O que me interessa a opinião de fulanos que nunca me encontro?

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  • 8/19/2019 O que me interessa a opinião de fulanos que nunca me encontro?

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    Por que estou aqui?Descubraa razãopelaqual utiliza a rede social(trabalho, amizadeetc)etenteagir deacordo

    Para reflexãoPense duasvezes antesde postar. Se estiveremdúvida, aguarde30minutos,para deixarpassaro calor domomento

    O tempo diráQuando quiser publicarou comentaralgo, pense:“Daquia umano, voumearrependerdisso?”

    Papas na línguaLembre-sequea redesocial é umacomunidade.Vocênãoataca seu vizinhoporque achaele cafona

    É mesmo?Cheque as informaçõesantesde replicá-las oudecompartilharum link

    Agora vaiEstabeleça regrasde uso,comlimites e tempocerto

    Ao vivo e a coresUsea rede socialparafacilitar encontros,e nãocomo umencontropor sisó

    Sua caraLembre-seque,numaentrevista de emprego,seuperfilpodesersuavitrine.Emalgumasáreas, érecomendado terdiscrição

    Deixa dissoSe entrar emdiscussõesnãofizer bem, aprenda adesapegar dodebate

    Meu passadoTenhaemmentequeainternetnão esquece—algo postado naredesocial podeficar registradomesmoquevocêapagueoconteúdodepois

    Fonte: Programade DependênciasTecnológicasdo InstitutodePsiquiatriado Hospitaldas ClínicasdeSãoPaulo

    DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2016   H  H  H   cotidiano  B9ab 

    MARCOS AUGUSTOGONÇALVESEDITORDA “ILUSTRÍSSIMA”E DA“SÃOPAULO”

    Entrei no Facebook em2009. Foiincrível: comecei aencontrar pessoas que não

     viahá séculos,a falarcompa-rentes quemoram em outrascidades e comamigos quevi-

     vem fora do país. Sabia ins-tantaneamenteondeestavame o quefaziam.Sentia-meco-mosetivesseembarcadonumtúneldotempoquemetrans-portavaaofuturo,aumaexis-

    tênciavirtual veloz,conecta-da,sem os obstáculosdo ve-lho mundo de átomos.

    Jornalista, a rede foi aospoucos parecendo uma

    necessidadeprofissional: pa-ra divulgar meustextos e co-lher assuntos emergentes etendências. Comoestava tra-balhando num livro (“1922 –A Semana que não Termi-nou”,Companhia dasLetras)resolvi ampliar o território—e abri também uma contano Twitter.

    Fiquei fascinado com aperspectiva de escrever em140caracteres.Sou bomnis-so. Comecei com interven-ções umpoucoliterárias, mi-metizando os relâmpagos

    poéticos de Oswald de An-drade. Muita gente gostava.Eu também.

    Com o passar do tempo,não conseguia mais passar

    um diasem marcar presençanasredessociais.O aumentodonúmerode amigos, quejánão eram mais amigos, maspessoasque eunão conhecia,agradou-me inicialmente,mas depois não: mais genteera menos interesse, menosqualidade nos comentários,menosgraçae menoshumor.

    Coma politizaçãoe a pola-rização generalizada a coisapiorou. O Twitter tornou-seumafuzilariae resolvisair.Aideia era permanecer no Fa-cebook, então menos politi-

    zado e mais amigável. Nãoduroumuito.As hordasmili-tantes foram aos poucos do-minandooespaço.Ecadavezmaistudopassavaa serobje-

    to de Flá-Flus indigestos. Oque antes parecia um lugarpromissor para a troca deideiase o esclarecimento, re-

     velou-se o picadeiro da “bur-ritsia” (o contrário da intelli-gentsia)e daobviedadepoli-ticamente(in)correta.Não dápara ficarnumarodaquetemgente incapaz de entenderumaironia (aopontode vocêter que explicar que se tratade uma!). O maniqueísmotriunfou e instaurou-se umaconversaplana, perfeitamen-teidiota e inútil.

    A tônicapassou a ser a in-tolerância,o pensamentobo- vino uniforme e religioso, ocultoàpersonalidade,oódio,a caça às bruxas, a sede de

     vingança, a vontade de pren-der,punir, calar,criminalizar,censurar. Quando percebique eu mesmo começava aparticipar desses torneios,perdendo tempo, ganhandoinimigos e atingindo diaria-mente graus elevadíssimosde irritação, desisti.

    Por que afinal preciso en-

    contrar tanta gente que eumal conheço para ver seusgatinhos e ouvirsuas previsí-

     veis e quase semprerasas opi-niões sobre política, moralou costumes? Por que teriade conviver com militantesestúpidos,de esquerda ou dedireita, quese comportamoucomo pregadores fanáticosou como micos amestra-dos?Oquemeinteressaaopi-niãodefulanoousicranoqueno mundo real eu veria poracaso duas vezes por ano —ou nem isso? E por que eudeveria brigar comamigosde

     velha data por causa doque disseram ou não sobreChico Buarque?

    O resultadoda desistênciaé ótimo: mais tempo, menosexasperação, menos encon-trosindesejáveise menosgri-taria. Recomendovivamente.

    DEPOIMENTO

    Oquemeinteressaaopiniãodefulanosquenuncaencontro?No começo, o Facebook era incrível; agora, é espaço para pensamento bovino

    GUIADE ETIQUETAPara redes sociais

    DE SÃO PAULO -  Um shoppingno Brás, região centralde SãoPaulo, ficou completamentedestruído após um incêndioneste sábado (12). Um bom-beiro ficou ferido, sem gravi-

    dade apóspartedo teto dolo-cal desabar.O secretário de Segurança

    Pública,AlexandredeMoraes,estevenolocale disse quenãohouve vítimas fatais. O shop-pingFamily, naruaMonsenhorAndrade, tinha cerca de 400boxesdelojas—amaioriaven-dia roupas e bolsas.

    Deacordocomtestemunhas,nomomento emqueo fogoco-meçou,comerciantescorrerampara dentro do shopping, quetambém serve de depósito,pa-ra salvar mercadorias.

    Como incêndio,cincoquar-teirõesda ruaforaminterdita-dos,entre asruas JoãoTeodoroe Oriente.Como háriscode de-

    sabamentodoshopping,aáreamaispróximaao incidente de- ve ficar isolada nos próximosdias.O Instituto de Criminalís-ticavai investigaro incêndio.

    PREJUÍZO

    IncêndiodestróishoppingnoBrásedeixaumferido