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O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o
arco-íris brasileiro
PROF. GUILHERME PAIVA RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO BRASIL
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A ideologia do branqueamento: Início do século XX: formulação de “uma nova ideologia do
branqueamento” no Brasil (SCHWARCZ, 2013, p.26).
João Batista Lacerda (1846-1915): diretor do Museu Nacional,
convidado para participar do Primeiro Congresso Internacional de Raças, em 1911.
Segundo Lacerda, a expectativa no futuro do Brasil era a “de uma nação mais branca” (citado por SCHWARCZ, 2013, p.26).
Teoria do branqueamento “modelo que implicava a crença num clareamento geral [...], tudo em menos de um século e no espaço de três gerações” (SCHWARCZ, 2013, p.26).
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O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o arco-íris brasileiro
Gilberto Freyre e o mestiço como ícone da nação: Casa-grande & senzala: visão otimista da mestiçagem.
“Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma,
quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena e ou do negro” (FREYRE citado por SCHWARCZ, 2013,
p.28).
Mestiçagem aspecto que distingue o povo brasileiro (a identidade nacional).
Sociedade brasileira: nação singular onde a miscigenação passou a ser vista como “sinônimo de tolerância” (SCHWARCZ, 2013,
p.28).
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O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o arco-íris brasileiro
A década de 1930: o Estado Novo. Processo de “desafricanização de vários elementos culturais”
ou branqueamento de símbolos que se tornaram nacionais.
Originária das senzalas e feita pelos/as escravos/as, a feijoada se converteu em “prato nacional”.
“A capoeira — reprimida pela polícia do final do século XIX e incluída como crime no Código Penal de 1890 — é oficializada como modalidade esportiva nacional em 1937” (SCHWARCZ, 2013,
p.29).
O samba deixa de ser um gênero marginal no momento em que “as escolas de samba e seus desfiles passam, a partir de 1935, a ser oficialmente” subsidiados pelo Estado, além da liberação, em 1938, dos atabaques de candomblé (SCHWARCZ, 2013,
p.29). PROF. GUILHERME PAIVA RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO BRASIL
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O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o arco-íris brasileiro
As representações do povo brasileiro no exterior: O personagem Zé Carioca da Walt Disney e a “figura do
malandro brasileiro”, em 1943 (SCHWARCZ, 2013, p.29).
Carmen Miranda e a representação do samba e da bahiana.
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As representações do povo brasileiro no exterior: O Brasil país exótico e harmonioso.
Representação da sociedade brasileira: caracterizada pela “convivência cultural miscigenada” harmoniosa, tornando-se “modelo de igualdade racial” (SCHWARCZ, 2013, p.30).
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O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o arco-íris brasileiro
Deslocamento do conceito de raça: Contexto histórico: fim da Segunda Guerra Mundial.
Reuniões patrocinadas pela Unesco para reduzir “a importância
biológica do termo raça”: participação de geneticistas e cientistas sociais.
Proposta: “elaborar um manifesto a respeito do conceito de raça, condenando o conteúdo racista da ideologia de Estado nazista” (SCHWARCZ, 2013, p.32).
Declaração sobre raça, em 1950, considerou que “raça é menos
um fato biológico do que um mito social e, como mito, causou graves perdas de vidas humanas e muito sofrimento em anos recentes” (citado por SCHWARCZ, 2013, p.32).
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O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o arco-íris brasileiro
A participação de Arthur Ramos (1903-1949) na Unesco: Arthur Ramos desenvolveu estudos sobre o indivíduo negro e a
identidade brasileira.
Quando assumiu um cargo na Unesco, propôs a realização “de estudos sociais e etnológicos no Brasil” (citado por SCHWARCZ, 2013, p.31).
O exemplo de convívio harmonioso entre as raças no Brasil
“poderia oferecer ‘a solução mais científica e mais humana para o problema’” dos conflitos raciais (SCHWARCZ, 2013, p.32).
O Brasil seria um “modelo de convivência entre as raças” que
poderia ser considerada como “uma ‘democracia étnica’” (RAMOS
citado por SCHWARCZ, 2013, p.33).
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O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o arco-íris brasileiro
Expectativa da Unesco e resultados das pesquisas: Os estudos no Brasil poderiam mostrar “a possibilidade do convívio harmonioso entre diferentes grupos nas sociedades
modernas” (SCHWARCZ, 2013, p.33).
Apesar do engajamento de algumas pesquisas na proposta do
projeto, as pesquisas de Roger Bastide e Florestan Fernandes evidenciaram as consequências da discriminação racial no Brasil.
As pesquisas de Fernando Henrique Cardoso, Octavio Ianni e
outros, mostraram a situação de miséria da população negra no sudeste e sul do Brasil.
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O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o arco-íris brasileiro
As falácias do mito da
democracia racial:
A ideia de convívio harmônico entre grupos
diferenciados no Brasil se baseava na concepção acerca da ausência de
conflitos no país.
Florestan Fernandes destacou a forma
particular de racismo e a permanência da
discriminação racial no Brasil.
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O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o arco-íris brasileiro
Considerações finais: “Raça é [...] uma construção histórica e social [...]” (SCHWARCZ,
2013, p.35).
No Brasil, “a mestiçagem e a aposta no branqueamento da
população geraram um racismo à brasileira” que afirma e “difunde a universalidade das leis”, no entanto, “impõe a desigualdade nas condições de vida”, sendo, por outro lado, “assimilacionista no plano da cultura” (SCHWARCZ, 2013, p.36).
A cidadania, na sociedade brasileira, “é defendida a partir da
garantia de direitos formais, ao mesmo tempo em que são ignoradas limitações dadas pela pobreza, pela violência cotidiana e pelas distinções sociais e econômicas” (SCHWARCZ,
2013, p.36).
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O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o arco-íris brasileiro
Referência bibliográfica: • SCHWARCZ, Lília Moritz. Racismo no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Publifolha, 2013.