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UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
ANA SHÉLIDA BARACHO DA SILVA
NATAL/RN
2016
UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA1
Ana Shélida Baracho da Silva2
Orientadora Prof.ª Dr.ª Juliana Pereira Souto Barreto3
1 Artigo apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para
conclusão do curso de Pedagogia sob a orientação da Professora Doutora Juliana Pereira Souto
Barreto. 2 Discente do curso de Graduação em Pedagogia - [email protected]
3 Graduada em Letras Português/Inglês pela Universidade Potiguar do Rio Grande do Norte – UnP,
Mestre em Ciências da Linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco – Unicap e Doutora em
Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –
PUC/SP.
O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
ANA SHÉLIDA BARACHO DA SILVA
Aprovado em 23 de junho de 2016.
BANCA EXAMNADORA
_________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Juliana Pereira Souto Barreto – Orientadora
Núcleo de Educação Infantil – NEI/CAp
_________________________________________________________
Prof.ª Ms. Cibele Lucena de Almeida
Núcleo de Educação Infantil – NEI/CAp
_________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Giane Bezerra Vieira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo formalizar uma discussão quanto à relevância da adoção
do ensino e aprendizagem da língua inglesa nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental I. Essa
discussão é realizada a partir de uma revisão bibliográfica que volta-se à problematização do
ensino de línguas estrangeiras para crianças de 6 a 10 anos de idade. Para tanto, este trabalho
considera questões relativas a métodos e estratégias, aplicadas ao ensino de línguas
estrangeiras no Brasil, e analisa as principais teorias de aquisição da linguagem, buscando
compreender como se dá o processo de ensino e aprendizagem da língua estrangeira na
infância. Ressalta-se ainda como se dá a construção do conhecimento para a criança,
observando o que favorece o desenvolvimento de competências e habilidades linguísticas
nessa fase. No ínterim, o presente artigo teve como perspectiva observar a relevância do
ensino e aprendizagem da língua inglesa para crianças, com vistas à motivação e construção
da autonomia de forma reflexiva.
Palavras-chave: Ensino Aprendizagem. Língua Estrangeira. Crianças.
RESUMEN
El presente trabajo tiene como objetivo formalizar una discusión de la importancia de la
adopción de la enseñanza del idioma Inglés y el aprendizaje en los primeros años de la
educación primaria I. Esta discusión se hace de una revisión de la literatura que vuelta al
cuestionamiento de la enseñanza de lenguas extranjeras para niños de 6 a los 10 años de edad.
Por lo tanto, este trabajo se considera cuestiones relacionadas con los métodos y las
estrategias, aplicadas a la enseñanza de lenguas extranjeras en Brasil y se analizan las
principales teorías de la adquisición del lenguaje, tratando de comprender cómo es el proceso
de la enseñanza y el aprendizaje de la lengua extranjera en la infancia. Resalta observar cómo
es la construcción del conocimiento para el niño, observando que favorece el desarrollo de
habilidades y conocimientos del idioma en esta etapa. Mientras, este artículo tuvo la
perspectiva de observar la importancia de la enseñanza del idioma Inglés y el aprendizaje de
los niños con miras a la motivación y la construcción de la autonomía pensativamente.
Palabras clave: Enseñanza aprendizaje. Lengua Extranjera. Niños.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 5 1
MÉTODOS E ABORDAGENS NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NO 2
BRASIL ................................................................................................................................... 8
A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA .................................................. 15 3
A APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ......... 22 4
MOTIVAÇÃO E AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM DO ENSINO DA LÍNGUA 5
ESTRANGEIRA ................................................................................................................... 30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 36 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 38
5
INTRODUÇÃO 1
Nos últimos anos, a língua inglesa vem assumindo um papel cada vez mais relevante
no processo de inclusão social como um todo. Em função de ser a língua mais falada no
mundo (contando-se os falantes nativos e não nativos, que a usam como uma língua franca ou
adicional), seu ensino tem sido objeto de políticas educacionais reconhecedoras do status
diferenciado que ela ocupa em relação a outras línguas estrangeiras.
Em nosso país, assim como em várias partes do mundo, o aprendizado - cada vez mais
cedo - desse idioma vem requerendo uma abordagem integradora de seu ensino nos diversos
níveis da educação escolar: Educação Infantil, Anos Iniciais, Ensino Fundamental II e Médio.
Em busca de melhores níveis de proficiência, com maior tempo de convivência e
aprendizagem da língua, muitas famílias incentivam seus filhos a aprender Inglês e na
atualidade também o espanhol em escolas particulares em etapa anterior à sua oferta
obrigatória, o que acontece a partir do 6º ano do Ensino Fundamental II.
Dessa forma, seguindo tendência mundial de ensino de inglês para crianças, diversos
sistemas e instâncias de ensino se organizam, na atualidade, para que o inglês seja ensinado
nos anos iniciais da escolaridade nas instituições de Ensino Fundamental I. Embora toda
língua estrangeira (LE)4 tenha potencial de desenvolvimento das capacidades das crianças
nessa faixa etária, a opção pelo ensino de Inglês, em relação às demais línguas estrangeiras,
encontra diversas justificativas, muitas delas vinculadas ao fato de ser o idioma de
comunicação predominante do mundo virtual, dos negócios, trabalho etc.
Nas últimas décadas o ensino de línguas estrangeiras no Brasil tem sido objeto de
orientações oficiais por parte de autoridades governamentais. Por exemplo, fazem parte desse
conjunto de orientações os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental
(PCN), as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM), entre outras. No entanto,
inexistem orientações para o ensino de LE nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental I.
Ainda assim, é notório que as pressões, advindas das comunidades externas às escolas,
vêm sendo contempladas, ainda que sem um arcabouço teórico-metodológico ou orientações
4 Termo utilizado com muita frequência quando se aprende outra língua. (GRIFFIN, 2005).
6
curriculares definidas. O trabalho do professor e/ou de equipes pedagógicas torna-se ainda
mais complexo uma vez que não há orientações formais quanto ao procedimento desse
processo.
Assim, entendemos que a produção de um artigo com vistas à realização de uma
revisão bibliográfica sobre aspectos inerentes ao tema em questão pode vir a resultar num
elemento orientador do trabalho dos professores no ensino e aprendizagem da língua
estrangeira nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Para tanto, a investigação deve
incorporar um processo reflexivo, em que, pensar o ensino da língua estrangeira para crianças,
a partir de leituras, pode ser uma maneira de fornecer informações mais precisas e norteadoras
do fazer pedagógico desse profissional.
O pressuposto desta pesquisa parte do objetivo de obter os dados teóricos para
fundamentar a abordagem da LE nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental I, em que será
enfocada a pesquisa bibliográfica qualitativa. Sendo assim, neste estudo, buscamos tecer
considerações sobre o processo de ensino aprendizagem de uma LE para crianças de 6 a 10
anos de idade, respaldadas por leituras, que nos fornecem o devido aporte teórico para o
desenvolvimento do tema em questão.
Dessa forma, buscamos investigar como ocorreu o surgimento dos métodos no Brasil,
bem como procuramos entender como se dá o processo de aquisição da LE e a motivação da
criança, partindo das percepções existentes sobre o processo de LE. Acreditamos que, nesse
processo, os professores devem buscar estratégias visando o desenvolvimento do educando
criança.
São muitos os fatores relacionados à aprendizagem no processo de construção do
conhecimento por meio da interação entre a pessoa e sua realidade, nos anos iniciais da
criança, a aquisição da LE, bem como os métodos de ensinos utilizados dentro de sala de aula
para instigar a motivação e autonomia no ensino da LE. Assim, para discuti-los, organizamos
o nosso trabalho da seguinte forma: o segundo item discute como e por que surgiram os
métodos de ensino da LE no Brasil, de acordo com os autores, Abadía (2000); Uphoff (2008);
Amaral (2001); Cestaro (2006) e PCNs (1998).
No terceiro item, é abordado e conceituado o termo aquisição da LE, que acontece
dependendo de processos cognitivos com o objetivo de desenvolver as competências e
7
habilidades, conforme, Pimenta (2007); PCNs (1998); Semechechem & Carvalho (2007);
Pires (2001); Habitzreiter (2013); Martín (2000); Griffin (2005); Sudbrack (2013); Zanella
(2001) e Sim-Sim (2001).
Já no quarto item, discorreremos sobre como a escola contribui para a aprendizagem
nos anos iniciais da criança, tendo como principal mediador o professor, de acordo com
Masetto (1997); PCNs (1997); Daniels (1994); Palangana (2001); Zanella (2001); Almeida
(2002); Sim-Sim (2002); Nornberg (2012) e Katz (2006).
No quinto item, fazemos uma reflexão sobre como o educador pode instigar a
motivação na criança e a importância da autonomia no processo de ensino aprendizagem da
LE, conforme os autores, Rosa (2003); Fiamenghi (2001); Murray (1978); Habitzreiter
(2013); Niza (2001); Pires (2001) e Freire (2002).
Por fim, no sexto e último item, tecemos algumas reflexões em relação ao trabalho
como um todo.
8
MÉTODOS E ABORDAGENS NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA 2
NO BRASIL
Ao longo da história, observa-se a existência de métodos5 de ensino, cujos objetivos
estão sempre voltados a garantir a eficácia da aprendizagem. Assim, no âmbito do ensino da
LE, métodos foram surgindo, um após outro, todos no intuito de atingir melhores resultados
na aprendizagem dessa língua. Alguns desses métodos são utilizados até os dias de hoje.
Todavia, novos métodos e abordagens surgem substituindo, ou mesmo reforçando, os já
existentes. No que se refere ao surgimento de novos métodos e abordagens, os professores
parecem estar, com frequência, desenvolvendo enfoques6 metodológicos, que buscam facilitar
o ensino e a aprendizagem com crianças.
O ensino de línguas estrangeiras para crianças7 (LEC) vem conquistando espaço
significativo na educação brasileira, com enfoque ainda maior na língua inglesa (LI). Dessa
forma, o ensino de inglês para criança (LIC) tem crescido, cada vez mais, tanto no âmbito
privado de ensino quanto no âmbito público. O ensino da LI vem sendo oferecido em escolas,
em especial, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Assim, uma vez que se observa um
crescente número de instituições de ensino, que se interessa por oferecer esse ensino,
incitando às crianças a aprendizagem da língua, observa-se também a evolução e o
surgimento de metodologias e abordagens voltadas ao ensino da LI.
Posto isso, propomos um levantamento histórico dos métodos e abordagens que
surgiram, contribuindo para o ensino e a aprendizagem da LE, ao longo dos anos. Esse
levantamento histórico faz-se necessário para que entendamos as práticas pedagógicas
adotadas por professores no decorrer dos anos, bem como conheçamos o entendimento que se
tem/teve sobre o ensino de línguas estrangeiras no âmbito escolar. A seguir, apresentaremos
alguns métodos e abordagens, que norteiam o ensino e a aprendizagem da LE, ao longo dos
anos, no Brasil.
5 Termo que, na tradição anglo-saxona, se emprega para fazer referência ao conjunto de princípios
teórico-práticos que fundamentam e justificam as decisões que se tomam na sala para motivar e
agilizar o processo de aprendizagem. (GRIFFIN, 2005). 6 Refere-se ao conjunto das diferentes teorias sobre a natureza da linguagem e as diferentes
aproximações ao processo de aprendizagem/aquisição de uma língua estrangeira, em outras palavras,
há referência ao componente teórico do método. (GRIFFIN, 2005). 7 Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1994, crianças são pessoas com até 12 anos de
idade incompletos.
9
O método de gramática e tradução ou método tradicional surgiu no século XIX, mas
só foi adotado no Brasil no início do século XX. O método, adotado para o ensino de línguas
estrangeiras, busca facilitar o estudo da gramática. Abadía (2000) coloca que, “O ensino
segundo este método se enfoca a aplicação de regras gramaticais para a tradução de uma
língua a outra e a aprendizagem de palavras como elementos isolados” (ABADÍA, 2000, p.
26, tradução nossa)8. O objetivo de ensinar gramática baseia-se na ideia de aprender as regras
gramaticais para facilitar a tradução. A autora revela ainda que o livro texto e o dicionário
bilíngue são os materiais usados como suporte em sala de aula para essa metodologia.
Os livros são divididos em seções de vocabulário, pronúncia, conversação, gramática e
atividades. Quanto ao vocabulário e pronúncia, o professor lê para o seu aluno que, em
seguida, é orientado a repetir. Ou seja, para o método tradicional, o que se entende por
‘conversação’ reduz-se à prática da leitura realizada pelo professor, da repetição feita pelo
aluno e, em seguida, da tradução das frases lidas. No que diz respeito à gramática, as
atividades destacam as regras, observadas a partir das frases lidas e utiliza na tradução nas
atividades. As atividades abarcam a compreensão da leitura, tradução e memorização de
regras. Abadía (2000): “[...] se apresenta uma regra, se estuda e se pratica a continuação nos
exercícios de tradução de frases soltas. Isto é, a língua se aprende pelo encadeamento de
regras isoladas que se analisam e memorizam” (ABADÍA, 2000, p. 39, tradução nossa)9.
Todavia, a gramática é estudada juntamente com a língua materna (L1)10
com enfoque
na linguagem escrita. O aluno memoriza as regras gramaticais para, em seguida, fazer as
atividades de tradução, e, como resultado, o estudante tem que traduzir de uma língua para a
outra, evidenciando-se, assim, sobre o quanto conhecia das regras gramaticais da língua. Com
isso, Uphoff (2008, p. 9) complementa que “valorizavam-se a análise gramatical e a leitura e a
tradução de bons textos literários, em detrimento do domínio prático do inglês”.
A aprendizagem da gramática deve seguir todo um processo e uma sequência para que
se atinja o objetivo esperado em relação ao ensino e a aprendizagem de uma LE. Assim, os
8 La enseñanza según este método, se enfoca a la aplicación de reglas gramaticales para la traducción
de una lengua a otra, y el aprendizaje de palabras como elementos aislados. 9 [...] se presenta una regla, se estudia y se practica a continuación en los ejercicios de traducción de
frases sueltas. Es decir, la lengua se aprende por el encadenamiento de multitud de reglas aisladas que
se analizan y memorizan. 10
Segue uma ordem cronológica segundo o qual uma pessoa adquire a primeira língua, língua
materna, etc. (GRIFFIN, 2005).
10
conhecimentos gramaticais, adquiridos na L1, são extremamente importantes para
aprendizagem de uma LE.
Vale salientar que o ingresso no Ensino Básico da época (início do século XX) era
oferecido apenas a uma pequena parte elitizada da população, ou seja, poucos tinham a
oportunidade de aprender por meio do método de ensino que se era oferecido.
Por outro lado, mesmo diante de muitas críticas,
dos métodos utilizados nas salas de aula de LE, o método Gramática
Tradução é o mais antigo e também tem sido o mais criticado, tendo em vista
os seguintes aspectos: somente enfatiza o estudo sobre a LE e não o uso da
mesma; prioriza as habilidades de escrita e leitura; a leitura literária é o
principal objetivo deste método; o papel do professor é muito autoritário; os
sentimentos dos alunos não são levados em consideração; o vocabulário e a
gramática são explicados na língua materna dos alunos e são constitutivos de
conhecimento; os alunos são corrigidos sempre que cometem erros; os erros
cometidos são considerados nocivos ao processo ensino-aprendizagem.
(AMARAL, 2001, p. 107).
Diante do exposto, os críticos chegam à conclusão que a aprendizagem de outra língua
deveria ser trabalhada diretamente na LE que se vai aprender. O ponto em questão seria ter
contato diretamente com a própria LE, com o objetivo de pensar na língua e sem comparar
essa com a L1.
Sendo assim, surgiu, então, o método direto, que veremos a seguir como os
professores aplicavam-no em sala de aula.
Na década de 30, em razão dos avanços científicos e da reforma educacional do
ministro Francisco Campos, um novo método surge com o objetivo de inovar o ensino de
línguas modernas no Brasil e substituir as práticas reproduzidas pelos profissionais da
educação.
O método direto surge após o método da gramática e tradução e é precursor do método
audiolingual, que veremos mais afrente. As características do método direto descrevem um
trabalho com foco na oralidade. Neste caso, a língua materna não interfere na aplicação do
método. Há o incentivo para que o aluno comece a pensar na língua alvo. Segundo Abadía
(2000), objetiva-se ensinar a língua por meio da prática em si, quando o aluno deve fazer uso
da língua propriamente dita, ou seja, compreendendo e falando o idioma alvo do aprendizado.
11
O aluno não deve fazer uso língua materna em sala de aula. De acordo com o método direto,
acredita-se que o uso da língua materna implica na má interpretação da LE, dificultando a
tradução dessa, uma vez que o estudante compara a L1 com a LE. Abadía (2000) deixa claro
que o aluno deve eliminar da sua consciência a L1, o que deve ser feito no sentido de facilitar
a aquisição da nova língua (LE), além de formar novos conceitos sobre ela.
A aplicação do método direto funciona da seguinte forma: o professor lê ou utiliza
material de áudio e o aluno escuta e repete. Por meio da pronúncia, o professor deve
apresentar como a língua se articula foneticamente. Para complementar a aprendizagem, os
estudantes praticam com as atividades em sala de aula. O professor pergunta e o aluno
responde por meio de exercícios orais. Pode-se trabalhar individualmente ou em grupo,
começando pelo aluno mais hábil, para que os demais escutem as novas palavras ou frases e,
em seguida, possam toma-lo com referência e seguirem com suas práticas. Os conteúdos
envolvem assuntos do cotidiano, ou seja, uma linguagem coloquial em que a gramática se
formula com exemplos e não com regras.
Fazendo uma comparação entre os dois métodos aqui apresentados, no método da
gramática e tradução é usada a dedução seguindo a regra gramatical contrastando com a
língua materna e em seguida pratica exercitando por meio da tradução. Já no método direto é
utilizada a intuição, essa intuição ou consciência permite ao aluno captar se a regra gramatical
está correta ou não e sem a presença da língua materna.
O método audiolingual surgiu depois da segunda guerra mundial, por volta de 1950,
em uma época que faltava pessoas com conhecimentos de línguas estrangeiras. A partir daí,
foram desenvolvidos métodos para o ensino aprendizagem de línguas, quando começaram a
formar intérpretes militares, o que impulsionou a formação de profissionais de LE.
Trata-se, portanto, de um método direcionado ao vocabulário. No qual os americanos
teriam que instruir os soldados em outras línguas em um curto período de tempo. Estes
soldados ouviam e repetiam palavras e frases de outros idiomas. O aluno ouve e associa a
imagens sem a preocupação de aprender regras. Ou seja, ouvir, refletir e associar a imagens
levaria ao desempenho linguístico. Não obstante, os PCNs discorrem:
Os fatores históricos estão relacionados ao papel que uma língua específica
representa em certos momentos da história da humanidade, fazendo com que
sua aprendizagem adquira maior relevância [...] o caso típico é o papel
12
representado pelo inglês, em função do poder e da influência da economia
norte-americana. Essa influência cresceu ao longo deste século,
principalmente a partir da Segunda Guerra Mundial, e atingiu seu apogeu na
chamada sociedade globalizada e de alto nível tecnológico, em que alguns
indivíduos vivem neste final do século [...] Deve-se considerar também o
papel do espanhol, cuja importância cresce em função do aumento das trocas
econômicas. (BRASIL, 1998, p. 23).
Porém, a gramática também era trabalhada, começando com estruturas mais simples e,
conforme o tempo de aprendizagem aumentaria o grau de complexidade. Segundo Uphoff
(2008, p. 11), “[...] uma vez que a progressão dos materiais audiolinguais costumava basear-se
justamente em itens gramaticais, começando com estruturas consideradas mais simples e
aumentando o nível de complexidade de forma gradativa”.
No que concerne o trabalho realizado, tratava-se de um método que tinha forte apoio
de materiais didáticos, como o livro didático, fitas, filmes etc. Em relação ao livro didático,
muitos que fazem parte da educação têm a concepção que livro e método são sinônimos. Mas,
Uphoff (2008, p. 12) coloca que, “método e livro didático não são sinônimos”, a autora
aborda que, com o método, o professor somente seguia o livro sem chance de autonomia em
trazer outros assuntos para dentro de sala de aula. Assim, as aulas eram organizadas em uma
sequência didática pré-estabelecidas em que o professor apenas as aplicava em sala.
Em suma, o método audiolingual é um método de origem americana, embora tenha um
enfoque situacional britânico pelo fato de fundamentar-se na visão do linguista John Firth.
Segundo ele, as palavras só têm significados dentro de uma situação de comunicação oral. Os
conteúdos dos livros são divididos em vários níveis com uma variedade de materiais como
caderno de exercícios e textos, que trabalham as estruturas gramaticais. O vocabulário é
adquirindo por meio da aquisição do léxico em diálogos com situação cotidiana, mediante
imagens/desenhos, acompanhados de uma variedade de atividades de repetição e atividades
para completar os espaços em branco.
Os diálogos são praticados oralmente em laboratório de línguas com cabines
individuais para que o aluno alcance as habilidades orais, a compreensão auditiva e a
expressão oral. O método ainda acompanha livro para correção fonética. Abadía (2000)
evidencia que o incentivo é sempre utilizar a língua meta e evitar a tradução e a interferência
da língua materna. Mas, com o passar do tempo, essa prática ficou saturada, pois, a repetição
foi se tornando cansativa.
13
Já o método audiovisual, que também surgiu durante a Segunda Guerra Mundial,
objetiva a aprendizagem da LE oralmente. No entanto, antes dos alunos se expressarem
linguisticamente, o professor trabalha com a associação de imagens, por meio dos desenhos,
quando os alunos criam visualmente um ambiente contextual (estímulo) para, em seguida,
transmitir o que fora aprendido sob forma de conversação (resposta). O livro, elaborado para a
aquisição desse método, traz uma série de imagens sem diálogos para que os alunos
assimilassem o processo de aprendizagem. O livro ainda acompanha atividades de oralidade e
escrita. É um método que trabalha as habilidades orais e escritas, sendo que a língua oral tem
prioridade sobre a escrita. Como o método trabalha diretamente uma situação de comunicação
oral, o incentivo é evitar a interferência da L1. Entretanto, a metodologia audiovisual:
[...] é ligada ao conceito da fala em situação de comunicação. A metodologia
audiovisual se situa num prolongamento da abordagem direta, à medida que
suas principais inovações constituem, em parte, as tentativas de solução dos
problemas com os quais se defrontavam os defensores da abordagem direta.
[...] a relação professor-aluno é mais interativa. Os princípios da
metodologia audiovisual coincidem, em parte, com os da abordagem
comunicativa. (CESTARO, 2006, p. 6).
Porém, em 1970 houve uma reformulação na Europa no que se refere a aprendizagem
de línguas estrangeiras, foi quando surgiu o método comunicativo, o qual chegou ao Brasil
oito anos mais tarde. Trata-se de um método que objetiva desenvolver a competência
comunicativa, ou seja, o aluno interage com os diversos assuntos e situações do dia a dia. O
próprio cotidiano do aluno é encenado dentro de sala de aula, quando trabalha-se com método
comunicativo instigando os alunos a serem autônomos em sua aprendizagem. A comunicação
oral prevalecia tanto na LE como na L1. Dependendo do momento de aprendizagem, o
estudante podia utilizar-se da primeira língua de acordo com sua necessidade. Uphoff ressalta
que,
Uma das principais reivindicações do método diz respeito à emancipação do
aluno, que não deve mais exercer um papel tão passivo quanto no método
estrutural, mas ser capacitado a se auto afirmar e defender seus interesses e
necessidades num ambiente onde se fala o idioma estrangeiro. Por isso, foi
quebrado, por exemplo, o princípio dogmático de não permitir o uso da
língua materna em sala de aula. É claro que se aconselha a falar o mínimo
possível em português, mas se o aluno tiver uma necessidade forte de usar a
língua materna porque tem um problema de compreensão que impede o
acompanhamento da aula, ele pode se dirigir ao professor ou aos colegas em
português. (UPHOFF, 2008, p. 12).
14
Assim, o método cria oportunidades de comunicação na LE, embora a permissão e
contato com a língua materna só fosse possível para compreensão de dúvidas surgidas.
Uphoff (2008, p. 13) ressalta que, na utilização do método comunicativo, o aluno corre
o risco de cometer erros na tentativa de se comunicar e interagir, porém, a autora coloca que a
aprendizagem acontece com os erros que venham a surgir e que é impossível não cometer
erros no decorrer da aprendizagem.
Contudo, para o método comunicativo, o importante é trabalhar temas de interesse do
aluno e que esses façam parte de seu cotidiano, levando-o à plena participação e envolvimento
com os assuntos trazidos para dentro de sala de aula, como, por exemplo, jornais, música,
gibis etc. Acredita-se que, uma vez trabalhando dessa forma, o professor desenvolve a
autonomia dos alunos, ao mesmo tempo em que tem liberdade na preparação de suas aulas, e
em conformidade com as necessidades de cada estudante e de cada turma como um todo.
Em suma, os métodos foram surgindo por meio de relações estabelecidas entre a
cultura e a língua, em suas mais diversas formas, como, leitura, tradução, pronúncia, textos
etc. Esses métodos continuam sendo empregados até os dias de hoje. O principal objetivo
deles é construir frases, entender textos, conhecer as regras do idioma para que aconteça o
domínio gramatical, quando se é possível trabalhar a tradução da língua-alvo para a língua
materna e vice-versa, trabalhar a pronúncia por meio de diálogos, textos e exercícios orais,
desenvolver a habilidade da leitura e a compreensão de textos. Além disso, incentiva-se a
participação do aluno por meio de dramatizações e trabalhos individuais e em grupos.
No próximo item, será discorrido sobre de que forma acontece a aprendizagem da
língua estrangeira com o aprendiz nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
15
A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA 3
Para muitos adultos, aprender uma LE é algo desafiador. E quanto à criança, será que
acontece o mesmo? Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) salientam que,
Em linhas gerais, o que a aprendizagem de uma Língua Estrangeira vai fazer
é: aumentar o conhecimento sobre linguagem que o aluno construiu sobre
sua língua materna, por meio de comparações com a língua estrangeira em
vários níveis; possibilitar que o aluno, ao se envolver nos processos de
construir significados nessa língua, se constitua em um ser discursivo no uso
de uma língua estrangeira. (BRASIL, 1998, p. 28-29).
Investigar o processo de aquisição não é tarefa fácil, pois, a aprendizagem de outra
língua designa um conjunto de processos cognitivos conscientes e inconscientes, com o
objetivo de alcançar um determinado nível de competências e/ou habilidades. Pimenta (2007,
p. 8) complementa que, “as primeiras habilidades desenvolvidas pela criança são o ouvir e
falar”. A leitura e a escrita são fases avançadas no desenvolvimento de uma língua. Da mesma
forma, a ordem natural para a aprendizagem de uma LE é ouvir, falar, ler e escrever.
Diante do exposto, nos interessa conhecer como ocorre o ensino e, consequentemente,
a aprendizagem de uma LE com crianças nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Segundo
Semechechem & Carvalho (2007, apud Pires 2001, p. 2), é possível aprender qualquer língua
até a puberdade, uma vez que os neurônios e sinapses, disponíveis para aquisição da
linguagem estão prontos. Trata-se de um período crucial para a aquisição das competências
em uma LE. Acreditamos que, quanto mais cedo se inicia o contato com a língua estrangeira,
maior será a proficiência adquirida em relação às habilidades. Entendemos ser um período
importante para o desenvolvimento das habilidades linguísticas do homem. Nessa fase, a
criança encontra-se predisposta à interação e mais propensas à aprender uma língua com a
ajuda do professor de forma inconsciente em situações indiretas11
, uma vez que,
[...] a criança faz mais uso da LE de modo criativo e significativamente,
também é mais propensa a aprendizagem em situações indiretas, naquelas
11 Situações indiretas envolvem as seguintes estratégias: estratégias Meta-Cognitivas: identificar a
melhor forma de aprender e identificar suas próprias necessidades de aprendizado, planejar uma tarefa,
coletar e organizar materiais, estabelecer um espaço e horário para estudo, monitorar os erros e avaliar
o sucesso de uma atividade. Estratégias afetivas: identificar o nível de ansiedade ou seu estado de
ânimo, falar sobre os sentimentos, recompensar a si próprio pelo resultado de um bom desempenho.
Estratégias sociais: perguntar para verificar o que se fez, tirar dúvidas, solicitar ajuda numa tarefa e
explorar normas sociais e culturais estimulando o trabalho em grupo. (Pimenta, 2007 p. 70-71).
16
nas quais se envolve na atividade e situação e aprende a língua pelo seu uso
e significação não através de citações diretas do que está sendo aprendido.
(SEMECHECHEM e CARVALHO, 2007, p. 3).
Ou seja, as crianças, de forma geral, estão mais abertas à aprendizagem por meio da
prática, ouvindo e falando. Além do mais, acredita-se que crianças entre seis e dez anos são
mais cooperativas, possuem controle emocional, e são mais racionais e objetivas, conforme
aponta Pimenta ao dizer que,
No ensino de uma língua estrangeira, a prática é essencial, devemos praticar
o tempo todo. Observe uma criança aprendendo a falar, ela repete a mesma
palavra diversas vezes e é isso que também devemos fazer quando estamos
aprendendo uma língua estrangeira: praticar. (PIMENTA, 2007, p. 7).
No entanto, a criança também se encontra predisposta à interação, o que incentiva o
aprendizado de uma língua de forma consciente em situações diretas, e com a devida ajuda de
estratégias, utilizadas pelo profissional da educação, conforme aponta Pimenta, ao comentar
sobre tais estratégias,
Estratégias cognitivas: permite que o aluno manipule a língua através de
análise, resumo, síntese e organização, pratica de estruturas e tradução de
textos. Estratégias de associação-memorização: ajuda o aluno a associar um
conceito a outro, ou uma imagem a seu significado, porém não envolve
necessariamente a compreensão do que se está relacionando ou
memorizando. Estratégias compensatórias: inferir o significado do contexto
numa atividade de compreensão auditiva ou de leitura, usar gestos ou pausas
para compor a ideia ou palavra que está faltando. (PIMENTA, 2007, p. 70).
No ínterim, a efetiva aplicação de tais estratégias são permeadas por diversos aspectos,
os quais envolvem a interação do aprendiz com a língua alvo, utilizando-se, desde fatores
internos do próprio indivíduo, até métodos de ensino, os quais passam pela produção e
aplicação de materiais utilizados para o ensino de línguas.
No que concerne a linguagem, o seu desenvolvimento estabelece relação com os
sistemas de comunicação no que se refere a regras definidas, que, por meio de mensagens,
devem ser compreendida pelo que intenciona-se comunicar. Segundo Pimenta (2007, p. 8), “o
entendimento sempre precede a fala”. O ser humano possui os dois hemisférios do cérebro,
que são responsáveis pela fala, escrita, leitura e compreensão, quando do momento da
comunicação. A aquisição de línguas é um processo cognitivo o qual envolve os dois
hemisférios cerebrais. Mas, durante a aprendizagem e desenvolvimento da língua materna, a
linguagem é armazenada no hemisfério esquerdo em grande parte das pessoas. Já em relação à
17
aquisição da LE, essa pode ser armazenada em qualquer um dos hemisférios. Habitzreiter se
coloca em relação à aquisição dessa língua estrangeira:
[...] dependendo da idade e da proficiência com que seja aprendida, ela pode
ser armazenada tanto no hemisfério esquerdo como no hemisfério direito.
Entretanto, no momento da fala, ambos os hemisférios são ativados em
intensidades e com funções específicas. (HABITZREITER, 2013, p. 35).
O processo para a aquisição de uma LE depende de alguns fatores que dizem respeito
à forma como ela será processada no cérebro. Fatores esses que envolvem idade e contexto de
aquisição, por exemplo.
Percebemos que, dependendo das práticas educativas adotadas para o aprendizado da
L1 em associação com a LE, e concomitantemente com a última, ambas podem promover o
desenvolvimento mental da criança. Uma vez que acontece o aprendizado da L1, a LE torna-
se, também, mais acessível para esta criança. Mas, para que a aquisição de uma LE alcance
suas metas, é importante que a prática pedagógica, dentro de sala de aula, se dê por meio de
métodos trabalhados estrategicamente.
Dessa forma, o educador necessita estar preparado para o ensino da LE quanto a sua
estrutura, ao mesmo tempo que precisa ser consciente quanto à aprendizagem ser particular e
inerente à cada indivíduo de maneira única e específica. Para tanto, a aquisição de estruturas
da nova língua exige da capacidade própria e exclusiva de cada aluno. Ainda que ocorram
certos deslizes durante a aprendizagem, segundo Martín (2000), é de suma importância a
influência da L1 na aquisição da LE, quando acontece um fenômeno chamado interlíngua12
.
Durante a aprendizagem de uma nova língua, é perfeitamente normal que o aluno aprenda por
meio da tentativa e do erro.
O aprendizado de uma LE envolve a aquisição do lexical, da gramática e de
informações à cultura da língua a ser estudada, o que leva o aluno a estabelecer comparações
entre a cultura própria da língua materna e a cultura estudada de outro país, quando encontra-
se semelhanças e diferenças entre elas. Nesse sentido, o professor exerce papel fundamental
enquanto mediador dessa aquisição. O professor intervêm no sentido de escolher e propor o
12 O termo interlíngua (IL), criado por Larry Selinker, em 1972, diz respeito ao sistema linguístico do
estudante de uma segunda língua em cada um dos estágios sucessivos de aquisição, pelos quais passa
seu processo de aprendizagem, ou seja, são erros cometidos pelos aprendizes de segundas línguas.
(Centro virtual cervantes (CVC) – Diccionario de términos clave de ELE).
18
estudo de temas, buscando sempre provocar maior interesse e, portanto, melhor a
aprendizagem de seus alunos, o que deve acontecer de forma significativa.
Assim, acredita-se que a criança aprende uma LE ao desenvolver a capacidade de
utilizar-se de estruturas, vocabulário e formas linguísticas de maneira comunicativa. Tudo isso
deve acontecer por meio da aplicação de atividades socioculturais. Por fim, a aquisição da
linguagem deve acontecer tanto por meio da escrita quanto por meio da fala para que o
estudante possa desenvolver as devidas competências linguísticas, que são escutar, falar,
entender, ler e escrever.
Os autores Martín (2000) e Griffin (2005) afirmam que nós temos fatores internos e
externos que influenciam na aprendizagem de uma LE. Esses envolvem a comunicação e o
interesse por aprender. Os fatores internos envolve o cognitivo, que inclui a percepção,
inteligência, memória, atenção etc. Já os fatores externos envolvem o afetivo, o qual diz
respeito à personalidade, motivação, ansiedade, inibição, autoestima, estímulo etc. Dentre os
fatores externos, podemos citar o papel da cultura, como um elemento fundamental para
desenvolver a aprendizagem da língua.
Sudbrack cita Skinner ao dizer que, para que aconteça o devido desenvolvimento da
linguagem, é importante que essa seja precedida de estímulo apropriado. Ainda assim, trata-se
de um processo em que, segundo a autora, a aprendizagem da língua acontece por meio do
contato com diferentes culturas, com variados graus de estímulo (Sudbrack, 2013, p. 30), uma
vez que a aprendizagem da LE está intrinsicamente ligada à relação de aprendizado
estabelecida pela L1.
Ao desenvolver um trabalho voltado à criança, o professor deve estar atento às
especificidades próprias desse sujeito. Assim, o professor deve perceber que cada um aprende
de forma específica e, portanto, ele deve fazer com que esses indivíduos compreendam o
assunto, estimulando o raciocínio e a memória. Assim, faz-se importante trabalhar a
concentração e aprendizagem por meio da associação com elementos já conhecidos pelas
crianças, para que, dessa forma, a recordação se torne mais fácil. Pois, quanto mais
associações forem feitas mais haverá lembranças e, portanto, aprendizado. Um exemplo dessa
prática é o trabalho com imagens, com o objetivo de criar quadros mentais, o que ajuda
também na memorização.
19
Interagir com a LE por meio de diálogo, o qual se torna um processo essencial, pois
desenvolve intelectualmente. É um fator externo e interno que contribui para a aprendizagem
do aluno como um todo. Assim, Martín comenta:
A forma como o conhecimento linguístico é internalizado e armazenado. Ou
seja, antes, estas palavras, ou o que eles representam, simplesmente se
referiam à situação ou circunstâncias apresentadas pelo contato com uma
L213
. (MARTÍN, 2000, p. 54, tradução nossa14
)
Por outro lado, será que existe diferença entre os termos aquisição e aprendizagem? Os
dois muitas vezes aparecem com o mesmo significado. Mas, quando se trata de fatos
linguísticos há diferenças entre os dois termos. A aquisição acontece de forma inconsciente,
de caráter natural e sem necessariamente existir ensino formal. E a aprendizagem tem um
sentido mais amplo, de forma consciente e necessitando do ensino formal. Pelo qual se
corrige os erros permitindo o aluno alcançar o conhecimento das regras gramaticais e de uso
linguístico da LE. Ou seja, o aprendiz passa a conhecer mais ampliando seu volume de
conhecimentos e fazendo as mudanças necessárias segundo experiências.
Assim, Zanella (2001, p. 25) ressalta que, “a aprendizagem é mais, pois, significa a
própria mudança que vai se operando no sujeito através das experiências”. Assim, os dois
termos tem conceitos diferentes e ocorre de forma diferente dentro deste contexto de estudo. E
cada qual com seus resultados. Conforme (Sim – Sim, 2001, p 200): “[...] os termos aquisição
e aprendizagem aparecem usados com o mesmo significado, há que diferenciá-los quando nos
reportamos a fenômenos linguísticos”. Porém, há uma grande interação entre os dois tipos de
processos quando se apropria de uma LE. Assim, os mecanismos do ensino formal e informal
contribuem para o desenvolvimento do processo de aprender outra língua.
Diante do exposto, para que funcione o processo da aquisição da LE envolve fatores
partindo da prática de memorização, hábito, associação, estímulo e resposta. E a compreensão
deste processo nos a entender o funcionamento da cognição humana e o desenvolvimento
linguístico, compreendendo assim a relação entre o pensamento e a linguagem. Martín (2000)
13Segue uma ordem cronológica segundo o qual uma pessoa aprende uma segunda língua, língua
estrangeira, etc. (Griffin , 2005). 14
La forma en que el conocimiento linguístico es interiorizado y almacenado. Es decir, con
anterioridad, estos vocablos, o lo que ellos representan, se referían simplemente a la situación o
circunstancias que concurrían al entrar en contacto con una L2.
20
se posiciona na questão da aquisição de uma LE é aconselhável que esta se dê de forma
voluntária, com interesse e sem pressão.
Sudbrack (2013, p. 31) nos diz que, “o indivíduo um ser criativo e prático que processa
informações automáticas e controladas”. Em relação a aprender uma outra língua o indivíduo
constrói seu próprio conhecimento e o professor deve criar oportunidades para que estas
venham a aprender a LE. No entanto, a autora aborda que a linguagem é inata ao ser humano.
Trazendo isso para a aprendizagem com crianças diariamente, elas são expostas a uma média
de vinte a quarenta mil palavras, isso em torno dos dois anos de idade as levando a produzir a
fala e atingindo a competência aos quatro anos dando prosseguimento em relação a
aprendizagem.
A autora ainda continua que através do estudo formal a criança recebe as informações e
acumula transformando em conhecimento. E na proporção que aprende uma nova língua vai
desenvolvendo as habilidades. A aquisição da língua estrangeira está ligada aos processos
cognitivos da criança e ainda predomina nesta fase do ser humano. (Sudbrack, 2013, p. 31):
“Considerando que aquisition está mais intimamente ligado aos processos cognitivos do ser
humano na infância, é lógico e evidente deduzirmos que aquisition é ainda mais
preponderante no caso do aprendizado de crianças”.
Nessa intervenção, a autora mostra que na infância o processo de metacircuitos acontece
mais eficazmente, ou seja, a aquisição da linguagem se alcança, processa e se efetiva a partir
do córtex cerebral. Então segundo estudos é na primeira infância que a criança tem a
capacidade de aprender qualquer coisa. Existem exemplos de crianças que vão morar em
outros países nesta fase e que aprende velozmente outro idioma, no caso o do país. A criança
capta com perfeição os fonemas de qualquer língua, fazendo com que elas venham, assim, à
aprender a pronúncia de maneira significativa. Sudbrack (2013, p. 33): “[...] o aparelho
fonador da criança ainda não está completamente formado e a audição da criança é muito
aguçada nessa fase. Dessa forma, e pode interiorizar fonemas de outras línguas com
perfeição”.
Hoje se chegou a conclusão que a aquisição da linguagem funciona nos dois hemisférios
do cérebro. Conforme Sudbrack:
21
Durante muitos anos, acreditava-se que a aquisição da linguagem ocorria na
sua maior parte no hemisfério esquerdo do cérebro. O que os estudos mais
atualizados vieram comprovar, no entanto, é que ambas são importantes e
trabalham conjuntamente para essa função, embora com estratégias e
especificações determinadas. (SUDBRACK, 2013, p. 32).
Diante disso, o importante é que o individuo aprenda bem a L1, fixe suas
normatizações, as internalize para que a nova língua se internalize de forma semelhante. Os
PCNs complementam:
A aprendizagem de Língua Estrangeira contribui para o processo
educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de
habilidades linguísticas. Leva a uma nova percepção da natureza da
linguagem, aumenta a compreensão de como a linguagem funciona e
desenvolve maior consciência do funcionamento da própria língua materna.
(Brasil, 1998, p. 37).
No próximo item, veremos como se dá o conceito e processo de aprendizagem nos
anos iniciais da criança.
22
A APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 4
São vários os conceitos e significados para a palavra aprendizagem, mas podemos
citar que na proporção que as pessoas adquirem conhecimento elas mudam o comportamento.
Elas se desenvolvem crescendo em conhecimento diante da sociedade e supostamente
desenvolvendo suas habilidades.
Assim, a aprendizagem envolve todo um processo de construção do conhecimento
através da interação entre a pessoa e a realidade do meio. Trabalhar a aprendizagem da
criança é unir o que ele já sabe com o que ele venha a aprender formalmente. Conforme os
PCNs:
Cabe ao educador, por meio da intervenção pedagógica, promover a
realização de aprendizagens com o maior grau de significado possível, uma
vez que esta nunca é absoluta — sempre é possível estabelecer alguma
relação entre o que se pretende conhecer e as possibilidades de observação,
reflexão e informação que o sujeito já possui. (BRASIL, 1997, p. 38).
Ainda os PCNs (BRASIL, 1997, p. 37) pontificam: “A aprendizagem é condicionada,
de um lado, pelas possibilidades do aluno, que englobam tanto os níveis de organização do
pensamento como os conhecimentos e experiências prévias, e, de outro, pela interação com os
outros agentes”.
No entanto, assim que o indivíduo nasce à aprendizagem da L1 acontece de forma
natural, com o dia a dia e a com a convivência entre adultos e criança. E com o passar do
tempo este indivíduo necessita da aprendizagem formal, ou seja, frequentar a escola. Pois, a
escola contribui para a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal do aluno. (Masetto, 1997).
Daniels (1994) vem mostrando as teorias psicológicas que tem como expoente
Vygotsky (1984) onde menciona a questão da contribuição do meio para a construção do
conhecimento. O conhecimento segue sendo construído através dos fatores socioculturais quer
sejam em casa ou na escola, o importante é que a criança tenha contato com outras pessoas
para desenvolver suas habilidades. O ser humano nasce com a capacidade de aprendizagem,
mas há a necessidade da interação e de convívio para a construção do conhecimento. Assim,
23
entendemos que o homem nasce com a predisposição e aprende interagindo com o próprio
meio, através da sociedade e da cultura. Daniels discorre:
A teoria de Vygotsky enfatiza o papel do social e da sociedade na produção
de uma estrutura para o desenvolvimento da criança e de uma crença de que
grande parte da aprendizagem é medida pelas interações sociais tanto no
plano interpessoal como no plano sociocultural. Os processos e o
desenvolvimento cognitivo são resultados de interações sociais e culturais
tais, que todos os processos psicológicos são, inicialmente, sociais e só mais
tarde tornam-se individuais. (DANIELS, 1994, p. 221).
A aprendizagem é um processo exterior, na proporção que a criança se desenvolve ela
aprende. Esse desenvolvimento vem antes mesmo da criança entrar na escola de forma
independente. É um desenvolvimento que inclui o pensamento, capacidade de raciocínio e a
inteligência, as ideias que a rodeia e suas interpretações que vão surgindo. Então, com tal
desenvolvimento o professor trabalha em sala de aula com a possibilidade da criança ser
capaz em relação as habilidades. Palangana cita:
Vygotsky reconhece que a aprendizagem e desenvolvimento são fenômenos
distintos e interdependentes, cada um tornando o outro possível, ressalta o
importante papel da competência linguística na interação entre esses dois
processos, que é por meio da apreensão e internalização da linguagem que a
criança se desenvolve. (PALANGANA, 2001, p. 128).
Na proporção que a criança se desenvolve aumentam as capacidades como a atenção, a
memória, a vontade e desejo de aprender, a motivação em si. Por conseguinte, os PCNs
distinguem os níveis de desenvolvimento em relação à intervenção educativa:
Para a estruturação da intervenção educativa é fundamental distinguir o nível
de desenvolvimento real do potencial. O nível de desenvolvimento real se
determina como aquilo que o aluno pode fazer sozinho em uma situação
determinada, sem ajuda de ninguém. O nível de desenvolvimento potencial é
determinado pelo que o aluno pode fazer ou aprender mediante a interação
com outras pessoas, conforme as observa, imitando, trocando ideias com
elas, ouvindo suas explicações, sendo desafiado por elas ou contrapondo-se a
elas, sejam essas pessoas o professor ou seus colegas. Existe uma zona de
desenvolvimento próximo, dada pela diferença existente entre o que um
aluno pode fazer sozinho e o que pode fazer ou aprender com a ajuda dos
outros. (BRASIL, 1997, p. 38).
Diante do exposto, os PCNs vem mostrando através da teoria de Vygotsky a
capacidade de desempenho de forma independente no que define a idade mental da criança,
destacando a memória, a atenção e o pensamento lógico. Uma vez internalizadas aciona o
24
processo de desenvolvimento da criança. Ou seja, o que a criança pode fazer hoje com o
auxilio dos adultos poderá fazer amanhã por si só.
A aprendizagem é um processo contínuo e pessoal no que se refere a construção do
conhecimento dos alunos. O ensino deve mobilizar as crianças na sua descoberta, instigando a
curiosidade na prática (com atividades) segundo suas capacidades, para a motivação em sua
aprendizagem. (Masetto, 1997; Zanella, 2001; Almeida, 2002).
Contudo, entre habilidades e/ou competências o importante é que o aluno aprenda. A
escola como um todo deve favorecer a aprendizagem a criança para a dominação das
competências cognitivas. No entanto, para que o aluno aprenda é de suma importância que
entenda, organize, armazene e reconheça a informação em relação aos processos cognitivos.
Segundo Palangana (2001, p. 40), “Piaget se refere ao funcionamento cognitivo que se dá
através dos mecanismos de adaptação e organização onde estão presentes em todos os seres
vivos desde o nascimento”.
Para (Palangana, 2001, p. 41): “Segundo Piaget, a estrutura cognitiva possui uma
lógica de funcionamento que é necessariamente um a priori, na medida em que depende dela
a construção do conhecimento”.
Assim, a aprendizagem se dá de forma gradativa. É nesta aprendizagem que o
profissional da educação como mediador deve procurar estratégias para contribuição,
facilitando em atingir os objetivos. Estes meios contribuem em interagir as informações que
chegam ao quadro mais amplo da informação que já possui, ou seja, unir o que o aluno já sabe
com o que venha a aprender. Em outras palavras, a aprendizagem muda levando a outras
mudanças. Na proporção que o indivíduo aprende vai se acrescentando novas aprendizagens
que seria o conhecimento prévio mais novos conhecimentos. (Zanella, 2003, p. 27): “À
medida que novas aprendizagens surgem vão sendo incorporadas às já existentes, propiciando
o surgimento de novos enfoques, ideias e atitudes”.
Torna-se evidente que a aprendizagem deve ser significativa na vida do indivíduo.
Pois, surge o interesse e envolvimento em aprender mais onde tal aprendizagem se arraiga
permanentemente e internamente no aprendiz (Zanella, 2003, p. 28) se coloca: “[...] é
importante salientar que ocorre a aprendizagem sempre que, ao receber estimulação, alguma
25
forma o indivíduo responde ao ambiente; a interação, pois é um fato que está presente nas
aprendizagens”. Almeida complementa:
Nessa altura estamos em face de uma aprendizagem significativa e de tipo
construtivista, na qual o conhecimento anterior, mesmo quando esse
conhecimento prévio se apresenta como menos científico, joga um papel
importante. (ALMEIDA, 2002, P. 4).
O que cada um já sabe contribui para as novas aprendizagens e ainda determina a
qualidade de sua nova aquisição.
Embora, saibamos que cada um tem sua aprendizagem, que por muitas vezes merecem
atenção individualizada. Porém, o professor já a par deve saber como agir para cada aluno.
Apesar de o educador tentar instigar, lançar mão de estratégias, o aluno também deve/pode
estar contribuindo, tomando iniciativa, criando interesse em relação a sua aprendizagem. E
vale salientar que não aprende somente com o professor, mas, sim com o colega dentro de
sala de aula.
É preciso entender que não é fácil, mas a construção do saber vai ocorrendo dentro de
sala de aula em diferentes situações de aprendizagem e no caso específico aqui estudado em
relação a aprendizagem nos anos iniciais das crianças. E para que isso ocorra o professor deve
saber como fazer no que diz respeito ao ensino aprendizagem.
Trabalhar o desenvolvimento da criança dentro de sala requer métodos para facilitar a
aprendizagem, onde a criança possa aprender, entender e construir uma aprendizagem de
sucesso. (Sim–Sim, 2002, p. 197 – 199) aponta que: “A aprendizagem durante a infância
envolve métodos para o desenvolvimento de habilidades e competências onde o aluno passe a
dominar os códigos oral e escrito”.
Desse modo, a criança passa a se desenvolver a se socializar distinguindo as diferenças
socioculturais, e no aspecto mais vasto da língua. Porém, algumas crianças irão se
desenvolver mais rápidas que outras no domínio da leitura e escrita. Pois, dominar o código
escrito é de suma importância, é um processo de interação entre leitor e texto, é compreender
o que se lê. Mas, caso a criança já domina o código escrito, existe a possibilidade dela passar
a colocar em prática fora de sala, devendo assim promover a sua aprendizagem. Estamos
colocando aqui sobre a colaboração dos pais que soma ao acompanhamento da escola.
Conforme (Sim-Sim, 2002, p. 206): “[...] a existência de livros em casa e os hábitos de leitura
26
dos pais (na presença dos filhos e diretamente para os filhos)”. É propor um ambiente onde
aconteça o desenvolvimento da capacidade comunicativa, contribuindo assim para
aprendizagem da L1. (Sim-Sim, 2002, p. 220), complementa: “Desenvolver as capacidades
comunicativas na língua de escolarização pode ajudar a minimizar as dificuldades na
aprendizagem da leitura [...]”.
(Sim –Sim, 2002, p. 220): “Muito do futuro sucesso tem as suas raízes exatamente
neste momento, o que significa que se deverão aproveitar todas as situações para promover a
melhoria da competência comunicativa dos alunos”. Cabe frisar, que o professor carrega uma
grande responsabilidade em relação ao desenvolvimento dos alunos, principalmente na fase
especifica da criança começando pela infância.
Acreditamos que o professor como mediador os alunos se tornam comunicativamente
competente na língua da escolarização e dominando assim as estruturas linguísticas onde
envolve a escrita e compreensão da leitura.
Dessa forma, quando se aborda o tema aprendizagem, devemos ter em mente como
protagonistas crianças, destacando uma forma de pensar a Educação. Elas são o ponto chave
dentro e durante a construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) e bem como o planejar as
atividades. Contudo, é comum o professor planejar para as crianças e não com elas. Onde
deveria acontecer das duas formas. Nornberg se coloca em relação as práticas pedagógicas do
professor em relação ao planejamento para as crianças:
[...] buscando organizar elementos teórico metodológicos que também
servissem de apoio ao professor no sentido de auxiliá-lo a reconstruir sua
ação docente de forma participativa com as crianças, construímos uma
abordagem metodológica que buscou dar voz as crianças. (NORNBERG,
2012, p. 137).
Ou seja, a participação da criança através da observação do professor e de suas
metodologias aplicadas é de suma importância para o desenvolvimento e aprendizagem das
crianças. (Palangana, 2001, p. 77): “Quando Piaget fala em aprendizagem no sentido geral,
ele está se reportando ao processo de desenvolvimento”. Contudo, é acompanhar cada uma
delas de forma individual e coletiva também nas atividades em consonância ao crescimento de
cada uma. É desenvolver a linguagem oral e escrita, percepção e a forma como interpreta o
mundo ao seu redor segundo seu universo.
27
Instigar a criança é fazer com que ela participe, vivencie, aprenda, conforme
(Nornberg, 2012, p. 146): “[...] é como se as crianças reconhecessem que, juntas, elas estão na
escola para aprender a ler e a escrever”. Diante do exposto, as práticas pedagógicas, estas sim,
que irão surtir o resultado desta aprendizagem em favor a formulação de conhecimentos
novos, inserindo os estudantes na sociedade com a capacidade de reflexão como sujeito
pensante.
A aprendizagem envolve muitos fatores é tanto que teorias educacionais e psicológicas
vêm buscando tentar encontrar as respostas no que diz respeito a como ocorre a aprendizagem
relacionando até mesmo ao comportamento. Dessa maneira (Palangana, 2001, p. 70): “A
relação entre desenvolvimento e aprendizagem está presente, ainda que de forma implícita,
nas diferentes teorias psicológicas que se ocupam em estudar o comportamento, o pensamento
ou o psiquismo humano”.
Zanella (2003, p. 24 a 26) coloca que a aprendizagem é sucessiva e/ou ininterrupta e a
qualquer momento ou situação o indivíduo aprende. E com a aprendizagem o indivíduo evolui
e muda no dia a dia. A autora ainda discorre que em sala de aula a aprendizagem acontece
com toda a competência e impulsionamento partindo do professor e a disposição do aluno
para aprender na busca de um denominador comum.
O educador sabendo os caminhos necessários utilizando as práticas pedagógicas
motiva o aluno a se envolver na situação de aprendizagem, respalda Zanella (2003, p. 29).
Porém, na criança é mais perceptível os efeitos da aprendizagem, pois elas são mais
espontâneas. Então, a importância de se trabalhar desde a infância de forma que estas cresçam
com o interesse e determinação para aprender sempre.
Em síntese, (Zanella 2003, p. 36-37), discorre que para que a aprendizagem aconteça
se baseia em três teorias a descrever: as respostas são dadas por estímulos através da teoria do
conhecimento onde a capacidade de aprendizagem do aluno estaria atrelada a este estímulo
resposta. A segunda se baseia na compreensão, no entendimento e cognição, através da teoria
sobre o aprendizado cognitivo. E por último a teoria da aprendizagem social onde destaca
uma aprendizagem através da imitação, observação e reprodução de outros, ocorrendo assim a
integração do indivíduo na sociedade através da socialização.
28
Quando abordamos o tema aprendizagem ficamos a pensar como essa aprendizagem
está ocorrendo nos dias atuais no ensino com crianças, como os professores estão trabalhando
em cima disto. Sabemos que envolve o papel de educar com a responsabilidade traçando um
plano para a aprendizagem do que deve ser aprendido e quando, como será aprendido e os
possíveis resultados, ou seja, em que momento obteve sucesso.
Mas, por estarmos a par da realidade, hoje sabemos que para que seja alcançada a
aprendizagem envolve muitos processos como, por exemplo, que tipo de conhecimento e
como está sendo passados dentro de sala de aula onde cada criança aprende e tem capacidades
de forma distintas:
As capacidades são diferentes do conhecimento. São unidades de
comportamento relativamente pequenas que podem ser facilmente
observadas ou inferidas do comportamento observado. Existem capacidades
verbais, sociais, físicas, de linguagem e de motricidade. O número de
capacidade pode ser muito elevado, dependendo de quão específicos e exatos
queremos ser. As capacidades, em particular são comportamentos que
melhoram com a prática, por vezes repetitiva, tal como quando se pratica
capacidades de escrita. (KATZ, 2006, p. 9).
Outro processo de suma importância é aprender de forma pré-disposta (a
predisposição para aprender pode ser instigada no aluno através dos pais e professores), sem
pressão. É ter capacidade e utilizar dessa capacidade com disposição. Outro ponto são os
sentimentos, o estado emocional da criança contribui para uma aprendizagem, envolve desde
sentir medo, ansiedade, alegria, tristeza, até ajudá-las a ter confiança e competência em
relação a autoestima.
De forma geral a criança ao chegar na escola a preocupação do professor é fazê-la com
que se desenvolva, pondo em destaque a competência comunicativa. É fazer com que a sala se
integre desenvolvendo não apenas o cognitivo, mas também o emocional. A interação um
com o outro contribui muitíssimo para o desenvolvimento de cada um. (Katz, 2006, p. 13):
“As conversações são sequências sustentadas de interações, nas quais o comportamento de
cada participante responde ao comportamento do outro”.
O professor deve ter mente que por mais que saiba que algumas crianças tenham a
predisposição para aprender mais que outras devem abordá-las em uma aprendizagem
igualitária e supondo que independente de cada, elas estejam dispostas para aprender. Tal
interação dá a importância ao desenvolvimento da linguagem da criança.
29
Estamos de acordo que os Anos Iniciais do Ensino Fundamental são a base e início do
desenvolvimento e aprendizagem que marca o resto da vida Katz (2006). A autora ainda
reforça que para que haja novas aprendizagens de forma significativa vai depender da
influência dos primeiros anos de vida. É instigar no aluno a capacidade de aprender. Katz se
coloca muito bem quando cita:
Estes resultados sugerem que a importante questão pedagógica não reside
apenas em como ensinar a ler melhor, mas quando e como ensinar isto, de
modo a que a criança não aprenda apenas a ler, mas tenha a predisposição ao
longo da vida de ser um leitor. (Katz, 2006, p. 17).
Então, o que for trabalhado no início será observado e/ou percebido no decorrer da
vida escolar do aluno.
Um ponto importante é sobre a importância do professor perceber se a criança é
sociável ou não para ajudá-la em seu desenvolvimento logo de início. (Katz, 2006, p. 19):
“Sabemos muito de como ajudar crianças envolvidas num ciclo negativo. Mas, sabemos
também que temos de ajudá-las precocemente, uma criança de três anos de idade – pode ser
ajudada numa questão de semanas”.
No ínterim, fica claro que espaço, recursos, profissional qualificado, bons salários não
são a saída para ajudar no desenvolvimento das crianças. Envolve muito mais que isso,
envolve atenção, afeto, pensar no que há de melhor para o seu desenvolvimento. É incitar o
cognitivo através da predisposição desenvolvendo a linguagem oral e escrita. Tornando-as
participativas e ativas em conhecimento. No entanto, (Katz, 2006, p. 21) respalda sobre os
professores: “[...] resistam à tentação de gastar a vossa energia na culpabilização das
condições de trabalho, dos políticos, da administração, dos pais, ou de qualquer outro motivo.
Guardem a vossa energia para as vossas relações diárias com as crianças”. Enfim, é
necessário que os profissionais da educação estejam comprometidos dispondo de tempo e de
recursos, pois, o ensino deve potencializar a aprendizagem.
No item que segue veremos como o professor pode despertar no aluno a motivação
para que esta criança tenha a autonomia durante o processo da aprendizagem da LE.
30
MOTIVAÇÃO E AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM DO ENSINO DA 5
LÍNGUA ESTRANGEIRA
O termo motivação vem sendo investigada pelos psicólogos desde o final do século
XIX. E para compreender esse tema necessita adentrar-se no comportamento humano. O
estudo da motivação seria observar o comportamento do sujeito, indagando cada um as razões
do agir e partindo da análise introspectiva, ou seja, em observância dos conteúdos de seus
próprios estados mentais, tomando consciência deles. Rosa (2003).
Fiamenghi que teve como pressupostos teóricos Freud e Darwin. Darwin em discussão
se preocupava com a comunicação resultando com o interesse nas fontes motivacionais da
emoção. Em suma, ele relaciona o estado da emoção colocando como forma de comunicação
entre o sujeito e o estado emocional em que este se encontra. Já Freud através de sua
psicanálise coloca que o homem é um ser ativo e que sua conduta condiz com suas emoções
como impulsos biológicos instintivos por ele denominados. E que as relações com o ambiente
contribuem muito para a aprendizagem denominando o superego. Fiamenghi (2001).
Os temas da psicologia são considerados sob o prisma da motivação. Pois, toda a
atividade humana é motivada desde se vestir a ir para a escola. No que concerne, os fatores
cognitivos e emocionais motivam o comportamento humano e a criança reage aos fatores
sociais como aos professores, colegas e âmbito escolar em si. E são fatores que tem efeitos
positivos do comportamento humano, é um comportamento motivado onde acontece a
estimulação para lograr objetivos. É pela racionalidade que a criança e seus desejos
conscientes envolve o pensamento e o sentimento dela resultando a vontade de aprender.
(Fiamenghi, 2001, p. 42): ”O homem é um ser racional, tem desejos conscientes e usa suas
capacidades para satisfazê-los”.
Fiamengui (2001) aborda sobre o impulso15
que é interno incitando a ação com a
colaboração do ambiente motivando a criança a agir para aprender, mas, o impulso é
aprendido e surge com a aprendizagem. O impulso leva a progredir, a curiosidade, a ter
conhecimento, a compreender, a estudar e a aprender uma LE.
15 O conceito mais predominante no campo atual da motivação é o impulso. Esse conceito foi
apresentado em 1918 por Robert S. Woodworth para descrever a “energia” que impele um organismo
à ação, em contraste com os hábitos que orientam o comportamento numa direção ou noutra. (Murray,
1978, p. 18).
31
(Fiamenghi, 2001, p. 62): “A motivação para melhorar o desempenho pode ser
definida como um impulso para atingir e melhorar as próprias habilidades.
A força motivacional permite a auto atualização, a realização do potencial do
indivíduo nos aspectos intelectuais e criativos. É indicada pelo o que quer alcançar e o
objetivo alcançado. (Fiamenghi, 2001, p. 57): “A direção do processo motivacional, portanto,
só é identificada mais claramente quando o objetivo for atingido”.
Estudos mostram que as crianças em idade escolar devem ser instigadas a motivação
para melhor desempenho prevendo as habilidades cognitivas relacionando essa motivação
para a aquisição. O professor deve dá um impulsionamento às crianças em relação a elas
trabalharem sozinhas, explorando e aprendendo a LE de forma prazerosa, independente e com
autonomia. (Murray, 1978, p. 11): “Os usos que uma pessoa der às suas capacidades humanas
dependem da sua motivação”.
No entanto, a motivação um processo de percepção, memória e raciocínio. As
capacidades físicas e cognitivas, a situação ambiente em que se encontra são fatores que
influenciam a motivação levando a aprendizagem da LE. Murray (1978).
O impulso é um processo interno que instiga a pessoa à ação. Mas, para que aconteça
ele pode ser instigado pelo ambiente externo. A criança pode ser impulsionada à motivação
dentro de sala de aula por uma variedade de fatores internos e externos, pois facilita a
aprendizagem da LE que é recompensa em resultado da motivação.
A motivação é um dos fatores que determina o modo de como a criança se comporta
em relação a aprendizagem, desempenho, percepção, atenção, pensamento, criatividade e
sentimento.
Mesmo se tratando de ensinar a crianças a motivação é de suma importância para que
elas participem em relação ao assunto a ser trabalhado. Por isso, a importância de instigá-las e
parabenizá-las pela participação dentro de sala de aula.
Antes mesmo de a criança entrar na escola os pais tem por obrigação motivá-la para a
aprendizagem. No que concerne, o ambiente escolar propicia a motivação levando a
autonomia e consequentemente alcançando a aprendizagem da criança de forma significativa.
Pois, a tarefa do professor é ensinar e despertar a motivação na criança para facilitar o ensino
32
e o professor como mediador deve utilizar estratégias, além do livro didático para instigar tal
motivação.
A motivação desenvolve a autoestima e para que isto ocorra o educador deve
organizar o ensino, aceitar a participação da criança valorizando suas ideias, elogiar e
comentar positivamente sobre as atividades realizadas. A aplicação de atividades coletivas
instiga a socialização. (Rosa, 2001, p. 187): “Outras formas de estimular o aluno se referem a
características associadas à sua sociabilidade. Atividades cooperativas como as existentes em
um trabalho de grupo”. Cabe ao professor usar de criatividade estrategicamente para motivar
favorecendo a aprendizagem da LE.
No entanto, para uma real motivação esta deve partir de dentro para fora da criança
partindo do desejo de si mesmo, ter vontade juntamente com a colaboração do meio exterior
utilizado pelos professores. (Habitzreiter, 2013, p. 36): “[...] o papel do professor no
planejamento de sua prática docente resume-se a pensar em alternativas para chamar a
atenção para a relevância de um determinado conteúdo, já que a motivação é intrínseca a cada
sujeito”.
Nessa intervenção existem dois tipos de motivações para a integração de novos
conhecimentos a descrever: a primeira é a motivação intrínseca depende de centros cerebrais
estimulados através dos órgãos sensoriais. Parte da criança através de sua iniciativa e
interesse, ou seja, parte da própria vontade, se centrando na aprendizagem, na busca para
alcançar objetivos.
E a segunda é a motivação extrínseca que provém do meio exterior. Ou seja, o docente
deve internalizar esse desejo de aprender na criança, por meios externos aplicando métodos
para o processo de ensino e aprendizagem. É a realização de atividades dentro e fora da sala.
A realização da atividade vem com o objetivo de recompensa. Ao mesmo tempo em que está
sendo desempenhada pode ser considerada intrinsecamente motivada. (Murray, 1978, p. 119):
“[...] a recompensa é extrínseca à atividade. A atividade é desempenhada a fim de obter uma
recompensa [...] e ainda podendo ser intrinsecamente compensadora”.
A motivação determina e estimula a criança a ter iniciativa definindo objetivos e
persistindo na tentativa de alcançá-los. Porém, o professor deve observar antes o
comportamento da criança supervisionando e acompanhando. Vale salientar, que a motivação
33
é um ponto de partida e a criança precisa estar motivada para que haja um direcionamento de
aprendizagem por parte do educador. Pois, a motivação impulsiona a criança a aprender uma
nova língua.
De forma geral a motivação facilita o ensino aprendizagem. O Educador deve ser um
mediador no processo de desenvolvimento, dos pensamentos e das habilidades. Instigando a
competência das crianças criando um ambiente motivador e de interação em sala de aula
resultando em interesse, participação, entusiasmo, satisfação, disposição, cooperação,
percepção, estímulo e a reciprocidade.
A sala de aula deve ser um âmbito positivo e comunicativo, o professor não pode
deixar que a desmotivação prevaleça em sala. Para que as crianças não tenham pensamentos
pessimistas e fiquem desanimadas limitando a capacidade, diminuindo a produtividade e o
fluxo da criatividade e acima de tudo a força de vontade de aprender. O Educador percebendo
tal situação pode tomar a iniciativa em ajudar a criança a vencer a desmotivação.
E para que a desmotivação não ocorra o professor pode planejar aplicando diversas
atividades através dos métodos de ensino de forma inovadora e lúdica e estimulando a criança
a ser participativa. Masetto complementa:
[...] os meios de que o professor se utiliza para facilitar a aprendizagem, ou
seja, para que os objetivos daquela aula, daquele conjunto de aulas ou de
todo curso sejam alcançados pelos seus participantes. Esses meios incluem
as técnicas de ensino, a dinâmica de grupo e outros diferentes recursos
(audiovisuais, físicos, humanos, da informática e da telemática, etc). Por
vezes, tais recursos são chamados de métodos didáticos, técnicas
pedagógicas ou metodologias de sala de aula. (MASETTO, 1997, p. 95).
Assim, a didática impulsiona os profissionais da educação a serem competentes e
lançar estratégias fazendo com que as crianças se interessem em aprender outra língua os
motivando para estudar, despertando e mantendo a atenção deles.
Dessa forma, as atividades lúdicas contribuem para a comunicação sendo capaz de
cativar a atenção e fazendo aprender em cooperação. Sendo assim as crianças evoluem na
ação impulsiva com a ajuda do professor assegurando uma motivação continuada. Conforme
(Niza, 2011, p.80): “O que importa não esquecer é como uma parte significativa da evolução
das crianças se realiza pela atividade lúdica a partir de uma fixação predominante nos objetos
e na ação impulsiva, orientando-se, progressivamente, para a significação”.
34
O ensino da LE para com as crianças envolve desde como é organizado a sala de aula
até a aplicação dessas atividades. Pois, as crianças têm imaginação, energia e entusiasmo, são
instáveis e perdem o interesse rápido. Desta forma o professor deve proporcionar atividades
breves passando somente aquilo que a criança consegue aprender mesmo que haja
necessidade de repetir os conteúdos para que elas não percam a motivação em aprender.
(Pires, 2001, p. 54): “Crianças tem imaginação, energia e entusiasmo. Fazem barulho são
emocionalmente instáveis e perdem o interesse rapidamente. O professor deve proporcionar
atividades curtas e variadas, sem perder de vista a necessidade de repetir os conteúdos
ensinados e de manter uma rotina diária”.
Em contrapartida, na proporção que o professor demonstrar entusiasmo passando para
os alunos o interesse de ensinar, ele/a está demonstrando a motivação de ensinar
impulsionando a criança a aprender uma nova língua, e abrindo espaço para a autonomia e
liberdade para as crianças no que se refere à aprendizagem da LE. Ou seja, os instiga um
desejo de independência, assumindo o poder e liberdade agindo por si próprio mesmo na tenra
infância.
Sendo assim, o professor que age com autonomia em pesquisar, buscar e ensinar o
pensar certo leva a criança a ter mais interesse em buscar, estudar, realizando as atividades
propostas, incitando a criatividade e curiosidade resultando na sua aprendizagem. Paulo Freire
aborda na pedagogia da autonomia que a autonomia do educando criança leva a curiosidade e
a inquietude e o educador deve respeitar essa autonomia possibilitando e propondo liberdade
da criança no processo de sua aprendizagem. (Freire, 2002, p. 67): “Saber que devo respeito à
autonomia e à identidade do educando exige de mim uma prática em tudo coerente com este
saber”.
A autonomia vai constituindo na experiência das decisões que vão sendo tomadas. Na
proporção que o professor possibilita à liberdade a criança vai amadurecendo a cada dia.
Freire aponta:
A autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a
ser. Não ocorre em data marcada. É neste sentido que uma pedagogia da
autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e
da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade.
(FREIRE, 2002, p. 121).
35
Em suma, aprender uma língua estrangeira leva ao desenvolvimento das potencialidades
individuais e sociais e isso deve ser feito com coletividade o que implica no estímulo à
autonomia da criança.
36
CONSIDERAÇÕES FINAIS 6
A partir das observações apresentadas neste artigo, acredita-se que, ao ter contato com
a língua estrangeira nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, o aluno seja capaz de utilizar
o conhecimento construído como base nas interações para melhor desempenho quando estiver
nos anos finais do ensino fundamental, bem como contribuir para a consolidação de sua
aprendizagem nas etapas seguintes.
A aquisição de uma LE pode parecer um fenômeno complexo em relação às
habilidades próprias do ser humano. Porém, entendemos que a criança, nos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental I, tem a capacidade de aprender uma LE e, para isso, estão envolvidos
muitos fatores, tais como, psicológicos e sociais. Portanto, métodos de ensino para que a
aprendizagem da LE foram desenvolvidos, tornando essa possível e de fácil acesso. No
decorrer de décadas, vários métodos foram reformulados sob uma perspectiva de ensinar outra
língua de forma motivadora quando as crianças ingressam à escola.
Primeiro surgiu o método gramática e tradução que veio com o objetivo da prática de
exercícios orais, a repetição e sem a interferência da L1. Em seguida o método direto com a
meta de aprender a língua oral diretamente, também trabalhando a repetição e sem
interferência da L1. O método audiolingual veio em seguida objetivando a adquirir
vocabulário com a prática oral de exercícios com a utilização de imagens e diálogos e sem
interferência da L1. O método audiovisual surge para a aprendizagem da língua oralmente
com prática de exercícios orais com imagens e sem diálogos e como os métodos anteriores
sem interferência da L1. E por último o método comunicativo com o propósito de aprender a
língua estudada oralmente praticando assuntos do cotidiano e com interferência da L1 quando
necessário.
Desta forma, o ambiente escolar é de suma importância para que essa motivação da
criança aconteça, e sua aprendizagem seja alcançada. Porém, os educadores também
necessitam estar motivados e pensar como desenvolver nos seus alunos a qualidade de
estarem também motivados para aprender com autonomia através dos métodos de ensino.
Para que não ocorra a desmotivação da criança o professor deve planejar e criar
atividades novas e significativas. Pois, através de estratégias a criança forma conceitos,
estabelece relações sociais, estimula seu raciocínio, fica mais motivado, aprende, melhora seu
37
desempenho, tornando-se mais ativo na sala. Porém, o professor deve observar a participação
de cada um na sala de aula, porque cada criança aprende de forma distinta. Masetto (1997, p.
37) nos diz que, “na aula ocorre também a seleção de estratégias que favorecem a participação
do aluno no processo de aprendizagem e a criatividade”.
Conclui-se, que o educador deve ser criativo principalmente com as atividades para
alcançar seus objetivos, para que a aprendizagem se torne agradável às crianças no ambiente
formal que é a escola. Já que, onde há motivação, há interesse, rendimento e aprendizagem
por parte das crianças.
38
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