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O PÚBLICO - COOPERATIVA PAULISTA DE TEATRO · Sebastião Milaré destaca o Teatrofalado em Português. 12 14 18 13 k- ★ ★ ★ camarim ... 10 linhas, sobre o processo criativo,

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Meia Página - COR RS 350,00 ■ P/B R$ 250,00

O PÚBLICO DE TEATRO E/TÁ AQUI. ANUNCIE.A Camarim é uma revista destinada a atores, diretores e produtores de Teatro.Além disto, é distribuída gratuitamente para jornalistas, entidades e orgãos públicos voltados à Cultura.É um veiculo expressivo e direcionado.Anunciando na Camarim sua empresa estará vinculandosua marca ao que se produzde mais importante no Teatro em São Paulo. na

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I n d ic e

CAPACooperativa e Sesc realham II Mostra.

8ATOR0 trabalho deCacá Carvalho. ,

O

YOSHIOIDAApresença do grande ator.

IMPRENSAOswaldo Mendes e o papel da imprensa.

COOPERATIVA 20 ANOSGrupo Movimento A r e o Teatro para Crianças.

ESTÉTICAEduardo Tolentinolevanta questões sobre repertório.

POLÍTICA CULTURALSebastião Milaré destaca o Teatro fa lado em Português.

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18

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k- ★ ★ ★ camarimAumento na TiragemA partir desta edição, a Cam arim aumenta sua tiragem devido a diversos pedidos, em sua maioria artistas interessados em recebê-la. Desde sua mudança editorial, mês a mês, sugestões quanto ao seu conteúdo e à sua forma tem sido estudados e efetivados.

Neste número, as vinhetas que indicam cada seção estão mais claras, deixando as páginas mais leves. O número de páginas aumentou de dezesseis para vinte.

A capa destaca a II Mostra Brasileira de Te atro de Grupo, que ocupa quatro páginas da edição. E importante ressaltar que o evento, realizado pela Cooperativa em parceria com o Sesc Pompéia, acontece dentro do ano de comemorações dos vinte anos de nossa entidade, procurando dar valor à forma de produção e realização artística que é o Teatro feito em Grupo. Espetáculos de diversas partes do país se apresentam mostrando que a continuidade de uma pesquisa e de um repertório sign ificam com o tempo excelente resultado de qualidade artística.

E sobre repertório que colabora Eduardo Tolentino na coluna E stética

T ea tra l. Sebastião Milaré fala sobre a integração do Teatro de língua portuguesa na coluna Política Cultural Ylts\0 lhando a Im prensa, Oswaldo Mendes analisa o papel da imprensa em tempos de barbárie.

A entrevista deste mês é com o ator Cacá Carvalho, que dirigiu o espetáculo “Partido”, baseado na obra de íta lo Calvino, com o Grupo Galpão.

O P e r f i l de E m presa mostra como a Telemídia apoia espetáculos com seu painel eletrônico.

Levando ad ian te a p roposta de v iab iliz a r o trabalho de a rtis tas profissionais através do debate e da reflexão, a Camarim procura representar o importante momento dos vinte anos de vida da Cooperativa, sempre aberta à participação de seus associados e de artistas de Teatro de todo o país.

Segunda Mostra traz espetáculos de Rua.

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PERGUNTA DO MÊSA pergunta da edição de Junho foi:

“Qual é principio que deve nortear um Grupo de Teatro para a escolha de um texto para montar?”

A resposta enviada por Daniel Ortega fo i: “F iquei pensando qual seria exatamente o objetivo dos editores da Camarim . Talvez propiciar um debate ou ensejar uma polêmica, mas respondê-las não é assim tão fácil, já que, a meu vei; a pergunta de Maio era um tanto vaga. A deste mês é por demais abrangente, pois trata dos próprio s p rín c ip io s de constituição de um grupo. A escolha do texto reflete a filosofia de trabalho do grupo, sua opção estética, o público ao qual o trabalho se destina. A resposta a esta peigunta só pode ser dada por cada grupo no debate entre seus integrantes sobre os

rumos que o mesmo deve tomar, face às dificuldades (ou facilidades) de produção, as possibilidades de retorno, objetivos artísticos e ideológicos. E uma pergunta cuja resposta pode mudar sempre. E talvez deva mudar sempre sob o risco do grupo entrar num processo de estagnação, mas esta já é outra questão”.

Aproveitando a colpcação do Daniel, neste mês a questão proposta é: “Quais devem ser os princípios de constituição de um Grupo de Teatro?”

Peiguntas e respostas, com no máximo10 linhas, sobre o processo criativo, interpretação de obras, trabalho de ator, enfim , sobre aspectos artísticos que possam ser debatidos através deste espaço, devem ser encaminhadas àCoopertaiva aos cuidados da redação da Camarim.

FRASE DO MiS

% s dias atuais, o apelo publicitário transbordou da publicidade para se transformar numa espécie de esperanto, em que todos se reconhecem. Da política à cultura, passando

pelojornalismo, o problema consiste em vender bem um produto. A mentira dapropaganda tomou-se assim uma espéríe de diagrama da verdade da nossa época,

que pede para ser decifrada. 99

Fernando de Barros e Silva, em artigo publicado no TVFolha, suplemento da Folha de São Paulo, dia 13 de Junho.

♦ ♦ ♦ —

COOPERATIVA PAULISTA DE TEATROR . Tre^e de Maio, 240 — Rela Vista - CEP 01327 — 000 —São Pau/o — SP- Fone/Fax: (011) 258 5361 e 258 7457 Diretoria: P r e s i d e n t e - Luiz Amorim ; V ice -P r e s id en te - Jo sé G eraldo Rocha; S e c r e t á r i o - N eto de O live ira ;S e g u n d o S e c r e t á r i o - A lexan dreR o it;T es o u r e i r o - Jo sé G eraldo P etean ;S e g u n d a T e s o u r e i r a - D éboraD ubois; V o g a l -Cristiani Z onzin i. Conselho Fiscal: H ugo P o sso lo ; Sérg io San tiago e B eto A ndretta . Suplentes do Conselho Fiscal: L uciano D raetta ; F láv io F austino n i e L u is A ndré C herub in i.

CAMARIM (Ano II -Número 10 - Julho)\Jma p u b lica çã o da C oop era tiva P au lis ta d e T eatroR edação : H u g o P o s s o lo ( c o o r d e n a ç ã o ) ; F lá v io F a u s t in o n i ; C r i s t ia n i Z o n z in i e G a b r ie l G u im a rd . F otos da entrev is ta : N o ra P ra d o . C o la b o ra d o re s : S e b a s t iã o M ila r é ; E d u a rd o T o le n t in o de A ra ú jo e O s w a ld o M e n d e s . P r o g r a m a ç ã o v is u a l : A g e n te m e s m o P r o d u ç õ e s G r á f ic a s . D ia g r a m a ç ã o : A le x a n d r e R o it . F o t o l i t o e im p r e s s ã o : E m p re s a J o r n a l í s t i c a JP . T ira g e m : 3 .0 0 0 e x e m p la r e s . D istr ibuição gratuita.

Cartaspara a Camatimdevem ser enviadaspara a C oopera tivaaos cuidados da redação, incluindo remetente e telefonepara contato. A publicação de cartas na íntegra está sujeita a espaço disponível.

P róx im a R eu n iã o d e P auta :D ia 13 de ju lho, Segunda-Feira, às 19:00 h. na sede da C oop era tiva .

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KUUUÇÕIS

A Presença Marcante de YoshiPor Cristiani Zonzini e Flávio Faustinoni

Concentração. Esta é a palavra-chave que define o trabalho e a vida de Yoshi Oida.Foi também a tônica do evento promovido p ela C ooperativae pelo SescPompéia.

Durante sua estada no Brasil, entre a conferência, os espetáculos e as oficinas, o que se pode presenciar foi um grande atoi; com uma cap ac id ad e in c r ív e l de comunicação e uma paz digna de um mestre budista.

Foi a soma entre as experiências do teatro Kiogên, dança Kabuki, ainda no Japão, com a viagem da Companhia de Peter Brook à África e mais sua curiosidade pela religião budista, que o tomaram ator em toda sua expressão. Como ele mesmo declarou na conferência realizada no dia 17 de Junho, após a exibição de um vídeo sobre sua vida profissional: “O palco também é m inha v ida e não existe diferença entre o teatro e a vida. A vida não é descobrir como ser um bom ator, mas atuar é uma lição muito preciosa para que você aprenda como vivet Atuar é buscar um modo de vida.”

O espetáculo “Interrogações”, reafirma este depoimento. Yoshi passa o tempo todo perguntando à platéia qual é o sentido da vida e cita parábolas que nos fazem pensar com profundidade em repostas para o que queremos da vida, a distância entre o que somos e o que queremos ser realmente. “Interrogações” fez o público pensar, reagir e se manifestar, atitudes quase escassas no teatro atual.

Sobre seu trabalho, Yoshi acredita que “no palco é muito importante que o ator encontre a sua verdade como ser humano. Nada além disso. Que ele busque apenas o que é verdadeiro.” Para ele, “a relação com um outro ator tem que ser m uito verdadeira porque ela tem que chegar até o público. E isso que eu busco todos os dias.”

CARTASPara Camarim: Considerando que ocorreu um a in esp erad a m udança de

critério no processo de seleção p ara o w o rk s h o p com Yoshi O ida, solicito que seja publicada, um a m atéria d irig ida ao púb lico in tem o (sócios) apresentando toda a tra n sp a rê n c ia (q u e , ten h o c o n f ia n ç a , aco n te ce u ) n o s c r ité r io s ad o tad o s, já q u e o n o v o p ro ced im en to to rn o u a e s c o lh a m u ito m a is sub jetiva do que a p rim eira cond ição p retend ida (sorteio).

Pau/o D ru m m on d - C ia. L ú d i c aResposta: E m a ten çã o à su a c a r ta , d e sd e já a g ra d e cem o s sua

participação. Sem pre tivem os com o objetivo o ferecer para o cooperado uma o po rtun idade de aperfe içoam ento p rofissional. O evento foi um a realização em parceria com o Sesc - Pom péia. A o trazer um profissional do gab arito de Yoshi O id a , ach am os que se r ia m ais é tico de n o ssa parte a tender aos cr itério s rigo ro sam en te es tab e lec id o s p o r e le . A proposta in ic ia l, a través de sorteio nos p arec ia a m ais ju s ta , porém na sua chegada esta form a de se leção não fo i ace ita p elo ato t; nos pegando de surpresa. As vagas foram p reenchidas da segu in te form a:60 % para cooperados e 40 % para não cooperados (as in scrições foram feitas separadam ente); id ade en tre 25 e 35 anos; 50 % sexo m ascu lino e 50 % sexo feminino; currículo. Tentam os ser sem pre claros e justos, m esmo não sendo possível a tender a todos.

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ENTRCVKTA

Caca Carvaukx O Olhar Do AtorPor Hugo Possolo

0 ator, que acaba de dirigir o Grupo Galpão em “Partido”, baseado na obra de ítalo Calvino,fala de sua experiência como diretor e de sua ligação com o Centro Per La Sperimentazione e La Cerca Teatrale, junto a Roberto Bacci, em Pontedera, na Itália.

Camarim - Como ator o que é mais instigante em um período de ensaio em relação a um encenador?

Cacá - Eu sou ator Minha experiência como diretor atende necessidades pessoais do artista que eu sou. Quando eu me coloco a fazer alguns trabalhos de encenação é porque estou precisando exercitar algumas coisas que eu gostaria de colocar em cena através de outras pessoas. Como ator eu trabalho pouco com outros projetos que não sejam meus. Não porque eu não queria, mas porque me convidam pouco.

Camarim - E o que te leva a fazer um trabalho onde você não participe da geração da idéia?

Cacá-Trabalhar. E diferente quando eu pego um projeto pessoal. Nestes outros, eu preciso saber me moldar para vestir a camisa deles, para virarem meus. Tem dois lados. Quando é pessoal é porque eu preciso falar coisas. Quando fiz “Meu Tio Iauaretê”, um projeto pessoal, foi porque eu precisava falar aquele texto. Eu estava num momento da minha vida que eu estava virando um bicho isolado dentro do próprio Teatro. Então esta onça isolada no

meio do mato tinha muito a ver. Falar aquele texto era fundamental. Estas razões pessoais fazem parte da minha necessidade primeira que, claro, nem precisa chegar na divulgação. E uma razão íntima.

C am arim - Na m ontagem de “P artid o ” , além de ev iden te a sua concepção de encenação, é visível o cuidado com a interpretação. De que maneira sua formação de ator influência sua visão de diretor?

Cacá — No caso de “Partido”, com o Galpão, foi porque apareceu na minha vida, uma época, o ítalo Calvino, que me diz muita coisa. Jogar isto para o Galpão já é me jogar. Eu gosto de assistir ator. E a maneira que eu, como atoi; gosto de ser trabalhado. Gosto da direção que vise a construção de um material para alguma coisa no futuro. No fundo, no fundo, o diretor não sabe nada. Nenhum diretor sabe nada, nem sabe o que quer. Não porque seja ignorante, mas porque ele não tem a menor idéia daquilo que poderá aparecer quando o que pede vai para o corpo e para a cabeça do atot

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Camarim - Mas de que maneira o diretor deve conduzir o trabalho do ator neste caso?

Cacá - O diretor precisa ter o discurso coerente e dar a ilusão do conhecimento para que o ator siga seu comando, mas na realidade todos estão perdidos num mar revolto na esperança que mude o tempo e que apareça o Norte. Todos atravessando esta situação, um se apoia no outro e cria um tipo de relação para que esta trajetória estranha e esta aventura necessária se complete. E neste desespero maravilhoso de criação onde você precisa o tempo inteiro, na função de diretor, dar a aparência da tranqüilidade. Em nenhum momento você pede parecer inquieto, ansioso ou intranqüilo.

Camarim - A vaidade do ator se sobrepõe a idéia de trabalhar em conjunto quando ele deixa um grupo e passa a trabalhar sozinho, em um monólogo por exemplo?

Cacá — Foi quando fui convidado a levar “Meu Tio Iauaretê”, um monólogo, para a Itália, que eu recuperei o sentido de grupo que tinha na época em que comecei em Belém do Pará ou mesmo do espírito coletivo do “Macunaíma” com o Antunes. Desta vez, em Pontedera, resolvi manter uma relação diferenciada. Sei que ali tem uma fonte onde eu bebo e me alimento de coisas fundamentais. E acredito que deixo coisas também, pois há uma relação de troca muito grande. Lá eu descobri a importância do indivíduo para que o coletivo possa existii; coisa que eu não havia conhecido antes, nem em Belém, nem com o Antunes naquela época.

Camarim - Qual é o resultado mais im po rtan te do que você vem desenvolvendo em Pontedera?

Cacá —Ainda não sei dizei; porque ainda está mexendo comigo. Eu sinto que o trabalho com o Roberto Bacci está me trazendo um estímulo para que eu olhe mais. O encontro com ele me

Cacá Com Celulari em “Donjuan”.

abriu uma porta no sentido do auto- conhecimento. Me voltei a temas mais ligados ao homem como: “Que sentido tem você estar vivendo? Pra quê você veio? A troco de quê o Teatro?” Questões que me desestruturam quando paro pra pensar A coisa que mais aprendi e que procuro exe rc ita r é o olhar. Um o lhar com maiúscula. Eu acho que se olha mal. Se olha com um olhar equivocado. A maioria das coisas hoje em dia, também no Teatro, sofrem do problema de serem mal olhadas. Na sua grande maioria, os atores olham m al os seus p e rso n agen s , conseqüentemente fazem mal. Diretores olham mal o texto e os seus atores. A imprensa olha mal o nosso trabalho. E difícil olhar porque vêem só um lado, ou de uma maneira utilitária, e não enxeigam o todo.

Cam arim - A popularidade con­quistada através da novela influenciou de alguma forma seu processo de trabalho?

Cacá - E diferente de quando trabalho, hoje em dia, com outro veículo, como no caso da televisão. No Teatro tudo é muito mais autoral. Nele eu me escrevo mais, me falo mais. E me escrevo através das ações do personagem. A popularidade com a televisão é maluca. Tem um lado que dá prazer E de outro não é nada, porque são pessoas que te admiram mas estão vendo só uma coisa. Estão com olhar equivocado e claro que você não vai dizer que estão erradas. Eu não posso ficar acreditando na ditadura desta imagem que eles acreditam que eu sou e que não é verdade.

i: A r q u iv o p essoal d e C o có C a rv a lh o

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ESPECIAL

TEATRO DE GRUPO EhPor Flávio Faustinoni

A II M ostra B rasile ira de Teatro de G rupo in tegra as com emorações dos vinte anos d ̂ Cooperativa Paulista de Teatro.

A Cooperativa em parceria com o Sescrealiza este mês, em São Paulo, a II Mostra Brasileira de Teatro de Grupo. Idealizada por Luiz A m orim , p residen te da Cooperativa, essa mostra está marcada pela diversidade que o Teatro de Grupo produz no país. Grupos de várias regiões estarão se apresentando no Sesc Pompéia de 06 a 11 de Julho.

Do Rio Grande do Sulestão presentes a Companhia C ôm ica de Repertório com o espetácu lo “Se Meu Ponto G F a lasse”, onde são a b o r d a d o s , entre outros, tem as como se x u a lid ad e , casamento, separação e medos. Também o Grupo Falos e Stercus, que é considerado um dos mais ousados no cenário teatral gaúcho, apresentará “O Clã Destino” que narra, pela perspectiva de um abortado, uma história surrealista, colocando num

mesmo plano as fantasias, o consciente e o inconciente das personagens para penetrar na neurose familiar.

Vindo de Belém o Grupo Gruta buscou em Antígone um pretexto para desenvolver uma discussão sobre o poder e a condição da mulher como ser humano. A peça “A Vida, Que Sempre Morre, Que Perde Em Que Se Perca?” c uma recriação da tragédia

de Sófocles, onde a crueza é quebrada deixando para os homens a tarefa de conduzir seus destinos.

O Rio de Janeiro está presente na II Mostra com dois grupos, um deles é a Companhia Atores de Laura, que traz a São Paulo sua quarta montagem, o espetáculo “Romeu e Isolda”. Nesta peça homens e mulheres se encontram e desencontram na busca cega e sem lim ites da sua outra metade. Foi dirigida por Daniel Herz e

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ALTA•Suzana Kruger que ganharam o Prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem pela melhor direção.

A outra presença carioca é a Cia. do Público com “A Sua Melhor Companhia”, espetáculo de rua onde prevalecem a

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com icidade, a m úsica e as técnicas circenses. Para o trio de comediantes o que importa é o divertimento coletivo.

A Bahia traz “Sonho dé Uma Noite de Verão”, de W illiam Shakespeare, na montagem de Márcio Meireles traduzida por Barbara Heliodora e encenada pelo Bando de Teatro Olodum e Teatro dos Novos. A peça foi montada na íntegra, sem cortes e tem duração de duas horas. “Chegamos à conclusão de que não tínhamos de cortar nada do que estava

escrito. Nosso trabalho foi desvendar a forma de dizer aquelas frases, de maneira a trazer o seu humor para o palco”, diz Meireles. O espetáculo conta com mais de trinta atores em cena.

texto que teve sua estréia em 98 abrindo o Festival Recife do Teatro Nacional. “EssaII M ostra é m uito in te ressan te e estimulante por levar o teatro de grupo para São Paulo. Hoje em dia é difícil sair do Recife com toda a nossa estrutura,” conta Marcus Vinícius, um dos atores.

“As Criadas”, de Jean G enet, ganha a in te r­pretação da Cia. Acômica de Belo H orizon te.

De Pernambuco a II Mostra conta com a Companhia Teatro de Seraphim que apresenta “Sobrados e Mocambos”, de Hermilo Borba Filho baseado na obra de Gilberto Freire. A peça conta, em cenas curtas, aspectos da formação e decadência do patriarcado rural brasileiro, a partir da urbanização do século XIX. Esta é a primeira montagem profissional deste

O Grupo Harém, do Piauí, vem para mostrar “Auto do Lampião no Céu”. Com texto inspirado nos romances de cordel a peça faz uma sá tira bu rlesca onde Virgulino Ferreira, o Lampião, tenta mostrar ao Satanás sua bravura e astúcia, mesmo depois de morto.

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Retrata as irmãs Claire e Solange, duas criadas, que repetem sempre o mesmo ritual. Toda vez que a Madame não está por perto, Claire passa a representá-la enquanto Solange assume o papel de Claire. A montagem da Cia. Acômica busca a subversão do poeta maldito Jean Genet, eliminando o palco ita­liano e in ­c lu indo o espectador no espaço cênico.

O Teatro P io llin daParaíba traz a famosa montagem “Vau da Sarapalha”, uma adaptação do conto “Sarapalha”, de Guimarães Rosa, feita por Luís Carlos Vasconcelos, que também assina a direção.

São Paulo também está representada

pelo s grupos Teatro Popular União e Olho Vivo e a Cia. La M ínim a. O Teatro Popular U nião e Olho V ivo , com e­mora seus 32 anos de existência com o espetáculo “Us Juãos i Us Magalis” que sintetiza o resultado de uma década de pesquisas. Conta a história de uma tentativa de invasão estrangeira chefiada pelo jovem visionário gaúcho Sebastião M agali, ocorrida no início do século XX, no litoral sul da Bahia.

Já a Cia. La Mínima, apresenta “La Mínima Companhia de Ballet”, a história de uma grande companhia itinerante, com seus produtores, técnicos, diretores, coreógrafos, atores e atrizes, formada exatamente por duas pessoas.

T e r ç a Q u a r t a Q u i n t a S e x t a

0 19 h - La Mínima Cia. de 21 h - S e Meu Ponto G 1 9 h-AVida,Q ueN em 18 h - 0 Clã Destino (RS)Ballet (SP) Falasse (RS) Sempre Morre, Que Se Perde,

O Em Que Se Perca? (PA) 19 h - Romeu e Isolda (RJ)

ft, 21 h - Auto de Lampião no 2 1h -Sob rad ostvitq

Céu (PI) Mocambos (PE)

10 às 13 h - Terapia da Voz 9 às 12 h —Oficina de 9 às 12 h - Oficina de- Com Eudósia Acuna Interpretação - Com Hélio Interpretação - Com Hélio

Cícero Cícero

* 10 às 13 h-T erapia da Voz- 10 às 13 h -T erap ia d:N Com Eudósia Acuna Voz - Com Eudósia Acun:

S10 às 13 h -D ram aturg ia e 10 àsl3h -D ram aturg iae 1 0 àsl3h -D ram atu rg iae

O) Ressonância Literária - Ressonância Literária - Com José Ressonância Literária - Co it

Com José Antônio de Sousa Antônio de Sousa José Antônio de Sousí

v»tq 20 h - Encontro Histórico 16 h-Vinte Anos de l 6 h —0 Ator no Grupo 16 h - Debate Sobit

dos Grupos de Teatro Cooperativa Política Culturí05 (décadas 70/80)

Q

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Um Jeito de Mostrar O Teatro do BrosPor Luiz Amorim

continuidade.A II Mostra não é um evento, mas um projeto deA Cooperativa vem se consolidando

como uma entidade representativa e rea lizad o ra , que vem despertando interesses pelo Brasil afora. O que fazemos é apenas cumprir nossa função: cuidar do aperfeiçoamento profissional de seus associados, viabilizar seus trabalhos e colocá-los no mercado.

Esse ano estamos realizando um velho sonho: uma série de atividades marcando os 20 anos de história da Cooperativa. Não poupamos energia. Uma sede com uma entidade oiganizada, a Oficinaria com 5 Oficinas Integradas, a vinda de Yoshi

: r . = ]16 h - Us Juãos i Us Magalis

(SP)19 h - As Criadas (BH)

21h -V a u d a S a ra p a lh a(PB)

l6 h - A S u a Melhor Companhia (RJ)

20 h -S o n h o de Uma Noite de Verão (BA)

9 às 12 h —Oficinade Interpretação - Com Hélio

Cícero

O ida ao B rasil, a II Mostra Bras­ileira de Tea­tro de Gru­po e vem mais por aí...

H oje a- b r i g a m o s um total de 627 profis­sionais asso­ciados, com 123 Grupos que tr a b a ­lham de vari­adas formas.A M ostra fortalece um t r a b a l h o com uma es­tética e lin ­guagem próprias, de grupos que têm continuidade de trabalho de realizações e pesquisas. Os grupos selecionados são representativos na excelência de seus trabalhos e são a essência dos trabalhos das diversas regiões brasileiras.

A II Mostra não é um evento, mas um projeto de continuidade, como os grupos que a Cooperativa representa, e começa a fazer parte do calendário cultural da cidade de São Paulo.

Essas realizações só são possíveis graças a parcerias como a que estamos fazendo com o Sesc-SP, através do Sesc Pompéia, que garante a qualidade de execução alçando esses even tos ao patam ar merecido. Dessa forma, o Sesc vem provar a sua im p o rtan te p a rtic ip ação na construção de uma política cultural para o Brasil.

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T e lem íd ia :Prestação de Serviço Cultural à PopulaçãoPor Cristíani Zonzini

ATelemídia, responsável pelo painel eletrônico localizado na Avenida Paulista com a Brigadeiro Luís Antônio, existe desde Julho de 96. Hoje atende dezenas de clientes, entre eles a Brastemp, Telefônica, Dumont e Motorola, que anunciam com a intenção de atingir o público que circula pela avenida diariamente.

Além dos anúncios também veicula informações através da agência Reuters e, é claro, colabora com os eventos da cidade através da parceria cultural.

Segundo, Eduardo Pinheiro, supervisor de produção e operação, a Telemídia “reserva um terço de sua programação para divulgação de eventos e serviços. Somente neste ano já foram apoiados mais de quarenta eventos incluindo teatro, música, dança, pintura, humor e literatura”.

Pinheiro, que é responsável pelo encaminhamento dos projetos, explica que não há nenhum interesse financeiro nos apoios culturais. “Oferecemos esse serviço gratuito ao público que passa na Avenida Paulista. Geralmente fazemos um contrato de permuta e a nossa logomarca é incluída no material gráfico dos espetáculos. Isto além de recebermos uma cota de convites, que são d is trib u íd o s en tre nossos funcionários e clientes”, complementa.

Existe uma preocupação da Telemídia em analisar os projetos através de um release. Em geral, os espetáculos que estão sem patrocínio tem especial atenção. Entre os apoiados neste ano estão “A Falecida”, “Cacilda!”, “Turandot”, “A Lua é Minha”, “ Hipólito” e “ A Bolsinha Mágica de Marly Emboaba”.

A quantidade de pedidos é grande. A concessão do apoio compreende inserções 10 segundos que passam várias vezes por dia, durante um período pré-determinado. São os técnicos da Telemídia que editam as cham adas a p artir de fotos de boa qualidade ou filmagens em Beta fornecidas pela produção do espetáculo.

Maiores inform ações-T el.: 288- 4341 com Eduardo Pinheiro.

Moçambique: Teatro de Língua Portuguesa.

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POLÍTICA CUITURAI

O Teatro Que fala PortuguêsPor Sebastião Milaré

“A língua é m inha p á tr ia” , falou Caetano. Isso comprovamos quando, por exemplo, circulamos pelo mercado de Xipamanine, em Maputo, Moçambique. Podemos conversar com os comerciantes como na feira do nosso bairro. Falam bom português, confirmando o idioma como “língua oficial” do país. Em suas casas, e mesmo com vizinhos do mercado, falam um dos 36 idiomas nacionais existentes no país. Porém, no plano das relações comerciais ou sociais que ultrapassem a vizinhaça, onde poderiam tropeçar em algumas das 35 outras línguas, falam em português. Sorrindo, diz um jovem poeta moçambicano: “o português pensa que nos conquistou, mas nós conquistamos o

português”.Não apenas o

som das palavras tornam familiares aq u e la s cen as. Nem são familiares apenas problemas e n ece ss id ad es sociais — que se assemelham aos de tantos povos, inde­pendente de idio­mas —, mas a ma­neira do indivíduo responder a esses estímulos. Aspecto interno e profundo de onde aflora a alm a da p á tr ia . Dele emanam as palavras. No en­tanto, apesar das

tantas semelhanças que nos unem, somos povos que se desconhecem.

O sonho de abrir canais de comu­

nicação, através do teatro, entre os países que compõem a grande pátria da língua portuguesa gerou a Cena Lusófona.

Não se trata de simples instituição (já reconhecida em Portugal como Ong) sediada em Coimbra. Trata-se de uma idéia que avança lenta e firmemente nos Países de Língua Oficial Portuguesa. Agora m esm o, ao longo de 1999, a Cena Lusófona em parceria com companhias de teatro de Portugal e do Brasil instala o projeto “Viagem ao Centro do Círculo”. Os trabalhos práticos aglutinam atores de cinco países lusófonos, em w o rk sh op s realizados nesses países. Assim, estabelece sendas para o trân sito de id é ias e experiências.

Comprova-se no curso dos workshops o que foi d iscu tid o ano passado no “Encontro da Cena Lusófona”, realizado no Centro Cultural São Paulo dentro do evento “Navegar é Preciso... Portugal, Brasil, Á frica”: são questionáveis ou inexistentes as políticas culturais que contemplem o teatro. Aliás, apenas em Portugal e no Brasil existem políticas culturais estruturadas. Em Portugal elas funcionam, no Brasil enguiçam. Nos países africanos de língua portuguesa, todos de independência tão recente, parece esboçar de modo tímido preocupação do governo com o teatro, mas leis de estímulo na verdade inexistem.

Sonho é coisa resistente, por isso a idéia da Cena Lusófona continuará: ela responde a uma necessidade de sobrevivência cultural neste mundo globalizado. Mas a ausência de políticas culturais sérias e efetivas poderá ser um fo rm idável empecilho ao seu alastramento com a uigência que temos.

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SIRjlÇOOPIRAimjOANOS

O M o v im e n to A r e o T eatro P a r a Cr ia n ç a sPor Gabriel Guimard

Durante os anos 80 surge no panorama teatral o Grupo Movimento Ar,que veio contribuir muito para o aprofundamento e pesquisa da linguagem teatraldirigida ao público infanto-juvenil.

O grupo nasceu dentro da companhia teatral Pasáigada, que sempre teve também como um dos seus objetivos atingir o público jovem. Do Grupo Pasáigada, cuja história será contada na edição de número12 da Camarim, formou-se o núcleo inicial: Cibele Troiano, Valéria Santos, Eber Mingardi e o dramatuigo e diretor Vladimir Capella.

Para a realização do espetáculo “Antes de Ir ao Baile”, primeiro deste núcleo, foram convidados os atores: Lizete Negreiros, Aída Leinei; Reinaldo Renzo, José Puebla e Wanderley Piras.

O nome do grupo vem de uma curiosa passagem. Todos se reuniram para decidir o nome do grupo e constataram que os signos de cada um tinham a ver com elementos de fogo, água e terra. A falta do elemento ar levou ao nome na intenção de dar o equilíbrio perfeito entre os quatro elementos.

Desde sua criação o Grupo pertenceu à Cooperativa Paulista de Teatro. Este vínculo com a Cooperativa se estendia na filosofia interna do grupo, que tinha os trabalhos burocráticos e de produção divididos entre os atores, assim como as entradas de dinheiro eram partilhadas de forma ig u a litá r ia entre todos os componentes.

O cooperativismo sempre esteve presente no dia-a-dia do Movimento Ar que se consolidou como um grupo de teatro especializado em trabalhos para a infância e juventude. Um dos principais

objetivos foi o de devolver ao teatro infanto-juvenil o direito que sempre lhe foi negado, o de ser respeitado, visto e aceito prioritariamente como Arte.

Foi o que aconteceu, através de um trabalho contínuo de propostas sérias e de q u a lid ad e , que co n trib u iu para o enriquecimento afetivo, moral, ético e psicológico de crianças e adolescentes, tornando o Grupo uma reverência para quem se dedica ao Teatro para esta faixa etária.

Sua temática sempre se voltou ao panorama cultural brasileiro.

Uma característica forte foi que o Movimento Ar nunca fez concessões no sentido de menosprezar a capacidade sensitiva e intelectual do público jovem. Ao contrário, seus espetáculos sempre foram carregados de p o esia , indagação e questionamentos relacionados com o universo infanto-juvenil. Como conta Eber M ingardi, muitas vezes esta postura acarretou observações mal digeridas e precipitadas da parte dos adultos, tais como: “Este espetáculo não é para crianças!”. Segundo Vladimir Capella, “o bom teatro atinge qualquer faixa etária”.

Com o Movimento Ar, Capella deixou inscrito seu nome no teatro nacional por meio de uma dram aturgia e criação específicas, quebrando preconceitos.

O maior sucesso do grupo foi “Maria B orralheira” . Foi o espetáculo mais premiado do teatro nacional na categoria teatro infanto-juvenil. Entre seus sucessos

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não se pode deixar de citar “Panos e Lendas”, que além de receber vários prêmios, tomou-se um clássico do teatro infanto-juvenil.

Do fim do grupo, em 93, para cá, novos grupos de teatro infanto-juvenil nasceram, outras se firmaram, criaram-se novos prêmios para esta categoria, a partir do impulso dado pelo Movimento Ar.

As questões levan tad as pelo Movimento Ar sobre Teatro para crianças continuam atuais. Por isso, publicamos ao lado um texto que ajudou a fundamentar a formação do grupo na década de 80.

Espetáculos realizados pelo Movimento Ar:

Antes de Ir ao Baile -1896

Maria Borralheira -1987

O Dia de Alan - 1989

Panos e Lendas -1991

Como a Lua -1992

Todos os espetáculos foram escritos e dirigidos p o r Vladimir Cappela.

“OTeatm destinado ao público infanto-juvenil padece de um sem-número de males: opreço menor dos in gressos, a quan tidade redu z id a de apresentações semanais, o espaço do palco sujeito ao espetáculo noturno, os preços proibitivos dos aluguéis e o descaso dos proprietários de casas de espetáculo. A fa lta de críticos especializados na imprensa, a escassa efalha divulgação dos veículos de comunicação e toda a sorte de preconceitos, inclusive na classe artística. Em virtude de tantas dificuldades, é fá c i l concluir que o Teatro pa ra crianças encontra-se num beco sem saída. Condição que tenderá a se eternizarpor causa do crescente desinteresse de bons e competentes atores, diretores e dramaturgos, desenvolverem seus trabalhos numa á rea que, além de necessitar conhecimentos e técnicas específicas, é tão pouco compensadora. ”

Grupo Movimento Ar

“Antes de Ir Ao Baile”: premiada montagem do Movimento A t 15

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NOTICIAS

Treinamento de Núcleos Sobre Procedimentos Contábeis

A Cooperativa está realizando, através da On Ti m e Assessoria Contábil, o treinamento dos procedimentos contábeis de seus núcleos. E fundamental que os cooperados participem, com pelo menos um integrante de cada núcleo, para que melhorem os procedimentos administrativos dos grupos e da própria Cooperativa. O treinamento visa orientar a elaboração do livro-caixa de cada grupo, o controle contábil dos recebimentos e despesas, chegando a indicar como cada cooperado deve declarar seu imposto de renda. Será gratuito e com atendimento específico para cada núcleo. Marque horário por telefone ou diretamente na sede da Cooperativa

Maiores Informações—Tel.: 258 7457 e 258 5361 com Jane.

Últimos Dias paraRecadastramento

O prazo para o recadastramento de cooperados termina no próximo dia 10. Os cooperados que ainda não se recadastraram devem comparecer à sede da C ooperativa com cópias do CIC, RG, DRT, comprovante de endereço e uma foto. E importante lembrar que quem não comparecer até esta data poderá ser excluído do quadro de associados ou ter seu grupo desfiliado. Outra sanção será o bloqueio de valores que porventura o cooperado ou seu núcleo tiver a receber via Cooperativa.

Bolsas para ProjetosEstão abertas as inscrições para o Programa de Bolsas da Rio

Arte de 99, da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Serão selecionados 25 projetos que sejam considerados importantes para a cidade, englobando as categorias de artes cênicas, música, artes visuais e arquitetura. Cada projeto selecionado receberá uma bolsa de R$ 1.500,00 mensais, durante um ano. O prazo final para a entrega dos projetos é 20 de Agosto.

Informações pelos telefones (021) 265-9960 e (021) 285-5344ou no site: www.rio.rj.gov.bn

FacilidadesPara benefício do cooperado

será aberta para cada associado uma conta de recebimento no Banco do Brasil e todos os associados da C ooperativa receberão seus pagamentos em conta bancária, agilizando e facilitando o processo de recebimento dos cachês.

Alfândega CulturalDesde Abril, está em vigor uma

nova medida da Secretaria da Receita Federal, com força de Lei, específica para a entrada e saída de bens culturais no País. O despacho aduaneiro de admissão temporária dos bens culturais passa a ter por base a declaração Simplificada de Importação (DSI). Desta forma, a en trada e sa ída de cen ário s , figurinos e objetos de cena que sempre causaram dores-de-cabeça a artistas e produtores, têm agora um meio facilitado de circulação entre o Brasil e outros países.

Entontro de Dramaturgos

Será realizado de 18 a 21de Novembro, na Cidade do México, o “Encontro Internacional de Novos D ram aturgos” que p re ten d e discutir as funções e o significado atual da profissão. Para participar é necessário ter entre 25 e 30 anos. A lém d isto é ex ig id o que o interessado tenha publicado ou estreado pelo menos três obras e será dada preferência àqueles que já tenham receb id o a lgum a premiação.

Maiores informações -Tel.: (011) 284-8421com Eudósia Acuna.

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OLHANDO A IMPRENSA

Imprensa e Teatro Em Tempos de BarbáriePor Oswaldo Mendes

Antes se perguntava sobre o papel da imprensa, como ainda hoje se pergunta o mesmo sobre o teatro, a poesia, a arte enfim. Bem, começa que, depois do advento da informática, diminuiu muito o consumo de papel nas redações e já nem se fala mais em imprensa mas em mídia. Com isso o papel se tornou artigo raro na imprensa — digo, na mídia. Logo, não cabe mais indagar sobre o seu papel na vida, e por conseqüência na cultura do país. Quanto ao teatro, o seu papel continua o de sempre, de testemunha do seu tempo e resistente guardião do humanismo na luta contra a barbárie. Foi assim desde os gregos e, embora não seja tanto assim nos dias que correm, é esse o papel que vai lhe garantir a sobrevida pelos séculos afora.

A imprensa - desculpem, a mídia - dispensa ter um papel, além daquele outrora regiamente subsidiado pelo Estado (vocês sabiam?) e usado para imprimir letrinhas, fotos e gráficos. Aliás, ela adora gráficos, estatísticas e pesquisas “de opinião” (assim mesmo, com aspas), recursos que a desobrigam de pensar e ter outras responsabilidades além de vender fascícu los, CDs, v ídeo s, panelas e

bugigangas v á r i a s . (Como se vê , S ílv io Santos fez escola com o Baú da

Oswaldo Mendes em cena d e . “Voltaire”.

Felicidade.) E como o leitor é antes de tudo um consumidoi; a imprensa — desculpem, a m íd ia - even tua lm en te o ferece informações e idéias, até porque é preciso manter as aparências junto ao chamado “público qualificado” e a quem oferece então alguns produtos culturais, onde inclui o teatro. Mas não se espere dela nada além disso. Há, aqui e ali, um editor mais sensível que abre maior espaço às coisas do teatro— e temos que pedir aos deuses que esse editor tenha vida longa e não seja vítima de alguma “política de redação” ou de algum diretor de m ark eting. Estamos falando da imprensa - desculpem, da mídia - diária mas há outras, algumas até mantidas por Leis de Incentivo à Cultura (sabiam?), que usam papel m ais caro e de m elhor qualidade. Mas dispensam outro papel além daquele de serv ir ao mercado editorial, pois os seus compromissos com a Cultura se limitam aos resultados do seu departamento financeiro.

Conclusão: no obscurantismo reinante da ditadura do m ark etin g cultural, o teatro— e tudo e todos que o cercam, incluindo a crítica como um exercício de reflexão necessário — tem que buscar outras mídias, outras pon tes, outros can a is de aproximação com o público. Porque a imprensa, sua fiel aliada de outros tempos, já não sabe o papel que lhe cabe diante da barbárie institucionalizada. E, afinal, como dizia o velho Brecht, de que adianta a liberdade de opinião (e o teatro é uma maneira de interferir na vida social) se os donos dos jornais, os que detém os veículos de comunicação de massa, não nos dão o direito de expressar essa opinião ou de, pelo menos, dizer que ela existe?

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JSTÉmA____________ _______^ ^ ^

Teatro cfe RepertórioPor Eduardo Tolentino

Raras vezes no Brasil, um ator ou d ireto r tem no seu cu rrícu lo uma quantidade de espetáculos equivalente aos anos de carreira. Se tiver a sorte de cair num sucesso vai ficar empregado, mas com as limitações de criação impostas por uma longa temporada. Se sair de um fracasso não tem garantias da continuidade de trabalho. Como nossa formação é empírica, já que não temos boas escolas de teatro, isso é um problema sério.

O trabalho em grupo soluciona em parte essa questão porque não só permite uma preparação mais elaborada no período de ensaio, como também uma perspectiva de trabalho a longo prazo. No entanto, as prioridades do grupo nem sempre são compatíveis com a necessidades individuais dos seus integrantes e essa é uma das maiores dificuldades para a manutenção de um elenco fixo.

Nesse sentido o teatro de repertório lança outro ponto de vista sobre a relação dos atores com os grupos porque permite uma variedade de experimentação num

período de tempo mais concentrado. Além de gerar um tipo de estímulo provocado pela circulação do conjunto de atores em diversos tamanhos de papel, que implica num fortalecimento na qualidade do todo.

Há toda uma geração de grandes atores brasileiros que se formou no repertório dos Teleteattos no início da televisão, mas sua transposição para o palco sempre esbarrou na rigidez de um modelo de teatro baseado na figura do ator/empresário que remonta às origens de sua formação. O protagonista único não se encaixa numa companhia de repertório porque cria em tomo de si uma estrutura de hierarquia estratificada e acomodada.

Outro aspecto in teressante a ser levantado sobre a questão do repertório é o público. Quando as platéias gregas iam assistir as tragédias já sabiam do que se tratava. O que fazia a diferença era a maneira de contá-las. O sucesso de um filme como “Titanic” confirma a regra de que não só os gregos pensavam assim. O teatro é uma arte que pode e deve encantar

os iniciantes, mas quanto mais se é iniciado mais se pode desfrutar das velhas e novas histórias e das pos­sib ilidades in fin itas de serem contadas.

A idéia de repertório, apesar de antiga, é um tema novo no teatro brasileiro. Em m uitos aspectos é bastante questionável. Aqui foram alguns dos, seus pontos positivos para quem se interessar pela discussão.

“Vestido de Noiva”: repertório do Grupo Tapa.

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G rupo s Q ue F azem O T eatro A co n tec er

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A r l e q u i n s d e T e a t r o A r t h u r A r n a l d o As G r a ç a s As M a d a m a s As M e n i n a s d o C o n t o A s f a l t o S e l v a g e m C ia . A t u r a r t e C ia . F a l b a l á B a l e i a A z u l B a r a t a A lb in a B a r r a c ã o T e a t r o B e n d i t o s M a l d i t o s B o n e c o s U r b a n o s B o t o V e r m e l h o B u r l a n t i m C a n t o s e A t o s C a s a d o S o l C a s c a d e A r r o z C e m i t é r i o d e A u t o m ó v e i s C e n a s e L e t r a s N ú c l e o C ê n i c o P a u l i s t a C ia d o F e i j ã o C h i q u i t i t a s C i r a n d a r C i r c o B r a n c o C i r c o e . C ia

C ir c o G rafitte C ir c o N avegador C írcu lo de C omediantes C l ips e C l o p s C oan e C ia.C o n f r a r i a T e a t r a l N ih i l C o n t a n d o F l o r e s C o r o p o s t a D e l i r i u m T r e m e n s D e u s d e m o T e a t r o D ia d o k a i D r a g ã o 7 Duo C l o w n Duo M a r c e F e r r a n E n t e u d e T e a t r o E s c o l a L i v r e G r u p o E s t r a n g e i r o E u r e k a E x p r e s s o A r t F á b r i c a C ê n i c a F á b r i c a C ia . T e a t r o F a r á n d o l a T r o u p e F i l h o s d e P r ó s p e r o F o l i a s D r a m á t i c a s F o r ç a T a r e f a F u l a n o s d e T a i s F u r u n f u n f u m C ia . T e a t r o d o M i t o G i r a C ia . T e a t r a l G i r a s o n h o s G r a n d i o s a C ia .

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M i s t é r i o s e N o v i d a d e s N a C o m p a n h ia d o S o l N a u d e Í c a r o s N ú c l e o d o C a s t e l o O m s t r a b Os C h a r l e s Os E x t r a d i v á r i o s N ú c l e o d e P e s q u i s a L a t i n o A m e r i c a n a P a r l a p a t õ e s ,

P atifes & P a spa lh ões P asárgada P aulista de A rte P aulista de P antomima

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P ia F raus T eatro P ic e N i cP imentas A tô n ito s P om pa C ôm ica G r u p o P utas R a s o da C atarina R a y L uar R eino das

Á gua s C laras R enata J e sio n S ã o G e n ésio S obrev ento S tudio A rte Viva S tultíferas N aves T eatro de P apel T eatro d o s Q uinto T eatro In tim o T eatro S e m N o m e T e a tro a o stra g o s T erra B rasileira T ragédia P ou ca

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