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O POVO DE RIO TINTO Publicação Mensal| Paroquia de Rio Tinto Rua da Lourinha, 33 4435-308 Rio Tinto | mar- [email protected] |http:// www.paroquiariotinto.pt/ NOLITE TIMERE Ano 36| N.º 300 17-03-2013 A Igreja Católica conservadora ou modernista? Não é por acaso que escolhi, para ilustrar este texto, uma gravura onde estão homens e mulheres de todas as idades. Só lá aparece um padre. É que continua muito arreigado o conceito de que quando se fala em Igreja estamos a falar só de padres, bispos e cardeais ou do Vaticano. Nada mais falso. Costumo lembrar com certa frequência que mais de noventa e nove por cento dos membros da Igreja são homens e mulheres imersos no difícil mundo em que vivemos. Aí exercem as mais diversas profissões, por vezes em circunstâncias extremamente difíceis e com uma heroicidade anónima que me espanta. Posso também testemunhar que aí descubro com frequência almas de grande fé e santidade. Então do meu íntimo brota espontaneamente um silencioso acto de admiração: mulher, homem, grande é tua fé! É essa Igreja tão variada, nas idades, profissões, cores da face e mesmo modos de vestir, unida numa só fé e num só baptismo que chama em primeiríssimo lugar a minha atenção e que mais admiro. A estes seus filhos, vivendo à maneira de fermento, o mais alto magistério da mesma Igreja chama fieis leigos (leigo etimologicamente significa povo). Estas linhas estão a ser escritas quando já tinha saído fumo apenas preto da chaminé da Capela Sistina. Estão no Vaticano cerca de 6 mil jornalistas, alguns farejando hipotéticos escândalos, a maior parte, ponde etiquetas nos Cardeais eleitores: Este é conservador, aquele outro de mentalidade mais avançada. Este é papabile aquele outro não. O cardeal que for eleito, seja ele qual for, como pediu o decano dos mesmos, será um pastor fundamentalmente disposto a dar a vida pelas suas ovelhas. Percebe-se que muitos destes agentes da Comunicação gostariam que a eleição caísse como uma bomba e explodisse revolucionárias “novidades”; que Igreja se colocasse a la paje, isto é, fizesse as pazes com o neopaganismo dos tempos que correm e passasse a ser mais uma organização meramente humana, porventura respeitável mas não mais que isso. Não conseguem perceber que Igreja é um organismo vital que respira há mais de vinte séculos. Vital, porque no seu ínti- mo pulsa um coração, o coração de Cristo. Não me admiro. Este mundo desumano que vemos à deriva sem rei nem ro- que, por mais que espreite através dos Média e da espionagem, não consegue entrar nesse santo dos santos. Aí só se entra pela porta da fé. Regressando ao título deste texto, se dermos o melhor sentido aquela aparente dicotomia, a Igreja será sempre as duas coisas em tensão permanente, como somos todos nós, como é a sociedade civil. Isso faz parte da psicologia da pessoa humana. Apreciamos muito um Picasso mas só um louco deitaria ao lixo uma quadro Miguel Ângelo. A verdadeira mo- dernização da Igreja, nos seus membros e no seu todo, está numa fidelidade sempre mais apurada ao seu Mestre. E quando barca de Pedro porventura mete água é sempre por este lado. Desde o primeiro Pedro…

O POVO DE RIO TINTO - paroquiariotinto.pt · linha dos profetas do Antigo Testamento. S. ... mem em masmorras juntamente com cristãos e perseguidos ... O novo Papa foi técnico químico

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O POVO DE RIO TINTO Publicação Mensal| Paroquia de Rio Tinto

Rua da Lourinha, 33 4435-308 Rio Tinto | mar- [email protected] |http://

www.paroquiariotinto.pt/

NOLITE TIMERE

Ano 36| N.º 300

17-03-2013

A Igreja Católica

conservadora

ou

modernista?

Não é por acaso que escolhi, para ilustrar este texto, uma gravura onde estão homens e mulheres de todas as idades. Só lá aparece um padre. É que continua muito arreigado o conceito de que quando se fala em Igreja estamos a falar só de padres, bispos e cardeais ou do Vaticano. Nada mais falso. Costumo lembrar com certa frequência que mais de noventa e nove por cento dos membros da Igreja são homens e mulheres imersos no difícil mundo em que vivemos. Aí exercem

as mais diversas profissões, por vezes em circunstâncias extremamente difíceis e com uma heroicidade anónima que me

espanta. Posso também testemunhar que aí descubro com frequência almas de grande fé e santidade. Então do meu íntimo brota espontaneamente um silencioso acto de admiração: mulher, homem, grande é tua fé!

É essa Igreja tão variada, nas idades, profissões, cores da face e mesmo modos de vestir, unida numa só fé e num só baptismo que chama em primeiríssimo lugar a minha atenção e que mais admiro. A estes seus filhos, vivendo à maneira de fermento, o mais alto magistério da mesma Igreja chama fieis leigos (leigo etimologicamente significa povo).

Estas linhas estão a ser escritas quando já tinha saído fumo apenas preto da chaminé da Capela Sistina.

Estão no Vaticano cerca de 6 mil jornalistas, alguns farejando hipotéticos escândalos, a maior parte, ponde etiquetas nos Cardeais eleitores: Este é conservador, aquele outro de mentalidade mais avançada. Este é papabile aquele outro não. O cardeal que for eleito, seja ele qual for, como pediu o decano dos mesmos, será um pastor fundamentalmente disposto a dar a vida pelas suas ovelhas.

Percebe-se que muitos destes agentes da Comunicação gostariam que a eleição caísse como uma bomba e explodisse revolucionárias “novidades”; que Igreja se colocasse a la paje, isto é, fizesse as pazes com o neopaganismo dos tempos

que correm e passasse a ser mais uma organização meramente humana, porventura respeitável mas não mais que isso. Não conseguem perceber que Igreja é um organismo vital que respira há mais de vinte séculos. Vital, porque no seu ínti-mo pulsa um coração, o coração de Cristo. Não me admiro. Este mundo desumano que vemos à deriva sem rei nem ro-que, por mais que espreite através dos Média e da espionagem, não consegue entrar nesse santo dos santos. Aí só se entra pela porta da fé.

Regressando ao título deste texto, se dermos o melhor sentido aquela aparente dicotomia, a Igreja será sempre as duas coisas em tensão permanente, como somos todos nós, como é a sociedade civil. Isso faz parte da psicologia da pessoa

humana. Apreciamos muito um Picasso mas só um louco deitaria ao lixo uma quadro Miguel Ângelo. A verdadeira mo-dernização da Igreja, nos seus membros e no seu todo, está numa fidelidade sempre mais apurada ao seu Mestre.

E quando barca de Pedro porventura mete água é sempre por este lado. Desde o primeiro Pedro…

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P A N O R A M A

CARTA ABERTA A dois Bispos e um Presbítero Caríssimos irmãos no sacerdócio Não pretendo julgar-vos. Nunca teria esse direito, porque lá avisa Jesus: “Não julgueis…” Estou consciente de que todos somos vasos de argila. Apenas analiso epifenómenos. O mundo, quando nos critica, pode fazê-lo por várias razões e nunca deixará de o fazer. A Igreja será tanto mais criticada e odiada quanto mais for fiel ao seu Mestre. Ele preveniu “ Se a mim me odiaram também vos odiarão a vós” . A Igreja deixaria de o ser, senão fosse criticada e odiada. “ Malditos, quando todos disserem bem de vós” . O mundo, sobretudo através dos Média, à maneira dos abutres, alimenta-se de corpos em decomposição, isto é de escândalos e preferencialmente de escândalos de presbí-teros e bispos. As Empresas de Comunicação, como todas, não existem, em primeiro lugar, para nos informar, mas para ganhar dinheiro. Contudo faço esta afirmação com o respeito que me merecem e sem esquecer o seu papel indispensável. Embora haja muito ódio e menti-ra, o mundo, apesar de tudo , lá no íntimo, idealiza uma Igreja pura. Nisto não deixa de ter alguma razão. Simplesmente essa Igreja não existe. Porquê? Não é uma comunidade de anjos, mas de pecadores. Alguns Padres da Igreja não hesitaram em chamar lhe prostituta, na linha dos profetas do Antigo Testamento. S. Paulo dizia de si e por extensão de todos nós: “ Fomos transformados em espectáculo perante o mundo”. Analisei o espectáculo que destes. Peço-vos perdão da minha franqueza e não cuspo para o ar: Esse espectáculo entristeceu-me muito. Ignoro por completo o que se passou entre vós nem discuto razões. O povo diz que a verdade vem sempre ao de cima. Senti pena por vos ver a terçar armas em público. Isso tornou o espectáculo triste e ridículo. Servistes de pasto aos tais abutres. Um padre contra um bispo e vice versa, um segundo bispo a entrar na contenda foi um acontecimento público que sujou a vossa face e a da Igreja.O que na realidade se passou só vós o sabeis. Mas ficam no ar algumas interrogações que certamente nunca terão resposta. Não sois adultos? Como é que a revista Visão, fugindo sempre a afirmações e lançando apenas insinuações, soube das vossa vidas? Porque guardou o segredo para agora? Já reparastes que a Empresa a que pertence esfregou as mãos de contente, porque esse número esgotou por completo? Se houves-

se crime ou incompatibilidades, no foro canónico ou civil, existem as respectivas instâncias para o julgar e tomar as consequentes medidas. A caça ás bruxas não pode existir no seio da Igreja. Também reparei que não veio ao de cima uma dimensão essencial da fé que professa-mos: o espírito de misericórdia e de perdão. Se não há matéria criminal como tudo indica, mas apenas argila quebrada, creio que ficaria muito bem um acto público de reconciliação. Uma palavra também franca e amiga ao “Bispo das Forças Armadas” Confesso que não gosto deste título. Faz-me lembrar o tempo dos bispos guerreiros. Vejo que o Senhor bispo toma posições de fronteira. Por isso mesmo é muito solicitado para entrevistas, dar opinião sobre tudo e sobre nada… Permito-me lembrar-lhe que aqueles que agora o colocam num andor, se isso lhes convier, amanhã crucificam-no, quando não seja mais só por ser bispo católico. Aqui há uns anos, teve o cuidado afirmar, alto e bom som, que foi rezar pelas vítimas da Ditadura Militar numa praça Sul-Americana. Não admirei muito o seu gesto, porque bater nos mortos qualquer um o faz. E os novos vencedores batem pal-mas. Admiraria mais a sua heroicidade, se, de peito ao vento, fosse rezar hoje a algumas praças de países onde alguns colegas seus ge-mem em masmorras juntamente com cristãos e perseguidos políticos. Peço desculpa deste meu atrevimento. Não passo dum velho pároco que há perto de quarenta anos aguenta quotidianamente o peso do dia e do calor. Julgo porém que tenho direito a usufruir dum bocadinho desse pluralismo que certos protagonistas como Senhor Bispo tanto apregoam.

Com amizade cristã, vosso irmão no sacerdócio Rio Tinto, 4 de Março de 2013

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VEM AÍ A PRIMAVERA

SABER LIDAR COM AS ALERGIAS Silva Pinto *

Com a chegada da Primavera surgem as crises de espirro

olhos vermelhos, nariz a pingar e comichão na pele.

Nesta altura do ano, as manifestações alérgicas chamadas sazo-nais, são desencadeadas pelos pólenes de ervas, arbustos e ár-vores. Quando o alergénio persiste o ano inteiro como os ácaros do pó de casa, a alergia chama-se perene. A concentração dos pólenes existentes no ar depende do tipo de vegetação e coincide com o aumento de temperatura. De ano para ano, pode haver variação na época polínica principal que está relacionada com as alterações meteorológicas; se chove antes da época polínica, a quantidade de ervas que liberta póle-nes é grande quando aparece o primeiro calor. Pelo contrário, um ano seco, condiciona uma concentração polínica menos in-tensa porque as gramíneas não crescem sem água. As manifestações alérgicas na época polínica, podem ser do apa-relho respiratório (asma e rinite alérgica), dos olhos (conjuntivite alérgica) e da pele (urticária e eczema). A rinite alérgica é a manifestação mais frequente. Pode atingir 1/3 da população principalmente nos jovens e é caraterizada pela ocorrência de espirros, nariz entupido, comichão e pingo. Pode ser acompanhada de conjuntivite alérgica (olho vermelho, lacrimejo, comichão e inchaço nos olhos). Além da rinite, são ainda frequentes a asma – dificuldade em respirar, pieira, cansaço, tosse – e sintomas da pele como a urti-cária ou eczema alérgico. Estes sintomas podem aparecer em simultâneo no mesmo doente. Convém lembrar também por serem frequentes nesta altura a alergia a picadas de vespa ou abelha que pode ser fatal para o individuo sensibilizado e a urticária solar que pode estragar umas férias se não houver cuidado com a primeira exposição solar. Se bem que já conhecida na antiguidade, a alergia é uma doença do último século, e, a poluição das grandes cidades, os antibióti-cos, as vacinações, os cuidados de higiene e as modificações nos hábitos alimentares são de certeza os grandes responsáveis, a ponto de ser chamada a doença da civilização. A reacção alérgica é uma reacção exagerada do sistema imunitá-rio ao contacto com substâncias para que está sensibilizado. Po-de ser hereditária e no caso de um dos progenitores ser alérgico, há cerca de 40% de proba-bilidades de o filho também o ser mas, se o pai e a mãe são alérgicos, então as probabilidades so-bem para 70%. Há hoje um conjunto de medidas destinadas a prevenir e tratar os sintomas de modo a que a Primavera não seja um inferno pa-ra estes doentes. Porém, é necessário que estas medidas sejam tomadas atempadamente de modo a evitar os sintomas, as cri-ses, e as complicações da doença. As medidas de prevenção, começam pela evicção do contacto, no uso de fármacos de forma conveniente e, na administração das vacinas que vão diminuir em muito os sintomas quando ex-postos e melhorar a sua qualidade de vida.

* Médico

REFORMADOS PRESTAM

VIDA CRISTÃ 5

Papa Francisco I, eleito em 13 de Março de 2013

O novo Papa foi técnico químico antes de optar pela vida religiosa.

266.° Papa da Igreja Católica, que escolheu o nome de Francisco, é o Cardeal Jorge Mário Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires, nascido, precisamente, na capital argentina, a 17 de Dezembro de 1936.

Bergoglio estudou e formou-se com técnico químico e só mais tarde ingressou no Seminário de Villa Devoto. A 11 de Março de 1958, pas-sou para o noviciado da Companhia de Jesus, tendo estudado no Chi-le. A sua ordenação sacerdotal teve lugar a 13 de Dezembro de 1969, tendo vivido, depois, em Espanha e na Alemanha. Foi aqui que, em

1986, concluiu a sua tese de doutoramento, tendo regressado à Ar-gentina como director espiritual da Companhia de Jesus na cidade de

Já há quem diga que é um Papa de transição, devido à sua idade. Se pensarmos bem, todos somos de transição. Independentemente da idade, o ser humano não passa dum elo vivo duma mera corrente. A história da Igreja, a bem como a historia em geral registam o nome de personagens que em pouco tempo fizeram muito e bem e, ao contrário, outras pessoas aparentemente muito eruditas e novas não deixaram grandes marcas renovadoras. Além disso, no plano da fé, Deus troca-nos as voltas, como aconteceu nesta eleição. Os meus caminhos não são os vossos caminhos. Quero crer que é isto mesmo que vai acontecer com este homem que veio do cabo do mun-do. A simplicidade que irradiou após a eleição foi já muito cativante e promissora. É frequente ouvir pessoas a comparar os papas uns com os outros e afirmar gosto deste ou daquele. Parece que há muita gente que se esquece de que os Papas têm ADN, como qualquer pessoa. São necessariamente diferen-tes uns dos outros. O contrário seria antinatural. Já conheci o perfil de vários, desde Pio XII até ao actual. Todos eles, cada um à sua maneira, foram eminentes pastores. Sempre tive a sensação de que o dedo de Deus nos oferecia o Papa de que a Igreja precisava nas dife-rentes circunstâncias. Francisco I não vai agradar a toda a gente. Como Jesus, como os Papas precedentes, será sinal contradição. O contrário seria preocupante.

UM PAPA QUE VEIO DO CABO DO MUNDO

Novos Filhos de Deus ( durante o mês de Fevereiro ) Lourenço Miguel Mendes M .da Silva

Leonel Castro Pereira Tiago Alexandre Silva Oliveira Fábio Oliveira Basílio Maria Rodrigues Dias Carneiro Maria Gonçalves Arcos Carneiro Guilherme de Figueiredo e Sousa

Novos Lares

( durante o mês de Fevereiro ) André Luis Moreira Pereira Alice Andreia Costa Fonseca

Partiram para o Pai

( durante o mês de Fevereiro )

Adelina dos Santos Azevedo – de 76 anos Salvador Pereira Coutinho – de 86 anos

Francisco Moreira Peixoto – de 73 anos António Fernando da Silva Sousa – de 53 anos Maria Rosa Ferreira – de 92 anos Miguel da Silva Ribeiro – de 82 anos Rosalina Esperança Campos Neves – de 78 anos Maria Elvira Almeida Costa Viana – de 93 anos

José Pinto – de 85 anos

Carmelina Marques de Sá – de 90 anos Manuel Fernando dos Santos Lopes – de 58 anos Cecilia dos Santos Dias – de 90 anos Leopoldina da Conceição Gondar – de 96 anos Maria Cristina Correia Pinto R. Belo – de 80 anos Aurora da liberdade Dias Lopes – de 74 anos

Virgilio Mendes Coelho – de 69 anos Balbina Rodrigues – de 85 anos Manuel Dias Júnior – de 88 anos José Pereira de carvalho – de 68 anos Almerindo Cardoso prata – de 79 anos Emilia da Glória de jesus – de 82 anos José Moreira Lopes – de 84 anos

Isabel Rosa – de 87 anos

6 ENTREVISTA (Do outro lado)

(Conceição Gonçalves)

7 “O Povo de Rio Tinto” 03/03/2013

GOVERNO VOLTA A FALHAR PREVISÕES ORÇAMEN-TAIS E DESESPERO AUMENTA

M. Pinto Teixeira*

1 – Ainda o Orçamento do Estado para o corrente ano aguardava publicação em Diário da República e já toda a oposição e analistas económicos apregoavam que quase todas as previsões orçamentais nele contempladas

seriam inatingíveis, e de um estrondoso irrealismo. À força de tão contestado, dir-se-ia que o Orçamento nascia desde logo amaldiçoado, pois apenas a maioria parlamentar tentava, com óbvio esforço, sustentar a sua credi-

bilidade. E por isso era óbvia a falta de convicção dos que defendiam as teses governamentais.

Não foi preciso esperar muito tempo, porque ainda em Janeiro, quer as instâncias internacionais quer o próprio Banco de Portugal vieram dizer que os principais dados previsionais ali previstos não seriam atingíveis. Todavia, o discurso oficial continuava a fazer crer que era realista esperar que aquelas previsões haveriam de se concre-tizar. Mas não é por os governantes desejarem muito que uma coisa aconteça que ela vai mesmo acontecer… E por isso, a cada dia que ia passando, era mais evidente o falhanço orçamental.

2 – O primeiro balde de água fria surgiu com a revelação, por parte do INE, dos dados do desemprego global de 2012. O ano fechava com uma taxa muito superior à que o Governo previra. E um mês depois, ao serem revela-dos os dados de Janeiro, o desemprego apresentava já números superiores aos que o Governo previra no Or-çamento para todo este ano, e com previsões do Eurostat com forte tendência de agravamento. Maior descrédi-to governamental era difícil de conseguir, e por isso mesmo só restava reconhecer o erro das previsões.

Paralelamente, todos os demais indicadores macroeconómicos relevantes começavam a indiciar um rotundo falhanço: o dobro da taxa de recessão económica prevista; menos receita em todos os impostos, e mais despe-sa em quase todas as rubricas. Ao Governo mais não restava que confessar o fracasso, e anunciar a necessi-dade de, no âmbito da sétima revisão da troika, propor alterações aos calendários do reajustamento negociado. Ou seja, pedir mais tempo à União Europeia para atingir o equilíbrio do nosso défice.

3 – Como era de esperar, a pressão e a contestação ao Governo saltaram para as ruas, culminando com as gigantescas manifestações do passado dia 2 de Março. Portugueses de todas as idades e condições, de todas as classes e quadrantes políticos, incluindo os da área dos partidos da maioria, não deixaram de responder ao apelo do movimento “Que se lixe a Troika”, e juntaram-se às centenas de milhares nas principais cidades do país, sobretudo em Lisboa e Porto, para pedir uma imediata mudança de rumo político. Foi, de facto, uma jorna-da de inequívoca condenação do Governo.

É claro que não resultam evidentes as consequências de todas estas manifestações. Pela simples razão de que ninguém foi capaz, até ao momento, de apontar políticas alternativas à brutal austeridade a que o País está a ser sujeito. Parece, sim, claro que todos desejam que a Europa rica venha em nosso socorro, e assegure aos países aflitos a continuação de um Estado social de bem-estar, sem a canga da dívida. Ou seja, que alguém pague a dívida por nós, ou que atire o seu pagamento para daqui a umas décadas. Mas, ao que tudo indica, este será apenas um sonho a perder de vista...

* Jornalista

e Professor Universitário

Consultório Jurídico – “O quê de Justiça?” – Apoio à contratação de desempregados com idade igual ou superior a 45 anos

Foi publicada no passado dia 4 do corrente mês de março a Portaria nº 97/2013, que procedeu à alteração da Portaria 3-A/2013, de 4 de janeiro que criou a medida de Apoio à contratação de desempregados com idade igual ou superior a 45 anos. Em que consiste a medida de apoio? Consiste no reembolso de uma percentagem da Taxa Social Única paga pela entida-de patronal. Para que isso aconteça a pessoa a contratar tem de estar nas seguintes condições: ter, pelo menos, 45 anos; estar de-sempregado e inscrito no centro de emprego há pelo menos 6 meses ou estar há pelo menos 6 meses com contrato de trabalho suspenso por falta de pagamento das retribuições; estar desempregado e inscrito no centro de emprego desde que não tenha estado inscrito na segurança social como trabalhador de uma entidade ou como trabalhador independente nos últimos 12 meses antes da candidatura a esta medida, nem tenha estado a estudar nesse período. Quais as entidades patronais que se podem candidatar a esta medida? Toda a pessoa singular ou coletiva, desde que cumpra os seguintes requisitos: estar regularmente constituída e registada; Preencher os requisitos legais exigidos para o exercício da respetiva atividade ou apresentar comprovativo de ter iniciado o respetivo processo; ter a situação contri-butiva regularizada perante a administração fiscal e a segurança social; não se encontrar em incumprimento relativa-mente a apoios concedidos pelo IEFP; ter a situação regularizada em matéria de restituições no âmbito de financiamen-tos do Fundo Social Europeu e dispor de contabilidade organizada, de acordo com o previsto na Lei. Quais os requisitos para a concessão do apoio financeiro? A celebração de contrato de trabalho, a tempo parcial ou a tempo completo, com desempregado nas condições atrás referidas ou a criação líquida de emprego. Esta situação da criação líquida de emprego verifica-se sempre que a entidade patronal atingir, por via do apoio, um nú-mero total de trabalhadores superior à média mais baixa dos trabalhadores registados nos 4, 6 ou 12 meses antes da candidatura e a partir da contratação e pelo menos durante o período de duração do apoio financeiro, o empregador re-gistar, com periodicidade trimestral, um número total de trabalhadores igual ou superior ao número de trabalhadores atingido por via do apoio. Por último, resta-nos saber qual é o apoio? Se o empregador celebrar contrato de trabalho durante o período máximo de 18 meses ou durante o período de duração inicial do contrato a termo resolutivo certo, no caso de contratos com duração inicial inferior a 18 meses, tem direito ao reembolso (total ou parcial) da TSU (taxa social única), paga mensalmente, relativamente a cada trabalhador nos seguintes termos: 100% de reembolso da TSU no caso de contrato sem termos e 75% de reembolso da TSU no caso de contrato a termo resolutivo certo.

Manuela Garrido

Selecção de Dra. Rita Sá Ferreira

BOLO DE IORGUT

1 iorgut

2 de farinha ( medidas ) pelo

copo do iorgut.

2 açúcar ( medidas ) pelo

copo de iorgut.

5 ovos

1 copo de iorgut de óleo

1 ½ colher de fermento

As claras em castelo.

Bate-se o açúcar com as ge-

mas, junta-se o iorgut, depois

o óleo, a farinha e por fim as

claras em castelo. O fermento

junta-se à farinha. Pode-se

fazer com farinha caso queira

Branca de neve á qual se jun-

ta 1 colher de fermento. Co-

zer em forno brando.

Glória Branco

SORRIA Em defesa dos cirurgiões Num exame final na faculdade de medicina, o professor, que era cirurgião, pergunta ao aluno de medicina geral: Porque é que nas operações os cirurgiões usam máscara? Sabe, professor, eu sou aluno de medicina geral e não faço opera-ções... Mas pode ir fazer uma especia-lidade, e esqueceram-se de lhe ensi-nar... Portanto responda à minha pergunta... Porque se a operação correr mal, podem manter o anonimato...

* Problema de linguagem Na aula um rapaz deixa cair o lápis. O professor que vai a passar, levanta-lho. Mas o moço, à maneira moderna, não lhe agradece, nem diz palavra. O professor pergunta: Como é que se diz? Lápis...

* Demasiado bom... O professor de matemática per-gunta a um aluno distraído: Num bolso das calças tens 5 euros; no outro tens 15... O que é que tu tens? As calças doutra pessoa. Não as minhas... A.B.