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Universidade Estadual de Maringá 02 a 04 de Dezembro de 2015
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O projeto hegemônico da política de formação profissional no Brasil: formação para o trabalho simples
SILVA, Juliano André Deotti da1
Resumo: O artigo tem por objetivo compreender as transformações no mundo do trabalho e seus impactos nas politicas de formação profissional do Estado brasileiro. Por que num contexto de desenvolvimento tecnológico, o qual demanda uma maior qualificação, as políticas de formação profissional priorizam uma formação para o trabalho simples? Como entender a relação entre qualificação e desqualificação? A reflexão fundamenta-se na análise de bibliografias criticas que abordam as politicas de formação profissional. Conclui que temos ainda temos um caminho longo a trilhar para avançarmos nas políticas educacionais para a formação profissional no Brasil, torna-se necessário, uma formação que vá além da perspectiva mercadológica de formação do jovem que ingressa no mercado de trabalho. Palavras-chave: Trabalho; Qualificação Profissional; Políticas Públicas. Introdução
Para apreendermos a lógica das políticas públicas sobre educação profissional
no contexto do Brasil, numa perspectiva crítica , é de extrema relevância levar em
consideração a centralidade do trabalho como categoria de analise e das formas de
organização do trabalho diante desse cenário, pois é através do mesmo que é possível ir
à raiz da problemática da qualificação profissional. Por conseguinte, o conhecimento
das determinações do mundo do trabalho possibilitam desvelar as políticas públicas
feitas pelo Estado, que atendem aos interesses hegemônicos do mercado, pois o que
configura essa lógica é o conceito de um trabalhador qualificado que tenha um
entendimento da empregabilidade. Diante disso é que a discussão permeia. Como é que
acontece a qualificação do trabalhador através das políticas públicas do Estado? E como
1 Acadêmico do programa de Mestrado em Educação da Unioeste - Campus de Francisco Beltrão-PR. Bolsista da CAPES. Membro do Grupo de Pesquisa: Sociedade, Trabalho e Educação – UNIOESTE Graduado em Pedagogia pela UNIOESTE no ano de 2007. E-mail: [email protected]
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elas se tornaram uma desqualificação ao mesmo tempo do trabalho? Como está sendo a
inserção do jovem no mercado de trabalho na atual conjuntura da economia brasileira?
O artigo está organizado em três partes. Na primeira parte abordaremos a
formação profissional na perspectiva do trabalho flexível e polivalente, elucidando, suas
principais características, já a segunda, as políticas de qualificação para a demanda pós-
fordista: formação para o trabalho simples, sua materialização na escola, como a escola
acaba absorvendo essas características e por fim, um breve destaque para o ingresso
jovem no mercado de trabalho, destacando sua nuances.
A formação profissional no contexto do trabalho flexível/polivalente
As transformações que ocorreram no mundo do trabalho, após a Revolução
Industrial na Europa, bem como, os modelos de produção embasados do Taylorismo,
Fordismo e Toyotismo2 também configuraram diferentes alterações nas formas de
trabalho impostas pelo Sistema Capitalista no mundo todo. Desenvolveram diversas
formas de trabalho que o homem ainda não tinha vivenciado em toda a sua história.
Após o advento do Capitalismo, vieram novas ocupações, novas divisões do trabalho e
de seus processos produtivos, consequentemente outras estruturações das formas de
trabalho, como resultado distintas maneiras de o homem se relacionar com a natureza e
por conseguinte de produzir bens e serviços para a sua sobrevivência no mundo,
interferindo diretamente em sua vida social como destaca Frigotto (2006) ao referir-se
que trabalho responde às necessidades do homem nos mais variados setores da vida: na
cultura, na estética, na simbólica, na lúdica e afetiva.
Atrelado aos avanços das forças produtivas e logo a expansão do sistema
capitalista, a tecnologia também ganhou um espaço significativo nessa mudança. Assim
o trabalho engendrou-se segundo os moldes do sistema vigente, criando e recriando
ocupações para os sujeitos desenvolverem suas atividades laborais e de sua
sobrevivência enquanto sujeito que vive, pois precisa do mesmo para manter suas
necessidades básicas de subsistência. Porém, com a apropriação da força de trabalho
2 O toyotismo (ou ohnismo, de Ohno, engenheiro que criou na fábrica da Toyota), como via japonesa de expansão e consolidação do capitalismo monopolista industrial, é uma forma de organização do trabalho que nasce na Toyota, no Japão pós-45, e que, muito rapidamente, se propaga para as grandes companhias daquele país (Antunes, p. 54, 2005).
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pelo capitalismo, Frigotto (2006), aponta que configuração constituiu-se nas
necessidades que as relações capitalistas impuseram, que envolve relações do plano
ideológico nas relações econômicas e políticas.
É nesta direção que se dá a constituição do sistema capitalista, baseado
segundo Antunes (2005), no seguinte tripé: Capital – Trabalho e Estado, sob esses três
pressupostos se dará sua organização, tendo em vista, que um elemento depende do
outro para manter essa estrutura. Vê-se então como se articula a estrutura educacional,
as mudanças no mundo do trabalho, a materialização e expansão do capital, o papel
exercido pelo Estado frente às políticas públicas, como as ideologias se concretizam na
real conjuntura da atual sociedade, os diversos tipos de organização de trabalho, como o
homem se relaciona frente essa novas demandas, qual é o real impacto na sua vida
social.
Através da divisão social do trabalho3, podemos constatar muitas rupturas e
fragmentação do trabalho, trazendo algumas profissões que modificaram o jeito do
homem transformar os recursos naturais em bens de consumo e tornando esse bem em
mercadoria que gera um determinado valor de troca, consequentemente fazendo a
acumulação de riquezas através da apropriação da força de trabalho do trabalhador.
Porém, cabe aqui apenas ressaltar que as transformações do trabalho no sistema
capitalista requisitaram novas configurações para o trabalhador, exigindo-se
qualificação profissional para a manutenção da divisão social do trabalho, pois ela é
vital para a manutenção do sistema capitalista.
E quando realiza-se essa análise é relevante levar em consideração que nos
referimos ao trabalho como um todo, ou seja, num sentido ontológico, não apenas
reduzindo-o no sentido fragmentado, relegado apenas na esfera econômica, como tem
sido preconizado pelo capitalismo, segundo Pochmann (2007), o trabalho assumiu uma
condição de sobrevivência das pessoas, nem sempre ficando associado, ao
desenvolvimento humano. Como o trabalho está inserido dentro do sistema capitalista,
3 O termo divisão do trabalho é encontrado em estudos oriundos de diversas áreas do conhecimento ,como a economia, a sociologia, a antropologia ,a história, a saúde, a educação, dentre outras, e tem sido utilizado com diversas variantes. Em termos genéricos refere-se às diferentes formas que os seres humanos, ao viverem em sociedades históricas, produzem e reproduzem a vida (Dicionário da educação profissional em saúde, p. 198, 2008).
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têm seus desdobramentos e, portanto, possui uma nova configuração sobre pensar o
trabalho, diante disso é que estaremos esclarecendo sua dualidade, sobretudo, no que se
refere à qualificação que é tão exigida e que desqualifica o sujeito ao mesmo tempo.
No entanto o que presenciamos hoje no Brasil, sobre o processo de
qualificação para a classe trabalhadora, está vinculado ao avanço e a posição ocupada
pelo sistema capitalista vigente que segundo Ciavatta (2005), está pautado no dualismo
da divisão de classes sociais, que permeia as desigualdades sociais em ter acesso aos
bens e serviços produzidos pela sociedade, e na própria constituição histórica da
sociedade brasileira, que se enraíza no tecido social através de séculos de escravismo e
da própria discriminação do trabalho manual.
A educação profissional no Brasil, segundo Ciavatta (2005), perpassa várias
fases de luta política entre burguesia e a classe trabalhadora, para a implantação de um
projeto societal, muito embora hoje, tenha prevalecido uma formação profissional
assistencialista, para as classes menos favorecidas, preparando assim para o trabalho
simples4, e uma educação tecnológica para a classe dominante, preparando assim para o
trabalho complexo5 e intelectual, pois o Estado sempre ocupou na histórica da educação
um papel central, como sendo o gestor e quem fomenta as políticas públicas de
educação.
O conceito de Estado é importante para esclarecer como que as políticas
públicas de educação são direcionadas. Kuenzer (2001) a partir dos estudos de Gramsci
assim pontua: Ao criticar o conceito liberal que identifica Estado e governo, ou sociedade política que oculta o poder do Estado como poder de classe, Gramsci amplia o conceito de Estado através da incorporação da hegemonia; isto significa que o Estado, além da sociedade política responsável pelo exercício da coerção, comporta elementos que são vinculados à sociedade civil, compreendida como aparelho privado de hegemonia composto pelo sistema privado de produção (o seu fundamento) e pelos aparelhos ideológicos e culturais de hegemonia
4 O “trabalho simples”, ao contrário do trabalho complexo, caracteriza-se por ser de natureza indiferenciada, ou seja, dispêndio da força de trabalho que “todo homem comum, sem educação especial, possui em seu organismo” (Marx, 1988,p.51) (Dicionário da educação profissional em saúde, p. 198, 2008). 5 O trabalho complexo, ao contrário do trabalho simples, caracteriza-se por ser de natureza especializada, ou seja, que requer maior dispêndio de tempo de formação (Dicionário da educação profissional em saúde, p. 198, 2008).
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que configuram o caráter educador do Estado. Assim, o Estado é concebido como sociedade política mais sociedade civil, o que significa coerção mais consenso. A dominação de classe se exerce por meio dele, cuja função coercitiva não se separa de sua função adaptativa e educativa, que procura adequar ao aparelho produtivo a moralidade das massas populares (KUENZER, p. 49, 2001).
Essa análise nos permite assimilar com mais clareza o Estado e seu verdadeiro
papel, como é que as políticas públicas de educação são pensadas, estruturadas,
organizadas, quais são suas implicações na formação dos filhos da classe trabalhadora,
qual é o projeto societal que hoje é visto na educação brasileira, como está interferindo
de forma consubstancial na formação das massas. O porque temos alguns entraves
quanto a expansão da educação a nível técnico no Brasil. Justamente pelo fato de que
ainda nossos dirigentes pensam em atender sempre seus reais interesses, não caminham
na direção de organizar políticas de educação que de fato atendam os interesses da
classe trabalhadora. Os projetos que são ofertados não têm como caráter emancipador,
mas sim, de dominação de uma classe sobre a outra, pois a realidade que está posta
sempre baseia- se em princípios da estrutura econômica, ou seja, formação para atender
os interesses imediatistas do mercado, tem como função ser compatível com seus
interesses produtivos, como será evidenciado no decorrer da análise.
O que fica evidente, e perpassa a LDB, 9394/96, é que a educação profissional,
tem como principal característica no Brasil, segundo Ramos (2005), não uma
fundamentação científica das atividades profissionais, conhecer a técnica como um
todo, mas sim, competências adequadas para operação de processos automatizados, por
isso, não se faz necessário muito conhecimento técnico, somente capacidades de agir
diante dos imprevistos, uma educação profissional, pautada na pedagogia das
competências6. Neste tipo de concepção pedagógica o homem deve ter na sua formação
elementos que o capacite para ajustar-se à produção, por conta dessa preocupação é que
6 O elemento mais provocador de mudanças e/ ou instabilidades nas escolas a partir das reformas dos anos de 1990 foi a noção de competências, contrapondo-se às disciplinas. Pelo fato de a competência implicar a resolução de problemas e a ação voltada para os resultados, a pedagogia das competências foi promovida por sua suposta capacidade de converter o currículo em um ensino integral, mesclando-se em problemas e projetos, os conhecimentos normalmente distribuídos por diversas disciplinas e os saberes cotidianos. Desta forma, a organização do currículo não passaria mais pela definição de um conjunto de conhecimentos sistematizados a que o aluno deveria ter acesso. Antes, seriam definidas as competências e, então, selecionados os conhecimentos exclusivamente necessários para o seu desenvolvimento (RAMOS, p. 112 – 113, 2005).
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o segmento industrial tem suas bases filosóficas de educação, pois o que vale aqui é
formar, não um sujeito capaz de pensar globalmente na realidade, mas sim, pensar em
como pode ser mais produtivo.
Visto o que está em jogo nesse caso são interesses que se confrontam. De um
lado temos a burguesia e de outro os trabalhadores, que vendem sua força de trabalho
para sobrevivência de si mesmo e de seus filhos, como destacou Frigotto (2006),
ressaltando ainda que “o trabalho, então, de atividade produtora imediata, de valores de
uso para os trabalhadores, se reduz à mercadoria força de trabalho que tende a se
confundir com o emprego” (FRIGOTTO, p. 04, 2006). Essa última classe é quem
trabalha, ou seja, quem opera, que transforma um processo produtivo de uma indústria
por exemplo. Afinal, o que seria da indústria se não fossem os trabalhadores? Será que o
industriário conseguiria produzir sozinho? Por mais avançada que fosse o capital
tecnológico empregado em sua indústria não conseguiria produzir, pois para ser
competitivo no mercado hoje deve-se produzir mais e a custo baixo, caso contrário seu
produto não será lucrativo no sistema capitalista, esse produto não agregaria valor de
troca, consequente estaria fadado a “quebrar”, tendo em vista que depende do excedente
da mão de obra para sua manutenção.
No entanto, no Brasil, temos um agravante muito enraizado no que diz respeito
à qualificação profissional, diferentemente de países mais desenvolvidos que investem
em educação básica e universalização desse nível de ensino, apresentando assim uma
expansão muito maior do que o Brasil. Isso significa na análise de Ciavatta (2005), que
a base de formação profissional, nos países mais desenvolvidos, ocorre a partir de uma
base cultural científica, porém no caso de países latino americanos esse processo
acontece, sem essa base solidificada, assim, os diversos programas que são introduzidos
com o intuito de qualificar os sujeito, acontecem apenas para uma preparação imediata
para o mercado de trabalho que para Ianni (1988), o sistema capitalista é um sistema de
mercantilização mundial, pois mercantilza, as pessoas e as coisas, utiliza toda a força
humana convertendo-a em trabalho e logo em produto, transformando pessoas em
mercadorias.
Portanto, para o industriário a força de trabalho é um elemento
importantíssimo, muito embora recuse admitir sua real importância diante de um
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contexto atual, o qual estamos vivenciando, com o advento de novas tecnologias, que
substituíram o trabalho do homem por máquinas sofisticas, mas que ao mesmo tempo
ainda necessita do homem no movimento do processo produtivo da indústria. Diante
disso, é que torna-se necessária uma qualificação técnico-profissional. Seguindo essa
lógica, o que se desenhou para o cenário da qualificação profissional no final do século
XX e inicio do século XXI a necessidade de um trabalhador, mais qualificado, inovador,
flexível e polivalente.
2. As políticas de qualificação para a demanda pós-fordista: formação para o trabalho simples
A formação técnico profissional na perspectiva pós-fordista ou toyotista do
trabalho, apresentam alguns elementos que implicam justamente na formação para o
trabalho simples, pois à medida que a indústria, aperfeiçoa suas técnicas, segundo
Ramos (2005), tem a necessidade de formação de pessoas com conhecimentos e
destrezas que atendam os mais variados segmentos da indústria. Assim apresenta-se
uma separação do trabalho manual do intelectual, com profissões que são classificadas
de acordo com o grau de complexidade necessária, tendo como, elemento chave nesse
processo a escolaridade exigida ao desenvolvimento de cada uma delas. Diante desse
contexto a escola cumpre um papel imprescindível para a manutenção da concepção do
trabalho industrial, materializando-se no próprio currículo escolar, com o intuito, como
destaca Ramos (2005) de corrigir as deficiências dos indivíduos, nos diferentes âmbitos,
sejam eles sociais, culturais, pessoais, contribuindo para uma formação acima
mencionada, sendo que esses elementos são centrais hoje para os trabalhadores se
tornarem empregáveis, na lógica capitalista.
No campo ideológico e que tem servido de mecanismo por parte do capital
para justificar as desigualdades sociais, a pobreza e a empregabilidade, está centrado na
falta de educação, como ele nos apresenta:
A educação, mediante as noções de capital humano, sociedade do conhecimento e pedagogia das competências para a empregabilidade, tem sido utilizada em contextos históricos diferentes, como suportes ideológicos desta dissimulação. Passa-se a idéia de que os países, regiões e grupos sociais
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pobres, assim o são, porque investem pouco em educação. Mas como investir mais em educação se são países, regiões e grupos sociais pobres? É historicamente mais sustentável afirmar que esta condição os impede de investir em educação por terem sido expropriados de diferentes formas. Neste contexto, irônico e cínico, aqueles que são vítimas da exploração, espoliação e alienação passam a serem culpados por serem explorados (FRIGOTTO, p. 05, 2006).
Um dos marcos do ideário capitalista está pautado na maneira de como o
Estado brasileiro tem uma participação significativa nas políticas públicas, mas
seguindo sempre uma concepção burguesa de fazer política social, atrelado a este
fenômeno podemos destacar, o neoliberalismo burguês da década de 1990, que com o
apoio de organismos internacionais, pensaram as políticas sociais do país, como: saúde,
educação, emprego, cultura, sobretudo com intervenção econômica, em países em
desenvolvimento. Cabe destacar que esses organismos internacionais tiveram
interferências nas políticas públicas no Brasil, ganhando força e evidencia nesse
período, interferindo na vida social do trabalhador brasileiro, com cunho neoliberal de
assegurar ao capital um poder extraordinário e uma interferência expressiva nessas
politicas sociais, que ao invés de estar a favor da classe trabalhadora veio legitimar o
poder do sistema, como destaca Frigotto (2006), Organização Mundial do Comércio
(OMC), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BIRD) visam
preservar estes interesses do capital.
O resultado dessa intervenção de organismos internacionais nas políticas
públicas estão bem evidentes, sobretudo nas políticas educacionais, no que se refere aos
programas acelerados de qualificação profissional para os trabalhadores brasileiros, nos
financiamentos estudantis, no currículo, na legislação LDB 9394-96, na parceria público
privado, na expansão do ensino à distância, na abertura e crescimento ensino superior
privado.
Frigotto (2006) destaca quatro cenários que o neoliberalismo teve muita força,
o primeiro se refere a radicalização das políticas neoliberais, numa mercantilização dos
direitos sociais, bem como, ruptura crescente da proteção ao trabalho. Neste cenário é
que os ideários neoliberais tiveram um peso significativo na atualidade: “As estratégias
neoliberais de desregulamentação e flexibilização das leis do trabalho, atualmente em
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curso no Brasil, são um exemplo emblemático de uma carta branca para o capital
exercer a superexploração dos trabalhadores (FRIGOTTO; CIAVATTA, p. 61, 2006).
Já o segundo são políticas focalizadas de inserção precária, neste sentido as
políticas de formação adotadas pelo Brasil estão inseridas neste cenário. O terceiro,
auto-regularização dos excluídos mediante uma nova cultura de trabalho, que ganha
diferentes nomenclaturas, tais como: economia cooperativa, economia popular,
economia de sobrevivência, e o conhecido mercado informal. O último é a denominado
de sociedade do conhecimento do tempo livre, do entretenimento, do lúdico e do fim do
trabalho, também correlacionado a isso está a apologia ao autonegócio e ao
empreendorismo.
É interessante destacar que esse cenário apresentado por Frigotto (2006) dará
sustentação nas políticas públicas de educação no Brasil, ou seja, os programas que
foram criados até então, partem desses pressupostos para desenvolverem suas bases
enquanto política pública. Assim sendo, o Estado que deveria desenvolver uma política
pública de educação para a classe trabalhadora, está embasada numa ótica neoliberal,
num projeto que não atende aos interesses do trabalhador, mas apenas aos interesses do
capital, que é útil somente o que lhe convém, não levando em consideração um projeto
de educação sólido e emancipatório capaz de fato de transformar uma nação. Por isso,
alguns programas criados pelo governo federal têm como principal característica
atender a demanda mercadológica do trabalho, priorizando a flexibilização do trabalho
e o sujeito, logo a precariedade das condições de trabalho, mas revestido de uma
polivalência, que pode ser assim elucidado: “Trata-se de formar um trabalhador
“cidadão produtivo”, adaptado, adestrado, treinado mesmo que sob uma ótica de
polivalência (FRIGOTTO, p. 10, 2006).
Por outro lado filhos da burguesia brasileira estão sendo preparados para o
trabalho complexo o qual exige mais qualificação profissional, escolas com estrutura
adequada, laboratórios, bons professores (neste caso não que filhos de trabalhadores não
tenham, mas em muitos casos o professor pode até ser bom, mas dificilmente consegue
desenvolver todo o seu potencial, sem condições mínimas necessárias), bibliotecas,
material didático, acompanhamento pedagógico, elementos que são bases para a
preparação ao trabalho complexo.
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Assim sendo, as políticas de educacionais que levantam a bandeira da
universalização da educação e preparação para o mercado de trabalho levam em conta
apenas o pressuposto da quantidade de alunos matriculados nos diferentes níveis da
educação básica, sem considerar a construção do conhecimento como um todo, pois o
conhecimento é transmito de forma fragmentada, tende a ser um modelo de educação
básico, que deixa de lado fatores essenciais no processo da construção do conhecimento,
como política, economia, bases sólidas de língua portuguesa, matemática, ciências.
Esse processo de desqualificação do trabalhador é visível quando temos um
olhar mais atento no que concerne às transformações que ocorrem no processo
produtivo, como nos demonstra Kuenzer (2001), ao se referir-se a educação recebida e a
qualificação requerida.
Este não é um trabalhador qualquer; é um homem que, ao vender sua força de trabalho, se transforma em fator de produção, perdendo, junto com o controle do processo e do produto de trabalho, o controle sobre si mesmo. Ele já não é mais o artesão que domina o processo produtivo em sua totalidade, mas o assalariado que se submete real e fortemente ao capital e à ciência a seu serviço, devendo desempenhar suas funções num processo de trabalho fragmentado e heterogerido, para o que ele possa ser educado (KUENZER, p. 12, 2001).
Kuenzer (2001), também aponta que no processo produtivo as funções que
exigem pouca escolaridade, treinamento, pouca experiência, também, um número
menor de habilidades, além do domínio de conteúdo a respeito do trabalho, são
atividades ligadas a execução de tarefas, logo salários baixos na estrutura salarial.
Chama a atenção no contexto atual da divisão social do trabalho o número expressivo de
funções que necessita apenas de auxiliares e não de profissionais, pelo fato de que não
precisa dominar o processo como um todo, apenas executar determinadas funções,
assim o trabalho se fragmenta, os trabalhadores distanciam-se do produto, não
conhecem suas estrutura, a indústria barateia a mão de obra, e eleva o sujeito a
polivalência e a flexibilidade. No entanto, segundo Kuenzer (2001) à medida que o
sujeito perde o domínio do trabalho como um todo, a indústria tem a necessidade de ter
no seu quadro de trabalhadores, um conjunto de hábitos (de ordem, exatidão, submissão,
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assiduidade, pontualidade) habilidades e comportamentos que contribuam para o pleno
desenvolvimento do trabalho coletivo, constituindo-se um todo harmônico.
A partir do momento que a o capitalismo passa a gerenciar o processo
produtivo como um todo, denominado de gerenciamento científico, organizado por
Taylor, o industriário passa a ter o saber do trabalho em suas mãos, assim planeja,
organiza e regula. Esse saber antes pertencia ao trabalhador, que já não tem essa posse,
compete a si somente a execução, mas uma execução fragmentada, onde o saber não
está presente, tão logo, sua qualificação se reduz a um saber mínimo, ai ocorre a lógica
da desqualificação. O que antes pertencia ao trabalhador em definir tempo gasto, valor
sobre o trabalho, agora concerne ao gerente de produção, que quantifica o tempo gasto
em determinadas tarefas e aos demais sujeitam que pensam o trabalho.
Antunes (2005), avança ainda mais ao fazer a análise da crise do capitalismo e
destaca que são colocados para os trabalhadores no chão de fábrica, os seguintes
pressupostos ideológicos que configuram a nova fase da organização do trabalho,
pautado no toyotismo: times de trabalho, grupos de trabalho semi–autônomos,
envolvimento participativo, trabalho em equipe. Esses elementos contribuem para
funcionamento da estrutura do trabalho no contexto atual e suas requeridas
qualificações.
Desta forma, na medida em que o avanço tecnológico atua diretamente nos
meios de produção, facilitando, fragmentando, dividindo tarefas, mais distante do
trabalho e do produto final fica o trabalhador, também ao próprio processo produtivo,
tendo em vista de que executa apenas determinadas tarefas, ou seja, existe uma
fragmentação do trabalho, proveniente da própria divisão, pois não se faz necessário o
trabalhador ter uma qualificação ampla a qual seja relevante para ele dominar todo o
processo do trabalho, apenas conhecimento e algumas habilidades, comportamentos,
essências na operacionalização de determinadas tarefas, consequentemente desaparece a
necessidade de qualificação.
Eis aí a centralidade da pedagogia das competências, delegar ao sujeito uma
ideologia de qualificação profissional, ou seja, o Estado oferta um modelo de educação
fragmentada, o trabalhador do chão de fábrica, necessita se qualificar sempre para
acompanhar o desenvolvimento do capital, da tecnologia, das tendências do mercado,
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caso contrário estará o sujeito que não se adequar a essa ideologia propenso ao
desemprego, pois não está adaptado a nova visão mercadológica da empregabilidade.
Concomitante a este processo está o fator econômico, ou seja, diante de uma
nova configuração do capital, apoiado pelos organismos internacionais, o trabalho no
Brasil, teve uma visão pautada apenas no imediatismo do mercado, principalmente em
relação à exigência do capital internacional, por isso a precarização dos postos de
trabalho, não investimento significativo na área de ciência e tecnologia, de educação de
qualidade, pois o país optou por ter suas bases econômicas em um capitalismo
dependente, tendo em vista que em países europeus existe uma valorização maior em
cada área de trabalho do sujeito.
Seguindo essa análise é que entenderemos a ocupação que cada nação exerce
na ordem da internacionalização do capital, bem como, seus desdobramentos no
mercado de trabalho, logo na qualificação profissional do trabalhador, assim podemos
identificar: O centro da economia mundial representa o lucus do poder do comando, sendo predominante às atividades de controle do excedente das cadeias produtivas, bem como de produção e difusão de novas tecnologias. A periferia assume um papel secundário na estrutura de poder mundial, sendo locus subordinado às lógicas financeiras e creditícias, assim como a apropriação do excedente econômico e dependente na geração e absorção tecnológica (POCHMANN, p. 16, 2012).
Esse processo ocorre diante de um fenômeno conhecido como globalização
financeira, que segundo Pochmann (2012) esse é o resultado da terceira divisão
Internacional do Trabalho, que resulta no processo de uma crescente expansão da
internacionalização do capital, isso implica em afirmar que o comércio internacional
tende a ser cada vez mais entre as empresas do que as próprias nações. Os efeitos desse
cenário consequentemente irão incidir no processo produtivo, na mão de obra e na sua
qualificação profissional requerida para a execução de determinadas tarefas, porém, as
novas concepções de organização do trabalho, ganham força na indústria local,
sobretudo, nas mais desenvolvidas que absorvem novos conceitos de exploração da mão
de obra, tendo em vista de que grandes empresas, acabam sendo pontos de referencias,
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mas mascaram sua ideologia de expansão de mercado, bem como seus antagonismos
presentes nesse processo.
Aparentemente, não é possível vermos seus efeitos, mas quando analisamos a
dialética desse processo percebemos os impactos que vão ocasionar as nações em
desenvolvimento como, o Brasil. No entanto, um fato que tem que ser levado em
consideração nesse contexto da internacionalização do capitalismo, é que essas grandes
empresas, instalam-se nesses países apenas de forma fragmentada, com o intuito apenas
de explorar a mão de obra, pois nesse caso, tem-se uma mão de obra de baixo custo,
com direitos trabalhistas reduzidos, ampliando até mesmo as horas de trabalho, não
fazem investimento de longo prazo, pois isso possibilita que possam abrir e fechar suas
portas quando acharem conveniente. Tendo em vista que apenas uma parcela dos
produtos é produzida no país onde se instala, isso implica em dizer que o trabalho é
simples e rotineiro, não exige-se muita qualificação profissional, por outro lado,
condições de trabalho muitas vezes precárias. O intuito da migração dessa indústria está
ligado também à abundância diversidade de matéria prima, além de energia, isso não é
possível em países desenvolvidos, considerando que as leis são mais duras referente ao
meio ambiente, por esse motivo a produção que degrada o meio ambiente fica a cargo
de países onde a indústria fez sua instalação. Já o trabalho complexo fica no país de
origem da empresa matriz. Como podemos verificar:
A constituição de cadeias produtivas mundiais encontra-se dividida em dois níveis distintos. No primeiro nível assumem maior importância as atividades produtivas vinculadas aos processos de concepção do produto, definição do design, marketing, comercialização, administração, pesquisa e tecnologia e aplicação das finanças empresariais. Por ser atividade de comando e elaboração, são partes do processo produtivo vinculadas aos serviços de apoio à produção, com tecnologias mais avançadas demandando crescentemente mão de obra mais qualificada, que recebe maior salário e com mais condições favoráveis de trabalho. Não causa espanto, no entanto, saber que a parte majoritária dos investimentos em ciência e tecnologia são de responsabilidade dos países de centro capitalista (POCHANN, p. 32, 2012).
Mas as exigências feitas pelo capital internacional estão estreitamente ligado
às agências multilaterais, como BID, FMI, UNESCO, que servem de apoio do sistema
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capitalista para financiar, acompanhar políticas públicas, nas diferentes esferas, mas
neste caso em especial em políticas de qualificação profissional, segundo seus moldes,
suas ideologias e concepções de formação de mão de obra mercadológica.
Ingresso do jovem no mercado de trabalho É diante desse contexto que as políticas de educação voltadas para qualificar os
trabalhadores se solidificam, isto é, tem suas raízes e suas bases, parte do princípio da
divisão social do trabalho, da ideologia da classe dominante, vinculadas ao modo de
produção do capital, que por sua vez tende a mistificar os problemas da formação para o
mundo do trabalho. A escola cumpre um papel importantíssimo no processo de
desqualificação do trabalho, como podemos constatar:
A escola, por sua vez, se constituiu historicamente como uma das formas de materialização desta divisão, ou seja, como o espaço por excelência do acesso ao saber teórico, divorciado da práxis, representação abstrata feita pelo pensamento humano, e que corresponde a uma forma peculiar de sistematização, elaborada a partir da cultura de uma classe social (KUENZER; GRABOWSKI, p. 301, 2006).
Portanto, para que seja possível avançar na qualificação profissional de fato,
tem que romper com o enigma de que as políticas públicas de educação têm contribuído
na inserção do jovem brasileiro no mercado de trabalho, da qualificação que
desqualifica, ultrapassando o ideal de equidade, mas indo além, que é a qualidade do
ensino, tanto na educação básica como em nível técnico, isso implica desmascarar
diversos mecanismos utilizados pelos mais diferentes governos. Assim sendo, tem que
levar em consideração elementos como permanência maior do aluno em cursos de
qualificação técnica, ensino médio integrado, possibilitando que o aluno tenha bases
científicas para prosperar em seus estudos, que as escolas tenham condições reais de
ofertar qualificação técnica, que as escolas mantidas pelos governos estaduais e
municipais, tenham também um aporte financeiro do governo federal, assim como tem
tido os Institutos Federais de Educação. Assim teremos um cenário muito melhor para o
jovem que conclui o ensino médio hoje no Brasil possa enfrentar os desafios impostos
no mundo do trabalho, que tenham bases cientificas do curso que está fazendo, uma
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escola que possibilite ao sujeito articular ciência, cultura e trabalho, como postulou
Frigotto (2007), somente seguindo esse caminho é que de fato estaremos rompendo com
as barreiras da qualificação que desqualifica e atende somente a visão mercadológica do
trabalho. Para avançarmos numa perspectiva de uma educação profissional que priorize
a formação integral do sujeito temos que romper com a dicotomia postulada pela
própria divisão social do trabalho, onde postula uma separação entre o pensar e o fazer,
temos segundo CIAVATTA (2005), que lutar por uma formação humana que busca ao
adolescente e ao jovem trabalhador uma leitura do mundo para sua atuação como
cidadão pertencente a um país, mas ao mesmo tempo integrado na sociedade política
capaz de compreender suas relações sociais e consiga interagir no meio em que vive de
forma crítica.
Somente partindo desse pressuposto e dessas premissas que iremos romper
com um ideário burguês, que manipula, que pensa somente em qualidade de educação
para os filhos oriundos da mesma classe, pois subentendem que serão esses que iram
desempenhar funções mais importantes segundo a perspectiva da divisão social do
trabalho, onde o pensar e o executar caminham sob dois rumos diferentes, contribuindo
para uma desigualdade social de classes, priorizando sempre a concepção de que o filho
da classe trabalhadora tem que exercer funções simples na esfera da lógica da divisão
social do trabalho, tendo conhecimentos mínimos, enquanto o filho da classe dominante
consegue os melhores postos de trabalho, em condições da existência humana
totalmente diferentes. Mas, sobretudo, para dar condições mínimas necessárias para
alunos oriundos da classe trabalhadora, possam apropriar-se da cultura, da ciência, da
tecnologia, conseguindo assim ganhar autonomia, frente ao mundo do trabalho, tendo
condições para prosseguirem seus estudos sob uma base de conhecimentos essenciais
para optarem futuramente em quais cursos gostariam de frequentar. Pois o cenário que
se apresenta em nossa realidade social, está constituído de uma extrema desigualdade
social e econômica entre os jovens no acesso a educação, que segundo Pochmann
(2007), ao fazer uma análise do jovem no mercado de trabalho, para os filhos da classe
trabalhadora e filhos de pais ricos, o autor ao se referir há um elemento chave que é o
acesso à educação aponta que para os filhos da classe trabalhadora isso ocorre as
seguinte lógica, combinar trabalho com estudos, significando uma jornada de 16 horas
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por dia, entre casa, trabalho, escola e retorno para casa, interferindo
consubstancialmente na qualidade da aprendizagem, já esse cenário evidencia sob uma
outra óptica para os filhos dos ricos, que são subsidiados pelos pais, podendo assim
postergar o ingresso no mercado de trabalho, priorizando apenas os estudos, concluindo
o ensino superior e em determinados casos, até mesmo a conclusão da pós-graduação,
para somente após isso ingressar no mercado de trabalho. Isso significa conseguem ter
melhores condição de disputar os melhores postos de trabalho, com melhor
remuneração.
Outro ponto que merece destaque na visão de Pochmann (2007) é que a entrada
do jovem da classe trabalhadora precocemente no mercado de trabalho se dá pelo fato
de que a partir da década de 1990, devido a crise do mercado de trabalho, geração de
postos de trabalho precários, baixos salários dos adultos, contribuíram para que esse
jovem ingresse no mercado de trabalho, para tentar contribuir na renda familiar, mesmo
em atividades que são inaceitáveis, tais como: trabalho escravo, insalubre, perigoso,
prostituição, tráfico de drogas, crime organizado. Contudo, fica evidente esse
distanciamento de classes, consequentemente, o acesso à educação de qualidade, o
tempo destinado a profissionalização não tem muito espaço, como também sua real
importância, pois o que está em jogo, são os meios de subsistência.
Seguindo essa mesma linha de análise, Pochmann (2007), enfatiza que no
Brasil, um país que ainda apresenta um déficit bem expressivo quanto a educação, o
ensino médio não deveria ser apenas uma preparação para o ingresso no ensino superior
de jovem, mas sim, um impulso para o ensino universitário, além de uma formação
profissional básica, a qual o jovem pudesse se preparar em áreas especificas.
Portanto, os alunos que concluem o ensino médio de forma integrada ainda é
muito baixo em relação ao número de alunos que concluem o ensino médio, mas um
dado interessante de analisar, que isso se traduz em: 48% dos alunos são da rede
Privada, 34% da Estadual, 2% da rede Municipal e 16% da rede Federal, conforme
dados do Censo Escolar de 2013.Assim é nítido que o ensino médio no Brasil, precisa
de uma atenção maior, para que esse jovem que ao sair desse nível de ensino consiga ter
melhores oportunidades de ingresso no mercado de trabalho.
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Partindo dessa constatação, temos como análise que o as modalidades de
ensino no Brasil, tem como função a preparação para o trabalho simples, que nossos
jovens sofrem cada vez mais com a falta de qualificação profissional, isso é um dado de
que ainda estamos longe de crescer de forma expressiva no que se refere a igualdade de
oportunidades, por mais que o país tenha ampliado o número de escolas federais, ainda
estamos bem distantes de uma verdadeira transformação, pois o ensino médio traduz
essa disparidade entre ensino técnico e formação geral, essa discrepância é muito mais
acentuada entre os alunos que concluem o ensino fundamental, os fatores já foram
mencionados anteriormente. Diante do exposto, acima, muitos de nossos jovens que não
concluem o Ensino Médio, ou quando concluem, fazem de forma precária, sem a
apropriação das bases do conhecimento escolar, que lhe permitem ingressar no outro
estágio de ensino, o superior ou técnico, acabam sendo contemplados com cursos de
qualificação profissional, ofertados pelo governo Federal, com o intuito apenas de
contemplar os setores produtivos, onde tem carência de mão de obra, na esfera de um
trabalho simples.
Considerações finais
O artigo tentou discutir como o modelo pós-fordista de produção está
contemplando as políticas públicas da educação brasileira, tendo como uma agente
desse processo o Estado interferindo na educação brasileira, sempre imperando o ideário
de uma concepção pedagógica baseada por competências, implicando num processo da
desqualificação profissional, pois atende os interesses postulados num capitalismo
imediatista, assim grande parte dos jovens concluem o ensino médio, sem uma
formação completa, baseada apenas em saberes comportamentais e algumas cognitivas
sem sua integralidade, ainda nota-se que estamos longe de uma formação do sujeito em
sua totalidade, que através de bases sólidas da ciência, consiga enfrentar os desafios do
mundo do trabalho, deixando de lado o caráter emancipador, pelo contrário, assume
uma perspectiva da reprodução do capitalismo dependente, ou seja, prepara apenas na
lógica do trabalho simples, aquele trabalho que exige menos da formação profissional.
Portanto, dar um salto expressivo na educação profissional, temos que romper com essa
lógica do capitalismo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FRIGOTTO, G; CIAVATTA, M (org.) A formação do cidadão produtivo: a cultura do mercado no ensino médio técnico. Brasília, DF: INEP, 2006. FRIGOTTO, G. A relação da educação profissional e tecnologia com a universalização da educação básica. Educação e Sociedade. Vol, 28, n.100, p. 1129 – 1152, out. 2007. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br MARX, Karl. O Capital: Crítica da economia política. 12.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988. Livro 1.v.1. KUENZER, Acácia Z. Pedagogia da Fábrica: As relações de produção e a educação para o trabalhador. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2001. POCHMANN, Marcio. O emprego na globalização. A nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu. 1.ed.rev. São Paulo: Boitempo, 2012. POCHMANN, Marcio. A batalha pelo primeiro emprego: a situação atual e as perspectivas do jovem no mercado de trabalho brasileiro. 2.ed.rev. São Paulo: Publisher Brasil, 2007.
IANNI, Octávio. Sociologia: Marx. 6. Ed. São Paulo: Ática, 1988. (Coleção Grandes Cientistas sociais) FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. (Org.). Ensino Médio Integrado: concepção e contradições, São Paulo, Cortez, 2005.