79
CENTRO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DE JUSTIÇA O PROCESSO DE INVENTÁRIO

O Processo de Inventario

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O Processo de Inventario

CCEENNTTRROO DDEE FFOORRMMAAÇÇÃÃOO DDEE OOFFIICCIIAAIISS DDEE JJUUSSTTIIÇÇAA

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Page 2: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Apresentação APRESENTAÇÃO

A formação é destinada aos Oficiais de Justiça que trabalham em processo de Inventário.

As matérias irão sendo apresentadas, seguindo a ordem do processo de inventário, e conforme for surgindo a necessidade do seu tratamento.

Objectivos desta acção de formação:

devem os seus destinatários, no final da mesma, ser capazes de, manuseando o Código de Processo Civil e o Código Civil, identificar e enunciar as regras e executar correctamente, no seu local de trabalho, os actos processuais do processo de inventário.

No decurso da formação, serão consideradas três fases do processo

de inventário:

1- A habilitação. Saber identificar os interessados e chamá-los

ao processo é o primeiro objectivo a alcançar.

2- Reconhecer os bens a partilhar e seus valores. Activo e

passivo. Saber quais os bens que devem entrar no

inventário e determinar os seus valores é o nosso segundo

objectivo.

3- A partilha, destes bens, por aqueles interessados. Saber

partilhar e adjudicar os bens aos interessados - o fim último

do processo de inventário, é o nosso objectivo final. 13/1/2003

Para o formando avançar para o módulo seguinte, deverá ser capaz de ultrapassar, com êxito, a avaliação que lhe será feita no final de cada módulo.

A. Nolasco

Página 2 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 3: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

O PROCESSO DE INVENTÁRIO – FINALIDADES

ARROLAMENTO

Finalidades

Uma das funções do processo de inventário é o arrolamento dos bens que constituem a herança.

No caso de herança jacente e de interessado único, o inventário tem apenas por fim relacionar os bens e servir de base à eventual liquidação da herança.

Arrolamento

Art. º. 1132º nº 1 CPC

Artº. 2103º C.C.

http

://w

ww

.trl.p

t/jur

isp/

8070

-00c

am.h

tml

Herança Jacente é a herança aberta, mas ainda não recebida nem declarada vaga para o Estado.

Herança Jacente Art. 2046º CC.

SEPARAÇÃO DE MEAÇÕES

separação de

meações

A partilha dos bens comuns do casal em sequência da extinção da comunhão de bens entre os cônjuges, é outra das funções do processo de inventário, ou seja, o processo de separação de meações.

artº. 1326º e 1404º

CPC.

Ao longo da vida comum de um casal, vai este comprando bens. Esses bens são os bens comuns do casal.

bens comuns

Ao partilhar-se estes bens comuns, cada um dos cônjuges possui o direito a metade deles, a sua meação.

meação

Sabemos então que, da universalidade dos bens comuns, metade é a meação dum cônjuge e a outra metade é a meação do outro cônjuge.

Temos assim a noção de bens comuns e a noção de meação.

Mea

ção_

http

://w

ww

.dire

itovi

rtual

.com

/dc/

mea

cao.

htm

Pela noção de bens comuns obtemos também a de bens próprios – aqueles que pertencem unicamente a um dos cônjuges.1

bens próprios

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 3

1 (Ver regimes de bens, Código Civil, artº. 1717º a 1766º. Efeitos do divórcio, 1788º a 1790º. Separação Judicial de bens, 1767º 1722º).

Page 4: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

INVENTÁRIO DESTINADO A PÔR TERMO À COMUNHÃO

HEREDITÁRIA

Abertura da sucessão

art.º. 2024º , 2031º Cod. Civil

A sucessão abre-se no momento da morte do seu autor e no seu último domicílio.

Consiste no chamamento de uma ou mais pessoas à pertença efectiva dos bens do falecido.

Fases do processo de inventário

Saber quem são os interessados e chamá-los ao processo é o primeiro objectivo a alcançar.

Saber quais os bens que devem entrar no inventário, e determinar os seus valores, e efectuar o pagamento do passivo sendo caso disso, é o segundo objectivo do processo.

Ultrapassadas estas duas fases, avançamos para a terceira e última fase processual que é a da partilha e adjudicação dos bens aos interessados - o fim último do processo de inventário.

O requerente QUEM PODE REQUERER O INVENTÁRIO2

Conceito de legitimidade

Os interessados directos 3 ou

art.º. 1326º, 1327º e 1338º do CPC.

O Ministério Público, quando a herança seja deferida a incapazes, ausentes em parte incerta ou pessoas colectivas.

art.º 1406 CPC No caso de separação de bens, nos termos do art.º. 825º C.P.C., pode o inventário ser requerido pelo exequente e

Por qualquer credor no caso de falência de um dos cônjuges.

http://ww

w.infocid.pt/infocid/1521

_1.asp

2 Apenas é obrigatória a intervenção de advogados para se suscitarem ou discutirem questões de direito. 3 Qualquer dos cônjuges poderá peticionar por si só o inventário destinado a partilhar a herança em que seja interessado, em que tenha interesse directo. Ac. Rel. Lisboa de 23-5-1973, sum. No Bol. 227-204. Não têm interesse directo na partilha, e, como tal não podem requerer o inventário, nem os legatários, nem os donatários, nem os credores da herança, sem prejuízo da faculdade de intervir no processo nos termos do artº. 1327º nº. 2 e 3 do C.P.C.

Página 4 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

O cônjuge do herdeiro apenas terá legitimidade para requerer o inventário quando o seu regime de casamento for o da comunhão geral de bens.

Page 5: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

INCAPAZES E AUSENTES Incapazes e ausentes

A capacidade judiciária é a faculdade de estar por si em juízo.

artº. 9º C.P.C.

Os incapazes podem ser partes, mas não têm capacidade judiciária, pelo que só podem estar em juízo por intermédio dos seus representantes.

Representação dos incapazes

art.º. 5º e 6º CPC.

Os menores, como incapazes que são (art.º. 122 e sgts. C.C.), devem ser representados por ambos os pais.

Menores art.º 10º C.P.C.,1878º e 1881º

do Código Civil

Aos interditos aplicam-se as mesmas disposições que regulam a incapacidade por menoridade. (art.º. 138º e sgts. do C.C.)

Pode acontecer que o incapaz (menor, interdito ou inabilitado) e o seu representante sejam interessados na mesma herança.

Necessidade de curador

Por exemplo, quando ao autor da herança sucede o cônjuge e um filho de ambos menor.

Caso em que há conflito de interesses entre o incapaz e o seu representante legal, sendo, neste caso, o incapaz representado por curador especial nomeado pelo Tribunal.

artº. 1329º CPC. e

1881º nº. 2 do C.C.

Intervenção do Mº.Pº.

Rep

rese

ntaç

ão d

os in

capa

zes:

h

ttp:

//res

ea.a

veir

o-di

gita

l.net

/legi

s/11

.htm

O E

stat

uto

do M

Pº.:

http

://w

ww

.terr

avis

ta.p

t/mec

o/23

04/le

i%20

orga

nica

%20

min

iste

rio%

20pu

blic

o.ht

ml

Personalidade e capacidade judiciária.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 5

Page 6: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

O cabeça de casal O CABEÇA DE CASAL

O cargo de cabeça de casal incumbe a uma das pessoas referidas

nos artsº. 2080º a 2084º do C.C.:

a) cônjuge;

b) ao testamenteiro, salvo declaração do testador em contrário;

c) aos parentes que sejam herdeiros legais;

d) aos herdeiros testamentários

artº. 1338º CPC. E é indicado pelo requerente do inventário.

artº. 1339º, e 1340º nº. 1 e 3 do C.P.C.

O juiz nomeia o cabeça de casal, que é citado (ou notificado, caso

seja o próprio requerente do inventário), e advertido do âmbito das

declarações que deve prestar e dos documentos que deve

apresentar.4

art.º 103 e 2079.º do C.Civil

Pertence ao cabeça de casal a administração da herança até à sua

liquidação e partilha.

art. 1340º C.P.C. No dia e hora designados, presta pessoalmente o compromisso de

honra do bem desempenhar as suas funções e, seguidamente,

fornece em declarações, que pode delegar em mandatário judicial,

os elementos necessários ao desenvolvimento do processo.

http://ww

w.infocid.pt/infocid/1523_1.asp

Página 6 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

4 (Ver escusa, ou remoção do cabeça de casal artº. 1339º do C.P.C. e 2085º e 2086º do C.C.)

Page 7: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

AS DECLARAÇÕES DE CABEÇA DE CASAL declarações de

cabeça de casal

Das declarações de cabeça de casal deve constar: artº. 1340º - 2 CPC

a) - Identificação do autor da herança;

- lugar da sua última residência;

- a data em que faleceu

- o lugar em que faleceu;

b) A identificação dos interessados directos na partilha; a identificação dos legatários; dos credores da herança; se houver herdeiros legitimários, dos donatários.5

Tudo o mais necessário ao desenvolvimento do processo, designadamente:

- indicação do regime de bens do inventariado e de todos os interessados.

- em caso de pluralidade de núpcias, identificação do(s) cônjuge(s) e regime de bens e, se se procedeu a inventário, identificá-lo;

- indicação dos filhos havidos dentro e fora de cada casamento.

- se existe algum herdeiro nascituro.

- necessidade, ou não, de instaurar tutela ao menor 6, a qual deve ser promovida oficiosamente pelo Tribunal.

- indicação respeitante ao modo como foram os bens adquiridos (a título oneroso ou gratuito).

- caso a sucessão se abra fora do país, onde se situam os bens;.

- se houve inventário por óbito do cônjuge pré-defunto;

No acto das declarações o cabeça de casal apresentará:

Documentos a apresentar

Os testamentos dos autores da herança;

Convenções antenupciais;

5 A identificação compreende o nome, estado, morada – última residência, e local de trabalho (artº. 619º e 467º e 1340º nº. 2 al. b) do C.P.C.)

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 7

6 Sempre que ambos os pais falecerem ou o menor se encontre noutra situação referida nos artsº. 1921º, e 1922º do C.C.

Page 8: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Escrituras de doação;

Certidões comprovativos de perfilhação e de

Adopções plenas, se necessários;

A relação de todos os bens que terão de figurar no inventário

A lei aplicável ao regime de bens é a que vigorar ao tempo em

que foi celebrado o casamento.

Regime de bens supletivo

O primeiro Código Civil Português, o Código de Seabra, vigorou

desde 1867 até 1 de Junho de 1967, quando entrou em vigor o

actual Código Civil (Dec-Lei 47344 de 25-11-1966), que alterou,

designadamente, o regime de bens supletivo (artº. 1717º C.C.) que,

da comunhão geral de bens, passou a ser o da comunhão de

adquiridos.

Regime de bens supletivo é o regime de bens adoptado quando o

casamento não é precedido de convenção antenupcial, ou seja, a

regra geral, na falta de escolha.

O lugar da última residência do inventariado:

O lugar da abertura da sucessão

artº. 2031.º do C.C.

O lugar da abertura da sucessão é o do último domicílio

O Tribunal competente para o inventário é o do lugar da abertura da sucessão. artº. 77.º, n.º 1 do C.P.C.7

artº. 77º nº. 2 al. b) do C.P.C.

Aberta a sucessão fora do País e não tendo o inventariado bens em Portugal, é competente o Tribunal do domicílio.

Data do óbito Data do falecimento (dia, mês e ano):

artº. 2031º C.C. A sucessão abre-se no momento do óbito

artº. 2050º C.C. e fixa a data para efeitos da aceitação.

artº. 2119º C.C. Os efeitos da partilha produzem-se no momento da abertura da herança

Página 8 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

7 Ver Inventário do cônjuge supérstite. Exequibilidade das certidões extraídas dos inventários

Page 9: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Para o cálculo da legítima, considera-se o valor dos bens do autor da sucessão à data da sua morte – (artº 2162º do C.C.)

herança

Legítima ou quota indisponível é a porção de bens de que o testador não pode dispor, por ser legalmente destinada aos herdeiros legitimários.

Legítima Artº 2156º C.C.

Herdeiros legitimários são o cônjuge, os descendentes e os ascendentes, pela ordem e segundo as regras estabelecidas para a sucessão legítima.

Herdeiros legitimários

artº. 2157º C.C

Sucede frequentemente que, ao proceder-se à partilha de uma determinada pessoa, se verifica que os bens a partilhar foram adquiridos por herança anterior de que não foi feita partilha.

Cumulação de inventários

Neste casos tem lugar a cumulação de inventários.

Devemos então fazer a partilha de alguém que morreu há muitos anos atrás, quando vigoravam outras regras, e

artº. 1337º nº 1 al. c) e nº. 2 do

C.P.C.

A lei em vigor à data do falecimento é que vai regular a sucessão por morte.

artº. 62º C. Civil.

Em 25 de Novembro de 1977 é, por imperativo constitucional, publicado o Decreto Lei nº. 496/77, que introduz novas alterações ao Código Civil, entre as quais a actual ordem da sucessão legítima referida no artº. 2133º, que entrou em vigor no dia 1 de Abril de 1978.

antes de 1-4-1978

Nas sucessões abertas antes de 1-4-1978, o cônjuge apenas integra a 4ª classe de sucessíveis. A ordem de sucessão legítima é, nestes casos, idêntica8 à estabelecida no artº. 1969 do C. Seabra pela seguinte ordem:

artº. 1969º do

Código de Seabra

http

://w

ww

.dir

eito

virt

ual.c

om/d

r/ab

ertu

ra_d

a_su

cess

ao_.

htm

http

://w

ww

.dire

itovi

rtual

.com

/dc/

suce

ssao

_em

_ger

al.h

tm

1.Aos descendentes, na falta destes,

2.Aos ascendentes, na falta destes,

3.Aos irmãos e seus descendentes e, na falta destes todos,

4.Ao cônjuge sobrevivo

5.Aos transversais não compreendidos no nº. 3, até ao 10º grau.

6.A Fazenda Nacional

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 9

8 Na sua versão inicial, a redacção do artº. 2133º do actual C.Civil que entrou em vigor em 1.6.1967, era, nos primeiros 4 graus idêntica à do artº. 1969º do Código anterior. Sendo o 5º grau “Outros colaterais até ao 6º grau” e o 6º o Estado.

Page 10: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

artº. 2133º do C.C

A actual ordem da sucessão legítima integra o cônjuge na 1º classe de sucessíveis ou, não havendo descendentes na 2ª, sendo a seguinte a ordem por que são chamados os herdeiros:

1. Cônjuge e descendentes, na falta destes,

2. Cônjuge e ascendentes, na falta destes,

3. Irmãos e seus descendentes, na falta destes,

4. Outros colaterais até ao 4º grau, na falta destes todos,

5. O Estado

Parentesco

artº 1578º C.C.

Parentesco é o laço que une duas pessoas, em resultado de uma delas descender da outra ou de terem as duas um antepassado comum.

artº. 1580º C.C.

Linhas de parentesco:

A linha diz-se recta quando um dos parentes descende do outro;

diz-se colateral quando nenhum descende do outro, mas ambos descendem de um antepassado comum.

Contagem dos graus

Contagem dos graus:

artº. 1581º C. C. - na linha recta, cada pessoa é um grau, não se contando o progenitor.

- na linha colateral, conta-se da mesma maneira os graus de parentesco, subindo por um dos ramos e descendo pelo outro, não se contando o antepassado comum.

Suponhamos 4 pessoas, cada uma filha da anterior - a primeira é bisavó da última.

Qual o grau de parentesco entre a 1ª e a 4ª?

Sendo cada pessoa um grau, seriam parentes no 4º grau, mas como não se conta o progenitor, são parentes no 3º grau da linha recta.

http://ww

w.instituto-cam

oes.pt/cvc/familia/

Afinidade

artº. 1584º C.C

Afinidade é o vínculo que liga cada um dos cônjuges aos parentes do outro e não cessa pela dissolução do casamento.

Página 10 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 11: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

A descendência da Ana:

Linha recta descendente,

quando se parte do ascendente para o

que dele procede.

ascendente, quando se

considera como partindo deste

para o progenitor.

Linhas colaterais: Quando nenhum

descende do outro, mas ambos têm um progenitor comum

Ana é o progenitor comum

a todos

Isabel é o progenitor comum

do João e do Miguel

Jorge é o progenitor comum

do Rui e do Luís

Qual o grau de parentesco entre o Rui e a Ana?

Cada um é um grau. Rui, Jorge, Pedro e Ana, são 4. Mas como o progenitor, a Ana, não conta, são parentes no 3º grau da linha recta.

Qual o grau de parentesco entre o João e o Miguel?

Cada um é um grau. Eles são 3, logo seriam 3 graus. Mas como a Isabel é o progenitor comum, não conta. Então o João e o Miguel são parentes no 2º grau da linha

colateral.

E entre a Isabel e o Pedro?

Cada um é um grau. Isabel + Maria + Ana + Pedro são 4. Como não se conta o progenitor comum, a Ana, são parentes no 3º grau da linha colateral.

E o João e o Luís?

São parentes no 6º grau da linha colateral.

Legar é transmitir por testamento. Legar

http

://cr

3.ce

a.uc

p.pt

/leic

iv/c

ivil/

cv20

30.h

tm

Legatário é aquele a favor de quem o testador dispõe de valor ou bens determinados.

artº. 2249º C.C. e sgts.

Um herdeiro pode ser simultaneamente legatário e herdeiro.

Doação é o acto de doar, é o contrato, unilateral e gratuito, pelo qual uma pessoa, em vida, dispõe de um bem ou de um direito do seu património, gratuitamente, a favor de outro.

Doação

artº. 940º C.C. e sgts.

Donatário é aquele a favor de quem foi feita a doação.

A doação pode ser feita a favor de qualquer pessoa, incluindo um herdeiro legitimário.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 11

Page 12: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Dívidas activas são os direitos de crédito da herança; as dívidas de que a herança, ou o casal, é credor.

Dívidas passivas - Credores da herança – Encargos da herança

Credores

artº. 2068º e sgts C.C.

A herança é responsável:

Pelas despesas com o funeral e orações pela alma do seu autor;

Pelos encargos com a testamentaria, administração e liquidação do património hereditário;

Pelo pagamento das dívidas do falecido e pelo cumprimento dos legados.

Regimes de bens Regimes de bens:

artº. 1717º e sgts C.C.

Regime de bens supletivo é o regime de bens adoptado quando o casamento não é precedido de convenção antenupcial, ou seja, a regra geral. (na falta de escolha).

Comunhão de adquiridos

Desde 1 de Junho de 1967 que é o da comunhão de adquiridos.

No regime da comunhão de adquiridos:

Bens próprios são aqueles que cada um já tinha antes de casar e ainda

os bens adquiridos, durante o casamento, por sucessão ou doação (a título gratuito).

artº. 1722º C.C. os bens adquiridos, na constância do matrimónio, em resultado de direito próprio anterior ao casamento.

Bens comuns são o produto do trabalho dos cônjuges e

os bens adquiridos durante o casamento, com excepção dos atrás referidos. (1724º C.C.)

Comunhão geral No regime da comunhão geral:

Todos os bens que cada um possui e que venha a adquirir

http://ww

w.infocid.pt/Infocid/1303_1.asp

http://ww

w.infocid.pt/infocid/1306_1.asp

http://ww

w.infocid.pt/infocid/1309_1.asp

http://ww

w.infocid.pt/m

t/infocid/1306_1.htm

artº. 1732º C.C.

integram o património comum.9

http://ww

w.infocid.pt/infocid/0_2.asp

Página 12 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

9 . (salvo as excepções referidas no artº. 1733º do C.Civil)

Page 13: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

No regime da separação de bens: Separação de bens

Cada um conserva o domínio e fruição de todos os seus bens presentes e futuros.

artº. 1735º C.C.

É obrigatoriamente contraído sob a separação de bens: artº. 1720º C.C.

O casamento realizado sem precedência do processo de publicações;

O casamento de quem já tenha completado 60 anos de idade.

Analisando as diferenças dos regimes de bens apercebemo-nos da

necessidade de conhecer, não só quais os regimes de bens dos

inventariados, mas também os dos demais interessados

Mas é ainda necessário saber como e quando foram os bens adquiridos, para distinguirmos os bens comuns dos bens próprios.

Pois só assim ficamos a saber como e a quem os bens se transmitem.

Ou seja, só assim sabemos a quem os bens pertenciam e quem deve ou não ser chamado à sucessão – quem é herdeiro.

Mas também para saber qual o Tribunal competente para o inventário pode ser necessário saber onde se situam os bens:

Competência territorial

No caso da sucessão abrir fora do País. artº. 77º nº. 2 CPC.

Quando uma partilha depende de outra, ao proceder-se à partilha por óbito de uma determinada pessoa pode verificar-se que os bens a partilhar foram adquiridos por herança anterior de que não foi feita partilha.

Neste caso há que proceder-se à cumulação de inventários e o Tribunal competente é aquele onde deve realizar-se a partilha de que as outras dependem.

1337º nº. 1 e 2 do C.P.C.

No caso do inventário do cônjuge supérstite 10, é competente o Tribunal onde se procedeu ao inventário do cônjuge pré-defunto e os termos do segundo processo correm dentro do primeiro

artº. 77º nº. 3 e 1377º nº. 1 al. b) e

nº. 2 e 1392º do C.P.C.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 13

10 O último a perecer.

Page 14: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Documentos a apresentar

Documentos que o cabeça de casal deve apresentar no acto das declarações:

- Os testamentos dos autores da herança - Os quais pagam imposto de selo – 24,94 € cada um.11

- Convenções antenupciais;

- Escrituras de doação;

- Certidões comprovativas de perfilhação, se necessárias;

- A relação de todos os bens que hão-de figurar no inventário.12 artº. 1345º do C.P.C.

- As cópias de todos os documentos (artº. 152º, nº. 2 do C.P.C.) uma para cada pessoa a notificar.

-

Se o cabeça da casal não apresentar todos ou alguns dos

elementos exigidos, justificará o motivo da falta e solicitará a

prorrogação do prazo para os fornecer. (artº. 1340º, nº. 4 do C.P.C.).

Caso os elementos que o cabeça de casal não consiga fornecer

respeitem à identificação de interessados, é aconselhável tomar-

lhe apenas o compromisso de honra, designando-se nova data

para as declarações, de forma a que todos os elementos constem

de um único auto de declarações de cabeça de casal.

Prestadas as declarações, o Juiz no próprio auto profere despacho

a ordenar as citações.

Citações

Quando o processo deva prosseguir -

11 Tabela Geral do Imposto de Selo: 15.6 - Testamentos, incluindo as doações por morte, quando tenham de produzir efeitos jurídicos).

Página 14 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

12 o auto de arrolamento, quando o houver, serve de descrição de bens no processo de inventário – nº. 3 do artº .426º do C.P.C.

Page 15: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

São citados - para os termos do processo: artº. 1341 e 1342º do C.P.C.

• Os interessados directos na partilha. Interessados directos são os herdeiros do autor da herança. E, se o regime de bens desses herdeiros for o da comunhão geral,

também são interessados directos os seus cônjuges.

As pessoas contempladas com o usufruto duma parte da herança

não determinada também são interessados directos.

Interessados directos

Citação dos cônjuges dos interessados

O óbito marca o momento da abertura da sucessão, fixa a data

para efeitos de aceitação e os efeitos da partilha consideram-se

produzidos nesse momento.

Sempre que integrem a herança imóveis, ou outros bens cuja

alienação ou oneração necessite do consentimento de ambos os

cônjuges, 13 e o regime de bens seja outro que não o da

separação, não pode o herdeiro alienar esses bens sem o

consentimento do cônjuge.

Como do inventário pode resultar sempre alienação de bens,

entendemos que apenas o regime da separação de bens afasta a

necessidade da citação do cônjuge do herdeiro, pelo que:

• Os cônjuges dos herdeiros também são citados,14 excepto quando casados sob o regime da separação;

• O MºPº., quando a sucessão seja deferida a incapazes, ausentes em parte incerta ou pessoas colectivas;15

artº. 1341º nº. 1 e 1343º nº. 1 do

C.P.C.

• Os legatários (citados para deduzirem os seus direitos);

13 Ver artsº. Do C.Civil, 1682º Alienação de móveis, e 1682º-A alienação de imóveis e estabelecimento comercial. 14 como interessados directos, para os efeitos do 1343º n.º. 1 CPC.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 15

15 E ainda quando a herança estiver sujeita no todo ou em parte a imposto sobre as sucessões e doações, o Mº.Pº. requererá a aprovação do passivo que seja a favor da Fazenda Nacional, e opor-se-á à aprovação, para efeitos fiscais, de quaisquer verbas do passivo que não estejam aprovadas por documentos, ou cuja prova não considere suficiente 8artº. 138º do CIMSISD) – ver pág. 33.

Page 16: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

• Os credores da herança (citados para deduzirem os seus direitos); e

• Os donatários, apenas se houver herdeiros legitimários.

Oposição ao inventário

Apenas os interessados directos na partilha16, o M.º Pº.

quando citado, o cabeça de casal, e o requerente do inventário,

são citados para:

art. 1343º do CPC.

30 dias

Deduzir oposição ao inventário, impugnar a legitimidade dos

interessados citados ou alegar a existência de outros, impugnar a

competência do cabeça-de-casal ou as indicações constantes das

suas declarações, ou invocar quaisquer excepções dilatórias.

artº. 1342º, nº. 1 e 1348º, nº. 3 do C.P.C.)

A citação é feita com entrega de cópia das declarações de cabeça

de casal, relação de bens e documentos apresentados.

artº. 373º nº. 4 do C.P.C.

Feitas as citações e notificações, e decorrido o prazo sem ter sido

impugnada a legitimidade de qualquer herdeiro citado, está

encerrada a primeira fase do processo de inventário - a

habilitação.

O cabeça de casal e o requerente do inventário são notificados

do despacho que ordena as citações, tendo as mesmas faculdades

que os restantes interessados, contando-se o prazo de que

dispõem da notificação do despacho que ordena as citações.

Atingimos assim o primeiro objectivo do processo de inventário

que é o de saber quem são os interessados e chamá-los ao

processo.

16 Também o são os cônjuges dos herdeiros. Ver nota de rodapé 2 da página 4.

Página 16 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 17: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Modelo com um filho falecido antes do A. da herança, com nomeação de curador ao incapaz e sua citação, e outro menor representado pela mãe que não concorre à herança.

AUTO DE DECLARAÇÕES DE CABEÇA DE CASAL

Inventário n.º________ - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Inventariado: ________________- - - - - - - - - - - - - -

Data: __ / __ / __ , às _______horas. Local:________________ - -

Magistrado(s): _____________________- - - - - - - - - - - -

Oficial de Justiça: __________________- - - - - - - - - - - -

Encontravam-se presentes: __________________________- - - -

À hora designada no competente despacho, o cabeça de casal prestou o

compromisso de honra de bem desempenhar as funções de cabeça de casal

neste inventário. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

De seguida o Sr. Juiz encarregou-a de fazer as declarações exigidas nas

alíneas do n.º 2 do art.º 1340.º do CPC., o que ele satisfez da seguinte

maneira: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Que o inventariado se chamava F______, teve a sua última residência em

______, faleceu no dia __ /__ /__, em _______ no estado de casado com

a declarante, sem convenção antenupcial, em primeiras e recíprocas

núpcias de ambos, sob o regime da comunhão geral de bens, em __ / __ /

__. Não deixou testamento, doação ou qualquer disposição de sua última

vontade, sucedendo-lhe, a declarante sua: - - - - - - - - - - - -

17 Caso o José estivesse vivo aquando da morte do seu pai, teria adquirido o direito à herança, no momento da abertura da sucessão. Esse direito, por sua morte, transmitir-se-ia aos seus herdeiros, que são: O seu cônjuge Isabel e o seu filho Miguel. Então, a viúva Isabel seria interessada, e como tal chamada à herança juntamente com o filho Miguel. 18 Direito de representação. - Quando se chamam os descendentes a ocupar a posição daquele que não pôde, ou não quis aceitar a herança – artº. 2039º do C.C.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 17

19 Como neste exemplo a mãe não concorre com o filho menor, é ela que representa o filho e não há que nomear curador, pois não há qualquer conflito de interesses.

Page 18: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

- - - - - - - - - - - - VIÚVA - - - - - - - - - - - -

MARIA .............. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

E, havidos deste casamento, os seguintes: - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - FILHOS- - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - 1º- - - - - - - - - - - -

MÁRIO______, casado sob o regime da comunhão de adquiridos com

Teresa_____ residentes em _____ e com locais de trabalho,

respectivamente, em ______ e _____- - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - 2º- - - - - - - - - - - -

JOSÉ______, falecido antes 17 do inventariado, em __/__/___ no estado

de casado sob o regime da comunhão de adquiridos com ISABEL...,

residente em ... e com local de trabalho, em ..., deixando a representá-lo 18

o seguinte filho menor havido deste casamento, que do inventariado é:

- - - - - - - - - - - - NETO- - - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - A- - - - - - - - - - - -

MIGUEL __________, menor de __ anos (nascido a __/__ /__ ), estudante, residente com a mãe. 19 - - - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - 3º- - - - - - - - - - - -

PEDRO __________, menor de __ anos (nascido a __/__/__ ), estudante, residente com a declarante; - - - - - - - - - - - - - -

Declarou ainda que não existem dívidas activas ou passivas, os bens a partilhar são constituídos por móveis e um imóvel adquirido a título oneroso, na constância do matrimónio, situado na área desta comarca. - -

Apresentou, neste acto, a relação de bens devidamente instruída que o Sr. Juiz, depois de ler e rubricar, mandou juntar aos autos. - - - - - - -

Por se encontrar presente, foi dada a palavra ao Digno Magistrado do M.º Pº. que, no uso da mesma indicou para curador do menor Pedro, o Sr. C. _______, casado, agricultor, residente em ___________ e com local de trabalho em _______ . - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

De seguida o Sr. Juiz deu as declarações por prestadas, e proferiu o seguinte:

- - - - - - - - - - - - DESPACHO - - - - - - - - - - -

Nomeio para curador do menor, o indicado pelo M.º Pº. - - - - - - -

Tendo conhecimento de que aquele se encontra presente, neste Tribunal, prestará o imediatamente o juramento. - - - - - - - - - - - - -

Cumpra-se o disposto nos artsº 1341.º, 1342.º e 1348.º todos do C.P.C. - -

Página 18 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 19: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Seguidamente, o curador prestou o juramento legal de bem desempenhar o

referido cargo, defendendo e zelando os interesses do seu curatelado,

após o que citei o menor Pedro...., na pessoa do seu curador, para: - - -

Deduzir oposição ao inventário, impugnar a legitimidade dos interessados

citados ou alegar a existência de outros, impugnar a competência do

cabeça-de-casal ou as indicações constantes das suas declarações, ou

invocar quaisquer excepções dilatórias, dentro do prazo de 30 dias. - - -

Neste acto entreguei cópia das declarações de cabeças de casal, relação

de bens e documentos apresentados, do que disse ficar ciente. - - - -

O despacho antecedente foi notificado à cabeça de casal e ao Digno

Magistrado do Ministério Público. - - - - - - - - - - - - - - -

a) Juiz

a) Of. Justiça

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 19

Page 20: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Modelo com apresentação da relação de bens e indicação de curador

do interessado incapaz

- AUTO DE DECLARAÇÕES DE CABEÇA DE CASAL -

Inventário n.º________ - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Inventariado(a)___________________ - - - - - - - - - - - -

Data: __ / __ / __ , pelas ________horas. - - - - - - - - - - -

Local:_______ Magistrado(s):_____________ - - - - - - - - -

Oficial de Justiça: _______- - - - - - - - - - - - - - - - -

PRESENTES:___________ - - - - - - - - - - - - - - - - -

À hora designada no competente despacho, o cabeça de casal prestou o compromisso de honra de bem desempenhar as funções de cabeça de casal neste inventário por óbito de F_________________.- - - - - - -

De seguida, o Sr. Juiz encarregou-o de fazer as declarações exigidas nas alíneas do n.º 2 do art.º 1340.º do CPC., o que ele satisfez da seguinte maneira: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

O inventariado chamava-se F_____, faleceu no dia em __ / __ / __, em ________ e teve a sua última residência em _________________.- -

A declarante foi casada em primeiras núpcias de ambos, com o inventariado, sob o regime da comunhão geral, casamento este celebrado em __ / __ /__.

O inventariado não deixou testamento, doação ou qualquer disposição de sua última vontade, tendo deixado a suceder-lhe, além da DECLARANTE (identificação) os seguintes: - - - - - - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - FILHOS - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - 1.º - - - - - - - - - - - -

F__________, casado com __________, sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos residentes _________. e com locais de trabalho, respectivamente, em ___________;- - - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - 2.º - - - - - - - - - - - -

F ___________, de ___ anos, solteiro, pintor, residente com a declarante e com local de trabalho em __________.- - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - 3.º - - - - - - - - - - - -

F __________, incapaz de __ anos (nascido a __ / __ / __ ), estudante, residente com a declarante; - - - - - - - - - - - - - - - - -

Declarou ainda que não existem dívidas e os bens a partilhar são constituídos por móveis e um imóvel adquirido, a título oneroso, na constância do matrimónio. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Página 20 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 21: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Apresentou, neste acto, uma relação de bens devidamente instruída que o Sr. Juiz, depois de ler e rubricar, mandou juntar aos autos. - - - - -

Por se encontrar presente, foi dada a palavra ao Digno Magistrado do Mº Pº. que, no uso da mesma disse: “indico para curador do interessado incapaz, o Sr. _______, casado, agricultor, residente em ___________ e com local de trabalho em ____________“.- - - - - - - - - - - -

Em seguida o Sr. Juiz deu as declarações por prestadas, e proferiu o seguinte: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - DESPACHO - - - - - - - - - - -

«Nomeio para curador do incapaz, a pessoa indicada pelo Mº Pº . Tendo conhecimento de que aquele se encontra presente, neste Tribunal, deverá prestar o juramento imediato». - - - - - - - - - - - - - - - -

Cumpra-se o disposto nos artsº 1341.º, 1342.º e 1348.º todos do CPC..” - -

Logo, em cumprimento do ordenado, o curador prestou o juramento legal de bem desempenhar o referido cargo, defendendo e zelando os interesses do seu curatelado, tendo ainda sido citado o incapaz, na pessoa deste curador, nos termos acima ordenados, do que disse ficar bem esclarecido. - - - -

O despacho acabado de proferir foi notificado à cabeça de casal e ao Digno Magistrado do Ministério Público, que declararam ficar bem cientes.- - - -

ass. Juiz

ass. Of. Justiça

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 21

Page 22: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Modelo sem apresentação da relação de bens e com indicação de

curador do interessado incapaz

- AUTO DE DECLARAÇÕES DE CABEÇA DE CASAL -

Inventário n.º________ - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Inventariado(a)__________ - - - - - - - - - - - - - - - -

Data:__ / __ / __ , pelas ________horas. - - - - - - - - - - - -

Local: _______- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Magistrado(s): ________________- - - - - - - - - - - - - -

Oficial de Justiça: ________________- - - - - - - - - - - - -

PRESENTES ________- - - - - - - - - - - - - - - - - - -

À hora designada no competente despacho, o cabeça de casal prestou o compromisso de honra de bem desempenhar as funções de cabeça de casal neste inventário por óbito de F_____- - - - - - - - - - - - - -

De seguida, o Sr. Juiz encarregou-o de fazer as declarações exigidas nas alíneas do n.º 2 do art.º 1340.º do CPC., o que ele satisfez da seguinte maneira: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

O inventariado chamava-se F_______, faleceu no dia __ / __ / __, em_____ e teve a sua última residência em _______________.- - - -

A declarante foi casada em primeiras núpcias de ambos, com o inventariado, sob o regime da comunhão geral, casamento este celebrado em __/ __ / __.-

O inventariado não deixou testamento, doação ou qualquer disposição de sua última vontade, tendo deixado a suceder-lhe, além da DECLARANTE (identificação) os seguintes: - - - - - - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - FILHOS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1.º - - - - - - - - - - - -

F______, falecido em, __ / __ / __, antes do inventariado, no estado de casado, sob regime de comunhão de adquiridos, com F_____, viúva, porteira, residente ______ e com local de trabalho em _______, tendo deixado a representá-lo o seguinte filho, que do inventariado é: - - - -

- - - - - - - - - - - - NETO - - - - - - - - - - - -

F_____ maior, solteiro, estudante, residente com a mãe atrás identificada. -

- - - - - - - - - - - - 2.º - - - - - - - - - - - -

F_____, incapaz, de __ anos (nascido em __ / __ / __), residente com a declarante. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Página 22 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 23: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

declarante. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Por óbito do 1.º filho não se procedeu a qualquer partilha dos bens. O mesmo deixou bens próprios e comuns. - - - - - - - - - - - - -

Mais declarou que não existem dívidas e os bens a partilhar são constituídos por móveis, imóveis e depósitos bancários adquiridos, a título oneroso, na constância do matrimónio. - - - - - - - - - - - - - -

Não apresenta, neste momento, a relação de bens por dificuldades surgidas na obtenção dos elementos para elaboração da mesma, pelo que requer que lhe seja concedido um prazo para o efeito. - - - - - - -

--- Por se encontrar presente o Digno Magistrado do Mº.Pº foi-lhe dada a palavra e, no uso da mesma disse: “ Indico para curador do incapaz o Sr. _____, casado, agricultor, residente em _________e com local de trabalho em _______. - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Em seguida o Juiz deu as declarações por prestadas, e proferiu o seguinte:

- - - - - - - - - - - - DESPACHO - - - - - - - - - - -

”Nomeio para curador do incapaz, a pessoa indicada pelo Mº Pº. Designo para o seu juramento o dia __ / __ / __, pelas ___ horas. Notifique. - -

Concedo à declarante o prazo de ____ dias para apresentação da relação de bens devidamente instruída. - - - - - - - - - - - - - - - -

Cumpra-se o disposto nos art.º 1341.º e 1342.º do CPC..“ - - - - - - -

Este despacho acabado de proferir foi notificado à cabeça de casal e ao Digno Magistrado do Mº Pº que declararam ficar bem cientes. --

ass. Juiz

ass. Of. Justiça

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 23

Page 24: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Relação de bens DO RELACIONAMENTO DE BENS

O cabeça de casal organiza a relação dos bens, especificando-os por verbas numeradas pela ordem indicada no artº. 1345º do C.P.C., ou seja: 20

1. direitos de crédito,

2. títulos de crédito,

3. dinheiro,

4. moedas estrangeiras,

5. objectos de ouro, prata e pedras preciosas e semelhantes,

6. outras coisas móveis e

7. bens imóveis.

As dívidas são relacionadas em separado, sujeitas a numeração própria.

A menção dos bens é acompanhada dos elementos necessários à sua

identificação e ao apuramento da sua situação jurídica.

Não havendo inconveniente para a partilha, podem ser agrupados, na

mesma verba, os móveis, ainda que de natureza diferente, desde que se

destinem a um fim unitário e sejam de pequeno valor.

As benfeitorias pertencentes à herança são descritas em espécie,

quando possam separar-se do prédio em que foram realizadas, ou

como simples crédito, no caso contrário; as efectuadas por terceiros

em prédio da herança são descritas como dívidas, quando não possam

ser levantadas por quem as realizou.

Valor dos bens Indicando os respectivos valores, conforme estipula o artº 1346.º do C.P.C.

Página 24 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

20 Quanto à classificação das coisas, (móveis e imóveis..., ver artsº. 203º e sgts. C.Civil

Page 25: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

artº. 1346º CPC

(Indicação do valor)

1. Além de os relacionar, o cabeça-de-casal indicará o valor que atribui a cada um dos bens.

2. O valor dos prédios inscritos na matriz é o respectivo valor matricial, devendo o cabeça-de-casal exibir 21 a caderneta predial actualizada ou apresentar 22 a respectiva certidão.

3. São mencionados como bens ilíquidos:

a) Os direitos de crédito ou de outra natureza, cujo valor não seja ainda possível determinar;

b) As partes sociais em sociedades cuja dissolução seja determinada pela morte do inventariado, desde que a respectiva liquidação não esteja concluída, mencionando-se, entretanto, o valor que tinham segundo o último balanço.

Apresentada a relação de bens, os interessados são, oficiosamente, notificados da sua apresentação, enviando-se-lhes cópia da mesma, de que podem reclamar contra ela, no prazo de 10 dias, acusando a falta de bens que devam ser relacionados, requerendo a exclusão de bens indevidamente relacionados, por não fazerem parte do acervo a dividir, ou arguindo qualquer inexactidão na descrição dos bens, que releve para a partilha.

Notificação da relação de bens

art.º. 1348.º C.P.C.

Quando o cabeça-de-casal apresentar a relação de bens ao prestar as suas declarações, a notificação terá lugar conjuntamente com as citações para o inventário, sendo o prazo da reclamação o mesmo da oposição (30 dias).

Findo o prazo para as reclamações contra a relação de bens, dá-se, oficiosamente, vista ao Ministério Público, quando tenha intervenção principal no inventário, por 10 dias, para idêntica finalidade.

21 Não deve ser exigida a junção da caderneta, mas apenas a sua exibição. Pode-se também juntar fotocópia por linha.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 25

22 Também não é necessário exigir-se a junção da certidão matricial. O procedimento deve ser o mesmo que para a caderneta.

Page 26: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Reclamação da Relação de bens

E se for deduzida alguma reclamação?

art.º 1349.º, n.º 1 do CPC.

- A secretaria deixa findar o último prazo, após o que o cabeça de casal é notificado para, no prazo de 10 dias, relacionar os bens em falta ou dizer o que se lhe oferecer sobre a matéria da reclamação.–

Se o cabeça de casal confessar a existência dos bens,

procede imediatamente, ou no prazo que lhe for concedido, ao aditamento da relação de bens inicialmente apresentada.

art.º. 1349.º, n.º 2 do CPC..

A secretaria, oficiosamente, notifica os restantes interessados da modificação apresentada (com envio de cópias).

E se o cabeça de casal nada disser?

art.º 1344.º nº. 2 do CPC.

- Oficiosamente, notificam-se os outros interessados para dizerem o que tiverem por conveniente no prazo de 10 dias, após o que o juiz decidirá.

Falta de citação Verificando-se em qualquer altura a falta de citação de um interessado:

- Procede-se, imediatamente, à sua citação, com a cominação de que, nada requerendo no prazo de 15 dias, o processo se considera ratificado.

artº. 1342º, nº. 2 do C.P.C.

Na citação será advertido para, no mesmo prazo, exercer os direitos que lhe competiam.

Página 26 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 27: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Se uma dívida activa, 23 relacionada, for negada pelo pretenso devedor, procede-se como atrás se indicou para a apresentação da relação de bens.

Aplica-se o disposto no artº 1348.º C.P.C., com as necessárias adaptações.

Artº l351.º nº. 1 C.P.C.

Se for mantido o relacionamento do débito, a dívida reputa-se litigiosa;

Sendo eliminada, entende-se que fica aberto aos interessados o direito de exigir o pagamento pelos meios competentes.

Artº 1351.º, nº. 2 C.P.C.

Quando terceiro se arrogue a titularidade de bens relacionados e requeira a sua exclusão do inventário, aplicar-se-ão, com as necessárias adaptações, as disposições dos nºs. 1 a 5 do artº. 1349.º do C.P.C.

As alterações e aditamentos ordenados são sempre introduzidos pela secretaria na relação de bens inicialmente apresentada

art.º 1349.º, n.º 5 do C.P.C.

E se o juiz não decidir e remeter os interessados para os meios comuns? art.º 1350.º C.P.C.

- Não são incluídos no inventário os bens cuja falta se acusou.

- E permanecem relacionados aqueles cuja exclusão se requereu.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 27

23 (Dívida activa quando alguém deve à herança. A herança é credora). (Dívida passiva, quando é a herança que deve. Por ex.: As despesas do funeral, ou, as muito frequentes dívidas às instituições bancárias, dos créditos para aquisição de habitação).

Page 28: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Incidentes

INCIDENTES

artsº. 1330.º a 1336.º; 1339.º; 1350.º e 1383.º do CPC.

Intervenção ► Incidente de Intervenção principal (espontânea ou provocada)

art.º 1330.º do CPC.

Corre nos próprios autos e é admitido, em qualquer altura do processo, relativamente a qualquer interessado directo na partilha.

art.º 153.º, n.º 1 do CPC.

O cabeça de casal e demais interessados são notificados para responder no prazo de 10 dias

O interessado admitido a intervir será depois citado nos termos do n.º 2 do art.º 1342º do C.P.C.

A dedução deste incidente apenas suspende o andamento do processo a partir do momento em que deveria ser convocada a conferência de interessados.

► Incidente de Intervenção de outros interessados art.º 1331.º do C.P.C.

Corre nos próprios autos.

Havendo herdeiros legitimários, os legatários e donatários que não hajam sido inicialmente citados podem deduzir intervenção no processo.

Os titulares activos de encargos da herança (por exemplo: credores) podem reclamar os seus direitos até à realização da conferência de interessados destinada a aprovação do passivo, mesmo que esses encargos não tenham sido relacionados pelo cabeça de casal.

A dedução deste incidente apenas suspende o andamento do processo a partir do momento em que deveria ser convocada a conferência de interessados.

Página 28 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 29: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

► Incidente de Habilitação de sucessores: art.º 1332.º do CPC.

Corre nos próprios autos.

Falecendo algum interessado directo na partilha no decurso do processo, ou o cabeça de casal indica os sucessores do interessado falecido e junta os documentos necessários, 24

ou os sucessores do interessado falecido requerem a respectiva habilitação, juntando eles os documentos necessários. 25

Em qualquer dos casos, seguem-se as citações dos habilitandos que ainda o não tenham sido para os termos do inventário, e as notificações dos restantes interessados.

A legitimidade dos sucessores indicados poderá ser impugnada, quer pelos citados (no prazo de 15 dias), quer pelos outros interessados notificados (estes no prazo de 10 dias), nos termos dos artsº 1342.º, n.º 2, 1343.º e 1344.º do C.P.C..

Na falta de impugnação, têm-se como habilitadas as pessoas indicadas.

Com as necessárias adaptações, aplicam-se as mesmas regras às habilitações de legatários, credores ou donatários falecidos depois de citados para o inventário.

(art.º 1332.º, n.º 5 do CPC.).

Os citados têm os direitos a que se refere o n.º 2 do art.º 1342.º do CPC., a partir do momento da verificação do óbito do interessado a que sucedem.

► Incidente de Habilitação de cessionário

artsº 1332.º, n.º 6 e 376.º, n.º 1 al. a)

do CPC

Corre por apenso

É-lhe aplicável o estabelecido na parte geral do código quanto a incidentes. artº.s 302º a 319º do C.P.C.

24 ex. certidões de óbito e de nascimento dos habilitandos.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 29

25 ex. certidão de óbito; certidão de sentença transitada em julgado que os tenha habilitado ou ainda escritura notarial de habilitação).

Page 30: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

art.º 1333.º do CPC.

► Incidente de Exercício do direito de preferência

Formulado nos próprios autos. 26

Suspende o andamento do processo a partir do momento em que devia ser convocada a conferência de interessados.

Se for deduzido fora do inventário, o juiz poderá determinar oficiosamente, ou a requerimento de qualquer interessado, a suspensão do inventário nos termos do art.º 279.º do CPC..

art.º 1334.º do CPC.

► Outros incidentes

É aplicável à tramitação dos incidentes em processo de inventário, não especialmente previsto na lei, o disposto nos artsº 302.º a 304.º do CPC..

Ex.: remoção de cabeça de casal; sonegação de bens; escusa de cabeça de casal...

Custas dos incidentes:

Segundo o art. 20º. do CCJ. o inventário compreende, para efeito

de custas, todos os incidentes processados no seu decurso

quando, pelas regras de condenação, fossem da responsabilidade

de todos os interessados a elas sujeitos ou quando, devendo ficar

apenas a cargo de algum, forem causados no interesse de todos.

As regras de condenação perfilam-se nos artsº 1383.º, n.º 2 e 446.º

do C.P.C.

Página 30 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

26 (Salvo se envolver a resolução de questões de direito cuja complexidade seja incompatível com a tramitação do processo de inventário).

Page 31: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

DA CONFERÊNCIA DE INTERESSADOS Conferência de interessados

Determinados os bens que devem entrar no inventário, resolvidas as questões levantadas, é designado, pelo Juiz, dia para a conferência de interessados.

artº. 1352º C.P.C.

Nela podem os interessados fazer-se representar por mandatário com poderes especiais e conferir o mandato a outro interessado.

Os assuntos a tratar na conferência, indicados no despacho que a convoque, constam obrigatoriamente da nota de notificação a enviar aos intervenientes.

artº. 1352º nº. 3 C.P.C.

Os interessados directos, que residam na área do círculo judicial, são notificados com obrigação de comparência ou representação, sob pena de multa.

Caso à conferência falte algum interessado e for credível a possibilidade de acordo, pode a conferência ser adiada por uma só vez.

A conferência de interessados destina-se a decidir sobre:

A que se destina?

http

://w

ww

.info

cid.

pt/in

foci

d/15

25_1

.asp

a) Composição dos quinhões e seus valores;

b) Aprovação do passivo e forma do seu pagamento;

c) Reclamação contra o valor atribuído aos bens; e

d) Quaisquer questões cuja resolução possa influir na partilha

E como decide a conferência? Como decide?

Conforme o artº. 1353º do C.P.C., ou seja:

1 – Conseguindo acordo, por unanimidade, quanto: unanimidade

a) Às verbas que hão-de constituir o quinhão de cada um e respectivos valores;

b) À constituição das verbas ou lotes a sortear;

c) À venda de bens e distribuição do proveito pelos interessados;

2 – Para determinar os valores das verbas pode, previamente ao referido em a) e b) proceder se a arbitramento

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 31

Page 32: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

referido em a) e b), proceder-se a arbitramento.

3 – Compete ainda aos intervenientes na conferência decidir sobre a aprovação do passivo, forma de cumprir os legados e outros encargos da herança.

Licitações

4 – Na falta do acordo previsto no nº 1, resolvidas as reclamações sobre o valor atribuído aos bens relacionados e quaisquer questões cuja resolução possa influir na partilha, abre-se licitação entre os interessados. Artº. 1363º C.P.C.

5 - A conferência é soberana nas suas decisões e estas obrigam os que não compareceram.

art.º 1353.º, n.º 6 CPC.

O inventário pode findar na conferência, por acordo dos interessados e do Ministério Público (quando tenha intervenção principal), desde que o juiz considere que a simplicidade da partilha o consente.

A partilha efectuada é, neste caso, judicialmente homologada em acta, da qual constarão todos os elementos relativos à composição dos quinhões e a forma da partilha.

Quem se notifica? Quem se notifica para a conferência?

- Os interessados, como indica o artº. 1352º nº. 2 do C.P.C.

Mas quem são os interessados?

(são todos aqueles cujos proveitos podem ser influenciados pelas decisões da conferência).

Os herdeiros - Os herdeiros sempre. 27

- Os cônjuges dos herdeiros, excepto nos casamentos contraídos sob o regime da separação de bens. (pelos mesmos motivos porque se procede à sua citação)

E, conforme o objecto da conferência, podem ser interessados:

Os legatários - Os legatários, quando a conferência se destine:

1353º nº. 3 CPC A aprovar a forma de cumprimento dos legados.

http://ww

w.infocid.pt/infocid/672_1.asp

Página 32 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

27 A notificação para a conferência de interessados do herdeiro que não resida na sede da comarca é feita por carta registada para o endereço em que foi citado, produzindo o seu efeito mesmo que a carta venha devolvida (Ac. STJ, de 21.10.1993: Col. Jur./STJ, 1993, 3º-78).

Page 33: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

A aprovar o passivo, estando toda a herança dividida em legados; 28

A aprovar passivo e, desta aprovação, resulte redução 29 de legados.

- Os donatários, quando da aprovação das dívidas possa resultar a redução 16 das liberalidades.

- Os credores, quando o objectivo da conferência seja a aprovação do passivo. (artº. 1353º nº. 3, 1357º, 1361º do C.P.C.)

- Os representantes dos incapazes.

- O curador e os vogais do conselho de família, quando ambos os pais tiverem falecido ou estiverem inibidos do poder paternal.

- O Ministério Público, quando a sucessão seja deferida:

a incapazes, ausentes em parte incerta ou pessoas colectivas. (1341º do C.P.C.). 30

e ainda em todos os inventários de herança sujeita, no todo ou em parte, a imposto sobre as sucessões e doações e onde sejam relacionadas verbas de passivo que não sejam provadas por documentos. 31

Ao debruçarmo-nos sobre as declarações de cabeça de casal já referimos que:

artº. 1359º nº. 1, 1360º, 1366º do C.P.C.

Os donatários artº. 1359º nº. 1 e 1360º 1365º do C.P.C.

Os credores

Incapazes

artº. 1921º e 1922º e 1954º e 1955º C.C.

Ministério Público

tabe

la d

o ar

tº. 4

0ºC

ód. d

o Im

p. M

un. d

e SI

SA e

do

Imp.

sobr

e as

Su

cess

ões e

Doa

ções

:

http

://19

3.12

6.14

.32/

np/c

ods_

seco

s/ci

msi

sd/a

rt040

/reda

ccao

_act

ual.

htm

Legítima ou quota indisponível é a porção de bens, determinada em valor que o autor da herança não pode dispor, por ser legalmente destinada aos herdeiros legitimários que são o cônjuge, os descendentes e os ascendentes.

artº. 2156º CC

Legítima

28 Quando a herança estiver sujeita no todo ou em parte a imposto sobre as sucessões e doações, o Mº.Pº. requererá a aprovação do passivo que seja a favor da Fazenda Nacional, e opor-se-á à aprovação, para efeitos fiscais, de quaisquer verbas do passivo que não estejam aprovadas por documentos, ou cuja prova não considere suficiente 8artº. 138º do CIMSISD) 29 Verifica-se assim que: Para sabermos quem se notifica para a conferência é necessário saber se há necessidade se proceder à redução de liberalidades, e para saber se há que reduzir liberalidades temos de saber: Qual o valor da quota disponível do autor da herança, Qual o valor da legítima de cada herdeiro legitimário, Qual o valor da liberalidade ou legado; 30 Compete ao Tribunal promover oficiosamente a instauração de tutela ou administração de bens, sempre que o menor se encontre em situação que o necessite. (artº. 1923º do C.C.)

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 33

31 art.º 138.º do Cód. do Imp. Mun. de SISA e do Imp. sobre as Sucessões e Doações.

Page 34: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Logo, a quota disponível corresponde ao valor dos bens de que o autor pode dispor, ou seja, é o valor restante, depois de ter sido subtraída a legítima ao valor da totalidade dos bens.

(Se a legítima for de metade da herança, a quota disponível é de metade. Se a legítima for de dois terços da herança, a quota disponível será de um terço)

LEGÍTIMA OU QUOTA INDISPONÍVEL ou legítima objectiva

Montante da

Legítima

Herdeiros

Legitimários

2/3

da herança

artº. 2159º e 2161º nº. 1 C.C.

½

da herança

artº. 2158º, 2159º nº. 2 e

2161 nº. 2 C.C.

1/3

da herança

artº. 2161 nº. 2 do C.C.

Cônjuge em concurso com os filhos

Cônjuge Cônjuge em concurso com os ascendentes

Só o cônjuge

Filhos em concurso com o cônjuge Filhos

2 ou mais filhos

Um só filho

Ascendentes Ascendentes em concurso com o

cônjuge Só os pais Avós e

seguintes

Montante da quota disponível: 1/3 da herança 1/2 da herança 2/3 da herança

Exemplos: Assim, se tivermos como herdeiros legitimários o cônjuge e 3 filhos, a legítima (dos quatro) é de 2/3 do valor da herança.

Se a herança tiver o valor de 12.000 €, a legítima é de 8.000 € (2/3) e a quota disponível é de 4.000 € (1/3).

Se o legado ou doado tiver um valor superior a 4.000 €, ofende a legítima, logo é inoficioso.

Página 34 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 35: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Chamam-se Inoficiosas as liberalidades entre vivos ou por morte, cujo valor, por exceder o reservado à quota disponível, afecta (ofende) o valor da legítima.

artº. 2168º do C.C.

As liberalidades inoficiosas são redutíveis, a requerimento dos

herdeiros legitimários ou dos seus sucessores, em tanto quanto for

necessário para que a legítima seja preenchida. artº 2169º C.C.

Inoficiosidade

Se for necessário, reduz-se primeiro as disposições testamentárias a

título de herança, em segundo lugar os legados e, por último, as

liberalidades feitas em vida.

artº. 2171º do C.C.

COMO SE FAZ A REDUÇÃO DE LIBERALIDADES INOFICIOSAS?

Quando os bens legados ou doados são divisíveis, a redução faz-se

separando deles a parte necessária para preencher a legítima.

Sendo os bens indivisíveis, se a importância da redução exceder

metade do valor dos bens, estes pertencem integralmente ao

herdeiro legitimário e o legatário ou donatário haverá o resto em

dinheiro; (recebe tornas)

No caso contrário, os bens pertencem integralmente ao legatário ou

donatário, tendo este de pagar tornas ao herdeiro legitimário a

importância da redução.

A reposição daquilo que se despendeu gratuitamente a favor dos herdeiros legitimários, em consequência da redução, é feita igualmente em dinheiro. (tornas)

(artº. 2174º do C.C.)

Mas, se o valor do legado ou doado for alterado para menos, ou se o valor dos outros bens da herança for aumentado, pode deixar de haver Inoficiosidade.

Avaliação de bens

Como não se exige que o valor dos bens relacionados seja o seu valor real, 32 é possível, até ao início das licitações, reclamar

artº. 1362º nº. 1 do C.P.C.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 35

32 (o valor dos prédios inscritos na matriz é o do respectivo valor patrimonial – artº. 1346º nº. 2 do C.P.C.)

Page 36: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

contra o valor atribuído, pelo apresentante da relação de bens, a quaisquer bens.

Sendo arguida a inoficiosidade, podem os interessados declarar que pretendem licitar sobre esses bens. 33

Oposição às licitações

Nesse caso, permite-se aos donatários e aos legatários oporem-se à licitação, o que tem como consequência não ter lugar a licitação e, [até ao fim do prazo para a forma à partilha (1373º nº. 1) e (1365º nº. 5 do C.P.C.).], poder requerer-se a avaliação desses bens.

1367º nº. 3 do C.P.C.

Pode também o donatário ou legatário requerer (até ao exame do processo para a forma à partilha (1373º nº. 1 do C.P.C.) a avaliação dos outros bens ainda não avaliados, sempre que se verifique a inoficiosidade.

artº. 2109º do C.C. O valor dos bens doados a considerar é o que eles tiverem à data da abertura da sucessão.

artº 1369.º C.P.C. A avaliação é efectuada por um único perito, nomeado pelo tribunal, aplicando-se o preceituado na parte geral do Código, com as necessárias adaptações.

Depois de feitas as avaliações e licitações nos outros bens, pode verificar-se que:

(1) Deixou de haver inoficiosidade, pelo que não haverá licitação sobre esse bem que pertence assim, por inteiro, ao donatário ou legatário.

(2) A inoficiosidade se mantém.

Página 36 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

33 [(Artº. 1365º do C.P.C.) (bens doados) e (artº. 1366º do C.P.C.) (bens legados)].

Page 37: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

I - QUANTO A BENS DOADOS: Doados inoficiosos

Sendo o prédio doado divisível:

É admitida a licitação (pelos outros interessados) sobre a parte que excede.

artº. 1365º nº. 3, al. a) do C.P.C.

Não sendo o prédio divisível:

Se a importância que o torna inoficioso for maior do que metade do seu valor, abre-se licitação (pelos legitimários) sobre ele.

(Por exemplo: - Para uma quota disponível de 200.000 € e um legado avaliado em 400.002 €, metade do legado são 200.001 €, excedendo assim em 1 € metade do seu valor).

artº. 1365º nº. 3, al. b) 1ª parte do

C.P.C.). e (artº. 2168º a 2178º do

C.C.

Se a importância que o torna inoficioso for igual ou menor que metade do seu valor, o donatário repõe o excesso.

(Por exemplo: - Para uma quota disponível de 200.000 € e um legado avaliado em 400.000 €, metade do legado são 200.000 €, logo igual a metade do seu valor).

artº. 1365º nº. 3, al. b) última parte do

C.P.C.). e (artº. 2168º a 2178º do

C.C.

II - QUANTO A LEGADOS: Legados inoficiosos

Sendo o bem divisível:

O legatário repõe, em matéria, a parte que exceder.

(artº. 1368º nº. 1 do C.P.C.) e (artº. 2168º

a 2178º do C.C.).

Sobre essa parte é admitida a licitação apenas pelos outros interessados.

Não sendo a coisa legada divisível:

a) Quando a reposição deva ser feita em dinheiro, qualquer dos interessados pode requerer avaliação da coisa legada;

b) Quando a reposição possa ser feita em substância, o legatário tem a faculdade de requerer licitação na coisa legada.

artº. 1368º nº. 2 do C.P.C.) e (artº. 2168º

a 2178º do C.C.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 37

Page 38: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Usufruto Legado de USUFRUTO e direito de USO E HABITAÇÃO:

artº. 1439º a 1483º e 2258º do C.C.

Usufruto é o direito de gozar temporária e plenamente uma coisa

ou direito alheio, sem alterar a sua forma ou substância.

artº. 2258º do C.C.

A deixa de usufruto, na falta de indicação em contrário, considera-

se feita vitaliciamente;

se o beneficiário for uma pessoa colectiva, terá a duração de trinta anos.

art 1484º a 1490º C.C.

O direito de uso consiste na faculdade de se servir de certa coisa alheia e haver os respectivos frutos, na medida das necessidades, quer do titular, quer da sua família.

artº. 1490º C.C. São aplicadas aos direitos de uso e de habitação as disposições que regulam o usufruto, quando conformes à natureza daqueles direitos

http://ww

w.direitovirtual.com

/dr/usufruto.htm

O valor do usufruto, uso ou habitação vitalícios, é deduzido ao valor da propriedade plena.

É obtido de harmonia com a idade da pessoa de cuja vida dependa a duração desse direito.

(Quanto mais novo for o usufrutuário, maior o valor do usufruto,

pois a sua esperança de vida é maior).

O valor da nua propriedade separada do usufruto calcula-se de acordo com a regra 4ª do artº. 31 do Código da Sisa e Imposto sobre as Sucessões e Doações, através das seguintes percentagens:

Quando este direito se refere a casa de morada, chama-se direito de habitação.

Página 38 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 39: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Idade menos de 20 anos menos de 30 anos menos de 40 anos Menos de 50 anos Menos de 60 anos Menos de 70 anos Menos de 80 anos 80 anos ou mais

Percentagem a deduzir 80 70 60 50 40 30 20 10

A partir do momento em que conste dos autos a instituição do usufruto, bem como o valor da propriedade plena, a secretaria pode (deve) solicitar ao usufrutuário documento de identificação (B.I.) e, face à sua exibição, proceder no processo ao cálculo do valor do usufruto:

Apesar da liquidação do valor do usufruto ser elaborada em data posterior à abertura da sucessão, a data a considerar é a do óbito do autor da herança.

Vamos considerar um bem com o valor de 100.000 €, cujo usufruto vitalício foi instituído a favor de uma pessoa com 73 anos de idade, à data da abertura da sucessão:

Temos agora duas hipóteses:

A idade a considerar é aquela que o

usufrutuário tiver no momento da abertura

da herança, e não à data do cálculo do

usufruto

1. O bem pertencia por inteiro ao autor da herança.

(um bem próprio) de bem próprio

O legado vale relativamente à sua totalidade.

2. O bem pertencia apenas em parte ao autor da herança.

(bem comum do casal, pertence 1/2 a cada cônjuge)

O legado vale apenas em relação à parte pertencente ao autor da herança. 34

34 Aplica-se não só ao usufruto mas a qualquer legado que não pertença por inteiro ao testador. artº. 2252º do C.C. Ver: Legados: 2249º a 2280º Direito de superfície: artº. 1524º a 1546º Constituição de Servidões: artº. 1547º a 1549º

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 39

Substituições: 2281º a 2300º, todos do Código Civil.

Page 40: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Ou seja, metade do valor da totalidade do usufruto.

1ª HIPÓTESE:

De bem próprio O bem pertencia por inteiro ao autor da herança (um bem próprio)

O legado vale relativamente à sua totalidade.

Fazemos o seguinte cálculo do valor do usufruto:

CÁLCULO DO VALOR DO USUFRUTO Em ___/___/___, neste Tribunal, foi-me apresentado pelo interessado

F..........., o seu B.I. nº. _________, emitido em Lisboa em ___/___/___ . - - - - - -

Face a este, verifiquei que nasceu no dia 5-6-1928, pelo que completou 73

anos de idade, à data do óbito do autor da herança. - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - -

A seu favor foi instituído o usufruto vitalício da verba nº. __, com o valor de

10.000 €. (fls.__). - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - -

De acordo com a regra 4ª do artº. 31º do Cod. Sisa e do Imp. Sucessões e

Doações, o valor do usufruto, a deduzir ao da propriedade plena é de 20%, pelo que:

O valor do usufruto é de: __________________________ 2.000 €

E o da nua propriedade é de: ________________________ 8.000 €

O escrivão de direito

Página 40 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 41: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

2ª HIPÓTESE: de bem comum

O bem pertencia apenas em parte ao autor da herança (bem comum do casal, 1/2 pertence a cada cônjuge)

O legado vale apenas em relação à parte pertencente ao autor da herança.

Ou seja, metade do valor da totalidade do usufruto.

Fazemos o seguinte cálculo do valor do usufruto:

TRIBUNAL JUDICIAL DE ______________

CÁLCULO DO VALOR DO USUFRUTO

Em ___/___/___, neste Tribunal, foi-me apresentado pelo interessado F..........., o

seu BI nº. _________, emitido em Lisboa em ___/___/___ . - - - - - - - - - -

Face a este, verifiquei que nasceu no dia 5-6-1928, pelo que completou 73 anos de

idade, à data do óbito do autor da herança. - - - - - - - - - - - - - - - - - -

A seu favor foi instituído o usufruto vitalício da verba nº. __, com o valor de10.000 €. (fls.__). - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Uma vez que o bem doado é um bem comum, o legado vale relativamente àparte pertencente ao autor da herança, ou seja metade, sendo o valor a considerarde 5.000 €. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

De acordo com a regra 4ª do artº. 31º do Cod. Sisa e do Imp. Sucessões eDoações, o valor do usufruto, a deduzir ao da propriedade plena é de 20%, pelo que:

RELATIVAMENTE A METADE DA VERBA

O valor do usufruto é de: __________________________ 1.000 €

E o da nua propriedade é de: ________________________ 4.000 €

O Escrivão de Direito

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 41

Page 42: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

doados a descendentes

III - QUANTO A BENS DOADOS A DESCENDENTES:

colação Quando o donatário seja descendente do autor da herança, para entrar na sucessão deve trazer à totalidade da herança, para equidade da partilha, o bem ou valor doado.

Artº. 2104º a 2118 C.C.

Esta restituição tem o nome de colação e destina-se a verificar (conferir) a igualdade da partilha.

Como se faz a conferência?

Havendo colação imputa-se na legítima

Temos um descendente que, antes da partilha, já recebeu algo, o doado, que tem determinado valor. (por ex.: 100 €)

Esse descendente tem direito à sua quota hereditária (legítima) representada em valor. (por ex.: 400 €)

Vamos retirar à quota hereditária, (legítima objectiva), o valor do doado.

(400-100=300)

Então é a quota desse interessado preenchida da seguinte forma:

O doado no valor de: ______________ 100

Outros bens ou valores: ____________ 300

Soma e é igual ao seu quinhão: ______ 400

artº 2108º C.C.

Pode, em alternativa, restituir-se os bens legados, se houver acordo de todos os herdeiros.

Ou seja, a conferência faz-se pela colação, que é a imputação do valor da doação ou da importância das despesas na quota hereditária.

Página 42 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 43: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Todas as despesas que o falecido desembolsou gratuitamente em proveito dos descendentes estão sujeitas a colação. Excepto as referidas no artº. 2110º do C.C.35 e

As doações manuais e remuneratórias, nas quais se presume dispensada a colação.

artº. 2113º do C.C.

A obrigação da colação pode ser dispensada pelo doador. artº. 2113º do C.C.

Artº. 2114º C.C

Quando não haja lugar à colação, procede-se da mesma forma que indicámos quanto a esta, só que o valor da doação é imputado na quota disponível e não na quota hereditária (legítima objectiva)

Quando o doador dispensar a colação tem a intenção de favorecer esse descendente relativamente aos outros, o que não sucede quando não é dispensada a colação.

Não havendo colação imputa-se na

disponível

Quando há excesso, procede-se à redução como atrás indicámos, quando não é dispensada a colação.

No entanto, sendo o bem indivisível, o donatário que simultaneamente é legitimário, apenas terá de repor a parte que ofenda a legítima dos outros herdeiros.36

Ou seja, imputa-se o valor do doado na quota disponível. Não sendo esta suficiente, só depois de esgotado o valor da sua quota parte na legítima ele terá de repor.

35 artº 2110º do C.Civil.: Despesas sujeitas e não sujeitas a colação: 1. Está sujeito a colação tudo quanto o falecido tiver despendido gratuitamente em proveito dos descendentes. 2. Exceptuam-se as despesas com o casamento, alimentos, estabelecimento e colocação dos descendentes, na medida em que se harmonizem com os usos e com a condição social e económica do falecido.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 43

36 Ac. Sup. Trib. Justiça de 22-2-1984, no Bol. 334-488.: “Tendo o decuius, feito doação, por conta da quota disponível, a alguns dos seus filhos de metade de um prédio que constitui toda a sua herança, tal liberalidade é inoficiosa pelo que deve ser reduzida. Contudo, apenas terá de ser reposta à herança a quantia necessária ao preenchimento das legítimas da viúva e dos filhos não donatários”

Page 44: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

“Meia Conferência” É frequente um casal fazer a doação de um bem comum.

Ao morrer um deles e proceder-se a inventário, é necessário

conferir o doado.

Mas só relativamente ao defunto podemos saber que bens deixou e assim calcular os valores da sua quota disponível e da legítima.

Só de posse desses valores sabemos se a doação é inoficiosa

Também o valor do legado é o que tiver à data da abertura da respectiva sucessão e o cônjuge sobrevivo pode vir a aumentar ou diminuir o seu património.

Então, como o bem doado pertence, em comum, aos dois cônjuges, vamos considerar e conferir metade do valor do doado à data do primeiro óbito (depois de separada a meação do cônjuge sobrevivo).

artº. 2117º do C.C. À data do segundo óbito, conferir-se-á novamente metade do doado, considerando-se o valor nesse momento (ou seja, as metades podem não ter o mesmo valor).

É o que se chama fazer “meia conferência”.

Página 44 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 45: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

PASSIVO

Vimos já a fls. 11 que as dívidas activas, são aquelas de que a herança é credora, e, como tal, relacionadas como um direito de crédito. (artº. 1345º nº. 1 do C.P.C.)

Vamos agora debruçarmo-nos apenas sobre as dívidas passivas, ou sejam, aquelas de que a herança ou o casal é responsável (devedor).

Passivo

1. As dívidas que sejam aprovadas pelos interessados consideram-se judicialmente reconhecidas, devendo a sentença que julgue a partilha condenar no seu pagamento.

2. Quando a lei exija certa espécie de prova documental para a demonstração da sua existência, não pode a dívida ser aprovada por parte dos menores ou equiparados sem que se junte ou exiba a prova exigida.

C.P.C., artº 1354.º

(Reconhecimento das dívidas aprovadas

por todos)

Se todos os interessados forem contrários à aprovação da dívida, o juiz conhecerá da sua existência, quando a questão puder ser resolvida com segurança pelo exame dos documentos apresentados.

C.P.C., artº 1355.º

(Verificação de dívidas pelo juiz)

Havendo divergências sobre a aprovação da dívida, aplicar-se-á o disposto no artº 1354.º à quota-parte relativa aos interessados que a aprovem; quanto à parte restante, será observado o determinado no artº 1355.º.

C.P.C., art º 1356.º (Divergências entre

os interessados

sobre a aprovação de dívidas)

1. As dívidas vencidas e aprovadas por todos os interessados têm de ser pagas imediatamente, se o credor exigir o pagamento. 2. Não havendo na herança dinheiro suficiente e não acordando os interessados noutra forma de pagamento imediato, procede-se à venda de bens para esse efeito, designando o juiz os que hão-de ser vendidos, quando não haja acordo a tal respeito entre os interessados. 3. Se o credor quiser receber em pagamento os bens indicados para a venda, ser-lhe-ão adjudicados pelo preço que se ajustar.

4. O que fica disposto é igualmente aplicável às dívidas cuja existência seja verificada pelo juiz, nos termos dos artsº 1355.º e 1356.º, se o respectivo despacho transitar em julgado antes da organização do mapa da partilha.

C.P.C., art º 1357.º

(Pagamento das dívidas aprovadas

por todos)

C.P.C., art º 1358.º

Pagamento de dívidas aprovadas

por alguns dos interessados)

Sendo as dívidas aprovadas unicamente por alguns dos interessados, compete a quem as aprovou resolver sobre a forma de pagamento, mas a deliberação não afecta os demais interessados.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 45

Page 46: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Licitações LICITAÇÕES

Art. 1363º-1, e 1370º C.P.C.

Não se conseguindo acordo na conferência de interessados, abre-se licitação entre os interessados. 37

Esta deve efectuar-se imediatamente a seguir à conferência, no próprio auto de conferência.

Artº. 1371º C.P.C.

A licitação

1. A licitação tem a estrutura de uma arrematação a que somente são admitidos os herdeiros e o cônjuge meeiro, salvos os casos especiais em que, nos termos dos artsº anteriores, deva ser admitido o donatário ou o legatário. 2. Cada verba é licitada de “per si”, salvo se todos concordarem na formação de lotes para este efeito, ou se houver algumas que não possam separar-se sem inconveniente. 3. Podem diversos interessados, por acordo, licitar na mesma verba ou lote para lhes ser adjudicado em comum na partilha.

Anulação da licitação

artº. 1372º C.P.C.

1. Se o Ministério Público entender que o representante de algum incapaz ou equiparado não defendeu devidamente, na licitação, os direitos e interesses do seu representado, requererá imediatamente, ou dentro do prazo de 10 dias, a contar da licitação, que o acto seja anulado na parte respectiva, especificando claramente os fundamentos da sua arguição. 2. Ouvido o arguido, conhecer-se-á da arguição e, sendo procedente, decretar-se-á a anulação, mandando-se repetir o acto e cometendo-se ao Ministério Público a representação do incapaz. 3. No final da licitação de cada dia, pode o Ministério Público declarar que não requererá a anulação do que nesse dia se tenha feito.

Página 46 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

37 Ver artº. 1363º nº. 2 (bens excluídos da licitação), e artº. 1364º, (Pedidos de adjudicação; comproprietários de bens indivisíveis; bens fungíveis ou títulos de crédito.) ambos do C.P.C.

Page 47: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Terminada a conferência de interessados, e feitas as licitações, quando tiverem lugar, são ouvidos sobre a forma à partilha os advogados dos interessados e o Mº. Pº., com o mesmo formalismo indicado para a reclamação da relação de bens.

Assim, feita a notificação para os efeitos do artº. 1373º do C.P.C., aguarda o processo por dez dias que os interessados se pronunciem, após o que será proferido despacho dando forma à partilha.

Artº. 1373º do C.P.C.

Sabemos agora quais os bens que entram no inventário, os seus valores, e quem a eles tem direito.

Alcançámos, assim, o nosso segundo objectivo.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 47

Page 48: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Página 48 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

artº. 1353º nº. 6 do CPC

Acta de conferência de interessados, em que o inventário termina na conferência, por acordo, com adjudicação dos bens. (Partilha entre o cônjuge e 5 filhos):

.

ACTA DE CONFERÊNCIA DE INTERESSADOS

Inventário n.º ____/__ - - - - - - - - - - - - - - - - - - Inventariado(s): ______- - - - - - - - - - - - - - - - - - Data: __ / __ / __ , pelas ______ horas. - - - - - - - - - - - Local: __________- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Magistrado(s):______________ - - - - - - - - - - - - - - Oficial de Justiça: _______- - - - - - - - - - - - - - - -

PRESENTES:___________ - - - - - - - - - - - - - - - -

À hora designada, o Sr. Juiz expôs o motivo da convocação, neste processo, tendo-se passado de imediato a realizar a conferência que deu o seguinte resultado: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - -

Por todos os presentes, por unanimidade e sem oposição do Mº.Pº., foi dito estarem de acordo em que a composição e adjudicação dos quinhões seja feita da forma seguinte: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - -

Que as verbas sejam adjudicadas pelos valores constantes da relação de bens. - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - -

Que os quinhões dos interessados sejam preenchidos pela forma seguinte: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - -

-A Cabeça de casal Emília Adelaide leva: - - - - - - - - - - - - - - -- - - -

Verba 4 (quatro) e ½, (metade) da verba 3 (três); - - - - - - - - - - - - -

-Maria Emília Pereira leva: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - -- - - - -

½ (metade) da verba 1 (um) e ½ metade da verba 3 (três)- - - - - - - -

-Fortunata Maria Pereira leva: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - -- -

½ (metade) da verba 1 (um) e 1/3 (um terço) da verba 2 (dois). - - - - -

-Ana Maria Pereira leva: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - -- - - - - -

Verba 5 (cinco) e 6 (seis). - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - -- - - - -

-Maria Marta Pereira leva: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - -- - - - -

1/3 (um terço) da verba da verba 2 (dois). - - - - - - - - - - - - - - -- - -

-Telmo Francisco leva: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - -- - - - - - - 1/6 (um sexto) da verba 2 (dois). - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - -

-Tiago Francisco leva: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - -- - - - - - -

1/6 (um sexto) da verba 2 (dois). - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - -

Page 49: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

O Sr. Juiz, considerando que a simplicidade da partilha o consente, ouviu o curador dos menores, os interessados e o Mº.Pº., nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 6 do artº. 1353º do C.P.C., tendo obtido o acordo dos mesmos, pelo que indicou a seguinte forma à partilha: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - -

“A soma dos valores dos bens a partilhar divide-se em duas partes iguais, sendo uma a meação da viúva que se lhe adjudica. Da outra parte, a meação do inventariado, retira-se uma quarta parte, que se adjudica à viúva, 38 sendo o restante subdividido, em 5 partes iguais, pelos filhos do casal.” - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -

Após o que foi proferida a seguinte: - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Sentença - - - - - - - - - - - - Homologo por sentença a partilha que antecede, nos presentes autos

de inventário a que se procedeu por óbito de Joaquim Manuel que foi residente em Cinfães, e nos quais desempenhou as funções de cabeça de casal a viúva Emília Adelaide, adjudicando aos interessados os quinhões acordados. - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - -- - - Custas nos termos do artº. 1383º do C.P.C. - - - - - - - - - - - - - - -- - - Registe e notifique. - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - -- - -

Esta sentença foi notificada a todos os presentes. - - - - - - - - - - - -

a) ass. Juiz b) ass. Of. Justiça

38 Ver: -artº. 2139º nº. 2 - Sucessão do cônjuge e descendentes: A partilha entre o cônjuge e os descendentes faz-se por cabeça, não podendo a quota do cônjuge ser inferior a ¼. Ou seja, sempre que haja mais de 3 filhos, é necessário retirar primeiro ¼ para o cônjuge, e seguidamente, dividir o restante pelos filhos.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 49

-artº. 2142º - Sucessão do cônjuge e dos ascendentes: 2/3 pertencerão ao cônjuge e 1/3 aos ascendentes.

Page 50: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Página 50 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 51: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

OUTROS EXEMPLOS DE

CONFERÊNCIAS DE INTERESSADOS

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 51

Page 52: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Página 52 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Modelo ACTA DE CONFERÊNCIA DE INTERESSADOS

Inventário n.º ____/__ - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Inventariado(s): ______- - - - - - - - - - - - - - - - - -

Data: __ / __ / __ , pelas ______ horas. - - - - - - - - - - -

Local: __________- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Magistrado(s):______________ - - - - - - - - - - - - - -

Oficial de Justiça: _______- - - - - - - - - - - - - - - -

PRESENTES:___________ - - - - - - - - - - - - - - - -

À hora designada, o Sr. Juiz expôs o motivo da convocação, neste processo, tendo-se passado de imediato a realizar a conferência que deu o seguinte resultado: - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Por unanimidade foi aprovado todo o passivo descrito; o Digno Magistrado do Mº Pº declarou: “Dou aprovação ao referido passivo e, dado que o mesmo se encontra documentado, aprovo-o para efeitos fiscais.” - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Por unanimidade foi ainda deliberado adjudicar as verbas: n.º 2 (dois) a 11 (onze) à cabeça de casal; - - - - - - - - - - - - - - - -

nºs 1 (um) e 12 (doze) ao interessado F.. _____- - - - - - - - -

n.º 13 (treze) ao interessado F_________, e B. _____- - - - - -

nºs 14 (catorze) a 18 (dezoito), em comum e na proporção de metade para cada um, aos interessados incapazes F________ e F______- -

Todas as adjudicações foram feitas pelos valores constantes da relação de bens de fls. ___- - - - - - - - - - - - - - - - -

Com o deliberado concordou o Magistrado do MºPº, dando a sua aprovação. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Após o que o Sr. Juiz ordenou o cumprimento do disposto no n.º 1 do art.º 1373º do CPC., efeitos para os quais foram imediatamente todos notificados. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

A acta foi revista. - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

ass.) Juiz

ass.) Of. just.

Page 53: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

AUTO DE LICITAÇÕES

Inventário n.º __ / __ Inventariado: _______- - - - - - - - -

Data __ / __ / __, pelas ______horas - - - - - - - - - - - -

Local: __________ - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Magistrado(s): _____________- - - - - - - - - - - - - -

Oficial de Justiça: ________________- - - - - - - - - - -

PRESENTES: ____________________- - - - - - - - - - -

À hora designada, abriram-se as licitações dos bens a ela sujeitos, que deram o seguinte resultado: - - - - - - - - - - - - - -

Verba n.º 1 (um) foi licitada pela cabeça de casal por mais ________,__ do que o valor relacionado; - - - - - - - - - -

Verba n.º 2 (dois) foi licitada pelo interessado F _______ por mais ________,__ do que o valor constante da relação; - - - - - - -

Verbas nºs 3 a 6 (três a seis) não obtiveram lançador; e - - - -

Verba n.º 7 (sete) foi licitada pelo curador dos incapazes, em comum e na proporção de metade para cada um deles, por mais _________,__ do que o valor constante da relação. - - - - - -

Dada a palavra ao Mº.Pº, no seu uso disse não requerer a anulação do acto, após o que o Sr. Juiz ordenou o cumprimento ao disposto no n.º 1 do art.º 1373.º do CPC. - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Imediatamente foram todos os presentes notificados para os efeitos do artº. 1373º nº. 1 do C.P.C., após o que foi dada por finda a diligência. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

O auto foi revisto. - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

ass. Juiz

ass. Oficial de Justiça

Modelo

E como estamos de operações com fracções?

Vejamos o link:

http://www.mat-no-org/criar/fracoes/fracoes.html

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 53

Page 54: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Página 54 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

FRACÇÕES

Os números fraccionados representam uma divisão. O denominador, que é o número de baixo indica, em quantas partes foi a unidade dividida. O numerador, que é o número de cima, indica quantas dessas partes se tomam. Ou seja ¼ significa que dividimos uma unidade em quatro partes iguais e dessas quatro partes apenas considerámos uma, 2/4 significa que, de 4 partes tomamos duas. Não importa o que é ou como é formada a unidade considerada. Esta pode ser uma qualquer quantia em dinheiro, em bens, em litros, ou em qualquer conjunto. No caso do processo de inventário a cada unidade tomada corresponde determinado valor em dinheiro. Consideremos que todos os bens a partilhar são bens comuns. Consideremos 3 herdeiros a víuva e 2 filhos, que um filho (o José) faleceu, deixando 2 filhos a representá-lo, que são netos do autor da herança, que um neto faleceu, sucedendo-lhe 4 filhos, bisnetos do autor da herança. Para elaborarmos o mapa de partilha, vamos tomar várias unidades diferentes: De cada vez que efectuamos uma operação tomamos uma unidade diferente:

A primeira unidade corresponde à: soma dos

bens a partilhar

12.000

Ao dividi-la por dois achamos a 2ª unidade que é a

½

meação de cada cônjuge

6.000 Esta é imediatamente adjudicada

Esta, neste caso, é igual à nossa 3ª unidade, a

½

herança 6.000

Dividimos a unidade herança pelos herdeiros., obtemos a 4ª unidade, o

1/6 1/3

Quinhão hereditário

(da viúva e de cada filho)

2.000

O quinhão do falecido filho José, a nossa 4ª unidade, subdivide-se pelos seus dois filhos, obtendo-se a 5ª unidade, o

1/12

1/6 1/2

Quinhão de cada

neto 1.000

A 5ª unidade, “quinhão de cada neto,” divide-se por 4, obtendo-se nova unidade a 6ª, o

1/48

1/24 1/8 1/4 Quinhão de cada bisneto

250

Apenas depois de chegarmos à mais pequena fracção (quinhão de cada bisneto) relativamente à unidade imediatamente anterior (quinhão de cada neto), que é de ¼, vamos relacioná-la com cada uma das restantes unidades, até chegarmos à primeira e maior unidade (soma dos bens a partilhar), obtendo de todas as demais fracções um denominador comum. (a melhor forma de verificarmos se cometemos algum erro). Uma forma fácil é, partindo da mais pequena fracção ir andando para trás um passo de cada vez, fazendo os cálculos e comparando simultaneamente os números fraccionários obtidos com o respectivo valor em dinheiro: X 48 X 24 X 8 X 4 1 12000 6000 2000 1000 250

Page 55: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

PARTILHA

1. Recebido o processo com o despacho sobre a forma da partilha, a

secretaria, dentro de 10 dias, organiza o mapa da partilha, em harmonia

com o mesmo despacho e com o disposto no artº anterior.

(Partilha)

artº 1375.º

O artigo anterior diz-nos que:

a) Os bens licitados são adjudicados ao respectivo licitante, tal como os

bens doados ou legados são adjudicados ao respectivo donatário ou

legatário;

b) Que aos não conferentes ou não licitantes 39 são atribuídos, quando

possível, bens da mesma espécie e natureza dos doados e licitados.

Não sendo isto possível, os não conferentes ou não licitantes são

inteirados em outros bens da herança, mas se estes forem de natureza

diferente da dos bens doados ou licitados, podem exigir a

composição em dinheiro, vendendo-se judicialmente os bens

necessários para obter as devidas quantias.

c) O mesmo se observará em benefício dos co-herdeiros não legatários,

quando alguns dos herdeiros tenham sido contemplados com

legados;

d) Os bens restantes, se os houver, são repartidos à sorte entre os

interessados, por lotes iguais;

e) Os créditos que sejam litigiosos ou que não estejam suficientemente comprovados e os bens que não tenham valor são distribuídos proporcionalmente pelos interessados.

39 Conferentes são os que estiveram presentes na conferência de interessados. Aqueles que conferem. Pretende o legislador igualar a distribuição, de cada espécie de bens, por cada um dos interessados. Aqueles a quem não foi feita doação mantêm o direito de receber bens da mesma espécie e natureza dos bens que foram doados. Se isso não for possível, são-lhes atribuídos bens de outra natureza. Neste caso, podem eles optar por exigir a composição em dinheiro, procedendo-se, então, à venda de bens, até se obterem as quantias necessárias.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 55

O mesmo se verifica com os não licitantes, relativamente aos que licitaram.

Page 56: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

2. Para a formação do mapa acha-se, em primeiro lugar, a importância total do activo, somando-se os valores de cada espécie de bens conforme as avaliações e licitações efectuadas e deduzindo-se as dívidas, legados e encargos que devam ser abatidos; em seguida, determina-se o montante da quota de cada interessado e a parte que lhe cabe em cada espécie de bens 40 ; por fim, faz-se o preenchimento de cada quota com referência aos números das verbas da descrição 41.

3. Os lotes que devam ser sorteados são designados por letras.

4. Os valores são indicados somente por algarismos. Os números das verbas da descrição serão indicados por algarismos e por extenso e, quando forem seguidos, apontam-se só os limites entre os quais fica compreendida a numeração. Se aos co-herdeiros couberem fracções de verbas, tem de mencionar-se a fracção.

5. Em cada lote 42 deve sempre indicar-se a espécie de bens que o constitui.

.

Assim, para elaborar o mapa de partilha, vamos:

1º - Somar os valores de todos os bens. (achar o activo).

2º - Deduzir a esse valor as dívidas passivas, legados e encargos que

devam ser abatidos.

O passivo hipotecário 43 deve ser deduzido.

Os legados 44 que tenham de sair da massa da herança também são deduzidos.

Outros encargos, como passivo comum 45 e legados ou pensões da

40 Para efeitos de igualdade na adjudicação dos bens pelos interessados, (artº. 1374º b) do C.P.C., e para cálculo da SISA quando a ela houver lugar, a efectuar pela Repartição de Finanças. (Há lugar a sisa quando um interessado recebe mais bens imóveis do que aqueles a que tinha direito. 41 Ou seja, ao calcular o activo, ao achar o valor da quota de cada interessado e a parte que lhe cabe em cada espécie de bens, estamos a indicar o que, por direito cabe a cada interessado. Aqui, trabalhamos apenas com os valores relativos ao que cada um tem direito. É a primeira parte do mapa de partilha. Quando, por fim, como determina o mesmo n.º. 2 do artº.1375º, preenchemos cada quota com referência aos números das verbas da relação de bens, estamos a trabalhar com o que, na prática, coube a cada um. É a fase dos pagamentos em que, depois de se indicar as verbas se confere o valor do que coube a cada um com o valor do que, por direito lhe cabe.

Página 56 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

42 Ver Organização e sorteio dos lotes.

Page 57: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

responsabilidade de todos os interessados, não saem da massa da

herança, logo não têm de ser deduzidos.46

Também o passivo não aprovado por todos os interessados não é deduzido.

3º - Calcular o montante da quota de cada interessado. 47

4º - Preencher a quota de cada um, com referência aos números das

verbas. 48

Ao preencher as quotas dos interessados, com as respectivas verbas, é

necessário verificar se o valor dos bens doados, legados ou licitados

excede o valor da quota do respectivo interessado, ou a quota disponível

do inventariado.

Caso tal se verifique, não se elabora o mapa de partilha, mas sim uma

informação, sob a forma de mapa, indicando o montante do excesso,

conforme a seguir exemplificamos.

artº. 1376º do C.P.C.

MAPA INFORMATIVO

Inventário Facultativo Nº _____. - - - - - - - - - - - - -

Inventariados: Manuel____ e mulher Maria_____, que foram residentes

em _________. - - - - - - - - - - - - - - - -

43 O passivo hipotecário acompanha o bem e dele não pode ser separado. Apenas o interessado a quem couber o bem é responsável pelo seu pagamento. Os direitos de terceiro sobre determinado bem também são deduzidos. – artº. 2099º e 2100º do C. Civil. Quando o passivo deva ser pago por todos os interessados, ou quando os legados e encargos ficarem também a cargo de todos na proporção do que recebam, o respectivo montante não deve ser abatido do activo. Ac. Rel. Lisboa 16.5.78 Col. III-938.

artº 2068º do C.Civil: - A herança responde pelas despesas com o funeral e sufrágios do seu autor, pelos encargos com a testamentaria, administração e liquidação do património hereditário, pelo pagamento das dívidas do falecido e pelo cumprimento dos legados. 44 Legados, ver: artsº. 2249º a 2307º do C. Civil 45 Por exemplo as dívidas do funeral. 46 Há no entanto entendimentos diversos, pelo que, em caso de dúvida, será sempre de respeitar o determinado pelo Sr. Juiz. 47 Além do montante da quota de cada interessado, deve-se indicar a parte que lhe cabe em cada espécie de bens. Também na indicação do total do activo se deve indicar o valor da soma de cada espécie de bens. (nº. 2 do artº. 1375º do C.P.C.)

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 57

48 com o formalismo indicado nos nºs. 2, última parte, e 3 a 5 do artº. 1375º do C.P.C.

Page 58: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Inventariante: Maria _______. - - - - - - - - - - - - - -

Total dos bens a partilhar com o aumento das

Licitações: _____________________________ 8.000 €

O valor do quinhão de cada interessado é de: ____ 2.000 €

O interessado António___licitou bens no valor de: 2.666,66 €

Pelo que excede em: ______________________ 666,66 €

Quantia que repõe ao interessado Manuel____________ 666,66 €

data O escrivão

artº. 1377º C.P.C.

Os interessados com direito a tornas são notificados para requererem a composição dos seus quinhões ou reclamar o pagamento das tornas.

nºs 2, 3 e 4 do artº. 1377º e artº

1376º. nº. 2 do C.P.C.

Se os credores de tornas requererem a composição dos seus quinhões, esta será feita através da adjudicação das verbas que o licitante levou em excesso.

O licitante é notificado para escolher as verbas necessárias ao preenchimento da sua quota.

O mesmo direito tem o legatário ou donatário.

art. 1378º C.P.C. Caso os credores de tornas reclamem o pagamento das tornas, o interessado que as deva pagar é notificado para as depositar.

Não sendo as tornas depositadas, os credores podem escolher as verbas, destinadas ao devedor, necessárias para o preenchimento da sua quota, desde que imediatamente depositem as tornas a que eventualmente haja lugar.

Podem ainda os requerentes pedir que, transitada a sentença, se proceda à venda dos bens necessários, adjudicados ao devedor.

Se não for reclamado o pagamento das tornas, estas vencem juros desde a data da sentença e os credores podem registar hipoteca sobre os bens adjudicados ao devedor.

A seguir elabora-se o mapa de partilha da seguinte forma:

MAPA DE PARTILHA

Inventário Nº. __/__ - - - - - - - - - - - - - - - - - - Inventariados: ROSA_____, e marido JAIME _____, que foram residentes na _____.- - - - - - - - - - - - - - - - - -

Página 58 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 59: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Inventariante: Maria_________. - - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - BENS A PARTILHAR: - - - - - - - - - Total dos bens a partilhar: Ouro: __________________ 1.500 € Imóveis: ________________ 191.000 € Total a partilhar: _________________________________ 192.500 €

- - - - - - - - - - - - - *- - - - - - - - - - - - - OPERAÇÕES DE PARTILHA:

O valor total dos bens a partilhar divide-se em duas partes iguais, que constituem os quinhões de cada interessado, filho dos inventariados, que se lhes adjudica, no valor cada de: ________________ 96.250 €

- - - - - - - - - - - - *- - - - - - - - - - - - - Assim cabe receber em cada espécie de bens, a cada a um dos interessados:

Em Objectos de Ouro:______ 750 € Em Imóveis:______________ 95.500 €

PAGAMENTOS

A interessada Maria _________, recebe: - - - - Objecto em ouro: - - - - - - - - - - - - - - 1/2 (metade) da verba 1 (um): _______________ 750 € Imóveis: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Verbas 2 e 3 (dois e três): ____________________ 95.500 €

__________________ Soma e é igual ao seu quinhão: ________________ 96.250 €

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ O interessado Jaime ____, recebe: - - - - - - - Objecto em ouro: - - - - - - - - - - - - - - 1/2 (metade) da verba 1 (um): ________________ 750 € Imóveis: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Verba 4 (quatro): ____________________________ 95.500 €

_________________ Soma e é igual ao seu quinhão: _________________ 96.250 €

data O ...

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 59

Page 60: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

viúva recebe:1/2

sua meação € 250,00Total dos bens a partilhar Total a partilhar = € 500,00 1/2

oito oitavos = unidade 1/8 5/8Total a receber: € 312,50

meaçãoviúva 1/2 = € 250,00

meação 1/2 = € 250,00inventariado

Havendo 3 ou mais filhos1/4 = € 62,50

este 1/4 é da meação, equivale a 1/8 do total dos bens a partlhar

3/8 = € 187,50 divide-se pelo número de filhos, se 3 ou mais

artº. 2139º CC A partilha faz-se por cabeça, nunca sendo a quota do cônjuge inferior a 1/4Havendo até 3 filhos, divide-se a herança pelo número de filhos mais a viúva (por cabeça)

meação = 1/2 1 filhos + 1 = 2 € 125,00 1/4inventariado = € 250,00 2 filhos + 1 = 3 € 83,33 1/6

3 filhos + 1 = 4 € 62,50 1/8

Havendo menos de 3 filhos, 1, ou 2, a meação do inventariado divide-se por cabeça, cabendo à viúva e a cada filho mais de 1/4 da meação do inventariado, ou seja, mais de 1/8 do total. Cabe-lhe, assim, da herança, em vez do indicado 1/8, mais:1/4 se houver 1 filho;1/6 se houver 2 filhos

Página 60 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 61: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Imaginemos que estamos a proceder ao seguinte inventário:

Manuel faleceu em 1990, no estado de casado em primeiras e únicas núpcias com Maria, sob o regime da comunhão de adquiridos.

A suceder-lhe ficou a viúva e 4 filhos do casal.

Os bens a partilhar são dois imóveis, adquiridos na constância do casamento, um a título oneroso, no valor de 1.200 € (verba 1).

O outro, por sucessão, com o valor de 500 € (verba 2).

Não há dívidas activas.

Como passivo, aprovado por todos, há a dívida por despesas do funeral, no valor de 1.000 €, cujo credor, na conferência de interessados, não exigiu o pagamento imediato.

Não foi feito testamento, doações ou qualquer outra disposição de última vontade.

Temos assim bens comuns: 1.200 €

Bens próprios: 500 €

Total do activo: 1.700 €

Passivo: 1.000 €

bens comuns e

bens próprios

O primeiro passo a dar é retirar a meação do cônjuge supérstite:

Do total dos bens comuns retiramos metade (1/2) que é a meação da viúva que se lhe adjudica, no valor de 600 €.

Meação do cônjuge 600 €

Depois de retirada a meação do cônjuge supérstite, ficamos a trabalhar apenas com valores de bens pertencentes ao inventariado. Temos de calcular o valor total desses bens:

A outra metade (1/2), a meação do inventariado (600 €), soma-se ao valor dos bens próprios (500 €) e o total assim obtido (1.100 €) constitui o valor da herança.

Quota hereditária do cônjuge supérstite = ¼ da herança 275 €

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 61

Page 62: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

A seguir vamos calcular a quota hereditária de cada interessado.

Como concorrem à herança o cônjuge e 4 filhos, há que aplicar o nº. 1 do artº. 2139º do C.Civil, que diz que a partilha se faz por cabeça, mas que o viúvo não pode receber menos de ¼ da herança.

Assim:

Ao valor da herança, retira-se ¼ que é a quota hereditária da viúva, no valor de: 275 €, que se lhe adjudica.

(1.100 € / 4 = 275 €)

Quinhão de cada filho =

206,25 €

Retirada a quota hereditária do cônjuge, vamos dividir a parte restante da herança, (3/4), pelos quatro filhos do casal:

A parte restante, no valor de 825 €, divide-se em 4 partes iguais, constituindo cada uma o quinhão de cada filho, no valor de 206,25 €, o que corresponde a 3/16 da herança. (3/4 a dividir por quatro, são 3/16).

Passivo ¼ paga a viúva,

3/16 paga cada filho

O passivo é da responsabilidade de todos os herdeiros na proporção dos respectivos quinhões (hereditários).

Logo a viúva paga ¼, (1.000 €/4= 250 €) e

Cada filho paga ¼ da parte restante. (¼ de ¾ = 3/16)

(1.000 - 250 = 750) (750 / 4 =187,50)

Todos os bens foram adjudicados na proporção dos quinhões.

O quinhão de cada filho é 3/16 da herança Como apenas metade do valor da verba 1 integra a meação do inventariado, 3/16 de ½ é igual a 3/32 da unidade.

Então a viúva recebe: Imóveis:

Verba 1 (um) 5/8 (cinco oitavos): __________________ 750 € 49Verba 2 (dois) ¼ (um quarto): ____________________ 125 €

Soma e é igual ao seu quinhão: ______________ 875 €

Paga de passivo: ¼ (um quarto): __________________ 250 € Cada filho recebe: Imóveis:

Verba 1 (um) 3/32 (três, trinta e dois avos): __________ 112,50 € Verba 2 (dois) 3/16 (três, dezasseis avos): ___________ 93,75 € Soma e é igual ao seu quinhão: _____________ 206,25 €

Paga de passivo: 3/16 (três, dezasseis avos): _________ 187,50 €

49 Quando são várias verbas seguidas, (e todas na mesma proporção), indicam-se só os limites – artº. 1375º CPC.

Página 62 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Por ex.: Verbas nºs 3 a 10 (três a dez).

Page 63: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Basta-nos agora redigir o mapa de partilha, transportando todos estes elementos já obtidos.

Neste exemplo considerámos apenas duas verbas, adjudicadas na proporção dos quinhões para realçar o diferente tratamento (leia-se proporção) entre bens comuns e bens próprios.

Repare-se também que a responsabilidade do passivo da herança, neste caso, de dívida do funeral, é adjudicada na proporção dos quinhões hereditários.

- Tem tratamento idêntico ao de um bem próprio. É uma dívida do inventariado – comum a todos os herdeiros.

Caso a dívida fosse da responsabilidade de ambos os cônjuges, 50 já a sua responsabilidade seria adjudicada de forma a que o cônjuge, além da sua própria responsabilidade no passivo (1/2 equivalente à sua meação), responderia ainda na proporção do seu quinhão hereditário.

- Teria o tratamento idêntico ao de um bem comum. Seria uma dívida do casal, sendo a parte respeitante à meação do inventariado comum a todos os herdeiros.

Tratando-se de um passivo hipotecário, seria o seu valor deduzido ao activo e a sua responsabilidade apenas do interessado a quem fosse adjudicado o bem onerado com o passivo.

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 63

50 Uma dívida feita em vida do inventariado para suprir qualquer necessidade do casal.

Page 64: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

RECLAMAÇÃO DO MAPA DE PARTILHA Reclamação

artº. 1379º CPC

Organizado o mapa, o juiz rubrica as folhas e põe-no em reclamação.

Os interessados51 são notificados para, em dez dias, requererem qualquer rectificação ou reclamarem contra qualquer irregularidade do mapa de partilha.

Em seguida dá-se vista ao Ministério Público para o mesmo fim, se tiver intervenção principal no inventário.

As reclamações são decididas nos 10 dias seguintes, podendo convocar-se os interessados para uma conferência quando alguma reclamação tiver por fundamento a desigualdade dos lotes.

No mapa far-se-ão as modificações impostas pela decisão das reclamações. Se for necessário, organizar-se-á novo mapa.

artº 1380. CPCº

(Sorteio dos lotes)

Caso haja de proceder-se a sorteio de lotes, em sequência de reclamação, ou porque houve bens que não foram licitados ou adjudicados (al. c) do artº. 1374º), o sorteio realiza-se de acordo com o artº. 1380º e 1381º do C.P.C.

1. Em seguida procede-se ao sorteio dos lotes, se a ele houver lugar, entrando numa urna tantos papéis quantos os lotes que devem ser sorteados, depois de se ter escrito em cada papel a letra correspondente ao lote que representa; na extracção dos papéis dá-se o primeiro lugar ao meeiro do inventariado; quanto aos co-herdeiros, regula a ordem alfabética dos seus nomes.

2. O juiz tira as sortes pelos interessados que não compareçam; e, à medida que se for efectuando o sorteio, averba por cota no processo o nome do interessado a quem caiba cada lote.

3. Concluído o sorteio, os interessados podem trocar entre si os lotes que lhes tenham cabido.

Página 64 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

51 Repare-se que, enquanto a notificação para a forma à partilha (artº. 1373º do C.P.C.) é feita apenas aos advogados e Mº.Pº. se tiver intervenção. Pois a forma à partilha implica questões de direito, já a notificação para a reclamação contra as irregularidades do mapa de partilha, artº. 1379º do C.P.C. é feita aos interessados. (tendo-se em atenção o artº. 255º do C.P.C.)

Page 65: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

4. Para a troca de lotes pertencentes a menores e equiparados é necessária autorização judicial, ouvido o Ministério Público; tratando-se de inabilitado, a troca não pode fazer-se sem anuência do curador.

1. Quando haja cônjuge meeiro, o mapa consta de dois montes e, determinado que seja o do inventariado, organiza-se segundo mapa para a divisão dele pelos seus herdeiros.

Se os quinhões destes forem desiguais, por haver alguns que sucedam por direito de representação e achada a quota do representado, forma-se terceiro mapa para a divisão dela pelos representantes.

Se algum herdeiro houver de ser contemplado com maior porção de bens, formar-se-ão, sendo possível, os lotes necessários para que o sorteio se efectue entre lotes iguais.

2. Quando o segundo mapa não puder ser organizado e sorteado no acto do sorteio dos lotes do primeiro e quando o terceiro também o não possa ser no acto do sorteio dos lotes do segundo, observar-se-ão, não só quanto à organização, mas também quanto ao exame e sorteio do segundo e terceiro mapas, as regras que ficam estabelecidas relativamente ao primeiro.

artº 1381.º CPC

(Segundo e terceiro mapas)

Resolvidas as reclamações, ou decorrido o prazo, será o processo feito “concluso” para ser proferida sentença.

artº. 1382º CPC

Quando não haja lugar à organização de processo de imposto sobre as Sucessões e Doações, caso da partilha em sequência da extinção da comunhão de bens entre os cônjuges, não poderá ser proferida sentença, sem estarem no processo os conhecimentos das sisas que forem devidas, passadas pela Secção de processos.

artº.48º Cod. Sisa

Da sentença homologatória da partilha cabe recurso de apelação, com efeito meramente devolutivo.

1. Se algum dos interessados quiser receber os bens que lhe tenham cabido em partilha, antes de a sentença passar em julgado, observar-se-á o seguinte:

a) No título (certidão) que se passe para o registo e posse dos bens imóveis, declarar-se-á que a sentença não passou em julgado,

b) Os papéis de crédito sujeitos a averbamento são averbados pela entidade competente, com a declaração de que o interessado não pode

art. 1384. CPC Entrega de bens

antes de a sentença passar

em julgado

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 65

Page 66: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

dispor deles enquanto a sentença não passar em julgado;

c) Quaisquer outros bens só são entregues se o interessado prestar caução.

2. Se o inventário prosseguir, quanto a alguns bens, por se reconhecer desde logo que devem ser relacionados, mas subsistirem dúvidas quanto à falta de bens a conferir, o conferente não recebe os que lhe couberem em partilha sem prestar caução equivalente ao valor daqueles a que não terá direito se a questão vier a ser decidida contra ele.

As declarações feitas no registo ou no averbamento produzem o mesmo efeito que o registo das acções. Este efeito subsiste enquanto, por despacho judicial, não for declarado extinto.

artº. 73 do Cod. Sisa

Transitada a sentença remete-se certidão, em duplicado, à Repartição de Finanças competente52 para liquidação do Imposto Sucessório.

artº. 40º CRP Nos Inventários com herança deferida a incapazes, deve ainda ser entregue certidão ao Mº.Pº., para efeitos de registo obrigatório dos imóveis a eles adjudicados.

artº. 1385.º CPC

(Nova partilha)

1. Tendo de proceder-se a nova partilha, por efeito da decisão do recurso ou da causa, o cabeça-de-casal entra imediatamente na posse dos bens que deixaram de pertencer ao interessado que os recebeu.

2. O inventário só é reformado na parte estritamente necessária para que a decisão seja cumprida, subsistindo sempre a avaliação e a descrição, ainda que haja completa substituição de herdeiros.

3. Na sentença que julgue a nova partilha, ou por despacho, quando não tenha de proceder-se a nova partilha, serão mandados cancelar os registos ou averbamentos que devam caducar.

4. Se o interessado deixar de restituir os bens móveis que recebeu, será executado por eles, bem como pelos rendimentos que deva restituir, prestando contas como se fosse cabeça-de-casal;

A execução segue por apenso.

art. 1386.º CPC

(Emenda por acordo)

1. A partilha, ainda depois de passar em julgado a sentença, pode ser emendada no mesmo inventário, por acordo de todos os interessados ou dos seus representantes, se tiver havido erro de facto na descrição ou qualificação dos bens, ou qualquer outro erro susceptível de viciar a vontade das partes.

2. O disposto neste artº não obsta à aplicação do artº 667º do C.P.C. (rectificação de erros materiais).

Página 66 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

52 A da residência do autor da herança.

Page 67: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

1. Quando se verifique algum dos casos previstos no artº anterior e os interessados não estejam de acordo quanto à emenda, pode esta ser pedida em acção proposta dentro de um ano, a contar do conhecimento do erro, contanto que este conhecimento seja posterior à sentença.

artº. 1387.º CPC

(Emenda da partilha na falta

de acordo)

2. A acção destinada a obter a emenda segue processo ordinário ou sumário, conforme o valor, e é dependência do processo de inventário

1. Salvos os casos de recurso extraordinário, a anulação da partilha judicial, confirmada por sentença passada em julgado, só pode ser decretada quando tenha havido preterição ou falta de intervenção de algum dos co-herdeiros e se mostre que os outros interessados procederam com dolo ou má fé, seja quanto à preterição, seja quanto ao modo como a partilha foi preparada.

2. A anulação deve ser pedida por meio de acção à qual é aplicável o disposto no nº 2 do artº anterior.

artº 1388.º CPC

(Anulação)

1. Não se verificando os requisitos do artº anterior, ou preferindo o herdeiro preterido que a sua quota lhe seja composta em dinheiro, requererá ele no processo de inventário que seja convocada a conferência de interessados para se determinar o montante da sua quota.

2. Se os interessados não chegarem a acordo, consigna-se no auto quais os bens sobre cujo valor há divergência; esses bens são avaliados novamente e sobre eles pode ser requerida segunda avaliação. Fixar-se-á depois a importância a que o herdeiro tem direito.

artº 1389.º CPC

(Composição da quota ao herdeiro preterido)

3. É organizado novo mapa de partilha para fixação das alterações que sofre o primitivo mapa em consequência dos pagamentos necessários para o preenchimento do quinhão do preterido.

4. Feita a composição da quota, o herdeiro pode requerer que os devedores sejam notificados para efectuar o pagamento, sob pena de ficarem obrigados a compor-lhe em bens a parte respectiva, sem prejuízo, porém, das alienações já efectuadas.

5. Se não for exigido o pagamento, é aplicável o disposto no nº 4 do artº 1378º CPC. 53

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 67

53 artº. 1378º nº. 4 do C.P.C.: Não sendo reclamado o pagamento, as tornas vencem os juros legais desde a data da sentença de partilhas e os credores podem registar hipoteca legal sobre os bens adjudicados ao devedor ou, quando essa garantia se mostre insuficiente, requerer que sejam tomadas, quanto aos móveis, as cautelas prescritas no artº 1384.º CPC.

Page 68: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

artº 1395.º CPC

(Partilha adicional)

1. Quando se reconheça, depois de feita a partilha judicial, que houve omissão de alguns bens, proceder-se-á no mesmo processo a partilha adicional, com observância, na parte aplicável, do que se acha disposto nesta secção e nas anteriores.

2. No inventário a que se proceda por óbito do cônjuge supérstite, serão descritos e partilhados os bens omitidos no inventário do cônjuge predefunto, quando a omissão só venha a descobrir-se por ocasião daquele inventário.

artº 1396.º CPC

(Regime dos recursos

1. Nos inventários de valor superior à alçada da Relação, o regime dos recursos é o do processo ordinário, subindo, porém, conjuntamente ao tribunal superior, em separado dos autos principais e no momento em que se convoque a conferência de interessados, os agravos interpostos até esse momento.

2. Nos inventários cujo valor não exceda a alçada da Relação, o regime de recursos é o do processo sumário.

Findo o processo, os bens adjudicados ao ausente, que carecerem de administração, são entregues ao curador nomeado, que fica tendo, em relação aos bens entregues, os direitos e deveres do curador provisório, cessando a administração logo que seja deferida a curadoria (artsº 1329.º, n.º 3 do CPC. e 89.º, 94.º e 110.º do C.Civil).54

54 artº 89º Nomeação de curador provisório 1. Quando haja necessidade de prover acerca da administração dos bens de quem desapareceu sem que dele se saiba

parte e sem ter deixado representante legal ou procurador, deve o tribunal nomear-lhe curador provisório. 2. Deve igualmente ser nomeado curador ao ausente, se o procurador não quiser ou não puder exercer as suas funções.

3. Pode ser designado para certos negócios, sempre que as circunstâncias o exijam, um curador especial. artº 94º Direitos e obrigações do curador provisório 1. O curador fica sujeito ao regime do mandato geral em tudo o que não contrariar as disposições desta subsecção. 2. Compete ao curador provisório requerer os procedimentos cautelares necessários e intentar as acções que não possam

ser retardadas sem prejuízo dos interesses do ausente; cabe-lhe ainda representar o ausente em todas as acções contra este propostas.

3. Só com autorização judicial pode o curador alienar ou onerar bens imóveis, objectos preciosos, títulos de crédito, estabelecimentos comerciais e quaisquer outros bens cuja alienação ou oneração não constitua acto de administração.

4. A autorização judicial só será concedida quando o acto se justifique para evitar a deterioração ou ruína dos bens, solver dívidas do ausente, custear benfeitorias necessárias ou úteis ou ocorrer a outra necessidade urgente.

artº 110º Direitos e obrigações dos curadores definitivos e demais interessados Aos curadores definitivos a quem os bens hajam sido entregues é aplicável o disposto no artº 94º, ficando extintos os

poderes que anteriormente hajam sido conferidos pelo ausente em relação aos mesmos bens.

Página 68 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 69: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

OUTROS MAPAS DE PARTILHA

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 69

Page 70: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

cônjuge supérstite mais 2 filhos

O autor da herança legou a sua quota disponível ao cônjuge e a um filho

TRIBUNAL DA COMARCA DA AMADORA

MAPA DE PARTILHA Inventário Nº. _____- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Inventariada: Maria Rosa, que era residente na Brandoa. - - - - - -

Inventariante: o viúvo Carlos Rosa. - - - - - - - - - - - - - -

.

- - - - - - - BENS A PARTILHAR: - - - - - -

Verba única: O direito a ½ (metade indivisa do imóvel de fls.

22) . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .

Aumento das licitações: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Total: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.432 €

151.568 €

155.000 €

- - - - - OPERAÇÕES DE PARTILHA: - - - -

Considera-se o valor da única verba a partilhar, constante da

relação de bens de fls. 22, com a rectificação que lhe foi

introduzida na conferência de interessados (fls. 39), e com o

aumento proveniente das licitações, no total de: .

155.000 €

Tal montante dividir-se-á em duas partes iguais, sendo uma

delas a meação do inventariante, que lhe é atribuída, no valor

de: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

77.500 €

A outra parte, a meação da inventariada, representa a totalidade

do acervo da herança, no valor de: . . . . . . . . . .

É dividida em três partes iguais, no valor cada de: . . . . . .

77.500 €

25.833,33 €

Uma dessas partes constitui a sua quota disponível, que será

repartida em duas partes iguais, no valor cada:

Adjudicando-se uma ao inventariante e a outra ao filho

António, por força do testamento de fls. 25 e 26. . . . . . . .

Os outros dois terços constituirão a legítima: . . . . . . . . . .

que será repartida em três partes iguais pelos herdeiros

legitimários, o viúvo Carlos e os dois filhos da inventariada,

Sérgio e António, cabendo a cada um: . . . .

12.916,66 €

12.916,66 €

51.666,66 €

17.222,22 €

Página 70 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 71: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Assim, cabe a cada interessado receber em direito ao imóvel: -

O inventariante Carlos Rosa de Sousa: - - - - - - -

Sua meação: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

½ da quota disponível: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1/3 da quota legítima: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

77.500 €

12.916,66 €

17.222,22 €

- - - - Pertence-lhe (meação + quinhão): . . . . . . . . . . 107.638,88 €

O interessado Sérgio Paulo: - - - - - - - - - -

1/3 da legítima: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

17.222,22 €

- - - - - - - Total do seu quinhão: . . . . . . . . . . . . . 17.222,22 €

O interessado António José: - - - - - - - - - - -

½ da quota disponível: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1/3 da

quota indisponível: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

12.916,66 €

17.222,22 €

- - - - - - - Total do seu quinhão: . . . . . . . . . . . . . . 30.138,88 €

- - - - - - Fracção desprezada: . . . . . . . . . . . . . . ,02 € - - - - - - Soma e confere: . . . . . . . .. . . . . . . . . . 155.000 €

- - - - - - - PAGAMENTOS - - - - - - -

O viúvo Carlos Rosa recebe: - - - - - - - - -

Verba única (fls.22) (direito a metade do imóvel): . . . . .

Deduzindo as tornas que já pagou, no total de: . . . . . . . .

- - - - - - - Soma e é igual ao seu quinhão: . . . . . .

155.000 €

- 47.361,11 €

107.638,89 €

O interessado Sérgio recebe: - - - - - - - - - -

Tornas, que já recebeu, no valor do seu quinhão: . . . . . .

17.222,22 €

O interessado António recebe: - - - - - - - - -

Tornas, que já recebeu, no valor do seu quinhão: . . . . . .

30.138,88 €

data O escrivão,

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 71

Page 72: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Página 72 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

MAPA DE PARTILHA

Inventário nº. ___/___ a que se procede por óbito de Francisco ____, que foi residente

no lugar da Abrunhos, Funchal: BENS A PARTILHAR

Móveis: . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . 6.400 € Imóveis: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.600 € Total dos bens a partilhar: . . . . . . . . 10.000 € 10.000 €

cônjuge supérstite mais 3 filhos.

Um filho pré-falecido, deixando a representá-lo (artº. 2036º do C.C.) 4 filhos, que do inventariado são netos.

A soma dos bens a partilhar divide-se em duas partes iguais, constituindo uma a meação do inventariado, e a outra a meação da inventariante, no valor cada de: . . . . . .

5.000 €

A meação do inventariado divide-se em quatro partes iguais, adjudicando-se uma ao cônjuge supérstite, e as outras a cada filho, cabendo a cada um: . . . . . . . . . . . . . .

1.250 €

O quinhão que caberia ao falecido filho Augusto Monteiro Lopes divide-se em quatro partes iguais pelos seus quatro filhos, netos do inventariado, cabendo a cada um: . . . . . . .

312,5 €

Assim, cabe a cada interessado respectivamente: À viúva:

Em móveis:__________________ 4.000 €

Em imóveis:_________________ 2.250 €

Pertence-lhe: ________________ 6.250 €

6.250 €

A cada filho:

Em móveis:_________________ 800 €

Em imóveis:_________________ 450 €

Valor do quinhão:____________ 1.250 €

1.250 €

A cada neto:

Em móveis: ________________ 200 €

Em imóveis: _______________ 112,5 €

Valor do quinhão:___________ 312,5 €

312,5 €

Seguidamente, fazem-se os pagamentos de acordo com o deliberado na conferência de

interessados e com as tornas, embora estas já pagas, pela forma seguinte:

A interessada Alda _____ recebe: Móveis:

Verbas 1 a 5 ( um a cinco ): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Imóveis: Verba 6 ( seis ) e 1/4 ( um quarto ) da 7 ( sete ): . . . . . . . .

Tornas que já pagou: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Soma e é igual ao seu quinhão: . . . . . . . . . . . . .

6.400 € 7.750 € 1.500 € 6.250 €

Page 73: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

A interessada Maria do Rosário ______ recebe: Imóveis: 1/4 ( um quarto ) da verba 7 ( sete ): . . . . . . . . . . . . . . . . .

Tornas que já recebeu: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Soma e é igual ao seu quinhão: . . . . . . . . . . . . .

750 € 500 €

1.250 €

O Interessado Vítor Manuel _______ recebe: Imóveis: 1/4 ( um quarto ) da verba 7 ( sete ): . . . . . . . . . . . . . . . . .

Tornas que já recebeu: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Soma e é igual ao seu quinhão: . . . . . . . . . . . .

750 € 500 €

1.250 €

A Interessada Maria João_____ recebe: Imóveis: 1/16 ( Um dezasseis avos ) da verba 7 ( Sete ): . . . . . . .

Tornas que Já recebeu: . . . . . . . . . . . . . . . . . Soma e é igual ao seu quinhão: . . . . . . . . . .

187,5 € 125 € 312,5 €

A Interessada Anabela Sandra recebe: Imóveis: 1/16 ( um dezasseis avos ) da verba 7 ( sete ): . . . . . . . . . .

Tornas que já recebeu: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Soma e é igual ao seu quinhão: . . . . . . . . . . . .

187,5 € 125 € 312,5 €

O Interessado Bruno Rafael recebe: Imóveis:

1/16 ( um dezasseis avos ) da verba 7 ( sete ): . . . . . . . . . . Tornas que já recebeu: . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Soma e é igual ao seu quinhão: . . .. . . . . . . . .

187,5 € 125 € 312,5 €

O Interessado Carlos Manuel recebe: Imóveis: 1/16 ( um dezasseis avos ) da verba 7 ( sete ): . . . . . . . . . .

Tornas que já recebeu: . . . . . . . . . . . . . . . . . . Soma e é igual ao seu quinhão: . . . . . . . . . . . .

187,5 € 125 € 312,5 €

Data O escrivão,

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 73

Page 74: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Artº. 1380º CPC ORGANIZAÇÃO E SORTEIO DOS LOTES

A organização e sorteio de lotes apenas terá lugar quando:

- existam bens remanescentes, que não foram adjudicados nem licitados, doados ou legados, ou seja quando se verifique que ninguém ficou com algum ou alguns bens.

- a herança seja constituída por mais de uma verba e por bens de diferente natureza

artº. 1374º al c) CPC

A forma de repartir à sorte, os restantes bens, entre os interessados, passa por duas etapas distintas.

- A primeira a organização dos lotes

- A segunda o sorteio dos lotes

A organização dos lotes

A organização dos lotes compete à Secretaria., devendo o respectivo funcionário atender à espécie, natureza e valor dos bens. A partilha deve ser igual, justa e não lesiva. Para o conseguir torna-se precioso que em cada quinhão, monte ou lote, entrem necessariamente bens de todas as diversas espécies descritas; na mesma quantidade quando iguais os montes; na devida e correspondente proporção quando desiguais. 55

Página 74 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

55 Ac. Rel. Lisboa de 14/3/1969, na Jurisp. Rel. 15-288

Page 75: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 75

Page 76: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Página 76 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 77: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Índice Página

Apresentação – Objectivos 2

Funções do processo de inventário 3

bens comuns 3, 12, 13, 60, 62

meação 3, 44, 49 60, 61, 62

bens próprios 3, 12, 13, 60 e 62

Arrolamento 3, 14

Inventário Destinado a por termo à comunhão hereditária 4

Data da abertura da sucessão 4, 15, 36, 39

O requerente do inventário 4, 6, 15, 16

O Ministério Público 4, 15, 25, 32, 33, 46, 64

Incapazes e ausentes 4, 5, 15, 66

curador 5,17, 20 a 23,33, 65, 68

O cabeça de casal 6, 21, 24, 26, 28 a 30, 49, 52, 53

declarações de cabeça de casal 7, 14, 16, 17, 20, 22, 33

Regimes de bens 12, 13

O lugar da abertura da sucessão 8

Legítima ou quota indisponível 9, 10, 33 a 35, 42, 43, 44 a 57, 70, 71

Herdeiros e herdeiros Legitimários 6, 7, 9, 10, 15, a 17, 28, 32 a 35, 42 43, 46, 5 a 56, 60 a 65, 70

Cumulação de Inventários 9, 13

Classes de sucessíveis 9, 10

Parentesco 10 e 11

Afinidade 10 e 11

Legar / Legatário /Legado 6, 11, 18, 28, 29, 32 a 42, 44, 46, 54 a 57

Doação / Donatário / Doado

7, 8, 11, 13, 15,17, 20, 22, 28, 29, 33, 35 a 37, 42 a 44, 46, 54

Passivo / Credores 2, 4, 7, 28, 31 a 33, 45, 52, 56 a 61

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 77

Page 78: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Competência territorial 13

Citações 14 a 16,25, 29, 32, 35, 36, 46, 47, 53, 55, 57, 70

Interessados, interessados directos

2, 4, 5, 7, 12, 14 a 16, 18,25 a 32, 36, 37,45 a 52, 54, 56 a 59, 62 a 65, 69, 70 e 72

Direito de representação 17, 63

Relação de bens 13, 14, 18, 20, 22 a 27, 35, 47, 48, 52 e 70

Valor dos bens /Avaliação 24, 25, 35 a 37, 64, 65

Reclamação da Relação de bens 26, 35, 47

Incidentes 28 a 30

Conferência de Interessados 28, 30, 31 a 53

Quem se notifica para a Conferência 32

Licitações 32, 36, 46, 53, 55, 57, 70

Liberalidades inoficiosas 33, 35, 36, 37

Usufruto / Uso e Habitação 14, 38 a 41

Colação 42, 43

Meia Conferência 44

Partilha 54 a 66, 70 a 74

Herança 59

Reclamação do Mapa de Partilha 62

Sisa e Imposto Sucessório 38, 55, 63, 64

Partilha adicional 66

Recursos 63 a 67

Página 78 Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Page 79: O Processo de Inventario

O PROCESSO DE INVENTÁRIO

Links:

verbo enciclopédia (http://enciclopediaverbo.clix.pt/cgi-bin/consulta.cgi?28341) Governo (http://www.governo.gov.pt/PortalDoGoverno/SiteEntry.htm) Heranças e Sucessões (http://www.portulex.net/inf/lei/P512.htm) Tribunal da Relação do Porto (http://www.trp.pt/s_dpc.html) Tribunal Relação Coimbra http://www.trc.pt/c_sucesses.html Direito Civil - Sucessões (http://www.trc.pt/c_sucesses.html) Direito da Família (http://www.lexfamiliae.org/direito_codigo.php)

Sucessões: http://e-legal.aeiou.pt/cgi-bin/dbli/index.pl?comando=showsec&directorio=20

http://www.infocid.pt/mt/infocid/0_387.htm

http://www.direitoejustica.com/direito_das_sucessoes/

Bibliografia: Abílio Neto,

Código de Processo Civil 15ª Edição João A. Lopes Cardoso Partilhas Judiciais 4ª edição Código Civil 1867 Código Civil 1966 Código Civil 1978

Contactos Centro de Formação de Oficiais de Justiça

Telf.: 217906200 fax.: 217906429 www.dgsj.pt

Centro de Formação de Oficiais de Justiça Página 79