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18 Outubro 2011 // Lisboa // Ano 3 // www.ionline.pt COPYRIGHT DANWARBRICK PHOTO O PASSADO E O FUTURO DO SURF RIP CURL PRO PORTUGAL 2011 – 15 A 24 DE OUTUBRO Após o sucesso dos dois últimos anos, a etapa dos Supertubos veio para ficar. Saiba o que está em causa e conheça as principais figuras presentes na oitava prova do circuito mundial de surf // Kelly Slater,o ditador do circuito, está a caminho do 11º título? Ou OwenWright será capaz de roubá-lo?//Veja a entrevista com o jovem prodígio australiano // E, claro, a conversa comTiago Pires, o nosso Saca, que explica de que forma os jovens surfistas estão a ser processados Com o apoio de:

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RIP CURL PRO PORTUGAL 2011 – 15 A 24 DE OUTUBRO Após o sucesso dos dois últimos anos, a etapa dos Supertubos veio para ficar. Saiba o que está em causa e conheça as principais figuras presentes na oitava prova do circuito mundial de surf // Kelly Slater, o ditador do circuito, está a caminho do 11º título? Ou Owen Wright será capaz de roubá-lo? // Veja a entrevista com o jovem prodígio australiano // E, claro, a conversa comTiago Pires, o nosso Saca, que explica de que forma os jovens surfistas estão a ser processados

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18 Outubro 2011 // Lisboa // Ano 3 // www.ionline.ptC

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O PASSADO E OFUTURO DO SURF

RIP CURL PRO PORTUGAL 2011 – 15 A 24 DE OUTUBRO Após o sucesso dos dois últimos anos,a etapa dos Supertubos veio para ficar. Saiba o que está em causa e conheça as principaisfiguras presentes na oitava prova do circuito mundial de surf // Kelly Slater, o ditador docircuito, está a caminho do 11º título? Ou OwenWright será capaz de roubá-lo?//Veja aentrevista com o jovem prodígio australiano // E, claro, a conversa comTiago Pires, o nossoSaca, que explica de que forma os jovens surfistas estão a ser processados Com o apoio de:

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Um actorsecundário

ÍNDICE

04 Peniche. Cercada de surf por todosos lados

06 Kelly Slater. O exemplo do surfistaperfeito de competição

08 Ranking, o clube privado. Só osmelhores podem entrar

10 Entrevista a Owen Wright. “O KellySlater desperta o melhor que háem mim”

12 Competição. De pequenino é quese torce o penino

14 Tiago Pires. “Sou talvez o único docircuito que tem o 12º ano”

16 Senhoras. Carissa Moore, a meninaque vai fazer os rapazes chorar

18 Dicionário do surf. Para estarpreparado

20 E esta! O primeiro centro de altorendimento público na Europa

22 Guia de Peniche. E se o mar estiverflat?

Em mil-oito-e-troca-o-passo, pesquei umadourada ali para os lados do Baleal. Com aajuda de um adulto, da cana de pesca e atéda própria dourada, pobre coitada. Tenhofotos e tudo. Desde esse dia, sempre me sentiligado ao mar. Uma espécie de connection,diria mesmo que senti um click com a natu-reza e pensei “sou um homem do mar”, comaquela propriedade que só os homens domar têm, pois então, e pronto para altos voosem aéreos numa prancha de surf ou entãoem voos rasantes a driblar um tubo, outravez numa prancha, agora talvez longboard.Mas afinal… afinal não, tudo não passou deum terrível erro de julgamento. Por culpa domeu jeito de lançar o anzol, da cana de pescae até da própria dourada, essa enganadora.Nunca passei desse estado sonhador, desseclick, desse momentum. Tentei, a sério quetentei, mas nunca passei de um actor secun-dário. Como Cabrera. Quem? (Abro aqui umparêntesis, mas não para falar do José MariaCabrera, de Lanzarote)Diego Maradona só tem 16 anos quando,após uma grande exibição pelo ArgentinosJuniors, um jornalista pergunta como lhecorrera o jogo e ele responde: “Marqueidois golos e fiz um túnel [bola por debaixodas pernas; na Argentina, um ‘caño’].” Ojornalista não entende a última parte e per-gunta--lhe novamente. Maradona repete-se,claro: “Fiz um túnel. Tenho uma série delesna minha memória desde que me iniciei nofutebol. Na estreia oficial, por exemplo,meti um ao Cabrera. Depois ao Gallego, aoMascareño...” O gozo incrível que aquilonão dava a Maradona! E lá está o nome deCabrera à baila. Ele é o primeiro de semprea tentar roubar a bola a Dieguito, mas sim-plesmente não consegue e, ainda por cima(ou melhor, por baixo), leva um caño. Tomalá um lugar na História do futebol! Quem?Irra, que é teimoso. O Cabrera. Ou Cacho,ou Coya, como é mais conhecido na Argen-

tina. Vezes sem conta, pedem-lhe para con-tar aquele lance com Maradona e ele tomasempre a palavra. De certa forma, sente-seum privilegiado, testemunha e, ao mesmotempo, vítima da primeira genialidade doPibe d’Oro. “Eu estava na direita e queriaapertar o puto mas nem tive tempo paramais nada. Ele fez-me um ‘caño’, e, quandome virei, já me havia escapado. Mas estouorgulhoso”, reconhece Cabrera, com indis-farçável boa-disposição. (Fecho o parêntesise retomo a história original.)Não-sei-quantos-anos-depois dessa pesca-ria, aventurei-me outra vez no mar. Seismeses em Itacaré, espécie de paraíso secre-to de surfistas num recanto da Bahia. Des-sa viagem, lembro-me de outras viagens,como aquelas caminhadas nas trilhas,mais ou menos definidas (depende sempreda queda ou não de um coqueiro), semprepelo meio da mata Atlântica para as praias:45 minutos para a Prainha, 35 para a Jeri-bucaçu, 20 para a Engenhoca, 15 para aHavaizinho. E também me lembro de umasurfada. Ou tentativa de... Seja como for,duvido que haja maior prazer do que sen-tar-se em cima de uma prancha em alto-mar a olhar para trás a tentar vislumbraruma onda decente e, de repente, mudar oolhar para a frente e observar todo aquelecenário deslumbrante carregado de verde,de natureza inacabada e por explorar. Sótentei surfar uma vez. Primeiro sem fato,como se impõe na Bahia. Depois com umacamisa de Lycra (acho..., disto não tenhofotos). Depois, com fato. Sempre com para-fina (tinha escrito serafina e corrigiram-me; só para verem o meu nível de conheci-mento). Por mais roupa que vestisse, nãoaguentava a dor no peito. Abriu-se-me umburaco (inexplicável, aos olhos dos enten-didos) no peito, que ardia ainda mais como sal da água. Remei contra a maré, noduplo sentido (literal e metafórico do ter-mo), mas não dava. Foram três horas quese passaram assim, e estou a estalar osdedos como quem diz super--sónico.Aí percebi: em relação ao surf, serei sem-pre um actor secundário, um Cabrera. Massempre atento aos protagonistas. E quandovejo altos voos, penso ‘olha vou mas é dedi-car-me à pesca.’ E acompanhar o Rip CurlPro Portugal 2011 em Peniche. De olho nasondas e neste suplemento.

PS – a dourada estava boa, bem boa, muitoobrigado pela preocupação.

Rui Miguel Tovar

Conselho de administração: Francisco Rebelo dosSantos (presidente), Ângela Sofia Gil, Pedro CostaPrincipal accionista: Flash Press SGPS, SA (detentorde mais de 10% do capital) Sede: Rua D. Carlos I, n.º2, 2415-405 Leiria

Director: António Ribeiro FerreiraDirector-adjunto: Ana Sá LopesTextos: Sara Sanz PintoRedacção:Tagus Park,Edifício Tecnologia 1 – Corpo 1, 2740-257 Oeiras – PortugalTel.: 210 434 000, Fax: 210 434 011, Email: [email protected]: Tel.: 210 434 079, Fax: 210 434 011, Email:[email protected]: Ricardo Gonçalves;Tel.: 210 434 015Delegação Porto: Praça Coronel Pacheco, 33,4050-453 Porto, Tel.: 222 061 410,Fax: 222 025 036, Email: [email protected]/Editora: Sojormedia Capital, SAContribuinte: 508 707 730, CRC Leiria,sob o número 508 707 730Impressão: Sogapal, Estrada de São Marcos,27, 2735-521 São Marcos, Cacém.Distribuição: Vasp. Tiragem: 50 000 exemplares.Registo ERC 125 624. Depósito Legal: 293 616/0

Editorial

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Foi aqui que Slater deu o salto para o 10º título; mas também foi aquique OwenWright já o eliminou; e foi aqui que Andy Irons competiupela última vez. Por uns dias, esta pequena cidade deixa de exportarapenas sardinhas.Veja como tudo se cruza no Rip Curl Pro

Kelly Slater disse no Taiti ter encerradoum capítulo da sua vida e, se olharmospara o que aconteceu até então, existempormenores de arrepiar até aqueles queacham que quando morremos somoscomidos por bichos e tudo acaba aí. AndyIrons desapareceu em Novembro do anopassado e será para sempre recordadocomo o único homem do planeta capazde ganhar três títulos mundiais durantea ditadura de Slater que, mais uns anos,começa a concorrer com as autocraciasno Médio Oriente. A rivalidade entreambos foi sempre acesa e preenchidacom momentos de sacanagem – Ironsinsultava Kelly; o extraterrestre do surf(há 20 anos no circuito mundial e comdez títulos) abordava-o nas provas comos jogos manhosos que tão bem sabe usar.

Com o passar dos tempos, a tensão entreambos foi-se diluindo. Kelly continuou afazer aquilo que melhor sabe, Andy enve-redou por um caminho escuro de álcoole drogas, entrou em depressão e deixoude valorizar o que tinha: um talento divi-no, três títulos do mundo (em 2002, 2003e 2004) e uma vida cheia de facilidades.“Houve uma altura em que deixei de gos-tar do que fazia, ir competir era sempreuma repetição. Quando perdia era capazde partir pranchas ao pontapé, destruíaos meus phones ou o computador. Nooutro dia levantava-me, via o computa-dor partido ao meio e percebia que erauma criança, um atrasado”, explicou apósse ter afastado das competições em 2009.

Andy bateu no fundo e, quando todosachavam que se poderia levantar de novodepois da vitória em Teahupoo (Tahiti)– tal como Occy, muito amigo do havaia-no e patrocinado pela mesma marca queo fez nos anos 90 - desapareceu de vez.A última etapa em que competiu foi emPeniche e, na altura, disse ao i “sentirque estava de volta” e que a sua vida esta-

va finalmente no “sítio certo”. Com o quese passou nos dias seguintes, as declara-ções do surfista havaiano, de 32 anos,deixam-nos intrigados. Talvez as tenhadito para exorcizar os próprios demó-nios ou para ir buscar o optimismo eleveza que não sentia.

Na altura as contas com Slater já esta-vam praticamente acertadas. “Nós temoshistória! Ele foi o meu herói de juventu-de, depois tornou-se uma pessoa de quemeu não gostava assim tanto, devido à com-petição: ele era o melhor e eu queria sero melhor – quando isso acontece nãopodemos olhar para a pessoa da mesmaforma. Passei a encará-lo de modo dife-rente. Entretanto concretizei os meussonhos e hoje temos um respeito mútuo.Passámos por muito numa determinadafase das nossas vidas. Por um lado, está-vamos próximos; por outro eu via-o a sur-far e… queria ser melhor. Isso foi bom,porque puxou por nós”, contou-nos à pres-sa porque queria ir surfar. “Acho que eleme ajudou na minha carreira, motivou--me, obrigou-me a dar o máximo. Fez-metreinar bem, viver, comer e respirar surf.A vida dele seria aborrecida se não fosseeu, porque teria ganho ainda mais. Eudei-lhe um pedaço da minha vida, ele deu--me outro da vida dele”, acrescentou. Pou-co tempo depois, um discurso semelhan-te também veio de Slater, de 39 anos. “OAndy Irons tornou-me melhor, mais foca-do. Mesmo que nem sempre o tenha con-seguido admitir, ele foi um dos meus pre-feridos e a minha inspiração”. Andy jáestava morto. Foi encontrado sozinho,num quarto de hotel em Dallas, numaescala entre Porto Rico (foi-se embora docampeonato porque, alegadamente, seestava a sentir mal) e a ilha de Kauai.Muito foi dito acerca das causas da suamorte, pormenores que não interessampara esta história, mas uma coisa é cer-ta – o meio-termo foi uma expressão quenunca lhe assentou e Andy fazia tudo afundo, para o bem e para o mal.

TEMPORADAHAVAIANAASSOMBRADADei-tadas as suas cinzas ao mar, o começo daetapa de Pipeline, no fim do ano passado,poderá ter tido a mão de Irons. As vibra-ções que se sentiam na ilha de Oahu pare-ciam um complô dos tempos onde até anatureza alinhou. Ondas grandes não seviam e o “La Niña” (um fenómeno natu-ral que produz fortes mudanças na dinâ-mica geral da atmosfera, alterando o com-portamento climático e trazendo chuva,ventos fortes e temperaturas mais frias)deu cabo da cabeça a muitos atletas queesperavam o habitual - ondas perfeitas,sol, calor e o espírito “aloha”. Com váriosdias passados entre compras em Hono-lulu e outros programas para matar tem-po, a 8 de Dezembro tudo mudou. A ilhaacordou com sol, calor, ondas boas e jácom o filho do surfista havaiano entre nós.Já com contracções, Lyndie, viúva de Andy,decidiu à última da hora que quem iaassistir ao parto era o seu cunhado e nãoa sua mãe. Para receber o filho do irmão,Bruce voou rapidamente para a ilha deKauai e já com Andrew Axel Irons cá fora,regressou a Pipeline (Oahu) de jacto paraentrar na prova.

Com a mão do bad boy havaiano ounão, Kelly é eliminado nas meias-finaispor Jeremy Flores, um jovem surfistaque sempre idolatrou Irons e que esteano ganhou o Andy Irons Forever Award.Questionado pela organização do cam-peonato do Taiti sobre um momentobom que tivesse passado com o surfis-ta, Flores recordou a etapa de Peniche,em 2010, em que Irons após perder éabordado por três miúdos que lhe pedi-ram um autógrafo. De extremos, Andydá-lhes o rabisco e ainda uma pranchaa cada um. “O Kelly Slater era o cara aganhar, e surfar contra ele é sempremuito difícil. Então pensei assim: ‘O queé que o Andy Irons ia fazer nesta situa-ção? O que ia passar dentro da cabeçadele?’ Pensei que ele iria para dentrode água com tudo e não iria querer saber

PENICHE.CERCADA DESURF PORTODOSOS LADOS

SARA SANZ [email protected]

Suplemento Surf // Lançamento

04.05

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01 Slater, o melhorsurfista de todosos tempos: por-que está na corri-da pelo 11.º títuloe consegue trocaras voltas à própriaNatureza

02 Em 1992 conquis-tou a primeiravitória no circuito:o seu surf impôs--se, a imagemtambém

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ASP

do que os outros pensam”, confessouapós a vitória em Pipeline ao i, no seuportuguês abrasileirado.

RIVALIDADEREENCARNADAMasseohavaia-no deu ares da sua graça durante a etapade Pipeline, no ano passado, no Taiti trou-xe-nos o reverso da medalha. Foram váriasas referências feitas a Andy durante a pro-va e ondas vieram tal como ele gostava –grandes, tubulares e mortais. E, o sinal dareconciliação final, poderá ter sido dadoquando, poucos dias antes, durante o USOpen (etapa de seis estrelas prime do cir-cuito mundial de classificação), ganho porSlater, o “rei” apareceu com o filho de Ironsao colo, algo provavelmente impossível seAndy ainda estivesse vivo e a rivalidadeentre ambos acesa. Das 12 baterias quedisputaram juntos, o havaiano ganhou 7.O primeiro mano-a-mano entre as duasferas aconteceu em 2000, em Pipeline. Oúltimo foi em 2010, nas meias-finais emTeahupoo. Kelly perdeu, Andy ganhou ocampeonato.

Todos os sinais que nos foram sido dadosdesde a morte do surfista rebelde, con-firmaram-se no Taiti, local onde Andymais se destacava de Kelly, e, se nos per-mitem a visão transcendental, o testemu-nho foi passado ao jovem australianoOwen Wright. Slater e o menino-prodí-gio australiano já disputaram 11 baterias,em sete das quais o surfista da Floridalevou a melhor. Curiosamente, o primei-ro encontro entre os dois deu-se em Pipe-line, em 2006, e o último em Trestles, naCalifórnia. Kelly venceu os dois confron-tos e os atletas estabeleceram recente-mente um novo recorde no número definais consecutivas surfadas juntos. Hádois anos em Peniche, foi a vez de Owenmandar o careca mais cedo para casa.

E porque o surf só tem a ganhar comestas rivalidades, abençoada seja a che-gada de Wright ao segundo lugar doranking. Que a disputa pelo título sejarenhida até ao fim.

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06.07

Suplemento Surf // Opinião

PEDRO M.LIMASlater, o homem e o seu sonho D. R.

KELLY SLATER.O EXEMPLO DOPERFEITO SURFISTADE COMPETIÇÃO

O SURF É FÍSICA E MENTALMENTE,o mais completo desporto radical. É,por vezes, super violento e agressivo econtudo é pacífico porque a luta é con-tra os elementos, não contra pessoas.É uma escola de coragem humilde,dado a desproporção das forças entreo surfista e o mar, sobretudo quandoas ondas são grandes ou mesmogigantes.Kelly Slater, dez vezes campeão domundo, possivelmente onze vezes,pois continua à frente deste campeo-nato é um caso único na História dosurf e com os seus 39 anos de idade,mostra-nos que a experiência e perse-verança podem manter a juventudemuito para lá do habitual. A sua capa-cidade em inovar constantemente asmanobras em ondas pequenas eondas gigantes, mostra bem a diferen-ça que há entre limitar-se a ter espe-rança que a manobra saia bem e

“saber” que vai consegui-la com suces-so, através de um treino prévio eexaustivo, dia após dia.O surf é uma inesgotável fonte de ale-gria e essa alegria partilhada com osnossos “companheiros de mar” é umaforma simples mas duradoura de feli-cidade. Em duas vertentes. O surf decompetição que permite com o profis-sionalismo a sua actividade a tempointeiro, é uma fonte de progresso téc-nico e da sua divulgação através dosmedia e do espectáculo aliciante.A outra vertente, o “soul surf”, é umaaventura dentro de outra aventura, é abusca pelo mundo das grandes ondasperfeitas, qual cavaleiro andante queprocura o fascínio do desconhecido, osriscos e a coragem para os enfrentar, adescoberta e a ultrapassagem das suaslimitações.Neste caso, há um fantástico exemplo,– o lendário Gerry Lopez – o primeirosurfista a descer as ondas gigantes dacosta norte do Havai, mostrando, talcomo Kelly Slater, que com muitacoragem, muita técnica e persistência,tudo é possível. O raio, emblema dassuas pranchas, o “lightning bolt”, eraconstantemente visto saindo dos tubosgigantes e atroadores de Pipeline.Duas lendas vivas, o mesmo exemplo;

dois estilos de vida e duas opções dife-rentes ( Gerry dizia que a competiçãoo afastava do “espírito de companhei-rismo” do surf), mas constantes aidentificação com o mar, a coragem ,persistência e a alegria consequente.Em Portugal, graças à persistênciapedagógica de alguns, o surf começa aser transformado num desporto esco-lar, aproveitando as boas condições danossa longa costa e melhorando, semdúvida, a atitude passiva perante odesporto activo, de grande parte danossa juventude que se limita a serespectadora de futebol.Com os seus 39 anos Kelly Slater, alémde um exemplo para os jovens, viven-do profissionalmente daquilo quemais gosta de fazer, (tal como o nossoTiago Pires), é também um exemplopara muitos pais com a sua idade, quepodem partilhar com os seus filhosum desporto fonte de alegria e compa-nheirismo.Eu próprio nunca poderei esquecer aalegria partilhada com o meu netoquando com os seus 6 anos, o ensineia “descer ondas”….O MAR está ali… aproveitem… “a boaonda” somos nós que a fazemos.

O primeiro surfista português

81 ANOS

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1992

VITÓRIAS DE ETAPAS DO CIRCUITO MUNDIAL

CAMPEÃO DO MUNDO

1993

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1996

1997

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2000

2003

2004

2011

2005

2006

2007

2008

2009

2010

VITÓRIAS NOUTROS EVENTOS

76% VITÓRIAS EM 834 BATERIAS DISPUTADAS

73%

78%

79%

69%

82%

74%

70%

1.ª RONDA

2.ª RONDA 3.ª RONDA

4.ª RONDA QUARTOS-DE-FINAL

MEIAS-FINAIS

FINAIS

$2 900 755DINHEIRO (EM DÓLARES) QUE JÁ GANHOU

SÓ EM PROVAS NO CIRCUITO MUNDIAL(2 116 636,70€)

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O Brasil vive um dos seus melhoresmomentos no surf. Mesmo com todasas dificuldades criadas em 2010, com aunificação do ranking mundial, onúmero de brazucas na elite mundialvem aumentando.Adriano de Souza e Jadson Andréeram os únicos surfistas no WorldTour depois que a ASP reduziu onúmero de surfistas no circuito de 46para 36, em Setembro de 2010.Com a unificação dos rankings, muitosduvidavam da chegada de novos atle-tas à primeira divisão do circuito mun-dial masculino.Porém, ao término do ano, o Brasilmostrou que está ganhando cada vezmais força no cenário internacional ecolocou três novos representantes noWorld Tour – Raoni Monteiro, AlejoMuniz e Heitor Alves.A evolução verde-amarela não paroupor aí. No último mês de Setembro, aASP divulgou os novos tops do WorldTour 2012 depois da rotação doranking unificado. O Brasil não perdeunenhum atleta e, de quebra, ganhoudois jovens reforços – Gabriel Medinae Miguel Pupo.

Agora, são 7 talentosos atletas na elitemundial e uma situação bem diferentede outras épocas, quando o Brasil atépossuía um bom número de atletas,mas alguns não incomodavam os topsda elite mundial e garantiam perma-nência no Tour graças ao WQS (WorldQualifying Series), hoje conhecidocomo ASP World Star.Em 2011, todos os cinco brasileirosque começaram a temporada tiveramgrandes momentos no Tour.Adriano de Souza venceu a etapa no Riode Janeiro e tornou-se o primeiro brasi-leiro na história a liderar o rankingmundial da primeira divisão. Nomomento, é o quarto colocado no circui-to, tendo perdido para os próprios brasi-leiros em todas as outras etapas depoisdo Rio de Janeiro. Foi eliminado por Ale-jo Muniz em Jeffrey’s Bay, Raoni Montei-ro em Teahupoo, Jadson André em NewYork e Heitor Alves em Trestles.Alejo Muniz começou o ano com umquinto lugar em Snapper Rocks e mos-trou que não veio para brincar. Emuma das baterias, derrotou os ídolosaustralianos Joel Parkinson e Taj Bur-row. Só não foi mais longe devido a

uma derrota nos últimos segundos dasquartas-de-final para o sul-africanoJordy Smith, quando detinha a priori-dade da onda. Alejo foi melhor aindaem New York e conquistou um exce-lente terceiro lugar, perdendo paraOwen Wright em uma bateria acirra-da. É forte candidato ao prêmio de“Rookie of the Year” (estreante do ano)e aparece entre os top 16 em sua pri-meira temporada na elite.Depois de uma brilhante participaçãonas etapas do World Star em 2010,quando conquistou quatro vitórias(Ceará, Portugal, Espanha e Canárias),Heitor Alves começou o ano de 2011abaixo do esperado. Porém, o cearenserecuperou-se em New York com umquinto lugar e foi ainda mais longe emTrestles, perdendo para Kelly Slaterem uma semifinal de alto nível.Outro que recuperou-se no meio datemporada foi Raoni Monteiro. O atle-ta de Saquarema fez um tubo nota 10nas ondas espetaculares do Tahiti eficou em quinto lugar. Tem tambémuma final no Prime em sua casa,Saquarema, que o trouxe bons pontosno ranking mundial.Jadson André vem tentando adaptarseu surf aos critérios do World Tour.Como seus famosos aéreos deixaramde ser valorizados depois da sua sensa-cional vitória em Imbituba, diante deKelly Slater, ele passou a investir emoutras manobras para conseguir maisnotas dos juízes. Ano passado, venceunomes como Andy Irons e Jeremy Flo-res em ondas tubulares em Portugal eFrança, respectivamente. Este ano,com um surf forte e bem encaixado,ele foi muito bem em New York e per-deu por pouco nas quartas-de-finalpara o australiano Taj Burrow.Agora, os brasileiros contam com osnovatos Gabriel Medina e MiguelPupo. A dupla promete causar estragono World Tour. São surfistas moder-nos e que conquistaram o respeito desurfistas de todas as partes do mundograças ao seus talentos.Diante dos fatos citados acima, não hácomo negar que o Brasil vive um dosseus melhores momentos na História.Com muito trabalho, união e talento, osbrazucas caminham determinados embusca do seu primeiro título mundial!Editor Global noWavesNota: Optámos por manter o português doBrasil na íntegra

31 ANOS

ADER OLIVEIRA

SAMBA NA ELITEMUNDIAL

Adriano Souza, actualmente em sexto lugar no ranking mundial

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Suplemento Surf // Ranking

08.09

KELLY SLATERNorte-americano,39 anosAKA: Slates, Slats,Jimmy Slade, KS10

O corte no ranking ameio do ano, após aetapa de Long Beach,em Nova Iorque trouxeuma lufada denovidade ao circuito domundial. Conheça obatalhão na linha dafrente nos Supertubos

O CLUBEPRIVADO.SÓ OSMELHORESPODEMENTRAR

1.º50 150 pontos

OWEN WRIGHTAustraliano,21 anosAKA: Owe

2.º43 900 pontos

JULIAN WILSONAustraliano,22 anosAKA: J-Dubb, Joycy

9.º29 400 pontos

BEDE DURBIDGEAustraliano,28 anosAKA: Durbo, The WhiteFijian

18.º18 250 Pontos

JOEL PARKINSONAustraliano,30 anosAKA: Parko

3.º35 900 pontos

JEREMY FLORESFrancês, nascido nasIlhas Reunião23 anosAKA: Jezza

10.º27 700 pontos

MATT WILKINSONAustraliano,23 anosAKA: Wilko

19.º17 150 pontos

GABRIEL MEDINABrasileiro,17 anosAKA: Medina

27.º11 750 pontos

TAJ BURROWAustraliano,33 anosAKA: TB

4.º34 450 pontos

MICHEL BOUREZTaitiano,25 anosAKA: The Spartan

11.º27 450 pontos

BRETT SIMPSONNorte-americano,26 anosAKA: Simpo

19.º17 150 pontos

KIEREN PERROWAustraliano,34 anosAKA: K.P.

28.º11 500 pontos

ALEJO MUNIZBrasileiro,21 anosAKA: Corpinho

12.º25 350 pontos

TAYLOR KNOWNorte-americano,36 anosAKA: TK

21.º13 750 pontos

DUSTY PAYNEHavaiano,22 anosAKA: Crusty

39.º11 200 pontos

AKA: TRENTSul-africano,32 anosAKA: Trent

30.º11 000 pontos

DANIEL ROSSAustraliano,28 anosAKA: Rossy

26.º12 250 pontos

TIAGO PIRESPortuguês,31 anosAKA: Saca

17.º18 500 pontos

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CHRIS DAVIDSONAustraliano,34 anosAKA: Davo, Davostation

24.º13 450 pontos

JORDI SMITHSul-africano,23 anosAKA: J-Dog

5.º34 000 pontos

ADRIANO DE SOUZABrasileiro,24 anosAKA: Mineirinho

6.º32 450 pontos

ADRIAN BUCHANAustraliano,29 anosAKA: Ace or Bucko

13.º24 250 pontos

DAMIEN HOBGOODNorte-americano,32 anosAKA: Damo

14.º22 950 pontos

KAI OTTONAustraliano,31 anosAKA: Ottz, Otto

21.º13 750 pontos

JOSH KERRAustraliano,27 anosAKA: Kerrzy

7.º31 300 pontos

JADSON ANDRÉBrasileiro,21 anosAKA: Jadson

15.º20 900 pontos

FREDRICK PATACCHIANorte-americano,29 anosAKA: Freddy P

23.º13 500 pontos

RAONI MONTEIROBrasileiro29 anosAKA: Monstrinho

24.º13 450 pontos

MICK FANNINGAustraliano,30 anosAKA: Micktor, Eugene orWhite Lightning

8.º29 950 pontos

HEITOR ALVESBrasileiro,29 anosAKA: Cyborg

16.º19 200 pontos

ETAPAS DOCIRCUITOVENCEDORES26 de Fev. a 9 de Mar.Austrália (Gold Coast) - KellySlater19 a 30 de AbrilAustrália (Bells Beach)- JoelParkinson11 a 22 de MaioBrasil - Adriano de Souza14 a 24 de JulhoÁfrica do Sul - Jordy Smith20 a 31 de AgostoTaiti - Kelly Slater4 a 9 de Set. Estados Unidos(Long Island) - Owen Wright18 a 21 de Set. EstadosUnidos (Trestles) - Kelly Slater4 a 13 de Out. França15 a 24 de Out. Portugal1 a 12 de Nov. EstadosUnidos (San Francisco)8 a 20 de Dez. EstadosUnidos (Havai)

PATRICK GUDAUSKASNorte-americano,25 anosAKA: Patty Cakes, Pat,Gudang

31.º9 000 pontos

MIGUEL PUPOBrasileiro,19 anosAKA: Mike or Migi

33.º2 250 pontos

DANE REYNOLDSNorte-americano,26 anosAKA: Bro

32.º4 750 pontos

JOHN JOHN FLORENCEHavaiano,18 anosAKA: John John

33.º2 250 pontos

Page 10: O PASSADO E O FUTURO DO SURF - Suplemento Surf Jornal i

Suplemento Surf // Owen Wright

10.11

A morder os calcanhares de Kelly Slater desde aetapa doTaiti, o australiano tem tudo o que umjovem surfista ambiciona. Ao i,disse que está aadorar esta fase da sua vida e que as finais contraKS10 foram uma enorme aprendizagem

Se este suplemento fosse sobre moda e nãosurf, Owen Wright seria sem dúvida a próxi-ma “it-girl”. Determinado em fazer estragoscontra os surfistas mais velhos do circuito, ojovem australiano já provou que não tremequando está dentro de água com Kelly Slatere poderá ser menino para lhe roubar o 11ºtítulo. Com 1,90 de altura e 78 quilos, a ten-dência Wright é um desafio à longevidadede KS10 e à própria natureza – nunca se viutanta agilidade num surfista do seu tama-nho. O i esteve à conversa com o jovem paraperceber qual é a sua estatégia quando dáde caras com o Rei.

Com que idade é que começaste a fazer surf?Ainda te lembras da vez em que te rendestedefinitivamente a este desporto?Comecei a fazer surf quando tinha 5 anos. Nãome lembro, mas penso que não houve ummomento em particular que me tenha con-vencido. Desde muito novo que adoro estardentro de água.É frequente ver-te ao lado da tua irmã Tylerque também faz surf, compete no circuitomundial e está actualmente em 4º lugar doranking. Qual é a tua relação com ela? Dás--lhe ajuda durante as provas?Sim. Desde pequenos que eu e a Tyler faze-mos surf juntos. A Tyler é uma grande ins-piração para muita gente. Gostava de a aju-dar tanto como ela já me ajudou no que tocaàs competições. Ela ainda é tão nova, tem 17anos, e já alcançou tantas coisas. Ela inspi-ra-me a ter um melhor desempenho, dissotenho a certeza.

No ano passado ficaste doente durante aetapa de Peniche. Como consegues competirquando a tua saúde não está a 100%?Não é fácil, mas ao fim do dia não recebemospontos de bónus por estarmos doentes. Porisso dou o meu melhor. Este ano vou estarmais atento no que toca à minha saúde.Como são os teus dias quando estás em casa,na Austrália, sem competições?Acordo, vou ver o mar, vejo vídeos de músicacom os meus irmãos e vou surfar. Depois nãofaço muitas mais coisas durante o resto do dia.Quase nunca estou em casa, portanto gostode aproveitar estes dias sem fazer muitas coi-sas.O que estás a fazer em termos de treino parao Rip Curl Pro Peniche 2011?Queria estar muito em forma porque as ondassão muito poderosas em Peniche. Mas é difí-cil manter uma rotina de treino de ginásioquando estamos sempre a viajar. Nem sem-pre temos tempo suficiente para o fazer.Tens Facebook e Twitter? Costumas perdermuito tempo com as redes sociais?Não. De todo. Mas estou a pensar em abriruma conta de forma a manter-me em contac-to com os meus amigos mais facilmente.Disputaste as últimas três finais, nas etapasdo Taiti, Califórnia e Nova Iorque, contra oKelly Slater, com dez títulos mundiais e acaminho do próximo, e ao fazeres issoalcançaste um novo recorde mundial definais consecutivas surfadas entre os mes-mos surfistas. Como te sente após tudo isto?Em que pensas quando estás dentro de águacom o Slater? Como te preparas?Estou muito feliz por ter tido a hipótese desurfar em três finais consecutivas contra oKelly. Aprendi muito e espero poder surfar em

OWENWRIGHT.“O KELLYSLATERDESPERTA OMELHOR QUEHÁ EM MIM”

SARA SANZ [email protected]

Page 11: O PASSADO E O FUTURO DO SURF - Suplemento Surf Jornal i

mais finais contra ele. Ele é o meu maior desa-fio e um grande desafio traz sempre o melhorque há em mim e agradeço-lhe por isso. Antesdas finais tento preparar-me o melhor possí-vel, alimento-me de forma saudável, mante-nho o corpo aquecido, oiço música e vou.Qual é o surfista do circuito mundial contraquem mais gostas de competir e porquê?Adoro competir contra o Kelly porque ele émuito bom e nunca comete erros. Por isso estousempre a observá-lo e a aprender com ele.O que há de melhor em correr o circuitomundial?Para mim são todas as viagens e o estilo devida relaxado que temos. Existem sempre bonsmomentos a serem vividos.E o que mais detestas?Por vezes, as viagens de avião deixam-nos ocorpo cansado, mas assim que chegamos aodestino fica tudo bem. Não há muito para des-gostar quando se tem o melhor emprego domundo.O circuito mundial consome-te muita ener-gia mental e física. Qual é o teu escape? Oque fazes para descomprimir?Quando me sinto cansado, passo, geralmente,dois dias sem fazer surf e vou fazer uma coi-sa completamente diferente. Por exemplo, naetapa em França, posso dar uma caminhadapelas montanhas ou visitar locais turísticosque ainda não conheço.És considerado uma das maiores promessasdo surf mundial e estás em segundo lugar noranking atrás do Kelly Slater com uma dife-rença pequena. Como é ser o Owen Wrightneste momento?Estou a adorar esta fase da minha vida. Andoocupado mas, ao mesmo tempo, tenho toda adisponibilidade para surfar e relaxar.

01 Owen Wright nun-ca esperou estareste ano (entroupara o circuitomundial em 2010),a disputar o título.Mas já que ospontos o levaramaté ao segundolugar do ranking,o surfista austra-liano diz estarpronto a dar o seumelhor

02 Muito unidos,Owen e Tyler sãocompetitivosentre si desdepequenos. Tylerdescreve o irmãocomo uma pes-soa muita inteli-gente

03 Os aéreos sãouma das suasmanobras fortes

01 02

03

ASP

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Suplemento Surf // A Nova Geração

Off the lip

Snap

12.13

Considerado a Califórnia da Europa,Portugal tem tudo para ter bons surfistas.O i esteve à conversa com um dosprincipais responsáveis pela ascensão danova geração de atletas no palco mundial.Senhoras e senhores: David Raimundo

David Raimundo fala à treinador da bolae não é por acaso. “O grande problemado surfista português foi ter tido semprena cabeça que o surf era um desportodiferente. E o erro começa logo aí. O surfé um desporto como outro qualquer quetambém tem outras vertentes, como ofutebol tem os jogos com os amigos. E osurf – embora haja quem não goste dacompetição – tem de ser visto como qual-quer outro desporto e tem de ser enca-rado com seriedade, muito trabalho emuita força de vontade. E só recente-mente é que começámos a ter em Por-tugal esse tipo de trabalho”, explica numtom pausado. Felizmente, a moda do dis-curso na terceira pessoa, do tipo “Rai-mundo vai assegurar”, ainda não inva-diu a modalidade e, até agora, o grupode treino Surftechnique tem sabido fil-trar o que há de melhor nas diferentesáreas desportivas.

“Lemos muito, informamo-nos muito,vemos muitos campeonatos lá fora, ten-tamos recolher o máximo de informa-ção, não só pela internet e livros, masacima de tudo, e isso é uma coisa quetem sido muito positiva nos últimos tem-pos, através da presença em provas inter-nacionais e da partilha de informaçõescom treinadores de outros atletas de topoa nível mundial. Não nos podemos cin-gir ao que se passa em Portugal ou aoque se passa na Europa. Temos de tra-

balhar para atingir o topo a nível mun-dial, temos de ter consciência do níveldos melhores do mundo para tambémnos conseguirmos situar e ter uma ideiacorrecta do quão distante ou perto esta-mos desses atletas”, explica o treinadorde 33 anos, licenciado em Educação Físi-ca e também ele surfista.

Questionado sobre o que aconteceu àsgerações entre Tiago Pires, de 31 anos,e Vasco Ribeiro, uma das grandes pro-messas nacionais, de 16, Raimundo nãoentra em grandes filosofias. “Nunca hou-ve quem trabalhasse como o Saca traba-lhou. Nunca tivemos atletas que se tives-sem dedicado a 100% ao surf, que tives-sem tido um treino como deve ser e quetivessem um planeamento a longo pra-zo”, defende.

Fundada em 2004, por David e pelo seuamigo de longa data Nuno Telmo, a Surf-technique conta agora com cerca de 50jovens atletas entre os grupos de pré--competição e competição. “Ao nível dosresultados, o atleta que mais se temdestacado é o Vasco Ribeiro – este anofoi muito forte para ele, foi vice-cam-peão do mundo de juniores no Peru,na categoria de sub-18, e perdeu o títu-lo de campeão europeu pró-junior pormeio ponto, acabando em terceiro lugardepois de ter estado a liderar o rankingdurante o ano inteiro. O Zé Ferreiratambém acabou em terceiro na últimaetapa do pró-junior e acabou em top-10 do circuito europeu e tem nível maisdo que suficiente para lutar pelo títu-

COMPETIÇÃO.DE PEQUENINOÉ QUE SETORCE OPEPINO

SARA SANZ [email protected]

APRENDAACHAMAR AS MANOBRAS PELOS NOMES

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Tailslide

Floater

Aerial

ASP

/RO

BE

RT

SON

lo de campeão da Europa”, respondequando lhe perguntamos pelos seus meni-nos de ouro. “Temos também o Francis-co Alves, que tem muito talento mas ain-da não conseguiu aplicá-lo em competi-ção. E depois, um pouco mais novos, háainda o Miguel Blanco e o João Kopke,que têm alternado os títulos de campeãonacional de esperanças nas suas catego-rias e as meninas, a Maria Abecassis,líder do circuito nacional, e a FranciscaSantos”, acrescenta.

Enquanto no grupo dos iniciados asaulas são compradas em pacotes de cin-co ou dez sessões de surf, nos níveis depré-competição e competição (onde estáo “Vasquinho” que ficou recentementeem 5.º lugar do Oakley Pro Júnior, pri-meira de três etapas do Circuito Mun-dial Júnior da ASP, que decorreu em Bali(Indonésia), funcionam por anuidades,pagas mensalmente. “Na pré-competi-ção treinam entre duas a três vezes porsemana e na competição ninguém trei-na menos de três vezes por semana equase todos treinam quatro vezes oumais, dependendo da altura da época emque estamos e dos objectivos de cadaatleta. Em função dessas duas varianteso treino poderá ser de ginásio, de skate,na cama elástica, de natação ou na praia.”

E porque o campo emocional tambémé um lado que não deve ser posto de par-te David defende que treinador que étreinador, tem de abordar todas as ver-tentes. “Temos atletas que são acompa-nhados por psicólogos, sempre que acha-

mos que existe essa necessidade, mete-mo-los a trabalhar nesse sentido. Se acha-mos que uma namorada ou um familiarestá a interferir negativamente na pres-tação de um atleta, somos os primeirosa chamá-los à atenção. Temos regrasmuito rígidas nesse sentido. Às vezessem intenção nenhuma ou com a melhordas intenções, uma simples frase antesde uma bateria pode estragar uma ouduas semanas de trabalho.”

Quanto à nutrição, Raimundo confes-sa que essa é a sua maior luta. “É difícil,na idade deles, conseguir incutir-lhesesses hábitos. Enquanto estão connoscotêm uma alimentação regrada e saudá-vel, quando estão em casa ou quandoestão longe de nós já não os consegui-mos controlar. Tentamos sempre fazercom que a mensagem da importânciada alimentação seja passada, até mesmoao nível da longevidade na carreira, mas,pela nossa experiência só a partir dos 17,18 anos é que eles começam a ganharessa consciência.”

Vice-Cam-peão MundialSub-18, Vas-co Ribeironão quer quelhe chamemmais “Vasqui-nho”D. R.

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Suplemento Surf // Tiago Pires

O Saca entrou nos trintas e os últimos resultadosnão têm sido os melhores. Nos blogues sugeremque está farto, ou acabado. Mas ele aí está entre aelite, sendo uma excepção: não é daquelesmiúdos que saem “formatados do microondas”

Conferência de imprensa em Los Ange-les, Califórnia – Dezembro de 1965.

Jornalista: Quantas pessoas trabalhamna mesma exploração vinícola na quallavoura – quantos cantores de interven-ção existem? Isto é, pessoas que usam asua música e usam as canções para pro-testar contra o estado social no qual vive-mos actualmente, a questão da guerra,do crime, o que quer que seja.Bob Dylan: Hum… Quantos?Jornalista: Sim. Existem muitos?Bob Dylan: Hum, penso que são cercade, hum… 136 [ouvem-se risos na sala].Jornalista: Diz cerca de 136 ou quer dizerexactamente 136?Bob Dylan: Hum, é 136 ou 142 [risos].

A conversa é antiga mas a entropia é amesma e serve para explicar o que (não)se passa com Tiago Pires. Já agora e paraaqueles que ainda estão a pensar no iní-cio do texto, o frente-a-frente do franzi-no com a harmónica prossegue acesopor mais tempo, acaba mal e ainda dáorigem a uma música. Se ficou com curio-sidade poderá vê-lo na íntegra no docu-mentário “No Direction Home” de Mar-tin Scorsese.

Com feitio difícil e uma veia de jorna-lista apurada (o músico tinha por hábi-

to consultar histórias em publicaçõesantigas para escrever músicas), Dylan iaaos arames cada vez que lhe chamavamo Zeca Afonso lá do sítio ou profeta dageração, fez tudo para desconstruir essaimagem e usou das tácticas mais agres-sivas às mais nonsense quando o con-frontavam com tais expectativas. Masvamos continuar com a história. Depoisde enxovalhar o repórter da “RevistaTime”, Jeffrey Owen Jones – que mor-reu em 2007, vítima de cancro nos pul-mões aos 63 anos – Dylan usou-o no mes-mo ano para redigir a famosa “Ballad ofa Thin Man”. Os versos seguem a linhade ironia do diálogo acima apontado.

Voltando a Peniche. Enquanto nos sites,blogues e redes sociais se discutem osrecentes desempenhos do melhor sur-fista português e são apontadas, numtom fatalista, causas para todos os gos-tos, a resposta pode ser bem mais sim-ples. “Estou em 17.º do ranking mundial,no ano passado acabei em 21.º, por issoestou longe de estar a ter o pior ano daminha vida”, respondeu-nos o atleta de31 anos quando o confrontámos com oalarido no ciberespaço. “É claro que aminha forma e os meus resultados nosúltimos campeonatos ficaram aquém doque todos esperavam e do que eu, prin-cipalmente, mas daí a dramatizar mui-to, dizerem que ‘ele está acabado’, inven-tarem desculpas daqui e dali e quereremencontrar justificações onde nem sequer

TIAGO PIRES.“SOUTALVEZO ÚNICO DOCIRCUITO QUETEM O 12ºANO”

SARA SANZ [email protected]

RIC

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14.15

Page 15: O PASSADO E O FUTURO DO SURF - Suplemento Surf Jornal i

devem andar à procura vai uma grandedistância”, explicou ao i três dias antesda etapa em Supertubos começar. Noano passado, por esta mesma altura esta-va em 15º da tabela.

E como Tiago pouco tem de Dylan, ape-sar de se conseguir rever na situação, osurfista diz sentir-se imune “às críticasda comunicação social e dos fãs”. “Todosnós temos o direito de opinar, as pessoassão livres para dizer o que pensam. Estouentre os 32 melhores do mundo e pen-so que sou um caso à parte dos surfis-tas-produto de hoje em dia. Quando vamosver a história de um Julian Wilson oumesmo do Jeremy Flores, que é um ami-go meu, ou até do Gabriel Medina, elessão produtos de surf. Parece que saíramdo microondas já prontos para seremcampeões do mundo. São uma geraçãocompletamente diferente. Eu sou talvezo único surfista do circuito que tem o 12ºano. Só comecei a surfar aos 11 anos.”

SEGUNDA RONDA Voltamos a tocar naferida para ver se há confirmação e Sacaparece ter as ideias bem estruturadasna cabeça. “Todos nós temos as nossas

qualidades e as nossas fraquezas.” Ok,pensamos, isso já todos nós sabemos.“Dos surfistas do circuito mundial, seformos ver a carreira de cada um comatenção, todos eles tiveram os seus des-lizes e quase ninguém foi ou é 100% con-sistente, tirando o Kelly, talvez, mas atéele teve momentos não tão bons. Nãosomos máquinas, somos pessoas comemoções e, às vezes, quanto mais reflec-timos nos assuntos pior é, porque sóvamos encontrar problemas onde nãoexistem”, justifica, sublinhando que osurf é actualmente um desporto muitocompetitivo, e tem razão.

Até o Slater, com dez títulos do mundoe em sprint para o próximo, teve uma faseem que se chegou mesmo a retirar dascompetições. Ainda no início do mês, naetapa em França, Kelly foi eliminado nosquartos-de-final pela mais recente sensa-ção verde e amarela, Gabriel Medina, de17 anos. O paulista marcou 16.66 pontos(em 20 possíveis) contra os 8.60 do Rei.

Gostámos da ideia de jovens atletas pro-cessados e voltamos ao assunto, com enfo-que especial na embalagem australianaque numa grande superfície daria pré-

mios de marketing e design. “Para mimo Julian Wilson apesar de ser um surfis-ta simpático, é um bocado estrela, não seise é por ser da Nike, pois a Nike tende afazer estrelas. Mas toda a campanha dele,toda a forma como ele se vende, toda aimagem que ele tenta passar acaba porser pouco humilde.” (E abrimos aqui umparêntesis para explicar ao leitor que nosurf as equipas são as marcas e Wilsonpertenceu anteriormente à do Saca).

Mas porque no Down Under nem tudoé pré-cozinhado, Tiago, patrocinado pelaQuiksilver, Red Bull e Pukas e membrodoTMNDreamTeam,apontaOwenWrightcomo o mais biológico que existe. E podeconsumir a imagem à vontade porque“aquilo que as pessoas vêem é aquilo queele é, não se faz passar por outra coisa”.“O Owen, além de ser um atleta excepcio-nal, tem uma maneira de ser muito boae admiro-o também como ser humano. Éalguém que vem de uma família humil-de, que trabalha muito para chegar ondequer chegar e não há nada de estrela nele.”

BANDEIRAS E UM PÚBLICO PECULIAR“Venha Peniche, e que à terceira seja

de vez!”, escreveu recentemente Sacana sua página de Facebook e aprovei-támos a deixa para lhe perguntar comose sente para a etapa em casa. “[Risos]Estava a brincar e acho que é precisotermos sentido de humor. Tento sem-pre aprender com os erros e encarar asituação da melhor maneira possível.”Questionado sobre o que se passou nosdois anos anteriores, Tiago confessa quedepositou muitas expectativas em Peni-che e que a imagem de ganhar o cam-peonato ou fazer um grande resultadosempre lhe veio à cabeça nos momen-tos antes da prova. “E isso acabou porse transformar em tensão e em expec-tativas muito elevadas, que me deixa-ram nervoso na altura de surfar”.

“Quem tem vindo a acompanhar aminha carreira, sabe que andei sempreperto do 20.º lugar no ranking mundial,que é uma posição bastante boa paraum país como Portugal, com pouca tra-dição no surf e ainda sem a poção mági-ca para fabricar campeões do mundo”.É aqui que estamos. E quanto ao desfe-cho da época – “the answer, my friend,is blowin’ in the wind”.

ASP

FOFOCAS

Se é daquelas pessoas queentra em ansiedade quandoacha que o surf está melhorno pico ao lado, então talvez oo smartphone Sony EricssonXperia™ Active, lançado pelaTMN durante o Rip Curl ProPortugal 2011, seja a opçãoideal para si. Com inúmerasfuncionalidades, o telemóveltraz ainda uma bolsadesportiva de braço e umapulseira para não o perderdurante as remadas ou numwipeout. Também é útil paraespicaçar os amigos comquem costuma ir surfar,partilhar imagens nas redessociais ou encomendar ojantar enquanto aproveita ofim de tarde. No caso de estara duvidar das capacidades oaparelho, a TMN garante queé possível fazer chamadasmesmo quando está aospirolitos a levar com arebentação em cima.

O novo e único telemóvelque funciona debaixo deágua

01 Saca define-se como “umsurfista imprevisível” e expli-ca que quando tem umabateria muito difícil pela fren-te, consegue concentrar-semais no que tem de fazer emostrar muito mais o seupotencial do que quandocompete contra um surfistado meio da tabela

02 Tiago em J-Bay onde aca-bou a prova em 13º lugar

03 Hossegor (França) é um doslugares onde diz sentir-se“em casa”

01 02

03

ASP

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Suplemento Surf // As senhoras

16.17

A havaiana fez históriaeste ano ao tornar-se amais nova campeã domundo desde que asmulheres começaram afazer surf. E é tambémgraças a ela que o surfse tornou desportooficial nas escolaspúblicas do Havai.

Se o surf fosse um desporto misto estamenina ia dar trabalho a muitos galifões.E é porque a garota é uma afronta à viri-lidade dos competidores que a Associa-tion of Surfing Professionals (ASP) e aorganização do Vans Triple Crown of Sur-fing (mini circuito dentro do circuito mun-dial) decidiram convidá-la para compe-tir nas duas primeiras etapas dos even-tos que vão decorrer no Havai entreNovembro e Dezembro.

Com os possíveis brilharetes no NorthShore ainda distantes, Carissa já mar-cou pontos em Julho deste ano ao sagrar--se a mais nova campeã do mundo daHistória do surf feminino. “Sonhei emsurfar a este nível a minha vida inteiradesde que era uma miúda pequena epenso que nunca podemos estar à espe-ra ou antecipar este sentimento”, dissea jovem havaiana então com 17 anos (fezanos em Agosto), minutos após ter con-quistado o título em Biarritz (França).“Na verdade não estou a sentir muitascoisas neste momento, estou só muitocontente”. “Tenho este objectivo escritona minha porta e tem lá estado à espe-ra de ser arrancado há algum tempo porisso estou ansiosa de chegar a casa parao riscar”, acrescentou a surfista a correro circuito desde 2010.

Produto do Oceano Pacífico, Carissa éapontada como uma das mais promis-soras surfistas da sua geração e há mes-mo quem diga que a simpática atleta temo potencial para se tornar maior do queo desporto que pratica – algo geralmen-te alcançado por homens e que, no surf,apenas Kelly Slater, com os seus dez títu-los mundiais conseguiu.

Mas esta não será a primeira vez quea surfista vai competir contra os rapa-zes e, segundo os resultados alcançados,é caso para deixar o aviso – nunca subes-timem as capacidades desta moça. Em

2007, Moore, então com 14 anos, ganhouaos 57 melhores jovens surfistas havaia-nos, na categoria de até aos 16 anos, tor-nando-se assim na primeira rapariga avencer o evento regional, Quiksilver Kingof the Groms.

E como o surf é um desporto com mui-tas distracções, Carissa, como outros atle-tas de topo, anda quase sempre com opai. “Ele está comigo o tempo quase todo.Viajou sempre comigo no ano passadoe vai fazê-lo este ano. Divertimo-nos tan-to quando estamos juntos. Ele traz o paco-te completo: é um grande treinador, umpai muito querido e um parceiro de via-gem divertido. Vocês não vão acreditar,mas ele é uma das pessoas mais engra-çadas que conheço e também é extrema-mente esperto. Juntos fazemos uma ópti-ma equipa”, contou Carissa no início doano à Surfline.

Regressando ao convite para partici-par no Vans Triple Crown of Surfing, ajovem havaiana disse recentemente queos envolvidos têm andado a tentar man-ter a imprensa calma. “Mas agora pare-ce que o coelho saiu mesmo da toca. Estoumuito ansiosa. Não me sinto minima-mente pressionada – não vai haver pon-tos (no ranking) para mim e, provavel-mente, todos estão à espera de me verperder, por isso vou para lá divertir-me”,afirmou em declarações à ESPN.

Com os pais divorciados desde os 12anos, a surfista de traços exóticos contaque também tem uma boa relação coma mãe. “Estou-lhe realmente grata portudo aquilo que ela fez comigo. Pensoque não estaria onde estou hoje em dianem seria quem sou se não tivesse a rela-ção que tenho com ela”, admitiu. Quan-do os meus pais se separaram, a minhamãe não queria que eu fosse para a praia.Queria que fosse para a escola, queriaque eu fosse às compras e queria que eufosse uma rapariga. Na altura, discutiacom ela e dizia-lhe ‘eu simplesmente ado-ro isto. Porque não me deixas fazer aqui-

lo que mais gosto?’ Quase uma mulherCarissa vê agora o lado da mãe com outrosolhos, considerando “uma bênção que amanteve equilibrada”.

Com o ensino secundário terminadoem 2010 na Punahou School (Honolulu),uma das escolas mais caras do Havai eonde também estudou o presidente nor-te-americano, Barack Obama, Moore temandado desde então a dedicar-se exclu-sivamente à sua carreira desportiva.

E foi graças ao exemplar percurso des-ta jovem, mas também de tantos outrossurfistas havaianos, que o Aloha Statereconheceu este mês, após quatro déca-das de reivindicações, esta modalidadecomo desporto escolar. Quando a notí-cia foi comunicada aos jornalistas emWaikiki, Carissa estava sentada ao ladodo governador, Neil Abercrombie, e dachefe do departamento de EducaçãoKeith Mememiya. Tornando-se no pri-meiro estado do mundo a inserir estamodalidade na disciplina de desportonas escolas públicas, o programa vaientrar em vigor na Primavera de 2013 eserá financiado pela comunidade e pelosector privado. “O surf é o desporto ofi-cial do Estado do Havai, mas, até agora,não tínhamos sido capazes de reunir osprotocolos necessários nas escolas”, jus-tificou Abercrombie.

Com o circuito feminino terminado ecom o título conquistado, Moore deveráestar em casa entre amigos e familiares.Se gosta deste desporto, se engraçou coma miúda e se quer ver os homens a leva-rem baile, vá à internet, no fim do ano,e assista ao desfecho da época.

CARISSA MOORE.A MENINA QUE VAIFAZER OS RAPAZESCHORAR

SARA SANZ [email protected]

Page 17: O PASSADO E O FUTURO DO SURF - Suplemento Surf Jornal i

01 Carissa Moore, a toda a velocida-de, durante a etapa em HuntingtonBeach, na Califórnia, que decorreuem Agosto. A prova foi ganha porSally Fitzgibbons (EUA), outra can-didata ao título. Na altura Moore jáera campeã do mundo.

COMO ACABOUO ANO PARA ASSENHORAS NOCIRCUITOMUNDIALAS MELHORES SURFISTASEM 20111.º Carissa Moore, Havai2.º Sally Fitzgibbons,

Austrália3.º Stephanie Gilmore,

Austrália4.º Tyler Wright, Austrália5.º Silvana Lima, Brasil6.º Coco Ho, Havai7.º Sofia Mulanovich, Peru8.º Courtney Conlogue,

Estados Unidos9.º Pauline Ado, França10.º Laura Enever, Austrália11º Chelsea Hedges, Austrália12.º Paige Hareb, Nova

Zelândia13.º Melanie Bartels, Havai14.º Rebecca Woods,

Austrália15.º Jessi Miley-Dyer, Austrália15.º Jacqueline Silva, Brasil15.º Alana Blanchard, Havai18.º Claire Bevilacqua,

Austrália19.º Felicity Palmateer,

AustráliaASP

/RO

WL

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D

02 A havaiana festeja o título em Biar-ritz, França. Carissa confessourecentemente à AFP estar a passarum período de transição na suavida. “Agora estou assim, o quevem a seguir? O que é que faço?Espero poder ganhar outra vez otítulo no próximo ano”, afirmou.

01

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Suplemento Surf // Gabriel Medina

18.19

Desengonçado em terra, o surfista brasileiro, de 17 anos e natural de São Paulo,é uma das jovens promessas do surf mundial. Gabriel Medina é um garoto e,como o nome indica, segundo a tradição cristã, poderá bem ser um mensageirodivino que veio ao mundo para trazer sabedoria. Se Owen Wright não estivesseem 2.º lugar do ranking tínhamos tido problemas em decidir que rosto ao ladodo do Slater entraria na capa ASP

Page 19: O PASSADO E O FUTURO DO SURF - Suplemento Surf Jornal i
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Suplemento Surf // Investimento

Principiantescom à-vontade

7’6’’(2,31 m)

Principiantessem à-vontade

9’6’’(2,92 m)

Intermédios

6’1’’(1,85 m)

Experientes

6’0’’(1,82 m)

Para curtir

5’1’’(1,55 m)

Surfista1,75 m

ESPESSURA

2 ½

2 ¼

2 ¼

2 ½

2 ½

Peniche tem o primeiro centro de altorendimento público na Europa. KellySlater aceitou dar o seu nome a um dosquartos, a pedido do presidente da câmarade Peniche,Tozé Correia

Há muito que António José Correia, pre-sidente da câmara municipal de Peni-che, percebeu a importância do surf naeconomia local e talvez seja por isso quejá conquistou o título de “the coolestmayor on tour”. Além ter ajudado a tra-zer para o concelho a etapa de Supertu-bos, Tozé como é conhecido pelos maispróximos, decidiu apresentar um diaantes do início da prova o centro de altorendimento – um espaço pioneiro dedi-cado à modalidade.

Sublinhado que este será “o primeirocentro de alto rendimento público da

Europa”, o autarca, que já no ano passa-do por lá andou com os australianos MickFanning e Taylor Knox, explica que ape-sar do projecto ainda não estar concluí-do está é “uma oportunidade de excelên-cia” para o dar a conhecer. “Não é umaideia, não é um projecto mas sim umarealidade que está no máximo a 10% deficar concluída em termos da obra. Espe-ro que até ao final do primeiro semestredo próximo ano o centro esteja a funcio-nar em pleno”, justifica.

Localizado entre o Baleal e os Super-tubos, o projecto de arquitectura é daresponsabilidade do arquitecto AdéritoCarvalho, que também é surfista. “Osarquitectos paisagísticos e urbanísticos

E ESTA!O SURFENTROU NOLABORATÓRIO

SARA SANZ [email protected]

que fazem parte da minha equipa técni-ca na câmara também estiveram envol-vidos em todo o processo”, explica. E por-que não estamos a falar de um surf camp,mas sim de “um centro de alto rendi-mento que tem de ter obviamente as con-dições para os atletas terem o melhordesempenho”, o valor do investimentoronda os 1,4 milhões de euros.

Quanto à gestão do espaço, António JoséCorreia diz-nos que o mesmo está a serafinado com a equipa do novo governoque tem a pasta do Desporto. “Já recebio Sr. Secretário de Estado do Desporto,que imediatamente, após ter tomado pos-se veio a Peniche e estamos neste momen-to a trabalhar com vista a à definição domodelo de gestão.” Embora exista já umprotocolo base entre a câmara, o Institu-to do Desporto e a Federação Portugue-sa de Surf, o autarca explica-nos o quetem em mente, uma vez que colocou “umgrande envolvimento pessoal” na cons-trução do centro de alto rendimento.

O modelo de gestão tem de ser “umaestrutura o mais ligeira possível e quedeverá ter quatro mercados, digamosassim”. “Um primeiro, que é o local, e porisso o Peniche Surf Clube irá lá ter a suasede, e depois a dimensão nacional, coma Federação Portuguesa de Surf – porqueuma coisa é o edifício, outra é a sua explo-ração e os custos de funcionamento”.Outros mercados são as selecções inter-nacionais e as marcas com os seus patro-cinados. Para António José Correia, “acomponente da internacionalização éaquela que, do ponto de vista da susten-tabilidade económica e financeira do pro-jecto, melhor trabalhada terá de ser e acâmara de Peniche não abre mão disso,

até porque é a entidade que mais meiosfinanceiros colocou no projecto”.

Com sete quartos, seis para quatro pes-soas e um de seis, o centro tem capacida-de para receber 30 atletas. O espaço divi-de-se me quatro áreas: uma administrati-va, outra com a parte de serviços (comrefeitório, a cozinha, centro de interpreta-çãoambiental,umespaçocomercial)outracomosalojamentose,porúltimo,umaáreadedicada ao treino físico com um ginásio.

No que toca à sustentabilidade, o autar-ca explicou-nos que, “em termos de efi-ciência energética, o edifício vai ficar nasclasses mais elevadas e estamos numprojecto aprovado no âmbito do QRENpara que o centro possa ser praticamen-te auto-suficiente na produção energé-tica”. Há ainda a possibilidade da EDP,que já apoia o campeonato mundial, setornar parceira no investimento.

E para quem ainda duvida de que oTozé é mesmo um “bacano” a respostapoderá estar aqui. O presidente enviouum email pessoal ao Kelly Slater a pedir-lhe autorização para dar o seu nome aoquarto maior e convidou-o para a apre-sentação. O Rei, que gosta pouco de apa-recer antes das provas começarem, cedeu-lhe a utilização sem problemas e estevepresente na conferência de imprensa aolado de Mick Fanning, Tiago Pires, OwenWright e Gabriel Medina.

20.21

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Peniche

01

01 A Câmara Municipal dePeniche aproveitou o RipCurl Pro Portugal parapromover a internacionali-zação do futuro centro dealto rendimento, conside-rado o primeiro da Europadedicado à modalidade.

02 Na conferência de impren-sa de sexta-feira estiverampresentes, além do autarcaAntónio José Correia, KellySlater, os australianos MickFanning e Owen Wright, oportuguês Tiago Pires, obrasileiro Gabriel Medina eo vencedor dos trials (pré-evento) Justin Mujica. Osatletas receberam comorecordação uma sardinha euma prancha de surf emloiça feitas pela fábricaRafael Bordalo Pinheiro

03 Situado entre o Baleal e osSupertubos, o centro dealto rendimento represen-ta um investimento novalor de 1,4 milhões deeuros e deverá estar con-cluído durante o primeirosemestre de 2012

04 Mick Fanning e TaylorKnox foram os primeirossurfistas do circuito a visi-tarem o centro durante aetapa em 2010

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CENTRODE ALTO

RENDIMENTO

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JOAQUIM DÂMASO/REGIÃODE LEIRIA (Fotografia)

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Suplemento Surf // Guia de Lazer

Parte desta cidade estárodeada de muralhasdo século XVI. Nolado sul, junto ao mar,fica a fortaleza doséculo XVI, usadacomo prisão durante oregime de Salazar.Ficou famosa pela fugado líder comunistaÁlvaro Cunhal, 3 deJaneiro de 1960.Durante muitos anos, aprincipal actividadeeconómica desteconcelho foi a pesca. OPorto de Peniche,situado na costa sul dapenínsula, é um dosprincipais portos depesca portugueses

PENICHE.O QUEFAZER (MAS SÓ SE OMAR ESTIVER FLAT)

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PAU

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22.23

CAPITALDA ONDA.ONDESURFAR

01 BelgasÉ um beachbreak (fundode areia) que funcionacom ondas entre 1 e 3metros. Perfeito comvento leste ou sudeste. Éo último recurso emcaso de ondulaçãobaixa, pela exposiçãoà ondulaçãode norte ou noroeste.Direitas e esquerdas.

02 Pico da mota(Almagreira)Outro beachbreak, comuma ou outra rochadescoberta, junto àlocalidade de Ferrel.Agradece o mesmovento e a mesma

ondulaçãodos Belgase também funciona atéaos 3 metros. Direitas eesquerdas.

03 LagidoOnda que rebenta emfundo de pedra (osouriços tambémaconselham uso debotas). Um dos locaismais desejadosem Peniche, aguentaondas até 4 metros,embora precise dosraros ventos de sul e deoeste. Principalmenteesquerdas.

04 Baía (cantinho)Beachbreak quaseopostoao Lagido, resguardadopela ilha do Baleal, podeser solução quando asondas de noroeste sãograndes. Funciona comvento norte e vento deleste. Direitas eesquerdas.

05 Baía (parquede campismo)A referênciaé o parque decampismo, mas por alipodem funcionarvários picos,especialmente quandohá ventos de sul a leste.

Diz-se que em Penichehá sempre um sítiopara apanhar umasondas. Escolha e, comsorte, ainda pode láencontrar o Slater

Buraka Som Sistemaao vivo e a cores

Haja ondas ou não, já é denoite e nem pensar em surf.Por um tempo, descontraia(mais ainda), abane opescoço, ajeite os ombros,movimente os braços nosentido dos ponteiros dorelógio e divirta-se hoje naPraia dos Supertubos commúsica e espectáculo, a cargodo Buraka Som Sistema maismuitos Dj’s conhecidos danossa praça.

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O OutroRua D. Luís Ataíde, 4, PenicheSomos surfistas, gastamos tudo empranchas, fatos e casacos Volcom,portanto vamos poupar dinheiro.O Luís tem um menu rápido eacessível. Ah, e tem boas pizzas!

Tasca do JoelRua do Lapaduço, 73, PenicheEntramos noutro nível. Aqui come--se e bebe-se com tempo e comvontade, especialmente carne (oupratos abacalhoados). Leve a família(ou mesmo um amigo, porque vaiter de abrir uma garrafa de vinho).

Oh AmaralRua Francisco Ceia, 7, PenicheEntramos na especialidade local, opeixe grelhado e as caldeiradas, oufiletes de Alfaquique (lá em Lisboadiz-se peixe-galo). Do melhor.

Restaurante do ParqueAvenida 25 de Abril,Parque o BaluarteNo jardim da cidade, junto à escolasecundária, a especialidade estáobviamente nos peixes. Aproveitea sopa do dito.

CortiçaisPorto D’Areia SulMuito bem, o menino veio com opapá e ele paga o jantar? Excelente,porque o marisco vale o preço. Ouentão telefone e reserve umacaldeirada. É o ideal.

Mãe D’ÁguaRua 13 de Maio, 26, Sobraldo Parelhão (Carvalhal)A única proposta que lhe fazemosfora da cidade, junto à A8, paraquando estiver a sair ou a chegar aPeniche. É a cozinha mais arrojadae feliz da zona, num espaço ruralperfeito. E caro.

O valor das ondas

PENICHE É HOJE CLARAMENTEreconhecido como um destino de elei-ção para a prática do surf, acolhe a eta-pa europeia mais emocionante doWorld Tour e possuirá em breve umdos primeiros centros de alto rendi-mento a nível europeu dedicado inteira-mente ao surf. Peniche – Capital daOnda, mais do que uma marca, é umdesignío que não tem qualquer tipo decontestação e que se baseia em factosconcretos e características únicas tantoem Portugal como no estrangeiro. Oretorno do investimento numa grandecompetição como o Rip Curl Pro Portu-gal pode ser quantificado directa ouindirectamente, no imediato ou amédio-longo prazo. Em consequênciado Rip Curl Pro, Peniche é actualmentemuito procurado ao longo de todo o anopara a prática desta modalidade, com-batendo a sazonalidade associada a estetipo de destinos turísticos, facto quetem despertado o interesse e a concreti-zação de investimentos privados emtorno do cluster do surf no concelho dePeniche. Estimamos que o concelhoconsiga um retorno entre os quatro e osseis milhões de euros, repartidos entrealojamentos, restauração, animaçãonocturna, serviços de animação turísti-ca, compras, entre outras actividades.Em termos do retorno económico paraa região, a presença de mais de 120 milpessoas ao longo dos dias da competi-ção (15 a 24 de Outubro) tem um forteimpacto ao nível da hotelaria e restau-ração, cujos operadores económicostêm feito um esforço para irem aoencontro das especificidades da procu-ra. Não é por acaso que ao Rip Curl ProPortugal estão associadas grandes mar-cas nacionais e internacionais, que des-de cedo se aperceberão do elevadopotencial deste tipo de competiçãoenquanto veículo de promoção dos seusprodutos ou da notoriedade conquista-da pela grande projecção mediática àescala planetária. A notoriedade e a pro-jecção mediática são igualmente con-quistadas para a região de Peniche epara Portugal, cujo valor económicoassociado é de dificil quantificação, eque contribuem para a construção deum património intangível extremamen-te importante para o desenvolvimentosustentável e sustentado. Presidente daCâmara Municipal de Peniche

ANTÓNIO JOSÉ CORREIA

OPINIÃO

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ONDE COMER

Hotel Pinhalmar ★★★

Na Marginal Sul, perto do caboCarvoeiro, isolado.Hotel Praia Norte ★★★

Na Avenida Monsenhor ManuelBastos, à entrada de Peniche, juntoà rotunda para o Baleal.Hotel Soleil Peniche ★★★

Virado para a praia da Alfarrobeira,também a caminho do Baleal.Marriot Praia D’EL Rey ★★★★★

Na praia D’El Rey, luxo, onde dormeKelly Slater (e joga golfe se tivertempo).

P.S. Pela cidade, pode semprerecorrer ao mítico “Quatro,Chambre, Room, Zimmer”.

ONDE DORMIR

D.R

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UL

OV

ITO

RM

AR

TIN

S

Aguenta menostamanho (raro superar 2metros) e seráo ideal para iniciação.Direitas e esquerdas.

06 Baía (Cerro)Já perto de Peniche,ainda em fundo de areia(excepto mesmo juntoà muralha da cidade), afuncionar com ventos desul a oeste. Ondasaté 3 metros. Direitas eesquerdas.

07 Molho LesteOutro fundode areia, imediatamentea sul do porto de pescae da foz do rio de São

Domingos. Protegidapela península dePeniche, não entramondasde norte ou noroeste,excepto as enormes.Funciona comondulação de oeste esul, ventos de norte aoeste. Só direitas.

08 SupertubosA onda rainha dePeniche, a razão do RipCurl Search nesta zona.Ideal com vento leste,por vezes norte. Aguentaaté 4 metros. É umaonda rápida e tubularque rebenta na areia eexige experiência.

Direitas e esquerdas.09 ConsolaçãoFundo de pedra.Quando funciona – ventode leste e ondulação deoeste – pode dar ondasaté 5 metros.Direitas.

10 Porto BatelA sul da Consolaçãoe do forte, ao largo daPraia das Pedras.Funciona comondulação grande deoeste e agradece ventode leste. Só parasurfistas com nívelelevado.Direitas.

01 Como qualquer for-te português, o dePeniche já serviupara tudo e maisalguma coisa. Hojeacolhe o museumunicipal e valetanto pela infra-estrutura militarcomo pela históriaque lá concentra

03 A pesca ou o mergu-lho também sãoboas formas de pas-sar o tempo. Agarrena cana e aprendacom quem sabe. Ouentão opte um sim-ples baptismo demergulho, em queum profissional oajuda a equipar e oleva pela mão

02 Baleal é uma peque-na ilha situada aonorte de Peniche,separada do conti-nente por um tôm-bolo, formando umapraia de fina areiabranca. Na continui-dade da enseadaexistem também ailhota das Pombas eo ilhéu de Fora

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