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O que você precisa saber para regularizar ativos mantidos ...mfadvocacia.adv.br/repatriacao.pdf · MANUAL DE REPATRIAÇÃO DE RECURSOS O QUE É A REGULARIZAÇÃO? Com a Lei nº 13.254/2006,

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Milanez & Foltran Advogados Associados Rua Comendador Macedo, nº 39 - CJ. 11 – Centro – Curitiba/PR Fone/Fax: (41) 3222-9252

BRUNO AUGUSTO VIGO MILANEZ | FELIPE FOLTRAN CAMPANHOLI

MANUAL DE REPATRIAÇÃO DE RECURSOS

O que você precisa saber para regularizar ativos mantidos no exterior

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SUMÁRIO INTERATIVO O que você precisa saber para regularizar Ativos mantidos no exterior

O que é a regularização? ............................................................................................................................................................. 3

Quais as condições gerais para a regularização? ........................................................................................................................ 3

Como aderir ao programa? ......................................................................................................................................................... 3

O que necessito informar para aderir ao programa? .................................................................................................................. 3

É necessário repatriar os recursos para regularizá-los? .............................................................................................................. 4

Quem pode realizar a regularização? ......................................................................................................................................... 4

Quem não pode realizar a regularização? .................................................................................................................................. 4

Fui condenado criminalmente mas estou recorrendo. Posso regularizar? ................................................................................. 5

Quais bens podem ser regularizados? ........................................................................................................................................ 5

Já vendi ou transferi o bem que possuía no exterior. Devo regularizar? .................................................................................... 5

Posso regularizar apenas a minha parcela de bem possuído em copropriedade com terceiro? ................................................ 6

Repatriei um recurso mantido no exterior, sem regularizá-lo. Posso aderir ao programa? ...................................................... 6

É possível regularizar bens ou ativos herdados? ........................................................................................................................ 6

Como regularizar bens de pessoa falecida? ................................................................................................................................ 7

Como provar a licitude do bem? ................................................................................................................................................. 7

Como provar a licitude do bem? ................................................................................................................................................. 7

Até quando é possível promover a regularização? ..................................................................................................................... 7

Qual o prazo para o pagamento do imposto e da multa de regularização? ............................................................................... 8

Posso pagar o imposto e a multa com os próprios recursos que estou regularizando? ............................................................. 8

Como faço para repatriar valores que possuo em instituição financeira no exterior? ............................................................... 8

Como faço para regularizar os frutos, rendimentos e acessórios dos bens declarados? ............................................................ 9

Quais as vantagens da regularização? ........................................................................................................................................ 9

Vantagens Penais ....................................................................................................................................................................... 9

Vantagens Penais – Crimes Anistiados ....................................................................................................................................... 9

Vantagens Tributárias e Administrativas ................................................................................................................................... 10

Ônus da Regularização .............................................................................................................................................................. 11

Ônus específicos no caso de trust, off shores e fundações ........................................................................................................ 11

O que fazer se o meu pedido de regularização não for aceito? ................................................................................................. 11

Além da entrega da DERCAT e pagamento do imposto e multa, tenho que fazer algo mais? .................................................. 12

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O que você precisa saber para regularizar Ativos mantidos no exteriorMANUAL DE REPATRIAÇÃO DE RECURSOS

O QUE É A REGULARIZAÇÃO?

Com a Lei nº 13.254/2006, regulamentada pela Instrução Normativa nº 1.627/16, da Receita Federal do Brasil (RFB), instituiu-se o Regime Especial de Regularização Cambial ou Tributária (RERCT), cujas regras conferem be-nefícios legais àqueles que optem por regularizar recursos mantidos de forma irregular no exterior.

A regularização implica em declarar voluntariamente perante os órgão públicos os ativos de origem lícita mantidos ou remetidos ao exterior e não declarados ou declarados incorretamente, ou ainda os bens repatriados e não declarados.

QUAIS AS CONDIÇÕES GERAIS PARA A REGULARIZAÇÃO?

a) Apresentação de Declaração de Regularização Cambial e Tribu-tária (DERCAT);

Obs.: Admite-se a retificação da DERCAT apresentada com algum equívoco, desde que a retificação ocorra até o dia 31 de outubro de 2016. Nesse caso, a DERCAT retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamen-te apresentada, substituindo-a integralmente, e servirá para declarar novos bens ou direitos, aumentar ou reduzir os valores informados ou efetivar qualquer alteração a eles vinculados.

b) Pagamento integral de imposto de renda na alíquota de 15% (cal-culados em reais) em relação aos ativos objeto de regularização;

c) Pagamento da multa de regularização, que corresponderá ao mesmo montante do valor do imposto devido.

Obs.: Os percentuais do imposto e da multa, devidos para a regularização, serão calculados em reais, e os valores expressos em moeda estrangei-ra deverão ser convertidos em dólar dos EUA, na cotação de 31.dez.2014. Trata-se de grande vantagem ao contribuinte, pois na época a cotação do dólar era de aprox. R$ 2,65 e atualmente a moeda estadunidense vem sendo cotada entre R$ 3,70 e R$ 4,00.

COMO ADERIR AO PROGRAMA?

• Através do preenchimento da DERCAT, que deve ser apresentada em formato eletrônico – via certificado digital –, no Centro Virtual de Atendimento (e-Cac) do website da Receita Federal do Brasil.

• Cada contribuinte deverá apresentar uma única DERCAT na qual deverá constar todos os bens e direitos sujeitos à regularização.

Obs.: A DERCAT possui campo para 50 (cinquenta) bens ou recursos irregu-larmente repatriados ou mantidos irregularmente no exterior. Caso o con-tribuinte possua mais de 50 bens ou recursos para repatriar, será necessário o agrupamento de bens ou recursos de natureza idêntica.

O QUE NECESSITO INFORMAR PARA ADERIR AO PROGRAMA?

• Nos termos da instrução normativa e de própria orientação da RFB, os seguintes dados e documentos devem constar da DERCAT: iden-tificação do declarante, contendo o número de inscrição no CPF, nome e data de nascimento, no caso de pessoa física; ou, no caso de pessoa jurídica, o número de inscrição no CNPJ e razão social.

a) identificação dos recursos, bens ou direitos a serem regulari-zados, existentes em 31 de dezembro de 2014, bem como a identificação da titularidade e origem;

b) o valor dos recursos, bens ou direitos de qualquer natureza declarados;

c) declaração de que os bens ou direitos de qualquer natureza declarados têm origem em atividade econômica lícita e de que as informações fornecidas são verídicas;

d) declaração de que não fui condenado em ação penal, ainda que não transitada em julgado, cujo objeto seja um dos crimes listados no § 1º do art. 5º da Lei nº 13.254, de 2016 (ver ‘vantagens penais – crimes anistiados’, p. 30);

e) declaração de que era residente ou domiciliado no País em 31 de dezembro de 2014, segundo a legislação tributária;

O que você precisa saber para regularizar Ativos mantidos no exteriorMANUAL DE REPATRIAÇÃO DE RECURSOS

f) declaração de que, em 14 de janeiro de 2016, não era detentor de cargos, empregos ou funções públicas de direção ou eletiva e de que não possuía cônjuge ou parente consanguíneo ou afins até o segundo grau ou por adoção nessas condições;

g) descrição das condutas praticadas pelo declarante que se enquadrem nos crimes previstos no § 1º do art. 5º da Lei nº 13.254/16 e descrição dos respectivos recursos, bens ou direitos de qualquer natureza, g.1) na hipótese de inexistên-cia de saldo dos recursos, ou de titularidade de propriedade de bens ou direitos em 31.dez.2014 ou g.2) na hipótese em que o bem original tenha sido posteriormente repassado à titularidade ou responsabilidade, direta ou indireta, de trust, fundações, sociedades despersonalizadas, fideicomissos, ou dispostos mediante a entrega a pessoa física ou jurídica, per-sonalizada ou não, para guarda, depósito, investimento, posse ou propriedade de que sejam beneficiários efetivos o interes-sado, seu representante ou pessoa por ele designada;

h) no caso de DERCAT apresentada por espólio, deverão também constar o número de inscrição no CPF do meeiro e do inventa-riante e o nome do inventariante.

É NECESSÁRIO REPATRIAR OS RECURSOS PARA REGULARI-ZÁ-LOS?

• Não há qualquer vedação legal para que o residente ou domiciliado no País mantenha ativos no exterior, desde que esses ativos estejam devidamente declarados perante as autoridades brasileiras.

• Portanto, a regularização prevista nas novas regras não implica em necessária repatriação dos recursos, bens ou direitos a serem re-gularizados. Na prática, isso significa que é possível regularizar os ativos e ainda assim mantê-los no exterior, de modo que a regulari-zação não implica necessária repatriação dos recursos.

QUEM PODE REALIZAR A REGULARIZAÇÃO?

a) Pessoas físicas residentes ou domiciliadas no Brasil na data de 31.dez.2014, que são – ou eram – titulares ou proprietárias de ativos, bens ou direitos mantidos irregularmente no exterior em 31.dez.2014;

b) Pessoas que atualmente não são residentes no Brasil, porém eram domiciliados ou residentes no País em 31.dez.2014 e que são – ou eram – titulares ou proprietárias de ativos, bens ou direitos mantidos irregularmente no exterior em 31.dez.2014;

c) No caso de falecimento do titular ou proprietário dos ativos irre-gularmente mantidos no exterior, o regime especial de regulariza-ção se aplica ao espólio cuja sucessão foi aberta até 31.dez.2014.

QUEM NÃO PODE REALIZAR A REGULARIZAÇÃO?

• Estão impedidos de se beneficiar do regime especial de regularização de ativos os de-tentores de cargos, empregos ou funções públicas de direção ou eletivas. Também não pode aderir ao programa de regulari-zação quem, em 13 de janeiro de 2016, era cônjuge ou parente até o segundo grau ou por adoção das pessoas com os cargos antes refe-ridos.

Obs.: Muito embora o direito equipare, para diversos efeitos, o casamento e a união estável, no que se refere à regularização de ativos a ressalva se refere apenas ao cônjuge a não ao companheiro, o que ao menos em tese permite que o companheiro de quem possui os cargos públicos acima referidos possa realizar a regularização, em face da inexistência expressa de óbice legal.

O que você precisa saber para regularizar Ativos mantidos no exteriorMANUAL DE REPATRIAÇÃO DE RECURSOS

• As pessoas condenadas em processo penal, pelos seguintes fatos:

a) Crimes tributários consistentes em reduzir ou suprimir tributos ou contribuição social, fazer declaração falsa (ou omitir declaração) para se eximir do pagamento de tributo, deixar de recolher tributo no prazo legal (art. 1º e 2º, I, II e V, da Lei 8.137/90), sonegação fiscal (art. 1º, da Lei 4.729/65) ou sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A, do Código Penal);

b) Crime de operação não autorizada de câmbio com o fim de promover evasão de divisas ou de promover, sem autoriza-ção legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior (art. 22, da Lei 7.492/86);

c) Crimes de falsidade de documento público ou particular, fal-sidade ideológica, falso reconhecimento de firma ou uso de documento falso (arts. 297, 298 299 e 304, do Código Penal);

d) Crime de lavagem de dinheiro (art. 1º, da Lei 9.613/98), quando o crime antecedente for qualquer um dos anterior-mente referidos.

Obs.: O cidadão que foi condenado criminalmente por qualquer outro delito que não os acima referidos não tem qualquer impedimento legal em realizar a regularização de recursos.

FUI CONDENADO CRIMINALMENTE MAS ESTOU RECOR-RENDO. POSSO REGULARIZAR?

• As regras do Regime Especial de Regularização preveem que a condenação criminal, mesmo que não definitiva – ou seja, ainda que na pendência de recursos – impede a regularização de ativos (art. 1º, § 5º, da Lei e art. 4º, § 3º, da Instrução Normativa).

Obs.: Aparentemente, esta regra é incompatível com o princípio constitu-cional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da Constituição), o que em tese permite que o cidadão ainda não condenado definitivamente possa ingressar com uma medida judicial para que seja autorizado a regularizar

seu ativos mantidos no exterior. Vale lembrar, ainda, que o Projeto inicial previa que somente os condenados com trânsito em julgado, ou seja, sem possibilidade de recursos, não poderiam aderir ao RERCT, art. 1º, § 3º, do PL2960/2015.

QUAIS BENS PODEM SER REGULARIZADOS?

• Os seguintes ativos obtidos licitamente, mantidos ou remetidos irregularmente ao exterior, podem ser regularizados: a) Depósitos bancários, fundos (investimento, aposentadoria,

pensão), títulos de capitalização e apólices de seguro em geral;

b) Operações de empréstimo; c) Recursos decorrentes de operações de câmbio ilegítimas ou

não autorizadas; d) Recursos integralizados sob a forma de ações ou qualquer

forma de participação societária; e) Ativos intangíveis (marcas, copyright, software, know-how,

patentes, royalties); f) Bens imóveis e os ativos angariados a partir do imóvel; g) Veículos, aeronaves, embarcações, motocicletas

Obs.: Não podem ser objeto de regularização – por força de veto presiden-cial – objetos como joias e obras de arte, pois possuem valor intrínseco sub-jetivo, facilitando assim eventuais fraudes.

JÁ VENDI OU TRANSFERI O BEM QUE POSSUÍA NO EXTERIOR. DEVO REGULARIZAR?

• Se você era proprietário do bem ou titular do ativo na data de 31 de dezembro de 2014 ou em período anterior – independente-mente de quando se deu a venda – sim.

O que você precisa saber para regularizar Ativos mantidos no exteriorMANUAL DE REPATRIAÇÃO DE RECURSOS

• A lei estipula que os residentes ou domiciliados no País que tenham sido ou ainda sejam proprietários ou titulares de ativos, bens ou direitos em períodos anteriores a 31 de dezembro de 2014, ainda que, nessa data, não possuam saldo de recursos ou título de propriedade de bens e direitos, podem aderir ao RERCT.

POSSO REGULARIZAR APENAS A MINHA PARCELA DE BEM POSSUÍDO EM COPROPRIEDADE COM TERCEIRO?

• A Instrução Normativa prevê expressamente que “cada condômi-no deverá apresentar uma DERCAT em relação à parcela de que é titular.” O mesmo entendimento se dá para contas bancárias e bens e direitos de integrantes de uma mesma entidade familiar.

• Realizando-se uma interpretação literal, a conclusão alcançada em uma primeira análise é de que não é possível regularizar parte do bem ou ativo, pois a instrução é clara ao afirmar que cada co-proprietário ou cotitular deverá apresentar uma DERCAT. Tal conclusão deriva do vocábulo deverá, o que, a princípio, obriga todos os coproprietários ou cotitulares a apresentar uma DERCAT da parcela que lhe pertence, sob pena, em última análise, de anulação da adesão ao RERCT por parte de um único proprietário que decida por aderir ao programa, vez que supostamente não cumpridas as formalidades legais.

• Entretanto, em uma interpretação mais aberta e realista, acredita-se que a intenção do legislador ao utilizar o vocábulo deverá foi o de impor que cada coproprietário apresente DERCAT individual e não em conjunto com outros proprietários – somente no que concerne à sua parcela –, apesar de isto não estar expressamente previsto. Também, se a adesão for de seu interesse, não podendo ser o coproprietário ou cotitular punido – com a possível anulação – por algo que foge ao seu controle, que é supostamente “forçar” o(s) outro(s) proprietário(s) a também aderirem ao programa. Logo, nossa opinião é de que sim, é possível regularizar apenas a sua parte no bem em condomínio ou ativo juntamente com terceiro.

REPATRIEI UM RECURSO MANTIDO NO EXTERIOR, SEM REGULARIZÁ-LO. POSSO ADERIR AO PROGRAMA?

• Sim. Relativamente aos recursos repatriados e não regularizados, a adesão ao programa será feita tendo como base o valor do ativo (convertido em moeda nacional) na data de 31.dez.2014, ou seja, através do câmbio utilizado naquela data – para o dólar america-no, por exemplo, o câmbio a ser utilizado será o de R$ 2,65.

• Para a regularização de tais bens ou ativos repatriados irregular-mente, desde que comprovada a origem lícita, todos os benefí-cios da Lei também se aplicam.

É POSSÍVEL REGULARIZAR BENS OU ATIVOS HERDADOS?

• Sim. O regime de regularização também se aplica ao espólio (conjunto de bens que integra o patrimônio deixado pela pessoa falecida e que será objeto de partilha no inventário) cuja sucessão/ inventário esteja aberto em 31 de dezembro de 2014.

• Nesse caso, dentre as informações contidas na DERCAT, deverão constar identifica-ção – nome e CPF – do (eventual) viúvo meeiro e do inventariante.

• Caso o espólio tenha se encerrado em data anterior a 31.dez.2014, a DERCAT deverá ser apre-sentada pelo sucessor e em seu próprio nome, pois este já era titular do bem ou ativo na data esti-pulada pela lei.

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COMO REGULARIZAR BENS DE PESSOA FALECIDA?

• Você deve ser herdeiro ou viúvo meeiro do falecido. São duas hi-póteses:

a) Caso o proprietário (cônjuge, pais, irmãos, tios etc.) tenha falecido em data posterior a 31 de dezembro de 2014, a DERCAT poderá ser apresentada em nome do falecido, regularizando os bens ou ativos dos quais o falecido era proprietário ou tinha sido proprie-tário em data anterior a 31.dez.2014.

b) Caso o proprietário (cônjuge, pais, irmãos, tios etc.) tenha falecido em data anterior a 31.dez.2014 e a sucessão/inventário não tenha sido aberto até aquela data (ex: tenha sido aberta em 2015 ou ainda não aberto), não será possível a regularização nos termos do Regime Especial de Regularização.

COMO PROVAR A LICITUDE DO BEM?

• Ao aderir ao programa de regularização de ativos, o cidadão deve apresentar a DERCAT via certificado digital, no website da RFB e nesse documento deverá constar a identificação pormenorizada dos recursos, bens e direitos a serem regularizados, a identifica-ção da origem e da titularidade dos ativos bem como uma decla-ração de que possuem origem decorrente de atividade econômi-ca lícita.

• Para a efetiva comprovação da licitude da origem, não há uma listagem oficial de documentos necessários, entretanto, todos os que puderem ser providenciados serão de grande valia em caso de futura requisição. Tais documentos ficarão em sua posse e somente deverão ser apresentados em caso de requisição da RFB, que terá prazo de 5 (cinco) anos para exigir tais documentos.

Obs.: As regras preveem que se o cidadão apresentar documentos ou de-clarações falsas será excluído do regime de regularização, sem prejuízo de responsabilização nas esferas cível, criminal e administrativa.

COMO PROVAR A LICITUDE DO BEM?

• Ao aderir ao programa de regularização de ativos, o cidadão deve apresentar a DERCAT via certificado digital, no website da RFB e nesse documento deverá constar a identificação pormenorizada dos recursos, bens e direitos a serem regularizados, a identifica-ção da origem e da titularidade dos ativos bem como uma decla-ração de que possuem origem decorrente de atividade econômi-ca lícita.

• Para a efetiva comprovação da licitude da origem, não há uma listagem oficial de documentos necessários, entretanto, todos os que puderem ser providenciados serão de grande valia em caso de futura requisição. Tais documentos ficarão em sua posse e somente deverão ser apresentados em caso de requisição da RFB, que terá prazo de 5 (cinco) anos para exigir tais documentos.

Obs.: As regras preveem que se o cidadão apresentar documentos ou de-clarações falsas será excluído do regime de regularização, sem prejuízo de responsabilização nas esferas cível, criminal e administrativa.

ATÉ QUANDO É POSSÍVEL PROMOVER A REGULARIZAÇÃO?

• A Instrução Normativa nº 1.627, da RFB, fixa como prazo limite para aderir ao regime especial de regularização a data de 31 de Outubro de 2016. Essa é a data limite para a apresentação da DERCAT e para o pagamento dos tributos e multa decorrentes da regularização.

• Vale lembrar que trata-se de procedimento com certa comple-xidade. Logo, o ideal seria uma programação pessoal antecipa-da, com angariação de documentos – mesmo que estes, em um primeiro momento, não sejam remetidos à RFB – comprobató-rios da origem lícita e preenchimento da DERCAT, para que seja possível a regularização em prazo hábil para sanar qualquer dúvida ou imprevisto de última hora.

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QUAL O PRAZO PARA O PAGAMENTO DO IMPOSTO E DA MULTA DE REGULARIZAÇÃO?

• Ambos – imposto e multa de regularização – devem ser pagos integralmente até o dia 31 de Outubro de 2016, não sendo admitido parcelamento dos débitos tributários. O não pagamen-to do imposto e da multa no prazo legal implica em nulidade da adesão ao programa de regularização.

• Com o preenchimento virtual da DERCAT e posterior envio à RFB, será gerado um DARF para pagamento do imposto e multa de regulariza-ção devido, cujo pagamento deverá ser realizado necessariamente em parcela única e na data limite estipulada no documento, sob pena de perda dos benefícios da Lei. Não é possível o pagamento do DARF em atraso, mesmo com pagamento de juros de mora e multa.

POSSO PAGAR O IMPOSTO E A MULTA COM OS PRÓPRIOS RECURSOS QUE ESTOU REGULARIZANDO?

• Sim. É possível que para a regularização dos ativos e bens que você possui no exterior, você precise destes mesmos recursos para arcar com os 30% de imposto e multa devidos.

• Para isso a RFB faculta a apresentação da DERCAT e, posterior-mente, com o protocolo e mãos, repatriar os valores – neste caso específico, para pagamento do imposto e multa, será necessário repatriar os valores e não somente regularizá-los – para paga-mento do DARF.

• Neste caso, a adesão ao programa estará efetivada e os ativos ne-cessários ao pagamento do imposto e multa – em parte ou em sua totalidade, se for de seu interesse – devem ser repatriados através de instituição financeira autorizada a funcionar no País e a operar no mercado de câmbio, para posterior pagamento do DARF, deve ser realizado dentro do prazo estipulado pela RFB, qual seja, 31 de outubro de 2016.

COMO FAÇO PARA REPATRIAR VALORES QUE POSSUO EM INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NO EXTERIOR?

• Se for de seu interesse efetivamente repatriar os valores que possui aplicados em instituição financeira no exterior você deve:a) primeiramente aderir ao RERCT, com o preenchimento da

DERCAT no website da RFB – via certificado eletrônico – e b) posteriormente, mediante protocolo de entrega do DERCAT,

repatriá-los através de instituição financeira autorizada a funcionar no País e a operar no mercado de câmbio.

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COMO FAÇO PARA REGULARIZAR OS FRUTOS, RENDI-MENTOS E ACESSÓRIOS DOS BENS DECLARADOS?

• Duas são as hipóteses possíveis: a) frutos (ex: aluguel, rendimento bancário etc.) angariados

antes de 31 de dezembro 2014 e; b) frutos angariados após 31 de dezembro 2014.

• Para os frutos angariados em data anterior a 31.dez.2014, devem ser informados na DERCAT ao aderir ao programa de RERCT, nos exatos moldes deste manual.

• Para os frutos angariados em data posterior a 31 de dezembro de 2014, devem ser posteriormente regularizados através de decla-ração – ou retificação – regular de Imposto de Renda, nas datas e limites impostos pela RFB.

QUAIS AS VANTAGENS DA REGULARIZAÇÃO?

• Uma análise sistemática da Lei de Repatriação e da Instrução Nor-mativa da RFB, que regulamentou as especificidades da regulari-zação de ativos, indica ao menos três ordens de vantagens (tribu-tária, administrativa e penal), abordadas nas próximas páginas desse manual.

• E para além de todas estas vantagens, é possível desde logo afirmar que a maior vantagem da adesão ao programa consiste na possibilidade de regularizar os ativos mantidos de forma inade-quada no exterior, sem a preocupação futura de investigações

penais, administrativas e tributárias envolvendo este patrimônio e sem o risco de ter a imagem vinculada a operações de ocultamento pa-trimonial no exterior ou mesmo de pagar pesadas multas caso, futuramente, os ativos

sejam descobertos.

VANTAGENS PENAIS

• Extinção da punibilidade - uma espécie de anistia - dos ilícitos penais praticados para remeter os ativos ao exterior (ou mantê-los não de-clarados). Quem optar pela adesão ao programa será beneficiado com o perdão penal dos delitos, valendo destacar que o simples fato de manter ativos não declarados no exterior é crime.

• A regularização de ativos mantidos em nome de interposta pessoa implicará na extinção da punibilidade não apenas do aderente, mas também do terceiro em nome de quem os ativos estavam.

• A declaração de regularização e os documentos que a acompa-nham não podem ser utilizados como elementos únicos a sub-sidiar investigação ou qualquer procedimento criminal, nem mesmo em caso de exclusão do regime de regularização.

• Nas hipóteses em que o cidadão está respondendo criminalmen-te em decorrência do envio ou manutenção irregular de ativos no exterior, o cumprimento integral das condições para a regulari-zação implica em extinção da punibilidade, desde que não exista condenação definitiva no processo penal.

VANTAGENS PENAIS – CRIMES ANISTIADOS

• Os crimes anistiados – extinção da punibilidade – constam da Lei em seu art. 5, §1º e somente se referem aos crimes praticados em relação aos bens a serem regularizados: a) Supressão ou redução de tributos (art. 1º e nos incisos I, II

e V do art. 2º da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990 - Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa);

b) Sonegação fiscal (Lei no 4.729, de 14 de julho de 1965 - Pena: Detenção, de seis meses a dois anos, e multa de duas a cinco vezes o valor do tributo);

c) Sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A do Código Penal - Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa);

d) Falsificação de documento público (art. 297 do Código Penal

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- Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa), falsificação de documento particular (art. 298 do Código Penal - Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa), falsidade ideológica (art. 299 do Código Penal - Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular) e uso de documento falso (art. 304 do Código Penal – Pena – a mesma cominada a falsificação, ressaltando-se que somente são anistiados estes crimes do item (D) se realizados para o co-metimento dos crimes descritos no (A) e (B);

e) Evasão de divisas (art. 22 da Lei no 7.492, de 16 de junho de 1986 - Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa), somente quando os bens ou ativos possuírem origem lícita ou forem provenientes, direta ou indiretamente, de quais-quer dos crimes previstos nos itens (A), (B), (C) e (F);

f) Lavagem de dinheiro - ocultar ou dissimular bens, direitos ou valores (art. 1º da Lei no 9.613, de 3 de março de 1998 - Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa), quando o objeto da lavagem for proveniente, direta ou indiretamente, dos crimes previstos nos itens (A) e (E);

VANTAGENS TRIBUTÁRIAS E ADMINISTRATIVAS

• Isenção de multa de regularização referente aos valores disponíveis em contas no exterior até o limite de dez mil reais por pessoa (pela cotação do dólar em 31 de dezembro de 2014, ou seja, aproximadamente R$ 2,65)

• A declaração de regularização e os documentos que a acompa-nham não podem ser utilizados para fundamentar, direta ou in-diretamente, qualquer procedimento de natureza tributária ou cambial em relação aos recursos dela contidos

• As informações prestadas pelo aderente serão acobertadas pelo sigilo fiscal, sendo vedada a divulgação ou o compartilhamento das informações com os Estados, Distrito Federal ou municípios, inclusive para efeito de constituição do crédito tributário

• Exclusão da penalidade de até R$ 100.000,00 (cem mil reais), nos casos de remessa ilegal de ativos para o exterior (art. 58, da Lei 4.131/62)

• A regularização espontânea pela pessoa jurídica implica em não perder incentivos ou benefícios fiscais previstos na legislação tri-butária (art. 59, da Lei 9.069/95)

• Afastamento da penalidade de perda integral, em favor do Tesouro Nacional, do valor excedente a dez mil reais mantidos ou remetidos irregularmente ao exterior (art. 65, § 3º, da Lei 9.069/95)

• Com a nova Lei, a regularização dos ativos implica pagamento de imposto e multa, no percentual de 30% do total de ativos a serem regularizados.

• Na prática, esse percentual será inferior a 20%, pois a Lei fixa o dia 31 de dezembro de 2014 como data da base de cálculo do imposto. Naquela data o dólar era cotado a R$ 2,65.

O que você precisa saber para regularizar Ativos mantidos no exteriorMANUAL DE REPATRIAÇÃO DE RECURSOS

• Nos dias de hoje, com o dólar cotado a R$ 4,00, um patrimônio de U$D 50.000,00 - aproximadamente R$ 200,000.00 na cotação atual - pode ser regularizado com o pagamento de encargos tri-butários calculados sob o montante de R$ 132.500,00 (na cotação de 31 de dezembro de 2014). Em cálculos rápidos - e consideran-do-se apenas a diferença de cotação -, ao invés de se pagar R$ 60.000,00 de encargos, a regularização implica no pagamento de R$ 39.750,00.

ÔNUS DA REGULARIZAÇÃO

• Apresentação de declaração retificadora referente ao ano-calen-dário de 2014 (que foi apresentada no começo do ano de 2015).

• Manter a guarda da cópia dos documentos utilizados na adesão ao programa de regularização pelo prazo de 5 (cinco) anos, para caso seja interpelado pela RFB a comprovar a origem lícita dos bens e ativos.

• Para ativos superiores a equivalentes a U$100.000,00 (cem mil dólares) americanos, o aderente ao programa de regularização deve solicitar e autorizar a instituição financeira no exterior a en-caminhar informações sobre o saldo dos ativos em 31.dez.2014.

• A adesão ao pr ograma de regularização implica confissão irrevo-gável e irretratável dos débitos em nome do contribuinte ou res-ponsável pelos ativos a serem regularizados.

• Pagamento do tributo e multa, nos termos do art. 5º, II e II, da Ins-trução Normativa nº 1.627/16, da RFB.

ÔNUS ESPECÍFICOS NO CASO DE TRUST, OFF SHORES E FUNDAÇÕES

• No caso de trust, o aderente ao regime de regularização deverá identificar o instituidor, os beneficiários, o administrador e, quando houver, o fiscalizador, bem como apresentar os do-cumentos que estabeleçam a constituição e a relação entre estas pessoas. Exige-se ainda a apresentação dos documentos

contábeis, financeiros e a relação de bens e ativos do trust • No caso de off shores, o aderente deverá identificar o nome, razão

social, local de constituição e número de identificação fiscal, os contratos sociais e documentos de constituição, com identifica-ção dos sócios e diretores, a identificação da condição de holding (se for o caso) e, havendo um encadeamento de off shores, a iden-tificação de cadeia de entidades interpostas até alcançar o benefi-ciário final que identifique a origem dos ativos;

• No caso de fundações privadas, a identificação do instituidor, dos conselheiros, do controlador e dos beneficiários.

O QUE FAZER SE O MEU PEDIDO DE REGULARIZAÇÃO NÃO FOR ACEITO?

• O não cumprimento das formalidades legais – vide ‘quais as con-dições legais para a regularização” –, implica em anulação da adesão ao programa. Contra a decisão de anulação poderá ser in-terposto, em 10 dias, recurso administrativo ao Superintendente da Receita Federal.

• A apresentação de declarações ou documentos falsos pelo aderente implica em exclusão do programa de regularização. Contra a decisão de exclusão também cabe, em 10 dias, recurso administrativo ao Superintendente da receita Federal.

Obs.: Em ambos os casos, se a decisão administrativa pela anulação ou exclusão do programa for flagrantemente ilegal, admite-se a adoção de medidas judiciais específicas para restabelecer o aderente no programa especial de regularização.

O que você precisa saber para regularizar Ativos mantidos no exteriorMANUAL DE REPATRIAÇÃO DE RECURSOS

ALÉM DA ENTREGA DA DERCAT E PAGAMENTO DO IMPOSTO E MULTA, TENHO QUE FAZER ALGO MAIS?

• Os recursos, bens e direitos que forem objeto da Regularização e integrarem à DERCAT deverão ser informados na: a) declaração retificadora de ajuste anual do imposto de renda relativa ao ano-calendário de 2014 e posteriores; b) declaração retificadora da declaração de bens e capitais no exterior relativa ao ano-calendário de 2014 e posteriores, no caso de pessoa física

e jurídica, se a ela estiver obrigada – caso os bens sejam regularizados mas não repatriados; e c) escrituração contábil societária relativa ao ano-calendário da adesão e posteriores, no caso de pessoa jurídica.

Bruno Augusto Vigo MilanezFelipe Foltran Campanholi

Milanez & Foltran Advogados Associados Rua Comendador Macedo, nº 39 - CJ. 11 – Centro – Curitiba/PR Fone/Fax: (41) 3222-9252

BRUNO AUGUSTO VIGO MILANEZ | FELIPE FOLTRAN CAMPANHOLI