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15 Setembro 2011, Luanda - Angola O Programa nacional das energias renováveis e os efeitos previstos no desenvolvimento da agricultura – a verticalização do sector como proposta de rentabilização segura do investimento

O Programa nacional das energias renováveis e os efeitos … · Origem: Energia de biomassa é produzida através de plantas (capim, salgueiro) e resíduos orgânicos . ... aviários

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15 Setembro 2011,

Luanda - Angola

O Programa nacional das energias renováveis e os ef eitos

previstos no desenvolvimento da agricultura – a vert icalização

do sector como proposta de rentabilização segura do

investimento

I. Agricultura e energia – potencial de Angola

• Angola possui solos férteis e um clima propício à

diversidade na produção agrícola, com um total de

5 milhões de hectares de terra arável.

• Angola foi já considerada uma potência agrícola

fortemente vocacionada para a exportação. O

período de guerra prolongado resultou na

deterioração da economia rural e diminuiu

drasticamente a produção agrícola, que representa

8% do PIB e 66% da população activa

• A dinamização da actividade agrícola tem sido uma

prioridade desde o fim do conflito armado, sendo

necessário enfrentar fortes desafios:

i. fixação das populações;

ii. a desminagem de terrenos;

iii. melhoria de infra-estruturas, são aspectos

críticos para o aumento da produtividade no

sector, que está fortemente dependente da

agricultura de subsistência

Importações Exportações

Galinha 148 Óleo de Palma 5

Trigo 131 Algodão 0.5

Cevada 124 Café 0.4

Vinho 110 …

Açúcar 92 …

Óleo de Soja 86 …

Salsichas 74 …* A preços internacionais

Fonte: FAO

Os principais produtos do sector primário

produzidos em Angola são mandioca, batata

doce, carne, leite e feijão.

Angola tem potencial para ser um player

mundial relevante na produção de algodão,

café, tabaco, bem como em frutos tropicais.,

tendo igualmente potencial para produção de

arroz, trigo, palma, girassol, açúcar, soja, etc.

Importações e Exportações agrícolas, 2007 (em M USD)*

1

• A principal fonte de energia primária em Angola é a biomassa (>60%), utilizada para produzir calor e

iluminação (sobretudo carvão e sobretudo em zonas não electrificadas).

• A produção de electricidade em Angola em como fonte primária os recursos hídricos e petróleo. A

diversificação das fontes de energia irá implicar fortes investimentos em energias renováveis (hídrica,

eólica, PV, biomassa).

Capacidade instalada e potencial hídrico (em MW)

Sistema Norte 909.6

Sistema Central 94.5

Sistema Sul 61.6

Sistemas Isolados 103.1

TOTAL 1168.8

Hídrico 69%

Fuel 31%

Auto geração 225-900

Potencial Hidroeléctrico 16 500

• O aumento da capacidade instalada,

associado ao esforço de electrificação,

através do investimento em transmissão de

energia, a reestruturação institucional em

curso no sector, e a promoção de parceiras

publico privadas irá permitir o acesso à

electricidade e o aumento da procura de

electricidade.

I. Agricultura e energia – potencial de Angola

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Agricultura

Energia

Fonte de energia Input crítico

Com a utilização intensiva dos combustíveis fósseis, a agricultura deixou de ter o papel de principal

fonte de energia, enfraquecendo essa relação, ao passo que se fortaleceu a relação de input critico,

através de químicos, mecanização e logística e armazenamento da produção.

I. Agricultura e energia – potencial de Angola

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II. Energias Renováveis de Pequena Escala : Fontes de Energia principais

Energia da

Biomassa

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� Origem: Energia de biomassa é produzida através de plantas (capim, salgueiro)

e resíduos orgânicos .

� Aplicações : electricidade, calor, combustível

� Origem: Energia obtida pela acção do vento, ou seja, através da utilização da

energia cinética gerada pelas correntes aéreas;

� Aplicações: electricidade (iluminação), irrigação, consumo de água doméstica,

� Origem: energia obtida através da luz solar, sendo convertida em electricidade

através de painéis fotovoltaicos;

� Aplicações: Electricidade, calor, irrigação

Energia Eólica

Energia Solar

(Fotovoltaica)

Energia Hídrica

� Origem: Resulta da transformação da energia potencial da massa de água em

energia eléctrica. (mini-hídricas)

� Aplicações : Electricidade, irrigação

II. Energias Renováveis Pequena Escala : Exemplos e m África

Hidoreléctricas

de pequeno

porte (Quénia)

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Projecto País Energia Comentários

Electrificação Rural

Camarões Energia Solar (Painéis fotovoltaicos)

Descrição: painéis fotovoltaicos usados para a electrificação rural.Impactos: iluminação de residências, pequenos centros hospitalares e escolas.Constrangimentos: tecnologia cara e importada.

Irrigação agrícola

Zimbabwe Energia eólica (Moinhos de vento)

Descrição: bomba de água submersa movida pela força de moinhos de vento, 60.000 litros p/d.Impactos: irrigação agrícola, água para pasto.Constrangimentos: necessidade de reservatórios de água.

Irrigação agrícola

Gâmbia Energia solar (Painéis fotovoltaicos)

Descrição: bombas de água submersas movidas por energia solar (painéis solares), com capacidade para abastecer comunidades c/ 1.000 pessoas. Custo anual de manutenção : USD 1.000.Impactos : consumo de água doméstica, iluminação das residências.

Secagem de folhas de tabaco

Malawi Energia solar (Painéis fotovoltaicos)

Descrição: utilização de painéis solares para a secagem das folhas de tabaco.Impactos: secagem das folhas de tabaco, mantendo as propriedades químicas e o aroma.Constrangimentos: elevados preços dos painéis solares para as comunidades.

Mini-hídricas Quénia Hidroeléctrica Descrição: mini-hídricas com capacidade de abastecimento de vilas com 1.500 pessoasImpactos: electricidade nas comunidades (residências, escolas, centros hospitalares).Constrangimentos: altos custos de importação de equipamentos e de manutenção.

Biogás para criadores de gado

Uganda Biomassa Descrição: transformação de esterco de gado em Biogás através de bio digestores.Impactos: iluminação de residências, fornecimento de gás doméstico.Constrangimentos: altos custos de montagem e manutenção de digestores.

Lanternas Tanzânia Biomassa Descrição: lanternas alimentadas por óleo de jatrofa.Impacto: lanternas mais acessíveis: consumo de 1 litro de óleo de jatrofa p/mês ao invés de se consumir 4 litros de querosene p/mês.

Aquecimento de aviários

Uganda Biomassa Descrição: aviários aquecidos por calor gerados por resíduos de carvão (misturados com serra de madeira e capim).Impactos: desenvolvimento da avicultura (aviários) a baixo custo.Constrangimentos: poluição.

III. Energias Renováveis Pequena Escala : Financiam ento

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• Criação de Fundos Locais para o desenvolvimento des te tipo de iniciativa;

• Investimentos públicos;

• Multilaterais (Ex: JICA na Gâmbia );

• Donativos;

• Fundos de apoio ao desenvolvimento comunitário (Ex : Multinacionais petrolíferas);

• Banco de Desenvolvimento de Angola “BDA”.

III. Energias Renováveis: Grande Escala

Source: IMF, BESA7

Etanol

O conceito de grande escala ao nível de biomassa in corpora, regra geral, a produção de etanol

ou biodiesel

• Álcool derivado de cereais e vegetais, tais como a cana-de-açúcar (Brasil,

Angola a partir de 2013) ; milho (USA, México).

• Output: etanol - utilizado na fabricação de combustíveis

• Subprodutos (principais): produtos de limpeza domésticas, bebidas alcoólicas

fermentadas (cerveja, aguardente, vinho), calor, electricidade, ração animal

Biodiesel

• Combustível renovável, produzido a partir de fontes vegetais (soja, milho,

girassol, outros). Combustível limpo, orgânico e renovável.

• Tecnologia avançada em algumas partes do mundo (Brasil, USA, outros).

• Output: biodiesel

• Subprodutos (principais): Produtos alimentares, glicerina e derivados, calor,

electricidade

Source: IMF, BESA8

Estatísticas (1/2) – Energia no mundo

• O combustível fóssil continua a fonte de energia

dominante no mundo, com quase 81% da procura entre

2007 a 2030 – o petróleo como recurso principal

• A procura das energias renováveis, tais como a energia

eólica, fotovoltaico, geotérmica, ondas e marés tem vindo

a crescer exponencialmente mas ainda só representa

uns meros 2% em 2030 e somente 1% actualmente.

Procura Mundial de Energia Primária (1980-2030)1980 2000 2007 2015 2030

Carvão 25% 23% 27% 28% 29%

Petróleo 43% 36% 34% 31% 30%

Gás 17% 21% 21% 21% 21%

Fóssil 85% 80% 81% 81% 80%

Nuclear 3% 7% 6% 6% 6%

Hidro 2% 2% 2% 2% 2%

Biomassa e lixo* 10% 10% 10% 10% 10%

Outras Renováveis 0% 1% 1% 1% 2%* Inclui tecnologia tradicional e moderna

Fonte: World energy outlook 2009

III. Energias Renováveis: Grande Escala

Source: IMF, BESA9

• Crescimento forte focalizado no sector dos transportes

• Políticas de incentivo variam por país – (i) fonte de energia alternativa (ii) Redução de emissões de gases com

efeitos de estufa, (iii) Apoio ao sector agrícola.

• Os biocombustíveis representavam cerca de 2% da energia consumida no sector dos transportes em 2007,

tendo abrandado deste então, devido à crise internacional e aos preços elevados das commodities

• EUA, Brasil, UE (Alemanha, França, Suécia e Espanha), China, Canada, são os grandes players no Etanol.

• UE (Alemanha, UK, Itália, Polónia), EUA, são os principais players no Biodiesel.

Estatísticas (2/2) – Crescimento dos Biocombustíveis

III. Energias Renováveis: Grande Escala

Source: IMF, BESA10

Principais Características

1. As Economias de Escala são importantes para a

produção de biocombustíveis (mas menos

relevantes na produção de matérias-primas do que

no seu processamento);Macro trendsOs diferentes sistemas de

produção, de matérias-

primas, de produção

agrícola com padrões

históricos e níveis de

pobreza, mostram que os

valores de produção

apresentados pelos

Biocombustíveis têm as

seguintes características

gerais:

2. Em todas os sistemas de produção de

Biocombustíveis actuais, a matéria-prima é o maior

custo de produção;

3. A produção de Biocombustíveis pode ser

complementar a outro tipo de produção agrícola e

criar ligações e triggers multiplicadores;

4. A produção de biocombustíveis requer um número

bastante avultado de força de trabalho.

III. Energias Renováveis: Grande Escala

Source: IMF, BESA11

Modelo Produção Biocombustíveis (1/4)

• A Biomassa tradicional, tal como lenha, carvão vegetal, esterco animal, continua a ser uma fonte de energia essencial para cozinhar na maioria da população mundial rural pobre

Recursos

• Terra;

• Água;

• Força Trabalho;

• Sementes;

• Nutrientes/

Fertilizantes;

• Energia

Matérias

Primas

• Cana-de-açucar;

• Beterraba;

• Óleo de Palma;

• Jatrofa;

• Milho;

• Panicum;

• Trigo;

• Salgueiro;

• Couve-nabiça

1111 2222

• Etanol;

• Biodiesel;

• Lenha;

• Carvão vegetal;

• Bagaço

• Biogás

3333

OUTPUT

4444

• Transporte;

• Electricidade;

• Calor;

• Tecnologias de conversão mais avançadas e eficientes permitem a extracção de biocombustíveis em forma Sólido, Líquido e Gasoso. O que tem tido mais relevo nos últimos anos tem sido os Biocombustíveis para transporte.

III. Energias Renováveis: Grande Escala

Source: IMF, BESA12

CULTURAS AÇUCAR

FERMENTAÇÃO E DISTILAÇÃO

� Cana de Açúcar

� Beterraba

� Sorgo Doce

CULTURAS AMIDO MATERIAS CELULOSE

SACARIFICAÇÃO, FERMENTAÇÃO E DISTILAÇÃO

� Milho

� Trigo

� Cevada

� Centeio

� Batata

� Mandioca

� Panicum

� Miscanthus

� Salgueiro

� Choupo

� Restolho

ETANOL

CULTURAS ÓLEOS

EXTRACÇÃO E ESTERIFICAÇÃO

� Couve-nabiça

� Oléo de Palma

� Soja

� Girassol

� Amendoim

� Jatrofa

BIODIESEL

Conversão das Matérias Primas em Biocombustíveis: E tanol vs Biodiesel

Modelo Produção Biocombustíveis (2/4)

III. Energias Renováveis: Grande Escala

Source: IMF, BESA13

Modelo Produção Biocombustíveis (3/4)

Processo Produção Etanol

Matéria Prima

Cana de AçúcarProcesso de

Produção Etanol

Etanol para Transporte

Central Eléctrica

Ração para animal

Sector Energia / Automóvel

• Sector Energia

• Electricidade para as comunidades;

• Vapor da central utilizado novamente no processo de produção de Etanol;

Sector Agrícola

Refinação Açúcar

Sector Industria Alimentar

III. Energias Renováveis: Grande Escala

Source: IMF, BESA14

Modelo Produção Biocombustíveis (4/4)

Processo Produção Biodiesel

Matéria Prima

SojaProcesso

Refinamento da Cultura de Soja

Produção Biodiesel

Produtos Alimentares

Sector Indústria Alimentar de consumo e

Agrícola

OUTPUT

Biodiesel para Transporte

Glicerina

Sector Indústria Energia / Automóvel

Sector Indústria Cosmética; remédios e

Explosivos

Sector Energia

Geração energia Eléctrica

III. Energias Renováveis: Grande Escala

Source: IMF, BESA15

SEGURADORASSEGURADORAS

BANCOSBANCOS

COMPRADOR(Utility/Cliente)

COMPRADOR(Utility/Cliente)

PROMOTORESPROMOTORES

PROJECTO /

MUTUÁRIA

PROJECTO /

MUTUÁRIAPROPRIEDADE

TERRENOS

PROPRIEDADE

TERRENOS

EMPREITEIRO GERAL"CONTRACTOR"

EMPREITEIRO GERAL"CONTRACTOR"

ESTADOESTADO

Contrato

O&M

Contrato

O&M

Direitos de

Superfície

Direitos de

Superfície

FabricantesFabricantes

Construção CivilConstrução Civil

Equip. & Electr.Equip. & Electr.

Contrato

Empreitadas

Contrato

Empreitadas

Construção

O&M

Construção

O&M 1. Licenças,

2. Autorizações

concessão,

3. Subsídios Fiscais

1. Licenças,

2. Autorizações

concessão,

3. Subsídios Fiscais

Contratos de

Seguros

Contratos de

Seguros

Contrato de

Financiamento

Contrato de

Financiamento

Contrato Aquisição

Energia

Contrato Aquisição

Energia

Acordo Subscrição

Capital

Acordo Subscrição

Capital

COMPRADOR(Produto Final)

COMPRADOR(Produto Final)

Contrato Aquisição

Produto Final

Contrato Aquisição

Produto Final

COMPRADOR(produto derivado)

COMPRADOR(produto derivado)

Contrato Aquisição

Produto Derivado

Contrato Aquisição

Produto Derivado

Dados os impactos multiplicativos deste tipo de pro jectos, o papel do Estado e a estruturação dos projectos tendo por base as boas práticas de project finance poderão ser mais valias no desenvolvimento deste tipo de projectos

III. Energias Renováveis: Grande Escala

IV. Impactos

Source: IMF, BESA16

Impactos Ambientais

• Se a plantação de culturas para biocombustíveis substituir a agricultura intensiva;

• Redução dos gases para efeito estufa;

• Aumento fertilidade do solo;

• Novas tecnologias podem mitigar a maioria dos impactos negativos mas será mais fácil implementar em países com uma regulação ambiental forte

Impactos Económicos

PositivosPositivosPositivosPositivos

NegativosNegativosNegativosNegativos

• Se a plantação de culturas para biocombustíveis substituir ecossistemas naturais;

• Podem ser requeridas grandes quantidades de água o que pode ser difícil de encontrar em terrenos semi-áridas;

• Poluição da água;

• Redução fertilidade do solo

• Redução das importações em várias matérias primas assim como do produto final;

• Desenvolvimento e Diversificação de outros sectores com pouco crescimento;

PositivosPositivosPositivosPositivos

NegativosNegativosNegativosNegativos

• Investimento: processamento de biocombustíveis e sua distribuição requerem um investimento inicial bastante avultado;

Impactos Sociais

• Gerar emprego (a longo prazo -trabalho qualificado);

• Evitar o êxodo rural;

• Diminuição da pobreza.

• Melhorar condições de vida quotidiana

PositivosPositivosPositivosPositivos

NegativosNegativosNegativosNegativos

• Gerar emprego não qualificado a curto prazo;

Source: IMF, BESA17

Limitações

Soluções Expansão

1. Infra-estruturas e logística pouco desenvolvidas;

2. Pouco conhecimento sobre a tecnologia de biocombustíveis;

3. Formação pouco qualificada;

4. Regulamentação existente ainda não testada;

5. Procura incipiente

5. Investimento inicial avultado;

6. Limitação económica: os biocombustíveis serão sempre complementares ao combustível fóssil ;

1. Estado continua a investir no sector da construção para infra-estruturas de transportes e logísticas.

2. Estado deve prosseguir com os seus programas de formação qualificada,. O potencial energético e agrícola do país poderá ser o catalisador do desenvolvimento de um centro d competências a nível nacional

3. Legislação/regulamentação adaptável ao tipo de produção para permitir eficiência ao nível do mercado, através de Benefícios fiscais, subsidiação à exploração;

4. Estado criar condições aos pequenos agricultores para criarem corporativas para concorrer com grandes grupos e terem acesso ao mercado;

5. Criar política de regulamentação ambiental mais forte.

6. 6. Criar drivers indutores de procura (ex: frota do Estado ser movida a biocombustíveis)

7. Estado continuar com a sua política de financiamento subsidiada (ex. BDA);

8. Necessário que os projectos sejam estruturados numa óptica de Project Finance � Mitigar ao máximo os riscos dos promotores e financiadores;

9.. Depende das reacções do Mercado Global

V. Desafios

Manuel [email protected]: + 244 222 642 000

Escom Building Rua Marechal Brós Tito, nº 35 14th floor

Kinaxixe - Luanda

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