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VII EPEA - Encontro Pesquisa em Educação Ambiental Rio Claro - SP, 07 a 10 de Julho de 2013 Realização: Unesp campus Rio Claro e campus Botucatu, USP Ribeirão Preto e UFSCar 1 O princípio da precaução como aporte teórico para a educação ambiental Leila Cristina Aoyama Barbosa Bióloga, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica UFSC, professora da Escola Técnica Estadual de Rondonópolis/MT [email protected] Carlos Alberto Marques Doutor em química, professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica - Universidade Federal de Santa Catarina,Centro de Ciências da Educação, Departamento de Metodologia de Ensino, Florianópolis/SC, [email protected] Resumo: Este trabalho tem por objetivo desenvolver um ensaio teórico problematizando sobre a potencialidade e a necessidade do Princípio da Precaução como um importante referencial teórico à Educação Ambiental para o enfrentamento da crescente degradação da natureza e dos problemas socioambientais. Para tanto, a partir das características e finalidades deste Principio, desenvolve-se um conjunto de análises,a partir deideias, argumentos eproduções científicas,sobresua importância, salientando as implicações e aproximações deste princípio aos fundamentos da vertente critica da Educação Ambiental, buscando fortalecer uma perspectiva de um educar ambiental crítico e sustentável, especialmente da educação científica nas áreas das ciências da natureza. Palavras-chave: Princípio da Precaução, Sustentabilidade Ambiental, Educação Ambiental Crítica Abstract: This paper aims to develop a essay theoretical about the potential and necessity of the Precautionary Principle as an important theoretical framework for Environmental Education to confront the growing degradation of nature and the social and environmental problems. For this, from the characteristics and purposes of this Principle, develops a set of analyzes, from ideas, arguments and scientific productions on its importance, and shows the approaches and implications of this principle in the foundations of critical strand of Environmental Education, seeking to strengthen the perspective of a critical and sustainable Environmental Education, especially of the science education in the areas of natural sciences. Keywords:PrecautionaryPrinciple, Environmental Sustainability, Critical theory in environmental education. 1. Introdução A educação ambiental (EA), situada “enquanto área de confluência entre o campo ambiental e o campo educativo” (KAWASAKI & CARVALHO, 2009, p. 144), se consolida neste século XXI como um campo de conhecimento multidisciplinar (MEGID NETO, 2009; KAWASAKI et al., 2009)que busca compreender os

O princípio da precaução como aporte teórico para a ... · ampliar os referenciais teóricos da EA, particularmente da EA Crítica de modo que possacontribuirna busca deum educar

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VII EPEA - Encontro Pesquisa em Educação Ambiental Rio Claro - SP, 07 a 10 de Julho de 2013

Realização: Unesp campus Rio Claro e campus Botucatu, USP Ribeirão Preto e UFSCar

1

O princípio da precaução como aporte teórico para

a educação ambiental

Leila Cristina Aoyama Barbosa Bióloga, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica – UFSC,

professora da Escola Técnica Estadual de Rondonópolis/MT

[email protected]

Carlos Alberto Marques Doutor em química, professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e

Tecnológica - Universidade Federal de Santa Catarina,Centro de Ciências da Educação, Departamento de

Metodologia de Ensino, Florianópolis/SC,

[email protected]

Resumo:

Este trabalho tem por objetivo desenvolver um ensaio teórico problematizando sobre a

potencialidade e a necessidade do Princípio da Precaução como um importante

referencial teórico à Educação Ambiental para o enfrentamento da crescente degradação

da natureza e dos problemas socioambientais. Para tanto, a partir das características e

finalidades deste Principio, desenvolve-se um conjunto de análises,a partir deideias,

argumentos eproduções científicas,sobresua importância, salientando as implicações e

aproximações deste princípio aos fundamentos da vertente critica da Educação

Ambiental, buscando fortalecer uma perspectiva de um educar ambiental crítico e

sustentável, especialmente da educação científica nas áreas das ciências da natureza.

Palavras-chave: Princípio da Precaução, Sustentabilidade Ambiental, Educação

Ambiental Crítica

Abstract:

This paper aims to develop a essay theoretical about the potential and necessity of the

Precautionary Principle as an important theoretical framework for Environmental

Education to confront the growing degradation of nature and the social and

environmental problems. For this, from the characteristics and purposes of this

Principle, develops a set of analyzes, from ideas, arguments and scientific productions

on its importance, and shows the approaches and implications of this principle in the

foundations of critical strand of Environmental Education, seeking to strengthen the

perspective of a critical and sustainable Environmental Education, especially of the

science education in the areas of natural sciences.

Keywords:PrecautionaryPrinciple, Environmental Sustainability, Critical theory

in environmental education.

1. Introdução

A educação ambiental (EA), situada “enquanto área de confluência entre o

campo ambiental e o campo educativo” (KAWASAKI & CARVALHO, 2009, p. 144),

se consolida neste século XXI como um campo de conhecimento multidisciplinar

(MEGID NETO, 2009; KAWASAKI et al., 2009)que busca compreender os

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problemas ambientais vigentes ediscutir a interação ser humano/natureza no contexto

das relações sociais. (LAYRARGUES, 2009).

Nas últimas duas décadas, muitas discussões ocorreram entre os pesquisadores

da área com a finalidade de caracterizar a EA e fazê-la atingir os objetivos descritos

acima. E, atualmente, uma das vertentes mais defendidas é a perspectiva

crítica/transformadora/libertadora (CARVALHO, 2004; LIMA, 2009).

Neste trabalho compreendemos a EA Crítica como aquela que situa as

discussões ambientais não desconhecendo a sociedade e contradições de classe em que

vivemos, portanto, reconhece a existência das desigualdades sociais e dos sujeitos

excluídos que nela vivem. Esta perspectiva busca, entre outras coisas, maneiras de

discutir coletivamente sobre os problemas estruturais de nossa sociedade e as causas

básicas do baixo padrão de qualidade de vida das pessoas (LOUREIRO, 2003).

Os participantes deste movimentorompem com o caráter naturalista e

conservacionista que a EAapresentou inicialmente; caráter esse que é devido,

principalmente, a sua origem e desenvolvimento estarem mais ligados aos movimentos

ecológicos e ao debate ambientalista (CARVALHO, 2001).Para tanto, os trabalhos

desenvolvidos por pesquisadores e educadores ambientais que se denominam como EA

Crítica precisam aprofundar ainda mais os pressupostos teóricos que as ensejam,

caracterizando os conceitos envolvidos no processo, como, por exemplo, as concepções

de educação, mundo, sociedade e ambiente, ao invés de somente repetir discursos que

utilizamos fundamentos e/ou relatos de experiências, por mais relevantes que estes

sejam. Corroborando a afirmação de Pansera de Araújo e Silva (2011), pois sob esta

denominação há uma variedade considerável de vertentes epistemológicas que se

diferenciamumas das outras pelas concepções apresentadas.

Outra fragilidade, apontada por Rink e Megid Neto (2011), quanto à falta de

reflexão nas bases teóricas utilizadas nas pesquisas e trabalhos em EA, foi a observação

de que muitos artigos tratam sobre o desenvolvimento sustentável (DS) ou utilizam o

Relatório Brundtland (CMMAD, 1991) para justificar ou demonstrar a relevância de

suas investigações sem, no entanto, um real aprofundamento destes documentos.

A utilização do conceito de DS definido pelo Relatório Brundtland - Our

common future–confirmado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92)e reafirmado pelo Relatório The future we want

(ONU, 2012) na Rio+20 –, em trabalhos que se autodenominam como defensores da

vertente crítico-transformadora da EA, é motivo de alerta para alguns autoresdesta

mesma linha, como Meira e Sato (2005) e Layrargues (1997).Estes pesquisadores

criticam a influência da economia e do modo de produção vigente sobre o conceito de

DS que vem se desenvolvendo atualmente, além de questionar o papel de instituições

mundiais como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura (UNESCO), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial dentro

destes documentos.

Vindos de outro campo do conhecimento – a administração– e corroborando

com as afirmações anteriores, Olivo e Misoczky (2003) revelam que o discurso do

Relatório Brundtland é, na sua essência, insustentável por ser repleto de recursos

retóricos que não esclarecem os problemas e responsabilidades do modelo

desenvolvimentista. Em outro trabalho,Misoczky e Bohm (2012), ao analisar a evolução

do discurso de DS da Rio-92 à Rio+20,sob o prisma da economia, observam que as

empresas foram capazes de cooptar conceitos antes radicais, como este em questão, de

modo a incluí-los na lógica de acumulação típica do neoliberalismo.

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Seguindo essa mesma linha de raciocínio, alguns autores,como Costa (2011) e

Camargo e Tonso (2011) citados por Trein (2012),criticam trabalhos de EA que

utilizam como referenciais teóricos as epistemologias pragmáticas que, “focadas nos

aspectos econômicos, buscam no desenvolvimento científico e tecnológico as medidas

mitigadoras do processo societário hegemônico e suas consequências locais e globais”

(TREIN, 2012, p.83).

Desse modo, o VI Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental (EPEA),

realizado em 2011, vislumbroua “necessidade de consolidar referenciais teórico-

metodológicos que permitem aos educadores ambientais um posicionamento teórico e

político críticos perante as políticas nacionais de educação ambiental” (TREIN, 2012, p.

80) e auxiliá-los a desvelar o mundo ilusório criado pelo neoliberalismo e ideologia

hegemônica, aspecto que também nos impulsionou a produzir a reflexão que aqui

fazemos.

Portanto, reconhecendo a necessidade de fortalecer os referenciais teóricos que

embasam a EA, em muitos casosagregando novos aportes teóricos ou revisitando os já

conhecidos, é que resgatamos o Princípio da Precaução (PP), problematizando seus

fundamentos e finalidades, cujo escopo final é estabelecer e defender pontes teóricas

com a vertente crítica da Educação Ambiental.Isto é,nosso trabalho, de natureza teórica,

tem por objetivo apresentar o PPcomo umapossibilidade deste conceito reforçar e

ampliar os referenciais teóricos da EA, particularmente da EA Crítica de modo que

possacontribuirna busca deum educar ambiental crítico e sustentável, especialmente

quando se atua na educação científica nas áreas das ciências da natureza.

O presente trabalho configura-se como um ensaio teórico, por não requerer um

modelo específico, ter natureza reflexiva e interpretativa, direcionando o leitorà reflexão

para pensar a realidade, concordando ou não com as argumentações desenvolvidas

(MENEGHETTI, 2011) e construir diálogos e interlocuções com autores e campos

disciplinares diversos (KAWASAKI & CARVALHO, 2009).Trata-se das primeiras

ideias desenvolvidas no âmbito de uma pesquisa de doutoramento1- que pretende

abordar a articulação entre o PP e questões ambientais agrícolas mato-grossenses- e

também oriundas das reflexões de um grupo de pesquisa2.

2. O Princípio da Precaução: aspectos históricos, características gerais e

finalidades

Segundo Lofstedt (2003), oPrecautionary Principle ou Princípio da Precaução

(PP) foi formulado legalmente,pela primeira vez, na Alemanha e Suécia, durante a

década de 1970.Vorsorgeprinzipfoi o termo utilizado pelospovos escandinavos para

tratar das regulamentações que protegiam o meio ambiente em caso de situações de

incertezas e riscos quanto à ação de algum produto ou processo. No entanto, a

preocupação da humanidade com danos ambientaisdecorre demuito mais

tempo(THOMAS,2010).

Harremoës et al (2001), por exemplo,aponta que encontrou explicitamente esta

preocupação, de certo modo preventiva, já em 1854, por meio da recomendação do Dr.

1 Tese a ser desenvolvida no período 2012-2016 ao Programa de Pós-Graduação em Educação Científica

e Tecnológica, da Universidade Federal de Santa Catarina, PPGECT/UFSC. 2 O Grupo Investigações em Ensino de Química (GIEQ), da UFSC, está envolvido, atualmente, no projeto

de pesquisa “Educação Química para a Sustentabilidade Ambiental: relações entre postulados e princípios

clássicos e emergentes da Química”, financiado pelo CNPq.

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John Snow de não se utilizar um poço de águaa fim de se frear a epidemia de cólera que

assolava o centro de Londres, pois, cinco anos antes, o próprio médico havia encontrado

evidências de uma correlação entre a água poluída e esta doença.

No campo ambiental, o princípio começou a ser utilizado na década de 1980 e

recebeu muitas definições. Sand (2000 apud Lofstedt, 2003) identificou 14 acordos

internacionais sobre meio ambiente citando o PP, que vão desde a Convenção-Quadro

das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (1992), passando pelo Protocolo de

Oslo (1994) – sobre emissões de enxofre – e chegandoao Protocolo de Syracuse

(1996),que garantia proteção ao mar Mediterrâneo contra a poluição de fontes terrestres.

A definição mais conhecida e utilizada do PPconsta na Declaração do Rio sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento (ONU, 1992) – documento resultante da Rio-92 que

buscava a cooperação entre os Estados para manter a integridade do meio ambiente –,

em seu princípio 15:

Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser

amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades.

Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de

certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de

medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.

(ONU, 1992, p. 03, grifo nosso).

Outra definição muito utilizada como referência nas legislações ambientais é a

Declaração de Wingspread sobre o Princípio da Precaução (1998):

Quando uma atividade representa ameaças de danos ao meio-ambiente ou à

saúde humana, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo se

algumas relações de causa e efeito não forem plenamente estabelecidas

cientificamente.Neste contexto, cabe ao proponente da atividade, ao invés do

público, o ônus da prova.

O processo de aplicação do princípio da precaução deve ser aberto,

informado e democrático, além de incluir as partes potencialmente afetadas.

Deve-se também incluir um exame da variadas alternativas, incluindo

qualquer ação.(Wingspread Statement on the Precautionary Principle, 1998

apud Ahteensuu, 2007, p. 107, tradução e grifo nossos).

Na comparação sobre o entendimento de cada uma destas duas definições,

algunsautores (Wiener & Rogers, 2002; Ahteensuu, 2007)consideram uma grande

diferença entre elas. A primeira apresenta uma interpretação fraca do PP, por

recomendar que somente atividades economicamente viáveis sejam realizadas no caso

da incerteza de uma situação degradante ao meio ambiente. Já a segunda definição é

mais completa ao deixar como obrigação da empresa proponente, comprovar a ausência

de riscos de degradação ambiental.

A partir destas definições, sendo interpretações fortes ou fracas, o PP tem se

“expandido para outros domínios, como os direitos do consumidor (Dubuisson em

Hupet (org.),2001:119), e as liberdades públicas (Kourilsky e Viney,

2000:39)”(BRUNET, DELVENNE & JORIS, 2011, p. 177). Lofstedt (2003) aponta

algumas razões para o crescimento em popularidade deste princípio:

A percepção pública da sociedade sobre riscos ambientais aumentou. As

pessoas, pelo uso da internet, têm mais acesso à informação, observando

o comportamento das empresas e dos órgãos reguladores e fiscalizadores,

podendo cobrar mais da atuação de cada um destes agentes;

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A falta de confiança do público na ciência. O uso da internet e de outros

canais de comunicação permitem que o público conheça não somente

uma “única voz da ciência”. Atualmente, a ciência se torna plural e

defende diversos pontos de vista (informações vindas de empresas e de

organizações ambientalistas, por exemplo), de maneira que as pessoas se

questionam sobre seu papel e em prol de quem ela age;

O PP é promovido pelas Organizações Não Governamentais (ONGs).

Estas instituições, principalmente as ligadas ao setor ambiental, têm sido

promotoras do princípio a fim de aumentar a participação das partes

interessadas e do público no processo de tomada de decisões;

O PP, utilizado como princípio de segurança pela União Européia (UE),

é visto, todavia, por alguns como ferramenta para o protecionismo

comercial. Há diversas polêmicas levantadas, entre americanos e

europeus, sobre o embargo de determinados produtos dos Estados

Unidos à Europa, por conta de riscos de degradação ambiental ou de

segurança à saúde humana e de animais, como, por exemplo, a proibição

de carne e leite americanos produzidos por vacas que receberam

hormônios artificiais. Os americanos se questionam se a medida tomada

pela União Europeia (UE) se relaciona com riscos de segurança

alimentar ou é realmente um modo de proteger o comércio europeu.

Em relação aos regulamentossobre afabricação de produtos, no fim de 2006, a

UE criou o Registration, Evaluation and Authorisation of Chemicals (REACH), com

objetivo de controlar o lançamento, circulação e armazenamento de novas substâncias

químicas no mercado europeu, cuja elaboração se iniciou em 2003. O PP é um dos

fundamentos utilizados para a avaliação e aprovação destas substâncias (LOKKE, 2006;

FERNANDES, 2009).

No REACH, a UE implementou o conceito de "sem dados, sem mercado",

em que os fabricantes e importadores são obrigados a apresentar um conjunto

de dados básicos de toxicidade estabelecidos para qualquer substância

química produzida ou importada na UE em um volume de 10 toneladas ou

mais. (SACHS, 2011, p. 1302, tradução nossa).

Já na América do Norte, desde a década de 1970é possível identificar traços do

PP, mesmo que sem esta designação, na adoção de muitas medidas adotadaspela

Agência de Proteção Ambiental (EPA), como na elaboração da Política Nacional do

Meio Ambiente, de legislações de controle de poluição atmosférica e aquática e na

proibição de uso de chumbo como aditivo em gasolina enquanto não se comprovasse os

efeitos deste na saúde pública e ambiental (Applegate, 2000 e Charnley e Elliot, 2000

apud Lofstedt, 2003).

No Brasil, o panorama traçado não é diferente. O Direito Ambiental tem se

tornado uma área em expansão e o PP um instrumento muito utilizado para avaliar a

gestão de riscos ambientais causados por empreendimentos. Também as organizações

ambientais, como o Greenpeace, têm utilizado deste conceito para chamar a atenção da

sociedade aos riscos ambientais e de saúde, quando há incertezas científicas sobre a

fabricação de um produto ou manutenção de um processo, como no caso dos alimentos

fabricados e lavouras plantadas com organismos transgênicos.

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Assim, como acontece com muitos temas controversos, o PP não apresenta uma

só definição e entendimento, seja por parte de quem o aplica e seja de quem o estuda.

Nesse sentido, por ser instrumento de legislações ambientais e comerciais, ele acaba

possuindo uma grande carga de subjetividade quando aplicado.

Brunet, Delvenne e Joris (2011)acreditam que este princípio funciona como uma

ferramenta estratégica para gerir a incerteza científica, pois dá a oportunidade a outros

setores, além do Governo, de manifestar seus anseios e opiniões sobre o futuro que

querem e qual ambiente desejampara viver. Já ao observar o prisma político e

econômico, estes autores, assim como Lofstedt (2003), vislumbram que a aplicação do

Princípio da Precaução tem efeitos locais e temporários, com duração de médio prazo,

pois “aos poucos deixará de servir como instrumento de regulamentação na UE e em

outros lugares, dado que a confiança pública nas autoridades reguladoras vem sendo

restaurada pela crescente popularidade de análise de impacto regulatório” (LOFSTEDT,

2003, p. 42, tradução nossa).

Mesmo assim, acreditamos que este princípio ainda não foi suficientemente

divulgado e discutido pela sociedade brasileira, especialmente na área educacional, e

compreendemos que, quando utilizado em uma “interpretação forte” - como descreve

Morris (2000 apud Ahteensuu2007) - ele poderá contribuir na promoção da participação

popular em assuntos sobre Ciência e Tecnologia, envolvendo, desta forma, as questões

socioambientais.Preocupação esta, por exemplo, que também ocupa a Química Verde,

ramo da química que almeja a utilização de técnicas e metodologias para redução ou

eliminação do uso de solventes e reagentes ou geração de produtos e subprodutos

nocivos à saúde humana ou meio ambiente (ANASTAS & KIRCHHOFF, 2002).

A seguir levantamos a discussão sobrea articulação entre os fundamentos da EA

Crítica e o PP, enfatizandoa busca pela formação de um educar transformador, como

defende Loureiro (2004), capaz de despertar os sujeitos à crise civilizatória existente e

romper com as práticas socioambientaiscontrárias ao bem estar público.

3. Um educar ambiental crítico: possíveis contribuições do Princípio da

Precaução

Ao analisar as características e finalidades da EA e do PP, observamos que há

pontos convergentes entre eles, principalmente quando tomamos a vertente crítica da

primeira.

Ambos surgiram na segunda metade do século XX e tiveram no livro Primavera

Silenciosa (1962), de Rachel Carson, o despertar para preocupações com as mudanças

provocadas pelo desenvolvimento industrial no meio ambiente (CARVALHO, 2001;

LOFSTEDT,2003). Acreditamos que tanto a EA como o PP, em sua interpretação forte,

tem, em suabase teórica: 1)a busca pela garantia de um ambiente saudável, da segurança

à vida dos seres vivos e da saúde humana e 2) perspectivas socioambientais muito

semelhantes. Entretanto, o conceito formulado para o princípio na Declaração sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimentoda Rio-92 modificou sua essência.

O PP ganhou espaço e status nas legislações e regulamentações mundiais, porém

como já descrito anteriormente, os resultados e documentos obtidos ao fim do evento da

ONU, tanto em 1992 como em 2012, recebem críticas de pesquisadores da EA Crítica

por apresentar um conceito de DS pautado no desenvolvimento econômico,

acontecendo do mesmo modo com a definição do PPnela elaborado.

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Porém, assim como estes pesquisadores, acreditamos que a EA e o PP não

podem se tornar instrumentos do modelo desenvolvimentista vigente, pois é perceptível

que as corporações e indústrias estão tomando para si muitos dos conceitos desta área

para se camuflarem nos estereótipos de “ambientalmente corretos” e/ou “a favor do

meio ambiente”.

Reigota (2007)aponta para a necessidade de uma visão menos ingênua dos

pesquisadores e educadores ambientais ao se diferenciar os conceitos de DS e

sustentabilidade, visto que “a noção de sustentabilidade opõe-se radicalmente ao de DS,

principalmente, na sua interpretação hegemônica que prioriza o desenvolvimento nos

moldes capitalistas” (GARCIA, 1999, apud REIGOTA, 2007, p. 221).

Outro ponto ressaltado por este pesquisador ambiental, que queremos aprofundar

em nossa reflexão sobre a importância do PP como aporte teórico da EA Crítica e que

se torna mais um ponto de convergência entre elas, diz respeito ao “tipo de ciência que

produzimos, como a produzimos, para quem, com quais finalidades e com quais

patrocínios e compromissos” (REIGOTA, 2007, p. 220).

O PP, independente da definição adotada, aborda, em linhas gerais, a cautela na

adoção de ações que podem comprometer o meio ambiente quando em situações de

incertezas científicas. Lofstedt (2003), seguindo raciocínio semelhante ao defendido

pela EA Crítica, levanta alguns questionamentos oriundos do conceito:

Quando algo é seguro? Como é seguro? A definição de segurança da

indústria vai ser muito diferente daquela dos legisladores/fiscalizadores?

Quem decide isso? Baseado em quecritérios as decisões de segurança são

tomadas?

Operamos em uma sociedade de mercado livre ou em um estado

controlador?

O que é incerteza? Quem a define? (LOFSTEDT, 2003, p. 38, tradução

nossa).

Mais do que pretender definir o PP de um único modo, o que buscamos aqui é

compreender e discutir em que contexto (mundial e local)ele foi formulado e aonde e

sob qual ótica vem sendo adotado, isto é, por quaissetores são adotados no econômico –

representado pelo mercado comercial, no político – sob a forma de legislações e da

sociedade, e também pelas organizações ambientais.

A influência do mercado mundial sobre a sociedade e legislações é atualmente

imensa. Lokke (2006) relata que o regulamento da comunidade europeia sobre os

produtos químicos e sua utilização segura (REACH) sofreu alterações de seu início para

cá. Aquilo que, primeiramente, se referenciou na precaução e exigia diversos testes para

comprovação do uso seguro e sem riscos de toda substância química disponível ao

mercado consumidor, como descrito na seção anterior, hoje mostra sinais de fragilidade

ao suavizar a obrigatoriedade desta comprovação.

Tendo um forte componente utópico, é de se perguntar se, nesses tempos de

tanta desilusão com a macropolítica e suas instituições locais e

internacionais, a ciência da e para a sustentabilidade terá condições de

aglutinar novos/as pesquisadores/as dispostos a ousar e enfrentar o sistema de

financiamento, legitimação, difusão e firmar-se no espaço público. Como

enfrentar a poderosa ciência voltada para concepções de desenvolvimento

bélico, econômico, que se quer única, permanente, hegemônica e detentora

dos princípios e métodos corretos, “racionais” e adequados? (REIGOTA,

2007, p. 222).

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O próprio Reigota (2007) responde ao questionamento ao conclamar os

pesquisadores a aderirem à produção de uma nova ciência: comprometida com a

sociedade, contrária ao positivismo (que procura eliminar os riscos e desqualificar a

incerteza) e que busca diálogos com vários campos do conhecimento. O mesmo defende

Irwin (1995 apud Fernandes 2009), ao propor uma ciência cidadã: flexível, adequada

aos diferentes anseios e necessidades da sociedade, que critica o modelo hegemônico e

pronuncia pontos de vistas das diversas áreas do conhecimento. Pensamento também

compartilhado pelos pesquisadores da Química Verde, segundo Machado (2011, p.

539), por se tratar de uma química que sai “da postura reducionista do racionalismo

cartesiano (raciocínio linear causa → efeito, com objetivo único (...), para a postura

sistêmica (raciocínio por linhas paralelas, que não foge à complexidade...)”.Para isso,

acreditamos que o PP, quando vislumbrado em sua perspectiva mais completa (a

definição provinda da Declaração de Wingspread), torna-se um importante subsídio à

EA Crítica, especialmente quandoeste questiona os modelos de ciência, mundo e

sociedade adotados.

Além disso, tanto o movimento da EA quanto as ações oriundas do PP buscam

pela participação democrática da sociedade nas tomadas de decisões, rompendo com o

modelo tecnocrático que o mundo alcançou. Pois,“o uso político da precaução, como

um princípio de ação, só faz sentido se houver interação entre as partes interessadas e se

o novo conhecimento antecipatório for produzido não só pelos cientistas, mas com eles”

(BRUNET, DELVENNE E JORIS, 2011, p. 196).

O tema da articulação entre fundamentos da EA Crítica e o PP – em sua

interpretação forte –torna-se, também, um objeto de investigação relevante às ciências

da natureza, visto que discute o papel da ciência e da tecnologia nas relações políticas,

econômicas e sociais.

Thornton (2000) defende que as decisões sobre o que é aceitável ou não

podem causar um profundo efeito na qualidade de vida das pessoas e, por

isso, devem ser discutidas com os cidadãos. Carson (1962) defende o que

chama de direito de saber, que consiste em se ter informações sobre todos os

perigos quanto aos químicos existentes no presente e no futuro. Somente

desta forma seria possível estabelecer uma estratégia de atuação consciente.

(FERNANDES, 2009, p. 191-192).

A discussão em sociedade sobre os riscos ao meio ambiente, à saúde e à

qualidade de vida para uma tomada democrática de decisão é algo proporcionado pelo

PP e defendido pela vertente crítica da EA.

Assim buscamos evidenciarna discussão algumas semelhanças e aproximações

entre os objetivos e referenciais teóricos da EA Critica e o Princípio da

Precaução.Defendemos que este último compõe e potencializa a perspectiva da EA

Crítica, especialmente no campo da educação científica e tecnológica.

4. Considerações finais

O modo como as políticas de mercado livre e o modelo de desenvolvimento

vigente se constitui apontam para a impossibilidade de se alcançar o DS, em suas

dimensões básicas de equidades intrageracional, intergeracional e internacional

(MONTIBELLER-FILHO, 2008); aspectoeste já percebido pelos defensores da vertente

crítica da EA. Mesmo assim, afim de confundir a sociedade, fazendo-a acreditar que

vivemos na era da conservação ambiental e do DS, muitas empresas ventilam conceitos

9

desta áreaem suas políticas e marketing. De certa maneira, é também possível verificar

isto na aplicação do PP em legislações ambientais, visto que, aquilo que antes era

tomado com toda cautela e deixado o ônus da prova à empresa proponente do possível

dano ao meio ambiente, agora é amenizado sob um discurso de que atitudes de não

degradação ambiental devem ser tomadas quando economicamente viáveis.

A EA Crítica se consolida como uma educação que busca a transformação das

relações entre seres humanos e destes com o mundo a partir do despertar da consciência

para as questões da natureza, do próprio ser humano e sua relação com o meio. Para

tanto, necessita de um “processo de politização e publicização da problemática

ambiental por meio do qual o indivíduo, em grupos sociais, se transforma e à realidade”

(LOUREIRO, 2004, p. 81).

Portando pressupostos,intenções e características semelhantes, o PP se apresenta

como um importante aporte teórico à EA Crítica não somente pelo seu conteúdo e

definição, mas, principalmente, pelas correntes teóricas envolvidas em sua

origem/elaboração.Contudo, apontamos para a necessidade de um aprofundamento da

base epistemológica deste princípio, que se encontra ancorado nas teorias da Escola de

Frankfurt (BRUNET, DELVENNE & JORIS, 2011), que também é base teórica do

pensamento da EA Crítica (LOUREIRO, 2004). Nesse sentido, considerando as origens

desses dois campos (PP e EA Crítica), parece que encontraremos ainda mais

confluências das salientadas nas discussões anteriores.

Sabemos que o termo "precaução", contido na ideia-conceito PP, se apresenta

em certos momentos como sendo polissêmico e controverso, principalmente quando

analisamossituações com fins comerciais em que ele é utilizado, por exemplo,ao gerar

protecionismo comercial;ou quando se discute sobre quem está no controle e por quais

interesses (indústrias ou órgãos reguladores?) as decisões relativas a riscos ambientais e

incertezas científicas são tomadas, além da ideia de conservacionismo que pode

perpassar quando se defende a precaução a danos ambientais. Por isso é preciso uma

reflexão profunda do PP em sua essência original, pois é neste contexto que se

encontram as convergências entre ele e a EA, principalmente a vertente crítica.

Como apontamos, o PP se mostra capaz de direcionar as políticas públicas e

legislações ambientais, aqui exemplificadas pelos regulamentos REACH e da EPA,

pode também auxiliar na reorientação de áreas de conhecimento das ciências da

natureza, como a Química, por meio de ações idealizadas na Química Verde. Todavia,

destacamos as incertezas científicas como principal ponto para continuar o

aprofundamento da articulação entre o PP e a EA. É necessário questionar o modelo de

ciência e a metodologia de análise de risco que estamos adotando e se estes dão conta

do alcance da sustentabilidade ambiental que acreditamos. Pois, em tempos em que não

há certezas sobre riscos de degradação ambiental, a melhor saída é evitá-los ao invés de

arriscar-nos em consequências irreversíveis.

Este trabalho constitui-se como uma primeira reflexão sobre as potencialidades

aproximativas entre o PP e as questões ambientais, com foco particular em discussões

de caráter educacional, visando contribuir à uma EA Crítica.Todavia, apesar de

apontarmos algumas dessas possíveis articulações entre esse importante princípio e a

EA e a EACrítica há que se aprofundar ainda mais esse tema, melhor ainda se a partir

de experiências de intervenção em processos e espaços educativos formais ou não

formais.

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