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O PROCESSO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA COMO FORMA DE GARANTIR
A INCLUSÃO SOCIAL: O CASO DE UMA COMUNIDADE NO MUNICÍPIO DE
PIRAQUARA
Autor: Luciane Cristina da Silva¹
Orientador: Moisés Francisco Farah Junior²
Resumo
O presente artigo tem como proposta analisar as áreas ocupadas de forma inadequada, chamadas por muitos autores de “áreas de ocupação irregular” que são formadas a partir do momento que os grandes centros não conseguem acomodar todas as pessoas recebidas e investigar o processo de regularização fundiária presente nessas áreas como forma de garantir a inclusão social às pessoas que ali residem, pois são normalmente, excluídas dos seus direitos sociais, políticos, econômicos e culturais. Os estudos são direcionados para o município de Piraquara, mais especificamente para o bairro Guarituba, onde vivem cerca de 50 mil pessoas em situação irregular com o intuito de levar ao aluno que vive e estuda nesse bairro o conhecimento da realidade que o cerca de forma que possa aprender, refletir e participar criticamente do seu espaço social.
Palavras chave: urbanização; industrialização; regularização fundiária; inclusão
social.
1- Introdução
A sociedade, assim como os homens que nela vivem, está em constante
evolução e transformação. A cada dia vivido, novas necessidades emergem e no
princípio são refutadas, mas acabam tornando-se essenciais na vida das pessoas.
Partindo desse pressuposto pode-se dizer que atualmente vive-se numa
sociedade da informação, do conhecimento, da informatização, numa era pós-
industrial que “num piscar de olhos” o novo fica velho e o velho fica guardado na
lembrança das pessoas ou nos arquivos do museu. O ser humano precisa estar o
tempo todo se atualizando, se aperfeiçoando para não ser sugado por essa
sociedade.
______________________________________
1- Professora de História da Rede Pública do Estado do Paraná, especialista em Interdisciplinaridade na Educação Básica. Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná.2- Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Curitiba
1
Se a era pós-industrial colocou o conhecimento ao alcance de todos, a era
industrial, iniciada no século XVIII, na Inglaterra, colocou o mundo diante de
descobertas até então impossíveis de serem imaginadas, como a máquina a vapor,
o tear mecânico, a eletricidade, a vida nas cidades, e consequentemente o ser
humano deixou de depender da área rural para tirar o sustento.
Entretanto, se a modernidade trazia os pontos positivos por outro lado tinha
aspectos negativos, como: o surgimento da classe trabalhadora que tinha que
vender sua força de trabalho em troca de um salário; o crescimento populacional das
cidades que não estavam preparadas para receber uma grande quantidade de
moradores; a difusão do capitalismo, onde quem detinha o poder e o capital eram os
donos das indústrias; o crescimento das desigualdades e da exclusão social entre
outros.
Quando se vive numa cidade urbanizada, com infraestrutura, como moradia
digna, saneamento básico, energia elétrica, transporte, normalmente se esquece de
olhar em volta e observar que nem todos conseguem ter o mínimo necessário a sua
sobrevivência. Quando os olhares são direcionados a essa parcela da sociedade, o
que se enxerga são pessoas vivendo em condições subumanas, em áreas de
ocupação irregular, sem infraestrutura, precisando lutar para ter direito a um pedaço
de terra, a uma moradia ou esperando que as políticas públicas sejam aplicadas.
Desta forma, pode-se dizer que a regularização fundiária aparece como uma
forma de amenizar as diferenças e tornar os princípios democráticos mais próximos
da parcela considerada menos favorecida da sociedade.
A regularização fundiária pode ser definida como um processo de intervenção
do poder público que tem como objetivo legalizar a permanência de moradores de
áreas irregulares, implicando no resgate da cidadania e na qualidade de vida da
população beneficiada. Além disso, deve estar acompanhada por um programa de
urbanização voltado a suprir as necessidades de transporte, saneamento básico,
energia elétrica, educação às pessoas envolvidas no processo.
A pessoa que vive na parte ilegal de uma cidade acredita que tenha sido
levada ao lugar por circunstâncias econômicas e sociais. Econômica por ter,
provavelmente saído da área rural ou de uma cidade do interior para procurar nos
grandes centros urbanos um trabalho que permita obter tudo aquilo que considera
como satisfatório a sua sobrevivência. Segundo Marinucci e Milesi (2002), o atual
sistema econômico do Brasil, que concentra a riqueza nas mãos de poucos, provoca
2
uma grande mobilidade humana a procura de melhores condições de vida, de novas
oportunidades que promovam inserção e enriquecimento cultural.
Social, pois não encontrando trabalho e não conseguindo viver decentemente
procura por um local, normalmente na parte periférica da cidade, que lhe possa
servir de moradia. A partir daí, normalmente, deixa para trás os sonhos de uma vida
melhor e passa a se sentir excluída, injustiçada, privada dos seus direitos como
cidadã. Muitas vezes não consegue se identificar com o lugar que está vivendo,
sente-se como se tivesse perdido sua identidade, sua vida e fica esperando que o
tempo ou o poder público reverta à situação. Tal opinião é encontrada em Marinucci
e Milesi (2002) quando diz que a mobilidade humana pode provocar a
desestruturação identitária, o sentimento de inferioridade, de fracasso e de
frustração.
Para Lazo Lazo (2005) as políticas de urbanização e regularização fundiária
são capazes de permitir a modificação do espaço físico (território) como também
melhoram as condições de vida de seus moradores e de sua autoestima. Ao deter
um status social, melhora progressivamente a sua inclusão dentro da sociedade,
devolvendo-lhe o direito a uma moradia digna e à propriedade, sendo
coparticipantes de seu próprio desenvolvimento e garantindo a sustentabilidade e
integração sócio-espacial.
Diante de tudo que foi posto, o objetivo é descrever/analisar o processo de
ocupação do bairro Guarituba, do município de Piraquara, como uma política pública
de regularização fundiária e de urbanização. Esta é uma das maiores áreas de
ocupação irregular do Estado do Paraná. As pessoas que lá vivem e que muitas
vezes desconhecem a formação do lugar que moram e a única coisa que sabem é
que moram num território, considerado “ilegal”, é porque em algum momento não
lhes foram dadas ou lhes foram tiradas as oportunidades para estarem numa
situação confortável,digna e legalizada.
Este artigo está dividido em três partes. Na primeira parte aborda alguns
conceitos históricos sobre os acontecimentos que desencadearam o surgimento das
áreas de ocupação irregular existentes em muitos lugares do planeta, como a
industrialização e urbanização; em seguida faz uma breve consideração sobre a
questão fundiária e o surgimento das regiões metropolitanas e tece algumas
considerações sobre a cidade de Piraquara e o bairro do Guarituba, foco da
pesquisa. Na segunda parte serão relatadas as atividades que foram desenvolvidas
3
na fase de implementação do projeto construído no durante o primeiro ano do
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná. Na terceira e última parte, são colocadas as considerações
finais.
1- DESENVOLVIMENTO
1.1. Industrialização e Urbanização
A Revolução Industrial iniciada no final do século XVIII na Inglaterra
apresentou alguns fatores determinantes como a acumulação de capitais por parte
da burguesia mercantil, o desenvolvimento técnico-científico aplicado na produção
de mercadorias e a disponibilidade de mão-de-obra de camponeses expulsos de
suas terras (BONINI, 2006).
A industrialização espalhou-se para o restante do mundo levando não só os
avanços quanto à mecanização da produção, mas também o crescimento das
cidades acompanhado de um acelerado processo de urbanização. Segundo
Rémond (1994) apud Cotrim (1997, p. 238), “a partir de 1800 o processo de
urbanização sofreu grande aceleração. As cidades de outrora se tornaram grandes
cidades. As grandes cidades tomaram proporções gigantescas.”
Neste contexto surge a classe trabalhadora que precisava vender sua mão-
de-obra para obter no final do mês um salário, sob a influência cada vez maior do
capital e consequentemente do capitalista. Assim sendo, sua remuneração
normalmente era muito abaixo da sua necessidade. Para Sagati (2006, p. 54), “o
dono da fábrica tornou-se proprietário da matéria-prima e das ferramentas enquanto
o trabalhador passou a vender sua força de trabalho e não mais o produto acabado
como no trabalho artesanal.”
A classe trabalhadora explorada pelos patrões, recebia salários irrisórios e
não tinha como se manter com dignidade nos centros urbanos, desta forma, foi
sendo empurrada em direção à periferia das cidades. Os bairros formados por
operários eram carentes de estruturas mínimas para se viver dignamente, como
água encanada, luz elétrica, meios de transporte. As moradias eram insalubres e as
ruas sujas e malcheirosas o que ocasionava às pessoas, muitas doenças e
epidemias. Pode-se dizer que a população vivia em condições de extrema pobreza e
segregação social.
Segundo Bofinazi e Dellamonica (2002, p. 195):
4
“a produção fabril em larga escala transformou as cidades industriais em
aglomerados superpovoados, imundos, cheios de fumaça e fuligem. A
industrialização criou o mais degradado ambiente urbano que o mundo
conhecera. Construía-se às pressas e de modo desordenado. Nos bairros
operários, os serviços higiênicos mais elementares eram quase
inexistentes(...)”
Na história do Brasil, há uma primeira tentativa de atividade industrial por
volta de 1808, quando D. João permitiu instalações de fábricas no país. Entretanto,
a abertura dos portos às nações amigas e a assinatura do Tratado de 1810 com a
Inglaterra, onde esta teria o mercado colonial brasileiro como consumidor dos seus
produtos industrializados tornaram impraticável o desenvolvimento da
industrialização. Além disso, faltava mão-de-obra especializada, tecnologia industrial
e capital para investir em máquinas, conforme Cotrim (1999).
Com relação ao parágrafo anterior, Furtado (2007, p.143 e 159) afirma que:
“(...) o tratado de 1810 transformou a Inglaterra em potência privilegiada, com diretos de extraterritorialidade e tarifas preferenciais extremamente baixas [...] Além disso, coloca que fomentar a industrialização nessa época seria tentar o impossível num país totalmente carente de base técnica...”
Após a primeira tentativa, tem-se o desenvolvimento industrial brasileiro na
segunda metade do século XIX até meados do século XX. Pode-se dizer que os
lucros gerados pela cafeicultura foram primordiais na criação das indústrias no país
uma vez que com o dinheiro proveniente das atividades cafeeiras foi possível
comprar as máquinas, equipamentos, ferramentas e matérias-primas para a
indústria. “É por isso que se pode dizer que a industrialização que se deu no Brasil
entre 1885 e 1930 não passou de uma consequência da reorganização capitalista
cafeeira. (SINGER apud HOLLANDA, 2004,t.3,v.4,p.216).”
Além dos motivos acima, pode-se dizer que a substituição do trabalho
escravo pelo trabalho assalariado livre dos imigrantes europeus foi outro fator
importante na industrialização e na urbanização. Os imigrantes inicialmente
contratados para trabalharem nas lavouras cafeeiras foram a principal mão-de-obra
da indústria nascente e também constituíram o mercado consumidor dos produtos
por eles produzidos (SAGATI, 2006).
Até 1930, as indústrias brasileiras se voltaram principalmente à produção de
bens de consumo não-duráveis, como tecidos e produtos alimentícios. Como não
5
havia produção interna de máquinas e equipamentos industriais, o Brasil dependia
da tecnologia estrangeira (SAGATI, 2006).
A partir de 1950 as indústrias passam a produzir bens duráveis e até mesmo
bens de produção. Isso acarretou transformação radical no modo de vida, nos
valores, na cultura das pessoas uma vez que a produção de eletrodomésticos, de
eletroeletrônicos e do automóvel ficou acessível a uma parcela maior da sociedade.
Segundo Maricato (2000, p.4) “da ocupação do solo urbano até o interior da moradia
a transformação foi profunda” na vida da população. Isto foi um dos fatores que
aceleraram a urbanização do país e expandiu as áreas de moradia sem
infraestrutura suficiente.
Na década de 1970, sob o governo da Ditadura Militar, houve a
industrialização com o predomínio das grandes empresas monopolistas, sendo a
maioria de capital internacional. Também, ocorreu a proletarização de parcelas cada
vez maiores da população e disseminação da sociedade de consumo (SAGATI,
2006).
Pode-se dizer que a sociedade brasileira do século XXI é industrial e
urbana. Para Oliveira (2001, p.9):
[...] isso significa que grande parte do valor do conjunto da sua produção é gerada na indústria e que a maioria da sua população vive nas cidades e não no campo. Esse quadro é perfeitamente adequado às tendências mundiais, que apontam de forma consistente, para o declínio do valor médio da produção agrícola e para o crescimento das cidades, em especial das grandes cidades. O crescimento do setor terciário também reforça a tendência à urbanização [...]
Quando o desenvolvimento industrial atingiu a área rural causou um processo
migratório campo-cidade aumentando mais ainda os problemas existentes e
elevando o número de habitantes nas cidades que ainda não tinham sido
readequadas pelos órgãos governamentais.
Na opinião de Kerder (2009)
as modernas técnicas agrícolas levadas ao campo pelo desenvolvimento industrial, provocou a liberação de um número considerado de mão-de-obra a qual produziu o deslocamento de grande parte da população rural para os centros urbanos. A conseqüência desse deslocamento foi um contingente de pessoas sem a devida qualificação profissional que acabou desempregada ou submetendo-se a empregos inferiores, agravando ainda mais a sua situação financeira[...]
Existem alguns autores, como Marinucci e Milesi (2002) que emitem relatos
parecidos com os colocados acima quando dizem que muitos dos deslocamentos
6
campo-cidade foram compulsórios, conseqüência de uma política agrária que fechou
a fronteira agrícola, modernizou o trabalho no campo e concentrou a posse da terra
das mãos de uma parcela mínima da sociedade.
O Brasil transformou-se em algumas décadas de um país predominantemente
rural num país majoritariamente urbano onde o território agrícola, atualmente,
encontra-se nas mãos dos grandes latifundiários enquanto os médios e pequenos
produtores rurais lutam para sobreviver com o que o campo produz (MARINNUCI E
MILESI, 2002).
Para Marinucci e Milesi,(2002) as avaliações recentes da mobilidade humana
no Brasil apontam para o crescimento das migrações de curta distância (intra-
regionais) e dos fluxos urbano-urbano e intra-metropolitanos. A mesma opinião é
expressa por Kerder (2009, p.26) a qual coloca que “atualmente, identifica-se, não
apenas fluxos migratórios do campo para as cidades, mas a associação de uma
cidade à outra, de acordo com as necessidades da população e suas garantias de
sobrevivência”.
O desenvolvimento industrial brasileiro e o deslocamento populacional em
direção às cidades provocaram um acelerado processo de urbanização que recriou
no molde europeu, a exclusão social e a segregação territorial para grande parcela
da população. Esta visão aparece em Saule Junior e Osório (s.d., p.2) quando
afirma que “a urbanização brasileira é resultado do modelo de industrialização, cujo
resultado é uma dinâmica de modernização que recria exclusão social e segregação
territorial.”.
Para Oliveira (2001, p.9) “historicamente, a urbanização antecede a
industrialização, embora possa reconhecer que a passagem da economia rural para
outra de base industrial intensifique a urbanização”.
Segundo Sposito (2005) apud Kerder (2009, p. 25-26) a expressão
“urbanização via industrialização”.
Não deve ser associada apenas ao elevado número de pessoas que passaram a viver nas cidades. É preciso observar também, que o desenvolvimento industrial provocou expressivas transformações na estrutura interna das cidades, pois o novo ritmo de produção, não mais artesanal, passou a exigir e a provocar mudanças estruturais, sendo o crescimento populacional apenas decorrência, uma vez que havia necessidade de desenvolvimento pleno da capacidade produtiva e de expansão do próprio mercado. [...]
O que significa o termo urbanização?
7
Urbanização é um conceito utilizado para analisar ou entender regiões onde o
aumento da população que vive nas cidades é muito grande em relação à população
total (BONINI, 2006). Isto quer dizer que a urbanização está diretamente relacionada
ao movimento migratório campo-cidade presente nas sociedades em diferentes
épocas e com diferentes intensidades.
“A urbanização, tal como hoje é entendida, na opinião de Monte-Mór (2006,
p.13)” iniciou-se com a cidade industrial. Até o surgimento da indústria fabril e sua
concentração nas cidades e metrópoles européias, o processo de urbanização
restringia-se a algumas poucas cidades onde o poder e/ou o mercado se
concentravam.” A cidade significou condição fundamental para o desenvolvimento
da indústria, concentrando a população consumidora, os trabalhadores e as
condições de produção para a instalação das empresas fabris.
As cidades brasileiras passaram a crescer num ritmo frenético e de acordo
com Moura et all (2003, p.34) “em 1950, o grau de urbanização no Brasil era de
36,2%, atingindo, em 2000, 81,2%”. As necessidades da população não conseguiam
acompanhar esse crescimento, pois as cidades não estavam preparadas para terem
habitação, trabalho, saúde, rede de saneamento para todos.
Em termos sociais, a população não conseguia se fixar nos centros urbanos,
supervalorizados e por falta de condições acabava se deslocando para as áreas
periféricas. Para Moura (2009) o padrão de crescimento dos pólos cedeu lugar ao
crescimento elevado dos municípios periféricos, onde o valor da terra era mais
baixo. Estes municípios passaram a absorver um elevado número de pessoas
pobres constituindo, desta forma, espaços nitidamente desiguais.
Para Siqueira (2007) a população mais pobre, não podendo suportar o alto
custo social imprimido pela urbanização se viu “obrigada a buscar alojamento em
áreas distantes e precariamente provido de serviços públicos, vivendo, muitas vezes
em situação de ilegalidade urbana.”.
O que se observa é que os processos de industrialização, urbanização,
migração/imigração só fizeram aumentar, em termos sociais as desigualdades e a
exclusão dentro de uma sociedade que estava despreparada para receber a
modernidade. Para Santos (1994) apud Lazo Lazo (2005, p.22) “a desigualdade é
um fenômeno sócio-econômico, enquanto a exclusão é um fenômeno cultural e
social.”
8
Desta forma pode-se dizer, “que a exclusão social é uma espécie de injustiça
que não significa uma total privação de direitos” (Lazo Lazo, 2005, p.23), pois as
pessoas continuam tendo o direito de ir e vir, de fazer-se presente em dias de
votação, de expressar-se livremente, entre outros.
1.2 - Questão fundiária
As leis criadas pelo Estado tiveram forte impacto na produção da ilegalidade
quanto ao uso e ocupação do solo urbano. Desde a primeira Lei de 1850 que
instituía a compra e venda de terras substituindo o regime de posses até as que
vieram depois como Código de Postura, código de obras, leis de zoneamento, de
parcelamento do solo, de edificações estabeleciam padrões de uma cidade ideal e
geravam um diferencial no preço das terras (SAULE JUNIOR E OSÓRIO, s.d.).
Na opinião de Saule Junior e Osório (s.d.), esse diferencial no preço da terra
segregou territorialmente grande parte da população que não tinha condições de
pagar pelo preço da terra urbanizada e bem localizada. O efeito produzido sobre a
forma das cidades brasileiras foi uma paisagem dividida: a cidade formal, legal e
urbanizada, e a cidade informal, ilegal e desprovida de infra-estrutura.
As cidades consideradas “formais” na maioria das vezes são habitadas por
pessoas com uma renda média e alta, que têm acesso aos serviços básicos, à infra-
estrutura urbana e normalmente são proprietárias das áreas urbanas onde vivem.
No entanto, não se tem modelo de desenvolvimento sustentável uma vez que o
território onde estão inseridas sofre com problemas ambientais urbanos, como
trânsito, falta de transporte coletivo, má qualidade da água, poluição sonora e do ar,
impermeabilização do solo, enchentes, alagamentos entre outros.
Por sua vez, as “cidades informais” são consideradas em desarmonia com a
legislação urbanística. São os locais onde vive a população de baixa renda que não
detém, na maior parte das vezes, a posse da terra. Segundo Grostein (2001, p.14),
“A cidade irregular define a forma abusiva do crescimento urbano sem controle, próprio da cidade industrial metropolitana, compreendendo os bairros relegados pela ação pública, à cidade dos pobres e excluídos, a cidade sem infra-estrutura e serviços, a cidade ilegal.” (grifos da autora).
O que fazer para combater essa irregularidade, essa informalidade, essa
exclusão?
9
Siqueira (2007) afirma que a resolução desses problemas passa pela criação
de projetos, pela renovação jurídica, criando-se um sistema menos elitista,
observando-se o direito de propriedade (e moradia), bem como respeitando a função
social da propriedade urbana.
O que vem a ser propriedade?
De acordo com Bernardi (2006, p.61) a propriedade pode ser definida como “a
relação que possa existir entre uma pessoa e um objeto, ou em relação a um
direito.”
A necessidade da propriedade cumprir a função social sempre foi princípio
constitucional brasileiro desde a Constituição Federal de 1934. Entretanto sua
prática sempre foi negligenciada pelos proprietários privados com apoio da omissão
do poder público em fazer valer esta norma. A concentração de terras no Brasil é
uma das maiores do mundo. No campo e nas cidades a luta pela democratização do
acesso a terra para moradia ou cultivo fez a morte de muitos trabalhadores e não se
logrou o alcance da reforma urbana e agrária que dê condições dignas de vida à
população, afirma Saule Junior e Osório (s.d.).
A Constituição Federal de 1988 no capítulo dedicado a Política Urbana,
artigos 182 e 183, trouxe o reconhecimento que tanto à propriedade quanto à
própria cidade devam exercer função social. Também estabelece que o município
seja o responsável pela elaboração e aplicação das políticas de desenvolvimento
urbano local, através do Plano Diretor.
Bernardi (2006) afirma que o Plano Diretor é o instrumento norteador da
concretização das funções sociais da propriedade urbana. Porém, não é o único.
Nos municípios onde ele não é exigido, fica valendo os princípios constitucionais, o
Estatuto da Cidade e a Legislação Urbanística Municipal.
Na visão de Monteiro (1990) apud Bernardi (2006) o Plano Diretor constitui-
se, mais do que ordenador do espaço urbano é também um indicador de objetivos
aonde a cidade que chegar. Deve ser dinâmico e voltado a atender as necessidades
do município.
Para Gonçalves (2009, p.238) “ao regulamentar as disposições dos artigos
182 e 183 do capítulo constitucional dedicado a Política Urbana, a Lei do Estatuto da
10
Cidade (Lei 10.257/01) contribuiu para consolidar a regularização fundiária como
uma das principais diretrizes da política urbana no Brasil.” Além disso, traz outras
duas inovações, na opinião de Rolnik (2001), quando incorpora a idéia da
participação direta do cidadão em processos decisórios sobre o destino da cidade e
quando introduz um conjunto de novos instrumentos de natureza urbanística
voltados para induzir e/ou normatizar as formas de ocupação do solo.
Para muitos autores o Estatuto da Cidade é uma lei que disciplina a política
urbana como instrumento que deve garantir o acesso a terra, à moradia, à
segurança, habitação, transporte, infraestrutura, serviços sociais, trabalho e lazer. É
a garantia de tudo ou quase tudo que tem faltado aos cidadãos nos lugares onde
vivem (BERNARDI, 2006).
A definição de regularização fundiária traz diversas interpretações. Para
alguns autores o conceito está limitado ao reconhecimento do direito de posse, para
outros, ele engloba um largo conjunto de atividades, incluindo o acesso ao crédito e
aos serviços. Entre as diversas definições pode-se citar a de Gardini (s/d) que a
define como o processo de intervenção pública sob os aspectos jurídicos, físico e
social. Este processo objetiva legalizar a permanência de populações moradoras de
área urbanas ocupadas em desconformidade com a lei para fins de habitação,
implicando acessoriamente melhorias no ambiente urbano do assentamento, no
resgate da cidadania e da qualidade de vida da população beneficiária.
Todavia, percebe-se que os autores citados anteriormente entram num
consenso quanto à definição de que a regularização fundiária seja um processo de
intervenção pública, regularização jurídica, urbanística, espacial e social. Pública
porque precisa de implementação de políticas públicas, principalmente dos
municípios, voltadas a efetivação da regularização. Jurídica, pois os lotes precisam
estar no nome do morador para que este possa exercer o direito de morar.
Urbanística, porque traduz a transformação do espaço como um todo. Espacial, por
promover a integração da área que sofreu intervenção com a cidade. E por último,
social por ter que garantir condições de vida digna, integração social e a inclusão
social.
1.3. - Regiões Metropolitanas
11
Ao longo da história o aparecimento da cidade está atrelado ao surgimento,
crescimento e evolução do ser humano e das suas necessidades. Quando surgiu a
vida humana, o homem vivia da coleta do seu próprio alimento. Com o passar do
tempo, coletar não era mais suficiente, então, teve que aprender a cultivar e a
domesticar os animais. Cultivando, aumentou os produtos a serem consumidos, mas
o excesso de produção fez com que criasse mecanismos de troca e venda. Para
vender precisava ter um número considerável de compradores e estes eram
encontrados nas cidades. As cidades a partir desse instante passam a ser centros
de referência às pessoas.
Após a revolução industrial, as cidades passaram a ter não só o
desenvolvimento com as novas tecnologias empregadas na indústria emergente
como também um aumento no número de habitantes. O processo industrial como já
foi dito anteriormente, provocou um crescimento desordenado das cidades, pois não
estavam preparadas para a modernização, muito menos para receber em um curto
período de tempo um contingente expressivo de pessoas.
Muitas são as visões do que seja um conceito de cidade, porém todas
convergem para um ponto fundamental: a cidade é a ocupação de um território com
prédios e atividades humanas que se contrapõem ao ambiente rurícola.
(BERNARDI, 2006).
Algumas cidades no Brasil, como São Paulo e Rio de Janeiro, tornaram-se
referência para os fluxos migratórios e em pouco tempo passaram a ser vistas como
metrópoles. Para Bernardi (2006, p.30) pode-se dizer que “metrópole é a principal
cidade de uma região ou de um país ou então uma cidade que possui uma forte
atração sobre outras cidades sob o ponto de vista econômico, da prestação de
serviços, do fornecimento de bens.”·.
Para Moura (2009, p.32)
“ A metrópole centraliza o dinamismo socioeconômico e a força expansiva da riqueza material, mas também a diferenciação e segmentação social, a periferização, marginalização e outras formas de segregação socioespacial [...]."
O crescimento explosivo e desordenado das metrópoles foi um dos fatores
para o surgimento de regiões periféricas, denominadas de regiões metropolitanas.
As regiões metropolitanas passam a existir no contexto brasileiro a partir de 1973,
sendo fruto da Lei Complementar nº 14 que além de instituir as primeiras regiões
12
metropolitanas brasileiras (São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador
Curitiba, Belém e Fortaleza), estabeleceu igualmente seu modelo de organização
administrativa. O objetivo em torno de sua instituição estava atrelado à execução de
serviços públicos de interesse comum aos integrantes, sendo que o perfil de gestão
adotado era bastante centralizador (SOUZA, 2008, p. 91).
Isto também dificultou o planejamento e a integração dessas áreas com o
todo nacional, além disso, a questão política esteve presente, como critério, na
criação de algumas regiões. Mas apesar disso, as regiões metropolitanas se
efetivaram no contexto nacional brasileiro e hoje se somam outras as criadas
originalmente em 1973.
A partir da criação das regiões metropolitanas houve um impulsionamento do
crescimento populacional brasileiro e das cidades médias metropolitanas,
confirmando-se o processo de periferização das metrópoles nacionais
( KATZINSKY, 2004, p. 25).
Segundo Deschamps (2004, p. 30) “os anos de 1990 marcam, no Brasil, a
consolidação das regiões metropolitanas institucionalizadas pela lei federal de 1973
e o surgimento de outros espaços metropolitanos institucionalizados por legislações
estaduais.” Isso foi possível porque a Constituição Federal de 1988 transferiu aos
órgãos estaduais a responsabilidade de criar novas regiões metropolitanas, assim
como aglomerações urbanas e microrregiões.
A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) foi definida institucionalmente em
1973, com 14 municípios. Ao longo do tempo alguns municípios se desmembraram
e outros foram incluídos na década de 1990. Atualmente conta com 26 municípios. É
caracterizada por um espaço heterogêneo, em relação à distribuição da população,
do desenvolvimento dos serviços, da presença de equipamentos sociais, das
condições ambientais e extensão dos municípios, entre outros aspectos (IPARDES,
2010, p. 7).
O crescimento populacional presente nas regiões metropolitanas brasileiras
se faz presente na região metropolitana de Curitiba, especialmente nas cidades
próximas à capital, como Colombo, Piraquara, São José dos Pinhais, Pinhais,
Almirante Tamandaré, Fazenda Rio Grande, entre outras. Tal crescimento pode ser
observado na tabela abaixo.
13
A tabela 1 retrata o crescimento populacional dos municípios que compõem a
Região Metropolitana de Curitiba de 2000 e 2010.
As ações de planejamento urbano na Região Metropolitana são dependentes
da lógica estabelecida na cidade de Curitiba. A capital paranaense já no começo do
século XX procurou se moldar a uma concepção de cidade moderna e planejada
(IPARDES, 2010). Segundo Katzinski (2004, p. 27) a criação da Região
Metropolitana de Curitiba não foi diferente da criação das demais regiões brasileiras
uma vez que “o planejamento inicial não contemplava nenhuma integração de
Curitiba com os municípios vizinhos”. Isso quer dizer, que nenhuma das ações
estava voltada para as regiões periféricas a não ser para a própria cidade de
Curitiba.
A partir de meados do século XIX e começo do século XX, a cidade de
Curitiba passou por transformações econômicas. A chegada dos imigrantes
impulsionou o crescimento populacional ao mesmo tempo em que apareciam as
primeiras indústrias.
14
O primeiro plano urbanístico de Curitiba seguiu os moldes europeus, dando
prioridade ao descongestionamento das vias, ao saneamento e não se preocupou
com as habitações muito menos com as destinadas à população de baixa renda. Os
planos subseqüentes tiveram como conseqüência a especulação imobiliária o que
provocou a valorização imobiliária no centro e a ocupação dos municípios vizinhos
por moradores com menor renda. (IPARDES, 2010)
A mesma situação é retratada por Firkowski (2001) apud Katzinsky (2004)
quando afirma que muitos itens indesejáveis à cidade pólo foram transferidos para
os municípios vizinhos, como por exemplo, os aterros sanitários, as indústrias
poluentes, a população pobre marginalizada, que na maioria das vezes não pode
contar com a boa infraestrutura fora do pólo.
Nas décadas de 1960 e 1970 as ocupações irregulares continuaram a crescer
tendo em vista que a oferta de imóveis não estava direcionada às famílias de baixa
renda. Isso significa que o desenvolvimento da Região Metropolitana de Curitiba não
escapou a um crescimento populacional acompanhado da periferização da
habitação populacional. Assim as grandes ocupações irregulares acabaram se
consolidando (IPARDES, 2010).
Segundo Andrade e Serra (1998) apud Katzinsky (2004) a
elevação dos preços fundiários resultante do aumento da densidade
populacional das sedes metropolitanas, como é sabido pode provocar tanto
a expulsão das moradias para além da franja urbana, como intensificar
soluções precárias de habitação mais próxima às áreas centrais[..].
Para alguns pesquisadores foi na década de 1990 que surgiram os principais
assentamentos precários na Região Metropolitana de Curitiba, como por exemplo, a
Vila Zumbi dos Palmares, no município de Colombo e o Jardim Guarituba, em
Piraquara. (IPARDES, 2010)
1.4. – O município de Piraquara e o bairro Guarituba
O município de Piraquara, localizado na Região Metropolitana de Curitiba, foi
desmembrado do município de São José dos Pinhais no ano de 1890 e teve a
instalação oficializada em 29 de janeiro do mesmo ano.
Para MENDES (2008), Piraquara possui quase a totalidade de seu território
comprometido com bacias hidrográficas que formam mananciais de abastecimento
15
da Região Metropolitana de Curitiba. Diante desse fato, as principais atividades
econômicas desenvolvidas são a pecuária, a agricultura, a avicultura e a
ovinocultura, conforme dos dados do IPARDES (2010).
De acordo com Terbeck (2008) a ocupação urbana do município de Piraquara
caracterizou-se desde a década de 1950 pela expansão urbana a oeste, em direção
à cidade pólo Curitiba, intensificada nas décadas de 1970 e 1980.
Na década de 1950, segundo a Prefeitura de Piraquara (s.d.), Curitiba
possuía uma população de cerca de 180.000 habitantes, enquanto Piraquara não
chegava a 7.000 moradores. No entanto, nessa mesma década foram aprovados
21.000 lotes no município, fato que se repetiu na década de 60.
No ano de 1992 ocorreu a emancipação do distrito de Pinhais o que levou a
uma redução da população do distrito sede, conforme afirma Terbeck (2008), isso
causou mudança na configuração urbana de Piraquara, com um decréscimo de
31.346 habitantes.
Entretanto entre 1991 a 2000, a população do município aumentou em 9,79%,
enquanto a média da Região Metropolitana de Curitiba foi de 5,23%. De acordo com
estudo do IPARDES e Observatório das Metrópoles, Piraquara teve um elevado
fluxo de imigração no qüinqüênio 1995-2000 uma vez que chegaram ao município
neste período 24.413 imigrantes, o que corresponde a 38,1% da população com
cinco anos e mais de idade que residia no município no ano de 2.000. É a mais
alta taxa de proporção imigratória registrada na Região Metropolitana de Curitiba no
período (IPARDES, 2006, p. 80).
Atualmente possui uma das maiores taxas de crescimento populacional do
Estado do Paraná, fenômeno que resultou – a exemplo de outros municípios da
Região Metropolitana de Curitiba - em uma proliferação de grandes assentamentos
humanos, em sua maioria irregular, e a conseqüente acentuação de problemas
sociais e ambientais (PREFEITURA DE PIRAQUARA, NÚCLEO DE
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA, s, d).
Entre 2000 e 2010 a população de Piraquara saltou de 72.886 para 93.279
habitantes conforme tabela da página 14, do presente artigo. Juntamente com o
salto populacional, os problemas sociais e econômicos do município também
aumentaram circunstancialmente.
16
1.4.1.- O Caso Guarituba – formação, expansão e problemática
As primeiras migrações para o Guarituba ocorreram nas décadas de 1940/50
mas foi a partir de 1990 que a região se consolidou como uma das maiores áreas de
ocupação irregular da Região Metropolitana de Curitiba. O Jardim Guarituba possui
uma área aproximada de 31,59 Km² , fácil acesso pela PR-415 e está próximo ao
Contorno Leste (outra rodovia). Configura-se como área de proteção ambiental
(IPARDES, 2010).
Nas décadas de 1940 e 1950, segundo Monteiro (2006) apud Ipardes (2010),
foi planejado para que o município de Piraquara sediasse uma bacia leiteira para
abastecimento da capital. O governo do Estado parcelou as terras do município,
principalmente da região do Guarituba, formando chácaras, e as cedeu a imigrantes
europeus para que pudessem desenvolver a criação do gado leiteiro. A produção
não apresentou bons resultados devido às condições do solo. Ainda na década de
1950, a especulação imobiliária gerou um grande parcelamento inadequado e não
planejado dos lotes preexistentes. Nesse período, um número expressivo de
moradores de segmentos carentes se instalou na região.
De acordo com a COMEC (2005) apud Baranoski (2008, p. 79)
“...apesar de grande parte da área do Guarituba ter sido parcelada nas décadas de 50 e 60, muitos desses loteamentos não foram ocupados até a década de 80, em virtude da falta de infraestrutura na área e da legislação restritiva. A partir da década de 80, o crescimento populacional da região, a proximidade com Curitiba, o empobrecimento da população e a falta de fiscalização contribuíram para que esses loteamentos fossem ocupados...”
Na segunda fase de povoamento do bairro, anos 1990, grande parte da
população era constituída de pessoas vindas de outros municípios, adaptadas ao
modo de vida urbana e em busca de emprego. Alguns aspectos são salientados por
Monteiro (2006) apud Ipardes (2010) como facilitadores da intensa migração na
região: o histórico de povoamento, antigo e consolidado; a proximidade e fácil
acesso a Curitiba; terrenos planos; a presença de uma infraestrutura mínima; e os
baixos custos dos terrenos.
Na segunda etapa, ocorreram, além das ocupações dos loteamentos
aprovados em décadas anteriores, as ocupações irregulares sobre loteamentos não-
implantados, áreas não-parceladas e de fragilidade ambiental. Esse crescimento
17
desordenado e sem padrões urbanísticos trouxe também um panorama de
condições insatisfatórias de habitação, graves deficiências de infraestrutura de
iluminação e sanitária (MONTEIRO, 2006 APUD IPARDES, 2010).
Atualmente o bairro abriga quase 10 mil famílias, cerca de 50 mil pessoas,
onde boa parte vive em condições precárias de habitação, sem água encanada, sem
luz elétrica, sem saneamento e com grande ameaça à integridade do meio ambiente
pois estão em área de mananciais. Estima-se que a irregularidade fundiária neste
bairro se aproxima de 8 mil famílias ( PIRAQUARA, NÚCLEO DE REGULARIZAÇÃO
FUNDIÁRIA, s.d.).
Para o Núcleo de Regularização Fundiária de Piraquara, alguns dos fatores
levaram a irregularidade fundiária no município:
- os loteamentos dispersos e sem infra-estrutura da periferia das sedes municipais nas bordas de Curitiba- a falta de apoio governamental às políticas de ordenamento territorial;- ausência de políticas públicas voltadas ao atendimento de demandas básicas como habitação, emprego, infraestrutura, muito menos uma articulação entre si;- posição “independente” da Capital e ausência de articulação entre os municípios da RMC para resolução do problema; (PIRAQUARA, NÚCLEO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA, s.d.)
A situação descrita acima não é isolada uma vez que no Brasil existem
centenas de outras áreas com as mesmas características de crescimento
populacional, de exclusão territorial e social dentro do sistema formal da sociedade.
Esta exclusão territorial pode ser entendida, na opinião de Lazo Lazo (2005, p. 27)
“como a negação ou desrespeito dos direitos que garantem ao cidadão um padrão
mínimo de vida. Ela produz uma vida diária insegura, pois bloqueia o acesso a
empregos, às oportunidades educacionais e culturais.”
2. - RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA
A implementação do Projeto vinculado a uma pesquisa aconteceu no Colégio
Estadual Guarituba – Ensino Fundamental e Médio, da cidade de Piraquara,
pertencente ao Núcleo Regional de Educação – Área Metropolitana Norte, no
segundo semestre do ano letivo de 2011 (de agosto a dezembro), com alunos da 6ª
série ou 7º ano do Ensino Fundamental.
18
O colégio está localizado na Rua Pastor Adolfo Weidmann, nº 78, no bairro
Guarituba e atende, atualmente, 491 alunos das séries finais do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio, distribuídos em 16 turmas, nos turnos manhã,
intermediário manhã, tarde e noite.
O Colégio Estadual Guarituba funciona num prédio que sofreu adaptações
para que pudesse atender os alunos do bairro. Possui somente 4 salas de aulas e
para atender a demanda sempre crescente teve que implantar mais um turno no
ano de 2007. A biblioteca foi transformada no Laboratório de Informática do
Programa Paraná Digital e um espaço adaptado virou biblioteca. A escola não
possui quadra de esportes nem refeitório. Esta situação permanece atualmente,
sem que o governo alterasse as condições de funcionamento da escola.
Todas as ações da implementação foram discutidas e analisadas durante o
primeiro ano do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) para serem
aplicadas na escola. Devido às particularidades acima mencionadas foram
escolhidos 12 (doze) alunos, provenientes das três sextas séries da escola, que
quisessem participar da implementação.
Os encontros com os alunos aconteceram no Laboratório de Informática, no
campo de futebol que tem ao lado da escola e na fase da pesquisa de campo, nas
ruas que estão dentro da área que está inserida no processo de regularização
fundiária.
No mapa abaixo podemos observar o bairro Guarituba. A escola citada está
localizada na parte circular, na parte inferior do mapa e a área destacada de verde é
a que está passando pelo processo de regularização fundiária.
Fonte: Prefeitura Municipal de Piraquara
19
A implementação começou com a apresentação do projeto, inicialmente para
os professores, funcionários e direção na Semana Pedagógica do 2º Semestre de
2011 e posteriormente para os alunos. O que foi observado é que mesmo morando
no bairro, foco da pesquisa, os alunos muito pouco sabiam do lugar e desconheciam
o processo de regularização fundiária.
Em seguida foram desenvolvidas a seguintes atividades:
- Dinâmica com os alunos selecionados para participarem do projeto;
- Aplicação do questionário para 77 alunos (alunos das três 6ª séries/7º anos),
- Tabulação e análise dos dados juntamente com os alunos. Mostrou para eles a
origem dos moradores, como está a formação do bairro e o tipo de clientela que a
escola atende;
- Resgate da história local – relato de um morador que vive a 66 anos no bairro. Os
alunos conseguiram visualizar através da fala desse morador como era o bairro e
como está;
- Utilização do material didático pedagógico produzido no Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE). O objetivo fundamentar e levar aos alunos o
conhecimento teórico sobre o assunto em questão;
- Pesquisa na internet de imagens que exemplificassem o assunto retratado no
material didático pedagógico;
- Trabalho com o mapa do município de Piraquara e do bairro Guarituba, localizando
a residência dos alunos, da professora e a escola;
- Pesquisa de campo na área inserida no processo de regularização fundiária.
- Avaliação da implementação
Concomitante a implementação da proposta na escola estávamos como
tutores no Grupo de Trabalho em Rede (GTR), desenvolvido no ambiente virtual
Moodle onde apresentávamos aos professores participantes todos os trabalhos
desenvolvidos no período que estivemos afastados das atividades. A troca de
experiências, de conhecimento acabaram enriquecendo a implementação na
escola.
Na pesquisa de campo os educandos puderam caminhar por algumas ruas
inseridas na área de regularização fundiária, conhecer a falta de saneamento básico,
de energia elétrica e principalmente, conversar com os moradores. Tal contato
possibilitou que entendessem que moram no mesmo bairro mas que a realidade,
deles, alunos, é totalmente diferente daquelas pessoas que estavam entrevistando.
20
Foram 12 (doze) moradores entrevistados, com os seguintes resultados:
- Quanto a renda mensal:
Sem renda mensal
Até 1 salário mínimo
De 1 a 2 salários mínimos
De 2 a 3 salários mínimos
Acima de 3 salários mínimos
Não informou
01 morador
03 moradores
6 moradores 1 morador 01 morador
Fonte: Pesquisa de Campo
- Quanto ao terreno que moram:
Comprado com
escritura
Comprado sem
escritura
Ocupado Usucapião Posse
07 moradores 04 moradores 01 moradorFonte: Pesquisa de Campo
- Quanto ao tempo que moram no bairro Guarituba:
Menos de 1
ano
De 1 a 2 anos De 2 a 5 anos De 5 a 10
anos
Acima de 10
anos02 moradores 05 moradores 05 moradores
Fonte: Pesquisa de Campo
- Quanto ao fornecimento de energia elétrica:
Copel Rabicho Gato08 moradores 04 moradoresFonte: Pesquisa de Campo
- Quanto a rede de esgoto: se possui ou não
Sim Não Não informou05 moradores 05 moradores 02 moradoresFonte: Pesquisa de Campo
- Quanto ao processo de regularização fundiária: se conhecem ou desconhecem:
Sim Não Não informou01 morador 08 moradores 03 moradoresFonte: Pesquisa de Campo
Pelo resultado da pesquisa de campo é possível concluir que a grande
maioria das pessoas que residem no Guarituba são oriundos de outras cidades do
Estado do Paraná e de outros Estados brasileiros. Vivem em condições insalubres,
pois as ruas possuem valetas abertas que exalam um forte odor e não são
asfaltadas. Trabalham, normalmente, em Curitiba e de 2010 para cá estão tendo a
21
possibilidade de terem o fornecimento de energia elétrica e de água, de suas casas,
através da legalidade.
As principais dificuldades encontradas na implementação da proposta foram:
falta de espaço físico. O planejamento do professor de História que tinha para o 3º
Bimestre (início da implementação) os conteúdos Economia Colonial, Escravidão
Africana, Os povos da África, União Ibérica e Brasil Holandês e para o 4º Bimestre ,
Mineração Colonial, Antigo Regime e Absolutismo, Revolução Inglesa, Iluminismo. A
proposta tinha sido construída com base nas Diretrizes Curriculares do Paraná a
qual traz para a mesma série/ano os conteúdos: as relações de propriedade, a
constituição histórica do mundo do campo e do mundo da cidade, as relações entre
campo e a cidade e os conflitos e resistências. Em virtude disso, o nível de
construção do material didático pedagógico produzido acabou sendo além da
compreensão dos alunos.
Desta forma, a proposta acabou funcionando como um conhecimento
extracurricular para os alunos envolvidos.
3. – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vivemos no País, no Estado e nas cidades um momento de grandes
transformações políticas, sociais, econômicas e culturais que ocasionam turbilhões
de comportamentos, atitudes e reações. Ao mesmo tempo a humanidade busca
resgatar o que acredita ter perdido ao longo da sua existência, mas percebe que são
milhares de anos de história, de revoluções que a separa de uma vida melhor.
O trabalho desenvolvido possibilitou resgatar, mesmo que num curto espaço
de tempo, a importância da História na vida das pessoas, pois foi claramente
percebível, aos educandos, que os acontecimentos do passado resultaram no
mundo que temos hoje. E, certamente, o que fazemos no presente influenciará
diretamente o nosso futuro.
Desta forma, foi possível mostrar aos alunos as relações entre o passado e o
presente, as permanências e as mudanças e suas consequências, positivas ou
negativas para o ser humano, seja esse piraquarense, paranaense, brasileiro ou
estrangeiro.
Numa conclusão preliminar pode-se dizer que a população que vive no bairro
Guarituba, no município de Piraquara, tem muito a conquistar e se manter
22
dignamente dentro da sociedade, pois mesmo que estejam dentro de um processo
cujo objetivo seja levar a inclusão social , esta não se dará num curto espaço de
tempo.
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