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Universidade Federal do ABC — Bacharelado em Ciências e Humanidades Pensamento Crítico — Prof. Valter A. Bezerra 1 U U U n n n i i i v v v e e e r r r s s s i i i d d d a a a d d d e e e F F F e e e d d d e e e r r r a a a l l l d d d o o o A A A B B B C C C B B B a a a c c c h h h a a a r r r e e e l l l a a a d d d o o o e e e m m m C C C i i i ê ê ê n n n c c c i i i a a a s s s e e e H H H u u u m m m a a a n n n i i i d d d a a a d d d e e e s s s P P P e e e n n n s s s a a a m m m e e e n n n t t t o o o C C C r r r í í í t t t i i i c c c o o o P P P r r r o o o f f f . . . V V V a a a l l l t t t e e e r r r A A A . . . B B B e e e z z z e e e r r r r r r a a a O O O p p p e e e n n n s s s a a a m m m e e e n n n t t t o o o c c c r r r í í í t t t i i i c c c o o o e e e s s s u u u a a a s s s e e e s s s t t t r r r a a a t t t é é é g g g i i i a a a s s s

O pensamento crítico e suas estratégias · PDF fileUniversidade Federal do ABC — Bacharelado em Ciências e Humanidades Pensamento Crítico — Prof. Valter A. Bezerra 3 (a) Considere

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Pensamento Crítico — Prof. Valter A. Bezerra 1

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PPPaaarrraaadddoooxxxooosss

Qual é o problema com este par de frases?

A frase abaixo é mentirosa

A frase acima é verdadeira

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(a) Considere um monte de N grãos (N arbitrário). (b) Retirar um grão não faz com que deixe de ser um monte. (c) Retirar mais um grão não faz com que deixe de ser um monte. (d) [ Aplicando repetidamente (c) ] (e) Retirar N-1 grãos não faz com que deixe de ser um monte. (f) Retirar N grãos não faz com que deixe de ser um monte. ______________________________________________________ Logo, pode-se retirar todos os grãos do monte sem q ue ele deixe de ser um monte! Existem ou não existem montes de grãos?

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Se Deus é onipotente, pode Ele criar um objeto tão pe sado que nem Ele consiga mover?

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No prefácio do seu novo livro, um escritor afirma o seguinte:

«Neste livro, defendo as seguintes idéias: (a) ... (b) ... (c) ... Agradeço às seguintes pessoas: o Sr. X, o Prof. Y, a Profa. Z... Todos os erros que restam, porém, são de minha inteira responsabilidade...»

O autor está justificado em acreditar em que todos as assertivas do seu livro são corretas, porém ao mesmo tempo acredita que pelo menos uma delas é errada.

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Se uma corredora quer ir de A para outro ponto B, ela precisa passar primeiro pela metade da distância AB, chamemos de C Para chegar a C, ela precisa passar antes pela metade da distância AC, chamemos de D Para chegar a D, ela precisa passar primeiro pela metade da distância AD, chamemos de E [...] Para chegar a qualquer parte do percurso, ela precisa passar antes por um número infinito de pontos intermediários Logo, a corredora nunca consegue ir de A para B!

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DDDiii llleeemmmaaasss mmmooorrraaaiiisss 1 — Um terrorista que ameaçou explodir bombas em vários locais da cidade foi capturado pela polícia. Ele plantou bombas em vários locais densamente populosos, que estão programadas para explodir em poucos minutos, matando um grande número de pessoas. Ele se recusa a revelar a localização das bombas e exige um advogado e invoca o direito de permanecer calado e não se incriminar. Um oficial, em conversa com a equipe, em vista da situação desesperada, sugere o uso da tortura, o que é considerado ilegal. É moralmente justificado recorrer a esse expediente? É moralmente justificado recorrer ao expediente de seqüestrar um familiar inocente do terrorista para fazê-lo falar?

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2 — O problema das mãos sujas (ou o argumento de que “não se pode fazer um omelete sem quebrar ovos”). Um dirigente está moralmente justificado em tomar certa decisão que causará prejuízo ou sofrimento para um pequeno contingente de pessoas (de um tipo que eles não sofreriam, em condições normais), em nome de um benefício maior e mais duradouro para uma população maior (porém cujo êxito não é 100% certo)? 3 — Uma invasão estrangeira a um país, com a derrubada daquele governo, é justificada se o país em questão era governando por um ditador sanguinário e mantinha a população na miséria e sem democracia?

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4 — Após o naufrágio de um navio, há 10 pessoas a bordo de um barco salva-vidas. Mas o bote está furado, e somente se consegue remover a água que entra incessantemente se houver continuamente 9 pessoas trabalhando nisso. Resolve-se que, a cada 10 minutos, uma pessoa pode descansar enquanto outra assume seu lugar. O cálculo que os sobreviventes fazem é que conseguirão agüentar cinco horas nesse regime. É então que um dos sobreviventes (apenas um) enxerga à distância um outro bote salva-vidas, que está inteiro e tem capacidade para acomodar mais uma pessoa, mas está se afastando porque os sobreviventes de lá estão remando, ajudados pela correnteza, em direção a uma rota de navios onde poderão ser resgatados. (Os sobreviventes do primeiro bote não têm condições de remar.) Se essa pessoa pular na água e nadar até o outro bote, terá quase garantida a sua sobrevivência até o socorro chegar, mas irá com isso colocar uma sobrecarga sobre os que ficam, que só poderão agüentar no máximo 2 horas sem descanso. Se ele ficar, aumenta as chances de permanência de todos até a chegada do resgate, porém não é inteiramente certo que o socorro chegue (e assim os dez podem morrer). O sobrevivente deve ficar e aumentar as chances de sobrevivência de todos, esperando que o socorro chegue em até 5 horas (porém sem ter certeza)? Ou deve pular e garantir o seu salvamento, reduzindo drasticamente as chances dos seus companheiros?

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O dilema da escolha teórica 5 — Um cientista está diante de duas teorias: uma que descreve bem os fenômenos de um certo domínio, e com bom grau de precisão, mas que é afetada pelo problema de não ser totalmente coerente (ou de não ser compatível com outras teorias bem aceitas). Já outra teoria é mais bem inserida na estrutura geral, e consegue proporcionar uma explicação daqueles fenômenos em termos de causas e mecanismos, porém tem uma aplicabilidade mais limitada. Que teoria o cientista deve escolher?

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PPPeeennnsssaaammmeeennntttooo cccrrr íííttt iiicccooo === AAAnnnááálll iiissseee

Foco desta disciplina:

aaasss eeesssttt rrraaatttééégggiiiaaasss dddeeessstttaaa aaannnááálll iiissseee

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OOO pppeeennnsssaaammmeeennntttooo ppprrrooopppooosssiiiccciiiooonnnaaalll

Analisado em quatro níveis

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(((444))) SSSiiisssttteeemmmaaasss eee ttteeeooorrr iiiaaasss

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1

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Conceitos

Enunciados

Teorias (redes de

enunciados) e

Argumentos

(sequências de

enunciados)

Sistemas e

Macroteorias

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EEEsssbbboooçççooo dddeee uuummm mmmaaapppaaa pppaaarrraaa ooo pppeeennnsssaaammmeeennntttooo cccrrr íííttt iiicccooo

1. No plano dos conceitos

Estão bem definidos? São precisos?

Questão da definição Condição necessária e condição suficiente

São claros? Significado São vagos? Questão da fuzziness

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2. No plano dos enunciados (teses)

São expressões bem formadas?

Questão da sintaxe (correção)

São compatíveis com o restante do sistema?

Questão da coerência interna

São compatíveis com outros sistemas / contextos relevantes?

Coerência externa

São verdadeiros? Questão da semântica Denotação Conotação

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3. No plano dos argumentos

Premissas São bem fundamentadas / justificadas? Possuem caráter hipotético? São verdadeiras? Existem premissas implícitas?

Questão da fundamentação (justificação) Questão do estatuto Verdade factual

Argumentos São válidos / logicamente necessários ou são falaciosos? São prováveis?

Questão formal Noção de inferência Noção de validade Noção de falácia Padrões de rigor

Conclusões (Consequências)

São admissíveis / aceitáveis?

Questão valorativa / criteriológica

Corolários (Desdobramentos)

São aceitáveis/ admissíveis?

Questão valorativa / criteriológica

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4. No plano dos sistemas / teorias / macroteorias / códigos de normas

Qual o seu propósito? Quais as suas aplicações? Quais as suas implicações?

Questão dos valores

Qual o seu processo de construção e validação?

Questão do método Questão dos critérios Padrões de rigor

Qual o referencial (contexto)? Quais os pontos de vista alternativos?

Questão do contexto Questão da perspectiva

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NNNooo ppplllaaannnooo dddooosss CCCooonnnccceeeiii tttooosss AAArrrggguuummmeeennntttooosss,,, pppaaarrraaadddoooxxxooosss eee rrreeedddeeefff iiinnn iiiçççõõõeeesss qqquuueee qqquuueeesssttt iiiooonnnaaammm nnnoooçççõõõeeesss ccc iiieeennnttt ííífff iii cccaaasss

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Qual o comprimento da costa da Grã-Bretanha? Os problemas do conceito de dimensão .

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Na natureza, as nuvens não são esferas, as montanha s não são cones, as costas continentais não são arcos, e nem a casca das árvores é lisa. — Benoît Mandelbrot, The Fractal Geometry of Nature

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Acima: o argumento EPR (Einstein-Podolsky-Rosen). Ao lado: o paradoxo do “Gato de Schrödinger”.

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Argumentos — Estratégias de argumentação

Argumentos — Defeitos:

Argumentos a favor Falácias

Argumentos contrários Antecipar contra-argumentos

Problemas envolvendo os conceitos usados / pressupostos / conclusões / implicações

Paradoxos Implicações perversas / circulares

Dilemas Premissas não explícitas

Reductio

Dúvida sistemática / ceticismo metodológico

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Conceitos — Estratégias de análise

Conceitos — Defeitos:

Uso de definições explícitas Generalidade excessiva

Uso de definições implícitas Restrição excessiva

Contra-exemplos (contra um oponente) Existência de contra-exemplos

Subdivisão em casos (refino conceitual) Ambiguidade

Axiomatização Vaguidade

Redutibilidade Circularidade

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Bibliografia Carnielli, W. A. & Epstein, R. L. - Pensamento Crítico: o poder da lógica e da argumentação

Copi, I. M. - Introdução à lógica

Durkheim, Émile – As regras do método sociológico

Einstein, A. – Como vejo o mundo

�Fisher, Alec – A Lógica dos verdadeiros argumentos

Lakatos, I. & Musgrave , A. (orgs) – A crítica e o desenvolvimento do conhecimento

�Martinich, A. P. – O ensaio filosófico (ing: Philosophical Writing)

Popper, Karl R. – “De nuvens e relógios: Uma abordagem do problema da racionalidade e da liberdade do homem”, in: Conhecimento objetivo: Uma abordagem evolucionária

�Piovesan / Sartori / Hartmann / Tiellet / Azeredo – Introdução à Lógica (Ed. Unijuí)

Russell, Bertrand – O impacto da ciência na sociedade

Toulmin, S. - Os usos do argumento

�Velasco, Patrícia – Educando para a argumentação: Contribuições do ensino da lógica

Weber, Max – “A ciência como vocação”