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O Sol descia ao poente, E florente estava o prado; Ouviam-se auras suaves E das aves o trinado. Tu sentada ao pé da fonte O horizonte contemplavas Vias o Sol declinando E, corando, suspiravas. E depois... seria acaso? Do ocaso a vista ergueste, E, ao olhar-me, mais coraste, Suspiraste e emudeceste. Foi bem rápido o momento De um alento repentino; Porém nesse olhar de fogo Eu li logo o meu destino. Nesse olhar, no rubor vivo, No furtivo respirar... Diz, tu mesma nessas letras Não soletras já: amar? 1860. Nota do Autor. — Não é muito fácil esta espécie de leitura, o sentido das letras é diferente, conforme os desejos do que as pretende decifrar e daí mil deceções e amargos desenganos. Eu não sei se li bem ou mal; mas é certo que depois disso, o livro parece fechado... não descubro carateres novos.

O Sol Descia Ao Poente

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Page 1: O Sol Descia Ao Poente

O Sol descia ao poente,

E florente estava o prado;

Ouviam-se auras suaves

E das aves o trinado.

Tu sentada ao pé da fonte

O horizonte contemplavas

Vias o Sol declinando

E, corando, suspiravas.

E depois... seria acaso?

Do ocaso a vista ergueste,

E, ao olhar-me, mais coraste,

Suspiraste e emudeceste.

Foi bem rápido o momento

De um alento repentino;

Porém nesse olhar de fogo

Eu li logo o meu destino.

Nesse olhar, no rubor vivo,

No furtivo respirar...

Diz, tu mesma nessas letras

Não soletras já: amar?

1860.

Nota do Autor. — Não é muito fácil esta espécie de leitura, o sentido das

letras é diferente, conforme os desejos do que as pretende decifrar e daí mil

deceções e amargos desenganos. Eu não sei se li bem ou mal; mas é certo que

depois disso, o livro parece fechado... não descubro carateres novos.