, se está situada como

órgão de linha ou de staff. Algumas perguntas admitiam respostas abertas sendo

que os comentários feitos pelos controllers foram analisados no item

correspondente.

Foram obtidas 68 (sessenta e oito) respostas, dentre as quais, 40

(quarenta) foram analisadas por estarem preenchidas corretamente, com

identificação precisa do ocupante do cargo de controller, empresa, e porte.

Os resultados estão retratados por assunto, nas tabelas, gráficos e

explicações dadas nos tópicos a seguir.

3.3.1 A Controladoria nas empresas

A primeira pergunta teve como propósito identificar o porte e a

nacionalidade da empresa onde o controller trabalha. Atentou-se que o porte da

empresa é aquele entendido pelo próprio pesquisado, já que a resposta era fechada,

devendo ser indicado apenas se a empresa era pequena, média ou grande. Os

resultados constam na tabela 1.

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Tabela 1 - Porte da empresa

Porte da empresa Respostas

Pequena 03

Média 12

Grande 25

Total 40

O gráfico 1 visualiza as respostas da tabela 1.

31225

PequenaMédiaGrande

Gráfico 1 - Porte da empresa

De acordo com os dados colhidos, a Controladoria está presente

em empresas de todos os tamanhos, da pequena à grande. Em uma amostra de 40

(quarenta) controllers, 25 (vinte e cinco) deles trabalham em grandes empresas,

representando uma grande maioria, enquanto 12 (doze) controllers trabalham em

empresas de tamanho médio e 3 (três) trabalham em pequenas empresas.

A segunda parte da primeira pergunta versou sobre a nacionalidade

das empresas onde os controllers exercem suas funções. As respostas compiladas

estão indicadas na tabela 2.

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Tabela 2 - Nacionalidade das empresas

Nacionalidade Respostas

Nacional 23

Multinacional 17

Total 40

O gráfico 2 visualiza as respostas da tabela 2.

17 23

Nacional

Multinacional

Gráfico 2 - Nacionalidade das empresas.

As respostas indicaram que o quadro inicial da Controladoria no

Brasil, quando as multinacionais trouxeram a função, está mudando. A pesquisa

mostrou que 23 (vinte e três) dos 40 (quarenta) controllers que responderam à

pesquisa, trabalham em empresas brasileiras, enquanto que 17 (dezessete)

trabalham em multinacionais. Isto demonstra crescimento da função no Brasil,

ultrapassando os limites das grandes empresas multinacionais.

Vale ressaltar que somente uma das empresas pesquisadas é

multinacional de porte pequeno. As demais 16 (dezesseis) empresas multinacionais

são de grande porte. Já as empresas nacionais dividem-se da seguinte forma: 15

(quinze) são de grande porte, 6 (seis) são de médio porte, enquanto somente duas

empresas são de pequeno porte.

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Apesar da tímida participação das empresas de pequeno porte, o

resultados apontaram que no Brasil, ainda com pouca tradição em Controladoria, as

empresas estão reconhecendo a importância da Controladoria na gestão das

empresas.

Além do fator principal, que é reconhecimento da Controladoria em

pequenas, médias e grandes empresas, estes dados também indicaram, por

conseqüência, a abertura de mercado de trabalho para controllers em pequenas e

médias empresas.

O próximo resultado a ser analisado trata da posição da

controladoria na empresa. A pergunta efetuada questionou como a Controladoria

estava situada no organograma da empresa. Esta pergunta teve como objetivo

principal determinar se a Controladoria está situada como órgão de linha ou staff. As

respostas estão na tabela 3 e representadas no gráfico 3.

Tabela 3 - Posição da Controladoria no organograma da empresa

Posição da Controladoria no organograma da empresa

Respostas

Linha 27

Assessoria 11

Respostas prejudicadas 02

Total 40

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97

2711

2

LinhaAssessoriaRespostas prejudicadas

Gráfico 3 - Posição da Controladoria no organograma da empresa

Esta pesquisa mostrou que em 27 (vinte e sete) empresas

pesquisadas, a Controladoria está representada como um órgão de linha no

organograma, enquanto que em 11 (onze) estão situadas como órgão de

assessoria. Comparando com a literatura consultada, foi constatado que mesmo os

autores assumem posições dicotômicas, ora dizendo que a Controladoria se situa

como órgão de staff, ora como órgão de linha.

Como bem disseram Horngren, Sundem & Stratton (1999, p. 12),

[...] as organizações estão enfatizando a importância de equipes para alcançar seus objetivos. Estas equipes podem incluir tanto administração de staff como de linha, resultando que as tradicionais distinções entre staff e linha são menos claras do que foram décadas atrás.

3.3.2 A posição do controller na empresa

A pesquisa ainda buscou conhecer a posição/nível do cargo

ocupado pelo profissional da Controladoria. Foi solicitado aos controllers que

assinalassem o nível/posição de seu cargo na estrutura organizacional da empresa.

O controller deveria assinalar entre as opções dos níveis de: supervisor, gerência,

diretoria, ou informar outra posição não contemplada nas respostas fechadas. Os

resultados estão na tabela 4 e gráfico 4:

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Tabela 4 - Posição do controller na estrutura organizacional da empresa

Posição hierárquica do controller

Respostas

Gerência 21

Diretoria 15

Supervisão 02

Coordenação 01

Assessoria 01

Total 40

112

15 21

GerênciaDiretoriaSupervisãoCoordenaçãoAssessoria

Gráfico 4 - Posição do controller na estrutura organizacional da empresa

A pesquisa mostrou que 15 (quinze) controllers ocupam posição de

Diretores; 21 (vinte e um) ocupam posição de gerência; 02 (dois) ocupam posição

de supervisor ; 01 (um) controller ocupa cargo equivalente a assessor e 1 (um)

controller ocupa a posição de Coordenador.

Estes dados estão em consonância com os obtidos na tabela 3 que

mostram a tendência da Controladoria estar situada como órgão de linha no

organograma da empresa. Controllers que ocupam posição de Diretores estão

subordinados à presidência da empresa, vice-presidência ou à Diretoria geral. Esta

posição é privilegiada, pois mostra ascensão do controle na linha de comando da

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empresa e, portanto, sendo que suas orientações têm mais influência nas decisões

da empresa.

3.3.3 Funções desempenhadas pelo controller

Há muitas definições sobre as funções que os controllers vêm

desempenhando ao longo dos anos. A literatura consultada lista uma série de

responsabilidades e funções a cargo do controller. No entanto, como a maioria da

literatura faz referências a autores estrangeiros, havia a necessidade de

identificação das funções que os controllers estão desempenhando no Brasil.

Assim, foi solicitado aos controllers que assinalassem, no rol de

funções listadas no questionário, aquelas relativas a seu cargo. Os resultados

estão constando em ordem decrescente, na tabela 5 e gráfico 5, evidenciando

quantos controllers executam estas funções.

Tabela 5 - Funções dos controllers

Atribuições Resultados Gestão de custos 36

Planejamento e controle orçamentário 36

Elaboração de relatórios gerenciais locais 34

Coordenação de fechamentos contábeis mensais 33

Planejamento tributário 31

Sistemas gerenciais 30

Elaboração de orçamento 29

Estudos de viabilidade de investimento 23

Participação na reestruturação societária 22

Elaboração de relatórios gerenciais internacionais 21

Conversão para US GAAP 19

Elaboração de manuais internos 16

Atendimento a clientes, fornecedores e órgãos governamentais

13

Auditoria interna 12

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16

19

21

22

23

29

30 31

33

34

36

3613 12

Gestão de custos

Planejamento e controle orçamentário

Elaboração de relatórios gerenciais locais

Coordenação de fechamentos contábeismensaisPlanejamento tributário

Sistemas gerenciais

Elaboração de orçamento

Estudos de viabilidade de investimento

Participação na reestruturação societária

Elaboração de relatórios gerenciaisinternacionaisConversão para US GAAP

Elaboração de manuais internos

Atendimento a clientes, fornecedores eórgãos governamentaisAuditoria interna

Gráfico 5 - Funções dos controllers

A pesquisa mostrou que os controllers estão executando funções

muito variadas. As 14 (quatorze) funções listadas no questionário e encontradas na

literatura, foram confirmadas pelos controllers. No entanto, elas não cobriram todas

as suas tarefas, já que os controllers complementando a pesquisa, nas respostas

abertas, listaram ainda mais 18 (dezoito) funções, evidenciando uma amplitude de

suas funções:

Gestão de Caixa;

Tesouraria;

Contas a pagar;

Controles financeiros;

Manutenção de sistema ERP;

Elaboração de normas;

Controles internos;

Formação de preços;

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Atendimento a auditoria externa;

Área fiscal;

Administração e finanças;

Gerenciamento de projetos;

Planejamento e estudos econômicos;

Departamento pessoal;

Participação em comitê de concessão de crédito a cliente nas

operações de seguro de crédito interno;

Administração de fundos de pensão;

Administração de programa de compra de ações por

funcionários;

Responsabilidade pela conclusão e assinatura das

demonstrações financeiras.

Algumas das funções citadas são identificadas como eminentemente

da área de tesouraria, conforme classificação feita por Horngren, Sundem & Stratton

(1999, p.18), e outras ainda, de áreas alheias à Controladoria, porém, ainda hoje,

vem sendo desempenhadas pelos controllers.

Os resultados elencados na tabela 5 mostram que os controllers

estão bastante envolvidos com tarefas relacionadas à contabilidade, como: Gestão

de Custos, função desempenhada por 36 (trinta e seis) controllers; coordenação de

fechamentos contábeis mensais desempenhada por 33 (trinta e três); planejamento

tributário, desempenhada por 31 (trinta e um) controllers; e conversão para US

GAAP, desempenhada por 19 (dezenove) controllers.

Interessante ressaltar que a função de Auditoria Interna, apesar de

ser uma tarefa eminentemente contábil, em confronto com outras tarefas também

contábeis, está sendo executada por somente 12 (doze) dos controllers. Isto vem

confirmar a independência entre controladoria e auditoria interna. Porém, vale

lembrar que a pesquisa não revelou se a auditoria interna está subordinada à

controladoria.

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Outras funções, mais relacionadas com finanças do que

propriamente com a contabilidade, também ocupam boa parte dos trabalhos dos

controllers, como a função de planejamento e controle orçamentário, que é

executada por 36 (trinta e seis) controllers; a elaboração de Budget executada por

29 (vinte e nove) controllers e estudos de viabilidade de investimento, executada

por 23 (vinte e três) controllers.

Tarefas relacionadas a reportar os dados para tomada de decisão,

também são desempenhadas por muitos controllers, como: elaboração de relatórios

gerenciais locais, executadas por 34 (trinta e quatro) controllers e elaboração dos

relatórios gerenciais internacionais, executada por 21 (vinte e um) controllers. Fato

este importante levando em consideração que 17 (dezessete) das empresas

pesquisadas, são internacionais. Para execução da tarefa de reportar, o controller

deve possuir senso crítico, concisão e boa redação, pois a sua informação é

fundamental abalizar a decisão a ser tomada pelos gestores.

Outras tarefas relacionadas à gestão da empresa, também são

desempenhadas pelos controllers, com resultados expressivos, tais como: sistemas

gerenciais, desempenhadas por 30 (trinta) controllers; participação na

reestruturação societária, desempenhada por 22 (vinte e dois) controllers;

elaboração de manuais internos, desempenhada por 16 (dezesseis) controllers. Até

mesmo a responsabilidade pelo atendimento a clientes, fornecedores e órgãos

governamentais está a cargo de 13 (treze) controllers.

A concentração de controllers que desempenham as funções

listadas mostra que efetivamente eles estão trabalhando em todas as etapas do

processo de gestão: no planejamento, na execução e no controle. No entanto,

também estão desempenhando tarefas rotineiras e técnicas como Contas a Pagar.

Estes resultados remetem a outras reflexões: ou os controllers estão ampliando as

suas funções, agregando a elas outras funções, ou eles estão com desvio de suas

funções.

Se o motivo de tantas tarefas for o enriquecimento das funções da

Controladoria, estão ocorrendo mudanças em suas funções. Neste novo papel, o

controller está se tornando um legítimo parceiro nos negócios da organização e as

suas funções estão sendo ampliadas. Há alguns anos, os controllers eram

orientados primordialmente para as funções contábeis. Atualmente, os controllers

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devem ter visão de negócios ou devem ser orientados para negócios, a fim de atuar

fortemente em todas as etapas do processo de gestão da empresa, sob pena de

não exercerem adequadamente suas funções de controle e reporte na correção do

planejamento.

3.3.4 Habilidades/competências dos controllers

Para se conhecer o profissional da Controladoria, além das funções

que eles estão executando, é necessário saber quais são as habilidades e

competências para se desempenhar este papel. A fim de encontrar uma resposta e

confrontá-las com a literatura, foi solicitado aos controllers que assinalassem no rol

de habilidades listadas, aquelas que em sua opinião constituíam as

habilidades/competências que um controller deve possuir. O resultado está mostrado

em ordem decrescente na tabela 6 onde foram elencadas as

habilidades/competências e o número de controllers que as citou. Os dados são

complementados pelo gráfico 6.

Tabela 6 – Habilidades/competências dos controllers

Habilidades Respostas Liderança 38

Flexibilidade para mudanças 36

Facilidade de relacionamento interpessoal 36

Capacidade para implantação de novas idéias/projetos 36

Iniciativa 34

Conhecimento de finanças 34

Senso crítico 33

Facilidade de gestão de conflitos 32

Raciocínio lógico-matemático 31

Domínio de línguas estrangeiras 27

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38

36

36

36

3434

33

32

31

27

Liderança

Flexibilidade para mudanças

Facilidade de relacionamentointerpessoalCapacidade para implantaçãode novas idéias/projetosIniciativa

Conhecimento de finanças

Senso crítico

Facilidade de gestão deconflitosRaciocínio lógico-matemático

Domínio de línguasestrangeiras

Gráfico 6 - Habilidades/ competências dos controllers

Para desempenhar funções tão variadas quanto as descritas na

tabela 5, é necessário que o controller possua habilidades que o possibilitem

deslocar-se da área contábil para a financeira, da financeira para a gerencial e

assim por diante. A pesquisa mostrou que liderança é a habilidade citada por 38

(trinta e oito) dos controllers, enquanto que, tão importante quanto a liderança é a

flexibilidade para mudanças, a facilidade de relacionamento interpessoal e a

capacidade para implantação de novas idéias/projetos. A 3 (três) habilidades foram

listadas por 36 (trinta e seis) controllers.

Outras habilidades, tais como iniciativa e conhecimento de finanças

são consideradas importantes por 34 (trinta e quatro) dos controllers pesquisados;

seguida por senso crítico, citadas por 33 (trinta e três) controllers; facilidade na

gestão de conflitos, citada por 32 (trinta e dois) controllers; raciocínio lógico-

matemático, habilidade citada por 31 (trinta e um) controllers; e domínio de línguas

estrangeiras citada por 27 (vinte e sete ) controllers.

Complementando as respostas assinaladas, os controllers, em

resposta aberta, listaram outras habilidades necessárias ao desempenho das

funções de controller:

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Visão sistêmica;

Interação;

Proatividade;

Antevisão de demandas;

Visão de processos;

Visão de negócios;

Ter conhecimentos profundos de contabilidade;

Capacidade analítica;

Domínio de informática;

Planejamento financeiro.

Estes resultados mostram que o controller deve possuir uma miríade

de atributos, todos em sinergia com sua capacidade analítica. A liderança,

habilidade indicada por 38 (trinta e oito) controllers deve ser demonstrada todo dia.

Liderança é mais do que o poder concedido pela estrutura organizacional da

empresa. Esta habilidade permite que o controller seja percebido pelos outros como

um leader, um coach ou um motivador.

Liderança é um tema que remete às questões subjetivas do ser

humano. É a capacidade de influenciar um grupo em direção ao alcance de

objetivos. Os controllers reconhecem que a liderança forte é necessária para que a

empresa atinja sua eficácia. No mundo dinâmico de hoje, são necessários líderes

que criem visão de futuro e sejam capazes de inspirar os demais membros da

organização.

Características como: proatividade, iniciativa, visão de negócios,

antevisão de demanda fazem jus ao estilo proativo de administração, que hoje, mais

do que nunca, é essencial para o bom andamento dos negócios e proteção do

patrimônio de seus proprietários, ao contrário do estilo reativo, quando a

improvisação lança dúvidas quanto à competência dos gestores.

Estes dados sugerem que, havendo a combinação das habilidades

analíticas com a liderança, iniciativa, capacidade para implantação de novas idéias,

resultará em melhoria do julgamento profissional. Nas palavras dos próprios

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controllers, é necessário possuir uma gama de conhecimentos variados para ser

um controller. A fim de ilustrar a opinião dos controllers, foram reproduzidos a seguir

alguns comentários que os controllers acrescentaram às respostas:

a) Para o bom exercício desta função é mandatório sólidos

conhecimentos das regras contábeis nacionais e internacionais, e

muito comprometimento com as estratégias de negócios, ou seja,

é uma profissão que requer muito senso crítico e muito

discernimento e uma função meio que conselheiro. Sempre

presente ativamente na tomada de decisões de negócios e

sempre atento a mudanças de governo;

b) Entendo que a posição do controller é assegurar a otimização do

resultado da empresa, portanto, o responsável por essa função

deve ter conhecimento de todos os setores da empresa, visão

orientada a processos e espírito crítico para proceder correlações

e análises adequadas;

c) O complemento das habilidades necessárias foi obtido com

experiência em auditoria externa.

Outra característica importante para o controller, não citada, porém

relevante para compor o perfil deste profissional é a ética. Este é um tópico

importante da formação pessoal que se reflete na formação profissional do

controller. O meio ambiente do controller está em constante mudança e o ele deve

manter-se sensível a mudanças e manter-se informado sobre as expectativas de

sua empresa, aplicando a ética profissional no seu ambiente profissional.

3.3.5 Formação do Controller

A fim de verificar a formação acadêmica dos controllers, foi solicitado

aos participantes da pesquisa que informassem a formação universitária. As

respostas mostraram que todos os 40 (quarenta) controllers possuíam formação

universitária e que entre eles, 12 (doze) possuíam mais de um curso superior. Os

dados estão na tabela 7 e no gráfico 7:

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Tabela 7 - Formação superior do controller

Curso Superior Número de controllers 01 curso superior 28

02 cursos superiores 12

Total 40

2812

01 curso superior 02 cursos superiores

Gráfico 7 - Formação superior do controller

Entre os cursos escolhidos pelos controllers, há uma preferência

pelo curso de Ciências Contábeis, seguido pelo curso de Administração, Economia,

Engenharia e Direito, conforme mostra a tabela 8.

Tabela 8 – Cursos de graduação concluídos

Curso Superior Respostas Ciências Contábeis 30

Administração 14

Ciências Econômicas 05

Engenharia Mecânica 02

Direito 01

Total 52

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Ciências ContábeisAdministraçãoCiências EconômicasEngenharia MecânicaDireito

3014

0502

01

Gráfico 8 – Cursos de graduação concluídos

A formação dos controllers pesquisados está assim dividida: 30

(trinta) cursaram Ciências Contábeis, 14 (quatorze) controllers cursaram

administração, 05 (cinco) cursaram Ciências Econômicas, 02 (dois) cursaram

Engenharia e 01 (um) controller cursou Direito.

As tabelas 9 e 10 mostram as escolhas dos controllers que cursaram

uma graduação (tabela 9) e dos que cursaram duas graduações (tabela 10).

Tabela 9 - Formação superior do controller com uma graduação

Curso Superior Respostas Ciências Contábeis 19

Administração 6

Ciências Econômicas 2

Engenharia Mecânica 1

Total 28

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109

1962 1

Ciências ContábeisAdministraçãoCiências EconômicasEngenharia Mecânica

Gráfico 9 – Formação superior do controller com uma graduação

De acordo com as respostas mostradas na tabela 9, entre os

controllers que cursaram 01 (um) curso de graduação, 19 (dezenove) controllers

cursaram Ciências Contábeis; 6 (seis) controllers cursaram Administração, 2 (dois)

controllers cursaram Ciências Econômicas e 01 (um) controller cursou Engenharia

Mecânica.

A seguir, a tabela e gráfico 10 mostram os cursos superiores

escolhidos pelos controllers que possuem duas graduações.

Tabela 10 – Formação superior do controller com duas graduações

Curso Respostas Ciências Contábeis e Administração 7

Ciências Contábeis e Ciências Econômicas 3

Ciências Contábeis e Direito 1

Administração e Engenharia 1

Total 12

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110

11

3 7

Ciências Contábeis e AdministraçãoCiências Contábeis e Ciências EconômicasCiências Contábeis e DireitoAdministração e Engenharia

Gráfico 10 – Formação superior do controller com duas graduações

A análise das escolhas dos 12 (doze) controllers que freqüentaram

mais de um curso superior, mostra que 7 (sete) controllers cursaram Administração

e Ciências Contábeis; 3 (três) controllers cursaram Ciências Contábeis e Ciências

Econômicas; 1 (um) controller cursou Ciências Contábeis e Direito e 01 (um)

controller cursou Administração e Engenharia.

Estes resultados sugerem que o controller, por ser um cargo com

múltiplas atividades, exige um conhecimento maior que aqueles adquiridos em

somente um curso. Não necessariamente o controller deve cursar outro curso

superior. Como mostra comentário de um controller “nenhuma formação é única,

completa e absoluta. A complementação é sempre necessária”.

Identificando carências no curso de Ciências Contábeis para a

preparação do cargo de controller, Pocopetz (2002, p. 96) propôs uma nova grade

curricular, baseada nas premissas do MEC e nas necessidades do controller. Em

sua opinião, o curso de Ciências Contábeis, nos moldes atuais, pode preparar

controllers para pequenas empresas ou escritórios de Contabilidade, mas para

assumir a função de Controladoria é necessária uma grande capacidade para tomar

decisões, gerar informações de análise de dados e estas áreas não tem sido muito

valorizada pelas instituições de ensino no Brasil.

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Martin (2002, p. 25) ensina que para se preparar controllers não se

deve mais formar especialistas em Contabilidade, já que as atribuições da

Controladoria vão além da contabilidade. O controller deve ser um generalista, com

capacidade de entender sua empresa e seu ramo de negócios.

Esta pesquisa mostrou que 11 (onze) controllers cursaram Ciências

Contábeis e outro curso. A ultima análise relacionada ao curso de graduação, versou

sobre a preparação do curso de graduação freqüentado pelo controller pesquisado

para o cargo de controller. As respostas estão na tabela 11 e visualizadas no gráfico

11.

Tabela 11 - Satisfação com a preparação do curso de graduação para o cargo de

controller

Curso Superior O curso preparou

para o cargo

O curso não

preparou para o cargo

O curso parcial-mente

preparou para o cargo

Total de Controllers

Ciências Contábeis 9 10 1 20 Administração 4 2 0 6 Ciências Econômicas 1 1 0 2 Engenharia Mecânica 0 1 0 1 Ciências Contábeis e Administração 4 2 0 6

Ciências Contábeis e Ciências Econômicas 1 2 0 3

Ciências Contábeis e Direito 0 1 0 1

Administração e Engenharia 1 0 0 1

Total 20 19 1 40

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94

14

1

1

2

1

2

2

1

10 1

1

Ciê

ncia

s C

ontá

beis

Adm

inis

traçã

o

Ciê

ncia

s Ec

onôm

icas

Enge

nhar

ia M

ecân

ica

Ciê

ncia

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ontá

beis

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ção

Ciê

ncia

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ontá

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e C

iênc

ias

Econ

ômic

as

Ciê

ncia

s C

ontá

beis

e D

ireito

Adm

inis

traçã

o e

Enge

nhar

ia

O curso preparou parcialmente para o cargo O curso não preparou para o cargoO curso preparou para o cargo

Gráfico 11 - Satisfação com a preparação recebida na graduação

As respostas estão bem divididas e equilibradas. Entre os controllers

pesquisados, 20 (vinte) consideram que o curso de graduação concluído os

preparou adequadamente para o cargo, enquanto que 19 (dezenove) responderam

que o curso não os preparou. Somente 1 (um) controller disse que o curso o

preparou parcialmente para o cargo. Alguns controllers acrescentaram suas opiniões

pessoais a respeito dos cursos de graduação e a suas formações como controllers.

Os comentários estão reproduzidos a seguir:

a) O curso de graduação forneceu conceitos básicos (contábeis) e

elementos para o exercício da profissão contábil. A posição de

controller requer experiências, vivência empresarial e visão de

negócios;

b) No mercado brasileiro, [...] ainda não há uma expectativa clara do

que se espera de um controller e, por conta disso, os próprios

cursos que se propõem a preparar e/ou atualizar esses

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profissionais acabam sendo sempre tendenciosos àquilo em que

a Faculdade ou a empresa entenda pela função [...];

c) O verdadeiro preparo decorreu de esforços próprios conjugados

a pesquisas extra-universidade nos meios próprios de divulgação

e aplicação da ciência contábil à prática de finanças como um

todo;

d) O curso de graduação poderia ter agregado o enfoque do papel

do controller (cursou Ciências Contábeis);

e) A graduação oferece baixo nível de ensino na área de custos e

Controladoria (cursou Ciências Contábeis e Economia) ;

f) A parte técnica apresentada pela graduação é fundamental no

dia a dia do controller (cursou Ciências Contábeis) ;

g) Considero o meu curso de graduação um bom curso e o mesmo

é a base da minha carreira profissional, e em conjunção a uma

série de curso que fiz durante a minha vida profissional foi

possível conseguir chegar à posição de controller que exerço há

6 anos” (cursou Ciências Contábeis) ;

h) “o curso de graduação forneceu conceitos básicos (contábeis) e

elementos para o exercício da profissão contábil. A posição de

controller requer experiências, vivência empresarial e visão de

negócios” (cursou Ciências Contábeis).

Estes comentários refletem os resultados da pesquisa. Alguns

entendem que o seu curso de graduação o preparou para o cargo, outros não.

Alguns ainda entendem que o curso é a base, porém os conhecimentos exigidos de

um controller devem ser completados com outros cursos de graduação ou pós-

graduação.

Por fim, a última análise das respostas obtidas com a pesquisa

versou sobre os cursos de pós-graduação. Para estar em dia com as atualizações

das exigências do mercado, é fundamental a educação continuada. Visando ainda

obter informações sobre a formação pós-graduada dos controllers, foi feita a

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seguinte pergunta: “Se cursou pós-graduação, qual curso concluiu?” Foram listados

cursos de lato-sensu “especialização”; stricto sensu “mestrado” e MBA. Os

resultados obtidos estão mostrados na tabela 12:

Tabela 12 - Formação pós-graduada do controller

Formação pós-graduada do controller Respostas obtidas Controller com pós-graduação 37

Controller sem pós-graduação 03

Total 40

337

Controller com pós-graduaçãoController sem pós-graduação

Gráfico 12 - Formação pós-graduada do controller

Dos 40 (quarenta) controllers pesquisados, 37 (trinta e sete)

controllers cursaram pós-graduação, e somente 3 (três) não possuem formação

pós-graduada. O resultado leva a concluir que a atualização é altamente necessária

seja em função das necessidades de conhecimentos, seja em função do mercado de

trabalho.

Na opinião de um controller, a complementação da graduação é

necessária porque “cursos adicionais sempre são importantes e necessários. Numa

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graduação, por exemplo, não se têm subsídios para um planejamento tributário,

sistemas de gestão integrada e gestão de pessoal”.

Dentre aqueles que cursaram pós-graduação, foram analisados os

cursos escolhidos, conforme mostram a tabela 13 e o gráfico 13. Observe-se que

diversos controllers cursaram mais de uma pós-graduação, portanto, a totalização

dos cursos é maior que o número de controllers pesquisados.

Tabela 13 - Cursos de pós-graduação cursados

Cursos de Pós- graduação Respostas

obtidas MBA 19

Especializações em outras áreas , exceto Controladoria 17

Especialização em Controladoria 14

Mestrado em Ciências Contábeis e Controladoria 9

Total 59

19 1714

9

MBAEspecializações em outras áreas , exceto ControladoriaEspecialização em ControladoriaMestrado em Ciências contábeis e Controladoria

Gráfico 13 - Cursos de pós-graduação cursados

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A análise da preferência dos cursos de pós- graduação mostra que

o curso mais procurado foi MBA (Master of Business Administration), cursado por 19

(dezenove) controllers. Outros 31 (trinta e um) controllers cursaram especializações

diversas. Dentre elas destaca-se que 14 (quatorze) controllers cursaram

Especialização em Controladoria. É relevante também a opção pelo Mestrado, feita

por 9 (nove) controllers.

Um controller com 31 (trinta e um) anos de experiência fez o

seguinte comentário com relação aos cursos de pós-graduação:

Na visão de hoje, é necessário um MBA, mas de qualquer forma, é necessária muita pesquisa, leitura de livros técnicos e permanente continuação de estudos na área e também em áreas interdependentes, como finanças, direito, marketing, logística, suprimentos, avaliação e aquisições de empresas.

A pesquisa mostrou aspectos interessantes sobre o controller e

conseqüentemente, sobre a Controladoria. Primeiramente cabe destacar a posição

da controladoria nas empresas em sua maioria como órgão de linha em contraponto

com as funções executadas pelos controllers que se constituem em funções de

assessoria. Sobre as funções executadas, verificou-se que o controller tem uma

miríade de tarefas sobre sua responsabilidade que levam a conjeturar sobre a

amplitude de papel na gestão da empresas ou sobre o acúmulo de tarefas, algumas

que poderiam ser delegadas a terceiros.

Para o desempenho de suas tarefas o controller pesquisado

demonstrou fortes conhecimentos contábeis, já que a maioria expressiva possui

formação em Ciências Contábeis. Ao mesmo tempo ficou registrada a necessidade

de complemento de conhecimentos, pois 12 (doze) dos controllers pesquisados

possuem mais de um curso superior. A necessidade de atualização constante ou a

necessidade do mercado ficou evidente pela formação pós-graduada da grande

maioria dos controllers. Interessante ressaltar mais uma vez que o MBA é o curso

mais procurado pelos controllers.

As habilidades requeridas para o desempenho das tarefas são

muitas, destacando-se entre elas a liderança, flexilibidade para mudanças, facilidade

de relacionamento interpessoal e capacidade para implantação de novas idéias e

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projetos. Estas características são necessárias para o ambiente empresarial

brasileiro, sujeito a mudanças constantes.

Por fim, a pesquisa marca um aspecto importante para a

Controladoria no Brasil já que se constitui em uma tentativa de conhecer um pouco

mais o papel do controller no contexto brasileiro, contribuindo para novos estudos

sobre o profissional da Controladoria.

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CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Controladoria é uma área voltada para a informação de resultados

e desempenhos e, portanto, deve participar do processo operacional e

administrativo, conhecer os fluxos das operações e, ainda, monitorar as mudanças

do meio, tanto em questões econômicas, financeiras, políticas e sociais, quanto

tecnológicas, concorrências e qualquer outra questão que venha a interferir na

posição relativa da empresa no mercado, em sua competividade e na sua missão.

As transformações provocadas pelas mudanças tecnológicas e pelas

relações humanas e empresariais tornaram o ambiente empresarial, já conhecido

pela sua competividade, ainda mais complexo e dinâmico. Não perceber as

mudanças ambientais, na busca da adequação necessária, pode levar a empresa ao

desaparecimento.

Neste contexto de profundas mudanças, a Controladoria aumentou

em importância por se constituir em uma função diferenciada voltada para um

controle gerencial efetivo, onde assume o papel de principal suporte do processo de

gestão da empresa, no auxílio na tomada de decisões.

Com vistas a buscar mais informações sobre o controller no Brasil,

foi realizada uma pesquisa com os mesmos, utilizando o questionário como

instrumento de coleta. As respostas fornecidas pelos controllers delinearam

aspectos importantes sobre a Controladoria e o papel do controller. As

considerações a respeito da Controladoria são mostras que ela está situada em

pequenas, médias e grandes empresas, apesar de sua concentração em grandes

empresas. Este fato pode ser decorrente de sua importância no gerenciamento

eficaz das empresas e da compreensão, por parte dos empresários, de que a

informação é a principal ferramenta que uma empresa dispõe.

Relacionada à primeira consideração, verificou-se que as empresas

nacionais estão percebendo a contribuição da Controladoria e, atualmente, 23 (vinte

e três) dos controllers pesquisados trabalham em empresas nacionais. Este fato é

importante pois demonstra a divulgação da Controladoria no país, ao mesmo tempo

em que abre a perspectiva de novos empregos.

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A posição da Controladoria no organograma das empresas, à

exemplo do que os autores dizem, tem posição dicotômicas. A pesquisa revela que a

Controladoria apresentou-se no organograma como um órgão de linha em 27(vinte

e sete) empresas e como órgão de assessoria em 11 (onze) empresas. Apesar da

controladoria apresentar-se como órgão de linha no organograma, é importante

destacar que as funções do controller são eminentemente de staff, como

demonstrou a pesquisa.

Todas as funções dos controllers listadas no questionário, retiradas

das indicações da literatura, estão sendo desempenhadas pelos mesmos. A

pesquisa demonstrou ainda que os controllers estão sobrecarregados, pois além das

funções listadas no questionário, eles ainda listaram outras 18 (dezoito) atividades.

O controller está atuando em todas as etapas do processo de

gestão, com vistas a assegurar o resultado da empresa, como gestão de custos,

planejamento e controle orçamentário, estudos de viabilidade de investimento, entre

outras. No entanto, ele também está desempenhando funções que tradicionalmente

caberiam à tesouraria, tais como Contas a Pagar, Tesouraria e Gestão de Caixa. Foi

constatado que o controller pesquisado também desempenha funções alheias à

controladoria, como a gestão do departamento pessoal. Estas funções tão variadas

levam a reflexão de dois pontos importantes : primeiro, o excesso de funções pode

ser decorrente de valorização e enriquecimento do cargo; segundo, o acúmulo de

funções pode ser decorrente da redução de pessoal.

Os resultados da pesquisa também mostraram algumas

características ligadas à figura do controller como: suas habilidades, posição e

formação, que levam a tecer algumas considerações.

Entre os controllers pesquisados, 21 (vinte e um) deles ocupam

cargos de gerência, 15 (quinze) cargos de diretores e 4 (quatro) estão cargos de

supervisão, coordenação ou assessoria. Estes dados estão alinhados com a posição

da Controladoria no organograma da empresa que se apresentou, na maioria das

vezes, como órgão de linha.

Os controllers indicaram que todas as 10 (dez) habilidades listadas

no questionário e encontradas na literatura são importantes para o desempenho do

seu trabalho. Entre as listadas, a liderança foi considerada importante por 38 (trinta

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e oito) controllers. A liderança aplicada na atividade empresarial é a habilidade de

influenciar pessoas para trabalharem com entusiasmo e vigor visando atingir aos

objetivos da organização. As próximas habilidades listadas pelos controllers são:

flexibilidade para mudanças, facilidade de relacionamento interpessoal, capacidade

para implantação de novas idéias/projetos, iniciativa, conhecimento de finanças,

habilidades indicadas por 36 (trinta e seis) controllers. Todas as demais habilidades

foram indicadas por um número expressivo. Isto indica que a prática do trabalho do

controller está em consonância com a literatura. Às habilidades listadas, os

controllers acrescentaram a proatividade, entre outras habilidades, enfatizando que

os controllers devem ter visão voltada para o futuro.

Interessante observar que a formação ética, tão requisitada em

todas as profissões, não foi citada nas respostas abertas, por nenhum controller que

respondeu ao questionário como necessária ao desenvolvimento dos trabalhos da

controladoria.

Para o desenvolvimento das suas atividades o controller conta com

uma vasta formação acadêmica, havendo preponderância do curso de Ciências

Contábeis, cursado por 30 (trinta) dos controllers pesquisados, seja como único

curso, seja combinado com outro curso. Confirmou-se, então, a teoria pesquisada

que leva à concluir que para o exercício da função de Controladoria, os

conhecimentos contábeis são fortemente requisitados. Não é possível afirmar se os

controllers cursaram primeiramente Ciências Contábeis e depois cursaram a

segunda graduação ou vice-versa. No entanto, dada à procura pelo segundo curso -

12 (doze) controllers possuem mais de um curso superior - conclui-se que o

controller necessita de conhecimentos de diversas áreas. É relevante também o

número de controllers – 14 (quatorze) - que cursaram Administração de Empresas.

Os controllers estão divididos quanto à opinião sobre a preparação

do seu curso superior para o cargo de controller. Metade dos controllers considera

que houve a preparação adequada, 19 (dezenove) acreditam que não houve a

preparação necessária e somente (01) um entende que a preparação foi parcial.

Com relação a este quesito, concorda-se com os dizeres dos controllers nas

respostas abertas, quando dizem que a parte teórica é fundamental para o

desempenho, mas a posição de controller requer experiência, vivência empresarial e

visão de negócios.

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Em vista da complexidade de funções a serem desempenhadas,

constatou-se que os controllers têm necessidade de se atualizarem constantemente.

A pesquisa evidenciou este fato quando mostrou que entre os controllers

pesquisados, 37 (trinta e sete) deles cursaram pós-graduação, cuja preferência

recaiu sobre o MBA, escolhido por 19 (dezenove) controllers.

Este trabalho, constituiu-se em um estudo exploratório e o esforço

aqui despendido não esgotou o tema. Mas chegou-se a conclusão de que a função

da pesquisa e da divulgação de conhecimento são essenciais para o

desenvolvimento das pessoas. Espera-se que este trabalho contribua um pouco

mais para o estudo da Controladoria e, principalmente, para o conhecimento do

controller, profissional essencial para a gestão econômica da empresa.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A

Questionário de Pesquisa

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Esta pesquisa destina-se a conhecer o perfil e as atividades desenvolvidas pelo controller. Ela faz parte de um projeto de pesquisa de dissertação de Mestrado em Contabilidade na PUC/SP da aluna Mônica S.S. Calijuri, , sob orientação da Dr. Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos, em conjunto com a ANEFAC. Sua participação é muito importante para a profissão. Favor encaminhar este formulário para [email protected] Atenção: As perguntas admitem duas ou mais respostas Nome:................................................................................................. Empresa:.............................................................................................. Cargo:................................................................................................. e-mail.................................................... 1) Qual o porte da empresa em que você trabalha? ( ) Pequena ( ) Média ( ) Grande ( ) Nacional ( ) Multinacional 2) Quais as suas PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES? ( ) Planejamento Tributário ( ) Gestão de custos ( ) Coordenação dos fechamentos contábeis mensais ( ) Conversão para US GAAP / IFRS (IAS) ( ) Planejamento e controle orçamentário ( ) Sistemas Gerenciais ( ) Elaboração de manuais internos ( ) Elaboração de relatórios gerenciais locais ( ) Elaboração de relatórios gerenciais internacionais ( ) Auditoria interna ( ) Estudos de viabilidade de investimento ( ) Responsável pelo atendimento à clientes, fornecedores e órgãos governamentais ( ) Elaboração de budget ( ) Participação na reestruturação societária ( ) Outros (especificar)................................................................................................................................... 3) Na sua opinião quais as HABILIDADES/COMPETÊNCIAS que um controller deve possuir? ( ) Liderança ( ) Raciocínio lógico matemático ( ) Conhecimento de finanças ( ) Domínio de línguas estrangeiras ( ) Facilidade na gestão de conflitos ( ) Iniciativa ( ) Flexibilidade para mudanças ( )Facilidade de relacionamento interpessoal ( ) Senso crítico ( ) Capacidade para implantação de novas idéias/projetos ( ) Outros (especificar).....................................................................................................................................

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4) Assinale o NÍVEL/POSIÇÃO do seu cargo na estrutura organizacional da empresa ( ) Supervisão ( ) Gerência ( ) Diretoria ( ) Outra (especificar)...................................................................................................................................... 5) A Controladoria está situada no ORGANOGRAMA da empresa como: ( ) Órgão de linha ( ) Órgão de assessoria 6) Qual a sua FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA? ( ) Ciências Contábeis ( ) Ciências Econômicas ( ) Administração ( ) Direito ( ) Engenharia (especificar a área).................................................................................................................... ( )Outros................................................................................................................................................................... 7) Se cursou PÓS-GRADUAÇÃO, qual curso concluiu? ( ) Especialização em Controladoria ( ) Especialização em outras áreas (especificar)............................................................................................ ( ) MBA ( ) Mestrado (especificar a área)....................................................................................................................... ( ) Doutorado (especificar a área)..................................................................................................................... ( ) Outros.................................................................................................................................................................. 8) Você considera que a GRADUAÇÃO que você cursou o preparou para o cargo exercido? ( ) Sim ( ) Não Faça comentários se achar necessário ...................................................................................................................................................................................... ...................................................................................................................................................................................... Agradecemos sua participação respondendo a esta pesquisa! Favor encaminhar este formulário ao e-mail: [email protected]