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O que os olhos veem... O COR AÇÃO TAMBÉM SENTE... V.I.U. ? (* Violência, Incivilidade e Urbanidade) E.E.I. Conde do Pinhal 2018 *

O que os olhos veem · 2020. 8. 19. · 3 Prefácio Quando os jovens perguntam para seu professor como proceder para serem bons escritores, este deveria responder como José Saramago:

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O que os olhos veem...

O CORAÇÃO TAMBÉM SENTE... V.I.U. ?

(* Violência, Incivilidade e Urbanidade)

E.E.I. Conde do Pinhal

2018

*

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Prefácio

Quando os jovens perguntam para seu professor como proceder

para serem bons escritores, este deveria responder como José Saramago:

“Não tenham pressa, mas não percam tempo”.

É desta forma que iniciamos este prefácio, o tempo não espera, por

isso não queremos perder tempo e nem a oportunidade de apresentar este

livro que foi produzido em parceria entre a Escola Estadual de Ensino Inte-

gral Conde do Pinhal e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com

a intenção de divulgar um pouco daquilo que aconteceu durante a ministra-

ção da disciplina eletiva “O que os olhos veem o coração também sente: VIU?

(Violências, Incivilidades e Urbanidade)”, oferecida no 2º semestre de 2018.

E nesta perspectiva que queremos convidá-los(as) para leitura deste

livro que é fruto de muitas experiências positivas, aprendizagens, criações

artísticas, realizações textuais e de audiovisuais, bem como a possibilidade

de construir novos olhares por meio de trocas de conhecimentos e realida-

des, um “montante de tempo” em que os adolescentes e jovens da Escola

Conde desenvolveram suas brilhantes concepções e percepções sobre con-

vivência e alteridade.

A escola, bem como seus professores acreditam no diálogo para

modificar a realidade, por isso as atividades desenvolvidas estavam direcio-

nadas as questões referentes às violências escolares, vislumbrando e con-

textualizando as possíveis relações violentas, muitas vezes, naturalizadas

dentro da escola, com o objetivo de socializar visões diferenciadas e contri-

buir para possíveis alternativas de melhor convivência.

A metodologia escolhida para discutir os aspectos diversos do tema

foi baseada no processo e na produção de materiais escritos e de audiovi-

suais elaborados pelos alunos do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental e dis-

centes do Ensino Médio que, a partir de diferentes propostas, intituladas de

“exercícios”, puderam (re)observar e debater sobre os desafios da juventude

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em três perspectivas: no mundo, na escola e nas relações interpessoais, e em

cada uma delas tivemos o propósito de relacionar as violências: físicas; ver-

bais; psicológicas e simbólicas.

Os exercícios construídos a cada aula, com intenção de debater os

temas apresentados foram compreendidos como um conjunto de regras e/

ou desafios por meio da produção de imagens – fotografias ou audiovisuais,

ou por produção escrita – poesias, fábulas, cartas, depoimentos etc. –, nas

quais os alunos foram protagonistas de todo o processo.

Aqui selecionamos alguns dos produtos finais que, na verdade, são

pequenos recortes das grandes (re)construções que ocorreram durante o

desenvolvimento das várias atividades. Podemos afirmar que o processo da

criação foi muito melhor que os produtos, porque a comunicação e os laços

criados foram extremamente enriquecedores.

De acordo com os estudantes existem inúmeros tipos de violências

presentes no dia-a-dia de qualquer unidade escolar, portanto, discuti-las,

entendê-las e melhorar as formas de convívio se faz urgente e necessário.

Como disse o poeta Mário Quintana:

Na convivência, o tempo não importa. Se for um minuto, uma hora, uma vida.

O que importa é o que ficou deste minuto, desta hora, desta vida...

Lembra que o que importa é tudo que semeares colherás.

Por isso, marca a tua passagem, deixa algo de ti,...

do teu minuto, da tua hora, do teu dia,

da tua vida.

Na perspectiva pedagógica desenvolvemos um trabalho considera-

do de curto tempo (apenas um semestre), visto que para a educação as mu-

danças de atitudes são planejadas para longos prazos, mas era o tempo que

tínhamos... Acreditamos, como Mário Quintana, que semeamos “um tem-

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po” para a vida destes adolescentes e jovens... Assim, utilizamos o nosso

tempo, e o tempo desses discentes para fazer a diferença no que se refere a

entender: quem somos nós, o que fazemos e como nos socializamos dentro

e fora do ambiente escolar.

Agradecemos a oportunidade de aprender com estes estudantes e

de vivermos um tempo precioso, um tempo extremamente necessário e ur-

gente para refletirmos sobre a melhor forma de nos tornarmos mais huma-

nos, mais éticos e mais valorosos perante a sociedade de hoje.

Assinatura coletiva, da forma como foi desenvolvida toda essa ação edu-

cativa:

Professores da E.E.I. Conde do Pinhal: Ana Lígia Criado Suman, Cláudio

Adrião Goyano e Paulo Rogério da Silva. Docente da UFSCar Profa. Dra.

Maria Cecília Luiz e seus 13 orientandos: Brenda Cristina Antunes; Daniel

Machado Schmid; Caroline dos Santos Spindola; Célia Maria Rosa; Fernanda

Cristina da Silva; Jéssica Veloso Morito; João Paulo Tadeu; Maiara Cristina

Santos Bezerra; Maria Carolina Gurgel; Rafaela Maria Rodrigues; Renata

Reis Genuíno; Ridamar Aparecida de Oliveira; e Silveliana S. Silva.

Primavera de 2018

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SEI QUE VALE A PENA

Talvez, a única violência que exista seja a luta para não deixar

de pensar e sentir...

Talvez, todo murro dado em alguém apenas foi à falta de uma palavra que

não foi falada...

Talvez, tudo que sabemos prova que nada se aprendeu...

São tantos “talvez” que nos perturbam... Que nos perguntamos:

- Vale a pena?

Viver significa lutar, dar murros e aprender...

- Sim, sempre vale a pena!

Poesia escrita por João Paulo Tadeu

(graduando do Curso em Licenciatura em Pedagogia da UFSCar)

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SUPERANÇA

Existe um local no qual as crianças, adolescentes e jovens podem

viver em tempo e ensino integral, repleto da presença jovial e diversidade

social. Esse espaço é considerado pelos adultos como uma proposta de as-

censão social e cultural.

Teriam os jovens um olhar tão “bom astral” para um espaço roman-

ticamente considerado pela sociedade como sendo fenomenal?

Hum! Nesse espaço, nem todos tem o mesmo ideal, seja ele cultural,

ou profissional. Alguns vivem como se estivessem em uma peça teatral, e

outros se sentem em um sistema prisional. Pouco o entende como um espa-

ço de aprimoramento pessoal e social, para a formação indicada nas Leis de

Diretrizes Básicas e Constitucionais.

O sistema institucional nos permite observar os aspectos compor-

tamentais dos jovens mediante as próprias lentes, suas criações textuais, e

audiovisuais. Em meio aos aparelhos eletrônicos, sons musicais produzidos

pelos aparatos tecnológicos da instituição em pleno horário de almoço, as

relações vão acontecendo. Os encontros de olhares debochados que obser-

vam as roupas que os pares estão vestindo, cochichos, risos, gritos de cha-

mamento através de apelidos. Todos, sem exceção, sob o comando das an-

tigas regras institucionais e cerceados pela estrutura sistematizada, agindo

e reagindo com naturalidade.

A ciranda comportamental intensifica-se à medida que aumenta a

pressão por “bons” resultados, provocando uma reação em cadeia, que se

inicia por aquele que está no primeiro comando, instalado em uma insti-

tuição externa, o Estado. Na sequência vêm as cobranças, os simulados, os

vestibulares, etc. Tudo acontece como enxurrada descendo morro abaixo.

As consequências são inevitáveis, os ânimos se alteram e as práticas das vio-

lências físicas, verbais, psicológicas e simbólicas, também se intensificam.

Basta a contrariedade nos anseios, as diferentes propostas de planos de vida

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entre os pares, que tudo fervilha como em um caldeirão de azeite quando

levado ao fogo.

Embora haja controvérsias quanto aos ditados populares “é conver-

sando que se entende”, e “a cabeça não foi feita só para carregar chapéu”,

as relações dentro desse espaço também é mediado por diálogos, e os cé-

rebros também são instigados às reflexões. Nesse contexto cria-se, aos jo-

vens, a oportunidade e possibilidade de construir, de desconstruir, e recons-

truir suas trajetórias alicerçadas no conhecimento.

Portanto, pode-se dizer que existe remédio para essa sociedade de

liderança e dominância. É através de um grande movimento de superação e

esperança, a “Superança”.

Qual é o local que provoca essa mágica? O espaço escolar.

Crônica escrita por Célia Maria Rosa

(mestranda do Programa de Pós Graduação em Educação da UFSCar)

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SUMÁRIO

PARTE I - Produções coletivas dos discentes_________________________11

Poesias de estudantes dos 8º e 9º Anos do Ensino Fundamental_______13

Violências_____________________________________________________13

Sentimentos___________________________________________________14

Poesia de estudante do Ensino Médio_____________________________15

Em um mundo injusto___________________________________________15

Fábulas de estudantes dos 8º e 9º Anos do Ensino Fundamental______16

A história da Pigtigresa__________________________________________16

Rãberta_______________________________________________________17

Titi, o passarinho perdido________________________________________18

Fábulas de estudantes do Ensino Médio___________________________19

Os sem comida________________________________________________19

O João de vento________________________________________________20

Ararinha azul__________________________________________________21

A coelhinha e o sapo____________________________________________22

Cartas de estudantes dos 8º e 9º Anos do Ensino Fundamental_______23

Carta aos amigos_______________________________________________23

Carta a todos da Escola Conde____________________________________24

Fotografias___________________________________________________25

Audiovisuais__________________________________________________26

PARTE II - Produções individuais dos discentes______________________27

Poesias_______________________________________________________29

Violência______________________________________________________29

Violência o peso de um “não”_____________________________________30

Textos________________________________________________________31

Violência no recorte das periferias_________________________________31

Violência______________________________________________________33

Violência silenciosa: os danos emocionais___________________________34

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Agressão no ônibus_____________________________________________35

Violências_____________________________________________________36

Gestos machucam______________________________________________37

As regras violentas_____________________________________________38

Violência______________________________________________________40

Depoimento 1_________________________________________________41

Depoimento 2_________________________________________________42

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PARTE I

Produções coletivas dos discentes

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Poesias de estudantes dos 8o e 9o anos

do ensino Fundamental

Violências Desenvolvida no tema violência física

Eu entro em desespero

Eu sinto uma aflição

Por dentro eu me omito

E sinto essa pressão

Eu entro em desespero

Sinto raiva

Sinto tristeza e amargura

Esses sentimentos não acabam

Apenas continuam

Verbalizam algo do cotidiano

Tapas, socos e arranhões...

Como não consigo sentir,

me delimito a pensar e refletir.

Grupo: “Todos Podem”Autores: Ingrid Pietra Julião Cartaxo | Islaine Pereira dos Santos | Jonas Edu-ardo Alencar | Julia Almeida Abackerli | Kauã Felipe Domingues | Gustavo da Silva Soares | Rafaela Luis Costa de Souza

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SentimentosDesenvolvida no tema violência física

Lembranças que assombram minha mente

Sentimentos que oprimem meu ser

Medo que faz esse segredo me corroer

Lágrimas que saem de mim, sem ninguém saber...

Sentimento familiar que me faz correr

Correr para sempre sem eu mesmo perceber

Um amigo que nos ajuda e depois um medo que nos muda

Na escola decidimos quem queremos ser

Para depois perceber que tudo nessa vida só depende de você

Quem corre alcança

Quem procura encontra

Quem bate a porta se abre

Se correr atrás de briga, vai alcançar a briga

Se procurar encrenca, vai achar encrenca

Quero viver em um mundo, que todos possam entender

Que para ser feliz basta apenas ser você!

Grupo: “Pequenas Mentes, Grandes Personalidades”Autores: Amanda Rodrigues Packer | Bruno Henrique dos Santos | Carlos Vic-tor dos Santos | Derek Henrique Martins Rotta | Kailaine Larissa de Souza | Lucas César Dias Oliveira | Maria Eduarda Afonso da Silva | Naara de Souza Barreto | Vitória Tainá Santana Contrajani

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Poesia de estudante do ensino médio

Em um mundo injustoDesenvolvida no tema violência física

Você perde a qualquer custo,

A vida parece uma ilusão

A violência é tanta que me perco nessa situação...

Um tapa, um soco...

Eu grito e fico rouco

Mas, ninguém ouve, ninguém escuta

Todos em suas vidas... Vidas podem ser curtas

Por que existe a violência? Eis a questão!

Pessoas se incomodam com a felicidade do outro

Será que a morte é a solução?

Grupo: “Music Life”Autores: Ary Munerato Neto | Beatriz Cristina Moreira | Bianca Costa Rodri-gues | Larissa Cristina Cerminaro Micheletti | Rafael Silva Possato|Sandyslaiza dos Santos | Sandyslene dos Santos

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Fábulas de estudantes dos 8o e 9o anos

do ensino Fundamental

A história da PigtigresaDesenvolvida no tema violência simbólica

Em um dia ensolarado, com uma brisa quente uma porca chamada

Pigteodora estava se preparando para seu primeiro dia de aula.

Ela chegou na escola alegre, empolgada, mas percebeu que os alu-

nos e professores eram tigres e o diretor um leão.

Pigteodora tentou se enturmar, mas ninguém a aceitou por ser dife-

rente de todos os alunos da escola.

A partir deste dia ela só foi vista de tigre, para não ser excluída.

Ela passou a se tornar um tigre e ser excluída da própria família.

Com tristeza no coração... Dividida pela vontade de ser popular ou

ser aceita em sua casa, ela escolhe viver com sua família e passar a ser ela

mesma.

Moral da história: tem tanta gente com vergonha de ser o que é por causa de gente sem vergonha!

Grupo: “Flashback”Autores: Judy Camille de Mattos Elio | Julia Bernardeli | Julia Tavares dos Santos | Moisés Elias Garbujo Neves | Nicolly Caroline da Silveira | Luisa Tava-res dos Santos | Luiz Felipe da Silva Santos | Sear Iasub Salazar Tapia | Vitória Peixoto de Santi Oliveira

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RãbertaDesenvolvida no tema violência simbólica

Em um dia ensolarado, em um lago, havia uma rã.

Quando ela avistou do outro lado um sapo, e querendo fazer amiza-

de, se aproximou dele e disse:

- Oi! Eu sou a Rãberta! E você, como se chama?

O sapo respondeu:

- Aí, você parece ser nojenta! Vai embora!

A Rãberta foi embora muito triste. Foi conversar com seu amigo gri-

lo para desabafar e contar o que havia acontecido.

O grilo disse;

- Não fique triste, rã! Ser diferente não é um problema!

A Rãberta ficou bem depois dessa conversa com o grilo, e decidiu

não ligar mais para as opiniões dos outros.

Moral da história: “Seja como você é e não mude por ninguém”.

Grupo: “Todos Podem”Autores: Ingrid Pietra Julião Cartaxo | Islaine Pereira dos Santos | Jonas Edu-ardo Alencar | Julia Almeida Abackerli | Kauã Felipe Domingues | Gustavo da Silva Soares | Rafaela Luis Costa de Souza

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Titi: o passarinho perdidoDesenvolvida no tema violência simbólica

Era uma vez um pássaro filhote chamado Titi, que caiu do ninho e

acabou se perdendo da mãe. A partir disso, ele começou a sentir triste, so-

zinho e revoltado.

Ele foi em busca de amigos, mas não sabia como se enturmar com

os demais, por isso bicava a todos.

Ninguém queria ficar perto dele, e cada vez mais ele se sentia sozi-

nho.

Um dia, chegou perto dele um lindo beija-flor tentando fazer ami-

zade de forma diferente, deu a ele amor, carinho, compreensão e atenção.

Por causa desta amizade conseguiu se enturmar e mudar o seu jeito

agressivo de ser.

Moral da história: “Faça para os outros o que gostaria que fizessem com você”.

Grupo: “8Clube”Autores: Ana Carolina Oliveira | Bruno Guilherme Ramos | Julia Cassiano Do-mingues Leite | Maria Vitória de Paula Bonfim | Mylena Leite Escafura Gou-veia | Paola Marchi Couto | Rafael Rodrigues da Silva | Thalita Costa Lopes

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Fábulas de estudantes do ensino médio

Os sem comidaDesenvolvida no tema violência simbólica

Era uma vez uma macaquinha que estava levando sua vida normal-

mente até que uma reviravolta muito grande aconteceu: um incêndio na

floresta onde morava. Para sobreviver, a macaquinha precisou sacrificar sua

pata para conseguir sair do fogo e isso trouxe sequelas, tanto para seu físico

quanto ao seu emocional. Já era difícil se adaptar ao novo estilo de vida com

todas as adversidades, ademais, quando os seus semelhantes passaram a

discriminar suas diferenças sem levar em consideração tudo o que ela teve

que sofrer para sobreviver até o momento.

Devido à queimada na floresta, toda a vegetação rasteira foi con-

sumida pelo fogo e os animais que o discriminaram começaram a passar

fome, ficando apenas a macaquinha com capacidade de subir até o topo e se

alimentar. Contrariando as expectativas, ao invés do rancor, a macaquinha

subiu e buscou o alimento para todos que, muito agradecidos, passaram a

trata-la de modo diferente.

Moral da história: O problema não é ser diferente, o problema é tratar di-ferente.

Grupo: “Libertadores”Autores: Ana Carolina Moreira | Beatriz Pena Gonçalvez | João Paulo Zacarias | Liandra Kamila da Fonseca | Livia Vitoria Lima de Lima | Nicole Rodrigues Padovan | Vitoria Maria Moreira

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O João de ventoDesenvolvida no tema violência simbólica

Esse é o João de Vento, um pássaro aventureiro que adora viajar e

conhecer lugares novos. Um dia propuseram a João de Vento que frequen-

tasse a escola de Ensino Integral para que pudesse adquirir conhecimentos

novos. Empolgado com o convite, João não pensou duas vezes e logo come-

çou a frequentar as aulas.

Após alguns dias na escola, João de Vento percebeu que os conhe-

cimentos que lhe proporcionaram não eram o que ele esperava, e sim algo

totalmente diferente de sua essência.

Quando terminou seus estudos, João de Vento foi influenciado a se

tornar um João de Barro, porém priorizou seus valores e escolheu não ser

igual a todos e continuou seguindo feliz sua vida de aventura, mesmo sendo

diferente de todos.

Moral da história: Não deixe que a sociedade te torne um João de Barro se você é um João de Vento.

Grupo: “ISI = Integrais, Supimpas e Interessantes”Autores: Ana Beatriz da Silva Costa | Driely Fernanda Oliveira de Abreu | Ga-brieli do Nascimento Callegaro | Gabrielle Stephany Silva de Deus | Hélidy Cristina Delello de Siqueira | Keli Almeida de Carvalho | Larissa Ghisloti | Ma-ria Alice de Oliveira | Pablo Henrique Costa Silva

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Ararinha azulDesenvolvida no tema violência simbólica

Era uma vez uma ararinha azul, que veio de um Reino tão distante

chamado Acre. Ela precisou migrar para o Reino São Paulo, no intuito de

melhorar seus estudos e sua moradia.

Após sua chegada, teve dificuldades para se adaptar, tanto na cultu-

ra quanto nos estudos e amizades. Chegando na escola, todos estranharam

por sua cor, pelo fato de que neste Reino todos eram vermelhos. Após al-

guns dias começaram a apelida-la de Acre, por conta do seu lugar de origem.

A ararinha Azul se sentiu incomodada pelo apelido que deram para

ela, com isso alguns amigos perceberam sua tristeza e decidiram tomar uma

atitude, Certas ararinhas foram conversar com as outras que estavam falan-

do do apelido para resolverem essa questão de desconforto.

Depois da conversa, reuniram-se e fizeram uma grande amizade,

respeitando seu lugar de origem e suas diferenças.

Moral da história: Aceite as diferenças e todos deverão ser respeitados por elas.

Grupo: “LEGA-SE: nossos legados serão nossos sonhosAutores: | Bianca Lemes de Andrade | Darfeli Araujo da Costa | Esthefany Rosales Pires da Silva | Esther Vitórialourenço de Araujo | Marques Danilo Gomes de Jesus Dias | Stefany Rodrigues dos Santos | Victor Augusto Mon-zani

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A coelhinha e o sapoDesenvolvida no tema violência simbólica

Em um belo dia a coelhinha foi para a escola, onde teve uma aula de

ciências com a professora raposa. E a professora disse:

- Hoje teremos uma atividade em dupla, nada mais e nada menos.

A coelhinha se sentou com seu amigo sapo, porém eles não enten-

deram uma das perguntas e chamaram a professora, mas ela fez como se

ninguém tivesse chamado ela, e foi ajudar os outros alunos, deixando-os se

virarem sozinhos. E mesmo sem a ajuda da senhora raposa, eles consegui-

ram tiram a melhor nota da sala.

Moral da história: Mesmo sem a ajuda dos outros, você deve demonstrar o melhor de si.

Grupo: “Music Life”Autores: Ary Munerato Neto | Beatriz Cristina Moreira | Bianca Costa Rodrigues | Larissa Cristina Cerminaro Micheletti | Rafael Silva Possato | Sandyslaiza dos Santos | Sandyslene dos Santos

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Carta de estudantes dos 8o e 9o anos

do ensino Fundamental

Carta aos amigosDesenvolvida no tema violência física

Olá, pensando em todas as brigas que já tive e a que tivemos hoje,

percebi que não vale a pena, pois está fazendo mal pra mim e, eu queria te

pedir desculpas para você (sic) e para todos que já briguei, pois quero ficar

na paz com todos.

Mesmo que a gente ainda não concorde (sic), com opinião diferente

uma das outras, acho que foi desnecessário ter partido pra violência, porque

só fez gerar mais conflitos entre a gente.

Se não nos resolvermos e não voltarmos a ser amigos, espero muito

... E quero que nós tenhamos o mesmo respeito que tínhamos (sic) antes,

que pelo menos isso prevaleça.

Grupo: “Flashback”Autores: Judy Camille de Mattos Elio | Julia Bernardeli | Julia Tavares dos Santos | Moisés Elias Garbujo Neves | Nicolly Caroline da Silveira | Luisa Tava-res dos Santos | Luiz Felipe da Silva Santos | Sear Iasub Salazar Tapia | Vitória Peixoto de Santi Oliveira

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Carta a todos da Escola CondeDesenvolvida no tema violência física

Prezados alunos, professores e funcionários da escola Conde do Pi-

nhal, viemos através desta carta comentar um pouco sobre as aulas de dis-

ciplinas eletivas, especificamente a eletiva “O que os olhos veem o coração

também sente”.

Essa eletiva é muito boa porque trata de todas as violências na esco-

la, na sociedade e no mundo, e é muito bom saber o que significa tudo isso,

do que se trata e aprofundar um pouco mais.

As violências que estudamos foram: psicológica, verbal, física e a

simbólica, com apoio dos alunos da UFSCar.

Com essa disciplina pudemos aprender muito, e essa aprendizagem

você pode levar pra vida toda...

Em nossa opinião, nós recomendaríamos (sic), pois é sempre bom

saber algo novo.

Assinado: pequenas mentes... Grandes personalidades.

Grupo: “Pequenas Mentes, Grandes Personalidades”Autores: Amanda Rodrigues Packer | Bruno Henrique dos Santos | Carlos Victor dos Santos | Derek Henrique Martins Rotta | Kailaine Larissa de Souza | Lucas César Dias Oliveira | Maria Eduarda Afonso da Silva | Naara de Souza Barreto | Vitória Tainá Santana Contrajani

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FotoGraFias Desenvolvidas no tema violência verbal

Criação de fotos com sombras com a intenção de evidenciar a vio-

lência verbal.

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audioVisuaisDesenvolvidos no tema violência psicológica

Fazer um audiovisual demonstrando o que

temos a dizer (ao outro e a nós mesmos) que

não dizemos nas redes sociais.

Fazer um audiovisual com as diferenças que

nos muda, ou aquelas que nos movem.

Fazer um audiovisual por meio de espelho

(narrativas sobre si e sobre o outro)

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PARTE II

Produções individuais dos discentes

do Ensino Médio

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Poesias

ViolênciaRenata Caetano - 3º ano A

Zero educação gera violência,

Olha os meninos matando adolescência

Homem batendo em mulher,

Quase sem motivo, por querer mesmo

Educação não tem

Violência está sobrando

Para andar nas ruas hoje em dia, só matando

Gente falando mal do negro,

Pobre, mal vestido, do gordinho,

Mas não fala mal do seu caráter

Educação não tem

Mas violência sempre tem.

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O peso de um “não”Ana Beatriz da Silva Costa - 2º ano A

- Não espere a violência acontecer

Uma nova agressão há de nascer

Um novo grito vai se propagar

Enquanto tentamos adivinhar

Qual será a rua escura

Que o cidadão irá se suicidar

Uma montanha russa com nosso povo

Talvez sim, talvez não,

O circo entra em uma cena de novo

O espetáculo como civilização

Com mais um corpo que cai no chão

Guardamos conosco um segredo,

O fato de termos um grande medo

A nossa família por ser tão íntima

Rezamos em silêncio para que não virem vítima

Fazendo da nossa pequena omissão

Uma grande falta de expressão

Pessoas entram em depressão

Por meio ou falta de opção

Violência em excesso resulta em suicídio

Para todos aqueles que já ouviram um “não!”

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TEXTOS

Violência no recorte das periferiasBeatriz Cristina Moreira - 3º ano A

A desigualdade é um problema de raízes históricas no Brasil, vide o

processo de abolição da escravatura, quando instituiu-se um processo de fa-

velização, ou seja, a migração dos escravos libertos para as periferias, sendo

esta medida chamada de “limpeza dos centros urbanos”, dessa forma mes-

mo com o desenvolvimento econômico e social do país, a opressão continua

existindo, manifestada por outros agentes.

Violência (do latim, violare) está relacionada ao ato de ultrajar, de-

sonrar ou tratar algo/alguém com brutalidade, sendo caracterizada por seu

meio de ação, seja físico, moral ou psicológico. Em suma, é o desrespeito

aos direitos considerados inerentes à condição humana, que inaceitavel-

mente se fazem presentes em grande parte dos círculos comunitários da

atualidade.

O elevado número de favelas nas cidades brasileiras é, por consequ-

ência, um entre os vários tipos de segregação que funcionam como estrutu-

ra para a violência, cuja permanência se dá, sobretudo, pela negligência do

Estado na promoção de medidas preventivas e de melhorias da qualidade

do falido sistema de segurança brasileiro.

Portanto, é imprescindível que medidas urgentes sejam tomadas,

com a finalidade de garantir a segurança e o bem-estar da população. Dar

pleno cumprimento às leis de proteção da vida, legitimando a autodefesa

dos cidadãos que muito sofrem nas mãos dos infratores das leis, consoante

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à ação de advogados públicos e delegacias especializadas em crimes psico-

lógicos e/ou morais, que permitiriam o acesso à justiça aos que não possuem

a condição econômica necessária para buscarem ajuda na justiça.

Paralelamente ao combate à violência já existente, é indispensável

garantir a profilaxia do problema, feita nas escolas e nos núcleos familiares

por meio de uma parentalidade responsável que oferece base às crianças

e jovens, para que não se envolvam com a criminalidade por influência do

contexto.

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ViolênciaAry Munerato - 2º ano A

A violência no Brasil é um problema muito atual que atinge direta ou

indiretamente as sociedades como violência física, verbal, simbólica, psico-

lógica entre outras, e até mesmo nas escolas brasileiras. A violência física é o

uso de forças com o objetivo de ferir, com comportamentos agressivos com

palavras danosas que têm a intenção de ridicularizar, humilhar, manipular

ou até mesmo ameaçar como acontece a violência verbal, trazendo danos

psicológicos, brutais e irreparáveis.

Muitas pessoas dizem que as violências começam nas escolas, mas é

pelo contrário, as violências começam na convivência familiar fazendo com

que o jovem, o adolescente traga ou até mesmo leve para o convívio escolar,

é claro que não é só o aluno, mas sim todos que trabalham e participam do

convívio escolar.

Os alunos, os jovens que sofrem estes tipos, principalmente o físico

e o verbal, ou até mesmo o bullying, vão pedir ajuda para tentar resolver mas

os responsáveis como professores, diretores e até mesmo coordenadores

não resolvem no começo, deixando de lado, fazendo com que aumente a

violência.

Todos nós juntos com os clubes, grupos feitos e criados como os de

bullying, violência, assédio entre outros para combater e ajudar um ao ou-

tro. As escolas brasileiras, juntamente à secretaria e ao governo deveriam

ensinar o correto desde a primeira infância, e o Brasil deveria colocar em

prática uma lei para ter um bom convívio social.

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Violência silenciosa: os danos emocionaisGabrieli Callegaro - 2º ano A

A violência é toda forma de oprimir e agredir um indivíduo ou grupo.

Atualmente o Brasil lidera o ranking dos países que mais mata por armas de

fogo, esse fato mostra como a sociedade se tornou cruel e hedionda. Entre-

tanto, há muitas outras formas de violência que são silenciosas e também

merecem atenção, como a psicológica.

Quando lemos um jornal ou assistimos a um noticiário, podemos

observar que a maioria das notícias que envolvem violência são relativas à

física, sexual ou doméstica. Os abusos psicológicos e a opressão raramente

são citados, mas estes também são fatias para as vítimas. A inferiorização,

o desprezo e a imposição são algumas das atitudes que caracterizam essas

formas implícitas de violência.

Um dos maiores problemas que envolvem estas intimidações emo-

cionais é que elas são praticadas em qualquer ambiente, justamente por não

serem notadas. O próprio lar é um dos cenários onde a violência psicológica

está mais presente, principalmente com as mulheres. Segundo a Secretaria

de Políticas para as Mulheres (SPM), em 2017 aproximadamente 31,1% dos

atendimentos relatavam a violência psicológica com o sexo feminino. O ci-

úme, o controle, as humilhações e as ofensas representam algumas das ca-

racterísticas desse ato no ambiente familiar. As consequências desses danos

psicológicos são diversas, desde a baixa autoestima até à depressão. Muitas

vezes as vítimas não recebem apoio com os seus problemas, pois a socie-

dade não percebe essas formas de violência e nem considera os distúrbios

como uma doença. Essa negligência gera ainda mais novidade para quem

está sofrendo com isso, podendo levar até mesmo ao suicídio.

É preciso perceber a seriedade dessas formas silenciosas de violên-

cia e trata-las com a devida importância. Para isso, deve haver a implanta-

ção de campanhas que promovam e que conscientizem a sociedade a não

praticá-lo, por meio do MEC nos ambientes escolares. Além disso, deve ha-

ver o estímulo às denúncias por parte dos órgãos públicos e privados, para

que as vítimas possam ter voz diante da violência silenciosa.

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Agressão no ônibusNicole Rodrigues Padovan - 1ºB

Violência simbólica, um tipo de violência silenciosa, seu intuito é

atingir o psicológico da vítima. Você pode até pensar que este tipo de agres-

são está concentrado nas escolas, por ser um ambiente com mais crianças

e adolescentes, mas e se eu te disser que essa violência está presente em

todos os lugares que você for, você acredita?

A partir do momento que a vítima não se sinta confortável com al-

guma placa, aviso, modo de falar de outra pessoa, já é considerado uma vio-

lência simbólica.

Vou relatar agora um ocorrido que aconteceu comigo há algum tem-

po. Eu estava no ponto de ônibus junto com algumas pessoas (uma delas era

uma idosa), logo o ônibus chegou e o pessoal que estava esperando come-

çou a subir as escadinhas, na minha frente tinha um homem e na frente dele

uma idosa. Logo atrás de mim tinha uma mulher que provavelmente teve

um dia horrível, pois sua cara não era dos melhores.

A idosa começou a subir as escadas com dificuldade, pois as escadas

do ônibus são altas, a mulher que estava atrás de mim parecia muito impa-

ciente, até que ela começou a falar coisas horríveis como:

- Anda sua velha!

- Nossa como é que alguém consegue ser tão lerda.

- Meu Deus, eu estou com pressa.

Por alguns segundos eu fiquei sem entender o porquê de tanta falta

de intolerância da parte da mulher, a velhinha ficou “sem graça” com a situ-

ação.

Na hora eu não percebi que isto foi uma violência, mas com este as-

sunto da eletiva, eu refleti e cheguei à conclusão que isto foi sim uma agres-

são à idosa.

Se você está lendo este texto até aqui, gostaria de pedir a você para

começar a prestar mais atenção a essas coisas do dia-a-dia, pois só assim

você vai conseguir “ver” e “entender” a violência simbólica. Diga Não! a

qualquer forma de agressão.

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ViolênciasAna Carolina Moreira - 1ºB

Eu penso que a violência significa usar a agressividade de forma in-

tencional e excessiva para ameaçar ou cometer algum ato que resulte em

acidente, morte ou trauma psicológico.

A violência se manifesta de diversas maneiras, em guerras, torturas,

conflitos religiosos, preconceito, assassinato, fome etc. Entre elas pode ha-

ver a violência física: o uso da força com o objetivo de ferir; violência verbal:

o agressor utiliza as palavras (xingamento, insulto, ofensa); violência simbó-

lica: violência que passa despercebido e a violência psicológica: que afeta a

vítima psicologicamente (intuito do agressor).

A violência pode finalizar se cada pessoa pudesse respeitar o direito

individual de cada um. Penso que um dia poderemos sair nas ruas sem medo

de algo acontecer, ou conviver mais sem medo de julgamentos.

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Gestos que machucamLuana Martins Pereira - 1ºB

Um dia, em uma recreação, um menino que era surdo e mudo che-

gou para fazer parte de uma colônia de férias que ia ter. Ele se interessou por

essa colônia porque as crianças só iriam brincar e ele achou que não preci-

saria de nenhum tipo de comunicação ou interação com as outras crianças.

Chegando para o primeiro dia, logo se sentiu deslocado, pois havia

muitos grupinhos de crianças, e aparentavam estar conversando e rindo. Em

breve iria começar a primeira brincadeira e o professor estava explicando,

porém ele não entendia nada por causa de sua deficiência.

De repente, sentiu alguém lhe cutucar, virou-se e viu uma menina,

a mesma parecia tentar se apresentar, ele percebendo fez um gesto com a

mão apontando para seu ouvido, tentando mostrar que não escutava.

A menina que logo entendeu o que ele queria demonstrar, abriu um

sorriso de orelha a orelha com uma janelinha bem no meio, e fez um sinal o

chamando para brincar com ela, ele surpreendido com a reação da menina,

aceitou e foi brincar.

Enquanto brincava alguns meninos se aproximaram e desmancha-

ram o castelo de areia que havia construído com sua nova amiga, levantou

rapidamente e observou que os meninos faziam gestos, indicando que ele

era surdinho e mudinho, o menino assustado com tudo aquilo saiu correndo

para o pátio, logo atrás estava sua amiga com a diretora da colônia de férias,

ela havia contando tudo o que aconteceu.

A diretora chamou os meninos e explicou que ser surdo e mudo não

era defeito e nem contagioso, eles entenderam que o que haviam feito era

errado, fizeram um gesto de perdão, o menino comovido com a atitude de-

les os perdoou, virando então todos amigos.

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As regras violentasLívia Vitória Silva de Lima - 1ºB

Elena é uma jovem encantadora que passeava na floresta quando se

deparou com um menino sentado em uma pedra, cabisbaixo.

Ela com muita curiosidade foi em direção a ele, quando ele levantou

a cabeça, seus olhos estavam cheios de água, a menina ficou com uma ex-

pressão de dúvida e não sabia o que falar.

Um minuto se passou e eles não tinham sequer trocado uma pala-

vra, então a menina tomou coragem e disse:

- Oi me chamo Elena, qual é o seu nome?

Ele lentamente e com muita vergonha disse que se chamava Mar-

celo.

Pouco tempo depois, os dois já estavam mais à vontade e dando

gargalhadas, quando, de repente, uma mulher grita, com um tom irritado

e brusco.

- Marcelo!!! Vá para casa agora, eu já te disse que não é para você

ficar andando no meio da floresta, eu quero você em casa AGORA!

Ele, assustado, saiu correndo em direção de uma pequena cachoei-

ra, enquanto a mulher chegava perto de Elena. A mulher com uma aparência

bem fechada falou para Elena:

- Eu não quero que você fique com conversinhas por ai com o meu

filho, ele é muito novo, e sobe as regras de casa.

A pequena jovem sem entender muito bem só concordou com a ca-

beça e saiu correndo para sua casa, ao longo do caminho ela se encostou em

uma árvore e ficou pensando no que a mulher havia dito anteriormente e

várias perguntas vieram em sua cabeça.

- Regras? Que regras será que ela tá falando? Será que era por isso

que ele estava chorando? O que será que tá falando, será que é mesmo real?

Enquanto a menina pensava, chegava alguém em sua direção, ela

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ficou preocupada, mas depois viu que era o Marcelo.

- Você está bem? Para onde você foi? Quais são as regras que sua

mãe disse? Elena disse quase sem fôlego.

Eles sentaram e ele começou a falar:

- Desde quando eu nasci na minha casa tem muitas regras, para tudo

o que for fazer eu tenho que ver se está na regra e se eu posso fazer.

E eu estou cansado de pedir para fazer tudo, então decidi fugir de

casa, e encontrei você, mas depois minha mãe me encontrou.

- Nossa que triste! Posso conversar com sua mãe?

- Pode sim, mas eu não sei se vai resolver.

Logo depois, os dois foram à casa de Marcelo, e Elena conversou

com sua mãe.

Ela explicou que aquilo que ela estava fazendo é uma violência sim-

bólica, que era algo que estava “acostumando” e que causava uma grande

violência para ele.

A mãe arrependida pediu desculpas e se desfez das regras.

E tudo ficou bem, como um conto de fadas.

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ViolênciaLiandra Kamila da Fonseca - 1ºB

A violência simbólica aparece muitas vezes em nosso cotidiano,

porém é difícil alguém identifica-la por ser implícita. Quando uma pessoa é

agredida indiretamente, pode-se dizer que é violência simbólica; como, por

exemplo, a agressividade das leis.

Muitas vezes em nosso cotidiano não percebemos que por meio de

palavras ou ações magoamos alguém, e que mesmo ela não percebendo no

momento exato, no futuro ela sentirá a dor, precisamos refletir nossas ati-

tudes, pensar mais no próximo do que em si mesmo, se colocar no lugar

do outro e pegar um pouco da dor dele sim! Palavras têm poder, e se não

tomarmos cuidado com o modo que as expressamos, provavelmente ela po-

derá fazer um estrago interior no ouvinte.

Atualmente estudos comprovam que jovens e idosos são as pes-

soas que mais sofrem de depressão, e isso não é falta de Deus, não é para

chamar atenção! No passado pessoas nessa situação aceitavam tudo o que

escutavam e levavam até na brincadeira, elas tinham um sorriso no rosto

e esperança na alma. Do mesmo modo que palavras colocaram elas nessa

situação, palavras poderão tirá-las e ajuda-las. Ajude ao próximo, pergunte

se ele está bem, ajude ele com aquele problema por mais que o seu seja

maior, escute, repense se aquela discussão vale a pena, peça desculpa, se

arrependa, você pode ajudar alguém a não desistir, onde há uma esperança

há uma futura vitória.

Pessoas precisam refletir mais em suas atitudes, você pode estar

cometendo uma violência simbólica e destruindo alguém aos poucos, sem

caber. Ame mais! Fale menos!

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Depoimento 1Esther Vitória Lourenço de Araújo - 3ºA

Participar da eletiva V.I.U. está sendo muito importante para minha

vida e está me trazendo experiências incríveis, além de nos proporcionar co-

nhecimento sobre as diferentes formas de violência, nos proporciona mo-

mentos de conversa, momentos que podemos nos expressar e dizer o que

pensamos, sentimos, além de nos motivar a sermos criativos.

A escola nem sempre nos proporciona esses momentos, já que tem

como objetivo ensinar de forma mais próxima possível dos vestibulares e

isso nos trás rotinas e impede que nossa criatividade seja explorada,

O convívio com alunos que não tínhamos tanto contato fez com que

trocássemos experiências e nos mostrar que o achávamos que acontecia só

conosco, também estava acontecendo com eles, e essa troca constante de

informações e experiência nos permitiu nos colocarmos um no lugar do ou-

tro.

Os profissionais envolvidos na disciplina eletiva, além de capacita-

dos nos mostram e colocam em práticas seus conhecimentos, nos possibili-

tam estabelecer confiança e sigilo, permitindo que possamos contar nossos

segredos, dores, medos, alegrias, rotinas, entre tantos sentimentos que fa-

zem parte de nossa vida, como diz o nome da eletiva: “O que os olhos veem

o coração sente”.

Um fato que aconteceu...

Algo que considero violência e que ocorre sempre é o fato de quanto

estou triste por algum acontecimento minha melhor amiga e alguns colegas

ficarem me julgando por eu estar mal, como se a minha dor e/ou tristeza não

importasse ou fosse algo banal.

Eu considero essa ação um tipo de violência, pois, quando não se

respeita os sentimentos de outra pessoa, também é uma violência e não é

sempre que o motivo vai ser de importância para outras pessoas, o que tem

que ser feito é respeitar as pessoas, sem concordar com o pensamento, ou

motivo dos outros.

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Depoimento 2Driely Fernanda Oliveira de Abreu - 3º A

Desde criança, sempre fui insegura com meu corpo e com minha

aparência; sempre que eu saia na rua me sentia mal porque achava que to-

dos e todas tinham um corpo bonito, ou seja, aquele que era mais aceito

pela sociedade e pelos padrões de beleza.

No ensino fundamental foi a minha pior fase, pois eu era uma pessoa

muito tímica e fechada, não gostava de conversar com ninguém e devido a

isso a maior parte das zoeiras eram relacionadas ao meu físico e a minha

aparência, me colocavam vários apelidos, lembro que tinha tipo uma vota-

ção para ver quem eram os mais bonitos e os mais feios, e como eu era tida

como “estranha” diante da sala, eu sempre ganhava como a mais feia; isso

me doía muito, pois meu queria ser bonita, magra, e ter cabelo liso como as

meninas que eram da minha sala. Eu cheguei a querer faze progressiva para

ser aceita, mas por motivos familiares não pude fazer. Então, coloquei em

minha cabeça que eu precisava mudar meu corpo, fazia dietas super loucas

como, dieta do leite, maçã; comer de oito em oito horas, ficar sem comer e

etc.

Eu ficava muito triste na escola, a primeira coisa que eu fazia quando

chegava em casa era me trancar no quarto e chorar, até chegar num ponto

onde não aguentava mais ficar nas mãos dos outros como um brinquedo

qualquer. No final do 9º ano que decide que toda vez que alguém me soasse

ou fizesse algo que eu não gostasse, eu iria rebater e ficar de cabeça ergui-

da, mas não foi só aí que decide mudar, também comecei a usar óculos e

aceitar meu cabelo do jeito que ele era, é claro que as zoeiras não acabaram

totalmente, mas passei a não ligar tanto para o que os outros diziam, porém

os comentários ainda continuaram, como “nossa, você mudou o que acon-

teceu”, esses comentários me fortaleciam, mas eu não sabia que aquela não

era eu realmente.

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Chegou o segundo semestre do 2º ano do ensino médio e decidi me

aceitar do jeito que eu era, sem maquiagem e com o volume do meu cabelo

que demorou muito para ser aceito, mas agora é como uma marca minha,

minha identidade, para alguns, meu cabelo pode até parecer “Bombril”, mas

para mim é felicidade, amor e coragem.

Essa mudança me ajudou muito, principalmente na parte de que eu

era muito tímida, pois agora eu coloco meus sentimentos para fora e sem-

pre estou disposta a seguir em frente, sem deixar que nenhum comentário

preconceituoso me atinja como antigamente.

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