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I 1 o PARECER DE AUDITORIA COMO INSTRUMENTO DE "EVIDENCIAÇÃO UM ESTUDO DE CASO WI LMAR WI ESf\.1ER AGOSTO DE 1987

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I 1

o PARECER DE AUDITORIA COMO INSTRUMENTO

DE "EVIDENCIAÇÃO

UM ESTUDO DE CASO

WI LMAR WI ESf\.1ER

AGOSTO DE 1987

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o PARECER DE AUDITORIA cal) I~STRUMENTO DE EVI DENCIAÇAO: UM ESrU[() DE CASO

WILMAR WIESNER

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto Superior ue !:stuuos Cont,j

beis-IScC da Fundação Getúlio Vargas como parte dos requisitos necessários p3

ra a obtenção do grau de mestre em Ciencias Contábeis (M.Sc.)

Aprovado ~or:

Presidente (Orientador)

~~b ~- á-e ~Q-,~~~:.~::> C ~~L,----í)

Profa. Esther M. Magalhães Arantes

Prof. Ibere Gilson

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL AGOSTO DE 1987

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WIESNER, Wi1mar

o Parecer de Auditoria como Instrumento de Evidenciaçio. -estudo de casos (Rio de Janeiro), 1987.

xi, 177 p. 29.7cm(ISEC-FGV,M.Sc., Ciências Contábeis, 1987).

Dissertação - Fundação Getulio Vargas - ISEC - Mestrado em Ciên­cias Contábeis

1. Pareceres de Auditoria. I. ISEC / FGV

11. Título

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À Rosane

A meus pais

Ingo e Jandira

r>

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iii

AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares, cujo apoio, em .todos os momentos

desta etapa de minha vida, tornou-a mais branda.

Ao grande amigu, orientador e Prof. Josir Simconc Go­

mes, profissional exemplar, mestre incansável, pelo incentivo

recebido em todos os momentos.

A Universidade Regional de Blumenau e à Seara Indus­

trial S.A., do Grupo Hering, por terem possibilitado a reali­

zação ·deste trabalho.

Ao Ministro Ibere Gilson e à Profª. Esther Maria de

Magalhães Arantes, pelo apoio e pelas apreciações e sugestões

importantes.

Ao Prof. e irmão Waldemar Wiesner, pelo constante a­

poio durante a realização deste trabalho.

A todos os colegas do Mestrado, pela grande amizade e

apoio de todas as horas.

Ao peEsoal do Instituto Superior de Estudos Contábeis

da Fundação Getulio Vargas - professores e funcionários, por

suas atenções e paciência durante todo o curso.

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iv

Aos colaboradores da Comissão de Valores Mobiliários,

pelas valiosas informações prestadas.

A Capes e à Acafe, pelo apoio financeiro.

Ao Prof. José Carlos Marion, pelo grande apoio prcsta-

do.

A todos aqueles que de uma forma ou outra contribuiram

para que eu conseguisse realizar este trabalho.

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. 1 _

v

IU:SUMO

o objetivo deste estudo foi explorar a relação existente

entre a literatura sobre os pareceres de auditoria e os prillci­

pais modelos de pareceres utilizados, analisando a importâllcia

destes, para aqueles que se utilizam das demonstrações cont.:íbeis

para a tOlllada de decisões (capítulo I).

Na revisão de literatura apresellta-se a importâllcia da

evidenciação na contabilidade como um todo e, mais especifica-

mente, o parecer dos auditores como instrumento ele garantia adi­

cional aos usuários (cupítulo 1"0 •

A seguir, apresenta-se a metodologia utilizada para o

desenvolvimento da pesquisa, justificando as razões de seu em­

prego neste tipo de estudo (capítulo 111).

Uma aprofundada análise dos arquivos disponíveis na Co-

missão de Valores Mobiliários possibilitou uma descri~ão dos

princirais problemas ocorridos com os pareceres emitiuos no

Brasil, assim como avaliar a atuação deste órgão quanto a estes

problemas (capítulo IV).

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vi

Os resultados obtidos permitiram uma análise dos princi­

pais problemas existentes COIII relação aos pareceres emitidos no

Brasil, bem como a atuaç50 da COluissão de Valores Mobili~rios,

visando melhorar o nível da informação contábil das

ab~rtas (capitulo V).

Finalmente, relilciollillldo-se os resulludos

companhias

a lilcraturil

existente, pôde-se chegar a importantes conclusões e sugerir no­

vos estudos nesta área (capítulo VI).

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vii

ABSTRACT

The ohjective of this paper is to explore the existing

relation between the literature about qualified reports and the main

report models used, bv analysing the importance of the" latter for

those who utilize accounting statements to make decisions (chapter I).

Orr the review of the literature, the importance of accounting

clarification as a whole is made clear and more precisely, the auditors

counsel being an additional assurance for users (chapter 11).

Then, the methodology applied for the unfolding of the research

is shown, justifying the reasons for its usage in this kind of

(chapter 111).

An in-depth analysis of the available files at the

de Valores Mobiliários made possible an account of the major

that come to pass at the reports issued in Brazil, as 'well

assessment of that Commission's performance regarding such

(chapter IV).

paper

Comissão

problems

as an

problems

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viii

The results attaineQ propitiated an analysis ~f the main

existing problems regarding the qualified reports issued in Bra7.il,

as well as the Comissão de Valores Mobiliários' performance, aiming at

improving the level of corporate accounting information (chapter V).

Finally, relating the results to the existing literature, we

were able to come to important conclusions and suggest new surveys in

this area (chapter VI).

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ix

. ÍNDICE

CAPíTULO I - INTRODUÇÃO 1

1.1 - A importância do estudo 1

~.2 - Objetivos do estudo 4

1.3 - Delimitação do âmbito do estudo 5

~.4 - Organi?ação do estudo 6

CAPíTULO II - REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTOS rrEORICOS 8

11.1 - Introdução 8

11.2 - A evidenciação 9 ,

II.3 Processo de formulação da opinião 27

11.4 - Normas relativas ao parecer utilizado

no Brasil

11.5 - Tipos de pareceres utilizados no

Brasil ~

11.6 - Pareceres de auditoria utilizados nos

Estados Unidos 40

11. 7 - Grau de relevância da informação 48

11.8 - Continuidade normal das atividades 54

11.9 - Problemas relacionados com QS parece-

res de auditoria no Brasil \~

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x

CAPITULO 111- METODOLOGIA DA PESQUISA 60

lI!.l - Int'rouuç;to 60

111.2 Definição das perguntas da pesquisa 61

111.3 - Plano de refer6ncia 63

111.4 - Método de coleta de dados 64

11,1.5 - Trabalho de campo 65

111.6 - Análise dos dados 67 . 111.7 - Limitaç6es da pesquisa 68

CAPITULO IV - RESULTADOS OBTIDOS 70

IV.l - Introdução 70

1\7.2 - Comparação entre os pareceres utilizados

no Brasil e nos Estados Unides e aqueles

utilizados em outros países 71

IV.3 - Problemas encontrados com relação aos

pareceres de auditoria emitidos no Bra-

sil 80

IV.4 - Ação da CVH em relação aos problemas nos

pareceres 97

CAPITULO V - ANÁLISE DOS RESULTADOS 106

V.l - Introdução 106

V.2 - Principais diferenças nos pareceres de

'audi toria 107

V.3 Análise dos principais problemas re1a.-

cionados com os pareceres emitidos no

Brasil 113

V.4 - A i~port5ncia da CVM 119

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Xl

CAPITULO vr- SUMÁRIO, CONCLUSOES, RECOMENDAÇÕES E SUGES-

ANEXOS

TÕES PARA PESQUISAS FUTURAS 125

VI.1 - Sumário 125

VI.2 - Conclusões 127

VI. 3 - Recomendações 131

Vl.4 - Sugestões para pesquisas futuras 132

- MODELOS DE PARECERES MAIS UTILIZADOS NO BRA­

SIL, ESTADOS UNIDOS E OUTROS PA1sES 134

BIBLIOGRAFIA 173

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CAPíTULO I - INTRODUCAO

1.1 - A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Todos que decidem com base em demonstrações e informações

geradas por.controles contábeis necessitam de dados confiáveis.

Para tanto, convem que estas informações tenham um aval quanto a

sua correta elaboração e melhor forma de evidenciação.

Para assegurar a fidedignidade das demonstrações contá-

beis, o auditor emite sua opinião a respeito. Embora as formas

tradicionais utilizadas para expressar tal opinião parecem evi-

denciá-la claramente, alguns aspectos podem não estar sendo de-

vidamente detalhados a ponto de satisfazer as necessidades dos

usuários. Entre estes aspectos podem estar elementos de grande

importância, como por exemplo, a determinação de continuidade ou

nao de uma companhia.

Segundo Drumond,

"o rigor da CVM quanto aos dereonstrativos e ao

~arecer "0 audito~ inde~en~ente mer.ece todo. :0

apoio do mercado. Nos Estados Unidos, sao fre­

quentes os processos contra auditores que de-

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ram ~areceres favoráveis em balanços de compa­

nhias que logo adiante entraram em concordata

ou faliram." (*)

2.

Observa-se, desta forma, que a opinião do auditor com re-

lação a continuidade de uma empresa é muito importante e deve

ser bem analisada. Mas o ~ais importante neste caso é que esta

opinião deve ser expressa de maneira clara e objetiva, de modo a

evitar interpretações erroneas que levem a decisões com resulta-

dos negativos.

As demonstrações contãbeis divulgadas sao elementos de

grande importância na tomada de decisão dos diferentes tipos de

usuãrios, dentre estes, com maior destaque, o investidor.

Em muitos casos, por não ter conhecimento suficiente so-

bre as demonstrações, ou por estas não estarem evidenciando clara

e adequadamente a situação patrimonial da companhia, o investi-

dor atém-se a informações baseadas no senso comum.

Pesquisa recente, realizada pela Associação Brasileira

dos Analistas do Mercado de Capitais (Abamec), mostrou que o

analista típico do mercado acionãrio brasileiro, é um elemento

de certa forma culto, pós-graduado, mas com poucos conhecimentos

contãbeis, pois na maioria dos casos é formado em economia. Esta

pesquisa, objeto de artigo da Revista Bolsa, ressalta outros as-

pectos:

"Muito importante é o fato de que os homens e

mulheres que fazem a análise do mercado, e que

têm como um dos principais instrumentos de

(*) Cochilos de Auditores. Estrevistado: Carlos Drumond. Revista Senhor, n9 47, p. 10, 7 abro 1987.

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trabalho as demonstraç~es financeiras das em­

presas, nao sentem confiança absoluta nessas

informaç~es: 49,1% acham que elas dão um re-

torno apenas regular, 32.7% dizem que elas

apresentam falhas e 8,1% as reputam muito de­

ficientes em termos de informações." (*)

Daí a necessidade de se ressaltar a importância da

3.

evi-

denciação na contabilidade como um todo e, mais especificamente,

o parecer dos auditores como instrumento adicional de garantia

aos usuários.

Outro aspecto merecedor de estudos aprofundados é o das

demonstrações contábeis auditadas que nao espelham ou não contêm

evidência de situações enganosas. t o caso, por exemplo, divul-

gado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) através do

Jornal do Brasil, com relação ao resultado do julgamento que en-

volvia os diretores da Têxtil Gabriel Calfat, que teriam apre-

sentado ao público demonstrações contábeis irregulares. O pro-

cesso envolvia também o auditor responsável pelo parecer:

. "( ••• ) e Edgar Calfat, então diretor presidente

da empresa - condenado por irregularidades nas

demonstrações financeiras. A CVM multou ainda

com 100 DTNls o auditor João Paulo Antônio

Pompeu Conti, por negligência na auditoria.que

possibilitou a ocorrência de inforrnaç~es in­

corretas."(**)

O parecer de auditoria, segundo Attie,

(*) Bolsa é a revista de economia que os analistas preferem. Revista Bolsa, Pesquisa Abamec, p. 14. 22 sete 1986.

(**) Economia:"CVX julga e pune família por desvio de recursos." Jornal do Br~si1, la novo 1986, p. 18.

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" b -O je~iva expressar a opiniao sobre a probida-

de das demonstrações financeiras e se estas re­

presentam a posiçio patrimonial e financeira

da empresa auditada. II (*)

4.

Por estas razoes, o parecer deveria oferecer ao investi-

~1 dor as garantias quanto à ,fidedignidade das informações constan­

tes das demonstrações contábeis.

Justifica-se, assim, a importância e a oportunidade des-

ta pesquisa, pelo muito com que pode contribuir para elevar o

grau e a qualidade da evidenciação nos pareceres de auditoria,

al~m de tratar-se de um estudo cuja área, d~ certa forma, ~ pou-

co explorada no Brasil.

1.2 - OBJETIVOS DO ESTUDO

o trabalho procura despertar a atenção para a importância

dos pareceres de auditoria como forma de evidenciação, inclusive

descrevendo casos ocorrid0s com pareceres publicados inadequaàa-

mente.

Para tanto, procurou-se explorar a relação existente en-

tre a literatura sobre a forma e o conteúdo dos vários modelos

de pareceres e aqueles efetivamente utilizados no Brasil e em

outros países.

Os meios de comunicação têm divulgado, constantemente as-

pectos relacionados com interpretações distorcidas por parte de

(*) ATTIE, William. Auditoria-conceitos e aplicações. são Paulo, Atlas,1983. p.89.

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5. usuários, que podem ter sido originadas em demonstrações contá-

beis irregulares, cujos respectivos pareceres nada evidenciavam.

Fatores como estes fazem com que este trabalho, voltado a apre-

sentar alguns dos principais problemas relacionados com os pare-

.c~res de auditoria no Brasil, sirva também como elemento de'apoio

e reflexão na realização de estudos sobre o assunto, que poderão

vir a ser desenvolvidos com maior riqueza de detalhes.

I.3 - DELIMITACÃO DO ÂMBITO DO ESTUDO

Esta pesquisa poderia ter sido realizada sob várias for-

mas e abordagens. No entanto, optou-se por estudar os principais

prqblemas já ocorridos com publicações de pareceres de audito-

res, cujos reflexos podem ter ocasionado prejuizo aos usuários

destas demonstrações contábeis, em função de decisões tomadas

com base em informações inadequadas.

Foi realizado um confronto entre os pareceres de audito-

res emitidos no Brasil e nos Estados Unidos, tendo em vista a

grande semelhança existente entre os métodos contábeis utiliza-

dos nos dois paises.

Além disso, foram analisados ainda alguns modelos de pa-

receres utilizados em outros paises, cujos formatos e conteúdos

não guardam linhas especificas de elaboração, e nem se asseme-

lham aos modelos brasileiros.

Como alguns jornais e revistas têm divulgado vários pro-

blemas relativos aos pareceres de auditoria, sentiu-se necessi-

dade de pesquisar a respeito da atuação da Comissão de Valores

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6.

Mobiliários toda vez qu~ os pareceres nao evidenciassem aspectos

relevantes das demonstrações contábeis que pudessem conduzir a

interpretações equivocadas. Para tanto, foram consultados fun­

cionários da CVM, constantemente envolvidos com problemas nos

pareceres de auditoria.

Embora sejam abqrd~das neste trabalho, algumas questões

polêmicas como a determinação pelo auditor do risco iminente de

insolvência da empresa auditada, o sigilo dos documentos de uso

exclusivo das firmas de auditoria, estas nao foram objeto de ana

1ises detalhadas.

1.4 - ORGANIZACÃO DO ESTUDO

Este estudo encontra-se organizado da seguinte forma:

No capitulo I buscou-se introduzir o assunto, ressaltando­

se a importância da pesquisa e seus objetivos, delimitando o am-

bito do trabalho e, por fim, apresentando a forma como foi orga­

nizado.

No capitulo 11, destinado à revisão da literatura, pro­

curou-se mostrar a importância da evidenciação em todos os ele­

mentos que compõem o conjunto de demonstrações contábeis: o pro­

cesso da formulação da opinião do auditor, bem como as normas re

lativas aos tipos de pareceres utilizados no Brasil e nos Esta­

dos Unidos. Ainda neste capitulo são apresentados comentários e

alguns tipos de pareceres utilizados em outros paises, em con-

fronto com os modelos brasileiros. Comentam-se também alguns as­

pectos relacionados com os principais problemas divulgados com

relação aos pareceres de auditoria no Brasil.

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No capitulo III, apresenta-se a metodologia

7.

utilizada,

justificando-se as razões de seu emprego e os métodos utilizados

na coleta de dados, a forma como foi efetuada a pesquisa de cam­

po e as principais limitações do estudo.

O.capitulo IV, contém os resultados obtidos na coleta de

dados, apontando as caracteristicas gerais das empresas cujas de

monstrações foram analisadas.

No capitulo V, apresenta-se a análise dos resultados ob­

tidos à luz dos aspectos teóricos abordados no capitulo lI, sen­

do então respondidas as questões formuladas acerca dos pareceres

que possam ter sido emitidos sem a devida evidenciação dos ~éle­

mentos que poderiam ter ocasionado distorções nas tomadas de de­

cisões dos respectivos usuários.

E, por fim, no capitulo VI, é apresentado um sumário dos

estudos, chegando-se a algumas conclusões importantes sobre o as

sunto, finalizando-se com algumas indicações para pesquisas futu

raso

Nos anexos sao apresentados cópias de modelos de parece­

res utilizados no Brasil e em outros paises.

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CAPITULO 11 - REVIS~O DA LITERATURA

1I,l - INTRODUCÃO

Pretende-se expor neste capítulo, a importância da evi­

denciação no conjunto das demonstrações contábeis e, dentre es­

tas, o parecer de auditoria como instrumento de garantia aos

usuários.

Inicialmente são apresentados alguns fatores importantes

a serem considerados no estudo da evidenciação passando-se em

seguida, a comen~ar as normas de auditoria relativas ao parecer,

bem como os tipos utilizados atualmente no Brasil e no exterior.

são abordados também alguns elementos que podem, em de­

terminadas circunstâncias, influenciar a opinião do auditor, fa­

zendo com que ele decida por um parecer com ressalva, com nega­

tiva de opinião ou até mesmo adverso, caso um parecer limpo ou

sem ressalva não seja suficiente. Além disso, comentam-se ainda

alguns fatos relacionados com pareceres de auditoria que foram

divulgados através de jornais e revistas.

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9.

11.2 - EVIDENCIACÃO

Dar informações aos usuários representa um dos principais

objetivos da contabilidade, e esta utiliza a evidenciação como

meio para atingí-lo.

Devido a sua importância, a contabilidade se preocupa

muito com a evidenciação, o que leva os estudiosos dessa ciência

a dedicar mais tempo em pesquisas relacionadas com o tema.

Sempre que se estuda os objetivos da evidenciação das de-

monstrações contábeis, fem-se em mente que estas podolo conduzir

a conclusões distorcidas em função de possíveis informações en-

ganosas.

1udícibus menciona o AccountmgResearch Study nQ 1, edi-

tado pelo AICPA em 1961, que esclarece: "Os demonstrativos con-

tábeis deveriam ~videnciar o que for necessário a fim de nao

torná-los enganosos." (*)

Percebe-se desta forma, que um dos objetivos da eviden-

ciação pode ser r'esumido na frase: "( ... ) não tornar os demons-

trativos enganosos." As demonstrações contábeis em diversas si-

tuações podem tornar-se enganosas ou tendenciosas, seja por er-

ros ou omissões, por interesses políticos, por pressoes de em-

presários ou até mesmo por dolo.

Hendriksen destaca os motivos que tornariam as demonstra-

ções enganosas ou tendenciosas, caso nao fossem observados:

"1. Uso de procedimentos que afetam significa-

(*) IUD1cIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. são Paulo, Atlas, p.89.

1981,

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tivame~te as apresentaçoes do balanço geral

comparados com m~todos alternativos que o lei­

tor poderia supor na falta da evidenciaç~o;

2. mudança materinl nos procedimentos de um

exercIcio para outro;

3. eventos ou relações significativas não de­

rivados de atividades normais;

4. contratos ou acordos especiais, que afetam

as relações das partes envolvidas;

5. mudanças significativas ou eventos que afe­

tariam normalmente as expectativas;

6. mudanças materiais nas atividades ou opera­

ções que afetariam as decisões relativas à em­

presa." (*)

10.

A não-evidenciação de qualquer dos itens mencionados na

citação sujeitaria o usuário a riscos como: a dualidade de in-

terpretação, a falta de conteúdo e clareza, a perda da capacida-

de de predição, impossibilitando-o de tomar decisões baseadas

nas informações.

o comitê do American Institute of Certified Public

Accountants (AICPA), sobre procedimentos de auditoria tentou I

adequar a evidenciação informativa na elaboração de demonstra-

ções' contábeis, salientando que lia fidedignidade de apresentação

dos demonstrativos financeiros, de conformidade com os princí-

pios geralmente aceitos, compreende a adequação de evidenciação

envolvendo assunto material. 11 (**)

(*) HENDRIKSEN, Eldon S. Accounting Theory. 111ioois, Richard 1982. p. 560.

D. lrwin,

(**) BUSBY, Stephen L. The nature or adequa te disclosure. Tlte Journal of Accountancy. Apr. -1974. In: McCULLERS, Lewis D. &. SIIROEDE-R-,-R-ic-"-u-lr-d--G-. Accountiog theory. Text and readings, 'John Willey, 1982. p. 551.

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11.

A mensuração, a avaliação e a evidenciação realizadas com

base nos conceitos contábeis, não envolvidos por normas legais,

interesses de grupos ou entidades, apresentam boa base de con­

fiabilidade, comparabilidade, integralidade, neutralidade, veri­

ficabilidade e oportunidade da informação por estarem suportadas

na ciência. Tais eventos,- tratados pela relevância e materiali­

dade, resultam numa evidenciação objetiva.

Quando se discute a forma, a disposição e o conteúdo dos

relatórios contábeis, com suas notas explicativas, anexos, a

terminologia e a quantidade de dados, está-se discutindo a natu­

reza e o tipo de evidenciação necessário para torná-los úteis.

11.2.1 - A NATUREZA DA ,EVIDENCIACÃO

Na maioria dos estudos e pesquisas da teoria contábil,no-

ta-se a necessidade de melhorar as informações, procurando-se

atender as necessidades dos usuários. Evidenciação está relacio­

nada com a divulgação das informações contábeis aos diversos

usuários interessados na situação econômico-financeira da empre-

sa.

Devido ao fato de os usuários mostrarem maior interesse

pela situação econômico-financeira da empresa, a evidenciação e

mais discutida e desenvolvida no campo da contabilidade financei

ra, pela abrangência e significância desta no meio externo.

Segundo McCullers, "qualquer discussão compreensiva sobre

a natureza da evidenciação depende em parte dos objetivos da

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12.

contabilidade financeira." (*)

A qualidade e a quantidade da evidenciação devem ser me-

didas por aquele que elaborar suas demonstrações contábeis vi-

sando atingir o seu grupo de usuários. Assim, se o usuário for

exigente e necessitar de informações mais sofisticadas, estas

deverão compor o conjunto· de demonstrações, mas caso o usuário

nao utilize tal sofisticação, não há por que introduzí-Ia.

A quantidade de evidenciação talvez seja o aspecto mais

polêmico do seu estudo. Alguns autores utilizam o conceito "ade-

quado", outros dizem que a evidenciação deve ser "justa" e "ple-

na". Os três conceitos são importantes porque a informação con-

tábil evidenciada deve ser, ao mesmo tempo, adequada, justa e

plena.

Outro ponto polêmico é a informação qualitativa devido às

dificuldades de avaliação, e por seu julgamento ser subjetivo r é

difícil perceber quando um evento não-quantificável e relevante

para justificar sua evidenciação. A relação custo-benefício tam-

bém deve ser sempre observada na evidenciação.

~

Um conceito bastante abrangente de evidenciação no senti- ~

(dO contábil, segundo Hendr iksen, "Signi Hca a demons tr a ção de I ! informações contábeis, consideradas importantes em determinadas

circunstãncias, para a tomada de decisão dos usuários."(**)

A evidenciação envolve os aspectos já abordados como tam-

bém depende de uma boa dose de criatividade individual quanto a

(*) McCULLERS, LewisD. & SHROEDER, Richard G. op. cito p.549.

(**) HENDRIKSEN, Eldon S. Teoria de la Contabilidad. México, UTEHA, p. 652.

1974,

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13.

forma e disposição das demonstrações contábeis, devendo basear-

-se sempre nos princípios geralmente aceitos, e preocupando-se

com o impacto desta sobre o usuário da informação.

Tanto a Securities and Exchang Commission (SEC) , nos Es-

tados Unidos, quanto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) , no

Brasil, são órgãos criados pela necessidade de regulamentar a

evidenciação formal, principalmente para defender os interesses

do pequeno investidor contra os abusos de empresas de capital

aberto, que nao evidenciam ou distorcem informações em prejuízo

daqueles.

Outro aspecto da evidenciação e a sua oportunidade. Para

que uma informação seja relevante ao usuário, ela deve ser opor-

tuna.

11.2.-2 - A QUEM SE DESTINA A INFORMACÃO

, Existem vários grupos de usuários em potencial com inte-

resses diretos ou indiretos nas informações contábeis. Podem-se

citar, por exemplo, os proprietários atuais ou em potencial, os

credores, empregados, analistas financeiro~, Governo, sindica-

~ tos, investidores, etc.

A adequação das informações a serem evidenciadas depende-

rá da capacidade do usuário de interpretá-las; caso contrário, a

evidenciaçãoserá inadequada para o usuário que não possuir o

conhecimento necessário à análise e interpretação dos relatórios

contábeis, como foram apresentados.

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14.

Existem sugestões no sentido de se estabelecer níveis de

competência qe usuários, como base para elaboração de relatórios

contábeis:

"Monitz e Sharaf preferem o nível do analista

financeiro profissional. Cowan seleciona o in­

vestidor midio com aptid~es limitadas.

Chetkovich toma uma posiçio intermediiria e

define o 'leitor-padrio' como alguim entre o

usuário apto e inapto." (*)

o Comitê Trueblood definiu grupos de usuários em função

de um objetivo, afirmando:

"Um objetivo dos relatórios financeiros i ser­

vir primariamente àqueles usuirios que têm au­

toridade, habilidade ou recursos limitados na

obtencio de informaç~es e que dependem de re­

latórios financeiros como sua principal fonte

de informaç~es sobre as atividades econômicas

de uma empresa." (**)

Já a Accounting PrincipIes BoardStatements (APB) resumiu

suas orientações sobre relatórios financeiros em relação aos

usuários e seus propósitos, como segue:

liA Contabilidade Financeira apresenta informa­

c~es de uso geral que i elaborada para preen­

cher as necessidades comuns de proprietirios,

credores, administradores e outros usuários, com

ênfase primiria nas necessidades de proprietá­

rios atuais e em potencial e de credores". (***)

(*) BUSBY, Stephen L. The nature of adequatc disclosure. Op.cit.p.551.

(**) Id. ibid. p. 551.

(***) Id. ibid. p. 551.

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15.

Para o Comitê Trueblood, os relatórios financeiros devem,

em primeiro lugar, atender aos usuários que têm habilidades ou

recursos limitados na obtenção das informações sobre atividades

econômicas de urna empresa, enquanto a APB entende que tais rela-

tórios são dirigidos a um grupo maior de usuários, estabelecendo

prioridades aos proprietários em potencial e aos credores.

II.2.3 ~ O PROPÓSITO DA EVIDENCIACÃO

A identificação dos usuários interessados nas informações

contábeis induz a contabilidade a ressaltar fatos e/ou eventos

que ocorram na empresa e que possam modificar sua situação, a

fim· de que estes tornem suas decisões convictas e acertadas.

o conjunto de demonstrações contábeis apresentado pela

contabilidade provém do exigido pelos aspectos legais e, normal-

mente, fatos extraordinários deixam de ser evidenciados. A falta

de informação leva aqueles interessados a decisões desvirtuadas. {:

Verifica-se que alguns estudiosos da teoria contábil pro-

curam evidenciar os aspectos quantitativos. Dentre as abordagens

analisadas ressaltam-se as seguintes sugestões:

A) Bedfor sugere que a divulgação contábil utilize múltiplas

mensurações baseadas na aplicação de conceitos probabilísti-

cos, em lugar de simples estimativa de valor corrente baseado

em métodos aritméticos. Esta sugestão tem mérito ao verifi-

car, por exemplo, quando se registra em números contábeis a

"depreciação" e a "provisão para devedores duvidosos", que

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16.

estes estão sujeitos a diversas incertezas ao seu verdadeiro

valor.

b) Trueblood Comittee recomenda:

"- as mudanças de valor refletidas em sucessi­

vas demonstrações de origens e aplicações de

recursos deveriam ser evidenciadas separada-

mente enquanto diferissem em termos de certeza

de sua realização;

- providenciar 'demonstrativo de atividade

financeira' que informasse os aspectos fac­

tuais das transações do negócio, ocorridos ou

esperados, que tivessem significativas conse­

quências financeiras;

- a divulgação dos graus de previsão confiança

e incerteza deveria formar uma base suplemen­

tar para algumas quantificações aparentemente

simples;

- previsões financeiras deveriam ser informa­

das quando exaltariam a confiança dos usuários

das predições."(*)

Dentre as sugestões voltadas para o aspecto qualitativo,

verifica-se:

que a empresa contabilize os IIrecursos humanos";

que as expectativas e estimativas da administração devem ser

relatadas;

que se publiquem relatórios contábeis setoriais com informação

de companhias diversificadas;

que o auditor possa atestar pelo conjunto de dados sócio-eco-

(*) McCULLERS, Lewis D. & SHROEDER, Richard G. Accounti~g Thcory. Op.cit. 1'.657.

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17.

nômicosi

- que se evidenciem os critérios para materialidade.

'I1.2.4 - A ,QUANTIDADE DEINFORMACÃO A SER EVIDENCIADA

Depois de se escolher a quem a informação deve ser divul-

gada e qual o propósito desta informação, analisam-se em seguida

os tipos de informações exigidas para uma adequada evidenciação.

As demonstrações contábeis são o principal veículo para

divulgar toda informação relevante sobre a entidade, porém em

alguns casos é requerida informação adicional. Portanto, além

dos elementos básicos, os relatórios devem divulgar todo tipo de

informação que for necessária, a fim de não tornar enganosas as

demonstrações.

Os determinantes básicos dos tipos de informação a serem

apresentados dependem primeiramente da análise das necessidades

informacionais, que são relevantes a um conjunto específico de

usuários, e quais seriam os propósitos presentes em utilizar

tais informações:

"Brummet, Flamholz e Pyle têm recomendado que

as entidades contabilizem seus recursos huma­

nos. Brimbert e Dopouch acreditam que estima­

tivas e expectativas da administração devem

ser divulgadas. Rappaport e Lerner têm apre­

sentado um caso convincente pela divulgação

segmentada para firmas diversificadas. Parker

pede pela divulgação de custos externos com

relação ao impacto ecológico das operações da

firma.

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o comitê da Associação Americana de Contabili­

dade fornece uma sugestão que o auditor possa

atestar a um largo espectro de dados sócio-

-econômicos e por último o Comitê Trueblood

tem recomendado v~rias expansoes em divulga­

ções contábeis." (*)

18.

Em suma, as quantidades de informações evidenciadas devem

ser dosadas de acordo com as necessidades dos respectivos usua-

rios, pois desta forma elas estariam auxiliando à tomada de de-

cisões, e poder-se-ia dizer que elas estariam sendo adequadas,

justas e plenas.

II~2.5 -·COMO'DEVEM SER EVIDeNCIADAS

A contabilidade pode ser identificada como um processo de

comunicação que tem por objetivo fornecer informações adequadas,

relevantes e oportunas aos usuários na tomada de decisões.

Segundo Most, o processo de comunicação é dividido em

quatro partes que interagem para tornar o processo claro e efi-

caz:

FONTE ---- TRANSMISSOR ---- CANAL ---- RECEP'l'OR.

Conforme ressalta Most, "há uma variação considerável en-

tre a realidade percebida pelo receptor. 1I (**)

Esta variação é chamada de ruído na teoria da comunica-

(*) Id. ibid. p. 656.

(**) MOST, Kenneth S. Accounting theory. 2.ed. Ohio, Columbus. Grid Publishing. 1982. p. 188.

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19.

Q~O. O ruído pode ser causado por sobrecarga do canal ou pelo

y~o da terminologia inadequada. De acordo com Buzby, "a eviden­

Çi9ÇãQ requer que a informação seja apresentada de forma a favo-

Jêçer o entendimento." (*)

A preocupaçao com o usuário deve ser parte importante em

gp.alqller discussão sobre a evidenciação. Para escolher o método

de evj.1 . N e' H_ .. . .. uencJ.açao, necessário que se tenha definido qual a in-

{grma~ão, a quem se destina, como também o grau de entendimento

~ºe eHtes usuários dispõem para interpretação das informações.

Segundo Hendriksen, as formas de evidenciação podem sub­

giViPir-se em três grupos distintos:

"a) tradicionais;

b) terminologia e detalhamento;

c) informações complementares." (**)

o método tradicional refere-se às demonstrações contábeis

fêJmªis, obrigatórias por dispositivos legais tais como: o ba-

lênçQ geral, a demonstração de resultado do exercício, a demons­

tfª~ªO de origens e aplicações de recursos entre outras.

A terminologia utilizada é de grande importância para o

§êffi êntendimento das informações. Hendricksen aborda o problema

:ªê têrminologia na informação contábil quando cita:

"Os titulos e descrições apropriadas das con­

tas nas demonstrações podem dar mais luz . ao

leitor, mas termos obscuros somente podem con­

duzir a confusão e ao mal entendimento. Termos

(*> nUZBY, StephenL. The nature of adequate disclosure. Op.cit. p. 650.

(*~) IIENDRIKSEN, Eldon S. Teoria de la Contabilidad. Op. cito p. 654.

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técnicos podem ser úteis se têm significados

precisos, que sejam geralmente bem conhecidos,

porém, muitos termos técnicos na contabilidade

carecem desta precisão".(*)

20.

Reportando-se à teoria da comunicação e comparando-a com

o problema da terminologia utilizada, a citação apresentada mos-

tra que o uso de termos obscuros causa "ruido" no processo de

comunicação, assim corno a terminologia adequada e precisa evita

distorções no sistema.

É importante que as informações suplementares sejam ela-

boradas com o intuito de servir corno recurso adicional ao usua-

rio, não devendo, desta forma, ser repetição de dados já infor-

mados nas demonstrações.

1+. 2.5 - QUANDO DEVE SER EVIDENCIADA A INFORMACÃO

A informação, para ser útil, deve ser elaborada e eviden-

ciada em época oportuna, caso contrário, ela perde sua finalida-

de e deixa de ser uma informação para ser simplesmente um dado.

(*) Id. ibid. p. 654.

"Informações contábeis oportunas sao comunica­

das cedo o suficiente para serem utilizadas em I.

decisões econômicas que elas podem influenciar

e evitar atrasos na tomada destas decisões."(**)

(**) BUZBY, Stephen L. The nature Df adequate disclosure. Op. cito p. 557.

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21.

No Brasil, é obrigatória a publicação do Balanço Patrimo­

nial, Demonstração de Resultados, Demonstração de Origens e

Aplicações de Recursos, e Demonstração das Mutações do Patrimô­

nio Líquido. Desta forma, é importante que a publicação destas

peças contábeis ocorra em tempo hábil, para que os usuários pos­

sam valer-se das informações nelas contidas em suas tomadas de

decisões.

11. 2.7 - O QUE O PARECER DE AUDITORIA PODERIA EVIDENCIAR

Como um dos objetivos do parecer de auditoria e oferecer

ao usuário a segurança quanto a fidedignidade das informações

contábeis, ao transmitir esta segurança o parecer estaria prati­

camente atingindo o grau de evidenciação mínimo necessário. Lo-

go, todos os elementos que compõem um parecer devem ser

sos com a maior clareza possível, para que não suscitem

expres­

dúvidas

ou intepretações ambíguas a respeito da opinião do auditor.

Para satisfazer-se sobre uma adequada evidenciação a res­

peito de determinadas transações, o auditor precisa obter maté­

ria ou prova evidenciaI suficiente que lhe habilite o entendi­

mento e o conhecimento do conteúdo destas transações sobre as

demonstrações contábeis. Assim, é importante que o auditor ava­

lie todas as informações disponíveis relacionadas com as opera-

çoes, satisfazendo-se com base no seu julgamento profissional

sobre- a adequada evidenciação das demonstrações contábeis.

Para destacar, na apresentação do conjunto das demonstra-

çoes contábeis das empresas, aquelas informações julgadas as

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22.

mais relevantes, sejam estas tomadas individualmente ou em con-

junto é importante considerar o seguite:

"a) A natureza da informação.

b) Uma descrição das transações (sumarizadas

quando apropriado) de cada período, in­

cluindo valores e outras informações jul­

gadas necessárias ao entendimento dos

efeitos sobre as demonstrações contábeis.·

c) O volume financeiro das transações e o

efeito de alguma mudança nos métodos esta-

belecidos e usados em períodos

teso

preceden-

d) Valores devidos a terceiros ou a partes

relacionadas, além de outros dados neces­

sários à tomada de decisão."(*)

Apesar dos contadores e auditores se precatarem no senti-

do de evitar publicações irregulares de demonstrações contábeis,

há casos em que elas ocorrem, levando ao público investidor in-

formações inadequadas.

o jornal O Globo, publicou recentemente fatos que leva-

ram algumas empresas a republicarem suas demonstrações contá-

beis. Dentre os motives que geraram as republicações, destacam-

-se:

-"( ••• ) irregularidades muito constatadas sao a

provisão e a reserva de contingência ( ••• ). Se

a origem da perda já ocorreu, a empresa pode

fazer uma provisão, mas reduzi-la da conta." de

(*) CODIFICATION DF STATEMENTS DN AUDITING STANDARDS. Re1ated Party Transactions. American Institute of:· Certified Pub1ic Accountants, 1111n01s, Comerce C1e~ring House, 1977. Sect10n 335, p. 125.

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resultado, tendo lucro ou nao. ( ••• ) Nos ba­

lanços deste ano a Kibon e as Lojas Brasilei­

ras, por exemplo, deveriam ter feito a provi­

sio e, portanto, reduzido o lucro. No momento

de pagar o dividendo, entretanto, nao o fize-

ram. ( ••• ) outro tema de polêmica ( ••• ) A

Transbrasil, por exemplo, fez a correção do

ativo com base na correçio cambial, enquanto a

legislaçio determina que seja usado o índice

de correçio monet~ria, e obteve lucro."(*)

Cabe ressaltar também a relação existente entre

23.

eviden-

ciação, materialidade e relevância. Estes elementos se completam

mutuamente e várias são as formas a serem utilizadas para medir

a materialidade, relevância ou importância de um elemento a ser

informado. Há aqueles que entendem corno material todo item cujo

valor corresponde a 10% do lucro líquido de um período: outros

defendem o ponto de vista de que a comparação deveria ser com

lucro médio de vários períodos.

Mesmo que se opte por comparar valores de um mesmo exer-

cíco para medir a importância de algum item das demonstrações,

isto não soluciona totalmente a questão. Têm-se também elementos

subjetivos ou não-quantitativos que devem ser evidenciados, e

estes nem sempre são facilmente mensuráveis.

Assim, é importante que também o auditor procure, através

do parecer, evidenciar com muita clareza e objetividade os even-

tos que julgar necessários a tornada de decisão do usuário. Para

que as informações não sejam apresentadas de forma excessiva,que

muitas vezes são desnecessárias e tendem a confundir os usuários

(*) Economia: "Erro leva CVM a mandar republicar 30 balanços". O Globo, 25 novo 1986. p. 21.

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24.

da informação, é recomendável que o auditor conheça melhor o

usuário e suas prioridades específicas.

11.2.8 - ADEQUAÇÃO DA EVIDENCIAÇÃO

Dentre as normas de auditoria geralmente aceitas, sao en-

focados aspectos que objetivam a melhor forma de evidenciação

nas demonstrações contábeis.

A clareza na apresentação das demonstrações contábeis e

imprescindível para que o usuário possa realmente utilizar essas

demonstrações como elemento de apoio à tomada de decisão, sem

que tenha que preocupar-se com possíveis interpretações errõneas

em função de informações ambíguas ou de difícil entendimento.

As informações devem ser evidenciadas no conjunto das de-

monstrações contábeis de modo que o usuário, a quem se destina a

informação, compreenda o que está sendo transmitido. Isto nao

quer dizer que as informações devam ser prolongadas a ponto de

se tornarem prolixas. "Adequação de evidenciação não deve ser

compreendida como prolixidade." (*)

Relacionando novamente a adequação das informações cons-

tantes no conjunto das demonstraçeos contábeis com o parecer de

auditoria, conclui-se que o auditor deve incluir em seu parecer

toda e qualquer informação que julgar relevante e que não foi

devidamente evidenciada nas demonstrações.

(*) CODIFICATION OF STATEMENTS ON AUDITING STANDARDS. Adequacy of Informative Disc1osure". American Institute of Certified Pub1ic Accountants. I11inois, COllunerce C1earing House, 1977, Section 430, p. 189.

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25.

O conjunto das demonstrações contábeis precisa completar­

-se por si mesmo. Uma informação essencial para o entendimento

dessas demonstrações, que não pode ser incluida no corpo das

mesmas, deve ser mencionada em notas posteriores. Entrentanto,em

alguns casos, assuntos mais complexos são mais bem evidenciados

no próprio parecer do auditor, por não apresentarem a devida

clareza em outras partes do conjunto. Há situações ainda em que

determinada informação é mais bem evidenciada no relatório da

diretoria.

As informações principais, para uma satisfatória apresen­

tação das demonstrações, de acordo com os princípios de contabi­

lidade geralmente aceitos, deveriam ser destacadas de alguma forma

entre as demonstrações contábeis (como uma inclusão nas

explicativas) •

notas

Nas situações em que a empresa se recusa a evidenciar da­

dos importantes ou incorporar estes dentre as notas explicati­

vas, caberia ao auditor independente suprir tal necessidade,

apresentando a referida informação em seu parecer, utilizando-se

de parágrafos intermediários, referenciando-os no parágrafo des­

tinado à opinião.

Nessas ocasiões, o auditor independente pode incluir es­

clarecimentos adicionais em seu parecer, o que auxiliaria sensi­

velmente a interpretação das demonstrações contábeis.

II.2.9 - SUMARIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Procurou-se atã o momento enfocar a importância da ampla

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- 26.

evidenciação nas demonstrações contábeis. Serão apresentados a

seguir alguns itens que podem ser analisados e que estão rela-

cionados com a condensação das informações.

Em geral a condensação de demonstrações contábeis é o sele

cionamento de informações e' dados pa tr imoniais que consistem em:

• apresentar as demonstrações contábeis com menor nível de deta-

lhamento, do que se estivessem perfeitamente de acordo com os

princípios contábeis geralmente aceitos.

• selecionar partes das demonstrações para detalhá-las e apre-

sentá-las entre outros elementos do conj~nto de informações,

não atendendo assim, na sua totalidade, àqueles modelos suge-

ridos pela legislação pertinente.

Segundo Robertson,

"Condensar demonstrações financeiras não cons-

titui uma boa apresentação da posição finan-

ceira, do resultado das operações e das mudan­

ças na posição financeira em conformidade com

os princIpios contábeis geralmente aceitos." (*)

11.2.10 - INFORMAC6ES SUPLEMENTARES

Grande parte das informações financeiras é divulgada pu-

blicamente em relatórios parciais durante o ano, em outros docu-

mentos informativos, que podem conter demonstrações contábeis ou

-nao.

(*) ROBERTSON, Jack C. & DAVIS, Frederick G. Auditinq. Texas, Publications, 1985. p. 757.

Busincss

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27.

Informações suplementares sao documentos preparados e pu­

blicados pela empresa. Durante o ano, as empresas elaboram pros­

pectos e demais informações que não ficam explicitas entre as

demonstrações normais, divulgadas anualmente segundo as legisla­

ções especificas. Nestas informações suplementares, as empresas

podem incluir demonstraçõ~s contábeis sumarizadas ou condensadas,

as quais apresentam menor detalhamento de dados.

As empresas podem publicar toda e qualquer informação que

desejarem, inclusive os relatórios ou quaisquer outras informa­

çoes de interesse dos acionistas. Estes tipos de informações con

tém, freqüentemente, demonstrações contábeis auditadas, e estão

acompanhadas do respectivo parecer.

II.3 - PROCESSO DE FORMULACÃO DA OPINIÃO

Este estudo teórico sobre o parecer de auditoria nao se­

ria de todo completo se não fossem abordados alguns assuntos re­

lacionados com o ,processo de formulação da opinião, que é o ele­

mento básico do parecer do auditor.

Para que os auditores possam apresentar conclusões sobre

determinadas demonstrações contábeis, é importante que sigam al­

guns passos lógicos, que constituem atividades a serem desenvol­

vidas. Isto nao quer dizer, necessariamente, que cada etapa te­

nha de ser primeiramente cumprida antes que se proceda a uma

etapa seguinte, até atingir a conclusão sobre os elementos e in­

formações examinadas.

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28.

o processo de formulação da opinião do auditor pode ser

descrito da maneira a seguir:

Orientação--- Avaliação

preliminar

dos contro­

les internos

de contabi­

lidade

Planejamento

tático dos

trabalhos de

auditoria

Avaliação Testes Substan-

dos controles

internos de

contabilidade

tivos das

transações e

demonstrações

F9rmação da --- Parecer do

Opinião Auditor

'reste de---­

aderência

referentes

aos contro­

les

Avaliação

dos resul­

tados

~ orientação ou estudo é a fase inicial do processo. É um

pré-requisito de grande importância para que o auditor atinja

efetivamente a conclusão, podendo expressar, com base nesta, a

sua opinião. Nesta fase o auditor procura inteirar-se da situa-

çao econômico-financeira, de como atua administrativamente e fi-

nanceirarnente, da estrutura industrial e das caracteristicas dos

sistemas e registros contábeis da empresa a ser auditada.

O passo seguinte do processo de formulação da opinião con-

siste em descrever uma avaliação preliminar dos controles inter-

nos de contabilidade. Esta avaliação está voltada para a detecta-

ção das possibilidades de ocorrência de erros ms vários elementos que

Adaptado de: FELIX JR., WILLIAM L. & KINNEY JR., WILLIAM R. Research in the auditor's opinion formulat~on process: state of the art. The Accounting Review, 57 (2): 246, apto 1982.

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29.

o sistema contábil compõem. E as areas que apresentam maior pro­

babilidade para ocorrência de falhas exigem da auditoria maior

preocupação e exames mais aprofundados. Isto não quer dizer que

as áreas com menos possibilidade de ocorrência de erros nao te­

nham de ser examinadas i significa apenas que esta fase auxi.lia

consideravelmente o planejamento da auditoria, pois oferece con­

dições de determinar as áreas que requerem exames mais detalha-.·

dos, enquanto outras exigem apenas exames superificiais.

A terceira etapa do processo visa planejar e traçar dire­

trizes para a coleta dos dados que vão servir de suporte à opi­

nião sobre as demonstrações contábeis e demais informações, bus­

cando-se com isso despender o menor custo possivel. O planejame~

to tático consiste basicamente na junção e determinação.dos pro­

cedimentos de auditoria aplicáveis a cada empresa. Em suma, o

planejamento tático visa ajustar os procedimentos de auditoria a

cada situação especifica.

O próximo passo a ser seguido para se concluir sobre as

demonstrações está voltado para o planejamento dos testes de ade

rência, que são aplicados aos controles internos identificados e

descritos previamente. Como complemento ao teste de aderência, o

auditor identifica também se os controles realmente sao adequa­

dos e oferecem suporte às informações; e, em caso contrário, que

evidências alternativas existem. Após a reavaliação dos contro­

les, o auditor estará pronto ou em condições para proceder aos

testes substantivos.

~ dificil apresentar-se graficamente ou em diagrama a

complexidade de o auditor aplicar e repetir naturalmente aos

controles internos o planejamento/execução/avaliação e os testes

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30.

substantivos. Até porque o auditor pode optar por aplicar testes

de aderência e testes substantivos simultaneamente.

Dentre as atividades de coleta de evidências no processo

de formulação da opinião, 05 testes substantivos, segundo men­

cionam William R. Kinney e william L. Felix,"são aqueles desti-

nados a identificar erros monetários ou erros nas demonstrações

contábeis."(*) Estes testes são aplicados·aos conjuntos de de-

monstrações contábeis, com maior aplicabilidade, nos términos

dos exercícios sociais.

Como já foi mencionado, esses procedimentos podem resul-

tar na identificação de erros monetários. E se estes erros vie-

rem a distorcer significativamente as demonstrações, é importan-

te que o auditor revise seu planejamento tático. E, ainda, caso

tais falhas sejam relevantes, elas precisam ser corrigidas. Esta

reavaliação se faz necessária em todos os componentes do conjun-

to das demonstrações contábeis.

Após concluídas todas estas etapas do processo, o auditor

deve estar em condições de emitir uma opinião em seu respectivo

parecer.

o Prof. Arthur Nardon Filho, em seu trabalho sobre pare-

ceres de auditoria, comenta:

"Um trabalho de auditoria que nao apresente as

conclusões com a segurança necessária tem, a

.nosso entender, somente duas explicações pos­

síveis: a deficiência da estrutura de contro-

les internos, ou a incompetincia do auditor.

No primeiro caso temos uma situação de parecer

(~) KINNEY, William R. & FELIX, William L. Research in the Auditor's opinion formulation processo The Accounting Review, p.245-71, Apr. 1982.

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com.negativ~ de opinião e no segundo, umn ne­

cessidade urgente de reciclagem." (-:c)

31.

Desse modo, nao haveria por que o parecer do auditor ser

expresso sem a devida clareza e objetividade.

II.4 NORMAS RELATIVAS AO PARECER UTILIZADO NO BRASIL

o auditor expressa sua opiniao através de um parecer obe­

decendo a determinadas normas usuais de auditoria, conforme se

verá a seguir.

Em geral este parecer é dividido em dois parágrafos fun­

damentais,' ou melhor, o parágrafo da amplitude dos exames, tam­

bém conhecido como parágrafo do escopo, e o parágrafo da opi­

niao. No primeiro (escopo), o auditor descreve a natureza e o

âmbito do exame realizado, e no segundo, expressa suas

sões sobre as demonstrações.

conclu

Segundo At~ie, as normas relativas ao parecer dos audito­

res indicam:

"a) o parecer deve declarar se o exame foi

reali zado de acordo com as normas usualS

de auditoria;

b) se as demonstrações financeiras foram pre-

paradas de acordo com os princípios de

contabilidade geralmente aceitos e com

uniformidade em relação ao exercício ante-

(*) NARDON FiLHO, Arthur. Pareceres de auditoria. Apostilas de aula do Curso

de Auditoria Externa. instituto dos Auditores independentes do

6ª Seção Regional. Porto Alegre, 1976. p. 88.

Brasil,

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rior, ou em relação aos períodos preceden­

tes;

c) salvo declaração em contrário, entende-se

que o auditor conside~a satisfatórios os

elementos contidos nas demonstrações fi­

nanceiras examinadas e nas notas explica­

tjv~s que as acompanham; e

d) o parecer deve expressar a opinião do au-

ditor sobre as demonstrações financeiras

tomadas em conjunto. Quando não se puder

expressar opinião sem ressalvas sobre to-

dos os elementos contidos nas

çõ~s financeiras e Ruas notas

demonstra

explic[lti-

vas, o auditor deve declarar as razões que

motivaram o fato. Em todos os casos, o pa­

recer, deve conter indicação clara e pre­

cisa da natureza do exame e do grau de

responsabilidade assumida pelo auditor."(~c)

Como o parecer é o único documento divulgado pelo

32.

audi-

tor, considerando-se que a opinião ali expressa caracteriza-se

como de responsabilidade de ordem pública, é imp8rtante que al­

guns requisitos $ejam atendidos, dentre os quais:

"Elementos básicos do relatório do auditor:

a) título;

b) destinatário;

c) identificação das demonstrações contábeis

auditadas;

d) uma referência às normas de auditoria ou

praxes seguidas;

e) uma expressão ou negativa de parecer so­

bre as demonstrações contábeis;

(*) ATTIE, William. Op. cito p. 43.

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33.

f) assinatura;

f) o endereço do auditor; e

g) a data do relatroio. 1I (*)

Para facilitar o entendimento do usuirio ã importante que

seja mantida certa uniformidade na forma e no conteúdo do pare-

cer. Assim, se o parecer for limpo, ou melhor, se nao contiver

ressalvas a respeito das demonstrações contibeis, bastam dois

parágrafos, um expressando a amplitudde da auditoria realizada e

outro apresentando a opinião do auditor sobre as demonstrações

contábeis examinadas.

Até o momento, viu-se o que deve conter um parecer sem

ressalvas; isto é, caso as demonstrações contibeis representem

adequadamente a situação patrimonial, e o resultado das opera-

ções esteja de acordo com os princípios contibeis

aceitos, em bases uniformes, bastam apenas estes dois

geralmente ,

paragra-

fos. Mas isto nem sempre ocorre, por isso foram criados mais

três tipos diferentes de pareceres:

• parecer'com ressalvas;

• parecer adverso;

• parecer com negativa de o inião.

Para que o auditor possa concluir sobre demonstrações

contábeis, é importante que tambãm leve em consideração os se-

guintes principos de ,auditoria:

"o auditor deve revisar e avaliar as conclu­

sões extraídas das provas obtidas como base

(*) INSTITUTO BRASILEIRO DE CONTADORES. Relatório de auditoria sobre as de­monstraç5es contibeis. Traduçio livre do original em ingl~s: The Auditorls report on financiaI statements. Boletim, (13): p.2, 1985.

\

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para as informações contábeis. Essa revisão e

avaliação implicam a formação duma conclusão

global sobre se:

• as demonstrações contábeis foram preparadas'

de acordo com os critérios de contabilidade

aceitáveis, que tenham sido aplicados uni­

formemente;

• as informações contábeis obedecem às regul~

mentações relevantes e às exigências estru­

turàis;

• o aspecto apresentado pelas informações con

tábeis como um todo é condizente com o co­

nhecimento do auditor sobre os negócios da

entidade; e

• há divulgação apropriada de todos os assun­

tos relevantes para a apresentação adequada

das informações contábeis.

O relatório de auditoria deve conter clara ex

pressao por escrito do parecer sobre as infor

mações contábeis. O parecer sem ressalvas mos

tra a convicção do auditor sobre todos os as-

pectos das informações contábeis e assuntos

acima mencionados. Quando for emitido um par~

cer com ressalva, parecer adverso, ou parecer

com negativa de opinião, o relatório de audi­

'toria deve declarar, de forma clara e informa

tiva todas as razoes para isso". (*)

11. 5 - TIPOS DE PARECERES UTILIZADOS NO BRASIL

11.5.1 - PARECER SEM RESSALVAS

34.

~ O tipo de parecer mais comum em virtude de companhias

(*) Ibid. p. 2.

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35.

auditadas efetuarem aju~tes sugeridos pelos auditores, visando

apresentar as demonstrações contáheis de acordo com os princí-

pios de contabilidade geralmente aceitos. Como já foi menciona-

do, este tipo de relatório sintético de auditoria, é composto de

dois parágrafos imprescindíveis a cada tipo de parecer (parágra-

fos da amplitude do exame ~ da opinião).

o parecer sem ressalvas indica de forma implícita quais

as alterações em procedimentos e princípios contábeis, ,

ou no me-

d todo de sua aplicação, bem como seus efeitos que foram adequada-

mente determinados e divulgados nas demonstrações contábeis.

11.5.2 - PARECER COM RESSALVAS

Há situações em que o auditor se vê impossibilitado de

emitir um parecer sem ressalvas sobre as demonstrações contábeis

da auditada. Isto ocorre nos casos em que a empresa efetuou al-

gum registro contábil sem atender aos princípios contábeis ge-

ralmente aceitos, 'e não concorda em ajustar suas demonstrações

contábeis de forma a corrigir o feito, distorcendo, assim, pro-

vavelmente, de forma relevante, os valores contantes das demons-

trações.

Outro fator quando relevante, que pode levar o auditor a

emitir um parecer com ressalvas, é o caso em que ele não conse-

gue obter evidências adequadas que permitam a comprovação de va-

lores apresentados contabilmente.

Em se tratando de um parecer com ressalvas, o parágrafo-

padrão utilizado para expressar a opinião deve ser alterado, com

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36.

o fim de evidenciar claramente a natureza da ressalva e o seu

efeito sobre a situação patrimonial da companhia, assim como so­

bre o resultado das operações e as origens de recursos, desde

que este efeito seja mensurável. Outra forma de evidenciar esta

ressalva seria por meio de uma referência também no parágrafo da

opinião, para uma nota explicativa ou para um parágrafo anterior

ao da opinião, que descreve claramente o fato gerador da ressal-

va.

As formas mais utilizadas atualmente para referenciar um

outro parágrafo do próprio parecer, ou alguma nota explicativa,

são através de expressões como "exceto quanto~', "sujeito a", "com

exceção de", além da própria palavra "ressalvando".

. • _.~ ! •

II.5.3 PARECER ADVERSO.

O auditor emite sua opinião por meio de um parecer adver­

so nas situações em que ele constata que as demonstrações contá­

beis não são fidedignas. Uma vez comprovado que as demonstrações

contábeis não apresentam adequadamente a posição patrimonial, o

resultado das operações ou as origens e aplicações de recursos

não estão de acordo com os princípios contábeis geralmente acei­

tos, cabe ao auditor mencionar amplamente todos os motivos de

sua decisão, assim como o reflexo desses motivos nas demonstra-

~ ções contáoeis.

As circunstâncias que levam o auditor a emitir um parecer

adverso também devem ser mencionadas num parágrafo

rio, entre o da.amplitude do exame e o da opinião.

intermediá

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37.

Não são tão freqüentes as situações que levam o auditor a

emitir um parecer adverso, pois, na maioria dos casos em que iS­

so tende a se configurar, as empresas auditadas preferem atender

as solicitações dos auditores e alteram seus métodos contábeis,

enquadrando-se nas exigências das normas e procedimentos adequ~

dos.

De acordo com Cook e Winkle, os principais motivos que

podem gerar um parecer adverso são basicamente os seguintes:

"1. inobservância dos princípios contábeis

2. d j vu 19ação j nadequada." (~.()

Estas são duas questões importantes a serem observadas

pelo auditor, tendo em Vista que podem originar um parecer ad-

verso ou uma simples ressalva no parecer, dependendo da

tância atribuída ao fato.

impor-

A princípio, isto parece ser um assunto de fácil solução,

mas não é tão simples determinar a partir de que ponto

servância de tais elementos seja relevante o suficiente

permitir apenas uma ressalva no parecer, em vez de um

adverso.

a inob-

para

parecer

Em geral são emitidos pareceres com ressalvas quando as

de~onstrações, tomadas em conjunto, são apresentações fidedignas

com exceção de alguns itens; no entanto, se esses itens fazem

com que as demonstrações deixem de ser totalmente fidedignas ,

caberá então o parecer adverso. Entende-se, assim, que as impli­

cações a respeito da relevância de fatores que conduzem o audi-

(*) COOK, Johm W. & WINKLE, Gary M. Auditoria: filosofia e técnica. Trad.

Sônia Schwarts. São Paulo, Saraiva, 1983. p. 112.

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38.

tor a emitir um parecer adverso envolvem elementos subjetivos

que podem gerar informações inadequadas, caso esta subjetividade

não seja devidamente analisada.

11.5.4 - PARECER COM NEGATIVA DE OPINIÃO

o parecer com negativa de opinião - ou negativa de pare­

cer, como é tratado por alguns autores - não é propriam0nte uma

opinião sobre as demonstrações contábeis. Identifica-se mais com

uma d0claraç~o em que o ~uditor afirma que, por um ~nico nlotivn

ou por vários, não tem condições de emitir opinião sobre as de­

monstrações contábeis tomadas em conjunto. Assim, como nos de­

mais tipos de pareceres, também neste caso o auditor menciona os

motivos que o levaram a tal conclusão a respeito das demonstra­

ções contábeis. E novamente estes motivos são claramente expres­

sos em parágrafo intermediário, que será referenciado no para­

grafo da opinião.

Ainda segundo Cook e Winkle, entre os motivos que podem

levar o auditor a emitir uma negativa de opinião, destacam-se:

"I. Falta de independência: as normas de audi­

toria geralmente aceitas exigem que os au­

ditores se mantenham independentes, real e

aparentemente. Se existirem circunstâncias

em que o auditor não seja independente em

relação ao cliente. o primeiro não pode

emitir parecer sobre as demonstrações fi­

nancei ras do segundo. uma vez que o ex.ame

não poderá ser feito em conformidade com

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as normas de auditoria geralmente aceitas.

Nesses casos, portanto, cabe um

com negativa de opinião.

2. Limitação do escopo.

parecer

3. Contingência ou incerteza material.

4. Controle interno deficiente: se a defi­

ciência do controle interno se fizer sen­

tir em todos os setores, o auditor não po­

derá formar opinião a respeito das demons-

t.rações financeiras, devendo, portanto,

emitir parecer com negativa de opinião.

5. Registros contábeis incompletos ou inade­

quados: quando a má qualida~e dos regis­

tros contábeis dos clientes tem efeito ma­

terial e amplo sobre as demonstrações fi­

nanceiras, o auditor em geral não consegue

reunir evidência suficiente para fundamen­

tar um parecer, cabendo, também af, um pa­

reçer com negativa de opinião."U')

39.

Conforme pode ser observado, a negativa de parecer é fun­

damentada em casos nos quais o auditor não obtém elementos sufi-

cientes para formar sua opinião sobre o conjunto de demonstra-

ções.

Merece, destaque, novamente, o grau de relevância que en-

volve a questão. Se a informação não for importante a ponto de

afetar a opinião a respeito da fidedignidade das demonstrações, o

auditor poderá apenas ressalvar o fato, mas, em situação contrá-

ria, a negativa de parecer é indispensável. Portanto, a subjeti-

vidade entra em cena mais uma vez, possibilitando a . divulgação

indevida de valores que podem gerar decisões também indevidas.

Uc) ld. lbid. p. 112.

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40.

II.5.5 - PARECER PARCIAL

Há situações em que o auditor constata a necessidade de

emitir um parecer adverso, ou com negativa de opinião, por con­

siderar ~ão-fidedignas apenas algumas partes das demonstrações,

ou por estas não lhes oferecerem condições de atribuir uma opi-

nião, enquanto o restante das demonstrações está de acordo com

as exigências.

Em casos como esse, eram utilizados os pareceres par-

ciais, nos quais o auditor declarava que certas partes das de-

monstrações contábeis constituiam apresentaçõ~s fidedignas, em-

bora as demonstrações tomadas em conjunto não o fossem.

,II.6 - PARECERES DE AUDITORIA UTILIZADAS NOS ESTADOS UNIÚOS

II.6.l - NORMAS RELATIVAS Aos PARECERES UTILIZADOS NOS ESTADOS

UNIDOS

As normas de auditoria diferem dos procedimentos de audi-

toria, sendo que os procedimentos relacionam-se com as práticas

e atividades, enquanto as normas estabelecem as regras a respei-

to da qualidade de atividades e objetivos a serem alcançados pe-

lo uso dos procedimentos previamente definidos.

As normas de auditoria geralmente aceitas, aprovadas e

adotadas pelos membros do AICPA, são as seguintes:

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"Norm~s gerais:

l~ A verificação é a atividade desenvolvida

ppr uma pessoa ou pessoas que tenham ade­

q~~do trêinamento técnico e çapacidape para

~lUdHoria.

~. ~m todo~ os assuntos relativos a sua ativi­

gq~e~ uma independência mental e física de=

V@ ~~r manti4a pelo a~ditor ou auditores.

~, PêV~ ~êr a.plicado o máximo 4e cuidado e ~e~

19 prof~ss!ºnal n~ rea!i~ação dos ~xam.~s ~

fip ~!aboração do parecer ou opinião.

-Nºrm~p relatiyps a execuçao do trabalho;

1, Q trabalho deve ser ad~qpad~mente planeja~

po por assistentes, estes devem ser çonve~

n!ent~mente supervisionados,

ª, p~vem ser estudados e ªva!iados o ststemp

~pntábil e o controle interno da aud~tadp,

@º~o base p~ra d~terminar a confiança q4~

nê!~S pode gêpositar, bem çomo fixar a nª=

t~r~za, a e~tensão ~ a profundidade QOs

~~ºçed!mentºs de a.uditor!p a serem ªplica.=

gos!

observa=

~3es, ~nyestigações e confirm.ações para ~u~

BQrta.+ a formulação ga opinião sobre ªs º~~

illgnE;;tqlções cçmtábeis ~xaminadas.

l, ~ pa.reç~r º~ye ~sc+ªrec~r se ªs d~mons~ra=

çº~~ çontábeis são ªpr~sentadas de açorgo

@gm OS pr!nç{pios º~ çontabilidade

m~nte ªÇ~HOSl

~, Q pa.r~çer º'v~ esç!arecer se est@s prlnçf=

pios foram o~~~rvados no exerclcio em e~a~

m~. çom uniformidade em relação ao pedogo

41.

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anterior.

3. Salvo declaração em contrário no parecer,

são considerados satisfatórios os elementos

contidos nas demonstrações contábeis exami­

nadas e nas exposições informativas anexas.

4. O parecer deve conter uma expressão da opi­

nião sobre as demonstrações contábeis toma-

das em conjunto. Quando esta opini~o -nno

puder ser expressa sobre o conjunto das de­

monstrações, devem ser apresentadas as ra--' zoes que o impossibilitaram. Em todos os

casos, o parecer precisa conter indicaç~o

precisa das características dos exames e o

grau de responsabilIdade assumIdo pelo au­

ditor." (*)

42.

Estas normas sao inter-relacionadas, interdependentes e

de grande extensão. Além disso, há circunstâncias para as quals

relacionam-se padrões ou normas que podem ser aplicados igual-

mente a diversas outras. Os elementos "relevância" e "relativi-

dade de risco" deverio ser aplicados a todas as normas e, prin-

cipalmente, àquelas referentes à execução dos trabalhos.

O conceito de relevância está muito relacionado com os

trabalhos desenvolvidos pelo auditor independente. ~ um fator de

elevada importância para sustentar a opinião do auditor sobre os

itens que são relativamente mais importantes e com maior proba-

bilidade de erros, do ~e aqueles de menor importância ou com remota

probabilidade de erros. Por exemplo, no caso de urna empresa que

possui elevado saldo de contas a receber, estas contas indivi-

dualmente são mais importantes e oferecem maiores condições para

(*) COD1F1CATION OF STATEMENTS ON AUD1TING STANDARDS. Related party transactions. Arnerican 1nstitute of Certified Public Accountants, 1llinois, Cornrnerce Clearing Rouse, 1977, section 150, p. 9 elO.

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43.

falhas e fraudes do que aquelas empresas com grande numero de

clientes cuja soma ou saldo total seja pequeno.

O grau de risco também tem grande importância com relação

à natureza dos exames. Operações que envolvem dinheiro são mais

suscetíveis a irregularidades do que os estoques; desta forma,

os trabalhos a serem des~nvolvidos na área financeira exigem

maior detalhamento e profundidade dos exames, além de maior

quantidade de testes.

A seguir serão apresentados os pareceres de auditoria

utilizados de acordo com as conclusões obtidas, apos terem sido

efetuados todos os exames nas demonstraçõ~s. Estes pareceres são

distinguidos em vários tipos, cada qual aplicável a uma circuns­

tância ap~opriada.

11.6.2 - PARECER SEM RESSALVAS

Embora as normas de auditoria geralmente aceitas pareçam

ser iguais para todos, independentemente do local onde o parecer

é emitido ou distribuído, as normas relativas ao parecer diferem

de acordo com os órgãos reguladores de cada país. Assim, um pa­

recer sobre demonstrações preparadas em conformidade com o

United Kingdon Companies Act, da Inglaterra, apresenta alguma

diferença daquele sobre demonstrações preparadas com base nos

princípios de contabilidade geralmente aceitos nos Estados Uni­

dos ou no Canadá.

Com relação ao parecer dos Estados Unidos, alguns aspec-

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44.

tos sao imprescindíveis e devem ser atendidos. Dentre estes as­

pectos destacam-se os seguintes:

O parecer deverá declarar se as demonstrações contábeis estão

apresentadas de acordo com os princípios de contabilidade ge­

ralmente aceitos.

• O parecer deverá declarar se os referidos princípios foram

aplicados no exercício atual, com uniformidade em relação ao

exercíco anterior.

• Quando não houver declaração em contrário, o conteúdo das de­

monstrações contábeis é considerado razoavelmente adequado.

• O parecer deve expressar uma opinião sobre as demonstrações

contábeis considerad~s em conjunto ou conter uma declaração no

sentido de que não pode ser dada opinião. Quando nao se pode

expressar opinião global, deve-se declarar as razões existen­

tes. Sempre que o nome do auditor estiver associado às demons­

trações contábeis, o parecer deve conter indicação precisa e

clara da natureza do exame do auditor, em todos os casos, e do

grau da responsabilidade por ele assumida.

11.6.3 - PARECER COM RESSALVAS

Conforme já foi mencionado anteriormente, para ressalvar

um parecer, o parágrafo da opinião deve ser modificado de forma

a esclarecer a natureza da ressalva. Deve especificar o objetivo

da ressalva e explicar claramente suas causas, assim como o

efeito sobre a posição patrimonial e sobre osresul~ados das ope-

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45.

-raçoes, quando esse efeito puder ser razoavelmente determinado.

Um método aceitável para esclarecer a natureza da ressal-

va e fazer menção, no parágrafo da opinião, à nota explicativa

sobre as demonstraç6es contábeis, ou a um parágrafo intermediá­

rio do parecer, se for o caso. Quando a ressalva for tão signi-

ficativa que impeça expressar opinião sobre a adequação das de-

monstraç6es contábeis, tomadas em conjunto, há necessidade de

uma negativa de opinião ou da opinião adversa.

Assim como essas regras se aplicam ao caso brasileiro,

também se aplicam à emissão de pareceres sob as normas norte-

-americanas ou canadenses.

Os motivos que podem levar um auditor, nos Estados Unidos

ou no Canadá, a emitir um parecer diferente daquele sem ressal-

vas, são praticamente os mesmos já mencionados quando foi comen-

tado o parecer com ressalvas utilizado no Brasil. Dentre estes

motivos destacam-se os seguintes:

Quando a amplitude do exame é afetada por condiç6es que impe-

çam a aplicação de procedimentos de auditoria, considerados

indispensáveis naquelas circunstâncias .

• Quando a opinião do auditor, em parte, baseia-se em parecer de

outro auditor.

• Quando as demonstraç6es contábeis sao afetadas pelo nao-cum-

primento dos princípios de contabilidade geralmente aceitos,

promulgados e estabelecidos segundo os princípios do Conselho

da AICPA.

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• Quando os princípios de contabilidade nao têm sido

consistentemente.

46.

aplicados

• Quando as demonstrações contábeis são afetadas pelas incerte-

zas de eventos futuros, cuja conseqüência não é suscetível de

razoável estimativa até a data do parecer de auditoria.

· Quando o auditor deseja enfatizar um assunto relacionado com

as demonstrações contábeis.

11.6.4 - PARECER COM NEGATIVA DE OPINIÃO

A decisão de emitir um parecer adverso, um parecer com

negativa de opinião ou apenas com ressalvas vai depender da re­

levãncia dos itens afetados. Isto é, cabe ao auditor decidir se

determinada questão é suficientemente importante, no conjunto

das demonstrações contábeis, a .ponto de levá-lo a expressar sua

opinião de forma negativa.

Assim como ocorre no Brasil, ocorre também nos Estados

Unidos, com relação a este tipo de parecer. A negativa de opi­

nião é atribuída quando o auditor não pode expressar uma opinião

sobre as demonstrações contábeis. E, neste caso, o auditor men­

cionará, num parágrafo específico do parecer, as razoes que o

levaram a tal conclusão, além de destacar outros fatos que pos­

sam estar em desacordo com os princípios de contabilidade geral­

mente aceitos.

A negativa de opinião é apropriada quando o auditor, por

algum motivo, deixou de efetuar os devidos exames que o habili-

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47.

~ariam a formar sua opinião sobre as demonstrações. Ao emitir,

então, o seu parecer, o auditor deve ser o mais claro e objetivo

possível, ao indicar, em parágrafo específico, qual foi a limi­

tação na amplitude ou no âmbito dos seus exames e verificações.

II.6.S - PARECER ADVERSO

Como já foi mencionado, ao se abordar o parecer

utilizado no Brasil, nos Es:tados Unidos e no Canadá ele

se caracteriza pelo elevado grau de importância do fato

qual a opinião do auditor está em desacordo.

adverso

também

com o

Este tipo de parecer em geral é utilizado nos casos em

que as demonstrações contábeis não apresentam, adequadamente, a

situação patrimonial e/ou os resultados de suas operações, e/ou

mutações do seu patrimõnio líquido, e/ou as o~igens e aplicações

de seus recursos de acordo com os princípios contábeis e demais

normas de contabilidade já promulgadas.

De forma idêntica a que ocorre no Brasil, quando o audi­

tor expressa sua opinião de forma adversa, ele deve destacar cla

ramente em parágrafo separado, em seu parecer, a principal ou

principais razões que o levaram a tal conclusão. Caso os efeitos

possam ser razoavelmente determinados, estes devem ser apresent~

dos. Devem ser destacadas também as reservas ou restrições que

o auditor julgar necessárias, caso tenha observado algum descum­

primento dos princípios de contabilidade geralmente aceitos.

Outro fator que nao pode ser esquecido pelo auditor é a·

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48.

referência, no parágrafo da opinião, com relação ao parágrafo

que destaca os motivos de sua conclusão.

11.6.6 - PARECER PARCIAL

o parecer parcial ou piecemeal opinion, como é denominado

nos Estados Unidos, possui características semelhantes nos dois

países. É uma forma de expressar a opinião apenas sobre alguns

itens do conjunto das demonstrações contábeis, e tem sido utili­

zado quando o auditor não pretende expressar sua opinião de for­

ma negativa ou adversa, com relação a todos os elementos do con­

junto das demonstrações.

Mas, segundo apresenta o Codification of Statements on

Auditing Standars, nos Estados Unidos, este tipo de P?recer tam­

bém não é aconselhável.

~"Porque os pareceres parciais tendem a obscu­

recer ou contradizer uma negativa ou uma

opinião adversa, eles são inapropriados e não

devem ser utilizados em situação alguma" (*)

11.7 - GRAU DE RELEVÂNCIA DA INFORMACÃO

Quando um auditor emite seu parecer, as informações ima-

teriais ou de menor importância podem ser de certa forma ignora-

(*) Id. ibid. section 509, p. 209-27.

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49.

das, ou então consideradas de menor risco, não recebendo a aten­

ção destinada aos elementos mais relevantes.

Contudo, quando uma informação se torna relevante, a opi­

nião relatada pelo auditor é afetada. Com relação à opinião nos

parec~res, esta também se baseia na teoria do menor ou maior

grau de importância no conjunto de demonstrações contábeis.

Entende-se por este grau de relevância quando o item em

questão é importante a tal ponto que surge a necessidade de uma

maior evidenciação por parte da empresa informante,

quando o parecer deve ser claro sobre o mesmo.

ou então

Medir quantitativamente a relevância não é tâo difícil,

embora não constitua solução para o problema. Uma informação po-

de ser considerada relevante nas seguintes condições:

· Importância: a quantidade de valores envolvida é uma caracte­

rística para sua importância. A extensão da relevância pode

ser analisada em termos de valores absolutos ou em relação a

outros valores das demonstrações contábeis.

• Incerteza do resultado: um evento cuja ocorrência é natural e

mais importante do que aquele cuja ocorrência seja simplesmen­

te possível ou remota.

• Probabilidade de erro: uma área das demonstrações contábeis

que ofe~ece maior risco (por exemplo: contas a receber) exige

maior atenção do que outra de funções rotineiras, com transa­

ções que envolvem valores irrelevantes.

• Habilidade do auditor: se um auditor pode emitir a sua opi-

nião, ou se necessita convocar a perícia de outro profissional

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50.

habilitado, e outro fator importante e deve ser evidenciado no

parecer. C6mo exemplo, temos os casos de avaliação de estoque

de diamantes ou de reservas minerais, que exigem habilidades

que normalmente o auditor não possui.

Grandes impactos nas demonstrações contábeis: sao itens que

podem afetar significativamente uma determinada conta. Erro na

avaliação dos estoques, por exemplo, afeta os custos dos pro­

dutos, aumenta o lucro líquido, o imposto de renda, os impos-

tos sobre vendas, além da própria conta de estoques. Tais

itens afetam profundamente as demonstrações, por isso devem

ser tratados de forma diferente daqueles com efeitos isolados

e limitados.

Normalmente é emitido um parecer com ressalvas quando o

item-problema é de pouca significância. Mas quando o grau de re­

levância é muito elevado, deve ser emitido um parecer adverso.

Para melhor avaliar-se o efeito da importância de uma

questão sobre o parecer do auditor, o quadro 1 apresenta algumas

das circunstâncias que costumam ocorrer e que podem levar o au­

ditor a emitir um parecer segundo os diferentes tipos.

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Circunstâncias que

alteram o parecer

normal do auditor.

Dimensão de rele­

vância

• Limitação da am­

plitude do exame

• Opinião sobre da-

51.

Quadro 1 QUADRO ANALÍTICO DE RELEVÂNCIA

Requer um tipo de parecer

Menor relevância

Ressalva do tipo "exceto quanto".

Referência no parágrafo da opi­

nião do possível efeito nas de­

monstrações contábeis.

Maior relevância

Negativa de parecer

Parágrafo separado evi­

denciando a limitação-

-referência dos proce­

dimentos não executados

Parecer sem ressalvas

dos parciais ou pa- Evidenciar no parágrafo da amplitude do exume e re[e-

recer de outro au-

ditor

renciarno parágrafo da opinião os pareceres de outros

auditores

• Descumprimento dos Ressalva do tipo "exceto quanto"

princípios de con- Parágrafo separado evidencian­

tabilidade geral- do as razões substantivas e os

mente aceitos princípàis efeitos~

• Descumprimento das Ressalva do tipo "exceto quanto"

normas e pronun­

ciamentos ofi­

ciais ou legais

Parágrafo separado evidencian­

do as razões substantivas e os

principais efeitos

Parecer adverso

Parágrafo separado evi-

denciando as razoes

substantivas e os

principais efeitos

Parecer adverso

P~rágrafo separado evi­

denciando as razoes

substantivas e os

principais efeitos.

• O auditor não é in- Negativa de parecer

dependente o sufi- O parágrafo da amplitude do exame deve explicitar que o

ficiente para emi- auditor não é suficientemente independente a ponto de

mitir sua opinião emitir uma opinião a respeito das demonstrações contábeis

• Incerteza

• Importância do

assunto

Ressalva do tipo "sujeito a"

Parágrafo separado evidencian­

do as razões substantivas

Negativa de parecer

Parágrafo separado evi-

denciando as

substantivas

Parecer sem ressalvas

Parágrafo separado evidenciando o assunto

razoes

Adaptado de: ROBERTSON, Jack C. & DAVIS, Frederick G. Auditing Publications, Texas, 1985. p.680.

Business

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52.

Em fevereiro de 1984, a Comissão de Valores Mobiliários

(CVM), através da Instrução Normativa n9 31, apresentou o que co~

sijera relevante e que deverá ser divulgado pelas empresas de ca-

"Art. lQ - Considera-se relevante, para os

efeitos desta instrução qualquer

deliberação da assembl~ia geral ou

dos órgãos de administração da com-

panhia aberta, ou qualquer outro

ato ou fato ocorrido nos seus nego­

cios." (>',)

Vários são os aspectos que podem verificar-se nos nego-

cios de determinada companhia de capital aberto, e que devem ser

divulgados para que o usuário tome suas decisões. f: importante

que o auditor responsável pela auditoria destas empresas tenha

conhecimento dos fatos para divulgá-los através do seu parecer,

caso a empresa não o faça.

-A CVM relaciona várias modalidades de atos ou fatos rele-

vantes que devem ser divulgados, conforme verifica-se a seguir:

"a) mudanças no controle da companhia;

b) fechamento de capital da companhia;

c) incorporação, fusão, cisão. transformação

ou dissolução da companhia;

d) mudanças significativas na composiçao do

ativo da companhia;

e) reavaliação dos ativos da companhia;

f) alteração nos direitos e vantagens dos va­

lores mobiliários emitidos pela companhia;

(*) DELAPIEVE, Ant5nio. Legislaç50 sobre mercado de capitaIs. InRtruç~o CVM n. 31. 6. ed., Rio de Janeiro, Comissão Nacional de Bolsas de Valores. 1986. p. 760.

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(*) Id. ibid. 761.

g).desdobramento de ações ou atribuições de

bonificações;

h) aquisição de ações da companhia para per­

manência em tesouraria ou cancelamento, ou

alienação dessas ações;

i) lucro ou prejuízo apurado nas demonstra-

ções financeiras da companhia e a atribui­

ção de dividendos;

j) atraso no pagamento de dividendos ou pers­

pectiva de alteração na distriuição de di­

videndos;

1) celebração ou extinção de um contrato sig-

nificativo para a companhia, ou o insu-

cesso na sua realização, cuja expectativa

de concretização era de conhecimento -pu-

blico;

m) requerimento de concordata, de falência.ou

a propositura de ação contra a companhia

que, se vier a ser julgado procedente,pos­

sa afetar a sua situação econ5mico-finan-

ceira;

n) produção, em escala industrial, comercia­

lização ou desativação de um produto que

possa repercutir de modo expressivo no de­

sempenho da sociedade;

o) qualquer descoberta, mudança ou desenvol­

vimento na tecnologia ou nos recursos da

companhia que possam vir a alterar signi­

ficativamente os seus resutlados;

p) qualquer outro ato ou fato relevante de

caráter político-administrativo, técnico,

negociaI ou econômico-financeiro, que pos­

sam produzir qualquer um dos efeitos pre­

vistos no artigo lQ." (*)

53.

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54.

II.8 - CONTINUIDADE NORMAL DAS ATIVIDADES

Serão comentados, neste item, alguns elementos que podem

influenciar a opinião do auditor independente a respeito da con-

tinuidade normal das empresas auditadas.

Entende-se, a princípio, que ao surgirem, durante o curso

normal dos exames de auditoria, elementos comprobatórios que

possam colocar em risco a continuidade normal das atividades, ou

que evidenciem a possibildiade de paralisação parcial ou total

~ das atividades operacionais, o auditor deve mencionar isto cla-

ramente no parecer.

A CVM, através da Instrução normativa nO 38, item VII do

art. 50, determina:

"Ao emitir o parecer de auditoria, o auditor

independente deve apresentar num par~grafo

destacado, a opinião a respeito da continuida­

de normal dos negócios da empresa auditada,

quando houver risco iminente de paralisação

total ou parcial de suas atividades operacio­

nais. Tal opinião só deve ser expedida quando

comprovados os fatos em que esteja baseada,

atendo-se o auditor exclusivamente aos aspec­

tos t~cnico-cont~bies da questão, quanto aos

efeitos dos ajustes que se fizerem

sários." (*)

neces-

Quando se fala em IIrisco iminente ll, pensa-se na probabi-

lidade de algo estar prestes a acontecer. O problema está em co-

mo medir esta probabilidade de ocorrência, pois o fato de a em-

(*) Id. ibid. p. 795.

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55. presa apresentar demonstrações contábeis que indicam um estado

de futura insolvência não significa, obrigatoriamente, que esta

empresa esteja à margem de uma paralisação total.

Alguns elementos podem ser utilizados para avaliar o ris­

co de uma possível paralisação:

"a) Os planos de gerência para reagir às con­

dições adversas. Deve-se dar ênfase aos

planos que possam ter um efeito significa­

tivo nas operações futuras;

b) Discussio com a alta gerincia da empresa

sobre as projeções, particularmente UH

proj eções de caixa, relevantes em relação

aos planos de gerincin. Os pressupostos

mais significativos devem ser analisados e

verificados quanto à sua razoabilidade;

tendências c) Os problemas de liquidez com

negativas, tais como prejuízos

cionais continuas, deficiências e

de giro, projeçio de caixa negativa

opera­

capital

nas

operações e indicadores financeiros adver-

sos;

d) Se hi inadimplincia em contratos de em-

préstimos, debintures ou similares, atra­

sos no pagamento de dividendos, restrições

ou corte de crédito por parte de fornece­

dores, plano de capitalização em atraso e

necessidade de pesquisa de novas fontes ou

métodos de financiamento;

e) Informações internas que possam suscitar

dúvidas quanto à continuidade operacional,

como por exemplo, perda de elementos-chave

de administraçio ou pessoal de operações,

interrupções de trabalho ou dificuldades

~om empregados, dependência substancial do

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~ucesso de um projeto especIfico e compro­

missos a longo prazo anti-econômicos;

f) Informaçõe~ externas que possam suscitar

d~vidas quanto i continuidade operacional,

como por exemplo, processos judiciais, le­

gislaçio ou assuntos similares que possam

prejudicar a habilidade da empresa em ope­

rar; perda de uma licença ou patente; per­

da de um fregu~s ou fornecedor principal;

catistrofes nio seguradas, tais como es­

tiagem e enchentes." (*)

56.

Enquadrando o aS12ecto da mençao de existência de risco

iminente de paralisação total ou parcial,nos modelos de parece-

res atualmente utilizados, poder-se-ia concluir, a princípio,que

o mais adequado seria a ressalva do tipo "sujeito a", o que nao

impede, em função da significância do assunto, que o auditor

emita um parecer com negativa de opiniâo, ou até adverso, desde

que fique bem claro o motivo da opção.

11;9 - PROBLEMAS RELACIONADOS COM OS PARECERES DE AUDITORIA

NO BRASIL

A importância das informações contábeis entre os investi-

dores do mercado financeiro mobiliário é indiscutível. Por este

e outros motivos, e importante que essas informações se apresen-

tem de forma real e mais adequada possível, para que as decisões

(*) INSTITUTO BRASILEIRO DE CONTADORES. Normas e procedimentos de -auditoria. Continuidade normal dos neg6cios da empresa auditada. Boletim, (5):2, 1985.

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57.

tomadas com base nelas nao resultem em prezuízos para os usuá-

rios. Portanto, as demonstrações contábeis são instrumento de

grande valia, pois espelham, ou deveriam espelhar, a real situa-

-çao em que as empresas se encontram.

Guilherme Velloso, em artigo publicado pela revista Exa-

me, comenta:

"( ••• ) um dos fatores que mais devem pesar na

cotação de uma ação é a própria situação da

empresa que a emitiu. Se a empresa vai bem,

isso deveria se refletir nos resultados que

apresenta e, portanto, na cotaç~o de suaR

aç~es, e vice-versa. Só que nem sempre é as­

sim. Muitas vezes, recorrendo a certos artifí­

cios contábeis, as empresas conseguem alterar

o resultado de suas operações lançadas no ba­

lanço." (*)

o que foi mencionado deve ser eliminado por aqueles que

elaboram e revisam demonstrações contábeis e que, constantemen-

te, são levadas ao público como informação real, fidedigna, pois

estão endossadas ,por um parecer de auditoria.

Há casos em que demonstrações contábeis sao elaboradas

com toda a seriedade possível, e são devidamente examinadas por

auditores que tomam o máximo cuidado para não cometer deslizes.

Mas mesmo assim ocorrem falhas e, nesses casos, existe ainda um

terceiro elemento que também zela pelo bom funcionamento do mer-

cado de capitais. Trata-se da Comissão de Valores Mobiliários,

(*) CVM, um zelo que merece ser apoiado. Entrevistados por Guilherme Ve110so: Octávio Costa e Antônio Félix. Exame, (353):3, 11 jun. 1986.

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58.

que por diversas vezes solicitou as devidas correçoes e acertos

de demonstrações incorretas e, quando necessário, as respectivas

republicações.

Embora as republicações pareçam eliminar os problemas que

possam ser gerados por demonstrações contábeis irregulares, is-

to não é assim tão simples.

Segundo Martins:

"Divulgado o balanço um invetidor pode comprar

ações de uma certa empresa, com base na saúde

financeira exibida. Passados alguns meses, ve

O balanço republic&do. e nele, os exuberantes

lucros transformados em retumbantes prejuí­

zos." (*)

Mesmo assim, nao deixa de ser um método que Vlsa minirni-

zar os inúmeros problemas causados por informações contábeis

elaboradas incorretamente.

As constantes mudanças econômicas ocorridas no País nao

deixam de ser um problema que pode, em alguns casos, prejudicar

a qualidade das 'informações, ocasionando interpretações erro-

neas.

Stephen Charles Kanitz comenta, com relação a atuação da

CVM:

"Se o rigor da CVM começa a dar maior transpa-

rência aos balanços, existem ainda

pendências em razão do surgimento do

Cruzado." (**)

algumas

. Plano

(*) Efeitos difíceis de medir. Entrevistados: Eliseu Martins, Alfredo Mar­tins de Oliveira, Roberto Gherrize e outros. Exame, (353) :35,11 jun. 1986.

(**) O metro de 90 centímetros. Entrevistado: Stephen Charles Kanitz. Exame, (353):39, 11 jun. 1986.

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<,'

59.

Muitos dos problemas ocorridos com demonstrações contá-

beis guardam alguma relação com a capacidade e o treinamento dos

elementos que desempenham as funções tanto de elaboração quanto

de revisão. ~ tranqüilisador saber que há um orgao específico

que possa revisar as demonstrações contábeis e que tenha autori-

dade para solicitar os devidos acertos e aplicar as punições ca-

bíveis. Entende-se, desta forma, que tanto o contador como o au-

ditor devem se conscientizar das implicações que envolvem de-

monstrações contábeis publicadas inadequadamente:

"Quando a CVM se dá conta de que está mandando

a quarta ou quinta carta para o mesmo auditor,

fica claro que pode estar havendo, pelo menos,

inipcia. E na medida em que a CVM 86 pode pu­

nir com base em inquiritos formais, abre-se um

inquéri.to." (*)

Presume-se que a função e o objetivo da CVM nao seja

abrir inquéritos, nem tampouco prejudicar a imagem de profissio-

nais da área contábil. O que realmente deve ser de conhecimento

geral é o fato de as informações contábeis servirem como elemen-

to-base para tomada de decisões, que podem culminar em grandes

prejuízos para o usuário, caso estas demonstrações estejam in-

corretas.

(*) REVISTA SENHOR SA. -Coçhilos de auditores. Entrevistado: Carlos Drumond. Senhor, (47):10, 7 abra 1987.

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I

,;

CAPITULO lI! - METODOLOGIA DA PESQUISA

_.

111.1 - INTRODUCÃO

Levando-se em consideração as características e os propo-

sitos dc~te estudo, optou-se por desenvolv~-lo em duas etapas

distintas: levantamento da literatura e estudo de caso.

Escolheu-se esta forma de execução porque ela permite,

inicialmente, conhecer vários e relevantes aspectos que envol-

vem o assunto a ser estudado e, em seguida, fazer uma comparação

entre a teoria e a prática, isto é, verificar se a opinião men-

cionada no parecer do auditor revela realmente a situação patri-

monial expressa nas demonstrações contábeis da respectiva empre-

sa.

Segundo Gomes,

"Uma das vantagens de se estudar diversos ca-

80S - além da possibilidade de se criar tipo­

logias - é que se pode identificar diversas

variáveis contextuais ou situacionais, permi­

tindo comparações com a teoria. Isso significa

que os estudos de caso (em geral estudos de

processos) podem ser codificados em termos de

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alguma teoria que especifica relações entre

estruturas e processo ou entre vários estágios

no processo." (*)

61.

Como um dos objetivos deste estudo é investigar a relação

existente entre os atuais modelos de pareceres utilizados no

Brasil e a teoria que envolve a questão, percebe-se que o método

utilizado se ajusta ao problema.

o estudo de caso, segundo Simon,

"( ••• ) é o método de escolha quando você dese­

ja obter riqueza de detalhes acerca do assun­

to. Você comumente deseja tais detalhes quando

nao conhece exatamente o que está procurando.

O estudo de caso é então apropriado quando vo­

cê está tentando achar indícios e idéias para

pesquisas futuras." (**)

Conforme está exposto no item relativo à importância do

estudo, no capítulo I. , uma das justificativas para a utilização

do trabalho fundamenta-se na carência de pesquisas nesta area.

Isto faz com que parte dos aspectos abordados na dissertação

possam servir como fonte para outros trabalhos e estudos simila-

res.

~II.2 - DEFINIÇÃO DAS PERGUNTAS DA PESQUISA

A pesquisa visa responder três questões básicas:

(*). GOMES, J. S. Um estudo exploratório sobre controle gerencial em empr_e­sas estatais brasileiras. :rese de doutorado. Rio de Janeiro ,COPPEAD/UFRJ, 1983. p. 62.

(**) SIMON, J.L. Basic research methods in social science. New York, Randon House, 1969 •. p. 276.

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62.

1. Existemdiferençasue formato e de conteúdo entre pareceres de

auditoria emitidos no Brasil e os praticados em outros paí­

ses?

A resposta a essa questão deverã determinar a semelhança

que poderã haver entre os pareceres emitidos no Brasil e em al-

guns países, enquanto o~tros poderão ser totalmente diferen-

tes, comprovando, de certa forma, o fato de que a opinião do au­

ditor pode ser expressa de diferentes formas, desde que satisfa­

ça ao usuãrio da informação. Em outras palavras, é importante,

independentemente da forma de sua elaboração, que o parecer es-

teja evidenciando de maneira adequada, justa e plena, o seu

jetivo.

ob-

2. Quais os principais problemas encontrados nos pareceres dos

auditores no Brasil?

Como resposta a esta pergunta, pretende-se apresentar os

principais problemas ocorridos ultimamente no Brasil com relação

aos pareceres emitidos equivocadamente. Estes pareceres, na

maioria dos casos, implicam à republicação de demonstrações con­

tãbeis, quando estas nao estiverem expressando corretamente a

situação patrimonial das empresas.

Serão enfocados também, com relação a esta pergunta, as

causas que levam as empresas a republicar suas demonstrações. Um

aspecto que serã bastante discutido nesta fase está relacionado

com os pareceres, com ou sem ressalvas, a respeito do compromen­

timento quanto à continuidade normal dos negócios das empresas

auditadas.

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3. Qual tem sido a atuação da CVM toda vez que sao

problemas nos pareceres de auditoria?

63.

encontrados

Acredita-se que a CVM, como orgao regulador das informa-

ções relacionadas com as companhias de capital aberto, exerça

adequada fiscalização sobre demonstrações contábeis por estas

publicadas. Nos casos em que tais informações são levadas ao co­

nhecimento público de maneira a prejudicar a correta interpreta­

ção dos usuários, é importante que a CVM interfira e solicite o

imediato acerto e republicação das respectivas demonstrações, ou

faça com que o auditor, em seu parecer, evidencie os

relevantes não apresentados clara e objetivamente.

III~3 - PLANO DE REFERÊNCIA

aspectos

Delineia-se neste item o plano de referência a partir do

qual foram definidas as perguntas básicas do estudo.

Conforme foi mencionado no capítulo I, a falta de pesqui­

sas sobre os' pareceres de auditoria, de certa forma, recomenda a

realização de estudos explorat6rios que objetivem:

a) conhecer e comunicar a existência de vários métodos possí-

veis, que um auditor possa utilizar para expressar sua opi­

nião sobre demonstrações contábeis tomadas em conjunto;

b) analisar a importância da evidenciação nestes modelas, e a

forma como eles são emitidos, permitindo ao usuário uma boa

interpretação;

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c) verificar como os órgãos regulamentadores

64.

~as publicações

feitas por companhias abertas vêem o aspecto da clareza e ob­

jetividade nos pareceres de auditoria.

Esse plano de referência, em termos conceituais, utiliz~

-se de fundamentos teóricos obtidos na literatura até então co­

nhecida no Brasil. Além disso, foram consultados : informativos

periódicos da área contábil publicados nos Estados Unidos.

Como forma de comparação dos vários modelos de pareceres

pesquisados, servirão como balisamento os elementos básicos que

um parecer de auditoria emitido no Brasil deve conter, segundo a

literatura.

III.4 - MÉTODO DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados necessários à efetiva realização desta

pesquisa fez com que fossem mantidos contatos com a CV~, para

obtenção das informações necessárias a constatação dos princi­

pais problemas ocorridos com pareceres de auditoria.

O método utilizado não exigiu a realização de questioná­

rios, pois os dados necessários foram coletados em arquivos de

possível acesso, disponíveis na CV~.

Com o auxílio de alguns funcionários da CVM, foram obti­

das muitas informações sobre os pareceres de auditoria emitidos

no Brasil que não atendem as exigências básicas dos respectivos

usuáriQs. Foram revisados todos os arquivos disponíveis e que,

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65.

de certa forma, complementaram as informações colhidas em jor­

nais e revistas quanto aos problemas ocasionados por pareceres

de auditoria.

Ainda na CVM, obteve-se uma lista das principais distor

coes causadas por demonstrações contábeis elaboradas inadequada

mente, cujos pareceres nada evidenciavam a respeito.

Para o estudo das principais diferenças entre os parece­

res de auditoria utilizados no Brasil e no exterior, foram uti­

lizados manuais e publicações internas das firmas Arthur Young

Auditores Independentes S.C. e Arthur Andersen S.C., assim corno

o livro Manual europeo de revisi6n contable, de Francisco Que­

réndez.

As traduções dos principais modelos de pareceres utiliza­

dos na Alemanha, Ãustria, Holanda, Espanha, Portugal, França Iu­

goslávia, Bélgica, Itália e Inglaterra foram colhidas do traba­

lho "O relat6rio de auditoria externa independente", do Pref. AI

berto Almada Rodrigues. E as traduções dos modelos utilizados

nos Estados Unidos e Canadá foram extraídos do Manual de Relat6-

rios, da firma Arthur Young Auditores Independentes S.C.

~II.5 - TRABALHO DE CAMPO

Çoncluida a revisão da literatura sobre os vários aspec­

tos que envolvem o parecer de auditoria, foi desenvolvido o tra­

balho de campo. Inicialmente foram revistos os vários itens de­

finidos no projeto de pesquisa. Através de contatos pessoais e

,

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66.

telefônicos, procurou-se o nome das pessoas capacitadas a res-

ponder ou a orientar parte do acesso aos arquivos, colocados a

disposição pela Superintendência de Normas Contábeis da CVM. Es­

ses contatos foram muito valiosos, porque possibilitaram um

acesso fácil aos arquivos disponíveis, agilizando consideravel­

mente a coleta de dados.

Cabe ressaltar, também, que a atenção dispensada pelos

funcionários altamente capacitados da CVM fez com que o resulta­

do da coleta de informações fosse razoável e sem maiores difi­

culdades.

A seguir foram colhidas informações que serao analisadas,

possibilitando obter conclusões a respeito dos atuais modelos de

pareceres utilizados no Brasil atualmente. Foi colocada a dispo­

sição, mas apenas para leitura, correspondência enviada e rece­

bida pela CVM e algumas companhias abertas, assim como firmas de

auditoria.

Durante o exame das informações constantes dos arquivos,

as dúvidas surgidas eram prontamente eliminadas pelos funcioná­

rios da CVM, que prestavam todo o apoio possível. Também na CVM

foram obtidas cópias de conjuntos de demonstrações contábeis,cu­

jas empresas teriam se tornado inadimplentes ao ponto de terem

decretadas as respectivas concordatas. Estas demonstrações ser­

viram para comprovar a dificuldade de ier evidenciado, no pare­

cer de auditoria, o aspecto continuidade normal dos negócios da

empresa auditada.

Algumas demonstrações foram colhidas em outras organiza­

çoes, como a Fundação Getulio Vargas. Esta, por sua vez, através

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67.

de departamento especializado em anãlises econ6mico-financeiras,

fornecem cópias de demonstrações publicadas que não foram loca­

lizadas na CV~L

Terminados os trabalhos de campo, foram remetidas corres­

pondências agradecendo tanto aos funcionários da CVM quanto aos

de outros órgãos, pela grande atenção por eles dispensada.

~II.6 - ANÁLISE DOS DADOS

o esquema analitico constou da descrição dos casos estu­

dados, e tendo em vista o seu pequeno nÚMero, bem como a nature­

za exploratória deste trabalho, não houve necessidade de serem

utilizados métodos auxiliares na atividade de tabulação de da­

dos.

Os dados coletados foram analisados de forma conjunta,

possibilitando a ~ealização de um confronto entre a forma de uti

lização dos' pareceres de auditoria atualmente, no Brasil, e aqu~

les modelos amplamente discutidos no capitulo 11. Também foram

confrontados os principais modelos de pareceres utilizados no

Brasil e aqueles emitidos em outros paises.

Para melhor visualização das principais diferenças encon-

tradas entre os vários modelos de pareceres, foram elaborados

quadros comparativos, que visam demonstrar as divergências exis­

tentes na forma e no conteúdo dos pareceres.

Com relação aos principais problemas encontrados nos pa­

receres dos auditores, no Brasil, foram descritos alguns que se·

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68.

destacam pela maior incidãncia. No capitulo V, estes problemas

sao analisados a luz da literatura especifica, com descrição de

sua ocorrãncia e as possiveis implicações relacionadas com cada

caso em particular. Observa-se, no enta~to, em quase todo o tra­

balho, que a atuação da CVM tem sido de grande relevância, uma

vez que grande parte dos problemas divulgados foi por ela detec­

tada e corrigida.

III.7 - LIMITACÕESDA PESQUISA

Tratando-se este trabalho também de um estudo de casos,

foi adotada a metodologia sugerida pela literatura sobre métodos

científicos em pesquisa social. Torna-se evidente que o método

utilizado limita os res~ltados obtidos aos casos pesquisados,não

podendo aplicar-se a outros além dos mencionados. Ainda assim, é

recomendável toda cautela possivel, uma vez que não se pode ga­

rantir que as observações realizadas pelo pesquisador tenham si-

do capazes de c6brir todos os fatores importantes,

por estudos desta natureza.

requeridos

Os aspectos que envolvem a questão e o atual estágio em

que se encontra a literatura sobre o assunto podem ter limitado

o campo de observação. Por mais abrangente que tenha sido o tra­

balho de revisão de arquivos, ainda assim não houve meios de

preencher todas as lacunas, pois nao havia dados estatísticos ou

arquivos devidamente organizados que possibilitassem um ordena­

mento dos dados a serem pesquisados.

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69.

Com reli1ç3.o demonstrações contáb(~is necessárias a uma

perfeita 2nálise dos dados, chi1ma-se a atenç50 para o fato de a

CVM ter em disponibilidade apenas as demonstrações das compa-

nhias abertas, referentes ao 6ltimo poriodo social (1986), pois

as anteriores encontravam-se em fase de microfilmagem há aproxi-

madamente um ano, sem prcvisâo de prazo para conclus5o .. ·

Finalmente, a car~ncia de estudos sistemáticos e verifi-

caçoes empiricas sobre o assunto pode ser considerada como uma

grande limitação a este estudo.

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CAPfTULO IV - RESULTADOS OBTIDOS

IV.l - INTRODUCÃO

Neste capítulo serao apresentadas as informações obtidas

durante a coleta de dados na CVM, tendo em vista as perguntas ob­

jeto da pesquisa anteriormente formuladas.

O capítulo está dividido em três partes. Na primeira se­

rao discutidos os vários aspectos divergentes entre os modelos

dos pareceres de auditoria utilizados no Brasil e nos Estados Uni

dos em confronto com os demais modelos pesquisados. Na segunda p2-E.

te serão apresentados alguns dos principais problemas encontrados

com relação aos pareceres de auditoria emitidos no Brasil e, na

terceira, serão comentadas as principais providências tomadas pe­

la CVM quando são encontrados problemas nos pareceres de audito­

ria, publicados juntamente com o conjunto das demonstrações contá

beis das companhias abertas.

Devido ã escassez de literatura específica referente aos

vários modelos de pareceres de auditoria emitidos no exterior, de

um modo geral, foram enfatizadas apenas as diferenças encontra-

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71.

das na forma e no conteúdo dos principais modelos utilizados em

alguns países.

Em face a inexistência de arquivos específicos contendo

dados estatísticos e cronológicos dos principais problemas en­

cohtradosnospareceres emitidos no Brasil, optou-se por apresen­

tar os casos de maior repercussão nos últimos três anos, ou se­

ja, no período de 1985-87.

Como a atuação da CVM apresentou, em 1985 e 1986, grande

ascensão quanto ao controle da qualidade das informações contá­

beis publicadas, serão enumeradas na terceira parte deste capí­

tulo apenas as providências tomadas por esté órgão, neste perío­

do. At~ porque na~ se encontraram comprovações de providências

formais qu~ teriam sido tomadas pela CVM em períodos anteriores.

As análises e interpretações feitas neste capítulo serao

complementadas no capítulo seguinte. Procurou-se de cerfa forma,

apenas relatar os fatos ocorridos, complementando-os com algumas

análises que se fizeram necessárias no desenvolver da redação.

Grande parcela dos resultados obtidos poderá ainda ser mais bem

compreendida atrav~s dos comentários feitos no capítulo que com­

preende o sumário e as conclusões da pesquisa.

IV.2 - COMPARACÃO ENTRE OS PARECERES UTILIZADOS NO BRASIL E NOS

ESTADOS UNIDOS E AQUELES UTILIZADOS EM OUTROS PAíSES

Conforme se ohserva nos tipos de pareceres constantes do

anexo , há grande semelhança entre os modelos usados no Brasil

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72.

e aqueles utilizados nos Estados Unidos. Isto dispensa maiores

comentários, uma vez que todos os modelos adotados foram bastan-

te discutidos no capítulo destinado à revisão da literatura.

Verifica-se também que o auditor, tanto no Brasil como

nos Estados Unidos, disp5e de vários métodos para expor sua opi-

nião, bastando saber util~zá-los adequadamente.

Com relação ao parecer limpo, ou sem ressalvas, nao há

~ maiores problemas e não devem surgir maiores preocupaç5es por

parte do auditor. Os problemas surgem a partir do momento em que ,

deve ser emitido um parecer com ressalvas, adverso ou com nega-

tiva de opinião. ~ neste momento que entra em cena o aspecto da

subjetividade, freqüentelLlente atribuído à análise do auditor,

pois ele Pode optar por um parecer adverso ou apenas com ressal-

vas, dependendo do grau da relevância que envolve o assunto.

Para ampliar um pouco mais o confronto dos modelos de pa-

receres utilizados, apresenta-se no quadro 2 uma comparação da

forma e do conte6do dos pareceres mais utilizados no Brasil em

relação a alguns países.

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73

Quadro 2

CoIIparação da for.à e do conteÚdo dos pareceres de auditoria

L _____ L ____ ~~----~----~~----~-----~-----~-p-o-r-t-u-8-a_l_~_F_r_a_n_~_~I_I_~_O_._I~{~~ ~I~ ~ I_~~ 1. Título Há ident1fi- Há identifi-

cação cação Há identifi­cação

Há indicação da expressão "Visto de Cert.lfic:ado"

Há indicação da expressão "Atestado de revisão"

Há indicação Há indicação da palavra da palavra IIInforme" "Relatório"

Há indicação da expressão "Relatório Geral sobre as contas"

Há ind Lca­ção da eX­pressão "Comis3ão de Revi­são"

Há indicaç!o Há apenas NÃo há UII da expressa0 uma declara'" tItulo es­"Relatório ção aprovan- peclfico sobre a mis- do o baIan" são de fis" ço. Não há calização UIII t! tulo

específico

Há indica­ção da ex­pressão "Certifi­cado"

2. De.tinatá- Há ident1fi- Há identifi- Há identifi- Há idendfi- Há ident1fi- Há idendfi- Há ldentifica- Há identifi- Há identi- Há identifi- Há identifi- Há identi- Há idenU-cação cação cação cação ,ão cação ficaçÃo cação cacÃo ficação flcacão rio cação cação

3. Identifi­cação das demons­trações contábeis auditadas

são mencio- são menciona­nadas as da - das as da tas tas corres- correaponden­pondBlltes ao tes ao fiai fiJll dos pe- dos períodOS dodos audi- auditados tados

Á o.piniÃo do Henciona ape- Henciona que Há mer:!ção de auditor nas: "Situa- foi feita \IIIIa opinioes se­abran8~ ape- ção. de fim de revisão na. parada. para nas o ultimo ano" contas do cada demons-exerdcio exercido de tração

19 •••

4. Referenda Há referên­às normas cia às nor­de audito-. lias de audi­ria ou toria geral­pr~es se- mente acei-

Há referência Não hã clara às normas de referência auditoria ge- quan~o às rallle:nte normas de aceitas auditoria

Não há indi- Não há indi-cação cação

Não hã indi­cação

guidas tas

5. Declaração de que as demonstra­ções re­presentam ou não a posição patriAo­nial e fi­nanceira da eçresa auditada

6. Declaração de qua as d.....,n.tra­çõe. con­tábeis exaainadas foraJI ou não elabo­rada. de. acordo com 08 princí­pios con­tábei. ge­ralaente aceitos, aplicados COlO uni­formidade coa o exercício anterior

Há declara­ção para •• datas cor­responden­tes ao fiJll doa períOd08 auditad08

Há dec laração para as datas corresponden­tes ao fiJll dos perÍOdos auditados

Há declara­ção para 88 datas cor­respondentes ao fiai do períOdO

Não há indi­cação

Há declara- Há declaraçÃo Há declara- Não há nenhu­çãO de que de que a! de- ção de que ...... indicaçÃo. as dellOns- IIDnstraçees as demona- Henoiona ape­trações con- contÁbeis es- trações con- nas: "E8tão tãbeia estão tão de acordo tãbeis estÃo cenfon.e a. de acordo COll oa prin- de acordo prescrições coaa 08 prin- c{pios contá- com 08 prin- legais" cIpios con- beis geral- c!pios con-tábeis ge- mente acei- tÃbeia ge-ralmente tos, com uni- ralllente acei tos t com formidade ao acei tos, sem uniformidade períOdO an- contudo fa-ao per{odo terlor zer referen-anterior eia à uni­

formidade COlO o pedo­do anterior ao exame

Há menção de que aa de­DIOn8traçõe8 dão UII8 iIIa­ge .. fiel da • i tuaçÃo fi­nanceira e de resulta­do. da apre­aa

Há menção . de que o balan­ço da situa­ção corres­pende à rea­lidade con­tábil, sendo 08 dadoa exatos e ve­rÍdico.

Não hã indi- Não há indi-cação cação

Há oenção das datla corres­pon lentes as da >natrações audltadas

Há referência soa princIpios ger !li8 que re­gem a perita­gem

Há 'lenção de que as dellOn.­tra,;ões "Mos­trai verdadei­ra.!.nte a po­siç,ie finan­ceira da so­eleltade

Há \Ieclaração de que ''O ba­lan(;o geral e a c,'mta de sa­nhou e perda. refaetea o .,­va..mto nos UVl'08, &scr!­turados segun­do na bases coni:abUI. ti­cu· e as di.­poa ~,~óes da lei; e sem al­ter{lçÃo sens!­vel i ao plano adaí:)tado no ano} anterior

Há menção detalhada dos vários demonstrati­Vos audita­dos

Há menção Não há men­apenas de ção clara, que o tl'a- refere-se lanço au- apenas às ditado, con tas, li-resul ta da vros t atas e contabil1- correspon-dade da dênc1a empresa

Há menção às Há menção Há identi­demonstra- das demons- ficação ções apre- t.rações au-sentadas 1n- ditadas clusive os seus totais e o lucro

Não há indi - NÃo. há in- Há referên­cia às Dor­DIlUI de con­trole geral­mente acei­tas e utili­zada8

Não há indi- Não hã in- Não há in­dicação cação dicação

Não há men­ção espec!­fica à si­tuaçãopa­trillonial e financeira da ellpresa

Não. há de­claração vinculada a princí­pios con., tÃbeis

Não há in­dicação.

Não há in­dicação

eação das dicaç:ã.o DOnasS de das normas auditoria de audito-utilizadas ria utili-

~ada8

Há menção de Não há indi- Não há in- Há lIIenção q':!" o rela- cação clara dicação de que as torio e as a respei to clara a de80nstra-contas tra- da situação respeito da çÓes dão duzeJa de _- patrÍllOnial situação nA verda-neira fiel e e financeira patrÍllOnial deira e correta a da aoditada e financ:ei - razoável evolução d08 ra t embora vi.ão da negÓCio.. da .ncione a situação sociedade concerdÃn- do8 negÕ­

cia das de- cios da mnatraçõe. eo.panhia" àa pre8cri - ea deter­çÓe. legais Irlnada da­e estatutÁ- ta

Não há indi­caçÃo. ou de­clara~Ão vinculada a princIpiol contábeis

Não há indi­cação ou de­claração vinculada a princlpi08 contábeis

rias

Rã indica- Não há in­ção de que d1ca~ão .", ~ns- quantO·.,8 tra~óe. en- princ!pies contra-se contábeis. de acorde Menciona cc. Da 11- apeou • n08 08 que a8 io-quaia in- f ...... çõu clU811 180- contÁbeis ~ntol de estÃo de fOt1la clara acordo cc:a e conforme 'aquelas o. princ! - requeridas pio. da re- pela lei guiar idade da. socie­formal" dades anõ-

niaa. de 1948

7. Data do Parecer

Há identifi- Há identifi-cação cação

Há !dentif1- Há !dentifi- Há !dentifi- Há !dentifi- H! j:dentifica- Há !dentifi- Há id!!nti- Há !dentifi- Há !dentifi- Há id!nti- Há id!nti-caça0 caça0 caça0 caça0 çao: caça0 fieaçao caça0 caça0 flcacao ficaçao

8 • Aud itor ou empresa de auditoria responsá­veis pelo parecer

Hã indicação da empresa e do auditor, CIC e CRC

Hã indicaçÃo. da empresa e do aUdito.r, CIC e CRC

Há indicação da empresa e do auditor, eIC e CRC "") lT#'

~"iS' ,

Há indicação de quem assi­na o parecer (assinatura) e da ... presa de aud itor ia

Há indicação da fima de revisão

Há indicação Há j .nd1caçáo Há ident1fi­de quem ass! - de c lueta 48sin.-cação na e da firma de auditoria

Há indica­ção de quell 8881-na o pare­cer

Há ident1fi­cação de que. aS8ina o parecer e da emprela de auditeria

Há indicaçÃo Há indica­do colegiado ~ão doa de cenlores revi.ore.

ou doa coai •• á­rlos da. coat ••

Há identi­ficação

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74.

IV.2.1 - PARECER NO CANADÁ

Embora os pareceres utilizados no Canadá apresentem ca-

racterísticas muito semelhantes às daqueles utilizados nos Esta-

dos Unidos, há algumas diferenças no padrâo de linguagem. Al~m

disso, os pareceres emitidos no Canadá nâo estabelecem que a

opinião do auditor deva abranger dois períodos, mesmo quando as

demonstrações contábeis forem apresentadas sob forma comparati-

va.

o manual do Canadian Institute of Chartered Accountants,

com relação ao parecer sobre demonstrações contábeis comparati-

vas, estabelece:

liA opinião do auditor sobre o exercicio

rente só pode ser considerada extensiva

outros exercícios incluídos para efeito

cor-

aos

de

comparaç~o, se isto estiver especificamente

declarado no parecer. Entretanto, mesmo no

parecer que deixe de declarar que a opinioo

n~o é extensiva, os leitores das demonstrações

contábeis podem supor que os auditores tenham

expressado opini~o sobre os exercícios ante-

riores. Essa suposiç~o não pode ser fundamen­

tada quando no parecer do exercício anterior o

auditor tenha manifestado reservas quando as

demonstrações contábeis anteriores foram exa­

minadas por outros auditores; e quando tais

demonstraç;es n~o tenham sido auditadas. Quan­

do as demonstraç~es contábeis forem apresenta­

das de forma comparativa e o parecer de audi­

toria anterior tenha tido ressalvas. ~ apro­

priado mencioná-las no parecer atual". (*)

(*) CANADIAN INSTITUTE OF CHARTERED ACCOLJNTANTS.

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75.

IV.2.2 - ALEMANHA E ~USTRIA

Os pareceres de auditoria utilizados na Alemanha e na

Âustria não se identificam com os pareceres brasileiros e norte­

-americanos. 2 um tipo de parecer bastante sucinto, que nao faz

mençao a princípios contábeis, à situação patrimonial e finan-

ceira da empresa auditada, ou a normas de auditoria

aceitas.

geralmente

Os auditores destes países emitem sua opinião apenas vol­

tada para os aspectos legais, ao mencionar apenas que os documeg

tos de fechamento e o relatório de gestão serão conforme as

prescrições legais.

IV.2.3 - HOLANDA

Na Holanda, ã emitido um "Atestado de revisão" no qual o

revisor das contas, como é denominado o auditor, ã livre

redigir seu relatório de auditoria como melhor entender.

para

Considerando este fato, o ~t8stado de revisão é um docu­

mento que pode revestir-se de diferentes maneiras, não guardando

formas ou conteúdos imprescindíveis, como o cumprimento às nor­

mas de auditoria e aos princípios contábeis, como no caso brasi­

leiro.

Na maioria dos casos, os auditores fazem mençao ao fato

de as demonstrações apresentarem ou não uma imagem fiel da si­

tuação financeira e dos resultados da auditada.

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76.

IV.2.4 ESPANHA

Na Espanha, a opinião sobre as demonstrações contábeis e

divulgada através do Informe, o qual assegura ao usuário a vera­

cidade dos elementos que compõem o conjunto de demonstrações.

Não há uma clara evidência das normas de auditoria utili-

zadas ou de alguma vinculação a princípios de contabilidade.

Trata-se apenas de garantir ao público que os valores constantes

das peças contábeis estão realmente de acordo com a contabilida­

de.

IV.2.5 - PORTUGAL

o relatório, como é denominado em Portugal o parecer do

auditor, identifica as demonstrações contábeis auditadas e as

bases utilizadas para este trabalho, ou seja, a concordância dos

trabalhos com os princípios gerais que regem a peritagem.

Também é mencionado no relatório que as demonstrações

mostram verdadeiramente a posição financeira da sociedade, e que

os livros foram escriturados segundo as bases contabilísticas e

as disposições legais, com ou sem alteração, em conformidade ao

ano anterior.

Nota-se, desta forma, alguma semelhança entre o

brasileiro e o de Portugal.

parecer

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77.

IV.2.6 - FRANCA

Na França, o "Relatório geral sobre as contas" evidencia

a opinião do auditor a respeito de itens específicos, como li-

vro-caixa, carteira de títulos e valores de inventários, relató-

rio do Conselho de Administração, a conta de lucros ou perdas

(resultados). No Brasil, estes itens são englobados no parecer

quando este se refere as demonstrações contábeis.

Com relação às normas de auditoria utilizadas e aos prin-

cípios contábeis, nada é mencionado claramente no parecer fran-

-ces.

IV.2.7 - IUGOSLÁVIA

A opinião da comissão de revisão nomeada para examinar o

balanço das empresas na Iugoslávia atém-se basicamente a decla-

rar que o balanço encerrado em determinada data resulta da con-

tabilidade da respectiva empresa.

Isto distancia por demais os modelos de pareceres deste

país dos utilizados no Brasil.

IV.2o'S - BÉLGICA

e enviado à assembléia geral das empresas auditadas na

Bélgica um relatório sobre a missão de fiscalização geral con-

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~

78.

fiada a determinada firma. Neste relatório é feita uma menção às

normas de controle geralmente aceitas e aos procedimentos de au­

ditoria que pareçam ao auditor os mais indicados nas circunstân­

cias.

t mencionada também, neste relatório, a opinião do audi­

tor a respeito dos instrumentos contábeis examinados, se estes

traduzem ou não, de maneira fiel e correta, a evolução dos nego-

cios da sociedade.

Com relação aos princípios contábeis, nada e

claramente.

lV.2.9 - ITÁLIA

mencionado

Na Itália, é emitida e enviada a assembléia geral ordiná­

ria das empresas auditadas uma declaração de um grupo denominado

"Colégio de Síndicos", na qual são aprovados os itens do Ativo e

do Passivo, das Receitas e Despesas, apresentados na própria de­

claração.

Nesta declaração nao sao identificadas as normas de audi­

toria utilizadas, a opinião do colegiado sobre as demonstrações

representarem ou não a real situação patrimonial e financeira,e

também não há evidência de algum vínculo a princípios de conta­

bilidade.

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79.

IV.2.l0 - SUlCA

Também na Suíça é enviada à assembléia geral das empresas

auditadas uma declaração sem'lma denominação específica, que e

emitida por elementos chamados "comissários de contas", que

apresentam os totais do balanço e do resultado, bem como o lucro

anual.

Esta declaração e uma espécie de instrumento de aprovaçao

do ativo, do passivo e da determinação e distribuição do resul­

tado, por estarem de acordo com as prescriç6es legais e estatu­

tárias.

IV.2.ll - INGLATERRi

Na Inglaterra sao emitidos pareceres que também guardam

grande semelhança com os pareceres brasileiro e norte-americano.

O que nãd é claramente identificado no parecer ingl~s e

a refer~ncia as normas de auditoria, pois mencionam apenas que

obtiveram todas as informaç6es e explicaç6es necessárias para

os objetivos da auditoria, segundo seus julgamentos.

Mencionam também, com respeito ao balanço e a demonstra­

ção de resultado, que estes se encontram de acordo com os livros

contábeis e que, segundo a lei das sociedades anônimas daquele

país, estas demonstraç6es dão a verdadeira e razoável visão da

situação dos negócios e do resultado do ano encerrado naquela

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80. data. Não fica claro, desta forma, o atendimento a determinados

principios contábeis.

IV.3 - PROBLEMAS ENCONTRADOS COM RELAÇÃO AOS PARECERES DE AUDI­

TORIA EMITIDOS NO BRASIL

Os meios de comunicação frequentemente estão divulgando

fatos ligados às demonstrações contábeis que, de certa forma, são

reflexos de erros contábeis. Estes erros fazem com que a CVM

exija, em alguns casos, a republicação das respectivas demons-

trações.

Iy.3.1 - RESSALVAS COM RELACÃO À CONTINUIDADE DAS EMPRESAS

Um fator bastante discutido diz respeito diretamente aos

pareceres de auditoria, ou seja, está vinculado à obrigação do ,

auditor de apresentar, em parágrafo destacado, a opinião a res-

peito da continuidade normal da companhia quando houver risco

iminente de iliquidez ou insolvência.

A Gazeta Mercantil, em abril de 1984, publicou um artigo

relacionado com a discussão dos auditores a respeito da ressalva

em parecer, sobre risco de falência. Neste artigo são menciona-

dos casos de escândalos financeiros que resultaram na insolvên-

cia de empresas, cujas demonstrações contábeis nada evidenciavam

anteriormente.

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"Analistas consultados por este jornal acredi­

tam que a proposta formulada pela CVM respon­

deu ~ reaçio do mercado com escindalos da

Delfim e da Coroa-Brastel, entre outros. Nos

dois casos, os grupos quebraram pouco tempo

depois de seus balanços terem sido divulgados,

sem que houvesse ressalvas quanto ~ continui­

dade". '<*)

81.

As opiniões de alguns profissionais da área sao contrá-

rias a proposição da CVM, e entendem que não caberia ao auditor

mencionar em seu parecer a situação da empresa auditada. Isto

seria função dos analis~as de mercado. Outros classficariam esta

questão sob o ponto de vista de que a função do auditor deve ir

além do simples exame das transações e da garantia da veracidade

das demonstrações:

"o futuro da empresa não é com o auditor, -e

com o analista de mercado ( ..• ). A função do

auditor nio ~ s6 examinar as transaç;es da em-

presa auditada do ponto vista legal, mas tam­

b~m do gerencial ( ..• ). É preciso enxergar a

empresa com olhos de empres~rio e ir al~m do

momento do fechamento do balanço." (**)

Opinar sobre a continuidade normal dos negócios de deter-

minada empresa envolve aspectos de incerteza, e é muito difícil

determinar até que ponto esta empresa tem ccndições de se recu-

perar, ou nao.

Em muitos casos, a continuidade de uma empresa nao depen-

de exclusivamente dela. Pode haver casos em que a companhia au-

(*) Legislaçio. Auditores discutem a ressalva sobre risco de Gazeta Mercantil, abro 1984. p. 29.

(**) Ibid. p. 29.

falência.

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82.

ditada apresente bons resultados e uma razoável situação de li-

quidez na data do encerramento do exercício. Mas, por um motivo

qualquer, o Governo resolve impor uma carga tributária maior

àquela atividade ou ramo, o que levaria a empresa à insolvência.

Como o auditor poderia prever e evidenciar isto em seu parecer?

Outro caso difícil. de ser mensurado com relação a conti-

nuidade ou não é o fato de uma das empresas de determinado grupo

encontrar-se em dificuldades financeiras a ponto de t~r impedida

a continuidade normal de suas atividades, mas sem chegar a in-

solvência, porque a empresa-mae resolve saneá-la com novos re-

cursos. Se neste caso o auditor tivesse emitido um parecer com

ressalvas, prevendo a descontinuidade, ele estaria distorcendo

os fatos, ~ a empresa se encontraria em dificuldades ainda maio-

res, pois tanto fornecedores como instituições financeiras lhe

dificultariam as negociações.

TRANSBRASIL S.A.

Os dados a seguir, em milhares de cruzeiros, foram ex-

traídos das demonstrações contábeis de 31 de dezembro de 1983,

publicadas no jornal Gazeta Mercantil, de 17 de abril de 1984,

página 17:

DADOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Ativo circulante

Passivo circulante

Capital circulante negativo

Financiamentos a longo prazo

Prejuízo do exercício

Variação cambial ativada ou direta

63.573.770

91.238.671

27.664.901 .==========

226.061.721

1.325.408

17.375.608

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83.

Recursos gerado~ pelas operaçoes 5.188.078

Redução do capital circulante 26.471.961

Dividendos pago~ no exercicio 406.560

o vencimento dos financiamentos classificados no passivo

exigível a longo prazo, conforme demonstrado em nota explicati-

va, irá requerer recursos de 33.364, 21.481 e 20.691 milhões de

cruzeiros, respectivamente em 1985, 1986 e 1987. A essa exibi li-

dade deve-se acrescentar os recursos para o serviço da dívida.

lNTERPRETAÇOES

A incapacidade de·gerar recursos próprios e o montante

dos desembolsos a midio prazo, para serviço e amortização das

dívidas a longo prazo, prenunciam que a insuficiência de capital

circulante ~oderá não ser uma dificuldade temporária se a deman-

da para os serviços de transportes aireos continuar inibida nos

próximos semestres.

OPINIÃO DO AUDITOR

Qual a opinião que o auditor deverá expressar em face do

risco iminente deiliquidez da Transbrasil S.A?

ClA. DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO

<" Os dados a seguir foram extraídos das demonstrações con-

tábeis de 31 de dezembro de 1983 e 1982, publicados no jornal

O Estado de são Paulo, em 17 de abril de 1984, página 33, em mi-

lhares de cruzeiros:

DADOS DAS DEMONSTRAÇOES CONTÁBEIS

Ativo circulante 6.401.177

Passivo circulante 107.493.024

Capital circulante negativo 101.091. 847 ===========

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Renda operacional bruta

Custo dos serviços prestados

Prejuízo do exercício

Recursos obtidos com aumento capital

Empréstimos a longo prazo

Aplicações no ativo permanente

Recursos consumidos nas operaçoes

Diminuição do capital circulante líquido

Empréstimos a longo prazo pagáveis até 1991

Parcelas de empréstimos a utilizar

Aumento do capi tal autorizado, ainda não subs­

crito

INTERPRETAÇOES

84.

22.386.678

29.382.410

56.515.083

33.608.770

25.910.389

94.124.604

44.189.450

78.894.897

334.297.817

14.869.494

280.000.000

Capital circulante negativo, com poucas perspectivas de

superação em face das operações dificitárias, que absorvem re­

cursos. Fluxo de numerário insuficiente para serviço e amortiza­

ção dos empréstimos a longo prazo. Continuidade das operaçoes

impossível sem auxílio de recursos de fontes externas.

OPINIÃO DO AUDITOR

Como o auditor deveria especificar o aspecto da continui­

dade no seu parecer de auditoria?

Como pode ser observado, a questão de ressaltar ou nao,

no parecer, as condições de continuidade das empresas auditadas

é bastante polêmica e deve ser profundamente analisada. Mas isto

não pode servir de subterfúgio àqueles auditores que apenas abs­

têm-se do fato emitindo pareceres limpos ou sem ressalvas, po­

dendo causar prejuízos ainda maiores do que os já mencionados.

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85.

Em virtude da diverg~ncia de opiniões e visando evitar a

omissão do fato, por alguns profissionais de auditoria, a CVM

coloca em estudos e regulamenta posteriormente a atuaçâo da ati-

vidade de auditoria independente no âmbito do mercado de valores

mobiliários.

IV.3.2 - SIGILO DE DOCUMENTOS

A instruçâo CVM nO 38, de 13 de setembro de 1984, deter-

mina no item VIII do artigo 40 que o auditor deve colocar a dis-

posiçâo da CVM todos os documentos, papéis de trabalho e relató-

rios que servirem de base à emissão do parecer de auditoria.

"Art,4Q, item VIII· dar acesso i fiscalizaç~o

da ÇVM a todos os seus

documentos que serviram

de base i emissão do pa=

reCer de auditoria." (!~)

Tendo em vista es~a instruçâo ter origem no princípio da

ampla abertura das informações ao público e aos orgaos fiscali-

zadores, alguns auditores conçordam Gom O determinado, uma vez

que seja adequadamente definida a amplitude desta abertura.

Como a relação entre auditor e empresa auditada, segundo

as normas específicas que regulam a atividade profissional do

auditor, deve ser estritamente confidencial, a abertura dos pa-

péis de trabalho de auditoria ã CVM poderia, de algum modo, pre-

judicar este sigilo.

(*) . DL ..... ~IEVr" Ant'ônio. ].-efislação __ sobr~.,E1_ercado de _capitais. n. 38. 6. ed. Rio de J neiro, Comissao Nacional de Bolsas

--'1986:~p~ 760.,

Instrução CVM de Valores,

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86.

Os papéis de trabalho sao o conjunto de formulários e do­

cumentos contendo informações e apontamentos coligidos pelo au­

ditor no decorrer do exame, as provas por ele realizadas e, em

o muitos casos, a descrição dessas provas, que constituem o teste­

munho do trabalho executado e o fundamento da sua opinião. Em

função disso, alguns profissionais e sócios de firmas de audito­

ria entendem que os papéis de trabalho servem para comprovar o

trabalho do auditor, e não os atos da administração da

auditada.

empresa

Em auditoria, o papel de trabalho é urna anotação particu­

lar do revisor que quase sempre contém informações sigilosas a

respeito dos negócios, bem corno de natureza profissional. Por

esta razão, deve ser mantido sob urna guarda rigorosa, pois pode

comprometer a segurança das empresas e até de métodos ou crité­

rios do contador.

IV.3.3 - REPUBLICACAo DE BALA~COS

As republicações de demonstrações contábeis de companhias

abertas têm sido intensificadas desde 1985 e 1986. Isso verifi­

cou-se em função de a CVM ter mantido um acompanhamento das pu­

blicações das companhias obrigadas legalmente a tais divulga­

çoes.

Grande parte dessas republicações foi necessária, pois

as respectivas demonstrações estariam de alguma forma deturpando

as informações nela constantes.

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87.

Numa entrevista concedida à revista Senhor, em março de

1987, Eliseu Martins· mostra a evolução no 'acompallhamento às com-

panhias abertas, exercido pela CVM:

"No prim('iru élllO, tr;lb;J]1!nlllos com base em

<111108 t ragen~->. Em 86, élcompanhamos todns as com­

panhL1s abcrt:ls. Compnréllldo-se o ntímero de en\-

presas que er.1m pcsquisadas individualmente,

ve-se que as republicaç;es caíram de 10% do

total para um<1 faixa de 3% a 4%." (*)

Na maioria dos casos, a deturpação das informações ocorre

em função de erros na elaboração das demonstrações cont&beis.Fa-

tores como estes colocam em dúvida a capacidade de muitos dos

profissionais da área cont&bil. A ocorrência desses erros guarda

uma grande relação com as constantes mudanças na legislação, que

surtem efeito nas demonstrações cont&beis. Como ~xemplo disso

têm-se os vários dispositivos legais emitidos tanto pela CVM co-

mo pelo Banco Central e pela Receita Federal.

Em julho de 1986, a revista Exame publicou um outro arti-

go a respeito dos artifícios utilizados por companhias abertas

que, de alguma forma, distorciam sensivelmente os resultados.

Neste artigo ~ apresentado um quadro demonstrando o resultado de

várias empresas, antes e depois da republicação solicitada pela

CVM, em função dos erros contábeis incorridos.

(*) REVISTA SENHOR S.A. A tlSin.1gem da inforU\3ç:1o. Entrevistado: Eliseu Mar­tins. Senhor, (1,5):14, 2L, mar. ]987.

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.,

88.

OS LUCROS ANTES E DEPOIS

(A mudança nos resultados, com as datas do primeiro e do segundo

balanço; em Cz$ milhões)

EMPRESAS PUBLICAÇÃO REPUBLICAÇÃO

Data Lucro líquido Data Lucro líquido

Zanini 3/85 6,8 7/85 (13,2)

Azevedo & Travassos 4/85 0,2 7/85 ( 1,7)

Engesa 4/85 31,3 11/85 13,1

Eletrodigi 4/85 5,7 10/85 4,1

Teba 5/85 1,7 10/85 1,7)

Kibon 12/85 27,8 3/86 26,0

Transbrasil 2/86 123,5 4/86 68,6

Eluma 3/86 15,9 5/86 10,0

TOTAL 212,9 85,2

Fonte: Os truques dos balanços. Entrevistados: Eliseu Martins, Alfredo Mar­tins de Oliveira, Roberto Gherrize e outros. Exame, (353):32-42, 11 jun. 1986.

Dentre os vários motivos que levaram estas empresas a re-

publicar seus balanços destacam-se: contabilização inadequada da

realização da reavaliação; utilização da variação cambial para

atualização do ativo permanente-imobilizado; reavaliação de bens

registrados no ativo circulante, como estoques, por exemplo;não-

-contabilização da despesa de depreciação; contabilização como

reserva de contingência, quando o correto seria a título de pro-

visão.

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89.

Estes casos nao sao facilmente detectados, o que faz mui-

tos investidores acreditarem que as empresas apresentaram lucros

formidáveis, quando na realidade isto nao ocorreu. Neste momento

é que deveria agir o auditor, fazendo com que o usuário das de-

monstrações contábeis não fosse iludido e tomasse decisões equi-

vocadas com base em informações distorcidas.

No Brasil, as empresas que venham a" publicar erroneamente

suas demonstrações são apenas obrigadas a corrigir o erro e re-

publicar suas informações contábeis. Nos Estados Unidos as im-

plicações são mais sérias, podendo a empresa ter suspensa a ne-

gociação de suas ações, sem mencionar o fato moral em jogo, que

afeta tanto a empresa informante quanto a firma de auditoria,ca-

so esta não tenha evidenciado o fato.

Um dos entrevistados da revista Exame mencionou que todos

os pareceres ressalvados nos Estados Unidos sao previamente sub-

metidos a um órgão especializado idêntico à CVM no Brasil,

posterior divulgação:

"Igua1mentei:lcomuns sao as ressalvas em ba-­

lanços. Elas só ocorrem depois de discutidas

com a SEC (Securities and Exchang

Commission), a similar da CVM. Mesmo assim,

têm de estar baseadas em motivos técnicos, o

que e1mina a falta de controles internos ou de

critérios contábeis corretos, algo ainda comum

no Brasi1." (*)

para

Conforme pode ser verificado até o momento, obter demons-

trações contábeis mais confiáveis tem sido um dos principais ob-

(*) Os truques dos balanços. Entrevistados: E1iseu Martins, Alfredo Martins de Oliveira, Roberto Gherrize e outros. Exame, (353):32-42, 11 jun.1986.

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90.

jetivos da CVM, sem mencionar os outros órgãos relacionados, co-

mo o Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON), que emite

seus pareceres sobre as normas a serem seguidas por auditores e

contadores; como a Secretaria da Receita Federal e o Banco Cen-

traI. ,

Com relação à Receita Federal e ao Banco Central, a CVM

procura manter um entendimento para que estes nao

procedimentos capazes de deturpar as demonstrações

introduzam

contábeis.

Desse modo, é importante que os auditores se conscientizem dos

problemas, com o intuito de evitar que casos idênticos aos já

mencionados anteriormente, voltem a ocorrer:

"( ••. ) a adesão dos auditores à litiura contá­

bil é fundamental. Um balanço deve, em princí­

pio, espelhar a real situação da empresa. E o

parecer dos auditores é - ou deveria ser - uma

espécie de certificado de garantia de que as

demonstrações estão em ordem." (*)

A CVM parece estar cumprindo sua função ao exigir que as

demonstrações inadequadamente elaboradas venham a ser republica­

das. Mas não cessa aí o problema; cabe também às empresas e aos

respectivos auditores estarem atentos às informações que possam

chegar ao usuário externo:

(*) Ibid. p. 42

(**) Ibid. p. 42.

"o problema maior, contudo, está nas republi­

cações em que a CVM identifica problemas e o

parecer do auditor, não." (*,.<)

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91.

Há casos comprovados em que a CVM exigia a republicação

de demonstrações contábeis, por algum erro constatado, e o res-

pectivo parecer de auditoria nada evidenciava. Isto pode ocorrer

por negligência do auditor, ou por conhecimento dele julgando a

questão irrelevante para uma ressalva:

"Na republicação do Balanço da Kibon, o pare­

cer da empresa de auditoria Price Watherhouse

dizia que as retificações eram 'não-significa-

tivas'. Na primeira publicação, aliás, a

Price não fazia qualquer ressalva sobre a

transformação de provisões (de contingência)

em res~rvas. Procurada pela Exame, a Prlcc u~o

quis falar sobre o assunto." (*)

Enfim, todos estes fatos marcam profundamente a área con-

tábil. E aevidenciação , elemento imprescindível a todo conjunto

de demonstrações, é facilmente esquecida, gerando informações

desacreditadas e sem nenhuma finalidade para o usuário. Isto de­

ve ser evitado por aqueles que atuam na área, pois só assim as

demonstrações contábeis estarão transmitindo com segurança a

real situação patrimonial das empresas, e evitarão situações dú­

bias ou escamoteadas.

IV.3.4 - PROBLEMAS DETECTADOS PELA CVM

IV.3.4 - AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES

A empresa Borella S.A. Indústria e Comércio publicou suas

demonstrações contábeis encerradas em 31.12.84, mencionando em

(*) Ibid. p. 42.

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92.

nota explicativa que seus estoques teriam sido avaliados com ba­

se no § 39, do art. 14, do Decreto-lei n9 1598.

Na opinião da CVM, este procedimento tem aplicação exclu­

siva para fins tributários, e contraria o disposto no art. 183,

lI, da Lei n9 6.404, que determina como base para avaliação dos

estoques o custo de aquisição ou produção; além disso, é um pro­

cedimento conflitante com os princípios de contabilidade geral­

mente aceitos, que pode conduzir à supervalorização dos estoques

e dos resultados da companhia.

Como o Exacto Auditoria Sociedade Civil nada ressaltou a

respeito, em seu parecer de auditoria datado em 13.2.85, a CVM

solicitou que fossem implantados os respectivos controles inter­

nos, possibilitando a integração da contabilidade de custos aos

demais registros e controles contábeis.

O mesmo fato ocorreu com as demonstrações contábeis da

Glasslite S.A. Indústria de Plásticos, levantadas em 31.12.84, e

com as demonstrações da Granimar S.A., encerradas em 31.12.85,

cujos pareceres, datados de 18.3.85 e 31.1.86, respectivamente,

nada evidenciavam a respeito.

IV.3.4.2 - A NÃO-CONTABILIZACÃO DA DESPESA DE DEPRECIACÃO

Nas demonstrações contábeis encerradas em 31.12.84 pela

Azevedo & Travassos S.A., a CVM constatou que as despesas de de­

preciação de máquinas e veículos, bem como o resultado de equi­

valência patrimonial da controlada Azevedo & Travassos Petróleo

S.A., não tinham sido contabilizados.

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93". A firma de auditoria Audifisco - Auditoria Fiscal e Con-

tábil S.C. nada ressalvou a respeito quando emitiu sua opinião

sobre essas demonstrações, através do respectivo parecer da au­

ditoria, datado em 26.3.85.

IV. 3.3.4 - ATUALI ZACÃO DO AT I VO It~OB I LI ZADO cm~ BASE NA VAR I ACÃO

Foi constatado pela CVH que a Transbrasil S.A. Linhas Aé­

reas, ao elaborar suas demonstrações contábeis encerradas em

31.12.85, corrigiu parte do seu ativo imobilizado com base na

variação cambial, e imobilizou os juros relativos ao financia­

mento de bens importados.

No parecer de auditoria emitido pela Sotec-Aud Auditores

Independentes S.C., datado em 28.1.86, não há qualquer referên­

cia quanto à incorreção dos procedimentos acima referidos. As­

sim, foram solicitados esclarecimentos à firma de auditoria, bem

como a republicação das respectivas demonstrações.

IV.3.4.4 - DIFERIMENTO DA VARIACÃO CAMBIAL

A Glasslite S.A. Indústria de Plásticos ao elaborar suas

demonstrações contábeis encerradas em 31.12.84, diferiu as va­

riações cambiais decorrentes dos ajustes das obrigações em moe­

da estrangeira, ao invés de considerá-las como um encargo do

exercicio em que ocorreu a alteração cambial.

O entendimento da CVM a respeito do assunto é que tal di­

ferimento, mesmo fundamentado em legislação do imposto de renda,

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94.

constitui inobservância dos princípios de contabilidade geralmeg

te aceitos.

No caso específico da Glasslite S.A. Indústria de Plásti­

co, o diferimento da variação cambial ocorrido no exercício de

1983, teve como consequência a superavaliação do Patrimônio Lí­

quido em 31.12.84, no montante aproximado de Cz$ 1.121 milhões.

Como o parecer de auditoria, datado de 18.3.85, foi emi­

tido em nome da Organização Nacional de Auditores, que não pos­

suia registro na CVM, o contador responsável, Sérgio Vailati,foi

solicitado a prestar esclarecimentos ao referido orgao, a

peito dos problemas ocasionados.

IV.3.4.5 - DESTINAÇÃO DO LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

res-

Mais uma vez as demonstrações elaboradas incorretamente

sao as da Glasslite S.A. Indústria de Plásticos, já descritas

nos itens IV.3.4.1 e IV.3.4.4.

Nas demonstrações contábeis deve estar registrada a des­

tinação dos lucros; segundo proposta dos orgaos de administra­

çao, no pressuposto da sua operação pela assembléia geral. Por

não cumprir esta disposição, a companhia deixou de registrar co­

mo exigibilidade o montante dos dividendos propostos.

As providências tomadas pela CVM, para este caso, foram

as mesmas mencionadas no item IV.3.4.4.

IV.3.4.6 - REAVALIAÇÃO DO ATIVO

A empresa catarinense TEKA - Tecelagem Kuenhrich S.A. ela­

borou suas demonstrações contábeis encerradas em 31.7.85, consi-

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95.

derando diretamente no resultado do exercicio o valor correspon­

dente a equivalência patrimonial decorrente de controlada que

havia reavaliado seus ativos.

Como este procedimento nao havia sido ressalvado no res­

pectivo parecer, emitido em 16.9.85 pelo auditor João ~arzall, a

CVM solicitou que fossem pr?videnciados os devidos acertos e re­

publicações.

IV.3.4.7 - COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS ACUMULADOS

A CVM verificou que nas demonstrações contábeis public~

das pela Zanini S.A. Equipamentos Pesados a companhia fez refle­

tir, no resultado da equivalência patrimonial, a compensação de

prejuizos acumulados com reserva de reavaliação procedida na con

trolada Renk - Zanini S.A.

A ressalva efetuada pela firma de auditoria Escritório

Técnico de Auditoria de Empresas ETAE S.C. restringiu-se, tão-s~

mente, à questão da uniformidade da aplicação dos principios co~

tábeis. Não houve qualquer menção mais clara quanto à inobservâ~

cia dos principios de contabilidade geralmente aceitos que afeta

ram as demonstrações.

Este é um caso em que o auditor faz mençao, em seu pare-

cer, do problema detectado, mas não evidencia adequadamente a

questão, podendo causar interpretações ambiguas.

IV.3.4.8 - AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES

A empresa Climax Indústria e Comércio S.A. elaborou suas

demonstrações contábeis encerradas em 30.6.85, com vários pro-

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96.

blemas que nao foram c~aramente evidenciados pela firma de audi-

toria Steinstrasser, Bianchessi & Cia. Auditores.

Dentre os problemas detectados pela CVM, destacaram-se:

• contabilização, como ajuste de exercícios anteriores de valo­

res referentes a correção monetária e juros sobre créditos a

receber (Cr$ 3.476 milhões) e outros (Cr$ 872 milhões), que

foram extornados das respectivas contas porque não foram apre­

sentadas razões que justificassem aquela classificação.

· A reversão da contabilização do imposto de renda a recuperar,

que foi indevidamente "efetuada como ajus~e de exercícios ante­

riores. Esta reversão s{gnificou que não existiam razões sufi­

cientes para fundamentar a contabilização do crédito fiscal

que seria utilizado para reduzir o imposto de renda em caso de

lucro, e deveria, por isso, ter sido levada diretamente ao re­

sultado do exercício em curso.

• Não foi dado destaque, na respectiva nota explicativa, do va­

lor e dos bens que geraram a reavaliação do imobilizado, des­

crita em outra' nota explicativa a respeito.

• Não foram incluídos nos resultados do período encerrado, em

30.6.85, os valores correspondentes às variações

ativas.

monetárias

Esses aspectos nao foram considerados no parecer de audi­

toria, que ressalva apenas o aspecto da consistência afetada co~

os procedimentos contábeis descritos em uma das notas explicati­

vas.

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97.

lV.4 - AçAo DA CVM EM RELAÇAo AOS PROBLEMAS NOS PARECERES

Como se observa no item anterior, que enfoca os principais

p~oblemas relacionados com os pareceres de auditoria, há uma ne-

çepsidade preemente, de um controle mais apurado das informações

contábeis publicadas. Estas informações devem servir de base as

gecisões dos diferentes tipos de usuários.

Como essas informações contábeis provavelmente nao satis-

fª~em às necessidades dos usuários, não há por que divulgá-las.

Esse tipo de informação," ao inv~s de auxiliar, pode provocar pre-

juízos consideráveis, em função das decisões que foram ou que são

t9maQqS çom base em demonstrações incorretas.

A. eVH, em 17 de dezembro de 1986,

Y( •.. ) considerando a necessidade de divulga­

cão de informações de forma clara e prec~sa, a

fim de facilitar o conhecimento e a análise da

situaçio financeira das companhias abertas por

todos os participantes do mercado e, tendo em

vista, ainda, os reflexos decorrentes do pro­

grama de estabilização econômica ( ... )" (~~)

~nviou as próprias companhias abertas o ofício-circular n9 309,

QQrn intuito de minimizar os vários problemas ocorridos em de-

monstrações contábeis, cujos respectivos pareceres de auditoria

nªªª evidenciavam a respeito.

No qftO anterior, oficio-circular idêntico havia sido en-

v1ago a todo$ 0$ auditores e/ou firmas de auditoria,responsa-

veis por pareçeres de companhias abertas. Este procedimento não

(~) ÇOMISS~O DE VALORES MOBILIÁRIOS. Ofício-circular CVM/pte n9 309, Demons­tracões Financeiras - Exercício de 1986, 17.11.86. p. 1.

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98.

surtiu os efeitos esperados, por isso o oficio-circular de 1986

foi enviado diretamente às companhias abertas. Segundo informa­

ções de funcionários da CVH, as empresas de auditoria alegavam

que as companhias abertas não tomaram as providências necessá­

rias porque nao tinham sido informados formalmente a respeito,

pois a circular da CV~ havía sido enviada, naquele periodo, ape­

nas as firmas de auditoria e/ou auditores independentes, e nao

as companhias.

Ainda, segundo esclarecimentos de funcionários da CVM, o

objetivo desses oficios-c~rculares consiste em atender cada vez

mais às necessidades dos diferentes tipos de usuários de demons­

trações contábeis, ou seja, buscar atender os principios contá­

beis, tendo-sempre em mente a ampla divulgação de informações.

Apresentam-se, a seguir, alguns dos aspectos que tenham

gerado problemas para as demonstrações, sobre os quais a CVM

alerta tanto as companhias abertas, responsáveis pelas publica­

ções, quanto os auditores que examinam estas demonstrações e

emitem sua opinião a respeito.

IV.4.1 - TRANSACÕES ENTRE PARTES RELACIONADAS

Com relação a este item, a CVM alerta as empresas de que

a divulgação das transações do tipo compra e venda, empréstimos

e financiamentos, remuneração por serviços prestados, integrali­

zaçao de capitais, distribuição de lucros e outras, realizadas

entre empresas de um mesmo grupo (coligadas, controladas e con­

troladora), deverá ser cuidadosamente examinada, atendendo tam-

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99.

bém à legislação específica, ou seja, a Deliberação CVM n9 26 de

5.2.86. Essa deliberação aprova um pronunciamento emitido pelo

IBRACON, sobre transações entre partes relacionadas.

IV.2.2 - INVESTIMENTOS SOCIETÁRIOS NO EXTERIOR

Este item sugere que os ganhos ou perdas resultantes da

primeira aplicação do método de equivalência patrimonial, sobre

investimentos em empresas ou dependências no exterior, sejam co~

putados no resultado do exercício em curso, invlusive no caso de

instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Bra­

sil.

IV.4.3 - REAVALIACÃO DOS ATIVOS

Novamente a CVM estabelece que sejam adotados os procedi­

mentos aprovados e emitidos pelo IBRACON com relação à reavalia­

ção dos ativos. A aprovaçao desses procedimentos est& fundamenta­

da na Deliberação CVM n9 27, de 5.2.86.

IV.4.4 - DEMONSTRAC6ES DAS MUTAC6ES DO PATRIMÓNIO LíQUIDO

A respeito da demonstração das mutações do patrimônio 11-

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100

quido, a CVM estabelece sua utilização e publicação obrigatória

para todas as companhias "abertas.

IV.4.5 - DEMONSTRAÇÕES CONSOLIDADAS

Com relação a este tópico, a CV').1 sugere apenas quais sao

as demonstrações que deverão ser consolidadas, e como estas de-

monstrações deverão ser compostas.

IV.4.6 - PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA E INCENTIVOS FISCAIS

No passivo das companhias abertas, deverã constar, se for

devido, o imposto de renda bruto e recolher, inclusive os incen-

tivos fiscais. Mas, para evidenciar a parcela referente aos in-

centivos fiscais, estes valores deverão ser detalhados em nota

explicativa.

IV.4.7 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES

A CVM estabelece que nao serao aceitos procedimentos con-

tábeis senão aqueles determinados pelo art. 183, da Lei n9

6.404/76. Este dispositivo legal é claro quanto à avaliação de

mercadorias, produtos do comércio, matérias-primas, produtos em

elaboração e em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produ-

.'ll"'IIA "eiO~Yj""

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101.

çao, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de

quando este for inferior.

mercado,

IV.4.8 - PREVISÃO PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA

Como já se havia tornado um hábito as empresas menciona­

rem em notas explicativas que contabilizavam a provisão para de­

vedores duvidosos, à taxa de 3% sobre as contas a receber, a CVM

sugeriu que esta provi~ão fosse realizada com base em critérios

técnicos, contemplando montante compatível com as reais expecta­

tivas de perdas, mesmo que superior aos limites máximos fixados

legalmente.

IV.4.9 - ATUALIZAÇÃO MONETARIA DAS DEMONSTRAÇ6ES CONTABEIS

Ocorreram casos em que as empresas atualizavam seus ati­

vos permanentes e patrimônios líquidos com base em variaões cam­

biais ou outras indexações similares. Em função desses e outros

motivos, a CVM resolveu determinar que estas atualizações, fos­

sem efetuadas de acordo com a legislação pertinente, ou seja,

com base nas variações-padrão de mercado (OTN's).

IV.4.l0 - CORREÇÃO MONETARIA DOS RESULTADOS INTERMEDIARIOS

Todos os lucros ou prejuízos apurados no decorrer do pe-

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102.

ríodo correspondente ao exercício social expresso nos estatutos

não poderão sofrer reajustes ou complementos decorrentes de cor­

reção monetária.

IV.4.ll - AJUSTES DE EXERCfcIOS ANTERIORES

A CVM estabeleceu também, que serao considerados ajustes

de exercícios anteriores apenas aqueles decorrentes de mudança

de critérios contábeis ou de retificação de erro imputável ao

exercício anterior, desde que nao possam ser atribuídos a fatos

subseqüentes.

As "modificações operacionais que exigirem a adoção de no­

vos critérios, cuja conseqüêncim não possam ser aferidas em com­

paração com critérios adotados anteriormente, não poderão ser

consideradas como ajustes de exercícios anteriores.

Também não poderão ser computados nesta rubrica valores

decorrentes de ajustes de provisões constituídas, em face da

inadequada avaliação de riscos estimados ou de insuficientes in­

formações existentes à época de sua constituição.

Ainda com relação a esses ajustes, a CVM recomenda que a

respectiva nota explicativa seja objeto de ampla e clara divul­

gaçao, em que sejam especificados a sua natureza e os seus fun­

damentos.

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103.

IV.4.12 - ARRENDAMENTO MERCANTIL

As companhias abertas com objeto social voltado para a

exploração da atividade de arrendamento mercantil deverão ajus-

tar suas demonstrações financeiras para refletir com mais pro-

priedade sua posição patrimonail e o resultado de suas opera-

-coes.

IV.4.13 - RECEITAS E DESPESAS FINANCEIRAS

Estas rubricas, segundo a CVM, deverão ser evidenciadas

separadamente, detalhando-se, inclusive, os juros e comissões de

variações monetãrias, caso tenham ocorrido.

IV.4.14 - ATIVACAq DE ENCARGOS FINANCEIROS

Os encargos financeiros pagos para a aquisição de esto-

ques e imobilizados não poderão ser considerados ativos. Portan-

to, i necessãrio que sejam tomadas as devidas provid~ncins, cvi-

tando elaboração de demonstrações contãbeis distorcidas.

IV.4.15 - RESULTADOS DE EXERCfcIOS FUTUROS

Conforme vinha sendo considerado por um grande numero de

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104.

empresas, os adiantamentos de clientes por conta de produtos a

entregar, de serviço a executar ou de obrigações de outra natu­

reza não poderão mais ser enquadrados no grupo de resultados de

exercícios futuros. Estes créditos deverão, segundo a CVM, ser

classificados no passivo circulante ou no passivo exigível a

longo prazo.

IV.4.l6 - NOTAS EXPLICATIVAS

A CVM entende que:

"Sendo a evidenciação (disclosure) um dos ob­

jetivos básicos da contabilidade de modo a ga­

rantir aos usuários informações completas e

confiáveis sobre a situação financeira e os

resultados da companhia, as notas explicativas

que integram as demonstrações financeiras de­

vem apresentar informações quantitativas e

qualitativas de maneira ordenada e clara." (*)

Portanto, é necessário que seJam evitadas notas explica­

tivas genéricas, redundantes ou conflitantes.

o quadros demonstrativos deverão discriminar os aspectos

relevantes, como: investimentos entre companhias, arrendamento

mercantil, garantias, empréstimos e financiamentos, além de ou­

tras informações em que o aspecto qualitativo predomine.

(*) Ibid. p. 7.

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105.

,'o

IV.4.17 - PARECER DE AUDITORIA

Neste item a CVM esclarece às companhias abertas sobre o

que entende a respeito do papel exercido pelos auditores inde-

p,endentes, alertando-as de que a opinião destes é fator de gran­

de importância para a maior credibilidade do conteúdo das de-

monstrações contábeis:

"o parecer dos auditores independentes deve

ser emitido com base nos principios contábeis,

-as suje~tando-se, portanto, as companhias

eventuais restriç~es que pos~am advir da uti-

lização de procedimentos não compatíveis com

aqueles principios, ainda que se tenham valido

de prerrogativa ou determinação legal." (*)

Isto, sem dúvida, vem reforçar tudo o que já vem sendo

mencionado neste trabalho. Concretiza também os aspectos aborda-

dos com relação à conscientização do auditor da importância de

sua opinião ser expressa de forma clara e objetiva, assegurando

aos usuários a qredibilidade do conteúdo das demonstraç&cs con-

tábeis.

Observa-se, desta forma, que embora a CVM considere seus

trabalhos neste sentido como uma etapa inicial com relação ao

muito que ainda pode ser feito, para a melhoria da qualidade das

informações prestadas pelas empresas de um modo geral, isto

pode ser considerado um grande passo para o desenvolvimento das

informações contábeis no País.

(*) Ibid. p. 7.

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CAPITULO V - ANALISE DOS RESULTADOS

V.I ~ INTRODUÇÃO

Este capítulo objetiva apresentar, de forma sucinta, as

análises dos dados coletados, tanto com relação aos tipos de pa­

receres utilizados no Brasil, quanto aqueles emitidos em outros

países.

Serão discutidas e analisadas as principais diferenças

entre esses pareceres emitidos nos países mencionados e aqueles

utilizados no Brasil.

No que se refere aos problemas relacionados com os pare-

ceres de auditoria emitidos no Brasil, serão apresentados os

principais aspectos em questão, buscando sempre

com o plano de referência desenvolvido.

relacioná-los

Para analisar à atuação da CVM, serão descritos alguns

dos métodos de controle utilizados para cada caso em particular.

Espera-se, desta forma, expor objetivamente a forma pela qual

chegou-se às conclusões apresentadas no capítulo seguinte.

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107

V~2 - PRINCIPAIS DIFERENCAS NOS PARECERES DE AUDITORIA

No tocante aos vários modelos de pareceres de auditoria,

utilizados no Brasil, observa-se uma grande tendência em emitir

pareceres sem ressalvas, que comprovariam a correta aplicação

dos principios contábeis.

Isto pode estar relacionado com o fato da influência que

e exercida pelos auditores sobre a elaboração das demonstrações

contábeis das companhias, minimizando, desta forma, a ocorrência

de erros nas demonstrações.

V.2.1 - FORMAS E CONTEÚDOS DOS PARECERES

Pode-se observar, inicialmente; a grande semelhança entre

os pareceres emitidos no Brasil e nos Estados Unidos. A semelhan

ça ocorre em todos os sentidos, desde os tipos de pareceres e

suas denominações, até os conteúdos respectivos a cada tipo.

Uma vez constatada esta semelhança, partiu-se para uma

análise existente entre os pareceres utilizados nos demais pai­

ses considerados na pesquisa. Para efetuar esta análise, foram

tomados como base de comparação os aspectos de conteúdo, que sao

imprescindiveis aos pareceres emitidos no Brasil, e em função

destes, foram tecidos alguns comentários.

V.2.1.1 - TíTULO

Há, basicamente, em todos os modelos de pareceres estuda-

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dos, uma identificaçã~ do que vem a ser aquela declaração.

é, entre os modelos analisados, apenas a Itália e a Suíça

fazem menção clara a um título específico. Em todos os

108.

Isto

nao

outros

pareceres, este título pode ser identificado, embora com outras

denominações, como: "Visto de Certificação", na Alemanha e na

Austria; "Atestado de revisão", na Holanda; "Informe", na Espa­

nha; "Relatório", em Portugal; "Relatório geral sobre as con­

tas, 11 na França; "Relatório sobre a missão de fiscalização", na

B~lgica; e "Certificado", na Inglaterra.

V.2.1.2 - DESTINATÁRIO

Todos os modelos de pareceres analisados apresentam, de

certa forma, o destinatário da respectiva declaração. A forma em

que ~ disposta a identificação do destinatário nos modelos pes­

quisados ~ que varia de alguma forma, mas todos mencionam.

V.2.1.3 - IDENTIFICAÇAo DAS DEMONSTRAC6ES CONTÁBEIS AUDITADAS

Dentre oS,modelos pesquisados, observa-se que a grande

maioria dos países menciona o período a que se referem os exames

realizados. Esta menção, no entanto, não ~ de maneira uniforme.

o Brasil, Estados Unidos, Portugal, Suíça e Inglaterra

mencionam claramente as datas de encerramento dos exercícios so­

ciais auditados. O Canadá, Holanda e Espanha apresentam a data

correspondente apenas ao último período auditado. Enquanto isso,

Alemanha e Âustria referem-se apenas à situação de fim de ano,

não mencionando exatamente qual o ano. A França detalha as de­

monstrações auditadas e a Iugoslávia expressa sua opinião, ale-

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109.

9an~0 apenas que as demonstrações resultam da contabilidade da

respectiva empresa. A Itália menciona as demonstrações exatamen­

te, apresentando inclusive os valores totais dos balanços enqua~

to a Bélgica relata apenas, que as demonstrações estão de acordo

com os respectivos livros, atas e correspondências.

V.2.1.4 - REFER~NCIA ÀS NORMAS DE AUDITORIA E PRAXES SEGUIDAS

Com relação a este ,item, observa-se que poucos países fa~

zem referência às normas de auditoria ou praxes adotadas e se-

guidas.

o Brasil, Estados Unidos e Canadá referem-se às normas

usuais de auditoria geralmente aceitas. Portugal faz referência

aos princípios gerais que regem sua peritagem, e a Bélgica faz

referência às normas de controle geralmente aceitas e utilizadas.

Os demais países nada mencionam com relação às normas de

auditoria que pudessem ter sido aceitas e introduzidas como re­

gra de atuação dos auditores.

V.2.l.5 - DECLARACÃO QUANTO À POSICÃO PATRIMONIAL E FINANCEIRA

DA EMPRESA AUDITADA

Estas declarações são encontradas em apenas alguns dos p~

receres estudados, e são abordadas com clareza e objetividade,

embora sob diferentes formas de expressa0.

Nos pareceres utilizados no Brasil, Estados Unidos, Cana­

dá, Inglaterra, Portugal e Holanda, a menção é feita de maneira

objetiva, enfocando realmente na opinião se as demonstrações re-

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110.

presentam a situação patrimonial e financeira das companhias

abertas.

Alemanha, Âustria, Espanha, França, Iugoslávia, Itália e

Suíça nada mencionam a respeito da posição patrimonial e finan-

ceira das empresas examinadas.

V.2.1.6 - DECLARAÇÃO DO ATENDIMENTO AOS PRINCfPIOS CONTÁBEIS

NA ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

o Brasil, Estados Unidos e Canadá são claros ao mencionar

que as demonstrações contábeis auditadas dever~o estar em con-

formidade com os princípios de contabilidade geralmente aceitos.

A diferença entre estes três países é que no Canadá n~o e men-

cionado, com relação aos princípios, o fato destes terem sido

aplicados com uniformidade ao periodo anterior ao exame.

Portugal relata que o balanço geral e demais demonstra-

çoes refletem o movimento nos livros escriturados segundo as ba-.

ses contabilísticas e as disposições da lei, e sem alteração

sensível ao plano adaptado no ano anterior.

Alemanha e Âustria mencionam apenas que as demonstrações

estão de acordo com as prescrições legais.

Na Sulça há indicação de que as demonstrações encontram-

-se de acordo com os livros que incluem lançamentos de forma

clara e conforme os princípios de regularidade formal.

A Inglaterra, por sua vez, nada menciona a respeito dos

principios contábeis, mas esclarece que as informações contábeis

estão de acordo com as determinações da lei das sociedades ano-

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111.

nimas. Os seis países restantes nada mencionam claramente a res­

peito de princípios de contabilidade.

V.2.1.7 - DATA DO PARECER

Com relação a este item, todos os países sao razoavelmen­

te claros, desmerecendo maiores comentários.

V.2.1.8 - IDENTIFICAÇÃO DO AUDITOR OU DA FIRMA DE AUDITORIA

Este requisito também é atendido por todos os modelos de

pareceres pesquisados. O que diferencia o Brasil, Estados Unidos

e Canadá dos demais países, é o fato destes modelos, além de

identificar o auditor responsável, fornecem também alguns dados

adicionais a seu respeito, tais como: o número do seu registro

em órgão competente, seu cadastro como pessoa física e, se for o

caso, o registro da firma de auditoria em órgãos respectivos, co

mo e a CVM no Brasil.

Para possibilitar maior visualização de como sao compos-

tos os pareceres de outros países, em comparação aos pareceres

brasileiros, no quadro 3, será apresentado o que foi dito até en­

tão.

V.2.2 - ANÁLISE DE ATENDIMENTO AOS REQUISITOS BÁSICOS DO PARECER

DE AUDITORIA EMITIDO NO BRASIL

Para medir até que ponto os pareceres emitidos pelos di­

ferentes países atendem aos elementos básicos de um parecer emi-

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112.

tido no Brasil, elaborou-se o quadro 3, atribuindo-se os seguin-

tes pesos:

A = dentre os pareceres pesquisados, estes atendem perfeitamente

aos requisitos preestabelecidos.

B = dentre os pareceres pesquisados, estes atendem apenas par-

cialmente aos requisitos preestabelecidos.

c = dentre os pareceres pesquisados, estes não atendem aos requi

sitos preestabelecidos.

o quadro 2, do capitulo V, (Resultados obtidos), serviu de

base para avaliar até que ponto os diferentes tipos de pareceres

atendem aos requisitos básicos exigidos, segundo as normas rela-

tivas aos pareceres de auditoria emitidos no Brasil.

Quadro 3

ANÁLISE DE ÀTENDIMENTO AOS REQUISITOS BÁSICOS. DE .UM PARECER NO BRASIL

DESCRIÇÃO DO REQUISITO ( ,

A B

Titulo 11 1

Destinatário 13

Identificação das demonstrações contábeis auditadas 6 7 ----------~--------------~-------------------------------Refer~ncia ~s normas de auditoria ou praxes seguidas 3

Declaração da situação patrimonial e

financeira da auditada

Atendimento aos principias contábeis

geralmente aceitos

Data do parecer

Identificação do auditor

5

4

13

6

2

4

1

7

C

1

8

4

8

o quadro 3 demonstra que grande parte dos pareceres ana-

lisados não atendem aos requisitos básicos determinados pelas

normas brasileiras relativas aos pareceres de auditoria. Verifi-

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113.

ca~se, também, que nao há mençao, na maioria dos modelos pesqui-

~ados, quanto aos principios de contabilidade geralmente aceitos

ê guanto às normas ou praxes de auditoria que serviram de base

para a realização dos exames~

Ç9m relação ao qspecto das demonstrações contábeis esta­

rem espe1hando a posição patrimonial e financeira da empresa au­

ª~tªªa, apenas cinco dos treze pareceres são claros a respeito"

§~~do que quatro nada mencionam, ~ os quatro r~stantes atendem

vªgamente a este requisito. Os demais itens são total

~!ªlmente atengidos pelo~ m9de~os estudados.

v~ª - ANÁ~ISE DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS R~LACIONADOS COM OS PARE­

çgR~s ~MITIDOS NO BRASI~

~'Jª~~o à ~n.$t:çuçªo No:çmativa n9 ~8, ~éixeqe nao re.stax du­V.:!:gª q..e 'll!E! ~oi l!ma çQnqui$~a da GVM., faz:endo çCnTI que os audito­

:r-E2§ In~I1:ç.iQ~assem E!m parágrafo ~speQif:i,.co O l,,~i.$ço de continuidade

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-i~ . .i~~~te q.E! pél.:çaJj,$acªo totéiJ,. 0\,1 parQ.lªL ~

~~,lZ·iª§ foram as :ç-a?:Qe8. qtl~ l~Vél17éim ª CVM a regulamentar

E2:%%ª quei?t.ªo, dentre as quais. es.tª.Q fatos. como os já mençionados

~~ Qapi tulo Dl, onde a Géizeta Mercanti 1, numa publ.i.cação referen­

ttE! a qonsu],.ta feita a ª-nal . .lst-as do meJ:'Gado oe capitais, chq.ma a

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114.

atenção para as insolvencias da Delfim e Coroa-Brastel, sem os

auditores nada terem mencionado nos pareceres de auditoria sobre

demonstrações contábeis encerradas em períodos anteriores as in­

solvências.

Essa questão, no entanto, foi muito rejeitada pelos audi­

tores de modo geral. Antes que fosse promulgada essa instrução,a

CVM solicitou formalmente, a opinião de algumas das maiores fir­

mas de auditoria.

A price Watherhouse Auditores Independentes entendia, na

ocasião em que foi consultada, que a auditoria contábil objetiva

a emissão de um parecer conclusivo quanto à adequação das de­

monstrações contábeis segundo os princípios de contabilidade ge-

ralmente aceitos. Não caberia, entretanto, ao auditor concluir

quanto à continuidade normal dos negócios de uma companhia ou

empresa quando há um risco iminente de iliquidez ou de insolvên­

cia. Esta opinião era justificada pelo fato de a iminência de

uma insolvência causar dúvidas ao auditor com relação aos prin­

cípios de contabilidade geralmente aceitos e aplicáveis nas cir­

cunstâncias: se os princípios aplicáveis as empresas em ativida­

de normal, ou se os aplicáveis a empresa em liquidação, cabendo,

assim, a emissão de um parecer condicional do tipo "sujeito a",

com menção das particularidades envolvidas.

A Arthur Young Auditores Associados S.C. entendia, na

epoca, que estaria havendo por parte da CVM alguma confusão do

que seja a atividade do auditor independente e do seu .campo de

atuação. Para a firma de auditoria, o aspecto da continuidade

estaria incluído na opinião relativa aos princípios contábeis.

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115.

Caberiam, assim, principios especificos para casos de empresas em

liquidação. Diante desse impasse, a firma de auditoria entendeu

que o assunto em questão deveria ser reformulado na ocasião.

A firma de auditoria Touche Ross & Cia. S.C. concordou

plenamente com o destaque a ser dado nos pareceres quanto a con­

dição de iliquidez, insolvªncia ou interrupção parcial ou total

das atividades das empresas auditadas. Mas atentou para o fato

de que esta condição deveria estar demonstrada claramente pela

auditada.

A Arthur Anderse~ S.C. compartilhava da seguinte concep­

çao: cabe aos usuãrios das demonstrações contãbeis fazer as ana­

lises sobre a situação patrimonial e financeira da empresa e do

seu resultado das operações. Aos auditores é atribuida a respon­

sabilidade profissional de atestar se as demonstrações divulga­

das aos usuãrios refletem com propriedade a posição financeira,

o resultado das operaç5es e as origens e aplicações de recursos

da empresa.

A situação deiliquidez ou insolvªncia, nessas circunstân­

cias, seria viãvel aos usuãrios das demonstrações; e a eles; e

nao ao auditor, caberia a tarefa de decidir sobre a viabilidade

econômica e a continuidade normal dos negócios da empresa.

A Boucinhas, Campos & Claro S.C. Auditores Independentes

justificou seu receio em emitir uma opinião sobre a precariedade

financeira que pode conduzir à insolvªncia determinada empresa.

Julgado que qualquer juizo precipitado sobre dificuldades finan­

ceiras de empresas auditadas ou tentativa de diagnóstico, pode­

rão ter sérias consequªncias, gerando enormes responsabilidades

para os auditores.

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116.

Steinstrasser, Bianchessi & eia. Auditores, atuando

atualmente sob a denominaç~o social de Bianchessi & eia. Audito-

res, firma de auditoria do Sul do País, mostrou-se preocupada

com relação ao fato de o auditor apresentar, em parágrafo desta­

cado, opinião a respeito da continuidade normal dos negócios de

determinada companhia. Sua preocupação está direcionada para as

conseqüências que poder~o advir, especialmente para as empresas

auditadas que apresentem tal situação.

Percebe-se, com base no exposto, que este assunto e de

extrema polêmica e merece cuidados especiais do auditor. Um nu­

mero apreciável de sociedades de capital aberto se apresenta com

dificuldades financeiras, sendo extremamente difícil, em alguns

casos, dimensionar as conseqüências a curto ou a longo prazos,

quando se examina a conjuntura econ6mica nacional,

fortes indícios recessivos.

apresentando

Torna-se ainda mais difícil, ao se considerar que a si­

tuação de iliquidez ou insolvência pode ser transitória ou defi-

nitiva, dependen~o das circunstâncias. Outro fato que merece

destaque e preocupação, quando consta do parecer dos auditores a

indicação de iliquidez ou insolvência, é a restrição fatal de

crédito junto aos fornecedores de materiais de consumo, situação

que pode até levar a empresa auditada a uma concordata ou falên­

cia, determinando prejuízos irrecuperáveis.

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117.

V.3.2 - DOCUMENTOS DE USO DOS AUDITORES

No capítulo anterior, em que foram apresentados aspectos

relacionados com o sigilo de documentos, assunto que também e

parte do conteúdo da Instrução CVM nQ 38, abordaram-se fatores

que também indicaram algu~a represália pelos auditores e/ou fir­

mas de auditoria atuantes no Brasil. Serão cOlnentadas aqui algu­

mas interpretações a respeito do assunto.

Como o auditor tem por função, dentre outras, auditar de­

monstrações contábeis e ·emitir parecer conclusivo quanto a sua

adequação, tendo como termos de refer~ncia os princípios contá­

beis geralmente aceitos, e como nos termos da lei societária, a

função de fiscalização é de compet~ncia do conselho fiscal, esta

atribuição não caberia, a priori, a nenhum outro órgão.

A manutenção do sigilo profissional é essencial à ativi­

dade de auditoria independente. Esse sigilo é requerido pelo co­

digo de ética profissional dos contabilistas, e é protegido por

norma penal que ~une o seu descumprimento com pena restritiva de

liberdade. A quebra do sigilo profissional seria desastrosa para

o relacionamento entre o auditor independente e seu cliente, e

certamente resultaria na subseqüente reserva deste no

mento de informações.

forneci-

Esse comportamento, por seu turno, poderia resultar na

não-obtenção de informações essenciais para a condução de uma

auditoria na amplitude necessária e, como conseqü~nciá, poderia

vir a refletir-se numa ressalva no parecer quanto ao cumprimento

integral das normas profissionais aplicáveis à auditoria inde­

pendente, no que concerne à execução do trabalho.

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(!

118.

A questão da quebra do', sigilo profissional, via acesso

papéis de trabalho etc., é um aspecto de grande importância

de

davia, o acesso da fiscalização da CVM, na forma contemplada,po­

de fazer-se necessário para averiguar se a auditoria foi condu­

zida em conformidade com as normas profissionais e, portanto, se

o parecer emitido estava devidamente fundamentado e para aclarar

quaisquer aspectos das operações da empresa auditada.

V.3.3 - A REPUBLICAÇAo COMO SOLuçA0 IMEDIATA

Embpra as quantidades de demonstrações Gontábeis republi­

cadas tenham sido reduzidas entre 1985 e 1986, segundo declara­

çeos de Eliseu Martins em entrevista concedida a revista Senho~1

elas ainda existem.

o problema está no "por que" das republicações. Se exis­

tem procedimentos contábeis e normas de auditoria geralmente

aceitas, além de aspectos legais que procuram intervir nos con-

troles e registros contábies, por que são necessárias as

blicações?

repu-

Estas interrogações persistiam ao longo dos anos, e pouco

se fazia para respondê-las. E com elas, o desmerecimento, a des­

qualificiação e a debilitação dos conjuntos de demonstrações

contábeis iam se avolumando.

Deve ser lembrado também um questionamento que surge pra-

ticamente em todos os casos de republicações, que coloca em dú-

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119.

vida o fato destas ocorrerem em função de erro ou negligência de

algum contador e/ou auditor. Muitas pessoas perguntam a si mes­

mas corno contabilistas qualificados poderiam cometer tais erros

ou negligências, suspeitando, assim, que muitas vezes há motivos

outros que não o erro ou a negligência que causam as distorções

nas demonstrações contábe~s auditadas.

Conforme foi observado no capítulo anterior, grandes gru­

pos empresariais elaboraram demonstrações com lucros fantásti­

cos, quando na realidade a empresa estaria tendo prejuízos as­

tronômicos.

Se os motivos que levaram as republicações sao justifica­

dos por erros ou negligências, há uma necessidade premente õe re­

ciclagem dos profissionais envolvidos. Mas se a questão básica

tiver outras ramificações, corno fatores políticos ou vantagens

financeiras de qualquer espécie, é fundamental que os profissio­

nais da área contábil se conscientizem da importância e respon­

sabilidade que envolvem sua atividade, e evitem que tais fatores

continuem a denegrir a imagem das informações contábeis.

V.4 - A IMPORTÂNCIA DA CVM

A importância da CVM parece ser indiscutível, haja vista

a sua preocupaçao em elevar cada vez mais o nível da informação

contábil das companhias abertas.

~ óbvio que para atingir seu intento há necessidade do

uso de medidas nao muito aceitáveis entre o meio em que atua. As

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120.

medidas aqui referidas estão relacionadas com as instruções, que

mesmo reduzidas nos anos de 1985 e 1986, precisam ser instituí­

das visando regulamentar assuntos polêmicos e de interpretações

variadas.

Um exemplo prãtico desta dificuldade em chegar a um con­

senso entre os profissionais foi a instituição da Instrução CVM

nQ 38, que regulamentou a atividade do auditor independente,

conforme jã foi amplamente discutido neste e nos demais capítu­

los.

Como os problemas com relação a publicações de demonstra­

çoes contãbeis distorcidas, têm se agravado, em 1985 a CVM jul­

gou necessãrio enviar a todos os auditores independentes, nela

registrados, uma circular expondo os motivos de sua emissão, e

relacionando os principais problemas encontrados nos per iodos

anteriores. Este procedimento foi reforçado em 1986, quando fo­

ram enviadas circulares idênticas às companhias abertas,amplian-

do, inclusive, a quantidade de tipos de problemas que

ocorrer com as demonstrações.

poderiam

Procedimentos como estes têm demonstrado que a atuação da

CVM, através da Superintendência de Normas Contábéis, est~ pro­

curando elevar a boa qualidade e reforçar a credibilidade das

demonstrações auditadas.

o envio do Ofício-circular nQ 39 às companhias abertas

visou, basicamente, esclarecer as empresas sobre os fatos polê­

micos que poderiam gerar informações inadequadas nas ·demonstra­

cões contãbeis publicadas em 1987, referentes ao período de

1986. Trabalhos como estes, desenvolvidos pela CVM, têm feito

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121.

com que as repub1icaç5es tenham alcançado indices cada vez meno-

res, a cada ano.

Por melhor que seja a intenção, por mais agilizadas que

sejam as análises e conseqüentes pedidos de repub1icação efetua-

dos pela CVM, dificilmente ela consegue reparar os erros sem

ocasionar algum prejuízo ao usuário.

Uma vez divulgadas as demonstrações contábeis, um inves-

tidor pode comprar ações de certa emp~esa com base na saúde fi-

nanceira por ela exibida. Após algum tempo, este investidor ve

~ repub1icadas as informações contábeis que lhe serviram de base

para a decisão. Nesta repub1icação, os exuberantes lucros sao

transformados em retumbantes prejuízos. O preço das ações cai e

o investidor também, vitima da falta de responsabilidade daque-

1es que elaboraram e endossaram tais demonstrações.

Entende-se também que o cumprimento das normas de audito-

ria e fator imprescindivel a manutenção do nive1 da informação

contábil. O cerco a erros, omissões ou truques deve ser

mentado o máximo possive1:

"Nos Estado Unidos, ( •.. ) depois de feito seu

trabalho, o auditor entrega um relatório . a

SEC (Securities and Exchange Commission). Ne­

le, deve ficar patente a fidelidade ~s normas

contábeis C ... ). O trabalho do auditor preci­

sa oferecer evidências de que todos os passos

foram cumpridos." C*)

imple-

Este procedimento nos Estados Unidos faz com que as repu-

b1icações se tornem de rarissima ocorrência. Além disso, antes

C*) O controle americano. Entrevistado: Char1es "olland, Osvaldo Roberto Nle­to. Exame, (353):35, 11 jun. 1986.

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122.

mesmo que o relatório, mencionado na citação, seja entregue a

SEC, um especialista da própria empvesa auditada verifica se as

normas foram realmente seguidas.

Isto poderia ser implantado nas empresas brasileiras; pa­

ra tanto, bastaria que houvesse a conscientização desta necessi­

dade por parte dos empresários, para que estes mantivessem con­

tabilistas especializados a ponto de efetuarem estas verifica­

çoes.

Em parte, a falta desses especialistas faz com que a CVM

cubra, de certa forma, essa deficiência, embora o resultado nao

atenda totalmente às necessidades do usuário, depois que as in­

formações são divulgadas e chegam a causar prováveis prejuízos.

Um fato bastante comentado no meio empresarial, entre ana­

listas do mercado de capitais e investidores de modo geral, está

relacionado com o "Caso Cobrasma". Esta empresa anunciou publi­

camente um lucro projetado para o periodo de 1986 de Cz$ 286 mi-

lhões, e obteve, no final do exercicio, um prejuizo de Cz$ 74

milhões. As ações desta companhia, que foram vendidas a

Cz$ 21,00 no lançamento de 25,5 bilhões de ações, através do

Banco Crefisul, em agosto e setembro de 1986, ap6s a divulgação

do prejuizo, passaram a ser negociadas em torno de Cz$ 2,00.

Em função da discrepância, a CVM abriu um inqu~rito admi­

nistrativo que visa apurar se a projeção se baseou em premissas

reais ou falhas. Caso seja comprovada a má-f~, tanto a . Cobrasma

quant8 o Banco Crefisul, intermediário da operação de venda das

ações,· provavelmente serao punidos.

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Um dos diretores da CVM, Nelson Eizerick, comenta:

"É muito difícil concluir que determinado er­

ro de projeção foi proposital e teve a inten­

cão de iludir incautos investidores. Isso va­

le, inclusive, como o do 'Caso Cobrasma', que

a CVM vem investigando. Muitas empresas dei-

xaram-se iludir pelo Plano Cruzado,

projeções erradas".(*)

fazendo

123.

Este comentário pode ser fundamentado no quadro a seguir:

As diferenças - lucros projetados e lucros efetivos

Lucros (em Cz$ por lote de mil ações) Empresas

Projetados Efetivos

Sido Microelet. 0,96 0,14

Rocimec 0,54 0,40

ABC Xistal 1,10 0,39

Labra 2,18 0,34

Microtec 0,64 0,55

Moddata 0,70 (-0,13)

Laba Eletrônica 0,19 0,25

Usina C. Pinto 0,70 0,22

Sider. L. Alioriti 0,76 0,12

eia. Min. e Parto 0,18 0,72

Fonte: Revista Senhor, A usinagem da informação, entrevistado Eliseu Martins l

24/03/87.

Quanto às punições impostas pela CVM, estas podem variar

de uma simples advertência e multa de no máximo 500 OTN's até o

cancelamento de registro do auditor independente.

Segundo informações da Gerência de Normas de Auditoria da

CVM, ao encargo do Sr. Antônio Carlos de Santana, foram instau.".

(*) Revista Exame, Os troques dos balanços, entrevistados Eliseu Martins, Alfre do Martins de Oliveira, Roberto Cherrize e outros, 11/07/86.

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rados 22 inquéritos contra auditores e/ou firmas de

124.

auditoria

durante os 61timos sete anos, que coincidem com a im~lantação da

CVM. Destes 22 inquéritos, 16 encontram-se concluídos. Entre es­

tes, 10 resultaram em punições, sendo que quatro auditores foram

apenas advertidos, cinco foram multados e um teve seu registro

cancelado. Os seis restantes foram absolvidos ou eliminados do

arquivo por motivo de falecimento do auditor envolvido.

Observa-se, assim, que a função dos contQbilistas sofre

influências de diferentes espécies, o que dificulta sensivelmen­

te o desenvolvimento da sua atividade. Mesmo que as projeções

feitas pelas empresas mencionadas no quadro acima tenham embasa­

mento lógico e real, muitas podem ter sido equivocadas em função

de aspectos políticos/econômicos, como o Plano Cruzado, por

exemplo.

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CAPÍTULO VI - SUMARIO J CONCLUSdES J RECOMENDACOES E

SUGESTdES PARA PESQUISAS FUTURAS

VI. 1 - SUMÁRIO

O presente estudo procurou analisar os vários modelos de

pareceres de auditoria utilizados no Brasil e em alguns palses.

Além disso, foram enfocados os principais problemas ocorridos com

os pareceres emitidos no Brasil, bem como a atuação da CVM em re­

lação a estes problemas.

Partiu-se, no entanto, de uma revisão da literatura sobre

o assunto. Observou-se que grande parte dos autores, nacionais e

americanos, preocupa-se bastante com os aspectos técnicos rela-

tivos aos pareceres. Poucos procuraram prolongar-se a respeito de

fatos polêmicos, como a menção, por parte do auditor, quanto ao

risco de continuidade, que pode ou nao estar afetando diretamente

a empresa auditada.

·Outro assunto pouco explorado pela literatura está rela­

cionado com o elevado grau de subjetividade que está presente

,

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U6

nos momentos cruciais, e~ que o auditor freq~entemente se encon­

tra ao emitir uma opinião.

Visando contribuir para um melhor conhecimento do assun­

to, foi realizada esta pesquisa junto à CVM, que cedeu seus ar­

quivos acerca da matéria. Foram coletadas muitas informações que,

de certa forma, comprovaram a negligência de alguns profissiona­

is da área contábil. Destacam-se, dentre estes os auditores res­

ponsáveis pelos pareceres inadequados, e os contadores das res­

pectivas empresas, por terem elaborado demonstrações em desacor­

do com os princípios contábeis geralmente aceitos.

O esquema analítico constou da descrição dos casos estu­

dados, com base nas informações colhidas nos arquivos da CVM, se

guido de uma análise qualitativa, onde se procurou relacionar os

resultados obtidos no trabalho de campo ao plano de referência

desenvolvido.

Os resultados obtidos nesta pesquisa sugerem que os atuais

modelos de pareceres utilizados poderiam suprir as necessidades

dos usuários, desde 'que devidamente aplicados. Observou-se tam­

bém que a subjetividade, sempre presente, é um fator de difícil

mensuraçao, mas nem por isso pode ser utilizado como subterfúgio

para auditorias mal conduzidas.

Foi observada também a dificuldade de aceitação, por par­

te dos profissionais da área contábil, das normas instituídas p~

la CVM. Comprovadamente, um dos fatos de difícil aceitação p~

los auditores foi a Instrução Normativa n9 38, d~ setembro,' de

1984, que dispõe sobre a atividade de auditoria independente no

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127.

âmbito do mercado de valores mobiliários. Esta instrução deter-

mina que o auditor deve apresentar, em parágrafo destacado, opi­

nião a respeito da continuidade normal dos negócios da empresa

auditada, quando houver risco iminente da paralisação total ou

parcial das atividades operacionais da auditada.

Além disso, esta mesma instrução especifica que e dever

do auditor independente dar acesso às fiscalizações da CVM a to­

dos os seus documentos que serviram de base à emissão do parecer

de auditoria.

A~pectos como estes requerem estudos bastante aprofunda­

dos, carecendo, inclusive, da opinião dos diferentes grupos de

profissionais qualificados. Como estes aspectos não faziam parte

dos objetivos delineados por esta pesquisa, optou-se por abordá­

los apenas com intuito informativo, complementando os estudos.

VI.2 - CONCLUSÕES

Observa-se preliminarmente que os modelos du tipos de pa­

receres à disposição dos auditores atenderiam, de certa forma, às

necessidades do usuário. Mas, para tanto, estes modelos devem ser

emitidos de maneira adequada, sempre com o intuito de evitar que

suas interpretações sejam ambiguas e, em alguns casos, erro­

neas, devido à falta de elementos importantes que poderiam ser

enfocados com maior clareza e objetividade.

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Embora a sUbjetividade esteja presente em grande

128.

parte

daquilo que conduz o auditor a expressar sua opinião, isto não i~

~licaemdescr~dito do parecer de auditoria. Este constitui, a

nosso- ver, importante instrumento de apoio ã tornada de decisão

do investidor, bem corno dos demais usuários que se

das demonstrações contábeis corno um todo.

utilizarem

Com relação aos vários tipos de pareceres utilizados no

Brasil e no exterior, pode-se dizer que há grande semelhança en­

tre aqueles emitidos no Brasil e aqueles utilizados nos Estados

Unidos e no Canadá. Eritende-se que tal semelhança se dá devido ã

influência que os Estados Unidos têm tido na contabilidade bra­

sileira. Haja vista a própria Lei das Sociedades Anônimas, pro­

mulgada no Brasil, ter sido elaborada com base na legislação da­

quele país.

Outro aspecto a ser considerado ~ o grande numero de

firmas de auditoria de origem norte-americana instaladas em nos­

so País, que trazem, de certa forma, parte de sua experiência,

que cada vez mais tende a se adaptar ao caso brasileiro.

Percebe-se tamb~m, com base nos pareceres de outros paí­

ses - tais corno Alemanha, Itália, Holanda, Espanha, Suíça, In­

glaterra e outros - que há diferentes formas possíveis para ex­

pressar uma opinião a respeito de demonstrações contábeis. Al­

guns pareceres são bastante sucintos, ao ponto de a opinião sobre

as demonstrações limitar-se a frases corno "estão conforme

prescrições legais", corno é o caso do parecer utilizado na

manha e na Austria. E isto não significa obrigatoriamente

tal modelo não esteja atendendo ã necessidade dos usuários

quelas demonstrações.

as

Ale­

que

da-

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129.

Outros países, como a Holanda, nao sentem necessidade de

fixar normas rígidas para que o auditor expresse sua opinião,

pois esta pode ser publicada através de um parecer ou relatório

de auditoria, emitido da forma como o auditor (revisor)

entender.

melhor

Sendo identificada a semelhança entre os pareceres utili­

zados no Brasil e nos Estados Unidos, e as diferenças entre es­

tes e os demais modelos apresentados, verifica-se que a opinião

sobre as demonstrações pode ser expressa de várias formas. Mas o

que não deve, em momento algum, ser colocado em segundo plano, e

a importância da clareza, objetividade e segurança que todos os

modelos de pareceres precisam conter.

Por melhor que sejam os controles internos das empresas,

e por mais sofisticados que sejam os métodos de revisão utiliza­

dos pelos auditores e firmas de auditoria, ainda ass~m são nume­

rosos os problemas encontrados com relação às demonstrações con­

tábeis e respectivos pareceres.

Entende-se, portanto, que é de suma importância a atual i­

zaçao constante dos profissionais de toda a área contábil, po­

dendo ocasionar evoluções à boa qualidade de suas atividades.

O que nao pode ser concebido sao os freqüentes prejuízos

causados ao público investidor, principalmente os decorrentes de

decisões baseadas em informações contábeis distorcidas.

A fidedignidade e a elaboração de demonstrações contábeis

sao elementos fundamentais para uma evidenciação adequada, justa

e plena. Estes fatores não podem ser esquecidos em momento al­

gum, por todos os profissionais da área contábil. ~ importante,

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também, que haja consciência da respeitabilidade

imprescindível à credibilidade das informações.

130.

profissional,

Com relaç~o à atuaç~o da CVM, conclui-se que sao grandes

os seus esforços dispendidos para manter a boa qualidade das informa­

ções contábeis publ~cadas pelas companhias abertas. Isto se com­

pyova pelas reduções ocorridas nas quantidades de demonstrações

contábeis republicadas.

Embora os controles implantados pela CVM pareçam solucio­

nar os vários problemas constatados com relaç~o aos pareceres de

auditoria emitidos rio Brasil, conclui-se que n~o é esta a forma

adequada para eliminá-los. Entende-se que estes problemas pode­

r~o realmente ser solurionados, após a classe contábil ter-se

conscientizado da importância das suas demonstrações para os di­

ferentes tipos de usuários. Pois uma vez conscientizad6s da res­

ponsabilidade que envolve toda a quest~o relacionada com a fide-

dignidade e ampla evidenciaçãodas demonstrações, não haveria

motivos que justificassem a elaboração de informações distorci­

das.

Ainda a respeito da atuação da CVM, conclui-se que esta

tem demonstrado seriedade e segurança, fazendo com que as infor­

mações, cujas interpretações possam ser ilógicas e confusas, se­

jam reformuladas adequadamente.

Pelo que já foi exposto, percebe-se também que a opini~o

do auditor não é e nem deve ser considerada como elemento de

aprovação a cr~ditos ou investimentos. O que se quer dizer com

isto é que uma empresa poderá, ou nao, representar um bom inves­

timento, ou oferecer um bom risco de crédito, mas nao caberia ao

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131.

auditor insinuar tais circunstâncias, uma vez que seu parecer , e

expresso a respeito de adequação das informações contábeis.

VI.3 - RECOMENDAÇÕES

PARA O GOVERNO E CVM

Reconhecendo o fato de que a CVM tem objetivos específi-

cos que podem se tornar conflitantes com o objetivo do Estado,

é muito importante sua desvinculação do Poder Executivo, de modo

que possa exercer su~ função com a máxima independência possí-

velo

Entende-se que pede vir a ser muito difícil a CVM agir

com total imparcialidade, quando demonstrações contábeis de de-

terminada empresa estatal apresentarem problemas relevantes que

podem conduzir a interpretações equivocadas.

Um dos aspectos julgados merecedores de maior atenção diz

respeito às punições aplicáveis aos auditores que emitem parece-

res em desacordo com as respectivas demonstrações contábeis. Ca-

so seja constatada a negligência do auditor com relação a de-

monstrações contábeis por ele auditadas, entende-se que a puni-

ção é importante. E levando em consideração os altos valores que

geralmente estão envolvidos, entende-se que a multa de até qui-

nhentas OTN's é, de certa forma, insignificante.

Assim sendo, recomenda-se uma reflexão por parte dos di-

rigentes da CVM para que esta forma punitiva não se torne mera

formalidade, e sim um instrumento de prevenção.

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132.

PARA AS FIRMAS DE AUDITORIA E COMPANHIAS ABERTAS

Recomenda-se às firmas de auditoria que busquem maior in­

tegração com os centros acadêmicos, o que representará aporte de

recursos e conhecimentos técnicos. Com isto haveria maior produ­

ção científica, tendo em vista a carênciá de pesquisas sobre au­

ditoria.

o mesmo pode ser recomendado às companhias abertas, que

utilizam a auditoria como um dos principais métodos de controle

interno. Além disso, é o parecer de auditoria que reforça e cer­

tifica a fidedignidade das demonstrações contábeis, e serve de

garantia adicional aos diferentes tipos de usuários identificá­

veis pelas empresas.

VI.4 - SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Vários sao os aspectos relacionados com o parecer possí­

veis e merecedores de estudos mais aprofundados. Isto indica que

esta pesquisa, mesmo que nao solucione os diversos problemas ou

elucide todas as dúvidas que envolvem o assunto - até porque nao

é este o principal objeto do trabalho - muito poderá contribuir

para elevar cada vez mais o nível e a qualidade da evidenciação,

fator imprescindível a todos os elementos que comp'õem o conjunto

das demonstrações contábeis.

Em face da série de limitações, alguns aspectos nao pude-

ram ser devidamente aprofundados, e outros surgiram durante a

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133.

realização desta pesquisa. Recomenda-se que sejam realizados es­

tudos direcionados às áreas em que foram detectados os maiores

problemas nos pareceres emitidos no Brasil. Estas pesquisas po­

deriam evidenciar, com maior riqueza de detalhes, os motivos que

levaram as companhias abertas a publicar demonstrações contábeis

inadequadamente.

Da mesma forma e sugerida a realização de estudos que

apresentem a comparação da atuação da SEC com a da CVM. Neste

caso, poderiam ser enfatizados aspectos relativos as punições

aplicáveis üos auditores e/ou firmas de auditoria nos Estados

Unidos, confrontando-as com as aplicadas no Brasil.

Por se tratar de área amplamente discutida, tanto no Bra­

silcomo no exterior, acredita-se que os estudos realizados em

pesquisas futuras, acerca dos vários problemas levantados nesta

dissertação, serão de grande valia para todos aqueles que se

utilizam das demonstrações contábeis como elemento de apoio as de

cisões.

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ANEXOS

MODELOS DE PARECERES MAIS UTILIZADOS NO

BRASIL, ESTADOS UNIDOS E EM ALGUNS OUTROS PAISES

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135.

1. MODELOS DE PARECERES UTILIZADOS NO BRASIL

a) Parecer sem ressalvas do auditor

PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES

Aos Acionistas e Diretores da

Agepe SA.

Examinamos os balanços patrimonias daAgepe S.A., levanta­

dos em 31 de dezembro de 19X6 e 19X5, e as demonstraç6es do re­

sultado, das mutaç6es do patrimônio líquido e das origens e

aplicaç6es de recursos relativos aos anos findos naquelas datas.

Nosso exame foi efetuado de acordo com as normas de auditoria

geralmente aceitas e, conseqüentemente, inclui a.s provas nos re­

gistros contábeis e outros procedimentos de auditoria que julga­

mos necessários nas circunstâncias.

Em nossa opinião, as demonstraç6es contábeis acima cita-

das representam adequadamente a posição patrimonial da Agepe

S.A., em 31 de dezembro de 19X6 e 19X5, os resultados de suas

operaç6es e as origens e aplicaç6es de recursos correspondentes

aos anos findos naquelas datas, de acordo com os princí~ios de

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136.

contabilidade geralmente aceitos, aplicados com uniformidade.

Rio de Janeiro, 10 de abril de 19X7.

w. WIESNER AUDITORES S/C

CRC. / RJ nQ 100

Wilmar Wiesner

Contador

CRC/RJ nº 11200

Pode-se observar, assim, que um parecer sem ressalvas in­

dica que o auditor está convencido sobre todos os aspectos sig­

nificativos relacionados aos princípios básicos de auditoria, e

esta convicção deve ser expressa de maneira clara e positiva.

b) Parecer com ressalvas

A seguir será apresentado um modelo de parecer de audito­

ria emitido com ressalva a respeito do não-atendimento ao regime

de competência, qU,ando da contabilização do lucro inflacionário.

PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES

Aos Acionistas e Diretores da

Agepe S.A.

Examinamos os balanços patrimonias de Agepe S.A., levan-

tados em 31 de dezembro de 19X6 e 19X5, e as demonstrações do

resultado, das mutações do patrimônio líquido e das origens e

aplicações de recursos relativos aos anos findos naquelas datas.

Nosso exame foi efetuado de acordo com as normas de auditoria

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137.

geralmente aceitas e, conseqllentemente, inclui as provas nos re­

gistros contábeis e outros procedimentos de auditoria que julga­

mos necessários nas circunstâncias.

A provisão para imposto de renda, sobre o lucro inflacio­

nário, e contabilizada pela companhia apenas quando da realiza­

ção desse lucro para fins fiscais. Em nossa opinião, essa práti­

ca não está de acordo com os princípios de contabilidade geral­

mente aceitos, os quais requerem que essa provisão seja regis­

trada no mesmo ano em que o lucro inflacionário foi computado no

resultado do exercício. Se essa provisão tivesse sido contabili­

zada, o lucro líquido estaria a menor em Cz$ e

Cz$ em 19X6 e 19X5, respectivamente.

Em nossa opinião, exceto quanto à falta da constituição

da provisão sobre o lucro inflacionário, conforme comentado no

parágrafo precedente, as demonstrações financeiras já citadas

representam adequadamente a posição patrimonial e financeira de

Agepe S.A., em 31 de dezembro de 19X6 e 19X5, os resultados de

suas operaçoes e as origens e aplicações de seus recursos cor-

respondentes aos anos findos naquelas datas, de acordo com os

princípios de contabilidade geralmente aceitos, aplicados com

uniformidade.

W. WIESNER AUDITORES S/C

CRC / RJ nQ 100

Rio de Janeiro, 10 de abril de 19X7.

Wilmar Wiesner

Contador

CRC/RJ nQ 11200

Conforme pode ser observado neste exemplo, n auditor fez

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138.

referência, no parágrafo da opinião, ao parágrafo anterior que

evidencia a falta ao cumprimento dos princípios de contabilidade

geralmente aceitos, além de demonstrar a influência deste descumpri

mento no resultado apurado e apresentado pela companhia.

c) Parecer adverso

o modelo de parecer adverso enfoca o caso em que o audi­

tor verifica um descumprimento ao regime de competência, quando

da contabilização da variação cambial sobre empréstimos em moeda

estrangeira.

PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES

Aos Acionistas e Diretores da

Agepe S.A.

Examinamos os balanços patrimonias da Agepe S.A., levan-

tados em 31 de dezembro de 19X6 e 19X5, e as demonstrações de

resultado, das mutações do patrimônio líquido e das origens e

aplicações de recursos relativas aos anos findos naquelas datas.

Nosso exame foi efetuado de acordo com as normas de auditoria

geralmente aceitas e, conseqüentemente, inclui as provas nos re­

gistros contábeis e outros procedimentos de auditoria que julga­

mos necessários nas circunstâncias.

A variação cambial sobre os empréstimos em moeda estran­

geira está sendo contabilizada pela companhia somente por oca­

sião do pagamento ao credor no exterior. Em nossa opinião, essa

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139.

prática está em desacordo com os princípios de contabilidade ge­

ralmente aceitos, os quais requerem que a variação cambial seja

registrada no regime de compet~ncia, ou seja, no ano em que hou­

ver a mudança da taxa de câmbio. Se a variação cambial tivesse

sido contabilizada com base no regime de competência, o lucro

liquido estaria a menor em Cz$

em 19X6 e 19X5, respectivamente.

e Cz$

Devido ao afastamento dos principios de contabilidade ge-

ralmente aceitos e com efeito relevante sobre as demonstraç5es

contábeis, conforme déscrito no parágrafo anterior, somos de

opinião que as demonstraç5es contábeis acima citadas não repre­

sentam adequadamente a posição patrimonial da Agepe S.A. em 31

de dezembro de 19X6 e 19X5, nem as origens e aplicaç5es de re­

cursos correspondentes aos anos findos naquelas datas, de acordo

com os princípios de contabilidade geralmente aceitos.

W.WIESNER AUDITORES S/C

CRC / RJ nº 100

Rio de Janeiro, 10 de abril de 19X7.

Wjlmar wiesner

Contador

CRC/RJ nº 11200

A principio, este poderia ser mais um caso de parecer com

ressalva, mas segundo o auditor menciona no último parágrafo,

os valores influenciariam sensivelmente o resultado da compa-

nhia, portanto, optou por emitir sua opinião através de parecer

adverso. Isto não quer dizer que outro auditor não possa consi­

derar uma ressalva suficiente e emitir sua opinião desta forma.

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d) Parecer com negativa. de opinião

PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES

Aos Acionistas e Diretores da

Agepe S.A.

140.

Examinamos os balanços patrimonias da Agepe S.A., levan-

tados em 31 de dezembro de 19X6 e 19X5, e as demonstrações do

resultado, das mutações do patrimônio líquido e das origens e

aplicações de recursos relativos aos anos findos naquelas datas .

. Nosso exame foi efetuado de acordo com as normas de auditoria

geralmente aceitas e, conseqüentemente, inclui as provas nos re­

gistros con~ãbeis e outros procedimentos de auditoria que julga­

mos necessãrios nas circunstâncias, com exceção do mencicnado no

parãgrafc seguinte.

De acordo com instrução da Agepe S.A., nao observamos os

levantamentos dos inventãrios físicos dos estoques em 31 de de­

zembro de 19XG e 19X5.

Devido ao limite na amplitude dos exames dos estoques,

conforme mencionado no parãgrafo precedente, os quais, em nossa

opinião, são materiais em relação as demonstrações contãbeis,

nao expressamos uma opinião sobre as demonstrações contãbeis da

companhia

W. WIESNER AUDITORES S/C

CRC / RJ nQ 100

Rio de Janeiro, 10 de abril de 1987.

Wilmar Wiesner

Contador

CRC/RJ nQ 11200

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141.

Numa visão bastant~ maliciosa, pode-se dizer que esta em­

presa de auditoria teria detectado algum problelua com relação a

rubrica de estoques e, em função disso, eximindo-se de maior

responsabilidade, alegou não ter condições de emitir uma opinião

a respeito das demonstrações. Neste caso, o auditor emitiu um

parecer com negativa de opinião, pois julgou relevante o valor

dos estoques. Mas O julgamento quanto aos estoques serem rele­

vantes ou não;coube, principalmente, ao auditor, o que possibi­

lita a qualquer outro auditor emitir um parecer apenas com res­

salva, caso entenda que os estoques sejam irrelevantes. Esta e

apenas uma ficção, não podendo afirmar que isto venha a ocorrer,

entranto, a possibilidade não deve ser totalmente descartada.

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142.

2. PARECERES DE AUDITORIA UTILIZADOS NOS ESTADOS UNIDOS

a) Parecer sem ressalvas .

A seguir sera exposto um modelo básico do parecer segundo

as normas norte-americanas de auditoria.

We have examined the accompanying balance sheet of XYZ

Company at and the related statements of income

stockholders equity, and changes in financiaI position for the

year then ended. Our examination was made in accordance with

general1y accepted auditing standards, and according1y included

such tests of the accounting records and such other auditing

procedures as we considered necessary in the circumstances.

In our opinion, the statements mentioned above present

fairly the financiaI position of XYZ Company at

and the results of its operations and changes in financiaI

position for the year then ended, in conformity with generally

accepted accounting principIes applied on a basis consistent

with that of the precending year. (*)

(*) Arthur Young Auditores Associados, S.C .. Manual de Relatórios. Rio de Ja­neiro, 1979.

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143 •

. Tradução·

Examinamos o balanço patrimonial da Companhia XYZ, levan­

tado em e as respectivas deillonstraç6es de re­

sultado e das mutações patrimoniais e mudanças na posição finan­

ceira ao exercício findo naquela data. Nosso exame foi efetuado

de acordo com as normas de auditoria geralmente aceitas e, con­

seqüentemente, inclui as provas dos registros contábeis e outros

procedimentos de auditoria que julgamos necessários nas circuns­

tâncias.

Em nossa opinião, as" demonstrações contábeis, acima refe­

ridas, representam adequadamente a posição financeira da Compa­

nhia XYZ em e o resultado das operações e as

mutações na sua posição financeira, correspondentes ao exercício

findo naquela data, em conformidade com os princípios de conta-

bilidade geralmente aceitos com uniformidade ao período

rior.

b) Parecer com ressalvas

ante-

Será demonstrado, a seguir, um modelo de parecer ressal­

vado em função da limitação do âmbito do exame.

Scope paragraph:

We have examined the accompanying balance sheet of XYZ

Company at and thc related statements of

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144.

income, retained earnings, and changes in financiaI position for

the year then ended. Our examination was made in accordance with

genera11y accepted auditing standards, and accordingly included

such tests of the accounting records and such other auditing

procedures as we considered necessary in the circunstances

except as stated in the following paragraph.

Middle paragraph:

The Company does notmaintain adequate controls over

accounts receivable and accounts receivable discounted, and it

is now conducting a study to determine the reasonableness of the

balances in these accounts. Consequently, we were unable to

satisfy ourselves as to the balances of accounts receivable and

discounted receivables at

Opinion paragraph:

In our opinion, except for the effectsof such adjustments

that may result when the study mentioned in the preceding

paragraph is completed, the statements mentioned above present

fairly the financiaI position of the XYZ Company at

and the results of its operations and changes in financiaI

position for the year then ended, in confornity with generally

accepted accounting principIes, applied on a basis consistent

with that of the preceding year. (*)

Tradução

Parágrafo da amplitude do exame.

Examinamos o balanço patrimonial da Companhia XYZ, levan-

(*) Id. ibid. p. 5.005

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tado em

145.

e os respectivos resultados e das

mutações patrimoniais e na posição financeira correspondente ao

exercício findo naquela data. Nosso exame foi efetuado de acordo

com as normas de auditoria geralmente aceitas e, conseqüentemen­

te, inclui as provas nos registros contábeis e outros procedimen­

tos de auditoria que julgamos necessários. nas circunstâncias,

exceto quanto ao mencionado no parágrafo seguinte.

Parágrafo intermediário.

A Companhia não mantém controles adequados sobre as du­

plicatas a receber e descontadas e, atualmente, está efetuando

um levantamento com o objetivo de aferir a posição dessas con­

tas. Conseqüentemente, não nos foi possível obter evidência sa­

tisfatória quanto aos saldos das duplicatas a receber e descon­

tadas em

Parágrafo da opinião.

Em nossa opinião, exceto quanto ao efeito dos eventuais

ajustes nas contas, de duplicatas a receber e de lucros e perdas

após o término do levantamento mencionado no parágrafo anterior,

as demonstrações contábeis acima referidas representam adequada-

mente a posição patrimonial e financeira da Companhia XYZ em

resultado de suas operações e as mutações

na posição financeira, correspondentes ao exercício findo naque­

la data, de acordo com os princípios de contabilidade geralmente

aceitos, aplicados com uniformidade em relação ao éxercício an­

terior.

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146.

c) Parecer com negativa de opinião

A seguir será apresentado um modelo de parecer com nega­

tiva de opinião restrita ao resultado do exercício, e devido a

limitação do âmbito do exame.

Scope paragraph.

We have examined the accompanying balance sheet of XYZ

Company at , and the related statements of

income, retained earnings and changes in financiaI position for

the year then ended. Our examination was made in accordance with

generally accepted auditing standards, and accordingly included

such tests of the accounting records and such other auditing

procedures as we considered necessary in the

except as stated in the following paragraph.

circumstances,

Middle paragraph.

We were not .present to observe the physical

taking at because that date we were

inventory

engaged

as independent auditors for the company. Due to the nature of

the Company's records, we were unable to satisfy ourselves by

means of other auditing procedures as to the beginning inventory

quantities and we were unable to satisfy ourselves as to the

costing of the beginning inventory.

Opinion paragraph.

In our opinion, the accompanying balance sheet

fairly the financiaI position of XYZ Company at

prcsents

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147.

in conformity with gene~ally accepted accounting principIes,

applied on a basis consistent with that of the preceding year.

Since, as discussed in the preceding paragraph, we were unable

to satisfy ourselves with repect to the inventory at

the scope of our work was not sufficient to enable us to express'l

and we do not express, a~ opinion on the accompanying

statements of income, retained earnings and changes in financiaI

position for the year ended (*)

Tradução

Parágrafo da amplitude do exame.

Examinando o balanço geral da Companhia XYZ, levantado em

e as respectivas demonstrações de resul­

tados e das mutações patrimoniais e a posição financeira cor­

respondente ao exercício findo naquela data. Nosso exame foi

efetuado de acordo com as normas de auditoria geralmente aceitas

e, conseqüentemente, inclui as provas nos registros contábeis e

outros procedimentos de auditoria que julgamos necessários nas

circunstâncias, exceto quanto ao mencionado no parágrafo seguin­

te.

Parágrafo intermediário.

Pelo fato de só termos sido contratados como 'auditores

independentes após , não pudemos observar ---------------------- a

contagem.física do inventário realizada naquela data, nem tive­

mos condições satisfatórias para, através de outros procedimen­

tos, verificar as quantidades inventariadas. Em consequência, nao

(*) Id. ibid. p. 5.053

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148.

nos foi possível obter eyidência satisfatória quanto às quanti­

dades e a avaliação dos estoques existentes no início do exercí­

cio.

Parágrafo da opinião.

Em nossa opinião, o balanço geral acima referido repre­

senta, adequadamente, a posição patrimonial da Companhia XYZ em

de acordo com os princípios de contabi­

lidade geralmente aceitos, aplicados com uniformidade em relação

ao exercício anterior. Em virtude de nao nos ter sido possível

obter evidência satisfatória quanto à avaliaç~o dos estoques em

dev1do às limitações na extensão de

nosso exame, conforme explicado no parágrafo anterior, deixamos

de expressar uma opinião sobre as demonstrações de resultados e

das mutações patrimoniais e na posição financeira, em

correspondentes ao exercício findo em

d) Parecer adverso '

anexo,

o modelo apresentado a seguir pode ser utilizado pelo au­

ditor para expressar sua opinião de forma adversa.

Scope paragraph.

We have examined the accompanying balance sheet of the

XYZ Company at and the related statements

. of income, stockholders equity, and changes in financiaI

position for the year then ended. Our examination was made in

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149.

accordance with generally accepted auditing standards and

accordingly inclueded such tests of the accounting records and

such other auãiting procedures as we considered necessary in the

circumstances.

Middle paragraph.

For the year ended December 31, the Company

failed to record interestexpense amounting to US$

relating to third party loans.

Opinion paragraph.

In our opinion, because of the material effect to the

item mentioned in the preceding paragraph, the staternents

mentioned -above do not present fairly the financiaI position of

the XYZ Company at the results of its operations

nor the changes in financiaI position for the year then ended

in conformity with generally accepted accounting principles.(*)

Tradução

Parãgrafo da amplitude do exame.

Examinamos o balanço geral da Companhia XYZ, levantada em

e as respectivas demonstrações de re­

sultados e das mutações patrimoniais e a posição financeira

correspondentes ao exercício findo naquela data •. Nosso exame foi

efetuado de acordo com as normas de auditoria geralmente aceitas

e, conseqüentemente, inclui as provas nos registros contábeis e

outros procedimentos de auditoria que julgamos necessários nas

circunstâncias.

(*) Id. ibid. p. 5.253.

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150.

Parãgrafo intermediãrio.

No exercício findo em a Companhia deixou

de contabilizar a importância de Cz$ , relativa a

juros devidos sobre empréstimos a favor de terceiros.

Parãgrafo da opinião.

Devido à relevância do item descrito no parãgrafo ante­

rior, somos de opinião que as demonstrações contábeis acima re­

feridas não representam, adequadamente, a posição patrimonial da

Companhia XYZ em nem o resultado de suas opera-

ções e mutações na sua posição financeira correspondente ao

exercício findo naquela data, de acordo com os princípios de

contabilidade geralmente aceitos.

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151.

3. PARECER SEM RESSALVAS UTILIZADO NO CANADÂ

Os pareceres uti~izados no Canad~ apresentam caracteris­

ticas muito semelhantes às daqueles utilizados nos Estados Uni­

dos. Assim sendo, optou-se por apresentar apenas um modelo de

parecer sem ressalva, tendo em vista, alguma diferença no padrão

de linguagem entre ambos.

We have examined the balance sheet of XYZ Company as at

and the statements of income,retained earnings

and changes in fipancial position for the year then ended. Our

examination included a general review of the accounting

procedures and such tests of accounting records and other

supporting evidence as we

circumstances.

considered necessary in the

In our opinion, these financiaI statementspresent fairly

the financiaI position of XYZ Company as at and

the results of its operations and change in financiaI

for the year then ended in accordance with generally

position

accepted

accounting principIes applied on a basis consistent with that of

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the precedingyear, Wich principIes,

accepted in Canadá.

Tradução

are those

152.

generally

Examinamos o balanço patrimonial da Companhia XYZ, levan­

tado em e as respectivas demonstrações de re­

sultados e das mutações patrimoniais na posição financeira cor­

respondentes ao exercício findo naquela data. Nosso exame in­

cluiu uma revisão geral dos procedimentos contábeis, testes dos

registros contábeis e de outros comprovantes, conforme julgamos

necessário nas circunstâncias.

Em nossa opinião, as demonstrações contábeis, acima refe­

ridas, representam adequadamente a posição patrimoni"al e finan-

ceira da Companhia XYZ em ------------------- , o resultado de suas

operações e as mutações na posição financeira, correspondentes

ao exercício findo naquela data, de acordo com os princípios de

contabilidade geralmente aceitos, aplicados com uniformidade em

relação ao exercício anterior. Esses princípios correspondem aos

princípios geralmente aceitos no Canadá.

(*) Id. ibid. p. 4.301.

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153.

4. OS PARECERES A SEGUIR APRESENTADOS FORAM EXTRAíDOS DE:

QUER~NDEZ, Francisco. Manual europeo de révisión Contable.

Bilbao, Artes Gráficas Grijelmo, 1965.

a) ALEMANHA E AUSTRIA

Der fo1gende Best!tigungsvermerk wird unter die der Haupt-

versamn1ur.g vorge1egte Bi1anz und Erfo1gsrechp-ung geschriceDen:

"Nach dem absch1iessenden Ergebnis meiner pflichtmassi-, .

gen Prüfung auf Grund der Bücher und der Schriften der Gese11s-

. " chaft sowie der vom Vorstand ertel1ten Aufklarungen und Nachwei-

se entsprechen die BuchfUhrung, der J~hresabsch1us und der ,I

Gesch~ftsbericht, soweit er den Jahresabschlus erlautert, den

gesetzlichen Vorschriften. (*)

(Unterschrift)

(*) QUERÉNDEZ, Francisco. Manual Europeo- de Revisión Contab1e. Bilbao, Artes Gráficas Grije1mo, 1965, p. 201.

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154. Tradução

o visto de certificação é inscrito no balanço e conta de

exploração submetido à Assembléia Geral:

liDo resultado final da revisão obrigatória executada com

base nos livros e documentos da sociedade, assim como das infor­

maçoe.s e justificações fornecidas pela comissão de direção, pa­

rece que a contabilidade, os documentos de fechamento e o rela­

tório de gestão, na medida onde este último se reporta a situa­

ção de fim de ano, estão conforme às prescrições legais".

(Assinatura)

b) HOLANDA

In Holland hebben de accountants een zo groot mogelijke

vrijheid in het redigeren van hun verklaring. Men kan dan ook

verschillende vormen dezer verklaring onderscheiden, bijvoorbeeld:

- liDe enkele handtekening onder de balans en de winst-en

verliesrekening".

liDe korte clausule 'Gecontroleerd en in orde bevonden",

gevolgd door de ondertekening van de accountant.

Voorbeeld van een afzonderlijke korte verklaring in het

jaarverslag:

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155.

"Wij verklaren, dat wij de jaarekening 19 .... van de

N.V ..•.. hebben gecontroleerd. Naar onze mening geeft de in dit

jaarverslag opgenomem jaarekening een getrouw beeld van de

financi~le positie der vennootschap per 31 december 19 ... en van

het resultaat van het op dien datum ge~indigde boekjaar".

Ondertekening van de accountant(*)

Tradução

Na Holanda, o revisor das contas de fim de ano é livre de

redigir seu relatório de auditoria corno melhor entender. Consi­

derando este fato, este documento pode revestir-se de diferen­

tes formas, .como por exemplo:

Atestado de revisão de balanço e da conta de resultado:

- Simples assinatura do revisor, ou expressa0;

- Expressão "Certificado exato", seguido de assinatura.

"Certificamos ter procedido a revisão das contas do exer­

cicio de 19 ... na sociedade anônima X. Em nossa opinião, as con­

tas de fim de ano publicadas no relatório de gestão dão urna ima­

gem fiel da situação financeira e de resultados da sociedade ano

nima em 31 de dezembro de 19 ... ".

Assinatura do revisor

(*) Id. ibid. p. 211.

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156.

c) INGLATERRA

Modelo de certificado sugerido pelo InstituteofChartered

Accountants in England and Wales, de uso geral, quando não há

ressalvas nem exame de balanços consolidados:

We have obtained allthe inforlaation and explanations which

to the best of our knowledge and belief were necessary for the

purposes of our audit. In our opinion proper books of account

have been kept by the company so far as appears from our

examination of those books. We have examined the above balance

sheet and annexed profit and loss account which are in agreement

with .the books of account. In our opinion and to the best of our

information and according to the explanations given us the said

accounts give the information required by the Companies ACT,

1948, in the manner so required, and the balance sheet gives a

true and fair view of the state of the Company's affairs as at

and the profit and loss account gives a true and

fair view of the profit for the year ellded on that date.(*)

Tradução

Obtivemos todas as informações e explicações que para

nosso melhor entendimento e convicção foram necessárias para os

objetivos de nossa auditoria.

Em nossa opinião, livros de contabilidade apropriados fo­

ram escriturados pela companhia como surgiu de nosso exame des-

(*) Id. ibid. p. 5.253.

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157.

ses. Examinamos o balanço acima e a anexa demonstração de resul­

tado que se encontram de acordo com os livros de contabilidade.

Em nossa opinião e para nossa melhor informação, e de acordo com

as informações requeridas pela Lei das Sociedades Anônimas de

1948, na forma por ela determinada, o balanço dá a verdadeira e

razoável visão da situação dos negócios da Companhia em

e a demonstração de resultado dá a verdadeira e razoável visão

do resultado do ano encerrado naquela data.

d) ESPANHA

Don ... y Don ... Accionistas Censores de Cuentas (o bien

"Don ... y Don ... Accionistas Censores de Cuentas y Don ... miembro

del Instituto de Censores Jurados de Cuentas"), designados por

la Junta General de Accionistas de .... Sociedad Anónima, en

sesión celebrada el dia ... de .... de 19 .... para el examen e

informe de las actividades, situación y resultados de la citada

Sociedad en el transcurso y como consecuencia de la actividad

social en el ejercicio de ... , en cumplimiento de lo dispuesto

en el art. 108 de la Ley sobre el Régimen Jurídico de las Socie­

dades Anónimas, de 17 de julio de 1951, vigente, tienen el honor

de emitir el siguiente.

.Informe

Primeiro: Que la Memoria de la Sociedad en su redacción,se:

corresponde con las actividades sociales reflejadas en los li­

bros de Contabilidad, descl~ibiendo fielmente las de mayor inte-

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158.

~es y transcendencia.

Segundo: Que el Balance de Situación es el que correspon-

de a la realidad contable, siendo los datos que presenta exac-

tos y veridicos, como consecuencia de la debida inscripción con­

table de los hechos económicos, considerando asimismo correctos

los criterios mantenidos en las valoraciones de Inventário y en

la amortización de los bienes activos.

Tercero: Que la cuenta de Pérdidas y Ganancias es fiel

reflejo de la que figura en la contabilidad oficial, reflejando

el saldo corr"ectamente y s,in omisiones los resultados obtenidos,

como conscuencia de la actividad social des arrollada durante el

ejercicio a que corresponde.

Quarto: Que nada tienen que oponer a la Propuesta de Dis­

tribución de Beneficios, por referirse a los realmente habidos ,

y haber sido estabelecida de conformidad con los preceptos lega­

les y normas estatuarias vigentes.

Como consecuencia de cuanto antecede, los Censores de

Cuentas que informan y suscriben, proponen la aprobación de la

Memoria, Balance, Estato y Propuestas que antecedeu (o bien "foE

mulan los siguientes reparos a los documentos que anteceden: ....

... "), que el Consejo de Administración somete a la Junta Gene­

ral ordinária de Accionistas, haciendo constar que el informe

que emiten en la consecuencia deI examen y revisión efectuados

sobre la contabilidad oficial y auxiliar, y sobre los antecede~

tes y justificantes que han juzgado conveniente analizar en e1

desarrolo de su mision, debiendo hacer presente que, en el de­

sempeno de la misma, han recibido por parte de los administrado

res de la sociedad la debida asistencia y todo género de facili

dades.

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159.

Y para que conste y surta efectos que proceda, en cumpli-

miento de las disposiciones legales y deI mandato recibido, sus-

criben e 1 presente Informe en .....•.•. a .......... de ....... .

de ......•....... . (*)

(Nome da empresa)

6) PORTUGAL

Relatório

Examinamos o Balanço Geral em 31 de Dezembro de

da Sociedade e a conta de Ganhos e Perdas para o

periodo de gestão do exercicio findo naquela data. O exame foi

efetuado de acordo com os principios gerais que regem a perita-

gem e com a extensão que julgamos adequada.

Em nossa opinião (salvaguardada pelo que se diz adiante

nos parágrafos se for necessário) o Balanço G~

ral supra (ou anexo ao Relatório) e a conta de Ganhos e Perdas

refletem o movimento nos livros, escriturados segundo as bases

contabilisticas e as disposições da Lei e sem alteração sensivel

ao plano adotado no ano anterior, mostra verdadeiramente a po-

sição financeira da Sociedade em 31 de

e os resultados reais de gestão

findo naquela data. (.**)

(*) Id. ibid. p. 204. (**) Id. ibid. p. 212.

Dezembro de

do exercicio

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f) FRANÇA

Rapport général sur les comptes.

Messieurs,

Nous avons l'honneur de vous rendre compte de

tion du mandat que votre assemblée ordinairedu ----voulu nous confier pour l'exercice 19

160.

l'exécu-

a bien

lo Nous n'avo~s relevé aucune irrégularité ou inexactitu­

de en procédant a la vérification périodiqu"e des livres, de la

caisse, du portefeuille et des valeurs de votre société.

20 L'inventaire et le bilan de l'exercice 19 qui

vous sont soumis ont été établis réguliérement et avec sincéri­

té.

Les méthodes d'évaluation et le mode de présentation des

chiffres n'ont pas été modifiés.

(Si des mddifications ont ét~ apportées aux méthodes

d'évaluation ou au mode de présentation des chiffres, 1e rapport

devra en faire connaitre les motifs.)

30 Les informations données sur les comptes de votre so­

ciété dans le rapport du conseil d'administration dont vous ve­

nez d'entendre la lecture sont exactes.

40 Le compte de profits et pertes, établi dans la meme

forme que l'année précédente, exprime exactement les résultats

de l'exercice en faisant ressortir un bénéfice (ou une perte)

de F.

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161.

~es propositions d'affectation et de r~partition de cette

somme, présentées par votre conseil d'administration, sont con-

formes à vos statuts.

Nous n' avons donc aucune objection à présenter a 1 'e.ncon-

tre de l'approbation des comptes de l'exercice 19 par votre

assemblée.

Fait a _______________________ , le (* )

Messieurs,

Nous avons l'honneur de vous présenter le rapport spéêial

prevu par les articles 34 et 40 de la lei de 1867 sur les con-

ventions passées directement ou inderectement entre votre socié-

té et ses administrateurs depuis la réunion de votre derniere

d'administration nous a donné avis, conformément à la loi.

19 Une premi~re convention

29 Une seconde convention etc

L'analyse de toutes ces conventions et l'examen de leurs

conditions d'exécution nous a conduit à ne formuler accune cri-

tique à leur encontre.

Fait à , le -------------------

Tradução

Relatório geral sobre as contas.

Senhores,

Temos a honra de prestar-vos conta da execução do mandato

(*) Id. ibid. p. 206. (**) Id. ibid. p. 207.

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que vossa assembléia ordinária de

confiar para o exercídio de 19

houve por bem

162.

nos

10 Não observamos nenhuma irregularidade ou inexatidão

quando procedemos a verificação periódica dos livros de

da Carteira de títulos e dos valores de vossa sociedade.

20 O inventário e o balanço do exercício de 19 ---

Caixa,

que

vos sao submetidos foram estabelecidos regularmente e com since­

ridade.

Os métodos de avaliação e a forma de apresentação das ci­

fras não foram modificados.

(Se modificações foram realizadas nos métodos de avalia-

çao e na forma de apresentação das cifras, o relatório deverá

mencionar os motivos.)

30 As informações dadas sobre as contas de vossa socieda­

de no relatório do Conselho de Administração do qual vós vinde

de interpretar a leitura estão exatas.

40 A conta de lucros e perdas, estabelecida da mesma for-

ma que no ano precedente, exprime exatamente os resultados do

exercício fazendo ressaltar um lucro (ou um prejuízo ) de

F.

As propostas de distribuição e repartição dessa sorna,

apresentadas por vosso Conselho de Administração, estão conforme

a vossos estatutos.

Não ternos, assim, nenhuma objeção a apresentar a aprova-

cão das contas do exercício de 19 por vossa assembléia.

Relatório Especial sobre os acordos firmados entre a 80-

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163.

çiedade e seus Administr~dores.

Senhores.

Temos a honra de apresentar-vos o relatório especial pre~

visto nos artigos 34 e 40 da lei de 1967 sobre os acordos firma-

dos entre vossa sociedade e seus administradores após a reunião

de vossa última assembléia geral anual, acordos esses que vosso

Conselho de Administração nos deu conhecimento, conforme a lei.

19 Um primeiro acordo

29 Um segundo acordo

A análise de todos esses acordos e o exame de suas condi-

çoes de execução nos conduziu a não formular qualquer critica a

seu respeito.

___________________ em

g) IUGOSLÁVIA I

No osnovu utvrdjenog stanja, Komisija za pregled zavrsnog

racuna za godinu (naziv preduzeca).

Predlaze

de se zavrsni racum prihvati u celini onako kako je odobren od

strane Radnickog saveta i podnet Sluzbi drustbenog knjigovodstva.(*)

(*) Id. ibid. p. 215.

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164.

Tradução

Em função de suas verificações, a comissão de revisão do

balanço do exercício de 19 de (nome da empresa).

Propõe

a adoção sem reserva do balanço que e aprovado pelo conselho de

pessoal de empresa acima indicada e que resulta da contabilidade

da empresa.

h) B~LGICA

Bruxelles, le

A L'Assemblée générale de la

Société x. Y.

Messieurs,

J'ai l'honneur de faire rapport sur la mission de

veillance générale qui m'est impartie par les stat~ts.

sur-

J'ai suivi les opérations de la société et les actes du

Conseil d'Administration avec leque I je suis resté en contact au

sujet des résultats de mes travaux.

J'ai pu prendre connaissance des livres, de. la correpon­

dence,'des procésve~baúx, et, plus généralement, de toutes les

écritures de la société. J'ai reçu des gérants toutes les indi­

cations et informations complémentaires qu'il mIa paru nécessai­

re de recueillir.

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Dans l'examen des comptes, je me suis appuye

165.

plus spe-

cialment sur les travaux du commissaire-réviseur. J'ai exercé ma

mission et, en particulier, la vérification de l'inventaire pro­

pr6rent dit, conformément aux normes de controle généralement

acceptées et j'ai utilisé tous les modes de surveillance qui

mont paru indiqués dans les circonstances.

A mon avis, le rapport et les comptes annuels qui vous

sont présentés traduisent d'une maniere compléte, fidéle et cor­

recte l'évolution des affaires de la société ao cours de l'exer­

cice et leur état a la fin de celui-ci tels qu'ils résultent

des écritures sociales, des informations et des explications re­

cues et des vérifications auxque lles j'ai procedé.

Je n'ai pas d'autres observations à formuler.

Je vous prie de croire, Messieurs, à mes salutations les

plus distinguées.

À Assembléia Geral da

Sóciedade x.

Senhores,

(signature) (1<)

Tradução

Bruxelas, em

~enho a honra de apresentar relatório sobre a missão de

(*) Id. ibid. p. 202.

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166.

fiscalização geral que me foi confiada pelos estatutos.

Acompanhei as operaçoes da sociedade e os atos do Conse-

lho de Administração com o qual estive em contato no trato das

questões relacionadas com meus trabalhos.

Tomei conhecimento dos livros, da correspondência, das

. \ atas e, malS geralmente, de todos os lançamentos da sociedade.

Recebi dos gerentes todas as indicações e informações complemen-

tares que me pareceram necessárias obter.

No exame das contas, apoiei-me especialmente nos traba-

lhos do comissário-revisor. Exerci minha missão, em particular,a

verificação do inventário propriamente dito, conforme às normas

de controle geralmente aceitos, e utilizei os procedimentos de

auditoria que me pareceram indicados nas circunstâncias.

Em minha opinião, o relatõrio e as contas anuais que vos

são apresentadas traduzem de uma maneira completa, fiel e corre-

ta a evolução dos negõcios da sociedade no decorrer do exercício

e sua situação ao fim desse como resultam da escrituração, das

informações e das explicações recebidas e das verificações a que

procedi.

Não tenho outras observações a formular.

Envio-vos, senhores, as minhas saudações distintas.

(assina~ura)

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167.

i) lTÂLlA

AlI' Assemblea Generale Ordinaria.

Signori Azionisti,

II bilancio chiuso aI 31 decernbre 19 salda con le

seguenti risultanze (esclusi i conti d'ordine che parggiano in

L. . ) : -------

,Attivo

Passivo

utile Netto

L.

L.

L.

Tele cifra trova riscontro nel conto economico come segue:

Profitti e Redditi L.

Oneri e Spese L.

utile Netto L.

e nella contabilitá sociale, regolarmente tenuta.

Vi diamo atto che la valutazioni delle partite componenti

lo stato partimoniale sono state calcolate con sani criteri am-

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168.

ministrativi, e che i ratei e i risconti sono stati correttamen­

te calcolati in relazione alIe relative competenze, in base a

criteri con noi previamente concordati.

Gli ammortamenti sono stati calco lati in base alIe ali­

quote fiscali consentite e precisamente 8% sui galleggianti, 10%

sul macchinario e con percenduali variabilidal daI 10% aI 40% sulle

altre attrezzature e automezzi, aliquote proparzionalmente ri-

dotte per gli acquisti deI 19 in relazione aI per iodo de

impiego.

Vi invitiamo pertanto ad approvare il Bilancio, la Rela­

tione deI Consiglio di Amministrazione ed il riparto degli utili

cosi come propostovi.

rI Collegio Sindicale.(*}

Tradução

À Assembléia Geral Ordinária.

Senhores Acionistas,

O balanço encerrado em 31 de dezembro de 19 sa~da-se

com os seguintes resultados (excluidas as contas de compensaçao

que se balanceiam pela sorna de L. ) :

Ativo L.

Passivo L.

Lucro Liquido L.

Tal cifra resulta igualmente da conta de resultado corno

segue :'

{*) Id. ibid. p. 209.

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169.

Lucros e Réditos L.

Perdas e Despesas L.

Lucro Líquido L.

e estão em concordância com as contas reg~larmente escrituradas.

Confirmamos que os elementos de ativo foram avaliados se-

9undo critérios válidos de boa administração e que os rateios e

provisões foram corretamente calculados em relação a relativa

competência, com base em critérios por nós previamente aprova-

dos.

As amortizações foram calculadas nas bases admitidas pelo

fisco, notadamente a taxa de 8% para flutuantes, de 10% para as

máquinas e de 10% a 40% para os outros materiais e os veícul~s,

as amorti~ações tendo sido calculadas pro rata temporis para os

bens adquiridos no curso do exercício.

Indicamos, assim, a aprovar o balanço, o Relatório do

Conselho de Administração e a repartição dos lucros, tal como , e

p~oposta.

Colégio de Síndicos.

j) SUXÇA

, den --------------An die Generalversammlung der

· X. Y. Aktiengesellschaft

In Ausubung des uns an Ihrer letzten ordentlichen Gene-

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ralversammlung erteilten Mandates haben wir aIs

170.

gesetzliche

Kontrollstelle die Rechnungsablage Ihrer Gese11schaft auf den

31.12. geprüft.

Die Bi1anz mit einer Summe von F und einem Gewin-----

nsa1do von F

gewinn von F

sowie die Erfo1gsrechnung mit einen Jahres­

stimmen mit den sauber und ordnungsgem~ss

geführten Büchern überein.

Die Darstellung der Aktiven und Passiven sowie der Ausweis

des Geschãftsergebnisses entsprechen den gesetz1ichen und statu­

tarischen varschriften.

Wir empfehlen Ihnen daher, die vorliengende Rechnung zu

genehmigen und dem Gewinnvertei1ungsvorschlag des Verwa1tungsra­

tes, nâm1ich:

Ein1age in die gesetz1iche Reserve F.

Einlage in die statutarische reserve F.

% Dividende brutto F.

- Vortrag auf neue Rechnung F.

- Verfügbarer Reingewinn wie oben F.

Zuzustimmen Hochachtungsvol1

Die Kontrol1stelle (,~)

de 19

,(*) Id.ibid. p. 213.

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A Assembléia Geral

da Sociedade X

Tradução

171.

Na execução do mandato que nos foi confiado em sua última

assembléia geral ordinária, verificamos na qualidade de comissá­

rios de contas a situação contábll. dessa sociedade em 31 de de­

zembro de 19

o balanço, que em seu total atinge a F e apre-

senta um saldo positivo de F

que registra um lucro anual de F

e a conta de resultados

encontram-se de acor-

do com os livros da sociedade, os quais incluem lançamentos de

forma clara e conforme os princípios da regularidade formal.

A apresentação do ativo e do passivo, bem como a determi­

naçao do resultado do exercício, corresponde às prescrições le­

gais e estatutárias.

Recomendamo-lhes, portanto, a aprovaçao das contas que

lhes são apresentadas e que manifestem sua concordância quanto à

distribuição dos lucros que foi estabelecido pelo Conselho de

Administração da seguinte forma~

Dotação a Renda Legal

Dotação a Reserva Estatutária

% de dividendo bruto ----- Lucros Suspensos

Total igual ao lucro disponível acima

indicado

F.

F.

F:

F.

F.

Os Revisores.

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172.

COPIA DE CORRESPONDf:NCIA DE AGRADECIMENTO

Rio de Janeiro, 20 de junho de 1987.

Prezado senhor:

Agradecemos a atenção de V.Sa. por ter possibilitado ao

nosso pesquisador, Sr. Wilmar Wiesner, o acesso aos arquivos

disponiveis sob voss~ responsabilidade. A colaboração de V.Sa. e

de outros profissionais de funções similares ã de vital

tância para o sucesso de nosso trabalho.

impor-

Oportunamente teremos prazer em enviar-lhe os resultados

da pesquisa em que V. Sa. colaborou.

Estamos à sua disposição no ISEC/FGV.

Atenciosamente

Prof. Dr. Josir Simeone Gomes.

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