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O Sistema Bancário e a seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia* ALFREDO MACIEL DA SILVEIRA – DSC Professor Titular do Mestrado em Administração da Universidade Estácio de Sá Av. Pres. Vargas, 642 – Centro – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20071-001 [email protected] ROBERTO RODRIGUEZ MEIRE – MSC Professor do Curso de Pós-Graduação em Gestão Financeira da Universidade Estácio de Sá [email protected] Resumo Este artigo destina-se principalmente a analisar a relação entre o sistema bancário e seus investimentos diretos no setor real da economia brasileira, investigando sua relevância para os próprios bancos tentando verificar tratar-se de estratégia generalizada do sistema ou fenômeno específico de alguns. Foram pesquisadas as demonstrações financeiras de 53 bancos comerciais durante as décadas de 80 e 90, e elaborados vários indicadores da participação societária dos bancos da amostra em empresas do setor produtivo da economia. Verificou-se em que medida e setores os respectivos investimentos se davam na forma de controle acionário ou participação minoritária. Paralelamente se fez uma análise da evolução da concentração bancária no Brasil, no mesmo período. Em com- plemento à pesquisa documental foram realizadas entrevistas com expe- rientes analistas e executivos do mercado financeiro e do setor bancário, colhendo suas percepções sobre as estratégias dos bancos comerciais no Brasil e as suas perspectivas futuras. Palavras-chave Intermediação Financeira, Capital Financeiro, Bancos. Revista ADM.MADE 1 * Artigo aprovado para apresentação na Conferência de BALAS de março de 2002 em Tampa/USA.

O Sistema Bancário e a seus Investimentos no Setor ...20Ano%202%20N%BA2%20Julho... · O Sistema Bancário e a seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia* ALFREDO MACIEL DA

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O Sistema Bancário e a seus Investimentos noSetor Produtivo da Economia*

ALFREDO MACIEL DA SILVEIRA – DSC

Professor Titular do Mestrado em Administração

da Universidade Estácio de Sá

Av. Pres. Vargas, 642 – Centro – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20071-001

[email protected]

ROBERTO RODRIGUEZ MEIRE – MSC

Professor do Curso de Pós-Graduação em Gestão Financeira

da Universidade Estácio de Sá

[email protected]

Resumo

Este artigo destina-se principalmente a analisar a relação entre osistema bancário e seus investimentos diretos no setor real da economiabrasileira, investigando sua relevância para os próprios bancos tentandoverificar tratar-se de estratégia generalizada do sistema ou fenômenoespecífico de alguns. Foram pesquisadas as demonstrações financeiras de53 bancos comerciais durante as décadas de 80 e 90, e elaborados váriosindicadores da participação societária dos bancos da amostra emempresas do setor produtivo da economia. Verificou-se em que medida esetores os respectivos investimentos se davam na forma de controleacionário ou participação minoritária. Paralelamente se fez uma análise daevolução da concentração bancária no Brasil, no mesmo período. Em com-plemento à pesquisa documental foram realizadas entrevistas com expe-rientes analistas e executivos do mercado financeiro e do setor bancário,colhendo suas percepções sobre as estratégias dos bancos comerciais noBrasil e as suas perspectivas futuras.

Palavras-chave

Intermediação Financeira, Capital Financeiro, Bancos.

Revista ADM.MADE 1

* Artigo aprovado para apresentação na Conferência de BALAS de março de2002 em Tampa/USA.

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Esta nova roupagem teve como objetivo dotar o sistema finan-ceiro brasileiro com instituições modernas para a época em queocorreu a reforma, e que tecnicamente pudessem atender as neces-sidades econômicas do país. Apesar dessas modificações na dé-cada dos anos 60 o sistema financeiro ainda continuava comdimensões regionais.

O governo então através do COFIE – Comissão de Incor-porações e Fusões de Empresas, criada pelo Decreto-Lei 1.182 dejulho de 1971, implantou uma política voltada para a concentraçãodo capital em vários setores da economia, inclusive o setorfinanceiro, com base em incentivos fiscais e creditícios. O II PlanoNacional de Desenvolvimento Econômico (PND)1 deu continuidadeàquela política.

Fruto desses incentivos ocorreu a partir de 1965 e no decorrerde toda a década de 1970, um acentuado processo de fusões eincorporações no sistema financeiro, em especial nas instituiçõesbancárias. O objetivo era formar grandes conglomerados finan-ceiros, financeiro-industriais, ou financeiro-comerciais, para suprircapital para grandes empresas que iriam surgir em outros setores,após a consolidação desse processo.

Esse incentivo às fusões e incorporações acelerou-se nodecorrer dos anos 80, tendo como reflexo a concentração no sistemabancário e a consolidação dos conglomerados financeiros.

Nesta década que ficou estigmatizada pelas elevadas taxas deinflação, criaram-se as condições necessárias para que os bancoscomerciais se refugiassem nas aplicações em títulos públicos parase protegerem contra os efeitos inflacionários.

Algumas instituições bancárias, em meados da década de 80 jáapresentavam sinais claros do início de uma nova tendência, osinvestimentos no setor real da economia, através do controle e daparticipação acionária em diversas empresas não financeiras, comoopção para a maximizar o seu capital e diminuir a concentração dasaplicações em títulos públicos.

O Estado, devido ao seu alto grau de endividamento, já não eramais o grande financiador de capital fixo para as empresas a médioe longo prazo. As empresas por sua vez não contavam com outra

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 3

Revista ADM.MADE

AAbbssttrraacctt

The main purpose of this article is to analyse the relationship among

the commercial banking system and its direct investments in the real activ-

ities of the brazilian economy, trying to know if this process is a general

strategy of the commercial banks or if only for some specific ones. We’ve

researched the balance sheet of fifty three major banks, establishing sever-

al relations to allow us to identify its investments in the real sector of the

economy during the 80 and 90 decades. We asked in which sectors of

the real economy the banks behaved as equity investors, and which were

the percentage of the bank control or participation as shareholder in the

respective companies. The evolution of the concentration in the commercial

banks system in Brazil were analysed during the period above. In order to

complete and support the documental research and provide us with more

information we have made interviews with several bank’s sector analysts,

and the main question discussed were regarding the strategy of the com-

mercial banks in Brazil and it’s future.

Key words: Financial Intermediation, Financial Capital, Banks.

1. Introdução

Em meados da década nos anos 60 e durante as décadas dosanos 70 e 80 o sistema financeiro brasileiro passou por grandestransformações que ainda estão em curso devido a um ambiente denegócios cada vez mais competitivo em escala nacional einternacional.

O sistema financeiro antes de 1964 era formado basicamentepor instituições financeiras bancárias de pequeno porte, queatuavam regionalmente, não tinham dimensão nacional e eramlimitadas em suas operações.

A Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, reformulou o sistemafinanceiro nacional, predominantemente bancário, procurando criarinstituições nos moldes de especialização do mercado americano,que tinha mercados de crédito e de capitais bem desenvolvidos eque evitava a superposição de atribuições entre as instituiçõesfinanceiras através da especialização.

2 Alfredo Maciel da Silveira e Roberto Rodriguez Meire

Ano 2, No 2, julho-dezembro de 2002

1 PND – Plano Econômico do Governo Federal no período de 1974 a 1979.

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que evidenciassem essa participação. Significativo é o fato de que,a partir de 1992, o Banco Central3 já começava a monitorar asinstituições bancárias com relação às suas empresas controladas esuas participações acionárias. Como conseqüência desse monitora-mento, os bancos para não sofrerem as sanções impostas peloBanco Central, passaram então a constituir empresas segregadasda atividade bancária, criadas especialmente para gerenciar estesinvestimentos, juntamente com outros acionistas que tivesseminteresses comuns com a instituição bancária, surgindo assim umanova forma de administração dos conglomerados financeiros no quediz respeito as empresas controladas e coligadas.

Embora a participação dos bancos como financiadores de ca-pital de longo prazo para a atividade produtiva seja insipiente, suaparticipação como investidor se manifesta no controle de empresase na participação acionária desde de meados da década de 1980 atépelo menos fins dos anos 90.

Apesar desta tendência não ser imediatamente identificável,uma análise um pouco mais pormenorizada demonstrou que estesinvestimentos ocorreram, não como uma estratégia geral do setorbancário para investir no setor produtivo, mas sim como tendênciade algumas instituições, principalmente conglomerados financeirosprivados.

A pesquisa adota um quadro conceitual sobre o capital finan-ceiro e suas manifestações históricas – Hilferding (1910), Shonfield(1968), Sweezy (1976), Chesnais (1996), dentre outros – bem comoconsidera as pesquisas já anteriormente realizadas no Brasil, alémde consulta junto a diversas organizações e instituições. Na partedocumental e quantitativa toma como referência as demonstraçõesfinanceiras padronizadas dos bancos comerciais, mediante consultano Arquivo Nacional, Comissão de Valores Mobiliários e Banco Cen-tral. Completa-se com pesquisa de campo, através de entrevistasconduzidas com profissionais do mercado financeiro, especialistasem análise do setor bancário.

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 5

Revista ADM.MADE

alternativa que substituísse o Estado nesta função, por exemplo, aexistência de um mercado de capitais já consolidado ou um mer-cado bancário capaz de suprir essa necessidade.

Ainda na década de 80 através da resolução no 1.524, de 21 desetembro de l988, surgiram os Bancos Múltiplos. Foi entãopermitido aos bancos comerciais, bancos de investimento, bancosde desenvolvimento, sociedades de crédito imobiliário e sociedadesde crédito financiamento e investimento, se organizarem em umaúnica instituição, com personalidade jurídica própria.

Na década de 90, após diversos planos econômicos, a queda dainflação no contexto do Plano Real, arrefeceu o ganho inflacionário,diminuindo as elevadas taxas de rentabilidade do setor bancárioprincipalmente no que diz respeito as aplicações em títulospúblicos.

Antecipando-se à tendência de uma possível estabilidadeeconômica, pode-se conjeturar que alguns bancos já haviam seposicionado para esta nova fase, diversificando parte dos seusinvestimentos a partir de meados da década de 80 no setorprodutivo da economia, através do controle de empresas ou daparticipação acionária como alternativa de rentabilidade docapital.

No decorrer dos anos 90, assistimos a abertura do mercado fi-nanceiro brasileiro ao mercado financeiro internacional. Essa aber-tura ampliou a competição no sistema bancário e criou condiçõespara que várias empresas brasileiras tivessem acesso ao mercadode capitais internacional como fonte de financiamento a longo pra-zo, através da emissão de ADR’s (American Depositary Receips)2 noMercado de Capitais Internacional, em especial no mercadoamericano.

A falta de capital de longo prazo e os indícios de que os bancosatuavam também no setor produtivo é que nos motivou aaprofundar a pesquisa documental e de campo para obter dados

4 Alfredo Maciel da Silveira e Roberto Rodriguez Meire

Ano 2, No 2, julho-dezembro de 2002

2 ADR’s – Títulos emitidos no mercado americano por empresas brasileiras decapital aberto. Esses títulos são representativos de ações de sua emissão e sãonegociados na Bolsa de Nova York – New York Stock Exchange (NYSE) ou naNational Association Securities Dealers Automated Quotation (NASDAQ) queé bolsa eletrônica americana. 3 Resolução no 1.942, de 29 de julho de 1992.

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Há doze anos, em dezembro de 1988, estavam em funciona-mento no país 104 (cento e quatro) bancos comerciais, desse total49 (quarenta e nove) eram bancos privados e 26 (vinte e seis)tinham o controle estrangeiro. O número de agências bancárias dosbancos estrangeiros representava 1,52% do total de agências nopaís em 1980, evoluiu para 14,91% em 1998. Os bancos estrangeirosquadruplicaram sua participação no nível de depósitos, nas ope-rações de crédito e na participação no patrimônio de todo o setorbancário, no período de 1992 a 1998.

O processo de concentração bancária é tal que a partir de umcerto ponto do desenvolvimento das funções de crédito, analisaHilferding (1910) “torna-se difícil surgirem novos bancos. Isto porque

o capital produtor de juros disponível em cada momento, achar-se-ia

continuamente atraído pelos Bancos já existentes”. Isto tambémvem ocorrendo no caso brasileiro, nas últimas duas décadas, adiminuição do número de bancos se acentuou, aumentando o poderde concentração no setor bancário e a cartelização do sistemafinanceiro brasileiro em no máximo 5 grandes conglomerados priva-dos nacionais.

A análise feita por Sweezy (1976) sobre aquelas con-siderações de Hilferding reconhece o controle dos bancos sobre asindústrias, porém apenas em uma fase transitória dodesenvolvimento capitalista.

Na medida em que as grandes corporações já estão formadas,as posições dos bancos tenderiam a sofrer uma modificaçãoacentuada devido ao poder de mercado dessas empresasindustriais. O capital bancário perderia seus dias de glória,voltando a uma posição subsidiária em relação ao capitalindustrial (SWEEZY, 1976).

Atualmente isto já vem ocorrendo, no caso brasileiro. Mais de70(setenta) empresas abertas já colocaram ADR’s (American De-

positary Receipts) no mercado americano como alternativa decapitalização de recursos, não necessitando portanto de créditobancário

Essas empresas se capitalizaram em um montante de$ 31.164.000.000 (trinta e bilhões cento e sessenta e quatro milhõesde dólares) no período de 1992-1999, informativo CVM, (Out. 2000).

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 7

Revista ADM.MADE

2. O Sistema Financeiro e a Concentração Bancária4

Uma visão do universo do setor bancário, de onde se extraiu aamostra pesquisada, pode ser dada pela Tabela 1 a seguir, conformetrabalho publicado por Meirelles (2001, p. 5):

Tabela 1: Estrutura da Indústria Bancária Brasileira

Número de Bancos

1964 1976 1987 1993 1997 2000

Bancos Oficiais 24 27 31 30 27 16(federais e estaduais)

Bancos Privados 312 79 74 215 193 175

Nacionais 304 69 56 178 148 103

Estrangeiros 8 10 18 37 45 72 (*)

TOTAL 336 106 105 245 220 191

(*) filiais de bancos estrangeiros e bancos nacionais sob controle estrangeiroFonte: Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro.jan/2001, apud

Meirelles (2001)

Em 1964 apenas 8 (oito) bancos estrangeiros operavam nopaís, número que cresceu segundo Meirelles para

18 (dezoito) em 1987, para 37 (trinta e sete) em 1993 e dobrou nosúltimos 7 (sete) anos, somando 72 (setena e dois) bancos no finalde 2000. Os bancos estrangeiros já respondem por 41% dasinstituições privadas (72 dos 175 bancos privados)” (MEIRELLES,2001, p. 6).

6 Alfredo Maciel da Silveira e Roberto Rodriguez Meire

Ano 2, No 2, julho-dezembro de 2002

4 Uma análise pormenorizada sob enfoque econômico e institucional da concen-tração bancária no Brasil e suas causas, segundo três períodos (1951-1964,1965-1987 e 1988-1999), com indicadores anuais sobre no de bancos, agênciaspor banco, a evolução dos bancos múltiplos e dos bancos estrangeiros, integrouesta pesquisa, mas deixa de ser exposta por limitações de tamanho do paper.

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das (DFP),6 os Balanços e os Informativos Anuais (IAN) dos bancoscomerciais privados, estaduais e estrangeiros, mediante consulta àdocumentação disponível no Arquivo Nacional, na Comissão deValores Mobiliários e no Banco Central, e será complementada comuma Pesquisa de Campo através de entrevistas conduzidas comprofissionais do mercado financeiro, especialistas em análise dosetor bancário.

3.1. Amostra

Vamos destacar primeiramente os 21 (vinte e um) dos maioresbancos de capital aberto analisados pela Revista ConjunturaEconômica da Fundação Getúlio Vargas, vol. 54, no 6, jun./2000, p.43, que adotou como critério para identificar os 50 maiores bancosque operam em nosso mercado financeiro, o valor do “Ativo Total”em ordem decrescente.

Esses 21 (vinte e um) bancos representavam 78,3% dos ativosdos 187(cento e oitenta e sete) bancos considerados pela RevistaConjuntura Econômica. São os seguintes:

1. Banco do Brasil, 2. Caixa Econômica Federal, 3. Bradesco,4. Itaú, 5.Unibanco, 6. Banespa, 7. Safra, 8. Real, 9. HSBC/Bamerin-dus, 10. Santander, 11. BCN, 12. Citibank, 13. BankBoston, 14. Suda-meris, 15. BilbaoVizcaya/Econômio, 16.Bandeirantes, 17. Banrisul,18. Banestado, 19. Boavista, 20. Mercantil de São Paulo, 21. BozanoSimonsen.

Todavia para ampliar ainda mais essas informações, conside-ramos mais 32 (trinta e dois) bancos que permitiram uma análisemais abrangente do setor bancário, conforme lista a seguir:

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 9

Revista ADM.MADE

Especificamente em 1999 as empresas brasileiras captaram umtotal que representou 5% do total de ADR’s emitidos – Relatório:Bank of New York (1999, p. 3).

O mercado de ADR’s nos Estados Unidos no período 1990-1999possibilitou a capitalização de $ 89.337.000.000.000 (oitenta e no-ve trilhões de dólares) para um universo de 1.438 (hum mil quatro-centas e trinta e oito) empresas estrangeiras sendo que empre-sas alemãs, australianas, chinesas, inglesas e japonesas foramresponsáveis por 70% do total do volume captado, portanto$ 35.734.000.000.000 (trinta e cinco bilhões e setecentos milhões dedólares), Relatório: Bank of New York (1999, p. 9).

A concentração bancária é um fenômeno mundial com dife-rentes graus de intensidade e velocidade com que ocorrem, hojeassistimos mega fusões entre Instituições Financeiras especifica-mente bancárias nos Estados Unidos e Europa como por exemplo o“Citibank” com a maior seguradora americana a Travelers, o Chase

Manhattan Bank com o Chemical Bank, o Deutsche Bank com oMorgan Grenfell na Europa. No caso particular americano realmenteestamos assistindo uma transformação avassaladora nestes novostempos. Afinal o Glass Steagal Act5 de 1933 que regulava à sepa-ração de atividades de bancos comerciais e bancos de investimentoforçando a especialização das instituições financeiras, parece quenão está sendo muito levado ao pé da letra com a aprovação dessasmega fusões.

3. A participação dos bancos no setor real de economia

A pesquisa documental considerou o período de 1984 à 1999,tomando como referência as Demonstrações Financeiras Padroniza-

8 Alfredo Maciel da Silveira e Roberto Rodriguez Meire

Ano 2, No 2, julho-dezembro de 2002

5 Glass Steagal Act – Promulgado em 1933, regulava o sistema financeiro ame-ricano, sobretudo o setor bancário, que era definido essencialmente por duasrestrições de ordem legal e regulatória: quanto à área geográfica de atuação,com a limitação do mercado dos bancos basicamente ao seu estado de origem;e no que diz respeito à separação de atividades de bancos comerciais e bancosde investimento, o que acabou forçando a especialização entra as instituiçõesfinanceiras.

6 DFP – Demonstrações Financeiras Padronizadas. Elaboradas pela Comissão deValores Mobiliários (CVM) com informações consideradas essenciais paradivulgação ao mercado de capitais por parte das empresas de capital aberto.Essas demonstrações tem que ser publicadas em jornais de grande circulaçãosemestralmente e anualmente.

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conjecturar, que de fato, o controle ou a participação em empresasnão financeiras controladas ou coligadas pertencentes à atividadeprodutiva, ocorreu e é realmente um fato.

Desse total de 700 (setecentas) empresas, temos 200 (duzen-tas) empresas do setor financeiro, 75 (setenta e cinco) empresasde administração e participação, 67 (sessenta e sete) empresasde serviços, 50 (cinqüenta) empresas de agropecuária, 48(quarenta e oito) empresas de seguro, 36 (trinta e seis) empresasindustriais, 23 (vinte e três) empresas comerciais, 22 (vinte eduas) do setor imobiliário, 22 (vinte e duas) do setor de infor-mática, 10 (dez) empresas de química, 10 (dez) empresas dereflorestamento e outras que poderão ser identificadas na tabela7 onde apresentamos o total de empresas que os bancosparticipam por setor.

Gostaríamos todavia de ponderar que este número ainda não é ocorreto, afinal muitas dessas 700 (setecentas) empresas que identi-ficamos, ainda tem várias empresas controladas e coligadas, ou sejao universo de participação dos bancos é bem maior do queimaginamos.

Ao analisarmos o número de empresas com participação decada banco, Tabela 4, verificamos que o maior conglomeradofinanceiro do país possui um total de 124 (cento e vinte e quatro)empresas. Se descontarmos 30 (trinta) empresas pertencentesao setor financeiro este conglomerado possui 94 (noventa equatro) empresas, em atividades que não pertencem ao setorfinanceiro.

Alguns bancos da amostra não estão mais no mercado, ven-deram seu controle acionário, foram incorporados ou simplesmenteficaram inadimplentes, o que não invalida a tese que tambémtiveram participação ativa em outros setores da economia que nãoo financeiro, como foi o caso dos Bancos Econômico, BozanoSimonsen e Bamerindus hoje Hong Kong Xangai Bank.

Todavia nem todos os bancos da amostra participaram ativa-mente da atividade produtiva como alternativa de diversificação erentabilidade do capital. Este fato não foi uma estratégia do sistemabancário como um todo, e sim uma tendência de algumasinstituições, particularmente de alguns conglomerados financeirosconforme podemos verificar na Tabela 4.

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 11

Revista ADM.MADE

1. Agrimisa, 2. Banco da Bahia, 3. Banco Brasileiro Comercial,4. Comind, 5. Nacional, 6. Noroeste, 7. Progresso, 8. Mercantil doBrasil, 9. Banco do Estado de Amazonas, 10. Bahia, 11. Ceará,12. Credireal, 13. Espírito Santo, 14. Goiás, 15. Maranhão, 16. Mi-nas Gerais, 17. Pernambuco, 18. Piauí, 19. Regional de Brasília,20. Rio de Janeiro, 21. Santa Catarina, 22. Sergipe, 23. Brascan,24. Chase Manhattan, 25. DeutscheBank, 26. Europeu, 27. Fran-ces, 28. Lloyds, 29. Songeral, 30. Sul América, 31. Sumitomo,32. Tokyo Mitsubishi.

A amostra total de 53 bancos compreende: 20 (vinte) pri-vados, 19 (dezenove) bancos estaduais e 14 (quatorze) bancosestrangeiros. Os banco privados ainda são classificados em trêsgrupos. No grupo I são considerados os 5 (cinco) bancos de pe-queno porte, no grupo II 6 (seis) bancos de porte médio, algunscom problemas de insolvência, e que foram absorvidos poroutras instituições e no grupo III os 9 (nove) grandes con-glomerados financeiros

Alguns desses bancos não dispõem de informações disponíveisem todo o período 1984-1999, ou porque eram de capital fechado, ouporque cancelaram o registro de empresa aberta, ou porque tiveramo seu controle acionário vendido para outras instituições financeiras.

É interessante ressaltar que essas considerações convergempara um ponto em comum, que é a identificação de informaçõesdisponíveis, que possam evidenciar o início da participação dosbancos comerciais nas décadas de 80/90 na atividade produtiva daeconomia.

3.2. Bancos Comerciais Privados

Os dados das tabelas 2, 3 e 4 nos permitem concluir que osbancos comerciais privados controlam ou têm ou tiveram partici-pação acionária em um total de 700 (setecentas) empresas noperíodo de 1984 a 1999. Se desse número retirarmos as 200 (du-zentas) instituições financeiras controladas ou coligadas pelosbancos privados, restam 500 (quinhentas) empresas não financeirascontroladas ou com participação dos bancos, o que nos permite

10 Alfredo Maciel da Silveira e Roberto Rodriguez Meire

Ano 2, No 2, julho-dezembro de 2002

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Tabela 3: Bancos Comerciais Privados – Total de empresas por setor

com participação dos bancos

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 13

Revista ADM.MADE

12 Alfredo Maciel da Silveira e Roberto Rodriguez Meire

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Setor Econômico Número de Empresas

Administração e Participação 75 Agropecuária 50 Agricultura 8 Alimentação 2 Armazenagem 1 Autopeças 2 Bebidas 2 Cartão de Crédito 2 Celulose 3 Cimento 1 Comércio 23 Comércio Exterior 11 Construção 2 Editorial 2 Eletrônico 3 Embalagens 10 Energia 1 Engenharia 1 Financeiro 200 Gráfico 4 Holding 4 Imobiliário 22 Informática 22 Industrial 36 Madeira 3 Mecânica 2 Metalurgia 1 Mineração 21 Petroquímica 9 Portuário 1 Previdência Privada 5 Publicidade 4 Química 10 Reflorestamento 10 Saúde 2 Seguro 48 Serviços 67 Siderurgica 4 Tecnologia 1 Telecomunicações 5 Textil 1 Transporte 1 Turismo 18

T O T A L 700 TOTAL DE SETORES 43

Fonte: elaboração própria

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coligadas podemos concluir que o banco possui 52 (cinqüenta eduas) empresas controladas ou coligadas no setor real daeconomia e que estão bem dispersas com relação ao seu setor deatividade. Essa participação também não é devido a diver-sificação das atividades do banco e sim devido a inadimplênciadessas empresas para com o banco, devido até, a ingerênciaspolíticas na concessão da análise do crédito. (Tabela 6 e 7)

3.4. Bancos Estrangeiros

Os bancos comerciais estrangeiros no Brasil no período de 1984a 1999 não participaram de investimentos significativos no setorreal da economia seja em empresas controladas ou empresascoligadas.

Conseguimos identificar (Tabelas 8, 9 e 10) somente 14 (qua-torze) empresas de controle ou com participação dos bancos es-trangeiros, assim distribuídas: 9 (nove) no setor financeiro, 3 (três)no setor de seguro, 1(uma) no setor agropecuário e 1 no setorimobiliário.

Embora o interesse dos bancos estrangeiros em investir nosetor bancário brasileiro venha ocorrendo de acordo com asestatísticas da Tabela 1, os bancos estrangeiros no Brasil, até pelacultura de suas matrizes, atuam como bancos. Exploram asoportunidades no setor financeiro. Não se interessam em controlarempresas, o que foge completamente ao escopo de sua atividade,até porque esta participação em seus países de origem é na maioriados casos proibida, ressalva se faça no caso da Alemanha, e aquelaconduta é interpretada como conflito de interesses.

Todavia os bancos estrangeiros chegaram no Brasil com a idéiade que iriam potencializar sua participação no mercado econquistar as classes C e D. Isto não aconteceu e ainda não estáacontecendo. Afinal, somente 23% da população economicamenteativa tem conta bancária.

A participação estrangeira no mercado brasileiro se dá pelaagregação de outros bancos e o argumento mais forte a favor doaumento da participação dos bancos estrangeiros é que isto dá umamaior credibilidade internacional ao nosso sistema bancário.

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 17

Revista ADM.MADE

Os 7(sete) maiores conglomerados privados possuem 435(quatrocentas e trinta e cinco) empresas controladas e coligadasdas 700 (setecentas) identificadas, portanto, 62% do total. Se destenúmero deduzirmos as instituições financeiras controladas ecoligadas desses 7(sete) conglomerados, chegamos a 321 (trezen-tas e vinte e uma) empresas no setor real da economia. Se com-pararmos com as 500 (quinhentas) empresas não financeiras(Tabela 3) que os bancos privados controlam ou têm participação,estes 7 (sete) maiores conglomerados detêm 64% do total dessasempresas pertencentes aos bancos comerciais privados, o quemostra que a tendência de investimentos no setor produtivo foi dealguns conglomerados privados do sistema bancário privado comoum todo.

3.3. Bancos Comerciais Estaduais

A participação dos bancos estaduais na atividade produtivanão foi tão significativa quanto na iniciativa privada, na verdadeacreditamos que esta participação não foi intencional como nosbancos privados, muito porque, os bancos estaduais não tinhamautonomia para realizar investimentos. Eles sempre foramdependentes da esfera política, que definia sua linha de atuação, oque praticamente eliminava a agilidade e a eficiência na conduçãodos negócios.

Apesar dessas considerações, identificamos um total de 171(cento e setenta e uma) empresas controladas ou coligadas aosbancos estaduais (Tabela 5), destas, somente 92 (noventa e duas)empresas pertenciam ao setor real da economia no período de 1986a 2000 e ainda em uma forma muito dispersa em seu setor deatuação. De acordo com os dados da tabela 6, merecem destaqueapenas os setores de seguro e serviços onde os bancos tem ocontrole ou a participação em 16 (dezesseis) e 13 (treze) empresasrespectivamente. (Tabela 5)

Analisando o número de empresas com participação de cadabanco na tabela 7 somente merece destaque o Banco do Brasil,que controla ou tem participação em 70 (setenta) empresas. Seretirarmos as 18 (dezoito) instituições financeiras, controladas ou

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Tabela 6: Bancos Comerciais Estaduais

Total de Empresas controladas e coligadas por setor

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Administração e Participação 4

Agropecuária 1

Alumínio 1

Armazenagem 2

Bebidas 2

Borracha 1

Calçados 1

Carrocerias 1

Cartão de Crédito 2

Celulose 1

Comércio 3

ComércioExterior 1

Editorial 1

Farmaceutica 1

Financeiro 79

Fruticultura 1

Informática 6

Industrial 9

Mineração 3

Petroquímica 1

Previdência Privada 1

Reflorestamento 5

Saúde 1

Seguro 16

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Textil 6

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Fonte: elaboração própria

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4. Peso relativo dos investimentos em cada banco da amostra.

Participação dos Investimentos nas Estruturas de Balanço

A coleta dos dados foi feita em moeda corrente nas contas doAtivo Total, sub conta Investimentos, e sub conta Controladas eColigadas do Ativo Permanente, o que nos permite estabelecer asdiversas relações abaixo que serão analisadas e interpretadas(itens 4.1 a 4.3 adiante) segundo os seguintes conceitos.

Controladas e Coligadas X Ativo Permanente

Indica qual a representatividade das empresas controladas ecoligadas no ativo permanente.

Controladas e Coligadas X Patrimônio Líquido

Indica o grau de comprometimento das empresas controladas ecoligadas em relação aos seus recursos próprios.

Ativo Permanente X Patrimônio Líquido

Indica o grau de imobilização do capital próprio em relação aoativo permanente.

Todas as 885 (oitocentas e oitenta e cinco) empresas Socieda-des Anônimas e empresas Limitadas, em que os 53 (cinqüenta etrês) bancos comerciais privados, estaduais e estrangeiros daamostra, controlam ou têm participação acionária no período de1984 a 1999.

4.1. Interpretação dos Dados das Empresas Controladas e

Coligadas X Ativo Permanente

Os investimentos em empresas Controladas e Coligadas X

Ativo Permanente nos indicam qual a representatividade dessasempresas no ativo permanente dos bancos. As relações nas tabe-las 11, 12 e 13, nos mostram um resultado crescente nos ban-cos privados nacionais (exceção para o grupo I) e em alguns bancos

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Revista ADM.MADE

estaduais e estrangeiros. Merecem destaque os bancos privados dogrupo III que em sua maioria apresentam uma participação de seusinvestimentos superior a 50% se comparado com o ativopermanente.

Destacamos que a descontinuidade anual dos dados apre-sentados nas tabelas desta seção se deve à indisponibilidade dosbalanços.

4.2. Interpretação dos Dados das Empresas Controladas e

Coligadas X Patrimônio Líquido

Os dados das empresas Controladas e Coligadas X Patrimônio

Líquido nos apresentam o comprometimento do capital próprio dosistema bancário. Analisando-se as tabelas 14, 15 e 16 concluímosque no caso dos bancos privados nacionais pertencentes aosgrupos II e III esta relação apresenta um elevado percentual departicipação. No período compreendido entre 1997 e 1999, 10 (dez)dos 15 (quinze) bancos pertencentes aos grupos II e III dos bancosprivados, apresentaram em algum momento uma relação percentualsuperior a 50%, um percentual alto de imobilização nos anos de 1997a 1999. Conforme será visto nos itens seguintes, essa imobilizaçãotem chamado a atenção do Banco Central nos últimos anos queacha que os Bancos estão com um grande grau de exposição aorisco.

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Tabela 13: Bancos Estrangeiros

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O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 31

Revista ADM.MADE

30 Alfredo Maciel da Silveira e Roberto Rodriguez Meire

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4.3. Interpretação dos Dados – Investimentos do Patrimônio

Líquido no Ativo Permanente

Se compararmos a correlação Ativo Permanente X Patrimônio

Líquido do setor bancário, nas tabelas 17, 18 e 19, que mede o graude imobilização do capital próprio dos bancos em relação ao ativopermanente, o que sinaliza para um alto grau de imobilização docapital próprio, o que aumenta o risco do sistema bancário, verifica-mos que na maioria dos bancos comerciais privados dos grupos II eIII, 12 (doze) dos 14 (quatorze) bancos privados, assim como 5 (cin-co) dos 19 (dezenove) bancos estaduais e 5 (cinco) dos 14 (quator-ze) bancos estrangeiros estão totalmente desenquadrados ao quedetermina a resolução do Banco Central no 2.283 de 05/07/1996.Esta resolução exige que até 31 de dezembro de 2002, o total derecursos aplicados no Ativo Permanente não poderá ultrapassar a50% do PLA (Patrimônio Líquido Ajustado), portanto estes bancostêm que se ajustar até aquela data.

5. Monitoramento do Banco Central dos Investimentos do

Patrimônio Líquido no Ativo Permanente dos Bancos

Comerciais

Os Investimentos dos Bancos Comerciais no Ativo Permanenteem proporção do Patrimônio Líquido são a evidência incontestável,da participação dos Bancos na atividade produtiva. O próprio BancoCentral já há alguns anos, vem preocupando-se com a exposição dorisco dos bancos comerciais, que tem um alto percentual do seuPatrimônio Líquido investido no Ativo Permanente, onde se incluemas empresas controladas e coligadas, em que os bancos são contro-ladores, ou têm participação acionária, o que é considerado um fatorde risco para o sistema bancário como um todo.

Este monitoramento do Banco Central corresponde a uma ten-dência mundial de um melhor acompanhamento do sistema ban-cário recomendado pelo Acordo da Basiléia de 1994, do qual o Brasilé um dos signatários.

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 33

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9519

9619

9719

981

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mônio Líquido ajustado na forma da regulamentação em vigordas instituições financeiras e demais instituições autorizadas afuncionar pelo Banco Central do Brasil.

Art. 4o O limite previsto no artigo anterior será reduzido gra-dualmente, observando-se o seguinte cronograma:

I - 70% (setenta por cento) do PLA, a partir de 30 de junhode 2000;

II - 60% (sessenta por cento) do PLA, a partir de 30 de junhode 2002;

III- 50% (cinqüenta por cento) do PLA, a partir de 31 dedezembro de 2002.

A Resolução no 2.674/99

Ainda como parte do monitoramento, o Banco Central editou aResolução no 2.674 onde ressaltamos como pontos principais osartigos abaixo descritos.

Art. 2o

§ 3o – Em se tratando de participações societárias em em-presas sujeitas a consolidação nos termos do Art 3o, aautorização de que trata o caput implica que seja permitido, porintermédio das instituições referidas no Art. 1o, integral e irres-

trito acesso do Banco Central do Brasil também as informações

no que se refere aos riscos assumidos pelas participadas,

independentemente de sua atividade operacional.

Art. 3o As instituições referidas no Artigo 1o, devemelaborar suas demonstrações financeiras de forma consolidada,incluindo as participações em empresas localizadas no País e

no exterior em que detenham, direta ou indiretamente,

isoladamente ou em conjunto com outros sócios.

§ 1o

Os investimentos em ações realizados de forma indireta, porintermédio de fundos de investimentos, devem ser tratados comoparticipações societárias para os efeitos desta Resolução.

Art. 5o

As participações societárias, no país e no exterior, regis-tradas no ativo circulante, não consolidadas nos termos destaResolução, inclusive aquelas adquiridas por intermédio de fundosde investimento, diretamente, devem ser computadas para efeitoda verificação do atendimento ao limite de aplicação de recursosno Ativo Permanente.

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 37

Revista ADM.MADE

Assinado por reguladores das economias mais desenvolvidasimpôs aos bancos dos países participantes a obrigação de consti-tuirem coeficientes proporcionais aos ativos por eles controlados.

Os princípios deste documento tinham dois grandes objetivos:aumentar o capital próprio dos bancos para torná-los mais sólidos emonitorar as instituições que arriscam seu capital próprio, e nãoapenas os recursos de terceiros, pois seriam mais sensíveis a riscosde insolvência.

A Resolução no 2.699/99

Esse monitoramento por parte do Banco Central deu origem aResolução no 2.669, de 25 de novembro de 1999, que em seus Ar-tigos 3o e 4o dispõe respectivamente:

Art. 3o O total dos recursos aplicados no Ativo Permanente

não pode ultrapassar 80% (oitenta por cento) do valor do Patri-

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Ano 2, No 2, julho-dezembro de 2002

BANCOS 1988 1989 1990 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Boston 56% 84% 90% 116% 92% 76% 84% 68% 54%

Brascan 9% 20% 28% 41% 43% 69% 44% 34% 20%

Chase 229% 172% 256% 38% 27% 3% 5% 4% 5%

Citibank 275% 205% 179% 47% 46% 58% 59% 38% 26%

Deutsche 17% 162% 76% 38% 51% 53% 27% 17%

Europeu 88% 62% 74% 31% 16% 15% 4% 3% 3%

Frances 52% 86% 87% 116% 84% 131% 33% 471% 553%

Lloyds 3% 1% 4% 25% 20% 79% 104% 95% 58%

Santander 46% 142% 118% 68% 77% 28% 144% 155% 106%

Songeral 81% 107% 91% 182% 150% 117% 101% 57% 40%

Sudameris 85% 75% 83% 84% 82% 60% 66% 179% 181%

Sil América 73% 84% 43% 35% 65% 78% 78% 37%

Sumitomo 13% 0% 11% 8% 7% 6% 5% 1% -

Tokyo Mitsubishi 50% 83% 46% 0% - 23% 14% 10% -

nd - informação não disponível

Tabela 19: Bancos Estrangeiros

Ativo Permanente X Patrimônio Líquido dos Bancos Esrangeiros

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O Banco Central não proíbe a participação ou controle acionáriode empresas pelos bancos, mas inibe essa participação ao deter-minar que os bancos que não se enquadrarem nesta resolução sãoobrigados a abrir todas as contas de suas empresas controladas ecoligadas inclusive as empresas em que os bancos têm como sóciosinstituições não financeiras.

Esta medida, indiretamente, obriga os bancos a se desmo-bilizarem com o objetivo de alocar seus recursos próprios no giro doseu próprio negócio que é a atividade bancária, e não no controle deempresas. Foi uma medida para diminuir o seu grau de imobilizaçãoe diminuir o grau de exposição ao risco do setor bancário.

Essa medida levou o sistema bancário a buscar novas formasde administrar suas empresas. Afinal, por causa dos bancos os ou-tros acionistas não financeiros se sentiam ameaçados, porque nãointeressava a ninguém uma fiscalização maior por parte do BancoCentral, nas empresas controladas e coligadas das quais eles eramsócios.

Uma solução encontrada, foi a constituição de uma empresasegregada da instituição bancária, pertencente a diversosacionistas não financeiros que tem interesse comum com o bancocomercial em diversos setores de atividade. Essa empresa épertencente a todos os acionistas, o banco no caso tem participaçãominoritária.

Uma outra alternativa é criar uma empresa cindida do banco eque pertence também a vários acionistas inclusive ao banco mi-noritariamente. O banco transfere para esta empresa parte do seuativo permanente diminuindo a participação do patrimônio líquidono ativo permanente para se enquadrar ao que determina o BancoCentral, que exige até dezembro de 2002 um percentual deaplicação do patrimônio líquido sobre o ativo permanente limitadoa no máximo 50%. Aquela empresa cindida não tem participação nobanco e vice-versa.

Esta medida nos indica claramente, a preocupação do BancoCentral com o grau de imobilização dos bancos. Essa participaçãoveio aumentando gradativamente ao longo dessas duas últimasdécadas, com a participação de algumas, não de todas, asinstituições bancárias como controladores, acionistas ou quotistasde diversas empresas no setor não financeiro da economia.

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 39

Revista ADM.MADE

Estas Resoluções junto com as mudanças a serem processadasno Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) no decorrer de 2002 irãocontribuir para melhorar a percepção do risco do país porinvestidores nacionais e estrangeiros .

Vejamos a situação dos bancos analisados, no que tange aoenquadramento nestas disposições do Banco Central, conforme aTabela 20, a seguir.

Tabela 20: Quadro Comparativo

Recursos Aplicados no Ativo Permanente X Patrimônio

Líquido Ajustado

No de Bancos No de Bancos No de Bancos No de Bancosdesenquadrados desenquadrados desenquadrados Total da

até 30.06.2000 até 30/06/2002 até 31.12.2002 Amostra com 70% do PLA com60% do PLA com 50% do PLA

Número de Bancos 9 10 12 20Privados

Número de Bancos 3 4 5 19 Estaduais

Número de Bancos 3 3 5 14Estrangeiros

Fonte: elaboração própria.

No que diz respeito ao primeiro enquadramento, onde o total derecursos aplicados no Ativo Permanente não pode ultrapassar 70%do Patrimônio Líquido Ajustado (PLA), verificamos que até30/06/2000, 10 (dez) bancos privados, 9 (nove) bancos estaduais e 5(cinco) bancos estrangeiros pertencentes à amostra não estãodesenquadrados. No que diz respeito ao segundo enquadramentoonde o total de recursos aplicados no Ativo Permanente não podeultrapassar 60% do PLA, estão desenquadrados 10 (dez) bancosprivados, 10 (dez) bancos estaduais e 5 (cinco) estrangeiros e noque diz respeito ao terceiro enquadramento onde o total de recursosaplicados no Ativo Permanente não pode ultrapassar 50% do PLA,12 (doze) bancos privados, 5 (cinco) bancos estaduais e 5 (cinco)bancos estrangeiros estão desenquadrados.

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4. Nossa pesquisa identifica que os bancos controlam ou têm parti-cipação acionária em 597 (quinhentas e noventa e sete) do SetorProdutivo no período 1984 – 1999?

Isto é ou foi uma estratégia dos bancos? É uma estratégia – 30%das respostas.

Isto é ou foi uma tendência dos bancos? Foi e é uma tendência –70% das respostas.

Foi uma estratégia de todo o setor ou de algumas instituições?De algumas instituições – 30% das respostas.

Foi uma tendência de todo o setor ou de algumas instituições?De algumas instituições particularmente os grandes conglome-

rados – 70% das respostas.

5. Este investimento no setor produtivo é uma oportunidade para osbancos maximizarem a rentabilidade do capital vis-àvis a ativi-dade financeira?

SIM – 100% das respostas.

6. Até dezembro de 2002 os bancos não devem ter mais de 50% doPatrimônio líquido aplicado no Ativo Permanente. Esta é umapreocupação do Banco Central com relação aos riscos dosBancos?

SIM – 100% das respostas

Motivos

Acordo da Basiléia assinado pelo Brasil. Melhoria do risco dosistema financeiro a nível internacional. Diminuição do risco sis-têmico do sistema bancário. Melhorar a liquidez dos bancos. Fazercom que os bancos sejam banqueiros e não controladores e acio-nistas de empresas.

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Revista ADM.MADE

6. Entrevistas

Foram entrevistados dez executivos e analistas do sistemafinanceiro, com vistas à complementação da análise e interpulaçãodos resultados da pesquisa documental. A seguir se apresentam osresultados consolidados das entrevistas, conforme a itemização doroteiro das mesmas.

1. A Formação de Conglomerados Financeiros no Brasil.

Fatores Positivos – Escala, solidez, redução de custos, quali-ficação técnica, integração a nível nacional,melhor nível de controle. A concentração éuma tendência mundial.

Fatores Negativos – Cartelização. Menos concorrência. O poderdos bancos se tornou muito grande. Osbancos não investem em capital de longoprazo.

2. É possível identificar uma estratégia dos Bancos nas décadas de80/90 para conviver com as sucessivas crises econômicas?

SIM – 100% das respostas

3. Em caso afirmativo qual a racionalidade da estratégia?

Aplicação em títulos públicos federais – 100% das respostas. Racionalidade da Estratégia.

Essas aplicações pagavam até bem pouco tempo os custosbancários por isso existiam muitos bancos múltiplos que geralmen-te eram pequenas instituições. Com o Plano Real o ajuste foi inevi-tável, a rentabilidade em títulos públicos diminuiu, e vários bancosforam excluídos do mercado.

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7. Conclusões

Embora não tenha sido uma estratégia do setor bancário comoum todo podemos afirmar que houve uma tendência de algunsbancos em participar da atividade produtiva. De acordo com apesquisa documental realizada no Arquivo Nacional, e daspesquisas de campo através de entrevistas com profissionais demercado, identificamos que as instituições bancárias controlam, outem participação em 597 empresas dos setores não financeiros nosúltimos 15 anos, note-se que neste número não estamos consideran-do 279 instituições financeiras controladas ou coligadas pelosbancos comerciais.

Chamamos atenção, que estas 597 empresas não financeiras,ainda possuem suas empresas controladas e coligadas, nas quaisindiretamente os bancos têm participação. Portanto esse número deempresas controladas e coligadas, nós não temos quantificado,todavia podemos conjeturar que este número de 597 (quinhentas enoventa e sete) empresas que os bancos controlam, ou têmparticipação, é sem dúvida bem maior.

Admitimos que não houve uma estratégia do setor bancáriocomo um todo para os investimentos no setor produtivo, porémocorreu uma tendência de alguns conglomerados privados em di-versificar sua atuação no setor real da economia. Isto ficou evidenteem nossa pesquisa, este fato ocorreu, e ainda vem ocorrendo.

Os bancos estaduais também possuem controle de empresasnão financeiras. Todavia pode-se conjecturar que esta participaçãofora muito provavelmente não intencional mas sim devido ainfluências políticas na concessão e na análise do crédito que nãoteria sido conduzido prevalentemente sob critério técnico.

Os bancos estrangeiros já não tiveram controles significativosem empresas não financeiras que venham a merecer registro.

Bibliografia

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BANCO CENTRAL (BRASIL). Investimentos e reinvestimentos

O Sistema Bancário e seus Investimentos no Setor Produtivo da Economia 43

Revista ADM.MADE

7. Qual a forma de atuação dos bancos para continuarem comocontroladores e acionistas destas empresas face a esta limitação100% das respostas

Constituir uma empresa segregada do banco pertencente aoutros acionistas não financeiros, que tem interesse comuns denegócio com a instituição bancária. O banco é minoritário nessaempresa. Com isto, diminui o grau de imobilização dos bancos e seenquadra no que determina o Banco Central.

Uma outra forma é eles formarem “holding comerciais e industrias”onde eles participam como acionista minoritário e “holding financeira”onde eles são os controladores.

8. Qual a tendência atual e futura do setor bancário face a con-corrência internacional. O que a tecnologia da informação apre-senta como ameaça ou oportunidade de negócios?

Tendências

Maior participação dos bancos estrangeiros no mercadobrasileiro. Consolidação dos grandes conglomerados no mercadointerno. Maior especialização para os bancos de porte médioexplorando nichos de mercado. A tecnologia da informação permitereduzir custos e aumentar a escala afinal, somente 22% dapopulação brasileira tem conta em banco. O cliente do futuro serádisputado na página da Internet e não somente nas agênciasbancárias. O banco que não investir em tecnologia da informaçãoestá fora do mercado.

9. Como os bancos se inserem dentro de um mercado de capitaisglobalizado?

Não se inserem diretamente, não tem escala a nível interna-cional, somente através de parcerias. A competição se restringe aalguns países de América Latina e a participação em paraísosfiscais. Os bancos sempre se antecipam às tendências, se competirno mercado mundial fosse muito interessante, já o teriam feito,estão mais preocupados em se consolidar internamente.

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