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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar ATUALIZADO

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Por: Claudio Frederico de CarvalhoA obra apresentada pelo autor resgata a importância da Guarda Municipal em nosso país, cuja existência remonta a 1531, no Governo Geral de Martim Afonso de Souza, até a sua extinção, ocorrida em 1937.Dos homens que serviram nas fileiras da Guarda Municipal, destaca-se o comandante do Corpo de Guardas Municipais Permanentes da Corte, o Major Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, como também a bravura de vários homens que morreram na defesa da pátria quando da Guerra do Paraguai.Com a promulgação da nova carta constitucional, em 1988, os municípios voltaram a ter o poder de criar as suas Guardas Municipais, e em Curitiba, por meio da Lei 7356/89, foi recriada a sua Guarda Municipal, com o lema “Pro lege semper vigilans”.Para que alguma coisa se perpetue na história, faz-se necessário o seu resgate, guardar a sua origem, preservar o seu passado, para que todos saibam de onde veio, como veio e para que veio. O autor, membro integrante e atuante da referida Guarda Municipal, com grande senso de visão apresenta o resumo histórico e principalmente a evolução da Guarda Municipal de Curitiba, bem como distingue, pelas atribuições, as competências da polícia civil e da polícia militar, que possuem peculiaridades próprias.O curriculum do autor, apresentado com a sua obra, mostra que após galgar posições dentro dos quadros da Guarda Municipal, exerce atualmente a de Inspetor, mostrando ser pessoa não acostumada a permanecer impassível às dificuldades e, preocupado com a cultura e a formação de seus comandados, participou de vários cursos, congressos e seminários, somando ainda à grande qualidade de ser um formador de opinião, como docente.Pelo seu histórico, o autor passou a integrar os quadros da Guarda Municipal após a Constituição de 1988, conquistando sua ascensão promocional. É um lutador que vem vencendo todos os níveis de sua carreira, sabendo valorizar as conquistas realizadas, tendo uma visão plena das necessidades e dificuldades dessa nova instituição, sem se distanciar do lado humano.“O que você precisa saber sobre a Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar” se constitui numa resposta às perguntas e anseios da população, oferecida por alguém que vive plenamente a sua profissão e está preocupado em esclarecer a comunidade.Sinto-me orgulhoso em apresentar o autor à comunidade e honrado em haver participado, modestamente, de sua formação acadêmica, como professor. É na qualidade de professor/instrutor que o autor passará seu conhecimento aos demais comandados, resgatando o verdadeiro sentido de cidadania.Parabenizo pela iniciativa de apresentar à população o histórico da Guarda Municipal, o que é, qual sua finalidade e atribuições, em linguajar simples, de fácil entendimento, mostrando aos cidadãos paranaenses que esta instituição vem sendo modelo para outros Estados da Federação.

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Claudio Frederico de Carvalho

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Claudio Frederico de Carvalho

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE

GUARDA MUNICIPAL

E NUNCA TEVE A QUEM PERGUNTAR

3ª Edição

CURITIBA Edição do Autor

2011

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Claudio Frederico de Carvalho

IV

“PROMETO RESPEITAR AS AUTORIDADES CONSTITUÍDAS, MEUS SUPERIORES HIERÁRQUICOS, PROTEGER O PATRIMÔNIO PÚBLICO MUNICIPAL E TRATAR COM ALTRUÍSMO, DEDICAÇÃO

E URBANIDADE A POPULAÇÃO DE CURITIBA”. (Juramento do Guarda Municipal de Curitiba)

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra aos Honrosos Policiais com suas diversas denominações em todo o Brasil e em especial aos Guardas Municipais, que nestes últimos dois séculos vêm procurando trazer a paz e a harmonia em uma sociedade conturbada pelos momentos políticos, aspectos socioculturais e econômicos de uma nação em desenvolvimento.

Seus serviços, prestados quase sempre no anonimato, refletem de maneira significativa para a garantia do exercício de cidadania em seus Municípios, Estados e na União.

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Claudio Frederico de Carvalho

VI

AGRADECIMENTOS Agradeço ao Grande Arquiteto do Universo, por nos dar inspiração

para redigir esta obra, pois Ele é o criador de tudo e de todos. Agradeço ao meu filho Lucas, pela compreensão em ser privado da

minha companhia nos momentos que dediquei à elaboração deste trabalho, bem como a minha esposa Viviane, que sempre esteve ao meu lado, quer na digitação, pesquisa, produção e, principalmente, no incentivo para a concretização deste livro.

Agradeço ao leitor que me privilegia com a leitura desta obra o qual me coloco a disposição para eventuais esclarecimentos, no endereço eletrônico: [email protected]

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VII

PREFÁCIO A obra apresentada pelo autor resgata a importância da Guarda

Municipal em nosso país, cuja existência remonta a 1531, no Governo Geral de Martim Afonso de Souza, até a sua extinção, ocorrida em 1937.

Dos homens que serviram nas fileiras da Guarda Municipal, destaca-se o comandante do Corpo de Guardas Municipais Permanentes da Corte, o Major Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, como também a bravura de vários homens que morreram na defesa da pátria quando da Guerra do Paraguai.

Com a promulgação da nova carta constitucional, em 1988, os municípios voltaram a ter o poder de criar as suas Guardas Municipais, e em Curitiba, por meio da Lei 7356/89, foi recriada a sua Guarda Municipal, com o lema “Pro lege semper vigilans”.

Para que alguma coisa se perpetue na história, faz-se necessário o seu resgate, guardar a sua origem, preservar o seu passado, para que todos saibam de onde veio, como veio e para que veio. O autor, membro integrante e atuante da referida Guarda Municipal, com grande senso de visão apresenta o resumo histórico e principalmente a evolução da Guarda Municipal de Curitiba, bem como distingue, pelas atribuições, as competências da polícia civil e da polícia militar, que possuem peculiaridades próprias.

O curriculum do autor, apresentado com a sua obra, mostra que após galgar posições dentro dos quadros da Guarda Municipal, exerce atualmente a de Inspetor, mostrando ser pessoa não acostumada a permanecer impassível às dificuldades e, preocupado com a cultura e a formação de seus comandados, participou de vários cursos, congressos e seminários, somando ainda à grande qualidade de ser um formador de opinião, como docente.

Pelo seu histórico, o autor passou a integrar os quadros da Guarda Municipal após a Constituição de 1988, conquistando sua ascensão promocional. É um lutador que vem vencendo todos os níveis de sua carreira, sabendo valorizar as conquistas realizadas, tendo uma visão plena das necessidades e dificuldades dessa nova instituição, sem se distanciar do lado humano.

“O que você precisa saber sobre a Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar” se constitui numa resposta às perguntas e

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Claudio Frederico de Carvalho

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anseios da população, oferecida por alguém que vive plenamente a sua profissão e está preocupado em esclarecer a comunidade.

Sinto-me orgulhoso em apresentar o autor à comunidade e honrado em haver participado, modestamente, de sua formação acadêmica, como professor. É na qualidade de professor/instrutor que o autor passará seu conhecimento aos demais comandados, resgatando o verdadeiro sentido de cidadania.

Parabenizo pela iniciativa de apresentar à população o histórico da Guarda Municipal, o que é, qual sua finalidade e atribuições, em linguajar simples, de fácil entendimento, mostrando aos cidadãos paranaenses que esta instituição vem sendo modelo para outros Estados da Federação.

Curitiba, 26 de agosto de 2004.

Luís Carlos Xavier Juiz de Direito

Professor da UTP

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APRESENTAÇÃO

“...Se o Senhor não guardar a Cidade, em vão vigiam as

sentinelas...” Caíram os muros, as cidades já não têm portas, estão motorizadas as sentinelas. No entanto, a advertência dos livros sagrados, paira ainda hoje sobre as modernas cidades. Mais que nunca, as populações urbanas estimam e sonham

com eficientes Guardas Municipais. Na última campanha para Prefeito de Curitiba o tema foi

debatido à exaustão. Falou-se da integração com as Polícias Militar e Civil. A população cobrou de nossas autoridades, com veemência, uma segurança que tem se tornado sempre mais escassa.

Escassa na exata proporção do crescimento da injustiça social, agravada pelas altas taxas de juros, pelo crescimento do desemprego, por fatores quase sempre alheios à esfera de decisões dos vereadores e do Prefeito.

Este livro é um minucioso trabalho. Obra de um Guarda Municipal exemplar. Claudio Frederico de Carvalho dedicou-se à pesquisa histórica e

legal e, por uma conjugação de amor à Cidade e à instituição, escreveu obra de referência, destinada a enriquecer a bibliografia da capital do Paraná.

“O que você precisa saber sobre a Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar” será com certeza imprescindível à formação de novos profissionais.

Será também importante para reforçar a auto-estima de todos os que servem à nossa Curitiba nesta importante função pública.

Será, ainda, manual de conhecimento sobre a fascinante profissão de vigiar a Cidade, seus bens culturais, suas escolas, seus parques, sua gente.

Nos dias felizes em que pude servir ao nosso povo na condição de Prefeito de Curitiba, entre 1993 e 1996, a Guarda Municipal jamais me faltou. Esteve sempre comigo, na defesa da Cidade. Contra as invasões desabusadas – que desorganizavam o espaço urbano, a

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pretexto de uma solidariedade com os despossuídos que jamais seus mentores praticaram.

Na proteção das crianças e dos jovens contra o tráfico de drogas, na porta das escolas, dentro dos Faróis do Saber – também eles, postos da Guarda Municipal.

Os Faróis do Saber eram bibliotecas e pontos de vigilância de bairro, mais tarde desvirtuados desta função pelo meu sucessor no Executivo Municipal.

Aqui estão memória histórica, legislação atualizada, e sonhos de futuro. O livro não se esgota no passado.

É também um projeto de segurança para Curitiba e demais cidades brasileiras.

Cumpre a determinação do grande Joaquim Nabuco: “A vida não é senão a posse do futuro pela confiança”

Rafael Greca Foi Prefeito dos 300 anos de Curitiba. 1993 – 1996 Ministro de Estado. 1999 – 2000 Deputado Federal. 2000 – 2002 Deputado Estadual. 2003 – 2006 Membro da Academia Paranaense de Letras. Ganhou o Prêmio Mundial do Habitat da ONU em 1996, pela sua gestão em Curitiba.

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XI

PALAVRAS DO PREFEITO DE CURITIBA Claudio Frederico de Carvalho, valoroso servidor da nossa

Guarda Municipal, contribui de modo importante para a configuração da história de nossa cidade com sua obra “O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar”. O título é extenso, como longa e minuciosa foi sua dedicação ao pesquisar a origem, nos alvoreceres do Brasil, o desenvolvimento ao longo do tempo e as atuais funções desse grupo de segurança pública, preconizadas na Carta Magna de 1988.

Em Curitiba, da extinção da corporação nos anos 70, sua refundação em 1986 e a definição de seu papel legal e institucional, conforme a Constituição, a história recente de nossa Guarda Municipal armazena marcas de absoluta dedicação à cidade e a seu patrimônio – natural ou erguido pelos curitibanos. E isso Frederico nos conta à perfeição.

O papel reservado à Guarda Municipal em nossa administração remeterá, além da proteção aos bens públicos, à cidadania em seu sentido mais amplo. Nossa Guarda estará sempre presente em toda a cidade, agora também integrada às forças estaduais de segurança. E, o mais marcante, estará em nossas escolas municipais, a partir das quais, com a segurança que todas as famílias esperam, começaremos a construir a cidade do futuro.

Ao saudar o lançamento do livro de Claudio Frederico de Carvalho, desejo externar meu mais sincero sentimento de que estamos, de nossa parte, contribuindo para mais um capítulo de sua obra.

Beto Richa Prefeito de Curitiba Março de 2005.

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Claudio Frederico de Carvalho

XII

DECRETO – DE 14 DE JUNHO DE 1831.

Crêa em cada districto de paz um corpo de guardas municipaes divididos

em esquadras.

A Regencia Provisória, em Nome do Imperador, e em cumprimento do art. 10 da Carta de Lei de 6 do corrente mez e anno, Decreta:

Art. 1.° Em cada um dos districtos dos Juizes de Paz haverá um corpo

de guardas municipaes, dividido em esquadras de vinte e cinco á cincoenta

cidadãos, que tenham as qualidades requeridas pela Constituição do Império

no art. 94, para serem Eleitores.

Art. 2.° Cada um destes corpos terá o seu Commandante geral, ao qual

serão subordinados os Commandantes das esquadras.

Art. 3.° O alistamento destes corpos, sua divisão em esquadras,

nomeação dos Commandantes geraes, e Commandantes de esquadras,

pertencerá aos respectivos Juizes de Paz; os quaes, conformando-se com as

instrucções e ordens, que receberem do Governo das respectivas Províncias,

regularão o seu serviço ordinário. Art. 4.° São dispensados do serviço destas guardas os impossibilitados

por moléstia e os impedidos em razão de serviço publico.

Art. 5.° As duvidas, que occorrerem a tal respeito, serão decididas

pelos Juizes de Paz, com recurso ás Câmaras Municipaes, e destas para o

Governo da respectiva Província.

Art. 6.° Emquanto pelo Governo se não fornecer armamento, e

munição a todos os corpos, conforme a disposição da Lei, serão obrigados os

cidadãos alistados a comparecer com as armas próprias que tiverem; e pelo

menos com uma lança mettida em haste de dez palmos de comprido.

Art. 7.° Os cidadãos, que quizerem prestar o seu serviço a cavallo,

serão a isso admittidos, formando-se delles esquadras, que poderão ser compostas de menor numero.

Art. 8.° Cada um dos Commandantes de esquadras terá um livro ou

caderno, em que tenha assentados os nomes dos cidadãos a ellas

pertencentes, com declaração de suas idades, profissões, moradas, e estados:

notando a cada um delles o armamento, e munições que se lhes fornecer, o

serviço que prestar, e as faltas que nelle commetter, cujas observações

transmittirá em um mappa no fim de cada semana ao Commandante geral do

Corpo.

Art. 9.° Além deste serviço incumbe-lhe: 1.° receber do Commandante

geral, e distribuir aos cidadãos da sua esquadra, o armamento, e munições,

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que pela Fazenda Publica se lhes haja de fornecer, cobrando recibo de cada

um dos mesmos cidadãos: e passando-o elle mesmo ao Commandante geral

no acto das entregas; 2.° arrecadar o armamento inutilisado, ou sobejo por

ausência, fallecimento, e impedimento de qualquer dos membros da

esquadra, para o fazer reverter aos seus respectivos depósitos publicos por

intervenção do Commandante geral; 3.° vigiar sobre o bom estado, e apresto do armamento, seja próprio, ou da Fazenda Publica, nas occasiões do serviço:

4.° executar fielmente as ordens do Commandante do corpo, e assim mesmo

as dos Juizes de Paz e mais autoridades criminaes e policiaes, quando por

estas lhes for requisitado o emprego da força da sua esquadra a bem da

ordem e tranqüilidade publica; 5.° participar immediatamente ao

Commandante do corpo todas as novidades, que occorrerem no serviço da

sua esquadra: e aquellas mesmo de que tiver noticia por qualquer via, em

cujo conhecimento interesse a segurança publica ou particular, para em

tempo se darem as providencias.

Art. 10. O Commandante geral do corpo terá um livro de matricula de

todas as guardas municipaes, divididas ahi segundo a ordem das esquadras a

que pertencerem, as quaes serão numeradas. O registro desta matricula será feito pelos mappas das esquadras, que os respectivos Commandantes são

obrigados a dar ao Commandante geral, pela maneira declarada no artigo 8.°

Art. 11. Além deste serviço da matricula geral do corpo incumbe ao

respectivo Commandante: 1. ° vigiar sobre a conducta dos Commandantes

das esquadras, a fim de que cumpram fielmente com os seus deveres na

ordem do serviço; 2.° executar, e fazer executar as ordens dos Juizes de Paz;

3.° satisfazer as requisições que lhe forem immediatamente feitas pelas

autoridades criminaes, ou policiaes, em ordem a empregar a força das

guardas municipaes, para manter a segurança publica, e prender os

malfeitores; 4.° fazer os pedidos, e distribuir pelos Commandantes das

esquadras o armamento, e munições da Fazenda Publica, que for necessario ás guardas, dirigindo-se para esse effeito na Côrte e Província do Rio de

Janeiro, ao Ministro da Guerra, e nas outras Províncias aos respectivos

Presidentes; passando recibo de tudo nos competentes depósitos, por onde

lhe forem entregues; 5..° arrecadar dos Commandantes diante das esquadras e

fazer reverter aos Depósitos Públicos o mesmo armamento quando se

inutilisar, ou fôr sobejo; 6.° participar ao Juiz de Paz do seu districto, todas as

novidades do dia, que respeitarem á segurança publica, ou dos particulares, e

que vierem ao seu conhecimento por qualquer maneira, observando todo o

recato e segredo na communicação daquellas, que por sua natureza o

exigirem; 7.° executar e fazer executar as ordens do Juiz de Paz do districto,

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XIV

e satisfazer as requisições do emprego da força armada do seu commando,

quando lhe forem feitas por quaesquer autoridades criminaes ou policiaes,

ainda mesmo de outro districto nos casos urgentes.

Art. 12. Os differentes corpos destas guardas municipaes são inhibidos

de ter correspondecias entre si, seja qual fôr o pretexto: nem menos se

poderão reunir para fazer representações, ou tomarem deliberações, sob pena de serem considerados os seus ajuntamentos como illicitos, e punidos

segundo a Lei. As guardas do mesmo corpo não poderão tomar as armas

senão por ordem dos seus Commandantes, que são inhibidos de as dar, a

menos que não preceda requisição das autoridades policiaes.

Art. 13. Cada um dos guardas municipaes prestará perante o

Commandante de sua esquadra, este perante o Commandante do corpo, e este

perante o Juiz de Paz do seu districto, o seguinte juramento: Juro sustentar a

Constituição, e as Leis, e ser obediente ás autoridades constituídas,

cumprindo as ordens legaes que me forem communicadas para segurança

publica e particular, fazendo os esforços, que me forem possíveis, para

separar tumultos, terminar rixas, e prender criminosos em flagrante;

participando, como me incumbe, immediatamente que chegarem ao meu conhecimento, todos os factos criminososo, ou projectos de perpetração de

crime.

Manoel José de Souza França, do Conselho do mesmo Imperador,

Ministro e Secretario de Estado dos Negócios da Justiça, o tenha assim

entendido, e faça executar. Palácio do Rio de Janeiro em quatorze de Junho

de mil oitocentos trinta e um, décimo da Independência e do Império.

Márquez de Caravellas.

Nicoláo Pereira de Campos Vergueiro. Francisco de Lima e Silva.

Manoel José de Souza França.

Transcrito: Colleção das Leis do Império do Brazil de 1831, segunda parte,

Rio de Janeiro, Typographia Nacional, 1873, pg. 16/18.

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XV

LEI – DE 10 DE OUTUBRO DE 1831.

Autoriza a creação de corpos de guardas municipaes voluntarios

nesta cidade e provincias.

A Regencia, em Nome do Imperador o Senhor D. Pedro II, Faz saber a todos os Subditos do Imperio que a Assembléia Geral

Decretou, e Ella Sanccionou a Lei seguinte:

Art. 1.° O Governo fica autorizado par crear nesta Cidade um Corpo de guardas municipaes voluntarios a pé e a cavallo, para manter

a tranquillidade publica, e auxiliar a Justiça, com vencimentos

estipulados, não excedendo o numero de seiscentas e quarenta pessoas, e adespeza annual a cento e oitenta contos de réis.

Art. 2.° Ficam igualmente autorizados os Presidentes em

Conselho para crearem iguaes corpos, quando assim julguem

necessario, marcando o numero de praças proporcionado. Art. 3.° A organização do corpo, pagamento de cada individuo,

a nomeação e despedida dos Commandantes, as instrucções

necessarias para a boa disciplina, serão feitas provisoriamente pelo Governo, que dará conta na futura sessão para a approvação da

Assembléia Geral.

Art. 4.° Ficam revogadas todas as Leis em contrario. Manda portanto á todas as Autoridades, a quem o

conhecimento, e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e

façam cumprir, e guardar tão inteiramente como nella se contém. O

Secretario de Estado dos Negócios da Justiça a faça imprimir, publicar, e correr.Dada no Palácio do Rio de Janeiro aos dez de

Outubro de mil oitocentos trinta e um, décimo da Independência e do

Imperio.

Francisco de Lima e Silva.

José da Costa Carvalho. João Braulio Moniz.

Diogo Antonio Feijó.

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Carta de Lei, pela qual Vossa Magestade Imperial Manda

executar o Decreto da Assembléia Geral, que Houve por bem

Sanccionar, sobre a creação nesta Cidade e Provincias de um corpo

de guardas municipaes voluntarios, na fórma acima declarada.

Para Vossa Magestade Imperial vêr.

José Tiburcio Carneiro de Campos, a fez.

Diogo Antonio Feijó.

Registrada nesta Secretaria de Estado dos Negocios da

Justiça a fl. 96 do Livro 1.° de Leis. Rio de Janeiro em 15 de

Outubro de 1831. – João Caetano de Almeida França.

Publicada e sellada a presente Lei nesta Secretaria de

Estado dos Negocios da Justiça em 15 de Outubro de 1831. – João

Carneiro de Campos.

Transcrito por Cláudio Frederico de Carvalho: Colleção das Leis do Império do

Brazil de 1831, primeira parte, Rio de Janeiro, Typographia Nacional, 1873, pg. 129/130.

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XVII

INTRODUÇÃO Ao elaborar este livro, dois foram os objetivos escolhidos: o

primeiro, compilar e coletar o maior número possível de material útil e existente sobre o tão importante assunto que é a Guarda Municipal; o segundo, informar, principalmente aos interessados em Segurança Pública no âmbito municipal, a maneira prática e objetiva pela qual podem guiar-se, a fim de que venham a ter embasamento nas múltiplas e complexas missões de Defesa Social, dentro dos princípios fundamentais da LEI e da ORDEM.

A presente obra, conforme pode-se verificar, em absoluto tem pretensões de ser uma “obra completa”, requintada de dotes literários ou eminentemente original, pois a maior parte da mesma é fruto de estudos com base em trabalhos e coletânea de obras já existentes, bem como, legislação em processo evolutivo no país.

Na atualidade, torna-se necessário aprimorar cada dia mais os conhecimentos de segurança pública e das organizações policiais, pois foram estas os baluartes da ordem e da segurança interna das Nações, lutando constantemente contra o crime, fazendo cumprir a lei, zelando pelos interesses individuais e coletivos, protegendo sistematicamente o patrimônio. Aliás, desde os primórdios dos agrupamentos humanos, tornou-se o sustentáculo imperecível da civilização universal.

Antes de se falar propriamente em Guarda Municipal, temos que ter alguns conceitos claros, a fim de tirar quaisquer dúvidas quanto a sua real interpretação. Por exemplo, para conceituar Segurança Pública, devemos antes questionar: O que a População espera da Segurança Pública?

As respostas mais freqüentes são: uma polícia bem paga (que não seja corrupta), bem preparada e que possa dar resposta aos anseios da população, onde as pessoas possam andar nas ruas e sentir a sensação de segurança, seus filhos possam brincar lá fora sem a preocupação do que possa acontecer, onde o cidadão possa parar o carro no sinaleiro tranqüilamente sem temer o delinqüente, e por fim, ao sair de casa em direção ao trabalho, tenha a certeza de que ao retornar encontrará sua residência sem que a mesma tenha sido violada.

Partindo dessa premissa, sobre polícia podemos fazer o mesmo questionamento: O que é Polícia?

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Tendo como resposta, segundo Luiz Otavio de O. AMARAL, na obra “Direito e Segurança Pública” (p. 23), “É a atividade do Estado consiste em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público. É a atividade da polícia/policial em geral”.

“Antes, a ordem pública se restringia à segurança pública e o poder de polícia era, então, sinônimo de segurança coletiva/pública. Modernamente, porém, o Estado assumiu novas atribuições e o conceito de ordem pública envolve, agora, a ordem econômica e social. Assim ampliou-se o poder de polícia.”

Para ser mais específico, etimologicamente falando, Policiar é o ato de civilizar. O termo Polícia tem origem em 1791, no ordenamento jurídico da França, onde concomitantemente dividiu a polícia em administrativa e judiciária. Contudo, já em Roma Antiga tínhamos as “polícias”, onde, em virtude de sua natureza, eram divididas em Civita ou Militare.

CIVITA Civil derivação de cidade cives moradores da cidade.

MILITARE Militar combatente na guerra moravam fora

do limite das cidades permissão do governo para adentrar nas cidades.

Como podemos perceber, não é tão fácil quanto parece definir o que é polícia sem observarmos os aspectos de evolução de uma sociedade. Para o Brasil, por exemplo, este conceito tem vários sentidos, onde infelizmente, muitas vezes por desconhecimento, acaba-se confundindo o termo polícia-função (sentido original) com polícia-denominação (sentido usual).

Para melhor expor a idéia segue abaixo o gráfico:

1. Função (Atividade) Polícia Judiciária/Repressiva (Tipicamente estatal) Polícia Ostensiva/Preventiva

POLÍCIA (Conceito) 2. Denominação (Corporação)

(Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Guarda Municipal)

***

Terminando esta nota introdutória, digo simplesmente que ficarei satisfeito se, ao menos em parte, esta obra for lida por todos aqueles que exercem conscientemente a nobre missão de conduzir e representar o povo, abraçada com o fim de bem servir ao próximo.

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XIX

ÍNDICE

1. BREVE HISTÓRICO DA GUARDA MUNICIPAL NO BRASIL 001 1.1. ÁRVORE GENEALÓGICA DA SEGURANÇA PÚBLICA 014 2. HISTÓRICO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA (1986) 015

2.1. ORGANOGRAMA SMDS – GMC 037 2.2. GESTÕES MUNICIPAIS 038 3. A GUARDA MUNICIPAL E O PODER PÚBLICO FEDERAL 042

3.1. SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA – 2003 042 3.1.1. SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA – SUSP 042 3.2. PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA 043

3.3. PROJETO SEGURANÇA PÚBLICA PARA O BRASIL 052 3.4. MANUAL DE REFERÊNCIA ESTRUTURAÇÃO DAS GUARDAS MUNICIPAIS 057 4. A GUARDA MUNICIPAL E A LEGISLAÇÃO FEDERAL 071

4.1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL 071 4.2. PROJETO DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL (PEC – 534/02) 072 4.3. MEDIDA PROVISÓRIA N.º 2.029, DE 20 DE JUNHO DE 2000 091

4.4. LEI N.º 10.201, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2001 094 4.5. LEI N.º 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003 096 4.6. MEDIDA PROVISÓRIA N.º 157, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003 099

4.7. LEI N.º 10.867, DE 12 DE MAIO DE 2004 099 4.8. LEI N.º 10.884, DE 17 JUNHO DE 2004 100 4.9. DECRETO N.º 5.123, DE 1º JULHO DE 2004 101

4.10. PROJETO DE LEI N.º 1.332, DE 2003 108 5. A GUARDA MUNICIPAL E O PODER JUDICIÁRIO 133 6. A GUARDA MUNICIPAL E O ESTADO DO PARANÁ 141

7. A GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA E A LEGISLAÇÃO MUNICIPAL 142 7.1. LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO 142 7.2. LEI DE CRIAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA 142

7.3. PRIMEIRO REGULAMENTO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA 144 7.4. LEI N.º 10.630, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2002 158 7.5. DECRETO N.º 100, DE 29 DE JANEIRO DE 2003 169

8. AS GUARDAS MUNICIPAIS NO BRASIL 178 8.1. GUARDA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO – RJ 178 8.2. GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM - PA 184

8.3. GUARDA MUNICIPAL DE FORTALEZA - CE 185 8.4. GUARDA CIVIL DE PIRACICABA - SP 191 9. REPORTAGENS E ENTREVISTAS SOBRE A SEGURANÇA MUNICIPAL 194

9.1. GUARDA MUNICIPAL E A SEGURANÇA PÚBLICA 194 9.2. O PAPEL DOS MUNICÍPIOS NA POLÍTICA DE SEGURANÇA 196 9.3. “O GUARDA BELO” 200

9.4 ACADÊMICOS DEFENDEM GUARDA MUNICIPAL NO COMBATE À VIOLÊNCIA 201 10. DA FORMAÇÃO DO GUARDA MUNICIPAL 204 10.1. ACADEMIA DE FORMAÇÃO 204

10.2. CURRÍCULO DE FORMAÇÃO 205 10.3. CORPO DOCENTE 207 10.4. ENSINO CONTINUADO 207

10.5. PALESTRAS E ATIVIDADES EDUCATIVAS 208

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11. A GUARDA MUNICIPAL E A COMPETÊNCIA SOBRE O TRÂNSITO 209 12. REGULAMENTO DE UNIFORMES 210

12.1. HIERARQUIA E GRADUAÇÕES 211 12.2. DISTINTIVOS E MEDALHAS 214 12.3. GRATIFICAÇÃO DE AQUISIÇÃO DE UNIFORME 216

12.4. GRUPAMENTO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL 223 13. A GUARDA MUNICIPAL E A LEI DO DESARMAMENTO 224 13.1. OUVIDORIA 225

13.2. CORREGEDORIA 226 13.3. CADASTRO DAS ARMAS 226 13.3.1. INSTITUCIONAL 226

13.3.2. PARTICULAR 228 14. A GUARDA MUNICIPAL E O SERVIÇO TÁTICO-OPERACIONAL 230 15. A GUARDA MUNICIPAL E O SOCORRO A VÍTIMAS 231

16. A GUARDA MUNICIPAL E O ESPORTE 234 17. A GUARDA MUNICIPAL E A COMUNIDADE ESCOLAR 235 18. A GUARDA MUNICIPAL E A LEI DA FOCINHEIRA 241

19. PERFIL DO COMANDO DAS GUARDAS MUNICIPAIS 244 20. OTIMIZAÇÃO DAS GUARDAS MUNICIPAIS 246 20.1. REGIMENTO DISCIPLINAR 246

20.2. REINTEGRAÇÃO DE POSSE 247 20.3. SUBSISTEMA DE INTELIGÊNCIA 247 20.4. RELUZ 247

20.5. POLÍCIA NÃO LETAL 248 20.6. APOIO PSICOLÓGICO E JURÍDICO 249 20.7. POLÍCIA COMUNITÁRIA 249

21. POR QUE MANTER A GUARDA MUNICIPAL 250 22. CARTA DE FORTALEZA 253 23. A FALA DE UM POLICIAL 256

24. CONCLUSÃO 258 MUITAS VEZES 260 O AUTOR 261

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 262

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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1. BREVE HISTÓRICO DA GUARDA MUNICIPAL NO BRASIL No Governo Geral de Martin Afonso de Souza, em 1531,

estabeleceram-se as primeiras diretrizes destinadas à ordem pública e à realização da justiça em território brasileiro, com a Carta de D. João III, Rei de Portugal, que delegava competência civil e penal para todas as questões.

Pouco depois, Duarte Coelho, em 1550, na Capitania de Pernambuco, propôs-se a estabelecer uma Polícia rigorosa e uma Justiça de escarmento, um sistema de repressão contra os facínoras que invadiam as zonas povoadas. Os livros das Ordenações Afonsinas, Manuelinas e, finalmente o Livro V das Ordenações Filipinas, que enumeravam os crimes e as penas e dispunham sobre a forma do processo de apuração, representaram importância extraordinária para a vida jurídica do Brasil.

As Ordenações Filipinas deram os primeiros passos para a criação e desenvolvimento de Polícias Urbanas no Brasil, ao disporem sobre os serviços gratuitos de polícia. Esses serviços eram exercidos pelos moradores, sendo organizados por quadros ou quarteirões e controlados primeiramente pelos alcaides e mais tarde, pelos juízes da terra.

No Livro I, das Ordenações Filipinas, em seu título LXXIII, tratava-se da figura dos Quadrilheiros que estavam presentes em vilas, cidades e lugares para prender os malfeitores. Esses “policiais” eram moradores dessas cidades, dentre os quais 20 eram eleitos por Juízes e Vereadores das Câmaras Municipais, sendo ordenado, neste ato, um como Oficial Inferior de Justiça, a fim de representar os demais integrantes, servindo todos gratuitamente durante três anos como Quadrilheiros.

Essa “Polícia” foi caindo em desuso, de modo que os Quadrilheiros foram substituídos progressivamente por Pedestres, Guardas Municipais, Corpos de Milícias e Serviços de Ordenanças, sendo que na Legislação Brasileira, a partir de 31 de março de 1742, nunca mais se ouviu falar dos Quadrilheiros, possivelmente substituídos pelos atuais Oficiais de Justiça.

A segurança pública na época era executada pelos chamados "quadrilheiros", grupo formado pelo reino português para patrulhar as cidades e vilas daquele país, e que foi estendido ao Brasil colonial. Eles eram responsáveis pelo policiamento das 75 ruas e alamedas da

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cidade. Com a chegada dessa "nova população", os quadrilheiros não eram mais suficientes para fazer a proteção da Corte, então com cerca de 60.000 pessoas, sendo mais da metade escravos.

Uma vez fixada no Brasil a Corte Portuguesa com D. João VI, foi criado o cargo de Intendente Geral de Polícia, através do Alvará de 10 de maio de 1808.

De forma mais específica ao que se refere às Guardas Municipais, um Decreto de 13 de maio de 1809 criou a Divisão Militar da Guarda Real no Rio de Janeiro. Este Decreto homologou a existência das Guardas Municipais Permanentes no Brasil, ocasião em que o Príncipe Regente percebeu a necessidade de uma organização de caráter policial para o provimento da segurança e tranqüilidade pública na cidade do Rio de Janeiro e demais províncias.

Em 13 de maio de 1809, dia do aniversário do Príncipe Regente, D. João criou a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia da Corte, formada por 218 guardas com armas e trajes idênticos aos da Guarda Real Portuguesa. Era composta por um Estado-Maior, 3 regimentos de Infantaria, um de Artilharia e um esquadrão de Cavalaria. Seu primeiro comandante foi José Maria Rebello de Andrade Vasconcellos e Souza, ex-capitão da Guarda de Portugal. Como seu auxiliar foi escolhido um brasileiro nato, Major de Milícias Miguel Nunes Vidigal.

A Guarda passou a ser subordinada ao Governador das Armas da Corte, sendo este comandante da força militar e sujeito ao Intendente Geral de Polícia, como autoridade Policial.

A Divisão Militar teve participação decisiva em momentos importantes da história brasileira como, por exemplo, na Independência do país. No início de 1822, com o retorno de D. João VI a Portugal, começaram as articulações para tornar o Brasil um país independente. A Guarda Real de Polícia, ao lado da princesa D. Leopoldina e o Ministro José Bonifácio de Andrade e Silva, manteve a ordem pública na cidade de forma coesa e fiel ao então príncipe D. Pedro, enquanto ele viajava às terras do atual estado de São Paulo.

A Independência desorganizou a "Guarda Real de Polícia", que era composta em sua maioria por portugueses, ficando a segurança da cidade a cargo das chamadas "Milícias", que, embora fossem continuadoras da "Guarda", não desempenhavam suas funções a contento.

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Em virtude do Novo Governo, com a abdicação de D. Pedro I, deixando no Trono o Príncipe Herdeiro, seu filho menor, D. Pedro II. O Brasil passa a ser governado, inicialmente, pela Regência Provisória e posteriormente pela Regência Trina. Neste momento conturbado em 7 de abril de 1831 as tropas formadas pela Guarda Real de Polícia", se insurgiram contra o sistema.

“Proclamação de 15 de Julho de 1831 da regencia permanente á tropa.

Soldados. _- A gloria que adquiristes no Campo da Honra, pela vossa briosa união no dia 7 de Abril, principia a declinar pelo espirito de insubordinação, e desordem, que alguns dentre vós acabam de manifestar. O susto, e a consternação, que tendes causado aos pacificos habitantes desta Cidade, tomando as armas para enfraquecer o poder legal, que era vossa obrigação sustentar para triumpho heroico da nossa regeneração, não pôde deixar de tornar-vos estranhos á grande Familia Brazileira, a que pertenceis; e esta só idéa deve cobrir-vos de um nobre pejo, para arrependidos tornardes ao gremio da Nação, de que a vossa inconsiderada conducta parece ter-vos alienado. Se continuais obstinados em vossos erros, não podeis pertencer mais á Nação Brazileira; que não é Brazileiro, quem não respeita o Governo do Brazil.”

Foi então que a Regência Provisória, a 14 de junho de 1831 mediante Decreto Imperial criou o "Corpo de Guardas Municipais" na Corte, sendo que autorizou que fosse feito o mesmo nas demais províncias.

Assim, foi organizado em cada Distrito de Paz um Corpo de Guardas Municipais, estando os mesmos divididos em esquadras.

“Art. 13. Cada um dos guardas municipaes prestará perante o Commandante de sua esquadra, este perante o Commandante do corpo, e este perante o Juiz de Paz do seu districto, o seguinte juramento:

Juro sustentar a Constituição, e as Leis, e ser obediente ás autoridades constituídas, cumprindo as ordens legaes que me forem communicadas para segurança publica e particular, fazendo os esforços, que me forem possíveis, para separar tumultos, terminar rixas, e prender criminosos em flagrante; participando, como me incumbe, immediatamente que chegarem ao meu conhecimento, todos os factos criminososo, ou projectos de perpetração de crime.”

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Em 14 de julho de 1831, a “Guarda Real de Polícia”, novamente se insurgiu contra a regência, momento em que efetivamente foi extinta através do decreto Imperial datado de 17 de julho, sendo criado na mesma data o cargo de Inspetor Geral das Guardas Municipais, tendo como 1.º Inspetor Geral o General Sebastião do Rego Barros.

“Proclamação de 22 de Julho de 1831 da Regencia aos Fluminenses, ácerca da insubordinação da tropa na noite de 14 do corrente.

Fluminenses. - A insubordinação n’uma parte do Corpo da Policia produziu a reunião da tropa no Campo da Honra em noite do dia 14 do corrente. Anarchistas aproveitaram-se da effervescencia. Requisições por modo illegal se fizeram ao Governo. A tropa recolheu-se ás 10 horas da manhã a quarteis, e tranquillos esperaram o deferimento. Não é porém com as armas na mão, que se dirigem supplicas ás Autoridades constituidas. O povo se aterrou, e, ignorando as consequencias deste acto criminoso, teve em horror os autores de attentado. O Governo não quis á custa do sangue brazileiro castigar os crimes de um, ou outro brazileiro. A cidade está tranquilla. Os soldados, ou reconhecem o erro, ou detestam os que os seduziram. Fluminenses, o Governo tem providenciado vossa segurança; não temais de hoje em diante: as armas estão confiadas a cidadãos interessados na ordem publica. A Lei há de ser executada, e os anarchistas, que derramaram o susto, e a consternação na capital do Imperio, hão de expiar seus crimes. Os Officiaes Militares, estes bravos da patria, cingiram a patrona sobre as bandas: elles deram o primeiro exemplo de patriotismo, o que resta? Respeito ás Leis, obediencia as Autoridades, e tudo será salvo. – Viva a Nação Brazileira. – Viva a Constituição. – Viva a Assembléia Geral. – Viva o Imperador. – Vivam os honrados fluminenses.”

Neste mesmo momento histórico, em 18 de agosto de 1831, com a assunção da Regência Permanente, logo após a edição da lei que tratava da tutela do Imperador e de suas Augustas irmãs, foi editada a lei que instituiu a Guarda Nacional, sendo extintas no mesmo ato as Guardas Municipais, Corpos de Milícias e Serviços de Ordenanças.

Conseqüentemente, a fim de manter a ordem pública nos municípios, em 10 de outubro de 1831 – marco de comemoração do Dia Nacional das Guardas Municipais (Lei n.º 12.066/2009) –

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foram novamente reorganizados os Corpos de Guardas Municipais Voluntários no Rio de Janeiro e nas demais Províncias, sendo este um dos atos mais valorosos realizados pelo então, Regente Feijó, o qual tornou pública tamanha satisfação, ao dirigir-se ao Senado em 1839, afirmando que:

“Lembrarei ao Senado que, entre os poucos serviços que fiz em 1831 e 1832, ainda hoje dou muita importância à criação do Corpo Municipal Permanente; fui tão feliz na organização que dei, acertei tanto nas escolhas dos oficiais, que até hoje é esse corpo o modelo da obediência e disciplina, e a quem se deve a paz e a tranqüilidade de que goza esta corte”.

Fato curioso que merece a transcrição é que mesmo neste período em que em tese as Guardas Municipais estavam extintas (18 de agosto a 10 de outubro de 1831) tivemos na história devidamente documentada mediante Decreto Imperial a morte do primeiro Guarda Municipal o qual deu a sua vida em defesa da Lei, da Pátria e da Liberdade, conforme segue:

“Decreto de 12 de Outubro de 1831 Manda inscrever o nome do cidadão Estevão de Almeida

Chaves, no libro destinado a transmittir á posteridade os grandes acontecimentos.

A Regencia, em Nome do Imperador o Senhor D. Pedro II, querendo exprimir os votos e os sentimentos da generosa Nação Brazileira, perpetuando a memoria do cidadão que ha pouco fez o sacrificio de sua vida a bem da causa publica,

DECRETA: A Camara Municipal desta muito leal e heroica cidade do Rio

de Janeiro fará inscrever no livro destinado a transmittir á posteridade os grandes acontecimentos, o nome do cidadão Estevão de Almeida Chaves, declarando ser o primeiro guarda municipal que no dia 7 de Outubro do corrente anno deu a vida em defesa da Lei, da Patria e da Liberdade, atacando os rebeldes na Fortaleza da Ilha das Cobras.

Diogo Antonio Feijó, Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Justiça, o tenha assim entendido e faça executar. Palacio do Rio de Janeiro em doze de Outubro de mil oitocentos trinta e um, decimo da Independencia e do Imperio.”

Ainda no ano de 1831, em 01 de novembro em pronunciamento feito pela Regência em Nome de Sua Majestade o Imperador à Assembléia Geral Legislativa é feito o seguinte discurso:

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“No interior a lei cobra o seu imperio; e se os partidos desencontrados, aspirações illegaes, paixões violentas, arrastam a nação as repelle, e detesta como fataes precursoras da anarchia, e despotismo. O Brazil se recordará sempre grato dos relevantes serviços prestados pelos Guardas Municipaes, Officiaes, soldados, e outros bravos militares; estes dignos Brazileiros têm arrostado por toda a parte os maiores perigos, esquecidos de si, e só tendo por diante o que lhes merece a sua patria.

Esgotados infructuosamente os meios brandos, forçoso é desembainhar a espada da Justiça para conter os faccíosos, cujos incessantes attentados contra a ordem, e tranquillidade publica principiavam a estancar as fontes da riqueza nacional, e como que a banir desta terra hospitaleira a paz, e a segurança individual, e a da propriedade.

É chimera aspirar á liberdade sem justiça.” Depois de cumprida sua missão o Comandante Geral das

Guardas Municipais Permanentes do Brasil pede exoneração do seu cargo em 25 de novembro, sendo extinto no mesmo ato a referida função.

Em São Paulo, a 15 de dezembro de 1831, por lei da Assembléia Provincial, proposta pelo Presidente da Província, Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, foi criado o Corpo de Guardas Municipais Permanentes, composto de cem praças a pé, e trinta praças a cavalo; eram os "cento e trinta de trinta e um".

Em Curitiba, neste período, a Câmara Municipal era a responsável pelo alistamento dos referidos Guardas Municipais que atuavam no policiamento da cidade e freguesias, inclusive com destacamentos na Lapa, tendo sido de grande valia na defesa do Cerco da Lapa.

Em 05 de junho de 1832, as Guardas Municipais passaram a ter em seu Corpo o posto de Major, ano este em que o Major Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), no dia 18 de outubro, foi nomeado Comandante do Corpo de Guardas Municipais Permanentes da Corte, após ter atuado no subcomando deste corpo, desde 07 de junho.

Duque de Caxias comandou bravamente a Guarda Municipal durante sete anos, vindo a passar o comando da mesma, ao ser nomeado Coronel, no final de dezembro de 1839, para seguir novas

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funções públicas. Ao se despedir dos seus subordinados fez a seguinte afirmação:

“Camaradas! Nomeado presidente e comandante das Armas da Província do Maranhão, vos venho deixar, e não é sem saudades que o faço: o vosso comandante e companheiro por mais de oito anos, eu fui testemunha de vossa ilibada conduta e bons serviços prestados à pátria, não só mantendo o sossego público desta grande capital, como voando voluntariamente a todos os pontos do Império, onde o governo imperial tem precisado de nossos serviços (...). Quartel de Barbonos, 20/12/39. Luís Alves de Lima e Silva”.

Em 1º de julho de 1842, fora criado o Regulamento Geral n.º 191, das Guardas Municipais Permanentes, padronizando atuação, patentes e uniformes.

Com a Emancipação Política do Paraná, em 10 de agosto de 1854, por meio da Lei n.º 07/1854, a Província passou a contar com a nova Força Pública, vindo a somar no policiamento de Curitiba com as Guardas Municipais.

Outro fato histórico que teve participação importante do Corpo de Guardas Municipais Voluntários, foi o conflito iniciado em 1865 contra o Paraguai. O Brasil formou com Uruguai e a Argentina a chamada Tríplice Aliança. Na época não tínhamos um contingente militar (Guarda Nacional) suficiente para combater os quase 80 mil soldados paraguaios.

O Império brasileiro se viu forçado, então, a criar os chamados "Corpos de Voluntários da Pátria". Em 10 de julho, partiram 510 oficiais e praças do Quartel dos Barbonos da Corte, local onde hoje está o situado Quartel General da Polícia Militar. A este grupo foi dado o nome de 31º Corpo de Voluntários da Pátria, atual denominação do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da corporação. A participação deste grupo foi vitoriosa em todas as batalhas das quais tomou parte: Tuiuti, Esteiro Belaco, Estabelecimento, Sucubii, Lomas Valentinas e Avaí.

Com as longas batalhas e revoltas, tanto internas como externas, que surgiam no Brasil Imperial, como a Guerra do Paraguai, onde durante seis longos anos de combate foram dizimados dois terços da população paraguaia e milhares de brasileiros perderam a vida, tendo sido o conflito mais sangrento da América do Sul (morreram mais de 650.000 pessoas), defenderam bravamente as nossas fronteiras, na sua maioria Guardas Municipais Voluntários,

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que juntos somavam-se aos Batalhões de Infantaria da Guarda Nacional.

“Os voluntários da Pátria tomaram a mais brilhante parte na campanha, já combatendo nos seus corpos, organizados ao primeiro chamamento do país em perigo,...” (História Militar do Brasil – Capítulo VI – p. 74).

“Com população de 87.491 habitantes, o Paraná contribuíra até o fim do primeiro ano de guerra, com 1.239 soldados, sendo 517 voluntários da pátria, 416 guardas nacionais, 221 soldados de linha e 85 recrutas, o que correspondia a 1,42% da sua população” (O Paraná na História Militar do Brasil – XXIII – p. 224).

Em 1866 através do Decreto nº 3.598, a força policial da Corte foi reorganizada, sendo divida em dois Corpos, um militar e outro civil. Conforme o Art. 1º “A força policial da Côrte será composta de um Corpo militar e de um Corpo paisano ou civil.”, ainda em seu artigo 3º encontramos a Guarda Municipal como o corpo militar, com a seguinte citação: “será o atual Corpo policial, que continuará a ter a mesma denominação e a organização do citado decreto”.

Em 09 de outubro de 1889 a Guarda Municipal já militarizada, conhecida como corpo policial militar passou a assumir mais as funções de defesa da soberania nacional compondo a força auxiliar do exército de 1.ª Linha, com isso através do Decreto n.º 10.395 foi criada a Guarda Cívica, tendo como função auxiliar o policiamento da capital do Império em conjunto com a Guarda Municipal.

No dia 15 de novembro de 1889, o Corpo Policial Militar (Guarda Municipal), teve destacada participação no apoio ao Marechal Floriano Peixoto, considerado o consolidador dos anseios de Proclamação da República. Ao alvorecer daquela data, uma tropa ficou a postos na Praça da Aclamação (hoje Praça da República/Campo de Santana), onde os republicanos estavam reunidos, para garantir a efetivação do desejo popular.

Em 1892, o corpo de Guardas Municipais tinha o seu contingente equivalente a uma brigada, passando com isso a ser conhecida não mais como Corpo Militar, mas sim Brigada Militar em razão do seu batalhão ter adquirido este status.

No município de Curitiba, no ano de 1895, após a Proclamação da República, mostrava-se claramente que, após a mudança da forma de governo, ainda as Guardas Municipais permaneceram em

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pleno exercício, pois continuavam a ser contemplados, bem como a ser direcionada a sua atuação nesta municipalidade.

Como podemos ver nas Posturas Municipais de 23 de novembro de 1895, em seus artigos 341, 346, 347, 350 e 355, onde se atribuía aos Guardas Municipais a competência de verificar se os comerciantes pagavam ou não os impostos devidos, e ainda, determinava os guardas a fazer a exata correção trimestral, a fim de verificar se eram observadas ou não as Posturas Municipais.

Competia-lhes, ainda, a aplicação de multas para os infratores, havendo inclusive a previsão de punição de multa, caso ocorresse a omissão por parte dos guardas e não viessem a autuar os infratores. E por fim, preconizava que “todo aquele que desobedecer ou injuriar os guardas municipais, quando em exercício de suas funções, sofrerá a multa de 30$000, além das penas em que incorrer”.

Com a necessidade de reorganizar o serviço policial, através do Decreto n.º 947, de 1902, foi feita a reforma sendo divida em duas policias uma civil e outra militar. A policia civil conforme o artigo 2.º, “ficou subordinada ao chefe de policia, sendo exercida pelos delegados auxiliares, pelos delegados das circunscrições urbanas e suburbanas e seus suplentes, inspetores seccionais, agentes de segurança e por uma guarda civil”.

No artigo terceiro do referido decreto, a guarda civil, além dos serviços de ronda e vigilância, passou a ter as atribuições concorrentes com a policia militar, por sua vez conforme o artigo quinto, a policia militar continuou a ser exercida pela brigada policial, nos termos do decreto n. 4272, de 11 de dezembro de 1901.

Em 1905, através do Decreto n.° 1326, novamente o serviço policial foi reorganizado sendo mantida a dicotomia policial e as denominações: “brigada policial” e “guarda civil”.

A fim de ampliar a segurança de Curitiba e periferias, em 17 de junho de 1911, pelo Decreto Estadual n.º 262, foi criada a Guarda Civil do Paraná, órgão civil incumbido de auxiliar na manutenção da ordem e segurança pública.

O Ato n.º 15, do município de Curitiba, assinado pelo Prefeito Moreira Garcez, de 18 de fevereiro de 1927, nomeia para o Cargo de Guarda de 2ª Classe o Sr. Brasílio Pery Moreira, sendo o ato seguinte a promoção por merecimento do Guarda de 2ª Classe, Sr. Manoel de Oliveira Cravo, para o Cargo de Guarda de 1ª Classe.

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Convém ressaltar que o Prefeito Ivo Arzua Pereira, quando em exercício, como forma de reconhecimento para com os serviços prestados pelo Guarda Pery Moreira, deu o seu nome à edificação onde se encontra atualmente a Sede da Procuradoria Geral do Município de Curitiba.

Em agosto de 1932, a Guarda Civil, em decorrência da Revolução Constitucionalista, veio a ser incorporada, servindo como força auxiliar do Exército.

Neste momento histórico, após seus atos de bravura frente à Revolução Constitucionalista, o Marechal Zenóbio da Costa, oriundo do Exército, tendo sido um grande comandante e mobilizador das forças policiais, assumiu, de maio de 1935 até abril de 1936, o cargo de Inspetor Geral da Polícia Municipal do Rio de Janeiro. Tornou-se posteriormente o criador do Pelotão de Polícia Militar da FEB (Força Expedicionária Brasileira), e após o término da Segunda Guerra Mundial, foi o responsável pela criação da Polícia do Exército no Brasil.

Seu convívio junto a um corpo policial de caráter civil por diversas vezes, em momentos distintos, tornou-o um exemplo de policial, o qual não media esforços para atender a qualquer chamada da Nação, inclusive mobilizando, sempre que necessário, as Guardas Civis. Desse modo, surgiu o Código de Honra do PE, pautado nos ensinamentos do policiamento cidadão.

Foto do Pátio do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília 1988.

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Em 1936, com o estabelecimento do que se chamou o “Estado Novo”, à feição totalitária dos estados nazi-fascistas, não havia mais o que se falar em autonomia dos Estados e Municípios, e portanto, em forças dissuasórias do poder central.

Se a Guarda Municipal e a Guarda Civil eram ainda úteis como instrumento de contenção popular, elas iam perdendo a posição antes desfrutada para as Forças Armadas, em especial para o Exército; para evitar rebeliões civis e policiais contra o poder central, elas foram despindo-se gradativamente de suas autonomias, por meio do poder público federal, que aos poucos foi limitando cada vez mais suas atribuições, chegando ao ponto de torná-las inúteis e onerosas.

Com o advento da Lei Estadual n.º 73, de 14 de dezembro de 1936, foram absorvidos os serviços públicos de segurança e Inspetoria de Tráfego do Município de Curitiba, ambos desempenhados pela Guarda Municipal de Curitiba, para o Estado do Paraná, sendo neste mesmo ato transferido o seu efetivo operacional.

A partir de 1935, em decorrência algumas Constituições Estaduais, a atividade policial passou a ser competência exclusiva do Estado: A Guarda Civil e a Guarda de Trânsito passaram a fazer o policiamento ostensivo na Capital, enquanto a Brigada Militar assumiu o policiamento no interior.

Em 1939, o Exército dos Estados Unidos criou a Military Platoon Police “MP”, polícia esta inserida dentro das Divisões de Infantaria, a fim de manter a ordem nos acampamentos, bem como efetuar a guarda de presos de guerra, entre outros. A Polícia do Exército não existia na organização militar brasileira até o ingresso do Brasil na 2ª Guerra Mundial, quando seguindo os moldes da organização americana, surgiu um Pelotão de Polícia Militar (MP).

“Dado o desconhecimento quase absoluto do Exército sobre questões policiais e de tráfico pensou-se em aproveitar, de alguma corporação já existente, a experiência necessária. Assim, do núcleo original formado por 19 homens do Exército, formou-se um contingente de 44 voluntários, oriundos da Guarda Civil de São Paulo”. (A Polícia do Exército Brasileiro – p. 26)

“A Guarda Civil do Estado de São Paulo, habituada aos problemas de tráfego intenso na capital paulista, selecionou os 44 voluntários para completar o efetivo de 66 homens, entre aqueles de moral ilibada, de físico atlético e profissionalmente competentes no

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uso de armas de defesa pessoal e combate corpo a corpo, incluindo-se 10 homens com conhecimento das línguas alemã e italiana”. (História da Polícia do Exército – PE – p. 27)

Com o término da 2ª Guerra Mundial e o retorno das tropas brasileiras, extinguiu-se a Força Expedicionária Brasileira. Contudo, sabedor da grande importância de um corpo policial dentro da organização militar, o General Euclydes Zenóbio da Costa, tendo implantado e comandado este Pelotão anteriormente, conseguiu por meio do Estado-Maior do Exército, transformá-lo em 1ª Companhia de Polícia do Exército.

Com a promulgação da Constituição da República de 18 de setembro de 1946, surgiram as “polícias militares, instituídas para a segurança interna e a manutenção da ordem nos Estados”, sendo consideradas como forças auxiliares e reservas do Exército.

Desse modo, com a publicação do Decreto-Lei n.º 544, de 17 de dezembro de 1946, a Força Policial do Estado do Paraná passou a denominar-se Polícia Militar do Estado do Paraná.

A partir de então, o Município de Curitiba, na tarefa de preservação da ordem pública, passou a contar somente com os Inspetores de Quarteirão, os quais, em 03 de outubro 1951, por meio da Lei Municipal n.º 357/51, foram reconhecidos novamente como integrantes dos serviços públicos municipais, sendo denominados como Guarda Noturna.

Desencadeado pelo Golpe Militar, por meio dos Decretos–Lei Federais 667, de 2 julho de 1969 e 1070, de 30 de dezembro de 1969, os municípios tornaram-se impossibilitados de exercer a segurança pública. Contudo, mesmo com todas essas mudanças políticas, alguns mantiveram as suas Guardas Municipais, umas restritas à banda municipal, outras à vigilância interna dos próprios.

Entretanto em algumas cidades apenas mudaram o nome das suas instituições para Guarda Civil Metropolitana, mantendo-as até os dias de hoje.

Através do Decreto-Lei 667 e suas modificações, garantiu-se às Polícias Militares, a Missão Constitucional de Manutenção da Ordem Pública, dando-lhes exclusividade do planejamento e execução do policiamento ostensivo, com substancial reformulação do conceito de "autoridade policial", assistindo-se, também, a extinção de "polícias" fardadas, tais como: Guarda Civil, Corpo de Fiscais do DET, Guardas Rodoviários do DER e Guardas Noturnos.

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A partir de 1968, a Policia Militar passou a executar, com exclusividade, as atribuições de policiamento ostensivo.

Em 1969, a Guarda Civil pertencendo ao Governo do Estado do Paraná desde o ano de 1937, passou então a estar diretamente subordinada à Polícia Militar do Estado, sendo esta corporação efetivamente extinta em 17 de julho de 1970.

Com a queda do Regime Militar e a segurança municipal deficitária, começou a se cogitar a possibilidade de reorganizar as Guardas Municipais nas grandes cidades e regiões metropolitanas.

Neste mesmo período, Curitiba enfrentava um aumento repentino de criminalidade, bem como depredações em seus “próprios“ municipais, despertando a necessidade de se criar um grupo diferenciado, onde proteção à população seria a sua prioridade, pois “o povo em coro clama pela volta da Guarda Civil”.

Com este intuito, em 17 de julho de 1986, exatamente 16 anos após a sua extinção, o Prefeito Municipal Roberto Requião sancionou, com aprovação da Câmara Municipal dos Vereadores de Curitiba, conforme as prerrogativas inerentes ao seu cargo, o Projeto de Lei n.º 56/84, de autoria do Vereador José Maria Correia, surgindo assim a Lei n.º 6867, que criou o Serviço Municipal de Vigilância - VIGISERV.

A autonomia municipal se consolidou através da Carta Magna de 1988, que conferiu aos municípios a faculdade de “criar novamente” as Guardas Municipais, seguindo o estatuído em seu Artigo 144, § 8º.

Desse modo, aplicando o preceito legal da Constituição da República Federativa do Brasil, a VIGISERV teve a sua denominação alterada por meio da Lei n.º 7356/89, passando a ser denominada Guarda Municipal de Curitiba, com o lema: “PRO LEGE SEMPER VIGILANS” (Pela Lei, Sempre Vigilantes) – lema este, oriundo da extinta Guarda Civil do Paraná.

Em 1988, os Constituintes da República, estabeleceram um Sistema de Segurança Pública, constituído por órgãos policiais, de acordo com o Art 144 da Constituição da República, com estruturas próprias e independentes, porém, embora com atribuições distintas, interligados funcionalmente, corporificando o esforço do Poder Público para garantir os direitos do cidadão e da coletividade, prevenindo e combatendo a violência e a criminalidade.

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1.1. ÁRVORE GENEALÓGICA DA SEGURANÇA PÚBLICA

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2. HISTÓRICO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA (1986) Em Curitiba, aos primeiros raios solares do dia 17 de julho de

1986, antecedendo a Carta Magna vindoura, a Câmara Municipal de Curitiba, por meio do Vereador José Maria Correia, atendendo ao pedido do Chefe do Executivo Municipal, o Prefeito Roberto Requião, viu em votação e aprovação o projeto que viria a ser o embrião da Guarda Municipal de Curitiba.

Modestamente, a fim de minimizar os índices de insegurança nesta municipalidade, vindo com isso de encontro às necessidades e anseios dos cidadãos, surgiu o VIGISERV (Serviço Municipal de Vigilância).

Conforme a Lei n.º 6867, de 17 de julho de 1986, seguindo o ora estabelecido, foi publicado o Edital de Regulamento do Concurso Público para VIGISERV, no dia 21 de janeiro de 1988, normatizando os critérios para admissão com provas físicas, psicológicas, culturais e antecedentes criminais. Essa avaliação limitava consideravelmente a margem de escolha dos candidatos.

No início do ano de 1988, foi realizado o 1º Concurso da Guarda Municipal de Curitiba, tendo como requisitos para o provimento do cargo os seguintes itens: ser brasileiro nato ou naturalizado; apresentar título de eleitor; certificado de reservista de 1ª categoria; possuir no ato da inscrição o 1º Grau completo; apresentar cédula de identidade; apresentar atestado de antecedentes criminais; ter no mínimo 19 anos completos e no máximo 35 anos completos; ter no mínimo 1,70m para homens e 1,60m para mulheres.

O certame do concurso realizou-se da seguinte forma:

1ª fase: prova objetiva de conhecimentos, exame de saúde, aptidão física (equilíbrio, salto em extensão, subida na corda, corrida de velocidade, corrida aeróbica) e teste psicopatológico;

2ª fase: curso de formação técnico-profissional. Em 04 de agosto de 1988, quando os candidatos encontravam-

se ainda em formação, iniciou-se a atividade da VIGISERV – “Guarda Municipal de Curitiba”, com objetivo de prestar atendimento às praças, parques, bosques, creches, escolas, centros de saúde, ciclovias, terminais de transportes e demais equipamentos do

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município, representando nova proposta em termos de proteção do patrimônio público e defesa aos cidadãos.

Nesta data, ocorreu a solenidade realizada no Edifício Presidente Castelo Branco, localizado no Centro Cívico de Curitiba. A turma de formandos passou por um concurso público, regido pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), onde realizaram treinamento prático de patrulhamento, curso de defesa pessoal, primeiros-socorros, instruções teóricas de princípios constitucionais e criminais, aulas de relações públicas e comunicação, sempre baseados na disciplina.

O corpo era composto por 130 Guardas Municipais, sendo 100 homens e 30 mulheres, trajando um uniforme social na cor azul petróleo, camisa azul clara, quepe de oito pontas, apito e cinto de guarnição com algemas e bastão PR-24.

Os Guardas Municipais, de maneira educada e gentil, apresentavam-se à população curitibana nos centros históricos, praças, parques, bosques e terminais de transporte coletivo, atuando em conjunto com os demais organismos de Segurança Pública, para garantir a segurança, prevenir acidentes, como também orientar e aconselhar os munícipes.

Foto de Formatura da Guarda Municipal de Curitiba1999.

Seus tratos finos e polidez tornaram a Guarda Municipal de Curitiba um exemplo de policiamento cidadão, onde o combate era direcionado ao crime e não ao criminoso.

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O Chefe do Executivo do Município, visando a implantação de um serviço de segurança que viesse de encontro às necessidades municipais, bem como que estivesse em sintonia com a vindoura Carta Constitucional. Com 35 dias de antecedência à publicação da nova Constituição Federal, por meio do Decreto 387/88, o então Prefeito Roberto Requião alterou a denominação da VIGISERV para Guarda Municipal de Curitiba e isentou os seus integrantes do pagamento da tarifa do transporte coletivo no município, desde que devidamente uniformizados.

O Regulamento Geral do Departamento do Serviço Municipal de Vigilância foi aprovado em 30 de novembro de 1988, por meio do Decreto n.º 535/88 (1º Regulamento da Guarda Municipal), o qual, mesmo sofrendo algumas alterações, continua parcialmente em vigor.

A partir desta data, conforme art.39 do mesmo Decreto Municipal, os Guardas Municipais em Curitiba passaram a trabalhar armados com revólveres calibre 38, a fim de prestar a defesa da população curitibana, bem como para a sua segurança pessoal.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná, por meio da Escola de Polícia Civil do Paraná, e a Prefeitura Municipal de Curitiba, em 28 de dezembro de 1988, realizaram no Auditório Presidente Castelo Branco a Solenidade da 2ª Turma do Curso de Formação Técnico-Profissional de Guarda Municipal, onde 57 novos guardas municipais, após o curso de formação, estavam sendo entregues à comunidade curitibana para atuar no policiamento das ruas, parques, bosques, terminais rodoviários e praças.

O Prefeito Roberto Requião, além de implantar o Serviço Municipal de Vigilância (VIGISERV), iniciou ainda o processo de transformação do mesmo, nos moldes da Constituição da República. No período de seis meses, realizou ainda dois Concursos Públicos com objetivo de ver perpetuado o seu trabalho, o qual vinha ao encontro dos clamores públicos, tendo uma visão real sobre a responsabilidade do município em relação à Segurança Pública.

Na gestão do Prefeito Jaime Lerner, em 11 de agosto de 1989, por meio do Decreto 400/89, os componentes da Guarda Municipal passaram a receber o Risco de Vida, inerente à profissão, onde foi incorporado um acréscimo de 30% no vencimento dos servidores.

A Divisão de Vigilância foi criada através do Decreto n.º 428/89, em 29 de agosto de 1989, inserindo os servidores da Prefeitura Municipal de Curitiba providos no cargo de Guardião e

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Vigia, onde os mesmo passaram à subordinação direta da Guarda Municipal de Curitiba.

Efetivamente, muito embora já existissem alguns decretos tratando da VIGISERV - Serviço Municipal de Vigilância - como Guarda Municipal, em 05 de outubro de 1989, por meio da Lei n.º 7356/89, a VIGISERV passou a denominar-se efetivamente Guarda Municipal de Curitiba.

Conforme a Lei n.º 7360, de 27 de outubro de 1989, as atribuições da Guarda Municipal foram acrescidas, passando a ter prioridade o atendimento das escolas da Rede Municipal de Ensino, sendo regulamentado, posteriormente, o Pelotão Escolar.

Após o Curso de Formação Técnico-Profissional de Guarda Municipal, em 02 de janeiro de 1990, com a conclusão da 3ª Turma, formaram-se 104 guardas municipais que foram direcionados para atender em caráter prioritário as escolas públicas municipais e as estações-tubo do transporte coletivo que estavam sendo inauguradas.

Foto da Estação-tubo em Curitiba – Praça Rui Barbosa.

Seguindo as diretrizes estabelecidas pela Constituição Federal, em 09 de janeiro de 1991, por meio da Lei n.º 7600/91, os servidores regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) optaram pelo

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novo Regime Jurídico Único. Desta forma, todos os integrantes da Guarda Municipal de Curitiba passaram a ser estatutários.

Em 25 de março de 1991, formou-se a 4ª Turma de Guardas Municipais de Curitiba, conforme Decreto n.º 507/91, o qual designou 24 servidores para a função de Guarda Municipal, ficando lotados na Secretaria de Governo Municipal.

Por meio do Decreto n.º 400, em 20 de julho de 1991, foi criado o Grupamento de Proteção Ambiental – Guarda Verde – uniformizados no estilo do Policiamento Canadense, tendo por objetivo o exercício das atividades de policiamento e proteção ao Meio Ambiente em bosques, parques e áreas florestais. O Grupamento de Proteção Ambiental, formado por guardas municipais, recebeu treinamento especial, freqüentando cursos na Secretaria Municipal do Meio Ambiente e na Polícia Florestal (Polícia Militar do Paraná - PMPR), tendo inclusive aulas de Ikebana, objetivando conscientizar os treinandos da importância de um convívio de afeto e respeito com o Meio Ambiente.

Foto: Grupamento de Proteção Ambiental da Guarda Municipal de Curitiba – 1992

Atualmente, mesmo estando sem o uniforme verde, os guardas municipais, divididos pelas nove Regionais de Curitiba, estão atendendo ininterruptamente os 30 parques e bosques de Curitiba, na sua grande maioria com o patrulhamento e o policiamento motorizado (motociclistas), garantindo a segurança dos usuários e turistas.

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A Guarda Municipal de Curitiba, seguindo o estatuído na Lei n.º 7360, agora regulamentada pelo Decreto n.º 455, de 13 de agosto de 1990, implantou efetivamente o Pelotão Escolar, sendo que o mesmo foi dividido entre as suas Distritais (atuais Núcleos Regionais), tendo como finalidade a segurança, trânsito, orientação e acompanhamento dos alunos da Rede Municipal de Ensino.

As escolas municipais passaram a contar no mínimo com um guarda fixo no período de aulas, bem como com uma viatura por Regional específica para ronda nos referidos equipamentos. Durante os horários ociosos, as escolas passaram a contar com o sistema interno de monitoramento de alarmes, somado à ronda motorizada da viatura do Pelotão Escolar.

Desta forma, a Guarda Municipal de Curitiba atende atualmente 376 equipamentos municipais da área da Educação, sendo eles: 167 Escolas Municipais e Centros de Educação Integral, 24 Bibliotecas (Farol do Saber), 145 Centros Municipais de Educação Infantil (Creche), 8 Centros de Atendimentos Especializados, 30 Programas de Integração da Infância e Adolescência (Casa do Piá) e 2 Escolas de Educação Especial.

A 5ª Turma de Guardas Municipais formou-se em 23 de outubro de 1991, sendo nomeados nesta data 56 novos integrantes que vieram a somar no trabalho desempenhado pela Guarda Municipal de Curitiba, atuando prioritariamente na região do anel central, vindo inclusive a inaugurar a Rua 24 Horas.

Com o advento do Decreto n.º 660, de 30 de outubro de 1991, a carreira da Segurança Municipal foi alterada e revogado o Art. 13 do Decreto 535/88, no que diz respeito as suas Graduações Internas. Desta forma, a Guarda Municipal passou a ter em seus quadros as seguintes patentes: Inspetor de 1ª Classe, Inspetor de 2ª Classe, Inspetor de 3ª Classe, Sub-Inspetor, Supervisor, Guarda Municipal de 1ª Classe, Guarda Municipal de 2ª Classe e Guarda Municipal de 3ª Classe.

Com isso, foram preenchidos todos os cargos em vacância por Guardas Municipais de 3ª Classe, até a abertura de um Procedimento Seletivo Específico para Promoção, que somente em 1994 veio a concretizar-se, pois até esta data muitos servidores desempenharam a função de fato, sem efetivamente pertencerem às correspondentes graduações.

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Em 19 de março de 1992, a 6ª Turma de Guardas Municipais de Curitiba veio a se formar conforme a Portaria n.º 671/92, a qual nomeou 232 novos integrantes em virtude de habilitação em Concurso Público na Carreira de Guarda Municipal, na função de Guarda Municipal de 3ª Classe, ficando lotados na Secretaria Municipal de Administração.

Foto: Formatura da 6ª Turma da Guarda Municipal de Curitiba - 1992

O Deputado Luciano Pizzato, em 08 de abril do ano de 1992, entra com projeto na Assembléia Legislativa para alterar a Constituição Estadual, dando poder à Guarda Municipal de atuar no Combate efetivo à criminalidade.

Ainda neste ano, em parceria com a Escola de Polícia Civil, os guardas municipais passaram por um treinamento, onde aprenderam, dentre outras práticas de alto risco, a desmontar bombas.

O Decreto n.º 428/92, de 07 de julho de 1992, considerou atividade perigosa o exercício da função da Carreira de Segurança Municipal para os integrantes da Guarda Municipal, Guardião e Vigilante, sendo mantida a gratificação por Risco de Vida.

O Regimento Interno da Secretaria Municipal de Administração foi aprovado no dia 06 de agosto de 1992, por meio do Decreto n.º 538, e por fazer parte desta pasta o Departamento da Guarda

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Municipal, o mesmo veio a ser reestruturado, sendo alterado parcialmente o Decreto n.º 535/88 no que tange à estrutura organizacional da Guarda Municipal.

O Departamento da Guarda Municipal de Curitiba, em 11 de janeiro de 1993, conforme o Decreto n.º 239, foi transferido da Secretaria Municipal da Administração para o Gabinete do Prefeito.

Pela primeira vez, foi nomeado como Secretário Executivo da Comissão Municipal da Defesa Civil – COMDEC, o Comandante da Guarda Municipal, por meio do Decreto n.º 255, de 22 de janeiro de 1993, iniciando uma nova realidade para o Departamento da Guarda Municipal, pois além da atribuição inerente ao cargo de prestar colaboração a Defesa Civil, agora estava iniciando um novo marco na história, onde um Comandante da GMC passou efetivamente a ser um membro da COMDEC, estando mais próximo da população curitibana, que além da prestação de serviço continuada, ainda recebia atendimento nas situações de emergência e estado de calamidade pública.

Foto: Uniforme Histórico utilizado no policiamento de Curitiba em 1780.

Em março de 1993, ao comemorar os 300 anos da cidade de Curitiba, o Prefeito Rafael Greca, resgatou do acervo histórico o uniforme utilizado pela Guarda Municipal de Curitiba, nos idos de 1780, tornando-o uniforme histórico a ser utilizado em datas comemorativas.

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A partir de 01 de maio de 1993, conforme a Lei n.º 8164, foram extintas as Carreiras de Guardião e Vigilante na Prefeitura Municipal de Curitiba, com um total de 1.092 e 40 cargos respectivamente. Na mesma Lei, foi criada na Carreira da Segurança Municipal o cargo de Agente de Segurança, com um total de 1.132 vagas remanescentes do cargo anterior, cujo provimento inicial foram os integrantes da Carreira de Guardião e Vigilante.

O Prefeito Rafael Greca, no uso de suas atribuições legais, por meio do Decreto n.º 570, datado de 01 de junho de 1993, instala a Secretaria da Segurança Municipal – SSM – de natureza extraordinária, com o propósito de estabelecer diretrizes, estudos e projetos, objetivando a estruturação do setor responsável pela proteção dos bens, serviços e instalações municipais.

Essa Secretaria passou a contar com estrutura técnica e operacional do Departamento da Guarda Municipal, bem como com o Gabinete do Prefeito e o Instituto Municipal da Administração Pública. Foi um marco precursor para o futuro a Guarda Municipal estar vinculada efetivamente a uma secretaria destinada a sua área específica de atuação, pois sendo uma Secretaria Extraordinária, tinha previsão legal para sua extinção em 31 de maio de 1994.

Neste mesmo mês, implanta-se o plano de vigilância na Rua das Flores e Largo da Ordem, onde foram instalados 01 módulo no Pelourinho (Praça Tiradentes), 06 guaritas ao longo do calçadão da Rua XV e 03 guaritas no Largo da Ordem, com duplas de guardas circulando 24 horas por dia, no intuito de transformar a Rua das Flores e o Setor Histórico em um espaço seguro a moradores, comerciantes e visitantes.

Considerando o parecer da Comissão de Racionalização de Despesas de Custeio designada pelo Decreto n.º 582/93, foi concluído pela necessidade de reformulação dos critérios para a configuração do Risco de Vida ou Saúde, sendo por fim extinto o Risco de Vida aos servidores da Guarda Municipal, conforme o Decreto n.º 658, de 01 de julho de 1993. Em 06 de julho de 1993, por meio do Decreto n.º 669, foi concedida a gratificação pelo Desempenho de Funções de Segurança, vindo a substituir o Risco de Vida.

Na festa de “Comemoração de Cinco Anos da Corporação”, o Prefeito Rafael Greca anunciou, no mês de agosto de 1993, que a Guarda Municipal deveria ganhar um estatuto próprio de plano de

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carreira. Esta referência foi feita em Boletim Oficial, onde foram analisados os objetivos da Guarda Municipal e os desafios que vinha enfrentando.

Nessa comemoração, houve homenagem por ato de bravura e serviços humanitários em favor da população. Quatro guardas municipais foram homenageados durante esse evento, sendo dois deles por auxiliar um parto de emergência em uma viatura da Corporação; outro, em decorrência de estar trabalhando no armazém da família, onde ocorreu um assalto e posterior tiroteio, vindo a ficar paraplégico; e por fim, o último, quando em exercício da função, evitando a já instalada invasão na Cidade Industrial, em virtude da represália, foi atingido por um tiro desferido por um dos invasores.

No mês de outubro de 1993, foi aprovado projeto que dispunha sobre instalação de módulos da Guarda Municipal nos bairros da Cidade, por iniciativa do Vereador Mauro Moraes, que obteve aprovação unânime. A medida tinha objetivo de reforçar o aparato de segurança pública, utilizando módulos que deveriam ser instalados em locais estratégicos dos bairros. Cada módulo deveria ter funcionamento ininterrupto, equipado com viatura e quatro guardas em cada turno. Os primeiros bairros a serem beneficiados eram aqueles de maior densidade populacional e incidências de crimes.

Cumprindo o proposto no mês de agosto de 1993, o Prefeito Rafael Greca, no dia 10 de dezembro, por meio da Lei n.º 8340, aprovou e alterou a Carreira de Segurança Municipal, implantando os institutos de progressão e promoção, sendo nesse mesmo ato reformulados os cargos da Guarda Municipal. Dando continuidade a esta reestruturação, no dia 09 de fevereiro do ano seguinte, foi aprovado o Regulamento do Avanço Funcional por Progressão e Promoção, com o Decreto n.º 62.

Como forma de reconhecimento pelos valorosos serviços prestados por integrantes das instituições de segurança pública do Paraná e do Município de Curitiba, em 03 de março de 1994, por meio da Lei n.º 8369, instituiu o Título Honorífico do Município de Curitiba, denominado Mérito Policial, devendo o mesmo ser concedido pela Câmara Municipal de Curitiba aos integrantes das unidades policiais civis e militares, incluindo-se os do Corpo de Bombeiros e da Guarda Municipal que tenham sido reconhecidos em suas respectivas corporações por atos de bravura no cumprimento do dever.

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Dando continuidade à reestruturação dos cargos da Guarda Municipal, em 06 de abril de 1994, por meio do Decreto n.º 189, foram aprovadas especificações, atribuições, tarefas típicas, requisitos e demais características de Cargos e Classes da Carreira de Segurança Municipal, sendo revogado o decreto n.º 660/91.

Aos dezoito dias do mês de abril de 1994, por meio do Decreto n.º 214, foi designada a Comissão Executiva de Procedimento Seletivo Específico de Promoção para Classe de Guarda Municipal na Carreira de Segurança Municipal.

A Secretaria de Segurança Municipal, em 30 de maio de 1994, por meio do Decreto n.º 384, teve seu prazo de exercício prorrogado, passando a ter a previsão para extinção em 31 de dezembro de 1995.

Após concluírem com êxito o 1º Curso de Formação de Supervisor da Guarda Municipal, em 31 de maio de 1994, através de Procedimento Seletivo Específico, foi concedido o Avanço Funcional por Promoção a funcionários da classe de Guarda Municipal para a de Supervisor, num total de 25 graduados, conforme o Decreto n.º 395.

Em 13 de junho de 1994, por meio da Lei n.º 8470, foi instituída a Gratificação de Segurança aos integrantes da Carreira de Segurança Municipal, sendo revogado o Decreto n.º 669/93.

A 7ª Turma de Guardas Municipais de Curitiba formou-se em 07 de julho de 1994 e foram nomeados 57 novos integrantes em Concurso Público, na Carreira de Guarda Municipal, na função de Guarda Municipal de 3ª Classe, ficando lotados na Secretaria Municipal de Administração.

Baseado nos moldes dos Faróis de Alexandria, surgiu em Curitiba, no dia 19 de novembro de 1994, o primeiro Farol do Saber, com o nome de Machado de Assis, em homenagem ao patrono da Academia Brasileira de Letras, um dos maiores escritores da língua portuguesa.

Este projeto inovador do Prefeito Rafael Greca, trouxe consigo a união da Cultura e Segurança, junto à comunidade. Com uma construção modular em estrutura metálica, tem 17 metros do térreo ao alto da torre-guarita e 98m2 de área

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construída. De longe, avista-se a construção, pintada em vermelho, amarelo e azul.

Toda a edificação é protegida por isolamento térmico à base de lã de vidro. Sua divisão interna é simples: o andar térreo - com os livros, um mezanino e uma escada em caracol, que conduz ao topo da torre, onde fica a guarita, coberta por abóbada metálica e, em cima, um galo. À noite, o Farol do Saber contribui para a segurança do bairro, lançando sinais luminosos.

Os Faróis do Saber foram construídos em locais centrais dos bairros, onde, além de ofertar a cultura através dos livros e computadores com acesso a Internet, ainda forneciam a segurança de um Guarda Municipal aos moradores do seu redor e derredor.

Em 07 de fevereiro de 1995, foi ratificado o Decreto n.º 181, o qual tratava sobre as especificações, atribuições, tarefas típicas, requisitos e demais características dos Cargos da Administração Direta da Municipalidade de Curitiba aos integrantes da Carreira de Segurança Municipal, e foi mantido o que estava disposto no Decreto n.º 189/94.

No ano de 1995, no Dia Nacional das Guardas Municipais - 10 de outubro, Curitiba comemorou também a formatura da 8ª Turma de Guardas Municipais, com 78 novos integrantes. A cerimônia foi realizada no Cine Ritz, contando com a presença de representantes das Forças Armadas, das Polícias Civil e Militar do Estado do Paraná.

Os novos guardas reforçaram a proteção nos parques, praças, ciclovias, terminais de transportes coletivos e outros patrimônios públicos municipais. Com esta formatura, a Guarda Municipal elevou o número de seu efetivo para 1.600 integrantes.

Novamente, em 22 de dezembro de 1995, conforme o Decreto n.º 1164, foi prorrogado o prazo de vigência da Secretaria de Segurança Municipal para 31 de dezembro de 1996, a qual cumprido o prazo legal, veio efetivamente a ser extinta.

Durante o ano de 1996, após decisão judicial em virtude do 1º Procedimento Seletivo Específico, foi concedido o Avanço Funcional por Promoção a funcionários da classe de Guarda Municipal para a de Supervisor, num total de 06 novos graduados, conforme Portaria n.º 1900.

Com a mudança de Governo Municipal, o Departamento da Guarda Municipal foi transferido, em 30 de janeiro de 1997, por meio

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do Decreto n.º 283, retornando do Gabinete do Prefeito para a Secretaria Municipal de Administração.

No dia 25 de julho de 1997, foi designado como Secretário Executivo da Comissão da Defesa Civil – COMDEC, o Diretor da Guarda Municipal de Curitiba, permanecendo esta atribuição extensivamente a todos os integrantes da Corporação, dando continuidade às ações de Defesa Civil já em vigência.

Em 1997, novas responsabilidades foram atribuídas aos integrantes da Guarda Municipal, que, além das suas atribuições normais, ainda prestariam atendimentos de socorro a vítimas domésticas e traumas simples. Com isso, os guardas municipais receberam treinamento especial para atendimento de primeiros-socorros, acidentes domésticos e outros serviços de apoio à população. A idéia principal do Prefeito Cássio Taniguchi era de manter a integração da Guarda Municipal com a comunidade.

Conforme decisão judicial, em virtude do 1º Procedimento Seletivo Específico, foi concedido o Avanço Funcional por Promoção a funcionários da classe de Guarda Municipal para a de Supervisor, passando a contar com mais 02 novos graduados, conforme Portaria n.º 1630/97, totalizando 33 Supervisores na Carreira.

Durante o curso do ano de 1997, o Departamento da Guarda Municipal de Curitiba, recebeu o acompanhamento de acadêmicas do último ano do Curso de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná, a fim de realizar estágio, analisando os integrantes da Guarda Municipal, de acordo com o exercício da sua função, seu relacionamento interpessoal e os reflexos na sua vida pessoal e familiar.

Em junho de 1998, a fim de agilizar os serviços internos da Guarda Municipal de Curitiba, foi realizada uma busca minuciosa sobre as Leis e Decretos Municipais que tratavam sobre a Guarda Municipal, sobre funcionários municipais e competências do município na área de segurança.

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Desta forma, a Divisão de Instrução da Guarda Municipal de Curitiba, em trabalho pioneiro, confeccionou a Coletânea de Leis e Decretos Municipais, catalogando 72 leis do período de 1950 a 1997 e 110 decretos do período de 1984 a 1997, os quais, de um modo em geral, estavam diretamente relacionados ao Departamento da Guarda Municipal.

No mês de agosto de 1998, em virtude da dedicação e empenho de alguns guardas municipais, os quais participavam de diversas competições de rua, buscando sempre levar o nome da sua instituição aos outros Municípios e Estados, após diversas vitórias, conquistaram a maior, que foi inserir a Corrida da Guarda Municipal de Curitiba no calendário da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, na 4ª Etapa do Campeonato Adulto de Corrida de Rua.

Neste mesmo período, a Guarda Municipal de Curitiba, buscando extinguir o cargo de Agente de Segurança na Carreira de Segurança Municipal, iniciou primeiramente a extinção dos respectivos uniformes, que eram calça na cor cinza, camisa azul clara e boné cinza.

Desse modo, todos os Agentes de Segurança que estavam em plenas condições físicas passaram a ter cursos de aperfeiçoamento ministrados por guardas municipais, sendo que os mesmos passaram a integrar o Pelotão Escolar e usar o uniforme da Guarda Municipal, apenas com a diferença no cinturão (sem coldre e sem porta algemas), bem como a tarja de identificação braçal em meia lua escrito AGENTE DE SEGURANÇA.

Em virtude de diversas ocorrências de ataques de cães nos parques, praças e vias públicas municipais, em 15 de abril de 1999, surgiu a Lei Municipal n.º 9493 - Lei da Focinheira, a qual passou a disciplinar sobre o trânsito de cães de raça notoriamente violentos e perigosos, sendo determinado aos seus proprietários algumas normas de conduta e prevendo punições aos infratores.

Dando continuidade à integração da Guarda Municipal com a comunidade, em 27 de outubro de 1999, haja vista um fato isolado em determinada escola da Rede Pública de Ensino Municipal, surgiu a necessidade da Guarda Municipal, por meio da Divisão de Instrução, ministrar palestra nesta escola sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, a fim de minimizar os problemas locais.

A palestra foi realizada de maneira interativa, unindo palestrante, teatro de fantoche e alunos, onde todos interagiam,

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tratando o tema complexo com uma linguagem simples e clara, de certa forma descontraída. Desse modo, tanto os professores quanto os seus alunos ficaram satisfeitos com o resultado obtido. Assim, surgiu mais uma nova atribuição para a Guarda Municipal, que seria ministrar palestras para crianças e adolescentes tratando sobre diversos temas, principalmente sobre direitos, deveres e obrigações, tanto nas escolas públicas quanto nas particulares.

Em virtude das Palestras sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente serem realizadas na grande maioria das escolas municipais, a Guarda Municipal passou a se integrar com os docentes. Com a vinda do Projeto “Justiça se Aprende na Escola”, elaborado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, uma das escolas municipais, ao ser convidada para participar do 1º Júri Simulado, em 25 de maio de 2000, solicitou à Equipe da Divisão de Instrução que auxiliasse na explicação, elaboração e aplicação do Júri na própria escola, a fim de que viesse a realizar a sua apresentação pública no Tribunal do Júri da Comarca de Curitiba.

Após o 2º Curso de Formação de Supervisor, realizado em virtude do Procedimento Seletivo Específico para Promoção, em 26 de junho de 2000, foi concedido o Avanço Funcional a funcionários da Classe de Guarda Municipal para a de Supervisor, num total de 12 novos graduados, conforme Decreto n.º 352.

Com a implantação do Fundo Nacional de Segurança Pública, em 04 de julho de 2000, em convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP/MJ, a Guarda Municipal de Curitiba, buscando a redução da violência urbana, encaminhou ao Ministério da Justiça propostas para aplicação dos recursos financeiros a serem disponibilizados para esse Departamento, tendo como metas: criar um programa permanente de capacitação, desenvolver uma política integrada e intersetorial de Segurança Pública, promover o desenvolvimento institucional, divulgar as atividades desenvolvidas

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para a comunidade, promover o ingresso de mais servidores na carreira, equipar adequadamente, de acordo com as demandas, e criar uma Ouvidoria, fortalecendo a democracia e cidadania.

Inovando na área de segurança e entrando no sistema de monitoramento por câmeras, em outubro de 2000, foi dado o início ao monitoramento ininterrupto da Rua XV de Novembro no centro de Curitiba, que é um “calçadão” destinado ao trânsito de pedestres, passando o mesmo a contar com 14 câmeras de vídeo, a fim de monitorar e trazer mais segurança e tranqüilidade aos seus transeuntes.

Em dezembro de 2000, seguindo as diretrizes estabelecidas pela Portaria Ministerial n.º 017, do Departamento do Material Bélico do Mistério do Exército, de 26 de agosto de 1996 (atual Comando do Exército pertencente ao Ministério da Defesa), foi submetido à análise e posterior aprovação do Comando da 5ª Região Militar – Heróis da Lapa, o qual em despacho no Ofício n.º 025/GPM, consolidou o 1º Regulamento de Uniformes da Guarda Municipal de Curitiba.

Com a reeleição do Prefeito Cássio Taniguchi, em janeiro de 2001, por meio do Decreto n.º 022, foi instalada a Secretaria Municipal Extraordinária da Defesa Social - SEDS, com a finalidade de coordenar as ações de defesa social do município articulando-se com as instâncias públicas, estadual e federal e com a sociedade. Essa Secretaria visava potencializar as ações e resultados na área de segurança pública, implantar e coordenar os Núcleos de Proteção ao Cidadão, manter atualizado e monitorar o mapa da violência, elaborar e implementar em conjunto com os diversos órgãos envolvidos o Plano Municipal de Segurança Urbana, realizar convênios, contratos e parcerias necessários à execução de suas atividades, sendo ainda vinculado a esta pasta o Departamento da Guarda Municipal.

A Secretaria ora criada tinha a duração de dois anos, contados da data de sua instalação, podendo este prazo ser prorrogado; porém, veio a efetivar-se no ano de 2003 como Secretaria Municipal da Defesa Social.

Com a implantação da Secretaria Extraordinária da Defesa Social - SEDS, surgiu a necessidade de adequar as atividades desempenhadas pelo Departamento da Guarda Municipal de Curitiba junto à comunidade. Com este intuito, em março de 2001, por meio do Instituto Municipal de Administração Pública – IMAP, graduados da Guarda Municipal de Curitiba e representantes da SEDS, realizou-

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se uma oficina (Workshop) buscando desenvolver e implantar políticas que viessem a promover a proteção do cidadão, articulando e integrando os organismos governamentais e a sociedade de forma motivadora, visando organizar e ampliar a capacidade de uma defesa ágil e solidária das comunidades de Curitiba e dos próprios municipais.

Com este “Workshop”, resultaram alguns projetos, os quais em sua grande maioria estão em aplicação, sendo eles: Defesa Ágil e Solidária das Comunidades, Plano Municipal de Defesa Civil, Cidade Segura, Ampliar a Capacidade de Defesa dos Próprios Municipais e Comunidade Participativa.

Com o advento do Decreto n.º 642, de 30 de abril de 2001, que veio a regulamentar a Lei n.º 9493/99, a Guarda Municipal, como órgão responsável pelo controle da aplicação da lei, passou a advertir, notificar e autuar os infratores proprietários de cães de raça, notoriamente violentos e perigosos, podendo inclusive apreender os seus animais.

Buscando uma melhoria na comunicação interna, bem como uma proximidade nas solicitações de área, foi implantada, em julho de 2001, a Rede de Telefonia Celular Inteligente. Este sistema operacional disponibilizou um aparelho celular para cada viatura e Grupamento de Segurança Regional (atual Núcleo), que veio a funcionar como um ramal telefônico, recebendo ligações externas e internas, podendo originar ligações apenas para a Rede da Guarda Municipal, a fim de não gerar gastos alheios ao serviço. Por sua vez, a comunidade local, de posse do número telefônico da viatura da sua região, passou a poder acioná-la diretamente sem necessitar de uma triagem, otimizando o pronto atendimento da Guarda Municipal.

Em cumprimento ao Plano Estratégico de Governo do Prefeito Cássio Taniguchi, em 06 de dezembro de 2001, concluíram-se os estudos sobre o Departamento da Guarda Municipal de Curitiba, os quais originaram a proposta de Readequação da Estrutura, Funções, Cargos e Efetivo, sob a coordenação do Diretor do Departamento da Guarda Municipal de Curitiba Cel. PMRR Darci Dalmas.

Muito embora já estivesse ocorrendo esta parceria entre os Poderes Públicos no Município de Curitiba, efetivamente em 26 de março de 2002, foi celebrado o convênio da FISCALIZAÇÃO INTEGRADA (Operação Integrada), sendo uma iniciativa de diversos órgãos Federais, Estaduais e Municipais, que se uniram com o

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objetivo de elaborar um projeto para redução dos delitos, envolvendo os estabelecimentos comerciais considerados críticos e reincidentes, prevenindo e protegendo a população usuária e sua vizinhança.

Ao invés de agir de forma isolada, os organismos participantes uniram esforços para trabalhar em ações conjuntas, multiplicando os benefícios para a comunidade e mostrando para a sociedade o verdadeiro controle sobre as ações delituosas. Assim, em uma parceria pioneira no Brasil, surgiu a Operação Integrada, na qual duas vezes por semana realizam-se fiscalizações em Curitiba, envolvendo os seguintes órgãos: Conselho Tutelar, Ministério Público do Trabalho e Ministério Público da Infância e Adolescência, Fundação de Ação Social, Secretaria Municipal da Saúde – Vigilância Sanitária, Secretaria Municipal do Meio Ambiente – Poluição Sonora, Secretaria Municipal do Urbanismo, Secretaria Municipal da Defesa Social – Guarda Municipal, Secretaria do Estado da Segurança Pública – Polícia Civil e Polícia Militar (Comando do Policiamento da Capital, Canil e Corpo de Bombeiros).

Após estudos realizados por órgãos da Prefeitura Municipal de Curitiba, em 04 de junho de 2002, com o advento do Decreto n.º 347, foi alterada a estrutura orgânica e funcional do Departamento da Guarda Municipal, substituindo os Grupamentos de Segurança e as Divisões Administrativas por oito Gerências Regionais de Defesa Social, três Gerências Administrativas e uma Gerência Operacional.

No período de 06 de novembro a 18 de dezembro de 2002, o Instituto Municipal de Administração Pública – IMAP, em parceria com a Escola Superior de Policia Civil, realizou o 1º Curso de Formação Técnico-Profissional de Guarda Municipal para integrantes da Carreira de Segurança Municipal de Curitiba. Os ex-agentes de segurança estavam sendo preparados para assumir a sua nova função na carreira de segurança municipal, conforme o projeto de lei

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que estava tramitando na Câmara Municipal e que veio a ser aprovado em 30 de dezembro do mesmo ano.

No final do ano de 2002, foi firmado Convênio entre a Prefeitura Municipal de Curitiba e algumas Prefeituras da Região Metropolitana, com o objetivo de criar Guardas Municipais nestas cidades que integram a grande Curitiba, uma vez que, quando o crime é combatido em uma grande Capital, ao diminuir o índice de criminalidade nesta, conseqüentemente irá aumentar nos seus derredores. Desta forma, foram realizados Cursos de Formação Técnico-Profissional de Guardas Municipais para as cidades de Mandirituba, Fazenda Rio Grande e Araucária, onde, de acordo com a disponibilidade de local, foram ministradas aulas em parceria com a Escola Superior de Polícia Civil e com o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praça da Academia Militar do Guatupê da Polícia Militar do Paraná. Participaram desta formação, na grande maioria, Graduados da Guarda Municipal de Curitiba, bem como instrutores do quadro permanente das instituições acolhedoras.

Com o advento da Lei n.º 10630, de 30 de dezembro de 2002, foi transformada a Carreira de Segurança Municipal, criando um único Cargo de Guarda Municipal dividido em três níveis, elevando também o nível de escolaridade dos servidores para o de Ensino Médio. A referida lei tratava ainda sobre promoção, remuneração, qualificação profissional e demais assuntos referentes à carreira. Por fim, passou a permitir, em consonância com a Legislação Federal, referendando o Decreto n.º 535/88, o porte de arma pelos integrantes da Carreira de Segurança Municipal em todo o território do município, para assegurar a proteção da população, dos próprios municipais e para autodefesa, quando no exercício das atribuições inerentes ao Cargo de Guarda Municipal.

Dando continuidade ao Fundo Nacional de Segurança Pública, no ano de 2003, em convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP/MJ e a Guarda Municipal de Curitiba, foi elaborado o Projeto das Justificativas para captação dos recursos necessários à continuidade e ao desenvolvimento da segurança no Município de Curitiba, em obediência ao Plano Nacional de Segurança Pública.

Conforme a legislação nova, que remodelou o perfil do profissional da Guarda Municipal, em 29 de janeiro de 2003, por meio do Decreto n.º 100, aprovaram as especificações, atribuições, tarefas

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típicas, requisitos e demais características do Cargo da Carreira de Segurança Municipal.

Ao ser publicado o Decreto n.º 151, de 12 de fevereiro de 2003, o número de vagas no quadro de funcionários da Carreira de Segurança Municipal passou a compor-se da seguinte forma: Parte Especial - 1.175 vagas (servidores que deveriam efetuar a transição); Parte Permanente - 1.125 vagas, sendo ocupadas por 42 Guardas Nível II (Supervisores), estando em aberto 1.083 vagas para os que deverão transitar nos próximos anos.

Convém ressaltar, conforme a Lei n.º 10.630/02, que a Parte Permanente é composta por servidores com formação em nível médio e curso de formação técnico-profissional para Guarda Municipal, e, por conseguinte, a Parte Especial é composta pelos ocupantes do extinto cargo de Agente de Segurança e Guarda Municipal, cuja escolaridade é de nível básico, devendo ser progressivamente extinto.

Com a nova legislação em vigor, no dia 13 de fevereiro de 2003, desencadeou-se o Procedimento Específico de Transição da Parte Especial para a Parte Permanente da Carreira de Segurança Municipal, por meio do Decreto 156.

Efetivamente, em 03 de abril de 2003, por meio da Lei n.º 10644, foi criada a Secretaria Municipal da Defesa Social, com a missão de desenvolver e implantar políticas que promovam a proteção do cidadão, articulando e integrando os organismos governamentais e a sociedade de forma motivadora, visando organizar e ampliar a capacidade de Defesa ágil e solidária das comunidades de Curitiba e dos próprios municipais, passando a ter as seguintes atribuições: o planejamento operacional, a definição e a execução da política de defesa social do Município; a coordenação das ações de defesa social; a articulação com as instâncias públicas federal e estadual e com a sociedade, visando potencializar as ações e os resultados na área de segurança pública; a atualização e monitoramento de sistema de informações estratégicas de defesa social; a administração dos mecanismos de proteção do patrimônio público municipal e de seus usuários; a implementação, em conjunto com os demais órgãos envolvidos, do Plano Municipal de Segurança; e a coordenação das ações de defesa civil no Município, articulando os esforços das instituições públicas e da sociedade, fazendo parte desta pasta o Departamento da Guarda Municipal de Curitiba.

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A fim de concretizar a estrutura organizacional e os níveis hierárquicos, orgânicos e funcionais da Secretaria Municipal da Defesa Social, entrou em vigor o Decreto n.º 373, de 14 de abril de 2003.

Ainda dando continuidade à estrutura organizacional, em 23 de abril de 2003, por meio do Decreto n.º 380, criou-se na estrutura da Supervisão de Núcleos de Assessoramento Jurídico da Procuradoria Geral do Município o Núcleo de Assessoramento Jurídico na Secretaria Municipal de Defesa Social.

Buscando regulamentar os Procedimentos de Crescimento Horizontal e Crescimento Vertical por Merecimento, para os servidores da Carreira de Segurança Municipal, conforme estatuído pela Lei n.º 10630/02, em 12 de novembro de 2003, entrou em vigor o Decreto n.º 1070.

No período de 28 de outubro a 16 de dezembro de 2003, o Instituto Municipal de Administração Pública – IMAP, realizou o 2º Curso de Formação Técnico-Profissional de Guarda Municipal para integrantes da Carreira de Segurança Municipal de Curitiba, contemplando os ex-agentes de segurança que estavam sendo preparados para assumir a sua nova função na Carreira de Segurança Municipal, conforme a Lei 10630/02.

Depois de participarem do Curso de Formação Técnico-Profissional de Guarda Municipal, promovido pelo Instituto Municipal de Administração Pública – IMAP e Secretaria Municipal da Defesa Social - SMDS, em parceria com a Fundação de Estudos Sociais do Paraná - FESP, no dia 06 de abril de 2004 formou-se a 9ª Turma de Guardas Municipais, sendo que, a partir desta, exige-se, para o ingresso na carreira, a conclusão do Ensino Médio e a Carteira Nacional de Habilitação. A Cerimônia de Formatura foi realizada no Teatro Ópera de Arame, sendo nomeados 114 novos guardas municipais.

O Decreto n.º 205, de 18 de março de 2004 revogou o Decreto n.º 1070/03, vindo a regulamentar os Procedimentos de Crescimento Horizontal e Crescimento Vertical por Merecimento, para os servidores da Carreira de Segurança Municipal, sendo publicado o Edital n.º 06/04 – SMRH, a fim de estabelecer as normas para o certame de Crescimento Horizontal (crescimento da referência salarial no mesmo nível).

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Para o Crescimento Vertical por Merecimento, devido a alguns ajustes de ordem legal, ambos os decretos anteriores (1070/03 e 205/04) foram revogados, vindo a entrar em vigor o Decreto nº 342, de 10 de maio de 2004, aplicando o estabelecido pelo Edital n.º 09, de 12 de maio de 2004, da Secretaria Municipal de Recursos Humanos, a fim de normatizar o Procedimento Seletivo Específico de Crescimento Vertical da Guarda Municipal (promoção em nível hierárquico). Neste certame, galgaram êxito 67 servidores, onde 27 Guardas Municipais do Nível II (Supervisor) foram promovidos para o Nível III (Inspetor) e 40 Guardas Municipais do Nível I (Guarda) foram promovidos para o Nível II (Supervisor), elevando desta forma a Carreira Hierárquica da Guarda Municipal de Curitiba, contando com 82 Guardas Municipais Graduados.

Após participarem do Concurso Público, foram nomeados no mês de julho, 40 novos guardas municipais, formados pelo Curso de Formação Técnico-Profissional de Guarda Municipal, promovido pelo Instituto Municipal de Administração Pública - IMAP e pela Secretaria Municipal da Defesa Social - SMDS, constituindo-se como a 10ª Turma de Guardas Municipais de Curitiba.

Em 14 de setembro de 2004, conforme determinação da Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, com o intuito de facilitar a memorização dos números telefônicos de emergência para a população em todo o país, o número telefônico das Guardas Municipais passou de 1532 para 153.

*** Em janeiro de 2005, o Departamento da Guarda Municipal de

Curitiba vinculado a Secretaria Municipal da Defesa Social - SMDS, tinha em seu efetivo 753 servidores que integravam a Parte Permanente, sendo estes: 27 Guardas Nível III (Inspetores), 55 Guardas Nível II (Supervisores) e 710 Guardas Nível I (Guardas Municipais); e na Parte Especial 535 Guardas Municipais (Quadro Especial), totalizando 1.327 integrantes, dando ênfase ao lema:

“SALVAGGUUAARRDDAANDO A VIDA, NOSSO MAIOR PATRIMÔNIO”

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2.1. ORGANOGRAMA SMDS - GMC

Secretário

Gerência de

Informações

Estratégicas

Centro de

Operações de

Defesa Social

Superintendência

Diretor da

Guarda

Municipal

Assistência

Gerência de

Segurança

Patrimonial

Gerência de

Operações

Especiais

Gerência de

Instrução

Gerência de

Apoio

Logístico

Armas e

Munições

Prevenção e

Monitoramento

de Áreas de

Risco e

Vigilância

Eletrônica

Planos de

Segurança

Patrimonial

Transporte e

Comunicação

Controle de

Uniforme

Diretor de

Promoção da

Defesa

Comunitária

Assistência

Gerência de

Organização da

Defesa

Comunitária

Coordenação

de Projeto I

Coordenação

de Projeto II

Coordenação

de Projeto II

Coordenação

de Projeto IV

Coordenação

de Projeto II

Núcleo Cajuru Núcleo PortãoNúcleo

Boqueirão

Núcleo Santa

Felicidade

Núcleo Boa

VistaNúcleo Matriz

Núcleo

Pinheirinho

Núcleo Bairro

Novo

Guarda e

Proteção

Proteção

Ambiental

Proteção

Escolar

Guarda e

Proteção

Proteção

Ambiental

Proteção

Escolar

Guarda e

Proteção

Proteção

Ambiental

Proteção

Escolar

Guarda e

Proteção

Proteção

Ambiental

Proteção

Escolar

Guarda e

Proteção

Proteção

Ambiental

Proteção

Escolar

Guarda e

Proteção

Proteção

Ambiental

Proteção

Escolar

Guarda e

Proteção

Proteção

Ambiental

Proteção

Escolar

Guarda e

Proteção

Proteção

Ambiental

Proteção

Escolar

ORGANOGRAMA DA SMDS, CONFORME DECRETO Nº 373, DE 14 DE ABRIL DE 2003

PUBLICADO NO DOM Nº 29 DE 15 DE ABRIL DE 2003

Dispõe sobre a estrura organizacional, níveis hierárquicos, orgânicos e funcionais da

Secretaria Municipal da Defesa Social.

CFC

ProtocoloAssistência

Gabinete do

Secretário

Assessor

Assessor

Coordenadoria

Técnica de

Defesa Civil

Coordenadoria

Acompanhamento

Técnico em

Ocorrências

Apoio Técnico

Administrativo

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2.2. GESTÕES MUNICIPAIS A Guarda Municipal de Curitiba, nesses dezoito anos de

existência, cresceu muito, vindo a atingir sua circunspecção. Tal fato se faz presente em virtude de cada gestor público, que trazia consigo uma bagagem subjetiva do que significava o termo e a função da Guarda Municipal. Desse modo, superando as dificuldades históricas e vencendo os novos obstáculos, esta Corporação acabou adquirindo a sua maturidade.

Hoje, serve como um dos modelos para a implantação de Guardas Municipais em outros municípios, tendo inclusive sido considerada uma das três melhores Guardas Municipais do Brasil.

Tudo isso foi possível em virtude dos seus dirigentes, que vieram a influenciar na busca de uma identidade própria, pautada nos moldes da legislação federal, principalmente na Constituição da República Federativa do Brasil.

Desde a implantação da Guarda Municipal em Curitiba, sendo eleitos diretamente pelo povo e representando o interesse da coletividade, foram chefes do Executivo Municipal, os seguintes Prefeitos:

ROBERTO REQUIÃO - 1986 a 1988;

JAIME LERNER - 1989 a 1992;

RAFAEL GRECA - 1993 a 1996;

CASSIO TANIGUCHI - 1997 a 2004. A fim de não cometer nenhuma impassibilidade, em razão dos

momentos histórico-políticos e do período diferenciado de gestão correspondente ao Governo Municipal, não serão apresentadas sinopses dos Prefeitos, mas sim, um ensaio do ocorrido a partir de 2001, lembrando que tudo isso, faz parte de um processo evolutivo, que foi desencadeado pelo primeiro Prefeito eleito pelo Voto Direto, após o Regime Militar.

Em janeiro de 2001, a Guarda Municipal de Curitiba contava com o seguinte efetivo:

GRADUAÇÃO SERVIDORES

Supervisor 42

Guarda Municipal 395

Agente de Segurança 804

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Prestando atendimento neste período aos seguintes órgãos públicos municipais, com postos fixos, conforme tabela abaixo:

ÓRGÃO EQUIPAMENTOS

EXISTENTES POSTOS

ATENDIDOS POSTOS NÃO ATENDIDOS

ASMUC 1 1 0

CIC 7 6 1

CMC 2 0 2

COHAB 2 1 1

FAS 163 21 142

FCC 62 8 54

ICS 1 0 1

IMAP 2 2 0

IPMC 1 0 1

IPPUC 1 0 1

PGM 1 1 0

SEAM 1 0 1

SGM 30 9 21

SMAB 255 16 239

SMAD 4 4 0

SMCr 187 16 171

SME 202 149 53

SMEL 25 12 13

SMMA 169 46 123

SMOP 16 7 9

SMS 124 103 21

SMU 2 2 0

URBS 32 11 21

TOTAL 1290 415 875

ASMUC – Associação dos Servidores Municipais de Curitiba;

CIC - Companhia de Desenvolvimento de Curitiba; CMC – Câmara Municipal de Curitiba; COHAB – Companhia de Habitação Popular de Curitiba; FAS – Fundação de Ação Social; FCC – Fundação Cultural de Curitiba; ICS – Instituto Curitiba de Saúde; IMAP – Instituto Municipal de Administração Pública; IPMC – Instituto de Previdência do Município de Curitiba; IPPUC – Instituto de Pesquisa e

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Planejamento Urbano de Curitiba; PGM – Procuradoria Geral do Município; SEAM – Secretaria Extraordinária de Assuntos Metropolitanos; SGM – Secretaria do Governo Municipal; SMAB - Secretaria Municipal do Abastecimento; SMAD – Secretaria Municipal da Administração; SMCr – Secretaria Municipal da Criança (extinta); SME - Secretaria Municipal da Educação; SMEL - Secretaria Municipal do Esporte e Lazer; SMMA - Secretaria Municipal do Meio Ambiente; SMOP - Secretaria Municipal de Obras Públicas; SMS - Secretaria Municipal da Saúde; SMU - Secretaria Municipal de Urbanismo; URBS – Urbanização de Curitiba S/A.

Após iniciar um processo de tabulação de todos atendimentos

prestados à população curitibana e aos equipamentos públicos, pode-se evidenciar que de 7.005 ocorrências registradas em 2001, no ano seguinte elevou-se o gráfico para 42.983 ocorrências atendidas. Não é apenas um dado de que a Guarda Municipal ampliou a sua capacidade de atuação, mas sim que as ocorrências atendidas pelos servidores, os quais consideravam-nas irrelevantes, passaram a ser registradas, mostrando claramente o serviço prestado por esta Corporação à comunidade.

- Em 2002, os servidores da Guarda Municipal, por meio do Teatro de Fantoches, realizaram apresentações com temas educativos e preventivos a 57 entidades de ensino, atingindo um público alvo de 17.954 pessoas, entre crianças, adolescentes e comunidade.

- Ainda, realizaram palestras sobre a educação no trânsito, para a comunidade escolar, atingindo um público de 5.959 pessoas, entre crianças, adolescentes e corpo docente.

- Atuando na prevenção ao vandalismo nos dias de jogos de futebol, ocorreu um decréscimo de 90% nas depredações de terminais viários e transporte coletivo. Ainda, durante os dias normais, atendeu a 336 estações tubos e 21 terminais viários, sendo realizadas 2.538 ações preventivas, diversas detenções e encaminhamentos à Delegacia de Polícia.

- Com o objetivo de combater a pichação, a Guarda Municipal iniciou rondas preventivas nos pontos de maior incidência, onde resultou na detenção de 51 infratores, os quais foram encaminhados à Delegacia Especializada, sendo esta geralmente a Delegacia do Adolescente.

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- Foram encaminhadas aos hospitais, pronto-socorros, unidades de saúde, albergues e casas de recuperação 3.157 pessoas, necessitadas deste tipo de atendimento.

- As ações de Defesa Civil, realizadas pelos servidores da Guarda Municipal, totalizaram 313, na sua maioria, de socorro, assistência e auxílio aos necessitados.

- Na prevenção das áreas pertencentes ao município de Curitiba, que, pela sua característica peculiar, tornam-se um ponto possível de ocupação irregular, a Guarda Municipal realizou atendimento imediato e fiscalização nesses locais, evitando contratempos futuros.

- Mantendo o serviço terceirizado de monitoramento de alarme, a Guarda Municipal apoiou, operacionalmente, 721 ocorrências de violação de equipamentos públicos municipais.

- Foram atendidas, no curso do ano de 2002, em média, 5.000 ocorrências de caráter eminentemente policial, tais como: furto, roubo, extorsão, danos ao patrimônio, estelionato, comércio ilegal, embriaguez, vias de fato, porte ilegal de arma e direção perigosa.

- A Guarda Municipal de Curitiba, em conjunto com as Polícias Civil e Militar e demais órgãos públicos, realizou 57 ações integradas de fiscalização urbana, totalizando 684 vistorias em estabelecimentos comerciais no ano de 2002.

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3. A GUARDA MUNICIPAL E O PODER PÚBLICO FEDERAL 3.1. SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA – 2003

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) é

responsável pela formulação, articulação e indução da política nacional de segurança pública, norteada pelo Plano Nacional de Segurança Pública. Entre as incumbências da Secretaria estão a administração dos recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública e a estruturação e implantação do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).

No atual governo, a SENASP teve suas atribuições redefinidas e passou a ser responsável pela criação e implantação da Política Nacional de Segurança Pública, tendo como principal diretriz o redesenho do aparelho policial brasileiro. Para isso, a SENASP transformou o Fundo Nacional de Segurança Pública em instrumento indutor da política de segurança e, em lugar de projetos isolados, passou a privilegiar planos que contenham planejamento, metas, avaliação e monitoramento, e que serão o alicerce da polícia do futuro que começou a ser construída a partir do início do governo.

3.1.1. SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA – SUSP

Com o objetivo de operar a nova política nacional de

segurança, foi criado o SUSP, que traça as linhas mestras da ação da polícia. A principal finalidade do Sistema Único é articular as ações das instituições federais, estaduais e municipais no campo da segurança e da Justiça Criminal. A integração das polícias, na opinião unânime de especialistas do setor, é a maneira mais adequada de eliminar a fragmentação desta atividade típica de Estado, especialmente num período em que o crime está cada vez mais organizado, com ramificações interestaduais e até mesmo transnacionais.

Até agora, 25 estados mais o Distrito Federal já aderiram ao Sistema Único de Segurança Pública. Cerca de R$ 108 milhões já foram liberados para Estados e Municípios investirem em implementação do sistema de segurança pública, prevenção e repressão ao crime, reestruturação e reaparelhamento das polícias

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estaduais e guardas municipais, em projetos de combate às organizações criminosas e análise criminal e estatística.

Os Estados que receberam verbas no ano de 2003 foram: Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Entre os Municípios estão São Paulo e Diadema, no Estado de São Paulo, e Resende e Paracambi, no Rio de Janeiro.

A principal mudança instituída pelo SUSP na relação entre as polícias é a implantação do Gabinete de Gestão Integrada (GGIs), que está operando no Espírito Santo, Mato Grosso, Paraíba, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Os GGIs auxiliam na integração das ações das secretarias estaduais de Segurança Pública, de representantes do Poder Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar e Guardas Municipais, que definem, por consenso, ações focadas principalmente no combate ao crime organizado.

Em Pernambuco, a integração de práticas de segurança pública promovida pelo SUSP já está em curso com o Consórcio Metropolitano de Segurança Urbana e Prevenção à Violência da Região Metropolitana de Recife, que reúne 14 Municípios (Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Igarassú, Paulista, Moreno, Ilha de Itamaracá, São Lourenço da Mata, Araçoiaba, Abreu e Lima, Itapessuma e a própria capital pernambucana). O projeto tem como objetivo desenvolver e implementar novas práticas de planejamento e gestão integrada para a prevenção da violência entre os três níveis de governo, seus órgãos setoriais e com a sociedade civil, além de deflagrar e gerenciar um processo sustentado de redução dos índices de violência e criminalidade na região.

3.2 PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

O Governo Federal, por meio do Ministério da Justiça, em

junho de 2000, implantou o Plano Nacional de Segurança Pública, com o objetivo de aperfeiçoar o sistema de segurança pública brasileiro, vindo a assegurar um dos direitos fundamentais do cidadão: o direito à segurança - por meio de propostas que integram políticas de segurança, políticas sociais e ações comunitárias, de

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forma a reprimir e prevenir o crime e reduzir a impunidade, aumentando a segurança e a tranqüilidade do cidadão brasileiro.

Ciente de que não existem soluções milagrosas para enfrentar a violência, a intenção deste Plano foi a de aglutinar esforços nas áreas de segurança pública que pudessem propiciar melhorias imediatas na segurança do cidadão, tanto quanto o fomento de iniciativas de intervenção nas múltiplas e complexas causas que estão ligadas ao fenômeno da criminalidade. Contudo, para se alcançar esta meta e torná-la possível há que se conseguir o estreitamento da cooperação com Estados, Municípios, demais Poderes e sociedade civil organizada - de forma firme e permanente.

Desse modo, dentro da sua parcela de responsabilidade, compete aos Municípios e às Guardas Municipais as metas abaixo arroladas, conforme compromissos propostos pelo Plano Nacional de Segurança Pública:

Compromisso Nº3

Repressão ao Roubo de Cargas e Melhorias da Segurança nas Estradas

Ação 30 – Socorro a Vítimas de acidentes ou crimes “Estabelecer programas específicos de treinamento para

socorro a vítimas de acidentes ou crimes, bem como apoiar projetos dessa natureza de iniciativa local.”

Ação 36 – Campanhas Educativas “Promover e apoiar a realização de campanhas educativas e

informativas para prevenir acidentes, assaltos e roubos de cargas.”

Compromisso Nº4 Implementação do Subsistema de Inteligência de

Segurança Pública Ação 41 - Atuação dos Núcleos Estaduais do

Subsistema de Inteligência de Segurança Pública “Desenvolver, prioritariamente, as atividades de coleta e busca

de dados de Inteligência, estabelecidos pela ABIN, que permitam o acompanhamento e a elaboração de análise de temas, dentre os quais o crime organizado, o narcotráfico e delitos conexos, a violência urbana e rural, estruturas de segurança pública e ameaças potenciais a instituições democráticas e à sociedade.”

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Compromisso Nº7 Redução da Violência Urbana

“A violência aumentou. Isto é um fato incontestável e que assusta toda a sociedade. O cidadão brasileiro tem sido, nos últimos tempos, exposto a muitas formas de violência: crimes, assaltos, lesões e inúmeras outras violações. Na maioria das vezes, essas práticas têm levado, prematuramente, milhares de vidas humanas, atingindo patamares inaceitáveis.

Não é sem razão que o crime se situa entre as mais importantes preocupações do cidadão brasileiro.

Sua presença cada vez mais evidente no cotidiano de nossa sociedade exige do Poder Público um esforço coletivo no sentido de se estabelecer, de uma vez por todas, limites a esta situação, e combater as ações criminosas. É uma responsabilidade da qual os Órgãos Públicos de todas as esferas e níveis de poder não podem se furtar.” (Grifei)

“As ações propostas congregam estados e municípios, e especialmente grandes centros urbanos que apresentam altas taxas de criminalidade, em torno de estratégias que levem a reduzir, de forma drástica, as taxas de assaltos, homicídios e outras graves violações à pessoa.” (Grifei)

Ação 51 -Intensificação do Policiamento Integrado “Apoiar, inclusive financeiramente, estados que implantarem

programas de policiamento integrados entre a Polícia Civil e Militar, prioritariamente para a Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Recife, Brasília e entorno, além de estimular a participação dos poderes públicos municipais nas atividades das polícias estaduais”. (Grifei)

Ação 56 -Guardas Municipais “Apoiar e incentivar a criação de Guardas Municipais

desmilitarizadas e desvinculadas da força policial, estabelecendo atribuições nas atividades de segurança pública e adequada capacitação, inclusive para a área de trânsito.” (grifei e sublinhei)

Ação 57 -Combate à Violência como Prioridade também do Município

“Sensibilizar e apoiar financeiramente projetos municipais que invistam na qualidade de vida de populações que vivem em periferias, favelas e zonas de carência, na instalação de equipamentos sociais

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que reduzam circunstâncias ou situações que facilitam a ação criminosa.”

Ação 58 -Pontos Críticos no Trânsito “Criar uma fiscalização intensiva naqueles pontos críticos de

cidades onde os registros mostram acidentes fatais de trânsito, punindo com rigor os responsáveis por essas mortes, com vistas a reduzir a impunidade, o desrespeito à vida e o compromisso falho que essas pessoas demonstram com os direitos e deveres da cidadania.”

Ação 59 -Estratégias Comunitárias “Estimular debates que abram canais permanentes de diálogo

com as lideranças e os movimentos comunitários legítimos, especialmente aqueles organizados em periferias e favelas de grandes centros urbanos, com o propósito de construir alianças capazes de ao mesmo tempo mudar o comportamento da Polícia em relação a essas populações e combater o crime, livrando essas comunidades do poder dos marginais e dos falsos benefícios dos bandidos, bem como investir em organização e gestão comunitária e na aliança entre os movimentos sociais e a escola.”

Ação 60 -Reluz “Implantar em cooperação com os governos estaduais e

municipais o Programa Reluz: um amplo e massivo programa de iluminação pública.” (Grifei)

Compromisso Nº8

Inibição de Gangues e Combate à Desordem Social “Espaços urbanos concentrados, como são as atuais grandes

metrópoles brasileiras, concentram também manifestações de violência e ameaças ao convívio social pacífico.

Nesse contexto, os jovens, especialmente aqueles situados na faixa etária de 14 a 24 anos, se apresentam ao mesmo tempo como as vítimas mais prováveis da violência, mas também como os violentos mais prováveis. A sociedade brasileira não foge a essa tendência moderna.

O Brasil está cheio de exemplos recentes que expressam omissão ou superproteção das famílias, da escola e dos poderes públicos, que não conseguem construir, principalmente com a participação dos jovens, uma perspectiva de futuro.

Para mudar esse triste quadro, as ações propostas logo a seguir procuram, ao lado de conferir cada vez mais praticidade ao

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Estatuto da Criança e do Adolescente, caminhar na direção principal de reinserir os jovens em suas comunidades, despertando-os para uma efetiva participação que inclua o sentido de responsabilidade, sonhos, desejos de realização e felicidade.”

Ação 61 -Redução do Consumo de Bebidas Alcoólicas “Adotar campanhas sistemáticas nas áreas da saúde e

educação buscando conscientizar e prevenir os jovens em relação aos riscos e efeitos do consumo de bebidas alcoólicas, bem como reforçar a fiscalização de venda dos mesmos a menores.”

Ação 66 -Recuperação do Espaço Público “Mapear os espaços públicos importantes para a comunidade

que estejam deteriorados, com ênfase em zonas de maior carência social e urbana, visando sua recuperação estética e moral. A partir da restauração de sua representação comunitária, evitar que sejam tolerados, por toda a comunidade, agressões como: grafitismos, depredações, uso inadequados de praças, brinquedos, telefones públicos, lixeiras, etc. Estimular atitudes positivas de preservação e que materializem a idéia de que o espaço público é a representação da própria comunidade e que esta se assenta no respeito e no cumprimento da lei que, nesse caso, é, principalmente, o dever de cada um com os demais.”

Ação 67 -Resgate de Profissões Comunitárias “Estimular a elaboração, por parte dos estados e municípios,

de projetos comunitários que elevem a auto-estima de profissionais comunitários, tais como agentes comunitários, educadores, policiais, bombeiros, etc, a fim de que eles possam ao mesmo tempo ser multiplicadores de valores comunitários e objeto de identificação e valorização pela comunidade que integram.”

Ação 69 -Ética e Cidadania “Distribuição massiva nas escolas públicas do kit "Ética e

Cidadania", preparado pelo Ministério da Educação.”

Compromisso Nº9 Eliminação de Chacinas e Execuções Sumárias

Ação 75 -Fechamento de Estabelecimentos Comerciais Cassar sumariamente os licenciamentos daqueles

estabelecimentos responsáveis por contratação de grupos de extermínio, justiceiros ou pistoleiros, além do competente indiciamento penal dos sócios-proprietários.

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Compromisso Nº11 Intensificação das Ações do Programa Nacional de Direitos

Humanos “O fenômeno da violência, como é sabido, é complexo e de

múltiplas causas. Uma política consistente de segurança pública deve, necessariamente, incorporar ações sociais de caráter preventivo que, integradas à esfera policial e repressiva e ao funcionamento enérgico e célere do Poder Judiciário e Ministério Público, proporcionarão um enfrentamento mais efetivo do problema em toda sua totalidade e complexidade.

O Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado em 1995, vem sendo implementado pelo Governo Federal, com a finalidade de estabelecer no País uma cultura de paz e de não-violência, com intervenção num leque amplo das possíveis causas da violência.

A violência se distribui de forma desigual em nossa sociedade, concentrando-se mais na periferia dos grandes centros, marcados pela degradação sócio-econômica. Os programas de prevenção realizados por intermédio de políticas integradas devem, assim, respeitar as necessidades de cada uma das regiões críticas, dando ênfase à revitalização do espaço urbano e á maximização das oportunidades de convívio social pacífico, por meio de incentivos a projetos de esporte e lazer, programas de manutenção dos estudantes na escola e requalificação profissional, assim como a iniciativas voltadas à resolução pacífica de conflitos.“

Ação 81 -Escola na prevenção da violência “Ampliar o projeto "Paz na Escola" do Ministério da Justiça,

incluir no programa "TV Escola" o tema "Violência e Direitos Humanos" e incentivar, junto a organizações da sociedade civil, o desenvolvimento de projetos voltados para a juventude, de cunho educacional e direcionados para a prevenção da violência, especialmente em áreas de periferia urbanas e que apresentam aguda situação de carência e exclusão.”

Ação 92 -Programas Comunitários de Combate à Criminalidade

“Incentivar ações de articulação e cooperação entre a comunidade e autoridades públicas com vistas ao surgimento de grupos de autoproteção comunitária que possam desenvolver estratégias de ajuda mútua e de requisição de serviços policiais, com o objetivo de proteção da integridade física das pessoas e dos bens

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da comunidade, fornecendo pistas e testemunhos que ajudem o trabalho de investigação e da Justiça.”

Compromisso Nº12

Capacitação Profissional e Reaparelhamento das Polícias “A qualificação e a valorização do profissional de segurança

pública são pilares de qualquer programa consistente de redução da criminalidade. A evolução do crime exige constante aperfeiçoamento dos equipamentos e conhecimentos policiais. Por outro lado, o policial deve ser permanentemente capacitado para servir sua comunidade. É hoje consenso em todo o mundo que a eficiência da polícia está diretamente ligada a sua proximidade da população e ao grau de confiança alcançado junto à comunidade. Será esta a ênfase dos programas de capacitação na área de segurança pública.”

Ação 93 -Criação do Fundo Nacional de Segurança Pública

“Criar, no âmbito do Governo Federal, um Fundo Nacional de Segurança Pública destinado a apoiar financeiramente o reaparelhamento, reestruturação e qualificação das polícias estaduais e as ações previstas neste Plano, especialmente aquelas voltadas para a implantação de polícias comunitárias, seu intercâmbio nacional e internacional com polícias e líderes comunitários, delegacias especializadas, sistemas de produção e coleta de dados, núcleos de combate à impunidade, investigações de homicídios, chacinas, missões especiais de patrulhamento integrado e estratégias comunitárias.” (Grifei)

Ação 94 -Apoio à Capacitação das Polícias Estaduais e Incentivo às Polícias Comunitárias

“Apoiar e padronizar a capacitação das polícias estaduais, particularmente na gestão de segurança pública, mediação de conflitos, operações que envolvam o policiamento de manifestações de massa e investigação policial e, especialmente, na implantação de polícias comunitárias, além de promover a integração entre as academias de polícia civil e militar.”

Ação 95 -Programas de Apoio aos Policiais “Incentivar a criação de seguro de vida em favor da família dos

policiais mortos em serviço, estabelecer programas especiais para aquisição da casa própria, em terrenos públicos, bem como estimular

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a educação formal, a pesquisa científica e a profissionalização do policial.”

Ação 97 -Ouvidorias de Polícia e Mecanismos de Controle Externos

“Apoiar a criação e a instalação de Ouvidorias de Polícia, em todas as instâncias, e outros mecanismos civis que possam ajudar no controle das atividades da polícia, inclusive pelo Ministério Público.” (Grifei)

Ação 99 -Núcleo Especial de Combate à Impunidade “Coordenar os esforços do Poder Executivo Federal para a

repressão ao crime organizado, via articulação com os Poderes Legislativo e Judiciário, além de estimular a criação de núcleos estaduais e municipais de combate à impunidade.” (Grifei)

“Todas as medidas aqui selecionadas visam devolver ao povo

brasileiro a idéia precisa de segurança e justiça, bem como, a percepção da presença e o sentimento de confiança no Poder Público, restituindo-lhe valores fundamentais ao desenvolvimento de uma sociedade organizada e democrática.”

“Contudo, somente o desejo e a determinação do Governo não é o suficiente. Mais uma vez é preciso afirmar que esta é uma luta que necessita de um esforço conjunto, um direcionamento comum, por parte de diferentes segmentos governamentais - numa articulação produtiva entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e o Ministério Público - e da sociedade civil em geral, pois só assim conseguiremos, de forma sustentável, impor limites às pressões cotidianas da violência. Este Plano serve para nos dar as referências e o horizonte de como e para onde desejamos chegar, mas a consecução de seus resultados exige um compromisso efetivo de todos.”

Alguns dos Resultados Esperados Pelo Governo Federal

com a Implantação do PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

“- Redução anual dos crimes contra a pessoa no país. - Fiscalização em pontos críticos no trânsito funcionando de

forma mais eficiente e eficaz. - Policiamento intensificado e funcionando de forma integrada. - Redução anual da violência nos bairros.

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- Restabelecimento da confiança nas forças policiais. - Cidades, bairros de periferia e favelas mais bem iluminados. - Redução de conflitos entre policiais e populações de periferia

e moradores de favelas. - Guardas Municipais criadas e monitoradas. - Redução dos atos de vandalismo praticados por jovens em

espaços públicos. - Redução das gangues e grupos de jovens formados para

práticas violentas. - Programas de apoio a famílias, criados e funcionando nas

principais capitais do País. - Projetos de integração e restabelecimento da auto-estima de

profissionais comunitários implantados. - Redução da violência familiar. - Redução das chacinas e das mortes por "justiciamento" e

pistolagem. - Redução do envolvimento de policiais em crimes desse tipo. - Normas e regulamentos mais rígidos e eficazes no combate a

esse tipo de crime. - Serviços de denúncia instalados. - Investigação de crimes de chacinas, pistolagem e

"justiciamento" mais adequada e mais eficiente. - Comunidades mais seguras e em melhores condições de

infra-estrutura física. - Serviço Civil Voluntário instalado em todos os estados. - Redução do consumo de drogas pelos adolescentes. - Programa Agente Jovem de Desenvolvimento Social e

Humano implantado em periferias com elevados índices de violência. - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil ampliado para

zonas urbanas com altos índices de envolvimento de crianças com o tráfico de drogas e a prostituição infantil

- Programa Pelotões Mirins ampliando para zonas de carência e exclusão.

- Polícias mais qualificadas e com resultado mais eficaz. - Polícias atuando de forma crescentemente integrada. - Redução de casos de envolvimento de policiais envolvidos

em atividades criminosas. - Redução de policiais vitimados em ação. - Ouvidorias implantadas em todo o País.

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- Programas de apoio e motivação de policiais implementados nos estados.

- Polícias aparelhadas adequadamente. - Número de policiais na rua aumentado.”

*** É um trabalho árduo e que exige a mobilização de todos, pois

somente assim o “Brasil Dirá Não à Violência”. As capitais, como exemplo, o Município de Curitiba através da

Guarda Municipal, têm contribuído de maneira significativa frente ao Plano Nacional de Segurança Pública, podendo dar continuidade a essas ações de maneira ágil e solidária, de acordo com o interesse público, bastando apenas a iniciativa dos seus dirigentes.

Em janeiro de 2002, por meio do Convênio n.º 182, do SENASP com a SEDS, a Guarda Municipal de Curitiba recebeu e aplicou R$ 550.000,00 (quinhentos e cinqüenta mil reais) e demais rendimentos, para o seu reaparelhamento e instrução do Quadro Funcional, provenientes do Fundo Nacional de Segurança Pública.

Em setembro de 2004, foi disponibilizada mais uma receita proveniente do Fundo Nacional de Segurança Pública, a qual deverá ser aplicada diretamente na Guarda Municipal de Curitiba, seguindo as metas estatuídas pelo Plano Nacional de Segurança Pública.

3.3. PROJETO SEGURANÇA PÚBLICA PARA O BRASIL (Fonte: Instituto Cidadania – Fundação Djalma Guimarães)

Reformas substantivas na esfera municipal:

Segurança pública no município A Guarda Municipal

“O primeiro problema para a definição de uma política de

segurança municipal não está propriamente na identificação das dinâmicas criminais e das formas da violência, ou na análise de sua gênese e de suas interconexões perversas com processos sociais determinados, até porque esses passos não se distinguem das etapas de trabalho com que se defrontam os agentes convencionais da segurança pública estadual. O primeiro problema está na construção de instrumentos operacionais. De que adianta identificar fenômenos e delimitar focos de ação, quando faltam recursos para realiza-la?

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A mesma carência produz efeitos no âmbito do diagnóstico e da formulação. Essa deficiência pode, no entanto, mais facilmente ser suprida com competências e recursos já instalados em outros setores institucionais. A falta de instrumentos operacionais é que constitui a fonte das dificuldades mais urgentes e imediatas.

Nos municípios, o único instrumento especificamente voltado para a segurança, atualmente, são as guardas municipais – quando elas existem. Hoje, muitas Guardas não têm metas claras e compartilhadas, não atuam segundo padrões comuns, não experimentam uma identidade institucional, que poderia ser a base para uma autoestima coletiva elevada, e tampouco têm sido objeto de questionamento ou alvo de propostas reformadoras. Várias guardas sequer dispõem de um organograma bem composto, transparente, articulado a uma dinâmica de fluxos racionalizados e apoiado em um regimento disciplinar moderno e funcional. Diversas não têm hierarquia, cadeia de comando ou gerenciamento adequado de informações. Faltam, em muitas, os fundamentos mínimos para que a organização mereça esse nome e se governe pelos princípios do planejamento, que supõem diagnósticos consistentes e avaliações regulares. Não há controle interno ou externo, nem transparência, nem mecanismos de legitimidade/confiabilidade/eficiência. Não há testes de rotinas ou recrutamento, formação e requalificação orientados por finalidades públicas e identidade profissional reconhecida. O acesso à tecnologia de informação e comunicação, freqüentemente, é precário e contingente. Os equipamentos e a preparação física são precários. Não há, em tantos casos, símbolos distintivos, rituais próprios, uma linguagem particular e uma metodologia de comunicação com a sociedade. Os regimes de trabalho nas guardas de vários municípios não estão padronizados e não há uniformização nem mesmo no plano do vestuário ou no acesso a armamento – esse acesso, aliás, pode provocar uma tragédia, a qualquer momento, pois geralmente não é condicionado a treinamento profissional adequado.

Não havendo uma instituição, no sentido pleno da palavra, não é de espantar que inexista um relacionamento sistemático desse amálgama difuso e confuso – a despeito dos valorosos e competentes funcionários – com as forças estaduais da segurança pública. Em suma, falta praticamente tudo, na maioria das nossas guardas municipais.

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Mas, antes e acima de tudo, falta uma política que as constitua como protagonistas da segurança municipal e lhes determine um perfil, uma identidade institucional, um horizonte de ação, um conjunto de funções e, muito particularmente, lhes atribua metas claras, publicamente reconhecidas. (grifei)

Modificações nas guardas municipais

A modelagem desejável da Guarda Municipal deve contemplar os seguintes eixos:

1) os guardas municipais serão gestores e operadores da

segurança pública, na esfera municipal. Serão os profissionais habilitados a compreender a complexidade pluridimensional da problemática da segurança pública e a agir em conformidade com esta compreensão, atuando, portanto, como “solucionadores de problemas”.

Essa sensibilidade supõe múltiplas competências, tais como: a) capacidade para diagnosticar situações-problema,

identificando causas imediatas e remotas; b) aptidão para produzir diagnósticos mediante o

levantamento dos dados pertinentes, de natureza diversa, e o exercício do diálogo (que exige competência para a comunicação) sensível à relativização contextualizadora, que deriva de um distanciamento analítico capaz de perceber interesses, motivações, valores, estigmas e preconceitos em jogo;

c) competência para formular, interativamente, estratégias de solução, em múltiplas esferas, o que envolve a capacidade de mobilizar os recursos multissetoriais apropriados (policiais, sociais, econômicos, políticos e culturais ou simbólicos) e a aptidão para negociar sua aplicação;

2) a atribuição aos guardas de tais funções requer sua mobilidade permanente pela cidade, porém regularmente repetida, para que sua presença iniba o crime e a violência, e lhe faculte o acesso aos problemas vividos pelas comunidades, nos bairros e nas vilas, através do diálogo cotidiano;

3) essa circulação constante deve ser acompanhada pelo uso de tecnologia leve e ágil de comunicação com a central de

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monitoramento da Guarda, integrada ao núcleo de despacho da Polícia Militar. A ênfase no treinamento em artes marciais apresenta muitas vantagens práticas e culturais, ajudando a infundir na corporação seu compromisso com a paz e o uso comedido da força, sempre compatível com o respeito aos direitos civis e humanos;

4) a metodologia prioritária, ainda que não exclusiva, será a mediação de conflitos;

5) esse conjunto de atributos e papéis implica relativa autonomização do trabalho na ponta; a valorização e a responsabilização do profissional subalterno; e a descentralização da estrutura de tomada de decisões operacionais, sem prejuízo da integração sistemática, a partir de uma plataforma gerencial orientada para o planejamento e a avaliação sistemática, base para o monitoramento corretivo permanente;

6) a Guarda disporá de um núcleo de coleta, organização, processamento, análise e difusão de dados, que adotará a metodologia do geoprocessamento;

7) ao núcleo de gestão da informação se vinculará uma rotina de planejamento e avaliação participativos, envolvendo todas as unidades, à semelhança do CompStat norte-americano (Computorized Statistics – Estatística Computadorizada: sistema informatizado de geoprocessamento dos dados criminais, articulado a modelo participativo e rigoroso de gestão, fundado na combinação entre planejamento coletivo e monitoramento permanente);

8) o controle interno deverá ser supracorporativo, envolvendo representantes de várias instituições e membros da própria Guarda, em rodízio, para evitar estigmatizações ou prejuízos na progressão da carreira;

9) o controle externo será exercido por uma ouvidoria independente, com poder investigativo próprio, e por conselhos comunitários, que também serão consultados no processo de planejamento e avaliação;

10) além do controle, será importante enfatizar formas de indução positiva, pelo reconhecimento dos êxitos e dos comportamentos exemplares, através dos mesmos mecanismos de acompanhamento crítico (sobretudo os externos);

11) o recrutamento será rigoroso quanto aos aspectos técnicos, psicológicos e ético-legais. Será estimulada a incorporação de mulheres e de representantes das minorias. A hipótese de se adotar

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um sistema de cotas deverá ser discutida com a sociedade, especialmente com as entidades representativas das mulheres e das minorias;

12) a formação será um processo permanente e multidisciplinar, devendo ser oferecida pelas universidades e por Organizações Não Governamentais especializadas nos temas pertinentes, com ênfase em mediação de conflitos, nos direitos humanos, nos direitos civis, na crítica à misoginia, ao racismo, à homofobia, na defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na especificidade da problemática que envolve a juventude, as drogas e as armas, e nas questões relativas à violência doméstica, à violência contra as mulheres (incluíndo-se o estudo do ciclo da violência doméstica) e contra as crianças. Além das matérias diretamente técnicas, policiais e legais, haverá uma focalização especial das artes marciais e no estudo prático e teórico do gradiente do uso da força. As disciplinas incluirão elementos introdutórios de sociologia, história, antropologia, psicologia, comunicação, computação, português / redação / retórica oral, teatro e direito. O método didático prioritário será o estudo de casos, nacionais e internacionais, com seminários, debates e simulações;

13) os mecanismos de comunicação interna e externa merecerão especial atenção;

14) a identidade institucional se apoiará em uma hierarquia baseada no mérito, rigorosa o suficiente para sustentar a disciplina indispensável a uma organização que zela pela ordem pública cidadã e democrática. Por outro lado, a mobilidade ascendente será ilimitada, em razão da natureza meritocrática da hierarquia;

15) haverá uma estrutura de apoio psicológico permanente e os guardas que se envolverem em conflitos graves serão afastados do trabalho ostensivo, por um período de dois meses, para acompanhamento psicológico intensivo e investimento concentrado em atividades ligadas à qualificação profissional. Além da saúde mental, a saúde física também merecerá atenção constante, voltando-se ambas para a prevenção da drogadicção, inclusive do alcoolismo;

16) o plano de cargos e salários terá de ser compatível com as ambições do projeto e o regime de trabalho deverá ser de expediente corrido de oito horas, proibindo o segundo emprego, o que será

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viabilizado pelo bom nível dos salários e pagamento de horas-extras, quando necessário;

17) serão criados Centros de Referência nos quais a Guarda e entidades da sociedade civil formularão agendas comuns de problemas, identificarão prioridades, estabelecerão focos para intervenção e avaliarão seus resultados;

18) a articulação com a Polícia Militar (e também com a Polícia Civil) assumirá elevada importância. A interação com as secretarias de Justiça e Segurança do Estado será indispensável, norteando-se por uma praxe suprapartidária, orientada pelo interesse público;

19) criação de uma rede com a segurança privada (caso esta venha a ser reconhecida e aprovada por uma fiscalização rigorosa e por uma regulamentação que imponha transparência e treinamento dos profissionais nas agências da segurança pública; garantindo a acesso a informações sobre localização, atuação e suas características) em benefício da maximização dos recursos e do potencial de ação da segurança pública, invertendo o quadro atual;

20) as mudanças estruturais aqui esboçadas devem se constituir no pressuposto para a concessão do poder de polícia para as guardas municipais.”

3.4. MANUAL DE REFERÊNCIA PARA ESTRUTURAÇÃO DAS GUARDAS MUNICIPAIS

No Encontro Nacional das Guardas Municipais, no ano de

2001, realizado pelo Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública nas cidades de Atibaia e Jaguariúna, no Estado de São Paulo, reunindo Governo Federal e Comandantes ou representantes das Guardas Municipais do Brasil, surgiu o presente manual.

“REFERENCIAIS CURRICULARES PARA OS CURSOS DE

FORMAÇÃO DAS GUARDAS MUNICIPAIS 1. Apresentação Este documento destina-se a fornecer subsídios para

elaboração dos currículos e do planejamento dos cursos de formação dos profissionais das guardas municipais.

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2. Princípios Legais Todas as ações da formação dos profissionais das Guardas

Municipais deverão estar pautadas nos seguintes parâmetros legais: Constituição Federal de 1988 Constituições estaduais Leis orgânicas municipais Leis de criação e funcionamento das guardas 3. Competências Básicas Norteadas pelos princípios legais destacados, o grupo

consultivo definiu como competências básicas os seguintes aspectos: Controlar e fiscalizar o trânsito, de acordo com a lei n

o 9.503,

de 23/09/1997 (Código de Trânsito Brasileiro) Auxiliar, informar e orientar o público Garantir o funcionamento dos serviços públicos municipais Proteger e preservar a incolumidade pública, prevenindo ou

reprimindo atividades que violem normas de defesa da saúde, do sossego, da higiene, da segurança pública, da continuidade dos serviços públicos, dos costumes, do meio ambiente, ou que infrinjam direitos individuais e coletivos

Apoiar as atividades de socorro e proteção às vítimas de calamidades públicas, participando das atividades de Defesa Civil

Desempenhar missões eminentemente preventivas, zelando pelo respeito à Constituição, às leis e à proteção do patrimônio público municipal

Prevenir as infrações penais Interagir com os agentes de proteção ambiental, protegendo o

meio ambiente, bem de uso comum do povo, conforme determina o art. 225 da Constituição Federal

Apoiar os agentes municipais a fazer cessar, quando no exercício do poder de polícia administrativa, as atividades que violarem as normas de saúde, sossego, higiene, funcionalidade, estética, moralidade e outras de interesse da coletividade

Praticar segurança em eventos Praticar segurança de autoridades municipais Prestar pronto-socorrismo Garantir a proteção aos serviços de transporte coletivo e

terminais viários

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Apoiar as ações preventivas - educativas: prevenção à violência, uso de drogas, ECA, trânsito, etc.

Proteger funcionários públicos no exercício de sua função Exercer a segurança sobre os próprios municipais,

principalmente parques, jardins, escolas, teatros, museus, bibliotecas, cemitérios, mercados, feiras livres e todo o patrimônio histórico, no sentido de:

a) protegê-los dos crimes contra o patrimônio b) orientar e proteger o público c) prevenir a ocorrência, interna e externamente de qualquer

infração penal d) controlar o trânsito de veículos e) prevenir sinistros, atos de vandalismo e danos ao patrimônio f) prestar assistências diversas Colaborar com as ações preventivas de segurança pública Exercitar sua função ostensiva, por meio de condutas, tais

como: a) prender quem seja encontrado em flagrante delito, nos

exatos termos dos artigos 301 a 303 do Código de Processo Penal, fundado no inciso LXI, do artigo 5

o da Constituição Federal.

b) agir em legítima defesa de direito seu, ou de outrem, mormente em defesa dos direitos assegurados pela Constituição Federal, ressaltando-se os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, todos insertos no caput do art. 5

o da

CF/88. 4. Currículo Básico dos Cursos de Formação Núcleo de Formação Básica Relacões interpessoais e dinâmica de grupo; Sociologia; direito

administrativo municipal; direito administrativo; direito constitucional; direito processual penal; direito do consumidor; leis especiais; português aplicado e redação oficial; direitos humanos; direito penal; direito de trânsito; ética; criminalística; criminologia; medicina legal; organização policial brasileira; educação ambiental e políticas sociais.

Núcleo de Formação Profissional Defesa pessoal; armamento e tiro; sistemas de comunicação;

processamento de dados; pronto-socorrismo; escoltas; prevenção e combate a incêndios; história da cidade; educação física, segurança preventiva e segurança comunitária.

Complemento Educacional - Ciclo de Palestras

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O Poder Executivo; o Poder Legislativo; o Poder Judiciário; a Polícia Civil; a Polícia Militar; a Polícia Federal; a Polícia Rodoviária Federal; o Ministério Público; o Conselho Tutelar e o Comissariado de Menores; a Ordem dos Advogados do Brasil e ONGs.

Obs.1: A disciplina Relações Interpessoais e Dinâmica de Grupo deverá estar presente no desenvolvimento do curso.

Obs.2: Direitos Humanos não deverá ser considerado apenas uma disciplina, mas um tema que deverá perpassar o conteúdo de todas as disciplinas.

Obs.3: Os cursos de formação deverão ter o acompanhamento de um(a) pedagogo(a) ou especialista em Educação.

5. Ementas das disciplinas

5.5. Conteúdo programático do currículo dos cursos de formação

5.5.1 – Disciplinas de Formação Básica

Relações interpessoais e dinâmica de grupo: funcionamento da mente; personalidade humana; comportamento; relação homem/grupo, aspectos facilitadores do trabalho em equipe, inteligência emocional e jogos; dinâmica de grupo;.

Sociologia: o homem como ser social; aspectos inerentes à vida em sociedade; complexidade social; violência; aspectos da comunidade (características da comunidade local); o Guarda Municipal e o seu papel na comunidade.

Direitos Humanos: Importância da disciplina na formação do Guarda Municipal. Cidadão em sentido amplo; Declaração Universal dos Direitos Humanos; Conceito e principais direitos fundamentais do homem; Cidadão em sentido amplo. Sentido e evolução dos Direitos Humanos. O Direito e a geração dos Direitos. Documentos de fixação dos Direitos Humanos. Os instrumentos internacionais de proteção aos Direitos Humanos.: Pacto dos Direitos Civis e Políticos, o Pacto dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais e outras convenções; O sistema internacional de Proteção aos Direitos Humanos e a redefinição da cidadania no Brasil. Políticas de Proteção dos Direitos Humanos. A Constituição brasileira de 1988 e os tratados internacionais de proteção aos Direitos Humanos. Os organismos

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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policiais como preservadores dos Direitos Humanos. Abuso de autoridade e tortura.

Educação ambiental: Aspectos históricos e filosóficos; metodologia e abordagem; relações humanas; cuidados com resíduos sólidos - 3R (reduzir, reutilizar e reciclar); cidadania e meio ambiente e crimes ambientais.

Direito constitucional: conceito de Constituição; princípios fundamentais; direitos constitucionais.

Direito Penal: Razão do Direito Penal; Direito Penal; Crime e Contravenção; Tipicidade; Antijuridicidade; Culpabilidade; Punibilidade; Dolo e Culpa; Das penas; A suspensão condicional da pena; Homicídio; Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio; Infanticídio; Aborto; Furto e Roubo; Invasão de Domicílio; Apropriação Indébita; Estelionato; Receptação; Estupro; Tráfico de Entorpecente; Abuso de Autoridade.

Direito de Trânsito: Direção defensiva; Métodos de prevenção de acidentes; Engenharia e policiamento; Condições adversas: luz, tempo, estrada, trânsito, veículo e motorista; Velocidade e segurança; Classificação das vias públicas de acordo com sua utilização; Velocidades mínimas e máximas permitidas; Acidente evitável e inevitável, percepção, reação e frenagem; Condições desfavoráveis à segurança; Como evitar colisões, colisão traseira, colisão dianteira, colisão em cruzamento, A arte de ultrapassar e se deixar ultrapassar, Regras gerais de trânsito, O acidente misterioso: choque, colisão, tombamento, capotamento, hidroplanagem, iluminação carente, nevoeiro e fumaça, cinto de segurança, estado de conservação do veículo; Código de Trânsito Brasileiro;

Direito administrativo: da administração pública direta e indireta; serviços públicos: bens públicos, processos administrativos, poder de polícia e servidores públicos.

Direito administrativo municipal: organização administrativa do município; leis específicas do Município; instrumentos de fiscalização e autoridades municipais.

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Direito processual penal: princípios do processo penal; persecução criminal extrajudicial; ação penal; flagrante delito; procedimentos operacionais de acordo com a legislação.

Direito do consumidor: o Código de Defesa do Consumidor; o consumidor; a atuação da Guarda Municipal na defesa do consumidor.

Ética: Considerações preliminares a respeito dos objetivos da disciplina; Moral, conceito, mutabilidade; As normas morais, conceito e importância; Ética, conceito; Diferenças entre normas éticas e morais, importância; Ética policial, importância, definição, necessidade de sua observância; Contribuição para a boa imagem da instituição; O policial como servidor público. Seu compromisso profissional; Seu modo de ser e os vários aspectos de seu relacionamento; Deveres do Guarda Municipal; As transgressões disciplinares. Distinção; Importância do conhecimento e da observância.

Criminalística: Evolução conceitual da Criminalística, - conceito de Luís Sandoval Smart, - conceito de José Del Picchia Filho, - Conceito de Cátedra, - breve análise crítica destes conceitos; Conceitos fundamentais de interesse criminalístico, - conceito de local do fato, - conceito de local do irrelevante penal, - conceito de local da infração penal, - classificação técnica do local do fato, - preservação e isolamento do local do fato, - local prejudicado para perícia, - interdição do local do fato; Perícias criminalísticas em geral, - conceitos genéricos, - classificação, - modalidades de perícias: criminalísticas e médico-legais; Peritos em geral, - conceito genérico, - classificação, - intervenção no foro penal, - número que intervém na realização da perícia; Corpo de delito e exame de corpo de delito, - conceitos de corpo de delito, - modalidades de exame de corpo de delito no âmbito da criminalística, - realização do exame de corpo de delito, - importância do exame de corpo de delito; Prova técnica em criminalística, - conceito genérico, - classificação, - conceito técnico de vestígio, - conceito técnico de indício; Documentos em criminalística, - conceito de laudo-técnico pericial,- estrutura do laudo pericial e os Códigos de Processo, - conceito de parecer técnico-pericial; Ensaios laboratoriais de interesse criminalístico, - conceito histológico de bioquímico de sangue, - aspectos técnicos: perícia, -

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conceito bioquímico de sêmen total, - aspectos técnicos: perícia, - conceito de residuografia. Residuograma, - docimácias.

Criminologia: Conceito de Criminologia, - objeto, natureza e divisão, - principais escolas criminológicas; Definição de delito, - aspectos físicos, - aspectos psicológicos – psicoses, - tipos de personalidades, - dissociais, autissociais; Causas sociais, - fatores econômicos, - malvivência, - prostituição, - desorganização social; Classificação dos criminosos, - biotipologia, - exame criminológico, - prognóstico: reincidência e periculosidade; Prevenção criminológica, - família, violência doméstica - saúde, - educação, - readaptação social do reeducando.

Medicina Legal: conceitos, posição sistemática entre as ciências médicas e jurídicas, aplicação nos diversos ramos do direito (civil, penal, trabalhista, etc.); Perito, conceito, perito oficial e nomeado, competência dos peritos no tempo e no espaço; Documentos médico-legais, laudos, pareceres, atestados, depoimento oral dos peritos; Objetivos e técnicas do exame pericial em medicina legal, no campo criminal, tanatologia, clínica médico-legal, sexologia, legitimações de idade e sexo, psiquiatria forense, toxicologia forense; Lesões produzidas por instrumentos mecânicos de ação simples, ferimentos punctórios, inciso e contuso; Lesões produzidas por instrumentos mecânicos de ação combinada, ferimentos pérfuro-incisos, pérfuro-contuso e corto-contuso; Ferimentos produzidos por projéteis de arma de fogo, características gerais e indicação de distância; Queimaduras por calor, conceito, avaliação de intensidade e da gravidade; Asfixias, conceitos, sinais sugestivos, classificação; Sufocação direta, sufocação indireta, enforcamento, estrangulamento e esganadura; Afogamento, soterramento e confinamento; Drogas psicoativas, conceito, classificação, tolerância, dependência.

Organização Policial Brasileira: Conceito de Polícia; Polícia Federal; Polícia Ferroviária Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Civil; Polícia Militar; Polícia Militar Rodoviária; Guarda Municipal, finalidades básicas, organograma e Lei Orgânica, atribuições de cada emprego, ingresso, promoção, outras considerações.

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Português aplicado e redação oficial: Noções sobre atos administrativos; Características do texto oficial; O estilo nas comunicações oficiais; Revisão gramatical, ortografia, sintaxe de concordância, sintaxe de regência, sintaxe de colocação, pontuação; Formas de tratamento; Abreviaturas, símbolos e siglas; Redação de textos oficiais; Redação de peças informativas – Relatórios; Preenchimento de impressos utilizados pela Guarda Municipal; Distribuição do texto no papel.

Políticas sociais: Conceito de Políticas Sociais; Relações Humanas; Histórico; O desenvolvimento das relações humanas com a evolução do ser humano; A necessidade do outro: EU X TU = NÓS; Conceito de comunicação; comunicação formal e informal; Utilização dos veículos de comunicação de massa e sua importância; Conceito de público, formas de atendimento externo, solicitude, educação, atenção, ética, formas de atendimento interno, colaboração, amizade, obediência à hierarquia, Resposta do homem ao meio social, através do conhecimento dos tipos de liderança: democracia, autocrática, laissez-faire, carismática. (Meneur); Importância da boa imagem do policial perante o público; Motivação, abordagem neurolingüística, abordagem psicolingüística; O campo de atuação do policial e sua realidade social local. Grupos vulneráveis: idoso, mulher, criança e adolescente e demais agrupamentos sociais vítimas de discriminação. Hábitos alimentares e Doenças Sexualmente Transmissíveis.

Leis especiais: Lei de Porte de Arma; Código de Defesa do Consumidor; Estatuto da Criança e do Adolescente; Lei de Abuso de Autoridade; Lei dos Crimes Hediondos; Lei de Repressão ao Crime Organizado; Lei dos Crimes de Menor Potencial Ofensivo; Lei de Contravenções Penais; Lei de Tóxicos e Entorpecentes.

5.5.2 – Disciplinas de Formação Profissional

Segurança Preventiva: Objetivo da disciplina e requisitos profissionais, a. considerações sobre prevenção criminal, b. credibilidade institucional, c. conscientização profissional do policial, d. espírito de corpo e preservação de princípios, e. disciplina e hierarquia funcionais, Fundamento Legal da disciplina e organismos

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concorrentes, a. Lei Orgânica da Guarda Municipal, b. atribuições básicas da Guarda Municipal, Organismos concorrentes à prevenção criminal: Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Guardas Municipais, Empresas Particulares de Segurança, d. conflitos decorrentes - orientação normativa; Informações Criminais - registro e processamento, a. a ocorrência de natureza policial – delito, b. reclamações de natureza social, c. registro de informações - Polícia territorial, d. boletim de ocorrência e seu fundamento, e. autoria conhecida e desconhecida, f. a difusão de informações, g. as informações de caráter reservado; Dados fundamentais no registro de ocorrências, a. local do fato, b. data e horário, c. quantidade de delinqüentes, d. tipo de incidência criminal – natureza, e. características físicas dos delinqüentes – descrição, f. vestimentas e disfarces, g. uso de armas e outros instrumentos, h. uso de veículos - identificação – placas, i. lideranças identificadas; Planejamento e execução de operações, a1. mapeamento da área – levantamento, a2. geopoliciamento, b. objetivos da operação - diminuição de incidência criminal, c. dispositivos empregados – compatibilidade, d. discrição do grupo - uso de armas e algemas, e. apoio operacional - comunicações, obstáculos, etc.,f. celeridade da ação - constrangimento mínimo, g. cautelas especiais - quebra da rotina e urbanidade, h. deslocamentos rápidos e prudentes; Técnicas de operação, a. prisões - estratégias e oportunidade, b. abordagem - interna e externa, c. custódias, d. triagens, e. buscas de partícipes, f. objetos apreendidos - produtos e instrumentos, g. comunicação e registros incidentes, h. socorros eventualmente decorrentes; Violência Urbana - causas e efeitos, a. a violência nos grandes centros, b. a atuação policial prevenindo e reprimindo, c. fatores determinantes da incidência - regra geral, d. a política criminal como fator de incidência, e. a legislação penal vigente, f. o sistema penitenciário no Brasil, g. a desorganização social – habitação, h. fatores de ordem social, i. sentimento de impunidade - estímulo pela mídia, j. coação econômica - comparsas, patrono, etc.; A Prevenção nos crimes de roubo, a. a ação do delinqüente – predisposição, b. o uso de armas e ingestão tóxica, c. o perfil do delinqüente - características, hábitos, etc., d. a ação policial – prisões, e. ocorrências com reféns - cautelas especiais, f. preservação máxima do local, g. o veículo como meio de locomoção, h. a apuração - a família e a comunidade como aliados; Furto de veículos - prevenção e repressão, a. modus operandi -

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formas de ação, b. preparação de veículos - locais, etc., c. formas de comercialização - vendas, trocas, etc., d. composição de quadrilhas e o perfil destes, e. processo de adulteração de veículos - oficinas, desmanches, f. formas de legalização - documentos, sinistros, etc., g. prevenção - ostensividade, divulgação, prisões, etc.; A prevenção nos delitos de furto em residência, a. a ação do delinqüente, b. o uso de instrumentos – petrechos, c. o transporte do produto do crime, d. a destinação do produto – receptadores, e. a participação de menores na ação, f. prevenção - ostensividade em locais de incidência, divulgação, etc.; A prevenção nos delitos de furto no interior de veículos, a. modus operandi - formas de ação, b. o disfarce como guardadores de carros na via pública, c. o perfil do delinqüente, d. o uso de instrumentos para a violação de veículos, e. o transporte do produto - toca-fitas, f. a destinação da res furtiva – receptação, g. a participação de menores infratores, h. os expedientes preventivos - ostensividade - abordagem, etc.; A prevenção nos delitos de entorpecentes, a. crime permanente - estado de flagrância. b. modus operandi – clandestinidade, c. o perfil do envolvido - características e hábitos, d. antecedentes e evidências, e. laudo pericial - provisório e definitivo, f. pontos de recebimentos de entorpecentes, terminais rodoviários, ferroviários, portuários, hotéis e aeroportos, g. pontos de venda ou passagem de entorpecentes, bares de pouca iluminação, boates, fliperamas, clubes prives, proximidade de estabelecimentos do ensino, h. formas de prevenção - campanhas educativas; Prédios Públicos Municipais, a. crime de dano ao patrimônio público, b. perfil do delinqüente, c. vandalismo, d. Gangues. Ecologia e meio ambiente.

Segurança comunitária: Conceitos (com fundamento na polícia comunitária): base constitucional; parâmetros para realização da segurança comunitária; o guarda municipal e a segurança comunitária; aspectos preventivos da segurança comunitária. Mobilização comunitária: a participação da sociedade; organizações comunitárias existentes no Brasil. Planos para mobilização comunitária: planos e aspectos preventivos.

Defesa Pessoal: Pontos vulneráveis do corpo humano; sensíveis ao traumatismo, sensíveis à compressão, perda dos sentidos; Defesa das agressões: agarramento, estrangulamento: frontal, por trás, lateral com gravata; Ataques e golpes contra o

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agressor: com dedos, com as mãos, punhos cerrados, cotovelos, com chutes, pernas e pés; Chaves, de braço, de pernas, de joelhos; Defesa de armas: armas brancas (faca, punhal, adagas, estilete, etc.), paulada, cassetete, bengala, etc., arma de fogo; Revistas do detido; Uso de algemas.

Armamento e Tiro: Definição de arma de fogo; Munição e sua classificação, quanto: à forma dos projéteis, ao encamisamento ou jaqueta dos projéteis, a expansividade, à velocidade relativa ao som; Descrição do revólver e pistola: municiamento e desmuniciamento; Mecânica do disparo e tipos de acionamento da arma de fogo (ação dupla e ação simples); Limpeza e manutenção da arma de fogo; Uso policial da carabina puma, espingarda calibre 12 e submetralhadora; Normas de segurança; Técnica de tiro de combate, posição básica: tiro a seco em ação dupla; Exercício prático de tiro de combate com munição à distância sucessiva de 2, 3, 4 e 5 metros; Técnica de tiro de visada em ação dupla, posição de tiro à distância mínima de 5 metros, enquadramento do alvo usando-se o sistema de pontaria, tiro a seco; Técnica de tiro de visada em ação simples, posição de tiro à distância mínima de 12 metros, enquadramento do alvo usando-se o sistema de pontaria, tiro a seco à distância sucessiva de 12, 13, 24 e 15 metros; Exercício de tiro de visada em ação simples, com munição, às mesmas distâncias; Exercício de tiro mesclando a técnica de combate e visada, em que cada aluno passa a disparar em, pelo menos, quatro alvos à distância variada, sendo obrigatório a desmuniciar e remuniciar uma vez entre a série de disparos; Exercício prático com as técnicas de tiro em que cada aluno passa a efetuar disparos em 5 alvos diferentes e em distâncias alternadas, usando em uma seqüência a mão direita empunhando a arma e em outra seqüência a mão esquerda; Exercício prático com as técnicas ensinadas, usando-se 6 alvos em diferentes distâncias, variando as posições de tiro: em pé, ajoelhado e deitado. Alguns alvos devem estar parcialmente expostos e ao lado de alvos reféns que não podem ser atingidos; Exercício prático simulando a entrada em uma residência guarnecida por assaltantes que temem seu poder um ou dois reféns. Em pelo menos 2 alvos o aluno só poderá efetuar disparos se estiver em movimento; Exercício prático de tiro em condições mínimas de luminosidade.Disparos com carabina e calibre 12; Armas não letais: conceitos, espécies e utilização por guardas

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municipais. Código de Conduta da ONU para funcionários encarregados de fazer cumprir a lei.

Sistemas de comunicação: Comunicação e Telecomunicação: conceitos; Breve resumo sobre a evolução histórica das telecomunicações; Código Brasileiro de Telecomunicações; Código Penal Brasileiro; Responsabilidades administrativas e penais; Noções sobre os organismos de telecomunicações policiais; Códigos utilizados: código “Q”, código de ocorrências, alfabeto fonético; VHF. Propagação. Modulação. Redes operacionais - simplex e duplex; Estações repetidoras. Estações fixas e móveis; Equipamentos portáteis; Disciplina de rede; Prioridades na rede; Cuidados com os equipamentos; Demonstração prática do sistema.

Processamento de dados: Ciência da Computação: Definição de Informática; O que é Computador; As gerações de micro computadores; Diferença entre Hardware e Software; Configuração básica de um microcomputador; Periféricos de Entrada e Saída; Definição de Arquivo, Diretórios e Árvore; Microsoft Windows - Conceitos Básicos: Conceito de Sistema Operacional; Elementos da Tela Principal; Janela; Ícone; Diferença entre Janela e Caixa de Dialogo; Partes que compõem a Janela; Partes que compõem uma Caixa de Dialogo; Barras de Tarefa e Menu Iniciar; Usando Menus e Caixa de Diálogos; Gerenciador de Arquivo – Windows Explorer; Microsoft Word - Conceitos Básicos: Janela Principal; Partes que compõem a janela principal; Como criar, salvar e localizar Documentos; Recursos de Digitação: Copiar, Colar e Recortar; Formatação: Parágrafos; Fontes; Acrescentar Bordas e Moldura; Inserir: Cabeçalhos e Rodapés, Notas de Rodapé e Notas de Final, Tabelas, Figuras, Recursos para Impressão; Internet: Definição; Padrões de Endereços; Janela Principal – Internet Explorer; Acessando e Navegando na Internet; localização de informações; Salvar arquivos e imagens; Enviando e Recebendo Mensagens; Usando um livro de Endereços.

Pronto-socorrismo: Aspectos gerais de anatomia e fisiologia do corpo humano; Primeiros socorros, conceitos, métodos de aplicação, importância e aspectos legais; Reanimação cárdio-pulmonar, respiração artificial, desobstrução das vias aéreas,

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massagem cardíaca; Hemorragias; Ferimentos; Convulsão, desmaio, epilepsia; Fraturas: tipos, características e gravidade; Toxicoses; Queimaduras. Choque elétrico; Insolação e intermação; Parto.

Escoltas: Escolta de presos, aspectos gerais, segurança, Escolta de dignitários, aspectos gerais, isolamento da área; escolta de veículos, segurança.

Educação Física: Importância da atividade física; orientações nutricionais; atividades aeróbicas e anaeróbicas; Atividades localizadas.

5.5.3 – Complementação Educacional

Círculo de Palestras: O Poder Executivo; O Poder Legislativo; O Poder Judiciário; A Polícia Civil; A Polícia Militar; O Ministério Público; O Conselho Tutelar e o Comissariado de Menores; A Ordem dos Advogados do Brasil.

6. Orientações para o trabalho pedagógico 1. A carga horaria deverá ser distribuída intercalando teoria e

prática, bem como momentos de atividades/repouso para facilitar o aprendizado.

2. A carga horária da atividade de estágio deverá ser adequada para possibilitar uma avaliação ainda no processo de formação e a aplicação dos objetivos do curso.

3. Recomenda-se uma carga horária mínima de 600 horas para as disciplinas do Currículo Básico dos Cursos de Formação, excluindo o estágio.

4. Recomenda-se para o estágio 40% da carga horária do curso de formação.

5. Recomenda-se que os professores sejam selecionados considerando os seguintes aspectos: nível superior, cultura em guarda municipal comprovada e habilidades de instrutoria.

6. Deve ser estimulado o convênio com universidades, consultorias e órgãos afins.

7. Os métodos de ensino deverão prestigiar:

a realidade como referencial a ser explorado

conteúdos voltados para a prática

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a vivência do aluno mediante levantamento de expectativas

a pesquisa comunitária como fonte de dados

técnicas de ensino (dinâmicas de grupo, seminários de temas, estudos de caso, aulas expositivas participativas e júri simulado)

7. Referências bibliográficas (deverá ser completada

contemplando cada disciplina) BRASIL., Constituição da República Federativa do Brasil / 1988 BRAGA, Carlos Alexandre. Guarda Municipal: manual de

criação, organização e manutenção, orientações administrativas e legais. São Paulo: Ed. Juarez de Oliveira, 1999.

MORAES, Benedito A. A. de. A Guarda Municipal e a Segurança Pública. Piracibada, 1995.

MORAES, Bismael B. Segurança Pública e Direitos Individuais. Ed. Juarez de Oliveira, São Paulo, 2000.

CRETELLA JÚNIOR, José. Parecer sobre Guarda Municipal na Constituição. 1990.

SILVA SANTOS, Antônio Jeová da e STURARO, Zair. Guarda Municipal na Constituição. Americana: Gráfica Mazieira, 1991.

EMENTAS DA OAB. Decisão de 21/06/1999 do 1o Grupo de

Câmaras da OAB-SP, requerente Carlos Alexandre Braga. Ementa federal sobre o mesmo assunto e mesmo requerente. (As ementas tratam do indeferimento de inscrição no quadro de advogados formulado pelo requerente, bacharel em Direito, que ocupa o cargo de Inspetor da Guarda Municipal de São Paulo, por ser considerada atividade incompatível com base no artigo 28, inciso V, da Lei Federal 8.906/94).”

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4. A GUARDA MUNICIPAL E À LEGISLAÇÃO FEDERAL 4.1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A Guarda Municipal é um dos poucos órgãos, senão o único,

de prestação de serviço público municipal, que está inserida na Constituição Federal, tamanha a sua importância frente à segurança pública local.

Na Carta Magna, em seu artigo 144, § 8º, ao estabelecer atividades, órgãos e atuação frente à Segurança Pública e à incolumidade das pessoas e do patrimônio, preconiza a responsabilidade de todos, e principalmente do “Estado” (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), sendo um direito e responsabilidade de todos.

“Art. 144 – A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

§ 8º Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.”

1 - Cabe lembrar que a leitura de todo o texto deve ser interpretada utilizando-se das técnicas jurídicas existentes, lembrando que, quando o Código Civil trata sobre bens, é de maneira extensiva, abrangendo a vida e o corpo das pessoas (bens corpóreos e incorpóreos), pois o maior bem do município são os seus munícipes. Vejamos:

Conforme Leib Soibelman, em Enciclopédia do Advogado, “Bem é um conceito muito mais amplo que o de coisa. Bem é todo valor representativo para a vida humana, de ordem material ou imaterial. Nem tudo que no mundo material é coisa adquire a mesma categoria no mundo jurídico, como acontece por exemplo com o corpo do homem vivo, considerado elemento essencial da personalidade e sujeito de direito, já que não é possível separar na pessoa viva o corpo da personalidade. Os direitos também não são coisas embora freqüentemente sejam mencionados como ”coisas incorpóreas”. Juridicamente não existem coisas imateriais. Se desta natureza, o mais admitido hoje é falar em bens incorpóreos. A palavra coisa refere-se sempre aos bens materiais, corpóreos tangíveis,

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sensíveis. Coisa é o que não sendo pessoa pode ser tocado, ou pelo menos sentido como as energias. Todo o valor que representa um bem para uma sociedade, e cuja distribuição, segundo os padrões nela vigentes pode provocar injusta competição, torna-se objeto do direito”.

2 - Quanto à proteção dos seus serviços, cabe lembrar que na esfera de atuação do poder público municipal, tal a sua abrangência na prestação de serviços, desde a área de Educação, Saúde, Trânsito, Meio Ambiente, ainda, temos um número quase que incalculável de atribuições e atividades desempenhadas pela municipalidade, onde, para fornecer segurança a todos esses serviços, efetivamente o Guarda Municipal estará realizando o policiamento ostensivo/preventivo.

3 - Sobre instalações, cabe lembrar que este item sim trata do aspecto patrimonial, pois refere-se às edificações pertencentes ou sob a guarda do poder público municipal.

4 - Por fim, quando menciona “conforme dispuser a lei”, pelo fato de ser a Constituição da República Federativa que trata deste item, ela quer dizer lei federal, ou seja, uma norma regulamentadora oriunda do Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República.

4.2. PROJETO DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL

(PEC – 534/02) Em virtude da falha de interpretação do texto Constitucional,

visando reafirmar o acima exposto, em 1999, o Senador Romeu Tuma propôs a alteração da Constituição Federal em seu Art. 144, § 8º, vindo a trazer claramente no bojo do texto legal a atribuição do município de criar Guardas Municipais com o objetivo, além dos já elencados, de proteção à população e aos logradouros públicos, todos conforme Lei Federal.

Em 22 de maio de 2002, a PEC 00087/99 e suas apensadas vieram a ser todas apensadas à PEC 00534/02, a qual manteve estes preceitos e criou outros mais, tais como: a criação da Guarda Nacional, pois assim como o município, a União também necessita de um Corpo Uniformizado, de caráter civil e armado, a fim de manter a Segurança Pública Nacional, lembrando que para a Soberania

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Nacional já existem os órgãos competentes, sendo estes Marinha, Exército e Aeronáutica.

Dessa forma, a PEC 00534/02, passou a dispor da seguinte forma: “Altera o artigo 144 da constituição federal, para dispor sobre as competências da guarda municipal e criação da guarda nacional. alterando a nova constituição federal”.

Propondo a alteração do texto Constitucional, conforme segue: “Alteração, Constituição Federal, segurança pública, autorização, municípios, criação, guarda municipal, proteção, população, logradouro público, bens, serviços. Competência, união federal, criação, organização, guarda nacional, proteção, bens, serviço, instalações, poder público”.(grifei)

O texto final da PEC 0087/99, após votação em 1º Turno, teve 65 votos favoráveis, 03 contrários e 01 abstenção; teve em seu 2º Turno 60 votos favoráveis, nenhum voto contrário e nenhuma abstenção, ficando deste modo com a seguinte redação, à qual foi devidamente apensada a PEC 00534/02.

“As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,

nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:

Altera o art. 144 da Constituição Federal, para dispor sobre as

competências da guarda municipal e criação da guarda nacional.

Art. 1º O § 8º do art. 144 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art.144................................................ ............................................................

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de suas populações, de seus bens, serviços, instalações e logradouros públicos municipais, conforme dispuser

lei federal.(grifei) ......................................................”(NR)

Art. 2º O art. 144 da Constituição Federal passa a vigorar acrescido do seguinte § 10:

“Art.144................................................ ............................................................

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§ 10. Compete à União criar, organizar e manter a guarda nacional, com atribuição, além de outras que a lei estabelecer, de

proteger seus bens, serviços e instalações.”

Senado Federal, em de abril de 2002 Senador Ramez Tebet

Presidente do Senado Federal Ess/Pec99087”

***

Encontrando-se atualmente em tramitação na Câmara dos

Deputados, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, a COMISSÃO ESPECIAL – CESP, tendo como Relator o Deputado Federal Arnaldo Faria de Sá, onde proferiu o seguinte parecer:

COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR

PARECER À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 534, DE 2002, DO SENADO FEDERAL, QUE “ALTERA O ART. 144 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, PARA DISPOR SOBRE AS COMPETÊNCIAS DA GUARDA MUNICIPAL E CRIAÇÃO DA GUARDA NACIONAL”

PARECER À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO

Nº 534, DE 2002, DO SENADO FEDERAL (Apensas as Propostas de Emenda à Constituição n

os. 95, de

1995; 247, de 1995; 343, de 1996; 392, de 1996; 409, de 1996; 87, de 1999; 124, de 1999; 154, de 1999; 240, de 2000; 250, de 2000; 266, de 2000; 275, de 2000; 276, de 2000; 280, de 2000; 284, de 2000; 291, de 2000; 317, de 2000; 449, de 2001; 532, de 2002; e 49, de 2003)

Altera o art. 144 da Constituição Federal, para dispor sobre as competências da guarda municipal e criação da guarda nacional.

Autor: Senado Federal Relator: Deputado Arnaldo Faria de Sá I – RELATÓRIO A Proposta de Emenda à Constituição nº 534, de 2002, do

Senado Federal, altera a redação do § 8º do art. 144, da Constituição

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Federal, definindo uma nova competência para as guardas municipais, que é a de realizar a proteção de suas populações, e insere um § 10 a este dispositivo constitucional, atribuindo à União competência para criar, organizar e manter a guarda nacional, com a missão, entre outras, de proteger seus bens, serviços e instalações.

O texto original da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), do Senado Federal, teve como justificativa para sua propositura a possibilidade de os Municípios poderem cooperar com os Estados no terreno da segurança pública, porque os Estados não contam com recursos suficientes para atuar de forma satisfatória nos denominados fundões da periferia. Na discussão e votação da matéria, no Plenário daquela Casa Legislativa, foi aprovada uma emenda ao texto da PEC inserindo a criação da guarda nacional.

Aprovada no Senado Federal, a proposição foi encaminhada à Câmara dos Deputados, sendo a ela apensadas, inicialmente, as Propostas de Emenda à Constituição a seguir discriminadas, que se encontravam em tramitação nesta Casa, as quais terão seus conteúdo e justificativa apresentados de forma sintética.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 87, de 1999, do Deputado Wanderley Martins e outros, substitui a expressão “guardas municipais” pela expressão “polícias municipais”, incluindo este novo órgão no sistema de segurança pública brasileiro, e autoriza a criação das polícias municipais nos Municípios brasileiros, observadas as restrições que especifica. O primeiro signatário justifica que tal procedimento corrigiria a incapacidade do sistema de segurança pública, estabelecido no texto constitucional, em promover a efetiva prevenção e repressão de uma criminalidade crescente.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 124, de 1999, do Deputado Félix Mendonça e outros, cria as polícias civis municipais, dirigidas por delegados eleitos pela comunidade, com competência para realizar as ações de polícia ostensiva e de polícia judiciária que especifica, no âmbito dos Municípios, e para atuar supletivamente ou em auxílio às polícias civil e militar estaduais e à polícia federal. O conteúdo da proposição foi justificada na experiência americana de pequeno e médio porte que, segundo o primeiro signatário, por aproximar a polícia do condado ou do distrito da população facilita a ação policial no combate à criminalidade.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 154, de 1999, do Deputado Rodrigo Maia e outros, transfere a competência para

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realizar a segurança pública das cidades com mais de dois milhões de habitantes para a autoridade municipal e determina aos Estados a transferência de efetivos e recursos estaduais aplicados em segurança pública na circunscrição do Município para o controle municipal. A fundamentação da mudança proposta situou-se no âmbito da maior integração entre polícias e população e no aumento da eficácia das ações policiais, a exemplo do que ocorreu em cidades como Nova Iorque.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 240, de 2000, do Deputado Rubens Furlan e outros, cria as polícias civis e militares municipais, transfere o comando e os integrantes das polícias civis e militares, nos Municípios com mais de duzentos mil habitantes, para os Municípios e determina a transferência de dois por cento da arrecadação, pela União, dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados para a manutenção das polícias civis e militares municipais. Justifica a proposta com base nas vantagens da descentralização administrativa e nas dificuldades financeiras dos Estados para a manutenção de ações policiais.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 250, de 2000, do Deputado Ronaldo Vasconcellos e outros, insere as guardas municipais no sistema de segurança público brasileiro e confere-lhes, concorrentemente com as polícias civil e militar, atribuições de polícia judiciária e de polícia ostensiva, nos termos em que dispuser a lei que disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, prevista no art. 144, § 7º, da Constituição Federal. Fundamenta a mudança proposta na necessidade de aproximar e valorizar a relação cidadão-policial, como forma de reduzir a sensação de insegurança.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 266, de 2000, do Deputado Wilson Santos e outros, dá às guardas municipais atribuições de forças locais de segurança pública e destina aos Municípios com mais de cem mil habitantes um por cento da arrecadação, pela União, dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados para a manutenção das polícias. Recorrendo à etimologia da palavra “polícia”, o primeiro signatário, na justificação da proposição, sustenta que a idéia de polícia liga-se diretamente às cidades, o que no Brasil teve ressonância nas antigas guardas civis, e que é possível a

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colaboração das guardas municipais nas ações relacionadas com a segurança pública.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 275, de 2000, da Deputada Luíza Erundina e outros, possibilita que os Municípios com mais de quinhentos mil habitantes criem polícias civis e militares, com as mesmas competências de suas correspondentes estaduais, devendo, em um primeiro momento, ser celebrado convênio entre o Estado e o Município para que sejam transferidos para estes últimos o efetivo, o equipamento e todo o acervo patrimonial de ambos os órgãos policiais estaduais, que estejam na circunscrição territorial do Município. Na justificação da proposição, a primeira signatária sustenta que a possibilidade dos Municípios constituírem polícias civis e militares conduzirá a uma efetiva integração dos órgãos policiais com a comunidade, possibilitando o aumento da eficiência e o aprimoramento dos serviços policiais.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 276, de 2000, do Deputado Cunha Bueno e outros, atribui às guardas municipais dos Municípios com mais de um milhão de habitantes, de forma excludente em relação às polícias civil e militar, as funções de polícia judiciária e de apuração das infrações penais e de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública. O primeiro signatário sustenta as mudanças propostas com base nos benefícios decorrentes da descentralização administrativa em matéria de segurança pública, em face das diferenças locais de cada Município.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 280, de 2000, do Deputado Antonio Palocci e outros, estabelece que, na forma de lei municipal, poderão as polícias civis e militares estar subordinadas ao prefeito municipal. A justificativa da proposição é a municipalização da segurança pública.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 284, de 2000, do Deputado Rubem Medina e outros, prevê a possibilidade das guardas municipais desenvolverem ações de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública, nos termos de lei complementar federal. É destacado na justificação da proposição que as polícias militares têm-se mostrado incapazes de atender as necessidades de segurança pública dos munícipes e que o emprego da guarda municipal em ações de polícia ostensiva e preservação da ordem pública, em conjunto com as polícias militares, irá oferecer à população um serviço de segurança pública de melhor qualidade.

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A Proposta de Emenda à Constituição nº 291, de 2000, do Deputado Mauro Benevides e outros, prevê que as guardas municipais dos Municípios com mais de dois milhões de habitantes integrem o sistema de segurança pública brasileiro e atuem de forma complementar às polícias civis e militares no exercício da função de polícia judiciária e na apuração das infrações penais e nas ações de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública. Na justificação da proposição, o primeiro signatário sustenta que o distanciamento entre os órgãos policiais e os cidadãos contribui para a baixa eficácia das ações policiais e que a possibilidade de as guardas municipais atuarem na segurança pública propiciará soluções compatíveis com a realidade local.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 317, de 2000, do Deputado Francisco Garcia e outros, permite aos Municípios com mais de quinhentos mil habitantes atribuir às suas guardas municipais atividades de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública, assegurando-lhes cooperação técnica e financeira da União e dos Estados. Em sua justificação, o primeiro signatário associa o crescimento da violência nas grandes cidades à falta de participação do Município nas ações de segurança pública e destaca que são os Municípios que conhecem as reais necessidades de seus cidadãos.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 449, de 2001, do Deputado Edmar Moreira e outros, extingue as guardas municipais. A justificação da proposição fundou-se na necessidade de se pôr fim aos conflitos hoje existentes entre as polícias civil e militar e as guardas municipais.

A proposição principal e as proposições apensadas, anteriormente indicadas, foram apreciadas pela Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, então denominada de Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, sendo o Parecer pela sua admissibilidade aprovado por unanimidade.

Após o encaminhamento da Proposta de Emenda à Constituição nº 534, de 2002, com seus apensos, para esta Comissão Especial manifestar-se sobre o seu mérito, foi determinado, pela Presidência da Câmara que lhe fossem apensadas mais as seguintes proposições:

a) a Proposta de Emenda à Constituição nº 532, de 2002, do Deputado João Herrmann e outros;

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b) a Proposta de Emenda à Constituição nº 49, de 2003, do Deputado Carlos Souza e outros; e

c) a Proposta de Emenda à Constituição nº 95, de 1995, do Deputado Fernando Zuppo e outros, com seus respectivos apensos – Proposta de Emenda à Constituição n

os. 247, de 1995, do Deputado

Alexandre Ceranto e outros, 343, de 1996, do Deputado Jorge Anders e outros, 392, de 1996, do Deputado Corauci Sobrinho e outros, e 409, de 1996, do Deputado Régis de Oliveira e outros.

O conteúdo destas proposições é a seguir apresentado. A Proposta de Emenda à Constituição nº 532, de 2002, do

Deputado João Herrmann prevê a possibilidade de participação das guardas municipais nas ações de policiamento ostensivo e preventivo. Sustenta o primeiro signatário, em sua justificação, que a decisão sobre a possibilidade de emprego das guardas municipais nas ações de polícia ostensiva deveria caber à lei estadual, que definiria, também, a forma dessa participação, e que a descentralização na área de segurança pública traria benefícios para a população.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 49, de 2003, do Deputado Carlos Souza e outros, possibilita a participação das guardas municipais nas ações de segurança pública de policiamento ostensivo e preventivo, nos termos de lei complementar federal. A justificação da proposição funda-se na necessidade de suprir-se a deficiência operacional das polícias militares pelo emprego dos guardas municipais, que conhecem melhor os hábitos e a forma de vida dos cidadãos municipais.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 95, de 1995, do Deputado Fernando Zuppo e outros, autoriza os Municípios a criarem polícias municipais com as competências das guardas municipais e com a atribuição de proteção da incolumidade das pessoas e do patrimônio. A justificação da proposição centra-se na idéia de que o Município é o responsável pelo bem comum do cidadão, porém não possui meios próprios para prover o mais elementar do itens do bem comum que é a segurança.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 247, de 1995, do Deputado Alexandre Ceranto e outros, considera as guardas municipais como forças auxiliares de segurança pública. Citando a experiência de outros países, o primeiro signatário justifica a modificação proposta no entendimento de que o combate e a

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prevenção à criminalidade ganha maior eficácia quando existe atuação das polícias municipais.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 343, de 1996, do Deputado Jorge Anders e outros, autoriza as guardas municipais a atuarem como forças complementares dos órgãos de segurança pública. Na justificação da proposição sustenta-se que a concessão às guardas municipais da condição de órgão de segurança pública, com ampliação de suas competências, trará ganhos qualitativos para as comunidades municipais, no que tange ao combate à criminalidade.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 392, de 1996, do Deputado Corauci Sobrinho e outros, inclui as guardas municipais entre os órgãos de segurança pública, atribuindo-lhes a competência para atuar em ações complementares de segurança pública. Citando, como exemplo, guardas municipais que já colaboram com as polícias civis e militares, o primeiro signatário sustenta que a alteração proposta tão-somente ajusta a legislação a situações de fato existentes em todo o País.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 409, de 1996, do Deputado Régis de Oliveira e outros, determina que os Municípios com mais de duzentos mil habitantes assumirão as polícias civis e militares estaduais, disciplinando-as por lei municipal, e estabelece que serão transferidos dois por cento da arrecadação, pela União, dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados para a manutenção dessas polícias civis e militares, incorporadas pelos Municípios. A justificação da proposição centra-se na impossibilidade de o Estado propiciar a devida segurança para os cidadãos, por falta de recursos, e no entendimento de que as polícias seriam mais efetivas sob organização e orientação dos Municípios.

Estas sete emendas não foram objeto de apreciação pela Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, sob o aspecto de admissibilidade.

No âmbito da Comissão Especial foi apresentada, pelos Deputados Zenaldo Coutinho, Vic Pires, Alberto Fraga, Cabo Júlio e outros, uma emenda à Proposta de Emenda à Constituição nº 534, de 2002.

Nessa emenda, os Autores transferem para a lei estadual a definição da possibilidade das guardas municipais colaborarem na

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execução de policiamento ostensivo, sob coordenação da polícia militar, nos termos de convênio a ser firmado entre o Município e o Estado. Em sua justificação, sustenta-se que a escassez de recursos humanos e materiais contra-indica uma superposição de competências, o que ocorrerá se as guardas municipais, de forma autônoma, exercerem as competências policiais hoje atribuídas aos órgãos estaduais de segurança pública. Por isso, a emenda propõe que o texto constitucional preveja a celebração de um convênio entre os entes estatais, o que evitará discussões judiciais e permitirá melhores resultados devido à flexibilidade para o estabelecimento de regras de cooperação mútua.

É o relatório. II – VOTO DO RELATOR II.1 Da Admissibilidade das Propostas de Emenda à

Constituição nos.

532, de 2002; 49, de 2003; 95, de 1995; 247, de 1995; 343, de 1996; 392, de 1996; 409, de 1996; e da Emenda nº 1, de 2003.

Não tendo sido apreciadas, quanto à admissibilidade, pela Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, cabe a esta Comissão Especial nos termos do art. 34, § 2º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, manifestar-se sobre a matéria, em relação às seguintes proposições: Propostas de Emenda à Constituição n

os. 532, de 2002; 49, de 2003; 95, de 1995; 247, de

1995; 343, de 1996; 392, de 1996; 409, de 1996. Igualmente, é competência desta Comissão Especial manifestar-se sobre a admissibilidade da Emenda nº 1, de 2003, juridicidade e técnica legislativa.

Quanto à legitimidade ativa para a apresentação de emendas à Constituição, as propostas foram apoiadas por mais de um terço dos membros da Câmara dos Deputados, conforme atestado pela Secretaria-Geral da Mesa, atendendo o disposto no art. 60, I, da Constituição Federal, dispositivo reproduzido no art. 201, I, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Da mesma forma, a Emenda nº 1, de 2003, apresentou o apoiamento constitucional e regimentalmente exigido.

No que concerne ao respeito às limitações materiais explícitas do poder constituinte derivado, consignadas no art. 60, § 4º, quais sejam, impossibilidade de alteração tendente a abolir a forma

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federativa de Estado, o voto direto universal e periódico, a separação dos poderes e os direitos e garantias individuais, como o conteúdo dessas proposições é, em tudo, semelhante aos das propostas de emenda à Constituição consideradas constitucionais pela Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, não vislumbramos qualquer ofensa a essas matérias, denominadas juridicamente de cláusulas pétreas.

Prosseguindo na análise da admissibilidade das proposições indicadas ao início deste subtítulo, não se verifica ofensa às limitações circunstanciais do poder constituinte derivado, uma vez que não estão em vigência as medidas excepcionais da intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio.

Da análise feita, conclui-se que as proposições atendem os pressupostos constitucionais e regimentais para sua apreciação.

Com relação à técnica legislativa, reforçam-se as observações feitas no Parecer da douta Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, no que se refere às imperfeições de técnica legislativa, que se repetem, em gênero, nas proposições sob apreciação. Adota-se, por sua razoabilidade, a mesma posição assumida por aquela Comissão Permanente, remetendo-se para a fase de consolidação do texto final a ser votado, a promoção das alterações destinadas a corrigir as imperfeições de técnica legislativa.

Com fundamento nos argumentos anteriormente esposados, votamos pela admissibilidade das Propostas de Emenda à Constituição n

os. 532, de 2002; 49, de 2003; 95, de 1995; 247, de

1995; 343, de 1996; 392, de 1996; 409, de 1996; e da Emenda nº 1, de 2003.

II.2 Do Mérito A avaliação do mérito da Proposta de Emenda à Constituição

nº 534, de 2002, far-se-á em duas etapas. A primeira será dedicada à análise de seu art. 1º, que versa sobre as atribuições das guardas municipais; a segunda, tratará do art. 2º, que cria a guarda nacional.

A matéria constante do art. 1º da Proposta de Emenda à Constituição nº 534, de 2002, do Senado Federal, e seus apensos, vem sendo objeto de preocupação por parte de diversos Deputados ao longo de quase uma década. Porém, sempre houve nesta Casa uma forte resistência ao simples estabelecimento de uma discussão séria sobre o tema. Prova disso é o fato de que estamos avaliando o mérito de propostas de emendas à constituição que alteram as

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competências das guardas municipais que foram apresentadas em 1995.

Como ponto inicial da avaliação de mérito do art. 1º da Proposta de Emenda à Constituição nº 534, de 2002, do Senado Federal, é importante ressaltar que a discussão em torno do tema não pode ser distorcida, convertendo-se em uma disputa de poder entre o nível estadual e o nível municipal. Tampouco cabe abordá-lo sob a ótica de que o aumento de competências das guardas municipais se constitui em um instrumento para a promoção de uma redução de poder ou de perda de competência das polícias civis e militares. O foco principal da análise de mérito deste importante tema deve ser a segurança do cidadão. Este é o ponto principal a ser considerado, quando se for avaliar a conveniência e a oportunidade de se alterar o texto constitucional, para inserirem-se as guardas municipais no sistema de segurança pública brasileiro, atribuindo-lhes competência para a execução de atividades hoje privativas dos órgãos policiais.

Definidos os parâmetros de nossa abordagem, alguns pontos importantes devem ser preliminarmente destacados.

É público e notório que o Estado brasileiro passa por uma forte crise na área de segurança pública. Esta crise pode ser analisada sob duas óticas: falência do modelo de organização do sistema brasileiro de segurança pública e falta de capacidade federal e estadual para investimentos e para a manutenção da atividade de segurança pública.

Embora sejam aparentemente duas abordagens distintas, elas, na prática, se intercomunicam e os problemas apresentados em uma delas estimulam e multiplicam as dificuldades enfrentadas pela outra.

Para entendermos essa relação de reciprocidade e de mútua influência, verifiquemos que ao excluir os Municípios do sistema de segurança público brasileiro, o texto constitucional sobrecarregou, principalmente, os Estados, que passaram a ter a seu encargo a manutenção da ordem e a apuração das infrações penais na área urbana e na área rural. Com a proliferação de Municípios, com o crescimento urbano desordenado nas cidades médias e grandes e com o agravamento da crise social, decorrente de problemas econômicos e de distribuição de renda, ampliaram-se, de forma considerável, os focos de violência e criminalidade, enquanto a base

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organizacional e orçamentária – o nível estadual – permaneceu constante.

Se acrescentarmos a esse quadro dois novos fatores – a violência na área rural, em decorrência de disputas pela ocupação de propriedades por integrantes de movimentos sociais, e o crescimento das ações relacionadas com o denominado crime organizado – verifica-se que é impossível atender-se à crescente demanda por ações preventivas e repressivas com uma organização do sistema de segurança pública que exclui os Municípios, impedindo que se amplie a oferta de meios para fazer frente ao crescimento da violência urbana e rural.

Diante da irrefutável constatação de que, em 2004, não se repetem as condições que inspiraram o Constituinte de 1988, na definição do sistema nacional de segurança pública, não se pode negar a falência do modelo e a necessidade imperiosa de sua reformulação.

Como também se constata, de forma quase direta, a falência do modelo tem reflexos na falta de capacidade para investimentos e manutenção das atividades de segurança pública.

A exclusão dos Municípios do sistema nacional de segurança pública sobrecarrega de maneira sensível os Estados. É de se recordar que o ente estadual tem políticas públicas a implementar com vistas ao oferecimento de emprego, à melhoria das ações de seguridade social (ações de assistência social, saúde e previdência), de urbanismo e saneamento e, também, de segurança pública. Diante da escassez de recursos para atender a todas essas demandas, o que se observa, normalmente, é a inexistência de investimentos e a redução de recursos para a manutenção da atividade policial. Essa rotina só é quebrada diante de um evento criminoso de maior magnitude, quando há uma reação pontual e episódica do Poder Público, como resposta imediata e com vistas, simplesmente, a satisfazer a indignação geral, mas que, superado o trauma, é abandonada, retornando-se à normalidade das carências cotidianas.

Nesse sentido, a inclusão dos Municípios no sistema de segurança pública concorrerá para o aumento de pessoal e de recursos materiais e orçamentários para o desenvolvimento das ações necessárias para a efetiva redução da criminalidade e para o

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aumento da qualidade do serviço e do nível de segurança oferecidos à população.

Assim, também sob essa ótica, inquestionável a necessidade de reformulação do sistema nacional de segurança pública com a inclusão do ente municipal, o que se fará pela inclusão das guardas municipais no sistema e pela ampliação de suas competências.

Reconhecida a necessidade inafastável de se reconhecerem as guardas municipais como órgãos de segurança pública e de atribuir-lhes funções policiais, resta definir a forma como isso se dará.

A partir da avaliação do conteúdo das Propostas de Emenda à Constituição sob análise e do conteúdo da emenda apresentada nesta Comissão Especial, pode-se afirmar que quatro aspectos básicos foram abordados na definição dos modelos de inserção das guardas municipais no sistema de segurança pública. Estes quatro aspectos básicos são: autonomia operacional – com ou sem subordinação operacional aos Estados; autonomia financeira – mantida apenas com recursos do Município, mantida com recursos do Município e do Estado, mantida com recursos da União; forma de normatização – lei federal ou complementar, lei estadual e convênio estadual, lei municipal; limite populacional – exigência de número mínimo de habitantes para a atuação da guarda municipal como órgão de segurança pública e inexistência de exigência com base em população.

Identificados os elementos básicos envolvidos na definição do modelo a ser adotado para a inserção das guardas municipais no sistema nacional de segurança pública, passamos à análise de cada um deles.

Com relação à autonomia operacional, entendemos que o modelo deve permitir que os Municípios planejem, organizem e executem suas ações de segurança pública sem subordinação de qualquer natureza ao plano estadual – seja pela atuação como órgão complementar ou subsidiário dos órgãos de segurança pública estadual, seja pelo controle estadual, sob qualquer modalidade (subordinação, supervisão, coordenação, convênio etc.).

Fundamentamos nossa posição no princípio federativo adotado pelo Estado brasileiro.

O princípio federativo tem como um dos seus elementos essenciais, como já foi anteriormente apontado neste Parecer, a autonomia dos entes federados. Essa autonomia se manifesta em

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quatro campos: a autonomia política, a autonomia normativa, a autonomia administrativa e a autonomia financeira.

É o aspecto da autonomia administrativa mais relevante para esta questão. Em sendo atribuídas competências de segurança pública ao Município, compete a ele organizar e prestar esse serviço público para pleno e eficaz atendimento das necessidades da população municipal. Ora, se for subordinada a atuação dos Municípios, na área de segurança pública, ao controle estadual, estar-se-á transformando as guardas municipais em mero apêndice dos órgãos de segurança pública estadual, o que desvirtuará a modificação que ora se pretende promover no sistema nacional de segurança pública. Ao integrar esse sistema, o Município não pode ser tratado como um ente federado de segunda categoria, cabendo o reconhecimento de sua importância no mesmo nível já reconhecido pelo próprio Constituinte de 1988.

Sempre é bom lembrar que não se pode reproduzir em relação às guardas municipais o que ocorreu na relação entre o plano federal e plano estadual, especificamente quanto ao controle das polícias militares estaduais pelo Exército.

Falo com conhecimento de causa, porque, em muitas oportunidades, nesta Casa, defendi a autonomia estadual, no que concerne às ações de segurança pública. Assim, por questão de coerência a princípios defendidos em oportunidades anteriores, não posso agora, em relação às guardas municipais, entender que são pertinentes restrições à sua autonomia operacional, o que significaria restringir a autonomia do próprio Município.

Ao analisarmos o sistema de segurança pública, destacamos a falta de capacidade federal e estatal para investimentos e para a manutenção da atividade de segurança pública como um dos motivos de falência do sistema.

A partir desta constatação, no que se refere à autonomia financeira, não nos parece adequada a previsão de que seja subsidiada a atuação do Município, na área de segurança pública, com pessoal ou recursos materiais e orçamentários da União ou dos Estados.

Se pretendemos ampliar a oferta de recursos para fazer frente à demanda por ações de segurança pública, em proveito da população, não se mostra coerente conceder-se ao ente municipal autonomia operacional, quando ele não pode arcar, por conta própria

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com os gastos decorrentes dessa competência. Se a União e os Estados dispõem de recursos que possam ser transferidos para as guardas municipais, significa que elas podem investir em seus próprios órgãos policiais e na melhoria dos serviços que prestam.

Como isso não ocorre, a transferência de recursos dos níveis federal e estadual para o nível municipal significará a redução de meios daqueles entes e a queda de qualidade dos serviços por eles prestados.

Por isso, na definição do modelo, devem ser afastadas as propostas que impliquem transferências de pessoal ou de meios materiais ou orçamentários para os Municípios. Assim, somente instituirão guardas municipais os Municípios que tiverem condições próprias para mantê-las.

Com relação à normatização do funcionamento das guardas municipais, pelos argumentos já expendidos na análise do aspecto de autonomia operacional, defendemos que a disciplina legal do tema não pode ser estadual, seja por lei, seja por convênio. Por outro lado, por coerência com o disposto no art. 144, § 8º, e em face da necessidade de coordenação legal das ações de segurança pública estadual e municipal, entendemos que deve ser de competência federal a norma relativa à definição das atribuições da guarda municipal como órgão de segurança pública. A disciplina legal da matéria deverá ser feita por lei ordinária, não por lei complementar, uma vez que seria destituído de coerência exigir-se uma lei complementar para disciplinar as guardas municipais, quando a Constituição Federal estabeleceu que uma lei ordinária disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

Por fim, com relação à exigência de um número mínimo de habitantes para a atuação da guarda municipal como órgão de segurança pública, não nos parece ser este um critério razoável. Número de habitantes não define necessidades de segurança pública, nem qualifica o atendimento dessas necessidades pelos órgãos estaduais. Recentes assaltos contra instituições financeiras localizadas em cidades pequenas, mas com elevado volume de recursos decorrentes de agronegócios desenvolvidos na região, mostram que as necessidades de segurança dos cidadãos não são definidas pelo tamanho do Município. Por outro lado, a guarnição

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estadual existente nestas cidades mostrou-se mais do que insuficiente para garantir a manutenção da ordem pública em face de um evento criminoso de maiores proporções. Resta, portanto, mais do que demonstrado, faticamente, que o número de habitantes não se constitui em critério razoável para a definição do uso das guardas municipais em ações de segurança pública.

Aduza-se ainda que a necessidade de capacidade financeira do Município para a manutenção de sua guarda municipal será, por si só, um elemento limitador para a sua criação.

Definidos os parâmetros do modelo a ser adotado, passamos ao enquadramento das Propostas de Emenda à Constituição sob análise a eles.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 534, de 2002, em seu art. 1º, atende a todos os requisitos que entendemos importantes para a definição do modelo de inserção das guardas municipais no sistema nacional de segurança pública, razão pela qual somos, no mérito, pela aprovação desse dispositivo.

Quanto às demais Propostas de Emenda à Constituição, analisadas à luz do conteúdo dos requisitos anteriormente indicados, relativos à guarda municipal, somos pela sua rejeição pelos motivos a seguir expostos:

Proposta de Emenda à Constituição nº 95, de 1995 - por não atender ao requisito de forma de normatização;

Proposta de Emenda à Constituição nº 247, de 1995 - por não atender ao requisito de autonomia operacional;

Proposta de Emenda à Constituição nº 343, de 1995 - por não atender ao requisito de autonomia operacional;

Proposta de Emenda à Constituição nº 392, de 1996 - por não atender aos requisitos de autonomia operacional, autonomia financeira e forma de normatização e pela exigência de número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 409, de 1996 - por não atender aos requisitos de autonomia financeira e de forma de normatização e pela exigência do número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 87, de 1999 - por não atender ao requisito de forma de normatização e pela exigência de número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 124, de 1999 - por não atender ao requisito de forma de normatização;

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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Proposta de Emenda à Constituição nº 154, de 1999 - por não atender ao requisito de autonomia financeira e pela exigência de número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 240, de 2000 - por não atender aos requisitos de autonomia financeira e de forma de normatização e pela exigência de número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 250, de 2000 - por não atender ao requisito de forma de normatização;

Proposta de Emenda à Constituição nº 266, de 2000 - por não atender ao requisito de forma de normatização e pela exigência de número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 275, de 2000 - por não atender ao requisito de autonomia financeira e pela exigência de número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 276, de 2000 - por não atender ao requisito de forma de normatização e pela exigência de número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 280, de 2000 - por não atender ao requisito de forma de normatização e pela exigência de número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 284, de 2000 - por não atender ao requisito de forma de normatização;

Proposta de Emenda à Constituição nº 291, de 2000 - pela exigência de número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 317, de 2000 - por não atender ao requisito de autonomia financeira e pela exigência de número mínimo de habitantes;

Proposta de Emenda à Constituição nº 532, de 2002 - por não atender ao requisito de forma de normatização; e

Proposta de Emenda à Constituição nº 49, de 2003 - por não atender ao requisito de forma de normatização.

Somos pela rejeição, ainda da Proposta de Emenda à Constituição nº 449, de 2001, porque, ao invés de modernizar a estrutura do sistema nacional de segurança pública brasileiro, ela, ao propor a extinção das guardas municipais, atua em sentido contrário, propugnando pela adoção de medida que irá prejudicar ainda mais a população brasileira, no que concerne à segurança pública.

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Claudio Frederico de Carvalho

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Quanto à Emenda nº 1, de 2003, somos pela sua rejeição, no mérito, por não atender aos requisitos de autonomia operacional e de forma de normatização.

Com relação ao art. 2º da Proposta de Emenda à Constituição nº 534, de 2002, do Senado Federal, que atribui à União a competência para criar, organizar e manter a guarda nacional, com a missão, entre outras a serem definidas em lei, de proteger seus bens, serviços e instalações, somos do entendimento que a criação de mais um órgão de segurança pública federal é inconveniente, uma vez que, os benefícios que pudessem decorrer da criação desse órgão não justificariam os investimentos para a sua implantação e os gastos com a sua manutenção.

Por essa razão, nos posicionamos pela supressão do art. 2º da Proposta de Emenda à Constituição nº 534, de 2002, nos termos da emenda supressiva, em anexo.

Assim, com fundamento nos argumentos anteriormente

apresentados, VOTO: a) pela admissibilidade das Propostas de Emenda à

Constituição nos.

532, de 2002; 49, de 2003; 95, de 1995; 247, de 1995; 343, de 1996; 392, de 1996; 409, de 1996; e da Emenda nº 1, de 2003; e

b) no mérito, pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº

534, de 2000, do Senado Federal, com a emenda supressiva, em anexo, e

pela rejeição das Propostas de Emenda à Constituição nos.

95, de 1995; 247, de 1995; 343, de 1995; 392, de 1996; 409, de 1996; 87, de 1999; 124, de 1999; 154, de 1999; 240, de 2000; 250, de 2000; 266, de 2000; 275, de 2000; 276, de 2000; 280, de 2000; 284, de 2000; 291, de 2000; 317, de 2000; 449, de 2001; 532, de 2002; e 49, de 2003, e da Emenda nº 1, de 2003.

Sala da Comissão, em 12 de maio de 2004.

DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

91

RELATOR

PARECER À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 534, DE 2002, DO SENADO FEDERAL

(Apensas as Propostas de Emenda à Constituição n

os. 95, de

1995; 247, de 1995; 343, de 1996; 392, de 1996; 409, de 1996; 87, de 1999; 124, de 1999; 154, de 1999; 240, de 2000; 250, de 2000; 266, de 2000; 275, de 2000; 276, de 2000; 280, de 2000; 284, de 2000; 291, de 2000; 317, de 2000; 449, de 2001; 532, de 2002; e 49, de 2003)

Altera o art. 144 da Constituição Federal, para dispor sobre as

competências da guarda municipal e criação da guarda nacional. Autor: Senado Federal Relator: Deputado Arnaldo Faria de Sá

EMENDA SUPRESSIVA

Art. único. Suprima-se o art. 2º da Proposta de Emenda à Constituição nº 534, de 2002, do Senado Federal.

Sala da Comissão, em 12 de maio de 2004.

DEPUTADO ARNALDO FARIA DE SÁ

RELATOR

4.3. MEDIDA PROVISÓRIA N.º 2.029, DE 20 DE JUNHO DE 2000 “O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que

lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:

Art. 1º Fica instituído, no âmbito do Ministério da Justiça, o

Fundo Nacional de Segurança Pública - FNSP, com o objetivo de apoiar projetos de responsabilidade dos Governos dos Estados e do Distrito Federal, na área de segurança pública, e dos Municípios, onde haja guardas municipais. (Grifei)

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Art. 2º Constituem recursos do FNSP: I - os consignados na Lei Orçamentária Anual e nos seus

créditos adicionais; II - as doações, auxílios e subvenções de entidades públicas

ou privadas; III - os decorrentes de empréstimo; IV - as receitas decorrentes das aplicações de seus recursos

orçamentários e extra-orçamentários, observada a legislação aplicável; e

V - outras receitas. Art. 3º O FNSP será administrado por um Conselho Gestor,

com a seguinte composição: I - dois representantes do Ministério da Justiça, um dos quais

será o seu presidente; II - um representante de cada órgão a seguir indicado: a) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; b) Casa Civil da Presidência da República; c) Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da

República; d) Procuradoria-Geral da República. Parágrafo único. As decisões do Conselho Gestor serão

aprovadas pelo Ministro de Estado da Justiça. Art. 4º O FNSP apoiará projetos na área de segurança pública,

destinados, dentre outros, a: (grifei) I - reequipamento das polícias estaduais; II - treinamento e qualificação de polícias civis e militares e

de guardas municipais;(grifei) III - sistemas de informações e estatísticas policiais;(grifei) IV - programas de polícia comunitária; e (grifei) V - polícia técnica e científica. § 1º Os projetos serão examinados e aprovados pelo Conselho

Gestor. § 2º Na avaliação dos projetos, o Conselho Gestor priorizará,

dentre outros aspectos, o ente federado ou Município que se comprometer com os seguintes resultados: (grifei)

I - redução do índice de criminalidade; (grifei) II - aumento do índice de apuração de crimes sancionados com

pena de reclusão;

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

93

III - desenvolvimento de ações integradas das polícias civil e militar; e

IV - aperfeiçoamento do contingente policial ou da guarda municipal, em prazo pré-estabelecido. (grifei)

§ 3º Só terão acesso aos recursos do FNSP o ente federado que tenha instituído, em seu âmbito, plano de segurança pública, ou o Município que mantenha guarda municipal, visando à obtenção dos resultados a que se refere o parágrafo anterior. (grifei)

§ 4º Os projetos habilitados a receber recursos do FNSP não poderão ter prazo superior a dois anos.

Art. 5º Os entes federados e os Municípios, no que couber, beneficiados com recursos do FNSP prestarão, periodicamente, ao Conselho Gestor, informações, em planilha própria, sobre o desempenho de suas ações de segurança pública, especialmente quanto ao treinamento, controles e resultados. (grifei)

Art. 6º Fica suspenso, até 31 de dezembro de 2000, o registro de arma de fogo a que se refere o art. 3º da Lei nº 9.437, de 20 de fevereiro de 1997, salvo para: (Grifei)

I - as Forças Armadas; II - os órgãos de segurança pública federais e estaduais, as

guardas municipais e o órgão de inteligência federal; (grifei) III - as empresas de segurança privada regularmente

constituídas, nos termos da legislação específica. Art. 7o As vedações temporárias, de qualquer natureza,

constantes de lei não incidirão na transferência voluntária de recursos da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados aos Municípios, destinados a garantir a segurança pública, a execução da Lei Penal, a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, bem assim a manutenção do sistema penitenciário.

Art. 8o O Arquivo Nacional e a Imprensa Nacional passam a integrar a estrutura básica da Casa Civil da Presidência da República.

§ 1o Ficam transferidos para a Casa Civil da Presidência da República o quadro de servidores e o acervo patrimonial dos órgãos referidos neste artigo.

§ 2o É o Poder Executivo autorizado a remanejar, transpor, transferir ou utilizar as dotações orçamentárias aprovadas na Lei Orçamentária de 2000, em favor dos órgãos de que trata o caput, mantidos os respectivos detalhamentos por esfera orçamentária,

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Claudio Frederico de Carvalho

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grupos de despesas, fontes de recursos, modalidades de aplicação e identificadores de uso.

Art. 9o Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 20 de junho de 2000; 179o da Independência e 112o

da República.

MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA MACIEL José Gregori

Publicado no D.O. de 21.6.2000”

Observações

A Medida Provisória n.º 2029 foi revogada, e a seguir convalidada pela MP 2045-1, de 28/06/2000. Seguindo esta tramitação e com o mesmo teor, surgiram outras Medidas Provisórias, até a publicação da Lei n.º 10201/01, que veio a convalidar a Medida Provisória n.º 2120-8, de 27 de dezembro de 2000.

4.4. LEI N.º 10.201, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2001

“Institui o Fundo Nacional de Segurança Pública - FNSP, e dá

outras providências. Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida

Provisória n.º 2.120-9, de 2001, que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Antonio Carlos Magalhães, Presidente, para os efeitos do disposto no parágrafo único do art. 62 da Constituição Federal, promulgo a seguinte Lei:

Art. 1º Fica instituído, no âmbito do Ministério da Justiça, o

Fundo Nacional de Segurança Pública - FNSP, com o objetivo de apoiar projetos de responsabilidade dos Governos dos Estados e do Distrito Federal, na área de segurança pública, e dos Municípios, onde haja guardas municipais. (grifei)

Parágrafo único. O FNSP poderá apoiar, também, projetos sociais de prevenção à violência, desde que enquadrados no Plano Nacional de Segurança Pública e recomendados pelo Gabinete de

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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Segurança Institucional da Presidência da República ao Conselho Gestor do Fundo.

Art. 2º Constituem recursos do FNSP: I - os consignados na Lei Orçamentária Anual e nos seus

créditos adicionais; II - as doações, auxílios e subvenções de entidades públicas

ou privadas; III - os decorrentes de empréstimo; IV - as receitas decorrentes das aplicações de seus recursos

orçamentários e extra-orçamentários, observada a legislação aplicável; e

V - outras receitas. Art. 3º O FNSP será administrado por um Conselho Gestor,

com a seguinte composição: I - dois representantes do Ministério da Justiça, um dos quais

será o seu presidente; II - um representante de cada órgão a seguir indicado: a) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; b) Casa Civil da Presidência da República; c) Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da

República; d) Procuradoria-Geral da República. Parágrafo único. As decisões do Conselho Gestor serão

aprovadas pelo Ministro de Estado da Justiça. Art. 4º O FNSP apoiará projetos na área de segurança pública,

destinados, dentre outros, a: (grifei) I - reequipamento das polícias estaduais; II - treinamento e qualificação de polícias civis e militares e

de guardas municipais; (grifei) III - sistemas de informações e estatísticas policiais; (grifei) IV - programas de polícia comunitária; e (grifei) V - polícia técnica e científica. § 1º Os projetos serão examinados e aprovados pelo Conselho

Gestor. § 2º Na avaliação dos projetos, o Conselho Gestor priorizará,

dentre outros aspectos, o ente federado ou Município que se comprometer com os seguintes resultados:

I - redução do índice de criminalidade; (grifei)

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II - aumento do índice de apuração de crimes sancionados com pena de reclusão;

III - desenvolvimento de ações integradas das polícias civil e militar; e

IV - aperfeiçoamento do contingente policial ou da guarda municipal, em prazo pré-estabelecido. (grifei)

§ 3º Só terão acesso aos recursos do FNSP o ente federado que tenha instituído, em seu âmbito, plano de segurança pública, ou o Município que mantenha guarda municipal, visando à obtenção dos resultados a que se refere o parágrafo anterior. (grifei)

§ 4º Os projetos habilitados a receber recursos do FNSP não poderão ter prazo superior a dois anos.

Art. 5º Os entes federados e os Municípios, no que couber, beneficiados com recursos do FNSP prestarão, periodicamente, ao Conselho Gestor, informações, em planilha própria, sobre o desempenho de suas ações de segurança pública, especialmente quanto ao treinamento, controles e resultados. (grifei)

Art. 6º As vedações temporárias, de qualquer natureza, constantes de lei não incidirão na transferência voluntária de recursos da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados aos Municípios, destinados a garantir a segurança pública, a execução da Lei Penal, a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, bem assim a manutenção do sistema penitenciário.

Art. 7º Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória no 2.120-8, de 27 de dezembro de 2000.

Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Congresso Nacional, em 14 de fevereiro de 2001.

Senador Antonio Carlos Magalhães Presidente

4.5. LEI N.º 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003 “Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de

fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS

Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.

........ CAPÍTULO II

DO REGISTRO Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão

competente. Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão

registradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei.

........ CAPÍTULO III DO PORTE

Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: (grifei)

........ III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos

Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; (grifei)

IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Alterada pela Lei nº 10867, de 12/05/04). (grifei)

........ § 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI deste

artigo terão direito de portar arma de fogo fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, na forma do regulamento, aplicando-se nos casos de armas de fogo de propriedade particular os dispositivos do regulamento desta Lei. (grifei)

........

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§ 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Ministério da Justiça. (Alterada pela Lei n.º 10884, de 17.06.2004). (grifei)

........ § 6º Aos integrantes das guardas municipais dos

Municípios que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. (parágrafo acrescido pela Lei nº 10867, de 12/05/04). (grifei)

........ Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso

permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm. (grifei)

........ § 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste

artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas.

Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos:

......... § 2º As taxas previstas neste artigo serão isentas para os

proprietários de que trata o § 5º do art. 6º e para os integrantes dos incisos I, II, III, IV, V, VI e VII do art. 6º, nos limites do regulamento desta Lei. (grifei)

Art. 36. É revogada a Lei n.º 9.437, de 20 de fevereiro de 1997. Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182º da Independência e

115º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Márcio Thomaz Bastos

José Viegas Filho Marina Silva”

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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4.6. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 157, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003 “Altera o inciso IV do art. 6º da Lei no 10.826, de 22 de

dezembro de 2003, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - Sinarm e define crimes

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe

confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:

Art. 1º O inciso IV do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de

dezembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: "IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios

com mais de cinqüenta mil e menos de quinhentos mil habitantes, quando em serviço;" (NR)

Art. 2º Esta Medida Provisória entra em vigor na data da sua publicação. (grifei)

Brasília, 23 de dezembro de 2003; 182º da Independência e

115º da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Márcio Thomaz Bastos”

4.7. LEI Nº 10.867, DE 12 DE MAIO DE 2004

“Altera o art. 6º da Lei n.º 10.826, de 22 de dezembro de 2003,

que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso

Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º O art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003,

passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 6º..................................................................... ....................................................................

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IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (grifei)

.................................................................... § 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guardas

municipais está condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Comando do Exército. (Alterada pela Lei nº 10867, de 12 de maio de 2004) (grifei)

.................................................................... § 6º Aos integrantes das guardas municipais dos

Municípios que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço." (NR) (grifei)

Art. 2º (VETADO) Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. Brasília, 12 de maio de 2004; 183º da Independência e 116º da

República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto”

4.8. LEI Nº 10.884, DE 17 DE JUNHO DE 2004 “Altera os prazos previstos nos arts. 29, 30 e 32 da Lei nº

10.826, de 22 de dezembro de 2003, e os arts. 5º e 6º da referida Lei e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a

seguinte Lei: Art. 1º O termo inicial dos prazos previstos nos arts. 29, 30 e 32

da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, passa a fluir a partir da publicação do decreto que os regulamentar, não ultrapassando, para ter efeito, a data limite de 23 de junho de 2004.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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Art. 2º O art. 5º e o § 3º do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de

dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: "Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com

validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.

........................................................................................." (NR) "Art. 6º ................................................................ ................................................................ § 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guardas

municipais está condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Ministério da Justiça. (grifei)

................................................................" (NR) Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 17 de junho de 2004; 183º da Independência e 116º

da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Márcio Thomaz Bastos

José Viegas Filho”

4.9. DECRETO Nº 5.123, DE 1º DE JULHO DE 2004

“Regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003,

que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM e define crimes

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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que

lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003,

DECRETA:

CAPÍTULO I DOS SISTEMAS DE CONTROLE DE ARMAS DE FOGO

Art. 1º O Sistema Nacional de Armas - SINARM, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com circunscrição em todo o território nacional e competência estabelecida pelo caput e incisos do art. 2º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, tem por finalidade manter cadastro geral, integrado e permanente das armas de fogo importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SINARM, e o controle dos registros dessas armas. (grifei)

§ 1º Serão cadastradas no SINARM: (grifei) I as armas de fogo institucionais, constantes de registros

próprios: (grifei) ............ f) das Guardas Municipais; e (grifei) ......... Art. 2º O SIGMA, instituído no Ministério da Defesa, no âmbito

do Comando do Exército, com circunscrição em todo o território nacional, tem por finalidade manter cadastro geral, permanente e integrado das armas de fogo importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SIGMA, e das armas de fogo que constem dos registros próprios. (grifei)

........... Art. 3º Entende-se por registros próprios, para os fins deste

Decreto, os feitos pelas instituições, órgãos e corporações em documentos oficiais de caráter permanente. (grifei)

Art. 4º A aquisição de armas de fogo, diretamente da fábrica, será precedida de autorização do Comando do Exército.

.............. CAPÍTULO II

DA ARMA DE FOGO Seção I

Das Definições

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

103

Art. 10 Arma de fogo de uso permitido é aquela cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições previstas na Lei nº 10.826, de 2003. (grifei)

Art. 11 Arma de fogo de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo com legislação específica. (grifei)

Seção II

Da Aquisição e do Registro da Arma de Fogo de Uso Permitido

Art. 12. ............ Art. 14 É obrigatório o registro da arma de fogo, no SINARM ou

no SIGMA, excetuadas as obsoletas. ............... Art. 17 O proprietário de arma de fogo é obrigado a

comunicar, imediatamente, à Unidade Policial local, o extravio, furto ou roubo de arma de fogo ou do seu documento de registro, bem como a sua recuperação. (grifei)

§ 1º .......... § 2º No caso de arma de fogo de uso restrito, a Polícia Federal

deverá repassar as informações ao Comando do Exército, para registro no SIGMA.

§ 3º Nos casos previstos no caput, o proprietário deverá, também, comunicar o ocorrido à Polícia Federal ou ao Comando do Exército, encaminhando, se for o caso, cópia do Boletim de Ocorrência.

Seção III Da Aquisição e Registro da Arma de Fogo de Uso Restrito

Art. 18 Compete ao Comando do Exército autorizar a aquisição e registrar as armas de fogo de uso restrito. (grifei)

§ 1º As armas de que trata o caput serão cadastradas no SIGMA e no SINARM, conforme o caso.

CAPÍTULO III DO PORTE E DO TRÂNSITO DA ARMA DE FOGO

Seção I Do Porte

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Art. 22 ................ Art. 23 O Porte de Arma de Fogo é documento obrigatório para

a condução da arma e deverá conter os seguintes dados: I abrangência territorial; (grifei) II eficácia temporal; III características da arma; IV número do registro da arma no SINARM ou SIGMA; V identificação do proprietário da arma; e VI assinatura, cargo e função da autoridade concedente.

(grifei) Art. 24 O Porte de Arma de Fogo é pessoal, intransferível e

revogável a qualquer tempo, sendo válido apenas com a apresentação do documento de identidade do portador. (grifei)

Art. 25 ............... Art. 26 O titular de Porte de Arma de Fogo não poderá conduzi-

la ostensivamente ou com ela adentrar ou permanecer em locais públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas, em virtude de eventos de qualquer natureza.

§ 1º A inobservância do disposto neste artigo implicará na cassação do Porte de Arma de Fogo e na apreensão da arma, pela autoridade competente, que adotará as medidas legais pertinentes.

§ 2º Aplica-se o disposto no §1º deste artigo, quando o titular do Porte de Arma de Fogo esteja portando o armamento em estado de embriaguez ou sob o efeito de drogas ou medicamentos que provoquem alteração do desempenho intelectual ou motor. (grifei)

Subseção III Dos Integrantes e das Instituições Mencionadas no Art. 6º

da Lei nº 10.826, de 2003 Art. 33 O Porte de Arma de Fogo é deferido aos militares das

Forças Armadas, aos policiais federais e estaduais e do Distrito Federal, civis e militares, aos Corpos de Bombeiros Militares, bem como aos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal em razão do desempenho de suas funções institucionais. (grifei)

§ 1º O Porte de Arma de Fogo das praças das Forças Armadas e dos Policiais e Corpos de Bombeiros Militares é regulado em norma específica, por atos dos Comandantes das Forças Singulares e dos Comandantes-Gerais das Corporações.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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§ 2º Os integrantes das polícias civis estaduais e das Forças Auxiliares, quando no exercício de suas funções institucionais ou em trânsito, poderão portar arma de fogo fora da respectiva unidade federativa, desde que expressamente autorizados pela instituição a que pertençam, por prazo determinado, conforme estabelecido em normas próprias.

Art. 34 Os órgãos, instituições e corporações mencionados nos incisos I, II, III, V e VI do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, estabelecerão, em normas próprias, os procedimentos relativos às condições para a utilização das armas de fogo de sua propriedade, ainda que fora do serviço. (grifei)

§ 1º As instituições mencionadas no inciso IV do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, estabelecerão em normas próprias os procedimentos relativos às condições para a utilização, em serviço, das armas de fogo de sua propriedade.

§ 2º As instituições, órgãos e corporações nos procedimentos descritos no caput, disciplinarão as normas gerais de uso de arma de fogo de sua propriedade, fora do serviço, quando se tratar de locais onde haja aglomeração de pessoas, em virtude de evento de qualquer natureza, tais como no interior de igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, públicos e privados. (grifei)

............... Art. 36 A capacidade técnica e a aptidão psicológica para o

manuseio de armas de fogo, para os integrantes das instituições descritas nos incisos III, IV, V, VI e VII do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, serão atestadas pela própria instituição, depois de cumpridos os requisitos técnicos e psicológicos estabelecidos pela Polícia Federal. (grifei)

Parágrafo único. Caberá a Polícia Federal avaliar a capacidade técnica e a aptidão psicológica, bem como expedir o Porte de Arma de Fogo para os guardas portuários.

.............. Subseção V

Das guardas Municipais Art. 40 Cabe ao Ministério da Justiça, diretamente ou

mediante convênio com as Secretarias de Segurança Pública dos Estados ou Prefeituras, nos termos do §3º do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003: (grifei)

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I conceder autorização para o funcionamento dos cursos de formação de guardas municipais; (grifei)

II fixar o currículo dos cursos de formação; (grifei) III conceder Porte de Arma de Fogo; (grifei) IV fiscalizar os cursos mencionados no inciso II; e (grifei) V fiscalizar e controlar o armamento e a munição utilizados.

(grifei) Parágrafo único. As competências previstas nos incisos I e

II deste artigo não serão objeto de convênio. (grifei) Art. 41 Compete ao Comando do Exército autorizar a

aquisição de armas de fogo e de munições para as Guardas Municipais. (grifei)

Art. 42 O Porte de Arma de Fogo aos profissionais citados nos incisos III e IV, do art. 6º, da Lei nº 10.826, de 2003, será concedido desde que comprovada a realização de treinamento técnico de, no mínimo, sessenta horas para armas de repetição e cem horas para arma semi-automática. (grifei)

§ 1º O treinamento de que trata o caput desse artigo deverá ter, no mínimo, sessenta e cinco por cento de conteúdo prático.

§ 2º O curso de formação dos profissionais das Guardas Municipais deverá conter técnicas de tiro defensivo e defesa pessoal. (grifei)

§ 3º Os profissionais da Guarda Municipal deverão ser submetidos a estágio de qualificação profissional por, no mínimo, oitenta horas ao ano. (grifei)

§ 4º Não será concedido aos profissionais das Guardas Municipais Porte de Arma de Fogo de calibre restrito, privativos das forças policiais e forças armadas. (grifei)

Art. 43 O profissional da Guarda Municipal com Porte de Arma de Fogo deverá ser submetido, a cada dois anos, a teste de capacidade psicológica e, sempre que estiver envolvido em evento de disparo de arma de fogo em via pública, com ou sem vítimas, deverá apresentar relatório circunstanciado, ao Comando da Guarda Civil e ao Órgão Corregedor para justificar o motivo da utilização da arma. (grifei)

Art. 44 A Polícia Federal poderá conceder Porte de Arma de Fogo, nos termos no §3º do art. 6º, da Lei nº 10.826, de 2003, às Guardas Municipais dos municípios que tenham criado corregedoria própria e autônoma, para a apuração de infrações

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disciplinares atribuídas aos servidores integrantes do Quadro da Guarda Municipal. (grifei)

Parágrafo único. A concessão a que se refere o caput dependerá, também, da existência de Ouvidoria, como órgão permanente, autônomo e independente, com competência para fiscalizar, investigar, auditorar e propor políticas de qualificação das atividades desenvolvidas pelos integrantes das Guardas Municipais. (grifei)

Art. 45 A autorização de Porte de Arma de Fogo pertencente às Guardas Municipais terá validade somente nos limites territoriais do respectivo município. (grifei)

Parágrafo único. Poderá ser autorizado o Porte de Arma de Fogo para os integrantes das Guardas Municipais previstos no inciso III do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, nos deslocamentos para sua residência, quando esta estiver localizada em outro município. (grifei)

CAPÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES GERAIS, FINAIS E TRANSITÓRIAS

Seção I Das Disposições Gerais

Art. 46 O Ministro da Justiça designará as autoridades policiais competentes, no âmbito da Polícia Federal, para autorizar a aquisição e conceder o Porte de Arma de Fogo, que terá validade máxima de cinco anos.

................. Art. 49 A classificação legal, técnica e geral e a definição das

armas de fogo e demais produtos controlados, de uso restrito ou permitido são as constantes do Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados e sua legislação complementar. (grifei)

Parágrafo único. Compete ao Comando do Exército promover a

alteração do Regulamento mencionado no caput, com o fim de adequá-lo aos termos deste Decreto.

Art. 50 Compete, ainda, ao Comando do Exército: I................. II estabelecer as dotações em armamento e munição das

corporações e órgãos previstos nos incisos II, III, IV, V, VI e VII do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003; e (grifei)

................

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Art. 65 .............. § 1º É vedada a doação, acautelamento ou qualquer outra

forma de cessão para órgão, corporação ou instituição, exceto as doações de arma de fogo de valor histórico ou obsoletas para museus das Forças Armadas ou das instituições policiais. (grifei)

Seção II Das Disposições Finais e Transitórias

Art. 68 ...................... Art. 73 Não serão cobradas as taxas previstas no art. 11 da

Lei nº 10.826, de 2003, dos integrantes dos órgãos mencionados nos incisos I, II, III, IV, V, VI e VII do art. 6º. (grifei)

§ 1º ................ § 2º A isenção das taxas para os integrantes dos órgãos

mencionados no caput, quando se tratar de arma de fogo de propriedade particular, restringir-se-á a duas armas. (grifei)

..................... Art. 76 Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Art. 77 Ficam revogados os Decretos n

os 2.222, de 8 de maio

de 1997, 2.532, de 30 de março de 1998, e 3.305, de 23 de dezembro 1999.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA”

4.10. PROJETO DE LEI Nº 1.332, DE 2003 Dispõe sobre as atribuições e competências comuns das

Guardas Municipais do Brasil, Regulamenta e disciplina a Constituição, atuação e manutenção das Guardas Civis Municipais como Órgãos de Segurança Pública em todo o Território Nacional e dá outras providências.

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JUSTIFICATIVA Do Projeto de Lei Nº 1.332 de 2003

(Do Sr. Arnaldo Faria de Sá ) Parte da proposição ora apresentada é oriunda da proposta

elaborada pelo III Congresso Nacional de Guardas Municipais, realizado em Curitiba na data de 17 de setembro de 1992.

O Art. 144, § 8º, da Carta Magna permitiu que os municípios brasileiros criassem guardas municipais, destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações. Nenhum artigo de lei deve ser interpretado, exclusivamente, em sua literalidade. A hermenêutica ensina que a interpretação mais completa é a sistemática, que interpreta o dispositivo, dentro do contexto que se insere.

O nosso Código Civil, não deixa margem à dúvidas quando assevera que os bens de uso comum do povo são: entre outros, no âmbito do Município, as ruas, praças, jardins, logradouros públicos, lagos, rios navegáveis, circunscritos ao território municipal que não estejam, por qualquer título, no domínio da União, do Estado ou do particular.

De há muito perdida, a segurança coletiva continua sendo a aspiração de todos, muito embora este seja um setor do Estado atingido por elevado grau de ineficiência. Delinqüentes sentem-se à vontade, transitando livremente pelos bens de uso comum do povo para atacar suas indefesas vítimas. Neste mister, crianças e velhos não são poupados. A escola, outrora destinada ao ensino tranqüilo, tem-se tornado uma preocupação permanente para os pais. Comerciantes contratam seguranças particulares, substituindo a atividade da polícia. Casas transformam-se em fortalezas, quando não em canis. Como a carência de polícia é patente, tornando a ordem pública sobremaneira frágil, estudantes armam-se para ir à escola.

No regime federativo vigente no país, o poder de polícia se distribui pelas três esferas de poder: a União, os Estados membros e os Municípios. A polícia não nasce da natureza. Como criação jurídica, necessário se faz que o constituinte e até mesmo o legislador infra-constitucional, enfrentem com mais arrojo a participação ativa, utilizando-se de uma linguagem que seja ao mesmo tempo clara e abrangente, já que o Estado – membro, até aqui, tem-se mostrado

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impotente para baixar a criminalidade a níveis suportáveis para a população.

Considerando que a segurança pública é dever do estado, direito e responsabilidade de todos, os Municípios, através de suas respectivas Guardas Municipais, deverão dar proteção mais ampla possível aos bens, serviços e instalações, devendo, nesse caso, tolher toda ação nefasta de indivíduos, preventiva e repressivamente, quando se trata da preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas, do patrimônio e dos serviços comunais.

PORQUE PEDIMOS A PROMULGAÇÃO DA LEI

COMPLEMENTAR: Desde a promulgação da Constituição de 1988, as Guardas

Municipais vêm se multiplicando em larga escala por todo o país, especialmente no Estado de São Paulo, o mais rico da nação, que hoje já conta com mais de 300 corporações (mais da metade das existentes no Brasil).

Aliados a esse crescimento multiplicaram-se também, os problemas que a falta de regulamentação da atividade das Guardas Municipais por conseqüência trouxe a sociedade. Os cotidianos conflitos entre os órgãos públicos integrantes do aparelho policial do Estado e as Guardas Municipais, se não foram previstos pelos constituintes de 88, aos menos não tiveram deles a preocupação em evitá-los.

Sempre que o assunto Guarda Municipal é colocado em pauta, é possível notar com certa freqüência, que a sociedade e seus representantes (classe política) desconhecem o tema, e por conseqüência a essência da proposta apresentada. Entendemos ter sido este o principal obstáculo para sua aprovação até o presente momento. A desmistificação do tema possibilitará a derrubada de alguns dogmas a respeito. Dentre eles:

1) As Guardas Municipais têm poder de polícia? 2) Por que não se propôs um projeto de lei ao

Congresso Nacional visando à ampliação das atribuições das Guardas Municipais como já foi proposto no Senado Federal, por exemplo?

3) Este texto não é inconstitucional?

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4) Por que não se iniciou este trabalho pela assembléia legislativa ou pelas próprias Câmaras Municipais?

O grupo de trabalho constituído para a elaboração da presente proposta teve a preocupação de abordar as questões referentes à regulamentação da ATUAL ATIVIDADE das Guardas Municipais e não da ampliação de suas atribuições.

Por outro vértice, diversos projetos sobre o tema já tramitam no Congresso Nacional visando regular ou alterar a matéria, porém, há muitos anos sem sucesso. Apesar da polêmica discussão e das dificuldades de aprovação de uma emenda constitucional, as Guardas Municipais crescem a cada dia e por serem instituições públicas prevista constitucionalmente no capítulo da SEGURANÇA PÚBLICA, vêm encontrando respaldo para continuarem suas atividades de policiamento a critério e interpretação da lei por parte de cada prefeito municipal.

Por todas as razões expostas, entendemos que o texto apresentado em nada se confronta com a Constituição Federal, e, considerando que ele apenas objetiva regular o que a própria Constituição já prevê em existência, mas, que por não regulamentar suas estruturas orgânicas nem definir o perfil profissional de seus componentes, considerando que o Guarda Municipal passa por formação específica diferenciada dos demais servidores municipais encontrará respaldo jurídico para tal propositura.

Por último buscou-se a gestão do Governo Federal justamente nos três Ministérios diretamente envolvidos na questão que são:

a) Ministério da Justiça – acompanhamento e registro da criação das atribuições e competências das Guardas Civis;

b) Ministério do Trabalho – Carreira, direitos e benefícios de seus membros;

c) Ministério da educação – Instituição da profissão e órgãos reguladores para criação dos cursos e escolas oficiais de formação.

Entendemos que todas estas missões estariam fora da alçada do Estado membro e das Câmaras Municipais.

DO CONSELHO FEDERAL E SEUS ÓRGÃOS

REPRESENTADOS NO CONSELHO: Três membros do Ministério da Justiça:

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O Ministério da Justiça após a criação da SENASP - Secretaria Nacional de Segurança Pública, vem assumindo aos poucos a difícil responsabilidade de elaborar e executar as macro-políticas de segurança pública do país. A edição da Medida Provisória n.º 2.045 que instituiu o FUNDO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA deu a este órgão poderes para ditar métodos de gerenciamento das políticas de segurança pública nos estados e municípios condicionando sua aplicação à liberação de recursos do fundo. Todavia é oportuno lembrar que um país continental como o Brasil possui realidades bastante diferenciadas nos Estados, e, que dirá nos municípios!

Entendemos que tais projetos não devem ser analisados somente no momento em que se solicita o recurso e sim durante todo sua gestão. A participação dos representantes do Ministério da Justiça neste órgão seria muito mais uma forma de interação direta de que de fiscalização.

Não apenas por isto, mas se faz necessário criar mecanismos que garantam a eficácia da aplicação dos recursos, outro fator que sem fiscalização federal tenderá a inviabilizar a iniciativa e impedir que as Guardas se tornem polícias particulares de seus prefeitos. Todavia, justifica-se a fiscalização externa na proporção que se aumentam às prerrogativas e poderes, deva-se aumentar também as responsabilidades.

Um membro do Ministério do Exército: O Ministério do Exército é a autoridade responsável pela

autorização da compra de todo tipo de armamento de fogo comercializado no território nacional, além da fiscalização juntamente com a Polícia Federal da montagem de stands de tiro e escolas preparatórias de profissionais de segurança além da comercialização de material para produção de munição e explosivos em geral.

A proposta da participação do exército brasileiro seria importante até visando uma importante integração entre as forças de segurança do país.

Um membro da Polícia Federal: Seguindo o mesmo princípio da integração, sabemos que a

ação da Polícia Federal se faz ou deveria se fazer fundamentalmente presente nos portos e aeroportos brasileiros e nas áreas de

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fronteiras, fato que pela insuficiência de efetivo não vem ocorrendo com a devida eficácia.

A integração da Polícia Federal e da Guarda Municipal poderá ser uma importante aliada no combate as organizações criminosas atenuando o grave problema de efetivo de policiais federais. A descoberta dos cativeiros de dois, dos quatro mais importantes recentes sequestros do país mostra o quanto pode ser útil à investigação de grandes criminosos a participação dos agentes de policia das comunidades. No entanto as Guardas não devem estar subordinadas a PF e por esta razão a PF deve fazer parte deste Conselho, órgão máximo de resolução das macro-políticas de emprego na atividade destas corporações.

Três membros da UNGCM: Proibir que policiais se organizem em associações classistas

ou sindicatos é o mesmo que querer proibir o sonho de qualquer pessoa de ter uma vida melhor. Mais que isto, seria um afronto a cláusulas pétreas e a própria Constituição Federal.

Para garantir a soberania da categoria e a legitimidade das decisões deste órgão supremo a UNGCM única associação com representatividade a nível nacional indicaria seus membros de carreira como representantes dos Guardas Municipais no Conselho Federal através dos Congressos Nacionais realizados anualmente pela entidade.

Estas vagas garantiriam não só a participação dos próprios Guardas Municipais nas decisões que envolvem o futuro da própria categoria, mas um passo histórico na relação de empregados e empregadores em prol de objetivos comuns, a Segurança Pública.

Três membros do Conselho Nacional de Comandantes: O Conselho Nacional das Guardas Civis indicaria seus

representantes através de seus congressos que também são realizados anualmente. Este órgão que é mais um fórum permanente do que uma entidade civil, já que não possui sede nem recursos próprios para subsistir, é composto basicamente por comandantes de Guardas Municipais ou Secretários Municipais de Segurança que em sua maioria não são membros da carreira.

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A indicação dos membros do Conselho Nacional das Guardas garantirá a representação dos prefeitos municipais fechando assim todos os órgãos e níveis de participação do processo.

Total de 11 membros.

POR QUE NÃO FORAM INDICADOS MEMBROS DA POLÍCIA CIVIL E MILITAR?

O texto do projeto fala da criação do Conselho Federal das

Guardas Municipais, porém com previsão para a criação dos Conselhos Regionais no âmbito das Secretarias de Segurança Pública. Nesta ocasião caberá aos Secretários indicarem seus representantes que poderão ser da PM, da Polícia Civil, da Ouvidoria de Polícia etc. A idéia é que a Constituição orgânica destes Conselhos seja desenvolvida pelo próprio Conselho Federal após sua criação.

ARCABOUÇO JURÍDICO Pesquisando a existência de algum tipo de legislação federal

que desse normas e padrões a atividade das Guardas Municipais, descobrimos simplesmente que ela não existe. A legislação hoje existente permite através da composição das doutrinas jurídicas, códigos e normas gerais dos demais órgãos de segurança, sua extensão por mera interpretação as ações das Guardas Municipais em atividade.

Os procedimentos hoje adotados para a criação ou extinção de uma Guarda Municipal, não seguem orientação constitucional específica, cabendo destaque ao fato de que as regras impostas pelo Estado Membro para autorizar um Guarda Municipal a portar arma de fogo, são iguais a de um cidadão comum, e com um agravante, de que ao ter a autorização para o porte, o cidadão comum a tem nas 24 horas do dia, enquanto que o “servidor policial” da Guarda Municipal só o tem durante o horário de serviço, fato que ao nosso ver é no mínimo uma incoerência.

No campo funcional, as Guardas tem o mesmo tratamento dos servidores públicos civis. O tratamento diferenciado pela função policial acaba ficando a critério de cada prefeito e seus comandantes nomeados, que como sabemos na grande maioria das vezes são

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PMs e acabam tendo que servir a dois comandos distintos: Governador (comandante geral da PM) e prefeito.

A conclusão é que, guardada a autonomia municipal, urge a necessidade de se dar norma a alguns procedimentos que devam ser comuns a todas as Guardas Municipais no país. E por que? Ninguém se intitula médico estudando o que quiser da forma e durante o tempo em que quiser, também não estando os já formados, livres para em nome de suas profissões fazerem o que queiram com seus bisturis. Assim, podemos falar dos engenheiros, advogados, professores, jornalistas e tantas outras atividades profissionais que são regidas por leis e órgãos reguladores e credenciadores de seus profissionais.

Por derradeiro, proporcionar a profissionalização da atividade policial dos Guardas Municipais é o norte e o conceito em que fundamentamos a idéia da proposta desta Lei.

Se quisermos dar as Guardas Municipais as mínimas condições para colaborarem com as polícias estaduais no combate a criminalidade, devemos tomar iniciativas que extingam a existência de corporações que ainda atuem baseadas na clandestinidade ou para quem preferir, amadorismo, ilegalidade, no improviso, com o nome que quiserem dar, porém em muitas cidades pela obstinação de alguns homens que as dirigem, elas vêm mostrando justificada eficácia por estarem próximas e integradas as necessidades e cultura locais.

Em última análise podemos afirmar que a “democratização eficiente” do sistema de segurança pública e em especial do aparelho policial de um país, traduz a consolidação do Estado Democrático de Direito, e para tanto, é necessário que as forças vivas da sociedade através de seus órgãos representativos, desenvolvam políticas de segurança pública para suas cidades com o apoio de suas Guardas Municipais, ocasião em que, as peculiaridades econômicas, culturais, sociais e geográficas serão plenamente respeitadas e não mais ditadas por um comando central vindo da capital cuja vocação natural está ligada as macro-políticas de Segurança Pública.

Na 51.ª Legislatura esta regulamentação, fora apresentada pelo Deputado Nelo Rodolfo - SP.

Quando a Proposta de Emenda Constitucional do Senado, foi enviada a Câmara, empenhei-me em ser o Relator, por conhecer a estrutura da Guarda Civil de São Paulo, que esteve sob meu comando em 2000, quando assumi a Secretaria de Governo, a

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corporação tinha 3000 componentes, sendo que 1000 fora de atividade, imediatamente os 3000 passaram a atuar na segurança, pois a população vivia a sensação de insegurança, e em apenas seis meses deixamos a Guarda Civil se São Paulo com cinco mil componentes, e o comando fez operações impondo horário de fechamento de bares com alto índice de periculosidade nas madrugadas, lacrando desmanches de veículos, proibindo comercialização nos faróis de transito e várias outras atividades que cada cidade conhece melhor que o Estado e muito melhor que a União. Por essas e outras razões temos que aprovar este Projeto.

Sala das Sessões, em 24 de junho de 2003.

Arnaldo Faria de Sá Deputado Federal - São Paulo

COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

PROJETO DE LEI Nº 1.332, DE 2003

(Apensado o Projeto de Lei nº 2.857, de 2004) Dispõe sobre as atribuições e competências comuns das

Guardas Municipais do Brasil. Regulamenta e disciplina a constituição, atuação e manutenção das Guardas Civis Municipais como órgãos de segurança pública em todo o Território Nacional e dá outras providências.

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Autor: Deputado Arnaldo Faria de Sá Relator: Deputado Ronaldo Vasconcellos I - RELATÓRIO O projeto de lei em epígrafe, de autoria do Deputado Arnaldo

Faria de Sá, disciplina o funcionamento e a organização das Guardas Municipais, por meio das seguintes disposições:

a) reconhece, aos guardas municipais, a condição de servidores policiais e de agentes da autoridade policial, para todos os efeitos legais, estabelecendo entre as suas competências o exercício de poder de polícia administrativo e de funções de polícia ostensiva, de natureza preventiva e repressiva;

b) determina que o regime jurídico das Guardas Municipais será o de servidor civil e que o órgão integrará o sistema de segurança pública brasileiro, uma vez que lhe caberá zelar pela segurança pública na circunscrição com o município;

c) subordina as Guardas Municipais ao Chefe do Poder Executivo municipal, cria a possibilidade de sua participação em atividades policiais de envergadura realizadas por outros órgãos policiais na circunscrição do município e incentiva a troca de informações operacionais entre a Guarda Municipal e outros órgãos de segurança pública;

d) denomina os integrantes das Guardas Municipais de guardas civis, cometendo-lhes as obrigações de cooperação com autoridades competentes em matéria de meio ambiente, criança e adolescente e dando-lhes competência para atendimento de ocorrências emergenciais;

e) concede linha telefônica de serviço e freqüência de rádio exclusivas para as Guardas Municipais;

f) concede porte de arma ao guarda municipal, nas condições que estabelece;

g) cria possibilidade de controle externo das Guardas Municipais pelos Conselhos Municipais de Segurança;

h) assegura prisão especial para os guardas municipais; i) trata do treinamento, de formas de aprimoramento

profissional e do credenciamento dos guardas municipais; j) cria, no âmbito do Ministério da Justiça, um Conselho Federal

das Guardas Civis, responsável, entre outras atribuições, pelo

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credenciamento dos guardas municipais e registro das Guardas Municipais;

l) estabelece repasses do Fundo Nacional de Segurança Pública para as Guardas Municipais, nas condições que especifica.

Em sua justificação, o ilustre Autor esclarece que a proposição é parcialmente baseada em proposta elaborada como resultado do III Congresso Nacional de Guardas Municipais, faz uma breve análise do poder de polícia, no âmbito dos níveis de poder – federal, estadual e municipal – e sustenta que, por ser a segurança pública um dever do Estado e direito e responsabilidade de todos, é necessário reconhecimento de competência das Guardas Municipais para atuarem preventiva e repressivamente na preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas, do patrimônio e dos serviços comunais.

Em seguida, é feita a apresentação: a) de argumentos sobre a constitucionalidade do projeto de lei,

fundados, basicamente, na referência sobre as Guardas Municipais estarem, na Constituição Federal, no Capítulo da Segurança Pública e nas situações de fato hoje existentes em diversos municípios do Brasil;

b) da justificativa sobre a composição do Conselho Federal das Guardas Civis, com justificativa sobre a não inclusão de representantes das Polícias Civil e Militar no Conselho;

c) da necessidade de aprovação de uma lei que padronize a criação de Guardas Municipais com o objetivo de proporcionar profissionalização da atividade policial dos guardas municipais e melhorar as condições para que as Guardas Municipais colaborem com as polícias estaduais no combate à criminalidade.

O nobre Deputado Arnaldo Faria de Sá conclui sua justificação expondo sua experiência pessoal como Secretário de Governo e relatando a atuação da Guarda Civil em São Paulo em operações de fechamento de bares com altos índices de periculosidade nas madrugadas e de locais de desmanche de veículos, proibição de comercialização nos faróis de trânsito e várias outras atividades”.

A esta proposição foram apresentados dois substitutivos. O primeiro substitutivo, de autoria do Deputado Alberto Fraga,

especifica as atividades a serem desenvolvidas pelas Guardas Municipais, todas, direta ou indiretamente, relativas à proteção do patrimônio público municipal ou em atividades de proteção do meio

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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ambiente e do bem-estar da criança e do adolescente, restringindo a possibilidade delas realizarem ações de policiamento ostensivo, salvo nas hipóteses de colaboração, nos termos de lei e de convênio estadual, sob a coordenação da Polícia Militar. Prevê, ainda, a possibilidade de convocação ou mobilização pelo Estado-membro, a submissão das Guardas Municipais a uma corregedoria estadual e o controle do efetivo e regulamentação da compra e registro de armas das Guardas Municipais pela Secretaria de Segurança Pública estadual.

Em sua justificativa, o ilustre Autor sustenta que a missão constitucional das Guardas Municipais não lhes permite atuar nas ações de policiamento ostensivo e que o substitutivo promove as alterações necessárias para permitir a compatibilidade do projeto de lei com a Constituição Federal.

O segundo substitutivo, de autoria do nobre Deputado Cabo Júlio:

a) disciplina as condições de acesso à Guarda Municipal e a forma de nomeação de seu diretor;

b) transforma o cargo de direção da Guarda Municipal em cargo de interesse policial militar;

c) limita o efetivo das Guardas Municipais e disciplina o seu uniforme e símbolos;

d) especifica as cores dos carros da Guarda Municipal; e) define os níveis hierárquicos das Guardas Municipais,

proibindo a utilização de denominações iguais às das Forças Armadas e das Polícias Militares;

f) estabelece os direitos dos integrantes das Guardas Municipais;

g) cria a oportunidade de as Guardas Municipais, mediante convênio com os Estados-membros, atuarem em ações de policiamento ostensivo, em cooperação com a Polícia Militar;

h) estabelece os locais de interesse da municipalidade que deverão ser objeto de proteção pelas Guardas Municipais.

A justificação da proposição segue a mesma linha do Substitutivo apresentado pelo Deputado Alberto Fraga, centrando sua argumentação na inconstitucionalidade de se atribuir às Guardas Municipais funções de polícia ostensiva.

Ao Projeto de Lei nº 1.332, de 2003, foram apensados os Projetos de Lei nos. 2.857 e 3.854, ambos de 2004.

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O Projeto de Lei nº 2.857, de 2004, do Deputado Nelson Marquezelli, altera a lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, permitindo que os integrantes da Guarda Municipal tenham porte de arma quando em serviço.

Em sua justificação do ilustre Deputado Nelson Marquezelli sustenta que a utilização do número de habitantes como referência para a concessão de porte de arma aos integrantes da Guarda Municipal mostra-se equivocada porque “o crime não escolhe o município em que é praticado pela quantidade de seus habitantes”. Além disso, a manutenção dessa restrição criaria um paradoxo, uma vez que os vigilantes privados, responsáveis pela segurança de propriedade de particulares, teriam porte de arma, nos termos da Lei 7.102/83, ao passo que os guardas municipais, responsáveis pela segurança de propriedades públicas, não o teriam.

Por sua vez, o Projeto de Lei nº 3.854, de 2004, do nobre Deputado Carlos Sampaio, altera a redação do inciso II e suprime o inciso IV, ambos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, também para conceder, sem restrições, porte de arma para os integrantes das guardas municipais.

Em sua justificação, o insigne Parlamentar destaca a importância dos guardas municipais, em todo o Brasil, em especial nos pequenos municípios, pelo desenvolvimento de ações destinadas à defesa do patrimônio e à preservação da qualidade de vida municipais, de rondas escolares, de auxílio em resgates e combates a incêndio e socorro a vítimas de enchentes. Sustenta que, no desenvolvimento de suas atividades, os guardas municipais contrariam interesses ilícitos e podem entrar em confronto com criminosos. Assim, a concessão de porte de arma aos guardas municipais com restrições baseadas em número de habitantes do município, além de caracterizar um tratamento discriminatório, poria em risco a integridade física desses servidores. Conclui afirmando que a sua proposição – que suprime as discriminações apontadas – faria “justiça a uma categoria de servidores públicos que, em muito, tem contribuído para restaurar a segurança dos munícipes”.

Cabe a esta Comissão analisar o mérito da proposição nos limites definidos pelo art. 32, XVI, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

É o relatório.

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II - VOTO DO RELATOR O primeiro ponto relevante para a análise do mérito desta

proposição é destacar-se que, desde a promulgação do texto constitucional de 1988, o Brasil passou por intensas transformações, em diversas áreas de atuação do Estado.

Assim, não só no campo sócio-econômico operaram-se mudanças sensíveis no modelo desenhado no texto constitucional, com a abertura do mercado interno brasileiro a empresas estrangeiras e a possibilidade de privatização de atividades, antes de exploração monopolista pelo Estado, mas também nas condições de segurança pública, nas áreas urbanas e rurais ocorreram grandes transformações – resultantes de fatores sociais internos e de fatores externos, relativos à globalização de atividades criminosas, como o narcotráfico e o contrabando de armas e o terrorismo – as quais foram determinantes da falência do modelo adotado pela Constituição Federal de 1988 para o sistema de segurança pública.

Uma melhor compreensão do problema nos remete à definição do sistema de segurança pública, formalizada no Capítulo III, do Título V, da Constituição Federal.

Os Constituintes de 1988 padeceram, com relação à definição do sistema de segurança pública, dos mesmos problemas que teve em relação a outros temas polêmicos, como os juros bancários, o direito de propriedade, a definição dos fundamentos da atividade econômica. Pressionados por diferentes grupos de interesse., desenharam no art. 144, caput e seus parágrafos, uma estrutura organizacional absolutamente assistêmica. Em especial, no nível estadual, a falta de definição de limites precisos de competência dos órgãos estaduais de segurança pública em associação com a manutenção, por questionáveis motivos históricos, de uma estrutura operacionalmente irracional, uma vez que divide artificialmente o ciclo de persecução criminal entre dois órgãos autônomos, provocou, e provoca, ainda hoje, conflitos intermináveis relativos a disputas de competência, mais das vezes acirradas por vaidades pessoais.

Em complemento, o Constituinte, reduzindo a importância do reconhecimento do município como um ente da Federação brasileira, mas também premido por pressões locais, inseriu no Capítulo da Segurança Pública um órgão municipal, que assumiu um papel híbrido, uma vez que não foi listado como órgão de segurança

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pública, mas recebeu atribuições de policiamento ostensivo dos bens, serviços e patrimônios municipais – o que tem por corolário o reconhecimento de uma competência material implícita ou resultante para realizar ações de manutenção da ordem pública, como uma pronta resposta contra atos ilícitos que ponham em risco esses bens, patrimônios e serviços. Tal competência tem respaldo na melhor doutrina sobre os elementos essenciais do princípio federativo, em especial no que concerne ao sistema de distribuição de competências entre os entes federativos. Aduza-se, ainda, que o reconhecimento de que as Guardas Municipais possuem uma competência implícita de policiamento ostensivo e de manutenção da ordem pública é juridicamente sustentável, sem maiores esforços.

A par das discussões acadêmicas, a realidade fática, de há muito, superou questionamentos estéreis sobre a atuação das Guardas Municipais na segurança pública.

Como ensina Manoel Gonçalves Filho, relembrando as eternas lições de Ferdinand Lassale, há que se distinguir legalidade de legitimidade. Assim, uma norma legal, entre elas as normas constitucionais, para ter eficácia no mundo real – ou seja, fora do mundo de papel das leis em tese – necessita do reconhecimento de sua legitimidade pela comunidade à qual ela é dirigida.

E a realidade fática, em um grande número de municípios brasileiros, é a de que as Guardas Municipais já atuam, em grande escala, no exercício de sua competência material implícita ou resultante de realizar ações de policiamento ostensivo e de manutenção da ordem pública, algumas vezes agindo além dos limites determinados pela defesa do patrimônio municipal. E isso ocorre por uma razão simples: elas ocupam os espaços deixados pela omissão dos órgãos estaduais de segurança pública. E o fazem com total respaldo da população – portanto, legitimadas pela vontade popular, isto é, pela vontade do detentor da titularidade do poder constituinte originário – a quem não interessa saber a cor do uniforme ou da viatura, o regime jurídico ou os limites legais de competência daquele que a socorre em um momento de dificuldade, principalmente, quando a atuação deste agente público resulta em proteção de sua integridade física ou de seu patrimônio.

Assim, nesta Comissão que analisa o mérito da proposição em seu específico reflexo sobre a segurança pública, mostra-se inadequada a discussão sobre a constitucionalidade das

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competências que estão sendo conferidas às Guardas Municipais. O que se deve analisar são os seus impactos em termos da elevação da qualidade dos serviços de segurança pública a serem oferecidos aos munícipes.

Sob esta ótica, é inegável que se trata de uma proposição que merece ser aprovada, com algumas alterações que promovam seu aperfeiçoamento.

A primeira alteração é substituir na ementa e no texto da proposição a expressão “guarda civil” pela expressão “Guarda Municipal”, para adaptar a proposição à Constituição Federal.

O artigo terceiro repete, em sua primeira parte, parcialmente, o que já foi estabelecido no caput do artigo primeiro. Além disso, disciplina o porte de arma pelos guardas municipais, matéria já disciplinada, recentemente, na Lei que reformulou o Sistema Nacional de Armas. O artigo primeiro, por sua vez, não especifica que as Guardas Municipais serão civis.

Assim, estamos sugerindo para os dispositivos citados as seguintes redações:

Art. 1º Às Guardas Municipais, cujos integrantes são servidores policiais civis e agentes da autoridade policial, para todos os efeitos legais, no âmbito do território municipal onde servem, compete:

........................................................... Art. 3º As Guardas Municipais, além da execução de

atividades voltadas para a segurança e apoio aos cidadãos, as quais serão realizadas com observância dos princípios de respeito aos direitos humanos, da garantia dos direitos individuais e coletivos e do exercício da cidadania e proteção das liberdades públicas, desenvolverão atividades de caráter social, devendo, desde sua formação, estarem comprometidas com a evolução social da comunidade.

A artigo quarto do projeto de lei define a existência de competência concorrente entre municípios e o Estado, nas ações de segurança pública. Não nos parece o texto mais adequado. Melhor seria atribuir às Guardas Municipais competência para garantir a segurança pública no limite de seus territórios e deixar para a lei prevista no art. 144, § 7º, da Constituição Federal, a definição da coordenação do funcionamento das Guardas Municipais em face dos

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órgãos estaduais de segurança pública. Em decorrência, ter-se-ia para o artigo quarto a seguinte redação:

Art. 4º Aos municípios compete zelar pela segurança pública nos limites de seus territórios.

Parágrafo único. A lei prevista no art. 144, § 7º, da Constituição Federal, definirá as regras relativas à coordenação das ações da Guarda Municipal e dos órgãos estaduais de segurança pública, com vistas a garantir a eficiência de suas atividades.

Em face do disposto no parágrafo único do artigo quarto se está propondo a supressão do parágrafo segundo do artigo sétimo e renomeando-se o parágrafo primeiro para parágrafo único.

O artigo onze dá atribuições a órgão da Administração Indireta do Poder Executivo. A melhor redação do dispositivo seria indicar a ação a ser realizada e deixar a determinação do órgão responsável pela sua execução a cargo do próprio Poder Executivo. Em conseqüência, o texto do artigo onze passa a ser o seguinte:

Art. 11. Serão garantidas às prefeituras municipais dos municípios que tenham ou venham a criar Guarda Municipal, pelo órgão competente do Poder Executivo, uma linha telefônica, preferencialmente de número 1532, e uma faixa exclusiva de freqüência de rádio, para uso exclusivo da Guarda Municipal.

Em face da do disposto no parágrafo único do artigo quarto se está propondo a supressão do parágrafo segundo do artigo sétimo e renomeando-se o parágrafo primeiro para parágrafo único.

Os artigos doze e treze devem ser suprimidos pelos motivos a seguir expostos, renumerando-se os artigos que se seguem.

O artigo doze trata do porte de armas de defesa pessoal, pelos guardas municipais, matéria já disciplinada recentemente pela Lei nº 10.867, de 12 de maio de 2004, que alterou o art. 6º, da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003.

O artigo treze, por sua vez, interfere na competência municipal, especificamente na sua autonomia administrativa, de organizar os seus serviços, de acordo com o sistema de execução direta de serviços, adotado pelo Estado brasileiro. Além do que, se o município não tivesse competência para efetuar o controle externo de sua Guarda Municipal, não seria a autorização dada por uma lei federal que garantiria essa competência.

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O artigo quinze deve também ser suprimido, tendo em vista que a matéria está disciplinada na Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003.

O artigo dezessete, agora renomeado como artigo quatorze, poderá tratar do credenciamento dos guardas municipais por um Conselho Federal das Guardas Municipais, a ser instituído no âmbito do Poder Executivo federal. Não deve haver referência direta à existência de um Conselho Regional, uma vez que a lei federal, em respeito ao princípio federativo, não pode impor a existência de um Conselho Regional aos Estados. É possível, no entanto, a previsão da possibilidade de delegação de competências do Conselho Federal para Conselhos Regionais, onde eles existirem.

Por outro lado, o artigo dezoito da proposição é, em razão de seu conteúdo, um complemento do artigo anterior, podendo por isso, reunir-se os dois dispositivos em um só.

Por fim, o artigo dezenove deveria ser o caput do artigo quatorze, transformando-se os atuais artigos dezessete e dezoito em parágrafos desse artigo quatorze. Com relação ao texto do artigo dezenove é possível tratar-se da sua existência, mas sem definir-se sua composição ou sua inserção dentro da Administração Direta, uma vez que, em sendo de iniciativa parlamentar, a proposição não pode invadir a competência do Poder Executivo de auto-organizar-se, uma conseqüência direta do princípio de separação de poderes, inscrito no art. 2º, da Constituição Federal.

Assim o artigo quatorze do Substitutivo, teria a seguinte redação:

Art. 14. Sendo criado um Conselho Federal das Guardas Municipais, no âmbito do Poder Executivo federal, a este caberá, entre outras competências que lhe venham a ser atribuídas:

I – realizar o registro e acompanhamento das Guardas Municipais;

II – credenciar os guardas municipais devendo constar do credenciamento a identificação da Guarda Municipal, a qualificação e a graduação do guarda municipal e a autorização para o porte de arma;

III – estabelecer diretrizes, padrões, normas e procedimentos pertinentes ao ingresso, à carreira, à formação básica e ao emprego operacional das Guardas Municipais, respeitadas a autonomia e as peculiaridades de cada município;

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§ 1º O Conselho Federal das Guardas Municipais terá ainda um caráter consultivo, indicativo e de acompanhamento, junto à direção das Guardas Municipais, em consonância com as políticas municipais de segurança.

§ 2º O credenciamento de que trata o inciso II deste artigo será por tempo indeterminado, observando-se ainda os seguintes aspectos:

I – a validade se estenderá pelo tempo em que o credenciado pertencer ao efetivo de sua corporação, sendo mantido o credenciamento se o credenciado se aposentar como Guarda Municipal;

II – concedido gratuitamente e legalmente e reconhecido em todo o território nacional como documento funcional e pessoal.

§ 3º As competências previstas nos incisos I e II deste artigo poderão ser delegadas aos Conselhos Regionais das Guardas Municipais, onde houver, os quais, quando criados, mediante convênio entre os Estados, terão suas competências próprias definidas no convênio, observadas as competências cometidas ao Conselho Federal.

§ 4º O funcionamento e o emprego das Guardas Municipais dar-se-ão após registro, por tempo indeterminado, no Conselho Federal das Guardas Municipais.

O artigo vinte da proposição pode ser suprimido, uma vez que a matéria já tem previsão na legislação que disciplina o Fundo Nacional de Segurança Púbica.

Por fim, o artigo vinte e um merece duas alterações. A primeira é que a regulamentação de lei ordinária, no âmbito

do Poder Executivo, se faz por decreto, no uso do seu poder administrativo denominado “poder normativo ou poder regulamentar” e não por lei complementar. A lei complementar é um ato normativo primário cuja matéria é expressamente reservada pela Constituição Federal, não se prestando à regulamentação de lei ordinária.

A segunda é que não é possível estabelecer, em lei ordinária, prazo para o Poder Executivo praticar ato de sua estrita competência, sob pena de se estar ferindo a independência dos Poderes.

Por isso, estamos propondo para o artigo vinte e um, que passa a ser numerado como artigo quinze, no Substitutivo, a seguinte redação:

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Art. 15. O Poder Executivo regulamentará esta lei. No artigo vinte e dois, que passa a ser numerado como artigo

dezesseis, deve ser suprimida a expressão “revogadas as disposições em contrário”.

Com relação ao Substitutivo apresentado pelo nobre Deputado Alberto Fraga, entendemos que ele deva ser rejeitado, porque sua motivação principal está em dissonância com a idéia que motivou a proposição, que é a de empregar, de forma autônoma, as Guardas Municipais nas ações de segurança pública.

O Substitutivo, em sua maior parte, repete, apenas com alteração de redação, o conteúdo do Projeto de Lei nº 1.332, de 2003, do Deputado Arnaldo Faria de Sá. No mérito, as alterações promovidas, a título de corrigir uma eventual inconstitucionalidade do emprego das Guardas Municipais em ações de polícia ostensiva e manutenção da ordem pública, restringe a competência das Guardas Municipais às ações de proteção de seus bens, serviços e instalações e de educação, orientação, fiscalização e controle de trânsito nas vias e logradouros municipais.

Porém, de forma contraditória, prevê a possibilidade de as Guardas Municipais serem empregadas, sob a coordenação da Polícia Militar, em ações de policiamento ostensivo, desde que haja convênio entre o município e o Estado-membro. Ora, se a competência de policiamento ostensivo, no âmbito estadual, é, como sustenta o Autor do Substitutivo, exclusiva da Polícia Militar, por força de disposição constitucional, não poderá um convênio – ato infraconstitucional – delegar essa competência para a Guarda Municipal. Assim, a solução apontada pelo Substitutivo como forma de corrigir uma alegada inconstitucionalidade do projeto de lei sob análise seria também inconstitucional.

Como a redação original do Projeto de Lei nº 1.332, de 2003, com as alterações que sugerimos, mostra-se mais adequada para o atendimento das reais necessidades da população residente nos municípios brasileiros, impõe-se a rejeição do Substitutivo do ilustre Deputado Alberto Fraga.

Em essência, pelas mesmas razões apresentadas para a rejeição do Substitutivo do Deputado Alberto Fraga, entendemos que deve ser rejeitado, também, o Substitutivo proposto pelo insigne Deputado Cabo Júlio, com a agravante de que este Substitutivo disciplina questões que se inserem na competência administrativo-

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financeira do município, como por exemplo, fixação de número de guardas municipais em razão do número de habitantes do município.

Por fim, os Projetos de Lei nos. 2.857 e 3.854, ambos de 2004, versam sobre matéria que já foi disciplinada pela Lei nº 10.867, de 12 de maio de 2004, que alterou a Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003. Assim, está superada a discussão sobre o tema, motivo pelo qual estas proposições devem ser rejeitadas.

Em face do exposto, voto: a) pela aprovação do Projeto de Lei nº 1.332, de 2003, nos

termos do Substitutivo em anexo; e b) pela rejeição: do Substitutivo ao Projeto de Lei nº 1.332,

de 2003, apresentado pelo Deputado Alberto Fraga, do Substitutivo ao Projeto de Lei nº 1.332, de 2003, apresentado pelo Deputado Cabo Júlio, e dos Projetos de Lei n

os. 2.857, de 2004, e

3.854, de 2004.

Sala da Comissão, em de de 2004.

Deputado Ronaldo Vasconcellos Relator

COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI Nº 1.332, DE 2003

Dispõe sobre as atribuições e competências comuns das Guardas Municipais do Brasil; regulamenta e disciplina a constituição, atuação e manutenção das Guardas Municipais como órgãos de segurança pública em todo o Território Nacional e dá outras providências.

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O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Às Guardas Municipais, cujos integrantes são

servidores policiais civis e agentes da autoridade policial, para todos os efeitos legais, no âmbito do território municipal onde servem, compete:

I – prevenir, proibir, inibir e restringir ações nefastas de pessoas que atentem contra os bens, serviços e instalações municipais;

II – educar, orientar, fiscalizar, controlar e policiar o trânsito nas vias e logradouros municipais, visando a segurança e a fluidez no tráfego;

III – vigiar e proteger o patrimônio ecológico, cultural, arquitetônico e ambiental do Município, adotando medidas educativas e preventivas;

IV – exercer o poder de polícia com o objetivo de proteger a tranqüilidade e segurança dos cidadãos;

V – colaborar, com os órgãos estaduais para o desenvolvimento e o provimento da Segurança Pública no Município, visando o cessamento das atividades que violarem as normas de saúde, de higiene e de segurança e a funcionalidade, a moralidade ou quaisquer outros aspectos relacionados com o interesse do Município;

VI – participar das atividades de Defesa Civil. Parágrafo Único – Para efeito do disposto nos incisos II, V e VI,

as Guardas Municipais poderão receber cooperação técnico-financeira do Estado e da União, através da celebração de Convênios entre as respectivas Prefeituras dos municípios e os órgãos competentes do Poder Público Estadual e/ou Federal, objetivando atendimento pleno das necessidades municipais.

Art. 2º As Guardas Municipais desempenharão missões eminentemente preventivas, zelando pelo respeito à Constituição, às leis e a proteção do patrimônio público municipal.

Art. 3º As Guardas Municipais, além da execução de atividades voltadas para a segurança e apoio aos cidadãos, as quais serão realizadas com observância dos princípios de respeito aos direitos humanos, da garantia dos direitos individuais e coletivos e do exercício da cidadania e proteção das liberdades públicas, desenvolverão atividades de caráter

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social, devendo, desde sua formação, estarem comprometidas com a evolução social da comunidade.

Art. 4º Aos municípios compete zelar pela segurança pública nos limites de seus territórios.

Parágrafo único. A lei prevista no art. 144, § 7º, da Constituição Federal, definirá as regras relativas à coordenação das ações da Guarda Municipal e dos órgãos estaduais de segurança pública, com vistas a garantir a eficiência de suas atividades.

Art. 5º As Guardas Municipais são subordinadas aos respectivos Prefeitos Municipais.

Art. 6º As Guardas Municipais colaborarão com as autoridades que estejam atuando nos municípios, especialmente no que tange à proteção do meio ambiente, ecologicamente equilibrado, e ao bem-estar da criança e do adolescente, quando solicitadas.

Art. 7º Sendo solicitados para o atendimento de ocorrências emergenciais, ou deparando-se com elas, os Guardas Municipais deverão dar atendimento imediato.

Parágrafo único. Caso o fato caracterize infração penal, os guardas municipais encaminharão os envolvidos, diretamente, à autoridade policial competente.

Art. 8º As Guardas Municipais poderão integrar as atividades policiais de envergadura realizadas no Município, quando planejadas conjuntamente.

Parágrafo único. Na realização dessas atividades, as Guardas Municipais manterão a chefia de suas frações, com a finalidade precípua de harmonizar e transmitir ordens pertinentes à consecução dos objetivos comuns.

Art. 9º Respeitadas a autonomia e as peculiaridades de cada uma das organizações, com atuação no município, poderão os responsáveis trocar informações sobre os campos de atuação de seus comandos.

Art. 10. As Guardas Municipais serão regidas por regimentos próprios, que regularão seu funcionamento.

Art. 11. Serão garantidas às prefeituras municipais dos municípios que tenham ou venham a criar Guarda Municipal, pelo órgão competente do Poder Executivo, uma linha telefônica, preferencialmente de número 1532, e uma faixa exclusiva de freqüência de rádio, para uso exclusivo da Guarda Municipal.

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Art. 12. Fica assegurado aos guardas municipais, a prisão em cela especial, isolados dos demais presos, a fim de garantir a sua segurança, quando sujeitos a medida restritiva de liberdade antes de condenação definitiva.

Art. 13. Os órgãos policiais Estaduais e Federais, quando solicitados pelos Comandos das Guardas Municipais, poderão, em coordenação com as Prefeituras Municipais interessadas, desenvolver ciclos de debates e treinamento em conjunto, visando o aprimoramento profissional e operacional do serviço de segurança a ser realizado pelas Guardas Municipais.

Art. 14. Sendo criado um Conselho Federal das Guardas Municipais, no âmbito do Poder Executivo federal, a este caberá, entre outras competências, que lhe venham a ser atribuídas:

I – realizar o registro e acompanhamento das Guardas Municipais;

II – credenciar os guardas municipais devendo constar do credenciamento a identificação da Guarda Municipal, a qualificação e a graduação do guarda municipal e a autorização para o porte de arma;

III – estabelecer diretrizes, padrões, normas e procedimentos pertinentes ao ingresso, à carreira, à formação básica e ao emprego operacional das Guardas Municipais, respeitadas a autonomia e as peculiaridades de cada município;

§ 1º O Conselho Federal das Guardas Municipais terá ainda um caráter consultivo, indicativo e de acompanhamento, junto à direção das Guardas Municipais, em consonância com as políticas municipais de segurança.

§ 2º O credenciamento de que trata o inciso II deste artigo será por tempo indeterminado, observando-se ainda os seguintes aspectos:

I – a validade se estenderá pelo tempo em que o credenciado pertencer ao efetivo de sua corporação, sendo mantido o credenciamento se o credenciado se aposentar como guarda municipal;

II – concedido gratuitamente e legalmente e reconhecido em todo o território nacional como documento funcional e pessoal.

§ 3º As competências previstas nos incisos I e II deste artigo poderão ser delegadas aos Conselhos Regionais das

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Guardas Municipais, onde houver, os quais, quando criados, mediante convênio entre os Estados, terão suas competências próprias definidas no convênio, observadas as competências cometidas ao Conselho Federal.

§ 4º O funcionamento e o emprego das Guardas Municipais dar-se-ão após registro, por tempo indeterminado, no Conselho Federal das Guardas Municipais.

Art. 15. O Poder Executivo regulamentará esta lei. Art. 16. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Sala da Comissão, em de de 2004.

Deputado Ronaldo Vasconcellos Relator

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5. A GUARDA MUNICIPAL E O PODER JUDICIARIO 1 - RHC 11938/SP; RECURSO ORDINARIO EM HABEAS

CORPUS 2001/0127472-8 Relator(a) Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA (1106) Orgão Julgador - T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento - 11/06/2002 Data da Publicação/Fonte - DJ 01.07.2002 p.00354 Ementa "RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.

PROCESSUAL PENAL. PRISÃO PREVENTIVA. Prisão cautelar decretada, com esteio no artigo 312, do CPP,

ao fundamento da necessidade de garantia da ordem pública e aplicação da lei penal. Paciente foragido do distrito de acusação.

Impetração e razões recursais que alvejam, exclusivamente ilegalidade na atuação de guardas municipais e de um policial, que ingressaram na residência do paciente, sem mandado, e efetivaram apreensão de cocaína. Argüição que não possui o condão de elidir a custódia prévia imposta. Não se trata de auto de prisão em flagrante". (grifei)

Recurso desprovido. Acórdão Por unanimidade, negar provimento ao recurso. (grifei) Referência Legislativa LEG:FED DEL:003689 ANO:1941 ***** CPP-41 CODIGO DE PROCESSO PENAL - ART:00312 Doutrina OBRA : CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ANOTADO, 15ª ED.

, SARAIVA, P. 219 AUTOR : DAMÁSIO DE JESUS Veja STJ - RHC 492-PE 2 - RHC 11396/SP; RECURSO ORDINARIO EM HABEAS

CORPUS 2001/0060928-4 Relator(a) Ministro FELIX FISCHER (1109) Orgão Julgador - T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento - 07/08/2001

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Claudio Frederico de Carvalho

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Data da Publicação/Fonte - DJ 03.09.2001 p.00230 Ementa PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS

CORPUS. DESACATO (ART. 331, CP). TIPICIDADE. O crime de desacato (conforme dicção do art. 331 do Código

Penal, parte final) configura-se, em tese, mesmo quando o funcionário público não está no regular exercício de suas atribuições, e é ofendido em razão de sua condição funcional.

Recurso desprovido. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as

acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Os Srs. Ministros Gilson Dipp, Jorge Scartezzini, Edson Vidigal e José Arnaldo da Fonseca votaram com o Sr. Ministro Relator.

Resumo Estruturado DESCABIMENTO, TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL,

ACUSADO, CRIME, DESACATO, ALEGAÇÃO, CONDUTA ATIPICA, HIPOTESE, VITIMA, GUARDA MUNICIPAL, ATRIBUIÇÃO, POLICIA MILITAR, IRRELEVANCIA, IRREGULARIDADE, EXERCICIO, FUNÇÃO PUBLICA, DECORRENCIA, CARACTERIZAÇÃO, CRIME CONTRA FUNCIONARIO PUBLICO EM RAZÃO DA FUNÇÃO.

Referência Legislativa LEG:FED DEL:002848 ANO:1940 ***** CP-40 CODIGO PENAL - ART:00331 ART:00327 Doutrina OBRA : LIÇÕES DE DIREITO PENAL, FORENSE, PARTE

ESPECIAL, V. 2 AUTOR : HELENO CLAUDIO FRAGOSO 3 - RHC 9142/SP; RECURSO ORDINARIO EM HABEAS

CORPUS 1999/0088332-2 Relator(a) Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA (1106) Orgão Julgador - T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento - 22/02/2000 Data da Publicação/Fonte - DJ 20.03.2000 p.00082LEXSTJ

VOL.:00130 p.00286 RT VOL.:00779 p.00524

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Ementa HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. GUARDA

MUNICIPAL. ENTORPECENTE. BUSCA E APREENSÃO. CRIME PERMANENTE. Em se tratando de delito de natureza permanente, é prescindível a apresentação de mandado para o efeito de apreensão da substância entorpecente e prisão do portador ou depositário. Recurso desprovido.

Acórdão Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os

Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Votaram com o Relator os Ministros EDSON VIDIGAL, FELIX FISCHER, GILSON DIPP e JORGE SCARTEZZINI.

Resumo Estruturado DESCABIMENTO, RELAXAMENTO DE PRISÃO,

DENUNCIADO, TRAFICO DE ENTORPECENTE, HIPOTESE, GUARDA MUNICIPAL, REALIZAÇÃO, PRISÃO EM FLAGRANTE, DECORRENCIA, BUSCA E APREENSÃO, ENTORPECENTE, RESIDENCIA, REU, INDEPENDENCIA, EXISTENCIA, MANDADO JUDICIAL, INEXISTENCIA, CONSTRANGIMENTO ILEGAL, CARACTERIZAÇÃO, CRIME PERMANENTE.

Referência Legislativa LEG:FED CFD:****** ANO:1988 ***** CF-88 CONSTITUIÇÃO FEDERAL ART:00005 INC:00011 ART:00144 PAR:00008 LEG:FED

LEI:006368 ANO:1976 ***** LT-76 LEI DE TOXICOS ART:00012 LEG:FED DEL:003689 ANO:1941 ***** CPP-41 CODIGO DE PROCESSO PENAL ART:00301 ART:00303 LEG:FED DEL:002848 ANO:1940 ***** CP-40 CODIGO PENAL ART:00180 Doutrina OBRA: CÓDIGO DE PROCESSO PENAL INTERPRETADO, ATLAS,

4ª ED., P. 350 AUTOR: JULIO F. MIRABETE OBRA :

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PROCESSO PENAL, ATLAS, 3ª ED., 1994, P. 362 AUTOR: JULIO F. MIRABETE 4 - RHC 7916/SP; RECURSO ORDINARIO EM HABEAS

CORPUS 1998/0066804-7 Relator(a) Ministro FERNANDO GONÇALVES (1107) Orgão Julgador -T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento - 15/10/1998 Data da Publicação/Fonte - DJ 09.11.1998 p.00175 LEXSTJ

VOL.:00115 p.00302 Ementa RHC. PRISÃO EM FLAGRANTE. GUARDA MUNICIPAL.

APREENSÃO DE COISAS. LEGALIDADE. DELITO PERMANENTE. 1. A guarda municipal, a teor do disposto no § 8°, do art. 144,

da Constituição Federal, tem como tarefa precípua a proteção do patrimônio do municipio, limitação que não exclui nem retira de seus integrantes a condição de agentes da autoridade, legitimados, dentro do princípio de auto-defesa da sociedade, a fazer cessar eventual prática criminosa, prendendo quem se encontra em flagrante delito, como de resto facultado a qualquer do povo pela norma do art. 301 do Código de Processo Penal. (grifei)

2. Nestas circunstâncias, se a lei autoriza a prisão em flagrante, evidentemente que faculta - também - a apreensão de coisas, objeto do crime.

3. Apenas o auto de prisão em flagrante e o termo de apreensão serão lavrados pela autoridade policial.

4. Argüição de nulidade rejeitada, visto que os acusados, quando detidos, estavam em situação de flagrância, na prática do crime previsto no art. 12, da Lei nº 6.368/76 - modalidade guardar substância entorpecente.

5. RHC improvido. Acórdão Por unanimidade, negar provimento ao recurso. Resumo Estruturado LEGALIDADE, PRISÃO EM FLAGRANTE, APREENSÃO,

ENTORPECENTE, HIPOTESE, GUARDA MUNICIPAL, PERSEGUIÇÃO, REU, APRESENTAÇÃO, AUTORIDADE POLICIAL,

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LAVRATURA, APREENSÃO, AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, CRIME, GUARDA, ENTORPECENTE, CRIME PERMANENTE.

Referência Legislativa LEG:FED CFD:****** ANO:1988 ***** CF-88 CONSTITUIÇÃO FEDERAL ART:00144 PAR:00008 LEG:FED DEL:003689 ANO:1941 ***** CPP-41 CODIGO DE PROCESSO PENAL ART:00301 Doutrina OBRA: CÓDIGO DE PROCESSO PENAL INTERPRETADO, 4ª

ED., ATLAS, P. 350 AUTOR : MIRABETE 5 - CC 4276 / SP ; CONFLITO DE COMPETENCIA

1993/0003678-5 Relator(a) Ministro EDSON VIDIGAL (1074) Orgão Julgador - S3 - TERCEIRA SEÇÃO Data do Julgamento - 16/09/1993 Data da Publicação/Fonte - DJ 04.10.1993 p.20494 RT

VOL.:00702 p.00413 Ementa GUARDA METROPOLITANO. CRIME COMUM.

COMPETENCIA. 1. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 144, PAR. 8,

AUTORIZA O MUNICIPIO A CONSTITUIR GUARDA MUNICIPAL DESTINADA A PROTEÇÃO DE SEUS BENS, SERVIÇOS E INSTALAÇÕES.

2. NÃO SENDO OS INTEGRANTES DA GUARDA METROPOLITANA DE SÃO PAULO, CAPITAL, POLICIAIS MILITARES, NEM BOMBEIROS MILITARES, OS CRIMES QUE LHES SEJAM IMPUTADOS SERÃO SEMPRE DA COMPETENCIA DA JUSTIÇA COMUM, AINDA QUE PRATICADOS NO HORARIO DE SERVIÇO. (grifei)

3. CONFLITO CONHECIDO; COMPETENCIA DO JUIZO SUSCITADO.

Acórdão POR UNANIMIDADE, CONHECER DO CONFLITO E

DECLARAR COMPETENTE O SUSCITADO, JUIZO DE DIREITO DA

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2A. VARA CRIMINAL DO FORO REGIONAL DE SÃO MIGUEL PAULISTA-SP.

Resumo Estruturado COMPETENCIA JURISDICIONAL, JUSTIÇA COMUM,

JULGAMENTO, GUARDA MUNICIPAL, SP, HIPOTESE, AGRESSÃO FISICA, VITIMA, VIA PUBLICA, IRRELEVANCIA, OCORRENCIA, CRIME, HORARIO, SERVIÇO, DECORRENCIA FALTA, INTEGRAÇÃO, QUADRO DE CARREIRA, POLICIA MILITAR, AFASTAMENTO, COMPETENCIA, JUSTIÇA MILITAR.

Referência Legislativa LEG:FED CFD:000000 ANO:1988 ***** CF-88 CONSTITUIÇÃO FEDERAL ART:00125 PAR:00004 ART:00144 PAR:00008 6 - SUSPENSÃO DE SEGURANÇA Nº 1.314 - SP

(2003/0237037-0) Relator(a) Ministro NILSON NAVES Data da Publicação - DJ 09.03.2004 DECISÃO O Município de Campinas, com fulcro no art. 25 da Lei nº

8.038/90, vem requerer a suspensão da medida liminar concedida nos autos do Mandado de Segurança nº 353.758.5/7, em trâmite no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. ...... ...e outros impetraram mandado de segurança com pedido liminar contra ato judicial exarado pelo Juiz da 2ª Vara Cível de Campinas, que julgou improcedente o pedido feito nos autos da Ação Popular nº 2.375/2003, ajuizada pelos ora impetrantes. A finalidade da ação popular era impedir a instalação, por parte da municipalidade, de base da Guarda Municipal na praça Santa Rosa, localizada no Distrito de Souzas, em Campinas. Para tanto, alegaram que houve desvirtuamento da finalidade do bem, visto que a praça se trata de bem público, isto é, de uso comum do povo. Assim, a medida liminar foi deferida nos seguintes termos (fls. 31 e 32): " (retirei o nome do autor da ação)

Vistos. 1. Trata-se de Mandado de Segurança impetrado por ......

...e outros, contra os efeitos da sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Campinas, julgando

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improcedente ação popular ajuizada pelos impetrantes, visando a suspensão da edificação de posto policial, na Praça Santa Rosa, situada do Distrito de Souzas, em Campinas, considerando haver desvirtuamento do bem de uso comum do povo. Questionam o decisório judicial, que partiria de premissa equivocada e diante do prejuízo público com o reinício da obra, orçado em R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais), já que revogada a liminar deferida de início. Pedem liminar, levando em conta não haver recurso para suspender aquela obra. (retirei o nome do autor da ação)

2. A título provisório, relegando para oportunidade ulterior o exame da adequação do mandado em pauta, verifica-se que, em princípio, não estando previsto o efeito suspensivo para sentença, como a proferida, em tese, mostra-se possível a mandamental para questionar as conseqüências do reinício da obra aludida, ao menos, alerte-se, até que a C. Turma Julgadora avalie, de forma mais aprofundada, o direito dos impetrantes, donde a natureza parcial da cautela. Presentes, os requisitos legais, defiro, em parte, a liminar, até reanálise da questão pelo eminente relator a ser sorteado. "Sustenta, em síntese, o requerente que a decisão impugnada tem o condão de causar lesão à segurança e à economia públicas. A uma, porque impede a administração de proporcionar à população a segurança devida com a instalação de Guardas Municipais. A duas, porque o material de construção já foi adquirido e encontra-se estocado no armazém da empresa contratada, no entanto as placas de madeira tendem a perecer com a suspensão das obras, o que certamente trará dano aos cofres municipais (fl. 11). Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal, na pessoa da Subprocuradora-Geral Maria Caetana Cintra Santos, opina pelo deferimento da suspensão, ao fundamento da "potencialidade lesiva da manutenção da liminar concedida, no que tange à incolumidade da população, e à integridade da economia pública" (fl. 163). (grifei)

Relatei. Decido. Com efeito, a drástica medida da suspensão de liminar deferida

em mandado de segurança somente tem vez quando demonstrado que da decisão atacada resulta sério dano a pelo menos um dos bens tutelados pela norma de regência. Tenho que, na hipótese, restou demonstrada a potencialidade danosa da decisão questionada, consoante os argumentos trazidos à baila pelo requerente, sobretudo no que concerne à segurança pública.

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Conforme se infere dos autos, a própria população de Campinas clama pela instalação dos postos de guarda, manifestando-se em favor disso por meio de abaixo-assinado e de ofício da Secretaria de Estado da Educação. Todavia a medida urgente foi concedida em favor do interesse de particulares, em detrimento do interesse do restante da população, o que por si só embasa a concessão da contracautela aqui pleiteada. (grifei)

Diante do exposto, defiro o pedido a fim de sobrestar os efeitos da decisão proferida nos autos do Mandado de Segurança nº 353.758.5/7, em trâmite no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Comunique-se com urgência. Intime-se. Brasília, 1º de março de 2004. Ministro Nilson Naves Presidente

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6. A GUARDA MUNICIPAL E O ESTADO DO PARANÁ

Texto atual da Constituição Estadual

CAPÍTULO II Da Organização Municipal

Art. 17. Compete aos Municípios: .... XI – instituir guardas municipais incumbidas da proteção de

seus bens, serviços e instalações, na forma da lei.

CAPÍTULO IV Da Segurança Pública

Art. 46. A Segurança Pública, dever do Estado, direito e

responsabilidade de todos, é exercida, para a preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio, pelos seguintes órgãos:

I - Polícia Civil; II - Polícia Militar; III - Polícia Científica. Parágrafo único: O Corpo de Bombeiros é integrante da Polícia

Militar. ***

Para que as Guardas Municipais no Estado do Paraná sejam

efetivamente reconhecidas e valorizadas no ordenamento jurídico estadual, faz-se necessário a sua inclusão no art. 46 e a conseqüente revogação do inciso XI do art. 17 da Constituição do Estado do Paraná, vindo a dispor sobre as competências da guarda municipal.

Esta alteração somente poderá ser possível, mediante proposta de emenda à Constituição do Estado do Paraná, e tem como objetivo primordial, refletir o que a Carta Constitucional Federal já reconhece, ou seja, visa a restituir ao mundo jurídico estadual a máxima de que as Guardas Municipais são órgãos públicos gestores da Segurança Pública Municipal.

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7. A GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA E A LEGISLAÇÃO MUNICIPAL

7.1. LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO

A Lei Orgânica do Município de Curitiba, promulgada em 05 de

abril de 1990, em seu artigo 102, seguindo a facultas agendi originária do artigo 144, § 8º, da Constituição da República Federativa do Brasil, inseriu o presente texto:

“Art. 102 O Município manterá uma guarda municipal para a

proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme disposto em lei”. (grifei)

O Município de Curitiba através da Assembléia Municipal

Constituinte, demonstrando respeito para com o cidadão curitibano, acolheu esta faculdade emanada da Assembléia Constituinte Federal, onde não apenas trouxe parte do texto constitucional, mas também optou em não apenas considerar a manutenção da Guarda Municipal uma faculdade, mas sim, tornando-a uma norma agendi.

7.2. LEI DE CRIAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA

Lei 6867/ 86

"Autoriza a criação da ¹Guarda Municipal e dá providências

correlatas".

A Câmara Municipal de Curitiba, Capital do Estado do Paraná, decretou e eu, Prefeito Municipal sanciono a seguinte lei:

Art. 1º Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a criar Guarda Municipal.

Art. 2º São atribuições da Guarda Municipal: I. exercer a vigilância interna e externa sobre os próprios

municipais, parques, jardins, escolas, teatros, museus, bibliotecas, cemitérios, mercados, feiras-livres, no sentido de:

a) protegê-los dos crimes contra o patrimônio; b) orientar o público e o trânsito de veículos, em caráter auxiliar

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à Policia Militar; c) prevenir a ocorrência, internamente, de qualquer ilícito penal; d) controlar a entrada e a saída de veículos; e) prevenir sinistros, atos de vandalismo e danos ao

patrimônio. II. Garantir os serviços de responsabilidade do Município e,

bem assim, sua ação fiscalizadora no desempenho de atividade de polícia administrativa, nos termos das Constituições Federal e Estadual e da Lei Orgânica.

§ 1º A Guarda Municipal deverá atuar em sintonia com os organismos policiais do Estado, dentro de suas atribuições específicas.

§ 2º A Guarda Municipal colaborará, quando solicitado, com as tarefas atribuídas à defesa civil na ocorrência de calamidades públicas e grandes sinistros.

§ 3º Será atribuição da Guarda Municipal, igualmente o desempenho das tarefas enumeradas no “caput” deste Artigo no âmbito das autarquias, fundações e empresas de economia mista municipais.

²§ 4º - O efetivo de pessoal da Guarda Municipal será prioritariamente empregado na vigilância das escolas da Rede Municipal de Ensino, atendendo-se às demais atribuições previstas neste artigo, apenas na medida da disponibilidade remanescente de pessoal.

²§ 5º - Para atender a vigilância das escolas, utilizar-se-á preferencialmente, integrante da Guarda Municipal que resida próximo à unidade escolar respectiva.

Art. 3º A Guarda Municipal será chefiado por um Diretor, cargo de provimento em comissão.

Parágrafo único. 0 Serviço será dividido em tantos agrupamentos quantos se fizerem necessários ao desempenho de suas tarefas, com respectivas Chefias

Art. 4º o efetivo de pessoal da Guarda Municipal terá seu número previamente fixado em Decreto do Chefe do Executivo.

§ 1º O pessoal admitido para a Guarda Municipal reger-se-á pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pelo Regulamento Geral próprio.

§ 2º A admissão far-se-á. de modo a avaliar-se as condições físicas, psicológicas e culturais dos candidatos, assim como seus

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antecedentes, indispensáveis ao desempenho de sua missão. § 3º O pessoal admitido será devidamente treinado, podendo,

para tanto, ser firmado convênios com organismos policiais do Estado do Paraná ou com outras entidades públicas.

Art. 5º O Regulamento Geral da Guarda Municipal dispondo sobre a distribuição e coordenação de suas atividades, as atribuições específicas das unidades que o constituem, bem como as normas próprias aplicáveis ao seu pessoal, será expedido, mediante Decreto, pelo Prefeito Municipal.

Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

PALÁCIO 29 MARÇO, em 17 de julho de 1986.

Roberto Requião de Mello e Silva

Prefeito Municipal

1 Lei 7356/89: dá nova redação ¹Guarda Municipal 2- Lei 7360/89 Acrescenta parágrafos 4° e 5º ao Art. 2º.

7.3. PRIMEIRO REGULAMENTO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA

Decreto nº 535/88 Aprova o Regulamento Geral do Departamento do Serviço

Municipal de Vigilância. O PREFEITO MUNICIPAL DE CURITIBA, CAPITAL DO

ESTADO DO PARANÁ, no uso de suas atribuições legais, com fundamento na Lei Orgânica do município e na Lei 6867, de 17 de julho de 1986, decreta:

Art. 1º Fica aprovado o Regulamento Geral do Departamento do Serviço Municipal de Vigilância, constante do anexo ao presente decreto.

Art. 2º Este decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

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PALÁCIO 29 DE MARÇO, em 30 de novembro de 1988.

Roberto Requião de Mello e Silva Prefeito Municipal

Erickson Diotalevi

Secretário Municipal Da Administração

ANEXO I REGULAMENTO GERAL DO DEPARTAMENTO DO

SERVIÇO MUNICIPAL DE VIGILÂNCIA (GUARDA MUNICIPAL)

CAPÍTULO I Da Denominação

Art. 1º O presente Regulamento Geral disciplina o funcionamento e dispõe sobre a estrutura básica do Departamento do Serviço Municipal de Vigilância.

CAPÍTULO II

Dos Objetivos Art. 2º O Departamento do Serviço Municipal de Vigilância tem

por objetivos: I. Garantir o funcionamento dos serviços de responsabilidade

do Município, e , bem como, a sua ação fiscalizadora no desempenho de atividades de polícia administrativa.

II. Exercer a vigilância interna e externa sobre os próprios municipais, estações e terminais viários, parques, jardins, escolas, creches, teatros, postos de saúde, museus, bibliotecas, cemitérios, mercados, feiras-livres e áreas de estacionamento no sentido de:

a) protegê-los dos crimes contra o patrimônio; b) prevenir a ocorrência, internamente, de qualquer ilícito

penal; c) controlar a entrada e a saída de veículos; d) prevenir sinistros; e) coibir atos de vandalismo e danos ao patrimônio. III. Prestar colaboração à defesa civil, bem como, na prevenção

e combate a incêndios, inundações e outras atividades de vigilância e fiscalização que lhe forem atribuídas.

IV. Orientar o público e o trânsito de veículos, em caráter

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auxiliar à Polícia Militar. Art. 3º As atividades do Departamento do Serviço Municipal de

Vigilância enumeradas neste Capítulo abrangem os edifícios dos órgãos da administração indireta do Município de Curitiba.

Art. 4º O Departamento do Serviço Municipal de Vigilância, da Secretaria de Governo Municipal, tem a seguinte estrutura orgânica funcional: DEPARTAMENTO DO SERVIÇO MUNICIPAL DE VIGILÂNCIA GM C-2 Diretor Secretaria Executiva GM -1 FG-3 Chefe da Secretaria Assistência da Direção GM -2 FG-3 Assistente Divisão de Operações Gerais GM -3 FG-3 Chefe da Divisão Serviço de Controle de Trânsito GM –3.1 FG-2 Chefe de Serviço Serviço de Proteção GM –3.2 FG-2 Chefe de Serviço Seção de Proteção à Freguesia da Matriz GM –3.2.1 FG-1 Chefe de Seção Seção de Proteção à Freguesia do Portão GM -3.2.2 FG-1 Chefe de Seção Seção de Proteção à Freguesia do Boqueirão GM -3.2.3 FG-1 Chefe de Seção Seção de Proteção à Freguesia do Cajurú GM -3.2.4 FG-1 Chefe de Seção Seção de Proteção à Freguesia do Pinheirinho GM -3.2.5 FG-1 Chefe de Seção Seção de Proteção à Freguesia do Umbará GM -3.2.6 FG-1 Chefe de Seção Seção de Proteção à Freguesia do Boa Vista GM -3.2.7 FG-1 Chefe de Seção Seção de Proteção à Freguesia de Santa Felicidade GM -3.2.8 FG-1 Chefe de Seção Seção de Proteção à Freguesia de Campo Comprido GM -3.2.9 FG-1 Chefe de Seção Serviço de Vigilância GM –3.3 FG-2 Chefe de Serviço

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Divisão de Apoio Logistico GM -4 FG-3 Chefe da Divisão Serviço de Comunicação GM –4.1 FG-2 Chefe de Serviço Seção de Armas e Munições GM –4.1.1 FG-1 Chefe de Seção Divisão Administrativa GM -5 FG-3 Chefe da Divisão Serviço de Controle de Pessoal GM –5.1 FG-2 Chefe de Serviço Seção de Cadastro GM –5.1.1 FG-1 Chefe de Seção Seção de Direitos e Deveres GM –5.1.2 FG-1 Chefe de Seção Serviço de Bens Patrimoniais GM –5.2 FG-2 Chefe de Serviço Serviço Financeiro GM –5.3 FG-2 Chefe de Serviço Serviço de Material GM –5.4 FG-2 Chefe de Serviço Serviço de Documentação e Arquivo GM –5.5 FG-2 Chefe de Serviço Serviço de Transportes GM –5.6 FG-2 Chefe de Serviço Serviço Gerais GM –5.7 FG-2 Chefe de Serviço Seção de Protocolo GM –5.7.1 FG-1 Chefe de Seção Seção de Cantina GM –5.7.2 FG-1 Chefe de Seção Seção de Limpeza GM –5.7.3 FG-1 Chefe de Seção Divisão de Instrução GM -6 FG-3 Chefe da Divisão Serviço de Ensino GM –6.1 FG-2 Chefe de Serviço Serviço de Instrução Policial e Técnica GM –6.2 FG-2 Chefe de Serviço Divisão Técnica GM -7

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FG-3 Chefe da Divisão Serviço de Planejamento e Avaliação GM –7.1 FG-2 Chefe de Serviço Serviço de Orientação e Acompanhamento GM –7.2 FG-2 Chefe de Serviço

Parágrafo único. Ficam criadas as funções gratificadas

mencionadas neste artigo. CAPÍTULO IV

Das Atribuições SEÇÃO I

Das Diretoria Art. 5º A Diretoria do Departamento do Serviço Municipal de

Vigilância, compete: a) a direção geral do Departamento; b) a coordenação de todas as atividades do Departamento; c) a supervisão das tarefas atribuídas às divisões do

Departamento; d) a decisão final nas questões decorrentes de deliberações

tomadas pelas chefias subordinadas.

SUB-SEÇÃO ÚNICA Da Secretaria Executiva

Art. 6º À Secretaria Executiva compete o desenvolvimento de todas as atividades do Secretariado.

SEÇÃO II Da Assistência da Direção

Art. 7º À Assistência da Direção, compete: a) estudar, preparar, instruir e minutar os processos e

expedientes internos e externos a serem encaminhados à decisão do Diretor do Departamento;

b) assistir o Diretor do Departamento em seus atos e na aplicação de penalidades;

c) elaborara a proposta orçamentária do Departamento, com o assessoramento do serviço financeiro da Divisão Administrativa;

d) controlar e acompanhar a execução das dotações orçamentárias do Departamento;

e) colher e prestar as informações em processos administrativos e de compras, indispensáveis à melhor decisão da

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Direção do Departamento; f) coligir as críticas, sugestões, reclamações e solicitações

originárias de fontes externas, relativas ao Departamento para encaminhá-las à Diretoria para solução.

SEÇÃO III

Das Divisões SUB-SEÇÃO I

Divisão de Operações Gerais Art. 8º À Divisão de Operações Gerais, compete: a) executar os serviços de controle de trânsito; b) coordenar as atividades de proteção na área das freguesias; c) coordenar as atividades de vigilância em geral; d) empregar racionalmente os recursos humanos e materiais

disponíveis, no sentido de aprimorar o atendimento aos que necessitarem dos seus serviços;

e) manter um agrupamento de operações de atendimento para eventos especiais, antecedendo o emprego das forças policiais;

f) solicitar à Divisão de Instrução, sempre que necessário a reciclagem de conhecimentos técnicos e de condicionamento físico de seu pessoal;

g) atuar em consonância com a Divisão Técnica; h) solicitar à Divisão de Apoio Logístico os serviços e o

equipamento de que necessitar; i) solicitar à Divisão Administrativa o abastecimento de material

e o fornecimento de veículos, para vestir e transportar o seu pessoal; j) elaborar relatórios mensais e anuais, relativos às suas

atividades; k) exercer outras atribuições determinadas pela Direção do

Departamento. SUB-SEÇÃO II

Divisão de Apoio Logístico Art. 9º À Divisão de Apoio Logístico, compete: a) executar os serviços de comunicação entre a

Direção do Departamento e a Divisão de Operações Gerais; b) coordenar os serviços de comunicação entre os

elementos da Divisão de Operações Gerais; c) prover a Divisão de Operações Gerais do

armamento e das munições necessários;

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d) elaborar relatórios mensais e anuais, relativos às suas atividades;

e) exercer outras atividades determinadas pela Direção do Departamento.

SUB-SEÇÃO III

Divisão Administrativa Art. 10 À Divisão Administrativa, compete: a) manter o cadastro atualizado de todos os servidores

do Departamento, bem como, controlar a freqüência dos mesmos; b) acompanhar o exercício dos direitos e deveres do

pessoal do Departamento; c) executar a programação das atividades da

administração de pessoal; d) registrar os bens patrimoniais do Departamento: e) executar todas as atividades financeiras do

Departamento; f) colaborar com a Assistência da Direção na

elaboração da proposta orçamentária; g) exercer o controle, manutenção e fornecimento do

material; h) organizar e manter atualizado o arquivo de

documentos do Departamento; i) organizar a biblioteca do Departamento; j) prestar os serviços de transporte necessários à

Direção e a todas as Divisões do Departamento; k) controlar a movimentação dos veículos do

Departamento; l) manter os veículos em condições de funcionamento; m) executar as atividades de protocolo; n) administrar a cantina do Departamento; o) executar os serviços de limpeza das instalações do

Departamento; p) executar outros serviços gerais que se fizerem

necessários; q) elaborar relatórios mensais e anuais, relativos às

suas atividades; r) exercer outras atividades determinadas pela Direção

do Departamento.

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SUB-SEÇÃO IV Divisão de Instrução

Art. 11 À Divisão de Instrução, compete: a) programar e ministrar o ensino relativo aos

integrantes da carreira de guarda Municipal; b) preparar e executar as provas de habilitação, para

os candidatos à carreira de Guarda Municipal; c) controlar a freqüência às aulas ministradas pela

Divisão; d) avaliar o aproveitamento do pessoal na formação

teórica e na instrução policial; e) realizar cursos de treinamento e aperfeiçoamento; f) submeter à reciclagem de conhecimentos técnicos e

de condicionamento físico, os elementos indicados pela Divisão de Operações Gerais;

g) dar instrução física aos integrantes da carreira de Guarda Municipal;

h) ministrar conhecimentos técnicos de segurança e defesa pessoal;

i) fornecer conhecimentos gerais sobre legislação penal, civil, administrativa e de trânsito;

j) elaborar relatórios mensais e anuais, relativos às suas atividades;

k) exercer outras atividades determinadas pela Direção do Departamento.

SUB-SEÇÃO V

Divisão Técnica Art. 12 À Divisão Técnica, compete: a) planejar e avaliar as atividades operacionais do

Departamento; b) orientar e acompanhar as atividades operacionais do

Departamento, a serem desenvolvidas pelas Divisões de Operações Gerais e de Apoio Logístico;

c) elaborar relatórios mensais e anuais, relativos às suas atividades;

d) exercer outras atividades determinadas pela Direção do Departamento.

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CAPÍTULO V Da Carreira de Guarda Municipal

SEÇÃO I Constituição

Art. 13 A carreira da Guarda Municipal é constituída das

seguintes classes: (nominadas pela ordem hierárquica decrescente). Guarda Municipal de 3ª. Classe. Guarda Municipal de 2ª. Classe. Guarda Municipal de 1ª. Classe. Sub-Inspetor. Inspetor. Inspetor de Área.

SEÇÃO II Admissão

Art. 14 A admissão para a carreira de Guarda Municipal será feita através de concurso público e o ingresso dar-se-á no nível inicial da Classe de Guarda Municipal de 3ª. Classe.

Parágrafo único. O concurso público de que trata este artigo será constituído por duas fases:

I. Provas escritas de conhecimentos e exame de investigação de conduta, exame patológico, exame de saúde e exame de aptidão física.

II. Curso de Formação técnico-profissional. Art. 15 Na inscrição para o concurso público previsto no artigo

antecedente, serão admitidos candidatos do sexo masculino e do sexo feminino, de conformidade com o número de vagas previamente fixado.

Art. 16 O edital de abertura das inscrições para o ingresso na carreira de Guarda Municipal, conterá o respectivo prazo e as condições gerais.

Art. 17 As condições gerais exigidas dos candidatos à inscrição no concurso previsto no art.15, são as seguintes:

I. Ser brasileiro nato ou naturalizado. II. Possuir certificado de reservista de 1ª. Categoria (para

candidatos do sexo masculino). III. Estar apto física e mentalmente. IV. Ser eleitor.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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V. Ter bons antecedentes. VI. Haver concluído o 1º Grau de Escolaridade. VII. Possuir, no mínimo, 1,70m de altura. VIII. Haver completado 18 anos de idade, e, ter no

máximo, 35 anos no ato da inscrição. SEÇÃO III

Atribuições Específicas

Art. 18 Ao Inspetor de Área, compete: a) coordenar e supervisionar as atividades dos Guardas

Municipais da área de jurisdição da Freguesia respectiva, no Município de Curitiba;

b) manter intercâmbio com os servidores dos órgãos públicos existentes na sua área;

c) propor medidas para o aperfeiçoamento da Guarda municipal;

d) dar conhecimento aos seus subordinados, das ordens emanadas da Direção da guarda municipal;

e) elaborar relatórios mensais e anuais, relativos às suas atividades;

f) exercer outras atividades técnicas determinadas pela Direção do Departamento;

Art. 19 Ao Inspetor compete: a) distribuir as tarefas dos Sub-Inspetores, e transmitir a estes

as ordens emanadas da Direção da Corporação, conhecidas através do Inspetor de Área de sua jurisdição;

b) elaborar as escalas de serviço dos Guardas Municipais em atividades na Freguesia a que pertence;

c) fiscalizar o policiamento na área de sua jurisdição; d) fiscalizar o trato dos Guardas Municipais para com o

público; e) inspecionar o emprego do armamento; f) encaminhar ao Inspetor de Área as dúvidas e os conflitos

que não possa solucionar; g) participar da instrução dos Guardas municipais que

exercerão atividades na sua Freguesia; h) fazer rondas periódicas nos postos de policiamento da

Guarda Municipal, da área de sua jurisdição; i) substituir o Inspetor de Área na ausência;

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j) prestar assistência ao Inspetor de Área quando este solicitar;

k) elaborar relatórios mensais e anuais, relativos às suas atividades;

l) exercer outras atividades técnicas determinadas pela Direção do Departamento;

Art. 20. Ao Sub-Inspetor compete: a) distribuir as tarefas dos Guardas Municipais, e transmitir a

estes as ordens emanadas da Direção mencionadas na alínea “a” do art.19;

b) elaborar as escalas de serviços; c) inspecionar o emprego do armamento; d) fazer rondas permanentes nos postos de policiamento; e) orientar diretamente os Guardas Municipais nas situações

decorrentes de suas atividades; f) fiscalizar a atuação dos Guardas Municipais; g) inspecionar a apresentação dos Guardas Municipais; h) intermediar a colaboração entre os Guardas Municipais e os

servidores de outros órgãos públicos; i) dar toda a orientação possível aos Guardas municipais no

desempenho de suas atribuições; j) prestar assistência direta aos Inspetores de sua área de

jurisdição; k) prestar assistência subsidiária ao Inspetor de área da

Freguesia onde presta serviço; l) elaborar relatórios mensais e anuais, relativos às suas

atividades; m) exercer outras atividades técnicas determinadas pela

Direção do Departamento; Art. 21. Ao Guarda Municipal de 1ª. ,2ª. E 3ª. Classes,

respeitada a ordem hierárquica, compete: a) executar o policiamento ostensivo, preventivo, uniformizado

e armado; b) exercer a vigilância interna e externa prevista no inciso II, do

art. 2º, do presente regulamento; c) garantir o funcionamento dos serviços da responsabilidade

do Município de Curitiba; d) dar garantia às atividades de polícia administrativa no

âmbito do Município;

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e) prestar colaboração à defesa civil; f) colaborar na prevenção e combate de incêndios e

inundações; g) orientar o público em geral, quando for necessário; h) orientar, fiscalizar e controlar o trânsito municipal de

pedestres e veículos; i) colaborar com diversos órgãos públicos nas atividades que

lhe digam respeito; j) cumprir fielmente as ordens emanadas de seus superiores

hierárquicos; k) exercer outras atividades determinadas pela Direção do

Departamento.

SEÇÃO IV Ascensão Funcional

Art. 22 Ao ascensão funcional do Guarda Municipal de 3ª

Classe aos cargos imediatamente superiores na escala hierárquica estabelecida pelo art. 13, obedecerá a critérios de acesso fixadas em decreto.

SEÇÃO V

Regime Jurídico Art. 23 Os integrantes da carreira de Guarda Municipal serão

Regidos da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT. Art. 24 Além dos direitos trabalhistas que lhe são garantidos

pela CLT, os membros da Guarda Municipal terão direito a porte de arma, devidamente regularizado.

Art. 25 Além dos deveres estipulados pela CLT, cabe aos ocupantes dos cargos da carreira de Guarda Municipal, cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens de serviço.

SEÇÃO VI

Cursos Art. 26 Os integrantes da carreira de Guarda Municipal deverão

participar de cursos de caráter periódico e permanente, além dos de formação.

§ 1º São cursos de caráter periódico: a) de treinamento;

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b) de aperfeiçoamento ou especialização; c) de reciclagem de conhecimentos técnicos e de

condicionamento físico. § 2º São cursos de caráter permanente: a) de técnicas de segurança e de defesa pessoal; b) de instrução policial. Art. 27 Independentemente da participação nos cursos

mencionados no artigo anterior, será ministrada instrução física freqüente aos integrantes da carreira de Guarda Municipal.

SEÇÃO VII Uniforme

Art. 28 A definição e o uso dos uniformes da carreira de Guarda Municipal e seus acessórios constarão de regulamento próprio.

CAPÍTULO VI

Da Composição das Chefias do Departamento Art. 29 No Departamento do Serviço Municipal de Vigilância

(Guarda Municipal) existirão as seguintes chefias: I Diretor. II Assistente da Direção. III Chefe de Divisão. IV Chefe de Serviço. V Chefe de Seção. V Secretaria-Executiva. Art. 30 Para ocupar o cargo de Diretor, serão exigidos os

seguintes requisitos: a) formação superior de Bacharel em Direito; b) experiência na área de segurança pública; c) conduta ilibada notória. Art. 31 A sub-chefia do Departamento (Assistência da Direção),

será exercida por um Inspetor de Área. Art. 32 As chefias das Divisões serão exercidas por Inspetores

de Área. Parágrafo único. Em caráter especial, a chefia das Divisões

Administrativa e de Instrução poderá ser exercida por profissional especializado na respectiva área.

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Art. 33 As Chefias do Serviços e das Seções, das Divisões Administrativa e Técnica da Guarda Municipal serão exercidas por servidores da Prefeitura que preencherem os requisitos exigidos.

Art. 34 As Chefias dos Serviços e Seções das demais Divisões, serão exercidas por Inspetores.

Parágrafo único. As chefias dos Setores que vierem a ser criadas na Seção de Proteção às Freguesias, serão exercidas por Sub-Inspetores.

Art. 35 Para a função de Secretaria Executiva dar-se-á preferência a servidor de curso de secretariado.

CAPÍTULO VII

Disposições Transitórias Art. 36 O provimento inicial dos cargos de Inspetor e Sub-

Inspetor dar-se-á, em caráter precário, com o aproveito dos 12 (doze) primeiros Guardas Municipais aprovados no concurso público para a classe (3a.), por ordem de classificação, e nas avaliações periódicas, posteriormente, realizadas pela Direção do Departamento do Serviço Municipal de Vigilância.

§ 1º Os Guardas Municipais de que trata esse artigo serão designados para ocupar as funções gratificadas-FG, respectivamente, nas Divisões de Apoio Logístico, de Operações Gerais e de Instrução, e, sob o título de Supervisores, através de portaria.

Art. 37 Enquanto inexistirem ocupantes do cargo de Inspetor

de Área, a função gratificada de Assistente da Direção poderá ser exercida, a título precário, por pessoa que preencha os requisitos estabelecidos no artigo 30.

CAPÍTULO VIII

Disposições Gerais Art. 38 Fazem parte integrante deste Regulamento Geral, os

Anexos I e II, relativos, respectivamente às matérias contidas nos artigos 13 e 29.

Art. 39 Os integrantes da Carreira de Guarda Municipal poderão portar armas, em todo o território do Município, para a defesa da população, quando no exercício das atribuições inerentes ao seu cargo.

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§ 1º No documento de identificação dos integrantes da carreira de Guarda Municipal, deverá constar expressamente a autorização de porte de arma de que trata este artigo.

§ 2º As armas aludidas neste artigo, bem como o seu respectivo porte, ficarão sob o controle da Direção do Departamento do Serviço Municipal de Vigilância.

Art. 40 Os níveis que constituirão as diversas classes da carreira de Guarda Municipal são as constantes do anexo I, referido no artigo 13, identificados por algarismos arábicos, seguindo o símbolo GMG.

Art. 41 O salário dos integrantes da carreira de Guarda Municipal constarão em tabela própria nos decretos de sua fixação baixadas pelo Prefeito.

Art. 42 Este regulamento entrará em vigor na data da publicação do decreto de sua aprovação.

7.4. LEI Nº 10.630, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2002

"Transforma a carreira de Segurança Municipal, da

Administração Direta, prevista na Lei Municipal nº 7670/91 e suas alterações."

A CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA, CAPITAL DO

ESTADO DO PARANÁ, aprovou e eu , Prefeito Municipal, sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO I

DA ESTRUTURA DA CARREIRA E SUAS DIRETRIZES BÁSICAS

Art. 1º. Fica transformada, na Administração Municipal, a Carreira de Segurança Municipal prevista na Lei nº 7670, de 10 de junho de 1991 e suas alterações.

Art. 2º. A Carreira de Segurança Municipal está voltada para a valorização e incentivo ao profissional que apresentar resultados para a melhoria da qualidade da segurança municipal, na proteção à população, aos bens, serviços e próprios do Município de Curitiba.

Art. 3º. Para efeitos desta lei entende-se por: I - Segurança Municipal - o conjunto formado pelos titulares do

cargo único de Guarda Municipal;

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II - Guarda Municipal - o servidor investido no cargo, que exerce atividades de planejamento, coordenação, execução, controle, orientação e fiscalização inerentes à política de segurança do Município, objetivando a proteção da população e dos próprios municipais.

III - Quadro - quantitativo de cargos, composto por: a) Parte Permanente - estruturada em 03 (três) níveis de igual

natureza e crescente complexidade, composta por servidores com formação em nível médio e curso de formação técnico-profissional para Guarda Municipal;

b) Parte Especial - a ser progressivamente extinta, conforme art. 24, desta lei, composta pelos atuais ocupantes dos cargos de Agente de Segurança e Guarda Municipal, cuja escolaridade é de nível básico.

IV - Carreira - o conjunto de níveis de natureza operacional semelhante, dispostos em ordem crescente, segundo a complexidade das atribuições e o merecimento do servidor.

V - Cargo - a vaga no quadro, correspondente ao conjunto de atribuições e responsabilidades, prevista na estrutura da carreira.

VI - Nível - conjunto de atribuições diferenciadas, de acordo com o grau de complexidade e responsabilidade, das atividades;

VII - Crescimento Horizontal - passagem de uma referência para a seguinte, dentro do mesmo nível, mediante procedimento específico;

VIII - Crescimento Vertical por Merecimento - passagem de um nível para outro imediatamente superior, mediante procedimento específico;

IX - Padrão - a faixa de vencimentos composta de várias referências;

X - Referência - a posição distinta na faixa de vencimentos de cada padrão, ocupada pelos respectivos titulares do cargo, na tabela salarial;

XI - Formulário de Gestão Profissional - instrumento no qual estão contidos os dados que envolvem aspectos referentes ao desempenho das atividades próprias do cargo, bem como aspectos de desenvolvimento profissional contínuo de cada servidor, previstos para a realização e obtenção do crescimento horizontal;

XII - Formulário de Avaliação de Reconhecimento Pessoal e Profissional - instrumento no qual estão contidas as informações

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necessárias à aferição dos aspectos referentes às atividades efetivamente desenvolvidas pelo servidor, que possam conduzir à promoção por merecimento, considerando aspectos de complexidade, responsabilidade, criação e inovação, previstos para a realização e obtenção do crescimento vertical;

XIII - Formulário de Avaliação Funcional - instrumento no qual estão contidas as informações necessárias à aferição dos aspectos referentes à área de atividade e às obrigações funcionais do servidor, previstas para a participação no Procedimento de Transição.

Art. 4º. A Carreira de Segurança Municipal tem como princípios básicos:

I - a mobilidade que permita ao Guarda Municipal, nos limites legais vigentes, a prestação de serviços de segurança de excelência;

II - o desenvolvimento profissional co-responsável, que possibilite o estabelecimento de trajetórias na carreira;

III - o crescimento horizontal e vertical por merecimento, de acordo com a regulamentação da presente lei.

CAPÍTULO II

DA ESTRUTURA DA CARREIRA Art. 5º. A Carreira da Segurança Municipal é constituída pelo

cargo único de Guarda Municipal, estruturado em 3 (três) níveis: I - Nível I - formação de nível médio e curso de Formação

Técnico-Profissional para Guarda Municipal; II - Nível II - formação de nível médio, curso de Formação

Técnico-Profissional e Aperfeiçoamento para Guarda Municipal; III - Nível III - formação de nível médio, curso de Formação

Técnico-Profissional, Aperfeiçoamento para Guarda Municipal e cursos adicionais voltados ao exercício do cargo.

Parágrafo único. No desenvolvimento das atividades típicas de Guarda Municipal os integrantes do Nivel II terão hierarquia sobre o Nível I e os do Nível III sobre os Níveis II e I, na forma do regimento interno específico.

Art. 6º. O curso de Formação Técnico-Profissional a que alude o inciso I do art. 5º será ofertado a todos os titulares do cargo, como capacitação em serviço, imediatamente após a investidura.

Parágrafo único. O conteúdo mínimo para o curso previsto neste artigo, será definido na regulamentação da presente lei.

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CAPÍTULO III DA INVESTIDURA

Art. 7º. A investidura no cargo dar-se-á por concurso público, no Nível I da Parte Permanente, com escolaridade de nível médio.

Parágrafo único. O vencimento básico inicial será o indicado para a Parte Permanente na tabela constante no Anexo I da presente lei.

Art. 8º. O concurso público de que trata o art. 7º, deverá ser composto das seguintes fases, de caráter eliminatório e/ou classificatório:

I - prova escrita de conhecimentos; II - prova de aptidão física; III - avaliação psicológica, inclusive com análise de perfil para o

cargo e habilitação para porte de arma; IV - investigação de conduta; V - exame médico ocupacional. § 1º. As fases acima relacionadas poderão ser realizadas em

etapas distintas conforme edital específico. § 2º. O edital de concurso público determinará, entre os

candidatos classificados em cada etapa, o número daqueles que poderão participar das etapas posteriores, observada sempre a ordem classificatória.

CAPÍTULO IV DO CRESCIMENTO HORIZONTAL E VERTICAL POR

MERECIMENTO Seção I

Do Crescimento Horizontal Art. 9º. O crescimento horizontal consiste na passagem de uma

referência para a seguinte, de acordo com o número de vagas ofertadas, dentro do mesmo nível.

Parágrafo único. As condições para a realização deste procedimento serão as contidas nesta seção, bem como na regulamentação específica.

Art. 10. Poderão concorrer ao crescimento horizontal os servidores ativos, ocupantes do cargo de Guarda Municipal, pertencentes tanto à parte Permanente quanto à Parte Especial, desde que preenchidas as seguintes condições:

I - estabilidade no cargo; II - cumprimento dos deveres funcionais;

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III - efetivo exercício das atribuições no cargo; IV - atingimento da pontuação mínima no Formulário de Gestão

Profissional. § 1º. Os procedimentos específicos de crescimento horizontal

ocorrerão a cada 2 (dois) anos. § 2º. O servidor ocupante do cargo de Guarda Municipal, em

efetivo exercício das atribuições do cargo, que obtiver a classificação para o crescimento horizontal, avançará 01 (uma) referência na tabela salarial a cada procedimento.

§ 3º. A Administração garantirá, mediante inserção em tópico específico da Lei de Diretrizes Orçamentárias, o mínimo de vagas para o crescimento horizontal, considerando sempre 80% (oitenta por cento) do total do quadro de servidores ocupantes do cargo.

§ 4º. Para participar do procedimento de crescimento horizontal o servidor ocupante do cargo de Guarda Municipal deverá apresentar, devidamente preenchido, o formulário de Gestão Profissional cujo conteúdo será regulamentado em decreto específico.

§ 5º. O primeiro procedimento de que trata o "caput" deste artigo será deflagrado em até 12 (doze) meses contados da vigência desta lei.

Seção II Do Crescimento Vertical por Merecimento

Art. 11. O crescimento vertical consiste na passagem de um nível para outro superior, condicionado à disponibilidade orçamentária e abertura de Procedimento Seletivo Específico pela Administração, de acordo com a regulamentação da presente lei.

Art. 12. Para participação no crescimento vertical deverão ser preenchidas as seguintes condições:

I - ser estável; II - estar em efetivo exercício das atribuições do cargo, na

Parte Permanente do quadro; III - ter cumprido com os deveres funcionais; Art. 13. O procedimento de crescimento vertical será composto

das seguintes fases, de caráter eliminatório e/ou classificatório: I - aferição de conhecimentos compatíveis com o acréscimo de

responsabilidade e complexidade existente entre o nível ocupado e o pretendido;

II - prova de títulos

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III - pontuação mínima no Formulário de Avaliação de Reconhecimento Pessoal e Profissional;

IV - exame médico-ocupacional; Art. 14. O servidor que obtiver classificação para o crescimento

vertical, passará para o nível seguinte com ganho de 8,636% (oito vírgula seiscentos e trinta e seis por cento) sobre a referência que ocupava.

Art. 15. Para a realização de cada procedimento de crescimento vertical, a Administração fixará mediante inserção em tópico específico de Lei Orçamentária, o número de vagas a serem ofertadas.

Art. 16. Para a realização do procedimento seletivo específico de crescimento vertical, fica a Administração Municipal autorizada a proceder a transferência e distribuição do total de vagas previstas no art. 20, entre os níveis da carreira de Segurança Municipal, desde que precedida de definição na Lei Orçamentária daquele mesmo exercício.

Art. 17. O primeiro procedimento de Crescimento Vertical por Merecimento será deflagrado em até 18 (dezoito) meses, contados da vigência da presente lei.

Seção III Da Qualificação Profissional

Art. 18. O integrante da carreira de Segurança Municipal deverá qualificar-se, aperfeiçoar-se e especializar-se na área própria de sua carreira, objetivando a capacitação permanente através de programas de formação e aperfeiçoamento de caráter obrigatório e desenvolvimento continuado.

Parágrafo único. A Secretaria Extraordinária de Defesa Social deverá garantir oportunidades de condicionamento físico permanente a todos os integrantes da carreira de Segurança Municipal.

CAPÍTULO V DA REMUNERAÇÃO

Seção I Dos Vencimentos Art. 19. A remuneração do servidor enquadrado no cargo de

Guarda Municipal em decorrência desta lei, corresponderá ao padrão e referência da tabela constante no Anexo I, Parte Especial ou Parte Permanente, de valor igual ou imediatamente superior ao seu vencimento básico atual, acrescida das vantagens pecuniárias a que fizer jus.

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Art. 20. O número total de vagas do Quadro da carreira de Segurança Municipal fica fixado em 2.300 (duas mil e trezentas), assim distribuídas I - Parte Especial - 1.179 (uma mil, cento e setenta e nove); II - Parte Permanente - 1.121 (uma mil cento e vinte e uma), sendo: a) ocupadas - 42 (quarenta e duas); b) em aberto - 1.079 (uma mil e setenta e nove).

Parágrafo único. Os números constantes neste artigo serão atualizados por decreto, com base no quantitativo total existente na data da publicação da presente lei.

Seção II

Dos Procedimentos Iniciais e da Sistemática de Reenquadramento

Art. 21. O processo de reenquadramento previsto nesta lei, Anexo II, na Parte Especial ou na Parte Permanente, será efetivado observando os seguintes critérios:

I - serão reenquadrados na Parte Especial os ocupantes dos cargos de Guarda Municipal e de Agente de Segurança cuja investidura tenha observado qualificação de 1º grau completo ou 4ª série do 1º grau, respectivamente, conforme a Lei Municipal nº 7670/91;

II - serão reenquadrados na Parte Permanente, Nível II, os Guardas Municipais que ocupam atualmente, conforme Lei nº 7670/91, o cargo de Supervisor.

§ 1º. O reenquadramento previsto neste artigo será realizado sem prejuízo dos vencimentos dos servidores reenquadrados.

§ 2º. Os Guardas Municipais que ocupam atualmente, conforme Lei nº 7670/91, o cargo de Supervisor serão reenquadrados no Nível II, Padrão 132, Referência "D", da tabela constante no Anexo I.

Art. 22. Aos atuais inativos e benefícios decorrentes da carreira de Segurança Municipal, fica assegurada a reclassificação de acordo com o cargo em que se deu a aposentadoria.

Art. 23. Quando da publicação da presente lei, os integrantes do cargo de Agente de Segurança, na Lei 7670/91, ativos e inativos, serão reenquadrados 02 (duas) referências acima daquela em que se encontrarem.

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CAPÍTULO VI DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 24. Fica assegurada aos servidores ativos, enquadrados na Parte Especial do Quadro, a mudança para a Parte Permanente, observadas as seguintes condições:

I - para aqueles que de acordo com a Lei Municipal nº 7670/91 ocupavam o cargo de Guarda Municipal:

a) comprovação de escolaridade de ensino médio completo; b) prova escrita de conhecimentos relativos ao conteúdo de

escolaridade de nível médio; c) atingimento de pontuação mínima no Formulário de

Avaliação Funcional; II - para aqueles que de acordo com a Lei Municipal nº 7670/91

ocupavam o cargo de Agente de Segurança: a) comprovação de escolaridade de ensino médio completo; b) prova escrita de conhecimentos relativos ao conteúdo de

escolaridade de nível médio; c) atingimento de pontuação mínima no Formulário de

Avaliação Funcional; d) curso de Formação Técnico-Profissional, abrangendo

conteúdos de legislação, técnicas operacionais, avaliação psicológica para porte de arma em serviço e dinâmicas relacionais;

§ 1º. A mudança da Parte Especial para a Parte Permanente será efetivada através de Procedimento Específico de Transição que deverá ser deflagrado anualmente, até dezembro de 2010, observadas as condições previstas na regulamentação da presente lei.

§ 2º. Os ocupantes do cargo de Agente de Segurança aprovados no Procedimento Específico de Transição, passarão à Parte Permanente do Quadro, sendo reenquadrados no Nível I, Padrão 129, Referência D.

§ 3º. Os ocupantes do cargo de Guarda Municipal aprovados no Procedimento Específico de Transição, passarão à Parte Permanente do Quadro, sendo reenquadrados no Nível I, Padrão 129, Referência D.

§ 4º. Os servidores aprovados no Procedimento Específico de Transição, relativo ao cargo de Guarda Municipal I, deverão ficar 02 (dois) anos, no mínimo, em efetivo exercício das atribuições próprias do cargo, na Secretaria Extraordinária de Defesa Social.

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§ 5º. Após a homologação de cada Procedimento Específico de Transição realizado, serão extintos os cargos ocupados na Parte Especial pelos servidores que participaram do processo e as respectivas vagas remanejadas para a Parte Permanente do Quadro, até a total extinção da Parte Especial.

§ 6º. O cargo ocupado na Parte Especial que se tornar vago em conseqüência de aposentadoria, exoneração, demissão ou óbito, será imediatamente transferido para a Parte Permanente do Quadro.

§ 7º. Não haverá limite de vagas, quando da realização de cada procedimento de transição.

§ 8º. Todos os efeitos funcionais e financeiros decorrentes do Procedimento de Transição se produzirão a partir do primeiro dia do mês subseqüente à homologação do procedimento.

Art. 25. As normas referentes ao crescimento horizontal constante da Seção I do Capítulo IV desta lei se aplicam também à Parte Especial do Quadro.

Art. 26. Os decretos necessários à regulamentação da presente lei deverão ser editados no prazo de 60 (sessenta) dias a partir da data de sua publicação.

Art. 27. Contra os atos determinados por esta lei, o ocupante do cargo de Guarda Municipal poderá interpor recurso administrativo junto ao Núcleo de Recursos Humanos da Secretaria Municipal de Administração, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, contado a partir da data da sua publicação.

Art. 28. Fica vedada aos atuais inativos decorrentes do quadro de Segurança Municipal anterior à presente lei, qualquer das formas de crescimento e movimentação previstas neste diploma.

Art. 29. Terá direito a participar dos procedimentos de crescimento vertical e horizontal somente o servidor ocupante do cargo de Guarda Municipal que estiver desenvolvendo suas atividades na Secretaria Extraordinária de Defesa Social.

Art. 30. Será criada, por portaria do Secretário Municipal de Recursos Humanos, uma Comissão Executiva para a realização dos procedimentos de Transição e de Crescimento Horizontal e Vertical por Merecimento.

Parágrafo único. A comissão será constituída por representantes da Secretaria Municipal de Recursos Humanos, Secretaria Extraordinária de Defesa Social, 01 (um) representante da

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Procuradoria Geral do Município e 01 (um) membro representante da categoria da Guarda Municipal.

Art. 31. As despesas decorrentes da aplicação desta lei, correrão por conta do orçamento próprio do Poder Executivo.

Art. 32. O servidor ocupante do cargo de Guarda Municipal que for indiciado por autoridade policial pela prática de crime, deverá ser de imediato afastado do desempenho das atribuições próprias do cargo, exceto as administrativas e burocráticas, com a finalidade exclusiva de proteção ao interesse público.

§ 1º. Verificada a hipótese prevista no "caput" deste artigo, o titular da Secretaria Extraordinária de Defesa Social deverá comunicar o fato à Procuradoria Geral do Município, para instauração de processo administrativo disciplinar.

§ 2º. Na hipótese de servidor em estágio probatório aplicar-se-á o disposto no "caput" deste artigo, bem como o preceituado no art. 3º da Lei Municipal nº 9723/99, com remessa à Procuradoria Geral do Município para apuração em caráter prioritário.

Art. 33. Fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o direito de se inscrever nos concursos públicos a serem realizados para provimento do cargo de Guarda Municipal I, em igualdade de condições com os demais candidatos, observadas as disposições contidas no Decreto Municipal nº 252/2002.

Art. 34. Aos candidatos portadores de deficiência que, no momento da inscrição do concurso, declararem, sob as penas da lei, estar enquadrados na definição do art. 4º do Decreto Municipal nº 252/2002, será reservado 5% (cinco por cento) do total das vagas ofertadas no edital.

Art. 35. A investidura no cargo de Guarda Municipal a candidatos portadores de deficiência que tenham participado do concurso público específico e obtido classificação em vagas reservadas, estará condicionada à comprovação de aptidão plena para o exercício do cargo, a ser aferida em avaliação específica, nos termos dos arts. 13 e 14 do Decreto Municipal nº 252/2002 e disposições aplicáveis desta lei.

Art. 36. A Secretaria Municipal de Recursos Humanos deverá realizar, periodicamente, avaliação de aptidão física e psicológica ocupacional, em todos os integrantes da Carreira de Segurança Municipal.

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Art. 37. Os integrantes da Carreira de Segurança Municipal poderão portar armas, em todo o território do Município, para a proteção da população, dos próprios municipais e para autodefesa, quando no exercício das atribuições inerentes ao cargo de Guarda Municipal.

§ 1º. A autorização prevista no "caput" deste artigo deverá ser mencionada expressamente no documento de identificação dos integrantes da Carreira de Segurança Municipal, nos seguintes termos: "PORTE DE ARMA EXCLUSIVAMENTE EM SERVIÇO, AUTORIZADO PELO ART. 37, DA LEI MUNICIPAL ...."

§ 2º. A obtenção do porte de armas ficará condicionada a aprovação em avaliação psicológica para habilitação ao porte e uso de armas em serviço.

§ 3º. Estão dispensados da avaliação mencionada no parágrafo anterior os servidores que, antes da vigência desta lei, eram detentores do cargo de Guarda Municipal, por já terem passado pela aferição específica.

§ 4º. A Secretaria Municipal de Recursos Humanos deverá realizar, em periodicidade a ser estabelecida pela Administração, avaliação psicológica para habilitação ao porte e uso de armas em serviço.

Art. 38. Não serão aplicáveis à Carreira de Segurança Municipal criada por esta lei, as seguintes disposições legais:

I - Lei nº 6.867, de 17 de julho de 1986; II - Lei nº 7.356, de 05 de outubro de 1989; III - Lei nº 7.360, de 27 de outubro de 1989; IV - arts. 5º e 6º da Lei nº 8.164, de 11 de maio de 1993; V - Lei nº 8.340, de 10 de dezembro de 1993; VI - Lei nº 7.670, de 10 de junho de 1991; VII - Lei nº 7.703, de 23 de agosto de 1991; VIII - art. 1º, da Lei nº 8.542, de 10 de outubro de 1994; IX - art. 1º, da Lei nº 8.579, de 27 de dezembro de 1994; X - art. 7º, da Lei nº 8.606, de 17 de abril de 1995; XI - Decreto nº 452, de 12 de agosto de 1991; XII - Decreto nº 140, de 18 de março de 1992; XIII - Anexo I-G do Decreto nº 196, de 14 de fevereiro de 1995; XIV - Decreto nº 181, de 07 de fevereiro de 1995. Art. 39. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação. PALÁCIO 29 DE MARÇO, em 30 de dezembro de 2002.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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7.5 DECRETO Nº 100, DE 29 DE JANEIRO DE 2003 “Aprova especificações, atribuições, tarefas típicas,

requisitos e demais características do cargo da carreira de Segurança Municipal.”

O PREFEITO MUNICIPAL DE CURITIBA, CAPITAL DOS

ESTADO DO PARANÁ, no uso de suas atribuições legais, considerando o disposto no Art. 39, da Constituição Federal, Art. 33, da Constituição do Estado do Paraná e no Art. 88, da Lei Orgânica do Município de Curitiba, decreta:

Art. 1º Ficam aprovadas as especificações, atribuições, tarefas

típicas, requisitos e demais características pertinentes ao cargo de Guarda Municipal, da carreira de Segurança Municipal, do Quadro de Pessoal da Administração Direta, na forma do anexo, que passa a fazer parte integrante deste decreto.

Art. 2º Este decreto entrará em vigor na data de sua

publicação, revogadas as disposições referentes aos cargos de Agente de Segurança, Guarda Municipal, Supervisor, Subinspetor e Inspetor do Decreto no 181/95.

PALÁCIO 29 DE MARÇO, em 29 de janeiro de 2003.

Cassio Taniguchi

PREFEITO MUNICIPAL

Marisa Cardoso Marés De Souza SECRETÁRIA MUNICIPAL DE RECURSOS HUMANOS

Sanderson Diotalevi

SECRETÁRIO MUNICIPAL EXTRAORDINÁRIO DA DEFESA SOCIAL

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Claudio Frederico de Carvalho

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ANEXO DECRETO Nº 100/03

CARREIRA

SEGURANÇA MUNICIPAL

CARGO

GUARDA MUNICIPAL

NÍVEL CARGA HORÁRIA SEMANAL

ESPECIAL (A SER EXTINTA CONFORME DISPOSTO NO ART. 24 DA LEI Nº 10.630/02) 40

horas

SUMÁRIO DAS ATRIBUIÇÕES

Executar a guarda e vigilância dos prédios próprios municipais e suas imediações, além de outros equipamentos municipais.

Executar o policiamento ostensivo, preventivo, uniformizado e armado, exercendo a segurança interna e externa dos próprios municipais.

TAREFAS TÍPICAS

Exercer a vigilância de edifícios públicos municipais, controlando a entrada de pessoas, adotando providências tendentes a evitar roubos, furtos, incêndios e outras danificações na área sob a sua guarda.

Efetuar rondas periódicas de inspeção nos prédios municipais e imediações, examinando portas, janelas e portões, para assegurar-se de que estão devidamente fechados.

Impedir a entrada, no prédio ou em áreas adjacentes, de pessoas estranhas ou sem autorização, fora de horário de trabalho, convidando-as a se retirarem como medida de segurança.

Comunicar à chefia imediata qualquer irregularidade ocorrida durante seu plantão, para que sejam tomadas as devidas providências.

Zelar pelo prédio e suas instalações (jardins, pátios, cercas, muros, portões, sistemas de iluminação e outros) levando ao conhecimento de seu superior qualquer fato que dependa de serviços especializados para reparo e manutenção.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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Inspecionar as dependências dos próprios, fazendo rondas nos períodos diurno e noturno. fiscalizando portões de entrada e saída, controlando pessoas e veículos.

Executar a proteção interna e externa dos próprios municipais. Prestar colaboração à defesa civil. Colaborar na prevenção e combate de incêndios e inundações. Orientar o público em geral, quando necessário. Orientar, fiscalizar e controlar o trânsito municipal de pedestres

e veículos, na área de suas atribuições. Colaborar com os diversos órgãos públicos nas atividades que

lhe dizem respeito. Operar equipamentos de comunicação. Dirigir viaturas, conforme escala de serviço. Fazer a manutenção do armamento. Cumprir fielmente as ordens emanadas de seus superiores

hierárquicos. Elaborar relatórios relativos às suas atividades. Desempenhar outras atividades correlatas.

ESCOLARIDADE

Ensino Fundamental.

OUTROS REQUISITOS

Disponibilidade para trabalhar em regime de escala de serviço. Aptidão plena para o exercício do cargo.

*****

CARREIRA

SEGURANÇA MUNICIPAL

CARGO

GUARDA MUNICIPAL

NÍVEL CARGA HORÁRIA SEMANAL

I 40 horas

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Claudio Frederico de Carvalho

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SUMÁRIO DAS ATRIBUIÇÕES

Executar policiamento ostensivo, preventivo, uniformizado e armado, na proteção à população, bens, serviços e instalações do Município de Curitiba.

TAREFAS TÍPICAS

Desempenhar atividades de proteção do patrimônio público municipal no sentido de prevenir a ocorrência interna e externa de qualquer infração penal, inspecionando as dependências dos próprios, fazendo rondas nos períodos diurno e noturno, fiscalizando a entrada e saída, controlando o acesso de pessoas, veículos e equipamentos.

Prestar colaboração e orientar o público em geral, quando necessário.

Apoiar e garantir as ações fiscalizadoras e o funcionamento dos serviços de responsabilidade do Município.

Executar atividades de socorro e proteção às vítimas de calamidades públicas, participando das ações de defesa civil.

Orientar, fiscalizar e controlar o trânsito municipal de pedestres e veículos na área de suas atribuições.

Efetuar a segurança de autoridades municipais, quando necessário.

Colaborar na prevenção e combate de incêndios e no suporte básico da vida, quando necessário.

Colaborar com os diversos Órgãos Públicos, nas atividades que lhe dizem respeito.

Operar equipamentos de comunicações. Dirigir viaturas, conforme escala de serviço. Fazer manutenção do armamento de 1º escalão. Elaborar relatórios de suas atividades. Cumprir fielmente as ordens emanadas de seus superiores

hierárquicos. Desempenhar outras atividades correlatas.

ESCOLARIDADE

Ensino médio completo.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Curso de Formação Técnico-Profissional para Guarda Municipal.

Noções básicas de microinformática, envolvendo sistema operacional e aplicativos.

OUTROS REQUISITOS

Carteira Nacional de Habilitação. Disponibilidade para trabalho em regime de escala de serviço. Aptidão plena para o exercício do cargo.

*****

CARREIRA

SEGURANÇA MUNICIPAL

CARGO

GUARDA MUNICIPAL

NÍVEL CARGA HORÁRIA SEMANAL

II 40 horas

SUMÁRIO DAS ATRIBUIÇÕES

Executar policiamento ostensivo, preventivo, uniformizado e armado, na proteção à população, bens, serviços e instalações do Município.

Desempenhar atividades de supervisão e ronda nos postos de policiamento da Guarda Municipal de Curitiba.

TAREFAS TÍPICAS

Desempenhar atividades de supervisão e rondas nos próprios do Município.

Distribuir as tarefas aos seus subordinados – integrantes da Guarda Municipal I e Parte Especial –e/ou transmitir ordens e orientação de seus superiores hierárquicos.

Orientar e fiscalizar a atuação dos seus subordinados - integrantes da Guarda Municipal I e Parte Especial – no trato com o público e nas situações decorrentes de suas atividades.

Elaborar escalas de serviço.

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Claudio Frederico de Carvalho

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Inspecionar o armamento e os equipamentos que serão utilizados.

Apurar os fatos disciplinares de que tiver conhecimento, através de “Procedimento Sumário”, propondo as medidas que se fizerem necessárias, ao seu superior hierárquico.

Escriturar o “Livro de Registro de Atividades” da área a que está jurisdicionado, zelando pela exatidão das informações.

Inspecionar a apresentação individual dos seus subordinados – integrantes da Guarda Municipal I e Parte Especial – e tomar as providências necessárias.

Operar equipamentos tecnológicos que proporcionem maior segurança aos próprios municipais, como: sistema de monitoramento de alarmes, câmeras de vídeo, etc.

Zelar pela disciplina de seus subordinados – integrantes da Guarda Municipal I e Parte Especial.

Desenvolver ações educativas e preventivas de defesa social junto à comunidade em geral.

Desempenhar atividades de proteção ao patrimônio público municipal, no sentido de prevenir a ocorrência interna e externa de qualquer infração penal, inspecionando as depe4ndências dos próprios, fazendo rondas nos períodos diurno e noturno.

Prestar colaboração e orientar o público em geral, quando necessário.

Apoiar e garantir as ações fiscalizadoras e o funcionamento dos serviços de responsabilidade do Município.

Apoiar as ações de socorro e proteção às vítimas de calamidades públicas, participando das ações de defesa civil.

Orientar, fiscalizar e controlar o trânsito municipal de pedestres e veículos na área de suas atribuições, quando necessário.

Efetuar a segurança de autoridades municipais, quando necessário.

Colaborar na prevenção e combate de incêndios e no suporte básico da vida, quando necessário.

Colaborar com os diversos Órgãos Públicos, nas atividades que lhe dizem respeito.

Operar equipamentos de comunicações. Dirigir viaturas, quando necessário. Elaborar relatórios de suas atividades.

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Cumprir fielmente as ordens emanadas de seus superiores hierárquicos.

Desempenhar outras atividades correlatas.

ESCOLARIDADE

Ensino médio completo.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Curso de Aperfeiçoamento para Guarda Municipal.

OUTROS REQUISITOS

Disponibilidade para trabalho em regime de escala de serviço. Aptidão plena para o exercício do cargo.

*****

CARREIRA

SEGURANÇA MUNICIPAL

CARGO

GUARDA MUNICIPAL

NÍVEL CARGA HORÁRIA SEMANAL

III 40 horas

SUMÁRIO DAS ATRIBUIÇÕES

Executar policiamento ostensivo, preventivo, uniformizado e armado, na proteção à população, bens, serviços e instalações do Município.

Desempenhar atividades de supervisão e ronda nos postos de policiamento da Guarda Municipal de Curitiba.

Desempenhar atividades de planejamento, gerenciamento e coordenação, das ações de defesa social do Município de Curitiba.

TAREFAS TÍPICAS

Planejar e gerenciar o emprego do efetivo de sua responsabilidade para fazer frente às necessidades de segurança do Município.

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Atuar como consultor de defesa social, propondo e desenvolvendo ações de co-responsabilidade entre os órgãos públicos, sociedade civil e comunidade em geral.

Orientar diretamente os seus subordinados – integrantes da Guarda Municipal II, Guarda Municipal I e Parte Especial – nas situações decorrentes de suas atividades.

Intermediar a colaboração entre os seus subordinados, – integrantes da Guarda Municipal II, Guarda Municipal I e Parte Especial – servidores de outros órgãos públicos e a comunidade em geral.

Planejar e coordenar os serviços e operações de sua área de jurisdição.

Supervisionar a elaboração das escalas de serviço. Estudar, propor e desenvolver medidas para o aperfeiçoamento

de seus subordinados – integrantes da Guarda Municipal II, Guarda Municipal I e Parte Especial.

Inspecionar o emprego de armamentos e equipamentos utilizados.

Apurar os fatos disciplinares de que tiver conhecimento, através de “Procedimento Sumário”, propondo as medidas que se fizerem necessárias, ao seu superior hierárquico.

Desempenhar atividades de supervisão e rondas nos próprios do município, se necessário.

Distribuir as tarefas aos seus subordinados – integrantes da Guarda Municipal, Guarda Municipal II e Parte Especial – e/ou transmitir as ordens e orientações de seus superiores hierárquicos.

Orientar e fiscalizar a atuação dos seus subordinados, – integrantes da Guarda Municipal II, Guarda Municipal I e Parte Especial – no trato com o público e nas situações decorrentes de suas atividades.

Inspecionar a apresentação individual dos seus subordinados – integrantes da Guarda Municipal II, Guarda Municipal I e Parte Especial – e tomar as providências necessárias.

Planejar a implementação de equipamentos tecnológicos que proporcionem maior segurança aos próprios municipais, tais como: sistema de monitoramento de alarmes, câmeras de vídeo, etc.

Zelar pela disciplina de seus subordinados – integrantes da Guarda Municipal II, Guarda Municipal I e Parte Especial .

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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Planejar e coordenar ações educativas e preventivas de defesa social junto à comunidade em geral.

Prestar colaboração e orientar o público em geral, quando necessário.

Apoiar e garantir as ações fiscalizadoras e o funcionamento dos serviços de responsabilidade do Município.

Apoiar e coordenar as ações de socorro e proteção às vítimas de calamidades públicas, participando das ações de defesa civil.

Gerir e supervisionar ações de controle do trânsito municipal de pedestres e veículos na área de suas atribuições, quando necessário.

Coordenar a segurança de autoridades municipais, quando necessário.

Coordenar as ações de prevenção e combate a incêndios e no suporte básico da vida, quando necessário.

Colaborar com os diversos Órgãos Públicos, nas atividades que lhe dizem respeito.

Elaborar relatórios de suas atividades. Cumprir fielmente as ordens emanadas de seus superiores

hierárquicos. Desempenhar outras atividades correlatas.

ESCOLARIDADE

Ensino médio completo.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cursos adicionais voltados ao exercício do cargo.

OUTROS REQUISITOS

Disponibilidade para trabalhar em regime de escala de serviço. Aptidão plena para o exercício do cargo.

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8. AS GUARDAS MUNICIPAIS NO BRASIL 8.1.GUARDA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO – RJ http://www.rio.rj.gov.br/gmrio/ 1 – Grupamento de Cães de Guarda O Grupamento de Cães de Guarda (GCG) foi criado em 24 de

março de 1994 com a finalidade de auxiliar patrulhas em ruas, monumentos e prédios públicos do Centro e Zona Sul. O programa foi iniciado com seis pastores alemães sem pedigree. Hoje, são 44 animais – 38 pastores alemães com pedigree, quatro labradores, um rotweiller e um fox paulistinha - e uma estrutura de 48 boxes instalados na sede do grupo, no antigo Cemitério de Cães do Município, em São Cristóvão.

Para cuidar dos cães, a Guarda conta com 67 agentes (sendo cinco mulheres), entre eles 42 adestradores formados no Curso de Adestramento ministrado por profissionais da Polícia Militar do Estado do Rio, Polícia do Exército e da área jurídica, com aulas de legislação de animais. Desde 2001, com a chegada da atual administração da GM-Rio, o Canil passou a contar em sua equipe com dois veterinários.

A prioridade do GCG é o patrulhamento no Aterro do Flamengo (MAM e Orla 3), Praça Salgado Filho (entorno do Aeroporto Santos Dumont), Passeio Público, Parque dos Patins e Corte do Cantagalo (na Lagoa), Praça Afonso Pena (na Tijuca) e Centro Administrativo São Sebastião

(sede da Prefeitura do Rio). A jornada dos cães é de oito horas diárias, envolvendo um total de 16 animais por dia.

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Também em 2001, foi criada a Equipe de Showdog - com seis dos 38 pastores alemães - que faz demonstração em praças, parques e outros pontos públicos, mostrando brincadeiras e truques que fazem parte do treinamento, como atividades de obediência com guia e sem guia. Recorrendo a atividades recreativas, o programa busca integrar ainda mais as comunidades com a Guarda Municipal, através das ações do Grupamento de Cães de Guarda. A Equipe de Showdog já se apresentou em diversos bairros, como Tijuca, Méier, Barra da Tijuca, Lagoa Rodrigo de Freitas, Glória, entre outros. Acompanhe a agenda e assista a apresentação dos cães em escolas, torneios, festivais e eventos em geral.

Em projeto inédito, o GCG está adestrando quatro labradores para auxiliar a Defesa Civil Municipal nas buscas de vítimas de deslizamentos e desabamentos e no resgate de pessoas perdidas em matas. Os animais foram adquiridos em julho de 2003 e iniciaram o treinamento, aperfeiçoando o faro para busca de pessoas em escombros e outras situações que possam ser usadas em apoio à Defesa Civil. Com grande poder de faro, os labradores são treinados através de brincadeiras tipo esconde-esconde, onde um recipiente com odores de sangue, suor e tecidos de cadáver é enterrado para que os cães, estimulados pelos guardas condutores, tentem localiza-lo.

Grupamento de Cães de Guarda Endereço: Rua Bartolomeu de Gusmão, 1.100, Mangueira

Telefone: 2569-5292

2 – Grupamento de Ações Especiais O Grupamento de Ações Especiais (GAE) foi criado em 15 de

setembro de 1994 como uma força tarefa atuante em situações de emergência de alto risco, calamidades públicas ou de apoio à Defesa Civil. Desde outubro de 2002, seus guardas vêm participando das operações diárias de fiscalização do comércio ambulante no Centro da cidade, em apoio ao Grupamento Tático Móvel (GTM).

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Para enfrentar a reação de camelôs em situação irregular, os guardas do GAE – assim como os do GTM – utilizam equipamentos de proteção, como coletes antimotim feitos de policarbonato e revestidos com lona para amenizar a força de golpes. Eles usam ainda capacetes de fibra de carbono com protetor de nuca, caneleiras, cotoveleiras, escudo, bastão longo e tonfa, também um tipo de bastão, só que com recursos para dar mais agilidade, articulação e mobilidade ao guarda nas técnicas de defesa e imobilização.

Especialmente treinados, os guardas do GAE passaram por técnicas de montanhismo - para efetuar resgates em lugares de difícil acesso -, primeiros socorros e atendimento pré-hospitalar, proteção e escolta de autoridades públicas, inteligência e informações, noções de combate a incêndio e técnicas de abordagem, entre outros. Com sete carros, três microônibus e uma motocicleta, o

GAE conta com 80 guardas e realiza uma média anual de 800 ocorrências diversas, de atendimento ao público a ações de controle urbano.

Endereço: Avenida Pedro II, 111, São Cristóvão Telefone: 3891-3185 3 – Grupamento Especial de Trânsito Para atuar como unidade de auxílio, a Guarda Municipal criou,

em 26 de setembro de 1994, o Grupamento Especial de Trânsito (GET). Com o início da vigência do novo Código de Trânsito Brasileiro em 9 de outubro de 1997, o GET passou a controlar e fiscalizar o trânsito em toda a cidade a partir de janeiro de 1998, então dividido em GET1 (Zona Sul) e GET2 (Zona Norte).

Mas as atribuições não pararam de crescer e, para dar conta das diversificadas missões, o grupamento foi transformado em Coordenadoria de Trânsito (Ctran) em maio de 2001, contando com o maior efetivo de toda a GM-Rio. São 648 guardas (entre eles, 85 mulheres), além de 26 funcionários administrativos, com um total de 674 pessoas.

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Para agilizar e facilitar o atendimento, foram implantadas oito Subinspetorias Regionais de Trânsito em diversas áreas do Rio e uma equipe com quatro motociclistas destacados para verificar qualquer denúncia de irregularidade feita pela população através da Ouvidoria ou pelo Disque-Guarda: 0800-211532. Os motociclistas ficam de prontidão na base operacional de São Cristóvão, de onde se deslocam com mais rapidez para os pontos com problemas.

Com o objetivo de zelar pela qualidade vida do cidadão, a Coordenadoria de Trânsito assumiu ainda a função preventiva, realizando - ao longo do ano e na Semana Nacional de Trânsito, que acontece em setembro - campanhas educativas voltadas à conscientização dos motoristas. Somente em 2002 foram aplicadas 456.236 multas. Diante desse dado, foi elaborada a campanha direcionada para orientar e educar motoristas e coibir as infrações mais freqüentes, que incomodam a população ou representam risco de vida, como estacionamento irregular, falta do uso do cinto de segurança, uso de celular ao volante e excesso de velocidade.

Em 2003, a Ctran registrou 4.477 acidentes de trânsito na cidade. Com base em levantamentos e estatísticas, técnicos identificaram os pontos com os maiores índices. As avenidas Ayrton Senna e das Américas (na Barra da Tijuca) ficaram em primeiro e segundo lugares respectivamente, seguidas das Avenidas Borges de Medeiros (na Lagoa) e Atlântica (Copacabana) e Radial Oeste, no Maracanã. No entanto, para minimizar o índice de acidentes, guardas de trânsito fazem a distribuição de folhetos a motoristas alertando sobre os riscos de dirigirem alcoolizados.

Estudos da Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química – órgão que fornece os folhetos à GM-Rio - comprovaram que consumir sete latas de cerveja, por exemplo, afeta a capacidade

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de raciocínio de quem dirige, aumentando em 25 vezes a possibilidade de acontecer um acidente. Outra constatação foi de que 45% dos jovens entre 13 e 19 anos envolvidos em acidentes estavam alcoolizados. Para atingir esse público, a Ctran optou por realizar as campanhas em áreas que registram concentração de quiosques, bares, boates e restaurantes, pontos onde é normalmente grande o consumo de bebidas.

Endereço: Avenida Pedro II, 111, São Cristóvão Telefones: 3891-3191/ 3891-3192 4 - O que é a Academia da Guarda Municipal Um espaço exclusivamente voltado ao aprendizado e ao

aperfeiçoamento profissional, onde guardas municipais possam estudar - in loco ou à distância -, trocar experiências, treinar e promover intercâmbios com outras instituições. Estes são alguns dos projetos da Academia da Guarda Municipal do Rio de Janeiro, que acaba de ser implantada na unidade operacional da Avenida Pedro II, 111, em São Cristóvão.

Projeto inédito orçado em R$ 1 milhão, a Academia da GM-Rio é a primeira no Brasil planejada para atender as necessidades relacionadas à educação corporativa de Guardas Municipais desarmadas. Com cerca de 1.700m2 de área construída, ela é duas vezes maior do que a antiga estrutura de ensino, que contava com cinco salas de aula e alguns setores administrativos na sede de Botafogo, na Rua Bambina.

Com um moderno projeto arquitetônico, o novo complexo consegue ter em um mesmo espaço um ambiente amplo e agradável,

sendo um verdadeiro convite aos estudos. A Academia dispõe de oito salas de aula com capacidade para 40 alunos cada, auditório no estilo anfiteatro com 70 lugares, centro de estudos com equipamentos multimídia e biblioteca, além de refeitório, alojamentos, vestiários e gabinetes

para os instrutores da Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoal, responsável pela gerência do “campus”.

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Para enfrentar o desgaste natural de seus agentes provocado pelo dia-a-dia das ruas que exige muito condicionamento, a Academia reservou uma área especial para a preparação física. Um dojô foi construído para que os guardas recebam treinamento de Defesa Pessoal, servindo também a atividades do curso de judô desenvolvido na GM-Rio para crianças e adolescentes. Mas não pára por aí. A previsão é de, a médio prazo, expandir o programa com a implantação de um centro de fitness voltado especificamente ao aprimoramento físico dos guardas.

Curso de Formação - Projeto muito aguardado pelo comando da GM-Rio, a Academia já tem cronograma definido até o fim de 2004, quando terão passado por lá todos os mil novos candidatos a guardas municipais que venceram quatro das cinco etapas do concurso público realizado pela Prefeitura. Com 250 alunos, a primeira turma dos aprovados ocupa a Academia no Curso de Formação que durante três meses irá transmitir as 15 matérias imprescindíveis ao guarda, como Ética e Disciplina, Relacionamento Interpessoal e Primeiros Socorros.

Esta é apenas uma das frentes da Academia, criada para funcionar como universidade corporativa, oferecendo inúmeras atividades de aperfeiçoamento e atualização profissional, assim como intercâmbio com outras instituições. A longo prazo, os planos são ambiciosos: transformar a Guarda em pólo de excelência em pesquisa, produção e difusão de material técnico e didático na área de segurança, além de envolver 90% do efetivo da GM-Rio em alguma atividade acadêmica.

Aperfeiçoamento contínuo - Segundo o diretor de RH da GM-Rio, Paulo Storani, a Academia permite suprir a necessidade contínua do guarda em compartilhar novos conhecimentos – em razão da velocidade das informações –, evitando ao máximo que interfira em seu dia-a-dia de trabalho. Novas técnicas de ensino foram criadas seguindo metodologia de aulas semipresenciais (em sala de aula e por apostila) e à distância, onde o guarda terá, sem deixar o posto, material para desenvolver os temas. “O modelo tradicional de educação e treinamento se mostra ineficaz para nossos objetivos,

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pois não abrange toda a capacitação do efetivo, não dá continuidade às ações e não dispõe de indicadores de resultados. Além de preencher estas deficiências, a Academia adota abordagem construtivista para melhorar o desempenho e a auto-estima de nossos funcionários”, explica Storani.

8.2. GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM – PA

http://www.belem.pa.gov.br/guarda 1 – Histórico Criada em 14 de Outubro de 1996, pela Lei 7346 a Guarda

Municipal de Belém tem hoje um efetivo de 638 Servidores; sendo deste total um contingente de 489 homens e 105 mulheres, contando ainda com um corpo de 41 funcionários respondendo pelo cargo de DAS e três funcionários oriundos de outras secretarias e incorporados à folha da GBel.

Desde sua implantação em 27 de Setembro de 1991, a Guarda Municipal vinha sendo comandada pôr militares, fato este que, passou pôr uma mudança na atual administração, pois ao assumir o Cargo, o Prefeito de Belém Edmilson Rodrigues nomeou como Assessor Especial para a Guarda Municipal, um civil, que dá início a um processo de desmilitarização dentro da instituição. (grifei)

2 - Projeto Coral da Gbel Com cerca de 30 integrantes o coral da Guarda Municipal de

Belém, visa a valorização cultural na área musical. Muito bem regido, proporcionando atuações brilhantes o coral tem atuado principalmente nos eventos patrocinados pela Prefeitura de Belém, contribuindo para a valorização do Servidor Publico Municipal.

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Coordenação: Guarda - Joana Darc Melo da Silva e Silva (Regente) Antonino Alves da Silva

8.3. GUARDA MUNICIPAL DE FORTALEZA – CE http://www.gmf.fortaleza.ce.gov.br/site/ 1.- MISSÃO A Guarda Municipal de Fortaleza - GMF -, corporação

uniformizada e equipada, órgão da Administração Direta Centralizada do Poder Executivo Municipal, subordinada ao Gabinete do Prefeito, tem como missão a proteção preventiva e ostensiva dos bens, serviços e instalações do Município, a segurança de autoridades, a prestação de serviços de segurança e auxílio à população, bem como o desenvolvimento de atividades preventivas de serviços públicos e de cidadania no âmbito municipal.

2 - AREAS DE ATUAÇÃO A GMF atua em todo o Município, especificamente nos Órgãos

Públicos Municipais, dentre os quais destacamos o Paço Municipal, Gabinete do Prefeito, Gabinete do Vice-Prefeito, Secretarias Municipais, Secretarias Regionais, Hospitais Públicos Municipais, Museus, Bibliotecas, Escolas de Ensino Fundamental e Ensino Médio, Escolas de Educação Infantil e Creches Municipais.

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A GMF também está presente nas praias, logradouros, terminais de transportes coletivos urbanos, praças, parques e jardins da cidade.

3 - ATRIBUIÇÕES » Promover a preservação dos bens patrimoniais da Prefeitura

Municipal de Fortaleza; » Executar serviços de vigilância diuturna; » Atuar como corpo voluntário no combate a incêndios; » Manter a segurança pessoal do Prefeito e Vice-Prefeito; » Auxiliar a Defesa Civil do Município; » Exercer a proteção ao meio ambiente, ao patrimônio

histórico, cultural, ecológico e paisagístico incluindo os logradouros, praças e jardins da cidade;

» Executar o serviço de apoio às promoções de incentivo ao turismo local;

» Auxiliar no serviço de orientação e salvamento de banhistas nas praias e parques de Fortaleza; e

» Auxiliar no controle das filas de usuários nos terminais de transportes coletivos urbanos.

4 - LOGISTICA A Guarda Municipal de Fortaleza efetuou, no ano de 2002, com

recursos do FNSP, do Ministério da Justiça, a compra de equipamentos de comunicação, fardamentos, viaturas, bicicletas, micro-ônibus, computadores e outros meios necessários a sua modernização.

Atualmente, a GMF possui 01 Micro Ônibus, 01 Caminhão Baú, 02 Kombis, 02 Land s Rover, 06 Viaturas (tipo Gol), 04 Viaturas (tipo UNO), 03 Viaturas (tipo Pálio) 10 Motocicletas e 28 Bicicletas, contando ainda com outros equipamentos, tais como: capacetes, escudos, cassetetes tipo tonfa e cassetetes elétricos, dentre outros.

5 - AÇÕES MAIS RECENTES A Guarda Municipal de Fortaleza investiu no seu pessoal,

realizando, no período de maio a agosto de 2002, o Curso Especial de Atualização e Reciclagem, que teve como propósitos a capacitação técnica e adequação do Corpo da Guarda Municipal às suas funções institucionais, atualizando e reciclando 160 profissionais

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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já existentes, com foco para os temas: Higiene e Primeiros Socorros, Qualidade no Atendimento, Prevenção e Combate a Incêndio, Armamento e Tiro, Rádio Comunicação, Chefia e Liderança, Atividades da Prefeitura, Legislação e Regulamento, Prática Esportiva, Ordem Unida e Instrução Técnica Profissional.

Numa segunda etapa, a Prefeitura realizou Concurso Público para admissão de novos profissionais, sendo selecionados 114 Subinspetores e 444 Guardas, submetidos a exames intelectual, psicológico e físico. Dando prosseguimento, realizamos o Curso de Formação Profissional de Subinspetores e Guardas Municipais para todos os aprovados, divididos em 03 (três) turmas. Os componentes das três turmas já foram nomeados e se encontram em plena atividade. A última turma teve sua formatura em 03 de outubro de 2003.

O Curso de Formação para Subinspetores e Guardas Municipais foi realizado através do Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos (IMPARH) e do Instituto de Estudos, Pesquisas e Projetos (IEPRO), este último vinculado à Universidade Estadual do Ceará, órgãos oficiais que deram todo o respaldo necessário ao bom andamento das atividades de preparação dos novos profissionais. Cumprindo orientações do Ministério da Justiça, voltadas para a capacitação das Guardas Municipais, procuramos trabalhar com um corpo docente qualificado e especializado nas respectivas áreas de atuação. No campo da capacitação operacional, buscamos aliar o preparo técnico-profissional do professor à sua experiência em atividades correlatas exercidas em órgãos oficiais a nível federal, estadual e municipal, visando a uma maior integração dos futuros Guardas e Subinspetores, no exercício de suas funções. Quanto à capacitação técnica e tática procuramos uma total participação dos integrantes da área de Segurança Pública, em particular os das Polícias Militar e

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Civil e do Corpo de Bombeiros Militar, cujo objetivo é propiciar uma maior interação entre a Guarda Municipal e os demais órgãos responsáveis pela segurança pública no Município.

Todo o trabalho que ora desenvolvemos busca atender à atual política de reformulação das Guardas Municipais, orientada pelo Ministério da Justiça, como parte do processo de implementação de um Sistema de Segurança Pública mais eficiente para a nossa Cidade, onde o preparo técnico-profissional, aliado ao respeito aos direitos humanos, permita uma atuação integrada com os demais gestores da segurança, de forma que possamos agir de forma eficaz, mediando possíveis conflitos e buscando prevenir a violência e a criminalidade.

Pretendemos, dessa forma, dotar a nossa Guarda Municipal de novos profissionais bem preparados, nos aspectos intelectual, psicológico, físico, técnico e que saibam agir de forma integrada em benefício da comunidade fortalezense e em apoio às forças policiais do Estado.

Com um acréscimo dos novos Subinspetores e Guardas Municipais, passaremos a contar com um efetivo razoável, considerando os 490 (quatrocentos e noventa) guardas já existentes e mais os componentes da Defesa Civil , incorporada à Guarda Municipal, além do efetivo de Agentes de Cidadania, em número de 150(cento e cinqüenta) homens, que antes trabalhavam em outro Órgão da Prefeitura.

6 - POLICIAMENTO EM PRAÇAS PÚBLICAS

A Guarda Municipal de Fortaleza

(GMF) considera prioridade garantir a segurança dos cidadãos e turistas que circulam nas praças públicas, assegurando-lhes o direito de ir e vir com tranqüilidade, contribuindo para a

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minimização dos índices de criminalidade e violência e, de forma direta, para a melhoria da qualidade de vida dos fortalezenses.

7 - SEGURANÇA ESCOLAR SABER, SAÚDE E SEGURANÇA

A crescente onda de criminalidade

que ora se observa em todo o país vem suscitando as mais diversas formas de repressão, por parte do aparato de segurança do Estado, com realce para a prevenção e a dissuasão. Neste último caso, com a conscientização de toda a sociedade e a participação da comunidade nos programas sociais e também nos de segurança.

8 – NOVOS EQUIPAMENTOS Recentemente, foram

adquiridos, com recursos oriundos do Plano Nacional de Segurança Pública, novas viaturas - entre elas motos e automóveis - destinados ao exercício funcional de guardas e subinspetores em suas tarefas rotineiras. Com os novos equipamentos, esses profissionais podem executar mais facilmente suas atividades.

9 - PELOTÃO ESPECIAL (PE) O Pelotão Especial (PE) foi criado em outubro de 2003 com o

objetivo de conter e controlar manifestações de desordem, a fim de garantir a segurança da população em situações de crise, defendendo a ordem e a democracia. Atua também junto à Defesa Civil, no patrulhamento e policiamento em praças, órgãos públicos municipais e logradouros, na escolta de valores para a Prefeitura, no confronto com vândalos que dificultam o trabalho da GMF nas praças

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públicas, na segurança do Prefeito e demais autoridades municipais, no apoio a eventos da Prefeitura que congregam uma quantidade significativa de pessoas e em áreas com alto índice de criminalidade.

Comandado pelos Subinspetores de 1ª classe Alaílson e F. Alencar, comandante e subcomandante respectivamente, o PE possui atualmente um efetivo de 36 (trinta e seis) homens, que se dividem em 04 (quatro) equipes atuando pela manhã e 04 (quatro) equipes à tarde. Em cada turno de serviço, as equipes são assim dispostas: 03(três) equipes com quatro componentes em viaturas equipadas com rádio veicular, HTs, material de CDC (Controle de Distúrbios Civis) e 01 (uma) equipe de apoio comandada pelo Cmte ou SubCmte do PE, também com 04 (quatro) componentes e uma dupla de motociclistas.

O Pelotão está em constante treinamento, que inclui Defesa Pessoal, Controle de Distúrbios Civis, Educação Física e avaliações de atuação, com o objetivo de melhoramento das atividades. Inclusive, é oportuno mencionar que o PE iniciou novos treinamentos

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no dia 31 de maio de 2004, sendo que essas atividades se estendem até dia 16 de julho, tendo como local de realização a 10ª Companhia de Guardas. Os treinamentos são de DPT (Defesa Pessoal e Técnica Policial), CDC (Controle de Distúrbios Civis) e o de Abordagem.

Dentre as atribuições do PE estão: » Controle de tumultos e manifestações em frente a órgãos

públicos municipais; » Garantir a segurança de funcionários e agentes políticos no

exercício de suas funções; » Patrulhamento e policiamento em praças, órgãos públicos

municipais e logradouros; » Apoio em ações de reintegração de posse; » Escolta e segurança do Prefeito e demais autoridades; » Operações em áreas de maior índice de criminalidade; » Segurança em grandes eventos realizados pelo Município; » Saturação em áreas onde a atuação da GMF esta

prejudicada; e » Outras missões a critério do Cmte Geral da GMF. O Pelotão Especial (PE) da Guarda Municipal de Fortaleza -

GMF - criado para atuar especificamente em situações de crise vem desempenhando seu papel de maneira a não temer as dificuldades que surgem diariamente e tendo como resultado a diminuição da criminalidade nas áreas onde atua.

8.4. GUARDA CIVIL DE PIRACICABA – SP http://www.guardacivilpiracicaba.com.br No início do século passado, Piracicaba já convivia com a

problemática da violência oriunda do rápido crescimento populacional que se instalava no município. Seus cidadãos clamavam por maior controle da violência local, foi então que a Câmara Municipal, através de seu presidente Dr, Paulo de Moraes Barros apresentou um projeto de criação do Corpo de Guarda e Polícia Municipal, baseado no artigo 58 da Lei n.º 16, de 13 de novembro de 1891, que foi aprovado no dia 25 de abril de 1903.

Desde o início do século, esta instituição teve a ética da

segurança voltada para a defesa da cidadania, sempre ao lado da

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comunidade acompanhou a evolução dos tempos se colocando como defensora dos interesses da comunidade local. Desde seu aparecimento passou por diversas transformações, o que muito contribuiu para seu aprimoramento como coadjutora das ações de Segurança Pública no âmbito municipal. Sua história se confunde com a evolução histórica, cultural e industrial de Piracicaba colocando-a como parceira da sociedade, e como atores participando de um processo de reestruturação da cidadania municipal.

Desde sua criação, passou por diversas transformações ao

longo da história, assumindo denominações como: Guarda Noturna de Piracicaba Corpo de Vigilante Noturno, Guarda Noturna Municipal de Piracicaba, Guarda Municipal e Guarda Civil do Município de Piracicaba. Na década de 90, foram criados o Pelotão Escolar, Pelotão Ambiental e o primeiro Pelotão Feminino, e em 2003 implanta-se o patrulhamento ciclístico. Com a evolução tecnológica, as Guardas Municipais em todo o pais passaram a desfrutar de importante papel nas ações municipais como órgãos de defesa da cidadania.

Sobre o Dr. Paulo de Moraes Barros: Nascido em 16 de julho de 1866 nesta cidade, um dos vultos

mais notáveis da história de Piracicaba, o doutor Paulo de Moraes Barros. Formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Retornando a Piracicaba dedicou-se ao exercício da medicina, instalando seu consultório na Rua São José. Exerceu prestigioso cargos na vida pública, desde vereador a intendente municipal, chefe do Partido Republicano Paulista em Piracicaba, deputado federal, secretário de Agricultura, Indústria e Comércio de São Paulo (19)2-1915) reelegeu-se deputado federal em 1927. Revolucionário, em 1930 ocupou interinamente o Ministério da Aviação e Obras Públicas. Durante a Revolução Constitucionalista foi secretário do governo paulista. No exercício do cargo de vereador e presidente da Câmara, por diversas vezes reeleito, prestou os mais relevantes serviços à Piracicaba. Em 16 de dezembro de 1940, aos 74 anos de idade faleceu em São Paulo onde se achava, trazido à Piracicaba, seu corpo foi inumado no Cemitério da Saudade.

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PELOTÃO FEMININO Foi criado em 1992, com 17 guardas civis femininas, que passaram a atuar nos diversos postos que compõe a escala de serviço da guarda Civil de Piracicaba. Hoje o Pelotão Feminino conta com 43 guardas femininas, sendo 4 classe distintas e 2 subinspetoras

PELOTÃO ESCOLAR Atualmente composto de 22 guardas civis, o Pelotão Escolar atende tanto escolas municipais como estaduais, fazendo patrulhamento nos três períodos de aula, travessia de alunos, ministram palestras sobre prevenção ao uso de drogas e sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente.

PELOTÃO AMBIENTAL Com sua base situada no bairro Bosque da Água Branca, o Pelotão ambiental possui a preocupação principal de zelar pela riqueza do meio ambiente de nossa cidade, como por exemplo as margens do Rio Piracicaba, onde há um patrulhamento efetivo, visando o respeito às leis de pesca e a preservação do rio.

GRUPO DE PATRULHAMENTO MOTOCICLÍSTICO

Criado em 2002, esse grupo de patrulhamento motociclístico vem desempenhando com grande desenvoltura o atendimento de auxílio ao público, com ações preventivas voltadas à diminuição dos índices de violência nas áreas centrais do município.

GRUPO DE PATRULHAMENTO CICLÍSTICO Em 1º de abril de 2003 inicio o patrulhamento ciclístico, composto por 8 guardas civis. Esse patrulhamento tem como objetivo a prevenção, atuando na Praça José Bonifácio e Parque da Rua do Porto.

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9. REPORTAGENS E ENTREVISTAS SOBRE A SEGURANÇA MUNICIPAL

9.1. A GUARDA MUNICIPAL E A SEGURANÇA PÚBLICA Eliézer Rizzo de Oliveira “Mantidas pelos municípios, as Guardas Municipais devem

participar da Segurança Pública em todos os seus campos constitutivos. Diante do aumento da criminalidade e do número de pessoas feridas e mortas em conseqüência da guerra social em curso, movida com o pano de fundo do narcotráfico e do crime organizado, todos os organismos do Estado devem, de um modo ou de outro, participar do combate à violência e à delinqüência.

Nada há de novo em reivindicar segurança para os cidadãos, vivam eles no campo ou na cidade, sejam quais forem as suas condições sociais. A segurança dos cidadãos é um direito constitucional e consta dos Direitos Humanos da ONU. É um bem público, uma responsabilidade à qual os governos, o municipal em primeiro lugar, devem responder com políticas públicas bem concatenadas. Isto é, políticas com objetivos, doutrina (incluindo o respeito democrático à cidadania e aos direitos humanos), meios materiais, estrutura, recursos humanos e financeiros. Para tanto, as Guardas Municipais devem estar sujeitas à fiscalização interna e externa. Caso contrário, tenderão ao arbítrio.

Haverá quem reitere não caber à Guarda Municipal tal ou qual tipo de policiamento, que já seria da responsabilidade de uma polícia ou de outra. Os tipos de ação policial cabem, sim, à Guarda Municipal enquanto coadjuvante que por vezes tem grande capacidade de presença e mobilidade no território municipal. Mas um ator coadjuvante qualificado, capaz de prestar serviços relevantes, merecedor do apoio da comunidade.

A segurança pública está em processo de mudança no Brasil. A população, isto é, a cidadania não se conforma com a falta de segurança e, quando pode, busca no âmbito privado o que não lhe é garantido pelos governos. Daí a proliferação da indústria da segurança. De outro lado, a área política está tomando iniciativas que promovem mudanças nos papéis policiais tradicionais. Tramita no Legislativo em Brasília um número elevado de projetos que reconhecem o papel policial das Guardas Municipais. Falta consenso

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sobre isto, mas juristas de renome advogam uma interpretação constitucional favorável ao papel mais ativo da Guardas Municipais. Pois a expressão "destinadas à proteção de seus (dos municípios) bens, serviços e instalações" (do artigo 144, § 8º da Constituição Federal) não conflitaria com as funções constitucionais da Polícia Militar e da Polícia Civil. A questão seria muito mais de integração e coordenação com estas polícias do que da exclusão da Guarda Municipal do âmbito da segurança pública, que é o título do capítulo no qual se inscreve o referido artigo.

A insegurança chegou a tal ponto que os prefeitos e prefeitas não têm mais como fugir do problema. Não basta que sejam sensíveis, que busquem recursos, que debatam o problema. Nada disto conta se não colocarem a mão na massa.

A Guarda Municipal de Campinas poderá ser um eficiente laboratório de política pública de segurança. Se os guardas não passaram por treinamento específico, que este seja providenciado. Se faltam instalações, que sejam construídas. Se faltam guardas, que sejam contratados. Não há impedimento senão de natureza política.

A Guarda Municipal tem a grande característica da identidade com a cidade. Esta é a sua referência, não existe outra. Um guarda não é transferido para outra cidade. A Prefeitura poderá suprir necessidades (habitacionais, por exemplo; de estudos também) de seus guardas como as demais polícias não têm condições de fazer. Assim, será factível exigir mais deste corpo que é policial, pois é da sua natureza e da sua finalidade. Por exemplo, exigir uma disciplina exemplar.

A este respeito, não é admissível que membros da Guarda Municipal tenham deixado de prestar as devidas honras à Prefeita de Campinas em recente episódio de insubordinação. A demissão do diretor da corporação foi um ato reparador, mas faltou a punição exemplar aos funcionários fardados rebelados. Se querem ter funções mais amplas, se pretendem associar as armas às suas fardas, é essencial que cumpram à risca a disciplina que é própria dos corpos públicos de segurança.

Do contrário, a Guarda Municipal estará conspirando contra a segurança pública, contribuindo assim para ampliar a sensação de insegurança da população de Campinas.”

(Texto publicado no Correio Popular, 17.10.01, pág. 03)

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Eliezer Rizzo é Professor-associado e pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp e professor-convidado do Mestrado de Direito da Unip; pesquisador do CNPq-Fapesp.

9.2. O PAPEL DOS MUNICÍPIOS NA POLÍTICA DE

SEGURANÇA Jacqueline Muniz “Tradicionalmente, os problemas relacionados à segurança

pública no Brasil têm sido enquadrados ora como uma questão de “soberania nacional” e “segurança interna”, ora como um “assunto de competência exclusiva das polícias”. Em ambos os enfoques privilegia-se e reivindica-se, unicamente, os recursos e as intervenções provenientes das esferas federal e estadual, uma vez que são estas as instâncias responsáveis pelas forças armadas, pelas polícias, pelo sistema criminal, etc. Note-se, que este tipo de mentalidade restritiva encontra-se de tal modo enraizada entre nós, que freqüentemente subestimamos a importância estratégica do poder municipal na produção de “segurança pública”. Ainda hoje é comum ouvir que a “prefeitura pouco pode fazer porque não controla as polícias” ou que a "constituição de 1988 reserva aos estados a responsabilidade exclusiva de prover segurança aos cidadãos". Em verdade, estas considerações reforçam uma perspectiva ultrapassada que se mostra incapaz de atender aos desafios colocados pelo provimento de uma ordem pública democrática e contemporânea. De fato, o desconhecimento sobre o papel decisivo dos municípios nas políticas públicas de segurança no Brasil, tem comprometido, de forma substantiva, os esforços de se construir e enraizar políticas e programas tecnicamente adequados e conseqüentes no âmbito da segurança pública. Idéias criativas e experiências bem sucedidas como, por exemplo, os projetos de polícia comunitária, têm enfrentado inúmeros obstáculos para a sua institucionalização. E, sem exagero, pode-se dizer que boa parte dessas dificuldades está relacionada ao distanciamento e, até mesmo, à indiferença do poder local. As polícias, que possuem um papel executivo e direto na gestão da segurança pública, são as agências públicas que mais se ressentem da ausência de uma ação articulada com as prefeituras. Conforme demonstram diversos estudos nacionais e internacionais, a

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ausência ou a fragilidade de interações regulares entre a administração municipal e as polícias, é um dos principais fatores que contribuem para limitar a eficácia, eficiência e efetividade destas últimas. Não é demais salientar que as intervenções policiais preventivas, dissuasivas e repressivas implementadas de forma exclusiva e, por conseguinte, dissociadas das políticas urbanas desenhadas pelos municípios, tem ajudado a produzir toda sorte de desperdícios no emprego diuturno dos escassos recursos policiais. Afinal, por mais e melhor que as polícias estaduais possam fazer, elas sozinhas são, por definição, incapazes de responder ás demandas por segurança experimentadas nos centros urbanos. Tal limitação resulta da evidência de que nem todas as questões de segurança pública são problemas propriamente policiais. Ao contrário, a oferta de uma segurança pública democrática que atenda aos imperativos de um mercado da cidadania em crescente expansão, ultrapassa a esfera de ação exclusiva das organizações policiais, requerendo a incorporação de outros atores tão fundamentais quanto os meios de força comedida. Cabe mencionar, que parte expressiva dos problemas que alimentam a sensação generalizada de insegurança e propiciam o agravamento do temor coletivo reporta-se a fatos difusos que não necessariamente podem ser enquadrados como atos criminosos propriamente ditos. Mas, que se não forem devidamente trabalhados por outras agências além das polícias, podem estimular a ocorrência de práticas delituosas futuras e o recurso individual à violência como uma forma de resolução de problemas. Refiro-me, sobretudo, aos conflitos, desordens, incivilidades e litígios experimentados nos espaços públicos que desembocam, quase que exclusivamente, nos balcões das delegacias e no atendimento emergencial realizado pelas PMs. Os policiais civis e militares de várias polícias brasileiras, orientados pelos seus conhecimentos práticos, sabem disso. Expressões cotidianas tais como "a polícia não é poste de luz", "a polícia não é cerca", " o policial é um faz tudo" ou " sempre acaba sobrando só para a polícia", usualmente empregadas pelos profissionais da ponta da linha, indicam uma crítica às mentalidades e convicções do passado que merecem ser discutidas e desmitificadas, em nome de uma perspectiva que efetivamente considere as formas pelos quais os problemas da insegurança são vividos pelos cidadãos. Ora, se os cidadãos vivem nas cidades, ou melhor, em algum bairro ou em

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alguma comunidade, então as questões associadas a insegurança só podem ser também experimentadas e resolvidas no âmbito das localidades. Por conta desta constatação irrefutável, parece não fazer qualquer sentido buscar mascarar ou reduzir a responsabilidade do poder local na co-gestão da segurança pública, utilizando-se como recurso retórico o apego formal ao desenho político-administrativo vigente. Não se trata aqui de defender a municipalização das polícias estaduais. Mas, antes, de se procurar superar entraves oriundos de convicções e doutrinas inadequadas á realidade contemporânea da segurança pública. Creio que hoje estamos vivendo um momento rico no que diz respeito à superação de visões arcaicas e amadoras de enfrentamento da crise da segurança pública. Intervenções desconexas, isoladas, espetaculares e superficiais, ainda que bem intencionadas, revelaram-se fracassadas e onerosas. Com o tempo, elas demonstraram sua incapacidade de produzir respostas consistentes e estáveis já não foram mais além do que tentar "apagar incêndios" e "enxugar gelo". Se isto se impõe como uma aguda evidência, é preciso caminhar rumo uma visão sistêmica, integrada e aberta da problemática da segurança pública que esteja realmente em sintonia com a natureza, diversidade e intensidade dos problemas de segurança vividos nas ruas. Uma concepção mais realista e sensata da segurança pública reconhece a necessidade de se ultrapassar o campo de atuação exclusiva das forças policiais e de outros órgãos do sistema criminal, através da incorporação na gestão da segurança pública das comunidades e de outras agências públicas e civis prestadoras de serviços essenciais à população. Uma vez que o provimento eficaz de segurança pública depende sobremaneira de variáveis extra-policiais, tais como o ambiente comunitário, os equipamentos coletivos, a infra-estrutura social e urbana, os serviços de utilidade pública, etc., não se pode prescindir de se estabelecer instâncias efetivas de cooperação e participação sobretudo com a administração municipal. Se, por um lado, as agências policiais pertencem aos governos estaduais, por outro, uma parte expressiva dos instrumentos úteis e indispensáveis ao provimento de segurança pública está sob o controle do município. A título de ilustração cabe mencionar, entre outros, a manutenção e ampliação dos equipamentos coletivos, o ordenamento e fiscalização da ocupação do solo urbano, a coleta regular de lixo, iluminação e manutenção dos espaços públicos, o controle e fiscalização do

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trânsito, obras de saneamento básico, fiscalização dos transportes coletivos, a melhoria da malha urbana, a expedição de alvarás e a fiscalização dos espaços coletivos de lazer, etc. Particularmente no campo da prevenção primária - ainda muito pouco explorada no Brasil -, os municípios possuem um papel decisivo. Há muito para se fazer. Suas políticas urbanas e sociais constituem a infra-estrutura da segurança pública as quais, por sua vez, operam como medidas auxiliares e complementares às ações de polícia. Como se pode perceber os municípios possuem um vasto campo de atuação que não se restringe a criação das guardas municipais. Ainda que pareça repetitivo, vale insistir que fatos urbanos corriqueiros como a falta de iluminação, a acumulação de lixo, o caos no trânsito, a má conservação dos espaços de lazer e demais locais de uso comum, têm uma significativa relação com o “varejo” do crime e seu adensamento em certas regiões da cidade: os assaltos, furtos, conflitos e distúrbios que ocorrem nos espaços coletivos não são simples produtos da “crescente audácia dos bandidos”, da “falta de policiamento nas ruas” e de doutrinas e métodos policiais arcaicos. São, ainda, o resultado do abandono do poder público e da sua incipiente interlocução com a sociedade civil, sobretudo no que se refere à administração dos bens urbanos. A esta altura parece evidente que a administração municipal emerge como um nexo essencial na orquestração das comunidades com as atividades governamentais estaduais e federais voltadas para a gestão democrática da ordem pública. É, pois, o Município que possui a responsabilidade mais direta pela qualidade de vida da população em seus aspectos mais básicos. É, portanto, a Prefeitura que detém as ferramentas e órgãos de serviços públicos mais próximos à vida cotidiana das pessoas. Se isto procede, parece inadiável que o poder local se inscreva como um parceiro na tarefa de construção de uma administração estratégica da ordem pública.”

(Texto publicado no Site: http://www.spcv.org.br/OldSite/index.HTM )

Jacqueline Muniz

Centro de Estudos de Segurança e Cidadania - UCAM

Junho de 2000 Belo Horizonte

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9.3. “O GUARDA BELO” De autoria do Codinome: BRAZIL NEWS “Dizem que a primeira impressão é a que fica, e é um bom

registro que eu tenho de um policial, jamais soube o seu nome, mas a garotada o chamava de guarda belo em alusão ao desenho infantil do gato Manda Chuva e sua turma, onde havia um guarda muito tolerante e bondoso, isto lá por volta de 1962, no colégio Caetano de Campos, na Praça da Republica em São Paulo, quando aquela praça era transitável.

O guarda Belo atravessava as crianças em frente ao colégio, nos dizia bom dia, nos atravessava pelas mãos e desejava boa aula e que nos comportássemos, na ida e na volta ele estava presente.

A guarda Civil aquela época usava um uniforme azul marinho, distintivo no quepe e um bonito distintivo a vista na lapela, e isto nunca me saiu da cabeça.

Ao longo dos tempos assisti uma regressão de todo o sistema, depreciada pelo estado e com mudanças constantes impostas pelo estado tanto durante a ditadura quanto durante ao regime dito democrático.

Eu mesmo assisti e sofri algumas arbitrariedades e mais de uma vez presenciei agressão entre policiais, então o que posso dizer, os responsabilizo, mais ao estado, que agora tenta impedi-los de associar e de entrar em greve querendo impor-lhes o ato e direito universal como deserção, embora o próprio estado tenha abandonado a todos há muito tempo e assistimos os maiores desfalques sem que um sequer tenha parado atrás das grades ou recebido a devida pena.

Mas é como eu disse a primeira impressão é a que fica e resta a sociedade resgatar muito dos seus valores e fim.”

Texto Disponível na Internet no Site: http://groups.google.com.br

De autoria do Codinome: BRAZIL NEWS Data: 30 de julho de 2001

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9.4 ACADÊMICOS DEFENDEM GUARDA MUNICIPAL NO COMBATE À VIOLÊNCIA

Claudia Silva Jacobs Uma polícia mais próxima da comunidade, armada ou não,

e que tenha credibilidade junto à população. Especialistas apontam essas características como base do desenvolvimento das guardas municipais, apontadas pelos acadêmicos como uma boa arma no combate à violência.

O pesquisador Jean-François Deluchey, especialista em segurança pública no Brasil da Universidade Sorbonne, na França, diz que a guarda municipal pode ser o exemplo para um projeto de reformulação total das polícias brasileiras.

"A guarda municipal poderia até ser um modelo para a polícia que queremos para o Brasil. Porque é uma polícia nova, porque é possível ensinar, de maneira completamente diferente do que se ensinou nas polícias estaduais nos últimos 20 anos", afirma o pesquisador.

"E também os quadros da guarda municipal poderiam ser formados por pessoas realmente envolvidas em questões de

direitos humanos e na busca dos verdadeiros suspeitos, e não na repressão em todos os cantos."

Armas Recentemente, o governo federal aprovou a resolução que

permite o porte de armas para membros de guardas municipais. Para Deluchey, no entanto, este não é o ponto principal.

Governo federal

autorizou porte de armas para

guardas

municipais

“Esta polícia não tem a fama de repressão. Eles são uma força policial

muito mais preventiva,

muita mais próxima à comunidade, muito

menos ameaçadora.” Fiona McCaulay,

pesquisadora do Centro

de Estudos Brasileiros da

Universidade de Oxford

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"A questão de os guardas andarem armados ou não é um debate local, depende de cada situação. No Rio de Janeiro, por exemplo, pode ser uma solução, porque o nível de enfrentamento entre delinqüentes e policiais é muito grande."

Para justificar a sua posição, Deluchey cita o exemplo da polícia metropolitana inglesa. "Eles não tiveram armas durante muito tempo e fizeram o trabalho bem", afirma o francês.

"Se tiver o mínimo de credibilidade em uma área, acho que (a guarda municipal) não precisa andar armada, mas se não tiver nenhuma, o porte de armas pode dar um pouco de credibilidade."

Cooperação De acordo com Fiona McCaulay, pesquisadora do Centro de

Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford, na Inglaterra, a credibilidade na polícia e o apoio da população são fundamentais.

"Há muitos experimentos com policiamento comunitário e tudo mostra que, se você tem cooperação da população local, aí você pode começar a prender os traficantes e começar a reduzir a violência social", afirma.

"Mas, se a polícia é muito distante e só entra na favela com armas, fazendo blitz, como você vai construir uma relação permanente com blitz? Não é possível. Eles se retiram e, na manhã seguinte, os moradores ainda são vítimas dos traficantes", acrescenta McCaulay.

"O que eu acho interessante hoje em dia no Brasil é que algumas cidades estão experimentando a possibilidade da guarda municipal. Porque esta polícia não tem a fama de repressão. Eles são uma força policial muito mais preventiva, muita mais próxima à comunidade, muito menos ameaçadora."

Estrutura Já para Claudio Beato, do Centro de Estudos em Criminalidade

e Segurança Pública, em Belo Horizonte, é clara a necessidade de se

“Os municípios devem trabalhar também em

questões ligadas à criminalidade, porque eles possuem mecanismos de

prevenção, conhecem bem a cidade e conhecem as

ferramentas de atuação.”

Claudio Beato, do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública, de Belo

Horizonte

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

203

estruturar a guarda municipal ou a polícia comunitária. Na opinião de Beato, é um erro dos governos só pensar nas grandes questões.

"Uma das coisas que eu considero importante é que os municípios devem trabalhar também em questões ligadas à criminalidade, porque eles possuem mecanismos de prevenção, conhecem bem a cidade e conhecem as ferramentas de atuação", afirma o pesquisador.

O professor Hans Bodemer, do centro de estudos latino-americanos da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, descreve algumas experiências realizadas em São Paulo como positivas no trabalho de prevenção à violência.

A cidade de Guarulhos, por exemplo, tem sido apontada por especialistas como um bom exemplo de combate à violência e tem como um dos carros-chefe de sua política de segurança o incentivo à guarda municipal.

O prefeito do município, Elói Pietá, que esteve em Londres para falar das experiências realizadas na cidade, diz que a polícia precisa trabalhar ao lado da população.

"Ampliamos a guarda municipal e ela passou a ser mais atuante no município", afirma o prefeito. "Descentralizamos o policiamento em algumas regiões da cidade e, ao mesmo tempo, fizemos um programa de ação social de apoio a juventude e ao desempregado."

"Além disso, fizemos um conselho municipal de segurança, dirigido por mim, com representantes da Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e representantes da comunidade", acrescenta.

"Avaliamos periodicamente as ações e como as polícias devem atuar, acompanhando os índices de criminalidade na região", conclui Pietá.

(Texto publicado no Site: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc)

Claudia Silva Jacobs

Centro de Estudos de Segurança e Cidadania - UCAM

11 de agosto de 2004 BBC BRASIL.com

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Claudio Frederico de Carvalho

204

10. DA FORMAÇÃO DO GUARDA MUNICIPAL O Curso de Formação Técnico-Profissional de um Guarda

Municipal, muito embora seja oneroso, é necessário, pois a formação do profissional é que irá moldá-lo para uma prestação de serviço de excelência. Convém lembrar que a atividade primordial da Segurança Pública está baseada na proteção dos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana. Colocar nas ruas profissionais precariamente preparados na área de segurança torna-se tão perigoso quanto deixar a população à mercê da criminalidade.

Partindo deste princípio, deve-se prover uma formação para os guardas municipais, assemelhada às instituições de Segurança Pública do país, visando um resultado positivo e satisfatório.

Seguindo esta temática, a Guarda Municipal de Curitiba, ao longo dos seus dezoito anos de existência, vem ano após ano acrescendo na formação e qualificação dos seus profissionais, seguindo os currículos da Escola Superior de Polícia Civil do Estado do Paraná, do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar do Paraná e as bases Curriculares para a Formação dos Profissionais da Área de Segurança do Cidadão, conforme Diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Justiça – Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Por diversas vezes, tem firmado convênios com ambas as instituições de ensino policial do Estado do Paraná, fornecendo em média grande parte dos docentes, adequando-os ao currículo e disciplinas da instituição mantenedora, a fim de formar ou qualificar o quadro de Guardas Municipais de Curitiba e de algumas cidades da Região Metropolitana.

Não menos importante que a formação é também a continuidade do ensino, o qual será tratado com maiores propriedades nos próximos tópicos.

10.1. ACADEMIA DE FORMAÇÃO

Em virtude da formação do guarda municipal, que no mínimo

deveria ser realizada em tempo integral e em dois momentos: o primeiro, em um período de formação não inferior a cento e vinte dias letivos de aulas teóricas; o segundo, dividido em dois períodos: um para aulas teóricas e o outro em estágio supervisionado, concluindo

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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deste modo, uma formação de duzentos e quarenta dias em tempo integral, sendo que destes 75% em aulas teóricas e 25% em estágio supervisionado.

Provavelmente, com o advento do Decreto Federal nº 5123, de 1º de julho de 2004, conforme Art. 40 em seu Parágrafo Único, por tornar-se competência exclusiva do Ministério da Justiça, “conceder autorização para o funcionamento dos cursos de formação de guardas municipais” e “fixar o currículo dos cursos de formação”, os currículos vindouros estejam próximos da realidade estimada, necessitando com isso, de alguns ajustes para os já existentes. (grifei)

Por sua vez, convém ressaltar que a Lei Federal nº 10826, de 22 de dezembro de 2003, em seu Art 6º, § 3 º, preconiza que “A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais esta condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial”. Assim, percebe-se claramente que caso seja firmado convênio para a formação dos novos integrantes da carreira, as prefeituras de um modo geral terão poucas opções e, por sua vez, geralmente ficará à mercê da situação política vigente. O curso por meio de convênio poderá ser mais oneroso do que montar nos grandes centros urbanos Academias de Formação de Guarda Municipal, onde, além da formação, podem ainda ser ministrados os ensinos continuados para estes profissionais.

Diante do acima exposto, quando falamos de uma Academia de Formação de Guarda Municipal, estamos efetivamente tratando sobre um estabelecimento de ensino de atividade policial, autorizado pelo Ministério da Justiça, para este fim específico, baseado ainda em um currículo fixado por este mesmo órgão federal.

10.2. CURRÍCULO DE FORMAÇÃO

O Currículo de Formação para Guardas Municipais deverá ser seguido exclusivamente pelo Mistério da Justiça, onde fixará todas as disciplinas e carga horária, a fim de formar e manter um profissional apto e qualificado para desempenhar o efetivo exercício da função.

Conforme o Projeto Segurança Pública para o Brasil, provavelmente o currículo seja fixado com as seguintes disciplinas e temas pertinentes: “mediação de conflitos, nos direitos humanos, nos direitos civis, na crítica à misoginia, ao racismo, à homofobia, na

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Claudio Frederico de Carvalho

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defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na especificidade da problemática que envolve a juventude, as drogas e as armas, e nas questões relativas à violência doméstica, à violência contra as mulheres (incluíndo-se o estudo do ciclo da violência doméstica) e contra as crianças. Além das matérias diretamente técnicas, policiais e legais, haverá uma focalização especial das artes marciais e no estudo prático e teórico do gradiente do uso da força. As disciplinas incluirão elementos introdutórios de sociologia, história, antropologia, psicologia, comunicação, computação, português / redação / retórica oral, teatro e direito. O método didático prioritário será o estudo de casos, nacionais e internacionais, com seminários, debates e simulações”.

Lembrando ainda que, segundo os estudos realizados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, no Encontro das Guardas Municipais, o ideal é que este currículo não seja apenas para formação do Guarda Municipal, mas também para o seu aprimoramento, seguindo o cronograma abaixo:

“a) Científica e Tecnológica (a cada dois anos) Acompanhamento das evoluções científicas e tecnológicas no

âmbito do Direito, Administração e da Segurança Eletrônica. b) Relações Humanas (a cada um ano) Tem por objetivo trabalhar as questões que envolvem as

relações de equilíbrio internas e entre a Administração e a sociedade. c) Atividades práticas e Específicas (a cada seis meses) Tem por objetivo treinar o efetivo para o exercício de suas

funções (instrumental, técnico e operacional).” Ainda, adicionando a este currículo, temos o estatuído pelo

Decreto nº 5123, de junho de 2004, em seu artigo 42, o qual determina treinamento de técnicas de tiro defensivo, de sessenta horas para armas de repetição e cem horas para armas semi-automáticas, com sessenta e cinco por cento de conteúdo prático, e também, devendo conter defesa pessoal, necessitando para tanto as prefeituras que possuírem Academias de Formação para Guarda Municipal virem a se adequar ao currículo proposto pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

207

10.3. CORPO DOCENTE Com a criação de uma Academia de Formação para Guarda

Municipal nos grandes centros urbanos e estando nos moldes do Ministério da Justiça, o que estará faltando será apenas a fixação do seu Corpo Docente.

Além da formação dos guardas municipais, os municípios deverão, ainda, preocupar-se com o ensino continuado, mantendo um corpo docente condizente com as necessidades existentes. Desse modo, seguindo as instituições de ensino policial, como exemplo, a da Academia Militar do Guatupê da Polícia Militar do Paraná e a Escola Superior de Polícia Civil do Estado do Paraná, onde utilizam para o seu corpo docente membros preparados da sua própria corporação, bem como firmando convênios e intercâmbios com outras instituições de ensino policial.

Seguindo essas premissas, as Academias de Formação de Guarda Municipal estarão com o seu corpo docente permanente, preparado e atualizado, ou seja, apto a ministrarem aulas com qualidade e aproveitamento, indispensável para o exercício da função do policial.

Por sua vez, as exigências impostas pela Lei nº 10826, de 22 de dezembro de 2003, em seu artigo 6º, § 3º, e Decreto nº 5123, de 1º de julho de 2004, em seus artigos 40, incisos I, II e IV, e artigo 42, parágrafos 1º, 2º e 3º, estarão sendo cumpridas, como determinam estas legislações.

10.4. ENSINO CONTINUADO

Tratando ainda, sobre a necessidade de se criar uma

Academia própria para a Guarda Municipal, esta afirmação está baseada no que estatui o artigo 42, § 3º do Decreto nº 5123/04, onde determina que “Os profissionais da Guarda Municipal” devem “ser submetidos a um estágio de qualificação profissional, por no mínimo, oitenta horas ao ano”.

Considerando como exemplo a Guarda Municipal de Curitiba, com o efetivo atual de 1.327 guardas municipais, em horas de estágio, isto irá corresponder no mínimo a 106.160 (cento e seis mil, cento e sessenta) horas/aula por ano ao seu quadro de servidores.

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Claudio Frederico de Carvalho

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Além da formação do profissional da guarda municipal, o município deve manter um ensino de oitenta horas aula por ano, o que corresponde em média a um mês de curso em regime de meio período, pois o ensino que fornece condições adequadas de um melhor aproveitamento é aquele realizado de forma prolongada e não em período integral.

Adicionando a essas premissas, devemos lembrar que para se prestar um serviço com qualidade e eficiência, 80 horas/aula por ano ainda é insuficiente, além de que as disciplinas e os temas trabalhados no curso deste período devem ser atuais e globalizados.

Corroborando tais pensamentos, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, no Encontro das Guardas Municipais do Brasil no Estado de São Paulo, quando em estudo para elaborar o Manual de Referência para Estruturação das Guardas Municipais, fez a seguinte citação:

“A informação e o conhecimento científico são tão dinâmicos quanto a própria humanidade. Um estudo feito pela Universidade de Harvard, apontou que um profissional com mais de dois anos sem participar de cursos de capacitação, atualização profissional ou de aperfeiçoamento estarão tecnicamente inaptos para exercerem suas funções.

Por esta razão as atividades de capacitação e aperfeiçoamento se tornam tão importantes quanto a própria formação do indivíduo que o manterá, técnico, humano e politicamente atualizado.

É imperativo que as Guardas Municipais conceituem como parte de suas atividades anuais, seus planos de aperfeiçoamento, reciclagem e capacitação de seus efetivos, como forma de explorar as potencialidades infinitas reservadas em cada ser humano, permitindo assim estimular, motivar e entusiasmar a vocação de servir em cada Guarda Municipal.”

10.5. PALESTRAS E ATIVIDADES EDUCATIVAS

Um dos requisitos para o exercício da função de Guarda

Municipal, em virtude da sua proximidade com a população, é ministrar palestras, bem como desempenhar atividades educativas e preventivas voltadas à área de segurança e defesa civil, fazendo-se mister preparar os servidores para este fim, tornando-os multiplicadores nas suas áreas de atuação.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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11. A GUARDA MUNICIPAL E A COMPETENCIA SOBRE O TRÂNSITO

Com o advento da Lei n.º 9503, de 23 de setembro de 1997 -

Código de Trânsito Brasileiro, os municípios passaram a ter mais uma competência, reassumindo a responsabilidade diretamente relacionada com a fiscalização e o controle de tráfico veicular nos seus municípios.

Deste modo, adequando-se à legislação supracitada, alguns municípios criaram uma Diretoria específica, sendo um órgão executivo, onde para a atividade operacional foi delegada a função de fiscalização do controle de trânsito de veículos e pedestres para as suas Guardas Municipais, tornando estes servidores Agentes da Autoridade de Trânsito.

Esta iniciativa veio de encontro aos anseios do Plano Nacional de Segurança Pública, que preconiza a adequada capacitação das Guardas Municipais, inclusive para a área de trânsito.

Lembrando ainda que, segundo os estudos realizados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, no Encontro das Guardas Municipais, e conforme o que foi debatido, o ideal é que os guardas municipais estejam capacitados para o controle e fiscalização do trânsito em seus municípios.

Com o controle de trânsito viário municipal, inerente à atividade do Poder de Polícia Administrativa, torna-se desconexo criar outros organismos, inclusive firmando parceria com empresas de economia mista, a fim de exercer a função específica do Poder Público.

Não se delega a terceiros, muito menos a empresas privadas, atividades exclusivas dos Poderes Públicos Constituídos. Como exemplo, não se contrata uma empresa de consultoria a fim de criar projetos de lei e encaminhá-las às Casas Legislativas.

Do mesmo modo, quanto ao efetivo exercício do Poder de Polícia Administrativo do Município, em relação ao controle e fiscalização de trânsito, torna-se desnecessária a criação e manutenção de outro organismo para exercer uma função típica de um corpo policial de caráter civil, uniformizado e armado, o qual é reconhecido pelo exercício da sua função, perante a população, como é o caso das Guardas Municipais.

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12. REGULAMENTO DE UNIFORMES

Uma das principais necessidades das Guardas Municipais está na padronização dos seus uniformes e patentes hierárquicas, onde ao encontrarmos um Guarda Municipal em qualquer cidade do país, saibamos que se trata de um servidor de segurança pública municipal, podendo, com facilidade, identificar o município que representa e qual a sua graduação nesta instituição.

As Guardas Municipais na sua maioria adotaram o uniforme social na cor azul-marinho, com botões dourados, quase sempre tendo o cunho do brasão do município no interior dos mesmos, a bandeira do município no braço direito, o brasão da instituição no braço esquerdo e o distintivo de metal acima do bolso esquerdo da camisa, contando ainda com o fiel (cordão de apito) no braço direito, na cor branca para os guardas e na cor amarela para os graduados, o quepe para os homens e o casquete para as mulheres.

O fato é que esta padronização nem sempre vem sendo seguida, pois por falta de uma regulamentação da União ou de regulamentações internas, alguns comandantes acabam inserindo ou retirando detalhes do uniforme, o que leva a mudar a originalidade e prejudicar inclusive a própria identidade da corporação.

Como exemplo, podemos observar os distintivos de peito da Guarda Municipal de Curitiba e suas mudanças nos poucos dezoito anos de existência.

DISTINTIVOS DE PEITO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA

1988 a 1997

Para todos os

servidores. Contava com o

número de identificação

do Guarda Municipal no espaço amarelo.

1994 a 1997 Exclusivo dos

Supervisores. Contava com o

número de

identificação do graduado na parte

inferior.

1997 a 2001 Para todos os servidores.

Não mantinha mais o número de identificação do Guarda Municipal.

2001 em diante Para todos os

servidores. No lugar ocupado pelo número de

identificação, passou a ter o termo

“DEFESA SOCIAL”.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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12.1. HIERARQUIA E GRADUAÇÕES

As Guardas Municipais no Brasil necessitam com urgência de regulamentação das suas graduações e respectivas divisas, tendo uma padronização de âmbito nacional, para que, onde quer que esteja o guarda municipal, graduado ou não, seja reconhecido pela função que exerce e o município a que pertence.

A Guarda Municipal de Curitiba, tentando adequar as suas esferas gerenciais, supervisora e operativa, de acordo com os seus momentos de desenvolvimento, acabou vindo a inserir e alterar as suas graduações, conforme tabelas abaixo:

GRADUAÇÕES E DIVISAS 1988 a 1994

Inspetor de 1ª Inspetor de 2ª Inspetor de 3ª Sub-Inspetor

Supervisor Guarda de 1ª Guarda de 2ª Guarda de 3ª

1994 a 1997 1997 a 2004

Supervisor

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NOVAS GRADUAÇÕES E DIVISAS APÓS A LEI Nº 10.630/02

Inspetor GM de 1ª Inspetor GM de 2ª Inspetor GM de 3ª

Supervisor GM de 1ª Supervisor GM de 2ª Supervisor GM de 3ª

Guarda Municipal

de 1ª Guarda Municipal

de 2ª Guarda Municipal

de 3ª Guarda Municipal Quadro Especial

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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Desse modo, vemos que algumas Guardas Municipais estão buscando implantar, na esfera de ação do seu efetivo, os níveis hierárquicos com as devidas distinções de graduações, preenchendo assim esta carência que é a diferenciação dos servidores de acordo com sua área de atuação.

A hierarquia é um poder de caráter social que define o poder sobre as vidas, os recursos e os destinos de outras pessoas, conferidas por uma posição na sociedade ou em uma de suas organizações. Um membro de uma hierarquia sempre tem acesso a seu superior imediato e aos colegas da mesma graduação na organização, e é normalmente obedecido por seus subordinados diretos e indiretos.

Para que se tenha a disciplina em um corpo civil, faz-se necessário que, dentro do princípio da legalidade, seja implantado regulamento próprio, destinado a fixar limites e atribuições dos superiores e de seus subordinados. De um modo geral, as prefeituras, através de leis ou decretos, vêm disciplinando esta matéria, contudo, sem que haja uma padronização entre todas as Guardas Municipais do Brasil.

Conforme estudos realizados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, no Encontro das Guardas Municipais do Brasil, quando em estudo para elaborar o Manual de Referência para Estruturação das Guardas Municipais, concluiu-se que:

“independente da estrutura, efetivo ou número de graduações de uma corporação policial as esferas de ação de seu efetivo estarão situadas sempre entre uma destas áreas de ação.

1. Esfera de ação GERENCIAL Nível de Direção e comando da Guarda Municipal, responsável

pelo planejamento estratégico estabelecendo diretrizes de ação e métodos. Responsável pela elaboração da planificação dos projetos políticos de segurança pública afetas a Guarda Municipal.

2. Esfera de ação SUPERVISORA Nível intermediário de comando. Responsável pela fiscalização

das ações operativas e intermediação das ações de comando junto a base.

3. Esfera de ação OPERATIVA Nível de aplicação de todas as atividades inerentes a função

do Guarda Municipal.”

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214

Depreende-se daí que as Guardas Municipais, implantando o seu sistema hierárquico, a fim de manter a disciplina em seu próprio corpo, estão corretas, desde que não busquem patentes e formas de ação de instituições de caráter militar. Desse modo, a fim de evitar disparate de algumas corporações, o ideal seria que houvesse uma Legislação Federal padronizando níveis hierárquicos, graduações e forma de ascensão.

12.2. DISTINTIVOS E MEDALHAS

Da mesma forma que as Guardas Municipais carecem de uma

padronização em relação à hierarquia e graduações, é também de suma importância que sejam padronizados os distintivos e as medalhas a nível federal.

Em relação aos distintivos, como vimos anteriormente, por motivos alheios, muitas vezes vêm a ser alterados, perdendo a sua própria finalidade.

A Guarda Municipal de Curitiba, procurando implantar uma forma de identificação eficiente, acrescentou nos uniformes o distintivo de braço e a bandeira do município, conforme segue abaixo:

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215

Tratando-se das medalhas, a Câmara Municipal de Curitiba, por meio da Lei n.º 8369/94, instituiu o Mérito Policial para o integrante das Polícias Civil, Militar e Guarda Municipal, que tiverem sido reconhecidos por ato de bravura no cumprimento do dever. Este título honorífico é transmitido na forma de placa metálica. O interessante seria que houvesse uma medalha representando o referido mérito, pois ao encontrar um policial ostentando-a, pudesse ser feita uma leitura imediata do que representa a insígnia.

Por fim, tratando dos distintivos, ainda, as Guardas Municipais

de um modo geral mantêm o distintivo de cobertura, que é utilizado nos quepes, casquetes, bonés e capacetes, sendo os dois primeiros em metal e os dois últimos em adesivo autocolante.

A Guarda Municipal de Curitiba teve apenas dois distintivos de cobertura, sendo que o primeiro veio a ser melhorado na sua forma visual, sem perder a sua originalidade, conforme segue abaixo:

DISTINTIVOS DE COBERTURA DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA

1988 a 1997 Utilizado em todas as

coberturas dos servidores sem distinção.

1997 em diante O mesmo que o

anterior, sendo acrescidas as bordas com folhas de louro.

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12.3. GRATIFICAÇÃO DE AQUISIÇÃO DE UNIFORME

Em virtude das dificuldades e entraves burocráticos no curso da previsão da verba orçamentária, para a sua efetiva aplicação no uso do uniforme pelos Guardas Municipais, hoje faz-se necessário criar mecanismos de defesa ágeis e previstos em lei, seguindo os já aplicados por outras instituições policiais, as quais têm, no uso do uniforme, a base para o exercício das suas funções, bem como no que tange à questão disciplinar do seu quadro (estar devidamente uniformizado).

Desse modo, com base em estudos realizados em conjunto com a Sra. Joana Sirlei de Moraes (funcionária da Prefeitura Municipal de Curitiba), frente à Legislação vigente na Polícia Militar do Estado do Paraná, seguindo ainda as tipicidades dos municípios, apresento um modelo de gratificação de aquisição de uniforme, seguido da justificativa legal, Projeto de Lei Municipal e Decreto de Regulamentação.

JUSTIFICATIVA

A Gratificação de Aquisição de Uniformes faz-se necessária

devido à peculiaridade da Guarda Municipal de ............................., no que diz respeito à prestação de serviços à comunidade, que sempre deverá ser realizada através dos seus servidores devidamente uniformizados.

Assim, para o desempenho das atribuições dos servidores pertencentes a esta Corporação, a utilização do uniforme é um requisito indispensável.

Considerando que atualmente a aquisição dos materiais ora mencionados não consta de maneira específica em dotação orçamentária, surge com isso a necessidade de criar esta gratificação com a finalidade de suprir tal carência.

Com relação ao percentual de 15% (quinze por cento), sobre o vencimento básico do servidor, tal medida se faz necessária, devido a uma fixação do valor da gratificação, bem como, segundo constatou-se em estudos realizados na Guarda Municipal de ............................., sobre a receita e a despesa, o custo do uniforme estará próximo ao percentual proposto, considerando que a quantidade anual de uniformes por servidor será de no mínimo 02 (dois) uniformes

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completos, neste caso, sendo material de boa qualidade que venha a resistir ao uso constante e prolongado.

Quanto ao Conselho de Administração de Uniformes, vem a ser o organismo responsável pela aquisição, manutenção e distribuição dos mesmos. Ao ser direcionada esta gratificação ao conselho, este deverá administrá-la, responsabilizando-se pelos seus atos.

Se focarmos o assunto através do prisma de que a aquisição de uniformes, realizada pelo Conselho de Administração de Uniformes aos servidores da Guarda Municipal, será feita de maneira mais rápida e eficaz, além de ter um preço mais acessível (devido processo de licitação), respeitando assim, o padrão de qualidade do material, manter-se-á uma uniformização padronizada na instituição.

Atualmente, a forma de aquisição de uniformes é realizada através da dependência de recursos disponíveis da Secretaria Municipal de ................. Tal maneira se mostra ineficaz, assim como a demora para a aquisição dos uniformes se faz presente, pois, devido aos procedimentos normais, nem sempre as necessidades imediatas desta corporação são supridas em tempo.

Como decorrência deste fato, devido ao uso constante dos materiais, ocorre o processo natural de desgaste do uniforme, necessitando, neste caso, a reposição periódica, para que assim possa o servidor estar sempre bem apresentado, a fim de cumprir com as suas tarefas funcionais, o que nem sempre ocorre devido à realidade atual.

Ainda, é de se observar que o servidor uniformizado, devidamente trajado, além de transmitir respeito e segurança pela instituição, acaba indiretamente servindo como um modelo de disciplina, bem como demonstrando que o órgão público que representa está estruturado, a fim de atender às necessidades da população.

De tudo que se expôs acima, infere-se que a Gratificação de Aquisição de Uniforme, assim como a criação do Conselho de Administração de Uniformes, são medidas que se fazem necessárias para manter a Guarda Municipal de .........., com os seus servidores devidamente uniformizados.

Se, por outro lado, a forma de aquisição de uniformes continuar sendo realizada como ocorre nos dias de hoje, com a morosidade

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entre a carência do material e a sua efetiva entrega, não haverá como suprir as necessidades reais da Guarda Municipal em tempo hábil.

***

LEI N.º .............................. Data: ...........................................................................

“Institui a Gratificação de

Aquisição de Uniforme (GAU) para a Guarda Municipal de ................., cria o Conselho de Administração de Uniformes da Guarda Municipal (CAU-GM), e dá outras providências”.

A Câmara Municipal de ................., capital do Estado do

...................., aprovou e eu, Prefeito Municipal, sanciono e promulgo a seguinte lei:

Art. 1º Fica instituída a Gratificação de Aquisição de Uniforme (GAU), aos servidores lotados na Guarda Municipal de .............................

§ 1º A Gratificação ora instituída será paga mensalmente ao servidor da ativa, no percentual de 15% (quinze por cento) sobre o vencimento básico.

§ 2º A Gratificação de Aquisição de Uniforme (GAU) tem como objetivo a aquisição e utilização do referido material, por ser este parte essencial ao desempenho das funções dos servidores da Guarda Municipal.

Art. 2º Para aplicação dos recursos instituídos no artigo anterior, bem como para exercer a fiscalização de toda a receita e despesa da Guarda Municipal de ..........., referente aos uniformes dos servidores, fica criado o Conselho de Administração de Uniformes da Guarda Municipal de ..................... (CAU-GM), que será composto pelos ocupantes dos cargos de: Secretário Municipal da ...........................; Secretário Municipal de .....................; Dirigente da Guarda Municipal; Chefe da ................ de Apoio Logístico; o Chefe da ............ de Controle de Uniformes; e um representante de classe.

Art. 3º O servidor da Guarda Municipal faz jus à importância equivalente a 15% (quinze por cento) sobre o vencimento básico para aquisição de uniformes.

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219

§ 1º A quantia estabelecida no caput deste artigo será retida e recolhida ao Conselho de Administração de Uniformes da Guarda Municipal de ............ (CAU-GM), o qual manterá conta corrente em rede bancária autorizada, que será movimentada para aquisição e fornecimento das peças de uniformes específicos, por meio de seu órgão competente.

§ 2º Sobre a Gratificação de Aquisição de Uniforme (GAU) não poderão incidir tributações referentes ao Imposto de Renda, descontos Previdenciários, assim como Pensão Alimentícia.

Art. 4º Dentro de 90 (noventa) dias, o Prefeito Municipal baixará decreto de regulamentação do Conselho de que trata o Art. 2º desta lei.

Art. 5º A prestação de contas da Gratificação de Aquisição de Uniforme repassados pelo município à Guarda Municipal será processada pela Secretaria Municipal de Finanças, observadas as normas em vigor.

Art. 6º As despesas decorrentes desta Lei correrão à conta de dotações normais do orçamento do município, ou por créditos especiais ou extraordinários que venham a ser abertos.

Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

.............................., em ..........de...................................

*** DECRETO N.º ..............................

Regulamenta a Lei n.º...........,

de ... de .................de 2004, que institui a Gratificação de Aquisição de Uniforme (GAU), e que cria o Conselho de Administração de Uniformes da Guarda Municipal de ............... (CAU-GM).

O Prefeito Municipal de .............., do Estado do .................., no

uso da sua atribuição que lhe confere o artigo ...., da Lei Orgânica do Município de ..............., com fundamento na Lei n.º de ....de .........................de 2004, decreta:

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Art. 1º A Gratificação de Aquisição de Uniforme (GAU) destina-se a prover recursos para aquisição de uniformes ao efetivo da Guarda Municipal.

§ 1º A gratificação de que trata o caput deste artigo será depositada mensalmente pelo Tesouro Municipal, no Banco do ..................................., na conta especial “CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DE UNIFORMES DA GUARDA MUNICIPAL DE ......................... (CAU-GM)”, com os recursos mencionados no artigo anterior.

§ 2.º A aplicação dos recursos obedecerá à classificação de despesas estabelecidas pela Legislação Federal.

Art. 2º A Gratificação de Aquisição de Uniforme (GAU) será administrada pelo Conselho de Administração de Uniformes, composto pelos seguintes membros:

I. O Secretário Municipal ........................, será o Presidente; II. O Secretário Municipal ......................., será o Vice-

Presidente; III. O Dirigente da Guarda Municipal de .............., será o

Secretário-Executivo; IV. Os Chefes de Apoio Logístico e de Controle de Uniformes e

o representante de classe, todos pertencentes à Guarda Municipal, como membros do Conselho.

Parágrafo único: A investidura dos cargos acima mencionados far-se-á automaticamente, conforme Decreto de nomeação das respectivas funções públicas.

Art. 3º O Conselho de Administração de Uniformes reunir-se-á em seção ordinária, mensalmente, para deliberar sobre assuntos relativos a uniformes da Guarda Municipal de ...................., bem como para verificação das contas relativas ao mês anterior e extraordinariamente quando convocados pelo Presidente.

§ 1º As reuniões do Conselho serão determinadas pelo Presidente e anunciadas por meio de memorandos expedidos pelo Secretário-Executivo, com o prazo mínimo de 24 horas de antecedência.

§ 2º As decisões do Conselho serão tomadas por maioria de seus membros, cabendo ao Presidente o voto de desempate.

§ 3º Das reuniões do Conselho o Secretário-Executivo lavrará Atas, as quais serão, ao final, assinadas por todos os membros e

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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tornadas públicas aos servidores da Guarda Municipal de ..............., juntamente com o balancete de verificação mensal.

Art. 4º Cabe ao Presidente do Conselho, em conjunto com o Secretário-Executivo, a administração dos recursos provenientes da Gratificação de Aquisição de Uniforme, os quais só poderão ser aplicados para aquisição de uniformes, em benefício dos servidores da Guarda Municipal de ..............................

Parágrafo único: O Presidente do Conselho, juntamente com o Secretário-Executivo, prestarão contas, mensalmente, do recebimento e aplicação dos recursos da Gratificação de Aquisição de Uniforme.

Art. 5º Ao Conselho de Administração de Uniformes da Guarda Municipal de ...................... (CAU-GM) compete:

I. Definir as prioridades de aplicação dos recursos da Gratificação de Aquisição de Uniforme;

II. Elaborar o plano anual de aplicação de recursos; III. Encaminhar à Secretaria Municipal de Finanças, em época

fixada, o programa de trabalho para viabilizar a proposta orçamentária referente às atividades do Conselho;

IV. Cumprir as disposições legais, referentes à aquisição de bens, para os fins previstos no artigo 1º deste regulamento;

V. Assumir compromissos até o limite dos recursos efetivamente arrecadados, por meio da Gratificação de Aquisição de Uniforme;

VI. Velar pela observância das disposições deste regulamento e demais atos pertinentes.

Art. 6º Ao Presidente do conselho, compete: I. Convocar e presidir as reuniões do conselho; II. Orientar e fiscalizar as resoluções; III. Assinar com o Secretário-Executivo os cheques de

movimentação dos recursos provenientes da gratificação; IV. Velar pela observância das disposições deste regulamento

e demais disposições pertinentes, promovendo o cumprimento das resoluções aprovadas pelo colegiado;

Art. 7º Ao Vice-Presidente do conselho compete substituir o Presidente em suas faltas e impedimentos, podendo praticar quando na função os atos a ele inerentes.

Art. 8º Ao Secretário-Executivo do conselho compete:

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I. Auxiliar o Presidente nas questões administrativas de ordem interna do Conselho, executando as ordens imediatas, instruções e resoluções emanadas;

II. Secretariar as reuniões, fazendo lavrar as respectivas Atas; III. Receber, examinar, acompanhar, tramitar e processar as

prestações de contas; IV. Cumprir e fazer cumprir, dentro dos respectivos prazos, as

decisões ou diligências ordenadas pela Secretaria Municipal de Finanças, nos processos de prestação de contas;

V. Providenciar de acordo com as instruções do Presidente, as medidas complementares para a convocação e a realização das reuniões ordinárias e extraordinárias;

VI. Movimentar junto com o Presidente a conta bancária do Conselho de Administração de Uniformes da Guarda Municipal de ................ (CAU-GM), conforme as deliberações;

VII. Outras atividades que lhe forem designadas pelo conselho, no regular exercício de sua função.

Art. 9º Aos membros do Conselho competem: I. Participar das discussões, apresentar emendas ou

substitutivos às questões apresentadas; II. Requerer urgência para discussão e votação de processos

não incluídos na ordem do dia da reunião, bem como a preferência nas votações ou na discussão de determinado assunto;

III. Votar a matéria em discussão, podendo pedir vistas dos processos por prazo determinado;

IV. Desempenhar os encargos para os quais tenham sido incumbidos pelo conselho ou seu Presidente.

Art. 10 O Conselho, por proposta de seu Presidente, organizará anualmente, o plano de aplicação da gratificação de Aquisição de Uniforme (GAU), nele incluídos os recursos previstos e o saldo do exercício anterior se houver, e o encaminhará até a segunda quinzena do mês de janeiro de cada exercício financeiro à Secretaria Municipal de Finanças, para exame, parecer e posterior aprovação pelo chefe do Poder Executivo.

Art. 11 O Presidente do Conselho prestará contas à Secretaria Municipal de Finanças, até 31 de março de cada ano, das aplicações dos recursos da Gratificação de Aquisição de Uniforme (GAU) referentes ao exercício anterior.

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Art. 12 A Guarda Municipal de ................., prestará ao Conselho o necessário apoio técnico administrativo, auxiliado, quando necessário, pela Secretaria Municipal ...............................

Art. 13 Os integrantes do Conselho de Administração de Uniformes da Guarda Municipal de ..................... (CAU-GM) não serão remunerados em virtude desta função.

Art. 14 Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

...................., em ..........de.......................................de 2004. Prefeito Municipal

12.4. GRUPAMENTO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Tendo em vista a preocupação com o Meio Ambiente, a

Prefeitura Municipal de Curitiba criou, em 1992, o Grupamento de Proteção Ambiental, composto por integrantes da Guarda Municipal de Curitiba. Os servidores utilizavam uniforme específico para este tipo de serviço, haja vista os mesmos se embrenharem nas áreas verdes (parques e bosques); contudo, os seus distintivos e insígnias eram idênticos aos demais membros da corporação.

Essa é uma forma correta de se distinguir a área de atuação, bem como adequar o servidor às condições de serviço que serão desenvolvidas pelo mesmo.

O uniforme da Guarda Verde, como o seu próprio nome já diz, era um uniforme na cor verde, com lenço de escoteiro, chapéu canadense e coturno, diferenciando assim, do uniforme social na cor azul-marinho, com sapato e cobertura.

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13. A GUARDA MUNICIPAL E A LEI DO DESARMAMENTO Com a nova legislação em vigor, é mister que as instituições

policiais venham a se adequar aos preceitos legais. Desta forma, as Guardas Municipais, para que continuem atuando dentro da esfera da legalidade, impreterivelmente, terão que se afeiçoar ao estatuído pela Lei Federal n.º 10826/03 e Decreto Federal n.º 5123/04.

Seguindo esta temática, convém ressaltar que a formação funcional dos integrantes das Guardas Municipais terá que ser realizada em estabelecimento de ensino de atividade policial, autorizada pelo Ministério da Justiça.

Ainda, outro item de suma importância trata dos tipos de porte de arma, conforme a quantidade populacional do município.

Deste modo, considerando as suas peculiaridades, existem dois tipos de porte de arma para as Guardas Municipais: a pessoal (pessoa física) e a funcional (pessoa jurídica). Vejamos:

Para as capitais dos Estados e os municípios com mais de 500.000 habitantes, os integrantes da Guarda Municipal passaram a ter direito aos portes de arma pessoal (particular) e funcional (institucional), sendo que, para o último, independente de estar ou não em serviço;

Para os municípios com mais de 50.000 e menos de 500.000 habitantes, os integrantes da Guarda Municipal, passaram a ter direito aos portes de arma pessoal (particular) e funcional (institucional), sendo que este último, somente em serviço;

Para os municípios que integram a Região Metropolitana, desde que não tenham uma população acima de 500.000 habitantes, cabe aos seus integrantes o direito aos portes de arma pessoal (particular) e funcional (institucional), sendo que este último, também somente em serviço.

O que merece um cuidado especial diz respeito às armas da própria corporação, que poderão ou não obter autorização para aquisição, bem como a liberação destas armas aos seus integrantes, podendo ser exclusivamente durante o turno de serviço ou sem restrição quanto ao porte das mesmas.

Cabe lembrar que, caso as Guardas Municipais venham efetivamente a exercer o seu direito do porte de arma, faz-se antes necessário preencher os requisitos, os quais serão comentados nos próximos tópicos.

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13.1. OUVIDORIA

Conforme preceitua o Art. 44, Parágrafo Único do Dec. n.º 5123/04, “... da existência de Ouvidoria, como órgão permanente, autônomo e independente, com competência para fiscalizar, investigar, auditorar e propor políticas de qualificação das atividades desenvolvidas pelos integrantes das Guardas Municipais.”

Entende-se que as Guardas Municipais, a fim de manter o controle externo, necessitam da existência de uma Ouvidoria, como órgão autônomo e permanente, tendo o poder investigatório próprio.

Por tratar-se de um controle externo, o mesmo deverá ser independente, podendo ser representado por membros do Ministério Público e dos Conselhos Comunitários de Segurança, dentre outros.

Atualmente, este tipo de serviço, vem sendo desempenhado pelas prefeituras através do “disque-reclamação”, não tendo, contudo, a capacidade legal de fiscalizar, auditorar e propor políticas, servindo apenas como instrumento de reclamação quanto a possível infração funcional.

13.2. CORREGEDORIA Do mesmo modo, pautado no Dec. n.º 5123/04, em seu Art. 44,

“... as Guardas Municipais dos municípios que tenham criado Corregedoria própria e autônoma, para apuração de infrações disciplinares atribuídas aos servidores integrantes do Quadro da Guarda Municipal.”

Tratando-se da Corregedoria, sendo este um mecanismo de controle interno, o mesmo “deverá ser supracorporativo, envolvendo representantes de várias instituições e membros da própria Guarda, em rodízio, para evitar estigmatizações ou prejuízos na progressão da carreira”, conforme estudos realizados pelo Instituto Cidadania – Fundação Djalma Guimarães, os quais serviram como balizadores para edição da presente legislação.

Convém ressaltar que a Corregedoria está direcionada para a apuração de infrações disciplinares, bem como aplicação das medidas cabíveis, devendo, entretanto, este organismo de controle ser próprio e específico para os integrantes da corporação, mantendo uma autonomia em relação à Guarda Municipal.

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Atualmente, alguns municípios mantêm nas Procuradorias setor responsável em apurar e aplicar punição aos seus servidores de maneira geral, sem distinção de sua função pública.

Com a vigência da presente legislação federal, faz-se necessário, ao menos nestas Procuradorias, a criação de uma Corregedoria, sendo esta própria para apurar e aplicar punição aos servidores específicos do Quadro da Guarda Municipal.

13.3. CADASTRO DAS ARMAS O Sistema Nacional de Armas – SINARM, instituído no

Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tendo circunscrição em todo o território nacional, tem competência legal para cadastrar as armas de fogo institucionais, constantes de registro próprio das Guardas Municipais.

Cabe ressaltar que registros próprios são os realizados pela corporação, em documento oficial e de caráter permanente.

Compete ainda ao Ministério da Justiça a fiscalização e controle do armamento e da munição utilizados pelas Guardas Municipais, podendo neste caso firmar convênio com as próprias prefeituras ou secretarias de segurança pública estaduais.

Por fim, quanto à aquisição das armas de fogo e munições para as Guardas Municipais, convém ressaltar que a competência legal para expedir autorização é do Comando do Exército, e a aquisição de armas de fogo pelos integrantes das guardas municipais na categoria de defesa pessoal é realizada através do Ministério da Justiça.

13.3.1. INSTITUCIONAL Com o advento da Lei n.º 10826/03, dois institutos foram

apontados através da sua regulamentação, um tratando sobre o porte de arma de uso permitido à pessoa física e o outro à pessoa jurídica. Sobre a pessoa jurídica, cabe lembrar que se trata do porte de arma “funcional”, onde a instituição policial tem o direito de adquirir o referido armamento, repassando aos seus integrantes.

Este porte de arma recai à pessoa jurídica, que por sua vez delega o “uso” e o “porte” da arma de fogo ao seu funcionário

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habilitado, podendo ambos virem a responder solidariamente pelo uso indevido do respectivo instrumento de trabalho.

As Guardas Municipais das capitais dos Estados e dos municípios com mais 500.000 habitantes passaram a ter direito ao porte de arma “funcional”, durante e após o serviço. Em outras palavras, as que estiverem preenchendo os requisitos estatuídos pela legislação em vigor, poderão adquirir o armamento de acordo com seu efetivo total, acautelando individualmente os mesmos aos seus guardas municipais; devendo, contudo, disciplinar em normas próprias os procedimentos relativos às condições para a utilização das armas de fogo de sua propriedade, inclusive para o uso da mesma fora de serviço.

Cabe lembrar que para o porte de arma “funcional” existe a limitação territorial dentro do respectivo município, sendo que os guardas municipais residentes em outros municípios poderão deslocar-se para as suas moradias ou retornarem ao seu trabalho, com o referido armamento, necessitando apenas a autorização para este deslocamento.

Quanto às Guardas Municipais da Região Metropolitana e dos municípios com mais de 50.000 e menos de 500.000 habitantes, passaram a ter apenas o direito ao porte de arma “funcional” estritamente em serviço, ou seja, estas corporações podem repassar o armamento aos seus guardas municipais, desde que os mesmos estejam em serviço, sendo vedada a utilização fora da sua jornada de trabalho.

Para que os integrantes das Guardas Municipais mencionadas acima possam fazer uso do respectivo armamento da sua corporação, faz-se necessário que, além da existência da Corregedoria e da Ouvidoria em seu município, tenham os mesmos realizado treinamento técnico de no mínimo 60 horas para arma de repetição e 100 horas para arma semi-automática.

A corporação deve submeter o seu funcionário a teste de capacidade psicológica a cada dois anos e sempre que o mesmo estiver envolvido em evento de disparo de arma de fogo em via pública.

Por fim, depois de cumpridos os requisitos técnicos e psicológicos, estabelecidos pela Polícia Federal, a capacidade técnica e a aptidão psicológica para o manuseio de armas de fogo

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aos integrantes das Guardas Municipais deverá ser atestada pela sua própria instituição.

Sobre o porte de arma “funcional”, cabem algumas considerações:

Tratando das demais Guardas Municipais, as quais não foram abrangidas pelo texto legal em virtude de não se tratar de capital, Região Metropolitana ou município com população superior a 50.000 habitantes, há um tratamento desigual para a mesma função.

Cabe lembrar que nos municípios pequenos, muitas vezes, o Estado não dispõe de efetivo e equipamento policial a fim de guarnecer esta localidade. Diante isso, muitas vezes, até os “delegados” são cargos de confiança exercidos por pessoas que sequer têm conhecimento na área de segurança e as delegacias destas pequenas comarcas são “vigiadas” por presos de confiança ou funcionários da prefeitura.

Percebe-se, claramente, a necessidade destes municípios em terem nas suas Guardas Municipais o efetivo exercício do poder de polícia, vindo a contar com seus integrantes no combate e prevenção ao crime.

Não é a quantidade populacional, mas sim, a localização do município, a renda “per capita” e principalmente a atividade econômica desta cidade que podem trazer um diagnóstico claro e preciso sobre o índice de insegurança.

Quanto às Guardas Municipais da Região Metropolitana e cidades com menos de 500.000 habitantes, o ideal é que estes municípios venham a ser assemelhados às capitais e grandes centros urbanos, no que tange ao porte de arma „funcional”, pois, além do acima exposto, ainda, existe o detalhe de que uma capital ou município bem policiado, com redução no índice de insegurança, conseqüentemente, terá ao seu derredor um possível índice de criminalidade acrescido, aonde o delinqüente acaba fugindo dos grandes centros, buscando abrigo e “trabalho” em outras localidades.

13.3.2. PARTICULAR Quanto ao porte de arma particular aos guardas municipais,

conforme está previsto no Art. 11, § 2º, da Lei n.º 10826/03, além de ser permitida a seus integrantes a aquisição e porte de arma de fogo, ainda, estão isentos do recolhimento de taxas de prestação de

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serviços relativos tanto ao registro, renovação e segunda via, quanto à expedição do porte federal de arma, renovação e segunda via, restringindo-se esta isenção a duas armas por servidor.

Cabe lembrar que, conforme Art. 28 da citada lei, exceto aos integrantes das Guardas Municipais das capitais e cidades com mais de 500.000 habitantes, fica vedado adquirir arma de fogo, tendo idade inferior a vinte e cinco anos, aos demais integrantes das Guardas Municipais dos municípios, onde a sua população seja inferior a 500.000 e superior a 50.000 habitantes.

Tratando-se do porte de arma “particular” categoria defesa pessoal, aos guardas municipais acima mencionados, convém ressaltar que o referido porte não tem limitação territorial em relação ao município, uma vez que se trata de um porte de arma federal, sendo fornecido para uma arma particular e não pertencente à corporação.

Torna-se prudente que as Guardas Municipais venham a manter em seus cadastros internos a relação do armamento particular dos seus servidores, mantendo com isso um controle indireto sobre as respectivas armas.

Convém salientar que, independente da arma ser pertencente à corporação ou ao servidor, quando houver uma ocorrência (tanto interna quanto externa), envolvendo o guarda municipal de posse de arma de fogo, encontrando-se este em estado de embriaguez, sob efeitos de substâncias químicas, alucinógenas ou medicamentos que provoquem alteração do desempenho intelectual ou motor, faz-se necessário o imediato afastamento das suas funções para tratamento especializado, devendo este preceito estar previsto na regulamentação interna quanto ao uso do respectivo armamento.

Cabe lembrar que se trata de uma infração administrativa, a qual prevê a sanção de perda do respectivo porte de arma, bem como apreensão da mesma pela autoridade competente.

Por sua vez, caso o referido guarda municipal venha a ser surpreendido em uma das situações acima elencados, o mesmo vindo a perder o direito ao porte de arma, poderá, perante a sua corporação, tornar-se um servidor temporariamente inapto para efetivo exercício da função, assemelhando-se ao condutor de viatura que tem a sua Carteira Nacional de Habilitação suspensa por exceder a pontuação máxima prevista.

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14. A GUARDA MUNICIPAL E O SERVIÇO TÁTICO-OPERACIONAL Sendo a Guarda Municipal gestora e operadora de segurança

pública na esfera municipal, atuando desta forma como “solucionadora de problemas” locais, faz-se mister neste tipo de instituição, além dos serviços operacionais comuns, ainda, a manutenção do Serviço Tático-Operacional, visando o pronto-emprego de guardas municipais especializados para a solução de problemas imediatos e específicos, como tumulto, turba, desastres, emergências de alto risco, calamidades públicas, defesa civil, etc.

Longe de afirmar que o seu efetivo operacional, de um modo geral, não esteja preparado para o enfrentamento de situações desta natureza, mas sim, com o objetivo de manter um serviço de excelência, em determinadas situações de emergência é necessário o emprego de profissionais altamente qualificados para este fim.

Desse modo, torna-se imprescindível que as Guardas Municipais mantenham um grupo de servidores diferenciados, voltados para a atuação nos serviços tático-operacionais, devendo estruturar-se, baseado no comando único, direcionando o seu foco de atuação para as buscas, resgates e apoio operacional.

Os Comandos Operacionais de Buscas, Resgates e Apoio ― COBRA ― (contribuição do GM Luiz Ilário Wachpolz), devem atuar nas grandes cidades, no apoio operacional aos demais serviços essenciais nos momentos de normalidade, somando os esforços na busca da recuperação do “Espaço Público”, realizando rondas nas praças, parques, bosques e logradouros, onde o índice de vandalismo e/ou criminalidade estejam atingindo proporções alarmantes.

Por sua vez, nos momentos de anormalidade, estes servidores deverão direcionar sua atuação no pronto-emprego, buscando a solução mais rápida e eficaz, a fim de minimizar a situação-problema. Neste caso, convém ressaltar a necessidade deste grupo estar distribuído de maneira ordenada, a fim de cumprir com a sua função específica.

Ainda, para que esses servidores sejam bem empregados na busca e resgate de pessoas desaparecidas em intempéries ou acidentes, nos lugares de difícil acesso, bem como no apoio operacional nas situações de defesa civil ou de suporte à prestação de serviço emergencial, é necessário que este grupo de servidores esteja em constante treinamento e aprimoramento, realizando inclusive cursos na área de pronto-socorrismo, salva-vidas, técnicas de alpinismo, combate e prevenção a incêndio, controle de distúrbio civil, entre outros mais.

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15. A GUARDA MUNICIPAL E O SOCORRO A VÍTIMAS Com a implantação do Serviço de Atendimento Móvel de

Urgência (SAMU), projeto desenvolvido pelo Ministério da Saúde, a fim de ofertar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) a assistência pré-hospitalar, conseqüentemente, o atendimento de emergência médica realizado pelas Guardas Municipais irá diminuir consideravelmente, no que tange ao encaminhamento hospitalar. Contudo, no pronto atendimento no local da ocorrência, esta atividade continuará sendo exercida pelos integrantes da Guarda Municipal, em virtude da sua característica peculiar de estar prestando serviço na ponta, direto com o cidadão.

Portanto, a manutenção dos cursos e preparação voltada ao suporte básico de vida e ao atendimento de ocorrências, envolvendo traumas, partos, entre outros, devem ser mantidos e incentivados nestas corporações.

Quanto ao SAMU, cabe ressaltar que “o atendimento pré-hospitalar pode ser definido como a assistência prestada, em um primeiro nível de atenção, aos portadores de quadros agudos, de natureza clínica, traumática ou psiquiátrica, quando ocorrem fora do ambiente hospitalar, podendo acarretar sofrimento, seqüelas ou mesmo a morte”.

Ainda, conforme menciona o Ministério da Saúde, “a organização de uma rede de atenção integral para atendimento às urgências, organizando o fluxo dos pacientes da atenção básica até a alta complexidade, é uma das prioridades do Ministério da Saúde. Neste contexto, o SAMU tem um forte potencial ordenador da assistência, como forma de responder a todas demandas de urgência, sejam elas no domicílio, no local de trabalho, em vias públicas ou onde o paciente vier a precisar do SUS. Todos os recursos necessários podem ser oferecidos, independentemente de sua complexidade”.

“O atendimento rápido a quadros agudos de natureza traumática e clínica, através do envio de ambulâncias de suporte básico e avançado (UTIs Móveis) com equipes de saúde, contribui para diminuir significativamente o índice de mortes precoces.”

Atualmente, as organizações policiais, estando ou não equipadas, têm prestado serviço na área social, em especial no que se refere a problemas relacionados à área de saúde, sendo na sua maioria problemas cárdio-respiratórios, intoxicação, trauma, maus

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tratos, trabalhos de parto, tentativas de suicídio, acidentes com vítimas e com produtos perigosos. Essas situações contribuem para uma experiência cotidiana na vida policial.

Ao ser implantado o SAMU, as Guardas Municipais não perderão as suas atribuições no que tange ao pronto-socorrismo, podem continuar auxiliando de forma integrada a prestação de socorro de urgência, ou então, passando a compor a equipe de estrutura do próprio Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, pois saúde e segurança trabalham de maneira integrada, um necessitando do outro para a complementação das suas funções, na área de atendimento de emergência médica.

Convém ressaltar que, ao prestar um serviço de urgência, conforme diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde, no item 1.2.4 - “Profissionais Responsáveis pela Segurança”, torna-se evidente a necessidade de servidores dessa área.

Quanto às atividades por estes desempenhadas, as mesmas devem estar voltadas praticamente para o que já realizam cotidianamente, ou seja, “na identificação de situações de risco, exercendo a proteção das vítimas e dos profissionais envolvidos no atendimento. Fazem resgate de vítimas de locais ou situações que impossibilitam o acesso da equipe de saúde. Podem realizar suporte básico de vida, com ações não invasivas, sob supervisão médica direta ou à distância, sempre que a vítima esteja em situação que impossibilite o acesso e manuseio pela equipe de saúde”.

Tratando-se das atribuições dos integrantes das Guardas Municipais, no que tange ao pronto atendimento nas situações de emergência, sendo estas realizadas direta ou indiretamente com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, conforme menciona o Mistério da Saúde, as mesmas deverão ser: “comunicar imediatamente a existência da ocorrência à Central de Regulação Médica de Urgências; avaliar a cena do evento, identificando as circunstâncias da ocorrência e reportando-as ao médico regulador ou à equipe de saúde por ele designada; identificar e gerenciar situações de risco na cena do acidente, estabelecer a segurança da área de operação e orientar a movimentação da equipe de saúde; realizar manobras de suporte básico de vida sob orientação do médico regulador; remover as vítimas para local seguro onde possa receber o atendimento da equipe de saúde; estabilizar veículos acidentados; realizar manobras de desencarceramento e extração manual ou com emprego de

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equipamentos próprios; avaliar as condições da vítima, observando e comunicando ao médico regulador as condições de respiração, pulso e consciência; transmitir, via rádio, ao médico regulador, a correta descrição da vítima e da cena; conhecer as técnicas de transporte do paciente traumatizado; manter vias aéreas pérveas com manobras manuais e não invasivas, administrar oxigênio e realizar ventilação artificial; realizar circulação artificial pela técnica de compressão torácica externa; controlar sangramento externo por pressão direta, elevação do membro e ponto de pressão, utilizando curativos e bandagens; mobilizar e remover pacientes com proteção da coluna vertebral, utilizando pranchas e outros equipamentos de imobilização e transporte; aplicar curativos e bandagens; imobilizar fraturas, utilizando os equipamentos disponíveis em seus veículos; dar assistência ao parto normal em período expulsivo e realizar manobras básicas ao recém nato e parturiente; prestar primeiro atendimento à intoxicações, sob orientação do médico regulador; conhecer e saber operar todos os equipamentos e materiais pertencentes ao veículo de atendimento; conhecer e usar os equipamentos de bioproteção individual; preencher os formulários e registros obrigatórios do sistema de atenção às urgências e do serviço; manter-se em contato com a Central de Regulação,repassando os informes sobre a situação da cena e do paciente ao médico regulador, para decisão e monitoramento do atendimento pelo mesmo; repassar as informações do atendimento à equipe de saúde designada pelo médico regulador para atuar no local do evento”.

Desse modo, a fim de evitar a duplicidade de serviços prestados, bem como a dicotomia na área de segurança, destinada ao pronto-atendimento-médico de emergência, as Guardas Municipais podem ser também empregadas nestas atividades, somando à equipe do SAMU, onde, na sua esfera de atuação, poderão compor o grupo.

Por sua vez, caso os municípios mantenham ambos os serviços de maneira distinta, convém ressaltar a importância de se conservar o sistema de comunicação integrado entre as centrais, bem como que os integrantes das Guardas Municipais continuem se aperfeiçoando na área de suporte básico de vida, para que estejam aptos a prestar o pronto-atendimento em suas ocorrências cotidianas.

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16. A GUARDA MUNICIPAL E O ESPORTE A Guarda Municipal de Curitiba, como exemplo, desde a sua

criação, tendo como característica para o exercício da sua função o condicionamento físico, acabou iniciando disputas desportivas internas (Torneio Interno) e externas do seu ambiente comum de trabalho, adquirindo com isso uma maior integração entre os seus servidores e os demais servidores e cidadãos deste grandioso Brasil.

Dentre estas, ressaltamos duas atividades que se tornaram precursoras do atletismo, no seio desta corporação: a corrida de rua e os Torneios da Associação dos Servidores Públicos do Paraná - ASPP.

A primeira, após diversas competições e vitórias, com a participação e o incentivo da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, foi inserida no calendário anual da Prefeitura Municipal de Curitiba a Corrida da Guarda Municipal, a qual, ano após ano, vem adquirindo cada vez mais participantes.

Quanto aos Torneios da Associação dos Servidores Públicos do Paraná, há a integração com os demais servidores dos órgãos públicos das esferas municipal, estadual e federal.

Visando levar não mais apenas a bandeira da Guarda Municipal, mas sim da Prefeitura Municipal de Curitiba, no ano de 1999, na gestão do prefeito Cássio Taniguchi, por meio da Secretaria de Governo Municipal, iniciou-se uma integração de todas as secretarias, galgando com isso, além da união e integração com os servidores desta municipalidade, ainda vitórias como o 1º Lugar Geral no ano de 1999 e Vice-Campeão Geral nos anos de 2000 e 2001. Com essas vitórias, podemos observar que não só os Guardas Municipais, mas também os servidores desta prefeitura, demonstraram ter interesse em realizar atividades físicas, a fim de se manterem saudáveis, bastando para isso um pouco de incentivo por parte do poder público municipal.

A existência e implantação de uma atividade envolvendo a integração dos servidores públicos com os de outros setores, bem como voltada efetivamente ao bem-estar do servidor, faz-se necessária, a fim de que haja maior valorização, integração e espírito de corpo entre estes funcionários, pois, para termos qualidade na prestação de serviço a comunidades, necessitamos de servidores estimulados, saudáveis e felizes.

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17. A GUARDA MUNICIPAL E A COMUNIDADE ESCOLAR As Guardas municipais, de um modo geral, são as instituições

de segurança que estão mais próximas da comunidade local, principalmente das comunidades de bairros e escolares. Partindo deste princípio, pode-se afirmar que, se otimizada a prestação de serviço deste guarda municipal na comunidade onde trabalha, certamente teremos uma redução do índice de criminalidade, sem a necessidade de impor o Poder Coercitivo do Estado. Com a educação e a integração dos órgãos de segurança na comunidade, previne-se grande parte dos possíveis focos de criminalidade.

O crime pode vencer a polícia ou o povo isoladamente, mas nunca conseguirá vencer o povo e a polícia integrados. Há que se inverter o atual quadro, onde a polícia tem medo do povo e o povo da polícia; ambos devem agir integrados, com o mesmo objetivo comum, reduzindo o índice de criminalidade local com ações preventivas e integrando efetivamente a comunidade e o poder público no combate ao crime.

Conforme Sir Robert Peele (1828), Lord inglês e pai do policiamento moderno, “o povo é a polícia e a polícia é o povo”, adicionando ainda, “que a polícia nada mais é que aqueles, pagos e uniformizados, para fazer aquilo que é o dever de todos nós”.

TRABALHOS DE ORIENTAÇÃO - Envolver a comunidade através de “Trabalhos de Orientação”, para a concretização de ações solidárias, visando diminuir as situações de insegurança.

AÇÕES: - Integrar a comunidade por meio de palestras educativas, com

temas diversos, pertinentes à área de segurança e áreas social, cultural e outras afins;

- Realizar Blitz educativas de trânsito; - Promover campanhas, fóruns e debates; - Realizar cadastro de voluntários. PÚBLICO ALVO: Alunos, familiares, professores, funcionários

e comunidade.

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LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público Municipal.

CANCHAS ESPORTIVAS - Otimizar o espaço das canchas esportivas das escolas, nos finais de semana e feriados.

AÇÕES: - Observar as peculiaridades do local; - Com administração da Direção do estabelecimento escolar e

a Guarda Municipal, em parceria com as lideranças locais, mediante prévio agendamento, ficando o solicitante responsável pelo uso do local;

- Solicitar aos órgãos competentes a melhoria das instalações para atender a demanda.

PÚBLICO ALVO: Alunos, funcionários e comunidade em geral. LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público

Municipal, que possuam disponibilidade de canchas esportivas.

AÇÕES CÍVICAS - Promover “Ações Cívicas” nas Escolas Públicas Municipais.

AÇÕES: - Orientar e fazer o hasteamento e arriamento das bandeiras

nos estabelecimentos de ensino da Rede Pública Municipal; - Estimular os estudantes e professores a participarem da

execução dos hinos; - Promover orientações gerais sobre civismo; - Transmitir noções de cidadania. PÚBLICO ALVO: Alunos, professores e funcionários. LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público

Municipal.

FAMÍLIA PARTICIPATIVA - Resgatar a participação da família na escola.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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AÇÕES: - Incentivar a participação da família em atividades nas

escolas. - Organizar mutirões de conservação, reformas e limpeza,

visando a racionalização do uso de energia, água, materiais e outros. - Credenciar os colaboradores das escolas, criando um

cadastro de voluntários; - Acompanhar a entrada e saída de alunos; - Incentivar a participação de pais e amigos de estudantes,

para colaborarem com palestras e parcerias diversas; - Estimular e orientar como fazer ou proceder em situações de

ilícitos. PÚBLICO ALVO: Alunos, professores, funcionários e

comunidade. LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público

Municipal.

VIZINHANÇA PACÍFICA - Recuperar a tranqüilidade nas adjacências escolares.

AÇÕES: - Promover ações fiscalizadoras nas proximidades de

estabelecimentos escolares, visando inibir atividades ilegais, tais como: venda de bebidas alcoólicas e cigarros a crianças e adolescentes, casas de jogos de azar (jogos do bicho, pebolim, sinuca, fliperama e outros), comercialização de drogas em geral (bocas de fumo ou ponto de drogas), casas de prostituição, terrenos baldios, pontos de desmanche de carros, abandono de lixo;

- Incentivar a comunidade a denunciar atividades irregulares. PÚBLICO ALVO: Alunos, professores, funcionários e

comunidade. LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público

Municipal e proximidades.

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Claudio Frederico de Carvalho

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VIZINHO SOLIDÁRIO - Estimular ações de co-responsabilidade mútua.

AÇÕES: - Incentivar a participação de pais e amigos em ações de

integração com a comunidade; - Acompanhar e orientar alunos e moradores nas proximidades

de sua residência; - Auxiliar em ações de orientação e encaminhamentos nos

procedimentos a serem tomados por crianças e adolescentes, quando na ausência de seus pais ou responsáveis.

PÚBLICO ALVO: Alunos, familiares, professores, funcionários e comunidade.

LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público Municipal e proximidades.

AMIGO DO QUARTEIRÃO – Incentivar que membros da comunidade participem em ações preventivas.

AÇÕES: - Organizar grupos voluntários para atuação nos

quarteirões/bairros, visando observar e denunciar quaisquer situações irregulares, tais como: “suspeitos” nas esquinas, traficantes nas proximidades das escolas, excessos de barulho, carros abandonados, pichadores, abandono de lixo, depredação de patrimônio, quebra de lâmpadas, de telefones públicos, vidro e outros, para que sejam tomadas medidas cabíveis para resolução do problema;

- Identificar os locais com maior risco de ilícitos. PÚBLICO ALVO: Cadastrar voluntários, comunidade,

familiares de alunos, professores e funcionários. LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público

Municipal e adjacências.

MOTIVADOR ESPORTIVO E CULTURAL – Estimular a colaboração de profissionais e voluntários para incentivo ao esporte e à cultura.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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AÇÕES: - Fazer parceria para que colaboradores organizem maneiras

de envolver as crianças, adolescentes e adultos em competições, gincanas, torneios, recreações organizadas e outros, visando aproveitar o tempo ocioso;

- Desenvolver ações de incentivo a trabalhos voluntários de estímulo ao esporte e à cultura;

- Valorizar o espaço coletivo na localidade onde estudam e residem;

- Incentivar participações de cunho cultural, tais como: música, dança, teatro, pintura, trabalhos artesanais e outros.

PÚBLICO ALVO: Alunos e comunidade. LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público

Municipal.

TRÂNSITO COMUNITÁRIO – Visa desenvolver ações para auxiliar o fluxo ordenado do trânsito.

AÇÕES: - Estimular que pais e amigos voluntários participem orientando

a entrada e saída de alunos na frente de escolas e imediações; - Propiciar que monitores auxiliem os estudantes na travessia

das vias de trânsito, dando-lhes orientações básicas e meios de execução.

PÚBLICO ALVO: Alunos, pais, professores e funcionários. LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público

Municipal.

BRINQUEDO DA PAZ – Desenvolver ações estimuladores que visem atitudes de paz, colaboração e bom relacionamento.

AÇÕES: - Incentivar a promoção de campanhas, visando a substituição

de brinquedos que incentivam a violência por brinquedos educativos e esportivos, amenizando atitudes de agressividade na escola e comunidade;

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Claudio Frederico de Carvalho

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- Estimular formas de ações para que os alunos brinquem sem agressividade.

PÚBLICO ALVO: Alunos e comunidade. LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público

Municipal.

ESPAÇOS ALTERNATIVOS - Otimizar espaços disponíveis na cidade.

AÇÕES: - Destinar espaços alternativos para que a comunidade utilize

em promoções e concursos de grafitagem, visando diminuir o índice de pichação;

- Desenvolver pessoas para expor seus trabalhos artísticos. PÚBLICO ALVO: Alunos, comunidade em geral. LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público

Municipal.

“ECO-LÓGICA” COMUNIDADE - Despertar na comunidade ações de conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente.

AÇÕES: - Promover ações visando a preservação do meio ambiente; - Orientar a comunidade a conservar os locais de uso particular

e coletivo; - Desenvolver mutirões e campanhas de manutenção e

recuperação do ecossistema. PÚBLICO ALVO: Alunos e comunidade. LOCAL: Unidades Escolares da Rede de Ensino Público

Municipal e adjacências.

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O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar

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18. A GUARDA MUNICIPAL E A LEI DA FOCINHEIRA Devido ao ocorrido no Parque Barigüi, em Curitiba, no dia 26

de fevereiro de 2001, quando um freqüentador foi atacado por um cão da raça Rottweiller, desencadeou-se uma cobrança maciça da mídia por medidas de segurança nesse sentido.

Nesta data, já se encontrava em vigência a Lei n.º 9493, de 15 de abril de 1999, a qual prevê a utilização de equipamento de segurança nos animais que transitam em parques, praças e vias públicas. Faltava sua regulamentação, que surgiu com o advento do Decreto n.º 642, de 30 de abril de 2001, para a efetiva aplicabilidade e demais sanções administrativas.

Quanto à lei propriamente dita, cabem algumas considerações: “Art. 3º Para o bem da segurança pública, fica autorizado o

serviço de guarda, ou policiamento, nos parques ou vias públicas, a interferir, apreendendo ou acionando o setor competente do Município, para apreensão dos animais de risco, que estiverem transitando sem a “focinheira”.”

Esse artigo trouxe consigo, conforme decreto de regulamentação, mais uma atribuição para a Guarda Municipal de Curitiba; contudo, ainda carece de alguns ajustes, sendo um dos mais importantes o fato da apreensão do animal.

Para que o cão venha a ser apreendido, faz-se necessário lembrar de que especificamente os guardas municipais necessitam realizar um curso, a fim de estarem aptos para enfrentar as diversas situações decorrentes de um cão agressivo ou em eminente ataque, pois é sabido que para se conter e até imobilizar um animal, requer-se, principalmente, técnica e equipamentos adequados.

Quanto ao Art. 5º da presente lei, o animal apreendido passa a ser “...considerado de propriedade do município, e assim ter o destino que seja mais conveniente à sociedade, podendo inclusive ser sacrificado ou doado a entidade de pesquisa”. Infelizmente, ao regulamentarem este preceito, ignorou-se a possibilidade de que os animais descritos neste artigo e que ainda estiverem em idade de adestramento, pudessem vir a ser doados para instituições de segurança, como a Guarda Municipal, a Polícia Civil e a Polícia Militar, a fim de auxiliar no combate à criminalidade. Com isso, conseqüentemente, cabe apenas o sacrifício ou doação à

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Claudio Frederico de Carvalho

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entidade de pesquisa, para os animais apreendidos e considerados abandonados.

Sobre a regulamentação da presente lei, cabem algumas observações de ordem prática, com as quais os servidores da Guarda Municipal se deparam constantemente nos patrulhamentos dos parques e correlatos. São elas:

a) Uma questão de Saúde Pública, a qual não foi mencionada na Lei 9493/99, deve ter uma especial atenção, pois os freqüentadores dos parques e correlatos levam seus cães para passear, muitas vezes, com o objetivo de que seu animal realize suas necessidades fisiológicas; contudo, os detritos fecais ficam expostos aos demais usuários dos parques e correlatos, sem que sejam removidos. O que se deve regulamentar é o fato de que, ao levar o cão para passear, o seu condutor deverá levar consigo equipamentos necessários a fim de realizar a coleta e devida destinação dos excrementos fecais do seu animal. Cabe ressaltar que, além de denegrir a imagem do espaço público, é um incômodo para os transeuntes e um fator de possível transmissão de doenças.

b) Ainda, uma situação atual que não pode permanecer omissa é o fato de que possivelmente em virtude do efetivo e/ou da distância, muitas vezes, quando o canil municipal é acionado para atender uma solicitação, geralmente por não dar atendimento imediato, acaba contribuindo para a impunidade dos infratores.

c) Por fim, uma situação de risco ocorrida nos parques e vias públicas, onde o dono do cão, sabendo estar em desacordo com a presente lei, acaba utilizando o seu cão como forma de autodefesa. Desse modo, para o guarda municipal, em virtude da falta de técnica e de equipamento, torna-se um tanto difícil realizar a apreensão do animal ou a detenção do dono.

Por fim, sobre a legislação em pauta, temos ainda a Lei das Contravenções Penais que, em seu artigo 31, tipifica como infração penal a omissão de cautela na guarda ou condução de animais, conforme segue abaixo:

“Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso:

Pena – prisão simples, de 10 (dez) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

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a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia a pessoa inexperiente;

b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia;

c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia.”

Atualmente, somente após a consumação do perigo (dano),

ou seja, agressão física do animal contra terceiros, é que se tenta punir o seu dono, quando este é detido e encaminhado à delegacia policial, juntamente com a vítima e o animal agressor ou a guia de recolhimento do mesmo.

Conclui-se com isso que, mesmo havendo dispositivos legais,

torna-se necessária uma melhor qualificação dos guardas municipais, bem como equipamentos, a fim de que se faça cumprir fielmente a presente lei.

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19. PERFIL DO COMANDO DAS GUARDAS MUNICIPAIS Como bem vimos, o Plano Nacional de Segurança Pública – 2003

– preconiza que as Guardas Municipais deverão ser “desmilitarizadas e desvinculadas da força policial”, mesmo sendo gestores e operadores de segurança pública municipal, tendo ainda como meta a articulação com as polícias civil e militar e a interação com as Secretarias de Justiça e Segurança do Estado. Em específico, o Comando das Guardas Municipais do Brasil deve ser exercido por profissionais alheios a outras instituições policiais, justamente para não trazer consigo tendências da própria carreira.

Seguindo estas diretrizes, algumas Guardas Municipais já iniciaram este processo, onde graduados da própria corporação estão assumindo o comando efetivo, provando competência para tal. Como exemplo, temos a Guarda Municipal de Curitiba onde modestamente, em 1992, um graduado da carreira assumiu interinamente a função de Comandante da Guarda Municipal de Curitiba.

Após esta participação bem sucedida, nos anos seguintes, os graduados desta instituição passaram a galgar diversos cargos, vindo nos dias de hoje a ocupar as chefias de núcleos regionais, direção e superintendência da secretaria. Contudo, faltando efetivamente para findar o comando matricial da Guarda Municipal, virem a assumir o cargo de dirigente da pasta.

Tratando-se da desmilitarização, lembramos primeiramente que nos quadros dos comandos das Guardas Municipais, há pouco tempo atrás, 70% eram provenientes de Oficiais da reserva remunerada das Polícias Militares. Traziam, por sua vez, conceitos e princípios da caserna, os quais acarretavam conflitos com a instituição (que é de caráter eminentemente civil), afetando, com isso, várias esferas de desenvolvimento das Guardas Municipais, inclusive incorporando estatutos e normas, entre outros, não condizentes com a verdadeira atuação das Guardas Municipais, conforme os preceitos constitucionais.

Preconiza ainda que a Guarda Municipal seja desvinculada da força policial estadual, lembrando-se que 20% dos comandantes das Guardas Municipais geralmente são oriundos da Polícia Civil, sendo Delegados de Polícia aposentados, os quais trazem consigo, o policiamento direcionado à área investigatória. Neste caso, o seu comando estará voltado para a sua área de atuação, fugindo do exercício do dever legal do guarda municipal que é o policiamento ostensivo/preventivo.

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Por fim, algumas cidades, seguindo os preceitos do Plano Nacional de Segurança Pública, bem como cientes da necessidade de um comando imparcial do corpo de Guardas Municipais, optou em nomear para função de comando das ditas instituições membros da própria corporação com formação jurídica, ou então civis oriundos do poder judiciário. Atualmente, isso corresponde a 10%, em média, desses comandos, no país.

A maior parte das Guardas Municipais no Brasil adquiriu maturidade suficiente para ter em seu corpo comandante próprio da carreira, sendo desnecessário trazer comandante de outras corporações policiais, onde cada qual já possui sua identidade própria e que, muitas vezes, acaba prejudicando o processo da busca pela própria identidade das Guardas Municipais.

É sabido que inconscientemente existem premissas e tendências subjetivas dos comandantes, sendo esta a bagagem intransferível que se traz de uma para outra instituição. Assim sendo, torna-se inviável e, de certo modo, prejudicial, nomear para o comando das Guardas Municipais profissionais altamente capacitados na sua esfera de atuação, contudo, pessoas improdutivas no processo de crescimento desta corporação, pois não irão contribuir de maneira significativa ou de acordo com o esperado.

Cabe lembrar que há pouco tempo atrás as Polícias Militares do país eram comandadas por Oficiais Generais de Exército, onde, em virtude da diferença de atuação, surgiram diversos conflitos, pois o comandante tinha a formação específica para a Soberania Nacional e, por sua vez, seus comandados estavam no exercício da função de Segurança Pública. Assim, após diversos conflitos internos, as Polícias Militares conseguiram assumir o comando das suas instituições.

Quanto ao comando de uma Secretaria de Estado, um exemplo de respeito para com as Polícias Civil e Militar foi o que o Governador Roberto Requião realizou na Secretaria Estadual de Segurança Pública, onde, em lugar de nomear um membro de uma ou outra instituição, optou em empossar como Secretário desta pasta um representante do Ministério Público.

Nada mais justo e certo para com as Guardas Municipais e para com os seus integrantes que o Comandante seja alguém oriundo da própria corporação, desde que tenha formação em Direito, ou da esfera jurídica, haja vista a sua atuação estar diretamente relacionada com a aplicação da lei.

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20. OTIMIZAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL Dentro da esfera de atuação das Guardas Municipais, existe

um leque incomensurável de atribuições que estas corporações podem desenvolver na sua municipalidade, de acordo com as características peculiares de cada município.

Convém ressaltar que, de modo algum, utilizados de maneira otimizada os serviços públicos municipais na sua esfera de competência, essas instituições estarão atuando à margem da lei.

Ainda cabe lembrar, no que tange à Segurança Pública, que muitas são as formas de atuação, buscando a diminuição do índice de insegurança, lembrando sempre que as maneiras preventivas, geralmente, são as que mais apresentam um resultado significativo, afinal, a máxima popular “é melhor prevenir, que remediar” impera como realidade cotidiana no trabalho da Guarda Municipal.

Por fim, ciente de que diversos são os meios que levam ao mesmo fim, visando buscar uma forma de minimizar o índice de insegurança nos municípios, seguem abaixo alguns esboços em prol da segurança pública municipal.

20.1. REGIMENTO DISCIPLINAR As Guardas Municipais de um modo geral, atualmente,

carecem de um regimento disciplinar moderno e funcional, baseado na “Lei do Desarmamento” (regulamento próprio).

Lembrando que este regimento deve tratar também sobre a cadeia de comando, sobre uma hierarquia fundamentada no mérito, sobre o plano de cargos e salários, sobre o regime de trabalho, sendo este diferenciado dos demais serviços públicos municipais no que diz respeito aos turnos de trabalho, e principalmente, sobre a manutenção de uma identidade institucional.

Cabe salientar que, em algumas cidades, os Comandos das Guardas Municipais estão sendo exercidos por integrantes da própria carreira, onde conhecem suas peculiaridades e suas atribuições legais, mantendo assim o desenvolvimento, a ordem e a disciplina, onde os mesmos, após atuarem em todos os escalões hierárquicos, podem vir a assumir o comando das ditas instituições.

Quanto à valorização financeira, sendo um servidor que tem por dever especializar-se e atualizar-se cada vez mais, é prudente

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que o mesmo venha a ter um vencimento equivalente a sua atividade, evitando com isso o segundo emprego ou a desestimulação para com a sua função pública.

20.2. REINTEGRAÇÃO DE POSSE De um modo geral, as Guardas Municipais já vêm atuando no

impedimento de invasão de áreas pertencentes aos seus municípios, evitando com isso o assentamento desordenado e a posterior desapropriação dos seus “invasores”.

Em Curitiba, somente nos últimos anos, foram realizadas mais de 300 ações de impedimentos desta natureza, por meio da Guarda Municipal.

Em 27 de abril de 2004, em virtude de uma ocupação desordenada em área de risco, pertencente ao Município de Curitiba, a sua Guarda Municipal recebeu através dos autos 196/04, da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Curitiba, a incumbência de efetuar a reintegração de posse, sendo deferido pelo eminente Juiz de Direito, o uso da Guarda Municipal para desocupação dessa área.

20.3. SUBSISTEMA DE INTELIGÊNCIA Uma vez que as Guardas Municipais atuam com diversas

informações na área de segurança pública, faz-se necessária a implantação e integração de um núcleo de coleta, organização, processamento, análise e difusão de dados, adotando a metodologia do geoprocessamento.

Desse modo, suas informações estarão sendo compartilhadas com outros organismos de segurança, somando assim os esforços no combate à criminalidade local.

20.4. RELUZ O Projeto “Reluz” visa implantar uma política integrada às

instituições fornecedoras de energia, a fim de coibir o roubo de energia, cabos aéreos e subterrâneos, bem como acresce a este a possibilidade das Guardas Municipais de informar diretamente aos órgãos responsáveis quanto à carência da iluminação pública, a fim de que se faça manutenção o mais breve possível nesta localidade,

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evitando com isso os possíveis focos de aglomeração de “desocupados”, mantendo assim os logradouros iluminados e mais seguros.

20.5. POLÍCIA NÃO-LETAL Um dos assuntos mais discutidos internacionalmente, o

desarmamento, tomou um vulto de tamanha importância que hoje, no Brasil, temos uma legislação própria tratando deste item.

O conceito de armas não-letais iniciou nos campos de batalha, com o fim da guerra fria, a queda do muro de Berlim e a Guerra do Vietnã, cada caso trazendo as suas experiências, sendo muita delas desfavoráveis ao grande poderio bélico, como exemplo, no Vietnã, onde os soldados altamente qualificados e equipados se viram reféns de “agricultores”, os quais, utilizando a criatividade, venceram moral e psicologicamente este grande exército.

Convém ressaltar que o objetivo primordial das forças policiais, ao contrário dos combatentes de guerra, está no combate ao crime e não ao criminoso. Desse modo, percebe-se claramente a diferença, pois o soldado luta para eliminar (matar) o inimigo e o policial, por sua vez, para prender e limitar o criminoso, levando-o ao Poder Judiciário, o qual tem a incumbência legal de julgar os atos por este praticado.

A utilização da arma de fogo como um instrumento de trabalho do policial, é imprescindível; contudo, 90% dos confrontos policiais envolvendo tiroteio poderiam ser evitados com a utilização das armas não-letais, onde, ao imobilizar efetivamente o opressor, impossibilita-o de oferecer reação a esta ação policial.

Existem atualmente diversas armas não-letais, sendo elas antipessoais e antimateriais. Como exemplo, pode-se citar as armas físicas (balas de borracha/plástico, redes/veicular e pessoal,...); arma química (irritantes, spray de pimenta, corante/identificadores,...); e de energia dirigida (eletromagnética: luzes estonteantes, laser não cegante,..., acústica: ruidosas, ..., antimaterial: pulso de energia, feixes de partícula, ...).

As Guardas Municipais, estando armadas, podem vir a somar aos seus equipamentos esta nova concepção de armamento, onde, em determinado caso concreto, teriam a alternativa de escolher entre um ou outro equipamento de acordo com a situação específica, evitando com isso o uso excessivo, tanto da força quanto do material

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utilizado, sendo esta também uma alternativa plausível para as Guardas Municipais, onde tenha em seu município população inferior a 50.000 habitantes.

20.6. APOIO PSICOLÓGICO E JURÍDICO Em virtude da tipicidade do serviço, faz-se necessária aos

integrantes das Guardas Municipais a implantação de um apoio psicológico permanente, objetivando a manutenção da saúde mental e física, voltada para a prevenção da drogadição e alcoolismo.

Ainda, no que diz respeito às ocorrências mormente atendidas, geralmente os guardas municipais acabam sendo solicitados pela Autoridade Judiciária, a fim de prestar depoimento. Por sua vez, em determinadas situações, o referido servidor acaba necessitando de um procurador legal, com o intuito de defendê-lo em razão do cumprimento da sua função.

20.7. POLÍCIA COMUNITÁRIA Estando esta atividade em franco processo de expansão, as

Guardas Municipais, uma vez que se encontram próximas à população, devem buscar cada vez mais a integração com os Conselhos de Segurança Comunitária e Associações de Bairros.

O policiamento-comunitário, atualmente, apresenta-se como uma das ações mais eficazes para a redução da criminalidade a médio e longo prazo, fato comprovado por diversas experiências no exterior e também no Brasil.

***

Cabe lembrar que, nos processos de revisão e reestruturação,

devemos ter o cuidado de não nos tornarmos reféns de “guetos” ou “nichos” de interesses casuísticos, que nada agregam em prol da sociedade, apenas usam-na para perpetuação de seus interesses pessoais.

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21. POR QUE MANTER A GUARDA MUNICIPAL A Guarda Municipal pode ser mais que apenas uma corporação,

pode ser principalmente solidária, dinâmica e uma grande prestadora de atendimentos de excelência em várias áreas de atuação para a população, trazendo benefícios com idéias simples e com um custo quase que inexistente.

Existem vários programas das Guardas Municipais no Brasil que estão apresentando resultados positivos junto a sua localidade. Em virtude da sua atuação direta com a comunidade, as Guardas Municipais passam a conhecer as tipicidades dos bairros, a ponto de, em determinadas regiões, onde a insegurança era premissa máxima, agora o cidadão já pode dizer: “eu estou me sentindo mais seguro, quando caminho pela minha cidade”.

O maior dilema da Guarda Municipal, enquanto prestadora de serviço de Segurança Pública Municipal, na esfera municipal, não é encontrar resistência frente à legislação vigente, doutrina ou jurisprudência, mas na intransigência de alguns dirigentes que a vêem como uma concorrente.

Cabe lembrar que quanto mais precária é a segurança oferecida pelo Poder Estatal, maior será o número de prestadoras de serviço de segurança particular, muitas na clandestinidade, onde acabam colocando em risco seus próprios contratantes.

À medida que a criminalidade aumenta no país em proporções assustadoras, surgem tendências político-partidárias querendo diminuir a competência na área de segurança pública por parte dos municípios.

Como podemos observar, em um determinado estado brasileiro, através da Diretriz nº PM3-001/02/01, editada em janeiro de 2001, pelo comando geral, a finalidade era repassar aos comandos locais o que segue abaixo:

“Padronizar os procedimentos das OPM em relação às guardas municipais existentes, bem como, aqueles a serem adotados junto ao poder público municipal nos municípios em que houver pretensão de criação dessas instituições e outras providências a serem adotadas para desestimular iniciativas nesse sentido.” (grifo nosso).

Percebe-se claramente que a preocupação deste comando não está voltada à área de Segurança Pública dos municípios em pauta,

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mas sim, nas lacunas deixadas por esta instituição, em virtude do seu sistema metódico e de certo modo arcaico, onde torna-se ineficiente frente às necessidades básicas da comunidade. O medo maior está na concorrência de um órgão público municipal capaz de diminuir os índices de insegurança local.

Anteriormente, a preocupação estava centrada no estado, em virtude da dicotomia policial. O governo federal, buscando pôr um fim a esse dilema, iniciou o processo de integração das instituições policiais. Para alguns comandantes retrógrados manterem-se ocupados, optaram em começar a se preocupar com a existência e manutenção das Guardas Municipais, esquecendo da sua principal função que é oferecer Segurança Pública de qualidade.

Por outro lado, enquanto estes comandantes digladiam-se politicamente, a criminalidade vem crescendo e se organizando cada vez mais, a ponto de tornar o povo e a polícia reféns em suas próprias casas e casernas. O crime nas grandes cidades tornou-se insustentável. O criminoso passou a desafiar as próprias instituições de segurança, que acabam por ser invadidas ou tornam-se objetos de atentados.

No Estado do Paraná, por sua vez, as organizações policiais têm adotado um relacionamento mais profissional, onde policiais civis e militares, junto com os guardas municipais, trabalham lado a lado no combate ao crime, cada um respeitando a sua área de atuação e, quando necessário, dando apoio à outra instituição.

Servindo como exemplo está a Operação Integrada, onde, juntos, Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiro, Ministério Público e a Guarda Municipal de Curitiba, com demais órgãos da Prefeitura Municipal de Curitiba, vêm trabalhando semanalmente, há mais de três anos, nas fiscalizações de estabelecimentos comerciais da grande Curitiba.

Deste modo, não há o que se falar de milícias, mas de Guardas Municipais atuando em sintonia com os poderes públicos constituídos e sob a exegese da lei, cumprindo com a sua função constitucional e buscando minimizar os índices de insegurança nesta Capital.

Por sua vez, cabe lembrar que a Guarda Municipal não está exclusivamente voltada para a segurança pública, conforme os moldes do Regime Militar, mas sim para atuação na área de defesa social que corresponde a uma parcela significativa da prestação de

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serviço à comunidade de maneira extensiva, o qual abrange segurança pública, defesa civil, entre outras ações do poder público.

Defesa Social é a concepção de justiça criminal como ação social de proteção e prevenção, caracterizando-se pela aceitação da mutação de acordo com a evolução da sociedade. O Direito Criminal é, então, parte da polícia social; o crime está na sociedade, o homem apenas o revela. A eficácia do Direito Penal e da polícia em geral no controle da criminalidade é apenas de relativa importância. A prevenção prevalece sobre a repressão.

A criminalidade não se resolve no contexto restrito da Segurança Pública, mas em um programa de ampla defesa social, isto é, numa política social que envolva o punir (quando útil e justo) e o tratamento ressocializante do criminoso e do foco social de onde emerge.

Desta forma, a Guarda Municipal, sendo a prestadora de serviço que trabalha diuturnamente representando o Poder Público Municipal, em todos os bairros e periferias, torna-se uma das poucas instituições do município capaz de dar o pronto-atendimento às necessidades locais.

Por fim, conforme Theodomiro Dias Neto comenta, “Pesquisas norte-americanas realizadas durante os anos de 60 e 70 revelaram que embora a cultura e estrutura policial estivessem inteiramente voltadas à repressão policial, parte significativa dos pedidos de assistência referia-se a pequenos conflitos. Hoje é fato conhecido que a polícia, mesmo em contexto de alta criminalidade, chega a consumir 80% de seu tempo com questões como excesso de ruído, desentendimento entre vizinhos ou casais, distúrbios causados por pessoas alcoolizadas ou doentes mentais, problemas de trânsito, vandalismo de adolescentes, condutas ofensivas à moral, uso indevido do espaço público, ou serviços de assistência social, como partos”. (grifo nosso)

Como vimos na pesquisa, o que nos Estados Unidos era realidade nos anos 60 e 70, aqui no Brasil continua sendo uma rotina, a qual necessita, com uma certa urgência, ser revista pelos Poderes Públicos constituídos.

As Guardas Municipais têm contribuído de maneira significativa nestes diversos tipos de atendimento acima citados, entre outros mais.

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22. CARTA DE FORTALEZA As Guardas Civis Municipais de 79 Municípios, dos Estados do

Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e do Distrito Federal, reunidos no XV Congresso Nacional das Guardas Municipais, realizado em Fortaleza, Ceará, nos dias 7, 8 e 9 de junho de 2004, aprovam na sua Assembléia de Encerramento a Carta de Fortaleza, nos seguintes termos:

Reafirmam o seu compromisso de trabalhar para a inserção das Guardas Municipais do Brasil no Sistema Único de Segurança Publica - SUSP, idealizado pelo Programa de Segurança do Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva.

Enfatizam que a concretização do Sistema Único de Segurança Publica não pode prescindir da inclusão dos municípios em todas as políticas integradas de segurança, sobretudo aquelas voltadas para ações preventivas.

Decidem encaminhar, por meio do Conselho Nacional das Guardas Municipais, ao Governo Federal, as seguintes solicitações:

1. Que se retomem as atividades do Grupo de Trabalho de Segurança Municipal do Comitê de Articulação Federativa, instituído por iniciativa do Ministério da Casa Civil, que reunia, além deste, o Ministério da Justiça, o Ministério das Cidades, a Frente Nacional de Prefeitos, a Associação Brasileira de Municípios, a Confederação Nacional de Municípios e o Conselho Nacional das Guardas Municipais;

2. Que o Ministério da Justiça regulamente a destinação de pelo menos 20% dos recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública, para financiamento de projetos municipais, em especial aqueles voltados ao fortalecimento de ações preventivas das Guardas Civis, integradas a políticas públicas sociais e urbanas, proposta esta já aprovada no Grupo de Segurança Municipal do Comitê de Articulação Federativa;

3. Que o Ministério da Justiça, quando do repasse de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública aos Estados, priorize o financiamento de projetos de Estados que repassam informações e estatísticas criminais aos Municípios;

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4. Que se altere o Protocolo de adesão ao SUSP, incluindo-se a participação dos Municípios, através de suas Guardas Municipais, nos Gabinetes de Gestão Integrada dos Estados, reconhecendo que a participação dos Municípios é fundamental para a efetividade do Sistema Único de Segurança Publica;

5. Que as exigências previstas na Minuta de Regulamentação da Lei do Estatuto do Desarmamento relativas às Guardas Municipais, tais como Corregedoria autônoma e independente, Ouvidoria, fiscalização de cursos, controle do uso de arma de fogo, sejam estendidas às polícias estaduais e às policias da União;

6. Que o Governo Federal manifeste, por meio de suas lideranças na Câmara e no Senado Federal, apoio à regulamentação da PEC n 534-02, em tramitação na Câmara dos Deputados, que estabelece o reconhecimento das Guardas Municipais como polícias municipais preventivas e comunitárias, ampliando suas atribuições constitucionais; e

7. Que o Governo Federal manifeste apoio ao Projeto de Lei Federal que regulamente as Guardas Civis Municipais do país como polícias municipais preventivas e comunitárias, instituições complementares do Sistema de Segurança Pública subordinadas aos respectivos Executivos Municipais.

Decidem encaminhar, por meio do Conselho Nacional das Guardas Municipais, ao Congresso Nacional, uma moção de reconhecimento pela inclusão das Guardas Municipais no Estatuto do Desarmamento e, tendo em vista as eleições municipais em todo território nacional no ano corrente, solicitar que seja colocada na agenda de votação do Congresso Nacional, em caráter prioritário, a PEC 534-02 e o Projeto de Lei de Regulamentação das Guardas Municipais.

As Guardas Municipais reunidas no XV Congresso recomendam aos Poderes Públicos de Municípios que tenham Guardas Civis Municipais que, gradativamente:

Criem, caso ainda não tenham, um órgão gestor da política de segurança municipal;

Instituam Planos de Cargos, Salários e Carreira, tendo como princípios a carreira única, a participação de mulheres em todos os níveis hierárquicos e a valorização profissional;

Fortaleçam mecanismos de fiscalização, controle, criando corregedorias autônomas e independentes e Ouvidorias, e

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qualificando a formação, com vista à qualificação da ação preventiva e comunitária das Guardas Civis Municipais;

Priorizem a aquisição de equipamentos de proteção da integridade física do efetivo de suas Guardas, bem como a aquisição de equipamentos adequados à ação preventiva e comunitária; e

Instituam programas de apoio a saúde física e mental dos guardas municipais.

As Guardas Civis Municipais presentes no XV Congresso, por meio do Conselho Nacional das Guardas Municipais, reafirmam, ainda, o compromisso de respaldar e fortalecer as iniciativas que visem à participação da comunidade, a integração com as policias estaduais e federais, a construção de um padrão mínimo de formação das Guardas Municipais, um padrão mínimo de código de conduta, um padrão mínimo de órgão de controle e fiscalização, na perspectiva do respeito à dignidade humana, a legalidade democrática e a consolidação da atuação preventiva e comunitária das Guardas Municipais.

Por fim, os Secretários Municipais, Comandantes e Diretores de Guardas Municipais aprovam alterações no Estatuto do Conselho Nacional das Guardas Municipais e deliberaram que a Cidade de Foz do Iguaçu sediará o XVI Congresso Nacional das Guardas Municipais, no ano de 2005.

Fortaleza – Ceará, 9 de junho de 2004

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23. A FALA DE UM POLICIAL MITCHELL BROWN, da polícia estadual de Virginia (Eua) “Muito bem, senhor cidadão, eu creio que o senhor já me

rotulou. Acredito que me enquadro perfeitamente na categoria em que o senhor me colocou. Eu sou estereotipado, padronizado, marcado, corporativista e sempre bitolado.

Infelizmente, a recíproca é verdadeira. Eu não vou rotulá-lo. Mas, o senhor diz a seus filhos, desde que eles nascem, que eu sou um bicho-papão e depois o senhor fica chocado quando eles se identificam com meu inimigo tradicional: o criminoso.

O senhor me acusa de contemporizar com os criminosos, até que eu apanhe um de seus filhos em alguma falta. O senhor é capaz de gastar uma hora para almoçar e interrompe o serviço para tomar muitos cafés por dia, mas me considera um relapso se paro para tomar uma xícara.

O senhor se orgulha de seu refinamento, mas nem pisca quando interrompe minhas refeições com seus problemas. O senhor fica fulo quando alguém o fecha no trânsito, mas se eu o pegar fazendo a mesma coisa, estarei sendo arbitrário.

O senhor conhece todo o Código de Trânsito, nunca porta os documentos obrigatórios. O senhor acha que é um abuso se eu dirijo em alta velocidade para atender uma ocorrência, mas sobe pelas paredes se eu demoro dez segundos para atender um chamado seu.

O Senhor acha que é parte do meu trabalho se alguém me fere, mas diz que é truculência da polícia se eu reajo a uma agressão. O senhor nem cogita em dizer ao seu dentista como arrancar um dente, ou ao seu médico como extirpar seu apêndice, mas está sempre me ensinando como aplicar a lei.

O senhor quer que eu o livre dos que metem o nariz na sua vida, mas não quer que ninguém saiba disso. O senhor brada: É preciso fazer algo urgente para combater a criminalidade.

O senhor não vê utilidade para a minha profissão, mas certamente ela se tornará valiosa se eu trocar um pneu furado do carro de sua esposa, ou conduzir seu menino no banco de traz do carro patrulha, talvez se salvar a vida de seu filho com uma

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respiração boca-a-boca ou trabalhar muitas horas extras procurando por sua filha que sumiu.

Assim, senhor cidadão, o senhor pode levantar, esmurrar a mesa, dizer impropérios e se enfurecer pela maneira como executo o meu trabalho, dizendo todos os nomes feios possíveis, mas nunca se esqueça que sua prosperidade, sua família e até sua vida dependem de mim e de meus colegas.

Sim senhor, cidadão, eu sou um Policial.” O policial Mitchell Brown foi assassinado por um bandido

que reagiu à prisão, dois meses após publicação desta crônica.

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24. CONCLUSÃO As pessoas que se recusam em admitir que as Guardas

Municipais, dentro da sua função institucional, são organismos de segurança pública municipal, em virtude das restritas e errôneas interpretações, acabam, por conseguinte, contribuindo indiretamente para com objetivos escusos, tais como: 1- transferir a parcela de culpa pela insegurança local, direcionando a escalões superiores; 2- negar a parcela de responsabilidade dos dirigentes municipais na área de segurança pública; 3- motivar o uso da insegurança dos municípios como tablóide político; 4- beneficiar a manutenção do “status quo” de alguns em detrimento do índice alarmante da falta de segurança generalizada (Lei da Oferta e da procura ― quanto mais escasso e procurado o produto, mais caro será); 5- incentivar a ampliação do serviço paralelo de segurança, sendo este atividade eminentemente de natureza privada, com fins lucrativos; e por fim, 6- permitir o crescimento da criminalidade, voltado à sensação de impunidade do Estado, para com o infrator.

Cabe lembrar que Segurança Pública é uma atividade exclusiva do Poder Estatal, sendo desenvolvida pela União, Estados Membros, Distrito Federal e Municípios, todos tendo o dever legal de fornecer dentro da sua esfera de atuação, uma prestação de serviço de excelência, minimizando desta forma os índices de insegurança.

Delegar esta função a instituições privadas é o mesmo que transferir o poder familiar de um filho a um desconhecido. As atividades próprias do Estado são indelegáveis, pois só diretamente ele as pode exercer; dentre elas se inserem o exercício do poder de polícia de segurança pública e o controle do trânsito de veículos. Desta forma torna-se prejudicada a outorgada à pessoa jurídica de direito privado o exercício do poder de polícia, sendo essa delegação contrária às disposições da Constituição Federal.

Atualmente, encontramos no serviço de segurança privada quase que o triplo do contingente policial existente no país, mostrando claramente a ausência dos poderes públicos constituídos na resolução dos problemas.

Convém ressaltar que, muitas vezes, em virtude da ausência de políticas de segurança municipais, integradas às demais ações dos organismos de segurança estadual e federal, surgem em determinadas regiões crises que acabam tomando proporções

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assustadoras, como no exemplo da cidade do Rio de Janeiro – RJ, que há alguns anos acabou sendo veiculada na mídia nacional e internacional “como a cidade tomada pelo crime, onde a população acabou tornando-se refém do criminoso em suas próprias residências”.

Diante desses fatos, conclui-se que os municípios devem, por meio dos seus dirigentes, abdicar desta posição cômoda de aguardar providências superiores para os problemas locais.

A falha na segurança pública, até pouco tempo atrás, estava relacionada com a ausência de sintonia e sinergia entre as esferas públicas, no âmbito municipal, estadual e federal, onde cada qual transferia a sua parcela de responsabilidade para um ou para outro segmento.

Após muitos estudos sobre o assunto, foi diagnosticado o problema, desencadeando-se então, por meio do governo federal, medidas que visam suprir, de maneira significativa, estes focos globais e locais, com o emprego das Guardas Municipais.

Assim, com o advento do Plano Nacional de Segurança Pública, iniciou-se nova etapa na existência das Guardas Municipais, onde estas corporações passaram a assumir, cada vez mais, a sua parcela de responsabilidade frente à segurança pública local.

Atualmente, com a “Lei do Desarmamento”, além de ressaltar a função das Guardas Municipais como corporações voltadas à área de segurança pública municipal, ainda passou a tratar os seus integrantes de maneira diferenciada aos demais servidores públicos municipais, determinando a criação de mecanismos de controle interno (Corregedoria) e externo (Ouvidoria), bem como quanto aos requisitos para a formação e aprimoramento dos seus quadros.

Desse modo, cabe lembrar que a individualidade e o respeito de cada corporação que atua na esfera policial está efetivamente na valorização dos seus integrantes e na manutenção de uma identidade própria, vindo uma a acrescer com a existência da outra.

*** “O policial é um profissional do Direito, tanto quanto o juiz, o

advogado, o promotor de justiça, jamais um profissional da guerra. O policial não deve ter quartel porque não há de esperar para entrar em ação, ele deve estar permanentemente bem distribuído”.

Dr. Luiz Otavio de O. Amaral

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Muitas Vezes...

Muitas vezes, quando enfrentamos as batalhas da vida e, infelizmente, perdemos muitas delas, precisamos recordar e acreditar

nas vitórias.

Muitas vezes, quando estamos à procura de algo em que realmente acreditamos, e quase desistimos, por ser difícil vencer

todas as barreiras, precisamos persistir e vencer os receios de tentar e arriscar.

Muitas vezes, quando nos envolvemos com tantos problemas,

nossos e alheios, sentindo o peso do fardo que nos é dado a carregar e pensamos em esmorecer, precisamos reunir as forças, retomar a

coragem e prosseguir.

Muitas vezes, quando cansados da jornada, nem temos tempo e ânimo de erguer os olhos e contemplar as estrelas, precisamos

sentir a energia do Universo, que conspira a nosso favor,

Pois há, acima de tudo isso, um Deus que é Pai, que é Amor! Que nos ensina sobre nós mesmos, com as derrotas, mas que

comemora junto conosco as vitórias.

Que nos põe à prova, verificando o tamanho de nossa fé, mas que empunha a espada para nos defender dos perigos, quando

decidimos acreditar; Que nos dá oportunidades para mostrarmos nosso valor, e abre as portas do mundo em que decidimos habitar.

E, apesar das agruras, o cerca de flores e estrelas para que

nunca esqueçamos de que, seja nas coisas simples ou altivas, Ele sempre estará presente, com a força e o sorriso de um

verdadeiro Pai.

Kellen Adriane da Silva Patruni de Lima

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O AUTOR

Bacharel em Direito pela Universidade Tuiuti do Paraná –

Habilitação específica em Direito Civil e Penal.

Aprovado no Exame da OAB/PR.

Pós Graduação Especialização (Latu Sensu) em “Ciência Política e

Desenvolvimento Estratégico” – Instituto Martinus de Educação e

Cultura, e Associação dos Diplomados da Escola Superior de

Guerra - ADESG-PR.

Pós Graduação Especialização (Latu Sensu) “MBA em Gestão

Pública” – Faculdades OPET.

Pós-Graduando em Direito Público, pela Faculdade UNIBRASIL -

Curitiba – PR.

Membro da Associação dos Diplomados da Escola Superior de

Guerra – ADESG – Curitiba – PR, XXX Ciclo de Estudos.

Curso Regular da Escola da Magistratura Federal do Paraná – Esmafe/Pr - Associação Paranaense dos Juízes Federais - APAJUFE

– Curitiba – PR.

Pós-Graduando em Direito Aplicado, pela Escola da Magistratura do

Paraná (EMAP) – Associação dos Magistrados do Paraná

(AMAPAR) - Curitiba – PR.

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