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655 Revista da Faculdade de Direito de Campos, Ano VI, Nº 6 - Junho de 2005 O PROCESSO DE IMPEACHMENT CONTRA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Alexandra Valesca M. Lessa RESUMO A Constituição de 1988 erigiu o instituto dos crimes de responsabilidade como instrumento de apuração da responsabilidade presidencial. Os crimes de responsabilidade não são crimes, em sentido próprio, mas infrações político-administrativas, cuja incidência enseja o processo de impeachment. A expressão impeachment pode designar o processo parlamentar contra o presidente da República e outras autoridades bem como a pena de afastamento do cargo. Segundo a Constituição de 1988, o impeachment do presidente da República, por crimes de responsabilidade, se desenrola no Senado após prévia autorização de 2/3 dos membros da Câmara dos Deputados. Uma vez instaurado o processo no Senado, o presidente é afastado do cargo, que passa a ser exercido por seu substituto legal. Acaso não proferida uma decisão no prazo de 180 dias, o presidente retorna o exercício de suas atividades, até final julgamento. Se o presidente é condenado pelo Senado, fica inabilitado para o exercício de qualquer função pública por oito anos, inclusive cargo ou mandato eletivo. A sanção imposta pelo Senado não impede a aplicação de outras sanções pelo Judiciário.

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Revista da Faculdade de Direito de Campos, Ano VI, Nº 6 - Junho de 2005

O PROCESSO DE IMPEACHMENT CONTRA OPRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO

BRASIL

Alexandra Valesca M. Lessa

RESUMO

A Constituição de 1988 erigiu o instituto dos crimesde responsabilidade como instrumento de apuração daresponsabilidade presidencial. Os crimes deresponsabilidade não são crimes, em sentido próprio, masinfrações político-administrativas, cuja incidência ensejao processo de impeachment. A expressão impeachmentpode designar o processo parlamentar contra o presidenteda República e outras autoridades bem como a pena deafastamento do cargo. Segundo a Constituição de 1988,o impeachment do presidente da República, por crimesde responsabilidade, se desenrola no Senado após préviaautorização de 2/3 dos membros da Câmara dosDeputados. Uma vez instaurado o processo no Senado, opresidente é afastado do cargo, que passa a ser exercidopor seu substituto legal. Acaso não proferida uma decisãono prazo de 180 dias, o presidente retorna o exercício desuas atividades, até final julgamento. Se o presidente écondenado pelo Senado, fica inabilitado para o exercíciode qualquer função pública por oito anos, inclusive cargoou mandato eletivo. A sanção imposta pelo Senado nãoimpede a aplicação de outras sanções pelo Judiciário.

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A RECUPERAÇÃO E A REORGANIZAÇÃO DAEMPRESA: UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O

DIREITO CONCURSAL BRASILEIRO

Alexandre Puppin

RESUMO

O Direito Concursal teve os seus primeiros passosdelineados no Direito Romano, não obstante a prevalênciada responsabilidade pessoal. Foi, entretanto, a partir daIdade Média, por volta do séc. XIII e, sobretudo após oCódigo Comercial Francês de 1807, onde se adotou ateoria dos atos de comércio para regular as relaçõesjurídico-comerciais, que o regime se corporificou comoum efetivo meio de liquidação de empresa para pagamentode seus credores e saneamento do mercado. Com oreconhecimento da importância da empresa no cenáriomundial e da crise econômica experimentada após asduas grandes guerras, tornou-se necessária uma novavisão do instituto, mais voltada para a recuperação e amanutenção da empresa, em atenção também a suafunção social. A empresa passou a representar a molapropulsora da sociedade, capaz de propiciar odesenvolvimento econômico e social, podendo a suaextinção, quando ainda viável o seu funcionamento, causaruma série de graves prejuízos para toda a coletividade.Diante desta preocupação, reconhecida pela doutrina ejurisprudência, foi apresentado um anteprojeto de lei noCongresso Nacional, que tem como principal objetivoreconhecer a empresa como o sujeito a ser protegido,ante a sua função e responsabilidade social.

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A EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE: UMMEIO DE ALCANÇAR O ACESSO Á JUSTIÇA NO

PROCESSO DE EXECUÇÃO

Amarílis Nogueira Martins

RESUMO

Constitui o instituto da exceção de pré-executividadena possibilidade de apresentação de defesa em processode execução sem que tenha havido constrição judicial. Aexceção de pré-executividade objetiva suprir a deficiênciano controle da admissibilidade e, conseqüentemente, agarantia de um processo justo. A argüição de nulidade noprocesso é matéria de ordem pública e, por esse motivo,poderá ser feita a qualquer tempo e grau de jurisdição, tendocomo natureza jurídica de objeção.A exceção de pré-executividade tem como objetivo a argüição de matériassuscetíveis de causar nulidade absoluta no processo. Nãohá na legislação pátria a sistematização desse instituto quenecessita de ser regulamentado. Os entraves ao ingressono Judiciário são inconstitucionais porque impedem asolução dos conflitos. Qualquer lesão não deverá serafastada do exame judicial, conseqüentemente, qualquerobstáculo é contrário a esse acesso. O Direito tem comovalor precípuo a Justiça Social. Dificuldades sempreexistiram e se acumulam com o atual funcionamento damáquina judiciária. O acesso à justiça pode ser encaradocomo o requisito fundamental – o mais básico dos direitoshumanos – de um sistema jurídico moderno e igualitárioque pretenda garantir, e não apenas proclamar o direito detodos. Os poderes de direção do processo asseguradosao juiz pelo ordenamento processual autorizam a rápidaextinção da execução viciada. Releva-se transcrever aimportância da exceção de pré-executividade como umaperspectiva de viabilização desse acesso.

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A VITIMIZAÇÃO DIFUSA DE CRIANÇAS EADOLESCENTES ATRAVÉS DAS INFRAÇÕESADMINISTRATIVAS DA LEI 8069/90 E O PAPEL

DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Ana Cristina Huth M. Viana

RESUMO

O presente trabalho versa sobre a vitimização difusade crianças e adolescentes e o papel do Ministério Públicono seu enfrentamento. O autor procura demonstrar que,dentre as violações constantes dos direitos da populaçãoinfanto-juvenil, há um tipo de vitimização capaz de atingira todos de forma indiscriminada e que, diante de umaviolência mais extremada, acaba por não merecer aresposta devida, o que contraria a doutrina da proteçãointegral, inserida no ordenamento jurídico brasileiro atravésda Constituição Federal de 1988. Algumas das infraçõesadministrativas tipificadas na Lei 8069/90 são abordadaspor materializarem essa vitimização. Pra tanto, o autordefine e explica a doutrina da proteção integral, suaexplicitação no Estatuto da Criança e do Adolescente, avitimização infanto-juvenil e o papel do Ministério Públiconesse contexto. Por fim, demonstra, através de umapesquisa de campo, que ainda há muito a ser feito sobreo assunto.

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PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E OCONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Anderson Sant’Ana Pedra

RESUMO

O princípio da proporcionalidade deixou seu berçono Direito Administrativo, e atualmente, constitui umprincípio do Direito Constitucional, o que por consectáriológico conduz ao entendimento de que não apenas aAdministração (Poder Executivo) encontra-se vinculada aoprincípio da proporcionalidade, mas também o PoderLegislativo encontra-se obrigado a observá-lo quando daprodução legislativa, sob pena de se ver invalidado seusatos em sede de controle de constitucionalidade quandoo seu labor ocorrer com excesso (excesso de poderlegislativo), ou seja, quando for irrazoável(desproporcional), supondo desequilíbrio, inadequação edesarmonia; o que seja arbitrário ou caprichoso; o quenão corresponda ao senso comum, aos valores vigentesem dado momento ou lugar. No seu emprego, sempre sedeve ter em vista o fim colimado nas disposiçõesconstitucionais, fim esse que pode ser atingido por diversosmeios, entre os quais se haverá de optar de forma a nãoferir o ordenamento jurídico constitucional. Tal princípio éplenamente compatível com a ordem constitucionalbrasileira, destacando, inclusive, que a jurisprudência doSupremo Tribunal Federal evoluiu para reconhecer queesse princípio tem hoje sua sedes materiae no art. 5º, incisoLIV, da Constituição brasileira de 1988, o que serve paracomprovar que a sua utilização pelo Poder Judiciário nocontrole de constitucionalidade não representa ofensa àseparação de poderes, vez que tal princípio constitui tão-somente mais um dever, com fundamento constitucional,ao lado dos demais princípios e das demais regras

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constitucionais a serem observados pelo Estado na suaregular atuação, oferecendo, assim, forma e matéria aoEstado de direito, inclusive no que se refere ao seuacréscimo democrático, que agrega noções de justiça,igualdade jurídica e respeito aos direitos fundamentais. Oprincípio da proporcionalidade constitui hoje axioma dodireito constitucional, corolário da constitucionalidade eprincípio fundamental do Estado democrático de direitomoderno; devendo servir de comando para obstaculizar aação ilimitada do Poder Legislativo.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E O ...

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O CONTRADITÓRIO COMO GARANTIAPROCESSUALCONSTITUCIONAL

Beatriz Helena S. de A. Lafere Mesquita

RESUMO

Esta dissertação tem como objetivo uma efetivainvestigação da garantia constitucional do contraditório,buscando seus fundamentos diante das novasperspectivas do processo civil, no contexto da realidadejurídica contemporânea. O desenvolvimento histórico efilosófico dos direitos fundamentais e da democracia seconsubstancia na identificação da relevância docontraditório, já que este princípio inegavelmente é direitofundamental do homem. O processo é uma instituiçãoconstitucional, com princípios e institutos jurídicosdelineados e integrados, provenientes doconstitucionalismo, que caracteriza os direitosfundamentais e as garantias processuais. Trata-se de umtrabalho que se propõe estudar a efetividade docontraditório na busca de um processo justo, que constituio resultado de uma combinação de garantias que seinstrumentalizou através da constitucionalização dosdireitos. Busca-se analisar o alcance do princípio docontraditório nos diversos ramos do processo civil, fixandosua condição básica assecuratória da existência de umEstado Democrático de Direito.

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O MINISTÉRIO PÚBLICO E A PROMOÇÃO DOSDIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES

PRIVADAS

Cláudio Márcio de Carvalho Chequer

RESUMO

No momento em que foram editados os códigosoitocentistas, presenciávamos uma ordem pública liberalconquistada pela Revolução Francesa com base nosideais iluministas, em que as relações do Direito Públicocom o Direito Privado apresentavam-se bem definidas,com suas esferas inseridas em campos distintos e demaneira quase impermeável, podendo-se afirmar que aconsciência desta distinção entre Direito Público e DireitoPrivado coincidiu com a superação do feudalismo. Nestecenário, o Código Civil ocupava a posição de protagonista,vindo a propriedade privada e o contrato a constituírem ascolunas do sistema, capazes, portanto, de“constitucionalizar” uma determinada concepção de vidaeconômica ligada às idéias liberais. Surgindo o Estado doBem-Estar Social na virada do século XX, conseguimospresenciar uma incompatibilidade gritante entre os valoresreverenciados pelas Constituições Sociais e os objetivosdelimitados pelo CC/1916, fato capaz de fomentar a ediçãode inúmeras leis que tinham como finalidade ocupar oespaço vazio deixado pelo CC/16. Uma intervenção estatalcada vez mais presente no âmbito da seara privada fezcom que se desmoronasse o dique que separava o DireitoConstitucional do Direito Privado, precipitando os direitosfundamentais como uma cascata no mar do DireitoPrivado, tornando-se necessário falar em eficáciahorizontal dos direitos fundamentais. No cenário atual, emque a Constituição de 1988 ocupa o centro de um

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ordenamento jurídico único (em que se vislumbra paraalguns a existência de um pós Estado Social), sendo osdireitos fundamentais considerados supernormas deDireito Positivo, objetivamos analisar o papel atribuído aoMinistério Público diante da atribuição que lhe fora conferidapela Constituição de 1988, de agente promocional dosdireitos fundamentais, no âmbito do Direito Privado, tendoo Parquet legitimidade para defender e promover osdireitos fundamentais defensivos e prestacionais, nashipóteses em que se vislumbrar a existência de interessesdifusos, coletivos, individuais homogêneos ou individuaisindisponíveis, inclusive nas relações estabelecidas entreparticulares.

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MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO E ASUA LEGITIMAÇÃO

Cristiano Simão Miller

RESUMO

O presente trabalho aborda o mandado de segurançacoletivo, instrumento trazido para o ordenamento jurídiconacional pela Constituição Federal de 1988. Inicialmente —demonstrando tratar-se de uma espécie de mandado desegurança individual — faz-se uma rápida digressão paratrazer a evolução histórica do mandamus no direito brasileiro.Passa-se ainda por uma análise da transformação aplicadaao direito processual, que deixa as suas raízes individualistaspara ingressar numa visão coletiva, onde, valorizando-se oacesso à justiça, se busca a efetividade do processo para asolução dos litígios advindos de uma sociedade massificada.E demonstrando tratar-se de uma tendência mundial, sãoanalisadas — sem qualquer intenção comparativa — algumasações coletivas existentes em outros ordenamentos jurídicos.Adiante, ingressa-se propriamente no estudo do ponto centralda dissertação, verificando os requisitos do mandado desegurança coletivo, com ênfase em sua legitimação ativa,fazendo uma análise de natureza jurídica, bem comodestacando cada legitimado para a impetração do writ coletivo.Serão também verificadas, em virtude da divergênciadoutrinária existente, quais questões poderão ser discutidaspor meio do mandado de segurança coletivo, destacando osdireitos (ou interesses) difusos, coletivos e individuaishomogêneos. Por fim, complementa-se o estudo com a análisede outros aspectos processuais relevantes no tocante à aludidaação de origem constitucional, como a possibilidade deconcessão de liminar, a impetração quando houver apenasameaça ao direito, a coisa julgada e a litispendência.

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O DIREITO REAL DE SUPERFÍCIE: UMINSTRUMENTO EFICAZ DE UTILIZAÇÃO DO

SOLO À LUZ DO ESTATUTO DA CIDADE E DOCÓDIGO CIVIL

Danuza da Silva C. Bastos

RESUMO

A disputa pelo domínio do solo e o valor econômicoatribuído à propriedade pelo homem remontam do direitoromano, época regida pelo enaltecimento da acessão emfavor do dono do solo e pelas conquistas territoriais doImpério Romano, comemoradas como expansão do podersócio-econômico. Tal situação não mais se compatibilizavacom os vigentes valores e princípios constitucionais.Experimenta-se, contemporaneamente, que a função socialse converteu em um elemento estrutural do direito depropriedade, estatuída na Constituição da República de1988, provocando uma ruptura no conceito de direito depropriedade em benefício da riqueza criada. Nesse enfoque,o direito real de superfície, com origem romana, provocauma mitigação do direito de propriedade, permitindo que seconceda a terceiro construir ou edificar em terreno alheio.Utilizado equivocadamente na era medieval, provocando aescravidão do homem à terra, o instituto perdeu importância,tendo sido banido de alguns ordenamentos por força dosideais propagados na Revolução Francesa. No Brasil, odireito de superfície era disciplinado nas Ordenações doReino, tendo se mantido até 1864. Posteriormente não foicontemplado no Código Civil de 1916. Atualmente, afigura-se possível sua aplicabilidade como um direito realautônomo, previsto expressamente no Estatuto da Cidadecomo instrumento de política urbana e, no Código Civil de2002, com contornos genéricos, podendo neste ser utilizado

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para atender a interesses privados. Impõe forma deconstituição, possibilidade de transmissão e extinção,direitos e deveres do concedente e do superficiário.Apresenta-se nas modalidades de concessão de terrenopara construção ou plantação, ao contrário de países quenão contemplam o instituto ou estabelecem restrições parasua utilização, enfocando-se, ainda, discussão quanto àlimitação temporal. Visualizam-se pontos de afinidades comalguns institutos , especialmente com a concessão dedireito real de uso, que quando introduzida no ordenamentojurídico brasileiro, provocou interpretação equivocada dealguns juristas acerca do retorno do direito de superfície.Nessa ordem de idéias, indaga-se acerca das modalidadesnão regulamentadas no ordenamento jurídico pátrio, comoo direito de sobrelevação, este com significação efetiva naconcretização de programas habitacionais. Pretende-se,com a aplicação do direito de superfície, traçado com moldesatuais, a viabilização de projeto de regularização fundiária,de modo menos oneroso, objetivando uma eficaz eordenada ocupação do solo urbano ou rural, assegurandoao indivíduo possibilidade de trabalho e moradia, norteadopelo princípio fundamental da dignidade humana.

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RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICA E O CÓDIGODE DEFESA DO CONSUMIDOR

Eliani Vieira Macabu

RESUMO

A presente dissertação é voltada para o estudo daResponsabilidade Civil Médica e o Código de Defesa doConsumidor. Nela, através de uma atividade interpretativailuminada pela Constituição, serão apresentadosfundamentos de ordem constitucional, jurídico, social eético para justificar a necessidade da reparação de danosprovenientes da conduta médica incorreta ou dofornecimento de serviço deficiente. A determinação daresponsabilidade civil médica decorrente do erro médicoou do erro de diagnóstico revela-se muito difícil, porquese entra em um campo estritamente técnico, o que dificultaa apreciação judicial e, por outro lado, torna-se umproblema crítico e complexo para o cliente-consumidor,que por ser o sujeito vulnerável na relação de consumonão possui conhecimento profundo sobre o serviço quecontratou. Tem-se, como política tutelar do consumidor, omecanismo da inversão do ônus da prova, mas estadepende de circunstâncias concretas que serão apuradaspelo juiz no contexto da facilitação da defesa dos direitos

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A PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PROCESSOLEGISLATIVO: NEGATIVA DO CONTROLE

SOCIAL

Elisa Helena Lesqueves Galante

RESUMO

Primeiramente, o tema proposto para a elaboraçãoda pesquisa será exposto “Participação Popular noProcesso Legislativo: negativa do controle social”, emseguida, será dissecado, de forma concisa e organizada,para que se possa alcançar o escopo e profundidade doassunto em questão. Participar na visão do professorAntônio Houais significa: fazer saber, comunicar,anunciar./ Tomar parte em./ Anunciar-se pelo sentimento,pelo pensamento, solidarizar-se com. Observa-se, então,que é inerente ao homem participar, na medida de suapossibil idade bem como do surgimento dasoportunidades, fazer-se presente em tudo àquilo quecircunda sua vida social.

Entretanto, é humanamente impossível, para ohomem tomar parte de tudo que acontece ao seu redor,quer no meio econômico, social ou político, função típicado Criador. Este meio, o político, através da Democracia,surgida na Grécia Antiga, com a clara intenção de que ogoverno fosse de todos, sendo assim, com esse propósito,criou-se formas de participação popular na política atual,precisamente no processo legislativo.

Inicialmente, tem-se o Plebiscito que consiste napossibilidade do eleitorado decidir uma determinadaquestão de relevo para os destinos da sociedade, ou seja,o poder constituinte consulta o povo antes de tomar umaatitude e diante da resposta, pratica ou não este atorelevante. O referendo é a participação do povo, mediante

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voto, mas com o fim específico de confirmar, ou não, umato governamental ou político. A iniciativa popular consisteno desencadeamento do processo legislativo pelo povo,mediante quociente especialmente definido, ativando oprocesso de formação das leis. Outras formas departicipação no processo legislativo são a audiênciapública e o lobby. Esses mecanismos de participaçãoestão abrigados no Controle Social que tem sido vistocomo aumento da capacidade de influência da sociedadesobre o Estado.

A PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PROCESSO...

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ALTERAÇÃO DO PRENOME: EXAME À LUZ DOPRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA

HUMANA

Ézio Luiz Pereira

RESUMO

O trabalho começa por delinear um perfil evolutivoe conceitual do prenome como símbolo identificador dapessoa humana, consigo e com a sociedade.Seguidamente, foram avaliados: o aspecto normativo nodireito brasileiro, na legislação constitucional, civil eregistral. Prossegue com o prenome visto comoexpressão da personalidade e sinal de identificação,enfrentando o tema da alteração do prenome quedignifique o seu portador, em diversas situações, inclusivea dos transexuais. Num último momento, o pensamentose voltou para o princípio constitucional contemporâneoda dignidade da pessoa humana, sinalizando a tutelaestatal – preventiva e reparadora – com um prenomerespeitado. Foi realizada uma investigaçãoepistemológica interdisciplinar voltada para a filosofia, alógica, a sociologia, a psicologia, a antropologia, asemiologia e a teologia. Bem assim, foi enfrentando, aolongo desta incursão teórica, o caso específico doprenome vexatório, seus reflexos e a necessáriacorrigenda. A pesquisa, afinal, porfia por ofertar umaperspectiva de vanguarda com solução casuísticarevisitada, flexível e humanizadora, tendo como foco oestudo da pessoa e sua vida digna, alicerçado, dentreoutros, em três vertentes em salutar diálogo: “A forçanormativa da Constituição”, em Hesse, “Teoria Geral doDireito’, em Bergel e “Teoria do Ordenamento Jurídico”,em Bobbio.

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A BOA FÉ OBJETIVA E SUA EFETIVAAPLICABILIDADE NOS CONTRATOS DE PLANO

DE SAÚDE

Fabiana Gomes Rodrigues

RESUMO

A Constituição Federal Brasileira, na esteira dasmodernas constituições, trouxe para o ordenamentojurídico um caráter socializador e democrático, irradiandoestas influências em todos os institutos. O contrato refleteesta nova linha de pensamento. A função social docontrato, elevada à condição de princípio fundamental, fezcom que as relações dele advindas saíssem da esferaexclusivamente privada para incidência de normascogentes e conseqüente intervenção estatal. Aredescoberta da boa-fé e a sua aplicabilidade nas relaçõesé fruto desta inovação que foi primeiramente inauguradacom o Código de Defesa do Consumidor e maisrecentemente com o Novo Código Civil. Para garantirmaior efetividade a esta cláusula, que passa a embasartodas as relações obrigacionais, necessários se faz oconhecimento e delimitação do seu conteúdo axiológico,para que não se perca na utilização indiscriminada eapelativa, objetivando solucionar todas as situações. É estavertente que direciona o presente trabalho, passandoprimeiro pela formação histórica da boa-fé até encontrarseus atuais e efetivos contornos. Ao final, com o objetivode dar maior concretude a este estudo, a boa-fé éanalisada dentro da perspectiva dos contratos de planosde saúde de modo a desvincula-la do poder excluintearraigado a seus pressupostos no contexto do CDC, eainda, estabelecendo os critérios, limites e possibilidadesdo controle judicial dos contratos de planos de saúde,

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mediante a cláusula geral da boa-fé objetiva e do controlede abusividade pelo judiciário e pelo do legislador especialatravés de todos os mecanismos fornecidos pelos valorese princípios constitucionais.Palavras-chave: boa-fé objetiva, plano de saúde, deveresanexos, cláusula abusiva

A BOA FÉ OBJETIVA E SUA EFETIVA APLICABILIDADE...

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REDUÇÃO DA MENORIDADE PENAL: UM CASODE INCONSTITUCIONALIDADE

Fernando José Lira de Almeida

RESUMO

O crescente aumento da violência associada àdeficiência de nossos aparelhos de segurança pública reabre,ciclicamente, à discussão nacional sobre a redução damenoridade penal. A proposta reducionista é sustentada comargumentos frágeis, na medida que distorcem a origem doproblema situado na ausência efetiva de Políticas Públicas.Nesta pesquisa, além de uma breve discussão política,enfrentamos a Proposta de Emenda à Constituição sob oenfoque jurídico-constitucional. A menoridade penal, fixada noartigo 228 da Constituição da República, é uma garantia dodireito de liberdade do indivíduo menor de 18 anos a partir daconstrução permitida pelo Princípio do Catálogo Aberto dosDireitos Fundamentais, positivado no comando do artigo 5°, §2° da CRFB, já consolidado pelo Supremo Tribunal Federal nojulgado da ADIn 9397. A tipificação da menoridade penal comogarantia do indivíduo-adolescente faz com que, da articulaçãodo art. 228 c/c 5, § 2°, observando o art. 60, § 4°, IV todos daConstituição da República, atribua-se natureza de cláusulapétrea e daí chancele a menoridade penal com a cláusula daintangibilidade in pejus, impossibilitando, através do nossosistema constitucional, a proposta de redução. Assim, ao final,sugerimos o enfrentamento da proposta legislativa através dajurisdição constitucional via Mandado de Segurança Singularimpetrado por parlamentar ou, ainda, Mandamus Coletivo, cujalegitimidade ativa, entendemos, possa ser conferida a partidopolítico com representação no Congresso Nacional. Dessemodo, caso seja convalidada em Emenda à Constituição, seuenfrentamento deve ser instrumentalizado através de AçãoDireta de Inconstitucionalidade ou hábeas corpus.

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COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DO MUNICÍPIO EMMATÉRIA AMBIENTAL

Francisco de Assis Aguiar Alves

RESUMO

O presente trabalho tem como tema a competêncialegislativa do município em matéria ambiental. O interessepor tal linha de pesquisa é fruto de experiências de ordemprofissional, em virtude da constatação da dificuldade queexiste na delimitação de competência legislativa dos entesda federação quando se trata de matéria ambiental. Aquestão aumenta de complexidade quando se buscaestabelecer esta delimitação de competência para omunicípio, a partir do texto constitucional, tendo-se comobase o conteúdo de interesse local, e como elementopotencializador a questão ambiental. O presente estudonão tem a pretensão de inovar, mas a singela aspiraçãode analisar o tema, dentro de uma abordagemconstitucional e ambiental, indicando os pontos em queos autores são uníssonos e nos quais são conflitantes,com o intuito de contribuir para o esclarecimento dequestões que se apresentam no cotidiano damunicipalidade. Com o objetivo de dar praticidade a estapesquisa, tornou-se como exemplo de exercício da referidacompetência legislativa, o Código Municipal de MeioAmbiente do Município de Macaé no Estado do Rio deJaneiro, uma vez que o citado município encontra-se nocentro de questões ambientais de grande relevância emnossa região, em função da produção de petróleo.

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TRABALHO, REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA ECONSTITUIÇÃO: A IMPORTÂNCIA DAAPLICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO NAS

RELAÇÕES PRIVADAS DE TRABALHO NOÂMBITO DO MODELO DE PRODUÇÃO

EMERGENTE

Geórgia Ribeti de F. Duarte

RESUMO

Esta pesquisa tem por objetivo analisar os impactosdos novos sistemas de gestão da produção sobre a classetrabalhadora e sobre a pessoa do trabalhador, bem comoas propostas constitucionais para minimizar estesimpactos e tornar as relações de trabalho maisdemocráticas. Principia apresentando as transformaçõesocorridas na organização produtiva no decorrer dasúltimas décadas, esclarecendo que os novos modelos deprodução são firmados na flexibilidade dos processos detrabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e dospadrões de consumo. Em seguida, demonstra quemencionadas alterações repercutiram na classetrabalhadora, ocasionando a redução do trabalho industrialtradicional e, por outro lado, promoveram a ampliação dotrabalho no setor de serviços, do trabalho temporário,parcial, flexibilizado, terceirizado, precarizado, autônomo,feminino e infantil e do desemprego. Ademais, uma parcelaminoritária de trabalhadores tem sido beneficiada commaior qualificação, enquanto os operários profissionaissofrem desespecialização. O trabalho imaterial tem sidoampliado nos setores de destaque da produção. Nossistemas flexíveis o trabalho é alienado tanto em funçãoda ignorância em relação à concepção e decisão daprodução quanto em decorrência do envolvimento cooptado

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dos trabalhadores aos objetivos do capital. Nesses termose frente ao poder privado exercido pelo empregador, ostrabalhadores não exercem seus direitos de cidadaniadentro da empresa. Finaliza, elucidando que a aplicaçãodas normas constitucionais dentro das relações privadasde trabalho poderá torna-las mais humanizadas,garantindo, em seu âmbito, os direitos do trabalhador comocidadão e como pessoa humana, minimizando a alienaçãoe o despotismo no contrato de trabalho.

TRABALHO, REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA...

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ATIVISMO JUDICIAL E MANDADO DE SEGURANÇA:UMA ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIA DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO RIO DEJANEIRO

Heitor Carvalho Campinho

RESUMO

Ativismo, Democracia e Poder Judicial. Dessarelação de dependência na luta por uma sociedade maisjusta, os Tribunais se vêem forçados assumir uma posiçãoativa para atender aos direitos fundamentais do serhumano e aos objetivos da República Federativa do Brasilconsagrados na Constituição Democrática de 1988. Ainoperância dos Poderes Legislativos e Executivos temtransferido para a Justiça institucionalizada pelo Estado aimplementação desses anseios sociais veiculados sociaisveiculados em demandas individuais e coletivas, forçandoos Tribunais a uma outra postura, tornando-se artífices dodifícil caminhar da evolução da sociedade. É o AtivismoJudicial. Serve-se o magistrado, nas suas sentenças, dosPrincípios do Estado de Direito, e desponta a criatividadejudicial fundamentada em princípios e não somente naregra expressa. Em conseqüência, instalam-se conflitosentre o Poder Judicial e as demais funções do Estado.Por outro lado, o debate político de projeto de futuro retomao seu curso, impulsionando o Poder Judicial na direçãodas forças sociais, estas eventualmente paralisadas porquestões políticas. Esse aspecto pedagógico da decisãojudicial permite ainda uma maior coordenação entre osPoderes do estado para a promoção do bem social. Certoque vários são os questionamentos acerca do aumentoda função das Cortes de Justiça, todavia um consenso seimpõe: não há progresso humano de uma sociedade sema presença de uma Justiça forte e pronta para a resposta

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imediata em defesa da dignidade do ser humano.Respeitáveis decisões do Egrégio Tribunal de Justiça doEstado do Rio de Janeiro, fonte em nossa pesquisa, vêmreafirmando a importância de um Poder Judiciário dinâmicoe com responsabilidade política pela implementação daConstituição, em um país de desigualdades. Em seuativismo pela realização dos direitos do homem, essepoder torna cada vez mais explícita a defesa dos apenadospela vida, dos miseráveis, dos deficientes e vítimas dasociedade capitalista. Transformador da realidade social,no contexto de emergência do cumprimento dos direitoscívicos, o corpo judiciário brasileiro vem, e deve, emcumprimento dos princípios maiores da liberdade eigualdade, ser o guardião dos direitos individuais e sociaistão propagados. Isto é o que defendemos, apoiadoprincipalmente em autores como Gisele Citadino,Boaventura Souza Santos, Antonie Garapon e LuizWerneckViana. Ativismo judicial e Democracia, cidadaniae dignidade da pessoa humana. Instrumentos edesideratos, para plena realização de uma vida com o bemestar social e com destino do planeta Terra.

ATIVISMO JUDICIAL EMANDADO DE SEGURANÇA...

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A IMPROBIDADE PRATICADA POR PREFEITOSE O MINISTÉRIO PÚBLICO

Joana D’arc Calmon T. Guzansky

RESUMO

A preocupação com a proteção à probidade naAdministração Pública não é recente, vem de há muito.De outra parte, as leis disciplinadoras da atuação dosservidores públicos, da União, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios, sempre foram pródigas emanunciar hipóteses de ilícitos administrativos conhecidoscomo faltas disciplinares, que se destinam a preservar aregularidade, a seriedade e a lisura do funcionamento daAdministração Pública, cominando-lhe sanções que variamdesde a simples advertência à demissão bem do serviçopúblico. A essas regras de cunho penal ou administrativo,sempre se previu de modo paralelo a responsabilidadecivil dos agentes públicos por seus atos ilegítimos, dolososou culposos que causam danos ao erário. Como nãopoderia deixar de ser, nesta abordagem se procuraráanalisar, também, os crimes funcionais e político-administrativos suscetíveis de serem praticados porprefeitos, na esfera municipal, com as respectivassanções. Para tanto, o trabalho será dividido de forma apropiciar um melhor entendimento acerca do tema,tentando facilitar a compreensão da improbidadeadministrativa em consonância com a Lei deResponsabilidade Fiscal, como meio eficaz na soluçãode conflitos de interesses. Ante a extensão e a importânciada matéria, estas breves linhas almejam despertar aatenção para algumas faces do tema ainda nãoexaminadas pela doutrina. Espera-se, ao final, que oMinistério Público continue a cumprir, com afinco e

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A IMPROBIDADE PRATICADA POR PREFEITOS...

perseverança, seu papel de defensor dos princípiosbasilares do Estado de Direito, atuando como algozincansável das injustiças sociais, atuação esta que vemincomodando a grande maioria dos parlamentares, quefazem as leis, com a ameaça da Lei da Mordaça.

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ASPECTOS JURÍDICOS DA ARBITRAGEM NOSCONTRATOS DAS JOINT VENTURES NA

INDÚSTRIA DO PETRÓLEO: PERSPECTIVAS EDESAFIOS NO DIREITO EMPRESARIAL

Jorge Luiz Lourenço das Flores

RESUMO

O propósito desta dissertação é abordar arbitragemno novel cenário que se formou com base nas seguintesmodificações relevantes ocorridas no ordenamento jurídicobrasileiro: a Lei da Arbitragem (Lei nº 9.307/96) e a Lei doPetróleo (Lei nº 9478/97), sem esquecer o Novo CódigoCivil Brasileiro (Lei nº 10.406/02), que sedimentou oconceito de Direito Empresarial. A partir doreconhecimento da disseminação das joint ventures, naindústria petrolífera, como meio eficaz de concentraçãoeconômica de empresas, se vê, primordialmente nocenário internacional, que a arbitragem se consagroucomo o modo mais utilizado de solução de controvérsiasna indútria do petróleo. Com base na abordagem dosaspectos principais da arbitragem nos contratos das jointventures da indústria do petróleo, em que pese o fato deque a sigilosidade,em geral imposta na via arbitral, impedeque se possa levar a efeito um estudo de casos queultrapasse as barreiras dos chamados “casos históricos”,no presente trabalho, procuramos enfeixar as questõesrelevantes sobre o assunto que avultam nos dias atuais,despojados, todavia, de qualquer pretenso esgotamentodo tema. Pode-se verificar, por fim, que, malgrado aexistência de algumas desvantagens da via arbitral, estatem sido, inequivocamente, a alternativa que mais confortotrazà partes contratantes, sobretudo em relação ao capitalestrangeiro, haja vista o histórico bem-sucedido do uso

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desse modo de solução de conflitos, na seara do Direitodo Petróleo, ao longo das últimas décadas, seja naEuropa, seja nos Estados Unidos.Palavras-chave: 1. Arbitragem. 2. Contratos. 3. JointVenture. 4. Indútria do Petróleo. 5. Direito do Petróleo. 6.Direito Empresarial.

ASPECTOS JURÍDICOS DA ARBITRAGEM NOS...

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DIREITOS HUMANOS: UMA VISÃO HISTÓRICA ESUAS RELAÇÕES COM A CONSTITIÇÃO

FEDERAL DE 1988

José Inácio Henriques Viana

RESUMO

O homem, como “animal social” que é, sempreprocura viver em sociedade e, quando em grupo ele seorganiza, criando através dos costumes ou de normas,seus direitos e seus deveres. Assim, buscar o início dosdireitos humanos é ir aos primórdios da vida humana.Todavia, com o aumento populacional e tecnológico,começaram a surgir algumas normas escritas com oescopo de garantir essas prerrogativas, sendo queinicialmente elas eram regionais e a partir da Carta dasNações Unidas passaram a buscar um comportamentouniforme para toda a sociedade internacional. Como osDireitos Humanos são um conjunto de direitos individuaise coletivos, políticos, civis, sociais, culturais e econômicos,pode-se dizer que eles são os atos e atitudes quepossibilitam a todas as pessoas, enquanto indivíduos,viverem com dignidade, em toda amplitude. Mesmo sendoreconhecido por todos como direitos indivisíveis einterdependes e de caráter universal, metodologicamenteeles são estudados por etapas ou por “gerações”, namedida em que foram normatizados. A nível internacional,os mecanismos de proteção dos direitos humanos atravésdos tratados foram evoluindo gradativamente, começandopela Declaração Universal dos Direitos do Homem até osdocumentos hodiernos. No Brasil, a positivação dosdireitos humanos passa pelo principal instrumento jurídicoque é a Constituição e todas elas sempre trataram doassunto, desde a Imperial de 1824 até a Carta Magna de

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1988, mas a de 1934, para a época, foi bastante avançada,pois incluiu no seu texto novos direitos, principalmente osrelacionados com a ordem econômica e social. Tambémé necessário salientar o papel relevante desempenhadopelos Três Poderes Federais para que as normas internase internacionais tenham eficácia no território nacional. Osprincipais tratados internacionais sobre os DireitosHumanos foram ratificados pelo Brasil, como a Carta dasNações Unidas, a Declaração Universal dos DireitosHumanos, os Pactos Internacionais de Direitos Humanos,de 1966, a Convenção Americana de Direitos Humanosou Pacto de São José da Costa Rica etc. Em relação àCarta de 1988, como conseqüência da repressão sofridadurante o Governo Militar e da evolução dos direitoshumanos na Sociedade Internacional, foi uma respostaaos anseios do País, pois desde o seu preâmbulo salientao desejo de construir um Estado Democrático, cujo objetivoé possibilitar a real efetividade dos direitos humanos,destacando-se entre os seus fundamentos a dignidadeda pessoa humana (art.1º, III), entre os princípios a seremseguidos nas relações internacionais o da prevalência dosdireitos humanos (art. 4º. II) e que os direitos e garantiasrelacionados por ela não excluem outros decorrentes doregime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratadosinternacionais (art. 5º, p. 2º). Para concluir, afirma-se queo tratado internacional sobre direitos humanos a nívelconstitucional deve ter uma interpretação diferenciada eque, em relação aos tratados internacionais, é indiscutívelque os Estados têm a obrigação de respeitá-los e que odescumprimento desses Tratados pelos Estados-Partesgera responsabilidade no plano internacional.

DIREITOS HUMANOS: UMA VISÃO HISTÓRICA E ...

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO

Leandro Silva Costa

RESUMO

A responsabilidade civil alcançou uma grandeimportância no direito moderno, incidindo desde o Código deHamurabi (1790 – 1770 A.C.) até a vigência do atual CódigoCivil. Entre os diversos enfoques que surgem para oestudioso do Direito no âmbito da responsabilidade civil,devem ser reavaliados os pertinentes à subjetividade eobjetividade da responsabilidade civil médica, acontratualidade e extracontratualidade, conduta,imputabilidade, culpa, nexo causal e modalidades de dano.Analisa-se as formas de exclusão da responsabilidade civildo médico. Verifica-se, ainda, a tendência da doutrina e adivergência jurisprudencial, quanto à incidência dasobrigações de meio ou de resultado na atividade médica.Aborda-se esta questão em uma análise da relação jurídicaque se estabelece entre o médico e o paciente, aludindo aodever de informar e as regras contidas nos regulamentosaplicáveis à atividade médica. O debate alcança também aética médica e o processo ético profissional, importantes paraa averiguação do erro médico e aplicação das sanções denatureza administrativa, que servem para inibir a incidênciado erro médico, em qualquer de suas modalidades. Despontacomo questão fundamental a discussão sobre o Projeto deLei nº 25/2002 do Senado, que apura a amplitude do atomédico, confrontando-se com as regulamentaçõespertinentes aos profissionais de vários outros ramos dasaúde, face a interdisciplinaridade exigida para o trato dasaúde. Analisa a jurisprudência sobre o tema, verificando atendência dos Tribunais.Palavras-chave: Responsabilidade Civil; Contratualidade;Obrigações; Erro Médico

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A INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL E OMANDADO DE INJUNÇÃO

Lúcio Machado Campinho

RESUMO

Desde a elaboração das constituições escritas edogmáticas, é evidente a preocupação, por parte dosconstituintes originários e da sociedade, de que serespeitem os preceitos constitucionais e que sejamefetivadas pelos poderes constituídos as diretivas eleitase formalmente consignadas nas constituições.

No Brasil, as constituições mais serviram paralegitimar sistemas de governos, vários deles não-democráticos,não alcançando o objetivo de consolidar conquistas sociais eservir de instrumento de transformação social que viesse aatender aos anseios do povo, titular do poder.

A Constituição brasileira promulgada em outubro de1988 trouxe em seu corpo instrumentos que refletiram essaspreocupações dos constituintes originários. O instituto domandado de injunção é uma criação da Constituição vigente,remédio em que os constituintes, a doutrina e o povo emgeral depositaram suas esperanças a fim de que osprogramas de governo fossem efetivamente aplicados,devendo cada um dos Poderes cumprir suas funções.

Com grande pesar, a comunidade jurídica em geralviu o Supremo Tribunal Federal adotar uma posição nãoconcretista em relação aos efeitos do mandado de injunção.A teoria e a interpretação constitucional não foramdevidamente observadas, ficando, no entender de algunsMinistros da Suprema Corte, a esperança de que apermanente discussão sobre o tema façam com que osefeitos sociais da constituição venham a ser implementados.

O presente estudo é uma colaboração para amanutenção da discussão sobre o tema, elevando a

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interpretação constitucional como um meio de verdadeiramentealcançar os objetivos delineados na constituição e buscando,assim, impedir a ruína prematura do instituto.

Com a recente alteração na composição dosmembros do Supremo Tribunal Federal, renovou-se aesperança de ver as normas constitucionais discutidascom a profundidade reclamada e que se busque, maisque modificar a constituição, dar a ela a devida força.

A INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL...

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A MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS INDIVIDUAISTRABALHISTAS: LIMITES À AUTONOMIA DA

VONTADE DIANTE DOS PRINCÍPIOS DAIRRENUNCIABILIDADE E DA PROTEÇÃO

Marcelo Paes Menezes

RESUMO

A Constituição da República de 1988fez aflorar aredescoberta da justiça pelo cidadão, ampliando o acessoao Poder Judiciário. Mas a garantia formal de acessar oJudiciário não se fez acompanhar da necessáriareestruturação do aparelho judicial. Assim, a soluçãoestatal para o conflito pode consumir muitos anos. No casodo conflito trabalhista, considerando a natureza alimentardos créditos disputados, a demora é insuportável e jáencerra, nela mesma, uma injustiça. É imperativo que osconflitos sejam resolvidos rapidamente pelo estado,especialmente as disputas trabalhistas. Por outro lado, énecessário refletir sobre alternativas ao método estatal deresolução dos conflitos. Entre as formas alternativas,merece destaque a mediação. Tal método propõe substituiro ganha/perde que permeia o conflito pelo ganha/ganha,disso resultando ganhos recíprocos para os envolvidos.Como o conflito é equacionado à luz do diálogo, amediação enseja fantástica alteração de paradigma, vistoque a compreensão mútua direciona o entendimento. Apreservação do relacionamento é um aspecto muitosignificativo da mediação. A referida faceta é extremamenteimportante, sobretudo no campo das relações de emprego,haja vista que a mediação tem potencial para conservar ocontrato de trabalho, mesmo diante do conflito. Nãoobstante a inegável contribuição que a mediação podeemprestar ao equacionamento do conflito trabalhista, a

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autonomia da vontade, tratando-se do Direito do Trabalho,sofre acentuada limitação, considerando os princípios daproteção e irrenunciabilidade, informadores do ramo dodireito mencionado. Daí que a solução para o conflito háde encontrar pressuposto de validade nos princípiosreferenciados.

A MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS INDIVIDUAIS...

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JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO

Margareth Queiroz da S. Miller

RESUMO

Buscou-se neste trabalho, desenvolver um estudosobre o julgamento antecipado do mérito à luz doordenamento jurídico vigente em nosso país, sempreprocurando tratar a matéria com o necessário sensocrítico e com uma visão abrangente das questõesrelacionadas com efetividade do processo e com oacesso à Justiça.

A par do desenvolvimento histórico do tema, aautora procurou analisar as hipóteses em que a leibrasileira autoriza a antecipação do julgamento, comdestaque para o instituto da revelia e suas implicaçõesem nosso sistema processual civil.

Outrossim, abordou-se a questão relativa àsegurança jurídica, posto que o instituto do julgamentoantecipado precisar ser utilizado em perfeita sintonia comos princípios basilares que norteiam o processo civil,mormente o do contraditório e o da ampla defesa,considerando-se que neste está inserido o direito à prova.

Ao longo do presente estudo buscou-se demonstrarque o julgamento antecipado do mérito, não obstante sejauma forma anômala de extinção do processo, torna-sede suma importância na medida em que esta forma deprestação jurisdicional mostra-se diretamente relacionadacom a efetividade da tutela dos direitos.

A autora procurou, assim, dar ao tema um enfoquevoltado para uma das questões que mais afligem oprocessualista moderno, qual seja a morosidade dajustiça, sabendo-se que o retardamento da prestaçãojurisdicional acarreta muitas vezes prejuízos irreparáveis

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às partes. Portanto, em situações que autorizam ojulgamento antecipado, cabe ao juiz emitir desde logo oprovimento judicial almejado, visto que a atual concepçãode acesso à Justiça somente pode ser compreendidaquando se consegue obter uma sentença tempestiva e justa.

JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO

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LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARAPROMOVER AÇÃO CIVIL PÚBLICA NA DEFESA

DO CONSUMIDOR COMO CONTRIBUINTE

Ralph Machado Manhães Júnior

RESUMO

O tema deste trabalho tem como objetivofundamentar a legitimação do Parquet para a propositurade Ação Civil Pública em favor dos contribuintes na defesade direitos individuais homogêneos em que fique patente arelevância social para a atuação daquele órgão, emconsonância com os ditames do art. 19, da ConstituiçãoFederal. Na exposição dos Serviços Públicos, vemdemonstrar a possibilidade de se enquadrar os entespolíticos como fornecedores. Ao abordar o novo regime dasrelações contratuais firma a nova concepção do contrato,não esquecendo da mudança contida no Novo Código CivilBrasileiro onde, em sua parte geral de contratos foiintroduzida a função social do negócio jurídico. Ao se analisaro Código de Defesa do Consumidor constata-se que oreferido diploma traz uma nova ordem de proteção aosdireitos sociais. Vem demonstrar, também, o presentetrabalho a perfeita interação entre o Código de Defesa doConsumidor e a Lei de Ação Civil Pública, onde se alcançaa conclusão de ser a Ação Civil Pública totalmente cabívelna tutela dos interesses difusos e coletivos, passando pelalegitimidade do Ministério Público para a proposição da AçãoCivil Pública no Direito Consumerista sem olvidar o projetode lei complementar sobre o Código de Defesa doContribuinte, onde se espera galgar do primeiro degrau nabusca da elevação do contribuinte ao merecido patamar decidadão brasileiro em matéria fiscal.

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DE INFRATOR A VÍTIMA: A CRISE NO SISTEMAPENITENCIÁRIO

Robson Alves Damasceno

RESUMO

O Presente trabalho objetiva apresentar, de modo conciso,o resultado dos estudos realizados no curso de Mestrado emDireito, contendo observações sobre a crise no SistemaPenitenciário, com enfoque na vítima, um dos atores do dramadelitivo, até há pouco sem destaque em estudos específicos.

Também demonstrar de forma sucinta que nossasprisões são cenário de constantes violações dos direitoshumanos e os principais problemas enfrentados são: asuperlotação, a deterioração da infra-estrutura carcerária,a corrupção,a abstenção sexual e a homossexualidade, osuicídio, presença de drogas, a falta de apoio deautoridades governamentais, as rebeliões, e máadministração carcerária, o não cumprimento da lei deexecução penal de forma adequada, falta de segurança epessoal capacitado para realizá-la, e finalmente, areincidência que é de vital importância para a sociedade,demonstram que o nosso país está torturando presos empenitenciária, aniquilando qualquer possibilidade que venhaa se recuperar, ao mesmo tempo que gasta milhões. Épreciso, urgentemente, mudar esse sistema cruel que forjamais criminosos fazendo destes suas vítimas.

Concluindo, foi imprescindível uma breve exposiçãosobre a origem, evolução, tipologia e constituição da penaprivativa de liberdade, para que melhor se possa compreendercomo é realizado seu cumprimento nos dias atuais. Estapena deveria ser abolida ou, pelo menos minimizadadestinando-se apenas para os delitos considerados deextrema gravidade como por exemplo homicídio qualificado.

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NADEMORA DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

Rochester Machado Piredda

RESUMO

Embora o dever de reparação dos danos constituaprincípio geral do direito, por muito tempo esteve o Estadoafastado desse princípio, não admitindo que fosse eleresponsabilizado por atos praticados por seus servidores.Diante da evolução do fenômeno estatal, esta situação foimudando paulatinamente, até chegar à fase publicista,com a adoção da moderna teoria do risco administrativo,a qual serviu de fundamento para a atual responsabilidadeobjetiva do Estado, acolhida no artigo 37, § 6.º, daConstituição da República de 1988, alcançando os atoscomissivos e omissivos, não obstante respeitáveisopiniões em contrário, no sentido de que em relação aestes últimos a responsabilidade deve ser subjetiva,baseada, portanto, na existência de culpa. Defende-se aquia ampla responsabilidade do Estado, também em relaçãoaos atos jurisdicionais, não se limitando, com queremalguns, apenas às hipóteses previstas expressamente emlei. A atividade jurisdicional constitui serviço públicoessencial, sendo a prestação que dela decorre, garantidana Constituição da República de 1988 e na DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos, considerada direitofundamental. Não basta, no entanto, a garantia de acessoà prestação jurisdicional; é preciso, para sua efetivaçãocomo direito fundamental, que tal prestação seja concedidaem prazo razoável. O direito à prestação jurisdicional emprazo razoável tem fundamento em diversos princípiosconstitucionais, como o princípio do pleno acesso àJustiça, do devido processo legal e da eficiência, além deconstar como direito fundamental no artigo 8.º, inciso I, do

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Pacto de São José da Costa Rica, do qual é o Brasilsignatário. Violado o direito à prestação jurisdicional emprazo razoável, surge como corolário o direito de se obterdo Estado uma indenização pelos danos sofridos. Nestalinha de raciocínio, o retardamento da prestaçãojurisdicional ofende direito fundamental da pessoa humana,violando, em conseqüência, o princípio da dignidade dapessoa humana. A demora normalmente verificada noandamento dos processos constitui fator agonizante paraos jurisdicionados, não sendo justo que o Estado, pelamá administração da Justiça, fique impune pelos danoscausados àqueles que, sem outra possibilidade de defesados seus direitos, batem às portas da Justiça em buscade uma solução. Importante salientar que a expressão“prazo razoável” constitui conceito jurídico indeterminado,que deve ser investigado caso a caso, de acordo com asituação em concreto, não sendo correto dizer que osimples descumprimento do prazo processual seja motivobastante para configurar a demora, cabendo ao Estado,porém, de acordo com a responsabilidade objetiva, fazerprova da inexistência de culpa pelo atraso, como formade romper o nexo causal.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO...

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EFICÁCIA SOCIOLÓGICA DO DIREITO

Rodrigo Aurélio Q. Fernandes

RESUMO

A qualidade de qualquer estudo realizado no âmbitodas ciências humanas e sociais depende basicamenteda exata formulação dos conceitos que serão utilizados,como premissas zetéticas no caso do direito, apesar dadogmática conceitual representar um valioso ponto departida, o estudioso não pode aceitar a inquestionabilidadecomo a palavra final, mas também não pode negar aabsoluta necessidade de um corte inicial no sistema.Assim, os dogmas jurídicos possuem o seu valor, aindaque, após o estudo, o pesquisador conclua que as suaspremissas são totalmente diferentes dos conceitospropriamente ditos, no sentido dogmático.

Não há, ciências sociais, incluindo o direito, qualquerpossibilidade de um estudo hermeticamente cerrado, ouseja, até para que se estabeleça uma discussão baseadaem afirmação e justificação, deverão estar presentes àsinfluências do meio.

Assim, a adoção de uma ou outra teoria, a dogmáticajurídica e a jurídica-sociologia depende apenas dacapacidade de compreensão e justificação do agente. Nopresente estudo, mostraremos que a questão da eficáciado direito se explica melhor sob a ótica da sociologia jurídicado que da dogmática jurídica.

O ponto central está nos vários conceitos de direitoe nas várias concepções jurídicas que estes conceitosnos fornecem, trabalharemos assim, a questão da eficáciasocial do próprio direito.

As críticas a uma determinada teoria (sejadogmático-jurídica ou sociológico-jurídica), forma deexpressão ou busca da “verdade” não podem prescindir

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do conhecimento profundo e sistemático do alvo dadiscórdia. O agente de uma desconstrução jurídica deveconhecer todos os “tijolos”e a estrutura do que será criticado.Assim, de qualquer forma, sempre haverá , um cortevestibular, que terá para o contestador feições de dogma, afim de que o discurso contrário, seja bem sucedido.

No presente estudo, serão retirados alguns “tijolos”da teoria realista, observando-se que o ponto de referênciaserá o estudo do ordenamento jurídico nacional.

Abordaremos o conceito dogmático de direito,buscando, ao mesmo tempo, o questionamento zetéticosobre os temas da: a eficácia e da ineficácia do direito,abordando suas causas e conseqüências e os problemascorrelatos das funções do direito e anomia.

Este pequeno estudo, não pretende esgotar oassunto intrigante e apaixonante da eficácia do direito, mastem o fim de refletir sobre questões que diariamente seapresentam aos juristas operadores do direito.

EFICÁCIA SOCIOLÓGICA DO DIREITO

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A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA À LUZ DOSDIREITOS SOCIAIS CONTIDOS NO ARTIGO 6º

DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Rodrigo de Souza Grillo

RESUMO

A presente dissertação intitulada “A dignidade dapessoa humana à luz dos direitos sociais contidos no artigo6 da Constituição Federal” tem por objetivo demonstrar anecessidade da concessão dos direitos sociais básicosdispostos no artigo 6 da Constituição Federal de 1988,para o alcance de uma vida digna, e principalmente, orespeito ao princípio fundamental da dignidade da pessoahumana. Para isto, é necessário rever os princípiosconstitucionais disposto na Carta Constitucional em vigor,bem como a interpretação das normas Constitucionaispassando pela delicada questão da eficácia Constitucional.Ultrapassada a primeira etapa do trabalho, o próximopasso objetiva a análise do Princípio da dignidade dapessoa humana à luz do Constitucionalismo social, emfranca evolução, desde o início do século passado, tendo,inclusive, vencido o Estado Liberal apoiado pelaConstituição Federal de 1967 e 1969. Inegavelmente apassagem pelo Estado Liberal, foi necessária para odesenvolvimento nacional e a evolução do Estado Socialaté os dias de hoje. Finalmente, o princípio Constitucionalda dignidade da pessoa humana é colocado à prova, poissem o gozo dos direitos sociais básicos pelos cidadãosbrasileiros, dispostos no artigo 6 da Carta Constitucional,referido princípio maior da dignidade da pessoa humanajamais será respeitado.

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A TUTELA RESCISÓRIA COMO REVISÃO DACOISA JULGADA

Rodrigo Magalhães

RESUMO

Este trabalho cuida da tutela de rescisão como revisãode julgamentos cobertos pela autorictas rei judicatae.

Através de uma investigação histórica,comparatística e estrutural busca-se verificar a tipicidadedesta forma de ataque aos julgamentos inatacáveis porrecursos, que, entretanto, contenham vícios capazes decaracterizar uma contradição aos fins da jurisdição.

Assim, trata-se de uma tutela que busca retirar ainjustiça contida nos julgamentos, restaurando a justiçanecessária para legitimar as decisões judiciais como fontede orientação de conduta.

A idéia síntese está fundada na esperança da vítimade uma decisão portadora de vícios taxativos, de poderneles mesmos se fundar para realizar a sua revisão, demodo a alcançar uma segurança justa, bem como aopróprio Estado no interesse em legitimar a jurisdição.

O trabalho está dividido em quatro capítulos, alémda conclusão e do anexo com jurisprudência pertinente.

No capítulo I encontram-se as noções básicas datutela de rescisão de julgamentos cobertos pelaautorictas rei judicatae.

No capítulo II pode-se conhecer a história deste meiode impugnação desde seu surgimento em Roma,passando pela Península Ibérica, o direito espanhol eportuguês, a sua chegada e evolução no Brasil.

No capítulo III foi elaborada uma coleta de dados dedireito comparado de alguns dos principais ordenamentosjurídicos que a contemplam.

No capítulo IV empreende-se uma análise dos

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fundamentos constitucionais que permitem excepcionara garantia da segurança jurídica dos julgamentosinsuscetíveis de recurso, além de promover oenfrentamento estrutural acerca da tutela de rescisão daautoridade da coisa julgada na atualidade brasileira,verificando a sua tipicidade e seus traços característicosem relação aos outros meios reais ou aparentes de ataquea julgamentos.

No capítulo V abordamos os fundamentosconstitucionais da tutela rescisória da autorictas reijudicatae, dedicando um tópico sobre ainconstitucionalidade da proibição desta tutela noprocedimento dos juizados especiais cíveis.

Sob este universo, nós encerramos este trabalhocom nossas conclusões, que esperamos que sirvamcomo uma contribuição para a comunidade do Direito, epara a sociedade.

A TUTELA RECISÓRIA COMO REVISÃO DA...

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A RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADAMATERIAL: UM ESTUDO SOBRE A COISA

JULGADA INCONSTITUCIONAL

Roger Faiçal Ronconi

RESUMO

O presente trabalho, caminhando na linha do direitojusto, busca fazer um paralelo entre o princípio da segurançadas relações jurídicas, albergado pela coisa julgada, e oprincípio da constitucionalidade, de forma a fazer prevalecer,no caso concreto, o princípio preponderante.

Para tanto, fizemos por descrever o instituto da coisajulgada, procurando enquadra-la em seus reais contornos,bem como demonstrado o nascer de uma novaconsciência jurídica a respeito do tema em foco.

Em nossa pesquisa, resolvemos não aprofundarmuito no aspecto da jurisprudência, muito embora algumasestejam inseridas no texto como forma de demonstrar aaplicabilidade prática de nossas idéias. Sabemos,entretanto, que o tema encontra muitas das vezes severasresistências em relação à aplicabilidade da relativizaçãodo instituto da coisa julgada material.

Ao longo do trabalho pudemos demonstrar que,embora prima facie de difícil aceitação, nos casos quemencionamos é perfeitamente razoável sacrificar asegurança das relações jurídicas de forma a priorizar ajustiça na aplicação do direito.

Procuramos também desmonstrar que não hádesprezo algum pelo instituto da coisa julgada, mas sim,reafirmação da mesma a partir de critérios mais segurose condizentes com a realidade das coisas, fazendoprimeiramente imperar a garantia do justo para, emseguida, solidificar aquela mesma garantia.

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Entretanto, devido não somente à polêmica queenvolve o assunto, mas também em virtude da própriagarantia da coisa julgada, entendemos que a relativizaçãosomente poderia ocorrer no caso de violação a pilaresconstitucionais, e não apenas a direitos infraconstitucionais,dado que, nessa situação, estaríamos diante de duasgarantias de igual nível, devendo, nesse caso, preponderara garantia da coisa julgada.

Entretanto, violados dispositivos constitucionais, agarantia da coisa julgada seria afastada em benefício daprópria justiça do direito, fazendo imperar uma garantiacom foros de constitucionalidade, ao contrário da garantiada coisa julgada em relação aos atos do Poder Judiciário,de natureza infraconstitucional.

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UMA VISÃO CRÍTICA SOBRE A LEI DOS CRIMESAMBIENTAIS

Sivaldo Vasconcelos

RESUMO

O presente trabalho sugere uma nova intervençãolegislativa na Lei 9.605/98 com vistas ao aperfeiçoamentosua eficácia. Propõe que se reflita sobre a necessidade dadescriminalização ou pelo menos da redução das condutaspenais ambientais, da correção de imperfeições e equívocosde ordem lógica e jurídica, nela contidas, abordandotambém a questão da responsabilidade criminal da pessoajurídica, que precisa ser revista em face da extremadificuldade de sua aplicação prática. Demonstra que a leipenal ambiental não tem eficácia na repressão e prevençãodos delitos ambientais. Ao contrário, passados seis anosde sua edição, a devastação ambiental continua ocorrendoem níveis progressivos e preocupantes. Propõe, finalmente,que, enquanto seja discutida e construída a implementaçãode uma legislação penal ambiental de conteúdo mínimo,que sejam utilizados os instrumentos jurídicos civis eadministrativos existentes, dando praticidade e agilidade àurgente tutela ao meio ambiente com sanções maiseficazes que a simbólica sanção penal atual.Intervenção legislativa-eficácia-crimes ambientais.

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RECONSTRUINDO A PATERNIDADE: ARECUSA DO FILHO AO EXAME DE DNA

Vanessa Ribeiro C. S. Souza

RESUMO

As diversas mudanças ocorridas na sociedade du-rante todo o século XX passaram a refletir uma novarealidade legislativa, principalmente no direito de família,por certo o ramo jurídico mais sensível e mais próximo dosubjetivismo humano. A diferença de tratamento antesconferida aos filhos foi superada pela adoção de novosvalores constitucionais, onde a igualdade, a dignidade e aampla proteção passaram a ser diretrizes inexoráveis,impondo uma nova análise para o conjunto familiar. Pormuito tempo os conflitos existentes entre pais e filhos fo-ram resolvidos de forma unilateral, vez que somente eramconsiderados os interesses do ascendente. A configuraçãocontemporânea do direito de família não mais coaduna comesta verdade história, sendo imprescindível que ainterpretação das normas jurídicas, acompanhando aevolução constitucional, objetive alcançar de formaconcreta o bem-estar e a felicidade dos filhos. É com esseobjetivo que se analisará neste trabalho o conflito deinteresses estabelecido por meio da recusa do filho aoexame de DNA, seja em sede de ações que objetivam oreconhecimento da paternidade como também naquelascujo intento é a desconstituição do vínculo filial. Nestasquestões a análise ponderada dos interesses conduz ànecessidade de superar a arcaica forma de constituiçãofamiliar, privilegiando-se a situação jurídica titularizada pelosfilhos, em clara demonstração de uma mudança axiológicaque verdadeiramente transformou o conceito depaternidade.

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PROBIDADE NO PROCESSO CIVIL

Waldemiro José Trócilo Júnior

RESUMO

O presente trabalho visa estudar o princípio daprobidade no processo civil brasileiro, dando ênfase namatéria à luz do ordenamento jurídico vigente em nossopaís, procurando desenvolver o tema com indispensávelsenso crítico, baseando-se na doutrina nacional eestrangeira, na jurisprudência, com uma abordagem omais abrangente possível das questões que envolvem oprocedimento dos envolvidos na relação processual notocante à ética. Além do desenvolvimento histórico e dodesenvolvimento da matéria no direito brasileiro, o autoraborda as formas de punição do litigante ímprobo, tratandoem seguida de importantes institutos jurídicos que seinserem no contexto deste tema, destacando ocomportamento dos magistrados, dos membros doMinistério Público e dos advogados. Estuda-se o princípioda probidade, enfrentando-o em seus aspectos da boa-fésubjetiva e objetiva, especificando que é importante saberqual a extensão da matéria em relação aos aspectos dodolo, da culpa, da responsabilidade subjetiva e objetiva decada participante do processo e das penalidades previstasno Código de Processo Civil para o litigante ímprobo, afim de que se possa alcançar o limite do exercício do direitode ação assegurado constitucionalmente, com o trabalhoético. O autor procurou também abordar as inovaçõesintroduzidas no Código de Processo Civil em relação àlitigância de má-fé, o contempt of court, as penalidadesde ofício, inclusive para quem não faz parte da relaçãoprocessual, como mecanismos para que o processo sirvade acesso à justiça dentro do limite de uma luta travadarespeitando-se as regras elementares de toda competição,

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abordando se estas inovações e os mecanismosexistentes são suficientes para que os participantes doprocesso se comportem dignamente. Busca-se conciliaros imperativos da ampla defesa e do contraditório nocampo do uso dos meios necessários, legais e éticos decondução da demanda, envolvendo não só advogados epartes, mas também e principalmente magistrados, comodiretores do processo – que é instrumento de realizaçãode justiça – e os membros do Ministério Público, ante ocrescente número de demandas propostas em face destesúltimos em razão de alegação de condutas ímprobas napropositura de ações civis públicas. Por fim, demonstra-se que o direito processual civil brasileiro precisa enxergar,cada vez mais, que o processo não pode ser campo parachicanas, entraves na concessão da justiça, frustrandosua tão sonhada efetividade.

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GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE

Weverson da Silva Viegas

RESUMO

O presente texto pretende levantar a questão daParticipação Popular nas ações do Poder Público,especialmente o municipal, uma vez que, com a vigênciada Lei 10.257/01 é dada à sociedade uma maiorpossibilidade de participar dos assuntos de interesse local.Esta difícil tarefa inicia-se com o entendimento do que sejacidadania e como esta vem se desenvolvendo para quese possa chegar a um estágio em que a participação nãoseja entendida somente como um dever, mas sobretudocomo um direito do cidadão. Todavia, este direito que tantoabordamos neste trabalho só será plenamente exercido apartir do momento em que verifica a existência de doispressupostos fundamentais que são o direito à informaçãoadministrativa, ou seja, a possibilidade de qualqueradministrado ter conhecimento das atividades daadministração pública e a emancipação popular, segundoa qual a sociedade deve reconhecer sua funçãotransformadora dentro do Estado e, a partir daí encontrarnovos meios de participação na Administração Pública.Dentre as diversas formas de participação buscamos,aqui, focalizar algumas que entendemos principais emcada uma das funções do Estado, seja a Legislativa,através do Plebiscito, do Referendo e da Iniciativa Popularde lei; a executiva, através das Audiências Públicas; ou aJudiciária, por meio da Ação Popular, inclusive com umapesquisa realizada na Comarca de Campos dosGoytacazes, RJ, para se constatar a intensidade destaforma de participação. Além disso, para compreender aparticipação de uma forma ainda mais concreta,buscamos verificar como ela se dá na cidade de Campos

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dos Goytacazes, RJ, através do seu desenvolvimento pormeio das Associações de Moradores de Bairro. A partirdaí tratamos a questão da participação dentro da Lei10.257/0, fazendo uma avaliação dos mecanismos departicipação que foram vetados pelo Presidente daRepública que seriam de grande valia à questão daparticipação da sociedade no governo local.

GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE