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Com camisetas alusivas à Jornada Mundial da Juventu- de, os voluntários do Estado de São Paulo que atuarão na JMJ se reuniram na Cate- dral da Sé e participaram da missa de envio presidida por dom Odilo Pedro Scherer. O Arcebispo de São Paulo acentuou o fato de no Evan- gelho Jesus estar enviando discípulos para evangelizar. Os voluntários paulistas par- tem para o Rio de Janeiro na segunda-feira, 15. Página 11 Duas mães de adolescentes internados na Fundação Casa denunciam, via Pastoral do Menor, maus-tratos aos seus fi- lhos. Segundo a denúncia a ser apurada, há casos de intimida- ções e agressões por parte dos funcionários da Fundação Casa, unidade Ipê. As mães questio- nam a aplicação de medidas so- cioeducativas previstas em lei. Página 9 Comissão organizadora ajusta detalhes da Semana Missionária Papas João 23 e João Paulo 2º serão canonizados juntos Igreja celebra a memória da primeira santa brasileira Frei Patrício comenta sobre a crise atual no Egito Papa publica encíclica sobre a Fé Redatores de folhetos litúrgicos têm encontro Unidas, religiões pedem justiça e paz A Comissão Arquidiocesana da Semana Missionária reuniu-se, no sábado, 6, no Centro Pastoral São José do Belém, para avaliar tudo o que foi programado para o evento. Página 10 Fato inédito na história da Igreja: dois papas de nosso tempo – João 23 e João Paulo 2º – serão declarados santos juntos, anunciou a Santa Sé na sexta-feira, 5. Página 18 Missa de envio na catedral reúne voluntários da JMJ Fundação Casa é acusada de maus-tratos Ansiedade e vontade de servir tomam conta dos jovens de SP que atuarão na Jornada Nesta terça-feira, 9, a Liturgia faz memória de Santa Paulina, a primeira brasileira a ser elevada à glória dos altares. Amor a Deus e serviço aos pobres marcam sua vida. Página 8 Páginas 3 e 4 Página 9 Página 19 No dia 23 de junho, no campo de concentração de Birkenau, Polônia, concerto de autoria de Kiko Argüelo, do Neocatecumenato, lembrou vítimas do Nazismo. Página 19 Concerto musical na Polônia recorda vítimas do Nazismo Semanário da Arquidiocese de São Paulo Ano 58 | Edição 2960| 9 a 15 de julho de 2013 www.arquidiocesedesaopaulo.org.br R$ 1,50 Página 18 Ao final da celebração, os voluntários do Estado de São Paulo na JMJ e dom Odilo Pedro Scherer posam para uma histórica foto Arquivo pessoal Luciney Martins/O SÃO PAULO Luciney Martins/O SÃO PAULO Luciney Martins/O SÃO PAULO L’Osservatore Romano Dias para a JMJ A CAMINHO DO RIO #FALTAM

O SÃO PAULO - 2960

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Semanário Arquidiocesano de cara nova. Leia

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Page 1: O SÃO PAULO - 2960

Com camisetas alusivas à Jornada Mundial da Juventu-de, os voluntários do Estado de São Paulo que atuarão na

JMJ se reuniram na Cate-dral da Sé e participaram da missa de envio presidida por dom Odilo Pedro Scherer.

O Arcebispo de São Paulo acentuou o fato de no Evan-gelho Jesus estar enviando discípulos para evangelizar.

Os voluntários paulistas par-tem para o Rio de Janeiro na segunda-feira, 15.

Página 11

Duas mães de adolescentes internados na Fundação Casa denunciam, via Pastoral do Menor, maus-tratos aos seus fi-

lhos. Segundo a denúncia a ser apurada, há casos de intimida-ções e agressões por parte dos funcionários da Fundação Casa,

unidade Ipê. As mães questio-nam a aplicação de medidas so-cioeducativas previstas em lei.

Página 9

Comissão organizadoraajusta detalhes da Semana Missionária

Papas João 23 e João Paulo 2º serão canonizados juntos

Igreja celebra a memória da primeira santa brasileira

Frei Patrício comenta sobre acrise atual no Egito

Papa publica encíclica sobre a Fé

Redatores de folhetoslitúrgicos têm encontro

Unidas, religiões pedem justiça e paz

A Comissão Arquidiocesana da Semana Missionária reuniu-se, no sábado, 6, no Centro Pastoral São José do Belém, para avaliar tudo o que foi programado para o evento.

Página 10

Fato inédito na história da Igreja: dois papas de nosso tempo – João 23 e João Paulo 2º – serão declarados santos juntos, anunciou a Santa Sé na sexta-feira, 5.

Página 18

Missa de envio na catedral reúne voluntários da JMJ

Fundação Casa é acusada de maus-tratos

Ansiedade e vontade de servir tomam conta dos jovens de SP que atuarão na Jornada

Nesta terça-feira, 9, a Liturgia faz memória de Santa Paulina, a primeira brasileira a ser elevada à glória dos altares. Amor a Deus e serviço aos pobres marcam sua vida.

Página 8

Páginas 3 e 4 Página 9 Página 19

No dia 23 de junho, no campo de concentração de Birkenau, Polônia, concerto de autoria de Kiko Argüelo, do Neocatecumenato, lembrou vítimas do Nazismo.

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Concerto musical na Polônia recorda vítimas do Nazismo

Semanário da Arquidiocese de São Paulo Ano 58 | Edição 2960| 9 a 15 de julho de 2013

www.arquidiocesedesaopaulo.org.br R$ 1,50

Página 18Ao final da celebração, os voluntários do Estado de São Paulo na JMJ e dom Odilo Pedro Scherer posam para uma histórica foto

Arquivo pessoal

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Luciney Martins/O SÃO PAULO L’Osservatore Romano

Dias para

a JMJ a caminho do rio#FALTAM

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O papa Francisco é alguém que desce no meio do povo e que todos os dias, na sua celebração da Eucaristia, faz uma peque-na homilia aos que participam. E, nessas homilias cotidianas, que não são discur-sos oficiais e de protocolo, o Papa fala com o coração na mão e olhos nos olhos do povo que está aí. Quem sabe que um dia tenha a possibilidade de participar de uma dessas Eucaristias e aí perceber mais de perto o sentido único do Evange-lho cotidiano que vem de quem carrega com amor o peso da Igreja e manifesta a alegria de anunciar um Jesus que todos possam amar e compreender.

Há uma característica nas homilias do papa Francisco que é a improvisa-ção, a lembrança de provérbios da vida, e certo humorismo que nos faz bem e nos ajuda a nunca esquecer o que ele diz. Para nos falar que é necessário nos distanciar das riquezas que nos opri-mem nos escravizam e que é necessário repartir com todos o que temos, o Papa não recorreu aos discursos dos Padres da Igreja e nem a umas reflexões filosó-ficas ou teológicas, mas sim a um exem-plo simples que todos podem compreen-der: “O caixão não tem bolso…”. É uma mensagem que faz refletir e sorrir. E o Papa, para dizer isso, recorreu à sabe-doria da sua avó. O papa Francisco nos convence com seu jeito de ser e de agir, desprendido de tudo e, com um agir de amigo, entra tranquilo no nosso coração e nos leva a tomar atitudes que sejam evangélicas.

“Nunca vi caminhão de mudança atrás de cortejo fúnebre…” É outra pé-rola de papa Francisco. É verdade, eu também nunca vi. Este exemplo do Papa é também para convidar a todos, ele mesmo, cardeais, bispos, padres e fiéis a não sermos apegados às coisas da terra, mas saber usá-las com uma distância, e sabendo usá-las para ajudar os que mais necessitam de nosso socorro. Essas fra-ses na homilia do papa Francisco, como tantas outras, nunca serão esquecidas. E, sem dúvida, são repetidas com gosto, como pérolas de sabedoria pelos meios de comunicação, e todos as repetem com uma alegria imensa. O Evangelho de boca em boca assim vai se espalhando e se tornando uma realidade que todos compreendem e amam. Afinal, o mesmo Jesus tinha nas suas pregações o seu humorismo… mas não posso falar dele porque terminou o meu espaço.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Antônio Aparecido Pereira • Reportagem: Daniel Gomes • Colaboração: Nayá Fernandes e Edcarlos Bispo de Santana • Fotografia: Luciney Martins • Administração e assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Projeto Gráfico e Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: Atlântica Gráfica e Editora Ltda. • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: [email protected] (re-dação) • [email protected] (administração) • [email protected] (assinatura) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anu-al) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura.

voCê PERgUNtA

PAlAvRAS qUE Não PASSAM

ESPIRItUAlIdAdE

FRASES dA SEMANA

Rogério de Andrade mora no centro de São Paulo (SP), e quer saber o que fazer após a comunhão: fazer uma oração de agra-decimento ou de louvor? Rezar um Pai- nosso? Ficar quieto? Ou existe algum gesto específico que ainda ele não co-nhece?

Rogério, a primeira coisa a fazer de-pois da comunhão é tomar consciência da presença de Jesus em seu coração, em sua vida. Fica bem dialogar com o Cristo com suas próprias palavras, com aquilo que o seu coração mandar. Agradeça esta presença de Jesus. Fale de você pra ele, do que o alegra, do que o preocupa, do que dói na sua vida. Fale das pessoas que você ama bastante, peça por elas. E peça também pelas pessoas que você não ama bastante, das que você ofendeu, das que o ofenderam, das que estão precisando de sua oração.

Eu penso também que podemos pedir a ajuda dos santos da Igreja que amaram tanto a Jesus. Você pode conferir no Mis-sal romano, algumas belíssimas orações de ação de graças. Como o meu espaço é curto, transcrevo para você um lindo oferecimento de si mesmo que está lá. Confira como é bonita esta oração:

“Recebei, Senhor, minha liberdade inteira. Recebei minha memória, minha inteligência e toda a minha vontade. Tudo o que eu tenho ou possuo, de vós me veio; tudo vos devolvo e entrego sem reserva, para que vossa vontade me governe. Dai- me somente a vossa graça e nada mais vos peço, pois já serei bastante rico.”

Tem também lá, no Missal romano, uma oração de ação de graças feita por São Tomás de Aquino que é profunda, piedosa. Nela, nós pedimos que a co-munhão que acabamos de fazer de fato transforme a nossa vida.

Deixe seu coração falar, Rogério, dei-xe seu coração falar após a comunhão. Afinal de contas, você está em profunda comunhão com Jesus. Fique com Deus e que ele abençoe você e sua família.

o que fazer imediatamente após comungar?

Entendo como “religião sentimentalista” a prática religiosa baseada no sentimen-talismo que, por sua vez, baseia-se nas reações sentimentais das pessoas. Pre-tendo mostrar a diferença entre senti-mentalismo e amor, tentando ajudar as pessoas a se envolverem com o amor.

Inicio com um exemplo. A pessoa depara-se com a cena de uma criancinha esquelética nos braços da mãe em pele e osso. Comove-se em lágrimas, porque sentiu uma grande dor interior e foi pro-curar consolo. Sentimentalismo.

A mesma cena foi presenciada por ou-tra pessoa que não se conformou com a situação a que estão submetidas filhas de Deus como ela. Sai em busca de alguém ou de alguma obra social para acudir a si-tuação de irmãs em tal necessidade. Amor.

No caso da pessoa sentimentalis-ta, percebe-se que ela buscou uma sa-ída para se livrar do sentimento que se apossou dela com a cena trágica que

tinha visto, pois a cena não a comoveu para tomar atitude em favor dos pobres, preocupou-se apenas consigo procuran-do ajuda para si própria.

A outra tomou atitude de conside-ração pelas pessoas que ela considerou irmãs. A saída que buscou foi para as outras que ela, por sinal, não conhecia. Foi o amor fraterno que a fez mudar os planos do momento, para solucionar o problema dos outros.

Apelando para o sentimentalismo, as pessoas perdem a verdadeira expe-riência do amor (cf. Fl 3, 8-14). O senti-mentalismo não tem um apoio sólido para a devoção do povo, porque se baseia em emoções e as emo-ções, passam tão rápidas quanto che-gam. Nesta linha, estão os compromis-sos assumidos no embalo das emoções sentimentais, e somem também com o passar dos sentimentos.

Comparando com o amor, nota-se que ele mantém o compromisso estável e brota do discernimento ligado à ne-cessidade de doar-se consciente e deci-

didamente. Se o sentimentalismo é em proveito individual da pessoa para ela própria, o amor produz compromissos em favor dos irmãos e irmãs, principal-mente pelos mais necessitados.

Pelo sentimentalismo, a pessoa bus-ca a si mesma, para satisfazer-se em suas próprias emoções. No amor, busca satisfazer dispondo-se para o bem das outras pessoas, especialmente os pobres e os sofredores. O sentimentalismo não dá segurança alguma. O amor é garantia do suprassumo em matéria de religião.

Proc,uram-se corações samaritanos. “Um homem descia de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de assaltantes que lhe arrancaram tudo e o açoitaram” (Lc 10, 25-37). Não é coincidência, mas a versão atual da cena do samaritano e do homem ferido à beira do caminho para Jericó.

o humorismo evangélico do papa Francisco

Coração samaritano

“Nesse horizonte de sua morte próxima e anunciada, podemos dizer que o discurso de abertura do Vaticano 2º, a Gaudet Mater Ecclesia foi o testamento espiritual dele para a Igreja, enquanto a Pacem in Terris foi seu testamento para a humanidade toda.”José Oscar Beozzo, em reportagem sobre

o anúncio da canonização do papa João 23

“Tem meninos dormindo no chão [lotação acima da capacidade, a casa deveria abrigar 90 adolescentes e está com 103], usando roupa rasgada, andando descalços, porque os chinelos quebram e os funcionários não trocam.”

Mãe (não identificada) de um jovem internado na Fundação Casa de São Paulo

“É interessante notar que o Papa não fala da fé a partir das verdades da fé: o primeiro capítulo traz o título “acreditamos no amor”. Nosso ato de fé é precedido pelo amor de Deus, que se manifesta ao mundo e faz experimentar seu amor.”

Dom Odilo Pedro Scherer, sobre a encíclica Lumen Fidei

PAdRE CIdo PEREIRA

Diretor do O SÃO PAULO, semanário da Arquidiocese de São Paulo

PAdRE AUgUSto CÉSAR PEREIRA

FREI PAtRíCIo SCIAdINI

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

2 Fé e vidawww.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

o sentimentalismo não tem um apoio sólido para a devoção do povo, porque se baseia em emoções, e as emoções passam tão rápidas quanto chegam

JoRNAdA MUNdIAl dA JUvENtUdEFaltam apenas 14 dias para o início

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EdItoRIAl ENCoNtRo CoM o PAStoR

AgENdA do CARdEAl SEMANA do CARdEAl

Um o São PAUlo de cara novaCertamente o leitor de o São PAUlo deve estar estranhando o formato em que ele chegou às suas mãos. É que um sonho há muito tempo acalentado começa a se concretizar. Era tempo do jornal da Arquidiocese assumir um rosto novo. Para chegar a ele, esta edição e as próximas, aproveitando o sopro do Espírito que certamente serão a Semana Missionária na Arquidiocese e a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, são editadas nes-te formato chamado germânico.

Vamos fazer o caminho caminhando. É um processo que não dispensa a participação de toda a Igreja de São Paulo, pastores e fiéis. Via inter-net, carta, telefone, todos poderão ajudar-nos a construir um novo o São PAUlo, novo não apenas no formato, mas também na redação e edição das matérias. Até porque um projeto editorial vai mui-to além do projeto gráfico.

Lembrado isso, vale dizer que boas notícias não faltam nesta edição e nas próximas. Vejamos:

O papa Francisco nos presenteou com sua pri-meira encíclica que vem completar a reflexão sobre as três virtudes teologais – fé, esperança e caridade – iniciada por Bento 16. Ele presenteou-nos com as encíclicas Deus é Amor (Deus Caritas est) e Salvos pela Esperança (Spe Salvi). Faltava a encíclica sobre a fé. Ele fez o primeiro esboço. O papa Francisco completou. E agora temos a Luz da fé (Lumen Fidei).

Outra notícia que nos enche de alegria. João 23 e João Paulo 2º serão canonizados. Duas grandes testemunhas da fé, eles nos ajudarão a iluminar todas as realidades com a luz da fé. Não estamos sozinhos na missão de transmitir a fé.

Enfim, que venham os jovens para a Semana Missionária. Nós, Povo de Deus em São Paulo, os aguardamos com carinho. Que eles se sintam bem no meio de nós. E que a barreira da língua seja superada pela linguagem universal do amor. Estávamos preparados para receber 30 mil. Não importa. Que venham dez mil. O nosso desejo de tê-los conosco em nossas casas e comunidades é o mesmo. A oração, a solidariedade, a partilha de experiências marcarão este encontro. Para isso, ajude-nos o Senhor Jesus, cuja salvação é para toda a humanidade.

A luz da fé: A encíclica do papa Francisco

Era bem esperada uma encíclica sobre a fé, ainda no pontificado de Bento 16. De fato, ele já ha-via escrito uma sobre a caridade (Deus caritas est – Deus é Amor) e uma sobre a esperança (Spe salvi – Salvos na Esperança). Fal-tava uma sobre a fé, para com-pletar a trilogia de ensinamentos pontifícios sobre as virtudes teo-logais, dons preciosos recebidos de Deus no Batismo.

E foi o papa Francisco quem nos deu a encíclica Lumen Fidei (A Luz da Fé), sobre a fé, bem no decorrer do Ano da Fé. Ele mesmo, no entanto, já havia dito, quando a anunciou há poucas semanas, que seria uma encícli-ca “escrita a quatro mãos”, uma vez que seu predecessor já havia trabalhado, antes de abdicar ao pontificado, em vista de sua pu-blicação.

A encíclica nos vem, não ape-nas para a melhor vivência do Ano da Fé, mas para compreen-der e viver melhor a própria fé. Não é um texto para ser analisa-do com mera curiosidade inte-lectual, ou com o intuito de fazer uma análise teológica sobre ele; seria muito pouco. Bem mais, ele deve ser lido e degustado com o desejo de compreender e acolher cada palavra dita com amor de pai por quem fala com a sabe-doria adquirida ao longo de uma existência e com o desejo de co-municar coisas essenciais à vida dos filhos...

É interessante notar que o

bem como doutrinas, seguem de-pois disso.

A encíclica fala, no capítulo 2º, que é preciso crer para com-preender; de fato, a fé é um dom sobrenatural, que nos é dado como luz forte, que nos faz per-ceber melhor aquilo que quere-mos compreender. É o contrário do que, geralmente, as pessoas imaginam: não é “ver para crer”, mas “crer para ver”. Na ordem da fé, podemos dizer: quem crê compreende mais e melhor. Não é que a fé dispensa o esforço da razão e o estudo: fé e razão com-pletam-se e não devem ser opos-tas, nem tidas como excludentes.

Um belo capítulo trata da transmissão da fé: esta é uma das preocupações sérias da Igre-ja em nossos dias. O papa fala que a Igreja é “a mãe da nossa fé”. Esta não é um fato individual e subjetivo: aquilo que cremos foi transmitido a nós, vem de longe, dos apóstolos! “Transmiti-vos aquilo que eu mesmo recebi”, observou São Paulo (1Cor 15,3). Cremos no testemunho de quem creu primeiro; e temos motivos bons para fazer isso! Cremos com quem já creu, os mártires, os santos, os mestres da fé ao longo da história. Cremos e te-mos o compromisso de continuar a transmitir hoje essa preciosa herança da fé!

Enfim, a encíclica trata das obras da fé. “A fé, sem as obras, é morta em si mesma”, já adver-tia São Tiago! Mas não se trata de opor as obras à fé: estas são decorrência e fruto da fé verda-deira. Crendo, nós nos coloca-mos na sintonia com o plano de Deus sobre este mundo e sobre a nossa vida. E então, surgem as obras da fé e cessam as obras contrárias à fé, porque são con-trárias a Deus e ao seu amor!

Papa não fala da fé a partir das “verdades da fé”: o primeiro ca-pítulo traz o título – “acredita-mos no amor”. Nosso ato de fé é precedido pelo amor de Deus, que se manifesta ao mundo e nos faz experimentar seu amor salvador; a experiência do amor precede a fé! Não é também isso que acontece entre as pessoas? Quando duas pessoas se amam verdadeiramente, elas passam a acreditar profundamente uma na outra...

É o que já ouvimos do papa emérito Bento 16 em outras oca-siões: nossa fé e nossa experi-ência religiosa não decorrem de uma doutrina perfeita, nem de um ideal ético altíssimo, mas do encontro com a pessoa de Deus, amoroso e fiel, que se re-velou, veio ao nosso encontro e nos amou. É a isso que o Papa se refere quando fala, na encíclica, sobre Abraão, nosso pai na fé, a experiência histórica e mística do Povo de Israel, a vinda do Filho de Deus ao mundo e a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

“Ele me amou e por mim se entregou na cruz”, exclama São Paulo, depois de fazer a experiên-cia do encontro com Jesus Cristo no caminho de Damasco; sua fé foi vivíssima e inabalável porque experimentou o “mistério” do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus. Para os apóstolos e para os grandes cristãos, que foram e são os santos, falar da fé não significou tratar de verdades abstratas, bem elaboradas pela razão humana; eles falavam, an-tes de tudo, da pessoa de Deus e de Jesus Cristo, de sua ação en-volvente, especialmente de seu amor misericordioso e de sua providência. As verdades da fé e da moral, também elaboradas

CARdEAl doM odIlo PEdRo SChERER

Arcebispo metropolitanode São Paulo

outra notícia que nos enche de alegria. João 23 e João Paulo 2º serão canonizados. duas grandes testemunhas da fé, eles nos ajudarão a iluminar todas as realidades com a luz da fé. Não estamos sozinhos na missão de transmitir a fé

Na sexta-feira, 5, o Cardeal participou da assem-bleia ordinária da Cáritas. Estiveram na reunião os demais bispos auxiliares e os associados da Cáritas.

No domingo, 7, dom Odilo celebrou os 60 anos de ins-talação da Paróquia São João Clímaco. Na celebração, o Arcebispo parabenizou a Paróquia por seu aniversário.

quarta-feira (10) 13h - Missa no Hospital do Servidor Público Estadual, na Festa de São Camilo19h - Encontro Judaico-Católico, lembrando os 50 anos de falecimento do papa João 23quinta-feira (11)12h - Missa na Catedral da Sé, pelo menino boliviano Bryan Yanarico Capcha15h - Missa na Abadia de Santa MariaSexta-feira (12)09h - Reunião com os Bispos Auxiliares13h - Reunião – Rede Vidadomingo (14)11h - Missa na Catedral da Sé Acolhida dos jovens pe-regrinos para a Semana Missionária – JMJSegunda-feira (15)09h - Atividades da Semana Missionária - JMJ15h - Coletiva de Imprensa: Semana Missionária em São Paulo e JMJ Rio-2013

3Fé e vida www.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

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há 50 ANoS

Fica bem transcrever aqui parte da introdução da encíclica Lumen Fidei, lançada na sexta-feira. Bento 16 fez o primeiro esboço. O papa Francisco continuou. Fica concluída assim a tri-logia sobre as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade.

(...) Urge recuperar o caráter de luz que é próprio da fé, pois, quan-do a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor. De fato, a luz da fé possui um caráter singular, sendo capaz de iluminar toda a existência do homem. Ora, para que uma luz seja tão poderosa, não pode dimanar de nós mesmos; tem de vir de uma fonte mais originária, deve porvir em última análise de Deus. A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos nos apoiar para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos no-vos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro. A fé, que recebemos de Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como luz para a estrada, orientando os nossos passos no tempo. Por um lado, pro-vém do passado: é a luz de uma me-mória basilar – a da vida de Jesus –, onde o seu amor se manifestou plenamente fiável, capaz de vencer a morte. Mas, por outro lado e ao

mesmo tempo, dado que Cristo res-suscitou e nos atrai de além da mor-te, a fé é luz que vem do futuro, que descerra diante de nós horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso “eu” isolado, abrindo-o à am-plitude da comunhão. Desse modo, compreendemos que a fé não mora na escuridão, mas é uma luz para as nossas trevas. Dante, na Divina Comédia, depois de ter confessado diante de São Pedro a sua fé, des-creve-a como uma “centelha / que se expande depois em viva chama / e, como estrela no céu, em mim cintila”. É precisamente desta luz da fé que quero falar, desejando que cresça, a fim de iluminar o presente até se tornar estrela que mostra os horizontes do nosso caminho, num tempo em que o homem vive parti-cularmente carecido de luz.

Antes da sua paixão, o Senhor assegurava a Pedro: “Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lc 22, 32). Depois pediu-lhe para “confirmar os irmãos” na mesma fé. Consciente da tarefa confiada ao Su-cessor de Pedro, Bento 16 quis pro-clamar este Ano da Fé, um tempo de graça que nos tem ajudado a sentir a grande alegria de crer, a reavivar a percepção da amplitude de horizon-tes que a fé descerra, para a confes-sar na sua unidade e integridade, fiéis à memória do Senhor, sustentados pela sua presença e pela ação do Es-pírito Santo. A convicção duma fé que faz grande e plena a vida, centrada em Cristo e na força da sua graça, animava a missão dos primeiros cris-tãos. Nas Atas dos Mártires, lemos este diálogo entre o prefeito roma-no Rústico e o cristão Hierax: “Onde estão os teus pais?” — perguntava o juiz ao mártir; este respondeu: “O nosso verdadeiro pai é Cristo, e nossa

mãe a fé n’ele”. Para aqueles cristãos, a fé, enquanto encontro com o Deus vivo que se manifestou em Cristo, era uma “mãe”, porque os fazia vir à luz, gerava neles a vida divina, uma nova experiência, uma visão luminosa da existência, pela qual estavam prontos a dar testemunho público até o fim.

O Ano da Fé teve início no cin-quentenário da abertura do Concílio Vaticano 2º. Esta coincidência per-mite-nos ver que o mesmo foi um Concílio sobre a fé, por nos ter con-vidado a repor, no centro da nossa vida eclesial e pessoal, o primado de Deus em Cristo. Na verdade, a Igreja nunca dá por descontada a fé, pois sabe que este dom de Deus deve ser nutrido e revigorado sem cessar, para continuar a orientar o caminho dela. O Concílio Vaticano 2º fez brilhar a fé no âmbito da experiência huma-na, percorrendo assim os caminhos do homem contemporâneo. Dessa forma, se viu como a fé enriquece a existência humana em todas as suas dimensões.

7. Estas considerações sobre a fé – em continuidade com tudo o que o Magistério da Igreja pronunciou acer-ca desta virtude teologal – pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento 16 escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança. Ele já tinha quase concluído um primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé. Es-tou-lhe profundamente agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto qualquer nova contribuição. De fato, o Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sem-pre está chamado a “confirmar os ir-mãos” no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para o seu caminho (Lumen Fidei, 4.5.6.7).

4 Fé e vidawww.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

A vida teologalA Oração do Dia é um pedido a Deus para mul-tiplicar em nós as virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade. As três leituras, cada qual à sua maneira, descrevem o valor dessas virtudes.

A primeira leitura (Gênesis 18, 1-10) apre-senta nosso pai na fé, Abraão. Por causa dessa fé Deus lhe prometeu uma grande descendência. O tempo passou, Abraão e Sara envelheceram e só permaneciam a esperança e a fé na pro-messa de Deus. Na narrativa de Gênesis 18, a realização da promessa é anunciada.

A segunda leitura (Colossenses 1, 24-28) narra o grande amor de Paulo pelos cristãos de Colossos. O seu amor por Cristo o leva a amar intensamente os homens e as mulheres pelos quais Jesus entregou a sua vida. Por amor, Paulo pretende completar em sua carne tudo o que é necessário para a salvação deste povo.

Ele começou seu ministério pregando a Pa-lavra de Deus em toda sua plenitude. Os colos-senses que creem e vivem desta Palavra se tor-naram a manifestação gloriosa do mistério da presença de Cristo.

O Evangelho de São Lucas (10, 38-42) faz uma síntese da vida cristã. As duas irmãs re-presentam a comunidade eclesial que deve contemplar a Palavra de Jesus e servir uns aos outros. O serviço na Igreja, porém, deve nascer da contemplação da Palavra. Ser discípulo não se resume no “fazer”, mas no fazer por amor.

Kateri Tekakwitha foi a primeira americana pele- vermelha a ter santida-de reconhecida. Nasceu em 1656, no Canadá. Seu pai era chefe indígena da nação Mohawks e a mãe, uma índia cristã, que não pôde batizar a filha com nome da santa de sua de-voção, mas era por ele que a chamava: Catarina.

Era vista contando histórias de Jesus para crianças e idosos, que fi-cavam ao seu lado enquanto ela tecia. Em 1675, soube que jesuítas estavam na região e, desejan-do ser batizada, foi ao encontro deles. Recebeu o sacramento e o nome de Catarina Tekakwitha. Logo depois, fugiu para a missão dos jesuítas, por ser pressionada para o casamento.

Recolhia-se por longos períodos na floresta, onde, junto a uma cruz que ela havia traçado na casca de uma árvore, ficava em oração. Morreu em 17 de abril de 1680, aos 24 anos. O papa João Paulo 2º a beatificou durante a 17ª JMJ, em 2002, quando a nomeou padroeira da ecologia e do meio ambiente.

Santa Catarina tekakwitha – 14 de julho

SEGUNDA (22): Ct 3, 1-4a; Jo 20, 1-2.11-18 TERÇA (23): Ex 14,21-15,1; mt 12, 46-50 QUARTA (24): Ex 16, 1-5.9-15; Mt 13, 1-9QUINTA (25): 2Cor 4, 7-15; Mt 20, 20-28 SEXTA (26): Eclo 44, 1. 10-15; Mt 13, 16-17SÁBADO (27): Ex 24, 3-8; Mt 13, 24-30

lItURgIA E vIdA PAlAvRA do PAPA

SANto dA SEMANA

lEItURAS dA SEMANA

A fé nasce no encontro com o deus vivo

PAPA FRANCISCo

Capa da edição de 14/7/1963

“Elisa tem hoje 70 anos, dois a mais do que o Cardeal, seu irmão. Falan-do ao jornalista, disse que não teria conseguido deixar a Rússia se Stalin ainda fosse vivo. Acredita que foi a intervenção pessoal de Kruchey, que permitiu sua saída do país, a fim de poder viver seus últimos dias em Roma, onde vive o irmão, um dos mais prestigiosos cardeais da Santa Sé.”

O parágrafo acima, retirado da edição de 14 de julho de 1963 do jor-nal o São PAUlo, relata uma primeira aproximação ocorrida entre o Vatica-no e a Rússia. O fato foi registrado, segundo a reportagem, por um jorna-

lista da revista Época, que detalhou como se deu o encontro dos irmãos, separados nos primeiros anos da União Soviética.

“Elisa vivia na aldeia caucasiana inteiramente só. Viúva, sem filhos, seu único irmão em Roma, a quem não via há 40 anos, isto é, desde quando Gregório Pedro Agagianian foi enviado para a Rússia a fim de pregar o Evangelho, no primeiro pe-ríodo da revolução. Foram dois anos duros para o padre armênio, ao cabo dos quais teve que deixar o país. Lá ficou sua irmã, isto é, a única irmã do purpurado da Igreja Romana nascido na Rússia”, contou a reportagem.

Após 40 anos, Cardeal se reencontra com sua irmã

ANA FloRA ANdERSoN

16º DOMINGO DO TEMPO COMUM21 DE JULHO

Page 5: O SÃO PAULO - 2960

5Fé e vida www.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

“Mais coração nas mãos, ir-mão!”

Camilo de Lellis (1550-1614)

Os camilianos estão celebran-do de 14 de julho de 2013 a 14 de julho de 2014 o ano jubilar, no contexto do 4º centenário da morte de São Camilo de Lellis. É dentro desse marco histórico que estamos orgu-lhosos com a formatura, neste meio de ano, da 1ª turma de médicos formados pelo Cen-tro Universitário São Camilo, até hoje a única Faculdade de Medicina da Ordem Camiliana, nesses quatro séculos de his-tória de serviços no mundo da saúde. “Só deveríamos entrar nesta área”, nos alertava um ex-Geral da Ordem, padre Ca-listo Vendrame, “se fosse para formarmos um p r o f i s s i o n a l diferenciado, que seja capaz de aliar duas competências, a científica e a técnica, junto com a huma-na e a ética. É esta perspectiva que nos auto-riza a falarmos de um ‘médico humano’ e gentil, humanizado e que humaniza!”

A humanização dos serviços de saúde em geral e da Medi-cina, em particular, implica no reconhecimento respeitoso do valor da pessoa humana e de um aprofundamento no valor do cuidado de saúde aliado à sensibilidade humana diante do sofrimento humano. Essa é a premissa para a aspiração da construção de um profissional da saúde comprometido com o bem da pessoa humana fra-gilizada pela doença, na efetiva promoção de sua saúde, ao con-siderar a pessoa em sua inte-gridade física, psíquica, social e espiritual.

Sob a perspectiva mecanicis-ta, a doença foi entendida equi-vocadamente como “desvio de variáveis biológicas em relação a uma normalidade”. A doença, sob esse prisma simplificado, firmou o distanciamento entre mente e corpo, objeto e sujeito, deixando de considerar aspectos sociais, psicológicos, entre tan-tos outros aspectos fundamen-tais que definem a essência do ser humano. O avanço da prática

médica, do ponto de vista huma-nístico, permite o desenvolvi-mento da responsabilidade do médico para com seu paciente, no que tange à coparticipação em direção ao alcance dos me-lhores resultados. Propõe-se a passagem de um modelo até en-tão unidirecional (paternalista) para o modelo bidirecional, em que ambos os sujeitos interagem no encaminhamento do proces-so doença/saúde. A abertura comunicacional exige mudança de postura do profissional médi-co no intuito de estabelecer com seu paciente e equipe de tra-balho uma condição relacional empática e autenticamente par-ticipativa. A valorização exacer-bada e reducionista de “ciência” enfraqueceu a riqueza da experi-ência e do encontro pessoal, es-quecidos de que medicina, para além de ser ciência, é uma arte!

O redimensionamento de pressupostos da prática médica para o século 21 permite esta-belecer novo enfoque da relação

médico-paciente, em que se tor-ne possível o alcance em maior grau da compreensão de cada um de per se e do outro, desencade-ando, o crescimento da história pessoal dos envolvidos. Trata-se, na realidade, de um movimento de compreensão e interpretação de si mesmo e do outro, tendo como base “a parceria”. E é a partir dessa proposta que o ca-minho terapêutico humanizado se desenha. O projeto de huma-nização dessa prática, em suma, contempla o desenvolvimento de novas competências, ou seja, implica considerar o avanço tec-nológico como recurso precioso sim, mas não um fim em si mes-mo, aliado à construção de re-lações interpessoais saudáveis. Não é à toa que na última revisão do Código de Ética Medica Es-panhol, entre os seus princípios fundamentais, assinala-se que, na relação médico paciente, o médico “deve ser gentil!”. Sim, gentileza, que se constitui no senso comum de uma relação de respeito entre os seres huma-nos. Nada mais atual do que o grito de Camilo de Lellis lançado há quatro séculos de que huma-nizar na sua essência significa “colocar o coração nas mãos!”.

PAdRE lEoPESSINI

bIoÉtICA

Primeiros médicos formados pelos camilianos

A abertura comunicacional exige mudança de postura do profissional médico no intuito de estabelecer com seu paciente e equipe de trabalho uma condição relacional empática e autenticamente participativa

A escritora da paz

Refugiados e migrações forçadas (3)

A Academia Espírito-Santense de Letras elegeu dois novos membros: Jeanne Bilich e Jorge Elias Neto. Cuidarei, neste texto, de Jeanne Bilich, que sucede a Waldyr Vitral, na cadeira núme-ro sete. De Jorge Elias Neto, que sucede a Athayr Cagnin, na ca-deira número dois, tratarei em artigo posterior.

Jeanne Bilich declarou numa entrevista: “Somente com os fios da coragem, do arrojo e da audácia é possível tecer a ta-peçaria da vida. E ela, a vida, cumpre fielmente a sua parte: está sempre a nos acenar. Os desafios que alfinetam nosso cotidiano nada mais são do que mãos magnéticas a irradiar cha-mamentos, tentando-nos com hipnóticos convites, buscando nos atrair para a exploração de inovadoras trilhas”.

Creio que foi com esse espí-

rito libertário, com essa vocação para atender ao chamado de mãos magnéticas, que Jeanne Bilich ingressou no quase cente-nário sodalício capixaba. E como esse ingresso enriquece nossa arcádia!

No seu ofício de cronista, a novel acadêmica declara-se amante dos leitores. Busca sem-pre levar algo novo para eles: uma reflexão, um acréscimo ao cotidiano, um consolo ou um afago.

Jeanne presenteou-me com um livro de sua autoria, enri-quecido com uma dedicatória fraterna: “Zeitgeist – Espírito do Tempo”. Obra maravilhosa que vazei noite adentro para ler de um jato só!

Zeitgeist é um vocábulo do idioma de Goethe, que pode ser traduzido como espírito da épo-ca, ou espírito do tempo. O tem-po carrega uma alma, é marcado por uma essência. Qual é esta essência que Jeanne Bilich per-seguiu e alcançou no seu livro? Parece-me que é aquela que só se atinge quando se tem a sen-sibilidade de perceber os laços

que tecem a história, que ligam os seres humanos ao seu desti-no comum, como a recém-aca-dêmica fez. A filha do refugiado político croata nasce no Rio de Janeiro e vem para Vitória (ES). O que desejava aquele sonhador de Zagreb? O que sonha nossa cronista capixaba? O que quere-mos todos, acima de nacionali-dades, ideologias e credos, se-não realizar o sonho impossível, esse impossível que alimenta nossas lutas, mas que um dia, quem sabe, pode-se tornar real.

Os países entram em guer-ra, quase sempre por razões econômicas. Governos lançam condenações sobre povos e lhes apõem etiquetas humilhantes. O ódio é tão grande que alcança até imigrantes que cruzaram os oceanos. Se as guerras exigis-sem plebiscito, para ser declara-do pelos governos, o mundo vi-veria em paz. O homem comum, o lavrador, o operário e o poeta amam a paz. Quem manipula as guerras são os fabricantes de armas e outros agentes sociais perniciosos. O livro de Jeanne é uma mensagem de paz.

Na segunda parte do docu-mento, intitulada “Refugiados e outras pessoas deslocadas à força”, após uma breve des-crição sobre “o conceito e a situação dos refugiados”, o documento detém sua aten-ção, de forma particular, sobre os campos de refugiados e os refugiados urbanos. Quanto ao primeiro caso, prevalece a denúncia: “O resultado é que tais campos, originariamente destinados ao abrigo temporá-rio, se tornaram ‘residências’ permanentes, onde os refugia-dos permanecem durante anos, geralmente confinados nos seus movimentos, não autorizados a assegurar os próprios meios de subsistência e forçados à de-pendência. Nessas situações, a Comunidade internacional pa-rece prestar-lhes uma atenção escassa, ou simplesmente acei-ta a sua armazenagem como uma situação normal” (nº 44).

Passando ao caso dos refu-giados urbanos, o texto assinala que, “atualmente, mais de meta-de da população de refugiados se encontra fora dos campos. Os motivos para se instalar de for-

ma independente são porque já residiam em ambientes urbanos e não estão acostumados a viver em áreas rurais, ou porque jul-gam ter uma melhor perspectiva para o seu futuro, especialmente no que se refere ao ‘ganha-pão’. Nem por isso, deixam de ter ‘o direito à mesma proteção, com os mesmos direitos e responsa-bilidades sob a legislação inter-nacional, como refugiados em áreas designadas’” (nº 46-47).

Na sequência, o documen-to, sempre no campo da mobi-lidade humana, alarga sua so-licitude pastoral para “outras pessoas que precisam de pro-teção”, passando a elencá-las: os apátridas, os deslocados in-ternamente (dentro do próprio país), as vítimas do tráfico e do contrabando de pessoas huma-nas. Detenhamo-nos sobre es-tes últimos dois rostos. O texto entende por vítimas do tráfico de pessoas aquelas “que fo-ram enganadas a respeito das suas atividades futuras e já não são livres de decidir sobre sua própria vida. Acabam em situações semelhantes à escra-vidão ou à servidão, das quais é muito difícil fugir. Ameaças e violência são com frequência utilizadas em ordem a esta fi-nalidade” (nº 52).

Já o contrabando de pesso-as “tem como finalidade fazer uma pessoa entrar irregular-

mente num país, contornando as leis de migração, constituin-do por isso uma transgressão de tais leis” (nº 55). Enquanto o tráfico transita pelas vias le-gais, descumprindo posterior-mente as promessas feitas na origem, o contrabando esqui-va-se clandestinamente para conduzir os migrantes a deter-minado país, abandonando-os à própria sorte (e às dívidas contraídas).

Mas essa distinção é mais conceitual que real. No universo ambíguo da mobilidade huma-na, as fronteiras são sempre muito fluidas, flexíveis. Como alerta o documento, os contor-nos borram facilmente. “Assim que uma pessoa chega ao país de destino, conclui-se a rela-ção com o contrabandista. No entanto, é necessário observar que as partes se encontram em termos de desigualdade, uma vez que as pessoas vítimas do contrabando dependem do con-trabandista e podem facilmente perder o controle da situação. Às vezes, a situação chega a tal ponto que os contrabandistas não apenas escolhem o país de destino, mas também se apro-veitam do elevado risco que as pessoas correm, quando são introduzidas ilegalmente num determinado país. Em tal situ-ação, o contrabando torna-se tráfico” (nº 56).

João bAPtIStA hERkENhoFF

PAdRE AlFREdo goNçAlvES

Livre-docente da Universidade Federal do Espírito Santo, magistradoaposentado e escritor

bIoÉtICAESPAço AbERto

FÉ E CIdAdANIA

Page 6: O SÃO PAULO - 2960

Prezados Animadores Vocacio-nais de nossa Arquidiocese de São Paulo. Quero saudar a cada um em Cristo Jesus. Por ele, “recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de tra-zermos à obediência da fé, para a glória de seu nome, todas as nações; (...) graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor, Jesus Cristo” (Rm 1, 5-7).

Quero partilhar uma peque-na reflexão sobre a vocação no Evangelho de Marcos. No pri-meiro capítulo, o evangelista narra o Batismo de Jesus (cf. Mc 1, 9-11) e o tempo que ficou no deserto (cf. Mc 1, 12-13). O ba-tismo é o momento da unção de Jesus, o momento em que o Pai declara, sem dúvida, quem é seu Filho. Nosso Batismo, que apon-ta nossa missão, é semelhante ao de Jesus. O Pai nos aceita como seus filhos e filhas e nos convoca à mesma missão de Jesus: evan-gelizar os povos (cf. Mc 1, 21-22).

No terceiro capítulo, apare-ce algo muito interessante na fala do evangelista Marcos: “Je-sus subiu ao monte e chamou os que deseja escolher” (Mc 3,

13). O monte é biblicamente o lugar sagrado, e Jesus enfatiza dois pontos importantes nessa passagem: o chamado para tra-balhar na messe e a escolha dos evangelizadores, ou seja, daque-les que irão dar sequência à mis-são iniciada por ele.

Também nós, cristãos da atualidade, que vivemos num mundo tão agitado e com tantas facilidades, devemos fazer nos-so momento de oração e deserto, de ouvir a voz do Espírito, e de op-tar e decidir seguir aquele que mor-reu na cruz para nos salvar. Seguir Jesus implica em abandonar tudo e não olhar para trás, desfazer-se de nossos preconceitos e nos pôr a caminho. Ao aceitar o con-vite, não se pode mais ficar em cima do muro.

A missão fez Jesus crescer na compaixão e na solidarieda-de para com seu povo. Diante da multidão que o seguia, Jesus olhou e ficou comovido, pois “pareciam ovelhas sem pastor”. A nossa verdadeira alegria, nos-so encontro vocacional sincero e autêntico, encontra-se na com-paixão e na solidariedade. Deus nos chama para lutar pelo Reino,

para nos entregar à realização do seu projeto em nossa vida. O mistério da vocação nos ques-tiona. Jesus quer que sejamos reflexos do amor do Pai para com os outros, juntando nossas forças para construção e defesa da vida.

Jesus nos envia: “Vão pelo mundo inteiro”. Que hoje não faltem discípulos missionários que abracem sua vocação e

‘saiam por toda parte anuncian-do com amor e solidariedade o Reino de Deus’.

Rezemos pelas vocações e por todos aqueles que se dis-põem a percorrer esse itinerário vocacional. As vocações surgem de comunidades orantes. Seja você também um animador vo-cacional em sua paróquia ou comunidades. Se precisar de informações, entre em contato conosco pelo e-mail [email protected] ou ainda pelo telefone (11) 3104-1795.

Em Provérbios 3, 9-10, Deus nos pede as primícias de nossos ren-dimentos e nos promete fartura. Vejamos: “Honra o Senhor com tua riqueza, com as primícias dos teus rendimentos, e os teus celeiros se encherão de trigo, teus lagares transbordarão de vinho”.

Deus nos pede também um dízimo agradável a ele. Por que ele nos pede tudo isso, se é o Senhor de tudo e não precisa de nada? Para nosso crescimento, nosso bem, para que haja par-tilha e o bem comum aconteça, pois o dízimo é um ato de amor, fé e fidelidade. Vejamos alguns exemplos desde o início da Bí-blia: Deus aceitou o dízimo de Abel porque este lhe foi agra-dável: foi um dízimo oferecido, com amor e alegria, em agrade-cimento a Deus por sua bondade para com ele. Abel teve a bênção de Deus (cf. Gn 4, 4); Abraão

também ofereceu o dízimo e Deus o aceitou. Abraão era ho-mem de fé, justo, honesto, fiel, temente a Deus, misericordioso. Abraão teve a bênção de Deus (cf. Gn 14, 1-24); Jacó, ao mudar radicalmente de vida, também ofereceu o dízimo ao Senhor e este o aceitou. Jacó era honesto, praticava a justiça, a misericór-dia e a fidelidade, temia a Deus, orava, era homem bondoso. Jacó teve a bênção de Deus (cf. Gn 28, 20-22).

Por esses exemplos, perce-be-se que Deus aceita o dízimo apresentado com fé, amor e ale-gria, expressões de correspon-sabilidade para com a comuni-dade.

Oferecer o dízimo é partilhar os bens que se tem, dentro de uma ótica de fé; é contribuir para que aconteçam ações que façam o bem aos outros, levando-os a crescer, a enxergar a verdade e a seguir o caminho que leva a Deus. O dízimo irá para as mãos da Igreja, que deverá adminis-trá-lo de forma a atender às exi-gências da comunidade cristã: evangelização, liturgia, cateque-se, assistência e promoção dos

pobres, assim como formação dos agentes, ministros leigos e ordenados. Isso significa que o dízimo é também uma questão de justiça.

Assim, como o dízimo é bí-blico, portanto vontade de Deus, ele educa e santifica. Por isso, ele é canal de graças abundan-tes. Analisemos: em Mateus 23, 23, Jesus diz que, para ofere-cermos um dízimo agradável a Deus, devemos, em primeiro lugar, ser justos, misericordio-sos, e fiéis. Para sermos dizi-mistas conscientes, precisamos viver os preceitos que Jesus nos transmitiu (cf. Jo 15, 10-17; Mt 5, 1-48; Mt 22, 34-40).

Quando praticamos esses atos e virtudes, estamos cum-prindo os mandamentos de Deus, e, como consequência de nossa amizade e obediência, ele derrama muitas graças e bên-çãos sobre nós.

Se formos dizimistas fiéis, veremos acontecer em nossa vida o que diz em Malaquias: “...vereis se não vos abro as janelas do céu e não derramarei sobre vós bênção em abundância” (Ml 3, 10-12).

6 Igreja em Açãowww.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

Além da extinção de várias pro-fissões, o medo e a angústia do trabalhador desempregado é uma das piores consequências do desemprego. Atualmente, os empregados trabalham mais e recebem menos, se compara-do com anos anteriores. Essa afirmativa pode ser confirmada com as terceirizações, em que os terceirizados substituem os primeiros com salários meno- res, sem os mesmos bene-fícios e em con-dições de tra--balho piores. Sem falar que a grande maioria das chamadas “terceiras” não têm em sua es-trutura a área de Recursos Hu-manos.

Se observarmos o sistema bancário, começaremos a en-tender a nova lógica do traba-lho. Até há bem pouco tempo, os bancos abriam suas portas às 10h e encerravam o expe-diente às 16h. Isso ainda é verdade hoje, mas, através dos caixas eletrônicos, os bancos recebem depósitos, recebem contas, permitem transferên-cias, enfim, continuam com suas principais operações até

altas horas da noite, isso quan-do não permanecem em opera-ção 24h por dia. O atendimento agrada ao cliente, e os bancos não precisam pagar horas ex-tras.

Estamos vendo mudanças de valores e nos acostuma-mos com elas. Só para citar um exemplo, uma importante revista de âmbito nacional pu-blicou a relação das melhores empresas para se trabalhar no Brasil, em 2007. Uma delas, vencedora, disse com todas as letras que o empregado, quan-do erra três vezes, recebe um prêmio! Uma maneira disfar-

çada de assédio moral, que um dia será cobrado na Justiça e é passada como se fosse um valor da organização. E tem gente que ainda aplaude!

Grande parte dos pro-fissionais está atuando hoje como se o mundo do traba-lho fosse o mesmo de quando eles estavam na faculdade ou quando se formaram. Estão agindo como o pianista do Ti-tanic, que continuou tocando a mesma melodia com o barco afundando!

vAgAS dA SEMANA

UNIdAdES dE AtENdIMENto

1.900Vagas p/ AUXILIAR DE LIMPEZA em todas as regiões de SP, mas/fem, 18 a 45 anos, sem experiência, ensino funda-mental incompleto.2.500 Vagas p/ OPERADOR DE TELEMAR- KETING em todas as regiões de SP, mas/fem, 18 a 55 anos, sem experiência, ensino médio completo.750 Vagas p/ PORTEIRO em todas as regiões de SP, masc, 24 a 45 anos, sem experiência, ensino médio in-completo.900 Vagas p/ ATENDENTE DE LANCHO-NETE em todas as regiões de SP, mas/fem, 18 a 32 anos, sem experiência, ensino fundamental completo.500 Vagas p/ OPERADOR DE CAIXA em todas as regiões de SP, fem, 18 a 36 anos, sem experiência, ensino médio completo.550 Vagas p/ OPERADOR DE SUPER-MERCADOS em todas as regiões de SP,

mas/fem, 18 a 36 anos, sem experiência, ensino fundamental completo.150 Vagas p/ AJUDANTE DE CARGA E DESCARGA em todas regiões de SP, masc, 18 a 30 anos, sem experiência, ensino médio incompleto.250 Vagas p/ VENDEDOR LOJISTA em todas as regiões de SP, mas/fem, 18 a 28 anos, sem experiência, ensino médio completo.300 Vagas p/ REPOSITOR DE MERCA-DORIAS em todas as regiões de SP, mas/fem, 18 a 30 anos, sem experiência, ensino fundamental completo.400 Vagas p/ AUXILIAR DE COZINHA em todas as regiões de SP, mas/fem, 18 a 50 anos, sem experiência, ensino funda-mental incompleto.350 Vagas p/ ATENDENTE DE BALCÃO em todas as regiões de SP, mas/fem, 18 a 40 anos, sem experiência, ensino médio incompleto.

Unidade Santana – Rua Dr. Gabriel Piza, 475 – Metrô SantanaUnidade Rio Pequeno – Av. Otacilio Tomanik, 1.555 – Rio PequenoUnidade Santo Amaro – Rua Padre José de Anchieta, 172 – Santo AmaroUnidade Tatuapé – Rua Bonsucesso, 233 – Metrô Tatuapé

Unidade São Miguel – Rua José Dias Miranda, 48 – São Miguel PaulistaUnidade Vila Mariana – Rua Bartolomeu de Gusmão, 524 – Vila MarianaUnidade Marechal Deodoro – Rua Barão de Campinas, 691 – Marechal Deodoro

A missão fez Jesus crescer na compaixão e na solidariedade para com seu povo. diante da multidão que o seguia, Jesus olhou e ficou comovido, pois “pareciam ovelhas sem pastor”

grande parte dos profissionais está atuando hoje como se o mundo do trabalho fosse o mesmo de quando eles estavam na faculdade ou quando se formaram

PAdRE líCIo dE ARAúJo vAlE

CEAt

Mundo do trabalho em mutação (2) A vocação no Evangelho de Marcos

o dízimo e a prosperidade

PAdRE MESSIAS dE MoRAES FERREIRA

MARtA SAMPAIo lIMA ElIA

Promotor vocacional da Arquidiocese de São Paulo

Integrante da Pastoraldo Dízimo da Arquidiocese de São Paulo

PAStoRAl voCACIoNAl

PAStoRAl do dízIMo

Page 7: O SÃO PAULO - 2960

Antes de tudo é convinhável di-zer o porquê de empregar a lo-cução Código Canônico em vez de Código de Direito Canônico, expressão preferida pela grande maioria, se não a totalidade dos canonistas que se exprimem em língua portuguesa, ao menos no Brasil. Na verdade, a forma Có-digo de Direito Canônico, tradu-ção literal de Codex Iuris Canoni-ci, é um equívoco linguístico. Em nenhum país lusoparlante se diz Código de Direito Civil ou Código de Direito Penal ou, ainda, Códi-go de Direito Comercial. Fala-se e escreve-se simplesmente: Có-digo Civil, Código Penal ou Có-digo Comercial Por quê? Porque o substantivo código, por si só, implica um conjunto de regras ou leis. Os juristas que laboram com o direito estatal, ao se re-portarem à lei exponencial da Igreja Católica, c h a m a m - n a , acertadamente, de Código Canô-nico.

Em 2013, o Código Canô-nico, promul-gado em 1983, faz aniversário: 30 anos! Sem este magnífico diploma legal, já escrevi, algures, o Concílio Vaticano 2º seria letra morta, porquanto as normas jurídicas que regem o dia a dia dos fiéis efetivamente implementaram o ideário conciliar.

Quando se chega aos 30, aos 40, aos anos redondos, enfim, geralmente as pessoas piedosas realizam uma revisão de vida, com o intuito de verifi-car se a caminhada até aquele momento está concorde com a vocação batismal. Analogica-mente, aos 30 anos, o Código Canônico, humildemente, tem de ser revisto pelas autorida-des eclesiásticas. Creio que o ponto crucial desse “exame de vida” é a língua na qual o Có-digo está escrito. Com efeito, o Código Canônico encontra-se vazado em latim.

Oxalá todos soubéssemos a língua de Cícero, ou seja, o latim, uma vez que se trata de um idioma elegante, conciso e preciso, ótimo para veicular uma lei. O problema é que, mesmo entre os canonistas, se contam nos dedos das mãos os que sabem o latim. De outra banda, o Código Canônico se destina à integralidade do povo de Deus, composto por 99% de leigos, que não dispõem de nenhum conhecimento do la-tim. Mesmo entre os clérigos, o entendimento do latim é zero, salvo exceções. Redarguiriam alguns: temos as traduções. Ora, a tradução não tem valor oficial; a tradução, consoante escrevi noutro artigo, é uma reles “sombra da lei”.

Advogo a tese de que, num futuro não distante, o Código Canônico venha a ser escrito em inglês, o idioma universal da atu-alidade. É da índole de qualquer lei ser compreendida por aque-les que devem cumpri-la. Assim,

por exemplo, um japonês de Tó-quio, que igualmente se insere no rito latino, com certeza terá mais facilidade para observar e reverenciar (bem como para exercer seus direitos) um Código Canônico expresso numa língua mais acessível para si. Cuido que os católicos do Japão manejam melhor o inglês do que o latim. Idêntico fenômeno ocorre nas nações lusófonas! No Brasil, o inglês, nas cidades grandes, é quase uma segunda língua. Em boa parte dos países da Europa, como na Alemanha, todo mundo fala inglês.

Mesmo com essa limita-ção da linguagem, o Código Canônico vigente tem sido uma bênção para a socieda-de eclesial, especialmente por dar oportunidade de o leigo se exprimir.

7Igreja em Ação www.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

EdSoN lUIz SAMPEl

Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano e professor da Escola Dominicana de Teologia (EDT)

dIREIto CANôNICo

o Código Canônico: 30 anos!

o Código Canônico se destina à integralidade do povo de deus, composto por 99% de leigos, que não dispõem de nenhum conhecimento do latim. Mesmo entre os clérigos, o entendimento do latim é zero, salvo exceções

Celebrar juntos a Eucaristia, pa-dres, pastores e povo de diferen-tes Igrejas é uma coisa. Outra, bem diferente, é partilhar a Euca-ristia de outra Igreja comungan-do. Quando vivemos a espirituali-dade ecumênica, temos profundo respeito pelas celebrações euca-rísticas de outras Igrejas, senti-mos a dor de não poder celebrar juntos e aguardamos ansiosa-mente o dia em que isso possa acontecer. Enquanto “os laços de comunhão visível não forem plenamente restabelecidos, é impossível celebrar juntos a úni-ca Eucaristia do Senhor” (GEE, 37). Mas, se antes do Concílio era também impossível comungar na Eucaristia de outra Igreja, agora isso é possível, o que significa um grande passo em direção à união.

O Guia de Espiritualidade Ecumênica (GEE), que estamos estudando comenta longamente

essa possibilidade que o Con-cílio Vaticano 2º oferece em seu decreto sobre o Ecumenismo. A norma conciliar diz que, para compartilhar a Eucaristia de ou-tros grupos cristãos, que não estão em comunhão total conos-co, é necessário considerar dois motivos básicos: comungar para testemunhar a unidade da Igreja e buscar a graça divina contida na Eucaristia. O primeiro motivo contradiz a verdade. Portanto, não é possível. Mesmo assim, em alguma raríssima circunstância, o Concílio abre uma possibilida-de, quando diz: “Quase sempre é proibido”. É este “quase” que deixa entrever uma fresta...

A segunda razão para comun-gar, isto é, a busca da graça, às vezes não só é permitida, mas até recomendável. Porém, além de uma boa razão, é preciso considerar o seguinte: O católico pode comungar somente naque-las Igrejas que possuem o Sacra-mento da Ordem, sendo assim uma Eucaristia completa, com todos os elementos essenciais. Por exemplo: se você está via-jando pela Grécia, não encontra

no domingo uma Igreja Católica e deseja ardentemente receber a graça da comunhão eucarísti-ca, pode e deve comungar numa Igreja Ortodoxa. Além de celebrar o Dia do Senhor com os irmãos ortodoxos, você recebe todas as maravilhas da salvação contidas no sacramento eucarístico.

De acordo com nossas nor-mas, o católico não pode comun-gar em ceias eucarísticas de gru-pos cristãos que não possuem a Ordem e nem o episcopado. Mas os cristãos de qualquer outro grupo podem comparti-lhar de nossa Eucaristia, desde que manifestem essa vontade e acreditem como nós acredita-mos. Longe de serem legalistas com tantas regras específicas, as autoridades de nossa Igreja desejam demonstrar profundo amor e respeito pela Eucaristia, contribuindo para que tenhamos um amplo diálogo a respeito desse mistério. Acreditamos estar favorecendo o avanço de nossa caminhada para a plena unidade, tendo muito cuidado ao lidar com esse tão sublime Sa-cramento.

Compartilhar a Eucaristia

PAdRE PAUlo hoMERo gozzI

Coordenador da Pastoral doEcumenismo da Arquidiocese de São Paulo

PAStoRAl do ECUMENISMo

Como é bom ter e ser família, porque família é fonte da so-ciedade, é escola da vida e nela reside o futuro e a salvação da humanidade. Sua missio-nariedade se desenvolve por ser comunidade de salvação, educadora da prole e trans-missora da fé. O sacerdócio de pai e mãe é o exercício da graça matrimonial em prol da comunidade salvífica de vida e de amor, na família e pela famí-lia, nesse tão pequenino lugar, privilegiado para o exercício di-ário de conversão.

A salvação pessoal ocorre na família, por meio do serviço ao outro, como, por exemplo, a mãe na amamentação dos fi-lhos, o colinho do pai ou a pro-

teção, a ternura e a oração de ambos. É, pois, na família que nos sentimos pessoas, filhos, irmãos, amigos e, sem dúvida, companheiros de luta, lado a lado, com as dificuldades e com as alegrias das conquistas fami-liares. É lugar onde exala amor, graças e bênçãos de Deus.

A família no seu dia a dia tem de lutar, não sem grande dificulda-de, para poder vivenciar um pro-jeto de vida con-jugal e familiar contra a ideologia do “descartável”, da tentação do consumo ou do culto do indivi-dualismo que a cerca de todos os lados. Somente através do exercício de uma espiritualida-de conjugal e familiar sólida é que a família consegue se afas-tar das ciladas do mundo mo-derno e caminhar em busca da

salvação familiar, como povo de Deus, na força dos laços conju-gais, no cultivo do amor fiel e da plena intimidade de vida fa-miliar e comunitária, pois, des-sa forma, os esposos e a pró-pria família serão santificados e “esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1 Ts. 4, 3).

Na família nenhum de nós é tão importante quanto nós todos juntos. A família que procura a santidade se torna-rá cada vez mais decisiva e fundamental à felicidade e ao bem-estar da humanidade de amanhã.

Somente através do exercício de uma espiritualidade conjugal e familiar sólida é que a família consegue se afastar das ciladas do mundo moderno e caminhar em busca da salvação familiar

A salvação da família

zUlEICA E João AbRAhão

Secretários da Pastoral Familiar

PAStoRAl FAMIlIAR

ESPAço do lEItoR

“Sejam bem-vindos e que São Paulo saiba recebê-los bem. Que nada de mal possa vir atrapalhar a estada deles por aqui”.

Darci San Martin, no facebook do

O SÃO PAULO, sobre matéria da chegada

dos primeiros peregrinos à Arquidiocese.

Caro leitor, o jornal o São PAUlo está de cara nova e quer ouvir você. Saber sua opinião sobre as matérias, artigos e reportagens publi-cadas no jornal. Para tanto, reinauguramos um espaço

destinado a sua opinião, crí-tica ou sugestão. Contamos com você nesta nova missão. Mande sua car-ta, e-mail, tuite ou comentário na nossa página do facebook. Este espaço é seu leitor.

Redação do jornal o São PAUlo.

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8 geralwww.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.” O tre-cho do poema “Sentimento do mundo”, de Carlos Drum-mond de An-drade, expressa bem a história de um cearense que deixou a família para percorrer os ca-minhos “salutares da itine-rância” na vida religiosa e foi ordenado diácono provisório, na congregação dos salvato-rianos, em junho deste ano.

James Wilson Januário de Oliveira, 31, natural de Forta-leza (CE), é filho de Francisco Vieira de Oliveira e Márcia Ma-ria Januário de Oliveira e tem dois irmãos. Ele contou ao o São PAUlo que na infância teve a influência da avó materna que o levava todos os domingos à missa, o ensinou a rezar o terço, ir às novenas e cantar cânticos católicos.

“Fui conhecer o seminário para ajudar um amigo que queria ser vocacionado, mas o que me levou, de fato, a entrar na congre-gação, foi um estágio que eu fiz de um ano na antiga Febem, com me-nores infratores. Ao me deparar com as histórias de vidas deles, conhecer o seu mundo, tomei a decisão de me colocar a serviço.”

James foi missionário em diferentes lugares, como Mo-çambique, na África; Conchas, interior de São Paulo; e em uma das maiores favelas da América Latina, Heliópolis, na zona sul da capital. Em Heliópolis, realizou trabalho de formação junto às lideranças da comunidade, en-contro com as famílias e jovens.

“As alegrias são inúmeras, cada lugar que vou, cada pessoa que conheço, cada experiência

que vivo, me realiza e me faz querer mais, acho que a itine-rância é salutar para nós reli-giosos. Viver com fé é confiar na providência divina, é como diz o filósofo: ‘bailar a beira do abis-mo’! É correr risco, pois o con-trário, que é a certeza, creio que mata a fé!”.

O diácono disse também que, para ele, o principal desafio da vida religiosa é a obediência, quando ela não é dialogada. De reflexão crítica aguçada, James, nas ações pastorais, acredita mais nas pequenas construções que em megaeventos. “Espero poder servir, amar, colocar-me à disposição. Mas também quero aprender sempre mais, conhe-cer, sonhar e viver intensamente as experiências da vida.”

Nas relações pessoais, ele privilegia a diferença e o respei-to e, como amante da cultura popular, procura sempre estar atendo ao contexto, para, da melhor maneira possível, viver uma fé inculturada e ativa.

“Gosto muito de um poema do Leminsk: ‘Nunca sei ao certo se sou um homem de fé ou um menino de dúvidas. Certezas o vento leva, só dúvidas ficam de pé’. Não espero, no meu minis-tério, encontrar certezas, mas viver e amar, mesmo na dúvida, às vezes!”, disse James, que foi convidado para ser um dos quatro diáconos que assistirá o papa Francisco durante a mis-sa que presidirá em sua visita a Aparecida (SP). “Para mim, é algo muito significativo estar com o Papa, pois tenho grande admiração e respeito por ele e pelo modo como ele tem agido.”

Com o lema bíblico ‘Fazei tudo o que ele vos disser’, do capítulo segundo do Evangelho de João, desde 2004, quando James ingressou na Congrega-ção, nutre o desejo de continuar na escuta aos sinais do tempo, o seguimento de Jesus.

‘Fé é risco. É bailar a beira do abismo’

ANo dA FÉ

NAYá FERNANdES,ESPECIAl PARA o São PAUlo

Luciney Martins/O SÃO PAULO

No dia 9 de julho, a Igreja ce-lebra Santa Paulina do Cora-ção Agonizante de Jesus. Um exemplo para todos os católi-cos do mundo e um motivo de alegria, especialmente para a Igreja no Brasil. A santa, nas-cida em Vígolo Vattaro, Trenti-no Alto Ádige, norte da Itália, veio para o Brasil com 9 anos de idade, onde morreu aos 77 anos.

Madre Paulina morreu na Casa Geral da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, situada no bairro do Ipiranga, capital paulista, onde está sepultada até hoje. De acor-do com a irmã Egnalda Rocha, o maior legado de Santa Paulina “foi o amor a Deus e o serviço aos pobres. Viveu em grau he-roico a humildade e a profunda comunhão com Deus, a ponto de dizer: ‘A presença de Deus me é tão íntima, que me parece impossível perdê-la...’ Essa san-tidade nos desafia como conti- nuadoras da sua obra”.

Atualmente, segundo irmã Egnalda das Irmãzinhas da Ima-culada Conceição são mais de 400 religiosas que marcam pre-sença em 16 Estados do Brasil e mais 10 países. A congregação tem como carisma “ter sensibili-dade para perceber e disponibi-lidade para servir”, isso faz com que elas se coloquem em muitas

fronteiras geográficas e sociais. Os trabalhos das Irmãzinhas

são os mais diversos, como, por exemplo, na área da educação, em obras de assistência social, como asilos, orfanatos, projetos sociais com crianças e adoles-centes, lixões; junto às nações indígenas, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, presidiários, crianças, juventu-de e mulheres em situação de risco e vulnerabilidade social. As religiosas atuam também na saúde preventiva e curativa, HIV-Aids. Marcam presença nas comunidades paroquiais, junto às paróquias, na dimensão forma-tiva e celebrativa, com o povo.

Já a Arquidio-cese de São Pau-lo possui em uma das maiores fa-velas da América Latina, a de Heliópolis, uma pa-róquia dedicada a Santa Paulina. De acordo com o pároco, padre Pedro Luís Amorim Pereira, a pedra fundamental da igreja vai ser lançada esta semana, porém os projetos do novo templo já foram aprovados e estão em an-damento.

O Padre ressaltou que mui-tas coisas têm sido realizadas para angariar fundos e colabo-rar com a construção. Algo que o sacerdote também chama a

atenção é a solidariedade dos paroquianos, que, após um in-cêndio em Heliópolis, no domin-go, 7, cancelaram a quermesse que estava marcada, para que no local fossem acolhidas cerca de 40 pessoas que estavam de-sabrigadas.

Outro detalhe ao qual padre Pedro chama a atenção foi a mo-bilização realizada na comunida-de para a acolhida de cem jovens que viriam para a Semana Mis-sionária, mesmo não precisando

acolher mais estes jovens, o Pa-dre afirma que “a paróquia deu um belíssimo exemplo de como viver o Evangelho de forma con-creta”.

“Preparamo-nos para aco-lher cem jovens para a JMJ, de repente, nos vimos tendo que movimentar com urgência a aco-lhida para 40 irmãos desabriga-dos. Talvez hoje tivemos um dos exemplos mais interessantes da participação da Igreja no Helió-polis”, comentou o Padre.

Primeira santa brasileira écelebrada no dia 9 de julhoAcontece a festa de Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus

EdCARloS bISPo dE SANtANAESPECIAl PARA o São PAUlo

Preparamo-nos para acolher cem jovens para a JMJ, de repente, nos vimos tendo que movimentar com urgência a acolhida para 40 irmãos desabrigados. talvez hoje tivemos um dos exemplos mais interessantes da participação da Igreja no heliópolis

Santa dá nome à paróquia localizada em Heliópolis, uma das maiores favelas da América Latina

Luciney Martins/O SÃO PAULO

James com os pais e o irmão na celebração dos votos definitivos

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9geral www.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

CNlb contrário à redução da maioridade penal e a favor de manifestações popularesPor meio de duas notas públicas em junho, o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) manifestou que “a redução da maioridade penal não elimina o contexto de violência e de morte” e apoiou as manifestações populares, mas repudiando “toda e qualquer ação e reação de destruição e violência por parte de manifestantes e do Estado”.

Editores e redatores de folhetos litúrgicos participaram, entre os dias 2 e 4, de um encontro na-cional, realizado em Vitória (ES), pela Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB.

Com momentos de estudo, partilhas de experiências e de aprofundamento litúrgico, bíbli-co e teológico, a atividade cen-trou atenções na busca de uma unidade para a elaboração dos folhetos.

Segundo Eduardo Augusto Carrilho Cruz, redator do folhe-to litúrgico Povo de deus em São Paulo, da Arquidiocese de São Paulo, foram enfatizados os princípios litúrgicos do Concílio

Encontro nacional capacita editores e redatores de folhetos litúrgicosdANIEl goMES

REdAção

dades. Nesse sentido, foi re-comendada a apresentação de algumas orientações simples para o animador, para o am-biente, além de refrões medi-

tativos. Também se comentou que para o salmo responsorial, o ideal é usar os textos do Le-cionário; para as músicas das partes fixas, deve-se usar, pre-

ferencialmente, os textos do Missal Romano, e também é recomendável diminuir a quan-tidade das preces dos fiéis no folheto para dar espaço às ora-ções da comunidade”, explicou Eduardo ao o São PAUlo.

Ainda segundo o redator do folheto da Arquidiocese, o en-contro ajudou para a formação e crescimento no trabalho de ela-boração dos materiais, “sempre com o cuidado de criar uma uni-dade, sem gerar a uniformida-de”. A atividade teve a assesso-ria do padre José Carlos Sala e do frei Faustino Paludo, assesso-res da Comissão Episcopal para Liturgia da CNBB, e também do padre Arthur Francisco Juliatti dos Santos, doutor em teologia bíblica.

Em Vitória (ES), encontro reúne 30 produtores de folhetos litúrgicos

Adolescentes denunciam maus-tratos na Fundação Casa, dizem mães

Divulgação

Mães de dois adolescentes denunciam maus-tratosApós irem ao Ministério Público contra a Fundação Casa, mulheres procuraram a Pastoral do Menor arquidiocesana

“Eles vêm com provocações para que os meninos façam rebelião, para chegar onde eles querem, entendeu? Então, a gente, todo domingo, tem conversado com os maninos para que fiquem calmos porque estamos correndo atrás, da maneira certa. Não é fazendo rebelião, porque se fazem rebe-lião não chegamos ao nosso ob-jetivo de fazer justiça como deve ser feita.”

A afirmação é de uma mãe, cujo filho, de 16 anos, está inter-nado na Fundação Casa, unidade Ipê, da rodovia Raposo Tavares. “Tem meninos dormindo no chão [lotação acima da capacidade, a casa deveria abrigar 90 adoles-centes e está com 103], usando roupa rasgada, andando descal-ços, porque os chinelos quebram e os funcionários não trocam”.

A Pastoral do Menor da Ar-quidiocese de São Paulo tem recebido denúncias de maus--tratos, via telefone, que ocor-rem nesta unidade e, há cerca de duas semanas, mães de internos da Fundação procuraram a Pas-toral do Menor, depois de outros órgãos.

A coordenadora da Pastoral, Sueli Camargo, destacou que rela-tos como esses provam que o Es-tatuto da Criança e do Adolescen-te (ECA) ainda não foi implantado. A Pastoral tem a dupla missão do profetismo. Anuncia quando aco-

lhe, auxilia e testemunha o próprio Cristo e denuncia, ao mostrar as vezes que o ECA é descumprido.

“Eu não tenho medo”, afirmou a mãe Amanda Lúcia Barbosa à reportagem do o São PAUlo, ao dizer que seu nome poderia ser ci-tado. Com um filho de 17 anos na Fundação Casa, os funcionários e os diretores já saberão, mesmo que o nome dela não seja divul-gado, que a autora da denúncia é ela, pois em nenhum momento escondeu deles que procuraria seus direitos.

As duas mães afirmam que seus filhos e os demais 103 ado-lescentes vêm sofrendo maus- tratos e espancamento por parte dos funcionários da unidade Ipê. Amanda contou que por volta do dia 15 de maio ocorreu na unidade um “espancamento em massa”.

“Aí um dos meninos disse: ‘Senhora, você já viu seu filho’. Eu disse: ‘Não’. Ele me disse: ‘Seu fi-lho ‘tá zuado’, a senhora tem que ver o que eles fizeram com seu filho”, contou Amanda, que des-creveu sua reação, “quando eu vi meu filho, meu filho veio mancan-do. Eu disse: ‘Mateus, que desgra-ça é essa?’. Ele me disse: ‘Calma, mãe, fica calma’.”

Depois do episódio, aconte-cido em maio, os adolescentes relatam que são provocados e sofrem intimidações e agressões gratuitas e que os funcionários os incitam à rebelião, para assim justificar as agressões que os me-ninos sofrerão quando a Tropa de

Choque, da Polícia Militar, intervir. As mães destacaram que não

querem regalias para os filhos, pois reconhecem que eles erra-ram, porém fazem um questiona-mento: “Se eu bato, ou se ela ba-ter no filho dela aqui fora, a polícia vem atrás da gente, e lá dentro, [quando o Estado espanca]?”.

“É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos in-ternos, cabendo-lhe adotar as me-didas adequadas de contenção e segurança”, destaca o artigo 125 do ECA, após elencar na seção sete dos artigos 121 ao 124 quais medidas devem ser tomadas no caso de internação de um adoles-cente. Logo, há responsabilização e um amplo sistema de garantias e medidas previstas, estando de acordo inclusive com a normativa internacional.

As mães, porém, questionam as tais “medidas socioeducativas” de ressocialização. Para elas, a forma como as medidas são apli-cadas apenas contribui para uma piora dos adolescentes, fazendo que eles saiam piores do que en-traram.

Para Amanda, tão grave quan-to aplicar sanções que não recu-peram os adolescentes é querer condená-los a um sistema pri-sional normal, ou seja, reduzir a idade penal, fazendo com que esses jovens sejam colocados no sistema carcerário precário que o Estado possui.

(Leia a íntegra da matéria no site da Arquidiocese www.arquidiocesesp.org.br)

EdCARloS bISPo dE SANtANAESPECIAl PARA o São PAUlo

Vaticano 2º; apresentados os materiais de músicas e orações da Campanha da Fraternidade 2014, que terá por tema “Fraterni-dade e Tráfico Humano”, bem como os cantos para a Quaresma; e também se estudou o Evangelho de Mateus, que será utilizado no próximo Ano Litúrgico (Ano A).

Houve ainda avaliações dos folhetos levados pelos 30 participantes, com su-gestões para melhorias da qualidade e da fundamen-tação litúrgica.

“Por meio da linguagem, dos ritos colocados no folhe-to, é possível ajudar a criar um clima orante para as comuni-

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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10 geralwww.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

Arquidiocese pronta para a Semana MissionáriaMembros da comissão arquidiocesana da Pré-Jornada reuniram-se no sábado, 6, para acertar detalhes finais

a caminho do rio

Nesta semana, começam a che-gar de forma mais intensa à Arquidiocese de São Paulo, os peregrinos de 58 países que participarão da Semana Mis-sionária (Pré-Jornada), entre os dias 16 e 20.

Para acertar detalhes sobre a acolhida dos peregrinos e a realização das vigílias regionais, no dia 19, e da missa de envio à JMJ, no dia 20, a Comissão Ar-quidiocesana da Semana Missio-nária reuniu-se no sábado, 6, no Centro Pastoral São José, na zona leste, com dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar da Arquidiocese e referencial do Se-tor Juventude.

O Bispo agradeceu o empenho de todos nos preparativos para o even-to, bem como a receptividade das famílias acolhedoras, o que permitiu que a Arquidiocese es-tivesse preparada para receber até 30 mil jovens estrangeiros. Cerca de 10 mil confirmaram

dANIEl goMES REPoRtAgEM NA zoNA lEStE

tando e poderá chegar a 12 mil, 13 mil pessoas. Temos um nú-mero grande de inscritos norte- americanos, da República Domi-nicana e de países árabes, vindos dos Emirados Árabes, do Iraque, da Líbia, o que é um diferencial”, contou, ao o São PAUlo, Kamila Gomes, secretária executiva da Semana Missionária.

Os peregrinos deverão rece-ber um kit com pasta, guia de atividades, credencial, bilhete único com quatro passagens e uma carta geral de recomenda-ções. Além disso, em grupos, poderão visitar museus e outros espaços culturais gratuitamente. Ao chegarem, serão recepciona-dos por equipes de orientação em algumas estações de metrô e no Aeroporto de Guarulhos.

Padre Tarcísio Mesquita, assessor do Secretariado Ar-quidiocesano de Pastoral, dis-se que todos os trâmites para a Semana Missionária já foram feitos com os governos muni-cipal e estadual, com especial atenção para as medidas de saúde e segurança nos locais das vigílias regionais e da mis-sa de envio à JMJ, que será organizada com a Diocese de Santo André, na praça Heróis da FEB, na zona norte, sendo esperada a participação de 40 mil pessoas.

Os articuladores da Semana Missionária nas regiões informa-ram que os detalhes das vigílias estão encaminhados. No entan-to, ainda há preocupação quanto à vigília na Região Lapa, pois na

última semana, a USP impediu a realização da atividade nas de-pendências da Cidade Universi-tária, como já estava acordado. Um novo local será definido nos próximos dias.

“Em um primeiro momento, houve uma abertura muito gran-de por parte das lideranças, dos organismos da universidade, para acolher esse evento. Po-rém, houve um recuo em relação a isso, então, a gente percebe que parece que a USP está refém de algum grupo, digamos assim, mais radical ou fechado para as questões relacionadas ao aspec-to da expressão religiosa na so-ciedade, como se a religião não fosse também uma expressão cultural”, analisou dom Tarcísio à reportagem.

Credenciais da missa de envio e bilhete único da Semana Missionária são mostrados em reunião

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

200 mil na missa do Papa

Indulgências durante a JMJ

A qualquer hora da quinta-feira, 11, sozinho ou em grupo, fiel é convidado a rezar pela Jornada

a participação na Pré-Jornada, e a quantidade pode ser ainda maior.

“Seguimos recebendo cadas-tros, esse número está aumen-

Em coletiva de imprensa na sexta- feira, 5, o cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, apresentou detalhes da agenda do papa Francisco em Aparecida, no dia 24.

Cerca de 15 mil pessoas po-derão acompanhar, no interior da basílica, a missa presidida pelo Sumo Pontífice, mas do lado ex-

terno haverá telões, já que são es-peradas 200 mil pessoas. Após a celebração, o Papa irá até a Tribu-na Bento XVI para rezar a Consa-gração a Nossa Senhora Apareci-da e depois passará entre os fiéis de papamóvel. No Seminário Bom Jesus, abençoará uma imagem de Santo Antonio de Sant’Ana Gal-vão, a ser instalada no local onde será construído um santuário de-dicado ao santo.

Os participantes da JMJ Rio-2013 poderão obter indulgência parcial, conforme decreto assi-nado pela Penitenciária Apostóli-ca, no dia 2. Para tal, precisarão se confessar e comungar, rezar pelas intenções do Papa e fazer a oração oficial da Jornada. Terão ainda que invocar Nossa Senhora Aparecida, bem como os patro-nos e intercessores da JMJ.

“O santo padre Francisco, de-sejando que os jovens, em união com os fins espirituais do Ano da

Fé, convocado pelo papa Bento 16, possam obter os frutos es-perados de santificação da ‘28ª Jornada Mundial da Juventude’ [...] na Audiência concedida no passado 3 de junho ao subscrito Cardeal Penitenciário-mor, mani-festando o coração materno da Igreja, do tesouro das satisfações de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Beatíssima Virgem Maria e de todos os santos, estabeleceu que todos os jovens e todos os fiéis devidamente preparados pudes-sem usufruir o dom das indulgên-cias”, aponta o decreto.

REdAção

REdAção

Divulgação

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“Podemos trabalhar em prol da nossa Igreja, em busca do Senhor que

leva a gente para esse caminho e faz amar mais e mais. Ser voluntário é crescer em unidade com o trabalho e muito esforço, muita caridade, para aprender ainda mais a amar o próximo.”

Maria Angélica Rosa Silva, atos culturais e cordão de isolamento

“É uma parte do que eu sei fazer, do dom que Deus me dá para que a Palavra

dele chegue ao coração de todo o povo que virá. É a participação do pouco que eu tenho para colaborar com essa grandiosidade, o pouco que temos para que esse evento grande aconteça.”

Natália Paula Pereira, comunicação audiovisual

“É uma sensação incrível, porque não mexe apenas com o ser

Luan, mexe com a fé do Luan, porque a gente carrega muito a nossa fé de ser jovem. A fé de estar à frente, de levar o Evangelho para todo o mundo. Eu sou um grãozinho de arroz naquela panela cheia.”

Luan Lima, Festival da Juventude e socorrista da vigília

“O coração fica naquela ansiedade, e, ao mesmo tempo, fico pensando que

eu vou fazer algo para me satisfazer, me fazer feliz tanto emocionalmente, como psicologicamente e espiritualmente. É uma coisa que vai me completar de forma única, como nunca senti.”

Talita Sobrinho Pereira, Festival da Juventude e cordão de isolamento

11geral www.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

voluntários são enviados em missão para a JMJGrupo do Estado de São Paulo participou da celebração na Catedral da Sé, presidida por dom Odilo Scherer

São Paulo, 4 de julho de 2013Prezados padres, voluntários e

famílias hospedeirasDentro de poucos dias terá início

a Semana Missionária, para a qual nos preparamos com dedicação e esperança! Ela antecede a Jornada Mundial da Juventude, que convoca a todos nós para a missão evangeli-zadora: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações!” (Mt 28,19).

Desde o primeiro momento em que a Semana Missionária foi proposta, vimos nossa Igreja ani-mada e comprometida com a sua realização. Podemos dizer que ela já gerou muitos frutos de testemunho de fé, acolhida e fraternidade. Ela foi abraçada por bispos, padres, agen-

tes de pastoral e inúmeras pessoas de nossas comunidades e contou também com o interesse e apoio dos órgãos públicos, por meio dos governantes do Município e do Es-tado. As respostas foram muitas para todas as propostas e necessidades: formação das equipes arquidioce-sanas, regionais e paroquiais; oferta de hospedagem para os peregrinos de outros países; voluntariado para todos os serviços necessários; par-ticipação significativa na ação entre amigos para angariar recursos para sustentar as atividades da Semana e apoiar os jovens na participação na JMJ, entre outras.

A resposta foi à altura e do tama-nho do coração desse povo acolhe-dor, preparando-nos para receber até 30.000 jovens peregrinos para a Semana Missionária; assim nos tinha sido sugerido e fizemos o que devía-mos e podíamos fazer! Na realização dessa tarefa, podemos dizer também

como São Paulo: “Combati o bom combate!”.

As paróquias e as famílias que se prepararam para a acolhida dos pe-regrinos estão, naturalmente, aguar-dando sua chegada para o encontro tão desejado. Sabemos agora, com as informações que temos sobre as inscrições, que nem todos terão esta alegria realizada plenamente, visto que não haverá número suficiente de peregrinos para todas as famílias e paróquias. Não nos deixemos to-mar por um sentimento de frustra-ção; pelo contrário, alegremo-nos, pois fizemos o que estava ao nosso alcance e tivemos a alegria de cons-tatar tanta generosidade e disponi-bilidade para acolher os hóspedes; é muito bom saber que ainda con-tinuamos uma comunidade hospi-taleira! Estejamos certos de que o Cristo peregrino não deixará de ma-nifestar sua presença em nossa casa e em nosso coração, que se dispôs

a acolhê-lo na pessoa do próximo, mesmo desconhecido!

Mas podemos usar nossa criativi-dade para outras formas de encontro com os peregrinos, cerca de 10.000, que virão de vários países para a nossa Arquidiocese, alguns inscritos para a Semana Missionária da Arqui-diocese e, outros, para as atividades organizadas pelas Congregações Religiosas, Novas Comunidades ou Movimentos Eclesiais. Organizemos visitas às famílias acolhedoras, ou às paróquias do setor, que não estão recebendo peregrinos de outros pa-íses, como parte das atividades mis-sionárias. Organizemos atividades e encontros celebrativos e festivos en-volvendo as paróquias dos setores! E procuremos envolver especialmente os jovens de nossas comunidades e todo o povo na missão proposta; de fato, a Semana Missionária deve en-volver em primeiro lugar os jovens de cada uma de nossas comunidades,

mesmo sem a presença de peregri-nos estrangeiros.

E todos nos encontraremos nos momentos fortes de acolhida e de encontro previstos nas vigílias que realizaremos nas Regiões Episcopais no dia 19 de julho, e na Missa de Envio, no dia 20 de julho, na praça Heróis da FEB, que será o grande en-contro arquidiocesano.

Logo a seguir, participaremos da JMJ com o papa Francisco, no Rio de Janeiro. Quem não for ao Rio, é con-vidado a continuar unido na oração que nos congrega a todos no abraço do Cristo Redentor.

Irmãos e irmãs recebam o abraço reconhecido da Igreja de São Paulo, com minha saudação e bênção!

Cardeal Odilo Pedro SchererArcebispo de São Paulo

Dias para

a JMJ a caminho do rio#FALTAM

Cardeal Dom Odilo Pedro SchererArcebispo de São Paulo

“Queridos jovens, eu também es-tou me preparando! Caminhemos juntos rumo a esta grande festa da fé. Que Maria nos acompa-nhe.” Essa saudação foi feita pelo papa Francisco ao final da oração do Ângelus, domingo, 7, e dirigida aos jovens da Diocese de Roma, que se preparam, assim como os jovens do mundo inteiro, para irem ao Rio de Janeiro (RJ), daqui a cerca de 15 dias para a JMJ.

Na Arquidiocese de São Pau-lo, o cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu, na Catedral da Sé, missa de envio dos voluntários do Esta-do de São Paulo que ajudarão na Jornada Mundial da Juventude. Concelebraram o cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, arcebis-po emérito da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, o cônego Walter Caldeira, cura da Catedral, os padres Thomas Fritsch, que na semana passada completou jubi-leu sacerdotal e Ricardo Anacleto.

A voluntária Fabiane Spolador, que ajudará na entrega dos kits para os peregrinos, disse estar muito emocionada. Ela é uma das articuladoras do grupo de voluntá-rios do Estado de São Paulo, que, durante este período de espera para a JMJ, realizaram formações e encontros de espiritualidade.

Para Fabiane, está impossível segurar a emoção e a vontade de estar no Rio de Janeiro para se en-contrar com os jovens do mundo inteiro. Para ela, será uma Jorna-da inesquecível e o Espírito Santo já está preparando tudo no Rio.

Segundo a voluntária, quem não puder ir ao Rio de Janeiro que acompanhe pelas emissoras de televisão, pelas rádios, internet e, principalmente, pelas redes so-ciais, pois todos os que estiverem lá publicarão ou compartilharão algo da JMJ.

Na homilia, o Cardeal desta-cou que a “Jornada é dirigida a

todos os jovens, mas não só aos jovens, sendo dirigida aos jovens em primeiro lugar, mas ela tam-bém é dirigida a toda a comuni-dade católica, para que se envolva e se sinta como sua essa ocasião dada aos jovens”.

“Vocês não se sentiram identi-ficados com as palavras do Evan-gelho que ouvimos agora? Qual o

lema da Jornada?”, indagou dom Odilo aos jovens, referindo-se à leitura do Evangelho deste do-mingo (Lc 10, 1-12. 17-20). Para o Arcebispo, o lema da Jornada, “Ide e fazei discípulos meus to-dos os povos”, está relacionado ao Evangelho da liturgia de do-mingo, pois é o próprio Jesus que envia, e os jovens voluntários de-

MENSAgEM do CARdEAl AoS PAdRES, volUNtáRIoS E FAMílIAS hoSPEdEIRAS

EdCARloS bISPo dE SANtANAESPECIAl PARA o São PAUlo

vem fazer como os 72 discípulos. Os voluntários irão para

o Rio de Janeiro na segunda- feira, 15, de acordo com André Otani e Rafael Alves de Lima, ambos voluntários da JMJ, o grupo sairá às 6h da Barra Funda, em um ônibus fretado. Os jovens destacaram que o ônibus será o mais animado.

Com animação, jovens subiram ao presbitério e foram enviados

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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12 Região brasilândiawww.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

dom Milton dá posse a pároco no Setor PerusPadre José Osmar assumiu função na Paróquia Nossa Senhora das Graças após três anos como administrador

Setor Perus, na zona noroeste. A celebração foi presidida

por dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia. Depois de três anos como adminis-trador paroquial, o Padre as-sumiu o ofício de pároco da matriz e de outras 14 comuni-dades.

Padre José Osmar perten-ce à Congregação dos Roga-cionistas do Coração de Jesus. Foi ordenado em 1991, na Dio-cese de Passos (MG) e já atuou em paróquias de Curitiba (PR), Gravataí (RS) e Bauru (SP). No ano de 2008, chegou à casa dos Rogacionistas na Fregue-sia do Ó, e, em 2010, foi desig-nado administrador paroquial na Paróquia Nossa Senhora das Graças. Atualmente, tam-bém é capelão do Cemitério Gethsêmani, administrador do Setor Perus e diretor espi-ritual da Pastoral Familiar em Bauru.

Dom Milton, na homilia, explicou a necessidade da ce-lebração de posse do padre José Osmar. “Esta celebração vem lembrar à comunidade o quanto ela tem que estar uni-da ao seu pastor, assim como ele também deve estar unido à sua comunidade.”

O Bispo também relem-brou que o Padre tem que re-novar o seu sim todos os dias, assim como o bom pastor que dá a vida por suas ovelhas; e, ao fazer menção ao Evange-lho do 14º Domingo do Tempo Comum, que fala de missão e vocação, comentou: “Ou-vimos a mesma palavra que Santo Aníbal Maria, fundador da Congregação dos Padres Rogacionistas do Coração de Jesus, nos fala: que a messe é grande, mas são poucos os operários. Pedi ao Senhor da messe que envie operários”.

Dom Milton também res-saltou que Cristo chama a to-dos para serem operários em sua messe. “Temos que ser operários em sua messe, é este o apelo que Cristo faz a todos nós. Nossas comunida-des hoje têm que ser terra de missão, homens e mulheres que saiam anunciando o Reino de Deus”.

Após a homilia, teve se- quência o rito de posse, com o padre José Osmar renovan-

Na noite do sába-do, 6, padre José Osmar Rosa to-mou posse como pároco da Paró-quia Nossa Se-nhora das Graças,

PAlAvRA do bISPo

A partir desta edição, o jornal o São PAUlo assume outro formato para atender melhor aos muitos leitores das pa-róquias da Arquidiocese de São Paulo e de fora dela que buscam formação, informação e a vida transformada em no-tícia. Creio que esta iniciativa é bastante oportuna, pois vem ao encontro dos anseios de nossas comunidades que que-rem encontrar neste veículo a palavra sábia e oportuna do

nosso papa Francisco, que se revela exímio comunicador; e do nosso arcebispo, dom Odi-lo Pedro Scherer, que atento, procura acompanhar a vida da cidade e da Igreja para, atra-vés dos critérios que nascem da fé do Magistério da Igreja, ajudar os leitores a alcançar uma compreensão evangelica-mente crítica, capaz de gerar um novo modo de ver e posi-cionar-se diante dos fatos.

Constituído de uma equipe de jornalistas ágeis e dedica-dos, o o São PAUlo permite que conheçamos a realidade das comunidades, repleta de esperança. A nova versão do jornal também nos desafia a investir na comunicação em

nossas comunidades: valo-rizando a Pastoral da Comu-nicação, tornando-a agente efetivo na elaboração das matérias e, ao mesmo tempo, na divulgação, capacitando os agentes pastorais de nossas paróquias e outros organis-mos eclesiais à sensibilidade de transformar em notícia os muitos fatos que se realizam, expressando a vitalidade da Igreja, testemunha de Jesus Cristo na cidade. Hoje, num mundo marcado pelas mídias sociais, ainda vale a pena apostar na imprensa escrita, como o o São PAUlo? Com certeza, pois além de per-mitir a milhares de pessoas, que não têm possibilidade de

acessar as mídias, conhecer as informações e notícias que constroem a vida e a histó-ria de nossa Arquidiocese, é um meio de gerar comu-nhão e comunicação eclesial. Quando comunicamos a vida e atividades de nossas pa-róquias, movimentos, novas comunidades, estamos evan-gelizando e dando ao mundo o testemunho da fé que gera comunhão e comunicação. À equipe de editores e comu-nicadores do o São PAUlo, meus parabéns e votos de que, com o novo formato, o jornal alcance mais corações e desperte maior compromis-so com a sua manutenção e divulgação.

Jornal o São PAUlo em novo formato!

dA REgIão EPISCoPAl

bRASIlÂNdIA

AgENdA REgIoNAl

Festa Julina na Comunidade Missão Mensagem de Paz (avenida Paula Ferreira, 3.715, Pirituba).

Vigília da Semana Missionária na Região: começo no Parque Estadual do Jaraguá e término no Santuário Sião do Jaraguá (rua Galvão Bueno Trigueirinho, 764, Jaraguá), com dom Milton.

Reunião dos agentes das pastorais sociais da Brasilândia. Será na Paróquia Santa Rita de Cássia (rua João Melo da Câmara, 47, Vila Progresso).

Sábado e domingo (13 e 14), 19h Sexta-feira (19), das 9h30 às 19h quarta-feira (24), 20h

doM MIltoN kENAN JúNIoR

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia

do os propósitos de sua orde-nação presbiteral. Em segui-da, o Pároco recebeu de dom Milton as chaves do sacrário, a posse da pia batismal e uma estola roxa, como sinal do sa-

cramento da Reconciliação.O fim da missa foi marcado

por agradecimentos. Em ação de graças, os jovens apresen-taram uma coreografia em pre-paração à Jornada Mundial, já

na espera do acolhimento a um grupo de jovens italianos que chegarão nos próximos dias. Padre José Osmar agradeceu a presença do Bispo e dos paro-quianos na celebração.

Na tarde do sábado, 6, dom Angélico Sândalo Bernardi-no, bispo emérito de Blu-menau (SC), presidiu missa em ação de graças pelos trabalhos do padre José Aécio Cordeiro, na Região Episcopal Brasilândia. Até então pároco da Paróquia São José, o Padre partirá em missão para a Diocese de Floriano (PI). No domin-go, 7, foi a vez dos padres Cilto José Rosembach e Daniel Francis Mclaughlin, respectivamente pároco e vigário, se despedirem da Paróquia Santa Rita de Cás-sia, Setor Nova Esperança. Após sete anos e quatro meses de trabalhos, eles fo-ram transferidos pelo Bispo para a Paróquia São José, onde assumirão em data a ser ainda marcada.

despedida etransferênciasde padres

dA REgIão EPISCoPAl

Renata Moraes

Dom Milton Kenan Júnior entrega chave do sacrário da Nossa Senhora das Graças ao padre José Osmar

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13Região belém www.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

dom Edmar Peron faz visita à Missão belémBispo esteve na sede da comunidade, na favela Nelson Cruz, na sexta-feira, 5, e conheceu trabalhos realizados

aos projetos da Missão Belém, dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, visi-tou, no dia 5, a sede da Missão Belém, na favela Nelson Cruz, no Belenzinho. Ele foi acompanhado da secretária de pastoral, Lau-rentina da Silva, a Iracema, e da representante local da Cáritas, Cristina Arraes, a Cris.

Na visita, os representan-tes da Região Episcopal leva-ram à coordenação da Missão Belém, padre Giampietro Car-raro e irmã Cacilda da Silva, o resultado dos bazares reali-zados pela Cáritas benefician-do as crianças do Haiti. “Mais que valor, este é um sinal do respeito e da admiração que temos pela seriedade do tra-balho que a Missão Belém re-aliza em nome da nossa Igre-ja em São Paulo”, disse dom Edmar.

O Núcleo Regional da Cári-tas Belém realizou, no primeiro semestre, várias atividades em prol da Missão Belém, entre as quais: Ajuda na construção de sala de aula no Centro Escola que a Missão Belém possui no Haiti; apadrinhamento de cinco crianças que permanecem, de segunda a sexta-feira, neste mesmo centro escola; e a im-plantação de uma biblioteca no Sítio São Miguel, na cidade de Jarinú (SP).

Também se definiu que ha-verá divulgação da campanha do apadrinhamento nos colé-gios católicos, pastorais e mo-vimentos da região episcopal. “A ideia de dom Edmar é que consigamos padrinhos para as 30 crianças que cabem dentro de uma sala de aula. Através da divulgação da Cáritas Nú-cleo Belém, já conseguimos mais sete padrinhos, tota-lizando assim 12 crianças”, alegrou-se Cris.

Padre Giampietro relatou que o Centro Escola Santo Anj Makenson, no Haiti, com a obra de ampliação, passará de 500 m2 para 2.500 m2, passando a atender 1.500 crianças. Daí a necessidade de padrinhos para manter os custos com os pro-fessores, alimentação, mate-rial escolar, uniformes, água, entre outros. Cada criança apadrinhada custa R$ 50 men-sais.

A visita impressionou não só a dom Edmar, que já mar-

A fim de demons-trar o compro-misso e o apoio da Região Episco-pal Belém através do Núcleo Re-gional da Cáritas

PAlAvRA do bISPo

Querendo propor-lhes esse sub-sídio, recordei-me do retrato das primeiras comunidades cristãs. Nos Atos dos Apóstolos (cf. At 2, 42), São Lucas propõe um pro-jeto eclesial, partindo de quatro colunas básicas que devem ins-pirar a nossa experiência:

1. O ensinamento dos após-tolos: “A palavra dos apóstolos é a nova interpretação da vida e da lei a partir da experiência

da ressurreição. Os cristãos ti-veram a coragem de romper com o ensinamento dos escribas e seguiram o testemunho dos apóstolos, considerando a pala-vra dos apóstolos como Palavra de Deus (cf. 1 Ts 2,13)”;

2. A comunhão: “Os primei-ros cristãos colocavam tudo em comum a ponto de não haver mais necessitados entre eles (cf. At 2, 44-45; 4, 32.34-35). O ideal da comunhão era partilhar não só os bens, mas sentimentos e experiência de vida, a ponto de se tornarem um só coração e uma só alma (cf. At 4, 32; 1,14; 2,46), numa convivência que su-pere barreiras de religião, clas-

se, sexo e raça (cf. Gl 3,28; Cl 3, 11; 1Cor 12,13)”;

3. A fração do pão (Eucaris-tia): “Para os primeiros cristãos, a expressão lembrava às vezes que Jesus partilhava o pão com os discípulos e com os pobres (cf. Jo 6,11), no gesto que abriu os olhos dos discípulos para a presença viva de Jesus (cf. Lc 24, 30-35)”.

4. As orações: Por meio das orações “os cristãos permane-ciam unidos a Deus e entre si (cf. At 5, 12b), e se fortaleciam na hora das perseguições (cf. At 4, 23-31). Faziam como Jesus que, pela oração, enfrentava a tenta-ção (cf. Mc 14,32)”.

Assim, participemos de nos-sos encontros refletindo, rezan-do, partilhando as alegrias, dores e esperanças que envolvem nos-sa vida: a juventude, o Interecle-sial das CEBs, ao aprofundar o Evangelho de Lucas ou redesco-brindo a oração do Rosário.

Tudo isso à Luz da Fé, pois, como nos ensina o papa Francisco, “a fé tem uma for-ma necessariamente eclesial, é professada partindo do cor-po de Cristo, como comunhão concreta dos crentes. A partir deste lugar eclesial, ela abre o indivíduo cristão a todos os ho-mens” (n. 22). A fé, pois, leva--nos à missão.

Crescer na fé, participando de nossas comunidades

AgENdA REgIoNAl

Visita de dom Edmar Peron à Comunidade Santa Paulina, da Paróquia Santo André Apóstolo, com celebração em honra à padroeira (rua Sempre Viva, 33, Parque das Flores).

Dom Edmar preside a missa de Crisma na Paróquia Nossa Senhora de Fátima (rua José Antônio Fontes, 36, Sapopemba).

Dom Edmar visita a Área Pastoral Nossa Senhora do Carmo (rua Abner Ribeiro Borges, 36, Jardim Roseli).Outras informações pelo telefone (11) 2693-0287.

terça-feira (9), 16h domingo (14), 9h Segunda-feira (15), 20h

dA REgIão EPISCoPAl

bElÉM

doM EdMAR PERoN

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém

Cris Arraes

cou uma celebração no local, em setembro, mas também a Iracema e Cris pelo testemu-nho de fé dos participantes da Missão Belém. “Impressio-

na a pobreza que vivem estes irmãos tão cheios de Deus. O testemunho deles falou muito e nos fez refletir sobre o muito que temos e o quanto são des-

necessárias tantas coisas que acumulamos”, disse Iracema. “Eles dão prioridade à evange-lização e focam nisto, deixando todo o supérfluo de lado e, além

disso, são respeitados pelos vizinhos que nos cumprimen-taram com sorrisos enquanto caminhávamos pelas vielas da favela”, completou Cris.

Dom Edmar Peron, ladeado por Iracema, padre Giampietro e irmã Cacilda, inteirou-se das ações realizadas pela Missão Belém, dia 5

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14 Região lapawww.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

Com dom Julio, fiéis veneram Santa Maria gorettiBispo auxiliar da Arquidiocese presidiu missa em honra à padroeira de paróquia localizada na Vila Gomes

missa em ação de graças, presi-dida por dom Julio Endi Akami-ne, bispo auxiliar da Arquidioce-se de São Paulo na Região Lapa, concelebrada pelo padre Geral-do Pereira, pároco. Nos dias que antecederam à missa, de 27 a 5, os fiéis fizeram uma novena.

Dom Julio, na homilia, recor-dou que Maria Goretti nasceu em 16 de outubro de 1890 na cidade de Corinaldo, Itália, sen-do filha de um fazendeiro, Luig- gi Goretti, que se mudou com a família para Ferriere di Conca, perto de Anzio.

Em 16 de julho de 1902, de-fendendo sua virgindade, Ma-ria Goretti foi esfaqueada por Alexandre Serenelli. Levada ao hospital agonizando, Goretti o perdoou e morreu no mesmo dia. Alexandre foi sentenciado a 38 anos de prisão. Após cumprir a pena, no Natal de 1937, Ale-xandre e a mãe de Maria Goretti receberam a comunhão um ao lado do outro.

Em 1947, Santa Maria Goretti foi beatificada pelo papa Pio 12. Em 1950, foi canonizada pela sua pureza, tendo uma grande mul-tidão comparecido à cerimônia, da qual participou Alexandre. Na época da canonização, já haviam sido verificados e certificados cerca de 40 milagres resultados da intercessão da Santa, que é considerada padroeira das ado-lescentes, da castidade e das “Fi-lhas de Maria”.

Em sua meditação, dom Julio indicou que a história de Santa Maria Goretti reforça que o perdão tem uma força mais profunda e duradoura, e que to-dos devem aprender a perdoar, como fez Santa Maria Goretti.

Lembrou, ainda, que o Evan-gelho ensina que Jesus enviou 72 discípulos, dois a dois, à sua frente e que o amor tem que ser vivido dois a dois, porque um tem que dar amor ao outro e Cristo é a referência desse amor que dá a vida e faz a to-dos discípulos missionários na Igreja.

No fim da celebração, os fi-éis fizeram uma procissão pelas ruas do bairro, carregando o an-dor com a imagem da padroeira.

Após a procissão, padre Ge-raldo cumprimentou dom Julio pelos dois anos de ordenação episcopal e lhe entregou um banner com a foto do Bispo, com a data de ordenação, além

Em honra à pa-droeira da Paró-quia Santa Maria Goretti, no bairro Vila Gomes, zona oeste, aconteceu no sábado, 6,

PAlAvRA do bISPo

Queridas e queridos amigos (as), quero inaugurar este espa-ço para uma série de conversas dedicadas ao estudo do Catecis-mo da Igreja Católica. Estamos no Ano da Fé, e convido vocês, leitores assíduos do jornal o São PAUlo, a começar refletindo, brevemente, sobre a elaboração do Catecismo da Igreja Católica.

O Catecismo da Igreja Ca-

tólica foi publicado no dia 11 de outubro de 1992 pelo beato papa João Paulo 2º. Mas ele começou a ser escrito muito tempo antes. Já em 1985, a assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos solicitou ao Papa que fosse redigido um ca-tecismo que servisse como um ponto de referência para uma Catequese renovada.

O papa João Paulo 2º acolheu com carinho essa solicitação e tomou a resolução corajosa de publicar um novo Catecismo. Tratava-se de uma decisão re-almente corajosa. O beato papa João Paulo 2º constituiu uma co-

missão de 12 cardeais e bispos. Essa comissão era presidida pelo então cardeal Joseph Rat-zinger, que depois se tornou o papa Bento 16.

De fato, a publicação do atu-al Catecismo é um milagre de colaboração. Foram os bispos do mundo inteiro, vivendo em lugares muito diferentes e com a colaboração de numerosos teólogos, exegetas e catequis-tas, que escreveram juntos o Catecismo. Foram seis anos de trabalho duro e intenso. A co-missão de redação elaborou, ao longo desses seis anos, nove su-cessivas composições.

O Catecismo mostra o que a Igreja crê e como alguém pode crer razoavelmente. Esse é um livro cativante porque nos fala do nosso destino, da nossa ori-gem, da nossa identidade, fala do que Deus quer de nós, do de-sígnio que tem para nós. Muita coisa pode ser até criticada, mas o Catecismo é uma obra-prima: testemunha a unidade na diver-sidade, testemunha o sadio plu-ralismo convergente da nossa Igreja, recolhe numerosas vozes para constituir com elas e a par-tir delas um coro comum. Um coro que segue uma partitura, que é a fé dos Apóstolos.

AgENdA REgIoNAl

Reunião da Pastoral da Criança do Setor Pirituba - Paróquia São Domingos Sávio (rua Tomas Lopes Ferreira, 131, Parque São Domingos).

Missa do padroeiro da Paróquia São João Gualberto, presidida por Dom Julio (rua Miguel Pereira Landim, 85, Jardim Jaraguá).

Missa da Pastoral da Saúde na Paróquia São Mateus, presidida por Dom Julio (avenida Prof. José Maria Alkimim, 254, Jardim Esmeralda).

Início da Semana Missionária na Região. Programação completa está disponível em www.regiaolapa.org.br.

quarta-feira (10), 19h Sexta-feira (12), 19h Sábado (13), 15h terça-feira (16)

dA REgIão EPISCoPAl

lAPA

doM JUlIo ENdI AkAMINE

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa

de um bolo, presente dos fiéis.Dom Julio agradeceu: “O mi-

nistério episcopal não é um pri-vilégio pessoal, mas é um servi-ço para o povo de Deus. Assim, também a comemoração deste

aniversário não é para destacar a minha pessoa, mas para que a gente possa agradecer a Deus os seus dons. Porque ele é o pastor que nos guia, nos defende nos conduz até a vida eterna”.

Sobre a festa surpresa, co-mentou que foi um gesto de delicadeza, mas também de apreço exatamente pelo minis-tério sacerdotal e ministério episcopal, pelo que de fato re-

presenta esse serviço à Igreja.Após a bênção final, padre

Geraldo agradeceu a presença de todos e convidou para a quer-messe que começou no dia 6 e segue até o dia 21.

Fiéis na Paróquia Santa Maria Goretti homenageiam dom Julio Endi Akamine, que na terça-feira, 9, completa dois anos de bispo

Pascom

Catecismo: unidade na diversidade e pluralismo da Igreja

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15Região Ipiranga www.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

Ciclo de conferências acontecerá na Pré-JornadaAtividade marcada para o Unifai, dias 18 e 19, terá a presença do cardeal Antonio Rouco, arcebispo de Madri

peregrinação, que acontecerá no Centro Universitário Assun-ção (Unifai), com as presenças do cardeal Antonio Maria Rou-co Varella, arcebispo de Madri, Espanha, e Fernando Alte-meyer Júnior, teólogo da PUC--SP. O encontro acontece nos dias 18 e 19.

Esse encontro tem como motivação a Semana Missioná-ria da Jornada Mundial da Ju-ventude Rio-2013, que acontece entre os dias 16 e 20, e a visita do papa Francisco ao Brasil, terá como público, preferencial-mente, os jovens peregrinos de língua portuguesa - Brasil, Por-tugal e algumas nações africa-nas – e espanhola – Espanha e países da América Latina.

No primeiro dia do encon-tro, que começará às 19h30, será transmitido um vídeo so-bre a vida do papa Francisco, que conta a história do Sumo Pontífice desde quando era pa-dre. Também serão abordadas a Conferência de Aparecida e a participação do cardeal Jorge Mario Bergoglio, o atual Papa, em palestra do teólogo Fernan-do Altemeyer Júnior. Por fim, serão apresentadas as expecta-tivas da Europa com o pontifi-cado do papa Francisco e suas repercussões junto aos jovens, com o Arcebispo de Madri.

No segundo dia, o encontro começa bem cedo, às 9h, com a Conferência sobre o Concílio Vaticano 2º, e também terá ên-fase nas conferências episco-pais de Medellín e Puebla, até o Sínodo dos Bispos, em 1985. Quem dirigirá a conferência será o padre Edélcio Ottaviani, reitor do Unifai.

O Setor Juven-tude da Região Episcopal Ipi-ranga está orga-nizando um ciclo de conferências para jovens em

dA REgIão EPISCoPAl

IPIRANgA

Ainda na manhã do dia 19 será abordada a Conferência de Santo Domingo e haverá uma discussão entre grupos sobre a Conferência de Aparecida,

que retoma elementos funda-mentais sobre as conferências de Medellín e Puebla. Depois, os jovens receberão trechos do Documento de Aparecida sobre

a juventude, para serem discu-tidos entre os grupos.

Na tarde do mesmo dia, os participantes farão uma pe-regrinação religiosa-cultural.

Divididos em grupos, visitarão a Catedral Metropolitana de São Paulo, o Pátio do Colégio, o Convento do Largo de São Francisco e o Mosteiro de São Bento.

Segundo o padre Everton Fernandes de Moraes, páro-co da Paróquia Santa Ângela e São Serapião e referencial para o Setor Juventude na Re-gião Episcopal Ipiranga, esse encontro será de grande im-portância para a juventude que vai à JMJ Rio-2013, pois vai além de um simples encontro, será um momento de unidade e de aquisição de conhecimento sobre a vida da Igreja.

Após a peregrinação pela cidade de São Paulo (SP), os jo-vens irão para a vigília regional da Semana Missionária, que acontecerá no Colégio Marista Arquidiocesano e contará com a presença do arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, além do padre Reginaldo Manzotti, Jake e DJ Rodrigo.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Unifai acolherá ciclo de conferências com jovens peregrinos na Semana Missionária, nos dias 18 e 19

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16 Região Santanawww.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

dA REgIão EPISCoPAl

SANtANA

Encontro capacita para a Semana MissionáriaVoluntários e famílias que acolherão peregrinos estrangeiros participaram de formação na cúria regional, dia 30

tários e jovens que vão participar da Semana Missionária e da Jor-nada Mundial da Juventude.

Na última formação de volun-tários e famílias acolhedoras, no dia 30 de junho, compareceram 170 pessoas na Cúria de Santa-na para multiplicar e partilhar as informações na comunidade.

As lideranças puderam parti-lhar dúvidas e receber informa-ções importantes para a acolhi-da dos peregrinos na Região.

Padre Guttemberg de Souza, dos Missionários Saletinos, que coordena a Comissão de Hospe-dagem, e frei Guilherme Pereira Anselmo, que coordena a Co-missão de Voluntariado, coloca-ram-se à disposição para sanar dúvidas das comunidades.

Outros 18 voluntários da Região também tiveram treina-mento de primeiros socorros com a Cruz Vermelha, para co-laborar nas atividades regionais e arquidiocesanas na Semana Missionária.

No dia 30 de junho, 110 jo-vens dos setores Tucuruvi, Man-daqui, Tremembé, Jaçanã e Casa Verde participaram do encontro de peregrinos.

Foi um momento muito impor-tante para aqueles que irão viven-ciar a Jornada Mundial da Juven-tude. Um grupo irá viajar dia 22 e participará de toda a JMJ e outro grupo irá na quinta-feira, dia 25, à noite, podendo vivenciar a Via--Sacra e a Vigília com o Papa.

Nesse encontro, a juventude pode rezar, cantar e se conhecer, além de receber as informações que são necessárias para a pe-regrinação, tais como: o que po-

A Comissão Re-gional de Santana tem realizado di-versas atividades formativas e de animação para as equipes de volun-

PAlAvRA do bISPo

Há mais de um ano, nossas co-munidades se preparam para o grande evento eclesial com o Papa, no Brasil: a Jornada Mundial da Juventude. Estamos no mês da Jornada. Alguns re-presentantes das comunidades irão ao Rio de Janeiro (RJ), e partilharão a fé com o papa Francisco. É um orgulho e uma grande alegria que jovens das comunidades possam se encon-trar com o Santo Padre, prin-

cipalmente porque as comuni-dades se empenharam e muito trabalharam para possibilitar esse encontro.

Os atos preparativos da Jor-nada, principalmente a prepa-ração da Semana Missionária, fizeram com que as forças vivas das comunidades se voltassem para os jovens. Esse espaço que foi dado a eles, nas comu-nidades, não pode desaparecer, como se agora – com a celebra-ção da Semana Missionária e da Jornada – a comunidade pudes-se voltar ao seu jeito normal de ser com os jovens. Com certe-za, esse modo de pensar e agir não pode ser aceito em nenhu-ma comunidade, pastoral ou

associação em comunhão com a Igreja Católica em São Paulo.

O jeito normal de ser de uma comunidade, de uma paróquia, é caminhando e apoiando os jovens, uma vez que se trata de uma opção da Igreja no Brasil e da Arquidiocese, como determi-na o 11º Plano de Ação Pastoral, na 6ª urgência, com estas pala-vras: “A Arquidiocese quer reno-var a opção afetiva e efetiva de toda a Igreja pela juventude”.

Para que tal urgência se rea-lize nas comunidades e aconte-ça uma opção afetiva e efetiva pelos jovens, será necessário, em primeiro lugar, acreditar na sua fé: os integrantes da gera-ção internet não parecem dis-

postos a abandonar a fé; eles acreditam em Deus e buscam o sagrado. Gostam das atividades religiosas que valorizam o sim-bólico e o afetivo, que levam à experiência de vida, ao senso de aventura, de originalidade, de experiência com o mistério (CF 2013,55).

Em segundo lugar, devemos acreditar e investir nas poten-cialidades dos jovens, porque eles querem participar das ati-vidades da Igreja, por isso nós devemos proporcionar essa participação, seja na liturgia, na Catequese, em conselhos, nas pastorais e outras atividades.

(A íntegra do artigo está disponível em http://comunidadesantarosa.wordpress.com)

Uma Jornada contínua!

Jovens dos setores Tucuruvi, Mandaqui, Tremembé, Jaçanã e Casa Verde participam do encontro de peregrinos na cúria regional

Rogerio Fonseca

doM SERgIo dE dEUS boRgES

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

dem levar, as autorizações e as atividades das quais eles parti-ciparão.

Em preparação à Semana Missionária, a Região realizará outras atividades: Acolhida da réplica da Cruz Peregrina da JMJ

e do Ícone de Nossa Senhora na Paróquia Santana, (rua Vo-luntários da Pátria, 2.060, zona norte) dia 14, às 15h, encerran-do a peregrinação regional e a celebração de envio de voluntá-rios para a Semana Missionária,

com dom Sergio de Deus Bor-ges, bispo auxiliar da Arquidio-cese na Região Santana, às 17h.

Outro evento é a vigília regio-nal, que será no Parque da Ju-ventude, dia 19, a partir das 14h, seguida de celebração, às 18h.

Kamila Gomes, da Comissão Regional para a Semana Missio-nária, disse que os preparativos estão bem adiantados e a Arqui-diocese aguarda uma participa-ção ativa da juventude das paró-quias da Região.

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17Região Sé www.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

dA REgIão EPISCoPAl

Adoração ao Santíssimo é tratada em formaçãoMinistros extraordinários da Sagrada Comunhão paticiparam da atividade, dia 6, na Paróquia Santa Generosa

para um encontro de formação na Paróquia Santa Generosa, no Paraíso, na manhã de sábado, 6. O tema principal foi a adora-ção ao Santíssimo Sacramento, assessorado pelo coordenador regional dos ministros, padre Helmo César Faccioli. Ele abor-dou alguns pontos importantes dessa prática litúrgica milenar, na qual a hóstia consagrada na missa é exposta extraordina-riamente para a adoração ao corpo, sangue, alma e divinda-de de Jesus Cristo presentes na Eucaristia.

Padre Helmo abordou vá-rios aspectos do rito da ado-ração e ressaltou que essa prática deve ser sempre mais aprofundada e praticada com um sentido verdadeiro. “Não podemos imaginar, por exem-plo, que a presença de Jesus Eucarístico em uma adoração ao Santíssimo seja diferente de sua presença na missa”, desta-cou, apontando para o perigo de se dar maior importância para a adoração do que para a missa. “A presença tem o mes-mo favor.”

Para garantir essa igual importância, padre Helmo re-comendou que a exposição do Santíssimo Sacramento seja feita no mesmo altar em que se celebra a missa, e, de preferên-cia, com a mesma ornamenta-ção utilizada na missa, justa-mente para que as pessoas não pensem que a hóstia consagra-da exposta para a adoração é mais importante que a apresen-tada na missa. “Por exemplo, se para a missa colocamos dois castiçais sobre o altar, na ado-ração também colocamos esses dois. O mesmo acontece com flores e outros ornamentos. E, no caso das flores, é preciso tomar o cuidado para que es-tas não chamem mais atenção que o Santíssimo Sacramento”, disse.

“As comunidades foram, ao longo dos anos, adquirindo cos-tumes que acabaram as distan-ciando do real sentido da ado-ração Eucarística”, salientou o Padre, que destacou ainda a existência de uma profunda re-lação entre a celebração da Eu-caristia e seu culto fora da mis-sa. Ambas, missa e adoração, possuem três eixos essenciais para ser mais bem compreendi-das: “‘anaminese’ – recordação

Os coordenado-res dos minis-tros extraordiná-rios da Sagrada Comunhão da Região Episcopal Sé reuniram-se

PAlAvRA do bISPo

“A Liturgia é a celebração do Mistério de Cristo e, em parti-cular, de seu Mistério Pascal. Na liturgia, pelo exercício da fun-ção sacerdotal de Jesus Cristo, por meio de sinais, é significa-da e realizada a santificação dos homens, e o Corpo místico de Cristo (Cabeça e membros) exerce o culto público devido a Deus” (Compêndio do Catecis-mo da Igreja Católica n. 218). A Liturgia é, portanto, ação de

Deus santificando os homens, e, ao mesmo tempo, louvor e ação de graças ao Pai, e pedido do dom de seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo.

A Liturgia nos faz vivenciar antecipadamente o que vivere-mos na glória eterna, permitin-do-nos participar ativamente na comunhão dos santos. Lem-brando o Concílio (cf. Sacro-sanctum Concilium, nº 8), o Ca-tecismo da Igreja Católica (CIC) ensina que “na Liturgia terres-tre, antegozando, nós partici-pamos da Liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, na qua-lidade de peregrinos, caminha-mos” (n. 1090).

Nesse espírito, o Catecis-mo ressalta a preferência à celebração comunitária com relação à individual ou quase privada, porque o rito comuni-tário expressa melhor o cará-ter eclesial de toda celebração litúrgica (cf. CIC, n. 1.140): “É toda a comunidade, o corpo de Cristo unido à sua Cabeça, que celebra”, e isso se refere a toda celebração litúrgica, mas se vi-vencia melhor na assembleia comunitária, de modo especial no sacrifício eucarístico que re-presenta a expressão máxima da unidade da Igreja.

O Catecismo registra tam-bém como a Igreja celebra, des-crevendo os sinais e símbolos,

as palavras e ações da celebra-ção litúrgica, o Ano Litúrgico, o Dia do Senhor, os locais de celebração, e recorda a função que cada batizado desenvolve dentro da comunidade, de acor-do com o seu estado de vida: ministros ordenados (bispos, presbíteros e diáconos), minis-térios litúrgicos particulares (sacristão, coroinha, leitor, sal-mista, acólito, comentaristas, ministros extraordinários da sagrada comunhão, músicos, cantores etc), cuja tarefa está normatizada pela Igreja ou de-terminada e especificada pelo bispo diocesano.

(A íntegra do artigo está disponível em www.regiaose.org.br)

liturgia e o Mistério Pascal no tempo da Igreja

AgENdA REgIoNAl

Aniversário natalício de frei Odair Verussa, capuchinho, vigário paroquial da Paróquia Imaculada Conceição (avenida Brigadeiro Luiz Antonio, 2.071).

Aniversário de ordenação sacerdotal do frei José Maria Botelho, TOR, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima (avenida Dr. Arnaldo, 1.831).

Vigília da Semana Missionária da Região, na praça da Sé.

quarta-feira (10) quinta-feira (11) Sexta-feira (19), das 18h às 21h

doM tARCíSIo SCARAMUSSA

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé

Fernando Geronazzo

Padre Helmo César Faccioli explica aos ministros da comunhão sobre o significado e recomendações para a adoração eucarística

do fato, do gesto de Jesus de instituir a Eucaristia na última ceia; o ‘Emanuel’ – reconheci-mento da presença de Jesus, ‘Deus conosco’; e ‘maranatá’ – súplica da Igreja pela vinda de Jesus”.

Por fim, padre Helmo cha-

mou a atenção para o fato de que a Eucaristia não pode ficar desvinculada da vida. “Na ado-ração, o Senhor, ao entrar em minha intimidade e permitir que eu entre em sua intimida-de, quebra tudo o que me dis-tancia do Senhor, minha vida

não pode ser mais a mesma”. Para padre Helmo, tais reu-

niões formativas têm sido po-sitivas para os coordenadores que possuem a missão de ser multiplicadores dessas refle-xões para os demais ministros em suas paróquias. “Essas reu-

niões bimensais têm produzido bons frutos, uma participação mais consciente e profunda no mistério da Eucaristia como uma experiência de realmente sentir Cristo na Eucaristia com convicção de oferecê-lo ao pró-ximo”.

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18 geralwww.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

Manhã de reflexão da Pastoral CarceráriaA Pastoral Carcerária realiza no sábado, 13, das 8h30 às 11h30, uma manhã de reflexão sobre “A Espiritualidade do leigo missionário”, com dom Otacílio Luziano da Silva, bispo de Catanduva (SP) e assessor da pastoral no Es-tado. Será no Centro Pastoral São José (avenida Álvaro Ramos, 366, metrô Belém). Informações: (11) 3101-9419.

Frei Patrício Sciadini avalia a situação atual do Egito

João Paulo 2º e João 23: santos para o 3º milênioAprovado o milagre para sua canonização, o papa polonês será canonizado juntamente com o pontífice do Concílio

A notícia foi dada na manhã de sexta-feira, 5, durante audiência concedida pelo papa Francisco ao cardeal Angelo Amato, prefei-to da Congregação para a Causa dos Santos: os beatos João 23 e João Paulo 2º poderão ser ca-nonizados nos próximos meses.

O Papa aprovou os votos favoráveis para a canonização daquele que convocou o Concílio Vaticano 2º e a convocação de um Consistório relativo à cano-nização do pontífice que perma-neceu 27 anos como sucessor de Pedro.

Se João Paulo 2º for canoni-zado ainda este ano, será o pri-meiro Papa a ter a santidade re-conhecida pela Igreja em menos de dois anos após a beatificação, que aconteceu em 1º de maio de 2012. Eleito aos 58 anos, o po-lonês Karol Wojtyla foi o mais jovem pontífice do século 20.

“João Paulo 2º, alvejado em plena praça de São Pedro, de-

NAYá FERNANdESESPECIAl PARA o São PAUlo

João 23 foi alertado por seus médicos, pouco antes da aber-tura do Concílio, do prognóstico sombrio de que, por causa do câncer intestinal que fora detec-tado, teria apenas uns meses a mais de vida.

“Nesse horizonte de sua morte próxima e anunciada, po-demos dizer que o discurso de abertura do Vaticano 2º, a Gau-det Mater Ecclesia (Alegra-se a Mãe Igreja) foi o testamento espiritual dele para a Igreja, en-quanto a Pacem in Terris foi seu testamento para a humanidade toda”, disse o Padre.

Dom Angélico destacou que a vocação à santidade é feita a todos os discípulos e missio-nários de Jesus. “A Igreja, ao canonizar João 23 e João Paulo 2º nos indica que também nós, no dia a dia, podemos ir sendo santificados. Ambos são estí-mulo para que realmente nos entreguemos à construção do Reino de Deus, feito de amor, justiça e paz.”

(Colaborou Daniel Gomes)

pois de ter passado também por perseguições e grandes sofri-mentos na Polônia, conservou- se até o fim no seguimento de Jesus”, afirmou dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emé-rito de Blumenau (SC), em entre-vista ao o São PAUlo.

Já o Papa que convocou “o evento mais importante da Igre-

ja no século passado”, segundo dom Angélico, Angelo Giuseppe Roncalli teve a canonização aprovada pelo papa Francisco, após os votos favoráveis dos cardeais em sessão ordinária.

“João 23 foi o Papa da bon-dade e da misericórdia. De ma-neira especial, foi o Papa da re-novação, que conclamou a todos

para o amplo diálogo ecumênico e dentro da própria Igreja”, res-saltou dom Angélico.

Ao falar sobre a Pacem in Terris, última encíclica de João 23, padre José Oscar Beozzo, historiador e presidente do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep) lembrou que

O carmelita Frei Patrício Sciadi-ni, colaborador do jornal o São PAUlo, diretamente do Cairo, Egito, onde atualmente reside num mosteiro da sua Ordem, conversou com o padre Cido Pereira, âncora do programa “Construindo Cidadania”, da rádio 9 de Julho. Frei Patrício fala da situação caótica daquele país, por conta do golpe militar dado pelas forças armadas que destitui um governo legitima-mente eleito. Manifestantes dos dois lados digladiam-se, e cres-ce a repressão com muitos mor-tos e feridos.

A situação é “caótica”, avalia Frei Sciadini. Fora do Egito, se-gundo ele, se sabe mais do que dentro. E multiplica-se o núme-ro dos mortos na manifestação em favor do governo deposto, aumenta o sofrimento do povo, porque a morte, venha de onde vier, só faz agravar as coisas. “Estamos passando por uma noite terrível e não se sabe como será a madrugada”, diz o frade carmelita.

A comunidade católica onde vive Frei Patrício está tranqui-la, segundo ele. Os fiéis estão fazendo até a Novena de Nos-sa Senhora do Carmo. Estão suplicando a Deus e pedindo a intercessão de Nossa Senhora, de Santa Terezinha, para que se possa encontrar o caminho para a paz, a unidade e o amor.

“Estamos todos sofridos, por-que quando um irmão sofre, não importando se é cristão ou não, todos sofremos juntos.”

Frei Patrício pede a solidarie-dade dos católicos do Brasil, tra-duzida em oração. Ele pede que olhemos a situação com a ótica de Cristo. “A paz pode reinar em todos os corações.”

Há uma esperança com início do Ramadan, mês sagrado para os muçulmanos. Para Frei Patrí-cio, trata-se de um tempo em que as pessoas estão mais aber-tas para Deus. Por outro lado, esta abertura para Deus pode, manipulada pelos radicais, levar a uma atitude de revolta arma-da. O ideal é que política e reli-gião se acertem.

Duas situações agravam o problema. De um lado, o turismo no País é profundamente preju-dicado com consequências na economia. Por outro lado cresce o êxodo para os países vizinhos, particularmente para os que vi-vem numa boa situação econô-mica. Tudo coloca a necessidade de se encontrar, a curto prazo,

uma saída para a situação. O problema dos que buscam refú-gio fora já existe há muito tem-po. Particularmente os jovens fogem, sem perspectiva para o futuro.

Líderes dos dois lados que-rem o diálogo, explica frei Patrí-cio. Mas a violência muitas vezes interrompe o diálogo. “Quando os ânimos estão exasperados, a cabeça não raciocina, não pensa. É hora de se pensar mais com a cabeça do que com o coração, com as emoções.”

Frei Patrício explica que em-bora o Egito seja um dos países mais abertos para outras expe-riências religiosas, é preciso ter em conta que historicamente o país é muçulmano. Mas sempre se pode buscar o diálogo em vista da paz. O Egito também é impor-tante para os cristãos. Há lugares santos no país. Lá morou a Sa-grada Família, lá nasceu a gran-de espiritualidade do deserto, o Monaquismo e a vida religiosa começaram no Egito. Esta tradi-ção tem uma força muito grande e imprimiu aspectos positivos no coração do povo, em que pese o fato de ser um país islâmico.

PAdRE CIdo PEREIRAdIREtoR dE o São PAUlo

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Frei Patrício, residindo no Egito, entende a situação caótica do país

Papa Francisco anuncia na sexta-feira, dia 5, a canonização dos beatos João Paulo 2º e João 23

Fotos: Reprodução

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19geral www.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

Comissão de direitos humanos e legislação Participativa discute a Pacem in terrisA CDH do Senado discutiu, na segunda-feira, 8, a encíclica Pacem in Terris, do papa João 23. No texto, o Pon-tífice pediu a paz de todos os povos na base da verdade, justiça, caridade e liberdade. Participaram do en-contro o secretário geral da CNBB, dom Leonardo, e a presidente da comissão a senadora Ana Rita, (PT).

Igrejas e religiões unem-se por justiça e pazNo evento promovido pelo Ceseep, diferentes tradições religiosas fazem experiência da vivência em comum

Em Auschiwitz, na presença de aproximadamente 12 mil pessoas, de diversas partes do mundo e com centenas de autoridades religiosas católicas e judaicas e autoridades civis, aconteceu, em 23 de junho, o concerto “O Sofrimento dos Ino-centes”, em frente ao Campo de Concentração Birkenau, na Polô-nia, onde milhões de vidas de adul-tos e crianças inocentes foram cei-fadas de forma brutal, pelo regime da morte e do extermínio nazista.

O compositor do concerto foi o fundador do Caminho Neocatecu-menal, Kiko Argüello. A atividade foi organizada pelos membros do Caminho Neocatecumenal. Partici-param do Brasil alguns padres que atuam na formação e organização do movimento e um membro da Comunidade Judaica do Brasil, Raul Meyer, e o cônego José Bizon, da Arquidiocese de São Paulo, a pedido do cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano.

12 mil pessoas no concerto ‘o Sofrimento dos Inocentes’REdAção O encontro entre os brasileiros

foi de conhecimento mútuo, troca de experiências, de espiritualidade, de visitas a alguns lugares históri-cos da Polônia e, de modo particu-lar, aos campos de extermínio de Auschiwitz e Birkenau. No domin-go, 23, à tarde, o grande concerto aconteceu com a presença de mi-

lhares de pessoas dos quatro can-tos do mundo.

Fizeram uso da palavra os re-presentantes das Comunidades Judaica e Católica – cardeal Sta-nislaw Dziwisz, Kiko Argüello, rabi-nos Greenberg e Rosembaum, que expressaram a indignação diante do horror vivido no passado e cla-

maram em alta voz: que o ocorrido não seja mais repetido na história da humanidade.

A Palavra de Deus, no livro do profeta Ezequiel 22, 1.7-12; 21, 14-22 e no Evangelho de Lucas 2, 34-35, foi aclamada e acolhida nos corações dos que, silenciosa-mente, a ouviam. Em seguida, a

Orquestra Sinfônica do Caminho Neocatecumenal apresentou, em homenagem póstuma às vítimas do holocausto, Cinco Movimen-tos: Getsemani, Lamento, Perdão, Espada/Shema e Ressurreição.

Em seguida, houve a oração do papa João Paulo 2º pela Comunida-de Judaica, proclamada pelo car-deal Stanislaw Dziwisz, e a oração Judaica El Ma’Ale Rahamim (ora-ção pela alma dos mortos), pro-clamada pelo rabino Chaim Adler.

A multidão, entre aplausos, ex-pressou a esperança por tempos melhores e de coexistência entre os diferentes povos, etnias, cultu-ras e religiões. “Nunca mais a guer-ra, mas sim sempre a paz.”

Entre lágrimas, judeus e ca-tólicos cantaram, a uma só voz, “Shema Israel”, na esperança que atrocidades como as que acon-teceram em diversos campos de concentração e de extermínio, não se repitam nunca mais na história da humanidade.

(Colaboraram Raul Meyer e conêgo José Bizon)Na Polônia, cônego Bizon (dir.) representa dom Odilo em concerto em antigo campo de concentração

Arquivo pessoal Reprodução

“Deus é Deus de todos e não só de alguns”, disse João Henrique Stumpf, da Igreja Luterana, es-tudante de teologia em São Leo-poldo (RS), que participa do curso “Ecumenismo e Diálogo Inter-Re-ligioso: Igrejas e Religiões na cons-trução da Justiça e da Paz”, entre os dias 26 e 13 de julho na sede do Centro Ecumênico de Servi-ços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep), em São Paulo.

O curso acontece há mais de vinte anos, no período de férias, e é uma parceria do Ceseep com o Movimento de Fraternidade de Igrejas Cristãs (Mofic), o Conselho Latino Americanode Igrejas (Clai), o grupo de presença ecumênica e serviço Koinonia e o Conselho Na-cional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).

Cecília Franco, coordenadora do curso, ressaltou que o progra-ma é composto por três módulos. “No primeiro ano, o tema é ecu-menismo; no segundo, diálogo e na terceira etapa, os dois temas são tratados conjuntamente em 30 dias. Mas, no triênio, o eixo é sempre o mesmo.”

“Meu objetivo, ao vir para o curso, foi buscar bases teóricas

NAYá FERNANdESESPECIAl PARA o São PAUlo

para legitimar o ecumenismo na academia, porque é ela que pen-sa os rumos da Igreja Luterana”, contou João, elogiando a metodo-logia que possibilita a convivência. “Vivemos o ecumenismo na prá-tica, e os palestrantes são muito capazes”, disse.

Essa interação, identificada por João, é pensada desde a orga-nização do curso, explicou Cecília. “Nossa prioridade é que a pessoa viva dentro da tradição sobre a qual fala. Ou seja, o palestrante é um

teórico, mas ao mesmo tempo vive e expressa a tradição religiosa.”

“Outro diferencial é a edu-cação popular, que compreende reflexão, partilha em grupo, tra-balho de corpo e vivência, em que os cursistas visitam ambientes religiosos diferentes”, continuou. Neste módulo, por exemplo, Ce-cília citou a participação na santa liturgia numa Igreja Ortodoxa e na ceia de uma Igreja Metodista.

Emile Vasconcelos do Rosário veio de Itabuna (BA) e é professo-

ra. “Na escola, lidamos com pesso-as de diversas religiões. Esses dias de aprofundamento me ajudaram muito, pois eu tinha uma visão muito limitada em relação aos cris-tãos. Nasci na Igreja Católica, mas há dois anos estou no Candomblé.”

Já Emanuela Lopes Tavares soube do curso e veio, junto com uma amiga, de Cabo Verde (país insular africano, constituído por dez ilhas). Ela é professora e per-tence a um grupo bíblico. Na pri-meira visita ao Brasil, admirou-se

pela multiplicidade de religiões.“Em Cabo Verde não há o

conceito de ecumenismo, mas vou começar a falar sobre isso quando lá chegar. Meu País é exclusivamente católico e só re-centemente começaram a chegar algumas denominações protes-tantes, vindas do Brasil, inclusi-ve. Vou convidar meus irmãos a respeitar as outras religiões. Não sei se é possível um ecumenismo assim, de primeira, mas é possí-vel respeitar, sempre”, disse.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Durante 15 dias, participantes do curso de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso em São Paulo partilham temas e a vida cotidiana

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20 Fé e vidawww.arquidiocesedesaopaulo.org.br9 a 15 de julho de 2013

Papa nomeia dois novos bispos para o brasilNa quarta-feira, 3, o papa Francisco nomeou dois novos bispos para o Brasil: o monsenhor José Maria Chaves dos Reis, para a Diocese de Abaetetuba (PA); e o monsenhor João Gilberto de Moura, para a Diocese de Jardim (MS). Este atua na Diocese de Ituiutaba e aquele é reitor do Seminário Maior Bom Pastor da Diocese de Cametá (PA).

‘Nossa fé tem base histórica. Não cremos em mitos’Em entrevista, dom Odilo Scherer comentou sobre ida a Roma, canonizações e eventos recentes na Igreja

Ao chegar de Roma, na sexta--feira, 5, o cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo me-tropolitano, conversou com o padre Cido Pereira, diretor do o São PAUlo, sobre as motivações da ida ao Vaticano, o lançamen-to da encíclica Lumen Fidei, as canonizações de João Paulo 2º e João 23 e a realização da Sema-na Missionária da JMJ em São Paulo. A entrevista foi veiculada na rádio 9 de Julho.

o São PAUlo – qual foi o objetivo desta viagem do senhor à Santa Sé?

dom odilo Pedro Scherer - A motivação foi a participação da reunião da Comissão de Carde-ais que acompanha as questões administrativas da Santa Sé. A reunião acontece duas vezes por ano. São 15 cardeais. Foi oca-sião de prestação de contas, de avaliação e análise de contas.

o São PAUlo – quanto a esse assunto, o que o senhor pode dizer além do que a imprensa tem falado?

dom odilo - Eu não acompa-nhei o que a imprensa falou por aqui. Mas, tanto na Europa quan-to em todo o mundo se comen-ta, e qualquer coisa é colocada como escândalo. Na verdade, o papa Francisco está continuan-do aquilo que o papa Bento 16 havia começado, já em 2011, colocando novas regulamenta-

ções para maior transparência na administração e na condução final do Instituto de Obras da Religião, o chamado Banco do Vaticano. Devo dizer que as coi-sas andam melhorando e cami-nhando na direção justa. O papa Francisco está continuando o trabalho na mesma linha.

o São PAUlo - Sobre a encícli-ca lumen Fidei, parece que bento 16 a iniciou, o papa Francisco a re-tomou, é, portanto, uma encíclica a quatro mãos?

dom odilo - Sim. O próprio papa Francisco, duas semanas atrás, na reunião com os bispos da Comissão do Sínodo dos Bis-

pos, na qual eu estava presente, falou para nós sobre a encíclica que estava para publicar e que seria uma encíclica a quatro mãos. Ele a definiu assim, por-que a encíclica foi começada e em parte elaborada pelo papa Bento 16, antes de re-nunciar. O papa Bento 16 fez duas encíclicas, uma sobre a caridade e outra sobre a esperan-ça. Faltava esta sobre a fé para ter as encíclicas sobre as três virtudes teologais, fé, esperan-ça e caridade. E sendo este o Ano da Fé, todo o mundo esperava essa encíclica, porque era certo que o papa Bento 16 faria uma encíclica sobre a fé. Ele esta-va trabalhando nisso e entregou o trabalho ao papa Francisco, que a concluiu e entregou com o belo nome de Lu-men Fidei, a Luz da Fé.

o São PAUlo - o senhor já tomou conhe-cimento do texto da En-cíclica?

dom odilo - Não. Neste momento, eu tenho o texto em mãos, mas ainda não pude lê-lo. Eu procurei ter co-nhecimento em Roma, mas não estava disponível, estava sob embargo. Agora estou tomando conhecimento. Vou ler e já pedi à

secretária que o envie para ser colocado no site da Arquidiocese. Pedi que mandasse a todos os padres, às paróquias, aos nos-sos organismos de Igreja, para que seja lido e conhecido, de modo que todos pos-

sam ter em mãos o quanto antes esta encíclica, pelo menos em formato digital. Tem em forma de e-book também, o povo que está aí com iPhone e outros ins-trumentos multimídia nas mãos, pode acessá-lo, ler, degustar e aproveitar. É uma encíclica es-crita para ajudar a viver a fé e não só para viver, mas para real-mente aprofundar a questão da fé, que é fundamental. O papa Bento 16 vinha insistindo muito na importância da gente valori-zar a fé e voltar à fé, mas não como aquela “fezinha”, como aqueles que dizem que vão fazer uma “fezinha”. Não, isso não!

Isso é aposta, é outra coisa. A fé religiosa é um aceitar as coisas a partir de Deus, na luz de Deus. É, portanto, um modo diferente de ver e de conhecer as coisas que não é ilusão. Nós cremos porque Deus é veraz, não en-

gana, e manifestando sua luz a nós, nos quer mostrar a verda-de, a realidade mais profunda da nossa vida, do nosso ser, mas também a realidade do mundo e da existência. Então, esta en-cíclica deverá nos ajudar a dar uma nova valorização da fé da Igreja. E deixe-me dizer mais uma coisa: nestes dias, eu andei vendo num site muito conhecido entre nós, um texto que apre-sentava Jesus Cristo sob dois olhares, a partir da mitologia e a partir da história. Colocava tudo o que nós cremos sobre Je-sus como mito. Isso é uma total banalização. E colocava como história científica aquilo que foi encontrado pela arqueologia em textos coptas na África, quatro, cinco séculos depois de Cris-to. Esses são textos científicos! Ora, por que não dar o mesmo valor científico aos textos evan-gélicos, aos Atos dos Apóstolos, às cartas de São Paulo? Isso é mito? E textos escritos em lín-gua copta, isso é científico? Quer dizer, nós estamos numa total banalização. É preciso repropor seriamente a nossa fé. Nós não cremos em mitos, em bobagens. Cremos com firme base históri-ca, com firme base em realida-

des que não são inventadas pela nossa fantasia.

o São PAUlo – quanto às ca-nonizações de João Paulo 2º e de João 23. É algo inédito, a canoni-zação de dois papas. Como o senhor vê isso?

dom odilo - Pois é, estamos vivendo um tempo de grandes testemunhas da fé. E nós estamos no Ano da Fé. Eu gosto de recordar isso, e recor-dar os dois papas vai na mesma linha. Nós precisamos recordar as testemunhas da fé. Esses são dois papas que conhecemos e há outros tantos mártires e pessoas importan-tes, de cabeça esclare-cida, que creram com firmeza, com certeza, com alegria e com se-renidade. Nós cremos com eles. Portanto, estamos em boa com-panhia e acho que pre-cisamos recordar mui-to isso no Ano da Fé.

o São PAUlo – Na Europa, acontece o mes-

mo entusiasmo em relação ao papa Francisco, que temos aqui na Amé-rica latina, no brasil?

dom odilo - Tenho percebido que sim. Em Roma se diz que nunca se viu uma coisa assim. Nas quartas-feiras, na audiência geral, são 50, 60 até 80 mil pessoas que vão ouvi-lo, nas quartas-feiras, e no domingo, no Ânge-lus. A multidão en-che a praça de São Pedro. Há um inte-resse muito gran-de porque o Papa fala de um modo muito simples, claro, interessante, colocando sempre um ponto essencial so-bre o que nós precisamos voltar a refletir ou tomar consciência. Então, o povo entende e gosta de ouvir o Papa. Há um maior e renovado interesse de fato e eu pude perceber isso a partir de outros países que têm manifes-tado esse mesmo entusiasmo pelo Papa e uma nova maneira de ver a Igreja.

o São PAUlo – dom odilo, estão chegando aqui em São Paulo os pere-grinos para a Semana Missionária da Jornada. o que dizer às comunidades e famílias que vão acolhê-los?

dom odilo - Em primeiro lu-gar, todos os peregrinos sejam muito bem vindos a São Paulo. Que não se assustem que lá fora do Brasil falam de São Paulo, das nossas cidades como perigosas. Ora, perigo tem em todo lugar. Mas, com tranquilidade, que se sintam bem acolhidos em nos-sas casas, em nossas comuni-dades. Sejam muito bem-vindos. E quanto às paróquias, comuni-dades, organizações de Igreja e famílias que vão acolher esses hóspedes, quero dar um agrade-cimento muito grande por todo o esforço feito até aqui, toda a generosidade de se organizar, de abrir suas casas, de acolher os hóspedes que virão. Muito obri-gado e que Deus recompense a todos. Por outro lado, também dizer uma palavra como já foi di-vulgado por dom Tarcísio Scara-mussa, que não receberemos o número de hóspedes que pode-ríamos receber. Nós nos prepa-ramos para receber mais e não virão tantos. Isso, naturalmente, por muitos fatores. A gente cai na conta que viajar da Ásia, da África, da Europa para cá custa muito. E a crise econômica mun-dial está ‘pegando’ um pouco em todo mundo. O pessoal começa a calcular e a somar e, enfim, não vêm tantos como se espera-va ou se podia pensar que vies-se. O bonito em tudo isso é que, de repente, nós redescobrimos nossa capacidade e alegria de

abrir nossa casa e acolher pes-soas. Portanto, temos mais es-paço de acolhida do que gente para acolher. Que bom! Vamos estender isso também às pes-soas que ao nosso redor preci-sam de mais atenção. Aos que não vão receber hóspedes em suas casas e paróquias, procu-rem compartilhar a alegria dos que vão receber e quem sabe se unir à comunidade e paró-quia que vai receber para, de alguma forma, compartilhar a experiência da fé, da acolhida desta visita que nós estamos recebendo antes da Jornada da Juventude.

Nós precisamos recordar as testemunhas da fé. Esses são dois papas que conhecemos e há outros tantos mártires e pessoas importantes, de cabeça esclarecida, que creram com firmeza, com certeza, com alegria e com serenidade.

Nós cremos porque deus é veraz, não engana, e manifestando sua luz a nós, nos quer mostrar a verdade, a realidade mais profunda da nossa vida, do nosso ser, mas também a realidade do mundo e da existência.

PAdRE CIdo PEREIRAdIREtoR do o São PAUlo

Luciney Martins/O SÃO PAULO

De volta de Roma, dom Odilo concede entrevista