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Pedro H. C. Fonseca visto pelo finalismo

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O presente trabalho trata de uma análise geral a

respeito dos aspectos dog-máticos e estruturais do sis-tema funcionalista teleoló-gico desenvolvido por Claus Roxin e as críticas decorren-tes à luz do paralelo realizado com o sistema finalista de Hans Welzel. Além disso, ana-lisa-se questões relacionadas ao bem jurídico e os aspec-tos éticos sociais; a teoria da imputação objetiva como mudança de eixo da análi-se do tipo subjetivo no tipo objetivo; a questão da ação nos dois sistemas; a política criminal e as estruturas lógi-co-objetivas; a insignificância e a adequação social; a ques-tão da responsabilidade e a culpabilidade, sob uma visão crítica do ponto de vista fina-lista em relação ao funciona-lismo de Roxin, e muito mais.

H e n r i q u e V i a n a Pe re i ra

O autor caminhou e explorou a dog-mática do sistema funcio-nalista teleológico. Estu-dou o sistema finalista. Não evitou enfrentar questões envolvendo bem jurídico, insignificância, adequação social, imputação objetiva, culpabilidade e outros te-mas. Trouxe importantes análises críticas.”

editora

ISBN 978-85-60519-75-0

PEDRO H. C. FONSECA

Advogado; Pós-Doutor em Direito Penal; Doutor em Direito Penal; Mestre

em Direito Penal; Mestre em Direito Civil; Autor de diversas obras

e artigos jurídicos; Palestrante; Professor

Pe d ro H . C . Fo n s e c a

v i s to p e l o

finalismo

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Copyright © 2019, D’Plácido Editora.Copyright © 2019, Pedro Henrique Carneiro da Fonseca.

Editor ChefePlácido Arraes

Produtor EditorialTales Leon de Marco

Capa, projeto gráficoLetícia Robini

DiagramaçãoLeda Érica Câmara

Editora D’PlácidoAv. Brasil, 1843, Savassi

Belo Horizonte – MGTel.: 31 3261 2801

CEP 30140-007

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida,

por quaisquer meios, sem a autorização prévia do Grupo D’Plácido.

W W W . E D I T O R A D P L A C I D O . C O M . B R

Catalogação na Publicação (CIP)Ficha catalográfica

FONSECA, Pedro H. C.O Funcionalismo Teleológico Visto Pelo Finalismo -- Belo Horizonte: Editora

D’Plácido, 2019.122 p.

ISBN: 978-85-60519-75-0

1. Direito. 2. Direito Penal. I. Título.

CDD341.5 CDU343

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Dedico este livro à minha esposa e ao meu filho Estêvão Fernandes Fonseca. Luzes da minha vida.

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Agradecimentos

Agradeço à Deus em primeira ordem. Sem Deus, nada há. Agradeço à minha amada família pelo apoio constante. Agradeço à todas as pessoas que contribuíram para a realização desta obra. Agradeço ao Prof. Dr. Cláudio Brandão pela indicação de impor-tantes e magníficos textos e pela orientação quanto à dogmática jurídico-penal. Agradeço ao Dr. André Teixeira pela criteriosa e de suprema importância revisão deste trabalho.

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Nota do Autor

O presente trabalho trata de uma análise geral a respeito dos aspectos dogmáticos e estruturais do sistema funcionalista teleo-lógico desenvolvido por Claus Roxin e as críticas decorrentes à luz do paralelo realizado com o sistema finalista de Hans Welzel. Além disso, analisa-se questões relacionadas ao bem jurídico e os aspectos éticos sociais; a teoria da imputação objetiva como mudança de eixo da análise do tipo subjetivo no tipo objetivo; a questão da ação nos dois sistemas; a política criminal e as es-truturas lógico-objetivas; a insignificância e a adequação social; a questão da responsabilidade e a culpabilidade, sob uma visão crítica do ponto de vista finalista em relação o funcionalismo de Roxin, e muito mais.

Ao final, concluímos qual o sistema que mais se adequa ao Direito penal constitucional alinhado ao Estado Democrático de Direito sob o âmbito da Constituição da República de 1988.

Este texto representa minha vontade em aprofundar conhe-cimento à respeito de qual teoria mais se adequa à utilização da matéria penal na prática, em relação a casos concretos.

Sempre me incomodou o fato de ver, na doutrina brasilei-ra e estrangeira, em palestras, aulas, conversas com profissionais, professores, colegas, críticas sem razão técnica ou mesmo críticas pontuais sobre qual a teoria mais adequada.

Alguns dizem, “sou funcionalista”, outros dizem “sou finalis-ta”. Mas por que? O que leva estas pessoas a se taxarem? Perguntei muitas vezes o motivo pelo qual um ou outro se considerava de tal forma, sem resposta técnica e satisfatória.

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Somente com este estudo percebi a importância das críti-cas, ou melhor, a desimportancia das críticas que já ouvi e já li.

Durante muito tempo ouvi de muitos professores de Direito penal que o funcionalismo representa uma teoria mais adequada, mais nova e melhor do que a teoria finalista.

Me considerei funcionalista por muito tempo, me orien-tando na matéria penal a partir do funcionalismo teleológico.

Ocorre que a estrutura dogmática dos citados sistemas permite grandes divagações, profundos pensamentos que po-deriam ser comparados em pontos diversos para se chegar a uma conclusão.

Estudei sob a orientação do Prof. Cláudio Brandão, fina-lista ortodoxo, grande doutrinador da matéria penal, e passei a ver o finalismo, tecnicamente, seguro, viável, inovador. Passei a seguir a linha finalista. Mas queria saber, de forma palpável, o porquê da escolha e o porquê das críticas.

Em minha defesa de mestrado em Direito penal na Pon-tífica Universidade Católica de Minas Gerais, quando trabalhei a teoria da ação significativa, fui questionado a respeito do meu posicionamento quanto à teoria finalista assumida por mim, naquele momento. Fui criticado por estar atrasado ao assumir o finalismo. Crítica meramente acadêmica. Isso ficou em mim, digo, a curiosidade a respeito do assunto e quanto à uma resposta concreta. Queira saber se estava me alinhando à um pensamento ultrapassado. Fiz o meu doutorado na mesma instituição, trabalhei dogmática, aprofundei conhecimento a respeito da história da dogmática e cheguei a tocar em várias críticas ao finalismo. Mas também encontrei contrapontos com bastante ilegitimidade de tais críticas.

Mais à frente, tive a oportunidade de aprofundar estudo exclusivamente sobre este tema no meu pós-doutorado, quando então, o foco dos meus estudos foi a análise crítica do finalismo pelo funcionalismo de Roxin.

Levantei as críticas na doutrina. Busquei respostas e percebi importantes conclusões.

Estudei profundamente as críticas funcionalistas ao finalis-mo e ao final cheguei a uma conclusão que me deixou em paz.

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Sumár io

Prefácio 13

1. Introdução 15

2. Dogmática do Sistema Funcionalista Teleológico 21

3. Sistema finalista: filosofia, estrutura e dogmática 33

4. Estrutura analítica do conceito de delito da Teoria Finalista 43

5. Estrutura analítica do conceito de delito no âmbito do Funcionalismo Teleológico 45

6. O bem jurídico como centro da crítica: finalismo versus funcionalismo teleológico 47

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7. A insignificância no funcionalismo teleológico versus adequação social sob viés finalista 61

8. A ação finalista e o paralelo da teoria funcionalista da ação 67

9. Das estruturas lógico-reais e interesses éticos-reais à dogmática da política criminal intrassistemática: análise crítica quanto ao normativismo 75

10. Há política criminal na adequação social? 81

11. A teoria da imputação objetiva como regulação do tipo subjetivo pelo tipo objetivo 83

12. O livre arbítrio como ponto de reflexão crítica quanto ao sistema finalista ? 91

13. A crise dogmática da culpabilidade funcionalista teleológica pelo viés finalista 95

14. Conclusão 103

Referências 111

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Prefác io

É uma honra prefaciar livro do Dr. Pedro H. C. Fonseca. Tive o privilégio de ser orientador de mestrado do Dr. Pedro Fonseca e de ser coorientador no doutorado. Fiz parte das bancas de avaliação do Dr. Pedro Fonseca no mestrado, no doutorado e no pós-doutorado.

Trata-se de obra nascida de uma inquietação acadêmica ocor-rida no curso do mestrado. O livro foi produzido com o objetivo de promover diálogos férteis entre o funcionalismo e o finalismo, envolvendo um estudo profundo de dogmática penal. O estudo é coerente, inovador e merece destaque no contexto da atualidade. Utilizou linguagem técnica e clara.

O esmero ao tratar dos temas salta aos olhos. Envolve aspectos históricos, que demonstram a evolução dos estudos em Direito Penal, para conseguir, de forma bem fundamentada, analisar criticamente o funcionalismo, através de um estudo crítico finalista.

A organização do livro foi cuidadosa, conforme se percebe pela qualidade do sumário, bem como da maneira que os temas foram trabalhados, gerando base segura para as considerações finais.

O autor caminhou e explorou a dogmática do sistema fun-cionalista teleológico. Estudou o sistema finalista. Não evitou enfrentar questões envolvendo bem jurídico, insignificância, ade-quação social, imputação objetiva, culpabilidade e outros temas. Trouxe importantes análises críticas.

Conforme mencionado, a escolha do tema partiu de uma inquietação nascida no curso de mestrado. O que demonstra que

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desde antes do doutorado o autor levou a sério a pesquisa em Direito Penal e não poupou esforços para chegar a conclusões seguras e bem fundamentadas.

A obra é fruto de muitos anos de dedicação ao programa de pós-graduação da PUC Mina. Gera muito orgulho aos professores do programa, que perpetua tradição em pesquisa e publicação de textos pautados por compromisso com a qualidade, inovação e ciência.

Antes de finalizar o prefácio é necessário destacar que as palavras utilizadas são escassas para transmitir o valioso mérito dessa obra. O resultado do trabalho científico traz relevantes con-tribuições para o desenvolvimento da pesquisa em Direito Penal. Tenho a certeza de que a obra será um marco para os estudiosos do Direito Penal contemporâneo.

Belo Horizonte, março de 2019.

Henrique Viana Pereira1

1 Advogado criminalista. Doutor e Mestre em Direito pela PUC/MG. Pós--graduado em Ciências Penais pelo CAD/UGF. Professor do Programa de Pós-graduação stricto sensu em Direito Penal da PUC/MG. Professor de Direito Penal nos cursos de graduação e pós-graduação da PUC/MG. Professor de Direito Penal do Centro Universitário Unihorizontes. Sócio do escritório Ariosvaldo Campos Pires Advogados. Conselheiro do Instituto de Ciências Penais (ICP)

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1

1. Int rodução

A dogmática penal como instrumento de organização, in-terpretação e construção de bases justificadoras da estrutura-es-sência da sistemática da ciência criminal para aplicação legítima do Direito penal a alguém em decorrência da prática de um fato tem marcante evolução.

Desde o final do século XIX com a revelação do positivismo apoiado na ideologia formalista de Karl Binding e Franz von Liszt, passando pelo período valorativo do Neokantismo, pela solidez do finalismo de Hans Welzel, pelos variados tipos de funcionalismo tal como a criação teleológica de Claus Roxin, pelo posiciona-mento funcionalista sistemático de Günther Jakobs, pelo sistema funcionalista social de Winfried Hassemer, pelo funcionalismo de Knut Amelung, pelo funcionalismo reducionista de Eugenio Raúl Zaffaroni, pelo âmbito da proposta funcionalista sistemática de Silva Sánchez até o pós-funcionalismo decorrente da estrutura significativa do delito de Tomás Salvador Vives Antón, verificou-se marcantemente a criação de ideologias de aplicação dogmática penal e a consequente movimentação dos elementos de formação do delito conforme o pensamento determinante. Conforme os marcos temporais sistematizados pelo positivismo, neokantismo, finalismo, funcionalismo, pós-funcionalismo, identifica-se nova ideologia e nova estruturação do delito.

Em cada marco histórico, houve um passo dado na dogmática penal, que recorre a um conjunto prévio de unidades conceituais e raciocínio para formação de um sistema integrado pelo ordena-mento jurídico, compatível e justo aos moldes da ideologia adotada, objetivando a partir daí, a produção de um sentido legítimo da

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inserção de um fato analisado dentro de um sistema penal para aplicação legítima de sanção.

A criação do Direito penal tem legitimidade pela inteligência da estrutura justificada pela dogmática penal, atualmente vinculada aos princípios constitucionais assim como à essência do Estado Demo-crático de Direito. Necessariamente, é preciso ver a ciência criminal estabelecida pela renovação ideológica do Direito penal a partir da atual dogmática e sua vinculação com a Constituição da República, quando se verifica os elementos de formação do delito ideologica-mente vinculado à essência constitucional em que o ser humano encontra-se no centro do ordenamento jurídico, tendo como escudo os seus direitos fundamentais. Nesse sentido, os princípios constitu-cionais que garantem a eficácia dos direitos fundamentais do homem irradiam para a teoria do delito, de onde se vislumbra uma ideologia penal sob o manto da segurança jurídica por ser mais humanista.

Até o funcionalismo, de onde partiu sua base estrutural, os três momentos mais significativos da evolução dogmática, que apresentaram como o centro de gravidade da evolução epistemo-lógica, foram marcados pelo Direito positivo da Escola técnico-ju-rídica, pelo Neokantismo sustentado pela inserção de valores nos elementos da teoria do delito e a esfera ontológica revelada pelo finalismo de Welzel2. Considerando a evolução dessa dogmática--penal, verificou-se um aspecto metodológico puro em relação às etapas de desenvolvimento. Trata-se do positivismo jurídico, caracterizou-se pela exclusiva exegese e sistematização do Direito positivo. De acordo com o Neokantismo, a dimensão axiológica da elaboração jurídica construiu a dogmática. Já o finalismo ficou adstrito ao ontologismo e ao método dedutivo-abstrato.

Todas as propostas apresentam aspectos estruturais positivos para sua época, que merecem ser levados em consideração como necessário objeto de estudo na dogmática jurídico-penal. Os pensa-mentos dogmáticos que vieram após o finalismo têm características

2 WELZEL, Hans. Derecho penal Aleman. Tradução de Juan Bustos Ramirez e Sergio Yáñez Pérez. Santiago: Ed. Jurídica de Chile, 1970; WELZEL, Hans. El nuevo sistema del derecho penal. Montevideo: BdF, 2002; WELZEL, Hans. O novo sistema jurídico-penal: uma introdução à doutrina da ação finalista. Tradução de Luiz R. Prado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

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conciliatórias e ecléticas da evolução metodológica apresentada. A renovação das correntes dogmáticas puras foram marcadas por pontos em comuns, ou seja, pela tendência de normatização de conceitos; pela orientação da máquina sistemática do Direito penal; pela finalidades com apoio na política criminal.

Considerando a natural evolução dogmática, após Welzel, a partir de 1970, na Alemanha, ocorreu uma forte inquietação dos principais penalistas, quanto à evolução da dogmática penal. O ob-jetivo foi o surgimento da ideia de submeter a dogmática penal aos fins específicos do Direito penal como um todo. Foram movimentos que ocorreram logo após o aprofundamento do finalismo de Hans Welzel. Tendo aproveitado bastante sua estrutura, foi denominado como movimento pós-finalista. O tecnicismo jurídico com enfoque na adequação típica foi desenvolvido para possibilitar a evolução no sentido do tipo penal desempenhar a efetiva função de manter a paz social, desde que observasse a política criminal.

Diante da busca da efetividade do sistema penal, surgiu o nome funcionalismo penal para identificar a procura do desempenho do Di-reito penal no cumprimento de uma de suas primordiais tarefas, qual seja, a tentativa de alcançar o adequado funcionamento da sociedade. Nesse sentido, o operador da lei deve interpretá-la para alcançar a sua real vontade, e dessa forma, conduzi-la em prol da sociedade, deixando de lado uma aplicação fria da legislação, sem qualquer sentido social.

Com as marcas iniciais registradas na segunda metade do século XX, trata-se de uma caminhada epistemológica que se apresenta até os dias de hoje, tendo como referência duas correntes do normativismo funcionalista. São duas principais orientações ideológicas funcionalis-tas, em que pese existirem outras de grande importância, sendo uma moderada, representada por Claus Roxin e outra radical, sustentada pelo funcionalismo-sociológico de Günther Jakobs3.

O funcionalismo moderado, dualista ou de política criminal de Claus Roxin4, da escola de Munique, se preocupava com os fins

3 JAKOBS, Günther. El concepto jurídico penal de acción. In: Estudios de derecho penal. Tradução de Enrique Peranda Ramos, Carlos J. Suárez Gonzáles e Manuel Cancio Meliá, Madrid: UAM Editores, Civitas, 1997.

4 ROXIN, Claus. A proteção dos bens jurídicos como função do di-reito penal. Organização e Tradução de André Luís Callegari e Nereu José Giacomolli. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.

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do Direito penal, com o norteamento das finalidades com a base apoiada na política criminal e a atenção devida aos princípios e valores garantistas. Percebeu no sistema penal a existência de instrumento de proteção de bens jurídicos imprescindíveis ao homem e à coletividade, desde que haja o respeito aos limites colocados pelo ordenamento jurídico. O desejo de Claus Ro-xin consistiu na superação de fortes resistências entre o Direito penal e a política criminal, transformando o sistema penal em um verdadeiro instrumento de satisfação dos reais e práticos problemas da sociedade. Dessa forma, as categorias do sistema penal, como a tipicidade, a antijuridicidade, a culpabilidade, se-riam redefinidas sob o aspecto da política criminal, bem como levando em consideração suas exigências. Tentou virar a página de uma interpretação dogmática entendida como impecável, mas que do ponto de vista da política criminal não apresenta solu-ções viáveis. Por isso, a ideia de uma ampla normativização das categorias aliando dogmática e política criminal, em vez de uma aceitação unicamente vinculativa ontológica, como no finalismo.

O funcionalismo teleológico, em si, sustenta que a dog-mática penal necessita ser dirigida à finalidade principal do Direito criminal, ou seja, o respeito à política criminal. Pois, foi exatamente nesse ponto que foi dada origem à maior crítica do sistema funcionalista. Houve, desse modo, críticas ao funcio-nalismo por ter dado elevado destaque à política criminal, que resultou na fusão com a dogmática jurídica-penal, gerando, por conseguinte, a confusão entre o objeto de trabalho do legislador e a do aplicador da lei.

Diante do contexto histórico da construção da dogmática penal, em paralelo à prática, notadamente de grandes operações que envolve a ciência penal, a percepção que nos permite reve-lar quanto à aplicação da dogmática da ciência penal aos casos concretos dita tentativa doutrinaria de emplacar o funcionalismo teleológico no âmbito geral, quando por outro lado se verifica uma identificação prática da aplicação do Direito penal pelo Poder Judiciário vinculada ao exacerbado positivismo, o mais próximo possível de uma simples adequação do fato ao tipo penal, sem análise dos elementos que compõem a teoria do delito.

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Nesse contexto, existe, na verdade, uma identificação positi-va, por meio da estrutura da teoria do delito revelada no Código Penal Brasileiro, assim como da Constituição da República, com a estrutura finalista de Welzel, a nosso ver, o sistema de viés técnico adequado ao Direito penal constitucional, por ser sistema simples, seguro pelas estruturas lógico-reais e passível de acompanhamento evolutivo dos direitos e princípios constitucionais fundamentais pela abertura da antinormatividade, pelo princípio da legalidade e pelo princípio da adequação social.

A partir do mapa histórico da dogmática penal e da prática da ciência criminal, objetiva-se apontar críticas do ponto de vista finalista ao funcionalismo teleológico amplamente divulgado pela maiora da doutrina, enraizando um finalismo constitucio-nalizado, sistema mais próximo da realidade científica do Direito penal brasileiro da atualidade, onde se terá a devida segurança exigida pelo Estado Democrático de Direito. Uma vez levado o finalismo à prática, certamente estarão os direitos constitucionais dos investigados ou réus garantidos, com maior eficácia do que o “positivismo” que se pratica.

Assim é necessário aplicar a dogmática penal, permitindo a análise crítica do funcionalismo teleológico, sobretudo da teoria da imputação objetiva, a partir do finalismo, como forma de revelação de um sistema seguramente de conteúdo de maior vinculação com a segurança jurídica esperada pela aplicação do Direito penal vinculado à carta magna no aspecto ideológico e dogmático. A crítica finalista ao funcionalismo teleológico parte de uma base critica sustentada por pilares, quais sejam, de um lado, a política criminal introduzida nos elementos do delito e o bem jurídico, e de outro, o ponto de vista do viés finalista das estruturas lógico-reais em vista da proteção dos interesses ético-sociais; a teoria da imputação objetiva de um lado, e de outro, o nexo causal vinculado pelo tipo subjetivo finalista; o elemento responsabilidade do funcionalismo teleológico à luz do finalismo, o sentido da ação sob o manto da responsabilida-de humana e o princípio da insignificância em contradição ao princípio da adequação social.

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editora

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Advogado; Pós-Doutor em Direito Penal; Doutor em Direito Penal; Mestre

em Direito Penal; Mestre em Direito Civil; Autor de diversas obras

e artigos jurídicos; Palestrante; Professor

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