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O PROCESSO DE HABILITAÇÃO À CELEBRAÇÃO E O REGISTRO DO CASAMENTO 1 THE CELEBRATION QUALIFICATION PROCESS AND MARRIAGE REGISTRATION Jonas Almeida Melo 2 Thaís Sousa Rodrigues 3 Marcos Nunes Silva Verneck 4 RESUMO O referido artigo tem por finalidade analisar o instituto do casamento a luz do direito de família, bem como trazer uma abordagem ampla quanto à temática escolhida fazendo uma relação entre os costumes da sociedade desde os primórdios e a devida legislação regulamentadora no âmbito matrimonial atualmente. Descrevendo de forma detalhada, cada fase deste instituto bem como os impedimentos e suspensões do casamento visto que é um assunto muito relevante para quem deseja oficializar uma união. Os objetivos gerais do respectivo tema se dão para a exemplificação do processo de habilitação para a realização do casamento, bem como seu registro observando de modo significativo às mudanças da legislação bem como a evolução da sociedade. Faz-se por grande importância que todo o conteúdo abordado trará um amplo conhecimento para os nubentes e interessados. Palavras Chave: Família. Casamento. Direito Civil. Habilitação. Registro. ABSTRACT The purpose of this article is to analyze the marriage institute in the light of family law, as well as to bring a broad approach to the theme chosen, making a relationship between the customs of society since the beginning and the proper regulatory legislation in the matrimonial sphere today. Describing in detail, each phase of this institute as well as the impediments and suspensions of the marriage since it is a very relevant subject for those who want to make a union official. The general objectives of the respective theme are given to exemplify the qualification process for the wedding, as well as its registration, observing significantly the changes in the legislation as well as the evolution of society. It is of great importance that all the content covered will bring ample knowledge to the engaged and interested. KEYWORDS: Family. Marriage. Civil right. Qualification. Record. 1 Artigo apresentado no curso de graduação em Direito pelo Centro Universitário São Lucas como Pré-requisito para conclusão do curso, sob orientação do professor Especialista Marcos Nunes Silva Verneck. 2 MELO, Jonas Almeida. Discente do Curso de Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Lucas, 2020. E-mail: [email protected]. 3 RODRIGUES, Thaís Sousa. Discente do Curso de Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Lucas, 2020. E-mail: [email protected]. 4 Prof. Marcos Nunes Silva Verneck, do Curso de Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Lucas, 2020. E- mail:[email protected].

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O PROCESSO DE HABILITAÇÃO À CELEBRAÇÃO E O REGISTRO DO

CASAMENTO1

THE CELEBRATION QUALIFICATION PROCESS AND MARRIAGE

REGISTRATION

Jonas Almeida Melo2

Thaís Sousa Rodrigues3

Marcos Nunes Silva Verneck4

RESUMO O referido artigo tem por finalidade analisar o instituto do casamento a luz do direito de família, bem como trazer uma abordagem ampla quanto à temática escolhida fazendo uma relação entre os costumes da sociedade desde os primórdios e a devida legislação regulamentadora no âmbito matrimonial atualmente. Descrevendo de forma detalhada, cada fase deste instituto bem como os impedimentos e suspensões do casamento visto que é um assunto muito relevante para quem deseja oficializar uma união. Os objetivos gerais do respectivo tema se dão para a exemplificação do processo de habilitação para a realização do casamento, bem como seu registro observando de modo significativo às mudanças da legislação bem como a evolução da sociedade. Faz-se por grande importância que todo o conteúdo abordado trará um amplo conhecimento para os nubentes e interessados.

Palavras Chave: Família. Casamento. Direito Civil. Habilitação. Registro.

ABSTRACT The purpose of this article is to analyze the marriage institute in the light of family law, as well as to bring a broad approach to the theme chosen, making a relationship between the customs of society since the beginning and the proper regulatory legislation in the matrimonial sphere today. Describing in detail, each phase of this institute as well as the impediments and suspensions of the marriage since it is a very relevant subject for those who want to make a union official. The general objectives of the respective theme are given to exemplify the qualification process for the wedding, as well as its registration, observing significantly the changes in the legislation as well as the evolution of society. It is of great importance that all the content covered will bring ample knowledge to the engaged and interested.

KEYWORDS: Family. Marriage. Civil right. Qualification. Record.

1 Artigo apresentado no curso de graduação em Direito pelo Centro Universitário São Lucas como Pré-requisito para conclusão

do curso, sob orientação do professor Especialista Marcos Nunes Silva Verneck. 2 MELO, Jonas Almeida. Discente do Curso de Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Lucas, 2020. E-mail:

[email protected]. 3 RODRIGUES, Thaís Sousa. Discente do Curso de Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Lucas, 2020. E-mail:

[email protected]. 4 Prof. Marcos Nunes Silva Verneck, do Curso de Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Lucas, 2020. E-

mail:[email protected].

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INTRODUÇÃO

O presente artigo possui o intuito de analisar o instituto do casamento no

âmbito do direito de família, bem como ligado ao atual Código Civil de 2002 em que

regula esse instituto perante o ordenamento jurídico brasileiro.

O casamento é um dos costumes humanos mais arcaicos já semeados pelo

mundo ele cria o chamado estado matrimonial, no qual o noivo e a noiva juntam-se

por interesse próprio, oficializando este por meio do consentimento estatal.

Costumeiramente sempre foi reconhecido que a família nasce no momento em que

ocorre a celebração do casamento, que protege direito e requer obrigações a serem

cumpridas no âmbito pessoal e matrimonial.

Analisando o entendimento da doutrina, jurisprudência e do arcabouço

normativo pertinente, volta-se o estudo a apurar devidamente desde o processo de

habilitação do matrimônio até o seu registro bem como sua apreciação com a devida

certidão de casamento tornando os nubentes oficialmente consortes.

Importante enfatizar ainda que se busque o entendimento do instituto do

casamento desde o início da formação das primeiras sociedades bem como a

formação de uniões e, por conseguinte a elaboração da família que tem como ânimo

a procriação.

Destaque-se, por fim, que o tema tem um amplo entendimento assim

concorre para a análise de diversos acórdãos e recursos especiais juntamente com

a legislação, para ter um estudo mais minucioso sobre o tema abordado, buscando

ampliar o conhecimento. Visto que além da legislação os entendimentos dos

tribunais superiores são essenciais para melhor interpretação da lei, inclusive há

alguns que são casos práticos que se tem uma visão mais satisfatória de como a

justiça opera em algumas situações.

1.0 ORIGEM DA FAMÍLIA

O termo “família” surgiu da língua latina, vem de famulus que significa

“escravo/servidor doméstico”, esse vocábulo foi empregado nos períodos da Roma

antiga e amparava para definir um grupo que era subordinado a escravidão agrícola.

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A compatibilidade de compromissos entre indivíduos que partem do nosso

conceito de família hoje se iguala há aproximadamente 4600 anos atrás conforme

dados de pesquisadores que destrincharam durante uma pesquisa quatro corpos

como sendo uma mãe, um pai, e dois filhos respectivamente.

O acasalamento incessantemente existiu no meio dos seres vivos seja em

consequência de pressentimento de conservação da espécie, seja pelo

aborrecimento que todo ser humano tem à solicitude.

A família é capaz de ser a singularidade coletiva mais arcaica do ser humano,

a qual, documentadamente, mesmo antes do homem se estabelecer em coletividade

sedentária, fundava-se em um grupo de pessoas associadas a partir de uma

ascendência comum ou atravessadamente pelo matrimônio.

Todos os integrantes da família reconheciam obrigações morais entre si sob a

orientação do avelhantado habitual, conhecido como patriarca comumente da

linhagem masculina, atributo da analogia a entidade social, agrupando-se em um

mesmo conjunto de pessoas, todos os seus membros os quais partilhavam uma

concordância cultural e patrimonial. Essas indispensáveis entidades familiares

ligadas por vínculos sanguíneos de parentesco foram nomeados de clãs.

Com o desenvolvimento territorial e populacional desses clãs que alcançaram

milhares de componentes essas corporações familiares começaram a se unir,

fundando as indispensáveis tribos, coletividade social composta de corporações de

coletividade de descendentes.

Desse modo, a estruturação primitiva das famílias, iniciada basicamente

somente nas relações de parentesco sanguíneo deu procedência às primeiras

sociedades humanas fundadas.

Com o engrandecimento de sociedades mais profundas, na qual as raízes

sanguíneas ficavam cada vez mais dissolvidas entre a população, obtém

notoriedade no Direito da Roma Antiga o termo família natural, composta por um

casal e seus filhos.

No dizer de Giselda Hironaka:

Não importa a posição em que o individuo ocupa na família, ou qual a espécie de agrupamento familiar a que ele pertence o que importa è pertencer ao seu âmago, é estar naquele idealizado lugar onde è possível integrar sentimentos, esperanças, valores e se sentir, por isso, a caminho da realização de seu projeto de felicidade. (HIRONAKA,1999).

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A família tinha uma elaboração ampla, verdadeira agremiação rural, composta

pelo máximo de parentes, compondo unidade de elaboração, com amplo ânimo a

procriação. Como era sociedade patrimonializada, seus integrantes configuravam

soberania de trabalho. O desenvolvimento da família possibilitava condições

superiores de continuidade a todos. A essência familiar possuía contorno

hierarquizado e patriarcal.

2.0 CASAMENTO: VISÃO HISTÓRICA

O casamento é um dos costumes humanos mais arcaicos e semeados pelo

mundo, mas é habitualmente ligada a figura do cristianismo e, mais especificamente,

à igreja católica.

A propósito Wald (2000, p. 39) leciona, “Até o advento da República, em

1889, só existia o casamento religioso. Ou seja, os não católicos não tinham acesso

ao matrimônio”.

As formas básicas de casamento a época eram visualizadas como

instrumentos de troca de interesses entre os indivíduos visto que com o casamento

buscavam a manutenção de familiaridade entre os agrupamentos sociais.

A exemplo às associações tribais anglo-saxãs. Até o século XI, os

casamentos existiam porque vinham de tradições familiares de casamentos

recomendados, ou seja, o famoso casamento arranjado pela linhagem dos noivos,

esses casamentos objetivavam conservar alianças ou prosseguimento do poder

aquisitivo familiar ao promover o matrimônio entre famílias com poder econômico

maior ou de proporção semelhante. Costumeiramente o pai da noiva dava um dote

ao noivo em forma de agrado por aceitar a sua filha como esposa.

Aduz o artigo 1514 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002, que dispõe “O

casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante

o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados”.

O casamento cria o chamado estado matrimonial, no qual o noivo e a noiva

juntam-se por interesse próprio, oficializando este por meio do consentimento

estatal. Tradicionalmente sempre foi reconhecido que a família nasce no momento

em que ocorre a celebração do casamento, que protege direito e requer obrigações

a serem cumpridas no âmbito pessoal e matrimonial.

Segundo Marco Túlio De Carvalho Rocha:

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No período mais antigo o casamento era formado pela conventio in manum, significando que a mulher; com o casamento, ficava “em mãos” (in manus) do pater familias: o marido ou seu ascendente mais distante pela linha masculina. O pater familias passava a ter total poder sobre ela, limitado apenas pelos costumes e pela religião. (ROCHA, 2001, p.42).

A noção de família era comprovada com a consagração do matrimônio

indestrutível, a família tinha liderança patriarcal em que a mulher estava subordinada

ao poder marital e as determinações legais demonstravam essa realidade, não

existia outro modelo de convivência admissível. O casamento a época em regra era

indissolúvel, a mulher não podia romper os laços conjugais. Na tentativa de manter a

família originária não se dissolviam os casamentos.

2.1 CASAMENTO: CAPACIDADE DOS NUBENTES

Aduz o artigo 1517caput, da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 que

dispõe “O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se

autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não

atingida à maioridade civil”.

O Código Penal expressamente informa que a maioridade é efetivada ao

atingir os 18 anos, e a partir dessa idade é permitido o casamento com a livre

escolha do respectivo regime de bens. Porém dos 16 até os 18 anos as pessoas são

relativamente incapazes conforme regramento jurídico.

A compatibilidade jurídica dos cônjuges pressente a realidade do direito e do

matrimônio monogâmico que é a forma de relacionamento entre dois indivíduos um

homem e uma mulher em que é vinculado a ambos que tenham somente um ao

outro enquanto perdurar o casamento, presumiu-se assim um relacionamento de

exclusividade ou amor exclusivo na visão sexual e emotiva. Esse regime

monogâmico é o regime adotado no art. 1517 do Código Civil.

Com o desenvolvimento da sociedade ao longo do tempo, houve divergências

com relação a alguns artigos do Código Civil que limitavam tão só as relações entre

homem e mulher como vinha expresso, com isso em busca da efetividade dos

princípios constitucionais que regem nosso ordenamento jurídico, sendo assim,

modelo para a sociedade foi decidido esse artigo não veda o casamento entre

pessoas do mesmo sexo. Essa decisão veio por meio da Quarta Turma do STJ por

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meio do Recurso Especial 1.183.378-RS, relatado pelo Ministro Luis Felipe Salomão

em 25.10.2011:

Os arts. 1.514,1. 517, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565, todos do Código Civil de 2002, não vedam expressamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e não há como se enxergar uma vedação implícita ao casamento homoafetivo sem afronta a caros princípios constitucionais, como o da igualdade, o da não discriminação, o da dignidade da pessoa humana e os do pluralismo e livre planejamento familiar.

O casamento entre indivíduos com deficiências leves, que pela lei são

considerados que possuem capacidade civil parcial, sendo assim os portadores de

Síndrome de Down ou Trissomia do cromossomo 21 são capazes de efetuarem o

matrimônio, com a condição de serem adequadamente assistidos para que ambos

pratiquem conjuntamente os atos da vida civil que desejam assegurando a isonomia

e a inclusão integral na essência do convívio da sociedade.

Aduzem ainda os artigos da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:

Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz. Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código.

Até a solenidade do matrimônio ocorrer pode surgir à invalidade da anuência,

por parte dos pais ou tutores do indivíduo que está sobre sua responsabilidade,

sendo essa anuência requisito indispensável para a celebração do casamento dos

menores. A legislação vigente não exige que a invalidade da anuência seja

fundamentada, porém infere-se que o representante responsabilizara-se pelos

danos resultantes se agir de má-fé ou sem motivo justificado e cabível sobre o

critério desse ato.

O juiz competente nesse caso o de registro público tem poderio para

providenciar o consentimento quando constantemente considerar que a não

aceitação do representante legal (pais ou tutores) não tem embasamento em motivo

justo e conveniente.

Em 13 de março de 2019, foi publicado no Diário Oficial da União a Lei

13.811/2019, que altera o artigo 1.520 do Código Civil. Em seu art. 1º, infere-se que

não haverá excepcionalidade para o casamento dos menores de 16 anos, ou seja, o

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indivíduo que não atingiu a idade núbil (16 anos) será proibido de celebrar a

solenidade do matrimônio.

Segundo pesquisa realizada de 2013 a 2015, pelo Promundo:

O Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em números absolutos de mulheres casadas até a idade de 15 anos, com 877 mil mulheres com idades entre 20 e 24 anos que se casaram até os 15 anos (11%). O levantamento também revelou que o Brasil é o quarto país em números absolutos de meninas casadas com idade inferior a 18 anos. De acordo com o Promundo, o casamento infantil “se apresenta de maneira naturalizada e em uniões informais, envolvendo, em geral, meninas na fase da infância/adolescência com homens adultos, em média 09 anos mais velhos, como uma alternativa da jovem frente a opções limitadas de vida”. (TAYLOR, 2015).

Apesar da legislação ser bem autoexplicativa que não poderá existir nenhum

casamento antes de atingir os 16 anos, existem as uniões estáveis que não são

devidamente oficializadas, ou seja, uniões informais em que esse “casamento”

proibido perdura na realidade fora do ordenamento jurídico brasileiro. Esse artigo,

porém trás induzimento desvantajoso, pois retira o direito dos adolescentes ao

serem proibidos de realizarem a solenidade do casamento, e mantendo uma união

informal perde o reconhecimento dos direitos que a união oficializada produz a

exemplo os direitos previdenciários, direitos sucessórios, o direito de obter benefício

financeiro do outro companheiro.

2.2 CASAMENTO: IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS

Percebe-se que o objetivo do nosso legislador foi evitar uniões que afetem a

prole, a ordem moral ou pública, por representarem um agravo ao direito dos

nubentes, ou aos interesses de terceiros. (DINIZ, 2013).

Conforme artigo 1.521 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:

CAPÍTULO III Dos Impedimentos Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.

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a) Consanguinidade art. 1.521, I:

Não podem casar ascendente com descendente ou qualquer grau de parentesco em linha reta, sendo ascendentes os nossos antecessores como os pais e os avós, e os descendentes são os nossos sucessores como os filhos e netos. A exemplo não pode existir uma celebração de casamento entre mãe e filho, ou entre avô e neta. Esse impedimento compreende também os filhos de mesma mãe e diversos pais ou de mesmo pai e diversas mães.

Indaga se é sempre necessário demonstrar o parentesco com a certidão de

registro civil e, se não houver essa prova livre, o casamento será incestuoso.

(DINIZ, 2013).

A vedação ao incesto perante a sociedade brasileira constitui apenas um

costume, não sendo regulamentado por lei a sua proibição, porém do ponto de vista

jurídico jamais será aceito uma união estável incestuosa, pois constituirá

futuramente uma instabilidade jurídica. Por mais que não seja considerada uma

conduta delituosa, a sua vedação tem fundamentos biológicos, pois em caso de

formar família e planejar ter filhos, estes podem vir ao mundo com alguma má

formação ou deficiência grave, e também fundamentos morais e éticos como as

relações de respeito aos ascendentes e descendentes. Além do mais incesto

constitui um tabu religioso e moral dentro da sociedade.

b) Afinidade art. 1.521, II:

Os afins em linha reta não podem casar, é afim o parentesco que obtemos

em consequência de uma união estável ou um casamento, traduzido assim pelos

parentes do cônjuge, que se tem o respeito pôr serem parentes somente por

consideração ou afinidades. A título de exemplo temos padastro e enteada,

madastra e enteado, sogra e genro, sogro e nora, que não podem constituir

casamento perante o âmbito jurídico.

Aduz o artigo 1.595 § 2° da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:

Art. 1595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.

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“Rompido o vínculo matrimonial, não deixa o sogro ou sogra, genro ou nora

de estarem ligados pelas relações de afinidade.” (PEREIRA, 2004). Assim os afins

em linha reta seguem o indivíduo, para o resto da vida, como causa de impedimento

matrimonial. Conclui-se que esse impedimento previsto no Código Civil, não é por

causas genéticas e sim por razões de moral e respeito dentro das relações

matrimoniais que refletem na sociedade.

Entende-se que mesmo que chegue a existir o rompimento do matrimônio ou

união estável entre os cônjuges, o parentesco afim em linha reta não se interrompe,

vai continuar sendo parente independentemente das circunstâncias de dissolução de

casamento. Entende-se que os afins em linha colateral ou transversal podem

celebrar matrimônio, pois não existe impedimento no ordenamento jurídico brasileiro

para eles, assim cunhado e cunhada podem celebrar casamento.

Em análise do art. 1.521, II do Código Civil, juntamente do Acórdão seguinte:

ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA 7a Câmara Cível Apelação nº 34470/2009 1ª Vara de Família da Regional do Méier Relator: Des. RICARDO COUTO DE CASTRO Data: 26/08/2009 FAMÍLIA. IMPEDIMENTO LEGAL. UNIÃO ESTÁVEL. I-A permanência do vínculo por afinidade entre sogro e nora é causa de impedimento ao casamento e, por conseguinte, de reconhecimento da união estável entre ambos. II- A chancela da união estável entre sogro e nora acabaria por violar, indiretamente, o impedimento posto pelo legislador, por influência ética e religiosa. III- Desestímulo feito às cobiças entre parentes, como forma de pacificação familiar. Recurso conhecido e desprovido. ACORDAM os Desembargadores que integram a 7º Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em conhecer e negar provimento ao recurso.

Conclui-se que da observância do acórdão, fica entendido que apesar do

casamento entre o filho e a nora ter sido extinto, o sogro continuará a ter parentesco

afim com a nora. Por conta desse parentesco afim ambos não poderão manter um

casamento por serem impedidos pela legislação, e muito menos terão a chancela de

uma união estável entre eles pelo ordenamento jurídico brasileiro. O entendimento

do Des. Ricardo Couto, se fundamenta no respeito à ética e a religiosidade,

desestimulado as cobiças e possíveis relacionamentos entre parentes.

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c) Cônjuge do adotante ou do adotado, art. 1521, III:

O texto é redundante, pois o cônjuge do adotante tem vínculo de afinidade na

linha reta com o adotado, do mesmo modo que o cônjuge do adotado em relação ao

adotante. Portanto, as hipóteses referidas no inciso III encontram-se inteiramente

abrangidas na previsão do inciso II do art. 1.521. O dispositivo resultou de indevida

reprodução do texto do Código Civil de 1916. (ROCHA, 2015).

Em análise ao art. 1.521, III do Código Civil, juntamente do Acórdão seguinte:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL Apelação nº 2007.001.23244 Relator: DES. CARLOS EDUARDO MOREIRA DA SILVA Civil. Família. Adoção. Adotanda Maior de Idade. Parentesco por Afinidade. A relação de união estável vivida pelo Adotante com a avó da Adotanda faz com que estes sejam parentes por afinidade na condição de avô e neta afins, o que impossibilita a adoção. Aplica-se ao caso, simultaneamente, o Código Civil e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Desprovimento do recurso. “Assim sendo, tem-se que a relação de parentesco por afinidade atinge os parentes daqueles que vivem em união estável,portanto, o Autor tem relação de parentesco por afinidade em linha reta com a adotanda, relação esta que não se extinguirá nem mesmo com o fim da união entre o Autor e a avó da adotanda”. ACÓRDAM os Desembargadores da Décima Nona Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.

d) Colaterais até o terceiro grau, art. 1521, IV:

Conforme enunciado número 98 da I Jornada de Direito Civil que descreve “O

inc. IV do art. 1.521 do novo Código Civil deve ser interpretado à luz do Decreto-lei

n. 3.200/41, no que se refere à possibilidade de casamento entre colaterais de 3º

grau.”

Conforme Decreto- Lei Nº 3.200, de 19 de abril de 1941, dispõe sobre a

organização e proteção da família:

CAPÍTULO I Do Casamento de Colaterais do Terceiro Grau Art. 1º O casamento de colaterais, legítimos ou ilegítimos do terceiro grau, é permitido nos termos do presente decreto-lei. Art. 2º Os colaterais do terceiro grau, que pretendam casar-se, ou seus representantes legais, se forem menores, requererão ao juiz competente para a habilitação que nomeie dois médicos de reconhecida capacidade, isentos de suspensão, para examiná-los e atestar-lhes a sanidade,

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afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole, na realização do matrimônio.

Apesar de ser proibido o matrimônio entre parentes até o terceiro grau,

pelo art. 1.521, inciso IV do Código Civil o DL 3200/1941 em seu art. 1º e 2º

revertem essa situação, tornando admissível a sua execução por intermédio de

autorização de autoridade judiciária competente. Além do mais regula todo o

processo para a efetivação do casamento, desde o processo de habilitação até o

efetivo registro do casamento. Em regra deve ser nomeado um médico para atestar

a sanidade mental, e a saúde dos nubentes e concluir que não há inconveniente

para a realização do casamento. Importante salientar que o médico após exame

pode elaborar declaração da possibilidade ou da irrestrita inconveniência para o

casamento a depender do resultado do exame.

São considerados irmãos unilaterais os filhos de mesmo pai e mãe, já os

bilaterais são os filhos de mesmo pai ou mesma mãe.

e) O adotado com o filho do adotante, art. 1521, V:

Conforme art. 227, § 6º, da Constituição Federal de 1988, dispõe sobre “Os

filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos

direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à

filiação”.

De acordo com o ECA - Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990 em seu art. 41

descreve sobre “A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos

direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais

e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais”.

Entende-se que o adotado é considerado pela Constituição Federal, como um

filho equiparado ao filho biológico, ou seja, um filho natural. Tendo assim os mesmos

direitos e deveres que são resguardados ao filho natural. E se por assim for

entendido o adotado tem impedimentos matrimoniais, não podendo celebrar

casamento com o filho do adotante, fica subentendido que os irmãos não podem

casar.

f) Pessoas casadas, art. 1521, VI:

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Em análise ao art. 235 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940

atual Código Penal.

TÍTULO VII DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO Bigamia Art. 235 – Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena – reclusão, de dois a seis anos. § 1º – Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. § 2º – Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.

Entende-se que além de ser um impedimento previsto no âmbito civil, tal

impedimento constitui crime no âmbito penal com pena de reclusão, de dois a seis

anos. O crime se fundamenta em contrair, ou seja, formalizar o casamento no

cartório quando já se é casado, só poderá casar novamente quando cessado o

vínculo matrimonial anterior.

A bigamia no Brasil é crime, pois a cultura do país só aceita o casamento

monogâmico, assim a bigamia constitui crime de ação penal pública incondicionada.

Porém existe entendimento doutrinário que a união estável não será relevante para

o crime de bigamia, pois é uma união informal, ou seja, não é oficializada. Assim se

uma pessoa é casada oficialmente, e tem uma união estável com outra pessoa, essa

ação não constitui crime de bigamia, visto que nesse caso existe uma união

oficializada e outra não, e para constituir o crime de bigamia teria que oficializar as

duas uniões no cartório cumprindo todas as formalidades exigidas na legislação.

Em análise do art. 1.521 VI, juntamente com o seguinte recurso especial:

DIREITO CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. EMBARGOS INFRINGENTES. APELAÇÃO CÍVEL REFORMADA POR MAIORIA. UNIÃO ESTÁVEL DE PESSOA CASADA. IMPEDIMENTOS DO CÓDIGO CIVIL. INAPLICABILIDADE DA TEORIA DA UNIÃO ESTÁVEL PUTATIVA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE BOA FÉ. EMBARGOS INFRINGENTES PROVIDOS. 1. Cuida-se de embargos infringentes opostos contra acórdão proferido pela 1ª Turma Cível deste Tribunal, na vigência do Código de Processo Civil de 1973, que deu provimento a apelação interposta nos autos da ação de reconhecimento de união estável "post mortem". 1.1. O apelo foi provido, por maioria, mediante reforma da sentença, para reconhecer a união estável entre autora e falecido, concluindo que a companheira ignorava o fato de que o 'de cujus' mantinha duas famílias concomitantemente.

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2. Não é possível o reconhecimento de união estável quando há provas de que a companheira tinha conhecimento de que o falecido ainda se encontrava casado e coabitando com a esposa, enquanto convivia com a recorrente. 3. A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos para o casamento, previstos no art. 1.521 do Código Civil, sendo um destes impedimentos o fato de a pessoa já ser casada, não estando separada de fato ou judicialmente. 4. Admitir a existência de união estável quando um dos conviventes mantinha, ao mesmo tempo, um casamento anterior, sem que tenha se separado de fato ou judicialmente, é viabilizar, por via transversa, a existência de bigamia, o que é uma conduta penalmente repreendida na legislação vigente (art. 235 do Código Penal). 5. Na hipótese, há uma simples "união livre" ou "concubinato impuro",na qual a embargada tinha conhecimento da situação de casado do falecido. 6. O Superior Tribunal de Justiça entende que "Não há como ser conferido status de união estável a relação concubinária concomitante a casamento válido" - REsp 931.155/RS, 3ª Turma, Min. Nancy Andrighi, DJ de 20/8/2007; EDcl no Ag 830.525/RS, Rel. Ministro Carlos Fernando Mathias (Juiz Federal Convocado Do TRF 1ª Região), Quarta Turma, DJe 06/10/2008. 7. Embargos infringentes providos. (TJ-DF 20130110942360 - Segredo de Justiça 0024997-76.2013.8.07.0016, Relator: MARIO-ZAM BELMIRO, Data de Julgamento: 04/12/2017, 2ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 23/01/2018 . Pág.: 182-183)

Conclui-se que apesar da companheira que manteve união estável com o de

cujus, ignorar a existência de seu casamento e aceitar que ele tivesse duas famílias

ao mesmo tempo. Após o falecimento dele, não poderá a companheira de união

estável pedir perante a justiça o reconhecimento de união estável do casal, visto que

existe impedimento já que a relação para a sociedade é classificada como

concubinato impuro e a mulher tinha conhecimento da situação de casado do

falecido. Para o reconhecimento de união estável perante a justiça não pode existir

impedimentos matrimoniais que se reflete no art. 1.521 inciso III.

Pelo entendimento do Superior Tribunal de Justiça "Não há como ser

conferido status de união estável a relação concubinária concomitante a casamento

válido".

g) O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de

homicídio contra o seu consorte, art. 1521, VII:

Esse caso de homicídio consumado seria classificado como homicídio doloso,

quando uma pessoa mata a outra intencionalmente. Podendo ser com dolo direto

quando a pessoa deseja matar a outra, nesse caso seria matar um dos cônjuges

para casar com o cônjuge sobrevivente. Ou podendo ser com dolo indireto quando a

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pessoa não tem o desejo de matar, mas é responsável por organizar evento que

cause a morte de alguém por consequência, nesse caso seria alguma possível

emboscada, por exemplo, que mate um dos cônjuges, e por acaso tentar casar-se

futuramente ou por coincidência com o cônjuge sobrevivente.

Havendo a prescrição do crime ou reabilitação do condenado o impedimento

continuará a existir é o chamado impedimento de crime traçado, esse impedimento

somente incide após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Observe-se que esse impedimento não se aplica no caso de homicídio culposo.

Pelo que preconiza o art. 1521, VII, não podem se casar aquele que foi

condenado por homicídio doloso, sendo este o autor, tanto intelectual como

material, com a viúva do de cujus (VENOSA 2011).

Conforme o artigo 1.522 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.

Conforme a Lei 6.015/1973, art. 67 § 5º:

Art. 67. § 5º Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará ciência do fato aos nubentes, para que indiquem em três (3) dias prova que pretendam produzir, e remeterá os autos a juízo; produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de dez (10) dias, com ciência do Ministério Público, e ouvido os interessados e o órgão do Ministério Público em cinco (5) dias, decidirá o Juiz em igual prazo.

Assim se conclui com a análise dos referidos artigos, que os impedimentos

elencados no art. 1.521 caput e seus incisos, devem ser opostos por pessoa capaz

até o instante da celebração do matrimônio, ou quando o celebrante da solenidade

perguntar. Entende-se ainda que se for realizada a celebração do casamento

mesmo com impedimento este será nulo, permitindo o ajuizamento pelo Ministério

Público ou qualquer outro interessado para comunicar sobre o impedimento perante

a justiça.

A pessoa que declarar impedimento à realização do casamento deverá

constituir prova de sua declaração demonstrando que é de boa-fé, essa declaração

deve ser escrita e assinada pelo oponente, ou seja, conclui-se que não poderá o

oponente ser anônimo.

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Impedimentos opostos por má-fé dão margem à possibilidade de os

responsáveis serem acionados por perdas e danos, que no caso serão fortemente

de índole moral como expressamente permite a atual Constituição (VENOSA 2011).

Consonante com a seguinte Apelação Cível e o art. 1522 do Código Civil:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO OITAVA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº 0012341-14.2011.8.19.0052 APELANTE: EDNA DE MOURA MARTINS APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO RELATOR: DES. CEZAR AUGUSTO RODRIGUES COSTA APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CASAMENTO. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. AÇÃO IMPRESCRITÍVEL. MATRIMÔNIO DE ENTEADA COM PADRASTO. PARENTESCO POR AFINIDADE. CÓDIGO CIVIL DE 1916. IMPEDIMENTO DIRIMENTE ABSOLUTO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. IMPOSSIBILIDADE DE CONVALESCIMENTO OU SANATÓRIA. AUSÊNCIA DE BOA-FÉ CELEBRAÇÃO. CIÊNCIA DO PARENTESCO. INTUITO CONFESSO DE RECEBIMENTO DE PENSÃO POR MORTE.

Percebe-se que nessa apelação cível analisada, o apelado é o Ministério

Público que foi a parte que recorreu contra aquela que interpôs recurso de apelação,

no referido caso a apelante Edna Martins. Fica expresso que ao Ministério Público é

permitido o ajuizamento da ação de anulação, ou seja, ele tem legitimidade ativa

para tal, em declarar razão de impedimento para a realização do casamento,

circunstância que decorre para a nulidade do ato.

A apelação cível foi votada declarando o casamento nulo, visto que foi um

casamento entre parentes afins que é a enteada e o padrasto que pela legislação

não podem casar, e também foi celebrado de má-fé, pois se infere que após a morte

da genitora da enteada, esta celebrou casamento com o seu padrasto que é o viúvo

de sua genitora, o casamento entre ambos teve intuito confesso de recebimento de

pensão por morte do outrora padrasto, oficial da Marinha do Brasil, concluindo que

foi um casamento com interesses patrimoniais.

2.3 CASAMENTO: CAUSAS SUSPENSIVAS

As causas suspensivas, não vedam a celebração do casamento apesar da

expressão suspensiva tais causas são meramente punitivas, destaque-se que

desatendendo a alguma das causas elencadas no art. 1.523 do Código Civil, o

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casamento não será anulável tão pouco nulo, o desatendimento sobre essas causas

terão os cônjuges consequências restritas a ordem patrimonial.

As causas suspensivas têm como finalidade evitar, além de confusão

patrimonial, dubiedade com relação à filiação (CARVALHO, et al, 2009).

Conforme artigos 1.523 e 1.524 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:

Art. 1.523. Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida à partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins.

a) O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não

foram feitos o inventário e a partilha, art. 1.523, I:

Essa regra só é valida para o viúvo (a) que teve filhos resultantes da antiga

união. Assim não devem casar estes enquanto não for feito o inventário e a partilha

dos bens que o de cujus, autor da herança deixou aos seus herdeiros, visto que a

intenção desse inciso é deixar explícita a suspensão do casamento, para que em

eventos futuros não ocorram confusões patrimoniais do tipo que o atual do viúvo ou

viúva querer partilhar dos bens deixados pelo falecido aos seus filhos prejudicando

assim o processo judicial para a devida partilha e inventário, igualmente, se for

celebrado um casamento mesmo com essa suspensão, poderá o patrimônio do atual

cônjuge se misturar ao patrimônio do falecido gerando assim a confusão patrimonial

dita anteriormente.

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Destaque-se ainda que no caso de inexistência de bens a serem partilhados

este deverá passar por um processo perante a justiça para obter declaração judicial

sobre a situação dos bens, ou seja, será elaborado um inventário negativo que tem

finalidade de provar que no nome do de cujus não existe nenhum bem registrado

concluindo que ele não deixou herança alguma aos seus herdeiros.

Nas situações em que o de cujus deixou dívidas, no encerramento de pessoa

jurídica que o de cujus era sócio, na substituição processual, e o principal no caso

do viúvo (a) desejarem contrair novo matrimônio, nesses casos é necessário ter

inventário negativo para executar tais atos elencados.

Importante salientar que nos casos em que o inventário negativo já tiver sido

concluído e tiver o viúvo (a) à declaração judicial sobre a situação dos bens em

mãos, poderá este de imediato realizar a solenidade do casamento conforme seu

desejo, visto que basta que esta declaração esteja assinada pelo viúvo (a) e mais

duas testemunhas provando a sua condição perante a realização do casamento.

b) A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido

anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da

sociedade conjugal, art. 1.523, II:

Neste inciso o legislador visionou evitar uma possível confusão sanguínea

impondo que o novo casamento se presume suspenso por até dez meses a contar

da data de falecimento do ex-cônjuge ou ainda da data da dissolução da sociedade

conjugal, essa suspensão só é valida para o sexo feminino, porque pela lei da

procriação humana somente a mulher pode dar a luz a um bebê.

O objetivo dessa suspensão a época da criação deste dispositivo era evitar

que a mulher contraísse um matrimônio seguido de gravidez, recente a data de

falecimento do cônjuge ou ao divórcio, visto que os meios para descoberta da

paternidade não eram acessíveis a todos, pois um exame de DNA (ácido

desoxirribonucleico composto orgânico formado por moléculas que apresentam

todas as informações e instruções genéticas de um ser vivo) custava bastante

dinheiro há alguns anos atrás e que uma mulher hipossuficiente não conseguiria

fazer esse exame para tirar possível dúvida sobre quem seria o verdadeiro pai do

nascituro.

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Assim com a evolução, hoje existe o instituto da justiça gratuita para aquelas

mulheres que comprovarem serem hipossuficientes de recursos e cumprirem todos

os requisitos exigidos por lei, poderão pedir perante a Defensoria Pública o exame

de DNA gratuito para que a criança advinda desse tipo de relação não fique sem o

nome do pai em seu registro de nascimento e conseguinte seus documentos futuros.

Conforme o artigo 1.598 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:

Art. 1.598. Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto no inciso II do art. 1.523 , a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se refere o inciso I do art. 1597.

O turbatio sanguinis ou conflito de paternidade deve ser evitado pelas

mulheres, no entanto a legislação prevê uma contagem de dias para a presunção de

paternidade. Se o filho estiver nascido trezentos dias depois da data de falecimento

do primeiro marido ou do divórcio conclui-se ser o filho do falecido ou do ex-cônjuge.

Se o filho nascer após quatrocentos e oitenta dias da data de falecimento do

primeiro marido ou do divórcio, conclui-se ser do novo marido o filho nascido, ou

seja, fruto na nova união matrimonial.

Ressalte-se ainda que se a viúva ou divorciada quiser casar antes de esperar

os dez meses de suspensão previstos, poderá esta obter esse direito desde que

entre com medida judicial, com provas de que não esta grávida como um exame de

ultrassom ou um teste de gravidez laboratorial. Provando assim que não está

grávida obterá da justiça autorização para celebrar novo casamento. Se tiver a

mulher estiver grávida terá de esperar o filho nascer e concluir a partilha de bens

para que possa contrair novo matrimônio, enquanto esse processo não for concluído

fica o casamento suspenso.

c) O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida à

partilha dos bens do casal, art. 1.523 III:

Um novo casamento não poderá ser celebrado sem que seja decidida a

partilha de bens do casal o que visa neste inciso III é a não existência de confusão

patrimonial entre os divorciados. Visto que o divórcio poderá ser concedido pelo

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órgão competente sem necessariamente ter existido prévia partilha de bens. Porém

mesmo com o divórcio o novo casamento fica suspenso até a decidida à partilha de

bens.

Caso em que mesmo suspenso o novo casamento por este inciso, algum dos

divorciados vierem a celebrar este, será obrigatório nesse referido caso o regime de

separação de bens em que reza que cada cônjuge administre seu próprio patrimônio

podendo livremente gravar ônus ou aliená-lo. Contudo após a regulamentação da

partilha de bens dos divorciados, poderá o casal que contraiu novo matrimônio sobre

o regime de separação de bens, trocar o regime de bens para o regime de

desejarem, caso queiram.

d) O tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,

cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar

a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas, art. 1.523, IV:

Justifica-se pela possibilidade de o tutelado ou curatelado ser compelido a

contrair matrimônio, de modo a livrar o administrador dos bens da prestação de

contas (VENOSA, 2011).

Destaque-se que no caso, poderão os interessados solicitar ao juiz que não

lhes sejam aplicado esta causa suspensiva, com a condição do nubente provar que

não decorrerá esta união para a existência de prejuízo para a pessoa tutelada ou

curatelada.

2.4 CASAMENTO: PROCESSOS DE HABILITAÇÃO

A Lei de Registros Públicos, Lei n. 6015, de 1973, dispõe acerca dos

procedimentos de habilitação para a celebração do matrimônio convenientemente

também dispõe sobre as ações de registro.

Conforme a Lei 6.015/1973, Art. 67:

Art. 67. Na habilitação para o casamento, os interessados, apresentando os documentos exigidos pela lei civil, requererão ao oficial do registro do distrito de residência de um dos nubentes, que lhes expeça certidão de que se acham habilitados para se casarem.

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Conforme o artigo 1.525 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:

Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos: I - certidão de nascimento ou documento equivalente; II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiver, ou ato judicial que a supra; III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se for conhecidos; V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.

Deverão ainda ser juntados aos documentos exigidos no art. 1525 do Código

Civil o pacto antinupcial ou o termo de preferência pelo regime de comunhão parcial

elencado no art. 1.640 do mesmo código.

Do Regime de Bens entre os Cônjuges

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.

Os nubentes interessados no casamento devem procurar o Cartório de

Registro Civil da cidade de seu domicílio e promoverem o seu reconhecimento na

presença do Oficial do Registro Civil e exibirem um apanhado de documentos

necessários que são os citados no rol taxativo do art. 1525 do Código Civil.

O processo de habilitação tem a intenção de interromper a solenidade de um

matrimônio que venha a cumprir-se em desobediência ao rol taxativo do art.1521do

Código Civil que são os impedimentos, ou de algumas das causas suspensivas

previstas no art. 1523 do Código Civil. A aplicabilidade da habilitação para o

casamento terá valor por noventa dias.

Conforme o artigo 1.512 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:

Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração. Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.

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Em análise do art. 1512 do Código Civil, juntamente do Acórdão seguinte:

SÉTIMA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - APELAÇÃO CÍVEL Nº 2007.001.03693. Apelante: Cartório de Registro Cível das Pessoas Naturais e Tabelionato de Belford Roxo. Relator: Des. José Geraldo Antonio. ACÓRDÃO: REGISTRO CÍVEL- PROCEDIMENTO DE DÙVIDA - GRATUIDADE PARA A HABILITAÇÃO E CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO- APLICAÇÃO DA LEI ESTADUAL Nº 3.350/99- HIPOSSUFICIÊNCIA. (Art. 1512 do Código Civil e Lei nº 1.060/50) A declaração dos nubentes de que não possuem condições financeiras de arcar com as despesas necessárias á habilitação e celebração do casamento è suficiente para o deferimento da gratuidade, mormente se trouxerem aos autos outras provas da sua hipossuficiência. Publicação: 28 de março de 2007, Rio de Janeiro.

O regulamento da gratuidade do casamento civil antes de ser disciplinado

pelo Código Civil de 2002 é expresso na Constituição República Federativa de 1988

no art.226 § 1º. Tem sentido de isenção de pagamento de taxas, benesses,

rendimentos. O valor das taxas para efetuar a solenidade do casamento no Brasil é

tabelado por lei em todos os cartórios do País. Para verificar os valores, deve ser

consultado a Tabela de Emolumentos.

Em análise aos artigos 226§ 1º da CF, e art. 1512 do C.C:

Art. 226 CF- A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. Art. 1.512 C.C- O casamento é civil e gratuita a sua celebração. Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.

Existe uma divergência, ou seja, um confronto de legislações sobre a

perspectiva das atividades notariais e de registro do casamento, entre o Código Civil

e a Constituição República Federativa em seus artigos que regulamentam a

gratuidade do casamento, visto que a Constituição regula que o casamento é

gratuito, e o Código Civil regula que o casamento é gratuito, porém em seu

parágrafo único diz que a habilitação, o registro e a primeira certidão só será isento

de custas se os nubentes declararem pobreza.

Até o decênio de 1940 os nubentes tinham o costume de apresentar as

declarações das testemunhas em substituição a documentos de identificação

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pessoal. A habilitação do matrimônio é uma fonte considerável para alcançar

referências genealógicas dos antepassados.

A maior parte dos cartórios de registros públicos mantém em seus acervos as

habilitações de casamentos efetuadas em sua configuração original que é o

documento em papel, porém já existem cartórios que preferem o processo de

microfilmagem dos documentos, por vezes pelo arquivo já ser arquivo permanente e

não ter mais utilização frequente ou por vezes para não ocupar espaço físico, visto

que os documentos após serem microfilmados podem ser eliminados, obedecendo à

legislação vigente que regula a microfilmagem de documentos públicos Lei nº

5.433/68.

2.5 CASAMENTO: CELEBRAÇÃO

O casamento é o protocolo de acesso para a condição de casado, é um ato

solene, contornado de rigorosa formalidade.

Conforme o art. 98 e inciso II da atual Constituição da República Federativa

do Brasil:

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.

Conforme Constituição Política do Império do Brazil de 1824 em seu art. 162:

TITULO 6º Do Poder Judicial. CAPITULO UNICO. Dos Juízes, e Tribunaes de Justiça. Art. 162. Para este fim haverá juízes de Paz, os quais serão eletivos pelo mesmo tempo, e maneira, por que se elegem os Vereadores das Câmaras. Suas atribuições, e Distritos serão regulados por Lei.

A justiça de paz na figura do juiz de paz está prevista na Constituição desde

1824. Vemos que na Constituição de 1824 os juízes de paz seriam eleitos da

mesma forma que os vereadores das câmaras, ou seja, esses dois cargos se

igualavam no processo de eleição, e as suas respectivas atribuições seriam

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reguladas por lei, essas atribuições eram juizado eletivo e de conciliação. Já a

constituição de 1988 além de prever outras legislações para regulamentar as

atribuições dos juízes de paz, disciplina sobre a remuneração, a composição, a

eleição dos juízes, o tempo de mandato, a competência, e as atribuições

conciliatórias não jurisdicionais. Percebe-se então que a Constituição de 1988 veio

disciplinando melhor a atribuição dos juízes de paz, em relação à Constituição de

1824.

O presidente do Conselho Nacional de Justiça na capacidade de suas

competências editou a recomendação nº 16, de 27 de maio de 2008, em sua ementa

recomenda aos Tribunais de Justiça à disciplina do ofício de juiz de paz prevista no

art. 98, inciso II da Constituição Federal de 88. Esses tribunais são os dos Estados,

do Distrito Federal e Territórios que regulamentem o ofício do juiz de paz e

encaminhem a proposta de lei à Assembleia Legislativa. Alguns tribunais já

regulamentaram as atribuições do juiz de paz conforme essa recomendação são

eles o TJDFT, TJMG, TJRS, TJCE, TJAM.

O juiz de paz na sua competência regulado pela lei tem atribuições para a

celebração de casamentos, a solenidade é executada na localidade do Cartório de

Registro Civil, na qual se encaminhou o processo de habilitação do matrimônio,

todavia poderá ocorrer em local distinto, por intermédio de autorização do

celebrante. O local para a realização da solenidade depois de autorizado pelo

celebrante fica a critério dos nubentes. A solenidade do casamento é pública, assim

se realizada no cartório, comumente dentro das salas dirigidas a esse fim, deve a

sala permanecer com as portas abertas com a finalidade de que se houver alguma

oposição de impedimento para com o casamento seja falado.

Existe um instituto na sociedade que é o chamado casamento comunitário,

onde são realizados numerosos casamentos em uma mesma cerimônia. Múltiplos

casais oficializam a união no mesmo local, dia e horário por isso chamado de

comunitário. Esse tipo de celebração de matrimônio é essencial para aqueles casais

que já vivem em união estável ou que não tenham condições suficientes para arcar

com as despesas de cartório, ou seja, é uma oportunidade para oficializar a união

daqueles casais de baixa renda. Esses projetos de casamentos comunitários podem

ser realizados por ONGs, instituições religiosas, cartórios, Defensoria Pública. O

celebrante desses casamentos é o profissional com ou sem conotação religiosa a

depender da escolha dos nubentes.

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Em relação ao momento do casamento ser efetivamente constituído temos a

análise conjunta dos artigos 1.514 e 1.535 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de

2002:

Art. 1514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados.”.

Na celebração do casamento necessita estarem presentes: a autoridade

celebrante traduzida na maioria das vezes pelo juiz de paz, os nubentes ou

procuradores com poderes especiais (art. 1542 Código Civil), o Oficial do Registro

Civil e duas testemunhas a critério dos nubentes podendo ser parentes. Na hipótese

de alguma das pessoas que celebra o contrato não poderem assinar ou não

saberem assinar, será exigido conforme lei que tenha quatro testemunhas (Art.1534

§ 2º Código Civil).

O juiz de paz indaga aos nubentes se desejam casar por livre, espontânea

vontade, ouvida a palavra “sim” de ambos os nubentes, o celebrante declara

efetuado o matrimônio. A vontade deve ser manifestada de forma oral, sendo o

indivíduo mudo poderá ser manifestada na língua de sinais, por escrito, ou gestos

que deem o devido entendimento ao celebrante.

Conforme o artigo 1.538 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:

Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: I - recusar a solene afirmação da sua vontade; II - declarar que esta não é livre e espontânea; III- manifestar-se arrependido. Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.

Em análise conjunta do art. 1538 do Código Civil e a apelação cível nº

70079105318 do TJRS:

APELAÇÃO CÍVEL. RECURSO ADESIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.

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ROMPIMENTO DO RELACIONAMENTO AFETIVO ÀS VESPERAS DO CASAMENTO. INOCORRÊNCIA DE DANO MORAL. RESSARCIMENTO POR METADE DAS DESPESAS DESTINADAS À CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO. DANO MORAL. O rompimento da relação de namoro ou noivado às vésperas do casamento demonstra a ausência de afeição, ainda que repentina, e, por mais que possa causar sofrimento àquele que pretendia permanecer no relacionamento, não enseja o dever de indenizar por abalo moral, porquanto inexiste a obrigação legal de submeter alguém à formalização do casamento. A ruptura do relacionamento amoroso, por si só, não pode ser considerada um ato ilícito ou uma violação a um dever jurídico, haja vista a impossibilidade de se obrigar alguém a amar. Hipóteses dos arts. 186 e 927 do CC não evidenciadas. Precedentes do TJRS. DANO MATERIAL. As despesas destinadas à celebração do casamento geram o dever de indenizar pelo dano material. PRIMEIRO RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70079105318, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 31/10/2018).

Apesar de vir expresso no artigo 1538 do Código Civil, que a celebração do

casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes manifestarem

arrependimento, isso não gera dano moral com relação à parte prejudicada, visto

que conforme apelação cível analisada isso demonstra ausência de afeição e não

enseja o dever de indenizar, pois a celebração do casamento deve ser de livre e

espontânea vontade por parte de cada um dos nubentes e se houver alguma das

hipóteses dos incisos do art. referido será suspensa a celebração.

No entendimento da relatora Liselena Schifino “A ruptura do relacionamento

amoroso, por si só, não pode ser considerada um ato ilícito ou uma violação a um

dever jurídico, haja vista a impossibilidade de se obrigar alguém a amar”, assim não

existe possibilidade de dano moral pela desistência da celebração do casamento. Já

o dano material pode existir haja vista que apesar de não ocorrer à celebração do

casamento, as despesas com a organização para a solenidade do casamento já

tinham sido efetuadas.

2.6. A CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO: FORMAS EXTRAORDINÁRIAS

2.6.1. Moléstia grave, artigo 1.539 do Código Civil:

Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. § 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.

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§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.

Nessa hipótese do artigo 1.539 o processo de habilitação foi realizado, mas

que em razão de moléstia grave de achar-se enfermo algum dos nubentes ou ambos

não foi possível o comparecimento à celebração do matrimônio assim a solenidade

do casamento poderá ser realizada no lugar onde se encontrar o nubente enfermo,

podendo ser em sua residência, unidade hospitalar, asilo entre outros.

Demonstrada a urgência para a realização da cerimônia, esta pode ser

realizada a qualquer horário do dia ou da noite. Se o Oficial do Registro Civil estiver

impossibilitado de comparecer ao local, será substituído por um Oficial ad hoc

destinado a essa finalidade, esse oficial lavrará o termo avulso do casamento que

deverá ser registrado em cinco dias, devendo ser na presença de duas testemunhas

que saibam ler e escrever.

A moléstia grave deve ser indispensável de forma que torne inviável a

mobilidade ou transferência do enfermo de sua localidade até um Cartório de

Registro Civil para efetuar a celebração do casamento. O enfermo não pode se

encontrar em estado de morte iminente estando assim, o casamento não pode ser

celebrado.

2.6.2. Iminente risco de vida, artigos 1.540 e 1.541 caputs, do Código Civil:

Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: I - que foram convocadas por parte do enfermo; II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.

A celebração do matrimônio, nuncupativo vem do latim nuncupativu refere-se

à ação nominal, vocal, oral, de designar solenemente a cerimônia, também chamado

de celebração in articulo mortis, ou seja, o nubente recebe a solenidade do

casamento na hora da morte, no fim. È uma forma excepcional de celebração de

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casamento para a pessoa que esteja em iminente risco de vida, ou seja, é o perigo

de acontecer um fato indesejado em curto prazo, por esse motivo não consiga ter a

presença de um juiz de paz para a celebração deste, e nem de seu substituto um

Oficial ad hoc, pois não existe tempo para realizar o cumprimento de todo o

formalismo previsto em lei a partir do processo de habilitação do casamento.

Neste caso os próprios nubentes realizarão informalmente o seu casamento,

pela mera expressão oral de sua vontade, precisando convocar seis testemunhas,

sem nenhum vínculo de parentesco com os noivos em linha reta, ou, na colateral até

o segundo grau. (MADALENO, 2015).

Ambos os nubentes devem estar conscientes na hora da celebração do

matrimônio, sendo eles próprios os celebrantes confirmando a sua livre e

espontânea vontade de casar um ao outro na presença de seis testemunhas para

comprovarem a veracidade da celebração efetuada. Essas testemunhas devem no

prazo de dez dias comparecerem perante autoridade judicial mais próxima a fim de

testemunhar detalhadamente os fatos descritos nos incisos I, II, III do art. 1.541

como verídicos perante o juiz, e ele procederá com as diligências necessárias para

declarar os nubentes casados.

Observe-se que se houver a celebração de matrimônio em iminente perigo de

vida, esse matrimônio não poderá ter fraude como o interesse de enriquecimento

sem causa ou ilícito, ainda assim não poderá ocorrer se a união advier de simulação

ou desrespeito à forma e as solenidades previstas na legislação vigente, podendo

assim ser decretada pela autoridade competente a nulidade da celebração do

casamento.

Este tipo de união não deve ser confundido com o casamento em caso de

moléstia grave, embora seja bem semelhante, uma vez que não há a presença de

uma autoridade celebrante no ato, previsto em lei, ao contrário da modalidade

prevista no artigo 1.539 do Código Civil. (TARTUCE, 2016).

2.6.3. Casamento por procuração, art. 1.542 do Código Civil:

Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. § 1º A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos.

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§ 2º O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo. § 3º A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. § 4º Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.

O casamento por procuração é uma modalidade de casamento prevista no

Código Civil, em que ele é celebrado mediante procuração com poderes especiais,

essa procuração devendo ser autorizada por mecanismo público e tem validade de

noventa dias.

Essa celebração do casamento com a procuração de poderes especiais tem a

finalidade de que outra pessoa represente um dos nubentes ou ambos em caso de

ausência de óbice legal nesta solenidade. Essa procuração pode ser destinada tanto

a mulher quanto ao homem para a representação de quaisquer dos nubentes.

O dispositivo em apreço possibilita, portanto, ao contraente que esteja

impossibilitado de comparecer pessoalmente perante a autoridade competente, ou

que prefira adotar essa forma, nomear procurador com poderes especiais para

representa-lo no ato da celebração do casamento.

Se ambos não puderem comparecer, deverão nomear procuradores diversos.

Como a procuração é outorgada para o mandatário receber, em nome do

outorgante, o outro contraente, deduz-se que ambos não podem nomear o mesmo

procurador atual em prol dos interesses de seu constituinte, e pode surgir algum

conflito de interesses. (GONÇALVES, 2010).

O mandato outorgado poderá ser revogado para finalidade matrimonial, que

será necessário instrumento público para tal revogação. Se da revogação o

mandatário não tiver prévio conhecimento, o mandante com poderes especiais

responde por perdas e danos conforme previsto na legislação.

Destaque-se ainda que conforme Lei nº 13.105 de 16 de Março de 2015

Código de Processo Civil (CPC) em seu art. 733:

Art. 733. O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731.

No divórcio consensual, desempenhado extrajudicialmente conforme art.733

do CPC, ambos os divorciados podem ser representados por mandatário, elaborado

perante escritura pública, assim há a possibilidade de existir procurador com

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poderes especiais para representar os nubentes na celebração do casamento e

também no divórcio judicial existirá essa possibilidade.

2.6.4. Casamento Consular, art. 1.544, do Código Civil:

Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.

O matrimônio é considerado consular conforme a legislação brasileira, na

ocasião da celebração do casamento por nubentes que ambos tenham origem de

um mesmo país, sendo celebrado frente à autoridade consular, nesse casamento os

nubentes tem como objetivo seguir a legislação do país de origem deles.

Conforme a Lei 6.015/1973, art. 32:

Art. 32. Os assentos de nascimento, óbito e de casamento de brasileiros em país estrangeiro serão considerados autênticos, nos termos da lei do lugar em que forem feitos, legalizadas as certidões pelos cônsules ou quando por estes tomados, nos termos do regulamento consular.

Assim a celebração do casamento, que foi devidamente regulado em país

estrangeiro é válido para o Brasil, já que não viola a sua legislação. A certidão desse

casamento deverá ser registrada no Brasil no prazo de cento e oitenta dias contados

a partir da volta de um ou ambos os cônjuges ao país, devendo ser registrado no

Cartório de Registro Civil mais próximo da residência dos nubentes.

Em análise ao recurso especial nº 440.443 – RS:

CIVIL. CASAMENTO REALIZADO NO ESTRANGEIRO, SEM QUE TENHA SIDO REGISTRADO NO PAÍS. O casamento realizado no exterior produz efeitos no Brasil, ainda que não tenha sido aqui registrado. Recurso especial conhecido e provido em parte, tão só quanto à fixação dos honorários de advogado. (STJ REsp n º 440.443-RS. Relator. Ministro Ari Pargendler ,26/11/2002).

Em análise ao recurso especial n° 280.197 – RJ:

CIVIL. CASAMENTO REALIZADO NO ESTRANGEIRO. MATRIMÔNIO SUBSEQÜENTE NO PAÍS, SEM PRÉVIO DIVÓRCIO. ANULAÇÃO. O casamento realizado no estrangeiro é válido no país, tenha ou não sido aqui registrado, e por isso impede novo matrimônio, salvo se desfeito o anterior. Recurso especial não conhecido. (STJ REsp nº 280.197-RJ Relator. Ministro Ari Pargendler ,11/06/2002).

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30

Em suma, pode ser entendido que com a análise de ambos os recursos

especiais vistos acima se conclui que o casamento realizado no estrangeiro perante

o consulado desde que obedecidas às regras estabelecidas na legislação é aceito

no Brasil mesmo que tenha sido registrado ou não, no prazo previsto na lei que é o

de cento e oitenta dias. Ou seja, não existe sanção para os nubentes que não

registrarem o casamento no Brasil, pois mesmo sem o devido registro ele tem

validade em todo o território brasileiro, assim podendo ser realizado qualquer ato

inerente à condição de casado.

3.0 CASAMENTO: REGISTRO

Os imprescindíveis acontecimentos da vivência civil de um indivíduo, como o

nascimento, o matrimônio, e o óbito, são registrados em um lugar próprio que é o

Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, dirigido por profissionais formados

em Direito e concursados aprovados por concurso de provas e títulos, que

desempenham ofício público, por delegação do poder público. Suas atividades

laborais são regulamentadas pelas leis, 6.015, de 31/12/1973 (Lei de Registros

Públicos) e 8.935, de 18/11/1994 (Lei dos Cartórios). Os cartórios existem em todos

os municípios e em grande parte dos Distritos do Brasil.

Conforme o artigo 1.639 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002:

Art. 1639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. § 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. § 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

O matrimônio pode ser considerado como um contrato, ou seja existe uma

relação contratual entre ambos os nubentes , a escolha do regime de bens, feita no

ato de registro do casamento, necessita de mútua aceitação dos nubentes, esse

regime de bens escolhido, rege a circunstância patrimonial no decorrer da existência

do matrimônio, na ocasião de dissolução, pelo divórcio, ou falecimento de um dos

cônjuges, assim o regime de bens tem grande importância no patrimônio dos

nubentes conforme regulamentação do art. 1.639 do Código Civil.

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São regime de bens entre os cônjuges:

Comunhão parcial de bens- É a modalidade padrão dos matrimônios, neste

regime os bens conquistados após o registro do casamento são comuns ao casal,

em caso de separação são somados os bens ao todo e separado de forma

igualitária para cada um dos cônjuges. Existe uma ressalva nesse regime quanto

aos bens adquiridos são exemplos, bens de doação a apenas um dos cônjuges, os

de uso pessoal, os bens adquiridos por herança por apenas um dos cônjuges não

poderão compor a partilha dos bens. Nitidamente esse regime busca evitar o

enriquecimento sem causa de algum dos cônjuges.

Comunhão universal de bens- Os bens dos nubentes conquistados fora de

uma união matrimonial,são trazidos para essa união formando assim a comunhão

universal, pois junta todos os bens anteriores ao casamento e os bens que os

nubentes conquistarão ao longa da vida como casados, ou seja os bens se

agregam, fundando um só patrimônio.

Separação de bens- A celebração do casamento e seu registro não

repercutem na esfera patrimonial de ambos os cônjuges, o patrimônio anterior, o

patrimônio posterior, e o patrimônio futuro em uma possível dissolução de

casamento, nunca se comunicam.

Participação final nos aquestos- Esse regime de bens cada cônjuge cuida e

administra o seu patrimônio individualmente, os cônjuges gerem seus patrimônios

como se fosse ao regime de comunhão parcial de bens.

Conforme apelação cível n° 1.0439.09.096556-7/001:

Civil. Casamento. Regime de bens. Retificação do Registro. Improcedência. Pedido motivado. Ausência. É assente o entendimento de que os cônjuges que se casaram antes do Código Civil de 2002 podem modificar o regime de bens, desde que seja atendido o disposto no seu art. 1.639, §2º. É improcedente a pretensão de retificação do registro civil, para alteração do regime de bens, quando não se apresenta motivo autorizador. Recurso não provido. "Analisando os autos, verifico que, o comportamento dos requerentes é absolutamente contraditório. Inicialmente, fizeram um pacto antenupcial, para modificar o regime de bens em seu casamento, adotando o regime da comunhão universal. Assim, casaram-se sob o regime escolhido livremente. Depois, propuseram ação de retificação, pleiteando a adoção de regime de comunhão parcial, ao argumento de que não havia pacto antenupcial a embasar a adoção de regime diverso do legal, que foi julgada procedente. Enganaram o juízo, pois que realizaram o pacto antenupcial e negaram tê-lo feito. Agora vêm propor nova ação, requerendo outra modificação, para voltar ao regime de comunhão universal, sem qualquer motivação plausível.”

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“Os requerentes fundamentaram esta ação no "amadurecimento da ideia" e, sem dúvida, não constituía motivo autorizador para alterar o regime de bens.” (TJMG - Apelação Cível 1.0439.09.096556-7/001, Relator(a): Des.(a) Almeida Melo , 4ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 24/03/2011, publicação da súmula em 28/03/2011)

Conforme a análise da apelação cível juntamente com o art. 1.639, §2º do

Código Civil, conclui-se, portanto que seja aceito a alteração do regime de bens por

meio de autorização judicial, porém é exigido que o pedido de autorização deva ser

bem fundamentado, tendo um motivo justo e convincente perante a justiça para tal

mudança de regime. O motivo justificado nas vias judiciais deve ser analisado

apurando a procedência dos argumentos citados.

Assim percebe-se que um casal que viver em qualquer regime de bens, e

pedir perante a justiça que requer a mudança deste, a justiça certamente vai

investigar, se o pedido tem algum nexo causal suficiente para convencer os

julgadores de tal mudança, caso contrário o pedido será julgado improcedente por

falta de motivação plausível conforme entendido pelo Des. Almeida Melo.

Em conformidade com os princípios que regem nosso ordenamento jurídico

brasileiro, sendo um deles o princípio da legalidade em que a administração deve

pautar-se na lei em sentido amplo para fundamentação de suas decisões assim todo

ato jurídico deve está detalhadamente justificado. Assim foi a decisão do

desembargador, fundamentada na lei.

Conforme a Lei 6.015/1973, artigo 33, e seus incisos II, III, e artigos 36 e 44

que falam sobre o registro do casamento:

Art. 33 Haverá, em cada cartório, os seguintes livros, todos com 300 (trezentas) folhas cada um: II - "B" - de registro de casamento; III - "B Auxiliar" - de registro de casamento Religioso para Efeitos civis. Art. 36. Os livros de registro serão divididos em três partes, sendo na da esquerda lançado o número de ordem e na central o assento, ficando na da direita espaço para as notas, averbações e retificações. Art. 44. O registro do edital de casamento conterá todas as indicações quanto à época de publicação e aos documentos apresentados, abrangendo também o edital remetido por outro oficial processante.

Cada Cartório de Registro Civil deverá ter um livro para cada registro

especifico, o livro aborda uma gama de assuntos do direito civil sobre os diversos

temas em que por lei deve ser registrado. Esse livro conterá trezentas folhas para

cada assunto que exija registro no cartório, sendo numerados em sequência,

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precedido por uma letra conforme a natureza do registro, sendo “B- de registro de

casamento”.

Esses livros apesar da era da informação em que tudo se moderniza e a

tecnologia logo muda os processos que eram de costume anteriormente, nesse caso

não foram mudados nada, os livros de registro continuam sendo físicos, como

procedimento de praxe devendo ser assinado por ambos os nubentes e as

testemunhas presentes, para efetivar o registro do casamento.

O registro além de comprovar sobre a existência de união estável entre os

cônjuges, quando do registro da certidão de casamento é critério para conferir

autenticidade à união plena de vida entre o casal, sendo baseado nos direitos e

deveres dos cônjuges.

A confirmação dos atos registrados por delegatários, selecionados por meio

de rigorosos concursos públicos de provas e títulos e fiscalizados pelo Poder

Judiciário, confere a autenticidade que proporciona a segurança da qual decorre a

aptidão para a produção de efeitos jurídicos. Isso explica os efeitos dos registros

públicos: constitutivos, publicitários e comprobatórios. Os efeitos constitutivos

decorrem da necessidade do registro para o nascimento de determinados direitos,

como os relativos a direitos sucessórios decorridos do registro do casamento.

(CENEVIVA, 2009).

No ato de registro da certidão de casamento para dar fiel execução ao

documento conterá os nomes completos de solteiro, datas e locais de nascimento,

nacionalidade, e filiações dos cônjuges, o número de matrícula, a data de registro do

casamento devendo ser por extenso e também por numeral, o regime de bens do

casamento, o nome que cada um dos cônjuges passou a utilizar caso haja alteração,

as observações e averbações. Abaixo estará a data, e a assinatura em rubrica do

Oficial de Registro Civil certificando que o conteúdo da certidão é verdadeiro e dá fé.

Conterá ainda na certidão o Selo Digital de Fiscalização, com o respectivo site para

conferir a validade do selo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo da elaboração do presente trabalho foi analisado de início a

estruturação primitiva das famílias que foi iniciada basicamente somente nas

relações de parentesco sanguíneo e deu procedência às primeiras sociedades

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humanas fundadas, a evolução das uniões sanguíneas, desde o início da formação

das primeiras sociedades familiares se mantinha com a intenção de procriação bem

como o desenvolvimento familiar.

Com o passar dos anos as uniões começaram a ser oficializadas e o instituto

do casamento foi consagrado no âmbito do ordenamento jurídico brasileiro, e sua

regulamentação foi feita no direito civil traduzido pelo Código Civil, que veio a trazer

todas as questões que abordavam o casamento bem como seu processo de

habilitação até o registro do casamento, como também em outros casos os efeitos

colaterais do casamento como as sucessões.

Diante de todos os pontos apresentados no presente trabalho, contemplemos

todos os impedimentos e causas suspensivas, que foram elencados pelo legislador,

sabendo que a estipulação das mesmas tem a intenção de evitar a inexistência de

irregularidades na solenidade do casamento, portanto tendo que serem obdecidas a

todo rigor por todos que pretendam celebrar o matrimônio para que futuramente o

desatendimento da lei não possa refletir em dissoluções de casamento, ou

separação de bens com complicações.

Conclui-se, portanto, que o instituto do casamento vem sofrendo diversas

evoluções de acordo com a sociedade e isso proporciona uma vasta tipicidade de

casamentos e uniões familiares fazendo com que o Código Civil, bem como os

tribunais superiores do Brasil venha a acompanhar todo esse processo, não

deixando desamparado o ser humano e suas relações que são constituídas,

regulamentando as que se acharem justas, bem como resguardando os princípios

da legalidade, moralidade, e eficiência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm. Acesso em 31

de março de 2020.

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civil-comentado/artigo-1521. Acesso em 01 de abril de 2020.

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